Variação sazonal nos componentes da alça microbiana no reservatório da Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais (2002-2003) Ricardo Motta Pinto-Coelho (1), Alfredo H. Wieloch (2), Daniela Bianchini (3) Lab. Gestão Ambiental de Reservatórios, Departamento de Biologia Geral, UFMG, BH-MG. 2 PPGZoo, Museu Nacional, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ ([email protected]) Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios, Departamento de Biologia Geral, UFMG, BH-MG. 1 3 Palavras-chaves: Pampulha, Bactérias, Flagelados, Ciliados e Técnicas de contagem (DAPI, QPS) INTRODUÇÃO O estudo ecológico da “alça” microbiana (relações ecológicas ao nível do picoplâncton) nos corpos aquáticos epicontinentais brasileiros encontra-se ainda em fase Bastonetes Livres Bactérias Cocóides Livres 3000000 embrionária. Poucos são os estudos efetivamente publicados dedicados a dinâmica 8000000 2500000 espaço-temporal dos diferentes elementos que compõem essa comunidade. O reservatório da Pampulha, situado em Belo Horizonte, tem sido objeto de vários 6000000 nº cel / ml nº cel / ml 7000000 0 0,5 3 fundo 5000000 4000000 3000000 2000000 1000000 0 0,5 3 fundo 2000000 1500000 1000000 500000 março Meses março fevereiro janeiro dezembr o novembr o outubro setembro 0 agosto fevereiro janeiro dezembro novembro dinâmica sazonal envolvendo todos os componentes da alça microbiana, ou seja, bactérias, outubro agosto estudos limnológicos há mais de vinte anos. Entretanto, nenhum estudo foi feito sobre a setembro 0 Meses flagelados, ciliados e picoplâncton. NFH Livres Ponto de Coletas 6000000 nº cel / ml 5000000 0 0,5 3 fundo 4000000 3000000 2000000 1000000 março fevereiro janeiro dezembr o novembr o outubro setembro agosto 0 Meses Figura 2: : Densidades de bactérias (formas cocóides e bastonetes) entre agosto de 2002 e março de 2003 no reservatório da Pampulha, Belo Horizonte, MG. As bactérias de vida livre sempre (cocóides e bastonetes) sempre apresentaram as densidades mais elevadas dentre todos os componentes da alça microbiana, principalmente no Figura 1: : A – Vista aérea da Represa da Pampulha. B - Detalhe da entrada do canal que congrega as entradas dos ribeirões Ressaca e Sarandi, por onde entra a maior parte da carga orgânica bem como de nutrientes essenciais N e P para a represa. período seco do ano. As formas cocóides (livres) foram as bactérias mais abundantes, chegando a atingir ca. de 7,0 x 106 células ml-1 (set/02, 0,5m). Os bastonetes (livres) foram o segundo grupo mais abundante e atingiram o valor máximo de 2,7 x 106 células.ml-1, na superfície, em agosto/02 para o grupo. Os flagelados heterotróficos (livres) atingiram um valor máximo de 5,6 x 106 células.ml-1 em dezembro de 2002 (sup.). OBJETIVOS As picoalgas (algas menores do que 0,2 um) chegaram a um máximo de 2,1 x 106 cel.ml-1 (6m, O presente estudo teve como objetivos: (a) a avaliação da dinâmica sazonal dos dez/02). Esses valores atestam a elevada disponibilidade de recursos dessa comunidade na componentes da alça microbiana em um ponto central (limnético) do reservatório da represa. A densidade de ciliados obtida com o método QPS (Skibbe,1994),, foi bem mais baixa Pampulha através do uso do método DAPI; um segundo objetivo (b) foi a comparação de que os outros componentes da alça. O grupo apresentou um máximo de 251,0 cél.ml-1 (nov/02, 3m) dois métodos destinados a enumeração de ciliados planctônicos, ou seja, o impregnação e um mínimo de 2,1 cél.ml-1 no fundo(5-6 m), em fevereiro de 2003. quantitativa pelo Protargol (QPS) e o método de microscopia de epifluorescência (DAPI). CILIADOS - QPS Pico-Algas 300 MATERIAL E MÉTODOS 2500000 1000000 500000 acrílicas de Van Dorn (2 litros) entre agosto de 2002 e março de 2003. As amostras março fevereiro janeiro novembro Meses medidos os seguintes fatores abióticos: turbidez, condutividade elétrica e fósforo total. As amostras destinadas ao método DAPI e QPS, foram coletadas com garrafas dezembro 0 200 cels/ml 1500000 outubro aproximadamente) entre agosto de 2002 e julho de 2003. Em cada ocasião foram 0 0,5 3 fundo setembro próximo ao Iate Clube, em 4 profundidades (0m, 0,5 m, 3,0 m e fundo, 5-6 m, 2000000 agosto As coletas foram realizadas numa periodicidade mensal em um ponto central, nº cel / ml 250 0 0,5 3 4\6 150 100 50 0 AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR Meses Figura 4: Densidades de pico-algas (< 2.0 um) bem como de ciliados em diferentes profundidades em um ponto de coletas da região central do reservatório da Pampulha. destinadas ao método QPS foram fixadas com Bouin (1:50ml) e as amostras para o método sub-bacia. DAPI foram fixadas com formalina (4%), mantidas no escuro e a 4C. RESULTADOS O reservatório da Pampulha manteve ao longo do ciclo 2002-2003 características nitidamente eutróficas com elevados valores de condutividade elétrica (> 100 uS), e de fósforo total (> 100 ppb ou ug.l-1) e elevada turbidez (10-50 NTU). Entretanto, um clico sazonal nítido pode ser observado com maiores valores de nutrientes na seca. .. 400,00 100,00 300,00 80,00 60,00 200,00 40,00 100,00 20,00 0,00 no v/ 02 ja n/ 03 m ar /0 3 m ai /0 3 0,00 ju l/ 0 2 se t/0 2 ppb/us.cm1 Res. Pampulha 2002-2003 Fosforo total Contuvididade Turbidez CONCLUSÕES As densidades de bactérias pelo método DAPI estão de acordo com a literatura e os valores encontrados na represa da Pampulha estão próximos aos de outros sistemas eutróficos encontrados em outras partes do mundo (Wetzel, 2001). Quanto aos ciliados, os métodos QPS e DAPI demonstram diferenças de duas ordens de magnitude entre si. Optamos por considerar sempre os valores mais próximos aos de literatura para ambos os métodos e, no caso dos ciliados, o método do PS parece estar afinado com as estimativas de literatura. AGRADECIMENTOS Agradecemos ao apoio logístico dado pelo Instituto de Ciências Biológicas e ao apoio financeiro dado pelo curso à distância “Fundamentos em Ecologia e Tópicos em Gestão Ambiental (Convênio 3443- Fundep/UFMG). Agradecemos ainda ao técnico de laboratório Wladimir Eust´qeuio Machado pelas análides de fósfoto realizadas. REFERÊNCIAS MSkibbe, O. 1994. An improved quantitative protargol stain for ciliates and other planktonic protists. Arch. Hydrobiol., 130(3): 339-347. Wetzel, R.G. 2001. Limnology. 3rd Edition. USA. Meio Ambiente - CEMIG