Edição 55.º Congresso Português de Oftalmologia/1.º Congresso de Diária Oftalmologia de Língua Portuguesa | 6 a 8 de Dezembro 2012 7 DEZ. www.spoftalmologia.pt sexta-feira Orquestra Geração abrilhantou sessão de abertura Foi ao som da música clássica interpretada pelas crianças e adolescentes da Orquestra Geração que arrancou a sessão oficial de abertura deste Congresso, ao final da tarde de ontem. Seguiram-se as intervenções da Dr.ª Manuela Carmona (presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia), do Prof. António Castanheira-Dinis (presidente honorário do Congresso), do Prof. José Manuel Silva (bastonário da Ordem dos Médicos) e do Dr. Luís Cunha Ribeiro, presidente da ARS Lisboa e Vale do Tejo, que falou em representação do ministro da Saúde. 67 destaque de capa DEZ. DEZ. Cooperação entre países lusófonos para enfrentar os desafios A força da língua portuguesa no mundo e os desafios que se vislumbram no futuro da Oftalmologia e da Medicina em geral foram os pontos mais realçados na sessão oficial de abertura deste 55.º Congresso Português de Oftalmologia/1.º Congresso de Oftalmologia de Língua Portuguesa, que decorreu ontem. Inês Melo NA CERIMÓNIA DE ABERTURA: Prof. Rui Proença (presidente do Colégio de Oftalmologia da Ordem dos Médicos - OM), Prof. José Manuel Silva (bastonário da OM), Dr. Luís Cunha Ribeiro (presidente da ARS Lisboa e Vale do Tejo), Dr.ª Manuela Carmona (presidente da SPO) e Prof. António Castanheira-Dinis (presidente honorário do Congresso) «A língua derruba barreiras e cria afinidades!» Estas palavras da Dr.ª Manuela Carmona, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), proferidas na sessão de abertura, espelham a essência deste Congresso. «A SPO tem sido um motor de desenvolvimento da Oftalmologia portuguesa, colocando-a num patamar de excelência científica, técnica e ética», referiu Manuela Carmona. Porém, a par desta excelência, persistem inquietações na forma como a Medicina é atualmente exercida: «Quando se substitui a afetividade da relação médico-doente pela aritmética, pelas tentativas de facilitismo na formação médica e pelas pressões para dilatar as entradas em Oftalmologia, ficamos preocupados», sublinhou. Para ultrapassar estas barreiras, a presidente da SPO apelou à «coragem e determinação» da Ordem dos Médicos (OM). Num discurso marcado pela preocupação com as profundas mudanças na globalização cultural e social, Manuela Carmona falou da necessidade de «despertar uma consciência de cidadania global» e de «encontrar soluções inovadoras e criativas», lembrando que foi este o espírito refletido nas quatro Reuniões Luso-Africanas de Oftalmologia organizadas pela SPO nos últimos anos. «Estas reuniões aproximaram-nos, abriram outras portas… Agora, é importante continuar e ir mais longe!», apelou. 2 dezembro 2012 O desejo manifestado pela Sociedade Brasileira e pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia de organizar no Brasil o 2.º Congresso de Oftalmologia de Língua Portuguesa, em 2014, e a vontade de criar uma revista científica comum a portugueses e brasileiros são ainda dois desafios que se perspetivam no futuro da SPO. No final da sua intervenção, Manuela Carmona sublinhou o potencial de oportunidades dos médicos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e reforçou a importância da relação com os oftalmologistas portugueses. Também presente nesta cerimónia, o Prof. António Castanheira-Dinis, presidente honorário do Congresso, evidenciou a projeção nacional e internacional do Congresso Português de Oftalmologia. «Hoje, a Oftalmologia portuguesa está universalizada!», acredita este antigo presidente da SPO, que deixou ainda um apelo: «É preciso incentivar os jovens a impulsionarem ainda mais a Oftalmologia em Portugal e no mundo.» Defender a qualidade da Medicina «Podem contar com a Ordem dos Médicos para continuar a garantir, com grande assertividade, a qualidade da Medicina portuguesa, única via para preservar a qualidade do Sistema Nacional de Saúde em Portugal.» Foi com estas palavras que o Prof. José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos (OM), se dirigiu aos presentes na sessão de abertura. O bastonário referiu que através da qualidade é possível responder às dificuldades económicas do País, realçando que «os médicos têm um papel inultrapassável». «É preciso responder com racionalidade à tentativa de racionamento, não prejudicando os doentes mais desfavorecidos», notou. No âmbito da revisão dos Estatutos da OM, José Manuel Silva realçou a necessidade de se criar uma figura que possa facilitar a realização de estágios de formação pós-graduada de médicos de outros países lusófonos em Portugal e chamou a atenção para a «renovada Acta Médica Portuguesa», para que esta possa ser a «grande revista da língua portuguesa e da comunidade lusófona». «Este Congresso já não é propriamente um teenager!» O Dr. Luís Cunha Ribeiro, presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT), realçou o peso da história dos congressos da SPO (55 edições), felicitando-a também pela iniciativa de realizar o 1.º Congresso de Oftalmologia de Língua Portuguesa. Falando em representação do ministro da Saúde, Luís Cunha Ribeiro focou ainda a visibilidade da Oftalmologia portuguesa no contexto internacional, bem como o seu importante papel no Serviço Nacional de Saúde. «Não queremos racionar, queremos racionalizar! Sabemos que podemos contar com os oftalmologistas portugueses, nomeadamente para reduzir as listas de espera nos hospitais e para evitar que os doentes recorram a outros países», apelou o presidente da ARS-LVT. Reportório sem barreiras culturais Foi ao som do «Prelúdio Do Te Deum» que começou a cerimónia de abertura deste Congresso de Oftalmologia. A Orquestra Geração, projeto centrado na ação e desenvolvimento social através da música, levou ao Centro de Congressos de Lisboa um reportório que refletiu o espírito da reunião e transportou a audiência para um universo sem barreiras culturais. De Charpentier para Haendel, passando por Elgar, Bizet, Strauss e Carlos Garcia, a atuação terminou com um animado funaná. 7 DEZ. Atualização em angiografia A importância da angiografia e a sua aplicação em diversas patologias oculares dão mote ao Curso que decorre entre as 8h30 e as 09h30, no Auditorium 1. Luís Garcia FORMADORES DO CURSO DE ANGIOGRAFIA (da esq. para a dta.): Drs. Carolina Maia, Manuel Falcão, Teresa Bragança e Vítor Rosas, Prof.ª Ângela Carneiro e Dr.ª Susana Penas. Todos integram a Secção de Angiografia do Hospital de São João, no Porto. O Curso de Angiografia é organizado pela Secção de Angiografia do Hospital de São João, no Porto. Segundo o Dr. Vítor Rosas, responsável pela equipa e coordenador do Curso, a formação de hoje debruça-se sobre algumas das patologias nas quais é mais útil o recurso à angiografia como meio de diagnóstico. Após uma introdução do coordenador, a Prof.ª Ângela Carneiro aborda o papel da angiografia no diagnóstico da degenerescência macular relacionada com a idade (DMI). Segue-se a intervenção da Dr.ª Teresa Bragança sobre a aplicação do mesmo método na deteção de tumores da coroide e da retina. A Dr.ª Susana Penas, por sua vez, fala sobre a angiografia no diagESFERAS DAS IDEAS.pdf 1 16/11/2012 11:02:04 nóstico da coriorretinopatia serosa central, PUB. uma patologia que afeta a mácula devido ao enfraquecimento da membrana de Bruch, fazendo com que o líquido dos vasos sanguíneos escape, formando bolhas. Após a intervenção de Susana Penas, Vítor Rosas volta a intervir, desta vez falando sobre o papel da angiografia na retinopatia diabética. O Dr. Manuel Falcão fecha o leque de intervenções, abordando a aplicação do método no diagnóstico de outras retinopatias vasculares. «A angiografia continua a ser um método de diagnóstico extremamente importante. Em conjunto com a tomografia de coerência óptica (OCT), é um dos meios de diagnóstico mais relevantes para as patologias da retina», nota Vítor Rosas. Utilizada há várias décadas, a angio- grafia não tem sido alvo de evoluções significativas recentemente. «Não há muitas novidades nesta área, porque se trata de um meio de diagnóstico que já está no terreno há 50 anos», refere o coordenador da Secção de Angiografia do Hospital de São João. Ainda assim, o Curso de hoje visa fazer «um update de tudo o que existe nesta área, nomeadamente ao nível de novas metodologias». Segundo Vítor Rosas, a prática nacional neste ramo está «dentro dos padrões internacionais». «De um ponto de vista global, estamos perfeitamente atualizados», afirma este oftalmologista, admitindo o facto de algumas instituições não disporem de todos os equipamentos, «porque são caros». A solução passa, frequentemente, pela colaboração e pela partilha de recursos entre diferentes instituições. 7 DEZ. 7 DEZ. Atualização em patologia oncológica ocular Entre as 8h30 e as 10h30, o Auditorium 2 recebe a sessão dedicada aos tumores oculares. Moderado pelo Prof. Rui Proença, chefe de serviço de Oftalmologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o painel de oradores é composto por três especialistas internacionais: o Prof. Miguel Burnier, a Dr.ª María Antonia Saornil e a Prof.ª Zélia Corrêa. Luís Garcia e Tiago Mota O Prof. Rui Proença é o coordenador da sessão que tem como oradores a Dr.ª María Antonia Saornil, a Prof.ª Zélia Corrêa e o Prof. Miguel Burnier O Prof. Miguel Burnier, diretor-geral do Centro de Investigação da Universidade McGill, no Canadá, é o primeiro orador da sessão e fala sobre os tumores da órbita, «que podem ser unilaterais ou bilaterais, primários ou metastáticos». São vários os tipos de tumores orbitais malignos e benignos que podem surgir e «a diversidade de tecidos orbitais é a razão que explica o aparecimento de tumores tão diferentes nesta localização», indica Miguel Burnier, acrescentando que «os tumores vasculares, neurogénicos, epiteliais, musculares, entre outros, são detetados como parte de neoplasias primárias da órbita». Por sua vez, «as metástases no tecido orbital podem ter origem em cancros da mama, do pulmão e em outras localizações malignas primárias». Segue-se a intervenção da Dr.ª María Antonia Saornil, da Unidade de Tumores Intraoculares do Serviço de Oftalmologia do Hospital Clínico Universitário de Valladolid, em Espanha, que aborda os tumores da conjuntiva. Esta membrana mucosa é composta por células epiteliais e melanócitos, com um tecido subconjuntival conetivo vascular e linfático. Segundo a especialista espanhola, a conjuntiva «desempenha uma função muito importante na cobertura do globo ocular, Papel da biopsia nos tumores intraoculares A sessão dedicada à patologia oncológica ocular encerra com a intervenção da Prof.ª Zélia Corrêa, diretora de Oncologia Ocular no Departamento de Oftalmologia da Universidade de Cincinnati, nos EUA, que fala sobre os tumores melanocíticos intraoculares e o papel da biopsia na sua avaliação e tratamento. Esta especialista vai abordar as indicações para biopsia, o planeamento, a execução da técnica cirúrgica e o manuseamento do espécime, bem como a utilização desses resultados. «Será dada especial atenção ao uso do perfil de expressão génica e a como esse teste tem mudado a forma de tratar e acompanhar os doentes com tumores melanocíticos intraoculares», avança Zélia Corrêa. das pálpebras internas e de manutenção da superfície ocular». No entanto, «todos estes componentes podem dar lugar a tumores benignos pré-cancerígenos ou malignos». Os mais frequentes «são os de origem epitelial (nomeadamente papilomas, neoplasias intraepiteliais e carcinomas) e os melanócitos malignos (nevos, melanose adquirida e o melanoma), seguidos dos linfomas», refere María Antonia Saornil. Esta oftalmologista justifica a importância dos tumores da conjuntiva pelo facto de serem «os mais frequentes no olho e nos tecidos anexos». Por outro lado, sublinha que «o aspeto clínico dos tumores benignos pré-cancerígenos e malignos é difícil de determinar sem biopsia – e estes podem acabar por invadir o globo ocular e/ou a órbita, se não forem diagnosticados atempadamente». Por isso, «o conhecimento dos tumores da conjuntiva é essencial para realizar o diagnóstico precoce com biopsia», para implementar «os tratamentos adjuvantes que permitem preservar a visão» e, «em alguns casos, como no melanoma, a vida dos doentes», salienta María Antonia Saornil. dezembro 2012 5 7 DEZ. Avanços e investigação recente em glaucoma Os avanços mais recentes e as investigações em curso na área do glaucoma estão em destaque na sessão «O que há de novo em glaucoma», que tem lugar entre as 14h30 e as 15h30, na Sala 3A. Luís Garcia INTERVENIENTES NA SESSÃO (da esq. para a dta.): Drs. José Moura Pereira (moderador), Joaquim Sequeira, António Figueiredo, Maria da Luz Freitas (moderadora), Manuela Carvalho (coordenadora), Maria João Menéres, António Benevides Melo, Pedro Faria e Prof. José Guilherme Monteiro. Falta na foto o Dr. Luís Abegão Pinto S egundo a Dr.ª Manuela Carvalho, coordenadora da sessão e do Grupo Português de Glaucoma da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), o debate vai girar em torno de várias inovações na área do diagnóstico precoce do glaucoma, «que ainda se encontram em estudo ou que estão a ser aplicadas na prática muito recentemente, não estando definitivamente aprovadas». É o caso dos biomarcadores sistémicos, uma área ainda pouco investigada em Portugal e que será o tema abordado pelo Dr. Joaquim Sequeira, pela Dr.ª Dália Meira e pelo Dr. Luís Agrelos, todos oftalmologistas no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/ /Espinho. «Esta é uma nova área da Oftalmologia, ainda pouco desenvolvida. Envolve moléculas que podem ter alguma especificidade para possibilitar o diagnóstico precoce do glaucoma», explica Joaquim Sequeira. Na sua intervenção, este oftalmologista vai apresentar os potenciais biomarcadores no quadro das alterações encontradas no glaucoma. «Existem associações comprovadas a nível cromossómico, mas ainda não é possível fazer o diagnóstico a partir destes biomarcadores», refere. 6 dezembro 2012 O Dr. Luís Abegão Pinto, oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Central, vai apresentar algumas das novidades relativas à ligação entre o glaucoma normotensional e a ausência de pulsação venosa espontânea. «Estamos treinados para descrever as alterações estruturais do disco óptico, mas ainda não atribuímos a relevância devida às suas características vasculares. Por exemplo, a pulsatilidade da veia central da retina é muito menos frequente em doentes com glaucoma do que na população em geral», explica Luís Abegão Pinto. E acrescenta: «A literatura tem consistentemente mostrado que este sinal não será visível nos doentes com glaucoma mais avançado e que estará associado a uma maior progressão desta doença. Valorizar a existência deste sinal facilmente obser- vável pode dar informação adicional na avaliação dos doentes.» Avanços na farmacologia O Dr. António Benevides Melo, oftalmologista no Hospital de São João, no Porto, abordará as novidades no campo da tomografia de coerência óptica (OCT, na sigla inglesa), cujos avanços mais recentes na aquisição de imagens através do modo EDI (enhanced depth imaging) podem proporcionar imagens com melhor definição da coróide e do nervo óptico. Segundo este orador, serão tratadas «as aplicações dos spectral domain OCT na avaliação da coróide nomeadamente da espessura coroideia, e da sua implicação nos diferentes tipos de glaucoma, bem como na avaliação da lâmina crivosa». O Dr. Pedro Faria, investigador do Cen- O que é o glautech? O glautech é um meio de diagnóstico do glaucoma desenvolvido no âmbito de uma parceria entre empresas, a Universidade de Coimbra e o CHUC, com vista a testar, de forma simultânea e independente, as principais vias funcionais, detetando perdas em indivíduos com perimetria normal e permitindo avaliar a função do nervo óptico mais precocemente. O glautech testa a discriminação de movimento e as sensibilidades de contraste cromática e acromática. 7 DEZ. tro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), vai apresentar alguns dos resultados da aplicação em doentes do glautech (ver caixa), um meio de diagnóstico desenvolvido para a deteção do glaucoma que «testa, de forma simultânea e independente, as principais vias funcionais». «No glaucoma, as alterações estruturais geralmente precedem as funcionais. O glautech foi desenvolvido para obter um diagnóstico funcional precoce», sublinha Pedro Faria. Na intervenção seguinte, o Prof. José Guilherme Monteiro, investigador no Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga/Hospital de Santa Maria da Feira, vai dar conta dos avanços no tratamento do glaucoma a nível farmacológico. Uma das novidades com aplicação prevista no futuro próximo é um composto que associa um derivado das prostaglandinas com um radical dador de óxido nítrico. «Esta é uma hipótese que parece estar relativamente avançada, mas só saberemos se é realmente eficaz quando estiver disponível no mercado», sublinha Guilherme Monteiro. Por outro lado, estão a surgir substân- cias novas, ainda apenas com nome de código dos fabricantes, que pertencem ao grupo dos inibidores da Rho-quinase e que «atuam sobre o funcionamento celular, modificando o comportamento das células». Também ao nível do modo de administração dos fármacos pode haver novidades. Segundo Guilherme Monteiro, começam hoje a aparecer alternativas como um «implante minúsculo que pode ser injetado com uma agulha fina e permite manter a atividade do fármaco durante três meses». Importância da neuroproteção A apresentação com o tema «Ciclocoagulação ultrassónica – nova arma terapêutica?» está a cargo do Dr. António Figueiredo, oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria. Trata-se de uma solução para casos de glaucoma terminal que a cirurgia não conseguiu resolver e é realizada em aparelhos de ultrassom que já estão a ser utilizados em França. «Esta técnica de ablação por ultrassons de alta frequência visa diminuir a produção do humor aquoso por via cirúrgica e é indicada para casos de glaucoma refratário, que têm uma abordagem muito difícil», explica António Figueiredo. A sessão termina com a apresentação da Dr.ª Maria João Menéres, coordenadora da Secção de Glaucoma do Serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António, sobre a perspetiva neuroprotetora. Nesta intervenção, serão referidas algumas das moléculas e fármacos já existentes que pretendem ter um efeito de neuroproteção. O glaucoma é uma doença neurodegenerativa, na qual múltiplos fatores levam à apoptose e morte das células ganglionares retinianas (CGR). «Nos últimos anos, além do controlo da pressão interna do olho, a comunidade científica tem focado a atenção na descoberta de um tratamento neuroprotetor, com o objetivo de prevenir ou mesmo reverter o processo de morte das CGR, que pode ser consequência de privação de fatores neurotróficos ou de libertação de substâncias neurotóxicas, como o óxido nítrico, os radicais livres ou o glutamato», explica Maria João Menéres. Curso focado na evolução da OCT A tomografia de coerência óptica (OCT, na sigla inglesa) revolucionou o diagnóstico em Oftalmologia. Entre as 9h30 e as 10h30, no Auditorium 1, são recordados os seus princípios básicos e apresentadas as últimas novidades. Luís Garcia O Curso «Como descrever OCT» é coordenado pela Dr.ª Sandra Barrão, do Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, em Lisboa, e pela Dr.ª Lilianne Duarte, oftalmologista no Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga (CHEDV)/Hospital de Santa Maria da Feira. O objetivo principal desta formação é «fazer uma abordagem dos princípios básicos da OCT e fornecer o necessário conhecimento sobre a informação dada pelo aparelho, de forma a habilitar os participantes a melhor entenderem e interpretarem as imagens obtidas», notam as coordenadoras. O Curso aborda os princípios e fundamentos da OCT, bem como as suas bases de interpretação, protocolos de aquisição e artefactos. Além disso, dispõe de uma vertente prática com apresentação de «exemplos específicos de casos normais e patológicos direcionados para as situações mais frequentemente encontradas na prática clínica da retina médica e cirúrgica e patologia do nervo óptico». A sessão termina com uma breve introdução às últimas novidades da área e com uma antevisão do que o futuro pode reservar no que respeita a este método de diagnóstico. Dr.ª Sandra Barrão Dr.ª Lilianne Duarte A tomografia de coerência óptica é uma modalidade de imagem do olho que surgiu na década de 1990 e foi alvo de uma rápida evolução tecnológica nos anos seguintes, garantindo um papel decisivo em Oftalmologia. «A OCT tem revolucionado o diagnóstico e seguimento dos doentes», afirmam Lilianne Duarte e Sandra Barrão. E concluem: «Trata-se de um método não invasivo, com uma tecnologia que se assemelha à da ecografia, mas usa uma fonte de luz em vez do ultrassom. Este facto permite obter imagens seccionais e 3D dos diversos tecidos do olho, com muito maior resolução, só ultrapassada pela histologia.» dezembro 2012 7 7 DEZ. Temas atuais nas conferências da manhã As conferências dos Drs. José Pérez Moreiras, Maria Consuelo Prada e Ruth Williams decorrem entre as 11h00 e as 12h30, no Auditorium 1. Os moderadores são o Prof. António Marinho, diretor do Serviço de Oftalmologia do Hospital da Arrábida, em Vila Nova de Gaia; o Dr. João Cabral, oftalmologista no Hospital da Luz; e a Dr.ª Conceição Lobo, investigadora na Associação para a Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem, em Coimbra. Segue-se um resumo do que está em foco em cada uma das conferências. Prof. José Vicente Pérez Moreiras Diretor clínico do Centro Oftalmológico Moreiras, em Santiago de Compostela, Espanha Quando e como tratar a orbitopatia de Graves «D e acordo com o Clinical Activity Score, classificamos a orbitopatia tiroideia, ou orbitopatia de Graves, como “ativa” quando apresenta sintomas como dor espontânea, edema ou hiperémia palpebral e conjuntival, exoftalmia, diplopia ou pressão orbitária. Quando não existe qualquer sinal de inflamação, a patologia é classificada como “inativa”. O diagnóstico e o tratamento precoces da orbitopatia de Graves podem diminuir a duração e limitar a gravidade da doença. A orbitopatia tiroideia ativa moderada a grave trata-se com recurso a pulsos e.V de metilprednisolona de 500 mg por dia, em três dias alternados, e um pulso semanal (máximo 9 gramas), devido à sua ação linfocitolítica. Pelo contrário, ciclosporina, rituximab, etanercept ou infliximab não são úteis. Atualmente, estamos a realizar um ensaio clínico com tocilizumab, um inibidor da interleucina-6 (IL-6), pelos bons resultados obtidos durante dois anos. No tratamento cirúrgico da orbitopatia de Graves inativa, realizamos a descompressão óssea do etmoide com abordagem palpebral supero-interna para exoftalmias com 10 milímetros no máximo. Posteriormente, efetuamos uma cirurgia do estrabismo restritivo com debilitamento muscular. Por último, realizamos uma cirurgia de retração palpebral superior por müllerectomia simples ou associada a debilitamento do músculo elevador da pálpebra superior para corrigir um a cinco milímetros. As retrações inferiores corrigem-se com a implantação de materiais de suporte.» Dr.ª Maria Consuelo Prada Oftalmologista no Centro Oftalmológico Moreiras, em Santiago de Compostela «A Soluções para as cavidades anoftálmicas cavidade anoftálmica surge como resultado da perda ocular. Embora também possa ser primária ou congénita, na maioria dos casos é secundária, decorrendo de uma cirurgia de evisceração ou enucleação realizada devido a traumatismos ou outras diferentes causas. Na minha apresentação, tentarei transmitir a nossa experiência, no sentido de procurar evitar que se produza uma síndrome de órbita retraída, bem como a forma de solucioná-la. Quando a síndrome sucede na sequência de uma cirurgia de evisceração ou enucleação, reconstrói-se a cavidade com uma prótese (enxerto integrado) para dar um bom volume e conseguir um bom resultado ao nível estético e da função motora. Caso se produza uma enoftalmia, com ou sem implante, é possível corrigi-la através da colocação de um enxerto de pele e gordura no interior da cavidade ou utilizando técnicas de lipoestrutura. Quando se produz uma retração do fundo-de-saco conjuntival, podemos utilizar enxertos de mucosa labial para poder adaptar uma prótese externa.» Pérolas clínicas sobre glaucoma «E u cresci com os meus doentes!» As palavras são da Dr.ª Ruth Williams, presidente da Academia Americana de Oftalmologia, a propósito da conferência intitulada «Pérolas clínicas para o especialista em glaucoma». Segundo esta especialista, o facto de o glaucoma ser uma doença crónica faz com que o oftalmologista siga alguns doentes durante décadas. «Esta é uma grande oportunidade de observação longitudinal. Por isso, na minha conferência, vou partilhar alguns dos meus pensamentos acerca da natureza desta relação de longa duração entre médico e doente nos casos de glaucoma», adianta Ruth Williams. 8 dezembro 2012 7 DEZ. 7 DEZ. Tópicos de ética clínica Na sessão dedicada à ética médica são apresentadas duas perspetivas complementares, uma médica e outra jurídica, sobre o consentimento informado e a responsabilidade profissional em Oftalmologia. Entre as 14h30 e as 15h30, na Sala 3B. Dr.ª Leonor Almeida Dr. André Dias Pereira O que é o consentimento informado? Que informação deve fornecer? Estas são questões em debate na sessão «Tópicos de ética clínica ‒ consentimento informado e responsabilidade profissional em Oftalmologia», na qual intervêm a Dr.ª Leonor Almeida, mestre em Bioética e oftalmologista no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e o Dr. André Dias Pereira, investigador do Centro de Direito Biomédico e assistente da Faculdade de Direito de Coimbra. «Cada situação clínica tem particularidades, portanto, não pode existir apenas um consentimento generalista ou consentimento em branco, em particular na cirurgia», defende Leonor Almeida. A inexistência de consentimentos direcionados para as diversas intervenções médico-cirúrgicas (mais ou menos invasivas) é um dos problemas apontados por esta oftalmologista: «Em Portugal, desde 2001 que o direito de o doente ser informado é obrigatório na Inês Melo nossa ordem jurídica, embora exista algum vazio na sua aplicação. Os termos são, habitualmente, gerais e não contemplam as diferentes particularidades nosológicas.» As mudanças são necessárias, até mesmo para fortalecer a relação entre médico e doente. «Não se pense que o objetivo é proteger o médico através de uma Medicina defensiva. Pretende-se que o consentimento seja um interlocutor válido no diálogo de confiança entre estas duas personagens.» Segundo a especialista, é ainda necessário que o consentimento, se expresso em formulário escrito, deixe alguns aspetos em aberto, já que as particularidades dos doentes dificilmente podem ser padronizadas. Riscos legais «O consentimento informado é um direito de liberdade consignado na Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem e da Dignidade do Ser Humano face às Aplicações da Biologia e da Medicina. Por lei, é obrigatório esclarecer e informar os doentes», explica André Pereira. Segundo este especialista em Direito Biomédico, os oftalmologistas, quer ao nível da prescrição de dispositivos médicos, quer no aconselhamento de cirurgias ou medicamentos, devem informar os doentes do diagnóstico, prognóstico, meios de tratamento, alternativas terapêuticas e riscos. «É preciso lembrar que, se não existir esta informação, os médicos podem ser condenados a pagar indeminizações pelos danos que causaram.» Durante a sessão, André Pereira vai apresentar um caso que chegou ao Supremo Tribunal de Justiça. «O que se pretende é consciencializar os oftalmologistas para que respeitem o dever de informar e também para a necessidade de um consentimento verdadeiramente esclarecido, principalmente quando está em causa a cirurgia oftalmológica com fins estéticos.» Técnicas e complicações na blefaroplastia A blefaroplastia é um procedimento comum, mas que, quando mal executado, pode ter consequências desastrosas. Este tema é desenvolvido no Curso que decorre entre as 14h30 e as 16h30, no Auditorium 1. Luís Garcia «A s pálpebras emolduram o olhar junto com as sobrancelhas. Por volta dos 40 anos, surgem os primeiros efeitos do envelhecimento justamente nesta região, conferindo um aspeto de tristeza ou cansaço», descreve a Dr.ª Ana Rosa Pimentel, do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. A blefaroplastia serve para corrigir estes «efeitos do tempo». «Trata-se de um procedimento seguro para os olhos, desde que antecedido por criteriosos exames pré-operatórios», sublinha Ana Rosa Pimentel. «Por outro lado», adverte, «não é um procedimento simples e as complicações, se ocorrerem, podem ser desastrosas para a visão». As complicações mais temíveis são as úlceras de córnea por mau fechamento dos olhos e as hemorragias orbitárias. «A 10 d e z e m b r o 2 0 1 2 cirurgia plástica ocular, além de tratar primariamente da cosmética, visa também a correção destas complicações», diz a oftalmologista brasileira. É por isso que, na opinião da Dr.ª Maria Consuelo Prada, do Centro Oftalmológico Moreiras, em Santiago de Compostela, Espanha, a blefaroplastia deve ser precedida de vários cuidados. «É fundamental uma boa avaliação pré-operatória do doente, conhecer bem a anatomia das pálpebras e ter um plano cirúrgico prévio, com esquemas e fotografias do doente», afirma. Também Ana Rosa Pimentel considera que «qualquer cirurgião que se disponha a fazer a blefaroplastia, por mais simples que pareça, deve conhecer profundamente a nobreza do aparelho visual, além de dominar a anatomia e os conceitos cosméticos das unidades que compõem o rosto». Dr.ª Ana Rosa Pimentel Dr.ª Maria Consuelo Prada No Curso desta tarde, as duas especialistas abordam os métodos de exame, a forma de selecionar doentes para blefaroplastia e ensinar os procedimentos técnicos aos jovens cirurgiões que se iniciam na especialidade. O modo de prevenir ou corrigir complicações decorrentes da blefaroplastia é outro dos pontos abordados. 7 DEZ. Aquisição e início dos estudos que conduziram à descoberta do primeiro beta-bloqueante tópico Criado para encorajar a investigação em áreas críticas da Oftalmologia Início do Programa de Doação da MSD para combater a cegueira dos rios – hoje, um dos maiores programas de doação contínua Introdução de uma terapêutica para a conjuntivite Primeira formulação de um beta-bloqueante tópico de formulação lenta Primeiro de uma nova classe de medicamentos para a terapêutica tópica do glaucoma desde os beta-bloqueantes: inibidor da anidrase carbónica Primeira combinação fixa de um inibidor da anidrase carbónica e beta-bloqueante Primeira formulação sem conservantes de um inibidor da anidrase carbónica e um beta-bloqueante em associação fixa Criação de prémio ARVO-AFER/MSD “Inovative Opthalmology Research Award” Acordo com a Santen Pharmaceuticals Co, Lda. para representação da primeira e única prostaglandina sem conservantes. OCT-2013 OPH-2011-PT-3242-J 7 DEZ. O futuro dos jovens oftalmologistas em debate Pela primeira vez, o projeto SPO Jovem organiza no Congresso Português de Oftalmologia uma sessão inteiramente dirigida aos internos e recém-especialistas. A decorrer entre as 14h30 e as 16h30, no Auditorium 2, a sessão promete ser um espaço de debate e esclarecimento das muitas incertezas que os jovens oftalmologistas têm quanto ao seu futuro. Tiago Mota O Dr. F. Esteves Esperancinha, o Dr. Constantino Bianchi e o Prof. Eduardo Silva presidem a mesa da sessão «Jovens oftalmologistas, que futuro?» N o arranque da sessão, a Dr.ª Ana Miguel Quintas, coordenadora do projeto SPO Jovem e oftalmologista no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, apresenta as atividades desenvolvidas em 2012 no âmbito deste projeto e as iniciativas já planeadas para 2013. Em seguida, tem a palavra o Dr. Constantino Bianchi, especialista italiano que preside à Secção de Oftalmologia da União Europeia dos Médicos Especialistas (UEMS, na sigla francesa). «Nos últimos anos, as políticas dos governos europeus têm vindo a reduzir drastica- mente o número de oftalmologistas licenciados. Portanto, podemos prever que, no futuro, haverá uma “caça ao homem” de uma grande parte dos hospitais públicos europeus em busca de especialistas oftalmológicos», comenta Constantino Bianchi, sugerindo que «ficar atualizado não é só uma obrigação ética para com os doentes, é também uma necessidade para responder a um ambiente de trabalho altamente competitivo». Constantino Bianchi revela ainda que «as secções da UEMS foram convidadas a sugerir a elaboração de uma nova direti- A génese do SPO Jovem Alguns elementos do grupo SPO Jovem (da esq. para a dta.): Drs. Marta Guedes, Filipe Fraga, Teresa Painhas, Ricardo Bastos Amorim, Ana Miguel Quintas, Cristina Santos, Inês Laíns e Mário Canastro Nascido em finais de 2011, por iniciativa da direção da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, «o SPO Jovem pretende constituir-se como plataforma de abordagem dos problemas específicos dos internos e recém-especialistas de Oftalmologia», indica a Dr.ª Ana Miguel Quintas, coordenadora deste projeto. Neste momento, o SPO Jovem aguarda a sua oficialização estatutária enquanto entidade pertencente à Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. A oficialização é proposta à votação na Assembleia-Geral que decorre hoje, pelas 18h00, no Auditorium 1. 12 d e z e m b r o 2 0 1 2 va sobre a mobilidade dos profissionais na Europa – regida pela diretiva 2005/36/EC do Parlamento Europeu» e sublinha que, «no futuro próximo, é muito provável que o EBOD [European Board of Ophthalmology Diploma] venha a ser obrigatório no currículo dos oftalmologistas europeus». A sessão do SPO Jovem é também o momento para a entrega do EBOD aos oito especialistas portugueses que em 2012 obtiveram esta certificação, após terem realizado o exame no mês de abril, em Paris. O Dr. Florindo Esteves Esperancinha, um dos presidentes desta sessão e delegado nacional da Secção de Oftalmologia da UEMS, assinala que o Dr. Gil Calvão Santos, oftalmologista no Hospital de São Sebastião (em Santa Maria da Feira), obteve a melhor classificação no EBOD deste ano. Esteves Esperancinha acrescenta que «os oito portugueses que obtiveram o EBOD ficaram todos classificados no primeiro terço da tabela, entre 370 candidatos». «É um motivo de grande orgulho», diz. A fechar a sessão do SPO Jovem, tem lugar uma mesa-redonda moderada pela Dr.ª Ana Miguel Quintas e pela Dr.ª Marta Guedes, oftalmologista no Hospital de Egas Moniz, em Lisboa. Ambas estão em representação dos internos e recém-especialistas e vão colocar à discussão questões pertinentes para ajudar a esclarecer o futuro dos jovens oftalmologistas, tais como: «O que é necessário mudar no internato de Oftalmologia? Qual o papel do SPO Jovem na melhoria do internato e das perspetivas dos recém-especialistas portugueses? Quais os elementos mais significativos no currículo do interno? Que importância tem o certificado do European Board of Ophtalmology? O que valoriza um interno português no contexto internacional? Vale a pena a diferenciação, durante o internato, em áreas específicas da Oftalmologia?» «É para obter respostas a perguntas como estas que o SPO Jovem convidou para a sua sessão no Congresso não só especialistas experientes e envolvidos em organismos relevantes na regulação do internato, mas também recém-especialistas com percursos e experiências diferentes na Oftalmologia», explica Ana Miguel Quintas. 7 DEZ. Futuro promissor na neuroftalmologia Neuroftalmologia pediátrica e doenças neurodegenerativas são os grandes temas em debate na sessão que decorre, entre as 15h30 e as 16h30, na Sala 3A. Luís Garcia Dr. João Paulo Cunha A Prof. Eduardo Silva, Dr.ª Ivone Cravo (coordenadora da sessão) e Dr. João Lemos Dr.ª Ivone Cravo, coordenadora da sessão e do Grupo Português de Neuroftalmologia da SPO, justifica a escolha do tema da neuroftalmologia pediátrica com o facto de se tratar de «um tópico pouco abordado nas reuniões científicas desta área e que se reveste de grande importância para os oftalmologistas em geral, que todos os dias observam crianças e necessitam de estar familiarizados com estes quadros clínicos». O Prof. Eduardo Silva, oftalmologista pediátrico no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, é o primeiro orador da sessão e vai focar a sua intervenção nas mais recentes novidades no estudo da neurofibromatose de tipo 1. «Ao longo dos últimos cinco anos, a minha equipa de investigação do Instituto Biomédico de Investigação de Luz e Imagem (IBILI), em Coimbra, tem desenvolvido um trabalho contínuo e extremamente exaustivo que aborda os aspetos psicofísicos, neuroquímicos e anatómicos que apresentam as crianças com neurofibromatose», explica o também docente na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. E acrescenta: «Nesta sessão, vamos partilhar alguns destes resultados verdadeiramente novos que podem contribuir para uma melhor compreensão da função visual destes indivíduos que, aparentemente, têm uma afetação pouco marcada da sua função visual.» A Dr.ª Ana Antunes Martins, neuropediatra no Hospital da Luz, em Lisboa, vai falar sobre hipertensão intracraniana idiopática (HII), uma síndrome que se caracteriza «pela presença de elevação da pressão intracraniana, na ausência aparente de patologia orgânica cerebral, nomeadamente de lesões». Assim sendo, trata-se de um diagnóstico de exclusão, possível apenas após investigação complementar extensa. Segundo Ana Antunes Martins, após suspeição clínica, «devem realizar-se: ressonância magnética cranioencefálica, para excluir causas secundárias de hipertensão intracraniana; punção lombar, para avaliar, entre outros parâmetros, a pressão de abertura; e a observação oftalmológica detalhada, incluindo a campimetria, essencial para determinar a gravidade do envolvimento do nervo óptico e para monitorizar a resposta ao tratamento». O olho como janela para o cérebro Na mesma sessão, o Dr. João Paulo Cunha, neuroftalmologista no Centro Hospitalar Sobre a hipertensão intracraniana idiopática Afeta sobretudo mulheres obesas e jovens, mas pode surgir em qualquer faixa etária. Nas crianças, a maioria dos casos verifica-se após os 10 anos; Provoca cefaleias (em cerca de 90% dos casos) e alterações visuais (em cerca de 70% dos casos) A hipertensão intracraniana venosa, as alterações do metabolismo da vitamina A e as alterações metabólicas associadas à obesidade são os mecanismos fisiopatólogicos específicos mais prováveis. Dr.ª Ana Antunes Martins de Lisboa Central/Hospital de Santo António dos Capuchos, vai apresentar uma reflexão sobre a importância do recurso às tecnologias de imagem, nomeadamente à tomografia de coerência óptica (OCT, na sigla inglesa), para observação direta da retina e do nervo óptico e para caracterização de patologias oftalmológicas e neurológicas. «Existem evidências crescentes de que a retina e o nervo óptico também são afetados em certas doenças neurodegenerativas, o que fortalece o conceito de que o olho pode e deve ser usado como uma janela para o cérebro nestas doenças», sublinha João Paulo Cunha. Na sua apresentação, este neuroftalmologista vai procurar responder a questões como: «A observação das alterações da retina em tempo real poderá servir de marcador para o diagnóstico de determinadas doenças neurológicas, como a esclerose múltipla, as demências ou a doença de Parkinson? Fornecerá explicações sobre os mecanismos neuropatológicos dessas doenças? Servirá para avaliar novas terapêuticas?» O último interveniente da sessão é o Dr. João Lemos, neurologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que vai abordar a disfunção oculomotora em patologias neurodegenerativas, como as doenças de Parkinson, Alzheimer e do neurónio motor. «A avaliação dos movimentos oculares nestes doentes não só é um elemento essencial da abordagem diagnóstica, como a deteção de disfunção oculomotora pode constituir o sinal mais precoce de neurodegenerescência», refere João Lemos. dezembro 2012 13 7 DEZ. Novidades em lentes de contacto Os mais recentes avanços nos vários tipos de lentes de contacto, bem como as inovações ao nível da sua conservação e desinfeção são alguns dos temas abordados entre as 15h30 e as 16h30, na sessão «O que há de novo em lentes de contacto», que decorre na Sala 3B. Luís Garcia desenvolvimento, permitindo que surjam novidades», sublinha Paulo Guerra. ORADORES NA SESSÃO: Drs. Paulo Guerra, Eunice Guerra, Miguel Amaro (também coordenador) e Vítor Maduro «V ão ser apresentadas as últimas tecnologias no que se refere aos materiais utilizados em lentes hidrófilas e lentes rígidas permeáveis aos gases (RPG). Serão também realçadas algumas particularidades no campo da conservação e desinfeção das lentes de contacto», explica o Dr. Miguel Amaro, coordenador da sessão e diretor do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Vila Franca de Xira. A Dr.ª Eunice Guerra, oftalmologista no mesmo Hospital, vai dar conta das últimas tecnologias em lentes de contacto hidrófilas, um campo que registou grandes avanços nos últimos anos. «Antigamente, havia algum preconceito e algum receio em relação às lentes de contacto hidrófilas: a permeabilidade ao oxigénio era bastante mais baixa do que nas lentes rígidas permeáveis ao gás e o risco de infeção e de complicações, nomeadamente corneanas, a médio e longo prazos, era muito maior», explica Eunice Guerra. E continua: «Hoje, os materiais desenvolveram-se de tal maneira que a permeabilidade das lentes hidrófilas, nomeadamente de silicone-hidrogel, é igual ou superior à das lentes rígidas. Os meios de estabilização e centragem das lentes na superfície do olho, a par com o desenvolvimento e incorporação de moléculas que retêm a hidratação, também evoluíram, proporcionando maior conforto e qualidade de visão, não só nas lentes esféricas, mas também nas tóricas.» Na intervenção seguinte, o Dr. Paulo Guerra, oftalmologista no Hospital HPP Cascais, vai falar sobre lentes de contacto RPG, híbridas e esclerais. «Vou focar as últimas novidades em cada uma destas três áreas, nomeadamente no que diz respeito aos materiais e desenhos das lentes (asféricas, esféricas, tóricas, multifocais ou com desenhos especiais para as ectasias queráticas)», refere o oftalmologista. Ao nível das lentes RPG, a comunicação de Paulo Guerra dará especial atenção às lentes Rosek2 com desenhos especiais adaptados para as ectasias queráticas, sejam elas primárias ou secundárias. Também se falará sobre as novidades nas lentes esclerais, cuja diversidade tem aumentado, e nas lentes híbridas, com destaque para o tipo de lente comercializada em Portugal (a SynergEyes) e os seus modelos mais recentes. «Embora haja um desinvestimento da indústria neste tipo de lentes, em detrimento de outros, algumas empresas continuam a focar-se especificamente no seu Líquidos de manutenção e desinfeção das lentes O Dr. Vítor Maduro, oftalmologista na Consulta de Córnea do Centro Hospitalar de Lisboa Central, vai apresentar algumas notas sobre os líquidos de manutenção e desinfeção das lentes de contacto. A sua reflexão procura responder a questões como: Que líquido escolher para cada caso? Quais os fatores importantes nesta seleção? Quais os perigos e complicações que podem advir do uso de líquidos existentes no mercado, mas que não estão de acordo com as características das lentes? «Cada tipo de lente tem o seu líquido de conservação e manutenção ideal», explica Vítor Maduro. E concretiza: «Um líquido errado pode levar ao aparecimento de infeções na córnea ou na conjuntiva ou até mesmo a intolerância à lente de contacto. Muitas vezes, achamos que tal se deve ao material da lente, mas o problema está na utilização de um líquido inadequado.» Este oftalmologista realça a importância de «personalizar ao máximo» o líquido de conservação em função das lentes de contacto e do seu portador. «Preocupamo-nos muito com a escolha do tipo de lente mais confortável para cada pessoa. Este foi um passo importante, mas também precisamos de selecionar o melhor líquido para o doente. E, frequentemente, deixamos esta escolha nas mãos de outros profissionais», sublinha Vítor Maduro. A sessão dedicada ao que há de novo em lentes de contacto termina com a intervenção de Miguel Amaro sobre a pretensão da Sociedade Europeia de Lentes de Contacto e Oftalmologistas (ECLSO, na sigla inglesa) de transformar oficialmente estas lentes num dispositivo médico. Ficha técnica Organização: Sociedade Portuguesa de Oftalmologia Campo Pequeno, 2-13.º • 1000 - 078 Lisboa Tel.: (+351) 217 820 443 • Fax: (+351) 217 820 445 [email protected] www.spoftalmologia.pt Edição: Esfera das Ideias, Produção de Conteúdos Av. Almirante Reis, n.º 114, 4.º E • 1150 - 023 Lisboa • Tel.: (+351) 219 172 815 [email protected] • www.esferadasideias.pt Direção: Madalena Barbosa ([email protected]) Assessora de direção: Zaida Fernandes ([email protected]) Gestor de projetos: Tiago Mota ([email protected]) Textos: Inês Melo, Luís Garcia, Tiago Mota e Vanessa Pais • Fotografia: Luciano Reis • Design: Fillipe Chambel Nota: Os textos desta publicação estão escritos segundo as regras do novo Acordo Ortográfico Patrocínios: 14 d e z e m b r o 2 0 1 2 7 DEZ. NOVA ABORDAGEM DA DMI* NOVO PRODUTO 1 A 2 CÁPSULAS POR DIA Angelini - Rua João Chagas, 53, 3° Piso - 1499-040 Cruz Quebrada-Dafundo - Portugal * Degenerescência Macular relacionada com a Idade SUPLEMENTO ALIMENTAR ARD 10-11/12 TOMA RECOMENDADA dezembro 2012 15 7 DEZ. Desafios em retina médica Degenerescência macular relacionada com a idade, tomografia de coerência óptica, edema macular diabético, alta miopia e vitreólise enzimática são os temas em destaque na sessão «O que há de novo em retina médica», que decorre entre as 15h30 e as 16h30, na Sala 3C. Luís Garcia S eguindo uma filosofia de inclusão de novos nomes da Oftalmologia, os coordenadores, Dr.ª Marta Vila Franca, do Instituto de Oftalmologia Dr. Gama Pinto, em Lisboa, e Dr. João Nascimento, do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, optaram por convidar para a sessão especialistas que se têm destacado recentemente nas suas áreas de intervenção. A ideia, explica Marta Vila Franca, é centrar a discussão no que é verdadeiramente novo: «Não queremos abordar qualquer aspeto teórico já conhecido, iremos apenas apresentar as novidades sobre cada área.» O primeiro orador da sessão é o Dr. Pedro Mouro, do Hospital HPP Cascais, que vai falar sobre o papel da tomografia de coerência óptica (OCT, na sigla inglesa). «Trata-se de um exame fundamental na prática da retina médica, porque é inócuo, não invasivo e cada vez mais nos dá uma imagem anatómica precisa, fiável e reprodutível», explica. A intervenção deste oftalmologista foca-se sobretudo nas perspetivas futuras, que «extravasam já o campo da Anatomia e da Anatomopatologia, mas vêm ao encontro de um dos objetivos do estudo das doenças da retina – a Fisiopatologia». Degenerescência macular relacionada com a idade (DMI) do tipo seca é o tema abordado pelo Dr. Manuel Falcão, do Hospital de São João, no Porto. Embora permaneça por encontrar um tratamento eficaz ao nível da prevenção ou da recuperação da função visual perdida, decorrem vários ensaios clínicos que começam a dar alguns frutos. «Há o registo de alguns resultados positivos com uma terapêutica de fatores de crescimento que abre novas portas para o tratamento, mas esta alternativa terá de ser mais explorada. Provavelmente, vamos ter de usar, ao mesmo tempo, várias soluções terapêuticas que estão a ser estudadas», refere Manuel Falcão. Novidades na DMI exsudativa… Na sua intervenção na mesma sessão, o Dr. Marco Liverani, do Centro Hospitalar Barreiro-Montijo, vai ocupar-se das novidades no que concerne à DMI exsudativa, «a principal causa de hipovisão em adultos com mais de 65 anos nos países desenvolvidos». «O atual gold standard do tratamento da DMI exsudativa exige um grande número de consultas e de tratamentos, o que se traduz num custo total muito elevado», nota Marco Liverani. «Com a tendência para o aumento da idade média de vida e a consequente subida da prevalência da DMI, prevê-se um aumento progressivo do seu impacto socioeconómico», acrescenta este oftalmologista, destacando a importância de encontrar terapêuticas alternativas. «Foi recentemente aprovado nos EUA um novo fármaco antifator de crescimento do endotélio vascular (anti-VEGF) – o aflibercept (VEGF Trap Eye) –, que poderá permitir o aumento do intervalo de tempo entre tratamentos», avança Marco Liverani. E acrescenta: «Também os resultados a dois anos do estudo CATT (comparação de tratamentos na DMI) foram conhecidos este ano, aparecendo o bevacizumab como uma alternativa off-label mais económica, sem prejuízo da acuidade visual final e sem diferenças significativas nos efeitos adversos cardiovasculares.» …no edema macular diabético, na miopia e na vitreólise enzimática Por sua vez, o Dr. Miguel Gomes, do Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António, vai falar sobre o edema macular diabético, «uma das principais causas de baixa de visão nos países desenvolvidos». A intervenção vai debruçarse sobre estudos recentes, «ainda muito incipientes», relativos a moléculas que podem constituir uma alternativa ao tratamento mais tradicional com laser. De seguida, o Dr. Francisco Trincão, O Dr. João Nascimento e a Dr.ª Marta Vila Franca são os coordenadores da sessão do Departamento de Retina Cirúrgica do Centro Hospitalar de Lisboa Central, dedicará a sua apresentação à miopia e à forma de melhor a identificar, nomeadamente através da tomografia de coerência óptica de domínio espectral (SD-OCT, na sigla inglesa) que, na sua opinião, «tem revolucionado a forma de observar esta patologia». «A melhor caracterização imagiológica tem fornecido novos dados valiosos, que permitem a criação de modelos de classificação com valor preditivo mais fiável do que os tradicionais modelos clínicos. Também tem possibilitado a descrição de novas entidades que nos permitem uma melhor compreensão da doença e suas complicações», explica Francisco Trincão. A sessão termina com a intervenção do Dr. Sérgio Leal, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e da Associação para a Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem (AIBILI), sobre a vitreólise enzimática, «uma nova aproximação que permite a resolução de casos selecionados de tração vitreomacular e buraco macular, evitando o recurso à vitrectomia cirúrgica», refere este especialista. Os oradores (da esq. para a dta.): Drs. Manuel Falcão, Miguel Gomes, Sérgio Silva Leal, Pedro Mouro, Francisco Trincão e Marco Liverani 16 d e z e m b r o 2 0 1 2 7 DEZ. dezembro 2012 17 7 DEZ. Três novas leituras para melhores práticas em Oftalmologia Entre as 17h00 e as 18h00, no Auditorium 1, são apresentadas três novas obras: a monografia Superfície Ocular, coordenada pelo Prof. Paulo Torres; o manual Glaucoma: perguntas frequentes, coordenado pela Dr.ª Manuela Carvalho; e o livro Estrabismo para Totós, da autoria das Dr.as Inês Machado e Rita Gama. Nas palavras dos próprios, desvendamos o essencial sobre estas obras. Prof. Paulo Torres Chefe de serviço de Oftalmologia no Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António Superfície ocular em monografia «U ma das áreas da Oftalmologia a que me dedico é o estudo da superfície ocular externa. É fundamental percebermos como as alterações morfológicas, as disfunções e as doenças da unidade funcional lacrimal (um sistema integrado e constituído por glândulas lacrimais, epitélio corneano e conjuntival, pálpebras e glândulas das margens e inervação sensitiva e motora) podem colocar em risco a integridade da superfície ocular. Surgiu da atual direção da Sociedade Portuguesa de Oftalmo- logia (SPO) o convite para ser o responsável pela monografia da SPO referente ao biénio 2011-2012 e, claro, fazia todo o sentido coordenar uma obra sobre este tema. A monografia é composta por 16 capítulos sobre os mais variados temas – desde o olho seco aos tumores da superfície. O projeto envolveu 39 oftalmologistas. Sem as suas preciosas contribuições, não teria sido possível concretizá-lo e tê-lo pronto a tempo de ser distribuído neste Congresso. A todos os colegas, o meu muito obrigado. Gostaria, também, de agradecer ao Ricardo Correia, que fez o design desta monografia em tempo recorde, e aos Laboratórios Théa, que financiaram o projeto. Foi para mim uma enorme honra e um imenso desafio coordenar esta monografia.» Dr.ª Manuela Carvalho Coordenadora do Grupo Português de Glaucoma «O Perguntas e respostas sobre glaucoma manual Glaucoma: perguntas frequentes surge na sequência de um desafio lançado, em finais de 2011, à Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, através do seu Grupo Português de Glaucoma. A ideia subjacente compreendia uma população-alvo: a comunidade oftalmológica em geral e não apenas os que se dedicam essencialmente à patologia. Para avaliar o interesse de uma publicação sobre este tema, fomos “sentir o pulso” da comunidade oftalmológica, estabelecendo contactos informais com colegas de diferentes áreas. As opiniões foram consensuais e apontaram para um livro de caráter essencialmente prático, de consulta rápida, com perguntas e respostas, que pudesse ajudar na atividade clínica diária. Endereçámos o pedido de colaboração a todos os colegas mais dedicados ao glaucoma, solicitando o envio de temas pertinentes e da preferência de cada um, bem como das perguntas que mais frequentemente lhes são colocadas na prática clínica ou mesmo por colegas de outras áreas. As respostas chegaram e estava assim lançada a “espinha dorsal” do trabalho, compreendendo temas de fisiopatologia, genética, métodos diagnósticos e terapêutica médica e cirúrgica. Os autores esperam, assim, contribuir para um melhor exercício clínico na área do glaucoma. Por toda a logística do processo, agradecemos aos Laboratórios Théa.» Dr.ª Rita Gama Uma das autoras do livro e coordenadora do Grupo Português de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo O estrabismo «trocado por miúdos» «T odos sentimos como é difícil tratar crianças com doenças oculares. A maior parte dos mecanismos fisiopatológicos são desconhecidos, a semiologia é elaborada, a evolução clínica é arrastada e os resultados terapêuticos são incertos. Assim, surgiu a necessidade de abordar o estrabismo infantil de uma forma simples – “como se eu fosse um miúdo de 5 anos...” – e cá está o livro Estrabismo para Totós! Escrito em coautoria com a Dr.ª Inês Machado, do Hospital Garcia de Orta, em Almada, prefaciado pelo Prof. Eduardo Silva, 18 d e z e m b r o 2 0 1 2 dos Hospitais da Universidade de Coimbra, e gentilmente patrocinado pelo Laboratório Edol, o livro Estrabismo para Totós é um guia prático que pretende ajudar a ultrapassar os pequenos obstáculos que surgem no dia a dia da Oftalmologia Pediátrica e na abordagem do estrabismo. Tem uma linguagem acessível e descontraída, às vezes brincalhona, acompanhada de muitas imagens e esquemas ilustrativos. Por isso, está particularmente vocacionado para quem começa a lidar com esta patologia. Não é objetivo menosprezar os tratados já existentes e muito menos substituí-los. Pelo contrário, o intuito é desdramatizar a abordagem tão difícil do estrabismo, motivar o seu estudo e proporcionar um momento lúdico e agradável. Divirtam-se com o estrabismo!» 7 DEZ. Síndromes das manchas brancas em destaque Apresentar e discutir os diferentes aspetos relacionados com as síndromes das manchas brancas é o que pretende a sessão intitulada «White dot syndromes», que decorre entre as 17h00 e as 18h00, no Auditorium 2. Inês Melo A Dr.ª Ana Paula Sousa, o Prof. Rui Proença, a Dr.ª Isabel Domingues (na foto) e a Dr.ª Susana Penas são os quatro oradores da sessão A síndrome das manchas brancas (white dot syndrome, em inglês) é a peça central da sessão coordenada hoje pelo Prof. Rui Proença, chefe de serviço de Oftalmologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), que também é interveniente com os temas «General concepts – inflammatory choriocapillaropathies and primary and secondary stromal choroiditis» e «Serpiginous choroiditis and presumed tubercular serpiginous-like choroiditis». A síndrome das manchas brancas evanescentes, o aumento idiopático da mancha cega e a epiteliopatia pigmentar placoide multifocal posterior aguda são as três entidades acerca das quais irá falar a Dr.ª Isabel Domingues, oftalmologista no Centro Hospitalar de Lisboa Central. «Estas entidades fazem parte de um grupo heterogéneo de doenças denominado de coriocapilaropatias inflamatórias primárias e constituem as formas agudas, autolimitadas e com bom prognóstico visual», adianta esta especialista. Também responsável pela comunicação «Primary stromal choroiditis (VKH, sympathetic ophthalmia, birdshot chorioretinopathy) and secondary stromal choroiditis», Isabel Domingues sublinha que as novas classificações diferenciam as patologias inflamatórias da coroideia em dois grupos, consoante a estrutura primariamente atingida: coriocapilaropatias inflamatórias e coroidites estromais primárias e secundárias. «Das coroidites primárias fazem parte a doença de Voght-Koyanagi-Harada, a oftalmia simpática e a coriorretinopatia de Birdshot. As coroidites secundárias incluem doenças inflamatórias ou infeciosas sistémicas, como a sarcoidose, a sífilis e a tuberculose.» Nesta comunicação, serão ainda abordadas as características clínicas e as implicações terapêuticas e prognósticas do grupo das coroidites estromais primárias. A propósito da intervenção sobre «Multifocal choroiditis, punctate inner choroidopathy and subretinal fibrosis», a Dr.ª Ana Paula Sousa, coordenadora do Grupo Português de Inflamação Ocular da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO), lembra que estas são doenças raras, das quais não se conhece a etiologia, com prognósticos reservados e tratadas com corticosteroides e outras substâncias imunomoduladoras. «É preciso ter em atenção que, por vezes, estes quadros passam um pouco despercebidos, porque podem não ter manifestações exuberantes. Há que fazer exames complementares diagnósticos rapidamente, para chegar a um diagnóstico e iniciar a terapêutica. Se não forem tratados atempadamente, estes quadros podem levar a uma grave diminuição da função e da acuidade visuais.» Por fim, a Dr.ª Susana Penas, oftalmologista no Hospital de São João, no Porto, apresentará o tema «Acute zonal occult outer retinopathy (AZOOR) and acute annular outer retinopathy (AAOR)». «A AZOOR é uma patologia rara, de etiologia desconhecida, caracterizada por uma rápida perda da função da retina externa de uma ou mais áreas da retina. Afeta doentes jovens, sobretudo do sexo feminino, traduzindo-se no aparecimento súbito de escotomas e fotopsias», esclarece Susana Penas. No que respeita aos grandes desafios desta patologia, a especialista acrescenta: «Na fase aguda, as alterações fundoscópicas são mínimas, o que torna o diagnóstico num desafio. Por outro lado, a ausência de resposta ao tratamento e a irreversibilidade das lesões conferem um mau prognóstico a esta doença.» Novo paradigma no tratamento do glaucoma Amanhã, entre as 12h30 e as 13h15, o Auditorium 1 recebe o minissimpósio promovido pela Allergan Ophthalmology, intitulado «Uma nova forma de tratar o glaucoma». Responsável pela primeira intervenção, o Dr. Florindo Esteves Esperancinha, oftalmologista no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), apresenta o tema «Bimatoprost 0,01 no tratamento do glaucoma: eficácia e tolerabilidade». Por sua vez, o Dr. Nuno Lopes, oftalmologista no Hospital de Braga, apresenta os resultados do tratamento com bimatoprost 0,01 em dez mil doentes. Por fim, com o intuito de mostrar uma perspetiva mais pessoal, o Dr. Rafael Gil, da Clínica Oftalmológica com o mesmo nome, em Huelva, Espanha, intervém com o tema «A minha experiência com bimatoprost 0,01 na prática clínica». dezembro 2012 19 7 DEZ.