UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE TER OU NÃO TER ÉTICA NA PROFISSÃO, EIS A QUESTÃO Por: Ana Paula Loureiro Santos Orientador Professor Jorge Vieira Rio de Janeiro 2011 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE TER OU NÃO TER ÉTICA NA PROFISSÃO, EIS A QUESTÃO Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Empresarial Por: Ana Paula Loureiro Santos 3 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus amigos por ainda “lembrarem” de mim, mesmo não lhes tendo dado a merecida atenção e recusado convites irrecusáveis nesses últimos meses, por estar totalmente envolvida na realização deste trabalho. 4 DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado aos meus pais pelo carinho, compreensão e paciência que tiveram comigo nesse período estressante. 5 RESUMO Para a realização do trabalho foram analisados conceitos e definições, aspectos filosóficos e históricos a respeito da ética: as diversas teorias, as contribuições dos autores pesquisados e, principalmente, a ética profissional. Ao longo do estudo percebeu-se a preocupação com a necessidade de conduta ética desde a antiguidade. A ética estabelece uma distinção entre “aquilo que se pode fazer” e “aquilo que se deve fazer”, isto é, nem tudo que é possível é ética. Ela tem sido entendida como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes; é um conjunto de princípios e valores que guiam as relações humanas. Ser ético é agir de acordo com valores morais, valores esses que fazem parte da cultura de cada sociedade. Na área profissional, a ética procura guiar o indivíduo na tomada de decisões corretas do ponto de vista da sociedade. A utilização da ética profissional é de suma importância para todo indivíduo que exerce uma função em qualquer ramo de atividade. O profissional que tem ética realiza suas funções com zelo, cuidado e responsabilidade individual. Saber o verdadeiro significado da palavra ética é avançar como profissional, no sentido de qualificar-se em seu relacionamento com a empresa em que trabalha. Atualmente, a maioria das empresas possui código de ética e o mostram à sociedade para demonstrarem seus pressupostos éticos objetivando ganhar credibilidade. 6 METODOLOGIA As principais fontes de pesquisa utilizadas na elaboração do presente trabalho foram livros acadêmicos e uma apostila de Gestão de Pessoas do Banco do Brasil. Os livros foram conseguidos junto a amigos e à Biblioteca do Banco do Brasil e a apostila, que serviu como um grande suporte, é o material disponibilizado pelo Banco do Brasil para ajudar seus funcionários na preparação para Certificação Interna de Conhecimentos. Como o tema é muito vasto e existem muitos livros que tratam do assunto, não foram necessários outros meios de pesquisa; houve sim, uma dificuldade na escolha do material a ser utilizado para que o trabalho conseguisse sintetizar, de forma clara, simples e objetiva, um tema tão rico e que está muito em voga no momento. Esta forma foi considerada a mais adequada para apresentar a presente monografia, que levou aproximadamente 3 meses para ser elaborada. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - ÉTICA: HISTÓRIA, CONCEITOS E PRINCÍPIOS 10 1.1 – História da Ética 10 1.2 – Conceitos, Definições e Importância da Ética 14 1.3 – Princípios Éticos 18 CAPÍTULO II - VALORES, CÓDIGOS E COMPORTAMENTOS ÉTICOS 21 2.1 – Valores Éticos 21 2.2 – Códigos de Ética 23 2.3 – Comportamentos Éticos 26 CAPÍTULO III - ÉTICA PROFISSIONAL: PARA QUÊ E PORQUÊ 29 3.1 – O Que É Ética Profissional 29 3.2 – Importância da Ética Profissional 33 3.3 – Empresa Ética 35 3.4 – O Profissional Ético 37 3.5 – Valores Éticos no Mercado de Trabalho 38 CONCLUSÃO 40 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43 ÍNDICE 44 8 INTRODUÇÃO O tema central do presente trabalho é a ética profissional. Entendemos que bons resultados profissionais devem ser fruto de decisões éticas e que ter padrões éticos pode significar bons negócios a longo prazo. A ética profissional enquanto for apenas questão de filosofia sempre ficará em segundo plano. Ética agora pode ser contabilizada e está se tornando um grande diferencial competitivo, que pode distinguir uma empresa de seus concorrentes, atraindo o olhar cada vez mais atento dos consumidores e fornecedores. É crescente a preocupação das empresas com a ética. O sucesso ou fracasso de uma empresa está ligado ao seu comportamento ético. O aumento da competitividade, a velocidade com que se processam as transformações e se propagam as informações exigem valores internalizados para a tomada de decisões. As empresas já não podem ser avaliadas somente com padrões tangíveis, pois referenciais intangíveis, como marca, imagem, prestígio e confiabilidade definem a qualidade de produtos e serviços, decidem a preferência e garantem a sua continuidade. A globalização ampliou fronteiras comerciais e sociais em todo o mundo e exigiu expressivas mudanças nas organizações visando o seu relacionamento com os empregados, acionistas, fornecedores, concorrentes, distribuidores, clientes e governo. A postura idônea dos indivíduos e das empresas, mais do que nunca, são exigidas nas relações sociais no universo em que estão inseridas. As relações comerciais e sociais do mundo moderno exigem que as empresas estabeleçam em sua cultura, padrões éticos de conduta, com critérios claros, bem definidos na sua política de gestão de pessoas, visando conseguir o compromisso e adesão dos seus colaboradores, 9 pois é através das atitudes e comportamentos éticos dos indivíduos, que representam as empresas, que a sociedade percebe a sua credibilidade. Contudo, esse novo cenário de oportunidades encontrado pelas empresas, que explora ao máximo as possibilidades de ganho, apresenta-se como uma armadilha para aquelas organizações que procuram “tirar vantagem” de cada um dos personagens que compõem a cadeia de seu processo produtivo, uma vez que o nível de conscientização das sociedades aumentou e com isso passou-se a enxergar com clareza as empresas que possuem um comportamento que evidencia desrespeito aos princípios básicos de uma ética profissional, na busca desenfreada pelo resultado econômico fácil, deixando de lado as conseqüências advindas dessa atitude que demonstra pouco caso com seus clientes, fornecedores, funcionários e outros parceiros de seu negócio, como acionistas, visto que a percepção dessa prática irá afastar os consumidores, os bons profissionais e parceiros sérios dessas empresas. 10 CAPÍTULO I ÉTICA: HISTÓRIA, CONCEITOS E PRINCÍPIOS 1.1 – História da Ética A história da ética é um assunto complexo e que exige alguns cuidados em seu estudo, pois fica difícil estabelecer uma separação rigorosa entre os sistemas morais, objeto próprio da ética, e o conjunto de normas e atitudes de caráter moral predominantes numa sociedade. A ética estabelece uma distinção entre “aquilo que se pode fazer” e “aquilo que se deve fazer”, ou seja, nem tudo que é possível é ética. Vários são os pensadores que se destacam na concentração do saber, análise e reflexão sobre o agir do homem, como Aristóteles, Platão e Sócrates. Aristóteles é considerado o pai da ética. Segundo ele: “Somente através da moderação e do equilíbrio poderíamos nos tornar pessoas harmoniosas e felizes”. Já Max Weber dizia que: “Cada cultura, em sua evolução, engendra uma racionalidade própria que explica a cultura para si mesma. Assim nascem os valores e, entre eles, a ética, uma razão moral que convém a essa cultura e que a justifica.” As doutrinas éticas fundamentais nascem e se desenvolvem em diferentes épocas e sociedades como respostas aos problemas básicos apresentados pelas relações entre os homens e em particular pelo seu comportamento moral efetivo. Ética e história se relacionam duplamente: com a vida social e, dentro desta, com as morais concretas que são um dos seus 11 aspectos; com a sua história própria, já que cada doutrina está em conexão com as anteriores ou com as doutrinas posteriores. Por estar vinculada aos costumes sociais, a ética sofre alterações ao longo do tempo, tanto na sua concepção como na aplicação, subjugada à dinâmica dos padrões morais e históricos, vulnerável às mudanças culturais dos povos, atrelada às condições econômicas e políticas e adaptada pelos contornos geográficos e regionais. A palavra ética origina-se do grego “ethos”, que significa hábito ou costume. Filosoficamente falando, ética é a área do conhecimento humano que bem poderia ser definida como a arte de saber viver. E essa arte não é algo que se aprenda em pouco tempo e de uma vez por todas. Sabe-se que cada ser humano é um mundo misterioso que precisa ser constantemente descoberto e elaborado. Cada ser humano é uma inesgotável fonte de atitudes éticas que podem ser utilizadas positiva ou negativamente. Em decorrência da ética existente em cada cidadão, uma mesma pessoa é capaz de usar toda a sua inteligência e perspicácia para criar um remédio ou uma vacina para curar uma doença gravíssima e salvar milhares de vidas e destruir florestas inteiras, torturar, abusar de crianças, matar e ver pessoas morrerem de fome no mundo todo sem se manifestar. Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por trás um conjunto de valores fundamentais. Muitas dessas virtudes nasceram antigamente e continuam válidas até hoje. Eis as principais: • Ser honesto em qualquer situação – a honestidade é a primeira virtude da vida nos negócios, pois a credibilidade é resultado de uma relação franca; • Ter coragem para assumir decisões, mesmo que isso signifique ir contra a opinião da maioria; 12 • Ser tolerante e flexível. Muitas idéias aparentemente absurdas podem ser a solução para um problema, mas para que isso seja descoberto é preciso ouvir as pessoas ou avaliar a situação sem julgá-la antes; • Ser íntegro – significa agir de acordo com seus princípios, mesmo nos momentos mais críticos; e • Ser humilde – somente assim se consegue ouvir os outros e reconhecer que o sucesso individual é resultado do trabalho da equipe. Aristóteles não só organizou a ética como disciplina filosófica, mas formulou a maior parte dos problemas que mais tarde iriam se ocupar os filósofos morais: relação entre as normas e os bens; entre a ética individual e a social; entre a vida teórica e a prática; classificação de virtude, etc. A filosofia aristotélica busca valorizar a harmonia entre a moralidade e a natureza humana, concebendo a humanidade como parte da ordem natural do mundo. Na Grécia, mesmo antes de Aristóteles, já era possível identificar traços de uma abordagem com base filosófica para os problemas morais e até entre os filósofos conhecidos como pré-socráticos encontramos reflexões de caráter ético, quando buscavam entender as razões do comportamento humano. As idéias de Sócrates, Platão e Aristóteles estão relacionadas com a existência de uma comunidade democrática limitada e local, ao passo que a filosofia dos estóicos e dos epicuristas surge quando este tipo de organização social já está ultrapassado e a relação entre o indivíduo e a comunidade se apresenta em outros termos. Na ética medieval cristã, o cristianismo se eleva sobre as ruínas da sociedade antiga, após uma sofrida luta, transforma-se na religião oficial de Roma, no século IV, impõe seu domínio durante dez séculos. A religião garante nesta época, uma certa unidade social, a política depende dela e a 13 igreja, como instituição pela defesa da religião, exerce plenamente um poder espiritual e monopoliza toda a vida intelectual. Na ética moderna, dominante desde o século XVI até o começo do século XIX, embora não seja fácil reduzir suas variadas doutrinas a um denominador comum, podemos destacar sua tendência antropocêntrica – o homem adquire um valor pessoal, sua natureza se revela na contemplação e na ação, afirma seu valor em todos os campos: na ciência, na natureza; na arte, em contraste com a ética teocêntrica e a teologia da idade média, que tem seu cume na ética Kant (ética formal e autônoma, na qual o homem se define, antes de tudo, como ser ativo, produtor ou criador), tem como ponto de partida a moralidade. Na ética contemporânea nos deparamos não só com as doutrinas éticas atuais, como também com aquelas surgidas no século XIX, caso das idéias de Kierkegaard, filósofo dinamarquês considerado o pai do existencialismo, de Stirner, filósofo alemão considerado um dos precursores do anarquismo moderno e de Marx. Como doutrina ética, o marxismo oferece uma explicação e uma crítica das morais do passado e evidencia as bases teóricas e práticas de uma nova moral. Para Marx: “O homem real é um ser espiritual e sensível, teórico e prático, objetivo e subjetivo.” 14 1.2 – Conceitos, Definições e Importância da Ética Ética diz respeito a obrigação moral, responsabilidade e justiça social e pode ser definida de várias maneiras. Afirma-se que ética é justiça. Em outras palavras, inclui princípios que todas as pessoas racionais escolheriam para reger o comportamento social, sabendo que eles podem ser aplicados também a si mesmas. Por meio do estudo da ética, as pessoas entendem e são dirigidas pelo que for moralmente certo ou errado. Entretanto, o assunto continua controvertido. Afinal, aquilo que é eticamente certo para uma pessoa pode ser errado para outra. Por essa razão, a sociedade tende a definir a ética em termos de comportamento, ou seja, uma pessoa é considerada ética quando seu comportamento está de acordo com sólidos princípios morais baseados em ideais como equidade, justiça e confiança. Estes princípios regem o comportamento de indivíduos e podem se fundamentar em valores, cultura, religião e até mesmo legislações, por vezes mutáveis. Independente de sua vontade, desde seu nascimento, o homem passa a integrar uma sociedade e terá seu convívio ligado ao de seus semelhantes, através dos relacionamentos que, obrigatoriamente, manterá ao longo de sua vida. Em resposta as condições que lhe são oferecidas pela sociedade, cada indivíduo constrói um conjunto de crenças e valores que será a sustentação do comportamento que adotará no decorrer de sua vida, na busca de seus objetivos. A partir do momento em que o indivíduo apresenta seu próprio conjunto de crenças e valores, com comportamento e objetivos diferenciados, surgem conflitos nos relacionamentos existentes em cada sociedade. Segundo Lisboa (1997, p.33): “A ética, enquanto ramo do conhecimento, tem por objetivo o comportamento humano no interior de cada sociedade. 15 O estudo desse comportamento, com a finalidade de estabelecer os níveis aceitáveis que garantem a convivência pacífica no seio das sociedades e entre elas, constitui o objetivo da ética.” O conceito de ética varia entre os autores na tentativa de traduzir suas manifestações nos vários âmbitos dos grupamentos humanos e, toda a definição, ao pé da letra, deixa lacunas que nos leva a certo desconforto dialético, como se sempre faltasse algo; como se todos olhassem o mesmo objeto de ângulos diferentes, carecendo de uma análise conjunta para uma solução satisfatória para todas as concepções. Embutida em todas as ciências, desde a Filosofia, a Psicologia, a Sociologia, a Política, a Economia, a Administração, a Medicina, a Pedagogia, a História, o Direito, a Teologia, etc., definindo limites em todas as áreas do conhecimento e presente nas diversas situações do dia-a-dia das pessoas, é de se esperar tamanha dificuldade para se chegar a um denominador comum, a uma definição “definitiva” e irretocável para a ética. Os primeiros filósofos da Grécia clássica, criadores da ética como uma área sistemática de estudo, definiam que “o grande objetivo dos homens de bem deve ser, em primeira instância, a busca do bem estar, da boa convivência, ou seja, da felicidade a qual todos estão destinados, mas que só pode e deve ser alcançada na realização plena de uma sociedade justa”. De acordo com Vazquez (1999, p.64). “A ética é a teoria ou comportamento dos homens em sociedade, ou seja, é a ciência de uma forma específica de comportamento humano”. 16 Para este autor, a ética é a moral efetiva e influi nela. Assim sendo, a ética estuda atos humanos que afetam outros indivíduos e a sociedade como um todo. Para Ferreira (1985, p.591): “Ética é o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativa à determinada sociedade, seja de modo absoluto”. Do ponto de vista de Larousse (1998, p.2286): “Ética é a parte da filosofia que aborda fundamentos da moral”. Sua obra atribui a definição de forma simplista, não confundindo com a moral, muito embora atribua seus fundamentos para constituição do comportamento humano. De acordo com Lisboa (1997, p.23): “Ética é o ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado”. Embora pareça uma definição simples, engloba juízo de valor do comportamento humano. Já Moreira (1999, p.21) esclarece que: “Ética, enquanto ciência filosófica, estuda as avaliações das condutas humanas”. 17 Para ele, a ética: “É o rol dos conceitos aplicáveis às ações humanas que fazem delas atitudes compatíveis com a concepção geral do bem e da moral”. Na área profissional, a ética procura guiar o indivíduo na tomada de decisões corretas, do ponto de vista predominante na sociedade, num determinado período de tempo. Portanto, não existe uma receita para que uma pessoa se forme eticamente. Essa é uma tarefa que cada um tem de realizar consigo mesmo. O máximo que cada uma das pessoas pode fazer é colaborar nesse processo. Porém, o “aprender a saber viver” é uma busca constante, tendo o ser humano de vigiar suas atitudes para que sua consciência ética não fique deturpada. 18 1.3 – Princípios Éticos Princípios não são regras absolutas ou valores, são mais como uma espécie de medida aproximada quando não existe uma medida exata e estão, frequentemente, em conflito uns com os outros. Alguns princípios são como trunfos em determinadas situações. À primeira vista, os princípios parecem óbvios, banais ou simplistas, porém foram criados para serem práticos; não revolucionários e são considerados extremamente úteis na ausência de outros guias. Os princípios foram organizados em três categorias: pessoal, ética profissional e global. • Princípios da ética pessoal também podem ser chamado de moralidade, uma vez que refletem as expectativas gerais de qualquer pessoa em qualquer sociedade, atuando em qualquer capacidade. Esses são os princípios que tentamos incutir em nossos filhos e esperamos um do outro, sem a necessidade de articular a expectativa ou formalizar de qualquer forma; • Princípios da ética profissional são aqueles princípios em que as pessoas agem com capacidade profissional de assumir um encargo adicional de responsabilidade ética, por exemplo, as associações profissionais têm códigos de ética necessários que descrevem o comportamento dentro do contexto de uma prática profissional, tais como medicina, direito, contabilidade ou engenharia. Esses códigos foram criados para estabelecer normas e regras de conduta no ambiente profissional e, mesmo quando não estão escritos em um código, são esperados de funcionários, voluntários, representantes eleitos, pessoas em negócios, etc.; e 19 • Princípios da ética global são os princípios mais controversos das três categorias e os menos entendidos. Abertos a interpretação de como devem ser aplicados, esses princípios podem, por vezes, gerar respostas emocionais e acalorados debates. Já no âmbito organizacional , os princípios éticos foram organizados da seguinte maneira: • Propósito: a missão da empresa é de responsabilidade da diretoria. A organização é movida por valores, expectativas e a visão que ajuda a determinar os comportamentos; • Orgulho: nos sentimos orgulhosos de nós mesmos e da organização. Acreditamos que com esse tipo de sentimento é fácil resistir às tentações para nos comportarmos de maneira nãoética; • Paciência: aceitamos que mantendo nossos valores éticos estaremos no caminho para o sucesso. Essa assertiva implica em manter o equilíbrio entre a obtenção de resultados e a forma com que esses resultados são conseguidos; • Persistência: temos o compromisso de viver de acordo com princípios éticos; temos certeza de que nossas ações são consistentes com esse compromisso; e • Perspectiva: gerentes e empregados alocam tempo para refletir sobre onde estamos, para onde vamos e como vamos chegar lá. Os princípios éticos devem estar presentes em todas as decisões de trabalho que afetam os empregados, nas mais variadas situações. Destacamse as seguintes fases críticas da vida do trabalhador dentro da empresa, para as quais se requer atenção especial: • Recrutamento e seleção; • Contratação; • Estabelecimento dos níveis de remuneração; 20 • Designação de funções ou tarefas; • Promoções; • Transferências; • Treinamentos; • Remoção de cargo ou função; • Demissão; • Aposentadoria. Como pode ser notado, a postura ética deve estar presente desde a seleção de pessoas para atuar na empresa até o processo de aposentadoria. 21 CAPÍTULO II VALORES, CÓDIGOS E COMPORTAMENTOS ÉTICOS 2.1 – Valores Éticos A ética se fundamenta em uma teoria de valores e normas que regem as condutas humanas e tem, como objeto de reflexão, as experiências morais do ser humano pautados pelo entendimento do que é bom ou mal, certo ou errado, justo ou injusto, bem como os juízos de valor sobre as experiências elaboradas por uma consciência. Valores éticos são um conjunto de ações éticas que auxiliam os cidadãos a tomarem decisões de acordo com seus princípios. A formação pessoal e profissional se constitui em um componente cada vez mais valorizado, não somente de acesso, mas de manutenção e valorização do indivíduo no trabalho. Para Foucault (1994, p.356), a atribuição de valor à ética pode ser entendida como desdobramento da politização da noção de identidade, em meio à fragilidade no nosso tempo entre o pessoal, o privado e o público. Por suas competências, a identidade do ser humano requer articulação entre a construção dessa identidade para si e para os outros. Refletir sobre a conduta humana é essencial e permite que o homem possa confiar no homem e, na sua configuração, marca a própria maneira de existir, podendo-se até mesmo afirmar que é pelo trabalho que se configura. Hartmann (Cotrim, 2002, p.262) afirma que: “O homem é uma espécie de interseção entre dois mundos: o real e o ideal. Pela liberdade humana, os valores do mundo ideal podem atuar sobre o mundo real”. 22 Assim, o trabalho ocupa lugar fundamental na constituição da existência humana porque sustenta a própria manutenção da vida biológica. Em outras palavras, trabalhar é condição imprescindível para que o indivíduo se humanize, que seja um ser humano. Portanto, o trabalho é necessário para humanizar os indivíduos, mas também para degradá-los, desumanizá-los, fazendo com que percam sua especificidade humana. Ocorrendo isso, o indivíduo passa a condição de animal ou máquina. A pessoa que leva uma vida calcada em valores éticos deve responder por seus atos, isto é, deve avaliar os efeitos e as consequências de suas ações, responsabilizando-se pelas mesmas. 23 2.2 – Códigos de Ética Códigos de ética fazem parte do sistema de valores que orientam o comportamento das pessoas, grupos e das organizações e seus administradores. A noção de ética e as decisões pessoais e organizacionais que são tomadas com base em qualquer código de ética refletem os valores vigentes na sociedade. Portanto, a ética estabelece a conduta apropriada e as formas de promovê-la, segundo as concepções em vigor na sociedade como um todo ou em grupos sociais específicos. Os códigos de ética foram criados para nortear procedimentos e posturas e passaram a definir o desempenho de muitas empresas, como principal parceiro em todas as suas conquistas. Para Arruda (2003, p.65): “Os códigos de ética não têm a pretensão de solucionar os dilemas éticos da organização, mas favorecer critérios ou diretrizes para que as pessoas encontrem formas éticas de se conduzir”. Com a função de orientar as ações e explicitar as posturas, os códigos de ética se consolidam como instrumento indispensável para que qualquer empresa interaja adequadamente com seus diferentes públicos. Para que isso se torne possível é necessário que seus conteúdos sejam claros e realistas, para que os funcionários da empresa possam interiorizá-los com precisão. Os valores formam a base dos códigos de ética. orientam o comportamento ético e, que permitem Os valores que classificar os comportamentos dentro de qualquer escala de desenvolvimento moral, foram e continuam sendo propostos por filósofos e diferentes tipos de líderes. Essas pessoas manifestam opiniões a respeito de como a sociedade deveria ser e o fazem de maneira a influenciar as convicções alheias. Foi assim que religiões, crenças e doutrinas políticas e econômicas nasceram. Outras normas de 24 conduta ética nascem dos usos e costumes, do processo social de julgar comportamentos e considerá-los certos ou errados. Os códigos de ética determinam o comportamento das sociedades afinal, dependem de disciplina comportamental e necessitam de equilíbrio que somente é encontrado quando os seres se coordenam na finalidade do bem de todos. Desse modo e, como os indivíduos são diferentes, entre si, por suas características, a convivência entre os homens deve ser regulada de forma que o bem seja preservado pelo exercício das virtudes, numa conduta humana exemplar. Assim sendo, todo ser humano deve obedecer a um código de ética. Toda profissão tem seu código próprio: os médicos obedecem ao juramento de Hipócrates; os soldados, às leis da disciplina militar; os sacerdotes, a determinadas normas das quais os demais homens estão isentos. Nesses códigos, o comportamento moral é obrigatório, quer dizer, o homem é obrigado a comportar-se de acordo com as regras de uma dada sociedade e a evitar os atos por ela proibidos. A obrigação impõe deveres, determinando o comportamento e orientando na direção correta. Cada empresa deve criar seu próprio código de ética, pois nele deverá constar todas as particularidades relacionadas à sua estrutura organizacional, normas e condutas, além de orientar as atuações de seus funcionários. Assim sendo, cada empresa define sua forma de atuar no mercado, deixando claro o que se pode esperar dela e de seus funcionários. Entretanto, o simples fato de se elaborar um código não é suficiente. O raciocínio que norteia os códigos é simples. Áreas funcionais têm culturas e necessidades diferentes e os códigos precisam refletir essas diferenças. Além disso, para a sua implantação ter êxito, os códigos precisam conter as seguintes características: 25 • Especificidade: os códigos devem dar exemplos claros para os empregados a fim de que esses possam determinar exatamente se suas ações violam, ou não, as normas; • Publicidade: os códigos devem ser documentos públicos à disposição de todos para que possam ser consultados e para que se possam verificar o compromisso da empresa com as práticas éticas; • Clareza: os códigos devem ser claros, objetivos e realistas a respeito das punições previstas para os que o violarem; • Revisão: os códigos devem ser revistos periodicamente; são documentos que precisam ser atualizados a fim de refletir problemas atuais; e • Obrigatoriedade: é preciso que os códigos sejam cumpridos de qualquer forma. O sucesso de cada empresa depende das pessoas que a compõe, pois são elas que transformam os objetivos, metas, projetos e, até mesmo, a ética em realidade. Por tudo isso é importante o comprometimento de todos com os códigos de ética. 26 2.3 – Comportamentos Éticos As pessoas se deparam, diariamente, independente de onde quer que estejam, com cenas nas quais a falta de ética pode ser facilmente identificada. Elas apresentam um comportamento que contraria as regras estabelecidas pela sociedade. Segundo Lisboa (1997): “as regras que regem a ética em qualquer sociedade, são estabelecidas tendo por base qualquer situação e contemplam o comportamento considerado adequado dos indivíduos da sociedade diante da situação”. O homem, independente de sua vontade, faz parte de uma sociedade desde seu nascimento e tem que se relacionar com seus semelhantes ao longo de toda sua vida. Em resposta a isso, cada um constrói um conjunto de crenças e valores que serve como alicerce do comportamento que adota e, em conseqüência, surgem conflitos de relacionamentos em cada sociedade, uma vez que um comportamento pode ser visto como desprovido de moral por uma sociedade e considerado moralmente aceito por outra. Tendo em vista que a convivência em sociedade precisa ser mantida, o comportamento dos cidadãos ter que permanecer num nível aceitável pela sociedade, independente de suas crenças e valores pessoais. Citando Lisboa (1997, p.37) novamente, ele afirma que: “a ética tem por objetivo o comportamento humano no interior de cada sociedade e que o estudo desse comportamento, com a finalidade de determinar os níveis 27 aceitáveis para a boa convivência em sociedade e entre elas, constitui o seu objetivo”. O melhor sinal da filosofia de conduta de uma empresa é, muito provavelmente, seu próprio código de ética. Nos dias de hoje, a maior parte das grandes empresas e órgãos governamentais tem códigos de conduta que representam as políticas empregadas para definir um comportamento ético. Eles são ferramentas utilizadas para padronizar o comportamento e se referem a questões como conflitos de interesse, concorrentes, privacidade, etc. Uma empresa deve oferecer recompensas pelo cumprimento das metas, assim como punições quando ações antiéticas forem detectadas. Quando ações antiéticas não são punidas, fica a imagem de que a empresa não está realmente interessada na conduta ética. Os funcionários têm que entender que todos são obrigados a obedecer os códigos de ética e os administradores devem agir como modelos para eles. Servindo de exemplo, os administradores demonstram e reforçam o comportamento ético esperado de todos os funcionários. Diante de tanta corrupção espalhada pelo mundo, é encorajador ver que é cada vez maior o número de empresas que estão adotando programas de treinamento sobre questões éticas para seus funcionários. Tais programas proporcionam uma orientação específica e facilitam a percepção e aplicação prática do código de ética da empresa. Os comportamentos éticos esperados são reiterados por intermédio dos programas de treinamento para que se reflitam em todo pensamento e tomada de decisão da empresa. Casey (1998), destaca uma lista de comportamentos a serem adotados pelos funcionários dentro de uma empresa, com diversos valores a serem considerados e, a título de enriquecimento deste trabalho, vale citar aqui alguns: • demonstrar cortesia pessoal e profissional; 28 • evitar comentários destrutivos e críticas públicas; • respeitar o tempo de trabalho das pessoas, o tempo pessoal e outros compromissos; • apoiar as decisões tomadas, depois de comunicadas; • explicar as razões de decisões/exigências; • estimular/aceitar críticas construtivas; • proporcionar feedback de desempenho, de forma oportuna, objetiva e honesta; • ouvir com atenção; • trabalhar para construir confiança, talento e compreensão no indivíduo; • reconhecer as realizações dos outros; • compartilhar créditos; • inspirar orgulho na equipe de trabalho. Em filosofia, o comportamento ético é aquele considerado bom. Os filósofos antigos adotaram diversas posições na definição do que é bom, sobre como lidar com as prioridades em conflito dos cidadãos versus o todo, sobre a universalidade dos princípios éticos versus a “ética de situação”. Aqui, o que está certo depende das circunstâncias e não de uma lei qualquer e, sobre se a bondade é determinada pelos resultados da ação ou pelos meios pelos quais os resultados foram alcançados. 29 CAPÍTULO III ÉTICA PROFISSIONAL: PARA QUÊ E PORQUÊ 3.1 – O Que É Ética Profissional É necessária uma chance para se construir relacionamentos mais intensos, de confiança e entusiasmo com cada profissional. A ética tem que ser um tópico de discussão, não somente em tempos de crise, quando um valor pessoal é desafiado ou inúmeras queixas se fazem presente, mas criando, de forma eficaz, uma consciência ética na organização. Para tanto, são necessários dois processos: aprendizagem, para ajudar as pessoas a pensarem sobre ética; e desenvolvimento, para ajudá-las a incorporá-la a suas atividades. Educar para a ética requer que os cidadãos sejam encorajados e auxiliados a compreender suas próprias percepções, crenças e valores sobre o que é ética. Precisam explorar suas percepções dos valores da empresa onde trabalham para compreender as diferenças entre eles. O desenvolvimento também é necessário; é impossível treinar alguém para ser ético, ou mesmo para se comportar eticamente sem que seja exercida sua prática no dia a dia das pessoas. Ser um profissional ético significa: • Obedecer regras relativas costumes e expectativas da à ocupação territorial, comunidade, princípios de moralidade, políticas da organização, atender à necessidade de todos por um tratamento adequado e justo; e • Entender como os produtos e serviços de uma empresa e as ações de seus membros podem afetar seus empregados, a 30 comunidade e a sociedade como um todo (positiva ou negativamente). Outra maneira de tornar a discussão sobre ética profissional legítima é o fato de os gerentes servirem de modelo. Mais importante que fazer pronunciamentos sobre quanto a empresa é ética ou ditar o comportamento ético dos funcionários, os gerentes devem demonstrar a ética em suas ações, diariamente. Somente a prática da ética profissional pode levar os agentes econômicos a obter cada vez mais credibilidade dos seus parceiros e da sociedade em geral e, com isso gerar lucros cada vez maiores. Com a prática da ética, as empresas manterão afastados os riscos de se verem envolvidas em escândalos capazes de manchar suas reputações. No sentido geral, a profissão, como exercício habitual de uma tarefa, está inserida no contexto da sociedade como uma atividade específica e, a partir do momento em que essa prática resulta em benefícios recíprocos, a quem pratica (funcionário) e a quem recebe o fruto do trabalho (empresa), fazse necessária a preservação de uma conduta condizente com os princípios éticos. Um grupo de profissionais que desempenham a mesma função acaba por criar classes profissionais distintas e também a conduta adequada para exercer essa função. “A consideração ética, sendo relativa, é analisada do ponto de vista da necessidade de uma conduta de efeitos amplos, globais, mesmo diante de povos que possuem tradições e costumes diferentes”, enfatiza Sá (2001, p.135). Com a prática habitual de um trabalho, a profissão oferece uma relação entre necessidade e utilidade no âmbito humano e exige uma conduta específica para o sucesso das partes envolvidas. 31 Há profissões que podem enobrecer pela ação correta e competente, mas podem também ensejar a desmoralização através da conduta inadequada, ausência de comportamento ético e com quebra de princípios éticos. O sentido de utilidade pode existir e a ética não se cumprir. Citando Sá (2001, p.147) novamente: “Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para o desempenho eficaz da profissão são deveres éticos”. No que tange os deveres profissionais, a partir do momento em que um profissional se propõe a prestar serviços a terceiros, todas as qualidades pertinentes à satisfação da necessidade de quem requer a tarefa, passam a ser uma obrigação de bom desempenho. Posteriormente, inúmeros deveres envolvem a vida profissional, sob os ângulos da boa conduta para a execução de um trabalho. Tais deveres passam a guiar a ação do indivíduo perante as pessoas e a sociedade. Em relação à ética profissional e à aplicação da ética geral no campo das atividades profissionais, o indivíduo tem que estar imbuído de certos princípios ou valores, próprios do ser humano, para vivê-los em suas atividades. Por um lado a ética profssional exige a deontologia, estudo dos deveres específicos que orientam o agir humano no seu campo profissional; por outro, exige a diciologia, o estudo dos direitos que o indivíduo tem ao exercer suas atividades. A ética profissional é intrínseca à natureza humana. Vários autores definam a ética profissional como um conjunto de normas que devem ser postas em prática no exercício de qualquer profissão; é a “ação reguladora” da ética agindo no desempenho das profissões, fazendo com que o profissional respeite seu semelhante quando no exercício de sua profissão. A ética profissional regula o relacionamento do profissional com seus clientes, visando a dignidade humana e a construção do bem estar no seu ambiente profissional. Ela atinge todas as profissões e, quando nos referimos 32 à ética profissional, nos referimos ao caráter normativo, e até jurídico, que regulamenta as profissões, através de estatutos e códigos específicos. Desse modo temos a ética médica, do advogado, do professor; de todas as profissões. Como a ética é inerente ao ser humano, sua importância é bastante evidente na vida profissional, pois cada profissional tem responsabilidades individuais e sociais, que envolvem pessoas que dela se beneficiam. A ética é indispensável ao profissional porque “o fazer” e “o agir” estão diretamente ligados. O fazer se refere à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem sua profissão. Já o agir diz respeito à conduta do profissional, às atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão. As pesquisas sobre ética profissional nos leva a uma moral superior e, algumas vezes, as empresas podem se afastar dessa moral. Por vezes, distorções são encaradas com naturalidade; é o caso da “moral do sucesso”, que, por muitos administradores é vista como uma competição sadia. Por outro lado, há empresas que adotam postura altruísta; procuram não apenas obter lucro, que é a finalidade de toda empresa comercial, mas também cumprir sua parcela de responsabilidade dentro da sociedade. A ética profissional se reflete nas normas e valores dominantes em uma empresa. 33 3.2 – A Importância da Ética Profissional Pode-se dizer que ética é a expressão única do pensamento correto, o julgamento do que é certo ou errado, bom ou ruim. Seu objetivo é o estudo do comportamento humano e tem como função padronizar condutas com a finalidade de minimizar os conflitos que podem advir da convivência em sociedade. Não se pode ensinar a ética, ela nasce da consciência de cada um, no entanto seus valores podem ser difundidos para que os indivíduos sejam motivados a praticá-los. Quando começamos a pensar em ética profissional? Essa reflexão sobre as ações realizadas no exercício de uma profissão deve ser iniciada bem antes da prática profissional. A fase da escolha profissional, ainda na adolescência já deve ser permeada por essa reflexão. A escolha de uma profissão é optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto de deveres profissionais passa a ser obrigatório. Um dado de suma importância e que não pode ser posto de lado diz respeito a uma boa formação acadêmica, pois esta reflete diretamente na conscientização do profissional. Embora os valores éticos não possam ser ensinados, é preciso deixar claro o que é certo e o que é errado. Daí a importância do que é passado para os futuros profissionais, pois uma informação passada de forma inadequada pode ser fatal. Diante disso, a atitude ética que se espera de um profissional deve ser orientada em seu primeiro contato com o assunto, para que esta atitude tão discutida, seja inerente e não aquilo que se espera dele. 34 A ética tem uma finalidade fundamental ao regulamentar as profissões, pois proporciona uma visão de justiça e bom desempenho das atividades em situações que, por interesses próprios ou mesmo por deficiência moral, os profissionais podem ser levados por caminhos ilícitos, muitas vezes sem retorno. Deve-se levar em consideração que, no exercício de sua atividade profissional, o administrador tem que se preocupar com os princípios de justiça e decência, procurando sempre uma finalidade social nos serviços que executa. Para tanto, deve ter consciência do seu papel e para que isso aconteça é necessário que desempenhe suas funções com atitudes que valorizem os funcionários. A ética profissional e, consequentemente das organizações, é considerada um fator importantíssimo para a sobrevivência delas, tanto das pequenas quanto das grandes corporações. 35 3.3 – Empresa Ética Ultimamente observa-se a recorrência do tema ética no mundo empresarial. Conhecia-se o universo das empresas comandado pela eficácia e pela rentabilidade, atualmente procura uma alma, uma ética nos negócios. Inúmeros aspectos fizeram com que a ética ganhasse toda essa notoriedade e fosse discutida com tamanha ênfase, dentre eles: • escândalos vieram á tona em virtude de denúncias favorecidas por um ambiente mais livre e democrático; • atos considerados imorais pela sociedade, amplificados pela mídia, deixaram de ser encoberto; e • de forma amplificada, as sociedades civis passaram a exercer pressões sobre as empresas, exigindo um comportamento mais responsável e voltado para o bem comum. Mesmo fazendo parte de um mundo extremamente competitivo, as empresas possuem algo valiosíssimo e que deve ser preservado a todo custo, sob pena de, num futuro próximo, não se sustentarem no mercado: imagem perante parceiros e consumidores. sua A mobilização por parte da sociedade civil organizada se tornou uma arma poderosa contra as empresas que insistem em desrespeitar o comportamento ético nas sociedades onde atuam. Como saber se uma empresa é ou não ética? Não basta observar seu comportamento na hora de crise, muito pelo contrário. É preciso verificar a 36 maneira como ela se planeja e cria soluções para evitar deslizes. A prevenção é a palavra de ordem em qualquer empresa que valorize a ética nos seus negócios e no ambiente de trabalho. Os administradores tem que estar atentos ao comportamento ético que clientes, concorrentes, fornecedores, funcionários e acionistas esperam das empresas com as quais se relacionam, sob pena de ficarem em maus lençóis diante da consciência ética que prevalece. Em busca do lucro, cada vez maior, diversas empresas incorrem em comportamentos antiéticos e são postas à prova, diante do grande dilema que é disputar o mercado num mundo globalizado. De acordo com Lúcio (1998, p.12): “A sociedade cobra das empresas quanto à coerência, responsabilidade e compromisso”. Com esse novo tipo de relacionamento, são incluídos novos gastos com pessoal, tecnologia, o que leva algumas empresas a adotarem uma postura resistente diante do comportamento ético que delas se aguardam. Porém esse processo chega a um ponto irreversível, onde a preocupação com a ética se manifesta, não só no relacionamento interno das empresas, quanto das empresas entre si e com a sociedade na qual estão inseridas. A antiga idéia de lucro a qualquer custo cai por terra diante das transformações geradas pela ética. Mais importante é a imagem de empresa comprometida com valores éticos. Diante do exposto, comportar-se eticamente torna-se um grande diferencial competitivo, com conseqüências favoráveis às empresas éticas que se perpetuarão no mundo dos negócios. 37 3.4 – O Profissional Ético Hoje, mais do que nunca, a atitude dos profissionais em relação às questões éticas pode ser a diferença entre o seu sucesso e o seu fracasso. Basta um deslize para a imagem do profissional ser manchada de desconfiança. Agir eticamente vai muito além de não roubar ou não fraudar a empresa ou o cliente. A ética nos negócios vai desde o respeito pelos clientes ao estilo de gestão do líder da equipe. A importância da ética profissional cresceu a partir da década de 80 com a redução das hierarquias e o aumento da autonomia dada aos funcionários. Os chefes, verdadeiros xerifes, já não tinham tanto poder para controlar os outros, dizer o que era certo ou errado. Por outro lado, o corte nos organogramas deixou pouco espaço para as ascenções profissionais. A disputa por cargos cresceu e com isso, a vontade de passar os colegas para trás criou um campo fértil para a desonestidade, a omissão, a má conduta e a falta de ética. O profissional que está sempre atento ás implicações éticas de cada decisão consegue desistir de uma empresa pouco confiável antes de “se queimar”, recusando um projeto que poderia causar danos à sua imagem. Ser ético nada mais é do que agir direito, proceder bem, sem prejudicar quem quer que seja, é ser “politicamente correto”, ser altruísta, é estar tranquilo com sua própria consciência. 38 3.5 – Valores Éticos no Mercado de Trabalho No âmbito profissional, é necessário possuir valores éticos acima de tudo e aprender a se relacionar no ambiente de trabalho para conseguir preservar seu emprego. Muito mais que um diferencial competitivo, possuir valores éticos é um fator determinante na carreira de um profissional. Isso ocorre porque as empresas vêm pautando cada vez mais sua atuação pela ética, uma exigência que cresce à medida que aumenta a consciência da sociedade acerca de seus direitos e deveres. O nosso padrão de comportamento reflete quem somos e o tipo de organização de que fazemos parte, portanto é indispensável adotar uma postura ética, uma vez que isso está diretamente ligado à auto-imagem e a imagem da organização, além de ser primordial para criar vínculos e manter boas relações. Atuar eticamente vai muito além de não roubar ou não fraudar a empresa em que trabalha; ter ética nos negócios inclui, desde o respeito com que os clientes são tratados, ao estilo de gestão do líder da equipe. Quando bem implementado, os valores éticos tendem a especificar a maneira como a organização administra seus negócios e consolida relações com fornecedores, clientes e outras pessoas envolvidas. No mercado de trabalho, cada profissão possui leis elaboradas com o objetivo de proteger os profissionais, a categoria como um todo e as pessoas que dependem desse profissional, mas há muitos aspectos não previstos especificamente e que fazem parte do comprometimento em ser eticamente correto, aquele que, independente de receber elogios, faz a coisa certa. Na busca desenfreada por cargos altos, que exigem confiança e proporcionam status e reconhecimento, muitas vezes a ética é esquecida 39 levando os profissionais a se envolverem em escândalos, corrupção e não respeitando o espaço dos outros, buscando vencer a qualquer custo, sem se importar com as consequências. O profissional deve aliar o conhecimento adquirido e a prática à competência e ética. Estas últimas o ajudam a organizar seu sistema de valores e a ir ao encontro do código de ética da profissão. Deve, além de possuir habilidades e qualificações, ter atitudes baseadas em honestidade, idoneidade e correção. Nas organizações, no mercado de trabalho como um todo, para os altos cargos, especialmente os de direção, gerência e supervisão, na hora da decisão da contratação do profissional, os valores éticos têm sido decisivos na escolha final. Sua importância é extremamente relevante, até mesmo em detrimento de várias outras habilidades e características inerentes à função em si. Já imaginou quantos recursos financeiros já foram jogados fora por causa de profissionais cujo caráter não era fundamentado em valores éticos? Os prejuízos causados pela corrupção, tanto em órgãos governamentais quanto no setor privado, pela venda de informações comerciais, segredos industriais, violação de dados sigilosos? Não se pode deixar de lado, contudo, que a qualidade profissional de qualquer trabalhador depende, exclusivamente, de suas qualidades como ser humano. Ninguém se torna um profissional sem antes se constituir com ser humano. Atualmente, a atitude dos profissionais em relação às questões éticas pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso. Basta um deslize para a imagem profissional ser manchada, muitas vezes, sem possibilidades de conserto. 40 No mercado de trabalho, viver sob valores éticos vai muito além de não roubar ou não fraudar a empresa. A ética nos negócios inclui desde o respeito com que os clientes são tratados ao estilo de gestão do administrador. CONCLUSÃO Todos aqueles que possuem uma profissão, uma carreira, em algum momento, já falaram em ética profissional. Ética é um assunto que foi e sempre será atual. Não é fácil ser ético. A ética exige sacrifícios em prol do outro, de um mundo melhor e mais justo. Ética é uma ciência social que sofre mutações e vai se adaptando ao longo do tempo, variando conforme a cultura dos povos, os valores das comunidades e os juízos pessoais, logo ela está sempre num processo de aperfeiçoamento, ganhando ou perdendo espaço nas relações humanas, como um coadjuvante em todos os sistemas sociais, políticos e econômicos, visando sempre a busca do bem estar dos indivíduos. É o campo do conhecimento que trata da avaliação do comportamento de pessoas e organizações; é a ciência que estuda o comportamento moral do ser humano. Porém, esse ato moral é uma decisão livre e consciente, assumida por uma convicção interior que diz a cada um o que deve e o que pode ser feito. A formação ética se inicia no ambiente familiar, porque família está ligada às idéias de lealdade, respeito e obediência e a conceitos do que é certo ou errado, e são esses preceitos que formam a base de qualquer conceito de ética. 41 Ética não pode ser entendida somente como uma questão de conveniência, porém como uma questão de sobrevivência da sociedade. O sucesso nos negócios depende, desenvolvidas no processo operacional. fundamentalmente, das relações Falhas éticas levam empresas a perderem clientes e fornecedores, essenciais à sua atividade. Ser ético é agir de acordo com os valores morais de uma determinada sociedade, valores esses que nada mais são que o resultado da própria cultura dessa sociedade. Um conjunto de valores éticos é uma importante ferramenta para que os funcionários tomem decisões empresariais condizentes com as metas e convicções de sua empresa. O código de ética de uma empresa procura mostrar transparência e coerência entre teoria e prática. Os códigos de ética não têm a pretensão de solucionar dilemas éticos, mas fornecer critérios para que os indivíduos encontrem formas éticas de se relacionarem. Quando bem alinhado e implementado, o código de ética especifica a forma pela qual determinada empresa administra seus negócios. Como tal, ele será utilizados por todos os funcionários como um valoroso suporte, principalmente no momento de tomada de decisões importantes. Um código de ética eficiente pode ajudar a empresa a desenvolver relações sólidas e duradouras com clientes, fornecedores, e parceiros. Educar para a ética requer que os indivíduos sejam auxiliados a compreender suas próprias crenças sobre o que é ética e quais são seus próprios valores e a explorar suas percepções a respeito dos valores da empresa onde trabalha para compreender a diferença entre eles. Devem ser guiados para fora de uma ética simplista e repressora, sendo dirigidos para um reconhecimento e apreciação da complexidade dos dilemas e de sua própria habilidade intelectual para respondê-los. Em termos de prática, o 42 desenvolvimento também é necessário, uma vez que é impossível treinar alguém para ser ético ou para se comportar eticamente. A ética tem como objetivo fazer com que o homem se sinta na responsabilidade de apresentar virtudes, as quais denomina-se conduta. As somas das condutas de vários indivíduos resultam em uma sociedade sadia, coerente e responsável. Não é diferente na vida profissional, onde todos tem que trabalhar em perfeita harmonia para que os objetivos de cada um sejam alcançados com êxito. Assim pode-se afirmar que a ética é indispensável tanto na vida social como na profissional. A ética profissional é uma qualidade fundamental para quem se preocupa em ter uma carreira longa, sólida e respeitada. O cidadão que está sempre atento às implicações éticas de cada decisão consegue desistir de trabalhar numa empresa pouco confiável antes de ter prejuízo. 43 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ARRUDA, Maria Cecília Coutinho, de. Fundamentos de Ética Empresarial e Econômica. São Paulo: Atlas, 2003. CASEY, John L. Ética no Mercado Financeiro. 2ªed. Rio de Janeiro: IMF, 1998. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e Grandes Temas. 15ªed. São Paulo: Saraiva, 2002. FOUCAULT, M. Dits et écrits. Paris: Gallimard, 1994. LISBOA, Lázaro Plácido. Ética Geral e Profissional em Contabilidade. 2ªed. São Paulo: Atlas, 1997. LÚCIO, Carlos Frederico. Tópicos Atuais em Administração. Ética Empresarial. 1ªed. Campinas – SP: Alínea, 1998. MOREIRA, Joaquim Manhães. A Ética Empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1999. SÁ, Antonio Lopes. Ética Profissional. 4ªed. São Paulo: Atlas, 2001. VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 19 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. Certificação Interna de Conhecimentos – Banco do Brasil. Brasília: Universidade de Brasília – UnB e INEPAD – Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração, Módulo Gestão de Pessoas, 2006. 44 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTO 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I ÉTICA: HISTÓRIA, CONCEITOS E PRINCÍPIOS 10 1.1 – História da Ética 10 1.2 – Conceitos, Definições e Importância da Ética 14 1.3 – Princípios Éticos 18 CAPÍTULO II VALORES, CÓDIGOS E COMPORTAMENTOS ÉTICOS 21 2.1 – Valores Éticos 21 2.2 – Códigos de Ética 23 2.3 – Comportamentos Éticos 26 CAPÍTULO III ÉTICA PROFISSIONAL: PARA QUÊ E PORQUÊ 29 3.1 – O Que É Ética Profissional 29 3.2 – Importância da Ética Profissional 33 45 3.3 – Empresa Ética 35 3.4 – O Profissional Ético 37 3.5 – Valores Éticos no Mercado de Trabalho 38 CONCLUSÃO 40 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43 ÍNDICE 44