Associação de paralisia cerebral com escore de Apgar em recém-nascidos de peso baixo e normal: estudo de coorte populacional ASSOCIATION OF CEREBRAL PALSY WITH APGAR SCORE IN LOW AND NORMAL BIRTHWEIGHT INFANTS: POPULATION BASED COHORT STUDY Kari Kveim Lie, senior researcher, Else-Karin Groholt, senior researcher, Anne Eskild, professor Apresentação: Gabrielle Câmara, Rafael Rezek, Stela Matos Coordenação:Paulo R. Margotto Escola Superior de Ciências da Saúde/ESCS/SES/DF www.paulomargotto.com.br Brasília, 2 de novembro de 2010 (Artigo disponível em Texto Integral ) Association of cerebral palsy with Apgar score in low and normal birthweight infants: population based cohort study. Lie KK, Grøholt EK, Eskild A. BMJ. 2010 Oct 6;341:c4990. doi: 10.1136/bmj.c4990.PMID: 20929920 [PubMed indexed for MEDLINE]Free PMC ArticleFree text Clicar aqui! Ddos Rafael, Stela e Gabrielle Introdução No ocidente 2-3:1000 nascidos vivos têm paralisia cerebral (PC); O diagnóstico é clínico e definido por um grupo de alterações permanentes no desenvolvimento dos movimentos e da postura, causando limitações das atividades, atribuídas a distúrbios não-progressivos ocorridos no desenvolvimento fetal ou infantil do cérebro; Previamente a hipóxia era considerada a principal causa de PC, mas atualmente sabe-se que as causas pré-natais são as mais importantes. Introdução O Apgar é uma medida de vitalidade do recémnascido (RN). Sua associação com PC foi descrita em 1981 e desde então vem sendo debatida; Estudos recentes mostram forte associação entre PC e Apgar baixo em RN termos ou adequados para a idade gestacional (AIG), mas a associação entre PC e Apgar baixo em RN de baixo peso ou prematuros é incerta; Introdução Não existem estudos associando Apgar baixo com PC independente do peso de nascimento. O conhecimento desta associação pode ajudar desvendar os diferentes fatores causais da PC entre os diferentes subgrupos da doença. Objetivos Estimar a associação do escore de Apgar aos 5 minutos de nascimento com PC em crianças com pesos adequados e baixos ao nascimento e a associação entre ambos e os subgrupos de PC espástica: quadriplegia, diplegia e hemiplegia. Métodos Estudo de Coorte populacional ligando os dados dos seguintes registros Noruegueses: Registro Médico de Nascimento, Registro de Causa de Morte e o Registro de PC em crianças nascidas entre 1986-1995; Métodos Incluiu todas as crianças nascidas na Noruega de 1986-95 e que sobreviveram ao primeiro ano de vida (n=581.360); Excluiu nascidos de gestações múltiplas (n=14.533), com malformações congênitas(n=17.766), ou sem dados de Apgar e peso ao nascer (n=6.413(1%)); A amostra consistiu em 543.064 crianças. Métodos Na Noruega, é obrigatório o registro de todo nascimento após 16 semanas de gestação; O registro de PC foi obtido a partir deste diagnóstico em crianças menores de 5 anos de todos os hospitais pediátricos da Noruega de 1988-2001 e foi montado um único registro nacional que descartou duplicidades; Todos os diagnósticos de PC foram feitos por neurologistas pediátricos de acordo com o CID10 (G.80.0-9) e os subgrupos hemiplegia(343.1), diplegia (343.0), e quadriplegia(343.2), de acordo com o CID9. Crianças com PC originada pós-parto não foram incluídas; Métodos A associação entre PC com Apgar e peso de nascimento foi estimado pela diferença da prevalência (%) e Odds ratio (OR) com intervalo de confiança de 95% usando análise de regressão logística; Foram estratificados os grupos de menos de 1500g, 1500-2499g e mais de 2500g; Foi feita análise separada para cada subgrupo de PC; Foi usada a versão 17.0 do SPSS para análise de dados. Resultados No estudo, 988 crianças de 543 064 incluídas foram diagnosticadas com paralisia cerebral antes dos 5 anos de idade; Um total de 677 crianças foram subclassificadas de acordo com o CID 9: Quadriplegia: 127 (19%); Diplegia: 214 (32%); Hemiplegia: 222 (33%); Outra paralisia cerebral ou mais de um subdiagnóstico: 114 (17%). Resultados O escore de Apgar foi fortemente associado com paralisia cerebral No total,11% (39/369) de crianças c/ Apgar < 3 foram diagnosticadas com paralisia cerebral, comparados com apenas 0,1 % (162/ 179 515) de crianças com Apgar 10; OR: 131 ( 95 % IC: 91 a 189)* *Após ajuste para o peso: OR : 53 (95 % IC: 35-80). Resultados Resultados Baixo peso ao nascer foi fortemente associado com paralisia cerebral; Dos RN com peso menor que 1000 g, 9% (60/670) foram diagnosticados com PC. Já dos com peso entre 3500-3999 g, apenas 0,1% apresentaram paralisia cerebral. OR:107 (IC 95%: 79-144). Resultados Após ajuste para peso ao nascer, o Apgar manteve-se fortemente relacionado à PC, apesar da associação ter sido atenuada (OR 53, IC 95% de 35 a 80, para Apgar <3 vs Apgar 10); O ajuste para o Apgar também atenuou a relação entre peso ao nascer e PC (OR 21, IC 95% de 15 a 29, para peso ao nascer < 1000g vs 35003999g). Resultados Peso ao nascer associou-se tanto com Apgar quanto com paralisia cerebral. PESO X APGAR 50 % dos RN com Peso < 1500 g tiveram um Apgar < 9, comparado com 4 % dos que apresentaram Peso >2500g. PESO X PARALISIA CEREBRAL Associação de 7% de Paralisia cerebral se Peso <1500g contra 0,1% se Peso>2500 g. Resultados Associação entre APGAR/PESO/PC X SUBCLASSIFICAÇÃO DE PC Apgar baixo demonstrou uma forte associação com quadriplegia; OR de Apgar < 4 comparado com Apgar > 8 e quadriplegia foi de 137 (IC 95 % 77 a 244).; OR correspondente para diplegia e hemiplegia foi de 22 (IC 95% 12 a 41) e 10 (IC 95% 4 a 26), respectivamente. Resultados Baixo peso ao nascer esteve mais fortemente associado à diplegia; O OR do grupo Peso < 1500 comparado a do grupo Peso> 2500g com diplegia foi de 62 (IC 95% 42 a 92), após ajuste para o Apgar; Para quadriplegia o OR foi de 11 ( IC=95% 7 a 18) e para hemiplegia foi de 16 (IC95% 10 a 26). Resultados Finalmente deve-se destacar que aproximadamente 90% dos RN com Apgar < 4 não desenvolveram paralisia cerebral; No entanto, 80 % dos RN com paralisia cerebral apresentaram ao nascimento Apgar < 6. Discussão Apgar baixo aos 5 minutos de nascimento, independente do peso ao nascer, foi fortemente associado ao posterior diagnóstico de paralisia cerebral; Apgar < 4 foi associado a prevalência de 10 a 17% de PC em todos os grupos de pesos ao nascer. Discussão O baixo Apgar pode ser interpretado como indicador de lesão cerebral ocorrida intra-útero ou durante o parto; Tal interpretação sugere que crianças com baixo Apgar têm o mesmo risco de desenvolver PC independente do peso ao nascer, o que está de acordo com os resultados do estudo; O baixo Apgar pode ser considerado um marcador da ocorrência de fatores causais da PC. Discussão Em RN com baixo peso ao nascer, a prevalência de PC e de Apgar < 9 foi maior do que em RN com peso normal. Isto pode ocorrer em parte devido à imaturidade; A prevalência de PC em RN com Apgar baixo foi maior em RN com baixo peso ao nascer. Tal fato é importante para o follow-up clínico destes RN. Discussão Crianças com PC nascidas com peso normal tiveram maior proporção de baixo Apgar ao nascer do que as nascidas com baixo peso (28% vs 71% tiveram Apgar < 9); Esta diferença sugere que fatores não aferidos pelo Apgar têm maior importância na gênese da PC em RN com peso normal do que em RN de baixo peso. Discussão Em 50% das crianças com paralisia cerebral não houve associação nem com baixo peso (<2500g) nem com Apgar < 7; Esse achado confirma o fato de que a PC é uma desordem multifatorial. Discussão A prevalência de PC no estudo, assim como a distribuição dos subgrupos de PC, mostraram-se de acordo com os resultados de outros estudos noruegueses; Devido à dificuldade do diagnóstico de PC em menores de 1 ano e à maior importância de tal diagnóstico para as crianças que permanecem vivas, foram excluídas do estudo as crianças com óbito antes de 1 ano de vida. Discussão Não havia estudos anteriores que associassem baixo Apgar com PC ajustando para o peso ao nascer; A forte associação entre baixo Apgar e PC foi só um pouco atenuada após o ajuste, sugerindo que a vitalidade após o nascimento tem forte correlação com PC; A força da associação caiu acentuadamente com a queda do peso de nascimento; Discussão Estudos recentes encontraram forte associação entre entre PC e baixo Apgar em RN termo, bem como em muito prematuros; Outros estudos encontraram resultados não significativos ou de fraca associação entre Apgar e PC nos RN com baixo peso ao nascer ou pré-termo; Contudo, a maioria dos estudos prévios foram sem seguimento adequado ou com baixo poder estatístico. Discussão Muitos estudos anteriores incluíram crianças que morreram antes do 1º ano de vida. Isto pode ter subestimado a associação do Apgar com PC; Quando se inclui neste estudo crianças que morreram no 1º ano de vida, a associação entre Apgar e PC não é significativa nos RN com P<1500g ao nascer, já que 81% destas crianças com Apgar menor que 4 morreram. Se tivessem sobrevivido teriam grande chance de ser diagnosticados com PC, logo a associação teria sido mais forte; Discussão Alguns estudos sugeriam que a quadriplegia espástica era a única PC associada com baixo Apgar, porém o estudo mostrou forte associação com os 3 tipos de PC. Contudo, a associação foi muito mais forte com a quadriplegia; Conclusão Há uma forte associação entre Apgar (5 min) e diagnóstico posterior de paralisia cerebral; Apgar baixo também está associado com peso baixo ao nascimento; Embora a associação entre Apgar baixo e paralisia cerebral seja forte, 90% dos RN com Apgar < 4 não desenvolveram paralisia cerebral. Referências (em forma de links) 1. Stanley F, Blair E, Alberman E. 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[PMC free article] [PubMed] Consultem novas Diretrizes na Reanimação Neonatal (Artigo Integral) Part 11: neonatal resuscitation: 2010 International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science With Treatment Clicar aqui e em Recommendations. Seguida Final Version Perlman JM, Wyllie J, Kattwinkel J, Atkins DL, Chameides L, Goldsmith JP, Guinsburg R, Hazinski MF, Morley C, Richmond S, Simon WM, Singhal N, Szyld E, Tamura M, Velaphi S; Neonatal Resuscitation Chapter Collaborators. Circulation. 2010 Oct 19;122(16 Suppl 2):S516-38. No abstract available. OBRIGADO Ddos Rafael, Stela, Danielle e Dr. Paulo R. Margotto