MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II (EM307) 2º Semestre 2005/06 3. Sinterização F. Jorge Lino Alves 1 [email protected], www.fe.up.pt/~falves Resumo 3. SINTERIZAÇÃO – Introdução à sinterização – Sinterização no estado sólido e em presença de fase líquida – Densificação e crescimento de grão 2 [email protected], www.fe.up.pt/~falves SINTERIZAÇÃO Um pouco de história 1949 GEORGE KUCZYINSKI • Acidentalmente deixou cair partículas de Cu num substrato quente SEM 1950 X5 ∝ t HERRING • Determinar cinética da sinterização R´ Equação de Frenkel x2 ∝ t R R x x´ Velocidade ∝ 1 1 ∝ R t Fluxo viscoso x x′ = R R′ [email protected], www.fe.up.pt/~falves 3 1947-1957 ALEXANDER E BALUFFI (MIT) Utilizaram fios de Cu para desenvolver uma estrutura que continha poros nas juntas de grão 1955 KINGERY E BERG Desenvolveram um modelo para o estádio inicial da sinterização Todos os processos que retirem massa da zona de contacto entre as partículas produzem contracção DENSIFICAÇÃO 4 [email protected], www.fe.up.pt/~falves 5 [email protected], www.fe.up.pt/~falves 1959 KINGERY Desenvolveu um modelo para a sinterização com fase líquida 1961 R. COBLE e J. BURKE (GE) • Descobriram forma de obter cerâmicos policristalinos transparentes • “Explosão” na utilização de aditivos • Coble - modelos para o estádio inicial e final da sinterização - modelos para a sinterização com pressão (HP) - modelo para a fluência (Coble creep) 1967 KINGERY e FRANÇOIS Numero de coordenação e ângulo diedro EFEITOS TERMODINÂMICOS O desaparecimento dos diferentes tipos de poros depende de: 1. Tamanho de grão 2. Numero de coordenação 3. Existência de fases gasosas dentro dos poros Grãos com menos de 6 lados tendem a ser convexos e contrair 6 [email protected], www.fe.up.pt/~falves 1969 R. J. BROOK (aluno de PhD de Kingery) Desenvolveu os mapas de sinterização. Importantes para correctamente definir a forma de densificar um cerâmico 7 [email protected], www.fe.up.pt/~falves Preparação dos pós Pré-Consolidação (prensagem, vazamento, injecção) Pré-forma Compactação Verde Secagem Sinterização COMPONENTE FINAL [email protected], www.fe.up.pt/~falves 8 SINTERIZAÇÃO estado sólido com fase liquida • estádio inicial • intermédio • final • rearranjo de partículas • solução-precipitação • formação de esqueleto sólido ou coalescência Principal vantagem: • Maior resistência mecânica Principal vantagem: • Menor temperatura de sinterização • Mais rápida 9 [email protected], www.fe.up.pt/~falves Vários elementos sólidos têm sido utilizados para modelar as diversas fases da sinterização, no entanto o tetracaidecaedro é aquele que permite resultados mais rigorosos. Tetracaidecaedro G = 2 A = (12 2lp 2 2 3 + 6 )l p V = 8 2l p 3 Estádio intermédio: conjunto de poliedros que permitam uma ocupação perfeita do espaço tridimensional 10 [email protected], www.fe.up.pt/~falves c) Estádios de sinterização descritos por Coble 1. Formação e crescimento de colos entre as partículas (b). d) b) 2. Poros formam canais contínuos ao longo das arestas comuns a três tetracaidecaedros. Migração das juntas b) c) de grão e aumento significativo da densidade (c). 3. Poros ficam isolados nos vértices comuns a cada quatro tetracaidecaedros. Aumento significativo do tamanho de grão (d). d) [email protected], www.fe.up.pt/~falves 11 Crescimento de Grão Tamanho de Grão Densificação Densidade, % 12 [email protected], www.fe.up.pt/~falves Estádios de sinterização com fase líquida Crescimento do grão Dissolução e Reprecipitação Sinterização em Fase Sólida Sem fase líquida Com fase líquida Sistemas bifásicos Rearranjo Parâmetro de densificação, % Sistemas monofásicos Tempo de sinterização, minutos Com fase líquida 1. 2. 3. [email protected], www.fe.up.pt/~falves Dissolução Difusão através do líquido 13 Reprecipitação Alumina sinterizada com fase líquida • Filmes finos (industria electrónica) • Diferentes componentes (refractários, cadinhos, tubos, etc.) Regiões onde existia a fase líquida 14 [email protected], www.fe.up.pt/~falves Densidade, % densidade Tamanho de grão A energia motora (força catalisadora) para a densificação é a “energia superficial”, no entanto é necessário ter em atenção que o grão também cresce. Tempo, minutos G Materiais covalentes são muito difíceis de sinterizar (AlN, Si3N4), pelo que aditivos que geram uma baixa % de fase líquida, desempenham um papel crucial para a obtenção de cerâmicos técnicos de baixa porosidade e elevada resistência 4 µm + 1% C AlN +1%CaO ρ 0.99 CaO forma o aluminato de cálcio (fase líquida) 15 [email protected], www.fe.up.pt/~falves 1. Densificação γsg Considerando partículas cúbicas γsg≥ γgb Metais: γsg≈ 1Jm-2, γss≈ 1Jm-2 Cerâmicos: γsg≈ γss dE=γsgdAsg+ γgbdAgb<0 Ei = γ ∆E=Ef- Ei sg 6G 2 3 M w ( J / mol ) ρG 3G 2 E f = γ gb 3 M w (J / mol) ρG Exemplo M w ( Al 2 O 3 ) = 102 g / mol ρ ≈ 4 g / cm 3 γ sg ≈ 1Jm ,γ −2 gb ≈ 0.5 Jm −2 ∆ E = 230 Jmol −1 G = 0.5µm 16 [email protected], www.fe.up.pt/~falves 2. Crescimento de Grão Gf Gi Pó E i = γ sg 6G i 2 M ρ G i3 w 6Gf 2 E f = γ sg 3 Mw ρG f − 6 γ sg M w 1 1 − ∆E = ρ Gi G f Exemplo se G f >> G i Grãos ∆E ≈ − 3γ gb G i = 0.5µm M ρG i w ∆ E = 300 Jmol −1 ∆ E = 75 Jmol −1 Conclui-se que a energia para ocorrer crescimento do grão é semelhante à energia da densificação, o que significa que a partir do momento em que deixam de existir entraves ao movimento das juntas de grão (fase final da densificação em que os poucos poros se localizam nos pontos triplos), dá-se um rápido crescimento do grão, o que é indesejável. 17 [email protected], www.fe.up.pt/~falves Crescimento de Grão • É um processo activado termicamente que ocorre por migração das juntas de grão na direcção dos seus centros de curvatura. • A força catalisadora para crescimento de grão é a redução da energia livre do sistema, que ocorre à medida que a área dos limites de grão diminui. • A nível local, a força catalisadora para migração das juntas de grão é o gradiente do potencial químico que deriva da diferença de pressão ao longo da superfície curva (a junta de grão) – tensão superficial. Cinética de crescimento de grão é determinada pela taxa de difusão dos átomos através das juntas de grão dG = αvb dt [email protected], www.fe.up.pt/~falves vb = Mb Fb Mb = Fb = Db Ω kTw 2γ b rc 18 Crescimento de Grão em Sistemas Porosos vb = M pM b na M b + M p na Mb << Mp vb = Mb Fb na Mb >> Mp Fb M p vb = na Influencia a densidade final e o tipo de microestrutura obtida 19 [email protected], www.fe.up.pt/~falves 20 [email protected], www.fe.up.pt/~falves