SISTEMAS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA EM
COMUNIDADES RURAIS DA ILHA DE SANTIAGO - CABO VERDE
Iara Jassira Costa Barros¹, Rodolfo Luiz Bezerra Nóbrega², Beatriz Susana Ovruski de
Ceballos³ & Carlos de Oliveira Galvão4
RESUMO --- Cabo Verde é um arquipélago situado a 500 km da costa Ocidental da África.
Composto por 10 ilhas, pertence à zona climática Saheliana, com precipitação média anual de 230
mm, concentrados em uma curta estação chuvosa (de agosto a outubro). A reservação dessa água
em cisternas unifamiliares é fundamental nas comunidades rurais. O trabalho apresenta as
características construtivas, de conservação e manejo de sistemas de captação e armazenamento de
água de chuva em cisternas e avalia as condições socioeconômicas das famílias usuárias, bem como
as fontes de água usadas para abastecer as cisternas e as finalidades de uso dessas águas. A pesquisa
foi desenvolvida na ilha de Santiago, com precipitação média anual de 323 mm, em duas
comunidades rurais (Biscaínhos e Achada Longueira) situadas no Concelho do Tarrafal. Foi
concluído que as cisternas além de armazenar a água da chuva, armazenam água de outras fontes e
que essa água tem diversos fins. Todas as cisternas apresentam um sistema de desvio e a maior
parte dessas apresenta um volume superior a 33 m³.
ABSTRACT --- Cape Verde is an archipelago composed by ten islands located 500 km off the
western coast of Africa. Cape Verde is in the tropical zone and has annual rainfall of 230 mm,
which occurs between august through october. The correct utilization and management of the water
provided by the rain is fundamental for rural communities on their activities. They use cisterns to
catch the rainwater and later on use this water for agriculture and other needs. The research was
conducted in Santiago and the local annual rainfall was determined to be 323 mm for the two rural
communities where the research was done (Biscainhos and Achada Longueira) located in Tarrafal.
It was concluded that the cisterns retain the water from the rain and other waters whose are used for
many purposes. All the cisterns are able to deviate and retain a volume over 33 m³.
Palavras-chave: Cabo Verde, cisternas, água de chuva.
_____________________
1) Graduanda em Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande – PB,
[email protected]
2) Mestrando em Engenharia Civil e Ambiental pela Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande – PB,
[email protected]
3) Professora Titular da Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande – PB, [email protected]
4) Professor Adjunto da Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande – PB, [email protected]
IX Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste
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1. INTRODUÇÃO
Cabo Verde é um arquipélago de origem vulcânica, situado ao oeste do continente africano,
entre os paralelos 14º e 18º de latitude Norte e as longitudes de 22º e 26º Oeste. Localizado no
oceano Atlântico, é constituído por dez ilhas e oito ilhéus, que estão a cerca de 500 km da costa
ocidental da África (Figura 1). O território nacional ocupa uma área terrestre de 4033 km2
circundado por uma zona económica exclusiva extensa, com temperaturas superiores a 22ºC durante
o ano.
Figura 1– Mapa do arquipélago de Cabo Verde
O clima é tropical seco, com duas estações: a das chuvas muito curtas (agosto a outubro) e a
seca (dezembro a junho), sendo os meses de julho e novembro os de transição. A precipitação
média anual é de 230 mm, com grande variabilidade anual devido a fortes influências que o
arquipélago sofre do deserto do Sahara. Além de escassas, as precipitações são irregulares no tempo
e espaço e por vezes chegam de forma torrencial, o que dificulta o seu aproveitamento. A ilha de
Santiago, a principal do arquipélago, tem uma precipitação média anual de 323 mm (Gomes e Pina,
2003).
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A água doce constitui um recurso escasso em Cabo Verde, o que impõe a população a procura
de fontes hídricas. As principais fontes de aprovisionamento são: águas subterrâneas, cerca de 70%
(furos, galerias drenantes, nascentes e poços escavados), água dessalinizada, cerca de 25% e 5% de
outras fontes (Borges, 2007).
De acordo com os dados do Questionário de Indicadores Básicos de Bem-Estar (QUIBB,
2007), cerca de 85% das famílias cabo-verdianas obtêm água para uso doméstico de qualidade mais
ou menos segura de uma fonte de água razoavelmente apta para consumo, sendo 39,4% da rede
pública, 39,2% de fontes diversas, 6,3% de carros pipa. Aproximadamente 15% se abastecem de
forma precária, ali se incluem as famílias que utilizam a água armazenada em cisternas. Na ilha de
Santiago, onde ficam situadas as localidades abrangidas pelo nosso estudo, 72% da população tem
acesso à água potável, estando esse valor abaixo da média nacional.
Mesmo diante desses dados, há déficit na distribuição de água para o abastecimento humano
em Santiago no meio urbano e rural, onde a situação é ainda mais agravante. Para tentar solucionar
esse problema, a população rural recorre a práticas antigas, tais como a coleta de água de chuva em
cisternas, para conseguir água de melhor qualidade a custos baixos. Este artigo apresenta as
características construtivas, de conservação e manejo de diferentes sistemas de captação e
armazenamento de água de chuva em comunidades rurais da ilha de Santiago/Cabo Verde. Também
é realizada uma avaliação as condições socioeconômicas das famílias usuárias, bem como as fontes
de água usadas para abastecer as cisternas e as finalidades de uso dessas águas.
1. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Locais de estudo
A pesquisa foi realizada em duas comunidades rurais da ilha de Santiago, Biscaínhos e
Achada Longueira, situadas no Concelho do Tarrafal. Esse local, com uma superfície de 112,4 km2,
está situado no extremo norte da ilha de Santiago (Figura 2). As duas comunidades são
relativamente isoladas, pois, apesar de geograficamente próximas, barreiras topográficas dificultam
a locomoção terrestre entre elas. A distância rodoviária entre elas é cerca de 16 km.
De acordo com o censo de 2000, o Concelho do Tarrafal tem uma população total 17.724
habitantes, sendo que cerca de 12.300 pertencem às comunidades rurais. As comunidades de
Biscaínhos e Achada Longueira possuem 725 e 724 habitantes, respectivamente.
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Figura 2 – Mapa da ilha de Santiago com destaque para o Concelho do Tarrafal
(Biscaínhos e Achada Longueira)
2.2 Coleta de dados e estruturação dos resultados
Foram escolhidas aleatoriamente 70 residências que apresentavam sistemas de coleta e
armazenamento da água de chuva, sendo 35 em Biscaínhos e 35 em Achada Longueira. A pesquisa
foi realizada através de visitas in loco, para conhecer as características físicas dos sistemas de
captação e armazenamento de água de chuva em cisternas (dimensões dos tetos, número de águas,
altura das residências, volume das cisternas, etc.), obter informações socioeconômicas das famílias
(composição, nível de escolaridade, ocupação, rendimento mensal, condições de higiene, etc.),
averiguar as formas de manejo do sistema de captação e armazenamento da água de chuva, entre
outros dados.
As informações foram coletadas por meio da aplicação de questionários semi-estruturados.
Foram aplicados no período de 7 a 15 de fevereiro de 2008 e organizados em um banco de dados.
Os parâmetros considerados mais relevantes nas duas comunidades foram analisados de forma
comparativa.
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2. RESULTADOS
3.1 Caracterização das famílias nas comunidades de Biscaínhos e Achada Longueira
Os chefes de família nas duas comunidades tanto são do sexo masculino quanto do feminino.
Em Biscaínhos, verifica-se uma percentagem de gênero bastante equilibrada. O mesmo não
acontece em Achada Longueira, onde 60% dos chefes de família são do sexo feminino.
A escolaridade mostrou-se bastante diversificada, compreendendo desde analfabetos até
indivíduos com ensino superior completo, predominando o analfabetismo em ambas as
comunidades.
Quanto à ocupação, há predominância de domésticas e aposentados, seguido de pedreiros,
professores, lavradores e funcionários públicos, com algumas porcentagens ligeiramente maiores
em Achada Longueira. A Tabela 1 apresenta esses resultados.
Tabela 1 – Características das famílias
Comunidades
Características das famílias
Biscaínhos
Achada
Longueira
Homem
49,00%
34,00%
Mulher
51,00%
66,00%
Ensino superior completo
3,00%
0,00%
Ensino médio completo
6,00%
6,00%
Ensino médio incompleto
6,00%
0,00%
11,00%
34,00%
Analfabeto
74,00%
60,00%
Doméstica
48,57%
52,00%
Aposentado
28,57%
30,00%
Pedreiro
8,57%
3,00%
Professor
5,71%
3,00%
Lavrador
2,86%
6,00%
Funcionário Público
2,86%
6,00%
Condutor
2,86%
0,00%
Gênero
Escolaridade
Ensino fundamental
incompleto
Ocupação
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3.2 Fontes e manejo da água de beber
Quanto à origem da água para beber, em ambas as comunidades as cisternas são fontes
importantes, com 40% e 43% de usuários em Biscaínhos e em Achada Longueira, respectivamente
(Figura 3). Em Biscaínhos 37% das famílias entrevistadas possuem água encanada fornecida pelo
Serviço Autônomo de Água e Saneamento da Câmara Municipal do Tarrafal, que chega de forma
intermitente a uma única torneira situada no quintal. Essa água encanada é originária de fontes e
nascentes e distribuída após cloração, que é a única forma de tratamento. Os usuários acumulam a
água encanada em tonéis de ferro ou plástico, que nem sempre estão cobertos, e nas próprias
cisternas, para garantir o abastecimento nas residências. A água de carro-pipa é alternativa para
algumas famílias nas duas comunidades, a qual também é armazenada nas cisternas. Os usuários
afirmam recorrer ao uso da água de carro-pipa quando não há água na cisterna para o consumo ou
quando é feita alguma construção na casa.
Figura 3 – Origem da água para consumo humano
Dessa forma, pode-se inferir que nas duas comunidades a água armazenada na cisterna pode
ser: a) água de chuva; b) água encanada e água de chuva; c) água encanada, de chuva e de carropipa, e; d) água de chuva e de carro-pipa. A Figura 4 apresenta os dados referentes às origens da
água armazenada em cisternas.
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Figura 4 – Fontes de água armazenada na cisterna
Parte da população de ambas as comunidades utiliza água dos chafarizes para beber (das
mesmas fontes que a água encanada, sob cuidados do Serviço Autônomo de Água e Saneamento),
mesmo tendo cisternas, pois às vezes a água da cisterna não possui qualidade adequada para
consumo humano.
Quanto ao tratamento da água para beber (Figura 5), a maioria das famílias afirmou que esta
já vem tratada, o qual é verdadeiro para a água dos chafarizes e para a água encanada.
Figura 5 – Tratamento da água de beber
Aparentemente a água da cisterna não é tratada antes do consumo, visto que todos os usuários
responderam que quando se aproxima a época das chuvas, os agentes de saúde colocam “remédios”
nas cisternas. A Delegacia da Saúde informou que o produto usado é apenas para prevenir a criação
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e proliferação de mosquitos. Possivelmente o baixo nível de escolaridade da população interfere no
tratamento da água para beber nas residências. Verificou-se que 6% das famílias de Biscaínhos e
14% de Achada Longueira faziam a desinfecção com cloro antes de beber. Alguns adicionavam o
cloro na cisterna e não seguiam nenhuma dosagem; apenas duas famílias disseram colocar uma
colher de chá para 20 litros de água.
3.3 Outros usos da água das cisternas
A água armazenada nas cisternas tem os mais variados fins, como se verifica na Figura 6. Em
nenhum caso as famílias afirmaram utilizar a água das cisternas apenas para beber e cozinhar. A
maioria utiliza a água das cisternas para a higiene pessoal, limpeza da residência, lavagem de
roupas e para dessedentação dos animais. Em Biscaínhos além dos fins supracitados, 5,7% das
famílias usam a água da cisterna para irrigação. Esses resultados diferem dos encontrados para
comunidades rurais do Brasil e em particular na região rural do Semi-Árido Nordestino, onde se
prioriza a água da cisterna para consumo humano, cozinhar e para higiene pessoal (Tavares et al.,
2007).
Figura 6 – Finalidades da água armazenada na cisterna
3.4 Aspectos construtivos dos sistemas de captação de água de chuva
A estrutura dos sistemas de captação de água de chuva na área de estudo, incluindo os
telhados, a coleta e o armazenamento, segue o mesmo padrão (Figura 7).
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Figura 7 – Sistema de captação da água de chuva em residências rurais de Santiago/Cabo Verde:
(a) área de captação; (b) corredores de transporte da água, e; (c) dutos.
A primeira diferença, em relação ao observado nos sistemas do Semi-Árido Brasileiro, é a
ausência de calhas: a água da chuva é conduzida para os dutos através de “corredores” cimentados,
existentes ao redor do telhado. Todos os sistemas apresentam como barreira sanitária uma caixa de
cimento que antecede a entrada da água na cisterna e que funciona como equipamento de desvio das
primeiras águas de chuva, impedindo que essas águas, após lavar os telhados e remover os materiais
sólidos, entrem na cisterna (Figura 8). Outra barreira sanitária são as telas de proteção que, em
alguns casos, são colocadas na tampa da cisterna para melhor vedação e impedir a entrada de
material sólido.
Dutos de transporte da água
desde o telhado
Figura 8 – Caixa de desvio das primeiras águas
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Em geral, os moradores realizam a limpeza do telhado e da cisterna quando se aproxima o
período chuvoso. Esse comportamento foi verificado em mais de 90% das residências visitadas em
ambas as comunidades. Em algumas residências a limpeza interna da cisterna não é realizada
anualmente porque algumas vezes ainda há certa quantidade água quando as chuvas iniciam. Para a
retirada da água das cisternas todas as famílias utilizam um balde, que serve exclusivamente para
essa finalidade e, geralmente, fica dentro da cisterna, atado a uma corda, para impedir o contato
com o exterior (Figura 9).
Figura 9 – Balde para a retirada de água da cisterna
As áreas de captação e o volume de armazenamento das cisternas são mostrados nas Figuras
10 e 11. Observa-se que predominam áreas de captação entre 104 e 111 m2 em ambas as
comunidades, seguidas de áreas de até 103 m2.
Figura 10 – Áreas de captação
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Em Biscaínhos, 51% das cisternas possuem volumes de acumulação em torno de 33 m3 e 46%
estão na faixa de 34 - 66 m3; o restante (3%) apresentam volumes entre 67 e 99 m3. Em Achada
Longueira, da mesma forma que as áreas de captação, os volumes são diversificados, predominando
as faixas de 67 a 99 m3 e de 34 a 66m3. A primeira dessas faixas de volumes de acumulação foi
encontrada em 28% do universo amostral de Achada Longueira e a segunda foi observada em 66%
das residências dessa comunidade, indicando que predominam cisternas maiores que em Biscaínhos
e maiores áreas de captação.
Figura 11 – Volume das cisternas
As cisternas, em sua maioria, possuem capacidades de acumulação maiores que 33 m³, em
conseqüência das diversas finalidades dessa água: beber, cozinhar, higiene pessoal, limpeza da
residência, dessedentação de animais, lavagem de roupas e irrigação. Sendo assim, para que se
capte volumes de água de chuva compatíveis com as capacidades de acumulação, são necessárias
áreas de captação proporcionais aos volumes das cisternas.
3.5 Avaliação quantitativa do abastecimento de água por meio de sistemas de aproveitamento
de água de chuva
Para avaliação do atendimento do abastecimento de água por meio do aproveitamento de água
de chuva nos locais de estudo, foi realizado o cálculo do balanço hídrico anual das cisternas.
Nesse cálculo a quantidade de água captada foi obtida utilizando-se dados da média
pluviométrica da Ilha de Santiago e das áreas de captação. Foi considerado que 25% das águas
captadas pelos telhados não seriam armazenadas nas cisternas devido a perdas no sistema. O cálculo
de demanda de água foi baseado na quantidade de moradores em cada residência, considerando uma
demanda de 30 litros/pessoa/dia (FUNASA, 2006). A Figura 12 apresenta a quantidade de cisternas
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que atendem ou não a demanda com a água aproveitada da chuva em Biscaínhos e Achada
Longueira.
Figura 12 – Sistemas que atendem a demanda baseada na estimativa do balanço hídrico
Quando esses dados são comparados com a percepção que as famílias tem do abastecimento
das cisternas por água de chuva (Figura 13), constata-se que 71% das famílias em Biscainhos
consideram que a água armazenada nas cisternas não atende as necessidades da familía durante todo
o ano, enquanto que pelo balanço hídrico esse valor foi de 83%. Quando só computados os dados
em que ambas as análises acusaram a mesmas respostas temos que 60% da água armazenada em
cisternas não atenderam. Para Achada Longueira foram feitos as mesmas considerações e verificouse que, segundo a opinião das familias, 69% dos casos a água da cisterna não é suficiente para
atender as necessidades durante o ano, e que de acordo com os cálculos da estimativa pelo balanço
hídrico esse valor foi de 74%. Da mesma forma que anteriormente, quando só computados os dados
semelhantes, temos que a insuficiência foi de 51%.
Figura 13 – relação entre a opinião das famílias e a estimativa pelo balanço hídrico
IX Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste
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Das cisternas que não atendem pelo cálculo do balanço hídrico, 28% enchem em Biscaínhos e
15% em Achada Longueira. Isso mostra que parte do atendimento da demanda das famílias fica
limitada pelo fato dos volumes das cisternas serem insuficientes. Esse aspecto tem um peso maior
na Comunidade de Biscaínhos visto que as capacidades das cisternas de lá são menores. As Figuras
que se seguem (14 e 15) evidenciam o déficit de volume nas cisternas que não atendem a demanda,
ou seja, essas representam a porcentagem das cisternas que não conseguem suprir as demandas.
Figura 14 – Déficit de volume nas cisternas que não atendem a demanda - Biscaínhos
Figura 15 – Déficit de volume nas cisternas que não atendem a demanda - Achada Longueira
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3. CONCLUSÕES
A água de chuva armazenada nas cisternas é uma das principais fontes de água para o
consumo direto para grande parte das famílias de Biscaínhos e Achada Longueira.
Além de armazenar água de chuva, a cisterna também recebe água tratada distribuída pelos
Serviços Autônomos de Saneamento do município em Biscaínhos, e pelos carros-pipa, quando
ocorre escassez, representando a principal fonte de água para beber pela maior parte da população.
Quanto aos sistemas de aproveitamento de água de chuva, foi observado que todos
apresentam dispositivos de desvio das primeiras chuvas e, a maior parte, possui cisternas com
volumes superiores a 33 m³.
Este diagnóstico preliminar aponta a necessidade de estudos mais aprofundados tendentes à
gestão das águas de cisternas, suas fontes de abastecimentos e seus usos.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao projeto Cisternas/CT-Hidro/FINEP, ao projeto CISA/CT-Hidro e as
bolsas concedidas pelo CNPq.
BIBLIOGRAFIA
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São Paulo.
FUNASA, (2006). Manual de Saneamento. 3ª Edição Revisada. Brasília: Fundação Nacional de
Saúde, 408 p.
GOMES, A. da M. e PINA, A. F. L. de (2003). Problemas de recursos hídricos em ilhas exemplo
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Bacia Hidrográfica da Ribeira Seca. In: VI SILUSBA, Cabo Verde.
TAVARES, A.C.; SILVA, M. M. P.; OLIVEIRA A. L.; SOUTO, R. Q.; NÓBREGA, R. L. B.;
CEBALLOS, B. S. O. (2007). Captação e manejo de água de chuva em cisternas: uma forma de
mitigar os efeitos das secas prolongadas no Nordeste semi-árido - estudo de caso: Assentamento
Paus Brancos, Paraíba. In: 6º Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de água de chuva, Belo
Horizonte.
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