1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de
Janeiro
22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ
RESUMO DOS TRABALHOS EM ORDEM ALFABÉTICA
Adriano Medeiros da Rocha (UFF); GT 3
A TV e o homem do campo: um retrato do meio rural na mídia eletrônica
Este trabalho se propõe ao estudo dos processos de comunicação estabelecidos entre a TV e o
trabalhador rural, bem como a contextualização da influência do veículo televisivo sobre este
telespectador, através de uma análise de caso e pesquisa de recepção do programa Globo Rural
na comunidade de Belizário (pequeno distrito da cidade de Muriaé-MG). Inicialmente, o artigo
pretende evidenciar as principais alterações sofridas pelo programa televisivo Globo Rural
durante os seus 27 anos de exibição e, ao mesmo tempo, estabelecer um parâmetro com as
características presentes neste produto midiático atualmente. Além disso, explicitar os
mecanismos que diferem o Globo Rural dos demais programas telejornalísticos da TV Globo
também é um de nossos objetivos. Logo depois, iremos colocar à mostra e análise dados obtidos
numa pesquisa de campo realizada com cinqüenta entrevistados deste interior mineiro,
evidenciando sua relação com o aparelho de TV, com a programação televisiva e com seu
próprio reflexo, enquanto estereótipo, mostrado no Globo Rural.
Aletéia Ferreira, Josiany Fiedler Vieira e Paula Rigo (UTP-PR); GT 2
Emos: os novos punks “paz e amor”
O presente artigo tem como objeto de estudo o fenômeno da moda EMO nos blogs da rede
mundial de computadores. Fenômeno que nasceu na década de 80 e está presente no universo dos
adolescentes brasileiros que apóiam, criticam e que tem coragem de assumir na rede mundial de
computadores a não violência e o amor acima de tudo. A moda EMO tornou-se um estilo de vida
e possui muitas comunidades no orkut e blogs que tratam do tema. Como a influência do estilo
EMO se reflete na comunicação visual de blogs e sites; ícones, tendências e linguagem visual
utilizada. Esses elementos visuais contribuem para uma caracterização do estilo do ponto de vista
estético.
Alexandre Almeida de Magalhães (UERJ), Sylvia Amanda da Silva Leandro (UERJ); GT 4
Rede de comunidades e movimentos contra a violência: realidade e virtualidade.
Violência, apesar de constituir um termo um tanto subjetivo, representa algo bastante próximo e
palpável na cidade do Rio de Janeiro. Aparecendo, no debate público carioca, na maior parte das
vezes, associada ao tráfico de drogas, às favelas e às periferias, é problematizada por meio de
reflexões as mais díspares possíveis. Esta breve reflexão irá trabalhar um novo tipo de
mobilização e organização popular no Rio de Janeiro. Buscando um enfrentamento da questão da
violência policial contra moradores de favelas e a população pobre do Rio de Janeiro, formou-se,
por iniciativa de mães de vítimas e organizações comunitárias de diversas favelas, a Rede de
Comunidades e Movimentos contra a Violência. Trata-se, portanto, de um protesto pacífico e,
principalmente, dotado de forte cunho político, como há muito não se tinha notícia com relação a
populações marginalizadas no Rio de Janeiro. Constituindo uma novidade em si mesma, a Rede
contra a Violência ainda apresenta uma particularidade: o fato de se construir enquanto “Rede
Virtual” através da Internet. O objetivo principal deste trabalho será analisar as influências
recíprocas estabelecidas entre a “Rede Real” e a “Rede Virtual”. Identificando os personagens
que tomam parte e posições em cada uma delas; verificando a dinâmica presente nos contatos e
discussões estabelecidas por meio da lista de discussão; e, procurando constatar as vantagens e
desvantagens deste novo formato. Todavia, não será abandonado o pressuposto de que as duas
são facetas de um mesmo ator social coletivo.
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Ana Carolina Ribeiro (UFRJ), Bruna Bakker (UFRJ), Julia Favoretto (UFRJ); GT 2
A construção de uma rock star nacional: mídia, representação e produção de sentidos
Nosso trabalho visa analisar a cantora Pitty em seu processo de construção como uma rock star
da música popular massiva nacional, estabelecendo relações entre imagem midiática, gênero
musical e mercado, a partir, sobretudo, da análise de videoclipes. Utilizaremos para isso
conceitos e ferramentas metodológicas da nova área de pesquisa dos stars studies, que propõe a
celebridade como um produto de processos econômicos, ideológicos e culturais, evidenciando-se
o processo de comodificação da celebridade (celebrity-commodity), de modo a interferir nos
processos individuais de construção identitária dos sujeitos modernos, principalmente através de
um processo de identificação e representação imagética.
Ana Claudia Gusso, Caroline Pimenta (Universidade Metodista de São Paulo); GT 1
A disputa Alckmin x Serra para a Presidência na visão do jornal impresso Folha de São Paulo
Este artigo é parte de um trabalho mais amplo envolvendo a visão de diferentes jornais impressos
do Estado de São Paulo em relação à disputa pela candidatura à presidência da Republica dos
candidatos Geraldo Alckmin e José Serra do PSDB. Neste recorte foi analisado o discurso do
jornal impresso “Folha de São Paulo” nos dias que antecederam e sucederam a divulgação do
candidato pelo partido. Para tanto, foram selecionados os exemplares diários do jornal nos dias
11 a 19 de março de 2006, analisando o espaço dedicado a cada candidato, considerando fotos,
ilustrações, comentários, etc., assim como a abordagem dada a cada um dos políticos, com base
na análise crítica do discurso. Além de um breve histórico a respeito do jornal, o artigo tem como
objetivo identificar a cobertura da divulgação da escolha e traçar comparativos no tratamento
dado às matérias veiculadas sobre o tema, verificando os suportes discursivos –
tipográfico/verbal e visual, e identificando possíveis tendências ou a imparcialidade quanto ao
tema.
Ana Julia Cabral (UFRJ); GT 1
A juventude militante em cena outra vez: o movimento anti-CPE na França e os discursos da
mídia brasileira
Desde a manifestação de Seattle de 1999, liderada por rostos nitidamente jovens e rebeldes, os
movimentos sociais de juventude voltaram a aparecer nos diversos cenários mundiais da luta
contra a globalização neoliberal. E, conseqüentemente, voltaram a protagonizar reportagens e
fotos em diversos meios de comunicação ao redor do mundo. Um dos momentos de maior
impacto do retorno dos jovens à militância foram os últimos acontecimentos de março de 2006
na França. Os jovens universitários franceses, apoiados por sindicalistas, foram às ruas pedir o
cancelamento do CPE – Contrato do Primeiro Emprego – que, caso fosse implementado,
significaria mais um passo rumo à precarização das relações trabalhistas. Os manifestantes
montaram barricadas e houve enfrentamentos diretos com a polícia. As repercussões deste
acontecimento na mídia foram muitas ao redor do mundo. Neste trabalho, selecionei algumas
matérias publicadas sobre o movimento anti-CPE nos meios de comunicação brasileiros, tanto
em veículos da grande imprensa quanto em um site alternativo. A partir desta seleção, desenvolvi
uma análise dos discursos dessas variadas mídias sobre os jovens, na condição de grupo social
específico. Essa análise reitera, entre outros aspectos, as filiações ideológicas de cada uma das
mídias, e revela também a importância fundamental que os movimentos sociais de juventude
possuem no mundo globalizado.
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Ana Letícia Leal (PUC-Rio); GT 4
Um leitor perdido
Do rosto perdido na Paris da modernidade à bala perdida no Rio de Janeiro da atualidade, a
cidade tem sido narrada sem parar. Pontuada desde o início dos tempos modernos, a
despersonalização tem sido destacada mais ainda no discurso do jornalismo carioca sobre a bala
perdida. Assim, o problema urbano tornou-se uma questão narrativa. Nessa perspectiva, o artigo
considera a correspondência entre o surgimento das multidões e as primeiras narrativas de
enigma um sintoma da ilegibilidade da cidade moderna. Em seguida, aponta no sintagma “bala
perdida” uma metáfora da cidade do Rio de Janeiro que seria, sob esse aspecto, um texto ilegível.
Observa, então, que o cronista pode desafiar essa ilegibilidade: o Rio ainda pode ser lido – aos
pedaços. Como exemplo, destaca-se uma crônica de João Ximenes Braga (O Globo, 2005) que
procura responder ao desafio enunciado pela violência urbana. Se, por um lado, a bala é perdida
e, por outro, o cenário é maravilhoso, o cronista realiza sua própria leitura da cidade,
expressando, justamente, a aparente incompatibilidade entre os signos. O Rio de Janeiro
permanece, portanto, uma cidade escrevível e habitável – no discurso de um leitor perdido.
Ana Lúcia Morais (PUC-Rio); GT 4
Televisão e meio rural: cartografia da recepção numa localidade que “não está no mapa”
Este trabalho pretende registrar os primeiros resultados de uma pesquisa empírica sobre Vista
Alegre, localidade rural de Santa Maria Madalena, município de 10 mil habitantes, situado no
centro norte fluminense. O estudo refere-se a uma cartografia da recepção dos discursos da
mídia, em especial a televisão, entre as famílias de produtores rurais desta comunidade, que
passou a ter luz e a receber o sinal da televisão em 2001. A proposta tenta compreender de que
maneira as relações sociais se modificam e se restabelecem nesse contexto específico, uma
comunidade rural distante do município de origem, onde não há comércio e as únicas edificações
diferentes das casas de roça são a escola municipal e a sede da Igreja Assembléia de Deus. A
pesquisa preliminar não toma como referência um programa de televisão em especial, mas as
preferências individuais e procura, assim, particularizar, partindo-se do pressuposto de que o
postulado da homogeneização é apenas uma desculpa para tratar a todos como iguais, num
mundo que se pretende cada vez mais conectado, cada vez mais globalizado. Trata-se de
verificar a possibilidade de se colocar em prática um olhar sobre a recepção que seja provocado
por leituras diferenciadas dos produtos exibidos pela televisão, um olhar que contribua para que
as complexidades se façam presentes.
Ana Paula Ladeira Costa, Gleice de Divitiis (Universidade Metodista de São Paulo); GT 3
Jornalismo utilitário: um estado da arte do gênero no Brasil
Trata-se de uma pesquisa que evidencia um gênero jornalístico muito praticado na imprensa
porém pouco estudado nas escolas de Comunicação brasileiras: o jornalismo utilitário. Também
conhecido como jornalismo de serviço, este gênero tem como principais características a
responsabilidade social e o compromisso constante em transformar a vida das pessoas mais
prática. Objetivou-se aqui, delinear um conceito para o gênero, compreender suas características
dentro de cada mídia e apresentar o estado da arte sobre o assunto no Brasil. A importância deste
trabalho reside no fato de que o Jornalismo Utilitário é um objeto de escassa bibliografia e
pesquisa no âmbito acadêmico, apesar de sua grande aplicação na prática jornalística, o que
apontou para a necessidade de sua legitimação nos estudos de Ciências da Comunicação. Na
tentativa de se conceituar o jornalismo utilitário, realizou-se uma pesquisa bibliográfica
abrangendo livros, teses, dissertações e artigos científicos. Verificou-se que o estudo do gênero
no Brasil é tardio, que ainda faltam conceitos precisos para defini-lo, mas que alguns
pesquisadores do país já destacam a necessidade de se emancipar o jornalismo utilitário do
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gênero informativo.
Ana Rosa Lattanzi (UERJ); GT 4
Blogs, Flogs, Orkut: mediações digitais de pertencimento comunitário.
A velocidade em tempos contemporâneos estabelece novas configurações para (com)partilhar
idéias, estilos de vida, consumos culturais e tantas outras modalidades experienciadas no
cotidiano. A noção de localidade apresenta-se imprópria, a priori, face à compressão tempoespaço engendrada pelos veículos de comunicação com tecnologia digital (Harvey, 2002). No
entanto, observamos que, a despeito da incorporação no cotidiano desses meios digitais de
comunicação, uma cultura comunitária local, com traços de resistência apreendidos no cotidiano
dos envolvidos, impõe-se a fim de ressignificar os seus usos como alternativa de coesão do
grupo. Este artigo propõe a reflexão sobre as práticas e usos de celulares e Internet por jovens
moradores da sub-localidade da Candelária, complexo de favelas da Mangueira, na cidade do Rio
de Janeiro. Dessa forma, serão privilegiados os usos dos aparatos tecnológicos comunicacionais,
sobretudo a utilização dos programas de bate-papo, comunidades virtuais e a criação de blogs e
fotoblogs como mediação digital de pertencimento comunitário.
André Custódio Pecini (UFRJ); GT 5
Mediação técnica, redes de parceria e dispositivos móveis de comunicação
A crescente disseminação da Internet e dos dispositivos móveis de comunicação traz mudanças
nas mais diversas atividades cotidianas, inclusive nos modos de sociabilidade. É notável a
imbricação do espaço informacional com o espaço físico, ao mesmo tempo que algumas
dimensões da sociabilidade são baseadas em interações mediadas eletronicamente. Partindo dos
questionamentos dos estudos científicos sobre o isolamento de política e subjetividade da
tecnologia e dos objetos, pretende-se analisar a atividade e comunicação mediada
eletronicamente relativizando os papéis político e tecnológico de seu desenvolvimento. Uma
alternativa seria abordar em simetria os agentes humanos e não-humanos que participam de dada
ação. Desta forma, é possível questionar o determinismo tecnológico – que atribuiria às
propriedades dos meios o potencial de mudança – e a projeção social – que analisaria a
tecnologia como essencialmente neutra e determinada socialmente de acordo com seu contexto
de desenvolvimento. Os objetos do estudo são algumas redes de parceria (fóruns de discussão,
redes de compartilhamento de arquivos e grupos ativistas), levantando algumas questões e
hipóteses sobre as relações estreitas entre indivíduos, sociedade e tecnologia nos grupos
estudados.
Anna Carolina da Matta Machado (UFRJ); GT 6
O espetáculo do risco: Tiros em Columbine e justiça em foco
Em especial nas últimas duas décadas a problemática do risco – termo que inclusive aparece
numa das várias definições da sociedade contemporânea (dita pós-moderna, hipermoderna, do
capitalismo tardio, de predomínio da mídia, sociedade do risco) - vêm tornando-se central nas
discussões acadêmicas em países centrais e periféricos. No sentido de uma teoria social e de um
diagnóstico de cultura, o conceito de sociedade de risco designa um estágio da modernidade em
que começam a tomar corpo as ameaças produzidas até então no caminho da sociedade industrial
(Beck et al., 1995). Neste cenário, a prevenção do risco, apoiada, em geral, na idéia de que os
indivíduos têm a capacidade de vigiar e de antecipar a ocorrência de fatos indesejáveis, é alçada
ao posto de questão de primeira necessidade. Este artigo tem como objetivo principal identificar
de que forma dois documentários recentes, a produção norte-americana Tiros em Columbine, de
Michael Moore - abordando a obsessão daquela sociedade por armas de fogo -, e a película
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nacional justiça, de Maria Augusta Ramos - que torna visível o cotidiano no Tribunal de Justiça
no Rio de Janeiro a partir da investigação da rotina de defensores públicos, juízes, promotores e
réus - tratam a questão do risco, sua prevenção, combate e espetacularização na
contemporaneidade.
Ariane Holzbach (UFF); GT 1
“Gente de toda a parte foi ver o ex-metalúrgico virar presidente”: imagens que O Globo construiu
de Lula no dia da posse
Este trabalho tem como objetivo verificar que tipo de imagem foi construída pelo jornal carioca
O Globo referente a Luiz Inácio Lula da Silva no dia de sua posse como presidente da República.
Para tanto, como objeto de análise, o presente estudo utilizou a edição do dia 02 de janeiro de
2003 do jornal, que marca a repercussão do Dia da Posse, ocorrida em 1º de janeiro de 2003. O
estudo mostra que o jornal reforça o senso comum que se tem do novo presidente, mas vai além,
concedendo-lhe novas imagens. Essas novas características ainda não estão enraizadas no
imaginário brasileiro porque são recentes, mas a tendência é que O Globo ajude a reformular o
senso comum de Lula. Além disso, o estudo verificou a presença do conceito de herói do tipo
salvador em quase todas as matérias, mostrando que a maneira como o jornal se refere a Lula o
iguala a um mito profético, do tipo que vai acabar com todas as mazelas e que carrega em si o
conjunto das esperanças coletivas. O trabalhou utilizou o conceito de salvador desenvolvido por
Raoul Girardet (1987) em suas pesquisas sobre mitos políticos, além dos estudos de Roland
Barthes (1987) e Antônio Gramsci (2004), entre outros.
Beatriz Polivanov (UFF); GT 1
Relações de poder e rádios comunitárias
A partir da observação participante do “V Fórum Estadual em Defesa das Rádios e Tvs
Comunitárias” que ocorreu em 20 de abril de 2006 no Palácio Tiradentes, Rio de Janeiro, este
trabalho preliminar buscará promover uma reflexão acerca de como parecem se dar as interações
político-sociais entre representantes das chamadas rádios comunitárias e representantes do
governo federal (mais especificamente, do Ministério das Comunicações). Serão averiguados
quais são os agentes envolvidos nas negociações, seus interesses, suas reivindicações e as
problemáticas que se apresentam, a fim de que se possa discutir sobre as estratégias de controle e
poder utilizadas por ambos os lados. Pretende-se, para tal, primeiramente problematizar a
conceituação das rádios comunitárias e apresentar alguns dos conflitos que os agentes enfrentam.
Posteriormente se buscará entender a questão das rádios a partir de três aportes teóricos: Marx,
Bourdieu e os Estudos Culturais. Dessa forma, o presente trabalho busca contribuir para o estudo
de mídia comunitária no Rio de Janeiro.
Bruno Brito de Azevedo (UFPE); GT 2
A resenha na revista Bizz
O objetivo desse estudo foi analisar como são escritas as resenhas em uma revista dedicada à
cobertura do universo artístico-musical na tentativa de identificar se há diferentes estilos de
resenha e se há predominância de alguns deles entre os demais. O meio de comunicação
escolhido foi a Revista Bizz, de propriedade da Editora Abril, e os objetos de estudo desta
pesquisa foram as 48 resenhas escritas nas seções Barulho e Lançamentos publicadas nas edições
de números 192 (set./2005), 196 (dez./2005), 197 (jan./2006) e 200 (abr/ 2006). A metodologia
utilizada foi a análise de conteúdo proposta pela pesquisadora francesa Laurence Bardin (1988),
porque oferecia a análise categorial, na qual as resenhas puderam ser classificadas e depois
reagrupadas em número reduzido de categorias. Classificamos as resenhas de acordo com as
categorias descritas por Bond (1962) e Piza (2004). Partimos da observação de que, Segundo
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Piza (2004), seria mais comum encontrar nos veículos de comunicação a resenha impressionista,
na qual o jornalista descreve suas reações mais imediatas na avaliação de uma obra de arte ou de
um produto cultural. Da classificação das resenhas da Revista Bizz, destacamos que o resultado
da pesquisa indica outro modelo de resenha como mais usado na avaliação de obras de arte e
produtos culturais. A Resenha Autor, na qual quem é avaliado é o criador da obra, apresentou
uma ocorrência maior entre os textos analisados. Constatou-se também a predominância do rock
como estilo musical avaliado nas resenhas e a predominância de resenhas que avaliam a música
estrangeira.
Carla Baiense Felix (UFRJ); GT 3
O lugar – e o entre-lugar – da favela no espetáculo midiático: uma análise do noticiário sobre a
Maré nos jornais O Globo e O Dia entre 2001 e 2006
O discurso midiático sobre a favela carioca tem se caracterizado, nos últimos anos,
essencialmente pela espetacularização. Recortes sobre a violência e o tráfico de drogas tomam
conta dos noticiários, criando uma narrativa que se sobrepõem à realidade. Pelas bancas de
jornal, no rádio do carro ou em frente às telas da TV e do computador, a audiência lê, ouve e
assiste cenas de um documentário espetacular, um triller sangrento cuja ação se passa a uma
distância assustadoramente pequena. Para entender a origem do espetáculo que nos é apresentado
diariamente, é importante recorrer a Debord, que identifica a raiz do fenômeno na dramática
mercantilização da sociedade (DEBORD, 1997:21). Menos pessimista, Douglas Kellner
(KELLNER, 2005) propõem uma crítica que analisa as formas de cultura espetaculares no que
contém de dominação e no que possibilitam de democratização. Neste trabalho vamos tentar
entender o fenômeno, seu contexto e suas significações, estendendo a crítica de Debord e seus
seguidores e incorporando as teorias sobre hibridismo e pós-modernidade. Nossa análise vai se
concentrar na cobertura midiática sobre a Maré no período de 2001 a 2006, nos jornais O Globo e
O Dia. A abordagem privilegiará os temas mais recorrentes e as “zonas de contato” (PRATT
1999:27) entre a favela e o asfalto para responder a pergunta: é possível romper a lógica do
entretenimento e estabelecer um encontro real entre a favela e o asfalto através da grande mídia?
Carlos Henrique Galvão Biscardi (UERJ); GT 4
Dia de craque na Copa: uma experiência da utilização de espaços urbanos pela mídia como forma
de sociabilidade e articulação cultural
Este artigo investiga especificamente o especial “Dia de craque na Copa” a fim de verificar se
este programa utiliza, de fato, o espaço urbano como forma de sociabilidade e articulação
cultural. Como resultado, foi verificado que “Dia de craque” apresenta um formato inovador que
estimula a sociabilidade através do esporte, bem como articula diversas culturas pelo universo
simbólico do futebol. Ao optar por transformar pontos turísticos e de grande circulação da
Alemanha em cenário para o programa, “Dia de craque na Copa” transporta a atmosfera dos
jogos de futebol para praças, ruas e avenidas das cidades alemãs, onde são recriadas as grandes
jogadas que foram realizadas dentro dos gramados. Cabe ao “articulador”do programa, Eduardo
Elias, escolher e transformar pessoas que passam pelo local em craques, narradores, árbitros e
outras personalidades que fizeram parte do noticiário esportivo recente. Juntas, pessoas de
diferentes nacionalidades, uniformizadas, criam caricaturas, interagem, recriam grandes jogadas
e numa grande torre de babel, a cidade, o espaço urbano ganha, ali, outro significado.
Inicialmente fazemos algumas considerações sobre processos de sociabilidade, cultura e do
espaço urbano como produtor de sentido. Elaboramos definições mínimas que nos possibilitam
articular as possibilidades de um produto midiático em promover práticas culturais no meio
urbano que atuem de forma significativa em processos de sociabilidade e articulação cultural.
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Cláudia Góes (UFRJ); GT 4
O choro na Lapa - comunicação, movimento musical e revitalização do Rio Antigo.
Análise da relação da música popular com o processo de revitalização da região denominada
"Rio Antigo", no Centro histórico Rio de Janeiro. Avaliou-se em que medida o movimento
musical do samba e do choro colaborou de forma significativa na revitalização do bairro da Lapa
na última década. Parte-se do pressuposto de que a reocupação do bairro está sendo redefinida
pelas novas casas de espetáculo (e também por projetos urbanísticos do Estado e pelo mercado
imobiliário). Nas últimas décadas, a região do Rio Antigo - que compreende a Lapa, Praça
Tiradentes e Cinelândia -, está se reestruturando e desenvolvendo atividades econômico-culturais
através de casas noturnas, centros culturais, bares e restaurantes, dedicados a tocar diversos
estilos musicais onde o samba e, especialmente, o choro são destaques. Isto é, o sucesso
alcançado por essas casas noturnas - que em grande medida realizam concertos ao vivo de choro
- é um dos principais responsáveis pela reocupação dos antigos casarios reformados e dos novos
espaços socioculturais criados. Este movimento social que gira em torno da música está
revelando uma região com uma economia bem definida, baseada na música, no entretenimento,
no turismo e na gastronomia.
Cláudia O’Connor dos Reis (UERJ); GT 5
Helenbar: o fotolog como espaço artístico contemporâneo
Este trabalho pretende analisar as imagens do fotolog Wonderland como um exemplo de
apropriação e ressignificação dos meios de comunicação pela arte contemporânea. O objetivo é o
de refletir sobre o papel do artista em sua interação com as novas tecnologias e as discussões que
tal dinâmica acarreta. A principal questão a ser analisada é a idéia de fim de autoria,
conseqüência da prática da criação coletiva, que vem se tornando cada vez mais comum na arte
contemporânea. Isso porque, atualmente, a criação de determinados trabalhos artísticos envolve a
tal ponto o uso da tecnologia que o artista necessita da colaboração de profissionais de áreas
como engenharia, informática, matemática e medicina para conseguir por em prática suas
idéias. Outro fato envolvido na idéia de fim de autoria seria o processo de interatividade, em que
o público, o espectador da obra pode manipular e alterar a mesma. Também será comentada a
questão da participação do corpo do artista na obra e em interação com as novas tecnologias.
Cláudia Sendra (UERJ); GT 5
Mídia, erotismo e tecnociência: reflexões sobre a representação da mulher desejável na
comunicação contemporânea
Valendo-nos do caminho aberto por autores como Espinosa, Nietzsche e McLuhan, entre outros,
que detectaram a dinâmica permanente da plasticidade corporal, propomos neste artigo algumas
reflexões sobre os impactos da tecnociência no que diz respeito a uma determinada estética que
vem sendo apresentada nos meios de comunicação. Nosso foco é direcionado às representações
de corpos femininos que sofreram visível e assumida intervenção e que são ostensivamente
veiculadas na mídia como arquétipos de erotismo. Formulamos questões referentes às maneiras
com as quais a comunicação de massa conjuga esforços com a cultura digital para construir uma
representação de corpo erótico ancorada numa estética notoriamente artificial. Referimo-nos a
uma mensagem que vai além da permissão para a ostentação da tecnologia no corpo. O que a
mídia parece construir é uma associação da imagem do corpo desejável ao consumo da técnica; o
remodelamento da imagem passa a ser não só autorizado, mas também prescrito para a
viabilização de uma determinada visibilidade social. Estabelecendo relações entre meios de
comunicação, tecnologia estética e erotismo, o texto apresenta a hipótese de que à medida que a
mídia coloca em evidência corpos notoriamente remodelados tecnicamente e os posiciona como
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sedutores, ela se constitui como dispositivo do processo de construção de um imaginário no qual
a evidência da aparência reeditada atua como vetor de erotismo na sociedade digital.
Cristiane d´Avila Lyra Almeida (PUC-Rio); GT 4
De mão em mãos, ao rés do chão: a crônica e o papel do intelectual em João do Rio.
O cronista, como produto da cidade moderna, torna-se peça-chave para a investigação da vida
nos centros urbanos. Operário do efêmero, do instantâneo da cidade, ele observa o fruto de seu
ofício (que é arte e mercadoria) tragado diariamente pela velocidade da comunicação de massa,
de quem também é filho legítimo. Assim, o jornalista Paulo Barreto, pelo exercício diário da
crônica, incorporou tanto o “radical de ocasião” (a expressão é de Antonio Candido [1980]),
como o dândi irônico e crítico dos salões de bom tom, no Rio do início do século XX, exercendo
com maestria o papel de interventor social.
Ecio de Salles (UFRJ); GT 2
Funk, samba e a produção do comum: diálogos, sons e interações.
Este trabalho aborda o diálogo problemático entre formas de expressão – o chamado samba de
raiz e o funk carioca – a que se atribui uma mesma origem, que é o morro, a favela. Em sambas
ou funks muito conhecidos, como “A voz do morro”, de Zé Ketti; ou “Eu só quero ser feliz”, de
Cidinho e Doca, são exemplares de uma espécie de reivindicação da referência ao morro ou
favela como seu “lugar de origem”. No que diz respeito à sua dimensão plástica e material, são
dois gêneros muito diferentes, cujos produtores e público – os sambistas e os funkeiros –, em
geral, nutrem preconceitos uns em relação aos outros (embora o mundo do samba pareça ter
menos “tolerância” com o do funk do que o contrário), expressam-se de maneiras distintas, são
reconhecidos por públicos igualmente diferentes e até as técnicas de produção, armazenamento e
circulação de suas obras são , pelo menos em parte, diferenciadas. No entanto, neste texto, sugiro
que há mais pontos em comum entre o samba e o funk que apenas o seu ponto de origem. E que
esses pontos constituem formas importantes de produção de subjetividade no ambiente da cidade,
especialmente se se dá atenção ao seu aspecto performativo. Ambos falam de formas de estar
juntos e não apenas participam do comum, mas também produzem o comum. Destaco, a fim de
explicitar o trabalho sugerido aqui, que a não é tratar os dois gêneros isoladamente, mas os raros,
porém contundentes, momentos de diálogo entre ambos. Minha preocupação nesse contexto é
buscar uma abordagem que privilegie a produção musical que, de um lado, representam uma
forma de resistência aos modos opressivos de gestão da cidade. De outro, dão ensejo a
experiências e relações sociais capazes de influir em uma nova sensibilidade cultural.
Eleonora Carvalho (UFF); GT 1
O jogo da memória: uma reflexão sobre a construção da biografia de Lula no eleitoral gratuito
televisivo
Falar em política e em democracia no Brasil hoje é, também, falar em mídia. É por meio desta
que o processo político ganha visibilidade ampliada. Sob esse prisma, o presente trabalho
pretende expor uma reflexão acerca da biografia política midiática. Como objeto de estudos, será
analisada a primeira semana da campanha presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT) no
horário eleitoral gratuito de TV. Como é trabalhada a questão da memória e da biografia na cena
política televisionada? Essa é a questão central sobre a qual se buscará lançar luz.
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Elizabeth Maria Mendonça Real (UFF); GT 6
Cinema – Arte – Vida
O objetivo deste projeto é flagrar o diálogo travado entre alguns filmes realizados entre o final
da década de 60 e o início dos anos de 1980, tendo como parâmetro a aproximação e
identificação dos cineastas com o ambiente e a cultura popular urbana, e entre esses filmes e
outras manifestações artísticas do mesmo momento, com a intenção de revelar de que forma a
ruptura que ocorria na cultura e nas artes afetou o cinema. Nesse momento, arte e vida se
confundiam. Desenrolavam-se um forte diálogo e troca de influências entre as várias formas de
expressão artística – o cinema, as artes plásticas, a música, o teatro, a poesia. São os próprios
limites da arte que se esfumaçam, levando o artista a experimentar com várias linguagens.
Foram escolhidos para análise quatro filmes: Câncer, de Glauber Rocha; Copacabana Mon
Amour (1970), de Rogério Sganzerla; A Lira do Delírio, de Walter Lima Jr., Exu-Piá, Coração
Mágico de Macunaíma, de Paulo Veríssimo. As características percebidas em comum e que
constituem o ponto de partida da análise são: a incorporação do improviso; a identificação com
o universo popular urbano; a presença do personagem do malandro; a expressão de
comportamentos alternativos, que buscam romper com os valores burgueses; a ausência de
linearidade; e, unindo todas as características anteriores, a marca da intertextualidade. Os filmes
abordados são representativos de um momento de transição de valores e identidades na cultura
brasileira, em sintonia com as mudanças ocorridas a nível mundial; momento em que se moldam
novas maneiras de pensar e agir e em que se configura uma crise na própria concepção de arte,
caracterizando o limiar entre a modernidade e a pós-modernidade. A profunda identificação dos
artistas com o universo popular urbano, em seus modos de existência e cultura, expressa a crise
de identidade ocorrida no momento.
Emmanoel Martins Ferreira (UFRJ); GT 6
As narrativas interativas dos games: o cinema revisitado
A maior parte dos games contemporâneos faz uso das técnicas desenvolvidas pelo cinema –
como os diversos movimentos e posicionamentos de câmera, o uso da trilha sonora para
ressaltar os momentos de clímax, a “câmera subjetiva”, além de uma estrutura narrativa
semelhante – na construção de suas histórias e suas estruturas de funcionamento. Ademais,
utilizam da interatividade mediada por computador para a troca de dados entre homem/máquina,
tornando-se assim um sistema “aberto” a inúmeras possibilidades narrativas, limitado apenas
pelo seu banco de dados. A proposta de criação de narrativas interativas por meio dos diversos
new media, em especial dos games, vem expandir o rol de possibilidades de escrita de uma
história, colocando o usuário/participador na posição de co-autor de uma narrativa, ao mesmo
tempo que dela participa, através dos ambientes virtuais imersivos. Ao contrário do cinema
narrativo clássico, que se utiliza da decupagem e da montagem clássicas para mostrar ao
espectador, no mais das vezes, um desenrolar linear de suas histórias, temos aqui uma situação
mais próxima àquela descrita por Borges em O jardim dos caminhos que se bifurcam, onde uma
história pode se desdobrar em diversas outras ocorrendo em tempos e espaços paralelos. O
objetivo deste trabalho é analisar as possibilidades narrativas interativas presentes nos games
contemporâneos, contrapondo-as com as narrativas clássicas do cinema tradicional.
Erly Vieira Jr (UFF); GT 6
O instante dos amantes: cinema, corpo e tempo nas periferias do capitalismo flexível
A partir da possibilidade de uma reconfiguração espaço-temporal operada pelo cinema deste
início de século, este trabalho propõe uma discussão do estatuto do corpo nesse processo, com
base nas idéias de “sociedade em rede” (Castells), “sociedade de controle” (Deleuze) Tais
conceitos serão aplicados num contexto periférico do “capitalismo flexível”, a partir das
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experiências urbanas em metrópoles fora do eixo Europa/América do Norte, caracterizadas por
um certo hibridismo entre a condição apresentada nesse eixo e suas próprias particularidades
regionais. Para isso, serão analisadas cenas de filmes dos diretores Hou Hsiao-Hsien (Taiwan),
Apichatpong Weerasethakul (Tailândia) e Wong Kar-Wai (Hong Kong). Busca-se aqui
contrapor alternativas de se traduzir, através dos meios audiovisuais, a experiência espaçotemporal dos habitantes dessas regiões ditas “periféricas”, uma vez que o pensamento
hegemônico na teoria cinematográfica contemporânea concentra-se em filmes produzidos em
regiões do planeta cujos habitantes usufruem a quase totalidade das características de uma
“modernidade líquida” (Bauman, 2001), comportando-se como consumidores plenos no
processo de globalização. Este artigo pretende ser uma aproximação inicial às reconfigurações
da linguagem audiovisual operadas em contextos urbanos emergentes, promovendo um diálogo
com algumas concepções temporais oriundas da Antiguidade Clássica (cronos, aiôn, kairós), que
poderão lançar novas luzes sobre a discussão acerca da inserção corporal no tempo e espaço
fílmicos.
Fabiana Crispino (PUC-Rio); GT 6
O dispositivo cinematográfico e suas possibilidades: a questão em um recorte da obra de Yann
Beauvais
Este trabalho pretende travar um diálogo entre uma noção de dispositivo cinematográfico e do
lugar do espectador tradicional, e a experiência do cinema experimental, mais especificamente
alguns aspectos relevantes dentro da instalação Quatr´un (1993) do artista Yann Beauvais. O
que se busca é evidenciar o deslocamento da concepção clássica de fruição cinematográfica e da
participação do espectador através de iniciativas capazes de estender e deslizar os contornos e a
configuração do dispositivo, tornando-o assim mais amplo e versátil. Serão abordadas questões
como o uso da espacialização e da temporalidade, algumas diferenças estruturais entre o cinema
clássico e o cinema experimental, o trabalho das imagens em Quatr´un pelo acaso e pela
simultaneidade unindo as experiências do cinema experimental e da exibição na forma de
instalação, entre outras. Além disso, o aprofundamento formal de Quatr´un e o posicionamento
de Beauvais em relação à produção experimental, suas características, rumos e desdobramentos,
bem como os elementos que permitem sua hibridização com outras categorias artísticas se
mostram pontos de destaque nesta discussão.
Fabio Luiz Witzki (Universidade Tuiuti do Paraná); GT 5
Imagem, comunicação e arte: reprodução e incorporação do real pela arte
O presente trabalho se propõe a analisar a utilização de imagens técnicas na arte, precisamente
no movimento Pop Art dos anos 50 e 60, utilizando como exemplo as obras: Gordon’s Gin de
Richard Estes; O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes? de
Richard Hamilton e Marilyn de Andy Warhol. A partir das teorias a cerca da imagem de Baitello
e da Semiótica da cultura de Bystrina, apresento uma análise descritiva das obras,
problematizando a utilização de imagens técnicas produzidas, num primeiro momento, para fins
comerciais na propaganda ou no cinema que agora habitam novos suportes e com novos
objetivos. Partindo do pré-suposto de que a reprodução “esvazia” as imagens criando ambientes
hiper-imagéticos para a um cotidiano cego, o artigo apresenta uma discussão preocupada em
entender o processo de resgate ou criação de novos valores e sentidos para as imagens técnicas,
a partir do momento em que elas são utilizadas pela arte em ambientes híbridos entre arte e
realidade. Além das questões ligadas a soma entre arte e realidade, o trabalho discute a relação
entre imagens da realidade urbana e imagens da arte, ou seja: pequenas imagens que pagamos
para ver versus grandes imagens que pagam para serem vistas. Após transitar no estudo e na
análise das imagens, busco uma luz para a seguinte questão: a arte resgata o valor das imagens
vazias da realidade ou, simplesmente, cola a realidade sobre a tela através das imagens.
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Fabíola Calazans (UFF); GT 5
Telefone celular: o hipermeio remediador de meios de comunicação
O artigo tem por objetivo contribuir para as discussões relacionadas à materialidade dos meios de
comunicação, privilegiando o artefato tecnológico, telefone celular, como hipermeio que remedia
outros meios. Para tal abordagem, aproxima-se da Escola de Toronto de Comunicação (Innis,
Havelock e McLuhan), pois, pretende-se discutir o meio além de suas funcionalidades,
enfatizando, assim, suas dimensões materiais, que influenciam as experiências cognitivas,
estéticas, sinestésicas e comportamentais. Para tanto, utiliza-se a noção de meio de comunicação,
de meio híbrido e de hipermídia abordados por Marshall McLuhan e, por seu discípulo, Robert
Logan. A fim de refletir sobre a hibridação do telefone celular, aplicam-se as discussões de
David Bolter e de Richard Grusin sobre a dupla lógica da remediação, que oscila entre a
immediacy e a hypermediacy, e o princípio da hibridação midiática discutido por Vinícius
Pereira. Por fim, propõem-se categorias exploratórias para analisar os meios de comunicação,
remediados na materialidade do telefone celular, relacionando-as às percepções táctil, visual e
auditiva.
Fayga Moreira (UFRJ); GT 4
Por um ‘devir minoritário’ nas favelas: obstáculos à desordem do discurso
O ato de falar ocupa um lugar central na experiência humana. Cotidianamente, e muitas vezes
sem nos darmos conta, lançamos mão do vigor de tal instrumento de exteriorização. Seja na
ditadura ou casualmente nas relações diárias, a imposição do calar parece acompanhada de uma
sensação de impotência angustiante. É que o grito contido impede um livre diálogo e afirma a
relação desigual entre os interlocutores. Entretanto, no momento em que as barreiras
explicitamente impostas ao falar se esvaem, inexistem obstáculos à comunicação? O trabalho
parte dessa primeira inquietação para explorar as interdições sofridas pelo discurso no mundo
contemporâneo, marcado por uma forma muito peculiar de controle e por uma ocupação
excessiva das esferas pública e privada pelos dispositivos comunicacionais, presumivelmente
autorizados a comunicar qualquer realidade. A idéia é problematizar a importância atribuída ao
“dar voz” às minorias como forma de combate à exclusão em meio a essa atmosfera midiatizada.
É o caso de iniciativas – como o site ‘Viva Favela’ e o jornal ‘O Cidadão’, por exemplo – que se
auto-intitulam porta-vozes dos moradores de favela, em contraponto ao olhar estigmatizado que
prevalece sobre esse espaço urbano. A partir da idéia foucaultiana de que o discurso sofre
interdições, antes e durante sua aparição, o objetivo é pensar, não o conteúdo das mensagens
construídas e veiculadas nesses meios de comunicação alternativos, mas os dispositivos e as
coerções que acompanham essa proliferação de vozes da favela.
Felipe Botelho Corrêa (PUC-Rio); GT 4
A crise das fronteiras simbólicas da nação: uma leitura dos filmes Invasões Bárbaras e Caché.
O presente trabalho procura apontar algumas das problemáticas que estão atreladas às discussões
da crise do Estado-nação como grande referente de significação cultural e, conseqüentemente,
propor uma visada que, sob a perspectiva de uma análise que elege como corpus os filmes
Invasões bárbaras (2003), de Denys Arcand, e Caché (2005), de Michael Haneke –, tente fazer
uma leitura das novas formas de produção de fronteiras simbólicas. Fronteiras que não devem ser
encaradas como linhas delimitadoras, mas como diferentes formas de negociação da hibridização
cultural. Há indícios, hoje, de que não podemos mais juntar, sincronicamente, dois termos como
Estado e nação para designar um caráter político-geográfico e uma identidade cultural. Estado e
nação se separam como conceitos, pois se tornam movimentos divergentes que estão emergindo
na contemporaneidade. Em muitos casos, quando falamos das atenuações das fronteiras
simbólicas, que seriam aquelas definidoras de identidades culturais e que não estariam mais se
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constituindo com base no Estado-nação, temos, por outro lado, também, um acirramento das
fronteiras político-geográficas quando falamos, por exemplo, da imigração das populações de
países pobres para países ricos. Não se trata, portanto, de analisar o processo de globalização /
mundialização como apenas diluidor de fronteiras, mas também como operação de acirramento
de tensões. Nesse sentido, os movimentos divergentes que estão gerando novas tensões, e tensões
cada vez maiores, são movimentos que passam inúmeras vezes pelo aspecto cultural, aqui
enfatizado.
Fernanda Barbosa (PUC-Rio); GT 4
Moacir, Macunaíma ou Marcos Pontes: que lugar queremos (podemos) ocupar no mundo?
Este trabalho compara duas narrativas de fundação da nação brasileira (as obras Iracema, de José
de Alencar e Macunaíma, de Mário de Andrade), concebendo-as como projetos para o Brasil,
caminhos apontados por seus respectivos autores como dignos de serem guias para compreender
e conduzir a nação. Iracema (mais especificamente seu filho, Moacir) e Macunaíma nos servirão
também para pensar um novo personagem de nossa história recente, o astronauta Marcos Pontes
que, apesar de não ser um personagem literário, aponta a necessidade de um novo projeto de
nação. Se Iracema será a narrativa de fundação típica do século XIX, propondo uma origem pura
e um nativismo ingênuo; Macunaíma expressará, em sua falta de caráter, o que Mário observou
no brasileiro: a impureza. Uma narrativa de fundação modernista que abandona a essência para
apontar um “hibridismo”, e que contrapõe à conciliação o embate. A questão da identidade
cultural brasileira será novamente levantada neste início de século com a viagem do astronauta
Marcos Pontes no último dia 30 de abril. Afinal, o que queremos para o Brasil? Muitos
comparam o astronauta a uma espécie de Macunaíma do século XXI. No entanto, em alguns
aspectos, parece ter saído de um romance de Alencar. O que torna Marcos Pontes um
personagem comparável a Moacir e Macunaíma é o fato não só daquele ter um pouco destes, mas
também por apontar a necessidade de projetos de Brasil que abarquem questões tal como nossa
dependência tecnológica e, conseqüentemente, dependências econômica, social e cultural.
Precisamos de uma nova narrativa nacional que aponte caminhos nos quais nossa mordida
antropofágica nos retire efetivamente desta situação de inanição. O trabalho que aqui se apresenta
aposta na análise do discurso jornalístico como um destes caminhos possíveis.
Fernanda Cupolillo (UFF); GT 3
Por um mundo de palavras vivas
O presente artigo pretende fazer uma reflexão, a partir de Gramsci e de Sartre, sobre como as
práticas do intelectual e do jornalista, formados em um mesmo locus social, como “técnicos do
saber prático”, distanciam-se em virtude dos diferentes compromissos assumidos socialmente. O
artigo pretende expor, portanto, alguns dos motivos, a partir da prática do jornalista, que o levam
a se afastar da noção de intelectual, embora, muitas vezes, ele reivindique esse status.
Argumenta-se sobre como a incorporação da retórica da neutralidade pelos jornalistas, derivada
do racionalismo de que a classe burguesa se tornou representante, constituiu um dos braços para
a construção dos pressupostos jornalísticos da imparcialidade e da objetividade. Por fim,
argumenta-se, a partir das revistas semanais de informação, Época, Veja e Istoé, sobretudo nas
reportagens de comportamento, sobre como essa retórica instaura uma falsa arena de discussão
pluralista nesses semanários sustentada por uma visão naturalizadora das relações humanas,
valores, práticas culturais e do próprio ser humano.
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Fernanda Lima Lopes (UFRJ); GT 3
Auto-referência, discurso e autoridade jornalística
A categoria dos jornalistas possui uma determinada autoridade no espaço social. O poder de fala
que detêm e o lugar que eles ocupam são fruto de uma série de negociações, muitas delas
travadas por meio do discurso. A busca da autoridade não se dá apenas através daquele discurso
direcionado ao outro, mas também através do discurso auto-referencial. Neste trabalho, são
analisadas matérias sobre um projeto de lei propondo a criação de um Conselho Federal de
Jornalismo. Nessas matérias, o jornalista se auto-referencia e, pela forma que ele organiza seu
discurso, ele traça estratégias de negociação da autoridade jornalística. Veremos que o debate
suscitado nas páginas dos jornais remete ao jornalista de tal forma que enfoca algumas
características da profissão e promove associações semânticas com valores tais como “liberdade
de imprensa”. Ao mesmo tempo em que usam o espaço da mídia para se auto-referenciarem, os
jornalistas também promovem, nessas matérias, uma aproximação com o poder institucional,
entendida aqui como mais uma estratégia de negociação da sua autoridade e do seu poder de fala.
Fernanda Marques Fernandes (UFRJ); GT 2
O novo rock carioca pede passagem: uma contribuição para o estudo das cenas musicais juvenis
Em matérias de jornais de grande circulação, é comum encontrar referências a uma “cena indie
carioca” ou a uma “tribo indie” existente na cidade do Rio de Janeiro. O rótulo indie empregado
para nomear e diferenciar o público de uma cena e classificar o estilo musical dos grupos que a
compõem é freqüentemente questionado e rejeitado pelos integrantes da mesma. O fenômeno
indie brasileiro tem sido retratado e encarado, tanto pela mídia como pelos escassos estudos
acadêmicos sobre o tema, como uma espécie de cópia de cenas musicais pioneiras existentes em
cidades dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha. Acredita-se que pensar as cenas musicais
independentes do Brasil não deve prescindir de uma mera transposição da produção acadêmica
relativa às cenas de indie rock anglo-saxônicas. Deve-se, obrigatoriamente, levar em conta as
particularidades que o fenômeno adquiriu ao longo de seu estabelecimento e desenvolvimento no
Brasil e que são fundamentais para a compreensão de seus processos socioculturais. Este artigo
almeja, por meio de exemplos oriundos da cena de rock carioca, encarar as peculiaridades da
experiência independente brasileira como um elemento central para o entendimento dos
processos de sociabilidade desencadeados dentro das cenas musicais nacionais. Pretende-se tocar
em questões políticas e mercadológicas fundamentais para a compreensão do papel
desempenhado pela música popular massiva nas esferas da sociedade de consumo
contemporânea.
Flavia Pitaluga (UFRJ); GT 1
Consumidores sábios se tornam cidadãos: análise sobre um vínculo entre consumo e política pelo
viés do conceito de risco
É conhecida a discussão sobre os nexos contemporâneos entre política e consumo. O debate de
Canclini sobre o assunto talvez seja o mais estudado. Mas há outras discussões pertinentes a este
respeito e que se desenrolam a partir do conceito de risco. O presente trabalho tem o objetivo de
apontar um outro vínculo entre política e consumo diferente daquele que fala da
espetacularização. Podemos perceber este vínculo em pelo menos duas campanhas institucionais
recentes. O primeiro exemplo é uma campanha contra a compra de peças de carro furtadas e
outro, uma campanha anti-drogas. Em ambos os casos se construía um discurso segundo o qual
um prazer individual pode ser responsável por males sociais. Usualmente, a mensagem “diga não
às drogas” pedia ao usuário (real ou potencial) a atenção à sua própria saúde: era importante
evitar ou deixar de usar determinada substância pois esta poderia acarretar males à sua saúde. As
mensagens recentes dizem algo diferente: deve-se dizer não às drogas não apenas como modo de
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cuidar de si, mas principalmente porque nossos hábitos de consumo teriam uma inflexão sobre a
coletividade. Além da tentativa de moralizar os atos individuais, este discurso parece propor que
a nossa participação social se dá não na arena política tradicional e sim no terreno do consumo.
De outra forma, a responsabilidade individual por males sociais não é a inclusão na política, mas
o consumo sábio.
Gustavo Giareta (PUC-Rio); GT 1
“Humanização” do inanimado: o discurso da publicidade nas significações do consumo
Percebe-se nas atividades da comunicação publicitária um recurso discursivo muito utilizado nas
tentativas de persuasão e valorização do que é apresentado: o discurso mítico. Pretendendo-se
projeções sociais, bens de consumo são inseridos nas peças de propaganda numa trama “mágicototêmica” – termo utilizado pelo antropólogo Claude Levi-Strauss – envolvendo-os em relações
cognitivas de passagem entre valores de uso e valores culturais, de modo a motivar significados a
eles. Considerando as colocações de Pierre Bourdieu de que a oportunidade de participar da
emissão de formas simbólicas confere poder aos grupos que comunicam seus interesses por meio
de discursos que circulam socialmente, a pretensão desse estudo é discutir a potencialidade de a
publicidade motivar, em seus discursos míticos, significações ao consumo; e de sedimentar, na
cultura das sociedades contemporâneas capitalistas, sentidos aos bens que anuncia e ao consumo
enquanto fato social. Como ilustração aos argumentos a serem levantados, será abordado
brevemente o tema das peças televisivas de sabão-em-pó da marca Ariel - “maridos ideais”-,
veiculadas entre os anos de 2002 e 2003. Nelas, os grãos saponáceos do produto são
“humanizados”, sendo apresentados com vida e capacidade de resolver problemas referentes à
limpeza e à condição dificultosa da dona-de-casa em manter a estrutura de seu lar e de sua
família. Procurar-se-á, sob essa perspectiva, fazer algumas reflexões sobre a interferência da
magia, dentro das mensagens publicitárias, nas representações que socializam o consumo nos
contextos socioculturais contemporâneos.
Heitor da Luz Silva (UFF); GT 2
Dos gêneros musicais aos gêneros radiofônicos: uma análise a partir das emissoras de rádio FM
do Rio de Janeiro
Tomando como objeto as emissoras de rádio FM atuais do Rio de Janeiro, pretende-se promover
uma discussão acerca da importância dos gêneros musicais para a configuração dos gêneros
radiofônicos. Partindo da observação de que, em sua grande maioria, essas emissoras não são e
nem pretendem ser dedicadas exclusivamente a nenhum gênero musical específico, levanta-se a
hipótese de elas possuírem uma autonomia estratégica que permite um afastamento em relação às
lógicas que perpassam a produção e o consumo dos gêneros musicais inscritos nas canções da
música popular massiva. Tal autonomia será então problematizada a partir da percepção de que
os gêneros radiofônicos – ou seja, as lógicas que definem um perfil genérico das emissoras – se
configuram em torno das canções que veiculam, posto que a programação musical é o principal
produto definidor desses perfis. Assim, argumenta-se sobre como os gêneros musicais inscritos
nas canções tornam-se importantes para a configuração dos gêneros radiofônicos.
Heloisa Neves (PUC-SP); GT 4
Um mapa do encontro: estudo da relação comunicativa corpo-cidade
O trabalho proposto se desenvolve na área da comunicação enquanto fenômeno social e humano,
pesquisando a relação informacional existente entre um objeto (a cidade) e um corpo (o
habitante), via Ciências Cognitivas. pesquisando a relação informacional existente entre um
objeto (a cidade) e um corpo (o habitante), via Ciências Cognitivas.
A pesquisa usa a metáfora do Mapa (rede comunicacional, diagrama, rizoma) enquanto uma
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representação possível para um fenômeno informacional bastante complexo que é a troca
comunicacional entre dois corpos ou entre um corpo e um objeto, nosso caso. Mapear o Encontro
consiste em mapear uma relação existente entre duas coisas, e não mapear as consequências
dessa relação. No caso dessa pesquisa busca-se entender como se dá o Encontro Informacional
entre o Corpo e a Cidade, de que forma Corpo e Cidade se reorganizam plástica e dinamicamente
durante esse fenômeno, saindo dele contaminados. Como objeto de estudo, trataremos de um
espaço especial na cidade de São Paulo, a rua de entrada do Sesc Pompéia. Como justificativa ao
objeto escolhido, podemos destacar a facilidade que esse espaço possui em fazer com que os
Corpos se “simpatizem” por ele, ocasionando um Encontro mútuo entre corpo e cidade. As
pessoas que por ali passam são necessariamente afetadas pelo espaço, ao mesmo tempo em que
elas também buscam interagir com ele Imprimindo suas marcas; o que nos fez pensar que este
seria um espaço informacional interessante para análise. Para que o espaço possa ser melhor
visualizado haverá apresentação de parte imagética. Como embasamento teórico buscaremos um
paralelo entre os filósofos da mente Antônio Damásio, Humberto Maturana e Francisco Varela,
ligados às Ciências Cognitivas e o filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari.
Hérica Lene (UFRJ); GT 3
O jornalismo e a construção do verdadeiro no campo econômico: uma análise à luz das reflexões
bakhtiana e foucaultiana sobre discursos
O objetivo deste artigo é articular a construção do verdadeiro no campo econômico e os discursos
produzidos pelo jornalismo sobre esta área. A questão que nos instiga é: como as notícias ajudam
a construir uma “realidade” sobre o campo econômico? Partimos da premissa de que o noticiário
de economia se pauta, principalmente, pelos prognósticos e não apenas pelos relatos de
acontecimentos do presente. Com isso, muitas vezes, antecipam situações e provocam mudanças
no mercado. O corpus de análise é constituído de edições dos dois principais jornais do país – O
Globo e Folha de S. Paulo – de julho de 1994, mês de lançamento do Plano Real, em vigor há 12
anos. Partindo das reflexões sobre a questão da comunicação e do discurso de Mikhail Bakhtin e
de Michel Foucault, e de outros aportes teóricos, são analisados alguns aspectos da cobertura
jornalística de economia.
Igor Sacramento (UFRJ); GT 3
Da escatologia ao padrão de qualidade: a televisão como novo lugar da nacionalidade
Este trabalho apresenta as transformações que caracterizaram a programação das emissoras
brasileiras, especialmente, da Rede Globo na década de 1970, atendendo a três principais e
correlatas determinantes: a centralidade da televisão na política de segurança e desenvolvimento
nacional do Estado militar, a indústria televisiva como mais importante segmento da indústria
cultural brasileira e o novo gosto de consumo da ascendente classe média. Neste momento, temse que considerar o investimento e o aumento da produção de programas jornalísticos. O Globo
Repórter e o Fantástico, lançados em três de abril e cinco de agosto de 1973, respectivamente,
são exemplares do Padrão Globo de Qualidade. Pensando, especificamente, no caso do Globo
Repórter, fruto da série de documentários Globo-Shell Especial, aponto para a presença de
cineastas de esquerda (Eduardo Coutinho, Maurice Capovilla, João Batista de Andrade e Walter
Lima Júnior, por exemplo) na produção de documentários e reportagens. Este movimento,
possível também por causa desse momento de busca de qualidade televisiva, abre precedente
para uma outra questão: as possibilidades e os limites de continuidade de um projeto políticoestético desses artistas na Rede Globo.
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Ilana Feldman (UFF); GT 6
Reality show: um paradoxo nietzschiano
O fenômeno dos reality shows - e a subseqüente relação entre imagem e verdade - assenta-se
sobre uma série de paradoxos. Tais paradoxos podem ser compreendidos à luz do pensamento do
filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que, através dos usos de formulações paradoxais, concebia a
realidade como um mundo de pura aparência e a verdade como um acréscimo ficcional, como um
efeito. A ficção é então tomada, na filosofia de Nietzsche, não em seu aspecto falsificante e
desrealizador - como sempre pleiteou nossa tradição metafísica -, mas como condição necessária
para que certa espécie de invenção possa operar como verdade. É interessante perceber de que
modo a própria expressão reality show, através de sua formulação paradoxal, engendra
explicitamente um mundo de pura aparência, em que a verdade, a parte reality da proposição, é
da ordem do suplemento, daquilo que se acrescenta ficcionalmente - como um adjetivo - a show.
O ornamento, nesse caso, passa a ocupar o lugar central, apontando para o efeito produzido: o
efeito-de-verdade. Seguindo, então, o pensamento nietzschiano e sua atualização na
contemporaneidade, investigaremos de que forma os televisivos “shows de realidade” operam
paradoxalmente, em consonância com nossas paradoxais práticas culturais.
Índia Martins (PUC-Rio); GT 5
O documentário animado de Chris Landreth e o psicorrealismo
O documentário animado pode ser definido como filme de situações e fatos reais registrados em
suporte eletrônico, que são utilizados como base para posterior intervenção computacional, que
resulta em uma animação. A proposta deste artigo é discutir como o documentário animado Ryan
de Chris Landreth subverte a linguagem do documentário e abre novas perspectivas para a
utilização dos recursos de computação gráfica, já que não busca representar o real, mas valorizar
o ponto de vista do documentarista. Landreth chama este ponto de vista de psicorrealismo,
expressão utilizada pelo documentarista-animador para definir a animação e as intervenções
gráficas utilizadas para enfatizar atmosferas e sensações no contexto narrativo do documentário.
A ênfase dada às atmosferas e à subjetividade dos entrevistados produz uma estética e uma
abordagem completamente diferentes do que costumamos encontrar em documentários. Portanto,
Landreth subverte o gênero documentário em diferentes níveis: no suporte inovador, quando
utiliza softwares de animação, na opção estética, quando nega o fotorealismo e na abordagem,
que valoriza a subjetividade em detrimento da objetividade e do realismo, que de acordo com
alguns teóricos garantem a autenticidade das imagens num documentário.
Janaina Faustino Ribeiro (UFF); GT 2
Notas para uma reflexão sobre crítica musical no Brasil contemporâneo
Este ensaio pretende contribuir para a discussão acerca dos parâmetros que norteiam o exercício
da crítica musical na atualidade. Para isso, discorre sobre os postulados da crítica cultural,
privilegiando os dilemas que se instauram no momento de ruptura com os antigos cânones de
análise estética, fundados na modernidade a partir das vanguardas históricas. Problematiza tanto
a mencionada perspectiva moderna baseada em pressupostos literários, sociológicos e
caracterizada por um olhar universalista e hierarquizante, quanto a postura dita “pós-moderna”,
originária dos estudos culturais, de registros relativistas, antropológicos e pautada pela
valorização da diferença (pós-estruturalistas). Para se adentrar à discussão sobre valor estético e
universalismo, aplicam-se as teorias de Beatriz Sarlo e Andreas Huyssen, entre outros autores. As
análises de Silviano Santiago e Otávio Velho, entre outros, são utilizadas a fim de sugerir uma
reflexão sobre os limites da abordagem relativista. Por fim, destaca-se que a valoração constitui
um instrumento ao qual constantemente recorre-se para realizar a apreciação estética. Por isso, a
análise dos critérios que regem tais juízos de valor parece fundamental como forma de pensar a
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cultura contemporânea.
Joana Brea (PUC-Rio); GT 6
Cinema e construção de subjetividades: a análise do discurso em Clube da Luta
Partindo do princípio que a mídia como um todo é um mecanismo de criação de subjetividades,
ou seja, um instrumento criador de modos de pensar, de agir, de ver, de sonhar, o presente
trabalho pretende investigar o papel do cinema na produção de discursos que constroem visões de
mundo. Para tanto, analisaremos o filme Clube da Luta, cruzando as idéias da narratologia
fílmica – critérios de análise do discurso cinematográfico – com as idéias do pensamento de
Foucault sobre o discurso. A hipótese desse trabalho é que Clube da Luta, pode ser lido como
uma forma de resistência que, mesmo dentro do esquema de produção e distribuição do cinema
comercial, quer colocar em xeque o próprio discurso da mídia.
João Barreto da Fonseca (UFRJ); GT 5
O snuff movie na TV e a tradição figurativa
As cenas de mortes, captadas ao vivo por câmeras de vigilância e aparelhos de telefonia celular,
com as habilidades e recursos disponíveis, e transmitidas na televisão, rompem com a tradição
figurativa, por serem menos transparentes do que as imagens habitualmente veiculadas. A
situação exige uma compensação do déficit de “realidade”, como a criação de um “olho virtual”,
do qual é cobrada uma densidade que não é exigida do olho físico, e uma narrativa que tenta
“legendar” a imagem, para justificar a diferença entre o que se vê e o que a imagem diz. Sob esse
aspecto, o telejornalismo soa como a videoarte, para a qual a fabricação da imagem é mais
importante que a imagem, uma vez que, apesar do veículo concebido com finalidades miméticas,
as imagens não são índice de coisa alguma.
José Ferrão (UFF); GT 1
Oralidade, mídia e práticas sociais na era do rádio: a sedimentação dos regimes orais de
processamento da informação no cotidiano dos brasileiros
O trabalho propõe o entendimento da oralidade como regime privilegiado de processamento da
informação no Brasil a partir da relação entre as práticas sociais dos indivíduos e os meios de
comunicação. Ressalta a importância das mudanças no cenário da comunicação no país, com a
popularização do rádio - dos anos 1930 até os anos 1950 – para a sedimentação dos regimes orais
em que se insere o público brasileiro até a contemporaneidade. A partir dessas práticas cotidianas
e do entendimento da circularidade que envolve os regimes de oralidade e escrita, é possível
entender como o público consumidor de informação, no Brasil, ao entrar em contato com as
tecnologias dos meios, apreende, refigura a realidade e organiza seu pensamento, sua
experiência, conhecimento e visões de mundo, os torna públicos ou socialmente conhecidos. O
texto aponta para a importância de se considerarem as diferentes negociações e apropriações das
mensagens entre o público e os meios de comunicação, através do método interpretativo dos
vestígios ou “espaços em branco” deixados pelas textualidades múltiplas, a exemplo daquelas
encontradas em documentos impressos, fonográficos e audiovisuais datados, como instrumentos
para a reconstrução, no presente, das práticas culturais perpassadas pelo oral e o escrito.
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Juliana Farias (UERJ); GT 4
Da ‘capacidade antropofágica’ dos movimentos sociais
Esta comunicação apresenta resultados parciais da pesquisa relacionada à minha dissertação de
mestrado, intitulada “Estratégias de visibilidade, política e movimentos sociais: reflexões sobre a
luta de moradores das favelas cariocas contra a violência policial”. Entendendo que não existem
regras fixas capazes de delimitar ‘onde’, ‘como’ e ‘quando’ a política acontece, meu estudo tem
como objetivo principal examinar os formatos de atuação da “Rede de Comunidades e
Movimentos contra Violência”, focalizando especificamente as estratégias que apostam no poder
de comunicação das imagens. Nesse sentido, tenho investigado como estão sendo elaborados
novos ‘idiomas de ação’ utilizados para denunciar a violação dos direitos humanos, exigir
justiça, reivindicar acesso à cidade e também para descriminalizar e legitimar a luta de moradores
de favelas contra a violência policial que os atinge. Durante esta pesquisa, percebi que novos
formatos de atuação estão se construindo através da absorção e da reelaboração de elementos que
compõem vocabulários políticos variados; através da assimilação crítica da experiência do outro
– sugerindo uma espécie de reedição da antropofagia modernista e me fazendo pensar na idéia de
uma ‘capacidade antropofágica’ dos movimentos sociais. Nesta comunicação, portanto, a partir
de aspectos relacionados ao meu objeto empírico, pretendo discutir como acontece esse processo
de atualização das linguagens de protesto.
Juliana Krapp (UERJ); GT 4
Da tradição oral à pirataria on-line: lugares invisíveis no Morro da Mangueira
Comunicação urbana; cultura popular; cartografia simbólica; emancipação.
Mássimo Canevacci usa o termo “cidade polifônica” para designar a multiplicidade de vozes que
se cruzam no espaço da urbe, formando uma comunicação urbana essencialmente dialógica. E
que, por isso mesmo, constitui a engrenagem básica para o traçado de uma cartografia simbólica
- um sem fim de mapas invisíveis que se esbarram, entrecruzam, articulam-se e/ou sobrepõem-se.
Neste artigo, vamos analisar como os processos de comunicação servem à construção de uma
topografia imaginária no Morro da Mangueira. Na favela carioca, o aparato tecnológico deste
início de século, com suas mídias digitais, é incorporado ao cotidiano comunitário, que reinventa
os modos de usar os produtos impostos pela “cultura de massa” e, com eles, redesenha as linhas e
hachuras de seus mapas cotidianos. Aqui, a diáspora da contemporaneidade é local de brechas,
tensões e táticas de sentido – elementos que dão à comunicação e à cultura na cidade um uso
social, uma função emancipatória. Assim, acompanhamos o poder das narrativas orais ser
transportado para o mundo virtual, carregando consigo o caráter plural do olhar sobre a cidade e
sobre os estilos de vida que nela circulam. A reapropriação (muitas vezes clandestina) de
instrumentos de comunicação revela uma cultura popular que, longe de ser passiva, é pura
substância de produção. Os “lugares invisíveis” onde a vida acontece são delimitados e
expandidos a partir dessa força inventiva, dessa insinuação contra-hegemônica da comunicação
em todas as suas variáveis – um jogo de bricolagem e resistência, de bricolagem para a
resistência.
Juliana Lúcia Escobar (UERJ); GT 5
Possibilidades de democratização do processo de produção e recepção de conteúdos e bens
simbólicos: a Internet como esfera pública virtual
A proposta para este artigo é apresentar considerações sobre as maneiras pelas quais a Internet
pode contribuir para a democratização do processo de comunicação midiática. Nossa hipótese é
que, uma vez dadas condições técnicas que facilitem a argumentação e a troca de opiniões, pode
ser que, no futuro, sejam desenvolvidas iniciativas em que a Internet possa de fato constituir-se
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como uma nova esfera pública política. Nossa premissa é que a interatividade nos meios de
comunicação evoluiu, sobretudo no veículo interativo por excelência, a Internet, deixando de
restringir-se a votações. Na web uma das primeiras formas de interação ainda presente em muitos
sites, e que possui uma interface forte com o que consideramos um dos princípios da democracia
é o fórum. E depois dele outros mecanismos comunicacionais vieram e se firmaram, tais como as
listas de discussão, comunicadores instantâneos e, mais recentemente, os diários virtuais –
weblogs ou simplesmente blogs – além de experiências de jornalismo open source (também
denominadas jornalismo participativo ou jornalismo cidadão) e de iniciativas que envolvem
escritas coletivas e anônimas como as que utilizam o sistema wiki. Observando-se algumas destas
iniciativas, que viabilizam conversações on-line entre sujeitos heterogêneos e experiências de
produção coletiva de textos via web, consideramos que a Internet pode estar se apresentando
como uma esfera pública virtual em que se desenvolvem discussões sobre assuntos amenos e,
geralmente, sem vistas à obtenção de consenso.
Juliano Cappi (PUC-SP); GT 1
Poder e símbolo: a historia de uma mídia sonora
“A cultura constitui um corpo complexo de normas, símbolos, mitos e imagens que penetram o
individuo em sua intimidade, estruturam os instintos, orientam as emoções. Esta penetração se
efetua segundo trocas mentais de projeção e de identificação polarizadas nos símbolos, mitos e
imagens”. (MORIN, Edgar, 1962:15, 9ª ed.). A mídia vem reestruturando o ambiente sensorial
do homem. Atuando diretamente na relação com o outro e com o mundo, age na base da
formação do sujeito. Estado e setor privado (economia) desenvolvem suas estratégias para se
comunicarem com os cidadãos / consumidores através da mídia, tornando o poder de influenciar
pessoas cada vez mais efetivo. A propaganda se consolida como forma fundamental de
comunicação no mundo pos revolução industrial. A cultura de massa desenvolve um realismo
acético que consolida a relação puramente estética entre o homem e o meio. O sagrado, o mito, a
magia, característicos de toda historia da humanidade, são expulsos do imaginário moderno.
Porém uma nova mitologia está se criando.
Kleber Mendonça (UFF); GT 1
A ágora contemporânea e a máquina de guerra nômade: o jornalismo como campo de realização
política
Uma rápida aproximação entre o gesto político do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST) em busca de visibilidade pública e a cobertura noticiosa de suas ações pode revelar
em que medida o campo jornalístico se constitui como um dos principais atores políticos dos
nossos dias no mesmo momento em que se converte em uma ágora contemporânea. Este artigo
parte da idéia de que o jornalismo assume, então, uma forma de saber-poder, nos moldes
propostos por Foucault. As ações políticas do MST, por sua vez, desejam perpetrar
acontecimentos discursivos, como definidos por Orlandi, capazes de abrir as trajetórias de
interpretação para novos sentidos que produzem efeitos metafóricos que afetam a história, a
sociedade e os sujeitos na sua dimensão política. Neste sentido, a ocupação de terras, quando
transformada em matéria de jornal, se configura tanto em ação política, no campo social, quanto
em ação discursiva, no campo midiático. Desta maneira, não será necessário apontar como a
imprensa vilaniza o MST; o fundamental será perguntar o que significa este gesto de
criminalização. Da mesma forma a chave para o entendimento do contemporâneo não deve ser
“pelo que” lutam os sem-terra, mas “como” o fazem. O objeto deste trabalho passa a ser, então, o
complexo embate de relações de poder que é posto em prática quando o MST promove uma
ocupação que será coberta pela mídia impressa.
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Larissa de Morais Ribeiro Mendes (PUC-Rio); GT 3
Notícia, conceito em revisão nos blogs de notícias
O ponto de partida deste ensaio é a pergunta “o que é notícia, hoje?” Procuraremos investigar de
que maneira as mudanças tecnológicas que permitiram o surgimento de novas formas de
jornalismo, na Internet, afetam esse conceito, bem como a própria noção do que é jornalismo.
Nossa hipótese é que, assim como as tecnologias que marcaram a virada do século XIX para o
século XX interferiram no que se entendia por notícia, a chegada da Internet na virada do século
XX para o XXI aprofunda uma crise já em curso na imprensa e recoloca a necessidade de uma
revisão do conceito. Como objeto, tomamos os blogs de notícias – a partir deles procuraremos
rever os principais princípios norteadores do jornalismo tradicional. Tal reflexão é parte de minha
dissertação de mestrado, ainda em curso, que leva o título provisório de “Outras práticas, outras
narrativas: jornalismo em transformação nos blogs de notícias”.
Lauren Colvara (UNESP); GT 1
Articulações entre mídia, memória, identidade e cultura
A mídia é o instrumento utilizado na articulação de uma memória coletiva atualizada em que a
cultura e a identidade formar-se-ão por estes discursos. As mobilizações destes quesitos agregam
interesses atuais e objetivos futuros de ordem ideológica, política ou socioeconômica. O
estabelecimento de uma memória coletiva provinda do convite para uma vida hedonista para a
obtenção da transcendência do ser permeada pelos elementos da cultura popular, fragmentos
filosóficos e o culto ao tecnológico veiculado pelos meios de comunicação. Sendo capaz de
responder todas as angústias do ser e do espaço. A realidade está pautada pela mídia, porque esta
constrói as imagens (representações) do mundo em que se vive produzindo ideologias, desta
forma detêm o poder sobre a existência das coisas, exatamente pela difusão de idéias, formatação
de imagem e criação da opinião pública, conseqüentemente, constrói identidades pessoais ou
sociais, o mundo o qual o sujeito está inserido. Portanto, entender como se formaram a atual
expressão da realidade (memória), faz-se necessário para o entendimento da identidade e da
cultura atual, é o entendimento da expressão midiática.
Layne do Amaral (UERJ); GT 5
Os limites do humano: o corpo tecnológico em Gattaca e Matrix
O objetivo do presente artigo é observar de que forma as narrativas cinematográficas abordam a
questão das tecnologias e sua interação com o corpo humano. Entendendo o cinema como uma
forma de arte que pode propiciar não apenas uma experiência estética, mas suscitar olhares
outros sobre a realidade, pretende-se investigar como o corpo é representado nas produções de
ficção científica. No contexto das sociedades contemporâneas, onde o uso de implantes e
próteses já é percebido como algo naturalizado, pode-se notar que os conceitos sobre o que é
considerado humano e maquínico começam a sofrer alterações. Analisando-se os discursos dos
filmes, observa-se que os novos corpos que emergem, apesar de sofrerem transformações
diversas ou mesmo perder sua materialidade em ambientes virtuais, ainda guardam características
que permitem sua identificação como humano. Nesse sentido, tendo por base estudos que falam
sobre a arte tecnológica e pesquisas que percebem uma recuperação da materialidade nas teorias
da comunicação, pretende-se examinar as novas subjetividades que se formam em relação a esses
híbridos característicos de uma sociedade tecnológica.
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Leonardo de Marchi (UFF); GT 2
Os donos da voz? Reconsiderando as grandes gravadoras na produção de música brasileira.
Neste texto, propõe-se a consideração da função das grandes empresas fonográficas, ou grandes
gravadoras, na produção musical brasileira. Após anos sendo descritas como elementos
corruptores da “autêntica” música nacional, o atual cenário de transformações da indústria
fonográfica revela o efetivo papel que estas organizações desempenham na economia da música.
Sob a pressão da crescente competição com a produção independente e do argumento de “crise”
financeira, surge a necessidade de avaliar de forma justa estas empresas, pois, longe da
decadência, elas são centrais para a e na reorganização da cadeia produtiva da indústria
fonográfica. Utilizando uma recente literatura que revista o debate sobre as empresas produtoras
de música, defende-se o entendimento das grandes gravadoras enquanto agentes sociais que
existem num contexto complexo que tanto influi quanto é influenciado por elas. Desta forma,
afasta-se a caricatura de meros deturpadores da criatividade, sugerindo, em seu lugar, uma
perspectiva mais complexa acerca das conseqüências que as atividades destas empresas
apresentam para o meio musical. Com isto, sobretudo, defende-se uma reavaliação da dicotomia
entre cultura e comércio que pauta a discussão sobre produção de música na contemporaneidade.
Leonardo Rodrigues (UFRJ); GT 5
Post Woman: o gênero feminino no cinema de ficção científica
O trabalho analisa a coerência entre as representações de gênero das narrativas cinematográficas
de ficção científica e os discursos sobre gênero em voga na sociedade. O objetivo é detectar a
forma como a cultura propicia a representação de corpos e de um determinado imaginário
tecnológico baseado em híbridos, como o ciborgue, sem abrir mão de discursos dicotômicos
como a distinção entre o papel social do homem e da mulher. A idéia é aclarar os termos em que
se estabelecem os diálogos entre cinema e cultura, evidenciando até que ponto a representação do
corpo na tela pode ser uma representação do corpo social.
Leopoldo Guilherme (Estácio de Sá / UERJ); GT 3
Novidades sobre o passado: jornalismo cultural e a cultura da memória
Este trabalho tem como objetivo investigar os mecanismos a partir dos quais o jornalismo
cultural participa da construção e valorização do passado e da memória urbana, modelando,
neste processo, as percepções e representações sobre a relação entre sociedade e história. No
intuito de analisar o papel do jornalismo na sociedade contemporânea, discutimos de que maneira
os cadernos culturais fornecem formas de classificação, que podem ser interpretados como
discursos sobre memória e cultura urbana, e que tornam possível não só a releitura ou resgate de
tradições culturais, mas também a criação de novas experiências de tempo e espaço. A partir das
teorias de Andreas Huyssen a respeito da “cultura da memória” (a preocupação cada vez maior
com a preservação ou recuperação dos vínculos com o passado) e de Stuart Hall a respeito da
“centralidade da cultura” (a tendência da sociedade contemporânea de se constituir como uma
realidade centrada no caráter discursivo e na produção estética ou simbólica), desenvolvemos a
hipótese de que os processos de “musealização” e “culturalização” que caracterizam a sociedade
atual tornaram-se determinantes socioculturais da produção do texto jornalítico. Neste sentido,
tentamos compreender de que maneira o jornalismo produz uma nova forma de tematizar
“cidade”, “memória” e “cultura”.
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Lucia Santa Cruz (UFRJ); GT 3
Empresarial é mais legal: como o jornalismo pauta o papel social das empresas hoje
O espírito público da iniciativa privada é um dos axiomas da nossa época, consolidado num
movimento de intervenção social – a responsabilidade social empresarial. Este artigo discute
como o discurso da responsabilidade social empresarial migrou do círculo restrito do ambiente
institucional para ser apreendido pelos veículos de comunicação de massa, que criaram produtos
específicos para abordá-lo. A análise de jornais, revistas e programas de rádio que produzem
notícias sobre o tema aponta ser esse um processo de legitimação da estratégia das empresas
enquanto atores sociais que se auto-atribuem um papel essencial no cenário de reorganização da
agenda das políticas públicas brasileiras. A transposição não é apenas jornalística, no sentido de
narração do fato que se mostra noticiável, mas está impregnada de conceituação política e de um
objetivo pedagógico. Simultaneamente, ao celebrar a atuação das empresas, o discurso
jornalístico relega ao Estado um papel coadjuvante ou de mero certificador das ações
empresariais. Estudar este discurso jornalístico é, portanto, analisar uma nova configuração
política que redesenha a relação público/privado, Estado e empresas, sociedade e indivíduo. Ao
mesmo tempo, a relevância de pesquisar este universo reside no fato de que a investigação
teórica em torno da responsabilidade social empresarial não enfoca as narrativas jornalísticas
sobre o tema.
Luiz Adolfo de Andrade (UFF); GT 5
O herói informacional. dinâmicas corporais do RPG inscritas no design do jogo eletrônico
Os games eletrônicos para múltiplos usuários - MMORPG - vêm se popularizando cada vez mais
graças a fascinante proposta de “experiência de vida virtual” que oferece ao jogador. Domínios
como este nos parece usar uma lógica bem próxima da estabelecida pelos jogos de RPG. Nos
dois casos, o personagem é considerado um alter-ego do jogador e através dele o sujeito pode
participar e perceber o mundo da aventura. Neste sentido, o presente artigo busca investigar a
maneira que a corporalidade de um herói do RPG pode ser inscrita no design do MMORPG, de
modo que não se perca seus efeitos enquanto tecnologia de comunicação essencial para o jogo.
Aparentemente, o RPG se destaca pela comunicação oral que é estabelecida entre os
participantes, diante do modelo escrito presente nos MMORPGs. Entretanto o computador,
pensado como um meio expressivo, pode oferecer recursos para emular o Avatar dos jogos
eletrônicos multiplayer ao herói de um RPG, em termos de tecnologia de comunicação. A relação
entre os jogadores acaba transbordando para outros ambientes do meio digital, causando uma
outra impressão a respeito dos avatares destes games. Para estabelecer esta reflexão,
analisaremos os casos de Millenia e Star Wars Galaxies, um RPG e um MMO baseados em
ficção científica.
Luiz Gustavo Vidal Xavier (UERJ); GT 6
O documentário brasileiro contemporâneo e o impasse da violência urbana: uma discussão sobre
o Estado de Exceção
O presente artigo é a primeira etapa de um trabalho maior que pretende analisar os rumos do
documentário nacional no que diz respeito ao retrato dos impasses na sociedade. Neste primeiro
momento de nossa pesquisa, iremos fazer um levantamento bibliográfico a respeito da história e
das tendências do cinema de não ficção no Brasil e cruzar com as perspectivas apontadas a partir
dos estudos sobre Estado de Exceção. O conceito de Estado de Exceção é utilizado pelo filósofo
italiano Giorgio Agamben para demonstrar como os tempos atuais não são de normalidade
jurídica, com estruturas públicas ameaçadas e de abandono total dos cidadãos em meio a uma
“terra de ninguém”. Numa clara referência à própria crise do Estado Democrático de Direito, a
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defesa da segurança, da liberdade, da democracia, da paz surge como justificativa para a
eliminação de qualquer direito, inclusive o próprio direito humano. A generalização da violência
urbana tanto por parte da polícia quanto do crime organizado demonstram, em certo sentido, a
ineficácia do aparelho político estatal permitindo que certos preceitos jurídicos para não agir
dentro da lei, da norma e do direito não sejam levados em consideração. E, nesse sentido, o
cinema documentário vem apresentando, hoje, algumas linhas de forças comuns que se esboçam
retratando os principais impasses do país. Englobam os mais variados intentos éticos, estéticos,
ideológicos, as mais variadas formas de linguagem e também, as diversas formas de
representação dessa realidade. Levando em consideração as recentes produções cinematográficas
nacionais, percebe-se a perplexidade da explosão da violência na sociedade, principalmente nos
grandes centros urbanos. Neste primeiro momento de nossas discussões, iremos utilizar dois
documentários: O prisioneiro da grade de ferro, de Paulo Sacramento e Ônibus 174, de José
Padilha.
Luiza Helena Guimarães (UFRJ); GT 5
Entanglednet: dispositivo panorâmico ativista mediado pelo desejo
Na emergência do ativismo, simultânea ao aumento da potência de redes de comunicação, vemos
a possibilidade de através da experimentação, criar um dispositivo, Entanglednet, que coloca em
curso um fluxo interativo e não-linear mediado por computador, um processo de experimentação
onde interferências são agregadas e o acaso e o acontecimento podem ser incorporados.
Entanglednet propõe o acesso às imagens advindas de paisagens das janelas do lugar onde
ocupamos no mundo, mas o que colocamos em curso é um dispositivo artístico-ativista, que
embora se utilize destas imagens as tira de foco pondo em cena o panorama de nossa potência de
ação no mundo, através do sistema de comunicação em rede aberta a todas formas de existência.
Então, uma linha de fuga está sendo forjada entre os presentes que passam e se substituem, num
fluxo que incorpora passado e presente, interior e exterior, sem distância quantificável e
qualificável, espaço e movimento, mas também topologia e tempo. Um real constituído da
topologia de singularidades nômades, impessoais e pré-induviduais, um indivíduo no mundo e o
mundo nele.
Lydia Gomes de Barros (UFPE); GT 2
O punk da integração – a cena musical do alto José do Pinho
O presente artigo analisa a reelaboração das estratégias discursivas das bandas de rock do Alto
José do Pinho, bairro periférico do Grande Recife, a partir da representação desse movimento
musical pelos meios de comunicação massivos. Observa que as representações constituídas pelos
meios de comunicação de massa do punk rock do Alto José do Pinho terminaram por moldar as
inter-relações entre os moradores do lugar, reforçando uma espécie de enquadramento das
bandas no espelho midiático, que resultou na legitimação desta cena alternativa em seu território
original – onde antes não encontrava acolhida – assim como sua assimilação pelo mercado
institucional. Assim, os artistas do Alto abandonaram o niilismo e a fúria marcados
historicamente no movimento punk para assumirem o engajamento político e social, através de
uma retórica que chamam de construtiva e de atitudes que têm por objetivo a diluição da má
reputação do movimento. O que está em foco neste artigo é a produção musical do Alto José do
Pinho em sua interface com a indústria hegemônica, e as singularidades dos grupos punks ali
baseados em seu esforço visando à conquista de visibilidade e inserção sociocultural.
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Marcelo Kischinhevsky (UFRJ); GT 2
Manguebit e novas estratégias de difusão diante da reestruturação da indústria fonográfica
Este artigo se propõe a analisar as estratégias de visibilidade adotadas por artistas brasileiros
diante do crescente impacto das novas tecnologias da comunicação e da informação sobre as
atividades da indústria fonográfica. Para isso, tomaremos como exemplo dois grupos de música
pop originários de Recife (PE) – Chico Science & Nação Zumbi e Mombojó, expoentes da cena
conhecida como manguebit. Examinaremos as formas de difusão via internet, como redes de
compartilhamento de arquivos de áudio (P2P) e podcasting, que emergem como instâncias de
mediação, e sua possível complementaridade em relação às mídias estabelecidas.
Marcia Paterman Brasil (PUC-Rio); GT 4
Da razão alternativa ou el nombre del hombre muertol: o intelectual no período demográfico da
história.
A proposta deste trabalho consiste em uma reflexão sobre a concepção do geógrafo Milton
Santos do papel do intelectual no “período demográfico da história”, em Por uma outra
globalização (Santos: 2000), e à luz do filme de longa-metragem de Silvio Tendler (em processo
de finalização), focalizando o pensamento ex-cêntrico sobre a globalização proposta pelo autor
em um momento histórico que rejeita as aspirações utópicas e considera a globalização neoliberal
o único caminho de internacionalização econômica e cultural, procurando compreender a função
que Milton Santos relega ao intelectual na tomada dos atuais meios de produção. Estabelecendo
uma leitura da concepção de “intelectual público” proposta pelo autor, enfocando, antes e na
aurora da potencialidade de futuro, o papel do intelectual latinoamericano e a concepção do papel
do povo, e sua possível idealização, em diálogo com outros autores que discutem a globalização,
bem como o esvaziamento, na obra de Milton, da dimensão do intelectual orgânico presente no
ideário dos revolucionários da década de 1960 no Brasil, em especial, ligado ao CPC da UNE.
Relacionando o pensamento de Santos à condição de deslocamento do Afklarüng no mundo
periférico, à “tensão fáustica” do intelectual latinoamericano (Marshall Berman) na conservação
do sentido de posicionamento político-ideológico do termo desde Dreyfus. Em diálogo com o
filme de Tendler, pretendo ainda observar o tratamento de um intelectual que busca a inserção
pela arte no seio da história diante do pensamento de Milton Santos.
Marcio Castilho (UFRJ); GT 3
Censura e imprensa nos anos 70: fora da arena política o investigativo entra em cena
Uma revisão bibliográfica mostra que a preocupação dos pesquisadores em conceituar o
jornalismo investigativo no Brasil é recente. Os estudos já publicados sobre o tema relacionam o
boom da investigação na imprensa ao fim da censura militar no país, associando ainda o
ressurgimento desse gênero jornalístico às matérias de cunho político. O trabalho tem o objetivo
de demonstrar que não há uma relação tão direta, como se supõe, entre o jornalismo investigativo
e o fim da censura imposta pelo regime militar. A partir da análise das matérias produzidas no
período de maior repressão aos conteúdos informativos no Brasil, percebe-se a construção de um
discurso jornalístico denunciador, mas em outras instâncias que não as nitidamente políticas.
Assim, os anos 1970, mesmo na fase mais aguda da Ditadura Militar, representaram na chamada
grande imprensa a ênfase a um novo tipo de jornalismo, o investigativo, com a publicação de
grandes reportagens sobre temas dos mais variados, desde matérias sobre cotidiano e sexualidade
até assuntos de cunho ecológico e científico.
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Marcus Vinícius Fraga (UnB); GT 1
TV digital e a perpetuação da sociedade do espetáculo: uma análise econômica e política da
escolha do padrão japonês
O presente artigo pretende analisar o processo decisório de implementação do padrão japonês de
TV digital no Brasil. Usamos o embasamento teórico da economia política da comunicação para
demonstrar que a decisão pelo padrão japonês está à margem dos interesses sociais por uma
democratização da informação. A economia política da comunicação é uma linha que trabalha
como idéia central as ideologias por detrás das produções culturais. De acordo com essa linha, as
produções culturais dos meios de comunicação de massa são no intuito de criar públicos
consumidores de conteúdos, já que a audiência é uma mercadoria vendida para a publicidade
pelos produtores de conteúdos. Usamos também o entendimento de sociedade do espetáculo para
inferir que o marco regulatório, quando for estabelecido, perpetuará o atual modelo da televisão
aberta brasileira, baseado na venda da audiência e que exalta o espetáculo para obter maiores
dividendos.
Maria Alice Lima Baroni (PUC-Rio); GT 3
Considerações sobre a redundância na expressão jornalismo investigativo
A expressão jornalismo investigativo, inevitavelmente, traz consigo a pergunta: o jornalismo não
é investigativo? A prática jornalística, por si mesma, não pressupõe investigação? Mas, se todo
jornalismo é investigativo e pressupõe investigação, qual o motivo de o diferenciarmos em novas
expressões como jornalismo investigativo, grande reportagem, jornalismo ativo. Pretendemos
realizar, desse modo, uma travessia, que se inicia pela pergunta: o que é o jornalismo
investigativo? Nosso objetivo é abandonar o lugar do senso comum, tomando como ponto de
partida a análise de múltiplas vozes de teóricos da comunicação e jornalistas, que pensam a
questão ou exercem o ofício do jornalismo. Esperamos, por fim, ao contrário de atingir o ponto
final, alcançar um lugar de maior esclarecimento, mas, de modo algum, pretendemos encerrar o
assunto. Lembrando a frase do jornalista Ricardo Noblat, para quem a “imaginação no jornalismo
serve para que você tente enxergar além do óbvio. Para que você diga mais sem dizer demais,”
(NOBLAT, 2005, p. 80) tentaremos buscar o que está além da redundância presente na expressão
jornalismo investigativo.
Maria da Graça Lehmkuhl Trindade Taguti (UERJ); GT 5
Sexualidades Contemporâneas: Leves, Líquidas ou Gasosas? Identidades sexuais e novas
dinâmicas de sociabilidade on-line.
Este trabalho visa a discutir novas formas de relacionamentos contemporâneos, identificadas no
site disponível.com.br. Constatamos que os participantes usam a página em questão para
alternarem, aleatoriamente, suas identidades e /ou processos de subjetivação. Considerando-se
alguns perfis analisados, depreende-se que tanto um associado isoladamente, quanto casais de
homens e mulheres, de idades e classes socioeconômicas diversas, costumam adotar,
indistintamente, posturas homo, hetero ou bissexuais, ativas ou passivas, dependendo dos jogos
combinados com os parceiros, e visando sempre encontros reais. Na maior parte dos casos,
segundo observamos, as pessoas que atravessam a ponte digital mantêm nos seus intercâmbios
concretos os virtuais pseudônimos que os caracterizam na página.
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Maria Inês Accioly (UFRJ); GT 5
Efeito de real: a estratégia cognitiva da simulação
Este trabalho tem como objetivo enquadrar a simulação no campo teórico da cognição, partindo
da seguinte definição de simulação: estratégia cognitiva interativa baseada na produção de efeito
de real a partir de modelos. Tal definição, adotada como hipótese em minha pesquisa, apóia-se no
pensamento filosófico sobre o simulacro; na tradição das ciências experimentais, que há séculos
utilizam a simulação como método de investigação dos fenômenos da natureza; e na tecnologia
computacional contemporânea, cujos modelos algorítmicos de simulação encontram amplo
emprego na produção de conhecimento, em processos de inovação tecnológica e na educação.
Procuro, também, articular a categoria da simulação com teorias formuladas desde o século 19
que incluíram a participação do observador no conceito de cognição, como a tese de Bergson da
indissociabilidade entre percepção e ação e o conceito de “enação” em Varela.
Marianna de Araújo, Crislan Ferandes Veiga, Maurício Pinto da Costa (UFRJ); GT 4
A formação de intelectuais populares na Maré
Existem no Rio de Janeiro 513 favelas e, nelas, mais de um milhão de moradores que
representam 18,8% da população da cidade. Para estas comunidades, os meios de comunicação
da grande mídia reservam um único espaço em suas páginas e blocos: a seção policial. O
discurso que tem lugar na mídia e ajuda a legitimar a visão de uma minoria dominante, faz parte
de um conjunto de fatores que acaba por naturalizar estereótipos e favorecer a manutenção da
estrutura social de classes em que vivemos. Em contraposição à ideologia conservadora
difundida na mídia surgiu um projeto pioneiro no Brasil: a Escola Popular de Comunicação
Crítica (ESPOCC). A Escola é um dos projetos do Observatório de Favelas, organização civil
sem fins lucrativos que trabalha em prol de políticas para a periferia na cidade do Rio de Janeiro.
A ESPOCC foi fundada em setembro de 2005 e localiza-se na favela Nova Holanda, no
complexo da Maré. Ela tem como principal objetivo a formação de comunicadores populares
(repórteres, fotógrafos e produtores de vídeo), capazes de refletir sobre contexto no qual estão
inseridos a partir de uma perspectiva diferente da que é proposta pelos meios de comunicação de
massa. A Escola oferece cursos na área de Comunicação (mídia impressa, audiovisual e
fotografia) e pretende, juntamente com os alunos, moradores de comunidades e subúrbios do Rio
de Janeiro, a criação de meios de comunicação alternativos para veicular um discurso contrahegemônico, elaborando assim, novas formas de representação da favela. O presente trabalho
baseia-se em pesquisa desenvolvida a partir do projeto de extensão da Escola de Comunicação da
UFRJ, junto à ESPOCC do Observatório de Favelas. Pretende-se mostrar como os
comunicadores populares formados na ESPOCC, se encaixam na concepção de "intelectual
orgânico" do italiano Antonio Gramsci e como o trabalho desenvolvido por eles constitui-se em
uma iniciativa contra-hegemônica, frente ao que é apresentado pela grande mídia.
Marta Tejera (PUC-RS); GT 4
Público e privado: alterações na esfera social a partir das novas Tecnologias da Comunicação
Este artigo tem o objetivo de propor uma discussão a cerca do tema privacidade, nos dias atuais,
a partir do advento de novas tecnologias como a Internet, considerando que uma das tantas
alterações sociais produzidas por este suporte esteja, justamente, na idéia de privado e, por
conseqüência, no que se tem, até então, como invasão de privacidade. Este artigo investiga a
construção do conceito de privacidade, apontando para uma decadência deste princípio e para
uma confusão entre as esferas do público e do privado na atualidade que sugere uma possível
prevalência da esfera pública, como já registrado em períodos anteriores. O aporte teórico deste
artigo indica uma discussão entre autores como Michel Maffesoli, Andrew Shapiro e Jean
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Baudrillard que demonstram de que maneira as alterações nos espaços do público e do privado
estão se manifestando na atualidade, além disso, se valendo de pesquisadores como Philippe
Ariès, Georges Duby e Richard Sennet, apresenta-se um resgate histórico da construção do
sentido de privacidade ao longo da história, buscando traçar a maneira como as esferas pública e
privada foram construídas até o momento.
Matheus Ramalho (UFRJ); GT 1
Perspectivas de cinema e periferia
O trabalho “Perspectivas de Cinema e Periferia” aborda a trajetória de teorias e abordagens
cinematográficas que pensaram a condição de dominação e subdesenvolvimento latinoamericana, a fim de questionar, na seqüência de crises e reposicionamentos que constitui sua
evolução, a atualidade de tais propostas. Investigando desde as primeiras manifestações dos
“Terceiros Cinemas”, “Cinemas Imperfeitos” e “Estéticas da fome e do sonho”, até as teorias e
estéticas recentes que apostam no “hibridismo” e na “produção da diferença” como formas de
representação e questionamento da condição marginal, o texto procura compreender os lugares e
as formas pelas quais as diversas “estéticas da periferia” latino-americanas lutaram para
expressar e transformar a situação de exploração e desigualdade que lhes dá contexto. Nesse
sentido, a observação das “crises e reposicionamentos” que constituem a trajetória de tais
propostas permite considerar a sua atualidade histórica e, principalmente, as dificuldades que
encontram para acompanhar as transformações do capitalismo e da globalização tecnocientífica,
que tornam cada vez mais ambíguas as relações de produção e de poder.
Mirella Bravo de Souza (Estácio de Sá de Vitória-ES / UFF); GT 3
O processo de configuração ritual: a inserção de personagens criminais em um continuum fluxo
narrativo jornalístico de referência
O artigo tem como base uma dissertação que perseguiu como hipótese principal a existência de
um único fluxo narrativo em que estão inseridas as notícias sobre Lúcio Flávio Vilar Lírio e
Leonardo Pareja. Esse fluxo se divide, para fins de análise, em fluxo do tema e fluxo das
estratégias narrativas. O primeiro trata do conteúdo; o segundo, da forma. Os dois se encaixam
dentro do processo de configuração pelo agente mediador jornalista-narrador. O pressuposto
fundamental é que notícias são histórias, ou seja, construções narrativas. Por isso, apoiada na
Tríplice Mimese de Paul Ricoeur, uma concepção que privilegia o processo e indica que a ação
narrativa se fundamenta nos três atos miméticos interligados - prefiguração, configuração e
refiguração-, estuda a construção das histórias criminais para comprovar a existência do fluxo e
descrever como o jornal produz memória e recria mitos.
Mônica Carvalho (UFRJ); GT 1
Obesidade e pobreza na mídia: cenas de um debate político na Folha de São Paulo
O objetivo deste trabalho é apresentar parte dos resultados da pesquisa de doutorado que discute
as relações entre controle dos riscos e mídias. O foco principal é o modo como as mídias
abordam o tema da obesidade em sua relação com a pobreza, problema que provoca a dinâmica
social de controle dos riscos, baseada na escolha e na responsabilidade pessoal. O nexo entre a
obesidade e a pobreza direcionou o trabalho de campo realizado, que parte da seleção de 64
matérias do jornal impresso diário Folha de São Paulo, entre os anos de 1996 a 2005. A partir
daí, estabeleceu-se os critérios e os níveis de categorias para a análise das matérias selecionadas.
O tema obesidade/pobreza ficou mais evidente nas mídias a partir de 2002, ano de eleição
presidencial no Brasil. Com a vitória do então candidato do Partido dos Trabalhadores em 2002 e
a implantação do programa social deste novo governo em 2003 – Fome Zero – a relação entre a
obesidade a pobreza ganhou importância nos meios de comunicação brasileiros. O auge do
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processo de divulgação e notoriedade deste tema se evidencia em 2004, em dois momentos
marcadamente políticos: a eleição para prefeito na cidade de São Paulo e a divulgação da
Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), do governo. O debate promovido pelo veículo apresenta o tema em análise
como ponto negativo na avaliação de um agir político dominante daquele contexto, que refletiria
um descompasso entre a) o que é apontado como necessidade e agendado como plano de ação
pelo governo e b) o que é apresentado pelo veículo como sendo o fato, ou seja, a própria
realidade brasileira.
Mônica Lisboa Torres (UFRJ); GT 4
O Rio turístico: representações da cidade nos guias de turismo
O objetivo deste artigo é o de investigar e mapear as representações da cidade do Rio de Janeiro
nos guias de turismo atuais. A partir da análise da evolução da atividade turística na sociedade
moderna, esta pesquisa avalia o papel do guia de turismo como veículo fundamental da
comunicação turística na mediação das cidades com o imaginário dos viajantes. Através do
estudo de seis guias de turismo de grande circulação no Brasil e no exterior, busca-se explorar o
território do Rio turístico, levantar aproximações e diferenças nas representações da cidade e
examinar que regiões e imagens são incluídas ou excluídas nestes mapas e narrativas do Rio de
Janeiro.
Nicoli Glória de Tassis (UFMG); GT 3
Jornalismo, literatura e política: fronteiras interpemeáveis na história da imprensa brasileira
O presente artigo visa resgatar a história da imprensa no Brasil, mapeando os seus contornos
literários e políticos, especialmente no campo da reportagem. Começaremos o nosso estudo com
o apontamento dos aspectos formais, ideológicos e estéticos das produções dos escritores
jornalistas João do Rio e Euclides da Cunha; passando pelos periódicos de maior importância,
publicados entre as décadas de 1920 e 1960; os romances-reportagem do período da Ditadura
Militar; até os livros-reportagem contemporâneos. Essa análise se encontra imbricada com os
contextos político, social, cultural, histórico e econômico que, em maior ou menor grau,
determinaram as escolhas que conformam hoje a narrativa jornalística, especialmente a grandereportagem em forma de livro. Partimos da hipótese de que o livro-reportagem atual é herdeiro
da tradição das narrativas realistas brasileiras, iniciada no final do século XIX. Interessa-nos
aqui identificar que traços realistas/naturalistas estão presentes na produção jornalística/editorial
contemporânea e o seu diálogo com a denúncia dos problemas brasileiros.
Octavio Penna Pieranti (FGV) e Paulo Emílio Matos Martins (FGV); GT 3
A imprensa e a revolução da microeletrônica: considerações acerca do conceito de independência
face ao cenário de transformações políticas e inovações tecnológicas
As transformações por que passam o Estado e a Administração Pública refletem-se nas relações
entre os atores políticos e setores produtivos diversos. A redução formal dos atributos do Estado
extrapola os limites da máquina pública, forçando a reordenação de ambientes onde o
investimento privado, ainda que maior, conviveu em harmonia com o público. Além da questão
financeira, modifica-se o paradigma desses setores, ora às voltas com a necessidade de
estabelecimento de regulação própria. No que tange à imprensa, defende-se historicamente sua
independência e sua liberdade como necessárias ao funcionamento de uma democracia plena e de
instituições mais sólidas. A imprensa, nesse contexto, funcionaria não só como divulgadora do
que é considerado de interesse público, mas também como fiscalizadora da Administração
Pública, assumindo, na prática, o papel de olhar atento da sociedade. O binômio Imprensa Estado no Brasil, e também em muitos países de democracia recente, tem se pautado por uma
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histórica e perigosa relação de proximidade, variando conforme o momento. Em fases marcadas
pelo autoritarismo e por regimes de exceção, prepondera uma imprensa açodada pela censura,
salvo raras exceções. Em ambientes democráticos, a liberdade de imprensa tende a se afirmar
oficialmente, em graus variados, mas, mesmo nesse cenário, limitada por uma dependência das
empresas de comunicação em relação ao Estado, graças ao oferecimento de benesses diversas.
Este artigo tem por objetivo discutir a relação entre imprensa e Estado no Brasil contemporâneo,
à luz das transformações políticas e inovações técnicas e tecnológicas por que passam esses dois
atores.
Pablo Gonçalo (UNB); GT 6
A experiência da diáspora
Análise comparativa dos filmes Lost lost lost (1976), de Jonas Mekas, e Passaporte Húngaro
(2001), de Sandra Kogut. Além de serem dois filmes autobiográficos, ambos são perpassados
pela temática da diáspora. Entre eles, no entanto, há um lapso temporal, referente à época das
filmagens, de cerca de cinqüenta anos. O ensaio aborda justamente os modos como os
documentários, sobretudo os autobiográficos e subjetivos, tecem sua representação dos grandes
acontecimentos históricos. Sujeito e história, portanto, são interpretados pelos crivos da
autobiografia e da diáspora. Sobre o intervalo temporal – histórico e cronológico – o ensaio tenta
compreender a singularidade da elipse, como um recurso da linguagem cinematográfica, quando
aplicada ao documentário. A passagem do super 8mm para o vídeo também elucida um pouco da
relação do sujeito com a imagem e suas mais recentes mudanças históricas.
Palloma Menezes (UERJ/UFF); GT 4
Gringos e câmeras nas favelas cariocas
Relatos de viajantes das primeiras décadas do século XX revelam que visitar favelas cariocas não
é uma prática recente. Contudo, nunca houve um número tão grande de turistas interessados em
visitar as favelas como há atualmente: apenas a Rocinha recebe cerca de 2000 visitantes por mês,
levados por uma das sete agências que disputam acirradamente o mercado local. Depois que a
Rocinha passou a figurar entre os roteiros oficiais da Cidade Maravilhosa, outras favelas –
Babilônia, Prazeres, Pereira da Silva, Providência e, mais recentemente, Vidigal – também vêm
tentando se organizar para explorarem, de diferentes maneiras, seus “potencias” turísticos .
Nesta comunicação pretendo enfocar as interconexões existentes entre fotografia e turismo na
favela. Trata-se de um campo de investigação que se construiu ao longo de dois anos durante os
quais participei, na qualidade de bolsista de iniciação científica (PIBIC/UERJ), do projeto
“Construção da Favela Carioca como Destino Turístico”, coordenado por Bianca FreireMedeiros. Tenho a intenção de realizar uma reflexão comparativa entre fotografias por mim
tiradas durante o trabalho de campo, fotos que ilustram os sites das agências promotoras do
turismo na favela da Rocinha e fotologs de turistas que já participaram de um dos passeios ali
comercializados, para analisar, assim, as dinâmicas socioculturais e identitárias envolvidas na
produção e circulação dessas imagens. Como o ato de visitar pontos turísticos no mundo
contemporâneo está intimamente ligado à prática de fotografar as localidades visitadas, sustento
que nunca houve tamanha produção, reprodução e difusão de imagens da favela como existe nos
dias de hoje.
Patrícia Saldanha (UFRJ) & Mohammed El Haji (UFRJ); GT 1
Telecentro Santa Marta: um exemplo prático de reordenamento de um processo comunitário
carioca
Para compreender o verdadeiro valor de novos recursos cognitivos para o desenvolvimento local
é necessário lembrar que o papel central da comunicação na nova ordem sócio-tecnológica criou
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uma base material tão inédita para o desenvolvimento das atividades humanas no sistema social,
que acabou impondo a sua própria lógica à maioria dos processos comunitários. Neste sentido, a
implantação dos telecentros nas regiões menos favorecidas (caso das favelas cariocas) se revelou
ser um precioso instrumento para a quebra dos tradicionais mecanismos de opressão que vigoram
em nossa sociedade. Trata-se de um valioso recurso tecno-cognitivo capaz de contribuir na
reestruturação dos termos das trocas simbólicas e reformular os quadros cooperativos e
associativos tanto locais e regionais como globais e transnacionais. Por isso, torna-se
fundamental perceber a importância da informatização enquanto reordenamento e rearticulação
das instâncias de produção de informação, controle, difusão e acessibilidade, que viram peças
chaves no jogo do poder político-econômico atual. Assim, a iniciativa do grupo ECO, um dos
órgãos de representatividade dos moradores do morro Santa Marta situado na Zona Sul do Rio
de Janeiro, iniciou o primeiro Telecentro do estado. Este centro de informática, além de
funcionar como via de democratização da comunicação, democratiza o acesso à informação,
funcionando como instrumento de ressocialização positiva de jovens, em contraposição à grande
exclusão social e às facilidades oferecidas pelo narcotráfico e pela marginalização.
Pedro Vinicius Asterito Lapera (UFF); GT 2
Funk e rap no documentário brasileiro contemporâneo
A partir das práticas discursivas ligadas a gênero, classe e etnia, a comunicação pretende analisar
o documentário Fala Tu (Guilherme Coelho, 2003). Oscilando entre os modos expositivo e
participativo (classificação de Nichols, 2005), as “vozes” explicitadas no filme alçam o homem
ordinário a agente de uma história coletiva vivenciada na contemporaneidade. Para tanto,
questionam os modos de produção do discurso “oficial” e os estereótipos que recaem sobre os
segmentos da população excluídos do poder estatal e de instituições aliadas deste (o que Gramsci
nomeou “sociedade civil”). Ao articular novas concepções de justiça social, o binômio
“masculino-feminino” e o fazer artístico, o documentário configura um ponto inicial para uma
discussão acerca das culturas populares, ora “oficializadas”, ora alvos de uma visão teratológica
por parte de uma mídia sensacionalista. Desse modo, sob os signos da “identidade” e do
“reconhecimento”, seus personagens articulam um lugar de fala que prioriza o riso e o grotesco
ligados a um universo popular, “convidando” o espectador a contestar a relação “homem
ordinário-discurso-poder estatal”, na qual se atribui maior poder, via de regra, ao último.
Rachel Sodré (UFRJ); GT 4
A cidade como mídia: um estudo sobre a produção de grafite no Rio de Janeiro
Este trabalho apresenta os primeiros passos de uma pesquisa em desenvolvimento que será
concluída como dissertação de mestrado. Considerando os impactos da transnacionalização do
sistema produtivo nas práticas culturais contemporâneas, o artigo examina a dinâmica da
produção de grafite na cidade do Rio de Janeiro a partir de pesquisa etnográfica e de
acompanhamento de publicações na imprensa e na Internet. Busca-se mapear o cenário do grafite
carioca e apresentar os principais grupos que interagem nele, entendendo como se organizam e se
relacionam entre si. Visto o grafite como uma manifestação cultural mundializada, produzida por
jovens supostamente oriundos das periferias urbanas, tenta-se estabelecer as conexões da
grafitagem carioca com o caráter global do movimento, assim como identificar as
particularidades que o fenômeno assume nesta cidade. O texto aborda, também, o processo de
laminação de subjetividades de que fala Guattari, tentando perceber se, e em que medida, o
grafite poder ser admitido como uma linha de fuga à axiomática capitalista. Ademais,
investigam-se fricções que parecem existir quando uma prática cultural inicialmente externa aos
circuitos oficiais e institucionais de comunicação é incorporada pela mídia, pelo mercado da
moda e pela arte canônica.
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Rafael Fortes (UFF); GT 3
Tempo e memória nas edições de aniversário de Fluir
Este trabalho analisa as edições comemorativas de aniversário da revista Fluir, principal veículo
impresso brasileiro voltado para o surfe. Explora de que forma tais edições constroem a memória
da publicação, que tem 22 anos de existência, com relação às diferentes temporalidades: passado,
presente e futuro. Do ponto de vista teórico, a discussão está centrada no conceito de memória,
entendida não como algo que é recuperado ou resgatado em relação ao passado, mas construído a
partir de demandas do presente.
Renata Francisco Baldanza (UERJ) e Nelsio Rodrigues de Abreu (UFAL); GT 5
O cosmopolita na rede: um olhar sobre a sociabilidade nas comunidades virtuais
No mundo contemporâneo, as relações sociais face a face não são mais exclusivas. Com o
surgimento e evolução de tecnologias de comunicação como a Internet, é possível aproximar
pessoas de todas as partes possibilitando essa interação. Diante disso, uma nova forma de
organização comunitária surge utilizando-se dessa nova tecnologia: as comunidades virtuais. Elas
envolvem indivíduos que possuem interesses em comum, num espaço onde as diversas culturas
se misturam. A partir dessa possibilidade de contato e de trânsito de seus membros por vários
ambientes virtuais e principalmente de interação entre pessoas de locais e culturas diferentes,
pode-se vislumbrar a Internet, e em especial as comunidades virtuais como potencializadoras de
uma nova forma de cosmopolitismo. Este artigo, elaborado com auxílio de revisão bibliográfica,
busca trazer reflexões acerca dessas questões, buscando entender a utilização das comunidades
virtuais por indivíduos de locais e culturas diferentes, apontando a possibilidade de ser pensar em
aspectos como multiculturalismo e cosmopolitismo no ciberespaço.
Renata Freire Rocha Duarte (UTP-PR); GT 2
A relação das raves com a mídia: Os estados alterados de consciência como preservação da
cultura contemporânea.
Para Bystrina (1995) a música, além de outros elementos, é um fator determinante nas raízes da
cultura. Partindo dessa afirmação, o trabalho observa de que maneira as raves surgidas na
Inglaterra nos anos 90 e os estados alterados de consciência provocados pela dança e pela música
eletrônica levam os participantes dessa festa à perda da crença subjetiva de si mesmos, levandoos a fundirem-se num corpo coletivo de um “eu” extasiado. Diante do estranhamento provocado
por essa nova cultura a mídia reage recusando ou deturpando o que venha a afetar o status quo,
relegando àquela o caráter de uma subcultura.
Renato Dias Baptista (PUC-SP); GT 5
Comunicação, cultura e novas tecnologias: transição, fascínio e repreensão.
O desenvolvimento tecnológico rompe estruturas arraigadas em inúmeros setores da sociedade,
seja na arte, no ensino, nas pesquisas, nas fábricas e nas transmutações da vida cotidiana.
Diferente de outras épocas, os intervalos de recomposição das subjetividades são reduzidos. Na
contemporaneidade, a tecnologia exacerba a ocupação do espaço público (Mcquire, 2005), o
anacrônico taylorismo reconfigura-se, e o espetáculo debordiano absorve adendos com novas
formas de controle do capitalismo informacional (Beiguelman, 2005) e uma cultura visual com
seus mecanismos de imagem e sensação Darley (2000). Deal e Kennedy (1997), Hofstede (2004)
e Adler (2005), caracterizam essas mudanças como um conceito de controle fomentado pelas
tecnologias e pela globalização. A velocidade é imperativa e produz o ímpeto da necessária
adaptação humana, consumada como um recurso congênito, algo que deve adaptar-se a
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“excelência microeletrônica” num ambiente on-line que oblitera o espaço em prol da primazia
do intervalo (Trivinho, 2001), que caracteriza uma ditadura do tempo real, a sociedade do
zapping (Aubert, 2003), uma corrida do mundo fugaz (Chesneaux, 1996), uma obsessão pela
automatização e pela racionalização organizacional (Lacoste, 2005), um novo darwinismo (Kurz,
1998).
Rodrigo Morais (UFRJ); GT 1
Debord & Adbusters: uma interseção
Neste artigo, abordamos idéias expressas na obra A Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord, e
procuramos demonstrar as relações e afinidades entre o pensamento do teórico e ativista francês e
um caso concreto de ativismo contemporâneo que enfatiza a importância da mídia, dos regimes
de produção e do consumo para a resistência político-cultural. Trata-se da organização
Adbusters, sediada no Canadá, que se define como uma rede global de artistas, ativistas,
escritores, estudantes, educadores e empreendedores, cujo objetivo é a “derrubada das estruturas
de poder vigentes e a promoção de mudanças de grandes proporções para a vida no século 21”.
Entre outras iniciativas, a Adbusters Media Foundation edita a revista Adbusters (120 mil
exemplares mensais) e mantém uma página na Internet, a Culturejammer’s Headquarters.
Também promove campanhas como a Buy Nothing Day e a TV-Turnoff Week. Ao longo do
artigo abordaremos temas como ecologia mental, culture jamming (intervenção sobre a mídia de
massa de modo a produzir comentários críticos) e detournement. O legado de Marx, influência
crítica para Debord, também comparece, nos conceitos de mercadoria e fetichismo da
mercadoria. Neste percurso, não nos furtamos ao direito e à obrigação de exercer a crítica em
relação às posições assumidas por Debord, bem como a assinalar as diferenças entre o contexto
no qual ele escreveu e publicou sua obra e a atualidade.
Rogério Martins de Souza (UFRJ); GT 2
Alteridades cambiantes na música pop
Dos anos 1980 até os dias de hoje, a world music passou aos poucos do gueto que ocupava no
mercado fonográfico às largas prateleiras das grandes lojas européias e americanas. Poderíamos
perguntar: teriam as sociedades ocidentais mudado seus preconceitos acerca da alteridade e
abraçado as diversidades regionais ao redor do mundo?
Rosane Svartman (UFRJ); GT 6
Eu Doc. Pequenos documentários autobiográficos do núcleo de cinema do Grupo Nós do Morro.
Nos últimos cinco anos, durante as aulas sobre documentários em cinema e vídeo ministradas no
Núcleo de Cinema Nós do Morro, na favela do Vidigal, um exercício foi proposto aos alunos: um
documentário autobiográfico de até três minutos. Ao longo dos últimos dez anos o núcleo tem
procurado, através de um curso especializado, ajudar na transformação de objetos a sujeitos do
discurso. Alguns dos resultados desse exercício são analisados neste texto.
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Rose Marie Santini (UFRJ) e Clóvis Ricardo Montenegro de Lima (UFSC); GT 2
Música e cibercultura
O processo social de desenvolvimento das tecnologias digitais tem implicações culturais e
políticas cumulativas, que mudam o espaço e arquitetura de produção, distribuição, uso e
comercialização da música. A convergência tecnológica vem eliminando os limites entre mídias,
tornando-as solidários em termos operacionais, e erodindo as tradicionais relações que
mantinham entre si e com seus usuários. O surgimento da cibercultura em torno das novas
tecnologias da informação e da comunicação inclui valores de compartilhamento e de formas
colaborativas de trabalho criativo. A Internet permite que qualquer usuário venha a ser produtor,
intermediário e usuário de conteúdos. A cena musical moderna era vinculada às séries da
indústria cultural e a cultura de massas. A música popular moderna tem a forma de canções, que
são reproduzidas pelo fonógrafo e se difundem pelo rádio. A cena musical da cibercultura está
vinculada às novas tecnologias de informação e comunicação. A música com registro digital têm
a forma potencial de obra aberta, compactada sob a forma de arquivo mp3 e fluindo nos Ipods,
celulares e Internet. Não se trata da extinção da indústria fonográfica, ou do fim do comércio de
música, que estariam sendo substituídos pela música aberta e gratuita. Referimo-nos, por um
lado, a um processo de “reconfiguração” da indústria cultural. Por outro, que as tecnologias de
informação e comunicação, a digitalização dos conteúdos e dos suportes, potencializam o
compartilhamento, a distribuição, a cooperação e a apropriação dos bens simbólicos pelos
usuários destas tecnologias como linha de fuga da mediação tradicional das indústrias culturais.
Sérgio Montero Souto (UFF); GT 4
Tradição x mercado: a representação nacional da seleção em tempos de futebol globalizado
Esta pesquisa faz parte da minha tese de doutorado na Universidade Federal Fluminense (UFF) e
pretende analisar o papel da seleção brasileira na construção da identidade nacional num futebol
globalizado a partir do ponto de vista de colunistas esportivos dos jornais brasileiros. Foram
escolhidos três nomes representativos desse campo: Fernando Calazans (O Globo), Tostão
(Jornal do Brasil) e Juca Kfouri (Lance!). Numa analogia à tese de “jornal principal”, recorrente
nos estudos sobre jornalismo desde os anos 50, adotou-se aqui um misto de “jornal principal”
com “colunista principal” para justificar essas opções. Entendeu-se que os três são
representativos da “comunidade interpretativa” dos jornalistas, entendido este conceito como
definidor de “um grupo unido pelas suas interpretações partilhadas da realidade”; e como filiados
a uma corrente que defende uma representação da seleção a partir de valores ligados à “tradição”.
Por conta dessa visão compartilhada, explicitam seu estranhamento com os novos paradigmas
que comandam a representação simbólica da seleção a partir de valores de “mercado”. O recorte
escolhido, a Copa do Mundo de 2002, do Japão e da Coréia do Sul, serve para delimitar o objeto
e de data de referência, auxiliando no exame da polarização e orientando a direção do debate,
sem aprisioná-lo a um tempo físico. Esta pesquisa se orienta por quatro pressupostos teóricos
fundamentais: comunidade interpretativa (TRAQUINA, 2002); fragmentação da identidade
nacional (HALL, 1997); construção dos mitos políticos (GIRARDET, 1986; ELIADE, 1969 e
1994); e a sociedade guiada pela ideologia do “mercado auto-regulado”, analisado por Polanyi
(2000).
Silvana Louzada (UFF); GT 3
Fotojornalismo e modernização dos jornais cariocas
O artigo discute a relação entre o fotojornalismo e o processo de modernização da imprensa que
acontece na metade do século XX, especialmente nos jornais do Rio de Janeiro. Neste processo,
conhecido como "reformas", os jornais cariocas passam por transformações na linguagem como a
adaptação de normas organizacionais, técnicas de apuração e redação. O emprego da fotografia
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como linguagem jornalística é um importante fator para o sucesso das reformas em alguns jornais
e ocorre paralelamente às transformações no texto e no perfil gráfico sendo um dos carros chefes
das mudanças operadas em dois dos jornais mais relevantes neste processo: Última Hora e Jornal
do Brasil. O artigo traça um breve histórico das reformas em três jornais (Diário Carioca, Última
Hora e Jornal do Brasil) e discute o processo de transformação nas rotinas jornalísticas e nos
códigos deontológicos da profissão, discutindo porque a formação da nova geração de repórteresfotográficos não passa, como ocorre com os jornalistas de texto, por formação específica como
treinamentos ministrados nas redações dos jornais, a criação de cursos nas faculdades e pela
exigência do diploma de nível superior.
Simone do Vale (UFRJ); GT 5
O corpo do desejo
O presente trabalho busca traçar, a partir do século XIX, uma breve genealogia do projeto
fáustico de reconfiguração do corpo através da tecnociência. Com este propósito, analisaremos,
em contraponto à exacerbação da artificialização do corpo na modernidade, os discursos
contemporâneos mais eloqüentes acerca da ruptura com o conceito de humano, para a qual
acolhemos a denominação “pós-humano”: figura espectral que desponta como o nosso devir,
conclamando à “liberdade de forma”, segundo o artista australiano Stelarc. Representada, entre
outros, por Raymond Kurzweill, Marvin Minsky e Hans Moravec – cujas teorias sustentam a
criogenia e suas promessas de ressurreição – além da notável vocação messiânica, a tendência
“forte” da Inteligência Artificial traduz um imaginário permeado por idéias similares àquelas da
eugenia de Francis Galton. Por sua vez, a obra artística de Orlan proclama de forma contundente
o direito de reconstruir o próprio corpo, independente de qualquer dogmatismo. Propomos uma
aproximação entre tais discursos contemporâneos e o “mito” moderno de Daniel Paul Schreber, o
doente dos nervos eternizado nos estudos de Freud e Lacan, cujas memórias delirantes assinalam
uma semelhança narrativa surpreendente com a idéia de pós-humano.
Tatiana Galvão (UFPE); GT 4
Hip Hop e Mídia: negociando interesses e ampliando conceitos.
Reconhecida como uma das mais importantes expressões culturais da atualidade, o hip hop
firma-se com um conjunto de propostas estéticas e políticas construídas a partir da periferia e
voltada para a reflexão da realidade de miséria e exclusão social a que está submetida. Entretanto,
com a chegada dos anos 90, ele ganha não só os holofotes da mídia, mas também passa a ser
consumido entre as camadas mais altas da sociedade como um novo fenômeno cultural. Nesse
aspecto, para muitos dos envolvidos com o hip hop, o espaço midiático representará não só
expectativa de vida, mas também a possibilidade de inserção social. Alguns grupos sintonizados
com a demanda do mercado passam a elaborar estratégias para se beneficiarem dessa
visibilidade. Entretanto, o receio quanto à forma como serão apresentados, à possibilidade de
apropriação e conseqüente diluição de suas propostas evidenciam que a negociação tem
desempenhado um papel importante na busca de espaços. Ao se apoderar das técnicas e da
tecnologia usadas pela mídia, o hip hop tem investido no fortalecimento de uma mídia radical
alternativa como forma de contestar, resistir e negociar com os vários setores da sociedade.
Entretanto, dentro desse contexto, surgem algumas questões que permeiam esse estudo. O
presente trabalho busca compreender como essa negociação vem acontecendo e quais os reflexos
dela dentro do hip hop, bem como discutir se o uso de uma mídia radical alternativa tem
contribuído para reiterar certos estereótipos e permitido que apenas um grupo mais preparado
fale em nome da comunidade.
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1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de
Janeiro
22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ
Thomás Rosa Pinto de Oliveira (UFRJ); GT 3
Operação Tróia: celebridades, pseudo-eventos e morte
Neste artigo, pretende-se examinar alguns aspectos das relações de poder entre mídia e força
policial, na cidade do Rio de Janeiro. Isso será feito por meio da análise das notícias e artigos de
opinião, publicados no jornal O Globo e na revista Isto É, que trataram, especificamente, da ação
da polícia civil carioca que resultou na morte do traficante Erismar Rodrigues Moreira, o BemTe-Vi. Este criminoso ganhou projeção na imprensa devido ao seu envolvimento com famosos
jogadores de futebol e ao seu comportamento exibicionista (uso de armamentos dourados e
muitas jóias), tornando-se “o traficante mais procurado do Rio” (O Globo, p.1, 30/10/2005). As
matérias que denunciavam conversas telefônicas entre as celebridades esportivas e Bem-Te-Vi
foram publicadas na revista Isto É, em agosto de 2005; cerca de dois meses depois, na madrugada
de 29 de outubro, a polícia executou a chamada Operação Tróia, matando o então líder do
narcotráfico na favela da Rocinha. Nossa principal hipótese será a de que algumas ações policiais
têm como objetivo primordial a conquista de visibilidade midiática. Isso serviria para construir
uma imagem pública de eficiência do Estado, na tentativa de compensar suas dificuldades em
combater a violência urbana - uma imagem positiva para se contrapor à realidade negativa;
artifício espetacular para desviar nossa atenção da inépcia do poder público em lidar com a
realidade dos problemas sociais. Neste estudo, os principais autores teóricos trabalhados serão
Guy Debord, Daniel Boorstin, Graeme Turner e Edgar Morin.
Tiago Monteiro (UFRJ); GT 2
Ideologia para quem precisa? Música popular massiva, consumo midiático e o discurso da
autenticidade no universo do rock and roll.
Atravessada por um discurso que defende a autenticidade contra a pose, a criatividade contra o
comercialismo, e a independência da comunidade contra a passividade da massa, a Ideologia do
Rock tem sido alvo de inúmeras críticas e tentativas de desconstrução em tempos supostamente
pós-modernos. O objetivo deste artigo é investigar até que ponto a Ideologia do Rock deixou de
ser válida como elemento articulador de identidades individuais e sociais, ou se, apesar de todas
as suas contradições, ela ainda constitui um discurso de inegável eficácia afetiva, principalmente
junto aos jovens, transcendendo o gênero musical a que costumava ser associada e influeciando o
discurso de outros gêneros usualmente depreciados como o "pop".
Vanessa Matos dos Santos (Unesp-Bauru); GT 5
Processo de Comunicação em Ambiente Virtual – Um Estudo de Caso
O novo ambiente comunicacional digital, ancorado nas novas tecnologias de informação e
comunicação, obriga-nos a desenvolver novas linguagens e termina por propiciar novas formas
de sociabilidade e aprendizagem. O foco desta pesquisa é o processo de comunicação no
ambiente virtual através de um estudo de caso da aplicação do suporte comunicacional na gestão
do conhecimento e informação. O objeto de estudo em questão é a interatividade, bem como
outras ferramentas de comunicação, proporcionada pelas novas tecnologias de informação e
comunicação. Destaque O ciberespaço surge, portanto, como um espaço de remontagem do real;
é o lugar no qual a lógica de recepção passiva tem reais possibilidades de alteração radicalizada.
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1º Congresso de Estudantes de Pós-graduação em Comunicação do Rio de
Janeiro
22, 23 e 24 de novembro de 2006 – Rio de Janeiro – UFRJ
Victa de Carvalho (UFRJ); GT 5
O dispositivo imersivo e a imagem-experiência
Partimos da premissa de que a formulação e o papel do dispositivo nas experiências das artes
ditas imersivas vêm sofrendo modificações na medida em que acentuam tensões entre o material
e o imaterial, entre o real e o simulacro, e abrem caminho para novas subjetividades. Este artigo
sugere a transformação de um modelo de dispositivo imersivo baseado no desejo de ilusão ou de
reprodução do real, para um dispositivo capaz de miscigenar ilusão e realidade, indicando novos
modos experimentar a imagem. Diante desta perspectiva de análise, pensar sobre o dispositivo
imersivo e as experiências constitui também um modo de pensar o estatuto da imagem na
contemporaneidade, bem como o do observador. Nosso foco de análise está sobre o que se dá na
relação entre dispositivo e sujeito. O dispositivo torna-se o que deve ser explorado e
videnciado através do que chamamos aqui de uma “imagem-experiência” que se dá na duração
dos deslocamentos. Se a experiência no dispositivo se faz necessariamente no tempo a partir de
uma duração, é preciso compreender de que modo o observador se relaciona com as
indiscernibilidades destas imagens. A proposta é investigar de que forma os dispositivos em
questão podem promover experiências da ordem do virtual, se pensamos o virtual como o que se
opõe aos ideais de verdade.
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