PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL
MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM GESTÃO E TECNOLOGIA AMBIENTAL
Adan William da Silva Trentin
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO SISTEMA DE
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DE SANTA CRUZ DO
SUL-RS
Santa Cruz do Sul
Fevereiro de 2015
1
Adan William da Silva Trentin
DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO SISTEMA DE
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DE SANTA CRUZ DO
SUL-RS
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Tecnologia Ambiental – Mestrado,
área de Concentração em Gestão e Tecnologia
Ambiental, Universidade de Santa Cruz do Sul –
UNISC, como requisito parcial para obtenção do
Título de Mestre em Tecnologia Ambiental.
Orientadora: Drª. em Eng. Adriane Lawisch
Rodríguez
Co-orientador: Dr. em Eng. Diosnel Antonio R.
Lopez
Santa Cruz do Sul
Fevereiro de 2015
2
3
“O verdadeiro homem mede a sua força,
quando se defronta com o obstáculo.”
Antonie de Saint-Exupéry
“Tudo o que um sonho precisa para ser
realizado é alguém que acredite que ele
possa ser realizado.”
Roberto Shinyashiki
“Tudo Posso Naquele que me Fortalece”.
Filipenses 4:13
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AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Tecnologia
Ambiental – Mestrado, da Universidade de Santa Cruz do Sul, sob orientação da Prof. Drª.
Adriane Adriane Lawisch Rodríguez e co-orientação do Prof. Dr. Diosnel Antonio Rodríguez
Lopez.
Agradeço a Deus que me deu força e vontade para superar os obstáculos encontrados
durante estes dois anos de Mestrado, e nunca deixou que eu me abalasse e perdesse a
confiança perante as dificuldades.
Aos meus pais pelo apoio para chegar até aqui e obter mais esta conquista profissional.
Obrigado por estimularem minha formação não apenas academicamente, mas principalmente
como ser humano. Tenham certeza de que deixaram como legado os valores que norteiam a
minha vida. A minha família que nunca permitiu que eu desanimasse frente aos problemas e
obstáculos, me apoiando e auxiliando todos os dias.
A minha namorada Bruna Manto pelo apoio, compreensão, carinho e atenção
empenhada para que eu pudesse vencer mais esta etapa.
Agradeço a minha orientadora Adriane Lawisch Rodríguez e ao meu co-orientador
Diosnel Antonio Rodríguez Lopez que, através de suas competências profissionais,
conhecimentos, apoio e bom humor, me guiaram pelos caminhos certos durante a realização
desse trabalho.
Estendo meu agradecimento a todos os professores do Programa de Pós-Graduação em
Tecnologia Ambiental da UNISC que de alguma forma contribuíram para minha formação,
aos colegas da turma, em especial Marcondes Pacheco e Amaro Azevedo pela parceria e
companheirismo.
Agradeço à Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul, em especial ao Engenheiro
Ambiental Daniel Carlos Stoelben, por ter aceitado a nossa proposta de trabalho, sempre nos
dando a atenção necessária e nos colocando a disposição todas as informações solicitadas.
A Cooperativa dos Catadores e recicladores de Santa Cruz do Sul, em especial o
Engenheiro Ambiental André Hermann, pela sua atenção e dedicação para que o trabalho
fosse concluído com êxito.
5
Aos colegas do Grupo de Pesquisa em Reciclagem, Tratamento e Disposição Final de
Resíduos Sólidos da UNISC pelo companheirismo, troca de conhecimentos e colaboração
durante a realização do trabalho.
Agradeço aos meus amigos pela força e parceria nos bons e maus momentos.
Meu sincero e humilde agradecimento.
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RESUMO
TRENTIN, Adan William da Silva. Diagnóstico e avaliação do ciclo de vida do sistema de
gerenciamento de resíduos sólidos urbanos de Santa Cruz do Sul – RS. Dissertação
(Mestrado) – Universidade de Santa Cruz do Sul. Programa de Pós - Graduação em
Tecnologia Ambiental. Santa Cruz do Sul, Brasil. 2015.
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma importante metodologia que permite uma
melhora da eficiência ambiental, onde são levadas em consideração as retiradas de recursos
naturais da natureza e as emissões para a mesma, permitindo identificar os impactos
ambientais potenciais gerados nos processos, produtos ou serviços avaliados. A quantificação
das entradas e saídas de um sistema possibilita o aperfeiçoamento de técnicas e a minimização
dos impactos ambientais relacionados. Esta pesquisa tem como objetivo realizar um estudo
diagnóstico do Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos no município de
Santa Cruz do Sul - RS através da técnica de ACV, para fins de apoio à tomada de decisão na
escolha de cenários futuros de gerenciamento. Para realização da ACV, onde todas as entradas
e saídas do sistema de gerenciamento de resíduos foram identificadas e quantificadas, foi
utilizado o programa computacional Integrated Waste Management – 2, Versão 2.5. A
conversão dos valores obtidos na ACV em impactos ambientais foram realizadas através de
simulações com base nos fatores de caracterização de impacto utilizados pelo programa
computacional SimaPro® 7.0 da Pré Consultants e publicados no relatório ReCiPe 2008,
versão
1.08. As categorias de impacto consideradas foram: Potencial de Formação de
Oxidantes Fotoquímicos, Potencial de Aquecimento Global, Potencial de Acidificação,
Potencial de Eutrofização, Potencial de Depleção da Camada de Ozônio e Potencial de
Formação de Material Particulado, além do Uso de Energia e Resíduo Sólido Final. Foram
realizadas as ACV do cenário atual de gerenciamento dos resíduos e de mais três cenários,
que incluíam a elevação do número de domicílios atendidos pela coleta seletiva, melhoria da
eficiência de recuperação de recicláveis na etapa de triagem e introdução da etapa de
tratamento biológico no sistema, através da compostagem da matéria orgânica. A etapa de
7
disposição final em aterro sanitário se mostrou a etapa com maiores índices de contribuição
de impactos ambientais, seguida da etapa de coleta dos resíduos. O cenário 4 apresenta os
menores índices de contribuição para impactos ambientais, revelando uma redução de 29,47%
para o potencial de formação de ozônio, 51,13% para o potencial de aquecimento global,
33,88% no potencial de acidificação, 38,30% para o potencial de eutrofização, 41,95% no
potencial de depleção da camada de ozônio e 60,42% para o potencial de formação de
material particulado, além de redução de 48,5% no volume dos resíduos enviados para o
aterro sanitário. As alterações propostas no sistema mostraram ganhos ambientais
consideráveis, demonstrando a importância da implementação destas no gerenciamento dos
resíduos.
Palavras – chaves: Avaliação do Ciclo de Vida, Impactos Ambientais, IWM-2, Resíduos
Sólidos Urbanos.
8
ABSTRACT
TRENTIN, Adan William da Silva. Diagnosis and life cycle assessment of municipal solid
waste management system of Santa Cruz do Sul - RS. Dissertation (Master) - University of
Santa Cruz do Sul. Graduate Program in Environmental Technology. Santa Cruz do Sul,
Brazil. 2015.
The Life Cycle Assessment (LCA) is an important methodology to enable the improvement of
environmental efficiency, which is taken into account withdrawals of natural resources of
nature and emissions for the same, allowing identifying the potential environmental impacts
generated in the processes, products or services evaluated. The quantification of inputs and
outputs of a system enables the improvement of techniques and minimizing the related
environmental impacts. This research aims to conduct a diagnostic study of the Municipal
Solid Waste Management System in Santa Cruz do Sul - RS through the LCA technique, for
the purpose of supporting decision making in choosing future management scenarios. To
perform the LCA, where all inputs and waste management system outputs were identified and
quantified, we used the software Integrated Waste Management - 2, Version 2.5. The
conversion of the values obtained in the LCA in environmental impacts were conducted
through simulations based on the impact characterization factors used by the software
SimaPro® 7.0 Pre Consultants and published in the recipe report 2008 version 1.08. Impact
categories studied were: Oxidants Formation Potential Photochemical, Global Warming
Potential, Acidification Potential, Eutrophication Potential, Depletion Potential of the Ozone
Layer and Particulate Matter Formation Potential in addition to the Use of Energy and Solid
Waste Final. Were performed the LCA of the current situation of waste management and
three other scenarios, which included the increase in the number of households served by the
selective collection, improvement of recyclable recovery efficiency in the screening stage and
introduction of biological treatment step in the system by composting the organic matter. The
final disposal stage in landfill showed the step with higher environmental impacts
contribution rates, then the waste collection stage. Scenario 4 has the lowest contribution rates
9
to environmental impacts, revealing a decrease of 29.47% of the potential for ozone
formation, 51.13% to the global warming potential, 33.88% in the acidification potential, 38
30% of the potential for eutrophication, 41.95% in the potential depletion of the ozone layer
and 60.42% for the potential of particulate matter formation, and reduction of 48.5% in the
volume of waste sent to the landfill. The proposed changes to the system showed considerable
environmental gains, demonstrating the importance of implementing these in waste
management.
Keywords: Life Cycle Assessment, Environmental Impact, IWM-2, Municipal Solid Waste.
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACV – Avaliação do Ciclo de Vida
CEN – Cenário
COOMCAT – Cooperativa de Catadores e Recicladores de Santa Cruz do Sul
COV – Composto Orgânico Volátil
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio
GJ – Giga Joule
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IWM – Integrated Waste Management
IWM-2 – Integrated Waste Management (Software)
LCA – Life Cycle Assessment
MO – Matéria Orgânica
NMVOC – Compostos Orgânicos Voláteis Não Metanizados
ONGs – Organizações Não Governamentais
PA – Potencial de Acidificação
PAG – Potencial de Aquecimento Global
PM – Particulate Matter
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
RSU – Resíduos Sólidos Urbanos
SGRSU – Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos
SMMASS – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade
UF – Unidade Funcional
UNL – Uso de Energia Líquida
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Cadeia para destinação dos RSU ............................................................................. 27
Figura 2 - Representação esquemática da ACV ....................................................................... 35
Figura 3 - Etapas envolvidas na realização do trabalho ........................................................... 42
Figura 4 - Esquematização da técnica de quarteamento ........................................................... 46
Figura 5 - Caminhão realizando a disposição temporária dos RSU em local previamente
selecionado pelos responsáveis ................................................................................................ 46
Figura 6 - Obtenção da amostra de RSU através da técnica de quarteamento ......................... 47
Figura 7 - Bombonas plásticas para acondicionamento dos resíduos ...................................... 47
Figura 8 - Limites e fronteiras do sistema de estudo de ACV .................................................. 49
Figura 9 - Fluxograma representativo do Cenário Atual .......................................................... 52
Figura 10 - Fluxograma representativo do cenário 02 .............................................................. 56
Figura 11 - Fluxograma representativo do cenário 03 .............................................................. 57
Figura 12 - Fluxograma representativo do cenário 04 .............................................................. 59
Figura 13 - Composição gravimétrica média da caracterização dos RSU de Santa Cruz
do Sul ........................................................................................................................................ 62
Figura 14 - Modelo de caminhão utilizado para a coleta convencional dos RSU .................... 64
Figura 15 -Caminhão utilizado na etapa de coleta seletiva ...................................................... 65
Figura 16 - Carrinhos utilizados pelos catadores da COOMCAT na etapa de coleta
seletiva ...................................................................................................................................... 65
Figura 17 -Galpão da Coleta Seletiva – COOMCAT ............................................................... 66
Figura 18 - Acúmulo de RSU fora da área de transbordo no mês de março de 2014 .............. 69
Figura 19 - Acúmulo de RSU fora da área de transbordo no mês de abril de 2014 ................. 70
Figura 20 - Acúmulo de RSU fora da área de transbordo no mês de agosto de 2014 .............. 70
Figura 21 - Uso de energia em cada um dos cenários analisados ............................................ 74
Figura 22 - Resíduo sólido final enviado para o aterro sanitário ............................................. 77
Figura 23 - Contribuição de cada cenário para o potencial de formação de oxidantes
fotoquímicos ............................................................................................................................. 78
Figura 24 - Contribuição de cada cenário para o potencial de aquecimento global ................. 80
12
Figura 25 - Contribuição de cada cenário para o potencial de acidificação ............................. 83
Figura 26 - Contribuição de cada cenário para potencial de eutrofização................................ 85
Figura 27 - Contribuição de cada cenário para potencial de depleção da camada de
ozônio ....................................................................................................................................... 87
Figura 28 - Contribuição de cada cenário para potencial de formação de material
particulado ................................................................................................................................ 88
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Índices estimados de produção “per capita” de resíduos sólidos urbanos, em
função da população urbana ..................................................................................................... 28
Tabela 2 - Evolução do crescimento populacional no município de Santa Cruz do Sul
entre os anos de 1950 e 2013 .................................................................................................... 43
Tabela 3 - Parâmetros considerados para introdução no software – Composição dos
resíduos ..................................................................................................................................... 53
Tabela 4 - Composição detalhada dos metais e plásticos ......................................................... 53
Tabela 5 - Composição dos materiais considerados para entrada no software nas etapas de
coleta seletiva e triagem, expressos em Kg/domicílio/ano ....................................................... 53
Tabela 6 - Parâmetros considerados para introdução no software ........................................... 54
Tabela 7 - Parâmetros considerados para introdução no software – Cenário 02 ...................... 56
Tabela 8 - Parâmetros considerados para introdução no software – Cenário 03 ...................... 58
Tabela 9 - Evolução da geração de RSU no município de Santa Cruz do Sul nos últimos
três anos .................................................................................................................................... 62
Tabela 10 - Massa total de RSU Composição gravimétrica dos RSU...................................... 63
Tabela 11 - Materiais coletados pela coleta seletiva ................................................................ 65
Tabela 12 - Materiais passíveis de reciclagem obtidos na etapa de reciclagem e suas
quantidades ............................................................................................................................... 67
Tabela 13 - Conversão de fontes energéticas primárias utilizadas pelo software .................... 72
Tabela 14 - Somatório do balanço anual de uso de energia para os quatro cenários,
destacando cada uma das etapas ............................................................................................... 74
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 20
2.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 20
2.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 20
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 21
3.1 Resíduos sólidos ................................................................................................................ 21
3.1.1 Resíduos sólidos e resíduos sólidos urbanos – RSU .................................................... 21
3.1.2 Política nacional de resíduos sólidos – Lei nº. 12.305/2010 ........................................ 23
3.1.3 Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos ............................................................... 25
3.1.3.1 Geração ........................................................................................................................ 27
3.1.3.2 Acondicionamento ...................................................................................................... 29
3.1.3.3 Coleta e transporte ..................................................................................................... 29
3.1.3.4 Transbordo .................................................................................................................. 30
3.1.3.5 Pré-processamento: triagem e compostagem ........................................................... 31
3.1.3.5 Disposição final ........................................................................................................... 33
3.2 Avaliação do ciclo de vida – ACV ................................................................................... 34
3.2.1 Avaliação do ciclo de vida e metodologia .................................................................... 34
3.2.3 Análise do ciclo de vida aplicada ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos ... 36
3.2.4 O modelo IWM-2 ........................................................................................................... 39
4 METODOLOGIA................................................................................................................ 41
4.1 Localização e dados gerais do município ........................................................................ 41
4.2 Materiais e Métodos ......................................................................................................... 43
4.2.1 Coleta de dados .............................................................................................................. 43
4.2.1.1 Amostragem para composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos .......... 45
4.2.2 Definição do escopo e unidade funcional ..................................................................... 48
4.2.3 Aplicação do Modelo IWM-2, Versão 2.5: Avaliação do Ciclo de Vida ................... 50
4.2.4 Cenários analisados ....................................................................................................... 50
4.2.4.1 Cenário atual ............................................................................................................... 51
15
4.2.4.2 Cenário 02 ................................................................................................................... 55
4.2.4.3 Cenário 03 ................................................................................................................... 57
4.2.4.4 Cenário 04 ................................................................................................................... 58
4.2.5 Análise de impacto ambiental ....................................................................................... 59
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 61
5.1 Dados do diagnóstico do atual sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos
urbanos – cenário base ........................................................................................................... 61
5.1.1 Geração e composição gravimétrica dos RSU ............................................................ 61
5.1.2 Coleta dos RSU .............................................................................................................. 63
5.1.3 Triagem dos RSU ........................................................................................................... 67
5.1.4 Destinação final dos RSU .............................................................................................. 68
5.3 Análise de impacto ambiental dos cenários em estudo ................................................. 71
5.3.1 Uso de energia ................................................................................................................ 72
5.3.2 Resíduo sólido final........................................................................................................ 76
5.3.3 Potencial de formação de oxidantes fotoquímicos ...................................................... 76
5.3.2 Potencial de aquecimento global - PAG ...................................................................... 79
5.3.3 Potencial de acidificação terrestre ............................................................................... 82
5.3.4 Potencial de eutrofização .............................................................................................. 84
5.3.5 Potencial de depleção da camada de ozônio ................................................................ 86
5.3.6 Potencial de formação de material particulado .......................................................... 88
6 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 90
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 92
APÊNDICE A – Distribuição das datas de realização do estudo
de composição gravimétrica dos RSU de Santa Cruz do Sul......................... 101
APÊNDICE B - Frequência e período de realização da coleta
de RSU na área urbana de Santa Cruz do Sul ................................................ 102
APÊNDICE C - Frequência e período de coleta dos RSU na
área rural do município de Santa Cruz do Sul ............................................... 103
ANEXO A- Itinerário de coleta dos RSU ........................................................ 104
ANEXO B - Emissões atmosféricas do cenário atual ..................................... 105
ANEXO C - Emissões líquidas do cenário atual ............................................. 106
16
ANEXO D - Emissões atmosféricas do cenário 2............................................ 107
ANEXO E - Emissões líquidas do cenário 2 .................................................... 108
ANEXO F - Emissões atmosféricas do cenário 3 ............................................ 109
ANEXO G - Emissões líquidas do cenário 3 ................................................... 110
ANEXO H - Emissões atmosféricas do cenário 4 ........................................... 111
ANEXO I - Emissões líquidas no cenário 4 ..................................................... 112
17
1 INTRODUÇÃO
Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) representam problemas da ordem social e
ambiental para qualquer sociedade contemporânea. As desastrosas conseqüências decorrentes
de um manejo incorreto dos resíduos são suficientes para alertar o interesse público sobre a
necessidade da adoção de políticas públicas que busquem reverter esse quadro.
O meio ambiente sofre degradação durante a produção de bens tecnológicos através da
extração de recursos naturais, bem como durante o descarte de produtos cujo uso não é mais
possível, o que gera outra ação de impacto sobre o meio ambiente. É fácil prever que tudo o
que é ou foi fabricado ou construído, um dia será descartado, tornando-se resíduo ou rejeito e
necessitando ter um fim ambientalmente adequado.
A geração de RSU alcançou níveis alarmantes, sendo que a realização da sua coleta,
tratamento e disposição de forma adequada representam uma grande responsabilidade de
todos e deve ser prioridade social, não podendo ser negligenciada. Várias metodologias para a
gestão dos RSU estão disponíveis. No entanto, devido à heterogeneidade dos mesmos,
determinar os melhores meios para gerenciá-los não é tarefa simples.
No Brasil, o gerenciamento dos RSU depende bastante, entre outras coisas, do tamanho
do município e dos recursos destinados por estes para esta atividade. A grande maioria dos
municípios brasileiros podem ser considerados de pequeno porte, com populações menores
que 20.000 habitantes, gerando uma quantidade de RSU que, em princípio, não justifica
grandes estruturas para o seu gerenciamento. Isso, associado a poucos recursos econômicos, à
falta de profissionais capacitados, tarifas desatualizadas, descontinuidade política e
administrativa, entre outras questões, acabam fazendo com que sejam buscadas alternativas
inadequadas do ponto de vista ambiental, econômico e social para o gerenciamento dos RSU
(NETO, 2007, p. 10-11).
Até pouco tempo atrás, o gerenciamento dos RSU no Brasil se baseava no tripé básico:
coleta, transporte e disposição final, na sua grande maioria em “lixões a céu aberto”.
Entretanto, com a aprovação da Lei nº. 12.305/2010, e sua regulamentação através do Decreto
nº. 7.404/2010 esse quadro tende a se alterar de forma significativa. A nova lei trouxe os
princípios, objetivos e as principais diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos
18
(PNRS), os quais são fundamentais para uma gestão adequada dos resíduos sólidos (BRASIL,
2010)
A PNRS visa impulsionar outras formas de tratamento e destinação final, sendo que os
Aterros Sanitários representam uma destas alternativas. Porém, é importante destacar que os
Aterros Sanitários devem ser a última opção para o gerenciamento, uma vez que não
permitem a recuperação e reaproveitamento dos resíduos, conforme exposto por Khoo (2009).
Vale ressaltar que a ordem de prioridade dos RSU definida pela PNRS é: não geração;
redução; reutilização; reciclagem; tratamento; e por fim, a disposição final adequada
(BRASIL, 2010). Percebe-se, através de uma análise desta ordem de prioridades, que
diferentes alternativas para o gerenciamento dos RSU devem ser consideradas e avaliadas,
levando sempre em consideração parâmetros ambientais, econômicos e sociais.
Em virtude dos efeitos indesejáveis de gases de aterro, geração de lixiviado e ocupação
do território sem aproveitamento dos materiais, a compostagem tem se tornado uma das
alternativas ao uso de aterros sanitários, como forma de recuperação do resíduo (HONG et al.
2010). Através da compostagem – decomposição aeróbia por microrganismos – é possível
transformar a fatia orgânica dos resíduos, obtendo-se um produto útil como fertilizante do
solo (REIS et al. 2003). Essa técnica, por suas vantagens, tem sido incluída como etapa de
gerenciamento dos RSU.
Bovea e Powell (2006) destacam, além da compostagem, a necessidade de acréscimo na
recuperação e reciclagem de resíduos secos recicláveis. Assim, utilizando-se das alternativas
de compostagem e reciclagem aplicáveis a região, torna-se possível elaborar alternativas para
desenvolver a performance ambiental dos sistemas atuais de gestão de resíduos, de modo a
atingir as metas estabelecidas pelos governos.
Reichert (2013, p. 4-5) afirma que no gerenciamento de resíduos sólidos urbanos,
dependendo das diferentes alternativas e técnicas utilizadas para manejar, transportar,
processar, tratar e dispor os resíduos tem-se potencial de geração de impactos ambientais
resultantes das emissões gasosas, líquidas e resíduos finais das diversas etapas do sistema de
manejo.
Ao se buscar novas alternativas para o gerenciamento dos RSU, é fundamental que seja
realizada uma análise dos impactos ambientais relacionados. A fim de ter-se esse
conhecimento, a ferramenta de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) vem se tornando uma
19
possibilidade concreta, destacada inclusive pela PNRS. Muitos dos problemas relacionados ao
gerenciamento dos RSU podem ser quantificados e até mesmo evitados com a utilização desta
ferramenta.
Diversos modelos já foram desenvolvidos com o objetivo de determinar os impactos
ambientais relacionados com a gestão dos RSU. Os primeiros modelos, como Solid Waste
Alternatives Program – SWAP (OSSENBRUGGEN e OSSENBRUGGEN, 1992, CHANG e
WANG, 1996 e MACDONALD, 1996, citados por HANANDEH et al. 2010) concentraramse na análise de custos das alternativas de gestão de resíduos. No entanto, o aumento da
consciência da necessidade de estimar os impactos ambientais do sistema de resíduos sólidos
abriu o caminho para uma nova geração de modelos. Atualmente alguns modelos de ACV
estão mais focados nas alternativas de tratamento dos resíduos, onde são criados diferentes
cenários para tratamento do RSU, podendo ser incluídas as etapas de coleta, separação e
reciclagem para recuperação de materiais, aterro sanitário ou incineração, com e sem
recuperação de energia, como destino final.
Em virtude da atual mudança no panorama da gestão dos RSU no Brasil, em especial
pela introdução da Lei nº. 12.305/2010 (BRASIL, 2010), Política Nacional de Resíduos
Sólidos, se faz necessário um estudo mais aprofundado do atual sistema de Gerenciamento
dos Resíduos Sólidos Urbanos do município de Santa Cruz – RS. Sendo assim, este estudo
propõe-se a realizar um estudo diagnóstico do Sistema de Gerenciamento dos Resíduos
Sólidos Urbanos do município, por meio da técnica de Avaliação do Ciclo de Vida.
20
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Realizar um estudo diagnóstico do Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
Urbanos no município de Santa Cruz do Sul - RS através da técnica de Avaliação do Ciclo de
Vida.
2.2 Objetivos específicos
Os objetivos específicos do trabalho são:

Realizar o diagnóstico do Sistema de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos
(SGRSU) do município de Santa Cruz do Sul – RS;

Realizar a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) do atual SGRSU do município de Santa
Cruz do Sul – RS;

Elaborar e simular 03 cenários de gestão dos resíduos sólidos urbanos que estejam de
acordo com as exigências determinadas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos para o
município de Santa Cruz do Sul – RS, realizando a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) para
cada cenário, buscando determinar qual o cenário mais sustentável.
21
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Resíduos sólidos
3.1.1 Resíduos sólidos e resíduos sólidos urbanos – RSU
No Brasil a Associação Nacional de Normas Técnicas - ABNT, através da NBR 10.004
(ABNT, 2004), define que “resíduos sólidos “são resíduos nos estados sólido ou semi-sólido
que, resultam de atividades da comunidade de origem, industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como alguns líquidos cujas particularidades tornam
inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos d’água, ou exijam para isso
soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.”
Segundo McDougall et al. (2001), “resíduos sólidos” podem ser definidos como
materiais para os quais não há uso econômico corrente ou em um futuro próximo e para os
quais tratamento ou destino final são requeridos. Outra definição descrita pelos autores
(definição que é adotada pelo PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente) diz que “resíduos sólidos” são objetos que os seus proprietários não querem, não
necessitam ou para os quais não tem mais nenhum uso, e para os quais tratamento e/ou
disposição final será necessária.
A PNRS, instituída pela Lei 12.305/2010, traz em seu texto, artigo 3º, inciso XVI, uma
definição própria de resíduos sólidos:
XVI – Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante
de atividades humanas em sociedade, cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem
como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável
o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para
isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia
disponível (BRASIL, 2010).
22
Ao analisar estas definições, nota-se a grande abrangência das mesmas. Em função
desta abrangência é conveniente que os resíduos sólidos recebam uma classificação a fim de
facilitar a orientação dos gestores nas estratégias de manejo para cada grupo de resíduos. Esta
classificação é realizada levando em consideração as características e a natureza do resíduo.
Os resíduos sólidos podem assumir, quanto à sua origem, as seguintes categorias de
classificação: resíduos sólidos residenciais ou domiciliares, resíduos sólidos industriais,
resíduos sólidos comerciais e institucionais, resíduos sólidos de serviços de saúde, resíduos
sólidos de transporte e resíduos sólidos de construção civil.
Os resíduos possuem várias denominações, naturezas, origens diferenciadas e diversas
composições. A gestão de vários tipos de resíduos tem responsabilidades definidas em
legislações específicas e implica em sistemas diferenciados de coleta, tratamento e disposição
final (JACOBI et al. 2006). O poder público, além de gerenciar adequadamente os próprios
resíduos gerados por suas atividades, deve disciplinar o fluxo dos resíduos no município.
Na Lei Federal nº 12.305/10, tem-se que os resíduos sólidos urbanos englobam os
resíduos domiciliares, isto é, aqueles originários de atividades domésticas em residências
urbanas e os resíduos de limpeza urbana, quais sejam, os originários da varrição, limpeza de
logradouros e vias públicas, bem como de outros serviços de limpeza urbana (CAVALCANTI
et al. 2011).
Conforme apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2012), a
coleta e o transporte dos resíduos sólidos têm sido o principal foco da gestão de resíduos
sólidos, especialmente em áreas urbanas. A taxa de cobertura vem crescendo continuamente,
já alcançando, em 2009, quase 90% do total de domicílios e se aproximando da totalidade dos
domicílios urbanos. Apesar do índice, esta cobertura é distribuída de forma desigual no
território. Existem diferenças entre as taxas de cobertura nas várias regiões do país, sendo as
regiões Norte e Nordeste aquelas com menor taxa.
Uma análise dos relatórios dos anos de 2009 (ABRELPE, 2009), 2010 (ABRELPE,
2010), 2011 (ABRELPE, 2011), 2012 (ABRELPE 2012) e o mais recente a ser publicado,
referente ao ano de 2013 (ABRELPE, 2013) demonstra que, anualmente, a geração de
resíduos no Brasil tem ultrapassado a taxa de crescimento populacional, significando que há
um consumo crescente e uma crescente descartabilidade no país. Entre 2012 e 2013, segundo
23
dados do IBGE, o crescimento populacional foi de 0,9%, enquanto que a taxa de geração de
RSU no mesmo período foi de 4,1%.
O congresso brasileiro estabeleceu em 2010 uma regulamentação nacional (BRASIL,
2010), visando uma gestão de resíduos sólidos eficiente, recuperando os materiais que contém
valor de mercado. Este esforço político é considerado fundamental, pois a quantidade de RSU
gerados no Brasil chega a 61.936.368 toneladas/ano (QUINTIERE, 2012).
Para Zanta et al. (2006), os RSU apresentam grande diversidade e complexidade,
podendo alguns fatores interferirem na geração dos mesmos, como fatores econômicos,
sociais, geográficos, educacionais, culturais e legais, tanto em relação à quantidade gerada
como na composição gravimétrica.
A composição dos RSU é variável, de acordo com a época do ano e do mês, a cultura e
o poder aquisitivo da população do município, entre outros fatores. Ainda, segundo Naime
(2005), as populações mais desenvolvidas geram grande quantidade de resíduos de
embalagens e produtos industrializados, enquanto as populações mais pobres geram resíduos
com grande quantidade de matéria orgânica.
O Brasil, por ser um país com diferenciações geográficas intensas, apresenta um
panorama de avaliação muito divergente. As regiões sul e sudeste demonstram índices de
Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos melhores que o país como um todo, mas, ainda assim,
necessitam de avanços. (MMA, 2012). A taxa de coleta regular dos resíduos sólidos vem,
atualmente, atingindo índices mais aceitáveis, ao passo que a coleta seletiva também vem
evoluindo, principalmente em materiais como plástico (PET), alumínio e papel (MMA, 2012).
3.1.2 Política nacional de resíduos sólidos – Lei nº. 12.305/2010
A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS foi instituída pela Lei 12.305/2010,
cujas disposições são voltadas aos princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos relacionados
à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluindo-se a responsabilidade
dos geradores, pessoas físicas ou jurídicas, e do poder público, na perspectiva nacional
(BRASIL,2010).
24
A edição da Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010, que instituiu a PNRS, depois de
mais de duas décadas de discussões, regulamentada pelo Decreto nº. 7.404, de 23 de
dezembro de 2010, significou um avanço ao estabelecer princípios, objetivos, instrumentos e
diretrizes afetos à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos. A nova lei dispôs
de forma ampla quanto aos que estariam a ela sujeitos: as pessoas físicas ou jurídicas, de
direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos
sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de
resíduos sólidos (MILARÉ, 2011).
A Política Nacional de Resíduos Sólidos preencheu um vazio existente no arcabouço
regulatório nacional. Essa iniciativa é o reconhecimento, ainda que tardio, de uma abrangente
problemática ambiental que assola o País, problemática esta de proporções desconhecidas,
mas já com diversos episódios registrados em vários pontos do território nacional, e que tem
origem exatamente na destinação e disposição inadequadas de resíduos e consequente
contaminação no solo, além da dificuldade de identificação dos agentes responsáveis
(SIQUEIRA, 2013).
Segundo Bisi (2012), a lei dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem
como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos,
incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos
instrumentos econômicos aplicáveis.
Segundo Bernardes (2013), a Lei nº. 12.305, propõe uma série de mecanismos
destinados à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos
sólidos, inaugurando a chamada responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos, entre setores públicos, iniciativa privada e consumidores. De forma a incentivar ao
cumprimento das obrigações da coletividade na implantação dessas políticas, a referida lei
explicita o princípio do protetor-recebedor, especialmente no que se refere aos instrumentos
econômicos para o atingimento de seus objetivos.
Siqueira (2013), afirma que um dos grandes méritos da novidade legislativa é buscar a
solução preventiva, elencando instrumentos que possam viabilizar a redução dos resíduos no
lugar de, tão somente, contornar o problema do depósito. Nesse sentido, a Lei 12.305/2010,
em seu artigo 6º, VII, consagrou como princípio essencial para efetivação da PNRS a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
25
A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, conforme exposta
por Leuzinger (2012), é definida pelo inciso XVII do artigo 3º da Lei como o “conjunto de
atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e
comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados,
bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental
decorrentes do ciclo de vida dos produtos.”
3.1.3 Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos
O gerenciamento de resíduos sólidos pode ser entendida como a maneira de “conceber,
implementar e administrar sistemas de manejo de resíduos sólidos urbanos, considerando uma
ampla participação dos setores da sociedade e tendo como perspectiva o desenvolvimento
sustentável”. Esse sistema deve considerar a ampla participação e intercooperação de todos os
representantes da sociedade, do primeiro, segundo e terceiros setores, assim exemplificados:
governo central; governo local; setor formal; setor privado; ONGs; setor informal; catadores;
comunidade; todos geradores e responsáveis pelos resíduos (MESQUITA JÚNIOR, 2007).
O
gerenciamento
dos
resíduos
sólidos
deve
envolver
desde
a
geração,
acondicionamento na fonte, coleta, processamento, transformação e recuperação até a
disposição final. No entanto, a fase crítica do gerenciamento dos RSU é a fase de disposição
final, pois as conseqüências da má disposição são extremamente prejudiciais à sociedade,
tendo em vista os tipos e a quantidade produzida (ARCILA, 2008). Com a introdução da
Política Nacional de Resíduos Sólidos, através da Lei 12.305/2010, pretende-se erradicar a
disposição final dos rejeitos em lixões no Brasil, uma vez que estes são propícios ao
aparecimento de vetores prejudiciais à saúde humana e responsáveis por grandes impactos ao
meio ambiente e à saúde humana.
De acordo com Klundert e Anschiitz (2000), no gerenciamento de resíduos sólidos a
atividade econômica é vista sob a ótica de um sistema aberto, no qual os diferentes atores –
sociedade, governos, organizações não governamentais, etc – interagem nas etapas de gestão,
26
compreendidas pela minimização, reuso, coleta e transporte, reciclagem, compostagem,
recuperação energética e destinação final, sob diversos aspectos: técnicos, ambientais,
econômicos, sociais, culturais, estratégicos, políticos e legais. Essa interação é percebida pelo
aspecto dinâmico, variável ao longo do tempo em diversas escalas, que vão da individual à
global. Nessa abordagem é percebida a inter-relação do sistema de RSU com os demais
sistemas urbanos, como o de esgotos, pluvial e paisagístico.
O planejamento do gerenciamento de resíduos sólidos é estruturado sobre uma
hierarquia, que foi inicialmente chamada de “3R” – redução, reuso e reciclagem – mas que
teve a incorporação de um quarto “R”, da recuperação ou valoração energética. Esta
hierarquização está presente no corpo de legislações, como a brasileira, que na lei
12.305/2010 estabelece a seguinte priorização: não geração, redução, reutilização, reciclagem,
recuperação energética e disposição final (BRASIL, 2010).
Conforme exposto por Grippi (2001), o gerenciamento dos resíduos municipais deve
começar pelo conhecimento das suas características, pois vários fatores podem influenciar
quali e quantiativamente, como número de habitantes, poder aquisitivo da população,
condições climáticas predominantes, hábitos e costumes da população e nível educacional.
Conforme Prandini (1995), o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos é um
conjunto articulado de ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento, que
uma administração municipal desenvolve, baseado em critérios sanitários, ambientais e
econômicos para coletar, tratar e dispor os resíduos sólidos da sua cidade.
Prandini (1995) também destaca a importância em se ter consciência de que todas as
ações e operações envolvidas no gerenciamento dos resíduos estão interligadas, influenciando
umas as outras: coleta mal planejada encarece o transporte; transporte mal dimensionado,
além de gerar prejuízos e reclamações, prejudica as formas de tratamento e de disposição;
tratamento mal dimensionado não atinge os objetivos e vira alvo fácil de criticas.
McDougall et al. (2001), afirma que um sistema de gestão de resíduos sólidos deve ser
ambientalmente eficiente (reduzir ao máximo os resíduos gerados, bem como as emissões
gasosas e líquidas), economicamente suportável (o sistema deve operar a custos que possam
ser suportados por toda a sociedade) e socialmente aceito (o sistema de gestão deve operar de
modo a ser aceito pela maior parte da comunidade, levando em conta a educação e o
desenvolvimento).
27
De acordo com Tchobanoglous (1993) as atividades envolvidas desde a geração até a
destinação final dos resíduos sólidos urbanos compreendem uma cadeia de processos
logísticos que envolvem diferentes etapas e agentes. A Figura 1 ilustra as atividades
envolvidas no gerenciamento dos RSU, segundo Tchobanoglous (1993).
Figura 1 - Cadeia para destinação dos RSU
Geração
Acondicionamento
Transbordo
Coleta
Préprocessamento
Disposição
Final
Fonte: Adaptado de Tchobanoglous (1993).
3.1.3.1 Geração
Conforme exposto por CETESB (2009), o aumento na geração de resíduos sólidos, em
especial os domiciliares, têm ligação direta com o crescimento populacional, o
desenvolvimento tecnológico, as mudanças de hábitos de consumo e o processo de
urbanização.
Segundo Logarezzi (2004), citado por Massukado (2004), a geração de resíduos sólidos
é em parte determinada pelas ações de consumo de produtos e serviços, pelas opções de
produção, pela opção de comercialização e pelas opções de fornecimento de serviços.
28
De acordo com Reichert (2013), um dos principais fatores que limitam o
desenvolvimento de efetivos sistemas de gerenciamento de RSU em diferentes países,
inclusive o Brasil, é a carência de dados compreensivos e padronizados relacionados à
geração e composição dos RSU.
Em função da complexidade de se estimar a geração de RSU nos diferentes municípios
brasileiros, uma vez que se observa grande diversidade entre eles, e da ausência de dados mais
precisos, a CETESB (2009), sugere algumas classes de geração de RSU, levando em
consideração principalmente o número de habitantes nos municípios. Na Tabela 1 é possível
visualizar os índices estimados de geração “per capita” de RSU no Brasil. Vale ressaltar,
conforme CETESB (2009), que poderão ocorrer índices diferentes em alguns municípios,
devido a alguns fatores, como: atividade produtiva predominante, nível socioeconômico,
sazonalidade da ocupação, existência de coleta seletiva e ações governamentais de incentivo à
redução da geração de RSU.
Tabela 1 – Índices estimados de produção “per capita” de resíduos sólidos urbanos, em função da
população urbana
População (habitantes)
Produção (kg/hab. dia)
Até 100.000
0,4
De 100.001 a 200.000
0,5
De 200.001 a 500.000
0,6
Maior que 500.000
0,7
Fonte: Adaptado de CETESB (2009).
29
3.1.3.2 Acondicionamento
Bartholomeu et al. (2011), destacam que o acondicionamento dos resíduos, realizado
pela própria fonte, busca atender as características do sistema de coleta, sendo que o período
que o resíduo permanece nas residências é definido pela freqüência com que a coleta
municipal é realizada, podendo ocorrer de forma diária ou intercalada.
De acordo com IBAM (2001), o acondicionamento dos resíduos sólidos deve ser
entendido como a etapa onde os resíduos sólidos são preparados para a coleta de forma
sanitariamente adequada e, de forma compatível com o tipo e a massa de resíduos.
O acondicionamento corresponde à primeira etapa de um sistema de gestão dos resíduos
sólidos urbanos, podendo ser utilizados diversos tipos de vasilhames, como: vasilhas
domiciliares, tambores, sacos plásticos, sacos de papel, contêineres comuns, contêineres
basculantes, entre outros (CUNHA e CAIXETA FILHO, 2002).
O acondicionamento e armazenamento adequado evita acidentes, proliferação de
vetores, minimiza o impacto visual e olfativo e facilita a realização da etapa da coleta
(MASSUKADO, 2004). Esta etapa envolve muito mais que a simples colocação do resíduo
em local adequado, sendo positiva a inclusão de outras ações, como a lavagem dos resíduos
recicláveis (materiais metálicos, plásticos e vidros), evitando a proliferação de moscas e, em
caso de existência de coleta seletiva, a contaminação de outros resíduos, permitindo o
aproveitamento dos materiais com melhores condições e propriedades.
3.1.3.3 Coleta e transporte
Por coleta, conforme Barros (2012, p. 98), entenda-se a atividade de reunir os resíduos
sólidos convenientemente acondicionados objetivando seu transporte. A etapa de transporte
diz respeito à condução dos resíduos sólidos, depois de coletados, à unidade de tratamento ou
de disposição final. Embora estas duas etapas se diferenciem entre si, na maioria das cidades,
30
o veículo responsável pela coleta desempenha também a tarefa de transporte, sendo estas em
sequência, em função principalmente de limitações econômicas e de políticas dos serviços.
A etapa de coleta dos resíduos sólidos engloba desde a partida do veículo de sua
garagem, compreendendo todo o percurso gasto na viagem para remoção dos resíduos dos
locais onde foram acondicionados aos locais de descarga, retornando novamente até o ponto
de partida (CUNHA e CAIXETA FILHO, 2002).
Monteiro et al. (2001) destaca que a qualidade da operação de coleta e transporte
depende diretamente do acondicionamento, armazenamento e da disposição dos recipientes,
inclusive para reduzir a heterogeneidade dos resíduos e facilitar a coleta.
Conforme exposto por Bartholomeu et al. (2011) e Barros (2012), a coleta dos RSU nos
municípios brasileiros é de responsabilidade do governo municipal, apresentando
características diversas, as quais são:

Coleta regular ou convencional: é o sistema de coleta mais comum e ocorre porta a
porta, em intervalos de tempo determinados, junto aos domicílios ou através do ponto a ponto,
onde os resíduos sólidos acondicionados são acumulados em pontos predeterminados;

Coleta extraordinária: é o sistema de coleta que ocorre apenas quando solicitado pelo
poder público;

Coleta especial: é o sistema de coleta de resíduos especiais, tais como resíduos da saúde,
da varrição pública, podendo ainda ser restos de limpezas de cemitérios, animais mortos,
dejetos de feiras livres, pequenas quantidades de entulhos e outros;

Coleta seletiva: é o sistema de coleta dos resíduos que apresentam potencial de
reciclagem, previamente segregados na fonte (residências, estabelecimentos comerciais etc),
tais como papel, vidro, plástico e metais.
3.1.3.4 Transbordo
Segundo Ecourbis (2011), citado por Bezerra (2012, pág. 45), as estações de transbordo
são locais projetados, na maioria das situações em função da distância entre a área de coleta e
o local de tratamento e/ou destinação final, para servirem como pontos de destinação
31
intermediários dos RSU coletados na cidade. Nestes locais, os caminhões responsáveis pela
coleta dos RSU realizam o descarregamento dos resíduos e, depois, estes são colocados em
carretas de maior capacidade, responsáveis pelo transporte até o aterro sanitário.
O local de transbordo é necessário quando o local de destinação final dos RSU se
encontra distante do raio de coleta, sendo que a sua função básica é auxiliar nas transferências
da carga para veículos de maior capacidade, ocasionando redução nos gastos referentes a
transportes (Bartholomeu et al. 2011).
D’Almeida e Vilhena (2000), salientam que as estações de transbordo, também
chamadas de estações de transferência, são instalações intermediárias onde os resíduos dos
veículos coletores são transferidos geralmente para equipamentos de transporte maiores, tais
como carretas (capacidade de 40 a 60 m³) ou, conforme exposto por Silva (2009), para balsas,
as quais realizam o transporte dos resíduos na região de Manaus – AM, para o local de destino
final.
Segundo IPT e CEMPRE (2000), citado por Massukado (2004), são recomendados o
uso destas instalações de transferência a partir das seguintes distâncias a serem vencidas pelo
coletor até o destino: mais de 6,0 km para pequenos coletores e caminhões convencionais tipo
carroceria ou caçamba, e a partir dos 25,0 km para caminhões compactadores.
3.1.3.5 Pré-processamento: triagem e compostagem
A etapa de pré-processamento, de acordo com Bartholomeu et al. (2011), é uma etapa
intermediária no amplo processo de gerenciamento dos RSU, podendo estar presente ou não
nos municípios. Os autores destacam que na verdade seria desejável que esta etapa estivesse
presente nos fluxos de RSU de todos os municípios, uma vez que esta é a etapa onde se
realiza a triagem dos recicláveis (papel, papelão, plástico, vidro e metal) e a devida
preparação para a comercialização e, também pode ser incluído ao processo a separação da
matéria orgânica para posterior compostagem.
Barros (2012) cita que as operações de pré-processamento têm a finalidade de
condicionar e preparar os RSU para o(s) tratamento(s) posterior(es), sendo que as mesmas não
32
constituem um processo completo, ou seja, não eliminam o problema da disposição de
resíduos. Em função do aumento na geração de resíduos, deve-se sempre buscar uma maior
eficiência desta etapa.
Junkes (2002) elencou as principais instalações de uma usina de triagem e
compostagem, onde destacou seis setores, conforme descrição:
1º Setor – recepção e expedição:
2º Setor – triagem propriamente dita:
3° Setor – pátio de compostagem;
4° Setor – beneficiamento e armazenagem de composto;
5° Setor – aterro de rejeitos;
6° Setor – sistema de tratamento de efluentes.
De acordo com Gameiro (2011), “o processo tradicional de triagem consiste no
recebimento dos resíduos, sua colocação em mesas de separação ou em uma esteira rolante, a
catação e separação manual, lavagem (dependendo do tipo de resíduo), prensagem e
armazenagem.” Esta etapa ocorre nas chamadas “usinas de triagem”, as quais são compostas
por galpões e, estes, na sua grande maioria, equipados com plataforma de recebimento,
esteira, tanques de lavagem, prensas e depósitos.
Kiehl (1985), citado por Brito (2008), define compostagem como um processo
biológico de transformação da matéria orgânica crua em substâncias húmicas, estabilizadas,
com propriedades e características completamente diferentes do material que lhe deu origem.
A compostagem é uma alternativa apropriada de gestão de resíduos porque reduz o
volume e peso de aproximadamente 50% e resulta em um produto estável, que pode, por
exemplo, ser aplicado na agricultura (FIALHO et al. 2010).
Segundo Massukado (2008), no Brasil, cerca de 50% a 60% dos resíduos sólidos
domiciliares gerados são constituídos de material compostável que, por não ser coletado
separadamente, acaba sendo encaminhado para um destino final inadequado, juntamente com
os resíduos perigosos, rejeitos e com os recicláveis que deixaram de ser coletados
seletivamente. Essa forma de destinação gera, para a maioria dos municípios, despesas que
poderiam ser evitadas caso o material compostável fosse separado na fonte e encaminhado
para um tratamento específico.
33
3.1.3.5 Disposição final
A disposição final em aterro é a opção para a eliminação dos resíduos que, depois de ter
esgotado todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos de técnica ou
economicamente disponíveis, não apresentem outra possibilidade que o aterro (BRASIL,
2010).
Aterro sanitário é uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo sem
causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método
este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área
possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-se com uma camada de terra na
conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário (ABNT
8419/1992).
Na descrição de Mano et al. (2005), um aterro sanitário consiste em um local de
processamento dos resíduos sólidos onde se promove o confinamento destes em camadas ou
células devidamente compactadas e revestidas com material inerte e de baixa permeabilidade,
neles gerando reações físico-químicas diversas, que fazem a decomposição dos resíduos,
gerando calor, gás e chorume. Esse chorume é a água combinada com gorduras, ácidos e
diversos componentes lixiviados, formando um composto extremamente poluente, que
necessita de tratamento específico em instalações apropriadas.
Segundo Juca (2002), no mundo inteiro, com algumas exceções, os aterros sanitários
representam a principal destinação final dos resíduos sólidos. Já Milanez (2002) escreveu que
apesar do aterro sanitário ser a forma de disposição mais adequada, do ponto de vista do
confinamento dos resíduos, utilizar apenas o aterro sanitário significa estar tornando
inacessíveis diversos materiais necessários para as atividades econômicas e que no longo
prazo, podem estar escassos.
34
3.2 Avaliação do ciclo de vida – ACV
3.2.1 Avaliação do ciclo de vida e metodologia
No cenário internacional, a década de 80 foi profícua no desenvolvimento de técnicas e
enfoques metodológicos voltados para uma melhor compreensão e redução dos impactos
ambientais gerados por produtos e serviços advindos dos setores produtivos (MAGRINI,
2004).
A ACV foi desenvolvida a partir da década de 60 tendo como foco uma análise dos
impactos ambientais de produtos, principalmente no contexto comparativo de materiais.
Guinée et al. (2011), consideram a fase das décadas de 70 a 90 como o período de concepção
da ACV, quando diferentes abordagens e terminologias foram usadas com resultados
conflitantes, o que acabou limitando temporariamente a aplicação da metodologia de ACV.
De acordo com Curran (2006), a emergência dos problemas associados à gestão de resíduos
sólidos foi um grande fator revigorador da ACV a partir de 1988.
A ACV consiste na análise e na comparação dos impactos ambientais causados por
diferentes sistemas que apresentam funções similares. Em outras palavras, sob a ótica
ambiental, ela estabelece inventários tão completos quanto possível do fluxo de matéria (e
energia) para cada sistema e permite a comparação desses balanços entre si, sob a forma de
impactos ambientais, conforme exposto na Figura 2 (SOARES et al. 2006).
De acordo com Sottoriva (2011), a metodologia de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV),
aliada às tecnologias e aos processos que visam à minimização e à redução da contaminação
ambiental, parte de princípios de redução na fonte, reutilização e reciclagem de produtos.
Esses princípios se norteiam em aspectos de máxima eficiência com o menor consumo de
insumo e/ou insumos menos impactantes, gerando menos resíduos tóxicos, além de prever o
ajuste de tecnologias e boas práticas operacionais. Para desenvolver a ACV, amparados pela
norma ISO 14040 existem quatro etapas descritas como: I – Definição do Objetivo e Escopo
do Estudo: conceito clássico “do berço ao túmulo”, ou seja, todas as fases pelas quais o
produto passa durante sua vida; II – Análise do Inventário: O termo “Inventário do Ciclo de
35
Vida” de um produto refere-se à coleta de dados em si, e aos procedimentos de cálculo a
serem utilizados no processamento desses dados; III – Avaliação dos Impactos Ambientais: a
análise de impactos ambientais prevê e quantifica os efeitos ambientais das entradas e saídas
do inventário; IV – Interpretação dos Resultados: a avaliação é realizada após o término do
trabalho e antes da elaboração do relatório final.
Figura 2 - Representação esquemática da ACV
Entrada
Energia
Matérias-primas
Elementos auxiliares
Saída
Pré-produção
Produção
Transporte
Utilização Geração
de resíduos
Unidade Funcional
Resíduos
Subprodutos
Fonte: Adaptado de Soares et al., (2006).
O conceito de ciclo de vida é essencial para a sustentabilidade incorporando vários
aspectos que permitem uma análise objetiva dos processos ou serviços (STEINHILPER et. al.
1997; STANISKIS e VARZINSKAS, 2010). De acordo com Ortiz et al., (2009), a ACV é
uma metodologia utilizada para avaliar impactos ambientais em todas as fases do ciclo de
vida de um produto ou serviço, desde a origem (matérias primas) até ao fim da vida
(eliminação de resíduos).
Com o desenvolvimento da metodologia de ACV, está passou a ser utilizada para a
análise dos complexos sistemas de gestão de resíduos. Incentivados pela legislação européia,
muitos estudos de ACV foram desenvolvidos focados na análise de fim de vida dos produtos,
algumas vezes chamados de “gate to rave” ou “waste LCA”, ou no caso de materiais
36
reciclados “gate to gate”. Através desses, procura-se avaliar as alternativas de tratamento dos
resíduos do produto ao final de vida. Nessas análises da fase de fim de vida de produtos,
frequentemente prioriza-se a avaliação da recuperação de energia através da reciclagem,
compostagem ou incineração dos resíduos (ARAÚJO, 2013).
3.2.3 Análise do ciclo de vida aplicada ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos
A avaliação do ciclo de vida (ACV) é um método padronizado internacionalmente (ISO
14040, 1997) que foi desenvolvido a partir de princípios de engenharia química e análise de
energia (HERTWICH et al. 2002).
É geralmente considerada a melhor ferramenta de gestão ambiental que pode ser usada
para se obter uma compreensão adequada e uma quantificação objetiva de todos os impactos
ambientais relacionados com diferentes cenários de gestão de resíduos sólidos (CLIFT et al.
2000). O termo ciclo de vida indica que todas as fases do ciclo de vida do serviço, desde a
extração de recursos até o tratamento final de fim de vida, são levadas em conta. Para cada
operação dentro de uma etapa, os insumos (matérias-primas, recursos e energia) e saídas
(emissões para o ar, água e resíduos sólidos), são calculados e então agregados ao longo do
ciclo de vida, por meio de balanços materiais e de energia, elaborado sobre os limites do
sistema (MCDOUGALL et al. 2001).
Usualmente uma ACV apresenta a cadeia do ciclo de vida de um produto ou serviço, da
extração de recursos até a disposição final dos materiais, como pode ser visto em uma das
colunas verticais para um produto n qualquer. Entretanto uma ACV de um sistema de gestão
de resíduos sólidos deve considerar todos os n produtos das correntes. Assim, de uma forma
diferente da ACV tradicional de sistema de produtos, que se inicia com a extração de
materiais e percorre as várias fases até a disposição final, em uma ACV de sistemas de
resíduos a fronteira do sistema se inicia com a geração do resíduo, não interessando, a
princípio, as fases anteriores (ARAÚJO, 2013).
A ACV tem sido aceita como um conceito e uma técnica capaz de fornecer importantes
informações aos planejadores do gerenciamento de resíduos sólidos e tomadores de decisão,
37
com uma excelente estrutura para avaliar as estratégias de gestão de resíduos sólidos urbanos
(FINNVEDEN et al. 2005; OBERSTEINER et al. 2007).
ACV tornou-se uma técnica útil para o planejamento de sistemas de gerenciamento de
resíduos sólidos urbanos, especificamente usados para identificar os impactos ambientais
globais ao longo da hierarquia de tratamento de resíduos. De acordo com as normas ISO
14040, a ACV é composta por quatro grandes etapas: a definição de metas e escopo, o
inventário de ciclo de vida, avaliação e interpretação dos impactos. Além disso, ela avalia e
oferece oportunidades para melhorias nas condições ambientais (BARTON et al. 1996).
Na visão de Banar (2009) a ACV tem sido a abordagem atual utilizada por muitos
pesquisadores para modelar as opções de gestão de resíduos que vão desde a
redução/minimização, coleta, valorização, tratamento ou destinação adequada dos resíduos
sólidos.
O estudo de impacto ambiental dos sistemas de gerenciamento de resíduos sólidos vem
sendo intensamente analisados, por diferentes pesquisadores, usando-se o método de ACV.
Tarantini et al. (2009), utilizaram a metodologia da ACV para identificar os pontos críticos da
gestão de resíduos sólidos em uma área industrial na Itália. Os resultados indicaram que a
coleta seletiva e a reciclagem são estratégias bem sucedidas para a redução do uso de recursos
naturais.
Em outro trabalho realizado na Itália, porém em uma área ao Sul do país, Arena et al.
(2003), avaliaram o desempenho ambiental de diferentes opções de gestão dos resíduos
sólidos através da análise de três diferentes cenários. Através desta ACV foi possível
quantificar as vantagens e desvantagens dos diferentes sistemas de gestão e sugerir algumas
possíveis melhorias nos critérios de projeto e de operação.
Feo e Malvano (2009) utilizaram o programa computacional ACV WISARD para
comparar doze diferentes cenários de gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos de
Avelino na região de Campânia no Sul da Itália. Esses cenários foram construídos a partir de
diferentes combinações de solução para os resíduos, sendo submetidos à análise de onze
categorias de impacto. A ACV permitiu definir um dos cenários como sendo o de menor
impacto.
Hong et al. (2010), avaliaram os impactos do gerenciamento de resíduos sólidos na
China, através do uso da ACV, comparando quatro diferentes cenários e avaliando as
38
influências destes no meio ambiente: 1) Aterro sanitário como destino de todos os resíduos
sólidos urbanos coletados; 2) Incineração como destino de todos os resíduos sólidos urbanos
coletados; 3) Compostagem e aterro sanitário; 4) Compostagem e incineração.
A ACV foi utilizada por Bovea e Powell, (2006) para analisarem diferentes alternativas
para a gestão de resíduos sólidos a serem implementadas na Comunidade Valenciana, situada
na Costa Leste da Espanha, visando cumprir a Legislação Européia.
Xará et al. (2001), utilizou a metodologia de ACV para comparar 4 cenários hipotéticos
de gestão de resíduos sólidos urbanos produzidos em uma região de 300.000 habitantes. Para
comparação, os autores tiveram por base o consumo de energia elétrica e o potencial global
das emissões associadas a cada um dos diferentes cenários.
Em Macau, Song et al. (2013), utilizaram o programa computacional SimaPro, versão
7.2, para avaliar os impactos ambientais do sistema de gerenciamento de resíduos sólidos
urbanos. Avaliou-se o sistema existente em Macau, bem como outros cinco cenários,
explorando inovações de tratamento dos resíduos, visando reduzir os impactos ambientais.
Ferreira et at. (2014), utilizaram o programa computacional SimaPro, versão 7.3.3, para
analisar o sistema de gestão de resíduos sólidos de nove municípios da Península de Setubal
em Portugal. Foram trabalhadas com as operações de coleta seletiva e convencional, triagem,
reciclagem, aterro sanitário e incineração dos resíduos. Compararam-se os impactos
ambientais do cenário base com mais dois cenários hipotéticos. O cenário base mostrou-se
mais impactante que os outros dois cenários analisados.
Também utilizando o programa computacional SimaPro, porém a versão 7.1.8, Leme et
al. (2014), realizaram um estudo no Brasil, na cidade de Betim, a qual conta com população
de 450.000 habitantes e produção diária de 200 toneladas de resíduos sólidos. Este estudo
realizou uma comparação técnico-econômica e ambiental de quatro diferentes cenários de
gerenciamento de resíduos, visando à recuperação energética.
Al-Salem et al. (2014), realizaram um estudo na Grande Londres, buscando avaliar
diferentes cenários de gestão, tratamento e manejo de resíduos sólidos de plástico. O estudo
foi dividido em duas etapas, sendo que a primeira compreendeu a ACV da estratégia atual da
gestão dos RSU, e a segunda simulou duas alternativas de tratamento termo-químico para os
resíduos. Para este estudo, os autores utilizaram o programa computacional GaBi 5.
39
3.2.4 O modelo IWM-2
O modelo IWM (Integrated Waste Management) foi desenvolvido por White et al.
(1995) e modificado por McDougall et al., (2001), sendo rebatizado de IWM-2. Este modelo
de apoio à tomada de decisões foi desenvolvido para ajudar, entre outros, na identificação de
estratégias eficientes do ponto de vista ambiental e econômico para a gestão integrada de
resíduos sólidos urbanos.
Conforme Sanchez et al. (2000), o modelo é uma ferramenta de suporte ao processo de
decisão na busca de soluções para a problemática associada ao manejo e disposição dos
resíduos sólidos, que sejam social e ambientalmente sustentáveis, assim como efetivas, do
ponto de vista de custos.
Este modelo analisa o processo desde o momento em que o material se torna resíduo e
termina quando ele deixa de ser resíduo e se torna um material reaproveitado, um material
residual aterrado ou uma emissão na atmosfera ou para a água. O programa computacional é
alimentado com informações sobre os resíduos, energia (combustíveis e energia elétrica) e
outras matérias primas utilizadas (McDougall et al. 2001).
McDougall (1999), afirma que o modelo IWM-2 tem sido utilizado em vários países
desenvolvidos. Sanchez et al., (2000) aplicaram o modelo na cidade de Caroni, Venezuela,
com 617 mil habitantes. Davison et al., (2000) aplicaram o modelo no município norteamericano de North Tyneside, o qual produz 300 t/d de resíduos.
Lopez et al. (2003)
descrevem a aplicação do modelo IWM-2 para realização do inventário do ciclo de vida na
cidade de Venâncio Aires, RS.
Rodríguez-Iglesias et al. (2003), realizaram um estudo, com auxílio da metodologia da
avaliação do ciclo de vida, através do programa computacional IWM-1, de diferentes
alternativas para a coleta e tratamento dos resíduos sólidos urbanos, incluindo em paralelo um
modelo econômico, para o Principado de Astúrias, Espanha. Como resultados, os autores
evidenciaram a solidez das estratégias de gestão baseadas em tecnologias de tratamento
biológico em comparação com os tratamentos térmicos, juntamente com a necessidade de
aumentar o nível de cobrança na fonte.
40
Em uma área selecionada da Áustria, Beigl e Salhofer (2004), compararam diferentes
sistemas de gestão de resíduos sólidos, com auxílio do programa computacional IWM-1.
Foram criados cenários baseados em modelos com reciclagem e coleta seletiva, bem como
cenários sem reciclagem. Foram avaliadas três categorias de impacto: potencial de
aquecimento global (PAG), potencial de acidificação (PA) e uso de energia líquida (UNL).
Diferentes cenários de sistemas de gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos foram
desenvolvidos e comparados para o Sistema Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos de
Ankara, Turquia. Estes cenários foram propostos por Özeler et al. (2006), onde considerou-se
as etapas de coleta e transporte dos resíduos, redução na fonte, instalação e recuperação de
materiais / estações de transferência, incineração, digestão anaeróbia e deposição em aterro.
Reichert (2013) utilizou o modelo para a realização do inventário de ciclo de vida do
município de Porto Alegre/RS, permitindo assim a avaliação da participação de diferentes
atores sociais na construção de sistemas sustentáveis de gerenciamento integrado de resíduos
sólidos urbanos.
41
4 METODOLOGIA
A partir da revisão bibliográfica e da apresentação de informações sobre a Avaliação do
Ciclo de Vida e Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos, foi possível a
obtenção de uma base de dados e consequentemente a apresentação da proposta do presente
trabalho, o qual se encontra dividido em três etapas principais:
a)
Coleta de dados a fim de elaboração do diagnóstico do Sistema de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos Urbanos (SGRSU);
b)
Transferência dos dados obtidos para o software IWM-2, versão 2.5, com análise da
situação atual e posterior simulação de três cenários alternativos de Gerenciamento dos
Resíduos Sólidos Urbanos, a fim da realização das Avaliações do Ciclo de Vida e análise dos
impactos ambientais correlacionados.
c)
Conversão dos valores da Avaliação do Ciclo de Vida de cada cenário em impactos
ambientais, com posterior análise e interpretação dos resultados obtidos.
A figura 3 demonstra com mais clareza cada uma das etapas envolvidas na realização do
trabalho.
4.1 Localização e dados gerais do município
O município de Santa Cruz do Sul encontra-se situado no centro das Regiões do Vale do
Rio Pardo e Vale do Taquari, sendo a cidade pólo entre os 47 municípios que compõem estas
regiões, mais precisamente na Região Centro-Oeste do Estado do Rio Grande do Sul, na
encosta inferior nordeste. Os principais acessos são pelas rodovias RSC 287 e BR 471.
Estando a 73 metros de altitude em relação ao nível do mar, Santa Cruz do Sul localizase na latitude 29° 43’ 04” Sul e longitude 52° 25’ 33” Oeste, estando inserido nas bacias
hidrográficas do Rio Pardo e Taquari-Antas. Segundo dados da Secretaria Municipal de
Planejamento e Coordenação do Município de Santa Cruz do Sul, a área total do município é
de 794,49 km², destes 156,96 km² de área urbana e 637,53 km² de área rural.
42
Figura 3 - Etapas envolvidas na realização do trabalho
Fonte: Elaborada pelo autor.
A economia do município é estimulada principalmente pela plantação de tabaco e
inúmeras fábricas de cigarro e distribuidoras de fumo. O segmento comercial também
apresenta
grande
importância
econômica,
sendo
composto
principalmente
por
estabelecimentos e empresas de prestação de serviços.
Quanto à população, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2010), o município possui 118.374 habitantes, sendo 105.184 habitantes da área
urbana, o que corresponde a 88,9% da população total e 13.103 habitantes da área rural,
correspondendo a 11,8% da população total do município. A taxa de urbanização é de 89,4%
e a densidade demográfica é de 161,4 hab./km (IBGE, 2010).
A população de Santa Cruz do Sul apresentou um crescimento constante até a década de
1990, porém, no período entre 1991 e 1996 a população diminuiu em razão de emancipações
e pelo fato de que o município não acrescentou novas áreas aos seus limites. A Tabela 2
mostra a variação da população nos anos compreendidos entre 1950 e 2010.
43
Tabela 2 - Evolução do crescimento populacional no município de Santa Cruz do Sul entre os anos de 1950
e 2013
ANO
1950
1960
1970
1980
1991
2000
2010
2013*
POPULAÇÃO
69.605
76.854
86.727
99.645
117.773
107.632
118.374
124.577
VARIAÇÃO (%)
-
10,41
12,92
14,82
18,19
7,93
9,98
4,98
Fonte: IBGE (2010).
*Estimativa de população para o ano de 2013. Fonte: (IBGE, 2010).
4.2 Materiais e Métodos
4.2.1 Coleta de dados
As coletas de dados e informações necessárias para o desenvolvimento deste estudo
foram realizadas através de consulta junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente,
Saneamento e Sustentabilidade, por meio de envio de um questionário. Também foram
coletadas informações junto à Cooperativa de Catadores e Recicladores de Santa Cruz do Sul
– COOMCAT. Dentre os dados coletados, temos:

Sistema de coleta;

Quantidade de pessoas atendidas pela coleta dos RSU;

Frequência da coleta dos RSU;

Massa de RSU coletada diariamente;

Composição gravimétrica dos RSU;

Resíduos da varrição, poda e jardinagem;

Modelo de caminhão utilizado para a coleta convencional dos RSU;

Capacidade de carga dos caminhões que realiza a coleta convencional dos RSU;

Rotas e distâncias percorridas pelos caminhões durante a coleta convencional dos RSU;

Consumo de combustível de cada caminhão utilizado na coleta convencional dos RSU;

Massa de RSU enviado para a etapa de triagem;
44

Percentual de materiais recicláveis recuperados na etapa de triagem dos RSU;

Consumo mensal de energia elétrica na usina de triagem;

Consumo de combustível dos veículos utilizados nas atividades dentro da usina de
triagem;

Bairros atendidos pela coleta seletiva;

Quantidade de material coletado na coleta seletiva;

Percentual de cada material (papel, plástico, metal, vidro e outros) coletados na coleta
seletiva;

Modelo de caminhão utilizado na coleta seletiva;

Consumo de combustível do caminhão da coleta seletiva;

Distância percorrida pelo caminhão da coleta seletiva;

Consumo de energia elétrica no galpão da coleta seletiva;

Tipo de destino final dos rejeitos (aterro sanitário ou lixão);

Possui rampa de transbordo na usina de triagem;

Modelo dos caminhões usados no transporte dos rejeitos até o destino final;

Capacidade de carga dos caminhões usados no transporte dos rejeitos até o destino final;

Distância percorrida pelos caminhões até o destino final dos rejeitos;

Consumo de combustível dos caminhões usados no transporte dos rejeitos até o destino
final;

Frequência de envio dos rejeitos para o destino final;

Quantidade de rejeitos encaminhados para o destino final.
Em função dos dados referentes à composição gravimétrica dos RSU disponibilizados
pela Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade representarem uma
amostra pouco significativa, pois a mesma possuía dados de apenas três bairros do município
(Bairro Centro, Goiás e Higienópolis), optou-se pela realização de um estudo mais
aprofundado a cerca do assunto, a fim de obter-se a composição gravimétrica dos trinta e seis
bairros existentes no município de Santa Cruz do Sul.
45
4.2.1.1 Amostragem para composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos
A composição gravimétrica traduz o percentual de cada componente em relação ao peso
total da amostra de resíduos analisada. Monteiro et al. (2001), cita que os componentes mais
comuns para a determinação da composição gravimétrica dos RSU são: matéria orgânica,
metal ferroso, borracha, papel, metal não-ferroso, couro, papelão, alumínio, pano/trapo,
plástico rígido, vidro, madeira, ossos, plástico mole, cerâmica e agregados finos. A
identificação e determinação das frações recicláveis, bem como a quantidade de matéria
orgânica, permitem a posterior comercialização dos mesmos, seja para empresas recicladoras
ou como composto orgânico, no caso da matéria orgânica.
Para realização da caracterização física, foram coletadas amostras representativas dos
resíduos, sendo que estas foram encaminhadas para separação de seus componentes. Adotouse a técnica do quarteamento (ABNT Nº. 10.007/2004) para realização da atividade prática. A
técnica de quarteamento, empregada neste estudo, pode ser melhor visualizada na Figura 4. O
processo contou com amostragens compostas, sendo que foram realizadas amostragens em
duplicata de cada itinerário, em dias diferentes, contemplando todas as rotas de coleta dos
resíduos. Os caminhões, provenientes de diferentes bairros, realizaram a disposição
temporária dos RSU em local previamente autorizado pela Prefeitura do município, conforme
pode ser visualizado na Figura 5, iniciando-se assim os processos de amostragem, com auxílio
da máquina pá carregadeira e ferramentas manuais. Estas amostras, provenientes de diferentes
bairros, foram misturadas de forma a se obter um resíduo homogêneo. Após esta etapa, as
amostras homogeneizadas foram divididas em quatro partes aparentemente iguais (etapa do
quarteamento) e selecionaram-se duas partes opostas em diagonal, que foram novamente
homogeneizados. As duas partes restantes foram descartadas. Na amostra resultante foi
aplicado o mesmo processo de quarteamento, obtendo-se uma amostra de aproximadamente
1,00 m³ de resíduos (Figura 6).
46
Figura 4 - Esquematização da técnica de quarteamento
Fonte: Fonseca et al. (2004).
Figura 5 - Caminhão realizando a disposição temporária dos RSU em local previamente selecionado pelos
responsáveis
Fonte: Arquivo pessoal do autor.
47
Figura 6 - Obtenção da amostra de RSU através da técnica de quarteamento
Fonte: Arquivo pessoal do autor.
Com a obtenção da amostra desejada, foi realizada a separação manual dos
componentes, dividindo-os em seis grupos: Papel/Papelão; Plástico (plástico duro e plástico
mole); Metal (ferroso e não-ferroso); Vidro; Matéria orgânica; e Rejeito. Estes foram
acondicionados em bombonas plásticas de 200 litros, como pode ser visualizado na Figura 7,
e pesados de forma individual, permitindo assim o cálculo das porcentagens individuais de
cada grupo de resíduos.
Figura 7 - Bombonas plásticas para acondicionamento dos resíduos
Fonte: Arquivo pessoal do autor.
48
Com o objetivo de realizar o estudo da composição gravimétrica dos resíduos sólidos
urbanos gerados no município de Santa Cruz do Sul, as atividades descritas anteriormente
foram repetidas em cinco dias diferentes, de forma a contemplar todos os itinerários de coleta
realizados pelos caminhões, abordando assim coletas em bairros de diferentes características.
No Apêndice A é apresentada a distribuição das datas de realização das atividades.
Estas atividades foram realizadas em duas etapas, contemplando duas épocas distintas do ano,
sendo a primeira nos meses de março e abril, ou seja, término da estação de verão e início do
outono.
A segunda etapa foi realizada no mês de agosto, contemplando a estação do inverno. A
realização desta etapa em épocas distintas permitiu a observação da existência ou não da
variação de padrões de consumo e geração de resíduos em função da variação sazonal.
4.2.2 Definição do escopo e unidade funcional
O escopo deste trabalho considera as atividades necessárias para gerir os RSU a partir
do momento em que são enviados para a coleta até a disposição final. Sendo assim, as etapas
de geração, transporte, armazenamento, tratamento e destinação final foram analisadas e
quantificadas, levando em consideração os balanços de materiais, de energia, emissões
atmosféricas e resíduos (líquidos e sólidos). Esta análise e quantificação consideraram as
diferentes etapas de cada um dos cenários propostos.
No que diz respeito ao tratamento dos resíduos, não foi trabalhado a logística que
envolve o destino dos materiais reciclados, limitando-se apenas ao material reciclável pronto
para utilização. O escopo foi assim definido pelo fato da necessidade de realizar uma
avaliação apenas da realidade local do sistema de gerenciamento, contemplando apenas ações
condizentes de serem realizadas na própria região de estudo.
A UF utilizada no presente trabalho é a da geração anual de RSU para o município
(FERNÁNDEZ-NAVA et al. 2014; SONG et al. 2013; KORONEOS et al. 2012; DONG et al.
2010; RODRÍGUEZ-IGLESIAS, 2003). Assim, a geração diária de 81,8 toneladas é
extrapolada para a quantificação anual, equivalente a 29.854,00 toneladas. Todas as emissões,
49
o consumo de energia e materiais são baseados a esta unidade funcional. O inventário foi
realizado para cada cenário desenvolvido, sendo utilizado o auxílio do programa IWM-2,
versão 2.5, para o desenvolvimento da rota dos resíduos e quantificação das entradas e saídas
nesta. As fronteiras do sistema estão delimitadas no fluxograma a seguir (Figura 8).
Figura 8 - Limites e fronteiras do sistema de estudo de ACV
Entradas
Energia
Unidade Funcional:
29.854,00 t/ano
Outros
materiais
Coleta
Coleta
convencional
Coleta seletiva
Emissões
atmosféricas
Transporte
Emissões
líquidas
Transbordo
Triagem dos
recicláveis
Resíduos
recicláveis
Fonte: Elaborada pelo o autor.
Aterro
sanitário
Triagem da
matéria
orgânica
Composto
orgânico
Rejeitos
Saídas
50
4.2.3 Aplicação do Modelo IWM-2, Versão 2.5: Avaliação do Ciclo de Vida
Para realização da ACV, onde todas as entradas e saídas do sistema de gerenciamento
de resíduos foram identificadas e quantificadas, foi utilizado o modelo IWM-2, Versão 2.5
desenvolvido por McDougall et al. (2001). O modelo encontra-se descrito e apresentado no
item 3.2.4 da Revisão Bibliográfica deste trabalho.
Para definir a conversão dos valores obtidos através da ACV em impactos ambientais
foram realizadas simulações com base nos fatores de caracterização de impacto utilizados
pelo programa computacional SimaPro® da Pré Consultants e publicados no relatório
ReCiPe 2008, versão 1.08, com valores revisados em fevereiro de 2013.
O SimaPro – System for Integrated Environmental Assessment of Products, foi
desenvolvido pela empresa Pré Consultants, uma empresa holandesa de consultoria em ACV
(GOEDKOOP et al. 2009). Lançado em 1990, é uma ferramenta profissional e flexível para
coletar, analisar e acompanhar o desempenho ambiental de produtos e serviços, sendo um dos
programas computacionais mais utilizados no mundo em ACV (PRÉ CONSULTANTS,
2009).
4.2.4 Cenários analisados
Com a obtenção do diagnóstico da situação atual do gerenciamento, composta por dados
e informações dos anos de 2013 e 2014, foi realizada a elaboração de outros três cenários de
gerenciamento dos resíduos, sendo que estes foram criados baseando-se nas exigências
estabelecidas pela Lei nº. 12.305/2010 (BRASIL, 2010) e também nas metas consideradas por
ICLEI (2012). Como metas, até o ano de 2019, para as cidades da região Sul do Brasil podese destacar, por exemplo:
 Redução de 50,00% no percentual dos resíduos recicláveis secos dispostos em aterros;
 Redução de 40,00% no percentual de resíduos úmidos dispostos em aterros.
51
Através da elaboração do inventário de quantificação dos resíduos e percentuais de
reciclagem, tratamento e destinação final, bem como a análise de impacto ambiental, busca-se
obter um modelo para avaliação do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, tornando
possível a comparação com municípios de diferentes portes e estruturas.
4.2.4.1 Cenário atual
Este cenário representa o atual gerenciamento dos RSU em Santa Cruz do Sul – RS.
Desta forma, os resíduos são acondicionados pela população, coletados, transportados, triados
e os rejeitos são enviados para a área de transbordo, para posterior envio até Aterro Sanitário.
Atualmente a cidade conta com coleta convencional (sem diferenciação entre resíduos
recicláveis, orgânicos e/ou rejeitos), atendendo 100% da população, e coleta seletiva (coletado
os resíduos recicláveis: papel, plástico, metal e vidro, e os resíduos orgânicos/rejeitos) em
nove bairros, o que representa 25% das residências. Além disto, o gerenciamento dos RSU
conta com etapa de triagem de resíduos passíveis de reciclagem. Atualmente são enviadas
10.320,00 t/ano de RSU para a triagem, apresentando eficiência de 4,56% na retirada dos
materiais. Na etapa de reciclagem não há informações por parte dos responsáveis sobre
obtenção de rejeitos. O fluxograma descrito na Figura 9 ilustra este cenário.
Os dados apresentados na sequência são utilizados para introdução no software em
todos os cenários analisados, sendo que não foi considerada alteração na quantidade total
gerada e na composição gravimétrica:
 População atendida: 118.374 habitantes;
 Número de pessoas por domicílio: 3,4 habitantes por residência;
 Número de domicílios: 34.816,00 residências;
 Geração média de RSU: 252,22 kg/habitante/ano;
 Geração total de resíduos de jardinagem: 0 (zero)
 Geração total de resíduos comerciais: 0 (zero)
52
Figura 9 - Fluxograma representativo do Cenário Atual
Papel: 2.961,81 t/ano
Plástico: 4.024,72 t/ano
Metal: 603,11 t/ano
Vidro: 901,68 t/ano
Matéria Org.: 12.435,44 t/ano
Rejeito: 8.930,22 t/ano
Total de RSU: 29.854,00 t/ano
Coleta
Convencional
10.320,00 t/ano
Resíduos Sólidos
Urbanos
Coleta e
Transporte
Triagem
Transbordo
Aterro
Sanitário
29.242,00
t/ano
Venda do
Material
Reciclável
Coleta Seletiva
Papel: 290,649 t/ano
Plástico: 43,445 t/ano
Metal: 20,075 t/ano
Vidro: 1,46 t/ano
Total de Resíduos Passíveis
de Reciclagem: 355,629 t/ano
Papel: 222,869 t/ano
Plástico: 158,994 t/ano
Metal: 60,287 t/ano
Vidro: 28,590 t/ano
Total de Resíduos Passíveis
de Reciclagem: 470,74 t/ano
Fonte: Elaborada pelo autor.
Em relação aos dados de composição dos resíduos para entrada no software, na tabela 3
e 4 são expostos os valores considerados. Estes valores não sofrem alterações nos diferentes
cenários analisados.
53
Tabela 3 - Parâmetros considerados para introdução no programa computacional – Composição dos
resíduos
Outros
Papéis
Vidros
Metais
Plásticos
Têxteis Orgânicos
(Rejeitos
(%)
(%)
(%)
(%)
(%)
(%)
%)
3,0
9,9
2,0
13,5
0
41,7
29,9
Fonte: Elaborada pelo autor.
Tabela 4 - Composição detalhada dos metais e plásticos
Composição detalhada dos metais (%)
Composição detalhada dos plásticos (%)
Ferroso
Não ferroso
Filme
Rígido
90
10
50
50
Fonte: Elaborada pelo autor.
Em relação à composição dos materiais na etapa de coleta seletiva e etapa de triagem,
foram considerados os valores expostos na Tabela 5. Vale ressaltar que neste item as
quantidades de materiais são expressas em kg/domicílio/ano, ou seja, a massa em quilogramas
de materiais gerados anualmente em cada residência da área de estudo.
Tabela 5 - Composição dos materiais considerados para entrada no programa computacional nas etapas
de coleta seletiva e triagem, expressos em Kg/domicílio/ano
Etapa
Metais
nãoferrosos
Filme
rígido
Plástico
rígido
Têxteis
Papéis
Vidros
Metais
ferrosos
Coleta
Seletiva
32,9
0,2
2,6
0,3
0,0
4,9
0,0
Triagem
6,4
0,8
0,0
0,8
0,0
4,9
0,0
Fonte: Elaborada pelo autor.
54
Na Tabela 6 são apresentadas as informações referentes aos sistemas de coleta
convencional e seletiva, triagem, dados sobre transferência, aterro sanitário e reciclagem.
Tabela 6 - Parâmetros considerados para introdução no programa computacional
Parâmetro
Valor considerado
Número de residências atendidas pela
coleta convencional
34.816,00 residências
Consumo total de diesel em todas as
etapas do gerenciamento
297.547,53 L/ano
Consumo de energia elétrica na etapa
de triagem
5,0 kWh/t
Consumo de diesel na etapa de triagem
(todos os cenários)
1,0 L/t
Consumo de gás natural
0,1 m³/t
Distância percorrida da usina de
triagem até o aterro sanitário (todos os
cenários)
215,00 km (ida e volta do caminhão)
Percentual de material transferido ao
aterro sanitário após a triagem (todos
os cenários)
100%
Consumo de diesel na etapa de
transbordo e transporte ao aterro
sanitário (todos os cenários)
0,9 L/t
Consumo de energia elétrica na etapa
de transbordo (todos os cenários)
0,2 kWh/t
Consumo de energia elétrica no aterro
sanitário (todos os cenários
1,6 kWh/t
Consumo de diesel no aterro (todos os
cenários)
2,0 L/t
Eficiência de coleta de biogás (todos os
cenários)
90%
55
Tabela 6 - Parâmetros considerados para introdução no programa computacional
Energia recuperada do biogás (todos os
cenários)
0%
Eficiência de coleta de lixiviados (todos
os cenários)
100%
Eficiência de tratamento de lixiviados
(todos os cenários)
95,0%
Distância de transporte dos materiais
recicláveis da unidade de triagem até a
unidade recicladora
120 km
Fonte: Elaborada pelo autor.
4.2.4.2 Cenário 02
O cenário 02 representa um acréscimo na massa de materiais coletados na etapa de
coleta seletiva e uma melhora na eficiência da obtenção de materiais passíveis de reciclagem
na etapa de triagem dos RSU.
A coleta seletiva trabalha especificamente com a coleta de papel, plástico, metal e vidro.
Será considerado um acréscimo de números de bairros atendidos, com consequente aumento
do número de residências. Juntamente a isto, será considerado um aumento de 25,00% no
valor da massa resíduos coletados.
Já na etapa de triagem dos RSU, será trabalhada a melhora da eficiência, ou seja, uma
maior quantidade de material obtido e encaminhado para posterior reciclagem. Atualmente
10.320,00 t/ano de resíduos são encaminhados para triagem, sendo que apenas 311,52 t/ano de
materiais passíveis reciclagem são recuperados, o que corresponde à eficiência de 4,56%. Este
cenário vai trabalhar com elevação desta eficiência, passando para 55,31%. Este valor
corresponde a 5.707,99 t/ano de materiais passíveis de reciclagem recuperados, ou seja, 23,78
t/dia.
Na Tabela 7 são expostos os parâmetros considerados para introdução no programa
computacional.
56
Tabela 7 - Parâmetros considerados para introdução no programa computacional – Cenário 02
Parâmetro
Valor considerado
Consumo de óleo diesel (somente etapa
16.045,7 L/ano
de coleta seletiva)
Consumo total de óleo diesel (todas as
etapas do gerenciamento)
313.539,23 L/ano
Fonte: Elaborada pelo o autor.
Sendo assim, este cenário contempla as etapas de coleta, transporte, triagem, transbordo
e aterro sanitário. Na Figura 10 é apresentado o fluxograma representativo do cenário 02.
Figura 10 - Fluxograma representativo do cenário 02
Coleta
Convencional
Papel: 2.889,148 t/ano
Plástico: 4.013,858 t/ano
Metal: 598,092 t/ano
Vidro: 901,31 t/ano
Matéria Org.: 12.435,44 t/ano
Rejeito: 8.930,22 t/ano
Total de RSU: 29.768,068 t/ano
10.320,00 t/ano
Resíduos Sólidos
Urbanos
Coleta e
Transporte
Triagem
Transbordo
Aterro
Sanitário
26.175,00
t/ano
Coleta Seletiva
Venda do
Material
Reciclável
Papel: 363,311 t/ano
Plástico: 54,307 t/ano
Metal: 25,093 t/ano
Vidro: 1,83 t/ano
Total de Resíduos Passíveis de
Reciclagem: 444,541 t/ano
Fonte: Elaborada pelo o autor.
Papel: 1.480,907 t/ano
Plástico: 2.012,361 t/ano
Metal: 482,486 t/ano
Vidro: 721,342 t/ano
Total de Resíduos Passíveis de
Reciclagem: 4.697,096 t/ano
57
4.2.4.3 Cenário 03
O cenário 03 representa a introdução do tratamento biológico para os resíduos
orgânicos, através da compostagem. A fim de evitar a disposição de resíduos úmidos em
aterros, trabalhou-se com um cenário de aproveitamento de 40% destes resíduos (ICLEI,
2012). Sendo assim, este cenário contempla as etapas de coleta dos RSU, transporte, triagem,
tratamento biológico através da compostagem, transbordo e disposição final em aterro
sanitário. Através da Figura 11 é apresentado o fluxograma representativo das etapas
envolvidas no gerenciamento dos RSU no cenário 03, sendo este semelhante ao cenário 01.
Figura 11 - Fluxograma representativo do cenário 03
Papel: 2.961,81 t/ano
Plástico: 4.024,72 t/ano
Metal: 603,11 t/ano
Vidro: 901,68 t/ano
Matéria Org.: 12.435,44 t/ano
Rejeito: 8.930,22 t/ano
Total de RSU: 29.854,00 t/ano
Coleta
Convencional
10.320,00 t/ano
Resíduos Sólidos
Urbanos
Coleta e
Transporte
Triagem
Transbordo
Aterro
Sanitário
17.544,00
t/ano
Coleta Seletiva
4.974,176 t/ano
Compostagem
(40% da M.O.)
Papel: 290,649 t/ano
Plástico: 43,445 t/ano
Metal: 20,075 t/ano
Vidro: 1,46 t/ano
Total de Resíduos Passíveis de
Reciclagem: 355,629 t/ano
Fonte: Elaborada pelo autor.
Papel: 222,869 t/ano
Plástico: 158,994 t/ano
Metal: 60,287 t/ano
Vidro: 28,590 t/ano
Total de Resíduos Passíveis de
Reciclagem: 470,74 t/ano
Venda do
Composto Orgânico
(1.307,393 t/ano)
Venda do
Material
Reciclável
58
As especificações dos parâmetros para entrada no programa computacional seguem os
mesmos valores da Tabela 6, do cenário 01, uma vez que o cenário 03 apresenta somente o
acréscimo do tratamento biológico. Sendo assim, na Tabela 8 são apresentados os valores
referentes ao tratamento biológico, sendo que se trabalhou com a perspectiva de introdução da
técnica de compostagem da matéria orgânica, porém sem um estudo mais acurado a cerca
desta tecnologia. Adotaram-se, assim, os dados apresentados por McDougall et al. (2001).
Tabela 8 - Parâmetros considerados para introdução no programa computacional – Cenário 03
Parâmetro
Consumo de energia elétrica na
compostagem
Perda de massa na compostagem
Valor considerado
40 kWh/t
50,0%
Fonte: Elaborada pelo autor.
4.2.4.4 Cenário 04
O cenário 04 relaciona as metas propostas nos cenários 02 e 03 em um mesmo sistema
de Gerenciamento de RSU. Desta forma, são consideradas as metas de aumento de 25,% na
massa de materiais coletados na etapa de coleta seletiva e compostagem de 40% da matéria
orgânica proveniente da etapa de triagem dos RSU. Sendo assim, o sistema conta com as
etapas de coleta, transporte, triagem de recicláveis, triagem e tratamento biológico através da
compostagem e disposição final em aterro sanitário. O fluxograma exposto na Figura 12
permite uma melhor visualização das etapas envolvidas no gerenciamento dos RSU deste
cenário.
As especificações dos parâmetros seguem os mesmos valores das Tabelas 6 e 7, dos
cenários anteriores, uma vez que o cenário 04 interliga as duas alternativas já destacadas.
59
Figura 12 - Fluxograma representativo do cenário 04
Papel: 2.889,148 t/ano
Plástico: 4.013,858 t/ano
Metal: 598,092 t/ano
Vidro: 901,31 t/ano
Matéria Org.: 12.435,44 t/ano
Rejeito: 8.930,22 t/ano
Coleta
Convencional
Total de RSU: 29.768,068 t/ano
10.320,00 t/ano
Resíduos Sólidos
Urbanos
Coleta e
Transporte
Triagem
Transbordo
Aterro
Sanitário
15.718,00
t/ano
4.974,176 t/ano
Coleta Seletiva
Compostagem
(40% da M.O.)
Papel: 363,311 t/ano
Plástico: 54,307 t/ano
Metal: 25,093 t/ano
Vidro: 1,83 t/ano
Total de Resíduos Passíveis
de Reciclagem: 444,541 t/ano
Papel: 1.480,907 t/ano
Plástico: 2.012,361 t/ano
Metal: 482,486 t/ano
Vidro: 721,342 t/ano
Total de Resíduos Passíveis
de Reciclagem: 4.697,096 t/ano
Venda do
Composto Orgânico
(1.307,393 t/ano)
Venda do
Material
Reciclável
Fonte: Elaborada pelo o autor.
4.2.5 Análise de impacto ambiental
A partir do desenvolvimento dos cenários e seus respectivos inventários, foram
utilizadas metodologias para realização da avaliação dos impactos ambientais provocados
pelo gerenciamento dos RSU. No item 4.2.3 deste trabalho, é exposta a metodologia a ser
utilizada para realizar a conversão dos valores obtidos na ACV em impactos ambientais. Vale
60
ressaltar que até o presente momento não há uma metodologia de análise exclusivamente
brasileira para este tipo de conversão.
A metodologia proposta permite uma análise para a ACV de acordo com as requisições
da ISO 14.042. Desta metodologia adotaram-se as seguintes categorias de impacto para
avaliação:
 Potencial de Formação de Oxidantes Fotoquímicos (Kg NMVOC / ano);
 Potencial de Aquecimento Global (Kg CO2 equiv. / ano);
 Potencial de Acidificação (Kg SO2 equiv. / ano);
 Potencial de Eutrofização (Kg PO4 equiv. / ano);
 Potencial de Depleção da Camada de Ozônio (Kg CFC-11 equiv. / ano);
 Potencial de Formação de Material Particulado (Kg PM10 equiv./ ano).
Além destas 06 (seis) categorias, serão apresentados os indicadores referentes a “uso de
energia” e “resíduo sólido final” para cada um dos cenários analisados.
61
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Dados do diagnóstico do atual sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos
urbanos – cenário base
5.1.1 Geração e composição gravimétrica dos RSU
O atual Sistema de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos do município de
Santa Cruz do Sul foi definido como Cenário Atual, onde os resíduos são acondicionados pela
população, coletados, triados e os rejeitos são transportados até destinação final em Aterro
Sanitário devidamente regularizado na cidade de Minas do Leão/RS. Este cenário tem por
base dados referentes ao ano de 2014.
Segundo o IBGE (2010) o município de Santa Cruz do Sul conta com uma população
residente de 118.374,00 habitantes e 34.816,00 domicílios, espalhados por 36 bairros e área
rural, o que representa uma média de 3,44 habitantes/domicílios. Atualmente 100% dos
domicílios são atendidos pela coleta convencional e nove bairros possuem, além da coleta
convencional, o advento da coleta seletiva. A área rural conta somente com coleta dos
resíduos secos, ou seja, somente os passíveis de reciclagem.
Atualmente as etapas de coleta convencional e destinação final dos RSU são realizadas
pela empresa Conesul Soluções Ambientais, contratada através de licitação realizada pela
prefeitura municipal. Esta empresa é responsável pela coleta dos RSU gerados na área urbana
e área rural do município, totalizando cerca 81,8 t/dia. A Tabela 9 mostra a evolução da
geração dos RSU nos últimos três anos.
Nota-se que houve um crescimento de aproximadamente 14% na geração de RSU no
período entre os anos de 2011 e 2013, sendo que a população neste mesmo período sofreu um
acréscimo de aproximadamente 5%. A geração per capita de RSU atualmente é de 0,69
kg/hab./dia.
62
Tabela 9 - Evolução da coleta de RSU no município de Santa Cruz do Sul nos últimos três anos
Ano de
Quantidade (t/dia)
Quantidade (t/mês)
Quantidade
Quantidade
Referência
Área Urbana
Área Rural
Área Urbana
Área Rural
Total (t/dia)
Total (t/ano)
2011
67,76
2,57
2.032,80
77,10
70,33
25.670,45
2012
73,07
3.59
2.192,10
107,70
76,66
27.980,90
2013
76,50
5.30
2.295,00
159,00
81,80
29.854,00
Fonte: Prefeitura Municipal de Santa Cruz do Sul (2014).
Conforme já destacado no item 4.2.1.1, foi realizada a composição gravimétrica dos
RSU através da técnica do quarteamento. A Figura 13 demonstra os valores obtidos para a
composição gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos.
Figura 13 - Composição gravimétrica média da caracterização dos RSU de Santa Cruz do Sul
Fonte: Elaborado pelo autor.
A fração orgânica, passível de tratamento pelo processo de compostagem, representa
41,65% da totalidade amostrada, percentual inferior a média nacional, no qual a matéria
orgânica equivale a 51,4%, conforme exposto por Brasil (2012, p. 9), citado por Dal Pont et
al. (2013). Em relação aos componentes inorgânicos, de maior valor econômico e com
potencial para a reciclagem - papel, plástico, metal e vidro – tem-se um percentual de 28,44%
do total de resíduos. E por fim, pode-se visualizar que os rejeitos representam 29,91% do total
63
da amostra, sendo estes os materiais que deveriam ser, de fato, encaminhados para o aterro
sanitário.
Na Tabela 10 é possível visualizar a massa total de RSU trabalhada durante as
amostragens, bem como os valores para cada componente analisado durante a caracterização.
Tabela 10 - Massa total de RSU Composição gravimétrica dos RSU
Classificação dos Resíduos
Massa Total (t)
Composição (%)
Matéria Orgânica
0,5252
41,65
Plástico
0,1701
13,48
Papel
0,12517
9,92
Metal
0,2550
2,02
Vidro
0,3810
3,02
Rejeito
0,3772
29,91
TOTAL
1,26127
100,00
Fonte: Elaborada pelo autor.
5.1.2 Coleta dos RSU
A coleta dos RSU no município de Santa Cruz do Sul ocorre de duas maneiras: coleta
convencional e coleta seletiva. A maior parte dos RSU são coletados de forma convencional,
ou seja, são coletados de porta em porta, de forma misturada, sem distinção entre recicláveis,
orgânicos e/ou rejeitos. Esta coleta, que atende a 100% da população (área urbana e área
rural), é realizada por quatro (04) caminhões basculares, modelo Mercedez-Benz Atego 1719
(Figura 14), com capacidade de carga de quinze (15) m³ cada um. Atualmente são coletadas
29.987,00 t/ano de RSU por este modelo de coleta. Este serviço de coleta é realizado por
empresa terceirizada (Cone Sul – Soluções Ambientais), contratada através de licitação
pública. Os quatro (04) caminhões, juntos, percorrem mensalmente 16.565,00 km para
64
atender a todos os itinerários de coleta dos RSU, sendo que cada caminhão tem autonomia
para percorrer 3,5 km/litro de diesel. Em função disto, são consumidos 4.732,85 Litros/mês de
diesel para a etapa de coleta convencional dos RSU.
Vale destacar que somente têm-se dados e informações dos RSU provenientes das
residências, ou seja, os resíduos domésticos. Os resíduos de varrição, poda e jardinagem, bem
como os resíduos gerados pelo comércio local, não apresentam controle na sua coleta, ou seja,
o município não dispõe de dados específicos destes resíduos.
A coleta seletiva atualmente atende nove (09) dos trinta e seis (36) bairros do
município, sendo realizada por um caminhão modelo Volkswagem 13-190 E Constellation 2p
(Figura 15), sendo que este percorre mensalmente cerca de 2.340,00 km, consumindo 668,14
Litros/mês de diesel. A coleta seletiva também conta com catadores utilizando carrinhos
(Figura 16), estes identificados e seguindo roteiros definidos. A realização da coleta seletiva
fica a cargo da COOMCAT. A população atendida pela coleta seletiva é orientada a separar
os resíduos na fonte, ou seja, que sejam separados os resíduos orgânicos e rejeitos dos
resíduos recicláveis. Na Tabela 11 são apresentados os materiais coletados pela coleta
seletiva, bem como as quantidades anuais em quilogramas.
Figura 14 - Modelo de caminhão utilizado para a coleta convencional dos RSU
Fonte: Arquivo do autor.
65
Figura
Figura
15 16
- - Caminhão utilizado na etapa de coleta
seletiva
Fonte: Arquivo do autor.
Figura
1615
- - Carrinhos utilizados pelos catadores da
Figura
COOMCAT na
etapa de coleta seletiva
Fonte: Arquivo do autor.
Tabela 11 - Materiais coletados pela coleta seletiva
Material
Massa (t/mês)
Massa (t/ano)
Papel
24,22075
290,649
Plástico
3,62041
43,44492
Metal
1,67291
20,075
Vidro
O,12167
1,460
Total
29,63574
355,62888
Fonte: COOMCAT (2014).
Os materiais provenientes da coleta convencional são encaminhados primeiramente para
a Central de Triagem de Resíduos Sólidos Urbanos, licenciada pelo órgão ambiental
responsável e operando sob a Licença de Operação Nº. 065/2014 - SMMASS. Esta é
administrada pela Cooperativa de Catadores e Recicladores de Santa Cruz do Sul –
COOMCAT e atualmente 43,00 t/dia de RSU são encaminhadas para a etapa de triagem para
recuperação dos resíduos passíveis de reciclagem. O restante dos resíduos (38,8 t/dia), bem
66
como os rejeitos provenientes da etapa de triagem, tem como destino final o Aterro Sanitário
de Minas do Leão, localizado no município de Minas do Leão. Nota-se que um grande
volume de resíduos são encaminhados diretamente para o destino final (aterro sanitário) sem
serem encaminhados para a etapa de triagem.
Os materiais coletados durante a etapa de coleta seletiva são encaminhados para o
Galpão da Coleta Seletiva (Figura 17), sendo que este local também é administrado pela
COOMCAT, localizado na área central do município, onde estes são separados por tipo de
material e preparados para posterior comercialização para empresas especializadas em
reciclagem. Atualmente são coletadas cerca de 355,629 t/ano de materiais passíveis de
reciclagem. Este local é licenciado pelo órgão ambiental e opera sob a Licença de Operação
N.º 052/2014 – SMMASS.
A frequência de coleta dos resíduos na área urbana e rural é definida em função do
volume dos resíduos gerados e realizada conforme calendário de recolhimento dos RSU,
sendo que cada bairro, assim como as localidades do interior, possuem dias específicos para a
realização da coleta, conforme exposto nos Apêndices B e C. No Anexo A são apresentados
os itinerários, representados por códigos, os quais indicam os diferentes bairros e seus
respectivos dias de coleta.
Figura 17 -Galpão da Coleta Seletiva – COOMCAT
Fonte: Arquivo do autor.
67
5.1.3 Triagem dos RSU
Como já comentado no item 5.1.2, os RSU provenientes da coleta convencional são
destinados para a etapa de triagem, com objetivo de recuperação de materiais passíveis de
reciclagem. Em termos de eficiência, atualmente esta etapa recupera 4,56% do total de
materiais passíveis de reciclagem que são destinados para a triagem. Na Tabela 12 são
apresentados os materiais retirados durante a etapa de triagem, bem como as quantidades
mensais e anuais em toneladas.
Tabela 12 - Materiais passíveis de reciclagem obtidos na etapa de reciclagem e suas quantidades
Material
Massa (t/mês)
Massa (t/ano)
Papel
18,57242
222,869
Plástico
13,24533
158,994
Metal
5,02392
60,28705
Vidro
2,38253
28,59045
TOTAL
39,22408
470,69050
Fonte: COOMCAT, (2014).
Para o desenvolvimento das atividades durante a etapa de triagem, são utilizadas uma pá
carregadeira e um caminhão caçamba. Posterior a triagem dos recicláveis, estes são
submetidos a enfardamento, sendo que para isso é utilizada uma empilhadeira. O consumo de
combustível de cada uma das máquinas é:
 Pá carregadeira: 18 litros de óleo/hora de trabalho (estima-se que a mesma opere 6
horas/dia);
 Caminhão caçamba: 4,5 litros de diesel/km;
 Empilhadeira: 20 kg de gás/8 horas de trabalho (estima-se que a mesma opere 7
68
horas/dia).
Além do consumo de combustível das máquinas, a etapa de triagem dos RSU também
consome energia elétrica, porém não se tem exatidão do consumo somente da etapa de
triagem. Sabe-se que todo o sistema de operação dentro da Usina de Triagem - recebimento
dos RSU, triagem, enfardamento dos resíduos e rampa de transbordo - consome o equivalente
a 2.500 kWh/mês de energia elétrica.
5.1.4 Destinação final dos RSU
Os RSU denominados “rejeitos” são encaminhados para o Aterro Sanitário de Minas do
Leão, localizado no município de Minas do Leão – RS, distante aproximadamente 107,5 km
do município de Santa Cruz do Sul. Este aterro encontra-se licenciado pelo órgão ambiental
responsável, sob a Licença de Operação 982/2010-DL.
Posterior a chegada dos RSU à Usina de Triagem, um percentual da massa total
coletada é enviada para etapa de triagem, e o restante é enviada diretamente para a rampa de
transbordo. Após a triagem os rejeitos também têm como destino a rampa de transbordo.
Estes são acondicionados em contêineres e transportados por caminhões, sob a
responsabilidade de empresa terceirizada (Cone Sul – Soluções Ambientais). Os caminhões
utilizados no transporte são modelos Mercedes-Benz Axor 2533, eletrônico, com motor a
diesel, potência máxima de 326 cv, tanque de combustível de 300 litros e capacidade de carga
de 25,00 toneladas. Estes caminhões possuem autonomia para rodarem em média 2,0
km/Litro de diesel.
A rampa de transbordo localiza-se dentro da área da usina de triagem, estando distante
cerca de 215,00 km (ida e volta do caminhão) do Aterro Sanitário de Minas do Leão.
Atualmente realizam-se em média quatro (04) viagens por dia, totalizando 116 viagens ao
mês. Em termos de kilometragem, são percorridos mensalmente, cerca de 25.010,00 km
apenas para a destinação final dos rejeitos. O município envia para o aterro sanitário um total
de 29.242,00 t/ano de rejeitos.
69
A destinação final dos resíduos, em certos momentos, tem enfrentado alguns problemas,
o que acaba por provocar um acúmulo excessivo de resíduos na área da usina de triagem,
conforme pode ser visualizado nas Figuras 18, 19 e 20. Estas imagens foram feitas nos meses
de março, abril e agosto de 2014. Os problemas enfrentados se relacionam principalmente a
defeitos mecânicos na pá carregadeira, essencial para as atividades na rampa de transbordo e
problemas com a esteira de triagem dos RSU.
Figura 18 - Acúmulo de RSU fora da área de transbordo no mês de março de 2014
Fonte: Arquivo do autor.
Os rejeitos, como já citado anteriormente, são encaminhados diariamente para o Aterro
Sanitário de Minas do Leão, distante cerca de 215,00 km (ida e volta dos caminhões) da
rampa de transbordo.
70
Figura 19 - Acúmulo de RSU fora da área de transbordo no mês de abril de 2014
Fonte: Arquivo do autor.
Figura 20 - Acúmulo de RSU fora da área de transbordo no mês de agosto de 2014
Fonte: Arquivo do autor.
71
Este aterro opera em uma área de 500 hectares, as quais 73 hectares estão sendo
utilizados na operação. O mesmo possui capacidade para receber 25 milhões de toneladas de
resíduos e vida útil estimada em 23 anos. O aterro possui uma Estação de Tratamento de
Lixiviado, sendo que 100% do lixiviado é coletado e a eficiência de tratamento se encontra
em 95%. Em relação aos gases, o aterro opera com captura de aproximadamente 90% dos
gases, não realizando recuperação energética do mesmo. Nas atividades realizadas dentro da
área do aterro sanitário, estima-se que sejam consumidos 2,0 litros de diesel para cada
tonelada de resíduo aterrada.
5.3 Análise de impacto ambiental dos cenários em estudo
Para realização da ACV, foi utilizado o programa computacional IWM–2, versão 2.5
(MCDOUGALL et al. 2001), conforme descrito na seção 3.2.4 deste trabalho. A ACV foi
realizada para o cenário atual e também para os três (03) cenários simulados. O programa
computacional foi alimentado com informações obtidas através do diagnóstico do atual
sistema de gerenciamento dos RSU do município, outros dados são valores padrão do próprio
programa computacional e também com dados criados de acordo com os fluxos de cada um
dos cenários simulados.
Conforme proposto para este trabalho, foram trabalhados e analisados dados e
informações relativos à quantidade e composição dos RSU gerenciados; informações sobre os
sistemas de coleta; informações sobre separação de resíduos; informações sobre tratamento
biológico; e informações sobre aterro sanitário.
Com base nestas informações, serão apresentados os resultados de cada cenário, sendo
que os resultados referentes aos Inventários de Ciclo de Vida estão disponíveis em anexo
(Anexo B, C, D, E, F, G, H, I), os quais apresentam dados referentes às saídas do sistema, as
quais englobam o uso de energia, resíduos sólidos gerados, as emissões atmosféricas geradas
e os efluentes líquidos gerados.
A seguir serão apresentados os impactos ambientais, os quais incluem “uso de energia”
e “resíduo sólido final”, além de seis (06) indicadores ambientais selecionados para cada
72
etapa do gerenciamento, os quais estão apresentados no item 4.2.5 e na sequência serão
expostos os somatórios dos impactos dos quatro (04) cenários. Esta avaliação irá permitir
visualizar qual o cenário mais sustentável, bem como o cenário mais impactante, levando em
conta a metodologia adotada. Para este estudo foi delimitado um horizonte temporal de 100
anos.
5.3.1 Uso de energia
Este indicador engloba todos os valores de energia consumida, bem como valores de
energia gerada no sistema de gerenciamento dos RSU. De acordo com Reichert (2013), este
representa o equivalente energético em GJ (Giga Joule) gasto em todo o sistema de
gerenciamento dos RSU. O consumo de energia se dá através da utilização de energia elétrica,
combustíveis fósseis (diesel, por exemplo) e gás natural. A representação deste indicador se
dá de duas maneiras: valores positivos, que indicam o consumo de energia; e valores
negativos, que demonstram que houve a geração de energia no cenário ou que a reciclagem
dos materiais trouxe maior economia do que consumo de energia.
Para cada um dos quatro (04) cenários analisados, o software IWM-2 calcula e dá como
saída o indicador “uso de energia”. Na Tabela 13 são apresentados os valores de conversão de
fontes energéticas primárias que o software utiliza para a realização dos cálculos.
Tabela 13 - Conversão de fontes energéticas primárias utilizadas pelo programa computacional
Fonte
energética
Eletricidadeconsumida
Eletricidade
gerada
Fator de
Unidade básica
conversão para
GJ
Unidade de
conversão
Eficiência (%)
kWh
0,003600
GJ/kWh
-
kWh
0,003600
GJ/kWh
-
73
Tabela 13 - Conversão de fontes energéticas primárias utilizadas pelo programa computacional
Eletricidade-
kWh
0,003600
GJ/kWh
-
Gasolina
L
0,034350
GJ/L
63,6
Diesel
L
0,038136
GJ/L
75,2
Gás natural
m³
0,040200
GJ/m³
80,2
reciclagem
Fonte: McDougall et al., (2001).
A Figura 21 mostra o uso de energia em GJ/ano para os 04 (quatro) cenários analisados.
Conforme pode ser visualizado, a introdução de novas etapas e até mesmo a ampliação e
melhora de eficiência das etapas existentes no gerenciamento dos RSU no município de Santa
Cruz do Sul, provoca uma diminuição considerável no uso de energia e até mesmo economia
de energia consumida. O cenário atual apresenta os valores mais elevados de uso de energia, e
isto se deve a baixa eficiência de recuperação de materiais recicláveis e grande quantidade de
materiais sendo enviados para o aterro sanitário. O cenário 04, apresenta as melhores taxas de
uso de energia, onde é evitado o consumo de 16.353,00 GJ/ano. Esta diferença entre o cenário
atual e o cenário 04 representa uma redução de 42,09% no consumo de energia elétrica,
combustíveis fósseis e gás natural. A Tabela 14 mostra o somatório do balanço anual do uso
de energia para os quatro cenários, destacando cada uma das etapas do sistema de
gerenciamento de RSU. Em anexo é apresentado o detalhamento do uso de energia para cada
etapa dos quatro (04) cenários.
As etapas que mais contribuem para o uso de energia são a de aterro sanitário e coleta,
respectivamente. Estas duas juntas têm as maiores taxas de consumo de energia,
principalmente pelo consumo de diesel, combustível para os caminhões que realizam a coleta
e o transporte dos rejeitos do transbordo até o aterro sanitário. Banar et al. (2009), em estudo
realizado em Eskisehir (Turquia), determinaram que as etapas envolvidas no gerenciamento
dos RSU consomem, em valores percentuais: óleo combustível – 2,9%; carvão – 7,6%; lignite
– 21,8%; gás natural – 44,7%; energia hidráulica – 23%.
74
Figura 21 - Uso de energia em cada um dos cenários analisados
Fonte: Elaborada pelo autor.
Tabela 14 - Somatório do balanço anual de uso de energia para os quatro cenários, destacando cada uma
das etapas
Unidade
Coleta
Triagem
Biológico
Energia consumida
Energia gerada
kWh/ano
kWh/ano
0,0
0,0
44.364,0
0,0
Energia na
reciclagem
Diesel
kWh/ano
0,0
Gás Natural
Total
Litros/ano 1.238.312,0
m³/ano
GJ/ano
0,0
62.218,0
Reciclagem
653.199,0
0,0
Aterro
Sanitário
178.909,0
0,0
0,0
0,0
0,0
-27.102.101,0
43.808,0
50.892,0
1.456.458,0
0,0
886,0
2.461,0
0,0
5.726,0
0,0
74.048,0
0,0
-131.467,0
0,0
0,0
Fonte: Elaborada com base nos resultados obtidos pelo modelo IWM-2.
Bezama et al. (2013), realizaram um estudo na Patagônia Chilena, onde observaram
uma variação no uso de energia, nas diferentes etapas do gerenciamento dos RSU, que variou
de aproximadamente 20,00 kWh/t de resíduo até 60,00 kWh/t de resíduo coletado e enviado
para o aterro. Pressley et al. (2014), determinaram que a energia consumida pelos
75
equipamentos, instalações e combustíveis para veículos corresponde à 4,4 GJ/Mg de resíduo
coletado. Em estudo realizado por Rodríguez-Iglesias et al. (2003), foram avaliados diferentes
situações de gerenciamento dos RSU e o uso de energia ficou entre 33.000.000,00 GJ/ano e
48.000.000 GJ/ano. Neste mesmo estudo, os autores citam que a redução na geração de
volumes sólidos gerados proporciona um desconto de 30% no uso de energia, a
implementação da compostagem apresenta os maiores níveis de uso de energia e a diminuição
das distâncias até a estação de tratamento dos RSU não representa uma melhoria significativa
no uso total de energia.
É de extrema dificuldade a diminuição do consumo de diesel na etapa de coleta dos
RSU, uma vez que as rotas de coleta dificilmente sofrerão reduções nas suas extensões. A
separação dos resíduos na fonte, em recicláveis, orgânicos e rejeitos, representam um enorme
ganho ambiental, pois diminuem a quantidade de materiais que precisam ser enviados para
triagem, uma vez que os mesmos já se encontram separados, com consequente diminuição do
consumo de energia elétrica nesta etapa e facilidade do envio de matéria orgânica para
tratamento biológico. Essa separação dos resíduos na fonte contribui, também, de forma
expressiva para a diminuição da quantidade de resíduos a serem enviados para o aterro
sanitário. Esse decréscimo representa redução do consumo de diesel, combustível usado pelos
caminhões, uma vez que a quantidade de viagens realizadas pelos caminhões até o aterro
sanitário sofre uma redução. De acordo com Bovea e Powell (2006), o consumo de energia
elétrica na etapa de tratamento biológico é devido à demanda de energia elétrica (54,4 MJ/t de
resíduo enviado para a compostagem) e ao consumo de diesel para operar a pá carregadeira,
moinhos e peneiras (555,5 MJ/t de resíduo enviado para a compostagem).
A etapa de reciclagem demonstra o quão fundamental é a introdução desta no processo
de gerenciamento dos RSU. A recuperação de materiais representa um enorme ganho
ambiental, pois enorme quantidade de energia deixa de ser consumida. O consumo de energia
para as etapas de classificação e enfardamento de resíduos recicláveis é de 0,059 kWh/t de
resíduo (BOVEA E POWELL, 2006). Em estudo realizado por Gunamantha e Sarto (2012), a
alteração do cenário base, o qual representava apenas o envio de todos os RSU para aterro
sanitário, representou uma recuperação energética que variou de 21 kWh/t até 517 kWh/t de
resíduos nos cenários analisados. Finnveden et al. (2005) aplicaram a Análise do Ciclo de
Vida para avaliar diferentes opções de tratamento de resíduos sólidos na Suécia e os
76
resultados mostraram que a reciclagem é o tratamento que mais contribui para a redução do
consumo de energia.
5.3.2 Resíduo sólido final
O indicador “resíduo sólido final” demonstra a quantidade de RSU que tem como
destino final o aterro sanitário. Este valor é expresso em toneladas e representa o total de RSU
enviados anualmente para o aterro sanitário. A Figura 22 traz a totalidade de cada um dos
cenários analisados.
É possível visualizar que há uma grande diferença de massa de RSU entre o cenário
atual e o cenário 04, o que deixa exposta a importância do aumento do percentual de
recuperação de recicláveis, bem como a introdução do tratamento biológico, através da
compostagem da matéria orgânica. Estas melhorias de eficiência e aproveitamento da matéria
orgânica permitem que a massa de RSU enviada para o aterro sanitário diminua cerca de
46,24%. No cenário atual são enviados para disposição final em aterro sanitário 29.242,00
t/ano de resíduos e no cenário 04 cerca de 15.718,00 t/ano de resíduos. Em anexo, juntamente
com o inventário de ciclo de vida, são apresentados os valores referentes ao indicador
“resíduo sólido final” obtidos para cada cenário.
5.3.3 Potencial de formação de oxidantes fotoquímicos
De acordo com Barbosa et al. (2012), a formação de oxidante fotoquímico é um tipo de
impacto que pode receber contribuições do monóxido de carbono (CO) e de todos os
compostos orgânicos voláteis (COV) capazes de reagirem com o radical hidróxido k(OH)
para formar radicais peróxidos, que na presença de óxidos nitrogênio (NOx) e luz ultra violeta
(UV) podem induzir a formação de ozônio e outros compostos reativos na troposfera.
Rigamonti et al. (2009), citam que este indicador representa as substâncias que causam a
77
produção fotoquímica de ozônio na troposfera. Na Figura 23 é possível analisar as
contribuições de cada etapa envolvida no gerenciamento dos RSU, nos 04 cenários estudados.
Figura 22 - Resíduo sólido final enviado para o aterro sanitário
Fonte: Elaborada pelo o autor.
Percebe-se, através de uma análise, que as etapas de coleta e aterro sanitário são as
maiores contribuintes nos 04 cenários. As emissões da etapa de coleta dos RSU se mantêm
constante nos 04 cenários. A melhora na eficiência da triagem traz consigo um aumento da
contribuição de poluentes, porém, este aumento mostra-se pouco significativo, comparado aos
ganhos ambientais provocados pela reciclagem destes materiais recuperados. O tratamento
biológico da matéria orgânica também traz consigo a geração de carga poluidora, porém, esta
etapa auxilia na diminuição da quantidade de materiais enviados para o aterro sanitário,
permitindo que ocorra uma diminuição na contribuição deste, conforme pode ser visualizado
no cenário 03 e cenário 04. A etapa de coleta dos RSU não sofre grandes alterações em
termos de quantidade de emissões ao ser acrescentada a etapa de compostagem da matéria
78
orgânica (cenário 03 e 04), ou seja, para que fosse visualizada uma diminuição considerada
nesta etapa, seria necessária a diminuição das rotas de coletas de cada caminhão.
Figura 23 - Contribuição de cada cenário para o potencial de formação de
oxidantes fotoquímicos
Fonte: Elaborada pelo o autor.
A etapa de destinação final dos resíduos em aterro sanitário representa em todos os
cenários a maior contribuição de emissões nesta categoria. No cenário atual são liberados
25.981,09 kg NMVOC equiv./ano e no cenário 04 este valor é de 18.621, 94 kg de NMVOC
equiv./ano, o que representa uma redução de 28,32% de emissões. Esta redução se deve
principalmente a melhora na eficiência de recuperação de materiais passíveis de reciclagem e
introdução da etapa de compostagem da matéria orgânica, o que representou uma diminuição
nas quantidades de resíduos encaminhados para o aterro sanitário. A reciclagem representa
uma etapa que traz consigo ganhos ambientais, ou seja, os valores negativos expostos na
Figura 18 mostram que esta etapa evita que materiais sejam lançados para o meio ambiente.
79
Gunamantha e Sarto (2012) realizaram um estudo na Indonésia, onde compararam
algumas opções de gerenciamento de resíduos. Em uma das opções trabalhadas, os resíduos
eram coletados e enviados para o aterro sanitário. Os autores determinaram que este cenário
emite 0,3898 kg C2H4 equiv./t de resíduo, sendo a etapa de aterro sanitário a principal
contribuinte. Bovea et al. (2010), encontraram valores próximos à 0,10 kg de C2H4/uf até 0,16
kg de C2H4/uf, em estudo realizado na Espanha, utilizando unidade funcional de 1,00
tonelada. Hong, et al. (2010) demonstraram, através de estudo realizado na China, que a etapa
de aterro sanitário era responsável por emitir -0,13 kg de NMVOC equiv./t de resíduo seco,
em um cenário que incluía o envio dos resíduos diretamente para este local. No cenário que
contemplava a compostagem e o aterro sanitário, verificou-se o valor de -1,28x10-2 kg de
NMVOC equiv./t de resíduo seco. Três cenários, com diferentes percentuais de recuperação
de materiais (35%; 50%; 60%), foram estudados por Rigamonti et al. (2009) e os valores
obtidos foram de -0,08 kg de C2H4/t de resíduo, -0,12 kg de C2H4/t de resíduo e -0,15 kg de
C2H4/t de resíduo. Além da recuperação dos materiais, este estudo considerou uma planta para
produção de eletricidade.
5.3.2 Potencial de aquecimento global - PAG
O PAG se relaciona principalmente com o derretimento das calotas polares, mudanças
climáticas, alterações nos padrões de ventos e correntes oceânicas, desertificação e alteração
das zonas florestais (GOMES, 2008). O PAG, conforme Rigamonti et al. (2009) é o indicador
das emissões de gases causadores do efeito estufa.
De acordo com Zaman (2013), o aquecimento global pode ser causado pelo descarte do
resíduo, já que contém subprodutos gasosos nocivos e partículas que podem aumentar os
gases de efeito estufa. A categoria de aquecimento global considera os parâmetros de CO2
(fóssil e renovável), CH4 e N2O medidos como CO2 equivalente, e essas emissões ocorrem
principalmente durante a decomposição do resíduo final. A Figura 24 destaca a contribuição
de impacto ambiental relacionado ao PAG.
80
Figura 24 - Contribuição de cada cenário para o potencial de aquecimento global
Fonte: Elaborada pelo o autor.
Através da Figura 24 é possível visualizar que em todos os cenários analisados a etapa
de aterro sanitário tem as principais contribuições referentes ao PAG, com valores variando
entre 11.296.616,19 kg de CO2 equiv./ano (378,35 Kg de CO2 equiv./ton. de resíduo) para o
cenário atual e 6.737.004,23 kg de CO2 equiv./ano (225,64 kg de CO2 equiv./ton. de resíduo)
para o cenário 04. É notável a diminuição das emissões em relação ao cenário atual e o
cenário 04, onde 40,36% de CO2 equivalente deixaram de ser lançado para a atmosfera. Isto
se deve principalmente a diminuição de resíduos, principalmente de matéria orgânica que é
enviada para tratamento biológico, sendo depositado no aterro sanitário. Segundo Bovea e
Powell (2006), a contribuição de impacto que ocorre no aterro sanitário é consequência direta
das emissões dos gases gerados, principalmente CO2 e CH2. Em um estudo realizado por
Banar et al. (2009), foi evidenciado que o CH4 é o principal impactante para a etapa de aterro
sanitário.
A etapa de coleta dos RSU tem valores semelhantes nos 04 cenários, variando entre
945.036,11 kg de CO2 equiv./ano e 969.849,92 kg de CO2 equiv./ano. Esta etapa contribui de
forma importante para o PAG em função da grande quantidade de consumo de combustíveis.
81
Triagem dos RSU e tratamento biológico, através da compostagem da matéria orgânica, são
etapas que apresentaram níveis baixos de emissões de gases. A etapa de reciclagem de
materiais evidenciou ganhos ambientais, ou seja, a substância deixou de ser emitida ao
ambiente.
Leme et al. (2010), relatam que as emissões não controladas de CH4 em
determinada modelagem de estudo são responsáveis por 92,00% do resultado do
indiciador. De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC,
(2001), estima-se que o CH4 produzido nos locais de disposição de resíduos sólidos contribui
com aproximadamente 3,0 e 4,0% para as emissões antropogênicas globais anuais de gases de
estufa.
Estudos realizados por outros autores revelaram valores variados para as emissões
referentes ao PAG. Por exemplo, Miliūte e Staniskis (2010) analisaram a opção de aterro para
resíduos gerados na região de Alytus (Lituânia). Foi considerado uma geração total de 45.150
t/ano de RSU, obtendo um valor de 51.230,00 t de CO2 equiv. (1,135 kg de CO2 equiv./t
resíduos) para este impacto categoria. Mendes et al. (2004) obtiveram um valor de cerca de
900,00 kg de CO2 equiv./t de resíduos para esta categoria de impacto quando se analisou o
aterro de resíduos sólidos na cidade de São Paulo, no Brasil. Gunamantha e Sarto (2012)
obtiveram um valor de 188,00 kg CO2 equiv./t para um estudo semelhante definido para três
cidades da região de Yogyakarta, na Indonésia.
Em estudo realizado na região de Asturias (Espanha), Fernández-Nava et al. (2014)
obtiveram um valor de 4.634,9 kg de CO2 equiv./t de resíduo para o cenário que considera
apenas coleta e envio dos resíduos para aterro sanitário e 1.425,2 kg de CO2 equiv./t de
resíduo para o cenário que considera coleta, separação dos recicláveis, digestão anaeróbia,
planta de estabilização e aterro sanitário. Os autores também expuseram os valores
encontrados de forma individual para cada etapa do sistema, onde a coleta e o aterro sanitário
foram responsáveis por emitirem 48,1 kg de CO2 equiv./t de resíduo e 4.586,7 kg de CO2
equiv./t de resíduo, respectivamente, para o cenário atual. Já para o cenário que considerou a
introdução de outras etapas no sistema os valores expostos foram: coleta dos RSU – 51,4 kg
de CO2 equiv./t de resíduo; separação dos recicláveis - -21,7 kg de CO2 equiv./t de resíduo;
digestão anaeróbia - -1,4 kg de CO2 equiv./t de resíduo; planta de estabilização – 12,2 kg de
CO2 equiv./t de resíduo; e aterro sanitário – 1.348,8 kg de CO2 equiv./t de resíduo.
82
5.3.3 Potencial de acidificação terrestre
Emissões de substâncias potencialmente acidificantes, quando depositadas, podem
ocasionar danos a populações de plantas e animais (ARENA et al. 2003). Os principais
poluentes acidificantes são SOX, NOx, HCl e NH3. Estes poluentes acidificantes têm em
comum a formação de íons acidificantes H+. O potencial de um poluente para a acidificação
pode, assim, ser medida pela sua capacidade para formar íons H+. O potencial de acidificação
é definido como o número de íons H+ produzidos por kg de substância em relação ao SO2
(Bauman e Tillman, 2004, citado por Banar et at. 2009).
A acidificação terrestre, segundo Barbosa et al., (2012), é a deposição ácida, resultantes
de óxidos de nitrogênio e enxofre para a atmosfera, para o solo ou para água que pode
conduzir a mudanças na acidez da água e do solo, afetando a fauna e a flora. O indicador
desta categoria é expresso em máxima liberação de prótons (H+) e o fator de caracterização é
o potencial de acidificação de cada emissão (kg SO2 equivalentes/ kg de emissão). Rigamonti
et al. (2009), relaciona o potencial de acidificação com as emissões de NOX, SOX e amônia.
A Figura 25 apresenta a contribuição de impacto por acidificação nas diferentes etapas
dos 04 cenários analisados. O impacto ambiental por acidificação é visualizado
principalmente nas etapas de coleta dos RSU e disposição final em aterro sanitário. Na etapa
de coleta, as emissões se mantêm constantes nos quatro cenários trabalhados, com valores
entre 13.261,65 kg SO2 equiv./ano e 13.609,85 kg SO2 equiv./ano. Estes valores se referem à
queima incompleta de combustíveis fósseis, principalmente o óleo diesel utilizado nos
caminhões.
Na etapa de disposição final em aterro sanitário, foram encontrados valores de emissões
entre 18.834,62 Kg de SO2 equiv./ano para o cenário atual e 13.710,92 kg de SO2 equiv./ano
para o cenário 04, representando uma redução de 27,20% de SO2 equiv./ano sendo emitido
para a atmosfera. Bovea e Powell (2006) destacam que a contribuição desta categoria deve-se
ao consumo de combustível associado às etapas de coleta e transporte até o tratamento final.
As etapas de triagem e tratamento biológico apresentaram valores baixos de emissões.
Entretanto, é possível notar uma diferença nos valores apresentados pelos cenários que
contam com aumento do número de bairros com coleta seletiva e melhora na eficiência da
83
etapa de triagem (cenários 02 e 04). Estas mudanças trarão consigo a necessidade de maior
consumo de combustíveis, consequentemente, um acréscimo nas emissões, porém sem
conferir mudanças significativas nos impactos. Em relação à contribuição do tratamento
biológico, Bovea e Powell (2006) relacionam a acidificação com as emissões de amônia
durante a compostagem.
Figura 25 - Contribuição de cada cenário para o potencial de acidificação
Fonte: Elaborada pelo o autor.
Novamente a reciclagem dos materiais possibilitou um ganho ambiental, ou seja,
substâncias nocivas deixaram de ser lançadas ao meio ambiente. É possível visualizar na
Figura 23 o aumento do ganho ambiental relacionado à diminuição de materiais sendo
enviados para a etapa de disposição final em aterro sanitário, seja com o aumento da
eficiência da coleta seletiva e triagem ou com a introdução da etapa de compostagem da
matéria orgânica. Özeler et al. (2006), verificaram em um estudo realizado na cidade de
Ankara, na Turquia, que os impactos ambientais relacionados a acidificação diminuem com o
aumento da reciclagem dos materiais secos. Bovea e Powell (2006) destacam, em seus
84
estudos, que a reciclagem favorece a redução significativa do impacto, chegando até -2,00 kg
de SO2 equivalente para os processos alternativos, enquanto que o padrão de impacto das
outras etapas juntas chega a, no máximo, 0,5 kg de SO2 equivalente.
Gunamantha e Sarto (2012), em estudo realizado, determinaram que o cenário que
contempla a coleta e envio dos RSU para aterro sanitário, é responsável pela emissão de
0,0221 kg de SO2 equiv./unidade funcional (1,00 tonelada de RSU). Segundo Hong et al.
(2010), a coleta e envio dos resíduos diretamente para o aterro sanitário é responsável por 1,10 kg SO2 equiv./t de resíduo seco, e a introdução da compostagem para a matéria orgânica,
representa -0,30 kg de SO2 equiv./t de resíduo seco.
5.3.4 Potencial de eutrofização
A eutrofização é um fenômeno que pode influenciar os ecossistemas terrestres, bem
como aquáticas. O nitrogênio (N) e fósforo (P) são os dois nutrientes mais implicados na
eutrofização. Potenciais de eutrofização são frequentemente expressos em PO4 equivalentes
(Bauman e Tillman, 2004, citado por Banar et at. 2009).
Segundo Tarantini et al. (2009), o potencial de impacto por eutrofização ocorre
principalmente devido a elevada concentração de nitratos e amônia presente no chorume de
aterro, mesmo que devidamente tratado em Estação de Tratamento. Já Reichert, (2013),
afirma que a eutrofização diz respeito aos impactos potenciais relacionados à concentração
excessiva de macronutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo. Na Figura 26 é exposta a
contribuição de impacto por eutrofização nas diferentes etapas de cada um dos cenários.
Notam-se, através dos dados expostos, que as etapas de coleta e destinação final em
aterro sanitário são os principais causadores de impacto ambiental na categoria eutrofização.
A coleta dos RSU representa uma emissão que varia de 2.155, 59 kg de PO4 equiv./ano para o
cenário atual e cenário 03, e 2.212, 18 kg de PO4 equiv./ano para o cenário 02 e cenário 04. A
variação existente, embora pequena, existe em função do aumento da distância percorrida
pelo caminhão responsável pela coleta seletiva.
85
Figura 26 - Contribuição de cada cenário para potencial de eutrofização
Fonte: Elaborada pelo o autor.
A etapa de aterro sanitário aparece como a principal contribuinte a esta categoria,
emitindo 3.048, 41 kg de PO4 equiv./ano no cenário atual e 2.220, 75 kg de PO4 equiv./ano.
Evidencia-se uma redução de 27,15% nas emissões nesta etapa. Tarantini et al. (2009),
destacam em seu trabalho a geração de pouco mais de 3.000,00 kg de PO4 equiv./ano para a
etapa de aterro sanitário.
A triagem e o tratamento biológico são responsáveis por contribuir com quantidades
muito semelhantes de emissões, as quais representam valores mínimos de impacto. Mesmo
considerando que a matéria orgânica seja passível de compostagem, alguns elementos finais
do processo permanecem, em forma de minerais, causando a eutrofização, e
consequentemente, o envenenamento do solo, do ar e das águas, como no caso de alguns
metais e compostos não suscetíveis de biodegradação (BRANCO, 1989, p. 10).
O aproveitamento dos materiais através da reciclagem proporciona ganho ambiental em
todos os cenários estudados, sendo o cenário 04 o mais positivo em termos ambientais, onde
são 1.718, 40 kg de PO4 equiv./ano são deixados de serem lançados para o meio ambiente.
86
Em estudo realizado por Bovea e Powell (2006), os impactos ocasionados por esta
categoria são mínimos no cenário atual. Neste estudo, os autores também consideraram a
introdução das etapas de triagem, compostagem e recuperação energética, o que ocasionou
que o impacto ambiental por eutrofização fosse totalmente evitado, resultando em valores
negativos em todos os cenários analisados.
5.3.5 Potencial de depleção da camada de ozônio
Ao mesmo tempo em que a camada de ozônio apresenta redução em sua espessura,
evidenciamos uma elevação na quantidade de raios ultravioletas que atingem a superfície da
Terra. Isto provoca como conseqüência, uma elevação no número de doenças, danos a
diversos tipos de materiais e alterações no ecossistema. Kulay (2000) cita que o uso de
aerossóis a base de haletos orgânicos, como o clorofluorcarbono (CFC-11) e seus derivados
são os principais agentes de depleção da camada de ozônio.
Conforme citado por Monteiro (2008), a Organização Meteorológica Mundial (WMO)
desenvolveu o modelo de caracterização utilizado para medir impactos dessa natureza e
definiu o Potencial de Depleção de Camada de Ozônio (PDCO) para os mais diferentes gases
em termos de kg CFC-11 equivalente/kg emissão. Na Figura 27 são expostos os valores
encontrados de contribuição para o indicador, em cada uma das etapas do gerenciamento dos
RSU.
Ao analisar os valores, percebe-se que somente a etapa de aterro sanitário possui
contribuição significativa de emissões. No cenário atual são lançados ao meio ambiente 2,86
kg de CFC-11 equiv./ano e no cenário 04, o qual apresentou uma redução de 41,95% de
emissões, o valor encontrado foi de 1,66 kg de CFC-11 equiv./ano.
Em estudo realizado Bezama et al. (2013), onde foi considerada a construção de um
aterro sanitário para disposição dos RSU, os valores encontrados em relação ao indicador
depleção da camada de ozônio na etapa de aterro sanitário, podem ser resultado de resíduos de
produtos que continham clorofluorcarbonos, usados em aerossóis e refrigeradores. Neste
mesmo estudo, determinou-se que a emissão de CO2 e CH4 produzidos pela matéria orgânica
87
eliminada em aterros sanitários é um fator influente. Neste estudo o cenário que considerava o
envio de RSU somente para o aterro sanitário, representou cerca de 30% das emissões.
Figura 27 - Contribuição de cada cenário para potencial de depleção da camada de ozônio
Fonte: Elaborada pelo o autor.
Rigamonti et al. (2014), determinaram em um estudo realizado que os impactos
encontrados na categoria depleção da camada de ozônio são muito modestos, mesmo variando
os cenários estudados. Os valores encontrados se aproximaram de zero em todas as
alternativas trabalhadas. Hong et al. (2010), expuseram que o envio dos RSU coletados
diretamente para o aterro sanitário, contribuí com 7,47x10-6 kg de CFC-11 equiv./t de resíduo
seco, e com a introdução da etapa de compostagem, o valor obtido foi de 8,30x10-6 kg de
CFC-11 equiv./t de resíduo seco.
88
5.3.6 Potencial de formação de material particulado
Barbosa et al. (2012) expõem que o material particulado possui uma série de
substâncias químicas em forma de partículas que do ponto de vista toxicológico contribui para
o aumento da incidência de doenças respiratórias e do ponto de vista ambiental, contribui para
danos a vegetação e contaminação do solo. As substâncias que mais contribuem para este
impacto é o dióxido de nitrogênio (NO2).
Na Figura 28 são apresentados os valores de impacto obtidos para cada etapa, nos
quatro cenários, para o indicador Potencial de Formação de Material Particulado. Nota-se que
as etapas de aterro sanitário e coleta dos RSU apresentam os maiores impactos,
respectivamente. Já a etapa de reciclagem, em todos os cenários, traz consigo uma redução de
emissões, com consequente diminuição dos impactos ambientais.
Figura 28 - Contribuição de cada cenário para potencial de formação de material particulado
Fonte: Elaborada pelo o autor.
89
A etapa de coleta dos RSU mantém valores de emissões muito próximos nos quatro (04)
cenários analisados: 4.305,00 kg PM-10 equiv./ano, para o cenário atual; e 4.418,60 kg PM10 equiv./ano, para o cenário 04. Já na etapa de aterro sanitário, percebe-se uma redução nas
quantidades de emissões. Isso se deve principalmente a redução de material sendo enviado
para o aterro sanitário e diminuição do consumo de combustíveis pelos caminhões que fazem
a destinação final. O cenário atual contribui com 6.094,80 kg de PM-10 equiv./ano e o cenário
04 com 4.439,70 kg de PM-10 equiv./ano. Esses valores representam uma redução de 27,15%
nas emissões referentes a esta categoria. Em todos os cenários a reciclagem representou
ganhos ambientais, sendo que no cenário 04, deixaram de ser emitidos cerca 5.726,50 kg de
PM-10 equiv./ano.
Fernández-Nava et al. (2014), relatam que a etapa de transporte dos resíduos é
responsável por 0,0685 kg de PM-2,5 equiv./t de resíduos e o aterro sanitário corresponde a
1,2540 kg de PM-2,5 equiv./t de resíduos, em estudo realizado na Espanha. Dong et al.
(2014), em estudo realizado na China, analisaram o cenário atual de gerenciamento dos RSU,
além de mais dois cenários. No primeiro cenário, onde os resíduos são encaminhados para
aterro sanitário, sem coleta de gases, foi observado que este contribui com 7,74E-05 kg de
PM-10/t de resíduo coletado. O segundo cenário analisado, que se caracteriza como o cenário
atual, tem como destinação final dos RSU o aterro sanitário, porém com coleta dos gases com
eficiência de 70% ± 4% e produção de energia elétrica com eficiência de 39,1%. Este cenário
contribui com 3,44E-04 kg de PM-10/t de resíduo. Já no terceiro cenário, foi selecionada a
opção de incineração dos resíduos, com recuperação energética (eficiência de 27%) e emissão
de 0,13 kg de PM-10/t de resíduo.
90
6 CONCLUSÕES
Levando em consideração o proposto na seção 2 deste trabalho, no qual são expostos os
objetivos deste trabalho, serão apresentadas as conclusões da pesquisa. Tendo como base o
Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Urbanos de Santa Cruz do Sul, foi aplicada a
metodologia apresentada na seção 4, e pode-se concluir que:
O estudo de ACV pode auxiliar e contribuir de forma positiva a intensificação de novos
projetos que visem à diminuição de impactos ambientais, fomentando o desenvolvimento da
compostagem ou equipando as usinas de triagem para que esta etapa alcance as metas
estabelecidas.
O cenário atual, o qual foi totalmente caracterizado, tem as suas etapas bem
estruturadas, porém alguns detalhes fazem com que o sistema não opere da melhor maneira
possível. Pontos negativos foram observados, como: falhas na etapa de triagem, problemas
mecânicos em equipamentos – esteira da mesa de triagem e pá carregadeira – sistema elétrico
da Usina de Triagem defasado e falta de mão-de-obra para a realização das atividades de
triagem dos resíduos são alguns dos pontos observados que resultam em acúmulo excessivo
de resíduos na área da Usina de Triagem, conforme exposto na seção 5.1.4 deste trabalho, e
baixa eficiência na recuperação de materiais passíveis de reciclagem.
A caracterização física dos RSU do município permitiu conhecer o percentual de cada
material em relação ao total gerado – papel, plástico, metal, vidro, matéria orgânica e rejeito.
Através deste conhecimento pode-se definir quais as melhores opções de tratamento a serem
implementadas no sistema, como por exemplo: recuperação de materiais recicláveis,
compostagem da matéria orgânica e destinação final. As características encontradas mostram
que o aproveitamento de materiais secos através da reciclagem e o tratamento biológico,
através da técnica de compostagem da matéria orgânica, são etapas viáveis de serem
implementadas. Uma melhor separação dos resíduos as fonte é primordial para que estas
outras etapas tenham sucesso e atinjam a eficiência esperada.
O cenário atual de gerenciamento dos RSU de Santa Cruz do Sul apresentou o pior
desempenho ambiental entre todos os cenários analisados, pois apresentou os maiores
91
impactos ambientais relacionados às emissões para o ar e água, o maior uso de energia e as
maiores quantidades de resíduos sendo depositados em aterro sanitário.
O cenário 04 alcançou o melhor desempenho, com as menores contribuições de
impactos ambientais, menor uso de energia e o mais baixo valor de resíduos encaminhados
para o aterro sanitário.
A destinação final dos resíduos em aterro sanitário mostrou-se como a etapa mais
impactante do sistema de gerenciamento dos RSU, no cenário atual e nos outros três cenários
simulados. Nesta etapa estão envolvidas emissões referentes aos veículos e maquinário
utilizados, degradação da matéria orgânica e geração do chorume.
A etapa de coleta dos resíduos mostrou-se como uma grande contribuinte do sistema,
sendo que nos quatro (04) cenários os valores de emissões de poluentes se mostraram
semelhantes. O aumento da distância a ser percorrida pelo caminhão da coleta seletiva tem
como consequência à elevação do consumo de diesel, o que justifica a pequena variação de
valores de emissões nesta etapa;
Ao aumentar a área de abrangência da coleta seletiva, melhorar a eficiência da etapa de
triagem e introduzir a etapa de tratamento biológico da matéria orgânica observa-se
importantes ganhos ambientais, em especial, a redução de uso de energia e emissões de
poluentes, além da diminuição da massa de resíduos enviados para o aterro sanitário.
A etapa de reciclagem tem uma grande importância no sistema, pois apresenta grandes
benefícios ambientais em todos os cenários analisados, em especial no cenário 04. Embora
esta etapa coopere com a geração de DBO, Sólidos Suspensos, Amônia, Cloreto, Nitrato,
Fosfato e Sulfato, principalmente pela lavagem dos materiais, estas quantidades são pequenas
quando comparadas com as emissões das outras etapas. Estas emissões podem ser controladas
de maneira eficiente com a introdução de um eficiente sistema de tratamento de efluentes que
permita a eliminação da carga orgânica e a oxidação dos compostos nitrogenados;
Os resultados obtidos podem ser usados para quantificar a magnitude de potencial
crescimento nas performances ambientais, relacionados à tomada de decisões no sistema de
gerenciamento de RSU, permitindo alterações e/ou melhorias no transporte, transporte e
disposição final.
92
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TCHOBANOGLOUS, G. et al. Integrated solid waste management: engineering principles
and management issues. EUA: McGraw-Hill, 1993.
XARÁ, S.; SILVA, M.; ALMEIDA, M. F.; COSTA, C. A aplicação da análise do ciclo de
vida no planejamento da gestão integrada de resíduos sólidos urbanos. Emerging
Technologies, 8, 1467 – 1474, 2001.
ZAMAN, A. U. Life cycle assessment of pyrolysis–gasification as an emerging municipal
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ZANTA, V. M.; MARINHO, M. J. M. do R.; LANGE, L. C.; PESSIN, N. Resíduos Sólidos,
Saúde e Meio Ambiente: Impactos associados aos lixiviados de aterro sanitário. In:
CASTILHOS JUNIOR, Armando B. (Coord.). Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos
com ênfase na proteção de corpos d’água: prevenção, geração e tratamento de lixiviados de
aterros sanitários. Rio de Janeiro: ABES, 2006. p. 1-15.
101
APÊNDICE A – Distribuição das datas de realização do estudo de composição
gravimétrica dos RSU de Santa Cruz do Sul
DATA
ESTAÇÃO DO ANO
26/03/2014
28/03/2014
01/04/2014
Outono
03/04/2014
10/04/2014
05/08/2014
06/08/2014
Inverno
07/08/2014
08/08/2014
102
APÊNDICE B - Frequência e período de realização da coleta de RSU na área urbana de
Santa Cruz do Sul
Bairros
Frequência
Período
Centro e Goiás
Diário – Segunda a Sábado
Noturno
Três (03) vezes por semana,
Universitário e Schulz
com intervalo não superior a
Noturno
48 horas
Aliança, Ana Nery, Arroio
Grande, Avenida, Belvedere, Bom
Fim, Bom Jesus, Castelo Branco,
Country, Do Parque, Dona
Carlota, Esmeralda, Germânia,
Faxinal Menino Deus, João Alves,
Três (03) vezes por semana,
Jardim Europa, Higienópolis,
com intervalo não superior a
Linha Santa Cruz, Independência,
48 horas
Margarida, Monte Verde, Rauber,
Pedreira, Senai, Progresso,
Renascença, Santa Vitória, Santo
Antônio, Santo Inácio, Santuário,
São João, e Várzea.
Diurno
103
APÊNDICE C - Frequência e período de coleta dos RSU na área rural do município de
Santa Cruz do Sul
Setor
Setor 01
Setor 02
Setor 03
Setor 04
Setor 05
Setor 06
Setor 07
Localidades
Rio Pardinho, Corredor
Goerck, Balneário Scherer,
Travessa Andreas, Travessa
Dona Josefa, Entrada Panke,
Balneário Panke, Ponte Rio
Pardinho, Linha Sete de
Setembro (até o Balneário)
e Linha Travessa
São Martinho, Paredão,
Linha do Moinho, Alto Boa
Vista, Linha Felipe Nery
Linha Eugênia, Linha
Araçá, Quarta Linha Alta,
Quarta Linha Nova Baixa,
Entrada General Osório
Linha Chaves, Alto Boa
Vista, Arroio do Tigre,
Linha Botão, Linha Vitorino
Monteiro, Picada da Mula,
Cerro dos Cabritos, Arroio
do Leite
Linha Sete de Setembro,
Cerro Alegre Alto, Linha
Áustria (parte)
Monte Alverne, Boa Vista,
Pinheiral, Seival, Linha
João Alves, Linha Nova,
Linha Chaves, Linha Monte
Alverne, Linha Andrade
neves (parte)
Cerro Alegre, Parque de
Eventos, Reserva dos Kroth,
Recanto do Laço e
Autódromo
Frequência
Período
Duas (02) vezes por
semana
Diurno
03 (três) vezes por mês
Diurno
03 (três) vezes por mês
Diurno
03 (três) vezes por mês
Diurno
03 (três) vezes por mês
Diurno
02 (duas) vezes por
semana
Diurno
03 (três) vezes por mês
Diurno
104
ANEXO A- Itinerário de coleta dos RSU
105
ANEXO B - Emissões atmosféricas do cenário atual
(Obs.: Nos números o separador de milhar é “,” e de decimal é “.”)
106
ANEXO C - Emissões líquidas do cenário atual
(Obs.: Nos números o separador de milhar é “,” e de decimal é “.”)
107
ANEXO D - Emissões atmosféricas do cenário 2
(Obs.: Nos números o separador de milhar é “,” e de decimal é “.”)
108
ANEXO E - Emissões líquidas do cenário 2
(Obs.: Nos números o separador de milhar é “,” e de decimal é “.”)
109
ANEXO F - Emissões atmosféricas do cenário 3
(Obs.: Nos números o separador de milhar é “,” e de decimal é “.”)
110
ANEXO G - Emissões líquidas do cenário 3
(Obs.: Nos números o separador de milhar é “,” e de decimal é “.”)
111
ANEXO H - Emissões atmosféricas do cenário 4
(Obs.: Nos números o separador de milhar é “,” e de decimal é “.”)
112
ANEXO I - Emissões líquidas no cenário 4
(Obs.: Nos números o separador de milhar é “,” e de decimal é “.”)
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Dissertação Adan William da Silva Trentin