Hegemonia e educação em Gramsci
Relações de poder e intelectuais
A noção de hegemonia é um pressuposto para pensar as
outras categorias gramscianas.
A hegemonia implica uma correlação de forças entre as
classes sociais no sentido de concretizar determinadas
relações de poder. Significa apresentar uma capacidade
dirigente, antes de dominante.
A hegemonia, como momento político e cultural
implica a capacidade de uma classe social formar e
manter seus intelectuais.
O exercício da hegemonia
•
•
• ESTADO
Sociedade Política - esfera administrativa
e burocrática
(intelectuais)
•
Sociedade Civil - Universidades, Igrejas,
•
meios de comunicação,
•
partidos, sindicatos,
•
escolas, etc.
• Já Marx acentuava a necessidade de fortalecer a sociedade
civil como a verdadeira esfera pública.
Fundamentos das relações de hegemonia
• A formação estrutural da sociedade:
• Estrutura e superestrutura estão em interdependência
• 1. Nenhuma sociedade se põe tarefas para cuja solução
ainda não existam as condições necessárias ou estejam em
vias de aparecer;
• 2. Nenhuma sociedade se dissolve e pode ser substituída
antes que se tenham desenvolvido todas as formas de vida
implícitas em suas relações
• Sempre relacionando filosofia, política e
história, Gramsci tece suas reflexões no
embate com interpretações economicistas
(Loria, Bukharin) e com as leituras
idealistas da filosofia da práxis (Croce e
Gentile).
• Na crítica ao idealismo italiano e ao
mecanicismo de Bukharin, Gramsci realiza
o acerto de contas com os dois
revisionismos de Marx.
Hegemonia e cultura
• A direção política da sociedade supõe a formação de
um modo de pensar, sentir e interpretar a realidade, um
conjunto de significações e valores que se interiorizam
e expressam o sentido da realidade para a maioria dos
membros da sociedade.
• Os formadores de tais concepções de mundo são as
instituições da sociedade civil (na atuação dos
intelectuais), espaços onde os indivíduos elaboram suas
representações de si e das relações sociais, interpretam
os acontecimentos e atuam na sociedade.
• A crítica possibilita avançar de uma compreensão
fragmentária e imediata dos fatos para uma visão
universal e coletiva, alterando o modo de pensar,
viver e sentir.
• As classes subalternas, ao assimilar o modo de
pensar das classes dominantes, não percebem que
esse modo de pensar muitas vezes está em
contradição com o seu agir, que esconde aspectos
de outra concepção de mundo embrionária.
• Gramsci ampliou a noção de ideologia ao
aprofundar a noção de dominação política e
acentuar a importância da cultura no bojo do
processo de construção do Estado.
• Caderno 19 : “a supremacia de um grupo social
se manifesta de duas maneiras: como ‘domínio’
e como ‘direção intelectual e moral’.
hegemonia e intelectuais
• A direção intelectual e moral apresenta-se como uma
das principais condições tanto para a conquista
quanto para o exercício do poder,, o que coloca em
relevo a função dos intelectuais.
• A estrutura do Estado apresenta-se como “todo o
complexo de atividades práticas e teóricas com que a
classe dirigente justifica e não só mantém o seu
domínio mas consegue obter o consenso ativo dos
governados”.
• Os grupos sociais, que nascem a partir do
modo como se estrutura o mundo da
produção material, criam, de modo orgânico,
seus
intelectuais,
que
lhes
dão
homegeneidade ideológica e política.
• Os intelectuais dão ao grupo que representam
consciência de sua função histórica e
conseguem o consentimento “espontâneo”
das massas pela formação e veiculação de
uma concepção de mundo.
• A atuação dos intelectuais é importante nas
manifestações culturais, consideradas em
suas especificidades e historicidade.
• Enquanto organizadores da hegemonia
social, os intelectuais efetivam o vínculo
orgânico entre o modo de produção e as
superestruturas.
• São os organizadores da hegemonia.
• A relação entre a produção material e a
cultural é complexa e contraditória e que a
cultura se produz com uma relativa
autonomia em relação aos desdobramentos
e exigências da estrutura econômica.
• Desse modo, é possível que as classes
dominadas formem os seus intelectuais no
processo de organização política, no qual os
intelectuais
se
tornam
uma
força
mobilizadora já no processo de luta pela
hegemonia.
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