UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
TER OU NÃO TER ÉTICA NA PROFISSÃO,
EIS A QUESTÃO
Por: Ana Paula Loureiro Santos
Orientador
Professor Jorge Vieira
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
TER OU NÃO TER ÉTICA NA PROFISSÃO,
EIS A QUESTÃO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Empresarial
Por: Ana Paula Loureiro Santos
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AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus amigos por ainda “lembrarem”
de mim, mesmo não lhes tendo dado a merecida
atenção e recusado convites irrecusáveis nesses
últimos meses, por estar totalmente envolvida na
realização deste trabalho.
4
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado aos meus pais pelo
carinho, compreensão e paciência que tiveram
comigo nesse período estressante.
5
RESUMO
Para a realização do trabalho foram analisados conceitos e definições,
aspectos filosóficos e históricos a respeito da ética: as diversas teorias, as
contribuições dos autores pesquisados e, principalmente, a ética profissional.
Ao longo do estudo percebeu-se a preocupação com a necessidade de
conduta ética desde a antiguidade. A ética estabelece uma distinção entre
“aquilo que se pode fazer” e “aquilo que se deve fazer”, isto é, nem tudo que é
possível é ética. Ela tem sido entendida como a ciência da conduta humana
perante o ser e seus semelhantes; é um conjunto de princípios e valores que
guiam as relações humanas. Ser ético é agir de acordo com valores morais,
valores esses que fazem parte da cultura de cada sociedade. Na área
profissional, a ética procura guiar o indivíduo na tomada de decisões corretas
do ponto de vista da sociedade. A utilização da ética profissional é de suma
importância para todo indivíduo que exerce uma função em qualquer ramo de
atividade. O profissional que tem ética realiza suas funções com zelo, cuidado
e responsabilidade individual. Saber o verdadeiro significado da palavra ética é
avançar como profissional, no sentido de qualificar-se em seu relacionamento
com a empresa em que trabalha. Atualmente, a maioria das empresas possui
código de ética e o mostram à sociedade para demonstrarem seus
pressupostos éticos objetivando ganhar credibilidade.
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METODOLOGIA
As principais fontes de pesquisa utilizadas na elaboração do presente
trabalho foram livros acadêmicos e uma apostila de Gestão de Pessoas do
Banco do Brasil. Os livros foram conseguidos junto a amigos e à Biblioteca do
Banco do Brasil e a apostila, que serviu como um grande suporte, é o material
disponibilizado pelo Banco do Brasil para ajudar seus funcionários na
preparação para Certificação Interna de Conhecimentos. Como o tema é muito
vasto e existem muitos livros que tratam do assunto, não foram necessários
outros meios de pesquisa; houve sim, uma dificuldade na escolha do material a
ser utilizado para que o trabalho conseguisse sintetizar, de forma clara, simples
e objetiva, um tema tão rico e que está muito em voga no momento.
Esta forma foi considerada a mais adequada para apresentar a presente
monografia, que levou aproximadamente 3 meses para ser elaborada.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
08
CAPÍTULO I - ÉTICA: HISTÓRIA, CONCEITOS E PRINCÍPIOS
10
1.1 – História da Ética
10
1.2 – Conceitos, Definições e Importância da Ética
14
1.3 – Princípios Éticos
18
CAPÍTULO II - VALORES, CÓDIGOS E COMPORTAMENTOS ÉTICOS 21
2.1 – Valores Éticos
21
2.2 – Códigos de Ética
23
2.3 – Comportamentos Éticos
26
CAPÍTULO III - ÉTICA PROFISSIONAL: PARA QUÊ E PORQUÊ
29
3.1 – O Que É Ética Profissional
29
3.2 – Importância da Ética Profissional
33
3.3 – Empresa Ética
35
3.4 – O Profissional Ético
37
3.5 – Valores Éticos no Mercado de Trabalho
38
CONCLUSÃO
40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
43
ÍNDICE
44
8
INTRODUÇÃO
O tema central do presente trabalho é a ética profissional. Entendemos
que bons resultados profissionais devem ser fruto de decisões éticas e que ter
padrões éticos pode significar bons negócios a longo prazo.
A ética profissional enquanto for apenas questão de filosofia sempre
ficará em segundo plano. Ética agora pode ser contabilizada e está se tornando
um grande diferencial competitivo, que pode distinguir uma empresa de seus
concorrentes, atraindo o olhar cada vez mais atento dos consumidores e
fornecedores.
É crescente a preocupação das empresas com a ética. O sucesso ou
fracasso de uma empresa está ligado ao seu comportamento ético. O aumento
da competitividade, a velocidade com que se processam as transformações e
se propagam as informações exigem valores internalizados para a tomada de
decisões. As empresas já não podem ser avaliadas somente com padrões
tangíveis, pois referenciais intangíveis, como marca, imagem, prestígio e
confiabilidade definem a qualidade de produtos e serviços, decidem a
preferência e garantem a sua continuidade.
A globalização ampliou fronteiras comerciais e sociais em todo o mundo
e
exigiu
expressivas
mudanças
nas
organizações
visando
o
seu
relacionamento com os empregados, acionistas, fornecedores, concorrentes,
distribuidores, clientes e governo.
A postura idônea dos indivíduos e das
empresas, mais do que nunca, são exigidas nas relações sociais no universo
em que estão inseridas. As relações comerciais e sociais do mundo moderno
exigem que as empresas estabeleçam em sua cultura, padrões éticos de
conduta, com critérios claros, bem definidos na sua política de gestão de
pessoas, visando conseguir o compromisso e adesão dos seus colaboradores,
9
pois é através das atitudes e comportamentos éticos dos indivíduos, que
representam as empresas, que a sociedade percebe a sua credibilidade.
Contudo, esse novo cenário de oportunidades encontrado pelas
empresas, que explora ao máximo as possibilidades de ganho, apresenta-se
como uma armadilha para aquelas organizações que procuram “tirar vantagem”
de cada um dos personagens que compõem a cadeia de seu processo
produtivo, uma vez que o nível de conscientização das sociedades aumentou e
com isso passou-se a enxergar com clareza as empresas que possuem um
comportamento que evidencia desrespeito aos princípios básicos de uma ética
profissional, na busca desenfreada pelo resultado econômico fácil, deixando de
lado as conseqüências advindas dessa atitude que demonstra pouco caso com
seus clientes, fornecedores, funcionários e outros parceiros de seu negócio,
como acionistas, visto que a percepção dessa prática irá afastar os
consumidores, os bons profissionais e parceiros sérios dessas empresas.
10
CAPÍTULO I
ÉTICA: HISTÓRIA, CONCEITOS E PRINCÍPIOS
1.1 – História da Ética
A história da ética é um assunto complexo e que exige alguns cuidados
em seu estudo, pois fica difícil estabelecer uma separação rigorosa entre os
sistemas morais, objeto próprio da ética, e o conjunto de normas e atitudes de
caráter moral predominantes numa sociedade.
A ética estabelece uma
distinção entre “aquilo que se pode fazer” e “aquilo que se deve fazer”, ou seja,
nem tudo que é possível é ética.
Vários são os pensadores que se destacam na concentração do saber,
análise e reflexão sobre o agir do homem, como Aristóteles, Platão e Sócrates.
Aristóteles é considerado o pai da ética. Segundo ele:
“Somente
através
da
moderação
e
do
equilíbrio
poderíamos nos tornar pessoas harmoniosas e felizes”.
Já Max Weber dizia que:
“Cada
cultura,
em
sua
evolução,
engendra
uma
racionalidade própria que explica a cultura para si mesma.
Assim nascem os valores e, entre eles, a ética, uma razão
moral que convém a essa cultura e que a justifica.”
As doutrinas éticas fundamentais nascem e se desenvolvem em
diferentes épocas e sociedades como respostas aos problemas básicos
apresentados pelas relações entre os homens e em particular pelo seu
comportamento moral efetivo. Ética e história se relacionam duplamente: com
a vida social e, dentro desta, com as morais concretas que são um dos seus
11
aspectos; com a sua história própria, já que cada doutrina está em conexão
com as anteriores ou com as doutrinas posteriores.
Por estar vinculada aos costumes sociais, a ética sofre alterações ao
longo do tempo, tanto na sua concepção como na aplicação, subjugada à
dinâmica dos padrões morais e históricos, vulnerável às mudanças culturais
dos povos, atrelada às condições econômicas e políticas e adaptada pelos
contornos geográficos e regionais.
A palavra ética origina-se do grego “ethos”, que significa hábito ou
costume.
Filosoficamente falando, ética é a área do conhecimento humano
que bem poderia ser definida como a arte de saber viver. E essa arte não é
algo que se aprenda em pouco tempo e de uma vez por todas. Sabe-se que
cada ser humano é um mundo misterioso que precisa ser constantemente
descoberto e elaborado. Cada ser humano é uma inesgotável fonte de atitudes
éticas que podem ser utilizadas positiva ou negativamente. Em decorrência da
ética existente em cada cidadão, uma mesma pessoa é capaz de usar toda a
sua inteligência e perspicácia para criar um remédio ou uma vacina para curar
uma doença gravíssima e salvar milhares de vidas e destruir florestas inteiras,
torturar, abusar de crianças, matar e ver pessoas morrerem de fome no mundo
todo sem se manifestar.
Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por trás um conjunto
de valores fundamentais.
Muitas dessas virtudes nasceram antigamente e
continuam válidas até hoje. Eis as principais:
•
Ser honesto em qualquer situação – a honestidade é a primeira
virtude da vida nos negócios, pois a credibilidade é resultado de
uma relação franca;
•
Ter coragem para assumir decisões, mesmo que isso signifique ir
contra a opinião da maioria;
12
•
Ser tolerante e flexível. Muitas idéias aparentemente absurdas
podem ser a solução para um problema, mas para que isso seja
descoberto é preciso ouvir as pessoas ou avaliar a situação sem
julgá-la antes;
•
Ser íntegro – significa agir de acordo com seus princípios, mesmo
nos momentos mais críticos; e
•
Ser humilde – somente assim se consegue ouvir os outros e
reconhecer que o sucesso individual é resultado do trabalho da
equipe.
Aristóteles não só organizou a ética como disciplina filosófica, mas
formulou a maior parte dos problemas que mais tarde iriam se ocupar os
filósofos morais: relação entre as normas e os bens; entre a ética individual e a
social; entre a vida teórica e a prática; classificação de virtude, etc. A filosofia
aristotélica busca valorizar a harmonia entre a moralidade e a natureza
humana, concebendo a humanidade como parte da ordem natural do mundo.
Na Grécia, mesmo antes de Aristóteles, já era possível identificar traços
de uma abordagem com base filosófica para os problemas morais e até entre
os filósofos conhecidos como pré-socráticos encontramos reflexões de caráter
ético, quando buscavam entender as razões do comportamento humano.
As idéias de Sócrates, Platão e Aristóteles estão relacionadas com a
existência de uma comunidade democrática limitada e local, ao passo que a
filosofia dos estóicos e dos epicuristas surge quando este tipo de organização
social já está ultrapassado e a relação entre o indivíduo e a comunidade se
apresenta em outros termos.
Na ética medieval cristã, o cristianismo se eleva sobre as ruínas da
sociedade antiga, após uma sofrida luta, transforma-se na religião oficial de
Roma, no século IV, impõe seu domínio durante dez séculos.
A religião
garante nesta época, uma certa unidade social, a política depende dela e a
13
igreja, como instituição pela defesa da religião, exerce plenamente um poder
espiritual e monopoliza toda a vida intelectual.
Na ética moderna, dominante desde o século XVI até o começo do
século XIX, embora não seja fácil reduzir suas variadas doutrinas a um
denominador comum, podemos destacar sua tendência antropocêntrica – o
homem adquire um valor pessoal, sua natureza se revela na contemplação e
na ação, afirma seu valor em todos os campos: na ciência, na natureza; na
arte, em contraste com a ética teocêntrica e a teologia da idade média, que tem
seu cume na ética Kant (ética formal e autônoma, na qual o homem se define,
antes de tudo, como ser ativo, produtor ou criador), tem como ponto de partida
a moralidade.
Na ética contemporânea nos deparamos não só com as doutrinas éticas
atuais, como também com aquelas surgidas no século XIX, caso das idéias de
Kierkegaard, filósofo dinamarquês considerado o pai do existencialismo, de
Stirner, filósofo alemão considerado um dos precursores do anarquismo
moderno e de Marx.
Como doutrina ética, o marxismo oferece uma explicação e uma crítica
das morais do passado e evidencia as bases teóricas e práticas de uma nova
moral. Para Marx:
“O homem real é um ser espiritual e sensível, teórico e
prático, objetivo e subjetivo.”
14
1.2 – Conceitos, Definições e Importância da Ética
Ética diz respeito a obrigação moral, responsabilidade e justiça social e
pode ser definida de várias maneiras.
Afirma-se que ética é justiça. Em outras palavras, inclui princípios que
todas as pessoas racionais escolheriam para reger o comportamento social,
sabendo que eles podem ser aplicados também a si mesmas. Por meio do
estudo da ética, as pessoas entendem e são dirigidas pelo que for moralmente
certo ou errado. Entretanto, o assunto continua controvertido. Afinal, aquilo
que é eticamente certo para uma pessoa pode ser errado para outra. Por essa
razão, a sociedade tende a definir a ética em termos de comportamento, ou
seja, uma pessoa é considerada ética quando seu comportamento está de
acordo com sólidos princípios morais baseados em ideais como equidade,
justiça e confiança. Estes princípios regem o comportamento de indivíduos e
podem se fundamentar em valores, cultura, religião e até mesmo legislações,
por vezes mutáveis.
Independente de sua vontade, desde seu nascimento, o homem passa a
integrar uma sociedade e terá seu convívio ligado ao de seus semelhantes,
através dos relacionamentos que, obrigatoriamente, manterá ao longo de sua
vida. Em resposta as condições que lhe são oferecidas pela sociedade, cada
indivíduo constrói um conjunto de crenças e valores que será a sustentação do
comportamento que adotará no decorrer de sua vida, na busca de seus
objetivos.
A partir do momento em que o indivíduo apresenta seu próprio
conjunto de crenças e valores, com comportamento e objetivos diferenciados,
surgem conflitos nos relacionamentos existentes em cada sociedade.
Segundo Lisboa (1997, p.33):
“A ética, enquanto ramo do conhecimento, tem por objetivo
o comportamento humano no interior de cada sociedade.
15
O estudo desse comportamento, com a finalidade de
estabelecer
os
níveis
aceitáveis
que
garantem
a
convivência pacífica no seio das sociedades e entre elas,
constitui o objetivo da ética.”
O conceito de ética varia entre os autores na tentativa de traduzir suas
manifestações nos vários âmbitos dos grupamentos humanos e, toda a
definição, ao pé da letra, deixa lacunas que nos leva a certo desconforto
dialético, como se sempre faltasse algo; como se todos olhassem o mesmo
objeto de ângulos diferentes, carecendo de uma análise conjunta para uma
solução satisfatória para todas as concepções.
Embutida em todas as ciências, desde a Filosofia, a Psicologia, a
Sociologia, a Política, a Economia, a Administração, a Medicina, a Pedagogia,
a História, o Direito, a Teologia, etc., definindo limites em todas as áreas do
conhecimento e presente nas diversas situações do dia-a-dia das pessoas, é
de se esperar tamanha dificuldade para se chegar a um denominador comum,
a uma definição “definitiva” e irretocável para a ética.
Os primeiros filósofos da Grécia clássica, criadores da ética como uma
área sistemática de estudo, definiam que “o grande objetivo dos homens de
bem deve ser, em primeira instância, a busca do bem estar, da boa
convivência, ou seja, da felicidade a qual todos estão destinados, mas que só
pode e deve ser alcançada na realização plena de uma sociedade justa”.
De acordo com Vazquez (1999, p.64).
“A ética é a teoria ou comportamento dos homens em
sociedade, ou seja, é a ciência de uma forma específica de
comportamento humano”.
16
Para este autor, a ética é a moral efetiva e influi nela. Assim sendo, a
ética estuda atos humanos que afetam outros indivíduos e a sociedade como
um todo.
Para Ferreira (1985, p.591):
“Ética é o estudo dos juízos de apreciação que se referem
à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de
vista do bem e do mal, seja relativa à determinada
sociedade, seja de modo absoluto”.
Do ponto de vista de Larousse (1998, p.2286):
“Ética é a parte da filosofia que aborda fundamentos da
moral”.
Sua obra atribui a definição de forma simplista, não confundindo com a
moral, muito embora atribua seus fundamentos para constituição do
comportamento humano.
De acordo com Lisboa (1997, p.23):
“Ética é o ramo da filosofia que lida com o que é
moralmente bom ou mau, certo ou errado”.
Embora pareça uma definição simples, engloba juízo de valor do
comportamento humano.
Já Moreira (1999, p.21) esclarece que:
“Ética, enquanto ciência filosófica, estuda as avaliações
das condutas humanas”.
17
Para ele, a ética:
“É o rol dos conceitos aplicáveis às ações humanas que
fazem delas atitudes compatíveis com a concepção geral
do bem e da moral”.
Na área profissional, a ética procura guiar o indivíduo na tomada de
decisões corretas, do ponto de vista predominante na sociedade, num
determinado período de tempo.
Portanto, não existe uma receita para que uma pessoa se forme
eticamente. Essa é uma tarefa que cada um tem de realizar consigo mesmo. O
máximo que cada uma das pessoas pode fazer é colaborar nesse processo.
Porém, o “aprender a saber viver” é uma busca constante, tendo o ser humano
de vigiar suas atitudes para que sua consciência ética não fique deturpada.
18
1.3 – Princípios Éticos
Princípios não são regras absolutas ou valores, são mais como uma
espécie de medida aproximada quando não existe uma medida exata e estão,
frequentemente, em conflito uns com os outros. Alguns princípios são como
trunfos em determinadas situações.
À primeira vista, os princípios parecem óbvios, banais ou simplistas,
porém foram criados para serem práticos; não revolucionários e são
considerados extremamente úteis na ausência de outros guias.
Os princípios foram organizados em três categorias:
pessoal, ética
profissional e global.
•
Princípios da ética pessoal também podem ser chamado de
moralidade, uma vez que refletem as expectativas gerais de
qualquer pessoa em qualquer sociedade, atuando em qualquer
capacidade.
Esses são os princípios que tentamos incutir em
nossos filhos e esperamos um do outro, sem a necessidade de
articular a expectativa ou formalizar de qualquer forma;
•
Princípios da ética profissional são aqueles princípios em que as
pessoas agem com capacidade profissional de assumir um
encargo adicional de responsabilidade ética, por exemplo, as
associações profissionais têm códigos de ética necessários que
descrevem o comportamento dentro do contexto de uma prática
profissional, tais como medicina, direito, contabilidade ou
engenharia.
Esses códigos foram criados para estabelecer
normas e regras de conduta no ambiente profissional e, mesmo
quando não estão escritos em um código, são esperados de
funcionários, voluntários, representantes eleitos, pessoas em
negócios, etc.; e
19
•
Princípios da ética global são os princípios mais controversos das
três categorias e os menos entendidos. Abertos a interpretação
de como devem ser aplicados, esses princípios podem, por
vezes, gerar respostas emocionais e acalorados debates.
Já no âmbito organizacional , os princípios éticos foram organizados da
seguinte maneira:
•
Propósito: a missão da empresa é de responsabilidade da
diretoria. A organização é movida por valores, expectativas e a
visão que ajuda a determinar os comportamentos;
•
Orgulho: nos sentimos orgulhosos de nós mesmos e da
organização. Acreditamos que com esse tipo de sentimento é
fácil resistir às tentações para nos comportarmos de maneira nãoética;
•
Paciência: aceitamos que mantendo nossos valores éticos
estaremos no caminho para o sucesso. Essa assertiva implica
em manter o equilíbrio entre a obtenção de resultados e a forma
com que esses resultados são conseguidos;
•
Persistência: temos o compromisso de viver de acordo com
princípios éticos; temos certeza de que nossas ações são
consistentes com esse compromisso; e
•
Perspectiva: gerentes e empregados alocam tempo para refletir
sobre onde estamos, para onde vamos e como vamos chegar lá.
Os princípios éticos devem estar presentes em todas as decisões de
trabalho que afetam os empregados, nas mais variadas situações. Destacamse as seguintes fases críticas da vida do trabalhador dentro da empresa, para
as quais se requer atenção especial:
•
Recrutamento e seleção;
•
Contratação;
•
Estabelecimento dos níveis de remuneração;
20
•
Designação de funções ou tarefas;
•
Promoções;
•
Transferências;
•
Treinamentos;
•
Remoção de cargo ou função;
•
Demissão;
•
Aposentadoria.
Como pode ser notado, a postura ética deve estar presente desde a
seleção de pessoas para atuar na empresa até o processo de aposentadoria.
21
CAPÍTULO II
VALORES, CÓDIGOS E COMPORTAMENTOS ÉTICOS
2.1 – Valores Éticos
A ética se fundamenta em uma teoria de valores e normas que regem as
condutas humanas e tem, como objeto de reflexão, as experiências morais do
ser humano pautados pelo entendimento do que é bom ou mal, certo ou
errado, justo ou injusto, bem como os juízos de valor sobre as experiências
elaboradas por uma consciência.
Valores éticos são um conjunto de ações éticas que auxiliam os
cidadãos a tomarem decisões de acordo com seus princípios.
A formação pessoal e profissional se constitui em um componente cada
vez mais valorizado, não somente de acesso, mas de manutenção e
valorização do indivíduo no trabalho. Para Foucault (1994, p.356), a atribuição
de valor à ética pode ser entendida como desdobramento da politização da
noção de identidade, em meio à fragilidade no nosso tempo entre o pessoal, o
privado e o público.
Por suas competências, a identidade do ser humano
requer articulação entre a construção dessa identidade para si e para os
outros.
Refletir sobre a conduta humana é essencial e permite que o homem
possa confiar no homem e, na sua configuração, marca a própria maneira de
existir, podendo-se até mesmo afirmar que é pelo trabalho que se configura.
Hartmann (Cotrim, 2002, p.262) afirma que:
“O homem é uma espécie de interseção entre dois
mundos:
o real e o ideal.
Pela liberdade humana, os
valores do mundo ideal podem atuar sobre o mundo real”.
22
Assim, o trabalho ocupa lugar fundamental na constituição da existência
humana porque sustenta a própria manutenção da vida biológica. Em outras
palavras, trabalhar é condição imprescindível para que o indivíduo se
humanize, que seja um ser humano. Portanto, o trabalho é necessário para
humanizar os indivíduos, mas também para degradá-los, desumanizá-los,
fazendo com que percam sua especificidade humana.
Ocorrendo isso, o
indivíduo passa a condição de animal ou máquina.
A pessoa que leva uma vida calcada em valores éticos deve responder
por seus atos, isto é, deve avaliar os efeitos e as consequências de suas
ações, responsabilizando-se pelas mesmas.
23
2.2 – Códigos de Ética
Códigos de ética fazem parte do sistema de valores que orientam o
comportamento
das
pessoas,
grupos
e
das
organizações
e
seus
administradores. A noção de ética e as decisões pessoais e organizacionais
que são tomadas com base em qualquer código de ética refletem os valores
vigentes na sociedade. Portanto, a ética estabelece a conduta apropriada e as
formas de promovê-la, segundo as concepções em vigor na sociedade como
um todo ou em grupos sociais específicos.
Os códigos de ética foram criados para nortear procedimentos e
posturas e passaram a definir o desempenho de muitas empresas, como
principal parceiro em todas as suas conquistas. Para Arruda (2003, p.65):
“Os códigos de ética não têm a pretensão de solucionar os
dilemas éticos da organização, mas favorecer critérios ou
diretrizes para que as pessoas encontrem formas éticas de
se conduzir”.
Com a função de orientar as ações e explicitar as posturas, os códigos
de ética se consolidam como instrumento indispensável para que qualquer
empresa interaja adequadamente com seus diferentes públicos. Para que isso
se torne possível é necessário que seus conteúdos sejam claros e realistas,
para que os funcionários da empresa possam interiorizá-los com precisão.
Os valores formam a base dos códigos de ética.
orientam
o
comportamento
ético
e,
que
permitem
Os valores que
classificar
os
comportamentos dentro de qualquer escala de desenvolvimento moral, foram e
continuam sendo propostos por filósofos e diferentes tipos de líderes. Essas
pessoas manifestam opiniões a respeito de como a sociedade deveria ser e o
fazem de maneira a influenciar as convicções alheias. Foi assim que religiões,
crenças e doutrinas políticas e econômicas nasceram.
Outras normas de
24
conduta ética nascem dos usos e costumes, do processo social de julgar
comportamentos e considerá-los certos ou errados.
Os códigos de ética determinam o comportamento das sociedades
afinal, dependem de disciplina comportamental e necessitam de equilíbrio que
somente é encontrado quando os seres se coordenam na finalidade do bem de
todos. Desse modo e, como os indivíduos são diferentes, entre si, por suas
características, a convivência entre os homens deve ser regulada de forma que
o bem seja preservado pelo exercício das virtudes, numa conduta humana
exemplar. Assim sendo, todo ser humano deve obedecer a um código de ética.
Toda profissão tem seu código próprio: os médicos obedecem ao
juramento de Hipócrates; os soldados, às leis da disciplina militar; os
sacerdotes, a determinadas normas das quais os demais homens estão
isentos. Nesses códigos, o comportamento moral é obrigatório, quer dizer, o
homem é obrigado a comportar-se de acordo com as regras de uma dada
sociedade e a evitar os atos por ela proibidos. A obrigação impõe deveres,
determinando o comportamento e orientando na direção correta.
Cada empresa deve criar seu próprio código de ética, pois nele deverá
constar todas as particularidades relacionadas à sua estrutura organizacional,
normas e condutas, além de orientar as atuações de seus funcionários. Assim
sendo, cada empresa define sua forma de atuar no mercado, deixando claro o
que se pode esperar dela e de seus funcionários.
Entretanto, o simples fato de se elaborar um código não é suficiente. O
raciocínio que norteia os códigos é simples. Áreas funcionais têm culturas e
necessidades diferentes e os códigos precisam refletir essas diferenças. Além
disso, para a sua implantação ter êxito, os códigos precisam conter as
seguintes características:
25
•
Especificidade: os códigos devem dar exemplos claros para os
empregados a fim de que esses possam determinar exatamente
se suas ações violam, ou não, as normas;
•
Publicidade:
os códigos devem ser documentos públicos à
disposição de todos para que possam ser consultados e para que
se possam verificar o compromisso da empresa com as práticas
éticas;
•
Clareza:
os códigos devem ser claros, objetivos e realistas a
respeito das punições previstas para os que o violarem;
•
Revisão: os códigos devem ser revistos periodicamente; são
documentos que precisam ser atualizados a fim de refletir
problemas atuais; e
•
Obrigatoriedade: é preciso que os códigos sejam cumpridos de
qualquer forma.
O sucesso de cada empresa depende das pessoas que a compõe, pois
são elas que transformam os objetivos, metas, projetos e, até mesmo, a ética
em realidade. Por tudo isso é importante o comprometimento de todos com os
códigos de ética.
26
2.3 – Comportamentos Éticos
As pessoas se deparam, diariamente, independente de onde quer que
estejam, com cenas nas quais a falta de ética pode ser facilmente identificada.
Elas apresentam um comportamento que contraria as regras estabelecidas
pela sociedade.
Segundo Lisboa (1997):
“as regras que regem a ética em qualquer sociedade, são
estabelecidas
tendo
por
base
qualquer
situação
e
contemplam o comportamento considerado adequado dos
indivíduos da sociedade diante da situação”.
O homem, independente de sua vontade, faz parte de uma sociedade
desde seu nascimento e tem que se relacionar com seus semelhantes ao longo
de toda sua vida.
Em resposta a isso, cada um constrói um conjunto de
crenças e valores que serve como alicerce do comportamento que adota e, em
conseqüência, surgem conflitos de relacionamentos em cada sociedade, uma
vez que um comportamento pode ser visto como desprovido de moral por uma
sociedade e considerado moralmente aceito por outra. Tendo em vista que a
convivência em sociedade precisa ser mantida, o comportamento dos cidadãos
ter que permanecer num nível aceitável pela sociedade, independente de suas
crenças e valores pessoais.
Citando Lisboa (1997, p.37) novamente, ele afirma que:
“a ética tem por objetivo o comportamento humano no
interior de cada sociedade e que o estudo desse
comportamento, com a finalidade de determinar os níveis
27
aceitáveis para a boa convivência em sociedade e entre
elas, constitui o seu objetivo”.
O melhor sinal da filosofia de conduta de uma empresa é, muito
provavelmente, seu próprio código de ética. Nos dias de hoje, a maior parte
das grandes empresas e órgãos governamentais tem códigos de conduta que
representam as políticas empregadas para definir um comportamento ético.
Eles são ferramentas utilizadas para padronizar o comportamento e se referem
a questões como conflitos de interesse, concorrentes, privacidade, etc.
Uma empresa deve oferecer recompensas pelo cumprimento das metas,
assim como punições quando ações antiéticas forem detectadas.
Quando
ações antiéticas não são punidas, fica a imagem de que a empresa não está
realmente interessada na conduta ética.
Os funcionários têm que entender que todos são obrigados a obedecer
os códigos de ética e os administradores devem agir como modelos para eles.
Servindo de exemplo, os administradores demonstram e reforçam o
comportamento ético esperado de todos os funcionários.
Diante de tanta corrupção espalhada pelo mundo, é encorajador ver que
é cada vez maior o número de empresas que estão adotando programas de
treinamento sobre questões éticas para seus funcionários.
Tais programas
proporcionam uma orientação específica e facilitam a percepção e aplicação
prática do código de ética da empresa. Os comportamentos éticos esperados
são reiterados por intermédio dos programas de treinamento para que se
reflitam em todo pensamento e tomada de decisão da empresa.
Casey (1998), destaca uma lista de comportamentos a serem adotados
pelos funcionários dentro de uma empresa, com diversos valores a serem
considerados e, a título de enriquecimento deste trabalho, vale citar aqui
alguns:
•
demonstrar cortesia pessoal e profissional;
28
•
evitar comentários destrutivos e críticas públicas;
•
respeitar o tempo de trabalho das pessoas, o tempo pessoal e
outros compromissos;
•
apoiar as decisões tomadas, depois de comunicadas;
•
explicar as razões de decisões/exigências;
•
estimular/aceitar críticas construtivas;
•
proporcionar feedback de desempenho, de forma oportuna,
objetiva e honesta;
• ouvir com atenção;
•
trabalhar para construir confiança, talento e compreensão no
indivíduo;
• reconhecer as realizações dos outros;
• compartilhar créditos;
• inspirar orgulho na equipe de trabalho.
Em filosofia, o comportamento ético é aquele considerado bom.
Os
filósofos antigos adotaram diversas posições na definição do que é bom, sobre
como lidar com as prioridades em conflito dos cidadãos versus o todo, sobre a
universalidade dos princípios éticos versus a “ética de situação”. Aqui, o que
está certo depende das circunstâncias e não de uma lei qualquer e, sobre se a
bondade é determinada pelos resultados da ação ou pelos meios pelos quais
os resultados foram alcançados.
29
CAPÍTULO III
ÉTICA PROFISSIONAL: PARA QUÊ E PORQUÊ
3.1 – O Que É Ética Profissional
É necessária uma chance para se construir relacionamentos mais
intensos, de confiança e entusiasmo com cada profissional. A ética tem que
ser um tópico de discussão, não somente em tempos de crise, quando um
valor pessoal é desafiado ou inúmeras queixas se fazem presente, mas
criando, de forma eficaz, uma consciência ética na organização. Para tanto,
são necessários dois processos:
aprendizagem, para ajudar as pessoas a
pensarem sobre ética; e desenvolvimento, para ajudá-las a incorporá-la a suas
atividades.
Educar para a ética requer que os cidadãos sejam encorajados e
auxiliados a compreender suas próprias percepções, crenças e valores sobre o
que é ética. Precisam explorar suas percepções dos valores da empresa onde
trabalham para compreender as diferenças entre eles.
O desenvolvimento
também é necessário; é impossível treinar alguém para ser ético, ou mesmo
para se comportar eticamente sem que seja exercida sua prática no dia a dia
das pessoas.
Ser um profissional ético significa:
•
Obedecer
regras
relativas
costumes e expectativas
da
à
ocupação
territorial,
comunidade, princípios
de
moralidade, políticas da organização, atender à necessidade
de todos por um tratamento adequado e justo; e
•
Entender como os produtos e serviços de uma empresa e as
ações de seus membros podem afetar seus empregados, a
30
comunidade
e
a sociedade como um todo (positiva ou
negativamente).
Outra maneira de tornar a discussão sobre ética profissional legítima é o
fato de os gerentes servirem de modelo.
Mais importante que fazer
pronunciamentos sobre quanto a empresa é ética ou ditar o comportamento
ético dos funcionários, os gerentes devem demonstrar a ética em suas ações,
diariamente. Somente a prática da ética profissional pode levar os agentes
econômicos a obter cada vez mais credibilidade dos seus parceiros e da
sociedade em geral e, com isso gerar lucros cada vez maiores. Com a prática
da ética, as empresas manterão afastados os riscos de se verem envolvidas
em escândalos capazes de manchar suas reputações.
No sentido geral, a profissão, como exercício habitual de uma tarefa,
está inserida no contexto da sociedade como uma atividade específica e, a
partir do momento em que essa prática resulta em benefícios recíprocos, a
quem pratica (funcionário) e a quem recebe o fruto do trabalho (empresa), fazse necessária a preservação de uma conduta condizente com os princípios
éticos. Um grupo de profissionais que desempenham a mesma função acaba
por criar classes profissionais distintas e também a conduta adequada para
exercer essa função.
“A consideração ética, sendo relativa, é analisada do ponto
de vista da necessidade de uma conduta de efeitos amplos,
globais, mesmo diante de povos que possuem tradições e
costumes diferentes”, enfatiza Sá (2001, p.135).
Com a prática habitual de um trabalho, a profissão oferece uma relação
entre necessidade e utilidade no âmbito humano e exige uma conduta
específica para o sucesso das partes envolvidas.
31
Há profissões que podem enobrecer pela ação correta e competente,
mas podem também ensejar a desmoralização através da conduta inadequada,
ausência de comportamento ético e com quebra de princípios éticos.
O sentido de utilidade pode existir e a ética não se cumprir. Citando Sá
(2001, p.147) novamente:
“Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para o
desempenho eficaz da profissão são deveres éticos”.
No que tange os deveres profissionais, a partir do momento em que um
profissional se propõe a prestar serviços a terceiros, todas as qualidades
pertinentes à satisfação da necessidade de quem requer a tarefa, passam a ser
uma obrigação de bom desempenho.
Posteriormente, inúmeros deveres
envolvem a vida profissional, sob os ângulos da boa conduta para a execução
de um trabalho. Tais deveres passam a guiar a ação do indivíduo perante as
pessoas e a sociedade.
Em relação à ética profissional e à aplicação da ética geral no campo
das atividades profissionais, o indivíduo tem que estar imbuído de certos
princípios ou valores, próprios do ser humano, para vivê-los em suas
atividades. Por um lado a ética profssional exige a deontologia, estudo dos
deveres específicos que orientam o agir humano no seu campo profissional;
por outro, exige a diciologia, o estudo dos direitos que o indivíduo tem ao
exercer suas atividades. A ética profissional é intrínseca à natureza humana.
Vários autores definam a ética profissional como um conjunto de normas que
devem ser postas em prática no exercício de qualquer profissão; é a “ação
reguladora” da ética agindo no desempenho das profissões, fazendo com que o
profissional respeite seu semelhante quando no exercício de sua profissão.
A ética profissional regula o relacionamento do profissional com seus
clientes, visando a dignidade humana e a construção do bem estar no seu
ambiente profissional. Ela atinge todas as profissões e, quando nos referimos
32
à ética profissional, nos referimos ao caráter normativo, e até jurídico, que
regulamenta as profissões, através de estatutos e códigos específicos. Desse
modo temos a ética médica, do advogado, do professor; de todas as
profissões.
Como a ética é inerente ao ser humano, sua importância é bastante
evidente na vida profissional, pois cada profissional tem responsabilidades
individuais e sociais, que envolvem pessoas que dela se beneficiam.
A ética é indispensável ao profissional porque “o fazer” e “o agir” estão
diretamente ligados. O fazer se refere à competência, à eficiência que todo
profissional deve possuir para exercer bem sua profissão. Já o agir diz respeito
à conduta do profissional, às atitudes que deve assumir no desempenho de sua
profissão.
As pesquisas sobre ética profissional nos leva a uma moral superior e,
algumas vezes, as empresas podem se afastar dessa moral.
Por vezes,
distorções são encaradas com naturalidade; é o caso da “moral do sucesso”,
que, por muitos administradores é vista como uma competição sadia. Por outro
lado, há empresas que adotam postura altruísta; procuram não apenas obter
lucro, que é a finalidade de toda empresa comercial, mas também cumprir sua
parcela de responsabilidade dentro da sociedade.
A ética profissional se reflete nas normas e valores dominantes em uma
empresa.
33
3.2 – A Importância da Ética Profissional
Pode-se dizer que ética é a expressão única do pensamento correto, o
julgamento do que é certo ou errado, bom ou ruim. Seu objetivo é o estudo do
comportamento humano e tem como função padronizar condutas com a
finalidade de minimizar os conflitos que podem advir da convivência em
sociedade.
Não se pode ensinar a ética, ela nasce da consciência de cada um, no
entanto seus valores podem ser difundidos para que os indivíduos sejam
motivados a praticá-los.
Quando começamos a pensar em ética profissional?
Essa reflexão
sobre as ações realizadas no exercício de uma profissão deve ser iniciada bem
antes da prática profissional.
A fase da escolha profissional, ainda na
adolescência já deve ser permeada por essa reflexão.
A escolha de uma
profissão é optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto de deveres profissionais
passa a ser obrigatório.
Um dado de suma importância e que não pode ser posto de lado diz
respeito a uma boa formação acadêmica, pois esta reflete diretamente na
conscientização do profissional. Embora os valores éticos não possam ser
ensinados, é preciso deixar claro o que é certo e o que é errado.
Daí a
importância do que é passado para os futuros profissionais, pois uma
informação passada de forma inadequada pode ser fatal.
Diante disso, a
atitude ética que se espera de um profissional deve ser orientada em seu
primeiro contato com o assunto, para que esta atitude tão discutida, seja
inerente e não aquilo que se espera dele.
34
A ética tem uma finalidade fundamental ao regulamentar as profissões,
pois proporciona uma visão de justiça e bom desempenho das atividades em
situações que, por interesses próprios ou mesmo por deficiência moral, os
profissionais podem ser levados por caminhos ilícitos, muitas vezes sem
retorno.
Deve-se levar em consideração que, no exercício de sua atividade
profissional, o administrador tem que se preocupar com os princípios de justiça
e decência, procurando sempre uma finalidade social nos serviços que
executa.
Para tanto, deve ter consciência do seu papel e para que isso
aconteça é necessário que desempenhe suas funções com atitudes que
valorizem os funcionários.
A ética profissional e, consequentemente das organizações, é
considerada um fator importantíssimo para a sobrevivência delas, tanto das
pequenas quanto das grandes corporações.
35
3.3 – Empresa Ética
Ultimamente observa-se a recorrência do tema ética no mundo
empresarial.
Conhecia-se o universo das empresas comandado pela eficácia e pela
rentabilidade, atualmente procura uma alma, uma ética nos negócios.
Inúmeros aspectos fizeram com que a ética ganhasse toda essa
notoriedade e fosse discutida com tamanha ênfase, dentre eles:
•
escândalos vieram á tona em virtude de denúncias favorecidas
por um ambiente mais livre e democrático;
•
atos considerados imorais pela sociedade, amplificados pela
mídia, deixaram de ser encoberto; e
•
de forma amplificada, as sociedades civis passaram a exercer
pressões sobre as empresas, exigindo um comportamento mais
responsável e voltado para o bem comum.
Mesmo fazendo parte de um mundo extremamente competitivo, as
empresas possuem algo valiosíssimo e que deve ser preservado a todo custo,
sob pena de, num futuro próximo, não se sustentarem no mercado:
imagem perante parceiros e consumidores.
sua
A mobilização por parte da
sociedade civil organizada se tornou uma arma poderosa contra as empresas
que insistem em desrespeitar o comportamento ético nas sociedades onde
atuam.
Como saber se uma empresa é ou não ética? Não basta observar seu
comportamento na hora de crise, muito pelo contrário. É preciso verificar a
36
maneira como ela se planeja e cria soluções para evitar deslizes. A prevenção
é a palavra de ordem em qualquer empresa que valorize a ética nos seus
negócios e no ambiente de trabalho.
Os administradores tem que estar atentos ao comportamento ético que
clientes, concorrentes, fornecedores, funcionários e acionistas esperam das
empresas com as quais se relacionam, sob pena de ficarem em maus lençóis
diante da consciência ética que prevalece.
Em busca do lucro, cada vez maior, diversas empresas incorrem em
comportamentos antiéticos e são postas à prova, diante do grande dilema que
é disputar o mercado num mundo globalizado.
De acordo com Lúcio (1998, p.12):
“A sociedade cobra das empresas quanto à
coerência,
responsabilidade e compromisso”.
Com esse novo tipo de relacionamento, são incluídos novos gastos com
pessoal, tecnologia, o que leva algumas empresas a adotarem uma postura
resistente diante do comportamento ético que delas se aguardam. Porém esse
processo chega a um ponto irreversível, onde a preocupação com a ética se
manifesta, não só no relacionamento interno das empresas, quanto das
empresas entre si e com a sociedade na qual estão inseridas.
A antiga idéia de lucro a qualquer custo cai por terra diante das
transformações geradas pela ética. Mais importante é a imagem de empresa
comprometida com valores éticos.
Diante do exposto, comportar-se eticamente torna-se um grande
diferencial competitivo, com conseqüências favoráveis às empresas éticas que
se perpetuarão no mundo dos negócios.
37
3.4 – O Profissional Ético
Hoje, mais do que nunca, a atitude dos profissionais em relação às
questões éticas pode ser a diferença entre o seu sucesso e o seu fracasso.
Basta um deslize para a imagem do profissional ser manchada de
desconfiança.
Agir eticamente vai muito além de não roubar ou não fraudar a empresa
ou o cliente. A ética nos negócios vai desde o respeito pelos clientes ao estilo
de gestão do líder da equipe.
A importância da ética profissional cresceu a partir da década de 80 com
a redução das hierarquias e o aumento da autonomia dada aos funcionários.
Os chefes, verdadeiros xerifes, já não tinham tanto poder para controlar os
outros, dizer o que era certo ou errado.
Por outro lado, o corte nos
organogramas deixou pouco espaço para as ascenções profissionais.
A
disputa por cargos cresceu e com isso, a vontade de passar os colegas para
trás criou um campo fértil para a desonestidade, a omissão, a má conduta e a
falta de ética.
O profissional que está sempre atento ás implicações éticas de cada
decisão consegue desistir de uma empresa pouco confiável antes de “se
queimar”, recusando um projeto que poderia causar danos à sua imagem.
Ser ético nada mais é do que agir direito, proceder bem, sem prejudicar
quem quer que seja, é ser “politicamente correto”, ser altruísta, é estar tranquilo
com sua própria consciência.
38
3.5 – Valores Éticos no Mercado de Trabalho
No âmbito profissional, é necessário possuir valores éticos acima de
tudo e aprender a se relacionar no ambiente de trabalho para conseguir
preservar seu emprego. Muito mais que um diferencial competitivo, possuir
valores éticos é um fator determinante na carreira de um profissional. Isso
ocorre porque as empresas vêm pautando cada vez mais sua atuação pela
ética, uma exigência que cresce à medida que aumenta a consciência da
sociedade acerca de seus direitos e deveres.
O nosso padrão de comportamento reflete quem somos e o tipo de
organização de que fazemos parte, portanto é indispensável adotar uma
postura ética, uma vez que isso está diretamente ligado à auto-imagem e a
imagem da organização, além de ser primordial para criar vínculos e manter
boas relações. Atuar eticamente vai muito além de não roubar ou não fraudar
a empresa em que trabalha; ter ética nos negócios inclui, desde o respeito com
que os clientes são tratados, ao estilo de gestão do líder da equipe. Quando
bem implementado, os valores éticos tendem a especificar a maneira como a
organização administra seus negócios e consolida relações com fornecedores,
clientes e outras pessoas envolvidas.
No mercado de trabalho, cada profissão possui leis elaboradas com o
objetivo de proteger os profissionais, a categoria como um todo e as pessoas
que dependem desse profissional, mas há muitos aspectos não previstos
especificamente e que fazem parte do comprometimento em ser eticamente
correto, aquele que, independente de receber elogios, faz a coisa certa.
Na busca desenfreada por cargos altos, que exigem confiança e
proporcionam status e reconhecimento, muitas vezes a ética é esquecida
39
levando os profissionais a se envolverem em escândalos, corrupção e não
respeitando o espaço dos outros, buscando vencer a qualquer custo, sem se
importar com as consequências.
O profissional deve aliar o conhecimento adquirido e a prática à
competência e ética.
Estas últimas o ajudam a organizar seu sistema de
valores e a ir ao encontro do código de ética da profissão. Deve, além de
possuir habilidades e qualificações, ter atitudes baseadas em honestidade,
idoneidade e correção.
Nas organizações, no mercado de trabalho como um todo, para os altos
cargos, especialmente os de direção, gerência e supervisão, na hora da
decisão da contratação do profissional, os valores éticos têm sido decisivos na
escolha final.
Sua importância é extremamente relevante, até mesmo em
detrimento de várias outras habilidades e características inerentes à função em
si. Já imaginou quantos recursos financeiros já foram jogados fora por causa
de profissionais cujo caráter não era fundamentado em valores éticos? Os
prejuízos causados pela corrupção, tanto em órgãos governamentais quanto no
setor privado, pela venda de informações comerciais, segredos industriais,
violação de dados sigilosos?
Não se pode deixar de lado, contudo, que a qualidade profissional de
qualquer trabalhador depende, exclusivamente, de suas qualidades como ser
humano. Ninguém se torna um profissional sem antes se constituir com ser
humano.
Atualmente, a atitude dos profissionais em relação às questões éticas
pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso. Basta um deslize para a
imagem profissional ser manchada, muitas vezes, sem possibilidades de
conserto.
40
No mercado de trabalho, viver sob valores éticos vai muito além de não
roubar ou não fraudar a empresa. A ética nos negócios inclui desde o respeito
com que os clientes são tratados ao estilo de gestão do administrador.
CONCLUSÃO
Todos aqueles que possuem uma profissão, uma carreira, em algum
momento, já falaram em ética profissional.
Ética é um assunto que foi e sempre será atual.
Não é fácil ser ético. A ética exige sacrifícios em prol do outro, de um
mundo melhor e mais justo.
Ética é uma ciência social que sofre mutações e vai se adaptando ao
longo do tempo, variando conforme a cultura dos povos, os valores das
comunidades e os juízos pessoais, logo ela está sempre num processo de
aperfeiçoamento, ganhando ou perdendo espaço nas relações humanas, como
um coadjuvante em todos os sistemas sociais, políticos e econômicos, visando
sempre a busca do bem estar dos indivíduos. É o campo do conhecimento que
trata da avaliação do comportamento de pessoas e organizações; é a ciência
que estuda o comportamento moral do ser humano. Porém, esse ato moral é
uma decisão livre e consciente, assumida por uma convicção interior que diz a
cada um o que deve e o que pode ser feito.
A formação ética se inicia no ambiente familiar, porque família está
ligada às idéias de lealdade, respeito e obediência e a conceitos do que é certo
ou errado, e são esses preceitos que formam a base de qualquer conceito de
ética.
41
Ética não pode ser entendida somente como uma questão de
conveniência, porém como uma questão de sobrevivência da sociedade. O
sucesso
nos
negócios
depende,
desenvolvidas no processo operacional.
fundamentalmente,
das
relações
Falhas éticas levam empresas a
perderem clientes e fornecedores, essenciais à sua atividade.
Ser ético é agir de acordo com os valores morais de uma determinada
sociedade, valores esses que nada mais são que o resultado da própria cultura
dessa sociedade.
Um conjunto de valores éticos é uma importante ferramenta para que os
funcionários tomem decisões empresariais condizentes com as metas e
convicções de sua empresa.
O código de ética de uma empresa procura mostrar transparência e
coerência entre teoria e prática. Os códigos de ética não têm a pretensão de
solucionar dilemas éticos, mas fornecer critérios para que os indivíduos
encontrem formas éticas de se relacionarem.
Quando bem alinhado e
implementado, o código de ética especifica a forma pela qual determinada
empresa administra seus negócios. Como tal, ele será utilizados por todos os
funcionários como um valoroso suporte, principalmente no momento de tomada
de decisões importantes. Um código de ética eficiente pode ajudar a empresa
a desenvolver relações sólidas e duradouras com clientes, fornecedores, e
parceiros.
Educar para a ética requer que os indivíduos sejam auxiliados a
compreender suas próprias crenças sobre o que é ética e quais são seus
próprios valores e a explorar suas percepções a respeito dos valores da
empresa onde trabalha para compreender a diferença entre eles. Devem ser
guiados para fora de uma ética simplista e repressora, sendo dirigidos para um
reconhecimento e apreciação da complexidade dos dilemas e de sua própria
habilidade
intelectual
para
respondê-los.
Em
termos
de
prática,
o
42
desenvolvimento também é necessário, uma vez que é impossível treinar
alguém para ser ético ou para se comportar eticamente.
A ética tem como objetivo fazer com que o homem se sinta na
responsabilidade de apresentar virtudes, as quais denomina-se conduta. As
somas das condutas de vários indivíduos resultam em uma sociedade sadia,
coerente e responsável. Não é diferente na vida profissional, onde todos tem
que trabalhar em perfeita harmonia para que os objetivos de cada um sejam
alcançados com êxito. Assim pode-se afirmar que a ética é indispensável tanto
na vida social como na profissional.
A ética profissional é uma qualidade fundamental para quem se
preocupa em ter uma carreira longa, sólida e respeitada. O cidadão que está
sempre atento às implicações éticas de cada decisão consegue desistir de
trabalhar numa empresa pouco confiável antes de ter prejuízo.
43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ARRUDA, Maria Cecília Coutinho, de. Fundamentos de Ética Empresarial e
Econômica. São Paulo: Atlas, 2003.
CASEY, John L. Ética no Mercado Financeiro. 2ªed. Rio de Janeiro: IMF,
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COTRIM, Gilberto.
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LISBOA, Lázaro Plácido. Ética Geral e Profissional em Contabilidade. 2ªed.
São Paulo: Atlas, 1997.
LÚCIO, Carlos Frederico.
Tópicos Atuais em Administração.
Ética
Empresarial. 1ªed. Campinas – SP: Alínea, 1998.
MOREIRA, Joaquim Manhães.
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Pioneira, 1999.
SÁ, Antonio Lopes. Ética Profissional. 4ªed. São Paulo: Atlas, 2001.
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez.
Ética.
19 ed.
Rio de Janeiro:
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Brasileira, 1999.
Certificação Interna de Conhecimentos – Banco do Brasil.
Brasília:
Universidade de Brasília – UnB e INEPAD – Instituto de Ensino e Pesquisa em
Administração, Módulo Gestão de Pessoas, 2006.
44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
02
AGRADECIMENTO
03
DEDICATÓRIA
04
RESUMO
05
METODOLOGIA
06
SUMÁRIO
07
INTRODUÇÃO
08
CAPÍTULO I
ÉTICA: HISTÓRIA, CONCEITOS E PRINCÍPIOS
10
1.1 – História da Ética
10
1.2 – Conceitos, Definições e Importância da Ética
14
1.3 – Princípios Éticos
18
CAPÍTULO II
VALORES, CÓDIGOS E COMPORTAMENTOS ÉTICOS
21
2.1 – Valores Éticos
21
2.2 – Códigos de Ética
23
2.3 – Comportamentos Éticos
26
CAPÍTULO III
ÉTICA PROFISSIONAL: PARA QUÊ E PORQUÊ
29
3.1 – O Que É Ética Profissional
29
3.2 – Importância da Ética Profissional
33
45
3.3 – Empresa Ética
35
3.4 – O Profissional Ético
37
3.5 – Valores Éticos no Mercado de Trabalho
38
CONCLUSÃO
40
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
43
ÍNDICE
44
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Ana Paula Loureiro Santos