Texto de apoio ao curso de Especialização Atividade Física Adaptada e Saúde Prof. Dr. Luzimar Teixeira O que é pressão arterial? Quando os médicos falam em pressão arterial, o que eles têm em mente é a pressão nos grandes vasos sanguíneos que impulsionam o sangue pelo seu corpo. Na verdade, quanto menor for sua pressão arterial, mais saudável você será a longo prazo (exceto em algumas condições muito raras em que a pressão excessivamente baixa faz parte de uma doença). O sistema circulatório O sangue retira o oxigênio dos pulmões recebido do ar que respiramos. Este sangue oxigenado entra no coração e é depois bombeado para todas as partes do corpo por meio de vasos sanguíneos chamados artérias. Os grandes vasos sanguíneos se subdividem em vasos cada vezes menores chegando a arteríolas microscópicas que vão formar pequenas redes de vasos sanguíneos conhecidos como capilares. Esta rede de grande artérias, de arteríolas de tamanho médio e de pequenos capilares possibilitam que o sangue alcance todas as células do corpo, depositando seu oxigênio que é usado pelas células para produzir a energia vital de que necessitamos para sobreviver. Após depositar seu oxigênio nas células, o sangue desoxigenado volta ao coração pelas veias para ser bombeado de volta aos pulmões para receber, novamente, mais oxigênio. A seqüência do batimento cardíaco A seqüência do batimento cardíaco tem três fases - diástole, sístole atrial e sístole ventricular. A relação temporal dessas fases tem de ser mantida precisamente, não importando se o coração esteja batendo rápida ou lentamente. Diástole 1 - O átrio direito relaxa e o sangue desoxigenado é admitido. 2 - O ventrículo direito relaxa. 3 - O ventrículo esquerdo relaxa. 4 - O átrio esquerdo relaxa e o sangue oxigenado é admitido. Sístole Atrial 1 - O átrio direito contrai e bombeia sangue para dentro do ventrículo. 2 - A válvula tricúspide abre. 3 - O ventrículo direito dilata. 4 - O ventrículo esquerdo dilata. 5 - A válvula mitral abre. 6 - O átrio esquerdo contrai e bombeia sangue para dentro do ventrículo. Sístole Ventricular 1 - O sangue oxigenado é bombeado para o interior da aorta. 2 - A válvula pulmonar abre. 3 - A válvula tricúspide fecha. 4 - O ventrículo direito contrai e bombeia sangue para os pulmões. 5 - O ventrículo esquerdo contrai e bombeia sangue para todo o corpo. 6 - A válvula mitral fecha. 7 - A válvula aórtica abre. 8 - O sangue desoxigenado é bombeado ara o interior da artéria pulmonar. Durante cada batimento cardíaco, o músculo do coração se contrai para impulsionar o sangue pelo corpo. A pressão produzida pelo coração é mais alta quando ele se contrai para impulsionar o sangue pelo corpo. A pressão produzida pelo coração é mais alta quando ele de contrai, o que é conhecido como pressão sistólica (maior valor). Quando o coração relaxa antes de sua próxima contração, a pressão está no seu nível mais baixo, é conhecida como pressão diastólica (valor mais baixo). Ambas as pressões, sistólicas e diastólica, são medidas quando você tira a pressão arterial. Não é fácil definir a linha divisória entre uma pressão arterial normal ou anormal. Talvez a melhor definição seja o nível de pressão arterial acima do qual um tratamento seja necessário. Medindo a pressão arterial A maior parte das pessoas já tirou a sua pressão, pelo menos uma vez, seja por um médico ou uma enfermeira no consultório, num hospital ou no caso de grávidas, numa clínica pré-natal. Talvez você tenha optado por verificar sua pressão numa farmácia ou numa loja de produtos naturais ou tentando tira-la você mesmo usando um dos aparelhos que podem ser comprados em farmácias. Embora o método ideal seja medir a pressão arterial diretamente das artérias, em grande escala isto não é viável, pois envolve o uso de agulhas. Entretanto, um valor preciso da pressão em que o sangue está sendo bombeado pode ser obtido usando-se um método bem menos invasivo. A pessoa que está tirando a pressão coloca em volta do braço um tipo de almofada forrada de borracha, parte de um aparelho para medir pressão chamado de esfigmomanômetro. A almofada é então inflada por meio de uma bomba pequena para interromper momentaneamente o fluxo do sangue para o antebraço. Quando a almofada é inflada por uma pressão que está entre as pressões sistólicas e diastólicas, o sangue na artéria flui apenas por parte de cada batimento cardíaco; este fluxo intermitente causa o ruído. Quando o som começa a aparecer, a pressão na almofada corresponde à pressão arterial sistólica. O desaparecimento do som corresponde à pressão arterial diastólica que é a pressão referente ao tempo em que o coração relaxa. Os sons que o médico ou a enfermeira ouve através do estetoscópio são causados pela turbulência do sangue na artéria situada na frente de sua articulação do cotovelo (pulso braquial) e são conhecidos como Sons de Korotkoff em homenagem ao cirurgião do exército russo, Nicholai Korotkoff, a primeira pessoa a idealizar um sistema para escuta-los, o que ocorreu em 1905. Um aferidor de mercúrio ligado à almofada permite que as duas pressões sejam determinadas e registradas. A pressão aplicada dentro da almofada do braço é medida em milímetros de mercúrio (mmHg), sendo esta a altura a qual o mercúrio teria de ser bombeado num tubo de vidro. É claro que, por ser este um método indireto de medir a pressão arterial, ele não é totalmente exato, podendo, às vezes, ser altamente impreciso principalmente nas pessoas que possuem braços bem grossos. Se a circunferência de seu braço é maior de que 35 centímetros, a almofada, quando inflada, não consegue impedir suficientemente a circulação, fazendo com que a leitura superestime sua pressão arterial real. Entretanto, com o passar dos anos ficou claro que este método indireto de medir a pressão arterial é um meio preciso de prever as possibilidades futuras de uma pessoa ficar sujeita a sofrer um ataque cardíaco ou um derrame. Mais recentemente, sistemas eletrônicos portáteis que não utilizam mercúrio estão sendo, cada vez mais, usados para medir-se a pressão arterial. Entretanto, muitos desses novos aparelhos para a medição da pressão arterial são pouco precisos e somente alguns são recomendados. Embora estes aparelhos não usem uma coluna de mercúrio para medir a pressão, eles ainda utilizam a medida da pressão arterial em milímetros de mercúrio. Assim sendo, as leituras obtidas se comparam àquelas dos sistemas de mercúrio "padrão ouro". O tipo de equipamento que você usa ao tirar sua pressão arterial não faz muita diferença porque o procedimento envolvido é sempre o mesmo. Geralmente, pede-se que você se sente e a almofada é colocada em seu braço de modo a ficar, aproximadamente, no mesmo nível que seu coração. É muito importante que você fique relaxado e que o seu braço tenha apoio colocando-se seu cotovelo sobre uma mesa; o esforço que seria feito para mantê-lo poderia produzir uma leitura falsamente alta. A pressão de qualquer pessoa é altamente variável e a sua pode subir se você se sentir ansioso ou estressado, assim tente relaxar o máximo possível enquanto a medição está sendo feita. Seu médico ou enfermeira provavelmente considerarão a primeira leitura como somente um indicativo e tirarão uma segunda medida para ter a leitura definitiva. Se sua pressão arterial ficar num nível mais baixo entre a primeira e a segunda leituras, você vai precisar de uma terceira ou até mesmo de uma quarta leitura, numa próxima visita ao consultório, alguns dias mais tarde, para que a medida final tenha um valor representativo. Isto é particularmente importante se a primeira e a segunda leituras forem somente um pouco acima do normal. Há evidências que sugerem que, para a maioria das pessoas, a pressão arterial "caia" na quarta visita, com pequenas quedas após esta, mas há exceções a esta regra. Com poucas exceções, a pressão arterial é sempre a mesma em ambos os braços, assim, é melhor usar o braço de sua conveniência. É uma boa idéia, ao menos uma vez, tirar a pressão em ambos os braços para se assegurar de que não há diferenças sistemáticas. Se seu braço é mais grosso do que a média (acima de 33 centímetros), a pessoa que está efetuando a medição precisa usar uma almofada mais larga para que não se tenha uma leitura alta errônea. Cerca de 15% das pessoas com pressão alta têm uma circunferência maior do que 33 centímetros; assim sendo é de importância crucial que se utilize o tamanho correto de almofada. Embora não se costume pedir para que as pessoas fiquem em pé para tirar a pressão arterial (por ser mais difícil conseguir-se um apoio para seu braço), em algumas ocasiões essa medição é feita, por exemplo, no caso de diabéticos ou em idosos ou mesmo em algumas pessoas que têm tonturas ou outros sintomas quando estão de pé. No caso de diabéticos, a pressão pode cair brevemente quando estão em pé. Geralmente, não há mudanças significativas na pressão arterial na posição vertical, mas, em algumas condições, inclusive no diabetes, isto pode ocorrer, e o fato é conhecido como hipotensão postural que pode ou não estar associada a tonturas. Pressão sangüínea sistólica Como vimos, a medição de pressão arterial envolve o registro dos níveis mais altos (sistólicos) e mais baixos (diastólicos) em seu sistema; sendo assim, o registro é composto de dois conjuntos de números. Convencionalmente, a pressão arterial é expressa com a pressão sistólica sobre a pressão diastólica, por exemplo, 140/94mmHg (milímetros de mercúrio). A importância relativa das pressões arteriais sistólicas ou diastólicas já foi objeto de numerosas pesquisas. Na verdade, ao contrário do que se pensa, na maioria das pessoas, uma vez acima dos 40 anos, a pressão sistólica é mais importante do que a diastólica no caso de previsão quanto a aparecimento de uma doença cardíaca. O problema é que a pressão arterial sistólica de todo mundo, e em especial a dos idosos, varia consideravelmente. A importância da pressão arterial sistólica foi recentemente enfatizada com a publicação de dois estudos altamente confiáveis que demostraram ser aconselhável a redução da pressão sistólica nas pessoas com pressão arterial diastólica normal. Esta condição é conhecida nos meios médicos como hipertensão sistólica isolada (HSI), que afeta, na maioria das vezes, as pessoas acima de 65 anos. Quando não tratada, há um alto risco de desenvolver doença cardíaca ou derrame. Geralmente, quanto mais baixa for a pressão arterial, melhor. Ao se tratar a pressão alta, o objetivo é a redução de todos os fatores de risco de doenças cardíacas, tais como o fumo, altos níveis de colesterol, etc., e tentar manter a pressão arterial abaixo de 140/90 mmHg. Hipertensão do "Avental-Branco" Hipertensão do "avental branco" ou de "consultório" é o termo utilizado para aquelas pessoas cuja pressão arterial aumenta somente durante uma consulta médica. Nos últimos anos, vem sendo possível o registro, 24 horas, da pressão arterial em casa (com a utilização de equipamentos eletrônicos automáticos) o que mostrou que a pressão arterial de muitas pessoas volta ao nível normal uma hora ou mais depois que ela sai do hospital ou do consultório. Quando isto acontece, diz-se que a pessoa tem hipertensão do "avental branco". A técnica utilizada para detectar este tipo de hipertensão é chamada de monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA). O significado exato da hipertensão do "avental branco" continua indeterminado, mas dados recentes sugerem que as pessoas com este tipo de condição não podem ser consideradas plenamente saudáveis. Há evidências que elas estão mais propensas a ter o coração aumentado do que as pessoas com pressão arterial normal. Além disso, elas podem desenvolver uma hipertensão permanebte ou fixa dentro dos próximos cinco anos, quando então vão precisar de tratamento para baixar a pressão arterial. Isto significa que, embora os hipertensos do "avental branco" não necessitem de um tratamento imediato, eles devem fazer exames regulares da pressão a cada 6 ou 12 meses. É também verdadeiro que muitas pessoas que têm uma hipertensão genuína que requer tratamento, também sofrem muito do "efeito do avental branco". Assim, quando elas estão fora de um hospital ou de um consultório, suas pressões são muito mais baixas e o médico deve levar este fato em consideração ao decidir a quantidade de medicamento que elas necessitam para controlar suas pressões arteriais. Medições em casa Caso seja necessário que você tire sua pressão fora de um hospital ou de uma clínica, há vários meios de faze-lo: Você pode ter à sua disposição um equipamento convencional de mercúrio para a medida da pressão arterial e um estetoscópio e pode aprender a usa-los. Um parente pode aprender a medir sua pressão arterial o que pode fornecer informações muito úteis. Você pode ser aconselhado a comprar um destes novos equipamentos eletrônicos e automáticos, modernos e relativamente baratos, para medir a pressão arterial, embora muitos deles não sejam, até o presente, muito precisos. As melhores compras referem-se àqueles que são fáceis de usar, de fácil leitura, baratos e portáteis. A única coisa que você vai precisar fazer é passar a almofada em volta do seu braço e apertar um botão. Você pode fazer quantas leituras forem necessárias e isto pode fornecer informações úteis para seu médico, desde que o equipamento seja preciso. Se você comprar um destes equipamentos simples de mesa, será provavelmente aconselhado a leva-lo a um hospital, clínica ou centro de saúde para que o médico ou a enfermeira possam rapidamente verificar a precisão do aparelho, comparando-o com o medidor de pressão de mercúrio "padrão ouro". Em alguns casos, seu médico pode montar um sistema de medida domiciliar com um monitor ambulatorial de pressão arterial de 24 horas (Mapa). Vários sistemas confiáveis e precisos estão agora disponíveis, sendo que os mesmos podem medir a pressão arterial a cada meia hora ou a qualquer outro intervalo, por 24 horas. Talvez, surpreendentemente, o uso destes aparelhos à noite não cause nenhum tipo de distúrbio do sono. O valor obtido com o monitor ambulatorial de pressão arterial de 24 horas ainda desperta controvérsias, mas é um método preciso de se obter informações que ajudarão o seu médico a decidir se você tem algum grau de hipertensão do "avental branco". Fonte: Guia da Saúde Familiar - revista ISTOÉ - Volume 13 - 02/2002