ÉTICA COMO AUTONOMIA: O DESAFIO DA PAIDÉIA CONTEMPORÂNEA AO
ENSINO E À PRÁTICA DOS GESTORES ADMINISTRADORES DE EMPRESAS.
Angela Santi
Doutora em Filosofia pela PUC-Rio
Professora do Curso de Administração da ESPM/RJ
e- mail [email protected]; [email protected]
Beatriz Villardi
Doutoranda e Mestre em Administração de Empresas pelo IAG PUC-Rio
e-mail [email protected]; [email protected]
RESUMO
Tendo em mente considerações sobre o ensino de ética para os futuros
administradores, os negócios, sua sustentabilidade e o sentido maior do crescimento
humano, o presente artigo pretende apresentar, refletir e compartilhar nossa
experiência de docência da Ética na disciplina de Filosofia - no 3 o período – e de Ética
-no 8o. período -, no Curso de Administração de uma Escola Superior em
Administração e Marketing, e as percepções iniciais dos alunos sobre o tema; uma
proposta didático-pedagógica desenvolvida, inspirada na metodologia socrática para o
estudo do conceito de ética, assim como os desafios percebidos e uma alternativa
pedagógica desenvolvida para a educação do administrador de empresas brasileiro.
Para tanto, conectaremos a prática em ética à condição da gestão no mundo
contemporâneo baseadas em nossa experiência como docentes na graduação e em
uma reflexão sobre a situação atual do ensino de filosofia e ética na graduação de
administração.
Inicialmente, descreveremos porque o ensino em administração tem sido mecanicista e
com visão de sistema fechado e como isto põe em risco a sustentabilidade dos
negócios, do ensino em graduação e da sociedade como um todo.
A seguir, ressaltaremos como a filosofia - e o conceito de ética especificamente podem contribuir na necessária mudança do graduando -do futuro gestor-, e da prática
da ética nas empresas. Finalmente, apontaremos algumas condições pedagógicas
necessárias ao entendimento pleno do conceito de ética e sua aplicação pelos futuros
gestores nas empresas.
Palavras- Chave
Ética no ensino de graduação – formação gestor ético – proposta didático-pedagógica
pratica ética na gestão – ética e gestão sustentável
ÉTICA COMO AUTONOMIA: O DESAFIO DA PAIDÉIA CONTEMPORÂNEA AO
ENSINO E À PRÁTICA DOS GESTORES ADMINISTRADORES DE EMPRESAS.
Seres humanos não podem ser entendidos, se a
busca desse entendimento não estiver alimentada por
um pensamento filosófico, ético, político e cultural.
(Vergara, 2001: 50).
INTRODUÇÃO
Podemos começar chamando a atenção para o fato de que mais do que uma disciplina,
a introdução do estudo da ética nos cursos de administração significa um
redimensionamento da questão do papel que devem ter as instituições de ensino na
formação (paideia) de profissionais, voltado para as demandas atuais do mercado e da
sociedade.
As novas tendências do mundo do trabalho requerem que o conhecimento seja algo
orgânico, múltiplo e dinâmico, podendo, assim, ser organizado em função dos
diferentes problemas que se apresentam. O conhecimento responde aos diferentes
contextos nos quais se insere, não podendo ser o resultado de um conjunto fixo de
saberes, ordenados segundo um fim estabelecido e estático.
Com isso, a possível solução não se encontra (apenas) na inclusão de novas
disciplinas que cubram as novas demandas, mas na reflexão radical e paradigmática da
posição do ensino, do aluno, do professor, no sentido de transformá-la em alavanca
para o desenvolvimento de seres capazes do exercício da autonomia.
O desafio ligado ao ensino da ética para a prática dos profissionais de administração de
empresas torna-se, então, o desafio básico, estruturante, do ensino em geral na
“sociedade do conhecimento”, nas “sociedades complexas”.
Porque o Ensino de Administração de Empresas tem sido mecanicista e realizado
com visão de sistema fechado no Brasil? Como produziu alunos passivos
-reprodutores e gestores submissos - acríticos?
O atual ensino de graduação em Administração desenvolveu-se no Brasil a partir de
transferência de tecnologia de gestão norte-americana e, posteriormente, com a
desvinculação das atividades de ensino e pesquisa.
Não existia nenhuma tradição sistematizada de administração antes de 1916 quando o
engenheiro francês Henry Fayol afirmou e desenvolveu princípios e a possibilidade de
ensinar gestão (Fayol, 1976).
Desta forma, sob a doutrina (Aktouf, 1996:148) do scientific management, as escolas de
hoje podem ser comparadas a “fábricas” e seus alunos a seus “produtos” num claro
padrão de produção em série (Nicolini, 2003).
Nicolini (2003), ao constatar a pouca produção científica sobre a formação em
Administração, realizou uma análise bibliográfica e documental onde aponta a evolução
histórica dos cursos de ensino de graduação em administração para entender a origem
2
da base “fabril” do modelo de ensino atual. Deste modo, descreve como o ensino de
administração desenvolveu características mecanicistas e de sistema fechado.
Mecanicistas pela fragmentação curricular e ênfase na capacidade analítica em
detrimento da visão da totalidade para o ensino e, fechado pela ausência do ensino
interdisciplinar que estimule o aluno a reconexão do conhecimento sobre a gestão e
das pessoas que trabalham em empresas e sobre seu discurso e ação coerentes.
Desvinculado do processo de construção científica, o ensino de Administração
permaneceu inalterado em sua legislação por 27 anos,
“insensível a mudanças como o choque do petróleo, a revolução microeletrônica,
a globalização econômica...a rapidez dessas alterações que transformaram
profundamente a forma de realização de negócios e o posicionamento dos
governos... não assustou porém os educadores em administração que somente
discutiram a Reformulação curricular dos cursos de administração de 28 a 31 de
outubro de 1991 e, concluíram uma proposta formal de curriculum mínimo que foi
fixado em 4 de outubro de 1993 e permanece vigente até hoje ” (Nicolini,
2003:47).
Com a nova lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1996, inicia-se um novo
processo de discussão do ensino superior em administração que, em 1997 leva o
Conselho Nacional de Educação a conclamar a formulação de diretrizes curriculares
específicas para cada curso de graduação.
A área de administração responde com novas propostas de diretrizes curriculares
resultado das análises e discussões realizadas no Seminário Nacional para os cursos
de graduação em administração realizado de 23 e a 24 de outubro de 1998. Estas
propostas estão atualmente sob apreciação do Conselho Nacional de Educação.
Neste contexto histórico se insere o atual ensino de administração no Brasil, utilizandose de tecnologias de gestão importadas e desvinculado da pesquisa científica e sem
maiores investimentos para desenvolver conhecimento próprio que explique e crie
soluções a seus problemas específicos.
Como isto se refletiu na educação do gestor, e quais as implicações para a
prática do gestor e a sustentabilidade dos negócios e da sociedade?
Esta dominação intelectual norte-americana e a utilização das técnicas de gerência
científica preconizadas desde a Revolução Industrial por Taylor, Fayol e Ford,
caracterizaram as origens do ensino de administração no Brasil e resultou em
“uma
formação
homogênea
e
sem espaço
para
a
produção
científica...completamente despersonalizado e fiel ao currículo mínimo, o ensino
serve tão somente para a produção em massa de bacharéis, e as escolas de
administração como estão estruturadas, mais se parecem com uma fábrica do
que com um laboratório.... as escolas recebem a matéria prima (o aluno) e a
transformam, ao longo da linha de montagem (o currículo pleno), em produto (o
administrador)...” (Nicolini, 2003:48).
3
A divisão atual da grade curricular reflete o cartesianismo que levou os estudiosos e
depois os gestores à fragmentação da organização em partes menores para descobrir
nela a inter-relação e buscar de forma mecanicista a compreensão da totalidade.
A especialização apresentou-se como conseqüência desfavorável dessa divisão do
estudo, provocando também isolamento entre as disciplinas e, com isso, “o estudante
acaba prejudicado porque o isolamento torna o aprendizado penoso, confuso e pouco
profícuo, e também os professores, que não se beneficiam do contato com outros
professores e pesquisadores” (Nicolini, 2003:49).
Daí a importância das disciplinas que não são diretamente relacionadas à área de
administração, como é o caso da filosofia, buscarem sua interação com o fenômeno
administrativo e prepararem o pensamento e o raciocínio do aluno para a compreensão
das organizações de forma generalista.
O mecanicismo do atual sistema de ensino é explicitado também por Nicolini (2003: 50)
que afirma que “ao final do processo da graduação espera-se que os alunos tenham
estabelecido as conexões entre todas as disciplinas ministradas no curso, ainda que
ordenadas em uma lógica penosa... Encara-se o futuro administrador ...[como] técnico
aplicador de tecnologia estrangeira.”
Para agravar a situação, ressalta Nicolini (2003) que as escolas de Administração têm
apresentado um intercâmbio pequeno com o ambiente onde estão inseridas e
mostraram grande resistência a abrir seus programas a novos temas. Somente em
1993 o Conselho Federal de Educação reconhece a necessidade de incentivar o aluno
a romper paradigmas, criar e ousar em um mundo de complexidade e que se
transforma rapidamente e recomenda iniciar o aluno na “ultrapassagem das fronteiras
do já conhecido”. Mesmo assim, entre os estudantes concluintes em 1996, a Ética nos
negócios só tinha sido analisada por 42,5%.
Este mesmo Conselho somente em 1997 vai afirmar que uma nova realidade
organizacional demanda administradores que sejam capazes de “reconhecer e definir
problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente e ser criativo, que tenham
iniciativa, vontade de aprender, abertura às mudanças, habilidades de negociação e
consciência da qualidade e das implicações éticas de seu trabalho” (Nicolini, 2003:51).
Isso significa que agora o estudante deve ser ativo na relação ensino-aprendizagem.
Por outro lado, nos tempos atuais turbulentos e incertos, onde o ambiente empresarial
tornou-se mais complexo, a atuação eficaz do gestor deve basear-se em competências.
Estas não se desenvolvem apenas pela “acumulação”, memorização e repetição “cega”
de soluções que serviram para a General Motors (como veremos mais adiante numa
referência feita no filme “Ponto de Mutação”), mas que não necessariamente servem às
empresas contemporâneas, de cultura organizacional diferente da americana; visto que
cada cultura é um “reservatório” de modelos originais de gestão (Amado, Faucheaux &
Laurent, 1996).
Para atuar nestes tempos, prepara-se, na graduação, o futuro administrador. Esta
formação vem sofrendo denúncias pelo seu “elevado grau de especialização, rigidez,
ausência de consciência crítica, quantitativismo, economicismo, ausência de
consciência histórica e inaptidão para comunicar ou interagir nos programas e no
comportamento dos estudantes” (Chanlat, 1996:24).
4
Num mundo assim construído, dominado pela “racionalidade instrumental”, não é de
surpreender que os indivíduos sejam considerados recursos, isto é,
”como quantidades de materiais cujo rendimento deve ser satisfatório do mesmo
modo que as ferramentas, os equipamentos e a matéria-prima....Associados ao
universo das coisas, as pessoas empregadas nas organizações transformam-se
em objetos” (Chanlat, 1996: 25).
Chanlat (1996) considera que, com a subordinação ao universo dos objetosmercadorias, a racionalidade econômica predominante na gestão dos negócios tem
sido causa principal da inversão da primazia das relações entre as pessoas pela
valorização das relações entre pessoas e coisas. Neste conflito, a capacidade de
distinguir racionalidades e questioná-las precisa ser desenvolvida pelos gestores para
superar este impasse.
Como poderá o aluno ser agente, se a atitude passiva desenvolvida até agora o
converteu em recipiente passivo, desprovido de sua capacidade de problematizar, de
buscar o inter-relacionamento de teoria e prática e vivenciar o conhecimento?
Talvez aqui esteja a principal contribuição do ensino de Filosofia na formação do
administrador. Uma vez consciente da complexidade da realidade atual, a elaboração
de alternativas e decisões empresariais sustentáveis requer que o profissional que
estudou ética pratique-a de fato.
Consideramos que quanto antes se reconheça que administração é uma prática, uma
ação concreta, e que o gestor é alguém que se baseia em saberes - científicos ou
tirados da reflexão sobre a experiência - para esclarecer e melhor fundar as intuições
que o guiarão no exercício de sua atividade (Aktouf, 1996: 148), mais poderemos
repensar esse fazer, reformulá-lo, elaborando propostas concretas de ação.
Como a filosofia e o conceito de ética especificamente podem contribuir na
necessária mudança do graduando, do futuro gestor e da pratica da ética nas
empresas.
Estudar ética significa desenvolver autonomia. O que é a autonomia então? A raiz da
palavra autonomia remete a nomos, à norma, à capacidade de cada um dar a si a
“norma”, à capacidade de nos auto-regularmos. Este conceito é o “ponto final” da
reflexão sobre a ética. Buscar a reflexão ética é buscar criar pessoas mais capazes de
responder às situações efetivas, de forma consciente e responsável, implicando-se
como sujeitos do processo, como seres autônomos. Chauí (1995:334) apresenta, de
forma esquemática, o que está pressuposto, mesmo que não percebamos, no processo
ético:
1.
o sujeito ético deve ser consciente de si e dos outros, reconhecendo a
existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele;
2.
ser dotado de vontade para controlar e orientar seus desejos, bem como
deliberar e decidir entre várias alternativas;
3.
ser responsável, reconhecer-se como autor da ação, assumi-la bem como
as suas conseqüências;
5
4.
ser livre, isto é, ser a causa de seus pensamentos e ações, sem se
submeter a poderes externos que o forcem a sentir ou fazer algo.
Considerando esses elementos, percebemos que o exercício ético pressupõe que as
pessoas sejam agentes, que sejam seres ativos, que decidem e determinam seu modo
de pensar e agir (mesmo que isso não possa se dar em termos absolutos). Aquele que
é passivo, que se deixa governar pela vontade dos outro, por medo ou conveniência,
não pode ser autônomo e não terá uma vida autêntica.
Sendo passivo, o homem estaria na sua minoridade, tal como a criança que precisa de
alguém que se responsabilize por ela. A ética requisita: “Ousa ser sábio” (Kant,
1986:67), ousa fazer uso da tua própria razão para agir e, assim, conquistar a
maioridade intelectual e moral. Sem essas condições, o exercício da ética sempre
apresentará rachaduras, tanto mais comprometedoras quanto menos houver
consciência e lucidez nas atitudes das pessoas envolvidas.
Sendo assim, devemos pensar que a prática da ética, da autonomia, faz do aluno (do
profissional), um ser capaz de se posicionar diante de uma realidade complexa e
multifacetada de maneira a usar o manancial de conhecimentos apreendidos para além
deles próprios, projetando-os no contexto atual e superando-os ao propor soluções.
Ética não é só mais um conteúdo (apesar de ser também um conteúdo, na medida em
que a maioria das empresas hoje fala em ética sem saber o que ela exatamente
significa), ela é um exercício no qual o aluno percebe que nem ele, nem o aprendizado,
nem o mundo do trabalho pode ser visto de forma atomizada. Através do ensino de
ética, entendida como um paradigma de construção do ensino em sociedades
complexas, percebemos a realidade como um caleidoscópio, mutante, mas não caótico.
Para podermos responder a esta realidade, devemos poder formar profissionais
capazes de lidar com:
-
a mudança como o elemento constitutivo e não com o mundo estático como o faz
ainda a maioria dos estudantes e,
-
a subjetividade, o que significa reconhecer que as pessoas estão em ação e em
permanente interação, dotadas de vida interior –fruto de sua história pessoal e
social- e que a expressam em seu comportamento quotidiano (Vergara, 2001)
Assim sendo, a ética aprimora o indivíduo e ativa o sentido de coletividade. Conforme
nos fala Chanlat (2001:75) a ética só pode ser “vivida em interação, porque é no
reconhecimento do outro que a ação ética realmente existe” “(...) ela está, de fato, na
base do que se chama a sabedoria, a vida e a civilidade (Pharo, apud Chanlat, 2001)”;
“ela está igualmente nos fundamentos da confiança (...)“ (Dejours apud Chanlat, 2001).
Dessa forma, os alunos deverão ser capazes de exercitar tais reflexões, sendo
capazes, também, de lidar também com outras características paradigmaticamente
complementares: a questão da interdependência e das conexões. Podemos ilustrar
essa realidade que de que falamos através de trechos do filme “Ponto de Mutação”:
“No mundo subatômico não há objetos sólidos. A natureza essencial da matéria não
está nos objetos, mas nas conexões (...) a vida é um monte de probabilidades e de
conexões (...) No nível subatômico, há uma troca contínua de matéria e energia,
entre minha mão e esta madeira, entre a madeira e o ar e até entre você e eu. No
6
final das contas, gostemos ou não, somos partes inseparáveis de uma teia de
relações (...)”.
e [em outro trecho],
“(...) a teoria dos sistemas reconhece esta teia de relações como a essência de
todas as coisas vivas... A dependência comum a todos nós é um fato científico,
(Capra, 1982).
Tal é o desafio ao se pensar no ensino de ética para profissionais de administração:
transformar as pessoas em sujeitos, criar uma estrutura organizacional capaz de
“suportar” seres humanos ativos, criativos e “insubordinados”; capazes, no entanto, de
se submeter ao jogo da argumentação e do bom senso, incluindo-se numa coletividade.
Nesse sentido, o que se espera de tal processo de ensino? que ele contribua para
formar profissionais capazes de transformar as empresa; alterando radicalmente seus
fins últimos, transformando-as em agentes de aprimoramento dos seres humanos e da
sociedade, sejam eles clientes, fornecedores, empregados, sociedade e natureza.
Para tanto, deveríamos considerar que o fim maior de qualquer empreendimento está
no respeito e no crescimento humano, o que não significa, como dita o senso comum, a
inviabilização da própria sustentação das empresas, significa, sim, a pratica ética nas
ações cotidianas.
DOCÊNCIA EM ÉTICA – UM CASO EM QUESTÃO
Quando apresentamos, em sala de aula, conteúdos ligados à reflexão ética, a reação é
de descrença e resistência. Todo o esforço se faz no sentido de tentar mostrar
exemplos de organizações bem sucedidas que seguem preceitos éticos.
Como afirma Zuenir Ventura (1999:7) “sem princípios normativos, instaura-se o reino
da entropia e do caos, a civilização dá lugar à barbárie. A ética não é, portanto, uma
obrigação acadêmica, mas uma das maneiras de ajudar a preservação não só das
profissões, como da espécie”.
Na atual conjuntura, a reflexão ética torna-se uma questão fundamental para a
sobrevivência (em sentido literal e figurado) das pessoas e das instituições. De novo, o
filme “Ponto de Mutação” ilustra tal questão:
(...) a questão central do que você está dizendo é a busca obsessiva do
crescimento? Isto precisa parar (...) Por onde começar? (...) dando importância à
próxima geração e à seguinte (...). Foi só quando não as incluímos em nossas
teorias científicas e na busca do crescimento, que colocamos toda vida em
perigo. (...) Não deveríamos nunca ter aceitado que querer é poder e que o que é
bom para a GM é bom para os EUA. Precisamos de uma sociedade sustentável,
em que nossas necessidades sejam satisfeitas sem diminuir as possibilidades
das próximas gerações (...) precisamos de uma nova visão de mundo (...)
Existe uma dualidade e um conflito na forma dos alunos entenderem a realidade: por
um lado a percebem, e a si próprios também, como “contemporânea” e se identificam a
7
isso, nos seus símbolos mais claros e de superfície, modo de falar, vestir, etc; e, por
outro, produzem juízos que mais se aproximam do séc. XVII e dos princípios
cartesianos. A realidade é vista de forma unidimensional, estática, fragmentada e
mecânica.
Precisamos de uma nova visão de mundo, precisamos da construção de um novo
profissional. O grande desafio, quando introduzimos o tema de ética entre os alunos, é
quebrar com o “senso comum” de que negócios, ética, empresas e valores são
incompatíveis.
Milhares de exemplos de falta de ética acontecendo a todo momento, e uma formação
cultural brasileira que deduz de um sistema econômico um modo de relações
interpessoais e profissionais exclusivamente ligado o individualismo, torna as
discussões sobre ética um esforço quase que insano.
A famosa frase extraída do pensamento liberal “a minha liberdade termina quando
começa a do outro”, faz com que os estudantes pensem que valores equivalem a
propriedades – que são recursos esgotáveis, que “se o próximo tiver muito, não sobrará
nada para mim”. Os estudantes não percebem que, pelo contrário, valores e princípios
éticos geram sempre efeitos multiplicadores. Nem percebem que, ao contrário,
deveriam pensar como um anarquista do séc. XIX Bakunin (1986:35), que diz que “ a
liberdade do outro amplia a minha ao infinito”.
Antes de pensar na ética como filantropia ou como estratégia para somar valor à marca,
a retomada da discussão e da ética ao universo empresarial e social deve lembrar-nos
da nossa condição como a de “uma teia intrincada de relações”: o que acontece a um,
repercute sobre todos. A liberdade, a confiança, a ética não são coisas, onde cada um
recebe uma dose definida e que, ao precisar “doar”, dividir, perde.
O sentido estratégico da ética é que, ao investir no outro, ao dar a todos “autonomia”,
estamos gerando pessoas e sistemas sustentáveis. Para tanto, procuramos mostrar
aos aluno que ética não pode mais ser entendida como uma variável a ser
“administrada”, mas reconhecida e vivida como uma dimensão indissociável ao ser
humano que trabalha e aos negócios que gera se pretendemos gestão ética sustentável
ENSINO DE ÉTICA NA GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
A experiência que apresentamos aqui se refere à parte da disciplina de Filosofia que
discute o tema Ética no curso de Administração. A disciplina de Filosofia é lecionada no
2º. e 3º semestres na grade curricular de uma Escola Superior de Administração e
Marketing (o módulo de ética é a primeira parte do programa de Filosofia II). Segundo
declaração dos alunos, a discussão ética perpassa várias outras disciplinas, sendo um
tema presente no curso como um todo. No 8º. semestre, os alunos cursam a disciplina
de Ética. No presente artigo, nos concentraremos no primeiro momento, no módulo de
Ética da disciplina de Filosofia II, dado que tal experiência foi acompanhada por mais
tempo.
3.1 – Programa da disciplina
A discussão sobre ética ocorre através de três tópicos.
8
1.
Introdução à ética - o que é ética, diferença de ética e moral, constituintes
do campo ético;
2.
Tendências éticas – ética do princípio, finalidade e conseqüência.
3.
Ética e processos decisórios – Habermas e a divisão de razão
instrumental e comunicativa.
A introdução ao tema trata de definir o que é ética, associada à discussão de
desdobramentos da questão. Estes desdobramentos são chamados de “constituintes
do campo ético” (liberdade, vontade, responsabilidade e consciência, conforme
apontado anteriormente) (parte 1).
3.2. Objetivos e metodologia do módulo e da disciplina:
O módulo de Ética tem por objetivo, em primeiro lugar, buscar construir junto com os
alunos um conceito, uma definição, do que é ética. Em segundo lugar, através do que
chamamos “tendências éticas”, os alunos são levados a perceber que não existe uma
ética, mas uma reflexão ética, feita por diversos pensadores, que propuseram alguns
critérios através dos quais tentamos nos espelhar para agir pessoal ou
profissionalmente. Em terceiro lugar, fazemos os alunos relacionarem os diversos
conceitos e tendências com situações e casos do cotidiano empresarial (utilizando as
noções de razão instrumental e comunicativa/substantiva) (nota 13).
Tal exercício se faz primeiramente com a desconstrução do que, no “senso comum”,
normalmente se considera ética: “conjunto de regras impostas pela sociedade” ou
“códigos de ética de profissões e/ou empresas”. Em ambos os casos, prevalece a idéia
de ética como “imposição” de “regras vindas de fora”, com a finalidade de “reprimir” as
vontades e aspirações das pessoas; a ética não é vista nunca como uma aliada ligada
à realização pessoal e ao crescimento das instituições.
Configura-se, assim, um problema que através de uma metodologia socrática
procuramos desconstruir, partindo do que os alunos acham que sabem sobre ética
para, então, em grupo e a partir dos textos recomendados, construir um conceito e uma
compreensão sólidos.
A metodologia socrática parte da idéia do diálogo e se dá em três etapas - através dela
podemos trabalhar melhor o tema ética com os estudantes:
-
A primeira etapa consiste na “exortação”, onde convida-se o interlocutor a dizer o
que entende sobre determinado assunto;
-
A segunda etapa consiste na “Ironia” (indagação), onde o interlocutor vê suas
afirmações serem questionadas, reconhecendo-se assim a ignorância sobre o que
pensava saber, a fragilidade das “opiniões” não baseadas em estudo e pesquisa;
-
Por fim, temos a “maiêutica” (“parto”), isto é, construção de um conhecimento sólido
sobre o tema, livre de preconceitos e “achismos”.
3.3 Desafios ao ensino de ética
A discussão sobre a ética assim orientada traz a consciência aos alunos e futuros
empreendedores de que:
9
-
A ética envolve a sobrevivência e a saúde dos homens e que sua incorporação
não pode se restringir a medidas protocolares e burocráticas;
-
Se apenas implantamos códigos de ética sem mudança de atitude, sem
ampliação dos espaços de discussão e transparência interna, a postura ética
não se consolida.
É essa sutileza que buscamos mostrar e discutir com nossos alunos e que ajuda a
projetar “vida longa” à ética (independentemente dos modismos).
A reflexão sobre a ética não pode ser dissociada da compreensão da natureza humana,
do contexto histórico e das ideologias instauradas na sociedade (2001:294). Sendo
seres sociais, os indivíduos são obrigados a estabelecer relações que possibilitem sua
permanência na sociedade como membros legitimamente aceitos. Assim, as questões
éticas perambulam entre o coletivo e o individual.
Quando essas organizações valorizam a ética, deveriam estar valorizando o “homem”
em cada indivíduo, fundamentalmente. Implementar a ética nas empresas significa,
primeiramente, mudar intimamente as pessoas. Para isso, é importante trazermos
aquilo que é pressuposto, individualmente e coletivamente para que a ética se efetive,
para que se possa perceber o quanto estamos próximos ou não da sua realização
dentro da empresa.
Inserir a ética no cotidiano das empresas significa alterar radicalmente os fins últimos
de toda empresa e transformá-la num agente de aprimoramento dos seres humanos e
da sociedade. É por isso que a formação dos alunos de graduação, em especial dos
futuros administradores, deve incluir a discussão sobre questões éticas. O maior
desafio do ensino de ética na administração é transformar os próprios profissionais para
que eles sejam agentes de transformação dentro da empresa, conjugando, finalmente,
trabalho e elemento humano.
Faria (2000), tomando por base a ética, a moral e a democracia, indica que há um
discurso sobre uma certa ética e uma ação contraditória. Baseado em pesquisa
empírica e conceitual(Faria) identifica cinco paradoxos da práxis organizacional:
paradoxo do autoritarismo e preconceito; paradoxo da injustiça e auto-preservação;
paradoxo da subordinação ética e competitividade; paradoxo do conformismo; paradoxo
da desvalorização humana e auto-depreciação. Ao analisar paradoxos éticos na
organizações, considera que se a nova ética vigente é a ética dimensionada pelo lucro
possível, as questões humanas estariam sendo transferidas para o segundo plano da
discussão e que “a moral (regra geral) e a ética (conjunto de valores individuais)
parecem também sofrer alterações em função de uma nova redefinição econômica,
social e ideológica (2001).
Esses impasses entre o que deveria acontecer nas empresas a partir da inclusão de
elementos éticos e o que de fato acontece, exemplificam e reafirmam a necessidade de
transformarmos a graduação em um momento privilegiado de discussão sobre essas
demandas. O maior desafio que identificamos na nossa prática acadêmica situa-se
exatamente neste ponto. O ensino de ética deve estar presente no conteúdo de uma
disciplina, ou ser efetivamente uma disciplina, mas a reflexão ética deve estar presente
em todo o curso, como um paradigma através do qual buscamos soluções para os
impasses humanos e empresariais, entendendo-os em colaboração e não mais em
10
oposição. Tal dinâmica transforma a tarefa do ensino, fazendo com que a educação
viabilize-se como paideia, recuperando o sentido forte de educação como formação.
Algumas condições pedagógicas necessárias ao entendimento e prática do
conceito de ética para sua aplicação pelos futuros gestores nas empresas.
Em recente pesquisa sobre ética e genética, Faria (2001) pergunta sobre a
possibilidade de fortalecer as instituições formadoras de profissionais com currículos
que discutam a ética como tema prioritário para a boa convivência social e em que
medida pode-se apostar na efetividade desta formação.
Consideramos que as instituições que reconheçam a necessidade de educar
profissionais para conquistar autonomia intelectual e que invistam condizentemente em
alternativas pedagógicas, para estimular a integração teoria-prática, serão mais efetivas
certamente, pois estarão desenvolvendo sujeitos éticos no discurso e na prática.
Também acreditamos ser possível criar condições para uma proposta educativa sobre a
ética para a melhoria da qualidade da convivência humana e do exercício profissional.
Refletindo sobre nossa experiência docente de ensino neste artigo, percebemos:
a) a importância do estudo e aplicação da ética aos processos decisórios e às ações
dos gestores como forma de propiciar as condições pedagógicas para mudanças
transformadoras na formação dos profissionais e da gestão de empresas. Isto significa
tornar o aluno agente de sua transformação profissional e como gestor, com poder
decisório que o torna responsável por suas decisões;
b) o compartilhamento de alguns dos objetivos de ensino em filosofia e ética na
graduação visando atingir as condições pedagógicas necessárias ao entendimento e a
prática da ética pelos futuros gestores
Sendo assim, podemos concluir apontando para as condições pedagógicas que
consideramos relevantes para estarem presentes nas mentes e corações dos futuros
gestores:
 Integrar a experiência concreta como base da formação concomitantemente ao
ensino dos conceitos;
 Incluir no ensino de graduação a filosofia como saber mais amplo e rigoroso que as
técnicas e ferramentas de especialistas, viabilizando a saída de um paradigma
mecanicista para um que estimule o pensamento complexo e a postura autônoma
 Integrar a preocupação com a ética nos atos de gestão; a preocupação com as
conseqüências diretas e indiretas das atividades da empresa sobre as pessoas,
sobre a sociedade e sobre a natureza;
 Incluir ferramentas de reflexão e compreensão mais propícias ao desenvolvimento
de habilidades analíticas e sintéticas dos futuros gestores assim como à percepção
da subjetividade humana, tais como a metodologia socrática, a lógica dialética e
abordagem sistêmica;
 Ensinar as razões de uma gestão baseada na confiança e compartilhamento.
11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
1. DAVEL, Eduardo & VERGARA, Sylvia. Gestão com Pessoas, subjetividade e
objetividade nas organizações. In DAVEL, E. & VERGARA, S. (Org) Gestão com
pessoas e subjetividade. São Paulo: Atlas, pp. 31-56, 2001.
2. FAYOL, Henri. Administração industrial e geral. São Paulo: Atlas, 1976.
3. AKTOUF, Omar. A Administração entre a Tradição e a Renovação. São Paulo:
Atlas, 1996.
4. NICOLINI, Alexandre. Qual será o futuro das fábricas de administradores? In Revista
de Administração de Empresas v 43, n 2, pp 44 – 54, SP: Fundação Getúlio
Vargas, 2003.
5. AMADO, G; FAUCHEAUX, Claude & LAURENT, André. Mudança organizacional e
realidades culturais: Contrastes Franco-Americanos in CHANLAT, Jean-François
(Coord) O indivíduo na organização. Dimensões esquecidas. São Paulo:
Atlas, v 1, pp123 – 162, 1994.
6. CHANLAT, Jean-François. Por uma antropologia da condição humana nas
organizações. In CHANLAT, Jean-François (Coord) O individuo na
organização. Dimensões esquecidas. São Paulo: Atlas, pp 21 – 45, 1996.
7. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 6ª ed. São Paulo: Ática, 1995.
8. CHANLAT, J. F. Ciências Sociais e Management. São Paulo, Atlas, 2001.
9. KANT, I. O Que é o Iluminismo? RJ: Tempo Brasileiro, 1986, p. 67.
10. CAPRA, Fritjof. Filme “Ponto de Mutação”, 1982.
11. VENTURA, Zuenir. Revista do Provão, Brasília, N.4, 1999
12. CAPRA, Fritjof. Idem,ibidem.
13.BAKUNIN, Sobre a Liberdade. Lisboa: Edições 70, 1986.
14. Já há alguns semestres usamos para tal momento, como um “caso”, o filme “O
Informante”. Os alunos devem identificar os constituintes éticos presentes no filme,
reconhecer o uso de procedimentos antiéticos ou éticos nos vários personagens do
filme e dizer qual tendência ética teria seguido o Informante. No exercício não há
“resposta certa”, o aluno é avaliado em função de uma argumentação consistente e
coerente.
15. FARIA, José Henrique de & MENEGHETTI, Francis Kanashiro. Ética e Genética:
Uma Reflexão Sobre a Práxis Organizacional. In Anais da XXV Enanpad
Campinas/SP
16-19
setembro,
2001.
Área
Temática
13
Organizações/Comportamento Organizacional, COR 349, p.294, RJ: Anpad, CD–
Rom, 2001.
16. FARIA, José Henrique de. Ética, moral e democracia: paradoxos da práxis
organizacional. Curitiba: ENEO, CD – ROM, 2000.
12
ANEXO 1 - PROGRAMA DA DISCIPLINA DE ÉTICA (8o PERÍODO CURSO DE ADMINISTRAÇÂO) *
Conteúdo Programático
Conteúdo
1.
2.
3.
4.
Objetivo Específico
Introduzir a questão da ética dentro das
discussões contemporâneas como uma questão
à questão da ética no mundo do trabalho hoje.
estratégica.
Apresentação do programa. Introdução
A existência ética. Definição de ética e
Situar questões gerais que envolvem a reflexão
moral. Constituintes do campo ético
sobre ética.
Trechos do filme “Ponto de mutação”
Artigo “Estamos cansados de impunidade” – leitura e discussão texto
As três tendências éticas
Princípio, finalidade e conseqüência.
Situar a discussão da ética no mundo dos
negócios
Mostrar que há várias possibilidades de se
pensar a ação ética, com diferentes implicações.
5.
as
tendências
definidas
Artigos “O ABC da ética”, “Ética de cima Relacionar
conceitualmente
com
exemplos
ocorridos
nas
para baixo” – leitura e discussão empresas.
Simular
situações
do
cotidiano
do
exercícios.
trabalho em que há implicitamente decisões
éticas sendo tomadas
6.
Filme: Informante
7.
A ética na lógica do trabalho no mundo
contemporâneo “A corrosão do caráter”
Localizar as diferentes implicações das
abordagens éticas a partir de uma situação real.
Situar as principais características do mundo do
trabalho hoje (segundo Sennett), relacionandoas aos impasses éticos.
8.
Ética, responsabilidade social, sustentabilidade e meio ambiente – Perceber a rede de conceitos e práticas
questões correlatas. Vídeo: Roda viva - implicadas na discussão sobre ética
entrevista com Oded Gradjew
9.
Palestra com algum representante de Oferecer aos alunos o relato de experiência de
empresa que desenvolva projetos empresas que investem em procedimentos
ligados à questão ética/ambiental.
éticos
10.
A experiência do Instituto ETHOS –
balanço social e indicadores sociais
Conhecer o instituto, o trabalho realizado junto
às empresas.
11.
Códigos de ética – Reflexão sobre seu
Entender a relação entre reflexão ética e códigos
papel, sobre códigos existentes e
de profissões ou empresas
construção de um.
12.
Elementos de ética do discurso –
Habermas e a divisão de razão Introduzir a discussão da ética nas empresas no
instrumental e comunicativa. A leitura de universo das categorias habermasianas
Guerreiro Ramos
13.
Discussão de artigos e exercícios
Simular situações de trabalho que envolvam
decisões e ética.
13
ANEXO 2 - MÓDULO DE ÉTICA NA DISCIPLINA DE FILOSOFIA (1 o. PERÍODO CURSO DE
ADMINISTRAÇÃO)
Conteúdo Programático
Conteúdo
1.
2.
3.
4.
Objetivo Específico
A existência ética
Situar questões gerais que envolvem a reflexão sobre
Definição de ética e moral. ética
Constituintes do campo ético
As três tendências éticas
Mostrar que há várias possibilidades de se pensar a ação
Princípio,
finalidade
e
ética, com diferentes implicações.
conseqüência.
A partir de uma situação real, localizar as diferentes
implicações das abordagens éticas.
Filme: Informante
Elementos de ética do
discurso –Habermas e a
Introduzir a discussão da ética nas empresas no universo
divisão de razão instrumental
das categorias habermaisanas
e comunicativa. A leitura de
Guerreiros Ramos
5.
Discussão
exercícios
de
artigos
e Simular situações de trabalho que envolvam decisões e
ética.
6.
Apresentação de situações Exercícios de pensar qual das três éticas foi seguida em
concretas
cada caso
*os
programas apresentados possuem uma estrutura teórica e metodológica próxima
por que a turma que teve a disciplina de Ética não havia tido o módulo “ética” na
disciplina de Filosofia.
14
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ÉTICA COMO AUTONOMIA: O DESAFIO DA PAIDÉIA