64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 ANATOMIA FOLIAR DE UMA ESPÉCIE DE Mezobromelia (BROMELIACEAE, TILLANDSIOIDEAE) Adriene S. M. Medeiros¹*, Leonardo M. Versieux² ¹²Universidade Federal do Rio Grande do Norte; *[email protected] Introdução Mezobromelia (Bromeliaceae, Tillandsioideae), possui maior ocorrência na região andina da América do Sul, sendo conhecidas 9 espécies até momento [1], e apenas uma é citada para o estado do Amazonas, Brasil [2]. O gênero partilha características ditas “intermediárias” aos gêneros Guzmania e Vriesea, possuindo hábito epífito ou litófito [2]. Devido à escassez de trabalhos publicados sobre Mezobromelia, o presente estudo visa o melhor conhecimento das espécies do grupo. Novos dados micromorfológicos poderão contribuir para a compreensão do posicionamento sistemático de Mezobromelia dentro das Tillandsioideae, já que ainda há incertezas e controvérsias quanto à sua delimitação [3]. Metodologia Folhas adultas de um indivíduo de M. capituligera, epífito em área de floresta úmida de altitude, na Bolívia, Cochabamba, Villa Tunari foram coletadas (Versieux 467, herb. SP). Seções transversais e paradérmicas das folhas foram feitas ao longo da bainha e da região foliar intermediária (r.f.i.), com o auxílio de lâminas de barbear, despigmentados com solução de hipoclorito de sódio e corados com azul de astra e safranina [4]. As lâminas foram montadas em glicerina e fotografadas em microscópio de luz. Resultados e Discussão abaxial da r.f.i. (10x = 100 µm); (I) Face adaxial da r.f.i. (10x = 100 µm); (J) Corte transversal da r.f.i. (10x = 100 µm); (K) Detalhe do parênquima paliçádico clorofiliano da r.f.i. (100x = 10 µm). O espécime analisado apresenta epiderme com células de parede espessada e tricomas radialmente simétricos, com função de reduzir a evatranspiração [1], além de estômatos localizados em um nível inferior ao das demais células epidérmicas e restritos à face abaxial (Figura). Na região da bainha os tricomas peltados apresentam-se em menor número e já na região foliar intermediária, em maior número, apresentando um padrão enfileirado, exercendo a função de absorção de água e nutrientes [1], e seguem o padrão de outros gêneros de Tillandsioideae [4,5]. Em corte transversal observa-se claramente as câmaras de aeração, que auxiliam na difusão dos gases na fotossíntese [4], alternados com os feixes vasculares, que na região da bainha são cercados por parênquima esponjoso, e na r.f.i. apresentam-se entre o parênquima paliçádico e esponjoso. Conjuntos de fibras de parede espessada adjacentes à epiderme conferem uma resistência mecânica ao tecido foliar [4]. Conclusões O espécime analisado neste trabalho apresenta características adaptativas ao ambiente onde foi coletado, evitando a perda de água e características anatômicas da subfamília Tillandsioideae. A adição das demais espécies do gênero, bem como comparação da sua anatomia com a do gênero Guzmania, permitirão uma melhor caracterização dos taxa e são os próximos passos deste projeto. Agradecimentos Aos Laboratórios de Botânica Sistemática e de Fungos da UFRN, especialmente à Raissa Magalhães, pela ajuda na montagem da prancha de fotografias. Referências Bibliográficas Figura. (A) Face abaxial da bainha foliar, mostrando estômatos e tricomas peltados (escala 5x = 250 µm); (B) Face adaxial da b.f., mostrando tricomas e epiderme (10x = 100 µm); (C) Corte transversal da b. f. (5x = 250 µm); (D) Detalhe do tricoma da região adaxial da bainha (20x = 50 µm); (E) Detalhe do tricoma da região abaxial da bainha (20x = 50 µm); (F) Detalhe dos feixes vasculares da b.f. (10x = 100 µm); (G) Detalhe dos estômatos da região foliar intermediária (100x = 10 µm); (H) Face [1] Benzing, D.H. 2000. Bromeliaceae: profile of an adaptative radiation. Cambridge, Cambridge University Press. [2] Tomlinson, P.B. 1969. Comelinales – Zingiberales. In anatomy of the monocotyledons. Vol 3. Edited by C.R. Metcalfe. Oxford University Press, London. 193-294. [3] Barfuss, M. H. J., R. Samuel, W. Till, and T. F. Stuessy. 2005. Phylogenetic relationships in subfamily Tillandsioideae (Bromeliaceae) based on DNA sequence data from seven plastid regions. American Journal of Botany 92:337-351.. [4] Versieux, L. M., P. M. Elbl, M. G. L. Wanderley, and N. L. Menezes. 2010. Alcantarea (Bromeliaceae) leaf anatomical characterization and its systematic implications. Nordic Journal of Botany 28:385-397. [5] Luther, H. E. 1995. Notas sobre o gênero Mezobromelia. Revista Bromélia 2(1): 3-5.