Edição 55.º Congresso Português de Oftalmologia/1.º Congresso de
Diária Oftalmologia de Língua Portuguesa | 6 a 8 de Dezembro 2012
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www.spoftalmologia.pt
sexta-feira
Orquestra Geração
abrilhantou sessão
de abertura
Foi ao som da música clássica interpretada pelas crianças e adolescentes da Orquestra
Geração que arrancou a sessão oficial de abertura deste Congresso, ao final da tarde de
ontem. Seguiram-se as intervenções da Dr.ª Manuela Carmona (presidente da Sociedade
Portuguesa de Oftalmologia), do Prof. António Castanheira-Dinis (presidente honorário
do Congresso), do Prof. José Manuel Silva (bastonário da Ordem dos Médicos) e do
Dr. Luís Cunha Ribeiro, presidente da ARS Lisboa e Vale do Tejo, que falou em representação do ministro da Saúde.
67 destaque de capa
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Cooperação entre países lusófonos para
enfrentar os desafios
A força da língua portuguesa no mundo e os desafios que se vislumbram no futuro da Oftalmologia e da Medicina
em geral foram os pontos mais realçados na sessão oficial de abertura deste 55.º Congresso Português de
Oftalmologia/1.º Congresso de Oftalmologia de Língua Portuguesa, que decorreu ontem.
Inês Melo
NA CERIMÓNIA DE ABERTURA: Prof. Rui Proença (presidente do Colégio de Oftalmologia da
Ordem dos Médicos - OM), Prof. José Manuel Silva (bastonário da OM), Dr. Luís Cunha Ribeiro
(presidente da ARS Lisboa e Vale do Tejo), Dr.ª Manuela Carmona (presidente da SPO) e
Prof. António Castanheira-Dinis (presidente honorário do Congresso)
«A
língua derruba barreiras e cria
afinidades!» Estas palavras da
Dr.ª Manuela Carmona, presidente da
Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
(SPO), proferidas na sessão de abertura, espelham a essência deste Congresso. «A SPO tem sido um motor de
desenvolvimento da Oftalmologia portuguesa, colocando-a num patamar de
excelência científica, técnica e ética»,
referiu Manuela Carmona.
Porém, a par desta excelência, persistem inquietações na forma como a
Medicina é atualmente exercida: «Quando se substitui a afetividade da relação
médico-doente pela aritmética, pelas
tentativas de facilitismo na formação
médica e pelas pressões para dilatar as
entradas em Oftalmologia, ficamos preocupados», sublinhou. Para ultrapassar
estas barreiras, a presidente da SPO
apelou à «coragem e determinação» da
Ordem dos Médicos (OM).
Num discurso marcado pela preocupação
com as profundas mudanças na globalização cultural e social, Manuela Carmona falou
da necessidade de «despertar uma consciência de cidadania global» e de «encontrar
soluções inovadoras e criativas», lembrando
que foi este o espírito refletido nas quatro
Reuniões Luso-Africanas de Oftalmologia
organizadas pela SPO nos últimos anos.
«Estas reuniões aproximaram-nos, abriram
outras portas… Agora, é importante continuar e ir mais longe!», apelou.
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dezembro 2012
O desejo manifestado pela Sociedade
Brasileira e pelo Conselho Brasileiro de
Oftalmologia de organizar no Brasil o
2.º Congresso de Oftalmologia de Língua
Portuguesa, em 2014, e a vontade de
criar uma revista científica comum a
portugueses e brasileiros são ainda
dois desafios que se perspetivam no
futuro da SPO. No final da sua intervenção, Manuela Carmona sublinhou
o potencial de oportunidades dos médicos da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa (CPLP) e reforçou
a importância da relação com os oftalmologistas portugueses.
Também presente nesta cerimónia, o
Prof. António Castanheira-Dinis, presidente honorário do Congresso, evidenciou a projeção nacional e internacional
do Congresso Português de Oftalmologia.
«Hoje, a Oftalmologia portuguesa está
universalizada!», acredita este antigo
presidente da SPO, que deixou ainda um
apelo: «É preciso incentivar os jovens a
impulsionarem ainda mais a Oftalmologia em Portugal e no mundo.»
Defender a qualidade da Medicina
«Podem contar com a Ordem dos Médicos
para continuar a garantir, com grande
assertividade, a qualidade da Medicina
portuguesa, única via para preservar a
qualidade do Sistema Nacional de Saúde em Portugal.» Foi com estas palavras
que o Prof. José Manuel Silva, bastonário
da Ordem dos Médicos (OM), se dirigiu
aos presentes na sessão de abertura.
O bastonário referiu que através da qualidade é possível responder às dificuldades
económicas do País, realçando que «os
médicos têm um papel inultrapassável». «É
preciso responder com racionalidade à tentativa de racionamento, não prejudicando
os doentes mais desfavorecidos», notou.
No âmbito da revisão dos Estatutos da
OM, José Manuel Silva realçou a necessidade de se criar uma figura que possa
facilitar a realização de estágios de formação pós-graduada de médicos de outros
países lusófonos em Portugal e chamou
a atenção para a «renovada Acta Médica
Portuguesa», para que esta possa ser a
«grande revista da língua portuguesa e da
comunidade lusófona».
«Este Congresso já não é propriamente
um teenager!» O Dr. Luís Cunha Ribeiro,
presidente da Administração Regional de
Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT),
realçou o peso da história dos congressos
da SPO (55 edições), felicitando-a também
pela iniciativa de realizar o 1.º Congresso
de Oftalmologia de Língua Portuguesa.
Falando em representação do ministro
da Saúde, Luís Cunha Ribeiro focou ainda
a visibilidade da Oftalmologia portuguesa
no contexto internacional, bem como o seu
importante papel no Serviço Nacional de
Saúde. «Não queremos racionar, queremos racionalizar! Sabemos que podemos
contar com os oftalmologistas portugueses,
nomeadamente para reduzir as listas de
espera nos hospitais e para evitar que os
doentes recorram a outros países», apelou
o presidente da ARS-LVT.
Reportório sem barreiras culturais
Foi ao som do «Prelúdio Do Te Deum» que começou a cerimónia de abertura deste
Congresso de Oftalmologia. A Orquestra Geração, projeto centrado na ação e desenvolvimento social através da música, levou ao Centro de Congressos de Lisboa
um reportório que refletiu o espírito da reunião e transportou a audiência para um
universo sem barreiras culturais. De Charpentier para Haendel, passando por Elgar,
Bizet, Strauss e Carlos Garcia, a atuação terminou com um animado funaná.
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Atualização em
angiografia
A importância da angiografia
e a sua aplicação em diversas
patologias oculares dão mote ao
Curso que decorre entre as 8h30 e
as 09h30, no Auditorium 1.
Luís Garcia
FORMADORES DO CURSO DE ANGIOGRAFIA (da esq. para a dta.): Drs. Carolina Maia, Manuel
Falcão, Teresa Bragança e Vítor Rosas, Prof.ª Ângela Carneiro e Dr.ª Susana Penas. Todos
integram a Secção de Angiografia do Hospital de São João, no Porto.
O
Curso de Angiografia é organizado pela Secção de Angiografia do
Hospital de São João, no Porto. Segundo
o Dr. Vítor Rosas, responsável pela equipa e coordenador do Curso, a formação
de hoje debruça-se sobre algumas das
patologias nas quais é mais útil o recurso
à angiografia como meio de diagnóstico.
Após uma introdução do coordenador,
a Prof.ª Ângela Carneiro aborda o papel
da angiografia no diagnóstico da degenerescência macular relacionada com a
idade (DMI). Segue-se a intervenção da
Dr.ª Teresa Bragança sobre a aplicação do
mesmo método na deteção de tumores da
coroide e da retina. A Dr.ª Susana Penas, por
sua vez, fala sobre a angiografia no diagESFERAS DAS IDEAS.pdf 1 16/11/2012 11:02:04
nóstico da coriorretinopatia serosa central,
PUB.
uma patologia que afeta a mácula devido ao
enfraquecimento da membrana de Bruch,
fazendo com que o líquido dos vasos sanguíneos escape, formando bolhas.
Após a intervenção de Susana Penas,
Vítor Rosas volta a intervir, desta vez falando sobre o papel da angiografia na retinopatia diabética. O Dr. Manuel Falcão
fecha o leque de intervenções, abordando a aplicação do método no diagnóstico
de outras retinopatias vasculares.
«A angiografia continua a ser um método de diagnóstico extremamente importante. Em conjunto com a tomografia de
coerência óptica (OCT), é um dos meios
de diagnóstico mais relevantes para as
patologias da retina», nota Vítor Rosas.
Utilizada há várias décadas, a angio-
grafia não tem sido alvo de evoluções significativas recentemente. «Não há muitas
novidades nesta área, porque se trata de
um meio de diagnóstico que já está no
terreno há 50 anos», refere o coordenador da Secção de Angiografia do Hospital
de São João. Ainda assim, o Curso de
hoje visa fazer «um update de tudo o que
existe nesta área, nomeadamente ao
nível de novas metodologias».
Segundo Vítor Rosas, a prática nacional
neste ramo está «dentro dos padrões internacionais». «De um ponto de vista global,
estamos perfeitamente atualizados», afirma este oftalmologista, admitindo o facto
de algumas instituições não disporem de
todos os equipamentos, «porque são caros». A solução passa, frequentemente,
pela colaboração e pela partilha de recursos entre diferentes instituições.
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Atualização em patologia oncológica ocular
Entre as 8h30 e as 10h30, o Auditorium 2 recebe a sessão dedicada aos tumores oculares. Moderado pelo
Prof. Rui Proença, chefe de serviço de Oftalmologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o painel
de oradores é composto por três especialistas internacionais: o Prof. Miguel Burnier, a Dr.ª María Antonia
Saornil e a Prof.ª Zélia Corrêa.
Luís Garcia e Tiago Mota
O Prof. Rui Proença é o coordenador da sessão que tem como oradores a Dr.ª María Antonia Saornil, a Prof.ª Zélia Corrêa e o Prof. Miguel Burnier
O
Prof. Miguel Burnier, diretor-geral do
Centro de Investigação da Universidade McGill, no Canadá, é o primeiro orador
da sessão e fala sobre os tumores da órbita,
«que podem ser unilaterais ou bilaterais, primários ou metastáticos». São vários os tipos
de tumores orbitais malignos e benignos que
podem surgir e «a diversidade de tecidos orbitais é a razão que explica o aparecimento
de tumores tão diferentes nesta localização», indica Miguel Burnier, acrescentando
que «os tumores vasculares, neurogénicos,
epiteliais, musculares, entre outros, são detetados como parte de neoplasias primárias
da órbita». Por sua vez, «as metástases no
tecido orbital podem ter origem em cancros
da mama, do pulmão e em outras localizações malignas primárias».
Segue-se a intervenção da Dr.ª María
Antonia Saornil, da Unidade de Tumores
Intraoculares do Serviço de Oftalmologia do
Hospital Clínico Universitário de Valladolid,
em Espanha, que aborda os tumores da
conjuntiva. Esta membrana mucosa é composta por células epiteliais e melanócitos,
com um tecido subconjuntival conetivo vascular e linfático.
Segundo a especialista espanhola, a
conjuntiva «desempenha uma função muito importante na cobertura do globo ocular,
Papel da biopsia nos tumores intraoculares
A sessão dedicada à patologia oncológica ocular encerra com a intervenção da
Prof.ª Zélia Corrêa, diretora de Oncologia Ocular no Departamento de Oftalmologia da Universidade de Cincinnati, nos EUA, que fala sobre os tumores melanocíticos intraoculares e o papel da biopsia na sua avaliação e tratamento.
Esta especialista vai abordar as indicações para biopsia, o planeamento, a
execução da técnica cirúrgica e o manuseamento do espécime, bem como a
utilização desses resultados. «Será dada especial atenção ao uso do perfil de expressão génica e a como esse teste tem mudado a forma de tratar e acompanhar
os doentes com tumores melanocíticos intraoculares», avança Zélia Corrêa.
das pálpebras internas e de manutenção da
superfície ocular». No entanto, «todos estes
componentes podem dar lugar a tumores
benignos pré-cancerígenos ou malignos».
Os mais frequentes «são os de origem epitelial (nomeadamente papilomas, neoplasias
intraepiteliais e carcinomas) e os melanócitos malignos (nevos, melanose adquirida e o
melanoma), seguidos dos linfomas», refere
María Antonia Saornil.
Esta oftalmologista justifica a importância
dos tumores da conjuntiva pelo facto de serem «os mais frequentes no olho e nos tecidos anexos». Por outro lado, sublinha que
«o aspeto clínico dos tumores benignos pré-cancerígenos e malignos é difícil de determinar sem biopsia – e estes podem acabar por
invadir o globo ocular e/ou a órbita, se não
forem diagnosticados atempadamente».
Por isso, «o conhecimento dos tumores
da conjuntiva é essencial para realizar o
diagnóstico precoce com biopsia», para implementar «os tratamentos adjuvantes que
permitem preservar a visão» e, «em alguns
casos, como no melanoma, a vida dos doentes», salienta María Antonia Saornil.
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Avanços e investigação recente em glaucoma
Os avanços mais recentes e as investigações em curso na área do glaucoma estão em destaque na sessão «O que
há de novo em glaucoma», que tem lugar entre as 14h30 e as 15h30, na Sala 3A.
Luís Garcia
INTERVENIENTES NA SESSÃO (da esq. para a dta.): Drs. José Moura Pereira (moderador), Joaquim Sequeira, António Figueiredo, Maria da Luz
Freitas (moderadora), Manuela Carvalho (coordenadora), Maria João Menéres, António Benevides Melo, Pedro Faria e Prof. José Guilherme
Monteiro. Falta na foto o Dr. Luís Abegão Pinto
S
egundo a Dr.ª Manuela Carvalho,
coordenadora da sessão e do Grupo
Português de Glaucoma da Sociedade
Portuguesa de Oftalmologia (SPO), o debate vai girar em torno de várias inovações na área do diagnóstico precoce do
glaucoma, «que ainda se encontram em
estudo ou que estão a ser aplicadas na
prática muito recentemente, não estando
definitivamente aprovadas». É o caso dos
biomarcadores sistémicos, uma área ainda pouco investigada em Portugal e que
será o tema abordado pelo Dr. Joaquim
Sequeira, pela Dr.ª Dália Meira e pelo
Dr. Luís Agrelos, todos oftalmologistas no
Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/
/Espinho.
«Esta é uma nova área da Oftalmologia,
ainda pouco desenvolvida. Envolve moléculas que podem ter alguma especificidade para possibilitar o diagnóstico precoce
do glaucoma», explica Joaquim Sequeira.
Na sua intervenção, este oftalmologista
vai apresentar os potenciais biomarcadores no quadro das alterações encontradas no glaucoma. «Existem associações
comprovadas a nível cromossómico, mas
ainda não é possível fazer o diagnóstico a
partir destes biomarcadores», refere.
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O Dr. Luís Abegão Pinto, oftalmologista
no Centro Hospitalar de Lisboa Central,
vai apresentar algumas das novidades
relativas à ligação entre o glaucoma normotensional e a ausência de pulsação venosa espontânea.
«Estamos treinados para descrever as
alterações estruturais do disco óptico, mas
ainda não atribuímos a relevância devida
às suas características vasculares. Por
exemplo, a pulsatilidade da veia central
da retina é muito menos frequente em doentes com glaucoma do que na população
em geral», explica Luís Abegão Pinto. E
acrescenta: «A literatura tem consistentemente mostrado que este sinal não será
visível nos doentes com glaucoma mais
avançado e que estará associado a uma
maior progressão desta doença. Valorizar
a existência deste sinal facilmente obser-
vável pode dar informação adicional na
avaliação dos doentes.»
Avanços na farmacologia
O Dr. António Benevides Melo, oftalmologista no Hospital de São João, no Porto,
abordará as novidades no campo da tomografia de coerência óptica (OCT, na
sigla inglesa), cujos avanços mais recentes na aquisição de imagens através do
modo EDI (enhanced depth imaging) podem proporcionar imagens com melhor
definição da coróide e do nervo óptico.
Segundo este orador, serão tratadas «as
aplicações dos spectral domain OCT na
avaliação da coróide nomeadamente da
espessura coroideia, e da sua implicação
nos diferentes tipos de glaucoma, bem
como na avaliação da lâmina crivosa».
O Dr. Pedro Faria, investigador do Cen-
O que é o glautech?
O glautech é um meio de diagnóstico do glaucoma desenvolvido no âmbito de
uma parceria entre empresas, a Universidade de Coimbra e o CHUC, com vista
a testar, de forma simultânea e independente, as principais vias funcionais,
detetando perdas em indivíduos com perimetria normal e permitindo avaliar a
função do nervo óptico mais precocemente. O glautech testa a discriminação
de movimento e as sensibilidades de contraste cromática e acromática.
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tro Hospitalar e Universitário de Coimbra
(CHUC), vai apresentar alguns dos resultados da aplicação em doentes do
glautech (ver caixa), um meio de diagnóstico desenvolvido para a deteção do
glaucoma que «testa, de forma simultânea e independente, as principais vias
funcionais». «No glaucoma, as alterações estruturais geralmente precedem
as funcionais. O glautech foi desenvolvido para obter um diagnóstico funcional
precoce», sublinha Pedro Faria.
Na intervenção seguinte, o Prof. José
Guilherme Monteiro, investigador no Serviço
de Oftalmologia do Centro Hospitalar de
Entre o Douro e Vouga/Hospital de Santa
Maria da Feira, vai dar conta dos avanços no tratamento do glaucoma a nível
farmacológico. Uma das novidades com
aplicação prevista no futuro próximo é um
composto que associa um derivado das
prostaglandinas com um radical dador de
óxido nítrico. «Esta é uma hipótese que
parece estar relativamente avançada,
mas só saberemos se é realmente eficaz
quando estiver disponível no mercado»,
sublinha Guilherme Monteiro.
Por outro lado, estão a surgir substân-
cias novas, ainda apenas com nome de
código dos fabricantes, que pertencem
ao grupo dos inibidores da Rho-quinase
e que «atuam sobre o funcionamento celular, modificando o comportamento das
células». Também ao nível do modo de
administração dos fármacos pode haver
novidades. Segundo Guilherme Monteiro, começam hoje a aparecer alternativas como um «implante minúsculo que
pode ser injetado com uma agulha fina
e permite manter a atividade do fármaco
durante três meses».
Importância
da neuroproteção
A apresentação com o tema «Ciclocoagulação ultrassónica – nova arma terapêutica?» está a cargo do Dr. António
Figueiredo, oftalmologista no Centro
Hospitalar de Lisboa Norte/Hospital de
Santa Maria. Trata-se de uma solução
para casos de glaucoma terminal que a
cirurgia não conseguiu resolver e é realizada em aparelhos de ultrassom que já
estão a ser utilizados em França. «Esta
técnica de ablação por ultrassons de alta
frequência visa diminuir a produção do
humor aquoso por via cirúrgica e é indicada para casos de glaucoma refratário,
que têm uma abordagem muito difícil»,
explica António Figueiredo.
A sessão termina com a apresentação
da Dr.ª Maria João Menéres, coordenadora da Secção de Glaucoma do Serviço
de Oftalmologia do Centro Hospitalar do
Porto/Hospital de Santo António, sobre
a perspetiva neuroprotetora. Nesta intervenção, serão referidas algumas das moléculas e fármacos já existentes que pretendem ter um efeito de neuroproteção.
O glaucoma é uma doença neurodegenerativa, na qual múltiplos fatores
levam à apoptose e morte das células
ganglionares retinianas (CGR). «Nos últimos anos, além do controlo da pressão
interna do olho, a comunidade científica
tem focado a atenção na descoberta de
um tratamento neuroprotetor, com o objetivo de prevenir ou mesmo reverter o
processo de morte das CGR, que pode
ser consequência de privação de fatores
neurotróficos ou de libertação de substâncias neurotóxicas, como o óxido nítrico, os radicais livres ou o glutamato»,
explica Maria João Menéres.
Curso focado na evolução da OCT
A tomografia de coerência óptica (OCT, na
sigla inglesa) revolucionou o diagnóstico em
Oftalmologia. Entre as 9h30 e as 10h30, no
Auditorium 1, são recordados os seus princípios
básicos e apresentadas as últimas novidades.
Luís Garcia
O
Curso «Como descrever OCT» é coordenado pela
Dr.ª Sandra Barrão, do Instituto de Oftalmologia
Dr. Gama Pinto, em Lisboa, e pela Dr.ª Lilianne Duarte, oftalmologista no Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga
(CHEDV)/Hospital de Santa Maria da Feira. O objetivo principal desta formação é «fazer uma abordagem dos princípios
básicos da OCT e fornecer o necessário conhecimento sobre
a informação dada pelo aparelho, de forma a habilitar os participantes a melhor entenderem e interpretarem as imagens
obtidas», notam as coordenadoras.
O Curso aborda os princípios e fundamentos da OCT, bem
como as suas bases de interpretação, protocolos de aquisição
e artefactos. Além disso, dispõe de uma vertente prática com
apresentação de «exemplos específicos de casos normais e
patológicos direcionados para as situações mais frequentemente encontradas na prática clínica da retina médica e cirúrgica e patologia do nervo óptico». A sessão termina com
uma breve introdução às últimas novidades da área e com
uma antevisão do que o futuro pode reservar no que respeita
a este método de diagnóstico.
Dr.ª Sandra Barrão
Dr.ª Lilianne Duarte
A tomografia de coerência óptica é uma modalidade de
imagem do olho que surgiu na década de 1990 e foi alvo de
uma rápida evolução tecnológica nos anos seguintes, garantindo um papel decisivo em Oftalmologia. «A OCT tem revolucionado o diagnóstico e seguimento dos doentes», afirmam
Lilianne Duarte e Sandra Barrão. E concluem: «Trata-se de
um método não invasivo, com uma tecnologia que se assemelha à da ecografia, mas usa uma fonte de luz em vez do
ultrassom. Este facto permite obter imagens seccionais e 3D
dos diversos tecidos do olho, com muito maior resolução, só
ultrapassada pela histologia.»
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Temas atuais nas conferências da manhã
As conferências dos Drs. José Pérez Moreiras, Maria Consuelo Prada e Ruth Williams decorrem entre as 11h00
e as 12h30, no Auditorium 1. Os moderadores são o Prof. António Marinho, diretor do Serviço de Oftalmologia
do Hospital da Arrábida, em Vila Nova de Gaia; o Dr. João Cabral, oftalmologista no Hospital da Luz; e a Dr.ª Conceição
Lobo, investigadora na Associação para a Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem, em Coimbra.
Segue-se um resumo do que está em foco em cada uma das conferências.
Prof. José Vicente Pérez Moreiras
Diretor clínico do Centro Oftalmológico Moreiras, em Santiago de Compostela, Espanha
Quando e como tratar a orbitopatia de Graves
«D
e acordo com o Clinical Activity Score,
classificamos a orbitopatia
tiroideia, ou orbitopatia de
Graves, como “ativa” quando apresenta sintomas
como dor espontânea,
edema ou hiperémia palpebral e conjuntival, exoftalmia, diplopia ou pressão orbitária. Quando
não existe qualquer sinal
de inflamação, a patologia é classificada como
“inativa”. O diagnóstico
e o tratamento precoces
da orbitopatia de Graves podem diminuir a duração e limitar
a gravidade da doença.
A orbitopatia tiroideia ativa moderada a grave trata-se com
recurso a pulsos e.V de metilprednisolona de 500 mg por
dia, em três dias alternados, e um pulso semanal (máximo 9
gramas), devido à sua ação linfocitolítica. Pelo contrário, ciclosporina, rituximab, etanercept ou infliximab não são úteis.
Atualmente, estamos a realizar um ensaio clínico com tocilizumab, um inibidor da interleucina-6 (IL-6), pelos bons resultados obtidos durante dois anos.
No tratamento cirúrgico da orbitopatia de Graves inativa,
realizamos a descompressão óssea do etmoide com abordagem palpebral supero-interna para exoftalmias com 10 milímetros no máximo. Posteriormente, efetuamos uma cirurgia
do estrabismo restritivo com debilitamento muscular.
Por último, realizamos uma cirurgia de retração palpebral
superior por müllerectomia simples ou associada a debilitamento do músculo elevador da pálpebra superior para corrigir
um a cinco milímetros. As retrações inferiores corrigem-se
com a implantação de materiais de suporte.»
Dr.ª Maria Consuelo Prada
Oftalmologista no Centro Oftalmológico Moreiras, em Santiago de Compostela
«A
Soluções para as cavidades anoftálmicas
cavidade anoftálmica surge como resultado da perda
ocular. Embora também possa ser primária ou congénita,
na maioria dos casos é secundária, decorrendo de uma cirurgia
de evisceração ou enucleação realizada devido a traumatismos
ou outras diferentes causas.
Na minha apresentação, tentarei transmitir a nossa experiência, no sentido de procurar evitar que se produza uma síndrome
de órbita retraída, bem como a forma de solucioná-la. Quando a
síndrome sucede na sequência de uma cirurgia de evisceração
ou enucleação, reconstrói-se a cavidade com uma prótese (enxerto integrado) para dar um bom volume e conseguir um bom
resultado ao nível estético e da função motora.
Caso se produza uma enoftalmia, com ou sem implante,
é possível corrigi-la através da
colocação de um enxerto de
pele e gordura no interior da
cavidade ou utilizando técnicas de lipoestrutura. Quando
se produz uma retração do
fundo-de-saco conjuntival, podemos utilizar enxertos de mucosa labial para poder adaptar
uma prótese externa.»
Pérolas clínicas sobre glaucoma
«E
u cresci com os meus doentes!» As palavras são da Dr.ª Ruth Williams, presidente
da Academia Americana de Oftalmologia, a propósito da conferência intitulada
«Pérolas clínicas para o especialista em glaucoma». Segundo esta especialista, o facto
de o glaucoma ser uma doença crónica faz com que o oftalmologista siga alguns doentes durante décadas. «Esta é uma grande oportunidade de observação longitudinal. Por
isso, na minha conferência, vou partilhar alguns dos meus pensamentos acerca da natureza desta relação de longa duração entre médico e doente nos casos de glaucoma»,
adianta Ruth Williams.
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Tópicos de ética clínica
Na sessão dedicada à ética médica são apresentadas
duas perspetivas complementares, uma médica e
outra jurídica, sobre o consentimento informado e a
responsabilidade profissional em Oftalmologia. Entre
as 14h30 e as 15h30, na Sala 3B.
Dr.ª Leonor Almeida
Dr. André Dias Pereira
O
que é o consentimento informado?
Que informação deve fornecer? Estas são questões em debate na sessão
«Tópicos de ética clínica ‒ consentimento informado e responsabilidade profissional em Oftalmologia», na qual intervêm a Dr.ª Leonor Almeida, mestre em
Bioética e oftalmologista no Hospital de
Santa Maria, em Lisboa, e o Dr. André
Dias Pereira, investigador do Centro de
Direito Biomédico e assistente da Faculdade de Direito de Coimbra.
«Cada situação clínica tem particularidades, portanto, não pode existir apenas
um consentimento generalista ou consentimento em branco, em particular na cirurgia», defende Leonor Almeida. A inexistência de consentimentos direcionados para
as diversas intervenções médico-cirúrgicas
(mais ou menos invasivas) é um dos problemas apontados por esta oftalmologista:
«Em Portugal, desde 2001 que o direito
de o doente ser informado é obrigatório na
Inês Melo
nossa ordem jurídica, embora exista algum
vazio na sua aplicação. Os termos são, habitualmente, gerais e não contemplam as
diferentes particularidades nosológicas.»
As mudanças são necessárias, até mesmo para fortalecer a relação entre médico
e doente. «Não se pense que o objetivo é
proteger o médico através de uma Medicina
defensiva. Pretende-se que o consentimento seja um interlocutor válido no diálogo de
confiança entre estas duas personagens.»
Segundo a especialista, é ainda necessário que o consentimento, se expresso em
formulário escrito, deixe alguns aspetos em
aberto, já que as particularidades dos doentes dificilmente podem ser padronizadas.
Riscos legais
«O consentimento informado é um direito
de liberdade consignado na Convenção
para a Protecção dos Direitos do Homem e
da Dignidade do Ser Humano face às Aplicações da Biologia e da Medicina. Por lei, é
obrigatório esclarecer e informar os doentes», explica André Pereira.
Segundo este especialista em Direito
Biomédico, os oftalmologistas, quer ao nível da prescrição de dispositivos médicos,
quer no aconselhamento de cirurgias ou
medicamentos, devem informar os doentes
do diagnóstico, prognóstico, meios de tratamento, alternativas terapêuticas e riscos.
«É preciso lembrar que, se não existir esta
informação, os médicos podem ser condenados a pagar indeminizações pelos danos
que causaram.»
Durante a sessão, André Pereira vai
apresentar um caso que chegou ao Supremo Tribunal de Justiça. «O que se
pretende é consciencializar os oftalmologistas para que respeitem o dever de
informar e também para a necessidade
de um consentimento verdadeiramente
esclarecido, principalmente quando está
em causa a cirurgia oftalmológica com
fins estéticos.»
Técnicas e complicações na blefaroplastia
A blefaroplastia é um procedimento comum, mas que, quando mal executado,
pode ter consequências desastrosas. Este tema é desenvolvido no Curso que
decorre entre as 14h30 e as 16h30, no Auditorium 1.
Luís Garcia
«A
s pálpebras emolduram o olhar junto com as sobrancelhas. Por volta
dos 40 anos, surgem os primeiros efeitos
do envelhecimento justamente nesta região,
conferindo um aspeto de tristeza ou cansaço», descreve a Dr.ª Ana Rosa Pimentel, do
Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil.
A blefaroplastia serve para corrigir estes «efeitos do tempo». «Trata-se de um
procedimento seguro para os olhos, desde
que antecedido por criteriosos exames pré-operatórios», sublinha Ana Rosa Pimentel.
«Por outro lado», adverte, «não é um procedimento simples e as complicações, se
ocorrerem, podem ser desastrosas para a
visão». As complicações mais temíveis são
as úlceras de córnea por mau fechamento
dos olhos e as hemorragias orbitárias. «A
10 d e z e m b r o 2 0 1 2
cirurgia plástica ocular, além de tratar primariamente da cosmética, visa também a
correção destas complicações», diz a oftalmologista brasileira.
É por isso que, na opinião da Dr.ª Maria
Consuelo Prada, do Centro Oftalmológico
Moreiras, em Santiago de Compostela,
Espanha, a blefaroplastia deve ser precedida de vários cuidados. «É fundamental uma
boa avaliação pré-operatória do doente, conhecer bem a anatomia das pálpebras e ter
um plano cirúrgico prévio, com esquemas e
fotografias do doente», afirma.
Também Ana Rosa Pimentel considera
que «qualquer cirurgião que se disponha a
fazer a blefaroplastia, por mais simples que
pareça, deve conhecer profundamente a nobreza do aparelho visual, além de dominar
a anatomia e os conceitos cosméticos das
unidades que compõem o rosto».
Dr.ª Ana Rosa Pimentel
Dr.ª Maria Consuelo Prada
No Curso desta tarde, as duas especialistas abordam os métodos de exame, a forma
de selecionar doentes para blefaroplastia e
ensinar os procedimentos técnicos aos jovens cirurgiões que se iniciam na especialidade. O modo de prevenir ou corrigir complicações decorrentes da blefaroplastia é outro
dos pontos abordados.
7
DEZ.
Aquisição e início dos estudos que conduziram à descoberta do
primeiro beta-bloqueante tópico
Criado para encorajar a investigação em áreas críticas
da Oftalmologia
Início do Programa de Doação da MSD para
combater a cegueira dos rios – hoje, um dos
maiores programas de doação contínua
Introdução de uma terapêutica para a conjuntivite
Primeira formulação de um beta-bloqueante
tópico de formulação lenta
Primeiro de uma nova classe de medicamentos
para a terapêutica tópica do glaucoma desde
os beta-bloqueantes: inibidor da anidrase
carbónica
Primeira combinação fixa de um inibidor da anidrase
carbónica e beta-bloqueante
Primeira formulação sem conservantes de um inibidor da
anidrase carbónica e um beta-bloqueante em associação fixa
Criação de prémio ARVO-AFER/MSD
“Inovative Opthalmology Research Award”
Acordo com a Santen Pharmaceuticals Co, Lda. para representação da
primeira e única prostaglandina sem conservantes.
OCT-2013 OPH-2011-PT-3242-J
7
DEZ.
O futuro dos jovens oftalmologistas em debate
Pela primeira vez, o projeto SPO Jovem organiza no Congresso Português de Oftalmologia uma sessão
inteiramente dirigida aos internos e recém-especialistas. A decorrer entre as 14h30 e as 16h30, no
Auditorium 2, a sessão promete ser um espaço de debate e esclarecimento das muitas incertezas que os
jovens oftalmologistas têm quanto ao seu futuro.
Tiago Mota
O Dr. F. Esteves Esperancinha, o Dr. Constantino Bianchi e o Prof. Eduardo Silva presidem a mesa
da sessão «Jovens oftalmologistas, que futuro?»
N
o arranque da sessão, a Dr.ª Ana
Miguel Quintas, coordenadora do
projeto SPO Jovem e oftalmologista no
Hospital de Santa Maria, em Lisboa,
apresenta as atividades desenvolvidas
em 2012 no âmbito deste projeto e as iniciativas já planeadas para 2013.
Em seguida, tem a palavra o Dr. Constantino Bianchi, especialista italiano que
preside à Secção de Oftalmologia da
União Europeia dos Médicos Especialistas (UEMS, na sigla francesa). «Nos
últimos anos, as políticas dos governos
europeus têm vindo a reduzir drastica-
mente o número de oftalmologistas licenciados. Portanto, podemos prever que,
no futuro, haverá uma “caça ao homem”
de uma grande parte dos hospitais públicos europeus em busca de especialistas
oftalmológicos», comenta Constantino
Bianchi, sugerindo que «ficar atualizado
não é só uma obrigação ética para com
os doentes, é também uma necessidade
para responder a um ambiente de trabalho altamente competitivo».
Constantino Bianchi revela ainda que
«as secções da UEMS foram convidadas
a sugerir a elaboração de uma nova direti-
A génese do SPO Jovem
Alguns elementos do grupo SPO Jovem (da esq. para a dta.): Drs. Marta Guedes,
Filipe Fraga, Teresa Painhas, Ricardo Bastos Amorim, Ana Miguel Quintas, Cristina
Santos, Inês Laíns e Mário Canastro
Nascido em finais de 2011, por iniciativa da direção da Sociedade Portuguesa
de Oftalmologia, «o SPO Jovem pretende constituir-se como plataforma de
abordagem dos problemas específicos dos internos e recém-especialistas
de Oftalmologia», indica a Dr.ª Ana Miguel Quintas, coordenadora deste projeto. Neste momento, o SPO Jovem aguarda a sua oficialização estatutária
enquanto entidade pertencente à Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. A
oficialização é proposta à votação na Assembleia-Geral que decorre hoje,
pelas 18h00, no Auditorium 1.
12 d e z e m b r o 2 0 1 2
va sobre a mobilidade dos profissionais na
Europa – regida pela diretiva 2005/36/EC
do Parlamento Europeu» e sublinha que,
«no futuro próximo, é muito provável que o
EBOD [European Board of Ophthalmology
Diploma] venha a ser obrigatório no currículo dos oftalmologistas europeus».
A sessão do SPO Jovem é também o
momento para a entrega do EBOD aos
oito especialistas portugueses que em
2012 obtiveram esta certificação, após
terem realizado o exame no mês de
abril, em Paris. O Dr. Florindo Esteves
Esperancinha, um dos presidentes desta
sessão e delegado nacional da Secção
de Oftalmologia da UEMS, assinala que
o Dr. Gil Calvão Santos, oftalmologista
no Hospital de São Sebastião (em Santa
Maria da Feira), obteve a melhor classificação no EBOD deste ano. Esteves
Esperancinha acrescenta que «os oito
portugueses que obtiveram o EBOD ficaram todos classificados no primeiro terço
da tabela, entre 370 candidatos». «É um
motivo de grande orgulho», diz.
A fechar a sessão do SPO Jovem, tem
lugar uma mesa-redonda moderada pela
Dr.ª Ana Miguel Quintas e pela Dr.ª Marta
Guedes, oftalmologista no Hospital de Egas
Moniz, em Lisboa. Ambas estão em representação dos internos e recém-especialistas e vão colocar à discussão questões
pertinentes para ajudar a esclarecer o futuro dos jovens oftalmologistas, tais como:
«O que é necessário mudar no internato de
Oftalmologia? Qual o papel do SPO Jovem
na melhoria do internato e das perspetivas
dos recém-especialistas portugueses?
Quais os elementos mais significativos
no currículo do interno? Que importância
tem o certificado do European Board of
Ophtalmology? O que valoriza um interno
português no contexto internacional? Vale
a pena a diferenciação, durante o internato,
em áreas específicas da Oftalmologia?»
«É para obter respostas a perguntas como
estas que o SPO Jovem convidou para a
sua sessão no Congresso não só especialistas experientes e envolvidos em organismos
relevantes na regulação do internato, mas
também recém-especialistas com percursos
e experiências diferentes na Oftalmologia»,
explica Ana Miguel Quintas.
7
DEZ.
Futuro promissor na neuroftalmologia
Neuroftalmologia pediátrica e doenças neurodegenerativas são os grandes temas em debate na sessão que
decorre, entre as 15h30 e as 16h30, na Sala 3A.
Luís Garcia
Dr. João Paulo Cunha
A
Prof. Eduardo Silva, Dr.ª Ivone Cravo (coordenadora da sessão) e Dr. João Lemos
Dr.ª Ivone Cravo, coordenadora da
sessão e do Grupo Português de
Neuroftalmologia da SPO, justifica a escolha do tema da neuroftalmologia pediátrica com o facto de se tratar de «um tópico
pouco abordado nas reuniões científicas
desta área e que se reveste de grande importância para os oftalmologistas em geral, que todos os dias observam crianças
e necessitam de estar familiarizados com
estes quadros clínicos».
O Prof. Eduardo Silva, oftalmologista pediátrico no Centro Hospitalar e Universitário
de Coimbra, é o primeiro orador da sessão
e vai focar a sua intervenção nas mais recentes novidades no estudo da neurofibromatose de tipo 1. «Ao longo dos últimos
cinco anos, a minha equipa de investigação do Instituto Biomédico de Investigação
de Luz e Imagem (IBILI), em Coimbra, tem
desenvolvido um trabalho contínuo e extremamente exaustivo que aborda os aspetos
psicofísicos, neuroquímicos e anatómicos
que apresentam as crianças com neurofibromatose», explica o também docente na
Faculdade de Medicina da Universidade de
Coimbra. E acrescenta: «Nesta sessão, vamos partilhar alguns destes resultados verdadeiramente novos que podem contribuir
para uma melhor compreensão da função
visual destes indivíduos que, aparentemente, têm uma afetação pouco marcada da
sua função visual.»
A Dr.ª Ana Antunes Martins, neuropediatra no Hospital da Luz, em Lisboa, vai
falar sobre hipertensão intracraniana
idiopática (HII), uma síndrome que se
caracteriza «pela presença de elevação
da pressão intracraniana, na ausência
aparente de patologia orgânica cerebral,
nomeadamente de lesões». Assim sendo,
trata-se de um diagnóstico de exclusão,
possível apenas após investigação complementar extensa.
Segundo Ana Antunes Martins, após
suspeição clínica, «devem realizar-se:
ressonância magnética cranioencefálica,
para excluir causas secundárias de hipertensão intracraniana; punção lombar, para
avaliar, entre outros parâmetros, a pressão de abertura; e a observação oftalmológica detalhada, incluindo a campimetria,
essencial para determinar a gravidade do
envolvimento do nervo óptico e para monitorizar a resposta ao tratamento».
O olho como janela
para o cérebro
Na mesma sessão, o Dr. João Paulo Cunha,
neuroftalmologista no Centro Hospitalar
Sobre a hipertensão intracraniana idiopática
Afeta sobretudo mulheres obesas e jovens, mas pode surgir em qualquer
faixa etária. Nas crianças, a maioria dos casos verifica-se após os 10 anos;
Provoca cefaleias (em cerca de 90% dos casos) e alterações visuais (em
cerca de 70% dos casos)
A hipertensão intracraniana venosa, as alterações do metabolismo da vitamina A e as alterações metabólicas associadas à obesidade são os mecanismos
fisiopatólogicos específicos mais prováveis.
Dr.ª Ana Antunes Martins
de Lisboa Central/Hospital de Santo
António dos Capuchos, vai apresentar
uma reflexão sobre a importância do
recurso às tecnologias de imagem, nomeadamente à tomografia de coerência óptica (OCT, na sigla inglesa), para
observação direta da retina e do nervo
óptico e para caracterização de patologias oftalmológicas e neurológicas.
«Existem evidências crescentes de
que a retina e o nervo óptico também
são afetados em certas doenças neurodegenerativas, o que fortalece o conceito de que o olho pode e deve ser usado
como uma janela para o cérebro nestas
doenças», sublinha João Paulo Cunha.
Na sua apresentação, este neuroftalmologista vai procurar responder a questões como: «A observação das alterações da retina em tempo real poderá
servir de marcador para o diagnóstico
de determinadas doenças neurológicas,
como a esclerose múltipla, as demências ou a doença de Parkinson? Fornecerá explicações sobre os mecanismos
neuropatológicos dessas doenças? Servirá para avaliar novas terapêuticas?»
O último interveniente da sessão
é o Dr. João Lemos, neurologista no
Centro Hospitalar e Universitário de
Coimbra, que vai abordar a disfunção
oculomotora em patologias neurodegenerativas, como as doenças de Parkinson,
Alzheimer e do neurónio motor. «A
avaliação dos movimentos oculares
nestes doentes não só é um elemento
essencial da abordagem diagnóstica,
como a deteção de disfunção oculomotora pode constituir o sinal mais precoce de neurodegenerescência», refere
João Lemos.
dezembro 2012
13
7
DEZ.
Novidades em lentes de contacto
Os mais recentes avanços nos vários tipos de lentes de contacto, bem como as inovações ao nível da sua
conservação e desinfeção são alguns dos temas abordados entre as 15h30 e as 16h30, na sessão «O que há de
novo em lentes de contacto», que decorre na Sala 3B.
Luís Garcia
desenvolvimento, permitindo que surjam
novidades», sublinha Paulo Guerra.
ORADORES NA SESSÃO: Drs. Paulo Guerra, Eunice Guerra, Miguel Amaro (também coordenador)
e Vítor Maduro
«V
ão ser apresentadas as últimas
tecnologias no que se refere aos
materiais utilizados em lentes hidrófilas
e lentes rígidas permeáveis aos gases
(RPG). Serão também realçadas algumas
particularidades no campo da conservação e desinfeção das lentes de contacto»,
explica o Dr. Miguel Amaro, coordenador
da sessão e diretor do Serviço de Oftalmologia do Hospital de Vila Franca de Xira.
A Dr.ª Eunice Guerra, oftalmologista
no mesmo Hospital, vai dar conta das últimas tecnologias em lentes de contacto
hidrófilas, um campo que registou grandes avanços nos últimos anos. «Antigamente, havia algum preconceito e algum
receio em relação às lentes de contacto
hidrófilas: a permeabilidade ao oxigénio
era bastante mais baixa do que nas lentes rígidas permeáveis ao gás e o risco
de infeção e de complicações, nomeadamente corneanas, a médio e longo
prazos, era muito maior», explica Eunice
Guerra. E continua: «Hoje, os materiais
desenvolveram-se de tal maneira que
a permeabilidade das lentes hidrófilas,
nomeadamente de silicone-hidrogel, é
igual ou superior à das lentes rígidas. Os
meios de estabilização e centragem das
lentes na superfície do olho, a par com o
desenvolvimento e incorporação de moléculas que retêm a hidratação, também
evoluíram, proporcionando maior conforto e qualidade de visão, não só nas lentes esféricas, mas também nas tóricas.»
Na intervenção seguinte, o Dr. Paulo
Guerra, oftalmologista no Hospital HPP
Cascais, vai falar sobre lentes de contacto
RPG, híbridas e esclerais. «Vou focar as
últimas novidades em cada uma destas
três áreas, nomeadamente no que diz respeito aos materiais e desenhos das lentes
(asféricas, esféricas, tóricas, multifocais ou
com desenhos especiais para as ectasias
queráticas)», refere o oftalmologista.
Ao nível das lentes RPG, a comunicação
de Paulo Guerra dará especial atenção às
lentes Rosek2 com desenhos especiais
adaptados para as ectasias queráticas,
sejam elas primárias ou secundárias.
Também se falará sobre as novidades nas
lentes esclerais, cuja diversidade tem aumentado, e nas lentes híbridas, com destaque para o tipo de lente comercializada
em Portugal (a SynergEyes) e os seus
modelos mais recentes.
«Embora haja um desinvestimento da
indústria neste tipo de lentes, em detrimento de outros, algumas empresas continuam a focar-se especificamente no seu
Líquidos de manutenção e
desinfeção das lentes
O Dr. Vítor Maduro, oftalmologista na Consulta de Córnea do Centro Hospitalar de Lisboa Central, vai apresentar algumas notas
sobre os líquidos de manutenção e desinfeção das lentes de contacto. A sua reflexão
procura responder a questões como: Que
líquido escolher para cada caso? Quais os
fatores importantes nesta seleção? Quais
os perigos e complicações que podem advir do uso de líquidos existentes no mercado, mas que não estão de acordo com as
características das lentes?
«Cada tipo de lente tem o seu líquido de
conservação e manutenção ideal», explica
Vítor Maduro. E concretiza: «Um líquido
errado pode levar ao aparecimento de infeções na córnea ou na conjuntiva ou até
mesmo a intolerância à lente de contacto.
Muitas vezes, achamos que tal se deve ao
material da lente, mas o problema está na
utilização de um líquido inadequado.»
Este oftalmologista realça a importância
de «personalizar ao máximo» o líquido de
conservação em função das lentes de contacto e do seu portador. «Preocupamo-nos
muito com a escolha do tipo de lente mais
confortável para cada pessoa. Este foi um
passo importante, mas também precisamos de selecionar o melhor líquido para o
doente. E, frequentemente, deixamos esta
escolha nas mãos de outros profissionais»,
sublinha Vítor Maduro.
A sessão dedicada ao que há de novo
em lentes de contacto termina com a intervenção de Miguel Amaro sobre a pretensão
da Sociedade Europeia de Lentes de Contacto e Oftalmologistas (ECLSO, na sigla
inglesa) de transformar oficialmente estas
lentes num dispositivo médico.
Ficha técnica
Organização:
Sociedade Portuguesa de Oftalmologia
Campo Pequeno, 2-13.º • 1000 - 078 Lisboa
Tel.: (+351) 217 820 443 • Fax: (+351) 217 820 445
[email protected]
www.spoftalmologia.pt
Edição: Esfera das Ideias, Produção de Conteúdos
Av. Almirante Reis, n.º 114, 4.º E • 1150 - 023 Lisboa • Tel.: (+351) 219 172 815
[email protected] • www.esferadasideias.pt
Direção: Madalena Barbosa ([email protected])
Assessora de direção: Zaida Fernandes ([email protected])
Gestor de projetos: Tiago Mota ([email protected]) Textos: Inês Melo, Luís Garcia, Tiago Mota
e Vanessa Pais • Fotografia: Luciano Reis • Design: Fillipe Chambel
Nota: Os textos desta publicação estão escritos segundo as regras do novo Acordo Ortográfico
Patrocínios:
14 d e z e m b r o 2 0 1 2
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DEZ.
NOVA ABORDAGEM
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NOVO
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TOMA RECOMENDADA
dezembro 2012
15
7
DEZ.
Desafios em retina médica
Degenerescência macular relacionada com a idade, tomografia de
coerência óptica, edema macular diabético, alta miopia e vitreólise
enzimática são os temas em destaque na sessão «O que há de novo em
retina médica», que decorre entre as 15h30 e as 16h30, na Sala 3C.
Luís Garcia
S
eguindo uma filosofia de inclusão de
novos nomes da Oftalmologia, os
coordenadores, Dr.ª Marta Vila Franca,
do Instituto de Oftalmologia Dr. Gama
Pinto, em Lisboa, e Dr. João Nascimento,
do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures,
optaram por convidar para a sessão
especialistas que se têm destacado recentemente nas suas áreas de intervenção. A ideia, explica Marta Vila Franca, é
centrar a discussão no que é verdadeiramente novo: «Não queremos abordar
qualquer aspeto teórico já conhecido,
iremos apenas apresentar as novidades
sobre cada área.»
O primeiro orador da sessão é o Dr. Pedro
Mouro, do Hospital HPP Cascais, que vai falar sobre o papel da tomografia de coerência óptica (OCT, na sigla inglesa). «Trata-se
de um exame fundamental na prática da
retina médica, porque é inócuo, não invasivo e cada vez mais nos dá uma imagem
anatómica precisa, fiável e reprodutível»,
explica. A intervenção deste oftalmologista
foca-se sobretudo nas perspetivas futuras,
que «extravasam já o campo da Anatomia
e da Anatomopatologia, mas vêm ao encontro de um dos objetivos do estudo das
doenças da retina – a Fisiopatologia».
Degenerescência macular relacionada
com a idade (DMI) do tipo seca é o tema
abordado pelo Dr. Manuel Falcão, do
Hospital de São João, no Porto. Embora
permaneça por encontrar um tratamento
eficaz ao nível da prevenção ou da recuperação da função visual perdida, decorrem vários ensaios clínicos que começam
a dar alguns frutos.
«Há o registo de alguns resultados positivos com uma terapêutica de fatores de
crescimento que abre novas portas para
o tratamento, mas esta alternativa terá
de ser mais explorada. Provavelmente,
vamos ter de usar, ao mesmo tempo,
várias soluções terapêuticas que estão a
ser estudadas», refere Manuel Falcão.
Novidades na DMI exsudativa…
Na sua intervenção na mesma sessão, o
Dr. Marco Liverani, do Centro Hospitalar
Barreiro-Montijo, vai ocupar-se das novidades no que concerne à DMI exsudativa,
«a principal causa de hipovisão em adultos
com mais de 65 anos nos países desenvolvidos». «O atual gold standard do tratamento da DMI exsudativa exige um grande
número de consultas e de tratamentos, o
que se traduz num custo total muito elevado», nota Marco Liverani. «Com a tendência para o aumento da idade média de vida
e a consequente subida da prevalência da
DMI, prevê-se um aumento progressivo do
seu impacto socioeconómico», acrescenta
este oftalmologista, destacando a importância de encontrar terapêuticas alternativas.
«Foi recentemente aprovado nos EUA
um novo fármaco antifator de crescimento
do endotélio vascular (anti-VEGF) – o aflibercept (VEGF Trap Eye) –, que poderá
permitir o aumento do intervalo de tempo
entre tratamentos», avança Marco Liverani.
E acrescenta: «Também os resultados a
dois anos do estudo CATT (comparação
de tratamentos na DMI) foram conhecidos este ano, aparecendo o bevacizumab
como uma alternativa off-label mais económica, sem prejuízo da acuidade visual final
e sem diferenças significativas nos efeitos
adversos cardiovasculares.»
…no edema macular diabético, na
miopia e na vitreólise enzimática
Por sua vez, o Dr. Miguel Gomes, do
Centro Hospitalar do Porto/Hospital de
Santo António, vai falar sobre o edema
macular diabético, «uma das principais
causas de baixa de visão nos países desenvolvidos». A intervenção vai debruçarse sobre estudos recentes, «ainda muito
incipientes», relativos a moléculas que
podem constituir uma alternativa ao tratamento mais tradicional com laser.
De seguida, o Dr. Francisco Trincão,
O Dr. João Nascimento e a Dr.ª Marta Vila
Franca são os coordenadores da sessão
do Departamento de Retina Cirúrgica do
Centro Hospitalar de Lisboa Central, dedicará a sua apresentação à miopia e à forma de melhor a identificar, nomeadamente
através da tomografia de coerência óptica
de domínio espectral (SD-OCT, na sigla inglesa) que, na sua opinião, «tem revolucionado a forma de observar esta patologia».
«A melhor caracterização imagiológica tem
fornecido novos dados valiosos, que permitem a criação de modelos de classificação
com valor preditivo mais fiável do que os
tradicionais modelos clínicos. Também tem
possibilitado a descrição de novas entidades que nos permitem uma melhor compreensão da doença e suas complicações»,
explica Francisco Trincão.
A sessão termina com a intervenção do
Dr. Sérgio Leal, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e da Associação para
a Investigação Biomédica e Inovação em
Luz e Imagem (AIBILI), sobre a vitreólise
enzimática, «uma nova aproximação que
permite a resolução de casos selecionados
de tração vitreomacular e buraco macular,
evitando o recurso à vitrectomia cirúrgica»,
refere este especialista.
Os oradores (da esq. para a dta.): Drs. Manuel Falcão, Miguel Gomes, Sérgio Silva Leal, Pedro Mouro, Francisco Trincão e Marco Liverani
16 d e z e m b r o 2 0 1 2
7
DEZ.
dezembro 2012
17
7
DEZ.
Três novas leituras para melhores práticas em
Oftalmologia
Entre as 17h00 e as 18h00, no Auditorium 1, são apresentadas três novas obras: a monografia Superfície Ocular,
coordenada pelo Prof. Paulo Torres; o manual Glaucoma: perguntas frequentes, coordenado pela Dr.ª Manuela
Carvalho; e o livro Estrabismo para Totós, da autoria das Dr.as Inês Machado e Rita Gama. Nas palavras dos
próprios, desvendamos o essencial sobre estas obras.
Prof. Paulo Torres
Chefe de serviço de Oftalmologia no Centro Hospitalar do Porto/Hospital de Santo António
Superfície ocular em monografia
«U
ma das áreas da
Oftalmologia a que
me dedico é o estudo da
superfície ocular externa. É
fundamental percebermos
como as alterações morfológicas, as disfunções e as doenças da unidade funcional lacrimal
(um sistema integrado e constituído por glândulas lacrimais, epitélio
corneano e conjuntival, pálpebras e glândulas das margens e inervação sensitiva e motora) podem colocar em risco a integridade da
superfície ocular.
Surgiu da atual direção da Sociedade Portuguesa de Oftalmo-
logia (SPO) o convite para ser o responsável pela monografia da
SPO referente ao biénio 2011-2012 e, claro, fazia todo o sentido
coordenar uma obra sobre este tema.
A monografia é composta por 16 capítulos sobre os mais variados temas – desde o olho seco aos tumores da superfície. O projeto
envolveu 39 oftalmologistas. Sem as suas preciosas contribuições,
não teria sido possível concretizá-lo e tê-lo pronto a tempo de ser
distribuído neste Congresso. A todos os colegas, o meu muito obrigado. Gostaria, também, de agradecer ao Ricardo Correia, que fez
o design desta monografia em tempo recorde, e aos Laboratórios
Théa, que financiaram o projeto. Foi para mim uma enorme honra
e um imenso desafio coordenar esta monografia.»
Dr.ª Manuela Carvalho
Coordenadora do Grupo Português de Glaucoma
«O
Perguntas e respostas sobre glaucoma
manual Glaucoma: perguntas frequentes surge na sequência de um desafio lançado, em finais de 2011, à
Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, através do seu Grupo
Português de Glaucoma. A ideia subjacente compreendia uma
população-alvo: a comunidade oftalmológica em geral e não
apenas os que se dedicam essencialmente à patologia.
Para avaliar o interesse de uma publicação sobre este tema,
fomos “sentir o pulso” da comunidade oftalmológica, estabelecendo contactos informais com colegas de diferentes áreas. As
opiniões foram consensuais e apontaram para um livro de caráter essencialmente prático, de consulta rápida, com perguntas e
respostas, que pudesse ajudar na atividade clínica diária.
Endereçámos o pedido de colaboração a todos os colegas
mais dedicados ao glaucoma, solicitando o envio de temas pertinentes e da preferência de cada um,
bem como das perguntas que mais
frequentemente lhes são colocadas na prática clínica ou mesmo
por colegas de outras áreas. As
respostas chegaram e estava assim lançada a “espinha dorsal”
do trabalho, compreendendo temas de fisiopatologia, genética,
métodos diagnósticos e terapêutica médica e cirúrgica. Os autores esperam, assim, contribuir para um melhor exercício clínico
na área do glaucoma. Por toda a logística do processo, agradecemos aos Laboratórios Théa.»
Dr.ª Rita Gama
Uma das autoras do livro e coordenadora do Grupo Português de Oftalmologia Pediátrica
e Estrabismo
O estrabismo «trocado por miúdos»
«T
odos sentimos como
é difícil tratar crianças com doenças oculares.
A maior parte dos mecanismos fisiopatológicos são
desconhecidos, a semiologia é elaborada, a evolução clínica é arrastada e os resultados
terapêuticos são incertos. Assim, surgiu a necessidade de abordar
o estrabismo infantil de uma forma simples – “como se eu fosse um
miúdo de 5 anos...” – e cá está o livro Estrabismo para Totós!
Escrito em coautoria com a Dr.ª Inês Machado, do Hospital
Garcia de Orta, em Almada, prefaciado pelo Prof. Eduardo Silva,
18 d e z e m b r o 2 0 1 2
dos Hospitais da Universidade de Coimbra, e gentilmente patrocinado pelo Laboratório Edol, o livro Estrabismo para Totós é um guia
prático que pretende ajudar a ultrapassar os pequenos obstáculos
que surgem no dia a dia da Oftalmologia Pediátrica e na abordagem do estrabismo. Tem uma linguagem acessível e descontraída,
às vezes brincalhona, acompanhada de muitas imagens e esquemas ilustrativos. Por isso, está particularmente vocacionado para
quem começa a lidar com esta patologia.
Não é objetivo menosprezar os tratados já existentes e muito menos substituí-los. Pelo contrário, o intuito é desdramatizar a abordagem tão difícil do estrabismo, motivar o seu estudo e proporcionar
um momento lúdico e agradável. Divirtam-se com o estrabismo!»
7
DEZ.
Síndromes das manchas brancas em destaque
Apresentar e discutir os diferentes aspetos relacionados com as síndromes das manchas brancas é o que
pretende a sessão intitulada «White dot syndromes», que decorre entre as 17h00 e as 18h00, no Auditorium 2.
Inês Melo
A Dr.ª Ana Paula Sousa, o Prof. Rui Proença, a Dr.ª Isabel Domingues (na foto) e a Dr.ª Susana
Penas são os quatro oradores da sessão
A
síndrome das manchas brancas (white
dot syndrome, em inglês) é a peça
central da sessão coordenada hoje pelo
Prof. Rui Proença, chefe de serviço de
Oftalmologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), que também é
interveniente com os temas «General concepts – inflammatory choriocapillaropathies
and primary and secondary stromal choroiditis» e «Serpiginous choroiditis and presumed
tubercular serpiginous-like choroiditis».
A síndrome das manchas brancas
evanescentes, o aumento idiopático da
mancha cega e a epiteliopatia pigmentar
placoide multifocal posterior aguda são as
três entidades acerca das quais irá falar a
Dr.ª Isabel Domingues, oftalmologista no
Centro Hospitalar de Lisboa Central. «Estas entidades fazem parte de um grupo
heterogéneo de doenças denominado de
coriocapilaropatias inflamatórias primárias
e constituem as formas agudas, autolimitadas e com bom prognóstico visual»,
adianta esta especialista.
Também responsável pela comunicação
«Primary stromal choroiditis (VKH, sympathetic ophthalmia, birdshot chorioretinopathy) and secondary stromal choroiditis»,
Isabel Domingues sublinha que as novas
classificações diferenciam as patologias
inflamatórias da coroideia em dois grupos,
consoante a estrutura primariamente atingida: coriocapilaropatias inflamatórias e coroidites estromais primárias e secundárias.
«Das coroidites primárias fazem parte
a doença de Voght-Koyanagi-Harada, a
oftalmia simpática e a coriorretinopatia de
Birdshot. As coroidites secundárias incluem
doenças inflamatórias ou infeciosas sistémicas, como a sarcoidose, a sífilis e a tuberculose.» Nesta comunicação, serão ainda
abordadas as características clínicas e as
implicações terapêuticas e prognósticas do
grupo das coroidites estromais primárias.
A propósito da intervenção sobre «Multifocal choroiditis, punctate inner choroidopathy and subretinal fibrosis», a Dr.ª Ana
Paula Sousa, coordenadora do Grupo
Português de Inflamação Ocular da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO),
lembra que estas são doenças raras, das
quais não se conhece a etiologia, com
prognósticos reservados e tratadas com
corticosteroides e outras substâncias imunomoduladoras.
«É preciso ter em atenção que, por
vezes, estes quadros passam um pouco
despercebidos, porque podem não ter
manifestações exuberantes. Há que fazer exames complementares diagnósticos
rapidamente, para chegar a um diagnóstico e iniciar a terapêutica. Se não forem
tratados atempadamente, estes quadros
podem levar a uma grave diminuição da
função e da acuidade visuais.»
Por fim, a Dr.ª Susana Penas, oftalmologista no Hospital de São João, no Porto,
apresentará o tema «Acute zonal occult outer retinopathy (AZOOR) and acute annular
outer retinopathy (AAOR)». «A AZOOR é
uma patologia rara, de etiologia desconhecida, caracterizada por uma rápida perda
da função da retina externa de uma ou
mais áreas da retina. Afeta doentes jovens,
sobretudo do sexo feminino, traduzindo-se
no aparecimento súbito de escotomas e fotopsias», esclarece Susana Penas.
No que respeita aos grandes desafios
desta patologia, a especialista acrescenta:
«Na fase aguda, as alterações fundoscópicas são mínimas, o que torna o diagnóstico num desafio. Por outro lado, a ausência
de resposta ao tratamento e a irreversibilidade das lesões conferem um mau prognóstico a esta doença.»
Novo paradigma no tratamento do glaucoma
Amanhã, entre as 12h30 e as 13h15, o Auditorium
1 recebe o minissimpósio promovido pela Allergan
Ophthalmology, intitulado «Uma nova forma de tratar
o glaucoma». Responsável pela primeira intervenção, o Dr.
Florindo Esteves Esperancinha, oftalmologista no Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca (Amadora-Sintra),
apresenta o tema «Bimatoprost 0,01 no tratamento do
glaucoma: eficácia e tolerabilidade».
Por sua vez, o Dr. Nuno Lopes, oftalmologista no
Hospital de Braga, apresenta os resultados do tratamento com bimatoprost 0,01 em dez mil doentes. Por
fim, com o intuito de mostrar uma perspetiva mais pessoal, o Dr. Rafael Gil, da Clínica Oftalmológica com o
mesmo nome, em Huelva, Espanha, intervém com o
tema «A minha experiência com bimatoprost 0,01 na
prática clínica».
dezembro 2012
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7
DEZ.
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