1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ RESUMO DOS TRABALHOS EM ORDEM ALFABÉTICA Adriano Medeiros da Rocha (UFF); GT 3 A TV e o homem do campo: um retrato do meio rural na mídia eletrônica Este trabalho se propõe ao estudo dos processos de comunicação estabelecidos entre a TV e o trabalhador rural, bem como a contextualização da influência do veículo televisivo sobre este telespectador, através de uma análise de caso e pesquisa de recepção do programa Globo Rural na comunidade de Belizário (pequeno distrito da cidade de Muriaé-MG). Inicialmente, o artigo pretende evidenciar as principais alterações sofridas pelo programa televisivo Globo Rural durante os seus 27 anos de exibição e, ao mesmo tempo, estabelecer um parâmetro com as características presentes neste produto midiático atualmente. Além disso, explicitar os mecanismos que diferem o Globo Rural dos demais programas telejornalísticos da TV Globo também é um de nossos objetivos. Logo depois, iremos colocar à mostra e análise dados obtidos numa pesquisa de campo realizada com cinqüenta entrevistados deste interior mineiro, evidenciando sua relação com o aparelho de TV, com a programação televisiva e com seu próprio reflexo, enquanto estereótipo, mostrado no Globo Rural. Aletéia Ferreira, Josiany Fiedler Vieira e Paula Rigo (UTP-PR); GT 2 Emos: os novos punks “paz e amor” O presente artigo tem como objeto de estudo o fenômeno da moda EMO nos blogs da rede mundial de computadores. Fenômeno que nasceu na década de 80 e está presente no universo dos adolescentes brasileiros que apóiam, criticam e que tem coragem de assumir na rede mundial de computadores a não violência e o amor acima de tudo. A moda EMO tornou-se um estilo de vida e possui muitas comunidades no orkut e blogs que tratam do tema. Como a influência do estilo EMO se reflete na comunicação visual de blogs e sites; ícones, tendências e linguagem visual utilizada. Esses elementos visuais contribuem para uma caracterização do estilo do ponto de vista estético. Alexandre Almeida de Magalhães (UERJ), Sylvia Amanda da Silva Leandro (UERJ); GT 4 Rede de comunidades e movimentos contra a violência: realidade e virtualidade. Violência, apesar de constituir um termo um tanto subjetivo, representa algo bastante próximo e palpável na cidade do Rio de Janeiro. Aparecendo, no debate público carioca, na maior parte das vezes, associada ao tráfico de drogas, às favelas e às periferias, é problematizada por meio de reflexões as mais díspares possíveis. Esta breve reflexão irá trabalhar um novo tipo de mobilização e organização popular no Rio de Janeiro. Buscando um enfrentamento da questão da violência policial contra moradores de favelas e a população pobre do Rio de Janeiro, formou-se, por iniciativa de mães de vítimas e organizações comunitárias de diversas favelas, a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência. Trata-se, portanto, de um protesto pacífico e, principalmente, dotado de forte cunho político, como há muito não se tinha notícia com relação a populações marginalizadas no Rio de Janeiro. Constituindo uma novidade em si mesma, a Rede contra a Violência ainda apresenta uma particularidade: o fato de se construir enquanto “Rede Virtual” através da Internet. O objetivo principal deste trabalho será analisar as influências recíprocas estabelecidas entre a “Rede Real” e a “Rede Virtual”. Identificando os personagens que tomam parte e posições em cada uma delas; verificando a dinâmica presente nos contatos e discussões estabelecidas por meio da lista de discussão; e, procurando constatar as vantagens e desvantagens deste novo formato. Todavia, não será abandonado o pressuposto de que as duas são facetas de um mesmo ator social coletivo. 1 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Ana Carolina Ribeiro (UFRJ), Bruna Bakker (UFRJ), Julia Favoretto (UFRJ); GT 2 A construção de uma rock star nacional: mídia, representação e produção de sentidos Nosso trabalho visa analisar a cantora Pitty em seu processo de construção como uma rock star da música popular massiva nacional, estabelecendo relações entre imagem midiática, gênero musical e mercado, a partir, sobretudo, da análise de videoclipes. Utilizaremos para isso conceitos e ferramentas metodológicas da nova área de pesquisa dos stars studies, que propõe a celebridade como um produto de processos econômicos, ideológicos e culturais, evidenciando-se o processo de comodificação da celebridade (celebrity-commodity), de modo a interferir nos processos individuais de construção identitária dos sujeitos modernos, principalmente através de um processo de identificação e representação imagética. Ana Claudia Gusso, Caroline Pimenta (Universidade Metodista de São Paulo); GT 1 A disputa Alckmin x Serra para a Presidência na visão do jornal impresso Folha de São Paulo Este artigo é parte de um trabalho mais amplo envolvendo a visão de diferentes jornais impressos do Estado de São Paulo em relação à disputa pela candidatura à presidência da Republica dos candidatos Geraldo Alckmin e José Serra do PSDB. Neste recorte foi analisado o discurso do jornal impresso “Folha de São Paulo” nos dias que antecederam e sucederam a divulgação do candidato pelo partido. Para tanto, foram selecionados os exemplares diários do jornal nos dias 11 a 19 de março de 2006, analisando o espaço dedicado a cada candidato, considerando fotos, ilustrações, comentários, etc., assim como a abordagem dada a cada um dos políticos, com base na análise crítica do discurso. Além de um breve histórico a respeito do jornal, o artigo tem como objetivo identificar a cobertura da divulgação da escolha e traçar comparativos no tratamento dado às matérias veiculadas sobre o tema, verificando os suportes discursivos – tipográfico/verbal e visual, e identificando possíveis tendências ou a imparcialidade quanto ao tema. Ana Julia Cabral (UFRJ); GT 1 A juventude militante em cena outra vez: o movimento anti-CPE na França e os discursos da mídia brasileira Desde a manifestação de Seattle de 1999, liderada por rostos nitidamente jovens e rebeldes, os movimentos sociais de juventude voltaram a aparecer nos diversos cenários mundiais da luta contra a globalização neoliberal. E, conseqüentemente, voltaram a protagonizar reportagens e fotos em diversos meios de comunicação ao redor do mundo. Um dos momentos de maior impacto do retorno dos jovens à militância foram os últimos acontecimentos de março de 2006 na França. Os jovens universitários franceses, apoiados por sindicalistas, foram às ruas pedir o cancelamento do CPE – Contrato do Primeiro Emprego – que, caso fosse implementado, significaria mais um passo rumo à precarização das relações trabalhistas. Os manifestantes montaram barricadas e houve enfrentamentos diretos com a polícia. As repercussões deste acontecimento na mídia foram muitas ao redor do mundo. Neste trabalho, selecionei algumas matérias publicadas sobre o movimento anti-CPE nos meios de comunicação brasileiros, tanto em veículos da grande imprensa quanto em um site alternativo. A partir desta seleção, desenvolvi uma análise dos discursos dessas variadas mídias sobre os jovens, na condição de grupo social específico. Essa análise reitera, entre outros aspectos, as filiações ideológicas de cada uma das mídias, e revela também a importância fundamental que os movimentos sociais de juventude possuem no mundo globalizado. 2 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Ana Letícia Leal (PUC-Rio); GT 4 Um leitor perdido Do rosto perdido na Paris da modernidade à bala perdida no Rio de Janeiro da atualidade, a cidade tem sido narrada sem parar. Pontuada desde o início dos tempos modernos, a despersonalização tem sido destacada mais ainda no discurso do jornalismo carioca sobre a bala perdida. Assim, o problema urbano tornou-se uma questão narrativa. Nessa perspectiva, o artigo considera a correspondência entre o surgimento das multidões e as primeiras narrativas de enigma um sintoma da ilegibilidade da cidade moderna. Em seguida, aponta no sintagma “bala perdida” uma metáfora da cidade do Rio de Janeiro que seria, sob esse aspecto, um texto ilegível. Observa, então, que o cronista pode desafiar essa ilegibilidade: o Rio ainda pode ser lido – aos pedaços. Como exemplo, destaca-se uma crônica de João Ximenes Braga (O Globo, 2005) que procura responder ao desafio enunciado pela violência urbana. Se, por um lado, a bala é perdida e, por outro, o cenário é maravilhoso, o cronista realiza sua própria leitura da cidade, expressando, justamente, a aparente incompatibilidade entre os signos. O Rio de Janeiro permanece, portanto, uma cidade escrevível e habitável – no discurso de um leitor perdido. Ana Lúcia Morais (PUC-Rio); GT 4 Televisão e meio rural: cartografia da recepção numa localidade que “não está no mapa” Este trabalho pretende registrar os primeiros resultados de uma pesquisa empírica sobre Vista Alegre, localidade rural de Santa Maria Madalena, município de 10 mil habitantes, situado no centro norte fluminense. O estudo refere-se a uma cartografia da recepção dos discursos da mídia, em especial a televisão, entre as famílias de produtores rurais desta comunidade, que passou a ter luz e a receber o sinal da televisão em 2001. A proposta tenta compreender de que maneira as relações sociais se modificam e se restabelecem nesse contexto específico, uma comunidade rural distante do município de origem, onde não há comércio e as únicas edificações diferentes das casas de roça são a escola municipal e a sede da Igreja Assembléia de Deus. A pesquisa preliminar não toma como referência um programa de televisão em especial, mas as preferências individuais e procura, assim, particularizar, partindo-se do pressuposto de que o postulado da homogeneização é apenas uma desculpa para tratar a todos como iguais, num mundo que se pretende cada vez mais conectado, cada vez mais globalizado. Trata-se de verificar a possibilidade de se colocar em prática um olhar sobre a recepção que seja provocado por leituras diferenciadas dos produtos exibidos pela televisão, um olhar que contribua para que as complexidades se façam presentes. Ana Paula Ladeira Costa, Gleice de Divitiis (Universidade Metodista de São Paulo); GT 3 Jornalismo utilitário: um estado da arte do gênero no Brasil Trata-se de uma pesquisa que evidencia um gênero jornalístico muito praticado na imprensa porém pouco estudado nas escolas de Comunicação brasileiras: o jornalismo utilitário. Também conhecido como jornalismo de serviço, este gênero tem como principais características a responsabilidade social e o compromisso constante em transformar a vida das pessoas mais prática. Objetivou-se aqui, delinear um conceito para o gênero, compreender suas características dentro de cada mídia e apresentar o estado da arte sobre o assunto no Brasil. A importância deste trabalho reside no fato de que o Jornalismo Utilitário é um objeto de escassa bibliografia e pesquisa no âmbito acadêmico, apesar de sua grande aplicação na prática jornalística, o que apontou para a necessidade de sua legitimação nos estudos de Ciências da Comunicação. Na tentativa de se conceituar o jornalismo utilitário, realizou-se uma pesquisa bibliográfica abrangendo livros, teses, dissertações e artigos científicos. Verificou-se que o estudo do gênero no Brasil é tardio, que ainda faltam conceitos precisos para defini-lo, mas que alguns pesquisadores do país já destacam a necessidade de se emancipar o jornalismo utilitário do 3 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ gênero informativo. Ana Rosa Lattanzi (UERJ); GT 4 Blogs, Flogs, Orkut: mediações digitais de pertencimento comunitário. A velocidade em tempos contemporâneos estabelece novas configurações para (com)partilhar idéias, estilos de vida, consumos culturais e tantas outras modalidades experienciadas no cotidiano. A noção de localidade apresenta-se imprópria, a priori, face à compressão tempoespaço engendrada pelos veículos de comunicação com tecnologia digital (Harvey, 2002). No entanto, observamos que, a despeito da incorporação no cotidiano desses meios digitais de comunicação, uma cultura comunitária local, com traços de resistência apreendidos no cotidiano dos envolvidos, impõe-se a fim de ressignificar os seus usos como alternativa de coesão do grupo. Este artigo propõe a reflexão sobre as práticas e usos de celulares e Internet por jovens moradores da sub-localidade da Candelária, complexo de favelas da Mangueira, na cidade do Rio de Janeiro. Dessa forma, serão privilegiados os usos dos aparatos tecnológicos comunicacionais, sobretudo a utilização dos programas de bate-papo, comunidades virtuais e a criação de blogs e fotoblogs como mediação digital de pertencimento comunitário. André Custódio Pecini (UFRJ); GT 5 Mediação técnica, redes de parceria e dispositivos móveis de comunicação A crescente disseminação da Internet e dos dispositivos móveis de comunicação traz mudanças nas mais diversas atividades cotidianas, inclusive nos modos de sociabilidade. É notável a imbricação do espaço informacional com o espaço físico, ao mesmo tempo que algumas dimensões da sociabilidade são baseadas em interações mediadas eletronicamente. Partindo dos questionamentos dos estudos científicos sobre o isolamento de política e subjetividade da tecnologia e dos objetos, pretende-se analisar a atividade e comunicação mediada eletronicamente relativizando os papéis político e tecnológico de seu desenvolvimento. Uma alternativa seria abordar em simetria os agentes humanos e não-humanos que participam de dada ação. Desta forma, é possível questionar o determinismo tecnológico – que atribuiria às propriedades dos meios o potencial de mudança – e a projeção social – que analisaria a tecnologia como essencialmente neutra e determinada socialmente de acordo com seu contexto de desenvolvimento. Os objetos do estudo são algumas redes de parceria (fóruns de discussão, redes de compartilhamento de arquivos e grupos ativistas), levantando algumas questões e hipóteses sobre as relações estreitas entre indivíduos, sociedade e tecnologia nos grupos estudados. Anna Carolina da Matta Machado (UFRJ); GT 6 O espetáculo do risco: Tiros em Columbine e justiça em foco Em especial nas últimas duas décadas a problemática do risco – termo que inclusive aparece numa das várias definições da sociedade contemporânea (dita pós-moderna, hipermoderna, do capitalismo tardio, de predomínio da mídia, sociedade do risco) - vêm tornando-se central nas discussões acadêmicas em países centrais e periféricos. No sentido de uma teoria social e de um diagnóstico de cultura, o conceito de sociedade de risco designa um estágio da modernidade em que começam a tomar corpo as ameaças produzidas até então no caminho da sociedade industrial (Beck et al., 1995). Neste cenário, a prevenção do risco, apoiada, em geral, na idéia de que os indivíduos têm a capacidade de vigiar e de antecipar a ocorrência de fatos indesejáveis, é alçada ao posto de questão de primeira necessidade. Este artigo tem como objetivo principal identificar de que forma dois documentários recentes, a produção norte-americana Tiros em Columbine, de Michael Moore - abordando a obsessão daquela sociedade por armas de fogo -, e a película 4 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ nacional justiça, de Maria Augusta Ramos - que torna visível o cotidiano no Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro a partir da investigação da rotina de defensores públicos, juízes, promotores e réus - tratam a questão do risco, sua prevenção, combate e espetacularização na contemporaneidade. Ariane Holzbach (UFF); GT 1 “Gente de toda a parte foi ver o ex-metalúrgico virar presidente”: imagens que O Globo construiu de Lula no dia da posse Este trabalho tem como objetivo verificar que tipo de imagem foi construída pelo jornal carioca O Globo referente a Luiz Inácio Lula da Silva no dia de sua posse como presidente da República. Para tanto, como objeto de análise, o presente estudo utilizou a edição do dia 02 de janeiro de 2003 do jornal, que marca a repercussão do Dia da Posse, ocorrida em 1º de janeiro de 2003. O estudo mostra que o jornal reforça o senso comum que se tem do novo presidente, mas vai além, concedendo-lhe novas imagens. Essas novas características ainda não estão enraizadas no imaginário brasileiro porque são recentes, mas a tendência é que O Globo ajude a reformular o senso comum de Lula. Além disso, o estudo verificou a presença do conceito de herói do tipo salvador em quase todas as matérias, mostrando que a maneira como o jornal se refere a Lula o iguala a um mito profético, do tipo que vai acabar com todas as mazelas e que carrega em si o conjunto das esperanças coletivas. O trabalhou utilizou o conceito de salvador desenvolvido por Raoul Girardet (1987) em suas pesquisas sobre mitos políticos, além dos estudos de Roland Barthes (1987) e Antônio Gramsci (2004), entre outros. Beatriz Polivanov (UFF); GT 1 Relações de poder e rádios comunitárias A partir da observação participante do “V Fórum Estadual em Defesa das Rádios e Tvs Comunitárias” que ocorreu em 20 de abril de 2006 no Palácio Tiradentes, Rio de Janeiro, este trabalho preliminar buscará promover uma reflexão acerca de como parecem se dar as interações político-sociais entre representantes das chamadas rádios comunitárias e representantes do governo federal (mais especificamente, do Ministério das Comunicações). Serão averiguados quais são os agentes envolvidos nas negociações, seus interesses, suas reivindicações e as problemáticas que se apresentam, a fim de que se possa discutir sobre as estratégias de controle e poder utilizadas por ambos os lados. Pretende-se, para tal, primeiramente problematizar a conceituação das rádios comunitárias e apresentar alguns dos conflitos que os agentes enfrentam. Posteriormente se buscará entender a questão das rádios a partir de três aportes teóricos: Marx, Bourdieu e os Estudos Culturais. Dessa forma, o presente trabalho busca contribuir para o estudo de mídia comunitária no Rio de Janeiro. Bruno Brito de Azevedo (UFPE); GT 2 A resenha na revista Bizz O objetivo desse estudo foi analisar como são escritas as resenhas em uma revista dedicada à cobertura do universo artístico-musical na tentativa de identificar se há diferentes estilos de resenha e se há predominância de alguns deles entre os demais. O meio de comunicação escolhido foi a Revista Bizz, de propriedade da Editora Abril, e os objetos de estudo desta pesquisa foram as 48 resenhas escritas nas seções Barulho e Lançamentos publicadas nas edições de números 192 (set./2005), 196 (dez./2005), 197 (jan./2006) e 200 (abr/ 2006). A metodologia utilizada foi a análise de conteúdo proposta pela pesquisadora francesa Laurence Bardin (1988), porque oferecia a análise categorial, na qual as resenhas puderam ser classificadas e depois reagrupadas em número reduzido de categorias. Classificamos as resenhas de acordo com as categorias descritas por Bond (1962) e Piza (2004). Partimos da observação de que, Segundo 5 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Piza (2004), seria mais comum encontrar nos veículos de comunicação a resenha impressionista, na qual o jornalista descreve suas reações mais imediatas na avaliação de uma obra de arte ou de um produto cultural. Da classificação das resenhas da Revista Bizz, destacamos que o resultado da pesquisa indica outro modelo de resenha como mais usado na avaliação de obras de arte e produtos culturais. A Resenha Autor, na qual quem é avaliado é o criador da obra, apresentou uma ocorrência maior entre os textos analisados. Constatou-se também a predominância do rock como estilo musical avaliado nas resenhas e a predominância de resenhas que avaliam a música estrangeira. Carla Baiense Felix (UFRJ); GT 3 O lugar – e o entre-lugar – da favela no espetáculo midiático: uma análise do noticiário sobre a Maré nos jornais O Globo e O Dia entre 2001 e 2006 O discurso midiático sobre a favela carioca tem se caracterizado, nos últimos anos, essencialmente pela espetacularização. Recortes sobre a violência e o tráfico de drogas tomam conta dos noticiários, criando uma narrativa que se sobrepõem à realidade. Pelas bancas de jornal, no rádio do carro ou em frente às telas da TV e do computador, a audiência lê, ouve e assiste cenas de um documentário espetacular, um triller sangrento cuja ação se passa a uma distância assustadoramente pequena. Para entender a origem do espetáculo que nos é apresentado diariamente, é importante recorrer a Debord, que identifica a raiz do fenômeno na dramática mercantilização da sociedade (DEBORD, 1997:21). Menos pessimista, Douglas Kellner (KELLNER, 2005) propõem uma crítica que analisa as formas de cultura espetaculares no que contém de dominação e no que possibilitam de democratização. Neste trabalho vamos tentar entender o fenômeno, seu contexto e suas significações, estendendo a crítica de Debord e seus seguidores e incorporando as teorias sobre hibridismo e pós-modernidade. Nossa análise vai se concentrar na cobertura midiática sobre a Maré no período de 2001 a 2006, nos jornais O Globo e O Dia. A abordagem privilegiará os temas mais recorrentes e as “zonas de contato” (PRATT 1999:27) entre a favela e o asfalto para responder a pergunta: é possível romper a lógica do entretenimento e estabelecer um encontro real entre a favela e o asfalto através da grande mídia? Carlos Henrique Galvão Biscardi (UERJ); GT 4 Dia de craque na Copa: uma experiência da utilização de espaços urbanos pela mídia como forma de sociabilidade e articulação cultural Este artigo investiga especificamente o especial “Dia de craque na Copa” a fim de verificar se este programa utiliza, de fato, o espaço urbano como forma de sociabilidade e articulação cultural. Como resultado, foi verificado que “Dia de craque” apresenta um formato inovador que estimula a sociabilidade através do esporte, bem como articula diversas culturas pelo universo simbólico do futebol. Ao optar por transformar pontos turísticos e de grande circulação da Alemanha em cenário para o programa, “Dia de craque na Copa” transporta a atmosfera dos jogos de futebol para praças, ruas e avenidas das cidades alemãs, onde são recriadas as grandes jogadas que foram realizadas dentro dos gramados. Cabe ao “articulador”do programa, Eduardo Elias, escolher e transformar pessoas que passam pelo local em craques, narradores, árbitros e outras personalidades que fizeram parte do noticiário esportivo recente. Juntas, pessoas de diferentes nacionalidades, uniformizadas, criam caricaturas, interagem, recriam grandes jogadas e numa grande torre de babel, a cidade, o espaço urbano ganha, ali, outro significado. Inicialmente fazemos algumas considerações sobre processos de sociabilidade, cultura e do espaço urbano como produtor de sentido. Elaboramos definições mínimas que nos possibilitam articular as possibilidades de um produto midiático em promover práticas culturais no meio urbano que atuem de forma significativa em processos de sociabilidade e articulação cultural. 6 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Cláudia Góes (UFRJ); GT 4 O choro na Lapa - comunicação, movimento musical e revitalização do Rio Antigo. Análise da relação da música popular com o processo de revitalização da região denominada "Rio Antigo", no Centro histórico Rio de Janeiro. Avaliou-se em que medida o movimento musical do samba e do choro colaborou de forma significativa na revitalização do bairro da Lapa na última década. Parte-se do pressuposto de que a reocupação do bairro está sendo redefinida pelas novas casas de espetáculo (e também por projetos urbanísticos do Estado e pelo mercado imobiliário). Nas últimas décadas, a região do Rio Antigo - que compreende a Lapa, Praça Tiradentes e Cinelândia -, está se reestruturando e desenvolvendo atividades econômico-culturais através de casas noturnas, centros culturais, bares e restaurantes, dedicados a tocar diversos estilos musicais onde o samba e, especialmente, o choro são destaques. Isto é, o sucesso alcançado por essas casas noturnas - que em grande medida realizam concertos ao vivo de choro - é um dos principais responsáveis pela reocupação dos antigos casarios reformados e dos novos espaços socioculturais criados. Este movimento social que gira em torno da música está revelando uma região com uma economia bem definida, baseada na música, no entretenimento, no turismo e na gastronomia. Cláudia O’Connor dos Reis (UERJ); GT 5 Helenbar: o fotolog como espaço artístico contemporâneo Este trabalho pretende analisar as imagens do fotolog Wonderland como um exemplo de apropriação e ressignificação dos meios de comunicação pela arte contemporânea. O objetivo é o de refletir sobre o papel do artista em sua interação com as novas tecnologias e as discussões que tal dinâmica acarreta. A principal questão a ser analisada é a idéia de fim de autoria, conseqüência da prática da criação coletiva, que vem se tornando cada vez mais comum na arte contemporânea. Isso porque, atualmente, a criação de determinados trabalhos artísticos envolve a tal ponto o uso da tecnologia que o artista necessita da colaboração de profissionais de áreas como engenharia, informática, matemática e medicina para conseguir por em prática suas idéias. Outro fato envolvido na idéia de fim de autoria seria o processo de interatividade, em que o público, o espectador da obra pode manipular e alterar a mesma. Também será comentada a questão da participação do corpo do artista na obra e em interação com as novas tecnologias. Cláudia Sendra (UERJ); GT 5 Mídia, erotismo e tecnociência: reflexões sobre a representação da mulher desejável na comunicação contemporânea Valendo-nos do caminho aberto por autores como Espinosa, Nietzsche e McLuhan, entre outros, que detectaram a dinâmica permanente da plasticidade corporal, propomos neste artigo algumas reflexões sobre os impactos da tecnociência no que diz respeito a uma determinada estética que vem sendo apresentada nos meios de comunicação. Nosso foco é direcionado às representações de corpos femininos que sofreram visível e assumida intervenção e que são ostensivamente veiculadas na mídia como arquétipos de erotismo. Formulamos questões referentes às maneiras com as quais a comunicação de massa conjuga esforços com a cultura digital para construir uma representação de corpo erótico ancorada numa estética notoriamente artificial. Referimo-nos a uma mensagem que vai além da permissão para a ostentação da tecnologia no corpo. O que a mídia parece construir é uma associação da imagem do corpo desejável ao consumo da técnica; o remodelamento da imagem passa a ser não só autorizado, mas também prescrito para a viabilização de uma determinada visibilidade social. Estabelecendo relações entre meios de comunicação, tecnologia estética e erotismo, o texto apresenta a hipótese de que à medida que a mídia coloca em evidência corpos notoriamente remodelados tecnicamente e os posiciona como 7 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ sedutores, ela se constitui como dispositivo do processo de construção de um imaginário no qual a evidência da aparência reeditada atua como vetor de erotismo na sociedade digital. Cristiane d´Avila Lyra Almeida (PUC-Rio); GT 4 De mão em mãos, ao rés do chão: a crônica e o papel do intelectual em João do Rio. O cronista, como produto da cidade moderna, torna-se peça-chave para a investigação da vida nos centros urbanos. Operário do efêmero, do instantâneo da cidade, ele observa o fruto de seu ofício (que é arte e mercadoria) tragado diariamente pela velocidade da comunicação de massa, de quem também é filho legítimo. Assim, o jornalista Paulo Barreto, pelo exercício diário da crônica, incorporou tanto o “radical de ocasião” (a expressão é de Antonio Candido [1980]), como o dândi irônico e crítico dos salões de bom tom, no Rio do início do século XX, exercendo com maestria o papel de interventor social. Ecio de Salles (UFRJ); GT 2 Funk, samba e a produção do comum: diálogos, sons e interações. Este trabalho aborda o diálogo problemático entre formas de expressão – o chamado samba de raiz e o funk carioca – a que se atribui uma mesma origem, que é o morro, a favela. Em sambas ou funks muito conhecidos, como “A voz do morro”, de Zé Ketti; ou “Eu só quero ser feliz”, de Cidinho e Doca, são exemplares de uma espécie de reivindicação da referência ao morro ou favela como seu “lugar de origem”. No que diz respeito à sua dimensão plástica e material, são dois gêneros muito diferentes, cujos produtores e público – os sambistas e os funkeiros –, em geral, nutrem preconceitos uns em relação aos outros (embora o mundo do samba pareça ter menos “tolerância” com o do funk do que o contrário), expressam-se de maneiras distintas, são reconhecidos por públicos igualmente diferentes e até as técnicas de produção, armazenamento e circulação de suas obras são , pelo menos em parte, diferenciadas. No entanto, neste texto, sugiro que há mais pontos em comum entre o samba e o funk que apenas o seu ponto de origem. E que esses pontos constituem formas importantes de produção de subjetividade no ambiente da cidade, especialmente se se dá atenção ao seu aspecto performativo. Ambos falam de formas de estar juntos e não apenas participam do comum, mas também produzem o comum. Destaco, a fim de explicitar o trabalho sugerido aqui, que a não é tratar os dois gêneros isoladamente, mas os raros, porém contundentes, momentos de diálogo entre ambos. Minha preocupação nesse contexto é buscar uma abordagem que privilegie a produção musical que, de um lado, representam uma forma de resistência aos modos opressivos de gestão da cidade. De outro, dão ensejo a experiências e relações sociais capazes de influir em uma nova sensibilidade cultural. Eleonora Carvalho (UFF); GT 1 O jogo da memória: uma reflexão sobre a construção da biografia de Lula no eleitoral gratuito televisivo Falar em política e em democracia no Brasil hoje é, também, falar em mídia. É por meio desta que o processo político ganha visibilidade ampliada. Sob esse prisma, o presente trabalho pretende expor uma reflexão acerca da biografia política midiática. Como objeto de estudos, será analisada a primeira semana da campanha presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT) no horário eleitoral gratuito de TV. Como é trabalhada a questão da memória e da biografia na cena política televisionada? Essa é a questão central sobre a qual se buscará lançar luz. 8 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Elizabeth Maria Mendonça Real (UFF); GT 6 Cinema – Arte – Vida O objetivo deste projeto é flagrar o diálogo travado entre alguns filmes realizados entre o final da década de 60 e o início dos anos de 1980, tendo como parâmetro a aproximação e identificação dos cineastas com o ambiente e a cultura popular urbana, e entre esses filmes e outras manifestações artísticas do mesmo momento, com a intenção de revelar de que forma a ruptura que ocorria na cultura e nas artes afetou o cinema. Nesse momento, arte e vida se confundiam. Desenrolavam-se um forte diálogo e troca de influências entre as várias formas de expressão artística – o cinema, as artes plásticas, a música, o teatro, a poesia. São os próprios limites da arte que se esfumaçam, levando o artista a experimentar com várias linguagens. Foram escolhidos para análise quatro filmes: Câncer, de Glauber Rocha; Copacabana Mon Amour (1970), de Rogério Sganzerla; A Lira do Delírio, de Walter Lima Jr., Exu-Piá, Coração Mágico de Macunaíma, de Paulo Veríssimo. As características percebidas em comum e que constituem o ponto de partida da análise são: a incorporação do improviso; a identificação com o universo popular urbano; a presença do personagem do malandro; a expressão de comportamentos alternativos, que buscam romper com os valores burgueses; a ausência de linearidade; e, unindo todas as características anteriores, a marca da intertextualidade. Os filmes abordados são representativos de um momento de transição de valores e identidades na cultura brasileira, em sintonia com as mudanças ocorridas a nível mundial; momento em que se moldam novas maneiras de pensar e agir e em que se configura uma crise na própria concepção de arte, caracterizando o limiar entre a modernidade e a pós-modernidade. A profunda identificação dos artistas com o universo popular urbano, em seus modos de existência e cultura, expressa a crise de identidade ocorrida no momento. Emmanoel Martins Ferreira (UFRJ); GT 6 As narrativas interativas dos games: o cinema revisitado A maior parte dos games contemporâneos faz uso das técnicas desenvolvidas pelo cinema – como os diversos movimentos e posicionamentos de câmera, o uso da trilha sonora para ressaltar os momentos de clímax, a “câmera subjetiva”, além de uma estrutura narrativa semelhante – na construção de suas histórias e suas estruturas de funcionamento. Ademais, utilizam da interatividade mediada por computador para a troca de dados entre homem/máquina, tornando-se assim um sistema “aberto” a inúmeras possibilidades narrativas, limitado apenas pelo seu banco de dados. A proposta de criação de narrativas interativas por meio dos diversos new media, em especial dos games, vem expandir o rol de possibilidades de escrita de uma história, colocando o usuário/participador na posição de co-autor de uma narrativa, ao mesmo tempo que dela participa, através dos ambientes virtuais imersivos. Ao contrário do cinema narrativo clássico, que se utiliza da decupagem e da montagem clássicas para mostrar ao espectador, no mais das vezes, um desenrolar linear de suas histórias, temos aqui uma situação mais próxima àquela descrita por Borges em O jardim dos caminhos que se bifurcam, onde uma história pode se desdobrar em diversas outras ocorrendo em tempos e espaços paralelos. O objetivo deste trabalho é analisar as possibilidades narrativas interativas presentes nos games contemporâneos, contrapondo-as com as narrativas clássicas do cinema tradicional. Erly Vieira Jr (UFF); GT 6 O instante dos amantes: cinema, corpo e tempo nas periferias do capitalismo flexível A partir da possibilidade de uma reconfiguração espaço-temporal operada pelo cinema deste início de século, este trabalho propõe uma discussão do estatuto do corpo nesse processo, com base nas idéias de “sociedade em rede” (Castells), “sociedade de controle” (Deleuze) Tais conceitos serão aplicados num contexto periférico do “capitalismo flexível”, a partir das 9 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ experiências urbanas em metrópoles fora do eixo Europa/América do Norte, caracterizadas por um certo hibridismo entre a condição apresentada nesse eixo e suas próprias particularidades regionais. Para isso, serão analisadas cenas de filmes dos diretores Hou Hsiao-Hsien (Taiwan), Apichatpong Weerasethakul (Tailândia) e Wong Kar-Wai (Hong Kong). Busca-se aqui contrapor alternativas de se traduzir, através dos meios audiovisuais, a experiência espaçotemporal dos habitantes dessas regiões ditas “periféricas”, uma vez que o pensamento hegemônico na teoria cinematográfica contemporânea concentra-se em filmes produzidos em regiões do planeta cujos habitantes usufruem a quase totalidade das características de uma “modernidade líquida” (Bauman, 2001), comportando-se como consumidores plenos no processo de globalização. Este artigo pretende ser uma aproximação inicial às reconfigurações da linguagem audiovisual operadas em contextos urbanos emergentes, promovendo um diálogo com algumas concepções temporais oriundas da Antiguidade Clássica (cronos, aiôn, kairós), que poderão lançar novas luzes sobre a discussão acerca da inserção corporal no tempo e espaço fílmicos. Fabiana Crispino (PUC-Rio); GT 6 O dispositivo cinematográfico e suas possibilidades: a questão em um recorte da obra de Yann Beauvais Este trabalho pretende travar um diálogo entre uma noção de dispositivo cinematográfico e do lugar do espectador tradicional, e a experiência do cinema experimental, mais especificamente alguns aspectos relevantes dentro da instalação Quatr´un (1993) do artista Yann Beauvais. O que se busca é evidenciar o deslocamento da concepção clássica de fruição cinematográfica e da participação do espectador através de iniciativas capazes de estender e deslizar os contornos e a configuração do dispositivo, tornando-o assim mais amplo e versátil. Serão abordadas questões como o uso da espacialização e da temporalidade, algumas diferenças estruturais entre o cinema clássico e o cinema experimental, o trabalho das imagens em Quatr´un pelo acaso e pela simultaneidade unindo as experiências do cinema experimental e da exibição na forma de instalação, entre outras. Além disso, o aprofundamento formal de Quatr´un e o posicionamento de Beauvais em relação à produção experimental, suas características, rumos e desdobramentos, bem como os elementos que permitem sua hibridização com outras categorias artísticas se mostram pontos de destaque nesta discussão. Fabio Luiz Witzki (Universidade Tuiuti do Paraná); GT 5 Imagem, comunicação e arte: reprodução e incorporação do real pela arte O presente trabalho se propõe a analisar a utilização de imagens técnicas na arte, precisamente no movimento Pop Art dos anos 50 e 60, utilizando como exemplo as obras: Gordon’s Gin de Richard Estes; O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes? de Richard Hamilton e Marilyn de Andy Warhol. A partir das teorias a cerca da imagem de Baitello e da Semiótica da cultura de Bystrina, apresento uma análise descritiva das obras, problematizando a utilização de imagens técnicas produzidas, num primeiro momento, para fins comerciais na propaganda ou no cinema que agora habitam novos suportes e com novos objetivos. Partindo do pré-suposto de que a reprodução “esvazia” as imagens criando ambientes hiper-imagéticos para a um cotidiano cego, o artigo apresenta uma discussão preocupada em entender o processo de resgate ou criação de novos valores e sentidos para as imagens técnicas, a partir do momento em que elas são utilizadas pela arte em ambientes híbridos entre arte e realidade. Além das questões ligadas a soma entre arte e realidade, o trabalho discute a relação entre imagens da realidade urbana e imagens da arte, ou seja: pequenas imagens que pagamos para ver versus grandes imagens que pagam para serem vistas. Após transitar no estudo e na análise das imagens, busco uma luz para a seguinte questão: a arte resgata o valor das imagens vazias da realidade ou, simplesmente, cola a realidade sobre a tela através das imagens. 10 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Fabíola Calazans (UFF); GT 5 Telefone celular: o hipermeio remediador de meios de comunicação O artigo tem por objetivo contribuir para as discussões relacionadas à materialidade dos meios de comunicação, privilegiando o artefato tecnológico, telefone celular, como hipermeio que remedia outros meios. Para tal abordagem, aproxima-se da Escola de Toronto de Comunicação (Innis, Havelock e McLuhan), pois, pretende-se discutir o meio além de suas funcionalidades, enfatizando, assim, suas dimensões materiais, que influenciam as experiências cognitivas, estéticas, sinestésicas e comportamentais. Para tanto, utiliza-se a noção de meio de comunicação, de meio híbrido e de hipermídia abordados por Marshall McLuhan e, por seu discípulo, Robert Logan. A fim de refletir sobre a hibridação do telefone celular, aplicam-se as discussões de David Bolter e de Richard Grusin sobre a dupla lógica da remediação, que oscila entre a immediacy e a hypermediacy, e o princípio da hibridação midiática discutido por Vinícius Pereira. Por fim, propõem-se categorias exploratórias para analisar os meios de comunicação, remediados na materialidade do telefone celular, relacionando-as às percepções táctil, visual e auditiva. Fayga Moreira (UFRJ); GT 4 Por um ‘devir minoritário’ nas favelas: obstáculos à desordem do discurso O ato de falar ocupa um lugar central na experiência humana. Cotidianamente, e muitas vezes sem nos darmos conta, lançamos mão do vigor de tal instrumento de exteriorização. Seja na ditadura ou casualmente nas relações diárias, a imposição do calar parece acompanhada de uma sensação de impotência angustiante. É que o grito contido impede um livre diálogo e afirma a relação desigual entre os interlocutores. Entretanto, no momento em que as barreiras explicitamente impostas ao falar se esvaem, inexistem obstáculos à comunicação? O trabalho parte dessa primeira inquietação para explorar as interdições sofridas pelo discurso no mundo contemporâneo, marcado por uma forma muito peculiar de controle e por uma ocupação excessiva das esferas pública e privada pelos dispositivos comunicacionais, presumivelmente autorizados a comunicar qualquer realidade. A idéia é problematizar a importância atribuída ao “dar voz” às minorias como forma de combate à exclusão em meio a essa atmosfera midiatizada. É o caso de iniciativas – como o site ‘Viva Favela’ e o jornal ‘O Cidadão’, por exemplo – que se auto-intitulam porta-vozes dos moradores de favela, em contraponto ao olhar estigmatizado que prevalece sobre esse espaço urbano. A partir da idéia foucaultiana de que o discurso sofre interdições, antes e durante sua aparição, o objetivo é pensar, não o conteúdo das mensagens construídas e veiculadas nesses meios de comunicação alternativos, mas os dispositivos e as coerções que acompanham essa proliferação de vozes da favela. Felipe Botelho Corrêa (PUC-Rio); GT 4 A crise das fronteiras simbólicas da nação: uma leitura dos filmes Invasões Bárbaras e Caché. O presente trabalho procura apontar algumas das problemáticas que estão atreladas às discussões da crise do Estado-nação como grande referente de significação cultural e, conseqüentemente, propor uma visada que, sob a perspectiva de uma análise que elege como corpus os filmes Invasões bárbaras (2003), de Denys Arcand, e Caché (2005), de Michael Haneke –, tente fazer uma leitura das novas formas de produção de fronteiras simbólicas. Fronteiras que não devem ser encaradas como linhas delimitadoras, mas como diferentes formas de negociação da hibridização cultural. Há indícios, hoje, de que não podemos mais juntar, sincronicamente, dois termos como Estado e nação para designar um caráter político-geográfico e uma identidade cultural. Estado e nação se separam como conceitos, pois se tornam movimentos divergentes que estão emergindo na contemporaneidade. Em muitos casos, quando falamos das atenuações das fronteiras simbólicas, que seriam aquelas definidoras de identidades culturais e que não estariam mais se 11 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ constituindo com base no Estado-nação, temos, por outro lado, também, um acirramento das fronteiras político-geográficas quando falamos, por exemplo, da imigração das populações de países pobres para países ricos. Não se trata, portanto, de analisar o processo de globalização / mundialização como apenas diluidor de fronteiras, mas também como operação de acirramento de tensões. Nesse sentido, os movimentos divergentes que estão gerando novas tensões, e tensões cada vez maiores, são movimentos que passam inúmeras vezes pelo aspecto cultural, aqui enfatizado. Fernanda Barbosa (PUC-Rio); GT 4 Moacir, Macunaíma ou Marcos Pontes: que lugar queremos (podemos) ocupar no mundo? Este trabalho compara duas narrativas de fundação da nação brasileira (as obras Iracema, de José de Alencar e Macunaíma, de Mário de Andrade), concebendo-as como projetos para o Brasil, caminhos apontados por seus respectivos autores como dignos de serem guias para compreender e conduzir a nação. Iracema (mais especificamente seu filho, Moacir) e Macunaíma nos servirão também para pensar um novo personagem de nossa história recente, o astronauta Marcos Pontes que, apesar de não ser um personagem literário, aponta a necessidade de um novo projeto de nação. Se Iracema será a narrativa de fundação típica do século XIX, propondo uma origem pura e um nativismo ingênuo; Macunaíma expressará, em sua falta de caráter, o que Mário observou no brasileiro: a impureza. Uma narrativa de fundação modernista que abandona a essência para apontar um “hibridismo”, e que contrapõe à conciliação o embate. A questão da identidade cultural brasileira será novamente levantada neste início de século com a viagem do astronauta Marcos Pontes no último dia 30 de abril. Afinal, o que queremos para o Brasil? Muitos comparam o astronauta a uma espécie de Macunaíma do século XXI. No entanto, em alguns aspectos, parece ter saído de um romance de Alencar. O que torna Marcos Pontes um personagem comparável a Moacir e Macunaíma é o fato não só daquele ter um pouco destes, mas também por apontar a necessidade de projetos de Brasil que abarquem questões tal como nossa dependência tecnológica e, conseqüentemente, dependências econômica, social e cultural. Precisamos de uma nova narrativa nacional que aponte caminhos nos quais nossa mordida antropofágica nos retire efetivamente desta situação de inanição. O trabalho que aqui se apresenta aposta na análise do discurso jornalístico como um destes caminhos possíveis. Fernanda Cupolillo (UFF); GT 3 Por um mundo de palavras vivas O presente artigo pretende fazer uma reflexão, a partir de Gramsci e de Sartre, sobre como as práticas do intelectual e do jornalista, formados em um mesmo locus social, como “técnicos do saber prático”, distanciam-se em virtude dos diferentes compromissos assumidos socialmente. O artigo pretende expor, portanto, alguns dos motivos, a partir da prática do jornalista, que o levam a se afastar da noção de intelectual, embora, muitas vezes, ele reivindique esse status. Argumenta-se sobre como a incorporação da retórica da neutralidade pelos jornalistas, derivada do racionalismo de que a classe burguesa se tornou representante, constituiu um dos braços para a construção dos pressupostos jornalísticos da imparcialidade e da objetividade. Por fim, argumenta-se, a partir das revistas semanais de informação, Época, Veja e Istoé, sobretudo nas reportagens de comportamento, sobre como essa retórica instaura uma falsa arena de discussão pluralista nesses semanários sustentada por uma visão naturalizadora das relações humanas, valores, práticas culturais e do próprio ser humano. 12 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Fernanda Lima Lopes (UFRJ); GT 3 Auto-referência, discurso e autoridade jornalística A categoria dos jornalistas possui uma determinada autoridade no espaço social. O poder de fala que detêm e o lugar que eles ocupam são fruto de uma série de negociações, muitas delas travadas por meio do discurso. A busca da autoridade não se dá apenas através daquele discurso direcionado ao outro, mas também através do discurso auto-referencial. Neste trabalho, são analisadas matérias sobre um projeto de lei propondo a criação de um Conselho Federal de Jornalismo. Nessas matérias, o jornalista se auto-referencia e, pela forma que ele organiza seu discurso, ele traça estratégias de negociação da autoridade jornalística. Veremos que o debate suscitado nas páginas dos jornais remete ao jornalista de tal forma que enfoca algumas características da profissão e promove associações semânticas com valores tais como “liberdade de imprensa”. Ao mesmo tempo em que usam o espaço da mídia para se auto-referenciarem, os jornalistas também promovem, nessas matérias, uma aproximação com o poder institucional, entendida aqui como mais uma estratégia de negociação da sua autoridade e do seu poder de fala. Fernanda Marques Fernandes (UFRJ); GT 2 O novo rock carioca pede passagem: uma contribuição para o estudo das cenas musicais juvenis Em matérias de jornais de grande circulação, é comum encontrar referências a uma “cena indie carioca” ou a uma “tribo indie” existente na cidade do Rio de Janeiro. O rótulo indie empregado para nomear e diferenciar o público de uma cena e classificar o estilo musical dos grupos que a compõem é freqüentemente questionado e rejeitado pelos integrantes da mesma. O fenômeno indie brasileiro tem sido retratado e encarado, tanto pela mídia como pelos escassos estudos acadêmicos sobre o tema, como uma espécie de cópia de cenas musicais pioneiras existentes em cidades dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Acredita-se que pensar as cenas musicais independentes do Brasil não deve prescindir de uma mera transposição da produção acadêmica relativa às cenas de indie rock anglo-saxônicas. Deve-se, obrigatoriamente, levar em conta as particularidades que o fenômeno adquiriu ao longo de seu estabelecimento e desenvolvimento no Brasil e que são fundamentais para a compreensão de seus processos socioculturais. Este artigo almeja, por meio de exemplos oriundos da cena de rock carioca, encarar as peculiaridades da experiência independente brasileira como um elemento central para o entendimento dos processos de sociabilidade desencadeados dentro das cenas musicais nacionais. Pretende-se tocar em questões políticas e mercadológicas fundamentais para a compreensão do papel desempenhado pela música popular massiva nas esferas da sociedade de consumo contemporânea. Flavia Pitaluga (UFRJ); GT 1 Consumidores sábios se tornam cidadãos: análise sobre um vínculo entre consumo e política pelo viés do conceito de risco É conhecida a discussão sobre os nexos contemporâneos entre política e consumo. O debate de Canclini sobre o assunto talvez seja o mais estudado. Mas há outras discussões pertinentes a este respeito e que se desenrolam a partir do conceito de risco. O presente trabalho tem o objetivo de apontar um outro vínculo entre política e consumo diferente daquele que fala da espetacularização. Podemos perceber este vínculo em pelo menos duas campanhas institucionais recentes. O primeiro exemplo é uma campanha contra a compra de peças de carro furtadas e outro, uma campanha anti-drogas. Em ambos os casos se construía um discurso segundo o qual um prazer individual pode ser responsável por males sociais. Usualmente, a mensagem “diga não às drogas” pedia ao usuário (real ou potencial) a atenção à sua própria saúde: era importante evitar ou deixar de usar determinada substância pois esta poderia acarretar males à sua saúde. As mensagens recentes dizem algo diferente: deve-se dizer não às drogas não apenas como modo de 13 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ cuidar de si, mas principalmente porque nossos hábitos de consumo teriam uma inflexão sobre a coletividade. Além da tentativa de moralizar os atos individuais, este discurso parece propor que a nossa participação social se dá não na arena política tradicional e sim no terreno do consumo. De outra forma, a responsabilidade individual por males sociais não é a inclusão na política, mas o consumo sábio. Gustavo Giareta (PUC-Rio); GT 1 “Humanização” do inanimado: o discurso da publicidade nas significações do consumo Percebe-se nas atividades da comunicação publicitária um recurso discursivo muito utilizado nas tentativas de persuasão e valorização do que é apresentado: o discurso mítico. Pretendendo-se projeções sociais, bens de consumo são inseridos nas peças de propaganda numa trama “mágicototêmica” – termo utilizado pelo antropólogo Claude Levi-Strauss – envolvendo-os em relações cognitivas de passagem entre valores de uso e valores culturais, de modo a motivar significados a eles. Considerando as colocações de Pierre Bourdieu de que a oportunidade de participar da emissão de formas simbólicas confere poder aos grupos que comunicam seus interesses por meio de discursos que circulam socialmente, a pretensão desse estudo é discutir a potencialidade de a publicidade motivar, em seus discursos míticos, significações ao consumo; e de sedimentar, na cultura das sociedades contemporâneas capitalistas, sentidos aos bens que anuncia e ao consumo enquanto fato social. Como ilustração aos argumentos a serem levantados, será abordado brevemente o tema das peças televisivas de sabão-em-pó da marca Ariel - “maridos ideais”-, veiculadas entre os anos de 2002 e 2003. Nelas, os grãos saponáceos do produto são “humanizados”, sendo apresentados com vida e capacidade de resolver problemas referentes à limpeza e à condição dificultosa da dona-de-casa em manter a estrutura de seu lar e de sua família. Procurar-se-á, sob essa perspectiva, fazer algumas reflexões sobre a interferência da magia, dentro das mensagens publicitárias, nas representações que socializam o consumo nos contextos socioculturais contemporâneos. Heitor da Luz Silva (UFF); GT 2 Dos gêneros musicais aos gêneros radiofônicos: uma análise a partir das emissoras de rádio FM do Rio de Janeiro Tomando como objeto as emissoras de rádio FM atuais do Rio de Janeiro, pretende-se promover uma discussão acerca da importância dos gêneros musicais para a configuração dos gêneros radiofônicos. Partindo da observação de que, em sua grande maioria, essas emissoras não são e nem pretendem ser dedicadas exclusivamente a nenhum gênero musical específico, levanta-se a hipótese de elas possuírem uma autonomia estratégica que permite um afastamento em relação às lógicas que perpassam a produção e o consumo dos gêneros musicais inscritos nas canções da música popular massiva. Tal autonomia será então problematizada a partir da percepção de que os gêneros radiofônicos – ou seja, as lógicas que definem um perfil genérico das emissoras – se configuram em torno das canções que veiculam, posto que a programação musical é o principal produto definidor desses perfis. Assim, argumenta-se sobre como os gêneros musicais inscritos nas canções tornam-se importantes para a configuração dos gêneros radiofônicos. Heloisa Neves (PUC-SP); GT 4 Um mapa do encontro: estudo da relação comunicativa corpo-cidade O trabalho proposto se desenvolve na área da comunicação enquanto fenômeno social e humano, pesquisando a relação informacional existente entre um objeto (a cidade) e um corpo (o habitante), via Ciências Cognitivas. pesquisando a relação informacional existente entre um objeto (a cidade) e um corpo (o habitante), via Ciências Cognitivas. A pesquisa usa a metáfora do Mapa (rede comunicacional, diagrama, rizoma) enquanto uma 14 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ representação possível para um fenômeno informacional bastante complexo que é a troca comunicacional entre dois corpos ou entre um corpo e um objeto, nosso caso. Mapear o Encontro consiste em mapear uma relação existente entre duas coisas, e não mapear as consequências dessa relação. No caso dessa pesquisa busca-se entender como se dá o Encontro Informacional entre o Corpo e a Cidade, de que forma Corpo e Cidade se reorganizam plástica e dinamicamente durante esse fenômeno, saindo dele contaminados. Como objeto de estudo, trataremos de um espaço especial na cidade de São Paulo, a rua de entrada do Sesc Pompéia. Como justificativa ao objeto escolhido, podemos destacar a facilidade que esse espaço possui em fazer com que os Corpos se “simpatizem” por ele, ocasionando um Encontro mútuo entre corpo e cidade. As pessoas que por ali passam são necessariamente afetadas pelo espaço, ao mesmo tempo em que elas também buscam interagir com ele Imprimindo suas marcas; o que nos fez pensar que este seria um espaço informacional interessante para análise. Para que o espaço possa ser melhor visualizado haverá apresentação de parte imagética. Como embasamento teórico buscaremos um paralelo entre os filósofos da mente Antônio Damásio, Humberto Maturana e Francisco Varela, ligados às Ciências Cognitivas e o filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari. Hérica Lene (UFRJ); GT 3 O jornalismo e a construção do verdadeiro no campo econômico: uma análise à luz das reflexões bakhtiana e foucaultiana sobre discursos O objetivo deste artigo é articular a construção do verdadeiro no campo econômico e os discursos produzidos pelo jornalismo sobre esta área. A questão que nos instiga é: como as notícias ajudam a construir uma “realidade” sobre o campo econômico? Partimos da premissa de que o noticiário de economia se pauta, principalmente, pelos prognósticos e não apenas pelos relatos de acontecimentos do presente. Com isso, muitas vezes, antecipam situações e provocam mudanças no mercado. O corpus de análise é constituído de edições dos dois principais jornais do país – O Globo e Folha de S. Paulo – de julho de 1994, mês de lançamento do Plano Real, em vigor há 12 anos. Partindo das reflexões sobre a questão da comunicação e do discurso de Mikhail Bakhtin e de Michel Foucault, e de outros aportes teóricos, são analisados alguns aspectos da cobertura jornalística de economia. Igor Sacramento (UFRJ); GT 3 Da escatologia ao padrão de qualidade: a televisão como novo lugar da nacionalidade Este trabalho apresenta as transformações que caracterizaram a programação das emissoras brasileiras, especialmente, da Rede Globo na década de 1970, atendendo a três principais e correlatas determinantes: a centralidade da televisão na política de segurança e desenvolvimento nacional do Estado militar, a indústria televisiva como mais importante segmento da indústria cultural brasileira e o novo gosto de consumo da ascendente classe média. Neste momento, temse que considerar o investimento e o aumento da produção de programas jornalísticos. O Globo Repórter e o Fantástico, lançados em três de abril e cinco de agosto de 1973, respectivamente, são exemplares do Padrão Globo de Qualidade. Pensando, especificamente, no caso do Globo Repórter, fruto da série de documentários Globo-Shell Especial, aponto para a presença de cineastas de esquerda (Eduardo Coutinho, Maurice Capovilla, João Batista de Andrade e Walter Lima Júnior, por exemplo) na produção de documentários e reportagens. Este movimento, possível também por causa desse momento de busca de qualidade televisiva, abre precedente para uma outra questão: as possibilidades e os limites de continuidade de um projeto políticoestético desses artistas na Rede Globo. 15 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Ilana Feldman (UFF); GT 6 Reality show: um paradoxo nietzschiano O fenômeno dos reality shows - e a subseqüente relação entre imagem e verdade - assenta-se sobre uma série de paradoxos. Tais paradoxos podem ser compreendidos à luz do pensamento do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que, através dos usos de formulações paradoxais, concebia a realidade como um mundo de pura aparência e a verdade como um acréscimo ficcional, como um efeito. A ficção é então tomada, na filosofia de Nietzsche, não em seu aspecto falsificante e desrealizador - como sempre pleiteou nossa tradição metafísica -, mas como condição necessária para que certa espécie de invenção possa operar como verdade. É interessante perceber de que modo a própria expressão reality show, através de sua formulação paradoxal, engendra explicitamente um mundo de pura aparência, em que a verdade, a parte reality da proposição, é da ordem do suplemento, daquilo que se acrescenta ficcionalmente - como um adjetivo - a show. O ornamento, nesse caso, passa a ocupar o lugar central, apontando para o efeito produzido: o efeito-de-verdade. Seguindo, então, o pensamento nietzschiano e sua atualização na contemporaneidade, investigaremos de que forma os televisivos “shows de realidade” operam paradoxalmente, em consonância com nossas paradoxais práticas culturais. Índia Martins (PUC-Rio); GT 5 O documentário animado de Chris Landreth e o psicorrealismo O documentário animado pode ser definido como filme de situações e fatos reais registrados em suporte eletrônico, que são utilizados como base para posterior intervenção computacional, que resulta em uma animação. A proposta deste artigo é discutir como o documentário animado Ryan de Chris Landreth subverte a linguagem do documentário e abre novas perspectivas para a utilização dos recursos de computação gráfica, já que não busca representar o real, mas valorizar o ponto de vista do documentarista. Landreth chama este ponto de vista de psicorrealismo, expressão utilizada pelo documentarista-animador para definir a animação e as intervenções gráficas utilizadas para enfatizar atmosferas e sensações no contexto narrativo do documentário. A ênfase dada às atmosferas e à subjetividade dos entrevistados produz uma estética e uma abordagem completamente diferentes do que costumamos encontrar em documentários. Portanto, Landreth subverte o gênero documentário em diferentes níveis: no suporte inovador, quando utiliza softwares de animação, na opção estética, quando nega o fotorealismo e na abordagem, que valoriza a subjetividade em detrimento da objetividade e do realismo, que de acordo com alguns teóricos garantem a autenticidade das imagens num documentário. Janaina Faustino Ribeiro (UFF); GT 2 Notas para uma reflexão sobre crítica musical no Brasil contemporâneo Este ensaio pretende contribuir para a discussão acerca dos parâmetros que norteiam o exercício da crítica musical na atualidade. Para isso, discorre sobre os postulados da crítica cultural, privilegiando os dilemas que se instauram no momento de ruptura com os antigos cânones de análise estética, fundados na modernidade a partir das vanguardas históricas. Problematiza tanto a mencionada perspectiva moderna baseada em pressupostos literários, sociológicos e caracterizada por um olhar universalista e hierarquizante, quanto a postura dita “pós-moderna”, originária dos estudos culturais, de registros relativistas, antropológicos e pautada pela valorização da diferença (pós-estruturalistas). Para se adentrar à discussão sobre valor estético e universalismo, aplicam-se as teorias de Beatriz Sarlo e Andreas Huyssen, entre outros autores. As análises de Silviano Santiago e Otávio Velho, entre outros, são utilizadas a fim de sugerir uma reflexão sobre os limites da abordagem relativista. Por fim, destaca-se que a valoração constitui um instrumento ao qual constantemente recorre-se para realizar a apreciação estética. Por isso, a análise dos critérios que regem tais juízos de valor parece fundamental como forma de pensar a 16 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ cultura contemporânea. Joana Brea (PUC-Rio); GT 6 Cinema e construção de subjetividades: a análise do discurso em Clube da Luta Partindo do princípio que a mídia como um todo é um mecanismo de criação de subjetividades, ou seja, um instrumento criador de modos de pensar, de agir, de ver, de sonhar, o presente trabalho pretende investigar o papel do cinema na produção de discursos que constroem visões de mundo. Para tanto, analisaremos o filme Clube da Luta, cruzando as idéias da narratologia fílmica – critérios de análise do discurso cinematográfico – com as idéias do pensamento de Foucault sobre o discurso. A hipótese desse trabalho é que Clube da Luta, pode ser lido como uma forma de resistência que, mesmo dentro do esquema de produção e distribuição do cinema comercial, quer colocar em xeque o próprio discurso da mídia. João Barreto da Fonseca (UFRJ); GT 5 O snuff movie na TV e a tradição figurativa As cenas de mortes, captadas ao vivo por câmeras de vigilância e aparelhos de telefonia celular, com as habilidades e recursos disponíveis, e transmitidas na televisão, rompem com a tradição figurativa, por serem menos transparentes do que as imagens habitualmente veiculadas. A situação exige uma compensação do déficit de “realidade”, como a criação de um “olho virtual”, do qual é cobrada uma densidade que não é exigida do olho físico, e uma narrativa que tenta “legendar” a imagem, para justificar a diferença entre o que se vê e o que a imagem diz. Sob esse aspecto, o telejornalismo soa como a videoarte, para a qual a fabricação da imagem é mais importante que a imagem, uma vez que, apesar do veículo concebido com finalidades miméticas, as imagens não são índice de coisa alguma. José Ferrão (UFF); GT 1 Oralidade, mídia e práticas sociais na era do rádio: a sedimentação dos regimes orais de processamento da informação no cotidiano dos brasileiros O trabalho propõe o entendimento da oralidade como regime privilegiado de processamento da informação no Brasil a partir da relação entre as práticas sociais dos indivíduos e os meios de comunicação. Ressalta a importância das mudanças no cenário da comunicação no país, com a popularização do rádio - dos anos 1930 até os anos 1950 – para a sedimentação dos regimes orais em que se insere o público brasileiro até a contemporaneidade. A partir dessas práticas cotidianas e do entendimento da circularidade que envolve os regimes de oralidade e escrita, é possível entender como o público consumidor de informação, no Brasil, ao entrar em contato com as tecnologias dos meios, apreende, refigura a realidade e organiza seu pensamento, sua experiência, conhecimento e visões de mundo, os torna públicos ou socialmente conhecidos. O texto aponta para a importância de se considerarem as diferentes negociações e apropriações das mensagens entre o público e os meios de comunicação, através do método interpretativo dos vestígios ou “espaços em branco” deixados pelas textualidades múltiplas, a exemplo daquelas encontradas em documentos impressos, fonográficos e audiovisuais datados, como instrumentos para a reconstrução, no presente, das práticas culturais perpassadas pelo oral e o escrito. 17 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Juliana Farias (UERJ); GT 4 Da ‘capacidade antropofágica’ dos movimentos sociais Esta comunicação apresenta resultados parciais da pesquisa relacionada à minha dissertação de mestrado, intitulada “Estratégias de visibilidade, política e movimentos sociais: reflexões sobre a luta de moradores das favelas cariocas contra a violência policial”. Entendendo que não existem regras fixas capazes de delimitar ‘onde’, ‘como’ e ‘quando’ a política acontece, meu estudo tem como objetivo principal examinar os formatos de atuação da “Rede de Comunidades e Movimentos contra Violência”, focalizando especificamente as estratégias que apostam no poder de comunicação das imagens. Nesse sentido, tenho investigado como estão sendo elaborados novos ‘idiomas de ação’ utilizados para denunciar a violação dos direitos humanos, exigir justiça, reivindicar acesso à cidade e também para descriminalizar e legitimar a luta de moradores de favelas contra a violência policial que os atinge. Durante esta pesquisa, percebi que novos formatos de atuação estão se construindo através da absorção e da reelaboração de elementos que compõem vocabulários políticos variados; através da assimilação crítica da experiência do outro – sugerindo uma espécie de reedição da antropofagia modernista e me fazendo pensar na idéia de uma ‘capacidade antropofágica’ dos movimentos sociais. Nesta comunicação, portanto, a partir de aspectos relacionados ao meu objeto empírico, pretendo discutir como acontece esse processo de atualização das linguagens de protesto. Juliana Krapp (UERJ); GT 4 Da tradição oral à pirataria on-line: lugares invisíveis no Morro da Mangueira Comunicação urbana; cultura popular; cartografia simbólica; emancipação. Mássimo Canevacci usa o termo “cidade polifônica” para designar a multiplicidade de vozes que se cruzam no espaço da urbe, formando uma comunicação urbana essencialmente dialógica. E que, por isso mesmo, constitui a engrenagem básica para o traçado de uma cartografia simbólica - um sem fim de mapas invisíveis que se esbarram, entrecruzam, articulam-se e/ou sobrepõem-se. Neste artigo, vamos analisar como os processos de comunicação servem à construção de uma topografia imaginária no Morro da Mangueira. Na favela carioca, o aparato tecnológico deste início de século, com suas mídias digitais, é incorporado ao cotidiano comunitário, que reinventa os modos de usar os produtos impostos pela “cultura de massa” e, com eles, redesenha as linhas e hachuras de seus mapas cotidianos. Aqui, a diáspora da contemporaneidade é local de brechas, tensões e táticas de sentido – elementos que dão à comunicação e à cultura na cidade um uso social, uma função emancipatória. Assim, acompanhamos o poder das narrativas orais ser transportado para o mundo virtual, carregando consigo o caráter plural do olhar sobre a cidade e sobre os estilos de vida que nela circulam. A reapropriação (muitas vezes clandestina) de instrumentos de comunicação revela uma cultura popular que, longe de ser passiva, é pura substância de produção. Os “lugares invisíveis” onde a vida acontece são delimitados e expandidos a partir dessa força inventiva, dessa insinuação contra-hegemônica da comunicação em todas as suas variáveis – um jogo de bricolagem e resistência, de bricolagem para a resistência. Juliana Lúcia Escobar (UERJ); GT 5 Possibilidades de democratização do processo de produção e recepção de conteúdos e bens simbólicos: a Internet como esfera pública virtual A proposta para este artigo é apresentar considerações sobre as maneiras pelas quais a Internet pode contribuir para a democratização do processo de comunicação midiática. Nossa hipótese é que, uma vez dadas condições técnicas que facilitem a argumentação e a troca de opiniões, pode ser que, no futuro, sejam desenvolvidas iniciativas em que a Internet possa de fato constituir-se 18 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ como uma nova esfera pública política. Nossa premissa é que a interatividade nos meios de comunicação evoluiu, sobretudo no veículo interativo por excelência, a Internet, deixando de restringir-se a votações. Na web uma das primeiras formas de interação ainda presente em muitos sites, e que possui uma interface forte com o que consideramos um dos princípios da democracia é o fórum. E depois dele outros mecanismos comunicacionais vieram e se firmaram, tais como as listas de discussão, comunicadores instantâneos e, mais recentemente, os diários virtuais – weblogs ou simplesmente blogs – além de experiências de jornalismo open source (também denominadas jornalismo participativo ou jornalismo cidadão) e de iniciativas que envolvem escritas coletivas e anônimas como as que utilizam o sistema wiki. Observando-se algumas destas iniciativas, que viabilizam conversações on-line entre sujeitos heterogêneos e experiências de produção coletiva de textos via web, consideramos que a Internet pode estar se apresentando como uma esfera pública virtual em que se desenvolvem discussões sobre assuntos amenos e, geralmente, sem vistas à obtenção de consenso. Juliano Cappi (PUC-SP); GT 1 Poder e símbolo: a historia de uma mídia sonora “A cultura constitui um corpo complexo de normas, símbolos, mitos e imagens que penetram o individuo em sua intimidade, estruturam os instintos, orientam as emoções. Esta penetração se efetua segundo trocas mentais de projeção e de identificação polarizadas nos símbolos, mitos e imagens”. (MORIN, Edgar, 1962:15, 9ª ed.). A mídia vem reestruturando o ambiente sensorial do homem. Atuando diretamente na relação com o outro e com o mundo, age na base da formação do sujeito. Estado e setor privado (economia) desenvolvem suas estratégias para se comunicarem com os cidadãos / consumidores através da mídia, tornando o poder de influenciar pessoas cada vez mais efetivo. A propaganda se consolida como forma fundamental de comunicação no mundo pos revolução industrial. A cultura de massa desenvolve um realismo acético que consolida a relação puramente estética entre o homem e o meio. O sagrado, o mito, a magia, característicos de toda historia da humanidade, são expulsos do imaginário moderno. Porém uma nova mitologia está se criando. Kleber Mendonça (UFF); GT 1 A ágora contemporânea e a máquina de guerra nômade: o jornalismo como campo de realização política Uma rápida aproximação entre o gesto político do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em busca de visibilidade pública e a cobertura noticiosa de suas ações pode revelar em que medida o campo jornalístico se constitui como um dos principais atores políticos dos nossos dias no mesmo momento em que se converte em uma ágora contemporânea. Este artigo parte da idéia de que o jornalismo assume, então, uma forma de saber-poder, nos moldes propostos por Foucault. As ações políticas do MST, por sua vez, desejam perpetrar acontecimentos discursivos, como definidos por Orlandi, capazes de abrir as trajetórias de interpretação para novos sentidos que produzem efeitos metafóricos que afetam a história, a sociedade e os sujeitos na sua dimensão política. Neste sentido, a ocupação de terras, quando transformada em matéria de jornal, se configura tanto em ação política, no campo social, quanto em ação discursiva, no campo midiático. Desta maneira, não será necessário apontar como a imprensa vilaniza o MST; o fundamental será perguntar o que significa este gesto de criminalização. Da mesma forma a chave para o entendimento do contemporâneo não deve ser “pelo que” lutam os sem-terra, mas “como” o fazem. O objeto deste trabalho passa a ser, então, o complexo embate de relações de poder que é posto em prática quando o MST promove uma ocupação que será coberta pela mídia impressa. 19 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Larissa de Morais Ribeiro Mendes (PUC-Rio); GT 3 Notícia, conceito em revisão nos blogs de notícias O ponto de partida deste ensaio é a pergunta “o que é notícia, hoje?” Procuraremos investigar de que maneira as mudanças tecnológicas que permitiram o surgimento de novas formas de jornalismo, na Internet, afetam esse conceito, bem como a própria noção do que é jornalismo. Nossa hipótese é que, assim como as tecnologias que marcaram a virada do século XIX para o século XX interferiram no que se entendia por notícia, a chegada da Internet na virada do século XX para o XXI aprofunda uma crise já em curso na imprensa e recoloca a necessidade de uma revisão do conceito. Como objeto, tomamos os blogs de notícias – a partir deles procuraremos rever os principais princípios norteadores do jornalismo tradicional. Tal reflexão é parte de minha dissertação de mestrado, ainda em curso, que leva o título provisório de “Outras práticas, outras narrativas: jornalismo em transformação nos blogs de notícias”. Lauren Colvara (UNESP); GT 1 Articulações entre mídia, memória, identidade e cultura A mídia é o instrumento utilizado na articulação de uma memória coletiva atualizada em que a cultura e a identidade formar-se-ão por estes discursos. As mobilizações destes quesitos agregam interesses atuais e objetivos futuros de ordem ideológica, política ou socioeconômica. O estabelecimento de uma memória coletiva provinda do convite para uma vida hedonista para a obtenção da transcendência do ser permeada pelos elementos da cultura popular, fragmentos filosóficos e o culto ao tecnológico veiculado pelos meios de comunicação. Sendo capaz de responder todas as angústias do ser e do espaço. A realidade está pautada pela mídia, porque esta constrói as imagens (representações) do mundo em que se vive produzindo ideologias, desta forma detêm o poder sobre a existência das coisas, exatamente pela difusão de idéias, formatação de imagem e criação da opinião pública, conseqüentemente, constrói identidades pessoais ou sociais, o mundo o qual o sujeito está inserido. Portanto, entender como se formaram a atual expressão da realidade (memória), faz-se necessário para o entendimento da identidade e da cultura atual, é o entendimento da expressão midiática. Layne do Amaral (UERJ); GT 5 Os limites do humano: o corpo tecnológico em Gattaca e Matrix O objetivo do presente artigo é observar de que forma as narrativas cinematográficas abordam a questão das tecnologias e sua interação com o corpo humano. Entendendo o cinema como uma forma de arte que pode propiciar não apenas uma experiência estética, mas suscitar olhares outros sobre a realidade, pretende-se investigar como o corpo é representado nas produções de ficção científica. No contexto das sociedades contemporâneas, onde o uso de implantes e próteses já é percebido como algo naturalizado, pode-se notar que os conceitos sobre o que é considerado humano e maquínico começam a sofrer alterações. Analisando-se os discursos dos filmes, observa-se que os novos corpos que emergem, apesar de sofrerem transformações diversas ou mesmo perder sua materialidade em ambientes virtuais, ainda guardam características que permitem sua identificação como humano. Nesse sentido, tendo por base estudos que falam sobre a arte tecnológica e pesquisas que percebem uma recuperação da materialidade nas teorias da comunicação, pretende-se examinar as novas subjetividades que se formam em relação a esses híbridos característicos de uma sociedade tecnológica. 20 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Leonardo de Marchi (UFF); GT 2 Os donos da voz? Reconsiderando as grandes gravadoras na produção de música brasileira. Neste texto, propõe-se a consideração da função das grandes empresas fonográficas, ou grandes gravadoras, na produção musical brasileira. Após anos sendo descritas como elementos corruptores da “autêntica” música nacional, o atual cenário de transformações da indústria fonográfica revela o efetivo papel que estas organizações desempenham na economia da música. Sob a pressão da crescente competição com a produção independente e do argumento de “crise” financeira, surge a necessidade de avaliar de forma justa estas empresas, pois, longe da decadência, elas são centrais para a e na reorganização da cadeia produtiva da indústria fonográfica. Utilizando uma recente literatura que revista o debate sobre as empresas produtoras de música, defende-se o entendimento das grandes gravadoras enquanto agentes sociais que existem num contexto complexo que tanto influi quanto é influenciado por elas. Desta forma, afasta-se a caricatura de meros deturpadores da criatividade, sugerindo, em seu lugar, uma perspectiva mais complexa acerca das conseqüências que as atividades destas empresas apresentam para o meio musical. Com isto, sobretudo, defende-se uma reavaliação da dicotomia entre cultura e comércio que pauta a discussão sobre produção de música na contemporaneidade. Leonardo Rodrigues (UFRJ); GT 5 Post Woman: o gênero feminino no cinema de ficção científica O trabalho analisa a coerência entre as representações de gênero das narrativas cinematográficas de ficção científica e os discursos sobre gênero em voga na sociedade. O objetivo é detectar a forma como a cultura propicia a representação de corpos e de um determinado imaginário tecnológico baseado em híbridos, como o ciborgue, sem abrir mão de discursos dicotômicos como a distinção entre o papel social do homem e da mulher. A idéia é aclarar os termos em que se estabelecem os diálogos entre cinema e cultura, evidenciando até que ponto a representação do corpo na tela pode ser uma representação do corpo social. Leopoldo Guilherme (Estácio de Sá / UERJ); GT 3 Novidades sobre o passado: jornalismo cultural e a cultura da memória Este trabalho tem como objetivo investigar os mecanismos a partir dos quais o jornalismo cultural participa da construção e valorização do passado e da memória urbana, modelando, neste processo, as percepções e representações sobre a relação entre sociedade e história. No intuito de analisar o papel do jornalismo na sociedade contemporânea, discutimos de que maneira os cadernos culturais fornecem formas de classificação, que podem ser interpretados como discursos sobre memória e cultura urbana, e que tornam possível não só a releitura ou resgate de tradições culturais, mas também a criação de novas experiências de tempo e espaço. A partir das teorias de Andreas Huyssen a respeito da “cultura da memória” (a preocupação cada vez maior com a preservação ou recuperação dos vínculos com o passado) e de Stuart Hall a respeito da “centralidade da cultura” (a tendência da sociedade contemporânea de se constituir como uma realidade centrada no caráter discursivo e na produção estética ou simbólica), desenvolvemos a hipótese de que os processos de “musealização” e “culturalização” que caracterizam a sociedade atual tornaram-se determinantes socioculturais da produção do texto jornalítico. Neste sentido, tentamos compreender de que maneira o jornalismo produz uma nova forma de tematizar “cidade”, “memória” e “cultura”. 21 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Lucia Santa Cruz (UFRJ); GT 3 Empresarial é mais legal: como o jornalismo pauta o papel social das empresas hoje O espírito público da iniciativa privada é um dos axiomas da nossa época, consolidado num movimento de intervenção social – a responsabilidade social empresarial. Este artigo discute como o discurso da responsabilidade social empresarial migrou do círculo restrito do ambiente institucional para ser apreendido pelos veículos de comunicação de massa, que criaram produtos específicos para abordá-lo. A análise de jornais, revistas e programas de rádio que produzem notícias sobre o tema aponta ser esse um processo de legitimação da estratégia das empresas enquanto atores sociais que se auto-atribuem um papel essencial no cenário de reorganização da agenda das políticas públicas brasileiras. A transposição não é apenas jornalística, no sentido de narração do fato que se mostra noticiável, mas está impregnada de conceituação política e de um objetivo pedagógico. Simultaneamente, ao celebrar a atuação das empresas, o discurso jornalístico relega ao Estado um papel coadjuvante ou de mero certificador das ações empresariais. Estudar este discurso jornalístico é, portanto, analisar uma nova configuração política que redesenha a relação público/privado, Estado e empresas, sociedade e indivíduo. Ao mesmo tempo, a relevância de pesquisar este universo reside no fato de que a investigação teórica em torno da responsabilidade social empresarial não enfoca as narrativas jornalísticas sobre o tema. Luiz Adolfo de Andrade (UFF); GT 5 O herói informacional. dinâmicas corporais do RPG inscritas no design do jogo eletrônico Os games eletrônicos para múltiplos usuários - MMORPG - vêm se popularizando cada vez mais graças a fascinante proposta de “experiência de vida virtual” que oferece ao jogador. Domínios como este nos parece usar uma lógica bem próxima da estabelecida pelos jogos de RPG. Nos dois casos, o personagem é considerado um alter-ego do jogador e através dele o sujeito pode participar e perceber o mundo da aventura. Neste sentido, o presente artigo busca investigar a maneira que a corporalidade de um herói do RPG pode ser inscrita no design do MMORPG, de modo que não se perca seus efeitos enquanto tecnologia de comunicação essencial para o jogo. Aparentemente, o RPG se destaca pela comunicação oral que é estabelecida entre os participantes, diante do modelo escrito presente nos MMORPGs. Entretanto o computador, pensado como um meio expressivo, pode oferecer recursos para emular o Avatar dos jogos eletrônicos multiplayer ao herói de um RPG, em termos de tecnologia de comunicação. A relação entre os jogadores acaba transbordando para outros ambientes do meio digital, causando uma outra impressão a respeito dos avatares destes games. Para estabelecer esta reflexão, analisaremos os casos de Millenia e Star Wars Galaxies, um RPG e um MMO baseados em ficção científica. Luiz Gustavo Vidal Xavier (UERJ); GT 6 O documentário brasileiro contemporâneo e o impasse da violência urbana: uma discussão sobre o Estado de Exceção O presente artigo é a primeira etapa de um trabalho maior que pretende analisar os rumos do documentário nacional no que diz respeito ao retrato dos impasses na sociedade. Neste primeiro momento de nossa pesquisa, iremos fazer um levantamento bibliográfico a respeito da história e das tendências do cinema de não ficção no Brasil e cruzar com as perspectivas apontadas a partir dos estudos sobre Estado de Exceção. O conceito de Estado de Exceção é utilizado pelo filósofo italiano Giorgio Agamben para demonstrar como os tempos atuais não são de normalidade jurídica, com estruturas públicas ameaçadas e de abandono total dos cidadãos em meio a uma “terra de ninguém”. Numa clara referência à própria crise do Estado Democrático de Direito, a 22 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ defesa da segurança, da liberdade, da democracia, da paz surge como justificativa para a eliminação de qualquer direito, inclusive o próprio direito humano. A generalização da violência urbana tanto por parte da polícia quanto do crime organizado demonstram, em certo sentido, a ineficácia do aparelho político estatal permitindo que certos preceitos jurídicos para não agir dentro da lei, da norma e do direito não sejam levados em consideração. E, nesse sentido, o cinema documentário vem apresentando, hoje, algumas linhas de forças comuns que se esboçam retratando os principais impasses do país. Englobam os mais variados intentos éticos, estéticos, ideológicos, as mais variadas formas de linguagem e também, as diversas formas de representação dessa realidade. Levando em consideração as recentes produções cinematográficas nacionais, percebe-se a perplexidade da explosão da violência na sociedade, principalmente nos grandes centros urbanos. Neste primeiro momento de nossas discussões, iremos utilizar dois documentários: O prisioneiro da grade de ferro, de Paulo Sacramento e Ônibus 174, de José Padilha. Luiza Helena Guimarães (UFRJ); GT 5 Entanglednet: dispositivo panorâmico ativista mediado pelo desejo Na emergência do ativismo, simultânea ao aumento da potência de redes de comunicação, vemos a possibilidade de através da experimentação, criar um dispositivo, Entanglednet, que coloca em curso um fluxo interativo e não-linear mediado por computador, um processo de experimentação onde interferências são agregadas e o acaso e o acontecimento podem ser incorporados. Entanglednet propõe o acesso às imagens advindas de paisagens das janelas do lugar onde ocupamos no mundo, mas o que colocamos em curso é um dispositivo artístico-ativista, que embora se utilize destas imagens as tira de foco pondo em cena o panorama de nossa potência de ação no mundo, através do sistema de comunicação em rede aberta a todas formas de existência. Então, uma linha de fuga está sendo forjada entre os presentes que passam e se substituem, num fluxo que incorpora passado e presente, interior e exterior, sem distância quantificável e qualificável, espaço e movimento, mas também topologia e tempo. Um real constituído da topologia de singularidades nômades, impessoais e pré-induviduais, um indivíduo no mundo e o mundo nele. Lydia Gomes de Barros (UFPE); GT 2 O punk da integração – a cena musical do alto José do Pinho O presente artigo analisa a reelaboração das estratégias discursivas das bandas de rock do Alto José do Pinho, bairro periférico do Grande Recife, a partir da representação desse movimento musical pelos meios de comunicação massivos. Observa que as representações constituídas pelos meios de comunicação de massa do punk rock do Alto José do Pinho terminaram por moldar as inter-relações entre os moradores do lugar, reforçando uma espécie de enquadramento das bandas no espelho midiático, que resultou na legitimação desta cena alternativa em seu território original – onde antes não encontrava acolhida – assim como sua assimilação pelo mercado institucional. Assim, os artistas do Alto abandonaram o niilismo e a fúria marcados historicamente no movimento punk para assumirem o engajamento político e social, através de uma retórica que chamam de construtiva e de atitudes que têm por objetivo a diluição da má reputação do movimento. O que está em foco neste artigo é a produção musical do Alto José do Pinho em sua interface com a indústria hegemônica, e as singularidades dos grupos punks ali baseados em seu esforço visando à conquista de visibilidade e inserção sociocultural. 23 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Marcelo Kischinhevsky (UFRJ); GT 2 Manguebit e novas estratégias de difusão diante da reestruturação da indústria fonográfica Este artigo se propõe a analisar as estratégias de visibilidade adotadas por artistas brasileiros diante do crescente impacto das novas tecnologias da comunicação e da informação sobre as atividades da indústria fonográfica. Para isso, tomaremos como exemplo dois grupos de música pop originários de Recife (PE) – Chico Science & Nação Zumbi e Mombojó, expoentes da cena conhecida como manguebit. Examinaremos as formas de difusão via internet, como redes de compartilhamento de arquivos de áudio (P2P) e podcasting, que emergem como instâncias de mediação, e sua possível complementaridade em relação às mídias estabelecidas. Marcia Paterman Brasil (PUC-Rio); GT 4 Da razão alternativa ou el nombre del hombre muertol: o intelectual no período demográfico da história. A proposta deste trabalho consiste em uma reflexão sobre a concepção do geógrafo Milton Santos do papel do intelectual no “período demográfico da história”, em Por uma outra globalização (Santos: 2000), e à luz do filme de longa-metragem de Silvio Tendler (em processo de finalização), focalizando o pensamento ex-cêntrico sobre a globalização proposta pelo autor em um momento histórico que rejeita as aspirações utópicas e considera a globalização neoliberal o único caminho de internacionalização econômica e cultural, procurando compreender a função que Milton Santos relega ao intelectual na tomada dos atuais meios de produção. Estabelecendo uma leitura da concepção de “intelectual público” proposta pelo autor, enfocando, antes e na aurora da potencialidade de futuro, o papel do intelectual latinoamericano e a concepção do papel do povo, e sua possível idealização, em diálogo com outros autores que discutem a globalização, bem como o esvaziamento, na obra de Milton, da dimensão do intelectual orgânico presente no ideário dos revolucionários da década de 1960 no Brasil, em especial, ligado ao CPC da UNE. Relacionando o pensamento de Santos à condição de deslocamento do Afklarüng no mundo periférico, à “tensão fáustica” do intelectual latinoamericano (Marshall Berman) na conservação do sentido de posicionamento político-ideológico do termo desde Dreyfus. Em diálogo com o filme de Tendler, pretendo ainda observar o tratamento de um intelectual que busca a inserção pela arte no seio da história diante do pensamento de Milton Santos. Marcio Castilho (UFRJ); GT 3 Censura e imprensa nos anos 70: fora da arena política o investigativo entra em cena Uma revisão bibliográfica mostra que a preocupação dos pesquisadores em conceituar o jornalismo investigativo no Brasil é recente. Os estudos já publicados sobre o tema relacionam o boom da investigação na imprensa ao fim da censura militar no país, associando ainda o ressurgimento desse gênero jornalístico às matérias de cunho político. O trabalho tem o objetivo de demonstrar que não há uma relação tão direta, como se supõe, entre o jornalismo investigativo e o fim da censura imposta pelo regime militar. A partir da análise das matérias produzidas no período de maior repressão aos conteúdos informativos no Brasil, percebe-se a construção de um discurso jornalístico denunciador, mas em outras instâncias que não as nitidamente políticas. Assim, os anos 1970, mesmo na fase mais aguda da Ditadura Militar, representaram na chamada grande imprensa a ênfase a um novo tipo de jornalismo, o investigativo, com a publicação de grandes reportagens sobre temas dos mais variados, desde matérias sobre cotidiano e sexualidade até assuntos de cunho ecológico e científico. 24 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Marcus Vinícius Fraga (UnB); GT 1 TV digital e a perpetuação da sociedade do espetáculo: uma análise econômica e política da escolha do padrão japonês O presente artigo pretende analisar o processo decisório de implementação do padrão japonês de TV digital no Brasil. Usamos o embasamento teórico da economia política da comunicação para demonstrar que a decisão pelo padrão japonês está à margem dos interesses sociais por uma democratização da informação. A economia política da comunicação é uma linha que trabalha como idéia central as ideologias por detrás das produções culturais. De acordo com essa linha, as produções culturais dos meios de comunicação de massa são no intuito de criar públicos consumidores de conteúdos, já que a audiência é uma mercadoria vendida para a publicidade pelos produtores de conteúdos. Usamos também o entendimento de sociedade do espetáculo para inferir que o marco regulatório, quando for estabelecido, perpetuará o atual modelo da televisão aberta brasileira, baseado na venda da audiência e que exalta o espetáculo para obter maiores dividendos. Maria Alice Lima Baroni (PUC-Rio); GT 3 Considerações sobre a redundância na expressão jornalismo investigativo A expressão jornalismo investigativo, inevitavelmente, traz consigo a pergunta: o jornalismo não é investigativo? A prática jornalística, por si mesma, não pressupõe investigação? Mas, se todo jornalismo é investigativo e pressupõe investigação, qual o motivo de o diferenciarmos em novas expressões como jornalismo investigativo, grande reportagem, jornalismo ativo. Pretendemos realizar, desse modo, uma travessia, que se inicia pela pergunta: o que é o jornalismo investigativo? Nosso objetivo é abandonar o lugar do senso comum, tomando como ponto de partida a análise de múltiplas vozes de teóricos da comunicação e jornalistas, que pensam a questão ou exercem o ofício do jornalismo. Esperamos, por fim, ao contrário de atingir o ponto final, alcançar um lugar de maior esclarecimento, mas, de modo algum, pretendemos encerrar o assunto. Lembrando a frase do jornalista Ricardo Noblat, para quem a “imaginação no jornalismo serve para que você tente enxergar além do óbvio. Para que você diga mais sem dizer demais,” (NOBLAT, 2005, p. 80) tentaremos buscar o que está além da redundância presente na expressão jornalismo investigativo. Maria da Graça Lehmkuhl Trindade Taguti (UERJ); GT 5 Sexualidades Contemporâneas: Leves, Líquidas ou Gasosas? Identidades sexuais e novas dinâmicas de sociabilidade on-line. Este trabalho visa a discutir novas formas de relacionamentos contemporâneos, identificadas no site disponível.com.br. Constatamos que os participantes usam a página em questão para alternarem, aleatoriamente, suas identidades e /ou processos de subjetivação. Considerando-se alguns perfis analisados, depreende-se que tanto um associado isoladamente, quanto casais de homens e mulheres, de idades e classes socioeconômicas diversas, costumam adotar, indistintamente, posturas homo, hetero ou bissexuais, ativas ou passivas, dependendo dos jogos combinados com os parceiros, e visando sempre encontros reais. Na maior parte dos casos, segundo observamos, as pessoas que atravessam a ponte digital mantêm nos seus intercâmbios concretos os virtuais pseudônimos que os caracterizam na página. 25 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Maria Inês Accioly (UFRJ); GT 5 Efeito de real: a estratégia cognitiva da simulação Este trabalho tem como objetivo enquadrar a simulação no campo teórico da cognição, partindo da seguinte definição de simulação: estratégia cognitiva interativa baseada na produção de efeito de real a partir de modelos. Tal definição, adotada como hipótese em minha pesquisa, apóia-se no pensamento filosófico sobre o simulacro; na tradição das ciências experimentais, que há séculos utilizam a simulação como método de investigação dos fenômenos da natureza; e na tecnologia computacional contemporânea, cujos modelos algorítmicos de simulação encontram amplo emprego na produção de conhecimento, em processos de inovação tecnológica e na educação. Procuro, também, articular a categoria da simulação com teorias formuladas desde o século 19 que incluíram a participação do observador no conceito de cognição, como a tese de Bergson da indissociabilidade entre percepção e ação e o conceito de “enação” em Varela. Marianna de Araújo, Crislan Ferandes Veiga, Maurício Pinto da Costa (UFRJ); GT 4 A formação de intelectuais populares na Maré Existem no Rio de Janeiro 513 favelas e, nelas, mais de um milhão de moradores que representam 18,8% da população da cidade. Para estas comunidades, os meios de comunicação da grande mídia reservam um único espaço em suas páginas e blocos: a seção policial. O discurso que tem lugar na mídia e ajuda a legitimar a visão de uma minoria dominante, faz parte de um conjunto de fatores que acaba por naturalizar estereótipos e favorecer a manutenção da estrutura social de classes em que vivemos. Em contraposição à ideologia conservadora difundida na mídia surgiu um projeto pioneiro no Brasil: a Escola Popular de Comunicação Crítica (ESPOCC). A Escola é um dos projetos do Observatório de Favelas, organização civil sem fins lucrativos que trabalha em prol de políticas para a periferia na cidade do Rio de Janeiro. A ESPOCC foi fundada em setembro de 2005 e localiza-se na favela Nova Holanda, no complexo da Maré. Ela tem como principal objetivo a formação de comunicadores populares (repórteres, fotógrafos e produtores de vídeo), capazes de refletir sobre contexto no qual estão inseridos a partir de uma perspectiva diferente da que é proposta pelos meios de comunicação de massa. A Escola oferece cursos na área de Comunicação (mídia impressa, audiovisual e fotografia) e pretende, juntamente com os alunos, moradores de comunidades e subúrbios do Rio de Janeiro, a criação de meios de comunicação alternativos para veicular um discurso contrahegemônico, elaborando assim, novas formas de representação da favela. O presente trabalho baseia-se em pesquisa desenvolvida a partir do projeto de extensão da Escola de Comunicação da UFRJ, junto à ESPOCC do Observatório de Favelas. Pretende-se mostrar como os comunicadores populares formados na ESPOCC, se encaixam na concepção de "intelectual orgânico" do italiano Antonio Gramsci e como o trabalho desenvolvido por eles constitui-se em uma iniciativa contra-hegemônica, frente ao que é apresentado pela grande mídia. Marta Tejera (PUC-RS); GT 4 Público e privado: alterações na esfera social a partir das novas Tecnologias da Comunicação Este artigo tem o objetivo de propor uma discussão a cerca do tema privacidade, nos dias atuais, a partir do advento de novas tecnologias como a Internet, considerando que uma das tantas alterações sociais produzidas por este suporte esteja, justamente, na idéia de privado e, por conseqüência, no que se tem, até então, como invasão de privacidade. Este artigo investiga a construção do conceito de privacidade, apontando para uma decadência deste princípio e para uma confusão entre as esferas do público e do privado na atualidade que sugere uma possível prevalência da esfera pública, como já registrado em períodos anteriores. O aporte teórico deste artigo indica uma discussão entre autores como Michel Maffesoli, Andrew Shapiro e Jean 26 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Baudrillard que demonstram de que maneira as alterações nos espaços do público e do privado estão se manifestando na atualidade, além disso, se valendo de pesquisadores como Philippe Ariès, Georges Duby e Richard Sennet, apresenta-se um resgate histórico da construção do sentido de privacidade ao longo da história, buscando traçar a maneira como as esferas pública e privada foram construídas até o momento. Matheus Ramalho (UFRJ); GT 1 Perspectivas de cinema e periferia O trabalho “Perspectivas de Cinema e Periferia” aborda a trajetória de teorias e abordagens cinematográficas que pensaram a condição de dominação e subdesenvolvimento latinoamericana, a fim de questionar, na seqüência de crises e reposicionamentos que constitui sua evolução, a atualidade de tais propostas. Investigando desde as primeiras manifestações dos “Terceiros Cinemas”, “Cinemas Imperfeitos” e “Estéticas da fome e do sonho”, até as teorias e estéticas recentes que apostam no “hibridismo” e na “produção da diferença” como formas de representação e questionamento da condição marginal, o texto procura compreender os lugares e as formas pelas quais as diversas “estéticas da periferia” latino-americanas lutaram para expressar e transformar a situação de exploração e desigualdade que lhes dá contexto. Nesse sentido, a observação das “crises e reposicionamentos” que constituem a trajetória de tais propostas permite considerar a sua atualidade histórica e, principalmente, as dificuldades que encontram para acompanhar as transformações do capitalismo e da globalização tecnocientífica, que tornam cada vez mais ambíguas as relações de produção e de poder. Mirella Bravo de Souza (Estácio de Sá de Vitória-ES / UFF); GT 3 O processo de configuração ritual: a inserção de personagens criminais em um continuum fluxo narrativo jornalístico de referência O artigo tem como base uma dissertação que perseguiu como hipótese principal a existência de um único fluxo narrativo em que estão inseridas as notícias sobre Lúcio Flávio Vilar Lírio e Leonardo Pareja. Esse fluxo se divide, para fins de análise, em fluxo do tema e fluxo das estratégias narrativas. O primeiro trata do conteúdo; o segundo, da forma. Os dois se encaixam dentro do processo de configuração pelo agente mediador jornalista-narrador. O pressuposto fundamental é que notícias são histórias, ou seja, construções narrativas. Por isso, apoiada na Tríplice Mimese de Paul Ricoeur, uma concepção que privilegia o processo e indica que a ação narrativa se fundamenta nos três atos miméticos interligados - prefiguração, configuração e refiguração-, estuda a construção das histórias criminais para comprovar a existência do fluxo e descrever como o jornal produz memória e recria mitos. Mônica Carvalho (UFRJ); GT 1 Obesidade e pobreza na mídia: cenas de um debate político na Folha de São Paulo O objetivo deste trabalho é apresentar parte dos resultados da pesquisa de doutorado que discute as relações entre controle dos riscos e mídias. O foco principal é o modo como as mídias abordam o tema da obesidade em sua relação com a pobreza, problema que provoca a dinâmica social de controle dos riscos, baseada na escolha e na responsabilidade pessoal. O nexo entre a obesidade e a pobreza direcionou o trabalho de campo realizado, que parte da seleção de 64 matérias do jornal impresso diário Folha de São Paulo, entre os anos de 1996 a 2005. A partir daí, estabeleceu-se os critérios e os níveis de categorias para a análise das matérias selecionadas. O tema obesidade/pobreza ficou mais evidente nas mídias a partir de 2002, ano de eleição presidencial no Brasil. Com a vitória do então candidato do Partido dos Trabalhadores em 2002 e a implantação do programa social deste novo governo em 2003 – Fome Zero – a relação entre a obesidade a pobreza ganhou importância nos meios de comunicação brasileiros. O auge do 27 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ processo de divulgação e notoriedade deste tema se evidencia em 2004, em dois momentos marcadamente políticos: a eleição para prefeito na cidade de São Paulo e a divulgação da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do governo. O debate promovido pelo veículo apresenta o tema em análise como ponto negativo na avaliação de um agir político dominante daquele contexto, que refletiria um descompasso entre a) o que é apontado como necessidade e agendado como plano de ação pelo governo e b) o que é apresentado pelo veículo como sendo o fato, ou seja, a própria realidade brasileira. Mônica Lisboa Torres (UFRJ); GT 4 O Rio turístico: representações da cidade nos guias de turismo O objetivo deste artigo é o de investigar e mapear as representações da cidade do Rio de Janeiro nos guias de turismo atuais. A partir da análise da evolução da atividade turística na sociedade moderna, esta pesquisa avalia o papel do guia de turismo como veículo fundamental da comunicação turística na mediação das cidades com o imaginário dos viajantes. Através do estudo de seis guias de turismo de grande circulação no Brasil e no exterior, busca-se explorar o território do Rio turístico, levantar aproximações e diferenças nas representações da cidade e examinar que regiões e imagens são incluídas ou excluídas nestes mapas e narrativas do Rio de Janeiro. Nicoli Glória de Tassis (UFMG); GT 3 Jornalismo, literatura e política: fronteiras interpemeáveis na história da imprensa brasileira O presente artigo visa resgatar a história da imprensa no Brasil, mapeando os seus contornos literários e políticos, especialmente no campo da reportagem. Começaremos o nosso estudo com o apontamento dos aspectos formais, ideológicos e estéticos das produções dos escritores jornalistas João do Rio e Euclides da Cunha; passando pelos periódicos de maior importância, publicados entre as décadas de 1920 e 1960; os romances-reportagem do período da Ditadura Militar; até os livros-reportagem contemporâneos. Essa análise se encontra imbricada com os contextos político, social, cultural, histórico e econômico que, em maior ou menor grau, determinaram as escolhas que conformam hoje a narrativa jornalística, especialmente a grandereportagem em forma de livro. Partimos da hipótese de que o livro-reportagem atual é herdeiro da tradição das narrativas realistas brasileiras, iniciada no final do século XIX. Interessa-nos aqui identificar que traços realistas/naturalistas estão presentes na produção jornalística/editorial contemporânea e o seu diálogo com a denúncia dos problemas brasileiros. Octavio Penna Pieranti (FGV) e Paulo Emílio Matos Martins (FGV); GT 3 A imprensa e a revolução da microeletrônica: considerações acerca do conceito de independência face ao cenário de transformações políticas e inovações tecnológicas As transformações por que passam o Estado e a Administração Pública refletem-se nas relações entre os atores políticos e setores produtivos diversos. A redução formal dos atributos do Estado extrapola os limites da máquina pública, forçando a reordenação de ambientes onde o investimento privado, ainda que maior, conviveu em harmonia com o público. Além da questão financeira, modifica-se o paradigma desses setores, ora às voltas com a necessidade de estabelecimento de regulação própria. No que tange à imprensa, defende-se historicamente sua independência e sua liberdade como necessárias ao funcionamento de uma democracia plena e de instituições mais sólidas. A imprensa, nesse contexto, funcionaria não só como divulgadora do que é considerado de interesse público, mas também como fiscalizadora da Administração Pública, assumindo, na prática, o papel de olhar atento da sociedade. O binômio Imprensa Estado no Brasil, e também em muitos países de democracia recente, tem se pautado por uma 28 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ histórica e perigosa relação de proximidade, variando conforme o momento. Em fases marcadas pelo autoritarismo e por regimes de exceção, prepondera uma imprensa açodada pela censura, salvo raras exceções. Em ambientes democráticos, a liberdade de imprensa tende a se afirmar oficialmente, em graus variados, mas, mesmo nesse cenário, limitada por uma dependência das empresas de comunicação em relação ao Estado, graças ao oferecimento de benesses diversas. Este artigo tem por objetivo discutir a relação entre imprensa e Estado no Brasil contemporâneo, à luz das transformações políticas e inovações técnicas e tecnológicas por que passam esses dois atores. Pablo Gonçalo (UNB); GT 6 A experiência da diáspora Análise comparativa dos filmes Lost lost lost (1976), de Jonas Mekas, e Passaporte Húngaro (2001), de Sandra Kogut. Além de serem dois filmes autobiográficos, ambos são perpassados pela temática da diáspora. Entre eles, no entanto, há um lapso temporal, referente à época das filmagens, de cerca de cinqüenta anos. O ensaio aborda justamente os modos como os documentários, sobretudo os autobiográficos e subjetivos, tecem sua representação dos grandes acontecimentos históricos. Sujeito e história, portanto, são interpretados pelos crivos da autobiografia e da diáspora. Sobre o intervalo temporal – histórico e cronológico – o ensaio tenta compreender a singularidade da elipse, como um recurso da linguagem cinematográfica, quando aplicada ao documentário. A passagem do super 8mm para o vídeo também elucida um pouco da relação do sujeito com a imagem e suas mais recentes mudanças históricas. Palloma Menezes (UERJ/UFF); GT 4 Gringos e câmeras nas favelas cariocas Relatos de viajantes das primeiras décadas do século XX revelam que visitar favelas cariocas não é uma prática recente. Contudo, nunca houve um número tão grande de turistas interessados em visitar as favelas como há atualmente: apenas a Rocinha recebe cerca de 2000 visitantes por mês, levados por uma das sete agências que disputam acirradamente o mercado local. Depois que a Rocinha passou a figurar entre os roteiros oficiais da Cidade Maravilhosa, outras favelas – Babilônia, Prazeres, Pereira da Silva, Providência e, mais recentemente, Vidigal – também vêm tentando se organizar para explorarem, de diferentes maneiras, seus “potencias” turísticos . Nesta comunicação pretendo enfocar as interconexões existentes entre fotografia e turismo na favela. Trata-se de um campo de investigação que se construiu ao longo de dois anos durante os quais participei, na qualidade de bolsista de iniciação científica (PIBIC/UERJ), do projeto “Construção da Favela Carioca como Destino Turístico”, coordenado por Bianca FreireMedeiros. Tenho a intenção de realizar uma reflexão comparativa entre fotografias por mim tiradas durante o trabalho de campo, fotos que ilustram os sites das agências promotoras do turismo na favela da Rocinha e fotologs de turistas que já participaram de um dos passeios ali comercializados, para analisar, assim, as dinâmicas socioculturais e identitárias envolvidas na produção e circulação dessas imagens. Como o ato de visitar pontos turísticos no mundo contemporâneo está intimamente ligado à prática de fotografar as localidades visitadas, sustento que nunca houve tamanha produção, reprodução e difusão de imagens da favela como existe nos dias de hoje. Patrícia Saldanha (UFRJ) & Mohammed El Haji (UFRJ); GT 1 Telecentro Santa Marta: um exemplo prático de reordenamento de um processo comunitário carioca Para compreender o verdadeiro valor de novos recursos cognitivos para o desenvolvimento local é necessário lembrar que o papel central da comunicação na nova ordem sócio-tecnológica criou 29 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ uma base material tão inédita para o desenvolvimento das atividades humanas no sistema social, que acabou impondo a sua própria lógica à maioria dos processos comunitários. Neste sentido, a implantação dos telecentros nas regiões menos favorecidas (caso das favelas cariocas) se revelou ser um precioso instrumento para a quebra dos tradicionais mecanismos de opressão que vigoram em nossa sociedade. Trata-se de um valioso recurso tecno-cognitivo capaz de contribuir na reestruturação dos termos das trocas simbólicas e reformular os quadros cooperativos e associativos tanto locais e regionais como globais e transnacionais. Por isso, torna-se fundamental perceber a importância da informatização enquanto reordenamento e rearticulação das instâncias de produção de informação, controle, difusão e acessibilidade, que viram peças chaves no jogo do poder político-econômico atual. Assim, a iniciativa do grupo ECO, um dos órgãos de representatividade dos moradores do morro Santa Marta situado na Zona Sul do Rio de Janeiro, iniciou o primeiro Telecentro do estado. Este centro de informática, além de funcionar como via de democratização da comunicação, democratiza o acesso à informação, funcionando como instrumento de ressocialização positiva de jovens, em contraposição à grande exclusão social e às facilidades oferecidas pelo narcotráfico e pela marginalização. Pedro Vinicius Asterito Lapera (UFF); GT 2 Funk e rap no documentário brasileiro contemporâneo A partir das práticas discursivas ligadas a gênero, classe e etnia, a comunicação pretende analisar o documentário Fala Tu (Guilherme Coelho, 2003). Oscilando entre os modos expositivo e participativo (classificação de Nichols, 2005), as “vozes” explicitadas no filme alçam o homem ordinário a agente de uma história coletiva vivenciada na contemporaneidade. Para tanto, questionam os modos de produção do discurso “oficial” e os estereótipos que recaem sobre os segmentos da população excluídos do poder estatal e de instituições aliadas deste (o que Gramsci nomeou “sociedade civil”). Ao articular novas concepções de justiça social, o binômio “masculino-feminino” e o fazer artístico, o documentário configura um ponto inicial para uma discussão acerca das culturas populares, ora “oficializadas”, ora alvos de uma visão teratológica por parte de uma mídia sensacionalista. Desse modo, sob os signos da “identidade” e do “reconhecimento”, seus personagens articulam um lugar de fala que prioriza o riso e o grotesco ligados a um universo popular, “convidando” o espectador a contestar a relação “homem ordinário-discurso-poder estatal”, na qual se atribui maior poder, via de regra, ao último. Rachel Sodré (UFRJ); GT 4 A cidade como mídia: um estudo sobre a produção de grafite no Rio de Janeiro Este trabalho apresenta os primeiros passos de uma pesquisa em desenvolvimento que será concluída como dissertação de mestrado. Considerando os impactos da transnacionalização do sistema produtivo nas práticas culturais contemporâneas, o artigo examina a dinâmica da produção de grafite na cidade do Rio de Janeiro a partir de pesquisa etnográfica e de acompanhamento de publicações na imprensa e na Internet. Busca-se mapear o cenário do grafite carioca e apresentar os principais grupos que interagem nele, entendendo como se organizam e se relacionam entre si. Visto o grafite como uma manifestação cultural mundializada, produzida por jovens supostamente oriundos das periferias urbanas, tenta-se estabelecer as conexões da grafitagem carioca com o caráter global do movimento, assim como identificar as particularidades que o fenômeno assume nesta cidade. O texto aborda, também, o processo de laminação de subjetividades de que fala Guattari, tentando perceber se, e em que medida, o grafite poder ser admitido como uma linha de fuga à axiomática capitalista. Ademais, investigam-se fricções que parecem existir quando uma prática cultural inicialmente externa aos circuitos oficiais e institucionais de comunicação é incorporada pela mídia, pelo mercado da moda e pela arte canônica. 30 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Rafael Fortes (UFF); GT 3 Tempo e memória nas edições de aniversário de Fluir Este trabalho analisa as edições comemorativas de aniversário da revista Fluir, principal veículo impresso brasileiro voltado para o surfe. Explora de que forma tais edições constroem a memória da publicação, que tem 22 anos de existência, com relação às diferentes temporalidades: passado, presente e futuro. Do ponto de vista teórico, a discussão está centrada no conceito de memória, entendida não como algo que é recuperado ou resgatado em relação ao passado, mas construído a partir de demandas do presente. Renata Francisco Baldanza (UERJ) e Nelsio Rodrigues de Abreu (UFAL); GT 5 O cosmopolita na rede: um olhar sobre a sociabilidade nas comunidades virtuais No mundo contemporâneo, as relações sociais face a face não são mais exclusivas. Com o surgimento e evolução de tecnologias de comunicação como a Internet, é possível aproximar pessoas de todas as partes possibilitando essa interação. Diante disso, uma nova forma de organização comunitária surge utilizando-se dessa nova tecnologia: as comunidades virtuais. Elas envolvem indivíduos que possuem interesses em comum, num espaço onde as diversas culturas se misturam. A partir dessa possibilidade de contato e de trânsito de seus membros por vários ambientes virtuais e principalmente de interação entre pessoas de locais e culturas diferentes, pode-se vislumbrar a Internet, e em especial as comunidades virtuais como potencializadoras de uma nova forma de cosmopolitismo. Este artigo, elaborado com auxílio de revisão bibliográfica, busca trazer reflexões acerca dessas questões, buscando entender a utilização das comunidades virtuais por indivíduos de locais e culturas diferentes, apontando a possibilidade de ser pensar em aspectos como multiculturalismo e cosmopolitismo no ciberespaço. Renata Freire Rocha Duarte (UTP-PR); GT 2 A relação das raves com a mídia: Os estados alterados de consciência como preservação da cultura contemporânea. Para Bystrina (1995) a música, além de outros elementos, é um fator determinante nas raízes da cultura. Partindo dessa afirmação, o trabalho observa de que maneira as raves surgidas na Inglaterra nos anos 90 e os estados alterados de consciência provocados pela dança e pela música eletrônica levam os participantes dessa festa à perda da crença subjetiva de si mesmos, levandoos a fundirem-se num corpo coletivo de um “eu” extasiado. Diante do estranhamento provocado por essa nova cultura a mídia reage recusando ou deturpando o que venha a afetar o status quo, relegando àquela o caráter de uma subcultura. Renato Dias Baptista (PUC-SP); GT 5 Comunicação, cultura e novas tecnologias: transição, fascínio e repreensão. O desenvolvimento tecnológico rompe estruturas arraigadas em inúmeros setores da sociedade, seja na arte, no ensino, nas pesquisas, nas fábricas e nas transmutações da vida cotidiana. Diferente de outras épocas, os intervalos de recomposição das subjetividades são reduzidos. Na contemporaneidade, a tecnologia exacerba a ocupação do espaço público (Mcquire, 2005), o anacrônico taylorismo reconfigura-se, e o espetáculo debordiano absorve adendos com novas formas de controle do capitalismo informacional (Beiguelman, 2005) e uma cultura visual com seus mecanismos de imagem e sensação Darley (2000). Deal e Kennedy (1997), Hofstede (2004) e Adler (2005), caracterizam essas mudanças como um conceito de controle fomentado pelas tecnologias e pela globalização. A velocidade é imperativa e produz o ímpeto da necessária adaptação humana, consumada como um recurso congênito, algo que deve adaptar-se a 31 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ “excelência microeletrônica” num ambiente on-line que oblitera o espaço em prol da primazia do intervalo (Trivinho, 2001), que caracteriza uma ditadura do tempo real, a sociedade do zapping (Aubert, 2003), uma corrida do mundo fugaz (Chesneaux, 1996), uma obsessão pela automatização e pela racionalização organizacional (Lacoste, 2005), um novo darwinismo (Kurz, 1998). Rodrigo Morais (UFRJ); GT 1 Debord & Adbusters: uma interseção Neste artigo, abordamos idéias expressas na obra A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord, e procuramos demonstrar as relações e afinidades entre o pensamento do teórico e ativista francês e um caso concreto de ativismo contemporâneo que enfatiza a importância da mídia, dos regimes de produção e do consumo para a resistência político-cultural. Trata-se da organização Adbusters, sediada no Canadá, que se define como uma rede global de artistas, ativistas, escritores, estudantes, educadores e empreendedores, cujo objetivo é a “derrubada das estruturas de poder vigentes e a promoção de mudanças de grandes proporções para a vida no século 21”. Entre outras iniciativas, a Adbusters Media Foundation edita a revista Adbusters (120 mil exemplares mensais) e mantém uma página na Internet, a Culturejammer’s Headquarters. Também promove campanhas como a Buy Nothing Day e a TV-Turnoff Week. Ao longo do artigo abordaremos temas como ecologia mental, culture jamming (intervenção sobre a mídia de massa de modo a produzir comentários críticos) e detournement. O legado de Marx, influência crítica para Debord, também comparece, nos conceitos de mercadoria e fetichismo da mercadoria. Neste percurso, não nos furtamos ao direito e à obrigação de exercer a crítica em relação às posições assumidas por Debord, bem como a assinalar as diferenças entre o contexto no qual ele escreveu e publicou sua obra e a atualidade. Rogério Martins de Souza (UFRJ); GT 2 Alteridades cambiantes na música pop Dos anos 1980 até os dias de hoje, a world music passou aos poucos do gueto que ocupava no mercado fonográfico às largas prateleiras das grandes lojas européias e americanas. Poderíamos perguntar: teriam as sociedades ocidentais mudado seus preconceitos acerca da alteridade e abraçado as diversidades regionais ao redor do mundo? Rosane Svartman (UFRJ); GT 6 Eu Doc. Pequenos documentários autobiográficos do núcleo de cinema do Grupo Nós do Morro. Nos últimos cinco anos, durante as aulas sobre documentários em cinema e vídeo ministradas no Núcleo de Cinema Nós do Morro, na favela do Vidigal, um exercício foi proposto aos alunos: um documentário autobiográfico de até três minutos. Ao longo dos últimos dez anos o núcleo tem procurado, através de um curso especializado, ajudar na transformação de objetos a sujeitos do discurso. Alguns dos resultados desse exercício são analisados neste texto. 32 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Rose Marie Santini (UFRJ) e Clóvis Ricardo Montenegro de Lima (UFSC); GT 2 Música e cibercultura O processo social de desenvolvimento das tecnologias digitais tem implicações culturais e políticas cumulativas, que mudam o espaço e arquitetura de produção, distribuição, uso e comercialização da música. A convergência tecnológica vem eliminando os limites entre mídias, tornando-as solidários em termos operacionais, e erodindo as tradicionais relações que mantinham entre si e com seus usuários. O surgimento da cibercultura em torno das novas tecnologias da informação e da comunicação inclui valores de compartilhamento e de formas colaborativas de trabalho criativo. A Internet permite que qualquer usuário venha a ser produtor, intermediário e usuário de conteúdos. A cena musical moderna era vinculada às séries da indústria cultural e a cultura de massas. A música popular moderna tem a forma de canções, que são reproduzidas pelo fonógrafo e se difundem pelo rádio. A cena musical da cibercultura está vinculada às novas tecnologias de informação e comunicação. A música com registro digital têm a forma potencial de obra aberta, compactada sob a forma de arquivo mp3 e fluindo nos Ipods, celulares e Internet. Não se trata da extinção da indústria fonográfica, ou do fim do comércio de música, que estariam sendo substituídos pela música aberta e gratuita. Referimo-nos, por um lado, a um processo de “reconfiguração” da indústria cultural. Por outro, que as tecnologias de informação e comunicação, a digitalização dos conteúdos e dos suportes, potencializam o compartilhamento, a distribuição, a cooperação e a apropriação dos bens simbólicos pelos usuários destas tecnologias como linha de fuga da mediação tradicional das indústrias culturais. Sérgio Montero Souto (UFF); GT 4 Tradição x mercado: a representação nacional da seleção em tempos de futebol globalizado Esta pesquisa faz parte da minha tese de doutorado na Universidade Federal Fluminense (UFF) e pretende analisar o papel da seleção brasileira na construção da identidade nacional num futebol globalizado a partir do ponto de vista de colunistas esportivos dos jornais brasileiros. Foram escolhidos três nomes representativos desse campo: Fernando Calazans (O Globo), Tostão (Jornal do Brasil) e Juca Kfouri (Lance!). Numa analogia à tese de “jornal principal”, recorrente nos estudos sobre jornalismo desde os anos 50, adotou-se aqui um misto de “jornal principal” com “colunista principal” para justificar essas opções. Entendeu-se que os três são representativos da “comunidade interpretativa” dos jornalistas, entendido este conceito como definidor de “um grupo unido pelas suas interpretações partilhadas da realidade”; e como filiados a uma corrente que defende uma representação da seleção a partir de valores ligados à “tradição”. Por conta dessa visão compartilhada, explicitam seu estranhamento com os novos paradigmas que comandam a representação simbólica da seleção a partir de valores de “mercado”. O recorte escolhido, a Copa do Mundo de 2002, do Japão e da Coréia do Sul, serve para delimitar o objeto e de data de referência, auxiliando no exame da polarização e orientando a direção do debate, sem aprisioná-lo a um tempo físico. Esta pesquisa se orienta por quatro pressupostos teóricos fundamentais: comunidade interpretativa (TRAQUINA, 2002); fragmentação da identidade nacional (HALL, 1997); construção dos mitos políticos (GIRARDET, 1986; ELIADE, 1969 e 1994); e a sociedade guiada pela ideologia do “mercado auto-regulado”, analisado por Polanyi (2000). Silvana Louzada (UFF); GT 3 Fotojornalismo e modernização dos jornais cariocas O artigo discute a relação entre o fotojornalismo e o processo de modernização da imprensa que acontece na metade do século XX, especialmente nos jornais do Rio de Janeiro. Neste processo, conhecido como "reformas", os jornais cariocas passam por transformações na linguagem como a adaptação de normas organizacionais, técnicas de apuração e redação. O emprego da fotografia 33 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ como linguagem jornalística é um importante fator para o sucesso das reformas em alguns jornais e ocorre paralelamente às transformações no texto e no perfil gráfico sendo um dos carros chefes das mudanças operadas em dois dos jornais mais relevantes neste processo: Última Hora e Jornal do Brasil. O artigo traça um breve histórico das reformas em três jornais (Diário Carioca, Última Hora e Jornal do Brasil) e discute o processo de transformação nas rotinas jornalísticas e nos códigos deontológicos da profissão, discutindo porque a formação da nova geração de repórteresfotográficos não passa, como ocorre com os jornalistas de texto, por formação específica como treinamentos ministrados nas redações dos jornais, a criação de cursos nas faculdades e pela exigência do diploma de nível superior. Simone do Vale (UFRJ); GT 5 O corpo do desejo O presente trabalho busca traçar, a partir do século XIX, uma breve genealogia do projeto fáustico de reconfiguração do corpo através da tecnociência. Com este propósito, analisaremos, em contraponto à exacerbação da artificialização do corpo na modernidade, os discursos contemporâneos mais eloqüentes acerca da ruptura com o conceito de humano, para a qual acolhemos a denominação “pós-humano”: figura espectral que desponta como o nosso devir, conclamando à “liberdade de forma”, segundo o artista australiano Stelarc. Representada, entre outros, por Raymond Kurzweill, Marvin Minsky e Hans Moravec – cujas teorias sustentam a criogenia e suas promessas de ressurreição – além da notável vocação messiânica, a tendência “forte” da Inteligência Artificial traduz um imaginário permeado por idéias similares àquelas da eugenia de Francis Galton. Por sua vez, a obra artística de Orlan proclama de forma contundente o direito de reconstruir o próprio corpo, independente de qualquer dogmatismo. Propomos uma aproximação entre tais discursos contemporâneos e o “mito” moderno de Daniel Paul Schreber, o doente dos nervos eternizado nos estudos de Freud e Lacan, cujas memórias delirantes assinalam uma semelhança narrativa surpreendente com a idéia de pós-humano. Tatiana Galvão (UFPE); GT 4 Hip Hop e Mídia: negociando interesses e ampliando conceitos. Reconhecida como uma das mais importantes expressões culturais da atualidade, o hip hop firma-se com um conjunto de propostas estéticas e políticas construídas a partir da periferia e voltada para a reflexão da realidade de miséria e exclusão social a que está submetida. Entretanto, com a chegada dos anos 90, ele ganha não só os holofotes da mídia, mas também passa a ser consumido entre as camadas mais altas da sociedade como um novo fenômeno cultural. Nesse aspecto, para muitos dos envolvidos com o hip hop, o espaço midiático representará não só expectativa de vida, mas também a possibilidade de inserção social. Alguns grupos sintonizados com a demanda do mercado passam a elaborar estratégias para se beneficiarem dessa visibilidade. Entretanto, o receio quanto à forma como serão apresentados, à possibilidade de apropriação e conseqüente diluição de suas propostas evidenciam que a negociação tem desempenhado um papel importante na busca de espaços. Ao se apoderar das técnicas e da tecnologia usadas pela mídia, o hip hop tem investido no fortalecimento de uma mídia radical alternativa como forma de contestar, resistir e negociar com os vários setores da sociedade. Entretanto, dentro desse contexto, surgem algumas questões que permeiam esse estudo. O presente trabalho busca compreender como essa negociação vem acontecendo e quais os reflexos dela dentro do hip hop, bem como discutir se o uso de uma mídia radical alternativa tem contribuído para reiterar certos estereótipos e permitido que apenas um grupo mais preparado fale em nome da comunidade. 34 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Thomás Rosa Pinto de Oliveira (UFRJ); GT 3 Operação Tróia: celebridades, pseudo-eventos e morte Neste artigo, pretende-se examinar alguns aspectos das relações de poder entre mídia e força policial, na cidade do Rio de Janeiro. Isso será feito por meio da análise das notícias e artigos de opinião, publicados no jornal O Globo e na revista Isto É, que trataram, especificamente, da ação da polícia civil carioca que resultou na morte do traficante Erismar Rodrigues Moreira, o BemTe-Vi. Este criminoso ganhou projeção na imprensa devido ao seu envolvimento com famosos jogadores de futebol e ao seu comportamento exibicionista (uso de armamentos dourados e muitas jóias), tornando-se “o traficante mais procurado do Rio” (O Globo, p.1, 30/10/2005). As matérias que denunciavam conversas telefônicas entre as celebridades esportivas e Bem-Te-Vi foram publicadas na revista Isto É, em agosto de 2005; cerca de dois meses depois, na madrugada de 29 de outubro, a polícia executou a chamada Operação Tróia, matando o então líder do narcotráfico na favela da Rocinha. Nossa principal hipótese será a de que algumas ações policiais têm como objetivo primordial a conquista de visibilidade midiática. Isso serviria para construir uma imagem pública de eficiência do Estado, na tentativa de compensar suas dificuldades em combater a violência urbana - uma imagem positiva para se contrapor à realidade negativa; artifício espetacular para desviar nossa atenção da inépcia do poder público em lidar com a realidade dos problemas sociais. Neste estudo, os principais autores teóricos trabalhados serão Guy Debord, Daniel Boorstin, Graeme Turner e Edgar Morin. Tiago Monteiro (UFRJ); GT 2 Ideologia para quem precisa? Música popular massiva, consumo midiático e o discurso da autenticidade no universo do rock and roll. Atravessada por um discurso que defende a autenticidade contra a pose, a criatividade contra o comercialismo, e a independência da comunidade contra a passividade da massa, a Ideologia do Rock tem sido alvo de inúmeras críticas e tentativas de desconstrução em tempos supostamente pós-modernos. O objetivo deste artigo é investigar até que ponto a Ideologia do Rock deixou de ser válida como elemento articulador de identidades individuais e sociais, ou se, apesar de todas as suas contradições, ela ainda constitui um discurso de inegável eficácia afetiva, principalmente junto aos jovens, transcendendo o gênero musical a que costumava ser associada e influeciando o discurso de outros gêneros usualmente depreciados como o "pop". Vanessa Matos dos Santos (Unesp-Bauru); GT 5 Processo de Comunicação em Ambiente Virtual – Um Estudo de Caso O novo ambiente comunicacional digital, ancorado nas novas tecnologias de informação e comunicação, obriga-nos a desenvolver novas linguagens e termina por propiciar novas formas de sociabilidade e aprendizagem. O foco desta pesquisa é o processo de comunicação no ambiente virtual através de um estudo de caso da aplicação do suporte comunicacional na gestão do conhecimento e informação. O objeto de estudo em questão é a interatividade, bem como outras ferramentas de comunicação, proporcionada pelas novas tecnologias de informação e comunicação. Destaque O ciberespaço surge, portanto, como um espaço de remontagem do real; é o lugar no qual a lógica de recepção passiva tem reais possibilidades de alteração radicalizada. 35 1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de Janeiro 22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ Victa de Carvalho (UFRJ); GT 5 O dispositivo imersivo e a imagem-experiência Partimos da premissa de que a formulação e o papel do dispositivo nas experiências das artes ditas imersivas vêm sofrendo modificações na medida em que acentuam tensões entre o material e o imaterial, entre o real e o simulacro, e abrem caminho para novas subjetividades. Este artigo sugere a transformação de um modelo de dispositivo imersivo baseado no desejo de ilusão ou de reprodução do real, para um dispositivo capaz de miscigenar ilusão e realidade, indicando novos modos experimentar a imagem. Diante desta perspectiva de análise, pensar sobre o dispositivo imersivo e as experiências constitui também um modo de pensar o estatuto da imagem na contemporaneidade, bem como o do observador. Nosso foco de análise está sobre o que se dá na relação entre dispositivo e sujeito. O dispositivo torna-se o que deve ser explorado e videnciado através do que chamamos aqui de uma “imagem-experiência” que se dá na duração dos deslocamentos. Se a experiência no dispositivo se faz necessariamente no tempo a partir de uma duração, é preciso compreender de que modo o observador se relaciona com as indiscernibilidades destas imagens. A proposta é investigar de que forma os dispositivos em questão podem promover experiências da ordem do virtual, se pensamos o virtual como o que se opõe aos ideais de verdade. 36