O autoconhecimento: caminho libertador para a vida. Há em todo ser humano grande curiosidade em saber o que o outro fala dele. Muitas pessoas desejam ouvir os comentários a respeito delas e perguntam-se: “O que outros dizem corresponde à verdade do indivíduo?”. Até o presente tem-se dado ênfase especial ao que a psicologia afirma a respeito do mistério da individualidade de cada um. Observa-se que suas respostas não chegam a satisfazer o desejo íntimo de saber o que cada pessoa é. Sabe-se que o conhecimento de si é uma porta de entrada que conduz o indivíduo na construção de uma sociedade ética, capaz de acolher a pessoa na sua totalidade, ou seja, com seus dons e com suas dificuldades pessoais. No entanto, quando estamos muito preocupados em buscar respostas para a dúvida existencial: “Quem somos?”, estamos diante do risco de criar em nós uma atitude negativa que provoca a rejeição de nós mesmos e, consequentemente, a negação da relação com o outro na sociedade. A rejeição pode nascer ainda de uma visão que deforma a imagem da pessoa, e a grande vítima das visões erradas é a vida afetiva e social. Geralmente os sentimentos que surgem dessas percepções negativas são deprimentes: tristeza, isolamento, frustração, vazio e a falta de sentido na vida. Tudo é fruto de uma visão falsa de nós mesmos. Cada indivíduo deve esforçar-se em percorrer um caminho de autoconhecimento verdadeiro, que produza em si e na sociedade frutos contrários aos do conhecimento negativo e pessimista. O conhecimento verdadeiro produzirá um comportamento sadio oposto ao doentio, seguro contraposto ao inseguro, motivado contra o desmotivado e um comportamento adulto em oposição ao infantil. A verdadeira identidade gera coragem, segurança no que se faz e empreende firmeza e coerência no agir. O conhecimento de si resgata a dignidade pessoal e comunitária no âmbito social, edifica e constrói relações fraternas, que libertam para o amor e apontam meios de agir diante das diferentes realidades humanas. Em suma, o autoconhecimento visto pelos outros nem sempre é o verdadeiro, o olhar necessita ser purificado. A busca pelo saber quem somos pressupõe um esforço pessoal, e, por isso, cada pessoa precisa buscar meios que a ajude a descobrir a verdade que liberta, gerando vida que se revela no cuidado pela vida do outro na sociedade. Um sonho em prol do Bem-Comum. A LDB (Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional) aprovada em 1996 fundamenta a qualidade da Educação. Essa lei visa tornar a escola um espaço de participação social, valorizando a democracia, o respeito, a pluralidade cultural e a formação do cidadão. No entanto, o direito constitucional da Educação aos indivíduos, continua sendo um caminho árduo diante da realidade do ensino no Brasil. Segundo o Artigo 22 da LDB, “a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. De fato, o Governo criou vários programas voltados para a melhoria da educação, como o ProUni, a adoção da prova do ENEM, o Programa Bolsa Família, o qual garante incentivo econômico para as famílias de baixa renda manterem seus filhos matriculados e frequentando as escolas. Por outro lado, quando se consegue a garantia do direito à educação, em muitos ambientes escolares, o que está presente é a má preparação dos professores. Dessa maneira, a qualidade da Educação está fortemente aliada à qualidade da formação dos professores. Também a arte de educar é pouco valorizada, os professores recebem menos que o piso salarial, o que os leva ao desânimo e muitas vezes ao abandono da missão educativa. Percebe-se que o acesso à Educação é limitado. Essa é a realidade das cidades menos desenvolvidas, especialmente para a população ribeirinha e para tantas famílias que vivem em situações desumanas. Devido a questões financeiras, várias crianças, adolescentes e jovens são obrigados a deixarem seus estudos para a complementação da renda familiar; outros acompanham seus pais desde a tenra idade, no pesado labor, por não terem alternativas que lhe garantam sobrevivência. Outra constatação da realidade brasileira é o abandono de crianças e de adolescentes que estão nas ruas, no mundo da criminalidade, são indivíduos que não possuem oportunidades ou incentivo, para ocuparem o seu tempo com a leitura e a aprendizagem. Sabe-se que em muitas circunstâncias não há uma integração verdadeira entre escola, família e sociedade; os educandos memorizam conteúdos, mas não interpretam a realidade; o ato de estudar é reduzido ao egocentrismo, ao imediatismo. Infelizmente, esse conhecimento, simplesmente memorizado, acrescenta pouco à vida, pois não há compreensão do mundo nem participação como cidadãos agentes, atuantes e transformadores da cruel realidade. Em geral, a educação com qualidade deve ser valorizada tanto por parte dos órgãos governamentais, como pelas famílias, e mesmo pelas próprias instituições educacionais. Diante do que foi exposto, é responsabilidade de cada cidadão aplicar a LDB com a finalidade de qualificar a educação, garantindo a formação integral de cada pessoa inserida na sociedade. É preciso lutar pelos direitos básicos de saúde, trabalho, moradia e educação, em uma possível sociedade em que todos tenham vez e voz. A fragmentação dos valores humanos na sociedade. As consequências da banalização da violência são vistas pela população com insignificância. No entanto, além de influenciar o caráter pessoal do indivíduo, inserido ou não na sociedade, a violência tem um poder destruidor: ela ameaça e elimina vidas. Por isso os valores humanos, resgatados e assumidos na prática do bem comum, devem garantir a dignidade da pessoa e a diminuição dos índices de violência. Percebe-se, por meio dos meios de comunicação, que a violência na sociedade é um fator que aumenta constantemente. A audiência de muitos programas televisivos são os casos de morte, roubos, sequestros, imprudência no trânsito, violência verbal, agressões nos ambientes familiares e nas escolas, guerras entre países que querem deter o poder das outras nações, e tantas outras situações que são presenciadas ou ouvidas. Diante dessa realidade, pode-se ter uma visão crítica dos fatos ou simplesmente deixar que essas constatações se tornem banais, de modo que não sensibilizem a humanidade. As vítimas da violência também são afetadas pelo descaso de pessoas ou de sistemas político-sociais que ignoram a realidade e deixam de assumir a prática dos valores humanos, essenciais para a vida. Resgatar os valores humanos, tais como amor, respeito, união, compaixão, solidariedade, compreensão, dignidade, bondade, partilha e outros, é dar a toda pessoa o direito de viver em paz, de respeitar e ser respeitado, de dar e receber auxílio nas necessidades. É preciso conscientizar-se que os valores humanos são fundamentais na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária, descartando a violência como meio para se chegar a algum objetivo de vida. A violência acarreta mais violência, e a prática dos valores humanos protege a vida. Por conseguinte, vivenciar os valores é necessário e urgente, pois uma sociedade sem violência dia a dia por meio de pequenas ações e palavras. O poder da máquina na sociedade. O caos se instalou na sociedade e principalmente na relação homem-máquina. Com o avanço tecnológico, o indivíduo se tornou dependente das máquinas, pois o sujeito não as domina, mas é dominado por elas. A verdade é que o ser humano está perdendo seu espaço para a máquina, e o contato humano foi reduzido ou eliminado da sociedade. Percebe-se que um significativo número de pessoas tem acesso a câmeras digitais, a celulares, a computadores e às famosas redes sócias. Tais avanços tecnológicos são indispensáveis para suprir as necessidades individuais de muitas pessoas. As redes sociais, por exemplo, são máquinas poderosas que distanciam as pessoas do verdadeiro compromisso de respeito e amizade pelo outro. As relações de diálogo, proximidade, afeto, interação, alegrias e tristezas existenciais compartilhadas pelas ruas, nas conversas de amigos, são substituídas pelas amizades nas telas virtuais, que são armadilhas nas mãos das pessoas que não administram seu tempo ou que não valorizam a amizade autêntica construída nas relações fraternas diárias. Portanto, o computador é uma poderosa máquina que ocupa o lugar do homem na sociedade e ameaça as relações verdadeiras de amizade. O contato humano evidenciado no ato da comunicação constitui uma necessidade da vida coletiva, sem o qual a sociedade não existiria. O entendimento e a ação comum, as ideias, sensações e sentimentos com vista a um resultado são manifestados no ato de comunicação e, no entanto, são substituídos pelo poder da máquina que tem uma função manipuladora ao alcance de algumas pessoas. O mau uso do avanço tecnológico exclui o cidadão do convívio social, elimina o diálogo e gera opressão. As funções das máquinas nas fábricas e nas propriedades de grande extensão territorial são exemplos nesse sentido, pois a tarefa que seria confiada aos trabalhadores é realizada pelas máquinas. Logo, quanto mais máquinas, mais desempregos haverá na sociedade. Em face do que foi exposto, é preciso conscientizar-se do poder que a máquina ocupa na sociedade, auxiliar as pessoas que são afetadas pelo avanço tecnológico oferecendo-lhes emprego digno e promovendo o contato humano nas relações interpessoais. Assim, o ser humano resgatará seu lugar na sociedade, e a máquina deixará de ser uma ameaça na realidade em que o sujeito estiver inserido. A idealização da saúde. Desenvolver uma cultura voltada à saúde e ao bem-estar das pessoas é um desafio global. Segundo as Metas de Desenvolvimento do Milênio (ODM) das Nações Unidas, a saúde é uma preocupação essencial no combate à fome e à pobreza. Isso, por sua vez, implica perceber o agravamento da situação dos serviços de saúde prestados a população. Logo, é necessário o surgimento de recursos com qualidade e que sejam acessíveis aos indivíduos. De acordo com o documento de Metas de Desenvolvimento do Milênio apresentado pela ONU (Organização das Nações Unidas), a redução das desigualdades na saúde deve englobar fatores socioeconômicos e estruturais mais amplos. Dentre as ações-chave sugeridas pelo documento em relação à saúde, estão: “Serviços de saúde de qualidade para todas as pessoas, com especial atenção aos grupos sociais mais vulneráveis, quando e onde eles precisam; Estabelecer estruturas de políticas inovadoras e eficazes que permitam a coordenação entre os setores; Melhorar a capacidade do setor de saúde para identificar e contribuir para abordar os determinantes sociais da saúde através de ações políticas intersetoriais”. Portanto, atingir os objetivos propostos pela ONU constitui uma necessidade urgente da sociedade. A saúde deve ser acessível a todos. No entanto, os órgãos públicos de saúde, por exemplo, não oferecem um atendimento de qualidade aos indivíduos que procuram atendimento médico. Além disso, filas vergonhosas concentram-se nos corredores superlotados nos serviços de pronto-socorro. Várias pessoas permanecem por muitas horas à espera de um atendimento e, na maioria das vezes, recebem a descortesia nas unidades de saúde. Também, é visível o sofrimento dos cidadãos que esperam por um transplante pelo atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde) que em muitos casos, morrem sem receberem um tratamento de saúde digno. Assim sendo, caso não sejam discernidas as propostas da ONU referente à saúde, a situação irá persistir e os sofrimentos da população se agravarem. Dessa forma, para que o ideal de uma cultura voltada à saúde e ao bem-estar se torne real na sociedade, os políticos e os governos devem assumir a responsabilidade e o comprometimento com a população, proporcionando saúde a todos sem distinção e melhores condições de atendimento nas unidades de saúde. Com isso, as ações reforçadas pela ONU tornar-se-ão visíveis na sociedade e o cidadão terá o seu direito: saúde de qualidade. Papa Francisco no Brasil. Sabe-se que de 22 a 28 de julho de 2013, o papa Francisco realizou a viagem apostólica ao Rio de Janeiro por ocasião da XXVIII Jornada Mundial da Juventude. Esse evento da Igreja Católica atraiu milhares de jovens peregrinos provindos dos diversos continentes. De acordo com Leonardo Boff, teólogo e autor de Francisco de Assis e Francisco de Roma, o pontífice trouxe uma nova ideia de Igreja, “do palácio à hospedaria”. De fato, ele oportunizou um encontro de fé e esperança com seus seguidores. Na programação da JMJ estava previsto alguns pronunciamentos do santo padre que foram realizados durante a semana. No dia 24, na Santa Missa na Basílica do Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o papa destacou três posturas que todo cristão deve ter, tais como deixar-se surpreender por Jesus, viver na alegria e conservar a esperança. Francisco aprofundou essas atitudes em sua reflexão dizendo que, para a construção de um mundo mais justo e solidário, o cristão, assim como todo cidadão, deve agir a partir dos princípios éticos e morais. Àqueles que estiveram presentes na Celebração Eucarística ou que acompanharam através dos meios de comunicação, perceberam que a fala do religioso era clara e coerente com seu testemunho de vida. Logo, a mensagem dirigida ao povo brasileiro foi calcada na alegria, na esperança e no conhecimento da pessoa de Jesus. Segundo o escritor Leonardo Boff, Francisco sinaliza outro projeto de Igreja na linha de São Francisco de Assis, “uma Igreja pobre para os pobres, humilde, simples, com cheiro de ovelhas e não de flores de altar. Por isso deixou o palácio papal e foi morar numa hospedaria, num quarto simples e comendo junto com os demais hóspedes”. A comparação que Leonardo Boff faz de Francisco com São Francisco de Assis ocasiona, na opinião e no comportamento dos fiéis da Igreja Católica, um renovado olhar diante da própria doutrina e da prática da Igreja agora aberta ao novo. Assim sendo, os seguidores da prática católica devem recuperar a esperança, pois, como disse o papa, “quem se aproxima da Igreja deve encontrar as portas abertas e não fiscais da alfândega da fé”. Francisco, bispo de Roma, prefere o diálogo entre as Igrejas numa perspectiva de inclusão, também com as demais religiões no sentido de reforçar a paz mundial. Portanto, todo cristão e cada pessoa independente da religião que segue, deve respeitar a opção religiosa de cada um, buscar o bem e o diálogo inter-religioso como meio eficazes na edificação de um mundo melhor. Relações étnico- raciais nas escolas. A Lei 10. 639/03, promulgada em 09 de janeiro de 2003, é considerada um marco na luta pela superação de desigualdade racial na educação pública e privada do Brasil. No entanto, verifica-se na prática a resistência à sua implementação. Logo, conscientizar-se da importância de debates sobre questões étnico-raciais nas escolas é um passo importante na construção de uma sociedade com igualdade racial. A Lei torna obrigatório o estudo da temática História e Cultura Africana e AfroBrasileira nos estabelecimentos de ensino da Educação Básica de todo o país. Para dar suporte à efetivação da lei, foram instituídas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira. Segundo o artigo 1°, parágrafo 2° “o objetivo da educação das relações étnico-raciais é a divulgação e a produção de conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores que eduquem cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantem a todos, respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira”. Dessa forma, as diretrizes contribuem para a consolidação das medidas de ação da Lei. Embora a Lei de Diretrizes e Bases - Lei 9394/96, no artigo 26, parágrafo 4°, estabeleça que “o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia”, há necessidade de sua efetiva aplicabilidade. Também, percebe-se a urgente necessidade da formação de professores referente aos temas interculturais e relações étnico-raciais presentes nas escolas e na sociedade como um todo. Assim, os educadores formados e conscientes da importância de debates relacionados à realidade social dos educandos contribuirão na efetuação coerente da Lei que visa o bem-comum. Tanto o artigo 1° quanto o artigo 26 da LDB, asseguram o direito à igualdade de condições de vida e de cidadania, assim como garantem igual direito às histórias e culturas que compõem a nação brasileira, além do direito de acesso às diferentes fontes da cultura nacional a todos os brasileiros. Esses itens apontam para a necessidade de diretrizes que orientem a formulação de projetos empenhados na valorização da história e da cultura dos afro-brasileiros e dos africanos, mas ainda comprometidos com a educação de relações étnicoraciais positivas, a que tais conteúdos devem conduzir. Em suma, é preciso criar fóruns de debate sobre relações étnico-raciais nas escolas a fim de que seja um avanço para a efetividade do cumprimento da obrigatoriedade contida na Lei. Portanto, a luta pela superação de desigualdade racial na educação do Brasil deve continuar sendo um marco na história que continua formando cidadãos que buscam a igualdade. Relacionamento virtual. Os relacionamentos virtuais surgiram para suprir o imediatismo do desejo, condição desenvolvida com as novas tecnologias. Assim, os ambientes virtuais tornaram-se facilitadores de contatos, mas geradores da banalização da amizade. As redes sociais podem ser usadas pelos adolescentes como estratégia e enfrentamento para suas dificuldades de relacionamento e para as mudanças de humor. Dessa forma, o tímido consegue se expor, criando perfis falsos. Em geral, adicionam-se novos amigos e, caso os indivíduos não gostem, podem deletá-los imediatamente. O que presencialmente levam-se minutos discutindo, virtualmente as pessoas são deletadas. A falta de contato nos relacionamentos presenciais gera nos internautas um individualismo crônico; as amizades verdadeiras são substituídas pelas relações instantâneas por meio dos chats, e os sentimentos são centrados nas “curtidas” no Facebook, nas postagens e nos e-mails. Outro aspecto é a perda desnecessária de energia a que os adolescentes estão expostos. Muitos se comunicam da meia noite às seis, sendo que depois precisam trabalhar ou assistir às aulas presenciais nas escolas. Também diariamente, manipuladores aguardam as populações vulneráveis, como seres carentes que buscam relacionamentos virtuais e acabam se deparando com psicopatas. Pedófilos à procura de crianças e adolescentes que desejam ampliar suas conexões sem saberem o risco que correm de serem abusados sexualmente. Desse modo, é engano do sujeito esperar que a máquina o faça feliz e o torne capaz de amar verdadeiramente ou de cultivar uma amizade real e segura. Consequentemente, os adolescentes crescerão com barreiras de contato, pois eles se acostumam a se relacionar com as pessoas apenas virtualmente. Além do vício que podem desenvolver pela utilização prolongada do computador. As estranhas manifestações no Brasil e suas consequências. No dia 10 de junho de 2013, cerca de cinco mil pessoas foram violentamente reprimidas pela Polícia Militar paulistana na Avenida Paulista, símbolo da cidade de São Paulo. A pauta era a revogação no aumento das tarifas de ônibus. Essas já são caras e excluem muitos cidadãos de ter seu direito de ir e vir, de frequentar a própria cidade onde residem. No entanto, outras manifestações estranhas foram surgindo extremamente violentas em todo o país. Na primeira hora de concentração para a manifestação, setenta pessoas que desejavam participar do protesto foram presas, algumas ficaram feridas, até as equipes de reportagens estavam apavoradas e machucadas. À medida que os meios de comunicação transmitiam os horrores das manifestações, a população se mobilizava para o próximo ato. Dessa forma, seguiram-se semanas violentas em diversos lugares do Brasil. Muitos manifestantes foram protestar pelo direito de protestarem. O que houve em São Paulo mostrou que esse direito estava ameaçado, pois o discurso de tantas pessoas que participavam era totalmente despolitizado. Além disso, falava-se de paz, de corrupção e de outras palavras de ordens vazias que não representavam reivindicação concreta nem projeto que se visa ao bem-comum da sociedade. Segundo uma análise realizada pela socióloga Marília Moschkovich, “as pessoas usavam a bandeira nacional e se pintavam de verde e amarelo como ordenado por grandes figurões da mídia de massas, colunistas de opinião popular e conservadora”. De fato, alguns indivíduos reproduziam qualquer frase de efeito sem pensar no sentido que estavam dizendo, semelhante a um efeito “multidão”, em que as causas das manifestações se perdem com a participação errônea nos protestos. Consequentemente, o espanto se espalhou pelo país. Em Belo Horizonte, por exemplo, houve a depredação do cento da cidade. Também em muitas cidades do país, as equipes de reportagem foram perseguidas e tiveram seus carros queimados pela multidão que participava do ato, estações de trem permaneceram fechadas e colchões foram queimados nas ruas, impedindo o tráfego de veículos. Logo, as manifestações tornaram-se sem sentido e podem terminar sem propósito. Dessa forma, é necessário ver a veracidade dos fatos, pois um “golpe” muitas das vezes está baseado na forma errônea de as pessoas apoiarem todo e qualquer tipo de indignação. Portanto, em toda tentativa de golpe, o que faz que ela seja ou não bem-sucedida é a resposta popular ao ataque. Falsa felicidade. As formas modernas de escravidão, tais como a dependência tecnológica e o trabalho excessivo, são facilmente constatadas na sociedade contemporânea. Segundo o escritor Frei Betto, “o grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizado, neoliberal e consumista”. Dessa forma, ele sustenta a ideia de que a felicidade não está no consumismo, e, por isso, o indivíduo deve recuperar a liberdade e a felicidade no ser e não no ter. À medida que a tecnologia se desenvolve, aumenta o índice de pessoas que dedicam boa parte de seu tempo no uso das mídias sociais, tais como MSN, Orkut, e-mail, celular, Facebook e entre outros. O problema consiste na dependência tecnológica, ou seja, no momento em que as pessoas ficam privadas desses recursos sentem-se isoladas do mundo, centram-se no individualismo e, como destaca Frei Betto, “entram na virtualidade de todos os valores”. Percebe-se que muitos trabalhos estão ligados a equipamentos e a softwares que facilitam a rotina, mas diminuem o contato e o relacionamento humano. Também há situações em que os cidadãos trabalham com a finalidade de acumular bens e, com isso, tornam-se pessoas frustradas. Assim, o trabalho excessivo interfere negativamente no prazer de realizar tal atividade. Dessa forma, a superabundância no ofício afeta a saúde do homem e, na maioria das vezes, prejudica a vida espiritual do indivíduo, pois a pessoa não encontra disponibilidade de tempo para reanimar sua dimensão espiritual. Acredita-se que, quando as pessoas valorizarem a igualdade, a família, o trabalho e a parte espiritual, as formas modernas de escravidão tornar-se-ão mecanismos de compensação que não serão os meios mais adequados para se atingir a realização pessoal. Por isso, a ideia defendida por Frei Betto deve expandir-se na sociedade, de modo que essa seja mais comprometida com o real e que as pessoas busquem a verdadeira felicidade.