ANÁLISE NARRATIVA – Baseado no trabalho de Cláudia Regina Silveira/ Estudo de Textos GERAÇÃO DO DESERTO GUIDO WILMAR SASSI DADOS DA OBRA GERAÇÃO DO DESERTO Autor: Guido Wilmar Sassi Escola Literária: Literatura Contemporânea — SC Ano de Publicação: 1964 Gênero: Romance Tema: Guerra do Contestado Divisão da Obra: Quatro Partes Espaço: Quatro locais no limites entre Paraná e Santa Catarina Narração: 3ª Pessoa O AUTOR Guido Wilmar Sassi (1922 - 2002) Nasceu em Lages — SC, em 1922, e foi criado em Campos Novos — SC, tendo, posteriormente, residido em São Paulo e no Rio de Janeiro. Autodidata, não terminou o curso ginasial (EF), mas gostava muito de Ier. Sua estreia literária se deu com o conto "Amigo Velho", publicado na Revista Globo, de Porto Alegre — anos depois serviria de título a um de seus livros. Participou do Grupo Sul, um grupo de escritores novos que trouxe o Modernismo a Santa Catarina, na década de 1950. Seus temas centrais giram em torno da exploração da madeira e do pinheiro. Escreveu contos, romances e ficção científica. Ganhou vários concursos Iiterários e teve seus trabalhos publicados no Brasil e em Portugal. Morreu no dia 05 de maio de 2002. BIBLIOGRAFIA Contos: Piá (1953); Amigo Velho (1957). Romances: São Miguel (1 962); Geração do Deserto (1964); Os sete mistérios da casa queimada (1989). Ficção científica: Testemunha do tempo (1964). TÍTULO DA OBRA Menção a busca de Moisés pela Terra Prometida (livro do Êxodo) em uma comparação da Guerra do Contestado e da busca de Canaã. Os pelados (assentados dos redutos) seriam a geração do deserto, impura e pecadora que purgaria seu mal no trajeto morrendo em sacrifício da nova geração, mais pura e digna da terra. Os da velha geração , caso se purificassem também lá chegariam. A ESCOLA LITERARIA - LITERATURA CONTEMPORÂNEA - SC Geração do Deserto pertence à literatura contemporânea de Santa Catarina. O que podemos chamar a atenção aqui e para a importância que teve o Grupo Sul, grupo de escritores novos ao qual pertenceu Guido Wilmar Sassi. O Grupo Sul foi um movimento criado em 1947, em Santa Catarina, responsável por apresentar o modernismo ao povo catarinense (repare que nos grandes centros culturais como São Paulo e Rio de Janeiro, o Modernismo teve seu início com a Semana de Arte Moderna, em 1922, em Santa Catarina, 1947 — muito tempo depois!). Assim, nesse mesmo ano, foi criado o movimento Iiterário designado "Circulo de Arte Moderna" e, no ano seguinte, o primeiro número da Revista Sul, que durou até 1957. Ao lado de Guido Wilmar Sassi, outros escritores catarinenses fizeram parte do Grupo Sul: Adolfo Boss Junior, Aníbal Nunes Pires, Antônio Paladino, Eglê Malheiros, Ody Fraga, Salim Miguel e Silveira de Sousa (autor de Ecos no Porão). ANÁLISE DA OBRA ‘Geração do Deserto’ aborda como temática a Guerra do Contestado, ocorrida entre 1912 e 1916 e que teve como personagens cerca de 20 mil caboclos (designados de "pelados") que lutaram contra as forças dos governos Federal e Estadual (os "peludos"). Num misto de realidade e ficção, o autor nos apresenta uma espécie de romance regionalista que aborda uma história real ocorrida entre os Iimites de Santa Catarina e Paraná. Nesse contexto, apresenta personagens que, dentro de sua ficção, também fizeram parte desse episódio da história catarinense. O livro Geração do Deserto foi transformado em filme, em 1971, com o título de "A guerra dos pelados". TEMPO E ESPAÇO O tempo da narrativa coincide com o tempo de início e fim da Guerra: entre 1912 e 1916. O local em que se passa a ação coincide com os títulos das quatro partes em que esta dividida a obra: Irani, Taquaruçu, Caraguatá e Santa Maria. Em todas elas, foram formados redutos para onde os fanáticos seguiam, rumo a ‘Terra Prometida’. No entanto, além dessas quatro cidades, são citadas, ainda, no texto, Curitibanos, Florianópolis e Curitiba, de onde vinham as forças da República para acabar com o fanatismo no interior de Santa Catarina. NARRAÇÃO A história e narrada em terceira pessoa, por um narrador onisciente. Há passagens em primeira pessoa, quando, nos discursos diretos, o autor cede a fala para os personagens. ESTRUTURA O livro está dividido em quatro grandes partes, representada pelos nomes dos lugares para onde os fanáticos rumavam e montavam seus redutos: Irani, Taquaruçu, Caraguatá e Santa Maria. PRIMEIRA PARTE: IRANI O monge São João Maria faz milagres pelo interior catarinense. Mas, assim como ele aparece, ele some de forma misteriosa. Então surge o segundo monge, José Maria, que dizem ser irmão de João Maria. José Maria cria um exército, monta seus Doze Pares de França(24 homens fortes e/ou astutos ) para preparar os jagunços para a guerra. No primeiro combate com os soldados, morrem o líder do governo João Gualberto e o líder dos jagunços, José Maria. SEGUNDA PARTE: TAQUARUÇU Por crerem na ressurreição dos monges, os jagunços se mudam para a Terra Prometida, que as virgens dizem ser em Taquaruçu. O líder passa a ser Manuel, filho de Euzébio. Elias de Morais aparece no grupo e impõe respeito por ser justo e instruído. A guerra recomeça; muitos são os mortos e feridos. Maria Rosa diz ter uma visão do monge e leva o povo para Caraguatá, deixando o reduto de Taquaruçu vazio. TERCEIRA PARTE: CARAGUATÁ Elias de Morais assume o poder sobre o povo, secundado por Adeodato (corrupto e luxurioso); descobre uma nova virgem, Ana, mas um dos pares a desvirgina e acaba casando com ela. Ao saberem que os soldados pretendiam fazer um ataque em massa ao reduto, os jagunços abandonam o local e refugiam-se nos arraiais vizinhos. Muitos deles ficam nas copas das árvores e, sem serem vistos, atacam os soldados. Elias ordena que o povo vá para a serra de Santa Maria, onde ele crê em que estariam mais seguros. QUARTA PARTE: SANTA MARIA Adeodato torna—se Ministro da Guerra e, logo em seguida, se transforma no líder dos jagunços. Governa com extrema autoridade, trazendo muitos danos ao reduto e aos próprios jagunços. As tropas do governo invadem o arraial (geograficamente) inexpugnável de Santa Maria, trazendo muita morte e deixando muitos feridos. Ao final, há o relato de uma família que consegue fugir, atingindo sua liberdade. O olhar é de extrema beleza clássica: Liveiros, Júlia e Mané Rendo, morrendo cada um por vez como paga à vida de luzia, Valentim e Tadeu. LINGUAGEM A linguagem utilizada pelo narrador é culta e de fácil entendimento. Nos discursos diretos, que representam as falas dos caboclos, a linguagem é mais regionalista e coloquial. VOCABULÁRIO: CONSULTA À HTTP://WWW.PRIBERAM.PT/DLPO/DEFAULT.ASPX?PAL=BARBAC%U00E3S Anacoreta: s. m. ou adj. O que vive na solidão, entregue à vida contemplativa. Baluarte: s. m. 1. [Fortificação] [Fortificação] Espécie de fortim construído : onde as muralhas formam ângulo. 2. [Figurado] [Figurado] Localidade onde se entrincheiram os defensores de uma ideia ou de um partido. Barbaquás: corruptela de barbacã (talvez do árabe persa barbahhane) s. f. 1. [Militar] [Militar] Obra de fortificação avançada, geralmente erigida sobre uma porta ou ponte de acesso, que protegia a entrada de uma cidade ou castelo medieval. VOCABULÁRIO: Bruaca: bruaca (talvez alteração de burjaca) s. f. 1. [Brasil] [Brasil] Mala de couro cru, para levar em viagem a cavalo. 2. [Brasil, Informal] [Brasil, Informal] Mulher velha considerada feia. 3. [Brasil, Informal] [Brasil, Informal] Meretriz. Caiporismo: s. m. Azar, má sorte. Carona: (espanhol carona) s. f. 1. [Portugal: Alentejo] [Portugal: Alentejo] Cabeça de pião. 2. [Brasil] [Brasil] Peça dos arreios que se coloca por baixo do lombilho. Caserna: s. f. Dormitório ou habitação de uma companhia militar dentro do seu quartel. Cupidez:: s. f. 1- Ambição; cobiça. 2- desejo sexual perverso. VOCABULÁRIO: Cutiladas: s. f. 1. Golpe de cutelo. 2. Golpe de arma branca. Debique: s. m. [ debicar – (de- + bico + -ar) ] 1. Tirar com o bico (pequena porção de uma coisa). 2. Tirar um bocadinho (de coisa de comer). 3. Comer pouco de cada vez. 4. Desfrutar, caçoar, troçar (aparentando falar com seriedade). EFSPRG:./ Estrada de Ferro São Paulo a Rio Grande do Sul. Na obra os jagunços , por zombaria traduzem: “Estrada Feita Só Para Roubar o Governo” Escarmento: (origem duvidosa, talvez do espanhol escarmiento) s. m. 1- Experiência, lição ou desengano que faz não ter vontade de tornar a dizer ou a fazer qualquer coisa. 2- Castigo. Espaldeiradas: [ (espalda + -eira) s. f.] aqui = adj. aquele ou aquilo que apresenta: 1. Pano que guarnece o espaldar. 2. Renque de árvores cujos ramos cobrem parte de um muro ou parede. 3. [Antigo] [Antigo] [Armamento] [Armamento] Peça da armadura que protegia o ombro. VOCABULÁRIO: Espinilho: s. m. Arbusto do Brasil. Fedentina: s. f. Cheiro repugnante. Inexpugnável: adj. 2 g. 1. Que não pode ser tomado ou conquistado. 2. Invencível. Itaimbé: s. m. 1. [Brasil] [Brasil] Pico ou monte agudo e escarpado. 2. Despenhadeiro, precipício. Jacás: s. m. [Brasil] [Brasil] Cesto feito com uma espécie de bambu em que os animais transportam carne de porco, queijos, peixe, etc. VOCABULÁRIO: Jetatura: Grafia no Brasil: jetaiúva. Ou jataí . s. f. 1- Nome de várias plantas faseoláceas da América. 2- [Entomologia] [Entomologia] Abelha sem ferrão nativa da América do Sul » Grafia alterada pelo Acordo Ortográfico de 1990: jetaiuva Lenitivo: (latim lenitus, -a, -um, particípio passado de lenio, -ire, suavizar, acalmar) adj. 1- Aquilo que acalma, que adoça. = LENIENTE 2. Aquilo que alivia ou conforta. = ALÍVIO, CONSOLAÇÃO, LENIENTE, LENIMENTO 3. Medicamento que mitiga dores. = LENIMENTO 4. Medicamento com propriedades laxativas. = LAXANTE Magotes: s. m. 1. Grupo numeroso de pessoas. = MULTIDÃO, RANCHO 2. Grande quantidade de alguma coisa. = BATELADA, MONTÃO, MONTE ‘Meu tocaio’: (Bras., Rio Grande do Sul) xará, homônimo, que tem o mesmo nome que outro: Ele é o ‘meu tocaio’ ( tem o mesmo nome que eu ) ou partilha das mesmas ideias. VOCABULÁRIO: Morféticos: adj. 1. Relativo a Morfeu ou ao sono. 2. [Brasil] [Brasil] Leproso, lázaro. Obuseiro: adj. 1. Diz-se dos canhões que podem atirar projéteis ocos. Obus: Plural: obuses. s. m. 1- Peça de artilharia destinada a lançar projéteis com trajetórias muito curvas. Peçuelos: s. m. 1- Poucas peças de pertence; montante de pouco valor; 2- Pecinhas Pelados: os habitantes do redutoentricheiraram num reduto messiânico. Os expropriados foram chamados de "pelados", pois rasparam a cabeça(provavelmente por infestação de piolhos/ há autores que dizem que o primeiro castigo imposto aos rebeldes, quando presos, era rasparem os cabelos.) e se Peludos: os soldados, assim chamados por oposição aos peludos. VOCABULÁRIO: Perras: s. f. (espanhol perro) ou adj. 1-Cadela Petrechos: (apetrechos) (derivação regressiva de apetrechar) s. m. 1. Munição, instrumento ou utensílio de guerra. (Mais usado no plural.) 2. Instrumento ou objeto necessário para executar uma atividade. = FERRAMENTA, UTENSÍLIO Picumã: ou pucumã s. m. 1. [Brasil] Fuligem. 2. Teias de aranha pretas pela fuligem. ‘Piquete xucro’: s. m. 1. [Militar] [Militar] Pequeno corpo de tropa que forma guarda avançada ou pronta à primeira voz. Aqui ‘os pelados’, considerados ‘xucros’ adj. [Brasil] Bravo ou ainda não domesticado (falando-se de animais). VOCABULÁRIO: ‘Quem não quer ouvir bulha de porungo, não acolhera dois.’ Ditado gaúcho. Literalmente, remete a uma época de privações, em que duas pessoas dividiam o mesmo prato ( cada qual com sua colher). Ora, alguém poderia comer mais e deixar o outro a raspar o prato. Assim: quem não quer ouvir o barulho da raspagem na cuia (a comida acabando sem que a fome esteja satisfeita), não divide a comida na mesma cuia com outra pessoa. De uma forma mais abrangente: Não dê muita liberdade, muita confiança a outro se não quiser se arrepender! Ramerrão: s. m. 1. Som monótono e continuado. 2. Rotina; costumeira. Razia: (francês razzia) s. f. 1. Incursão árabe em território inimigo, que visa a destruição e o saque. = GAZIVA 2. Ataque violento. = DEPREDAÇÃO, INVESTIDA, SAQUE Ror: s. m. [Popular] Grande quantidade; multidão. VOCABULÁRIO: ‘Uti possidetis’ É um princípio de direito internacional segundo o qual os que de fato ocupam um território possuem direito sobre este. Vadear: v.i. Passar ou atravessar a vau. Vaqueanos: As sucessivas derrotas militares nos dois primeiros anos de combates levaram o Exército a terceirizar a guerra. Coronéis foram contatados para formar grupos de vaqueanos, como eram conhecidos os guias e mateiros, que além da função de identificar caminhos e pegadas de rebeldes, agiam como pistoleiros e degoladores. Muitos deles trabalham nas fazendas como capatazes. ‘Viera escoteiro’: ( expressão gaúcha) Estava sozinho TEMÁTICA A temática abordada na obra gira em torno da exploração das classes populares pelos grupos sociais que detêm o poder. Tudo isso tendo como ponto de partida o problema com a exploração da madeira e a expulsão dos donos de terras de seu próprio território pelas multinacionais. AS CRISES ECONÔMICAS E SOCIAIS Dentro do universo de opressão dos caboclos, estão as multinacionais — grandes responsáveis pelas crises econômicas e sociais ocorridas em território nacional. Na obra, são citadas duas dessas empresas que provocam esses problemas, ao expulsar os moradores de sua própria terra: a empresa Brazil Railway Company, responsáveis pela construção da estrada de ferro; e a Southern Brazil Lumber and Colonization, responsável pela extração de madeira. Todo esse problema gera nos habitantes da região uma revolta muito grande. Desolados e sem ter para onde correr, agarram-se no messianismo como única forma de salvação e justiça — aqui é válido pensar que a guerra aconteceu devido à exploração sofrida pelos jagunços que acabaram se transformando em "fanáticos". O FANATISMO RELIGIOSO O fato de o povo se sentir completamente abandonado pelas autoridades competentes, responsáveis pelo bem estar da humanidade, obrigou-o a seguir por um caminho em que conseguisse enxergar uma salvação. E nesse contexto, portanto, que surge o fanatismo religioso presente na obra e na história real. O primeiro monge de que se tem notícia é São João Maria de Agostino. Ele prometeu a ressurreição e disse que voltaria para salvar o povo. AS PREVISÕES DO MONGE: Dentro de uma série de previsões feitas pelo monge, no romance, temos: praga de gafanhotos que destruiria toda a lavoura; chuva de pedra muito grande, por causa dos pecados do povo; "há de chegar um tempo em que vai ter muito pasto e pouco rasto" — referindo-se a uma peste nas criações em que todos os animais morreriam; “chegará o dia de homem brigar com pinheiro e pinheiro brigar com homem” o fim do mundo: no ano 2000, o mundo iria se acabar; um "burro de ferro que atravessaria os campos, com gente dentro" — referindo-se ao trem de ferro; e um "gavião de aço ou um gafanhoto de aço" roncando pelo céu — o avião (aqui é importante verificar que os jagunços ainda não sabem o que vem a ser esta última previsão; eles só ficam sabendo na ocasião da guerra, quando o General Setembrino pede reforços aéreos). OS MILAGRES DO MONGE: De acordo com os fanáticos, o monge realizou os seguintes milagres: as cruzes que ele plantava enchiam-se de galhos e folhas, produzindo flores e frutos; curava muitas doenças; andava sobre as águas ("ver o fenômeno, na verdade, ninguém vira, jamais conseguiram vê-lo pairando sobre as águas. Mas... e se ele se encontrava aqui nesta margem, neste momento, e já no seguinte aparecia na barranca oposta? [...] E nem as alpercatas não molhava! Explicação para o fato não tinha. Milagre apenas.") por onde ele passava, as águas ficavam bentas e milagrosas; os lugares onde ele dormia se tornavam santos; e as cinzas dos fogos por ele acesas transformavam-se em remédios. APARECIMENTO DE JOSÉ MARIA Após o desaparecimento de São João Maria, aparece pelo interior São João Maria, que dizia ser irmão daquele primeiro. Mas, esse último tem um dom maior para estratégias de guerra do que para a religiosidade, propriamente dita. São José Maria se cerca de virgens, e essas virgens se perpetuam por toda a história. Em ‘Geração do deserto’, aparecem as seguintes virgens: Teodora, Maria Rosa e Ana. De Teodora não se tem muita notícia, apenas que vivia com José Maria. Maria Rosa levara os jagunços para Caraguará e ficara como autoridade responsável por um reduto menor; morre como um homem, peleando na guerra. Ana deixou de ser virgem porque se apaixonara por Ricarte Branco, o Par de França. No entanto, o peso na consciência por descumprir as ordens vindas do céu é muito grande e não deixa o casal em paz até que tudo seja esclarecido. Por fim, a última autoridade religiosa presente no reduto é Frei Manuel, que acompanha todo o fanatismo dos jagunços, mas não é capaz de intervir pelos injustiçados, mediante o autoritarismo de Adeodato. HISTORICAMENTE HTTP://CONTESTADOAGUERRADESCONHECIDA.BLOGSPOT.COM.BR/SEARCH?UPDATED-MAX=2008-04-14T06:54:00- 07:00&MAX-RESULTS=7 A região do Contestado foi largamente percorrida por dois monges, de 1845 a 1908. O primeiro se chamava João Maria Agostinho (João Maria D’Agostini) , era italiano de origem. Benzia, curava e não fazia ajuntamento de pessoas nem dormia na casa de ninguém. Veneradíssimo batizou milhares de moradores do sul do Brasil. Desapareceu por volta de 1890. Em seguida surge outro monge, João Maria de Jesus, nome adotado por Anastás Marcaf, turco de origem. Também percorria o sertão benzendo, curando e batizando. Não juntava gente em volta de si, não dormia nas casas, mas atacava a República. Desapareceu por volta de 1908 e, segundo a população de então, “está encantado no Morro do Taió”. HISTORICAMENTE HTTP://CONTESTADOAGUERRADESCONHECIDA.BLOGSPOT.COM.BR/SEARCH?UPDATED- MAX=2008-04-14T06:54:00-07:00&MAX-RESULTS=7 É um terceiro (falso) monge, entretanto, que vai aglutinar o povo do sertão do Contestado e, de alguma forma, levá-los à guerra. Chamava-se José Maria . Seu verdadeiro nome era Miguel Lucena de Boaventura e sugeria ser irmão de João Maria. Benzia, curava, batizava e reunia gente ao seu redor lendo, regularmente, o livro do Rei Carlos Magno e seus Doze Pares de França - com seus ensinamentos de guerra. Atacava duramente as autoridades e a República. Ameaçado pelos coronéis da região do Contestado, o Monge e um grupo de sertanejos deslocaram-se para o Irani, em terras que o Paraná considerava suas, palco do primeiro combate da guerra. A 22 de outubro de 1912, na região denominada Banhado Grande, José Maria e seu grupo são atacados por soldados do Paraná comandados pelo coronel João Gualberto. Morrem o monge e o coronel. COMETAS E ECLIPSES: CONSULTA À ‘COMETAS: OS VAGABUNDOS DO ESPAÇO’. SÃO PAULO: EDITORA TRÊS, 1985, P. 180. As imagens de eventos cósmicos e estão muito bem consolidadas no imaginário popular cristão. Talvez seja importante mencionar, que dois anos antes ao início da Guerra do Contestado, mais precisamente em 1910, um cometa de grande cauda foi avistado de várias partes do hemisfério sul. 1- O Cometa Halley ficou visível durante vários dias entre os meses de março e maio de 1910. 2- Não poderia deixar de comentar que o desaparecimento do sol foi, durante o final do século XIX e início do século XX, um espetáculo ironicamente comum.