ENSAIOS EM VOO NO BRASIL: A GERAÇÃO DE UMA COMPETÊNCIA ESSENCIAL Alvimar de Lucena Costa Junior IPEV – Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo Praça Marechal Eduardo Gomes, 50 - Vila das Acácias, São José dos Campos - SP [email protected] Alvimar de Lucena é Maj Eng Aer, formado pelo ITA em 1997. Trabalhou na área de certificação de operações de aeronaves, engenharia de operações, qualificação de simuladores entre 1998 e 2010, no DAC e na ANAC. Trabalhou como Flight Operations Expert para a ICAO em 2007, na Guiné Equatorial. Formou-se Engenheiro de Prova em 2011, na EFEV, e hoje é Chefe da Divisão de Ensaios em Voo do IPEV. Possui MBA em Gestão de Aviação Civil pela UNB, MBA em Gestão Pública pela UFF e pós-graduação em Pesquisa Operacional pela COPPE-UFRJ. Faz parte do Grupo de Estudos de Análise e Suporte da Decisão no ITA. Cristina Soraia de Souza Curvelo de Lucena ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica Praça Marechal Eduardo Gomes, 50 - Vila das Acácias, São José dos Campos - SP [email protected] Cristina Soraia é Psicóloga, formada pela UFRJ em 1997. Trabalhou prioritariamente na área de Recursos Humanos da Sulamérica Seguros e da EMBRAER ao longo de 15 anos. Trabalhou também em Logística Internacional, na Odebrecht. Atualmente é Coach Executiva e está associada à Pro-Fit Coach e Treinamento. Possui MBA em gestão de RH pela FGV (Fundação Getúlio Vargas RJ), PósGraduação em Consultoria Empresarial pela UNESA e Pós-graduação em Administração pela UCAM. Lígia Maria Soto Urbina ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica Praça Marechal Eduardo Gomes, 50 - Vila das Acácias, São José dos Campos - SP [email protected] Lígia é formada em Economia Agrícola pela Universidad de Costa Rica em 1979, com mestrado em Economia na Universidade de São Paulo em 1984, e doutorado em Economia Agrícola - University of Tennessee, Knoxville em 1991. Atualmente, é Professor Associado I, na Área de Produção do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Aeronáutica e Mecânica do Instituto Tecnológico de Aeronáutica. RESUMO A capacidade de uma organização em executar ensaios em voo é uma questão limítrofe para o amadurecimento da indústria aeronáutica. Executar uma campanha de ensaios em voo de desenvolvimento e de certificação é uma competência crucial, e os países e organizações que detém essa capacidade são diferenciados na competição internacional. No Brasil, uma decisão de Estado gerou um esforço concentrado para o desenvolvimento de uma indústria aeronáutica, e, como parte deste esforço, ficou clara a necessidade de desenvolver a capacidade do Brasil executar ensaios em voo. Este artigo pretende demonstrar que a capacidade de ensaios em voo pode ser identificada como uma Competência Essencial nacional, como levantado por Prahalad&Hammel (1990), bem como uma capacidade tecnológica, como definido por Figueiredo (2005), por meio de análise de bibliografia especializada e pela consulta direta a especialistas (entrevistas). PALAVRAS-CHAVE: Competência Essencial, Capacidade Tecnológica, Ensaios em Voo, Indústria Aeronáutica ABSTRACT The organization’s capacity to perform flight tests is borderline issue for the aviation industry maturity. Run a flight test campaign for certification and development is a crucial competence, and the countries and organizations that have this capability are differentiated in international competition. In Brazil, a State’s decision generated a concentrated effort to develop an aircraft industry, and, as part of this effort, a clear need to develop Brazil's capability to perform flight tests. This article will argue that the flight testing capability can be identified as a national Core Competency and Technological Capability, through specialized bibliography analysis and through direct consultation to experts (interviewing). KEYWORDS: Core Competency, Technological Capability, Flight Testing, Aeronautical Industry. - - - - Anais do 8º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2015) - Direitos Reservados - Página 751 de 868 - - - - 1. INTRODUÇÃO Este artigo apresenta uma história dentro da história da implantação da indústria aeronáutica no Brasil, focando na geração da capacidade de Executar Ensaios em Voo com vistas ao desenvolvimento aeronáutico no Centro Técnico Aeroespacial (CTA), sob a ótica das Competências Essenciais (Core Competences CC), como definido por Prahalad&Hammel (1990) e da Visão Baseada em Recursos (VBR), citada por Fleury&Fleury (2001) de Mills et al. (2000) conjugada com a capacitação tecnológica de Figueiredo (2005). Para tanto, este trabalho segue a seguinte estrutura: a seção 2 apresenta os fundamentos teóricos gerais sobre a teoria das Competências Essenciais e suas características clássicas, das Competências Tecnológicas e sua definição, e identifica a teoria VBR como uma das formas de se enxergar as CC; a seção 3 apresenta um preâmbulo da história da indústria aeronáutica no Brasil, localizando a necessidade da competência em Ensaios em Voo nos desenvolvimentos exercidos no CTA, apresentando também a metodologia de coleta de dados para o trabalho; a seção 4 apresenta as origens da geração da CC e da capacitação tecnológica em Ensaios em Voo no CTA, enquanto identifica nesta história os componentes relativos às teorias CC e VBR em Capacitação; as conclusões do trabalho são apresentadas na seção 5. 2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 2.1. Competências Essenciais Segundo Prahalad&Hamel (1990) “as Competências Essenciais são o aprendizado coletivo da organização, especialmente como coordenar as diversas habilidades de produção e integrar as múltiplas correntes de tecnologia”. Para estes autores e outros associados ao estudo da Gestão de Competências, as CC estão diretamente associadas à competitividade de uma organização privada. Em certos textos, estas CC são referenciadas como competências organizacionais diferenciadoras, como é o exemplo de Pereira et al. (2006), uma vez que estas competências garantem vantagem competitiva de uma organização no mercado em que ela compete, diferenciando-as de seus concorrentes. O artigo de Prahalad&Hamel, de 1990, destaca sobre as CC três testes principais para sua identificação: 1) “uma competência essencial provê acesso potencial a uma ampla variedade de mercados”; 2) “deve ser uma contribuição significativa para os benefícios percebidos pelos clientes do produto final”; e 3) “deve ser de difícil imitação pelos concorrentes”. A academia destaca vários exemplos da identificação de CC’s de uma organização, como os casos da 3M, Sharp e Kodak em Gallon et al. (1999). Outros exemplos, como os das empresas NEC e GTE, citados no já mencionado artigo de Prahalad&Hamel (1990), destacam empresas que identificaram CC em seus mercados e as desenvolveram em suas organizações, de forma a alcançarem competitividade e capacidades específicas. É importante destacar que a abordagem CC vai de encontro a teorias que defendem estratégias de completa independência e até concorrência entre as Unidades Estratégicas de Negócios (SBU) de uma organização, desenvolvidas principalmente durante a década de 1990, mas ainda empregadas. Tais estratégias de concorrência interna de unidades de uma mesma organização não considera as vantagens da multidisciplinaridade e da troca de diferentes experiências, ao contrário da abordagem CC, que indica como essenciais estas características, na busca de inovações e vantagens competitivas frente ao mercado como um todo. As organizações deveriam encorajar a movimentação de pessoal especializado entre suas SBU, ao invés do tratamento que algumas dessas unidades dão a seu pessoal especializado, tratando-os como parte de seu patrimônio. A lente das Competências Essenciais combate fortemente a disputa entre unidades pelos especialistas, incentivando que profissionais possam ser elementos de formação e desenvolvimento de novas CC. Também é de destaque que as Competências Essenciais não diminuem com o uso, nem se conservam com o tempo, além de dependerem intrinsecamente de troca de conhecimento entre unidades das corporações. Uma CC cultivada deve ser atualizada e difundida. As competências essenciais estão diretamente ligadas a produtos essenciais, a cujo conceito podemos também estender os serviços essenciais. Motores complexos, materiais - - - - Anais do 8º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2015) - Direitos Reservados - Página 752 de 868 - - - - específicos, serviços especializados são exemplos de produtos essenciais que formam o elo entre o projeto e as habilidades de desenvolvimento que conduzem à proliferação de produtos finais. Estes produtos essenciais são os componentes ou subunidades que realmente contribuem para o valor dos produtos finais. 2.2. Visão Baseada em Recursos Conforme Wernerfelt (1984), “para a organização, recursos e produtos são duas faces da mesma moeda. A maioria dos produtos requer os serviços de vários recursos e a maioria dos recursos pode ser usada em diferentes produtos”. Assim, para Wernerfelt, a organização é uma matriz de recursos e produtos possíveis. “Por recurso, toma-se qualquer coisa que possa ser encarada como uma força ou uma fraqueza de uma organização.” Wernerfelt (1984). Os recursos podem ser tangíveis ou intangíveis e podem incluir marcas, procedimentos eficientes, capital, pessoal treinado, e, claro, máquinas e instrumentos específicos. Entre possíveis classes de recursos que a organização tem à sua disposição podemos listar: Recursos Humanos – que são as pessoas, com suas capacidades e competências. Pessoas com treinamento ou não. Recursos Materiais – os recursos materiais, como capital, máquinas e instrumentação, áreas de trabalho, e outros. Recursos Organizacionais – processos, procedimentos e cultura organizacional. 2.3. Recursos e Capacidades Assim, da seção 2.2 deste texto, poderíamos dizer que Recursos são o conjunto de ativos da Organização. É o que a organização TEM. Da seção 2.1, Competência é o que a organização FAZ. Estas incluem todas as competências de uma organização e uma das classes de competência é a Competência Essencial. A união de recursos e capacidades cria assimetrias que distinguem as organizações em um mercado ou uma indústria, e que as capacitam para alcançar seus objetivos estratégicos. Entre Competências Essenciais, para o foco que este Artigo pretende, destaca-se o que Figueiredo (2005) ressaltou de Bell&Pavitt (1993), em relação à capacidade tecnológica de uma organização ou país: “a capacidade tecnológica incorpora os recursos necessários para gerar e gerir mudanças tecnológicas”. Prosseguindo com o detalhamento dado por Figueiredo (2005), a capacidade tecnológica de uma organização está armazenada em, pelo menos, quatro componentes: - Sistemas Técnico-físicos – é o hardware e o software; - Pessoas – é o conhecimento tácito, experiências e habilidades, também denominado “capital humano”; - Tecido organizacional – é o conhecimento acumulado em rotinas, procedimentos, técnicas de gestão e em todos os modos de realizar atividades nas organizações; - Produtos e Serviços – são a parte mais visível da capacidade tecnológica, refletindo os três últimos componentes como um resultado de todos eles. Sob estas condições e definições, o artigo avalia o aspecto “Ensaio em Voo”, recortado da geração de uma capacidade tecnológica complexa: o desenvolvimento e fabricação de aeronaves. 3. BASE HISTÓRICA DA INDÚSTRIA AERONÁUTICA Segundo o Dicionário (Aurélio, 8ª edição, 2011), o verbete Aeronáutica está definido como Ciência, Arte e Prática da Navegação Aérea. 3.1. As Histórias de Pioneirismo Conforme Pazini (2012), a história da indústria aeronáutica brasileira é bem mais antiga que o CTA e a EMBRAER. Contando com os nossos pioneiros históricos, chegaremos até o século XVIII com Bartolomeu de Gusmão ou ao início do século XX com Santos Dumont. Na década de 1910, poucos anos após o voo histórico no Campo de Marte, em Paris, as iniciativas nacionais de participação na história aeronáutica mundial se multiplicavam. O evento da I Guerra Mundial estimulou um rápido desenvolvimento da aviação e, em 1918, o Oficial do Exército Marcos Evangelista da Costa Villela Júnior (1875-1965) era um dos que passava a “defender a necessidade de um aumento do número de aeronaves nas duas Forças Armadas e a advogar a prioridade da fabricação dessas aeronaves no Brasil”. O tenente Villela voou em 1917 o Aribu, uma aeronave projetada por ele próprio, em Realengo, e voada também em ensaio - - - - Anais do 8º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2015) - Direitos Reservados - Página 753 de 868 - - - - pelo próprio projetista, no Brasil, antes de 1920. Neste mesmo ano, registrou-se uma das primeiras políticas de estímulo à geração de competência aeronáutica, no livro de Santos Dumont “O que eu vi, O que nós veremos”, de 1918, em que o autor recomenda ao governo nacional “a criação de instituições de ensino de aerodinâmica, de materiais e processos, de estruturas e construções de aparelhos aéreos e de pesquisa de materiais e motores, bem como de ensino de comunicações aéreas e de meteorologia. Cada país deveria desenvolver sua própria tecnologia.” Várias outras histórias de pioneirismo e empreendedorismo foram registradas entre 1920 e 1960, com vários protótipos para diferentes finalidades desenvolvidos no Brasil. Foram, porém, em grande parte, tentativas quase artesanais, ainda baseadas principalmente na força de vontade de alguns idealizadores que pretendiam viver sua vida na ciência aeronáutica. São dignas de menção a produção seriada do Muniz M-7, pela Fábrica Brasileira de Aviões, cujo voo do protótipo marca o dia da Indústria Aeronáutica Brasileira em 17 de outubro de 1935, o EAY-201, da Empresa Aeronáutica Ypiranga, também foi projetado no Brasil e voou também em 1935, sendo o predecessor do emblemático Paulistinha. Ambas menções, de protótipos brasileiros ainda na década de 1930, mostram que já naquela época praticava-se Ensaio em Voo no Brasil. Vale também detalhar que o Marechaldo-Ar Muniz, bem como o Marechal-do-Ar Aboim, são os dois primeiros Engenheiros Aeronáuticos do Brasil. 3.2. A Saga CTA É preciso identificar a diferença vital que marcou a iniciativa também idealizadora de Casimiro Montenegro. Conforme Castelliano (2005), a EsTE (Escola Técnica do Exército, atual Instituto Militar de Engenharia) formou vários Engenheiros Aeronáuticos entre 1939 e 1950, entre eles o então Major Casimiro Montenegro, a quem foi incumbida a tarefa de cuidar dos materiais e sistemas do Poder Aéreo Brasileiro, após formado Engenheiro Aeronáutico em 1941. Esta ocupação inicial de Casimiro foi elevada quando da criação do Ministério da Aeronáutica, também em 1941. De acordo com Forjaz (2003), a doutrina na criação do novo ministério incluía: – Lançamento das bases para implantação definitiva da indústria aeronáutica brasileira; – Institucionalização da pesquisa, com vistas ao desenvolvimento tecnológico. Entre 1945 e 1950 a concepção do então Tenente-Coronel Montenegro foi se moldando com o Professor Richard Herbert Smith e, em 1950, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica iniciou suas atividades. Pode-se ver que, desde a década de 1910, estava em curso uma geração de massa crítica, tanto nos recursos humanos como na vontade política, para a sustentação de uma competência complexa: a de fabricar aviões. 3.3. A Indústria Aeronáutica O desenvolvimento e a fabricação de uma aeronave é uma tarefa extremamente complexa. A Engenharia Aeronáutica é somente uma das peças que sustentam esta atividade, que demanda uma série de profissionais. A concepção da aeronave e a definição de seus requisitos são um primeiro passo, que demanda uma grande especialização. São os profissionais que respondem à pergunta: “para quê servirá esse avião?” O projeto da aeronave demanda então vários especialistas, em várias áreas de conhecimento, entre elas aerodinâmica, materiais, estruturas, motores e eletrônica embarcada (aviônicos). Dando suporte a estes profissionais teremos sempre também carpinteiros, técnicos em metalurgia e mecânica, elétrica e eletrônica. Finalmente, nesse minúsculo resumo de como uma aeronave é desenvolvida, é necessário passar pela prova final: voar o protótipo e comprovar que a aeronave voa a contento. Para isso, não basta um piloto ter a coragem de entrar no protótipo e verificar se ele decola. Um ensaio em voo é caro e demanda que cada hora de voo se traduza em grandes quantidades de dados que possam ser processados e transformados em informação e conhecimento. 3.4. Ensaios em Voo É bastante difícil encontrar uma definição sobre o que é Ensaio em Voo. De acordo com o material didático do Curso de Ensaio em Voo (CEV, 2011), Ensaio em Voo é o “processo de obtenção de dados num veículo operacional, protótipo ou de pesquisa, que define seu desempenho, confirma princípios de projeto ou indica o caminho para futuros desenvolvimentos”. Um Ensaio em Voo demanda - - - - Anais do 8º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2015) - Direitos Reservados - Página 754 de 868 - - - - basicamente três áreas de conhecimento, traduzidas em três profissionais: Pilotos de Ensaio em Voo (PP – Piloto de Prova), Engenheiros de Ensaio em Voo (EP – Engenheiro de Prova) e Engenheiros de Instrumentação (EI) auxiliados por técnicos de instrumentação. De acordo com a Norma Padrão de Ação 86 (2014) do Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV), o líder de uma equipe de Ensaios em Voo, ou Coordenador de Ensaios, é, normalmente, um EP (o líder é chamado EP1), podendo, às vezes, ser um PP. O EP1 tem a responsabilidade de planejar o ensaio e coordenar a execução do mesmo, bem como o envolvimento de vários PP e EP da equipe. Toda equipe conta também com um EI (Engenheiro de Instrumentação), que projeta e aprova os projetos de modificação de aeronaves para a coleta dos dados em voo, e com um time de técnicos de instrumentação, que executam as modificações dessas aeronaves. Cada PP e EP é treinado especificamente para sua função, especializando-se em avaliar e quantificar cada característica de operação de uma aeronave. O time de instrumentação também tem especialização dedicada à tarefa de instalar sensores e adquirir os dados captados por estes sensores, para entrega-los à análise dos EP. Porém, estes recursos humanos não são suficientes para a execução de um ensaio. Como apresenta Mills et al (2002), são simplesmente blocos de um conjunto a partir do qual uma competência é construída, e uma capacidade tecnológica (Figueiredo, 2005) é atingida. A pesquisa pela história da implantação da capacidade tecnológica em Ensaios em Voo demonstrará que os componentes de uma capacidade tecnológica foram sendo obtidos, de acordo com a própria necessidade que a atividade desperta, como etapa de verificação final do desenvolvimento e produção de uma aeronave. 3.5. Metodologia de Coleta de Dados Com base na fundamentação teórica, foram buscadas informações históricas sobre o início e o desenvolvimento da atividade de Ensaios em Voo no CTA, a partir do estabelecimento deste Centro. Novamente tomando o trabalho de Pazini (2012), considera-se que as iniciativas anteriores de industrialização aeronáutica não tiveram uma massa crítica de pessoal qualificado para que a competência em Ensaios em Voo fosse sistemicamente estabelecida, ao invés de ser desenvolvida como uma iniciativa quase individual, nem um apoio político correspondente, que acreditasse no desenvolvimento de uma indústria inovadora quase do zero no Brasil. Vale ressaltar também que as iniciativas anteriores foram excitadas pelos eventos das Grandes Guerras, mas também esses mesmos eventos tornaram o maquinário de aviação de sobra de guerra tão barato que, em sequência, desestimulou seu desenvolvimento. Foram analisados biografias e documentos da Biblioteca do IPEV e foram entrevistados Engenheiros e Pilotos de Ensaio que faziam parte da lista da Ordem de Provas e Curingas do IPEV, uma lista que congrega todos aqueles que tiveram uma formação formal em Ensaios em Voo (no Brasil) ou tiveram formação formal no Exterior e trabalharam junto ao CTA (Centro Técnico Aeroespacial) na área de Ensaios em Voo. Também foram consultados componentes antigos do Ensaio em Voo que, até hoje, ainda trabalham no Instituto. A lista da Ordem foi empregada porque o IPEV mantém atualizados os contatos dos profissionais ali constantes, mas não resume todos os consultados. Também é importante ressaltar que, durante o período de pesquisa deste artigo, não ficou disponível a biblioteca do IAE, instituto a partir do qual a organização que originou o IPEV foi desmembrada. O questionário elaborado para a entrevista se encontra no Anexo A deste Artigo, e foi enviado por e-mail para cada entrevistado. Foram enviados e-mails para doze pilotos e engenheiros, e houve resposta por parte de oito deles. Com base nestas respostas e nos livros e documentos pesquisados, foi determinada uma linha de tempo de Ensaios em Voo no Brasil, e identificados os componentes da geração da capacitação tecnológica e os testes da competência essencial conforme descritos na seção 2 deste Artigo. Para os propósitos deste artigo, somente os dados históricos coletados pela entrevista relacionados aos objetivos deste foram utilizados. Foram coletadas muitas outras informações sobre o período inicial da prática de Ensaios em Voo no Brasil, que poderão servir de base para outros textos. - - - - Anais do 8º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2015) - Direitos Reservados - Página 755 de 868 - - - - 4. ENSAIOS EM VOO NO CTA 4.1. Comissão de Organização do CTA (COCTA) Conforme já levantado na seção 3.2, em 1950, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) iniciou suas atividades, sendo uma organização voltada para a formação dos recursos humanos e a geração de massa crítica necessária à indústria a ser desenvolvida. Essa geração de massa crítica já corresponderia a um primeiro esforço referente ao desenvolvimento de Pessoal, primeiro componente da capacidade tecnológica, e também permitiria o cumprimento do objetivo de acesso potencial a uma ampla variedade de mercados, passando no primeiro teste de identificação de uma competência essencial. Um dos primeiros projetos de desenvolvimento, fomentado pelo Prof. Dr. Eng. Heinrich Focke, foi o Convertiplano (HeliconairHC-1), uma aeronave de decolagem vertical, monomotor com quatro rotores, cujos eixos basculavam, convertendo-se em avião convencional, e desenvolveria 500 km/h em vôo nivelado. O projeto, considerado utópico e ainda hoje revolucionário, serviu de paradigma e motivação para a criação do IPD. Conforme o site do histórico do CTA (http://www.cta.br/cta.php), no final de 1953, foi reconhecida a necessidade de um segundo Instituto de pesquisa dedicada, em adição ao ITA, com o objetivo de estudar os problemas técnicos, econômicos e operacionais relacionados com a aeronáutica, cooperar com a indústria e buscar soluções adequadas às atividades da aviação nacional. O IPD (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento) foi criado pelo Decreto nº 34.701, de 26 de novembro de 1953. 4.2. IPD Já no seio do IPD, iniciou-se, por volta de 1954, o projeto Beija-Flor (BF-1), também coordenado pelo mesmo Prof. Focke. Seu desenvolvimento marcou a o primeiro projeto que passou por todas as fases e chegou à necessidade do batismo de voo. De acordo com o Relatório de Voo do BF-1 (1958), em 18 de dezembro de 1958, o então Ten-Cel-Av Aldo Vieira da Rosa, Engenheiro Aeronáutico formado em Engenharia de Rádio em Stanford fez o que é reconhecido como o primeiro Ensaio em Voo no CTA. Segundo relato do Ten- Brig-do-Ar Nelson de Souza Taveira (Brig Taveira), o Brig-do-Ar Hugo de Oliveira Piva também voou o BF-1 em Ensaios nessa época. Há também o relato do ITA Panelinha, liderado pelo Eng Guido Pessotti, um projeto de avião rebocador que serviu como trabalho de graduação da turma de 1960 do ITA. Nesse caso, o piloto “inaugural” para seus ensaios foi o próprio Guido Pessotti. Dessa forma, nesses primeiros sucessos de desenvolvimento aeronáutico, tanto no CTA como também registrado em empresas por Cabral (2011), os pilotos que contribuíram para a pesquisa foram engenheiros com formação de piloto, que tinham capacidade de avaliar, quantitativa e qualitativamente, o voo das aeronaves, mas não possuíam treinamento específico para tal. Ao longo desse período inicial, de 1958 até 1967, os voos de ensaio eram coordenados pelo Departamento de Aeronaves do IPD (PAR), ainda sem se perceber uma necessidade nem de educação formal, nem da composição de uma equipe, nem de uma competência organizacional específica. Até o final dos anos 1960, tradicionalmente, na FAB, voos de ensaio eram realizados por oficiais aviadores com curso de engenharia, mesmo sem formação específica de Ensaios. Segundo os relatos do Brig-Eng Venâncio Alvarenga Gomes (Brig Venâncio) e do Brig Taveira, havia inicialmente uma preocupação de escalar para os voos de ensaio pilotos que eram engenheiros, por compreender-se que a atividade demandava um grau de precisão e de entendimento que ultrapassava o conhecimento normal de pilotos de formação. Conforme Silva (2004), o Cel-Av Ozires Silva (Cel Ozires), foi incumbido, em 1963, pelo Brig Piva, de organizar e dirigir a Subdivisão de Ensaios em Voo como parte do PAR. De acordo com o site Histórico, do portal internet do IPEV, esta Subdivisão desenvolveu-se da Seção de Operações e Ensaios em Voo, criada em 1961. Nas palavras do Cel Ozires, “deveríamos procurar desenvolver técnicas para testar aviões, coletar dados, processá-los e estabelecer bases comparativas entre os diferentes métodos de avaliação das características de voo das aeronaves”. Nota-se aí, diretamente, o início da necessidade de se contemplar o Tecido Organizacional na construção da capacidade tecnológica. A necessidade já vinha sendo notada como cada vez mais necessária, depois de se obter uma razoável massa crítica de pessoal. - - - - Anais do 8º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2015) - Direitos Reservados - Página 756 de 868 - - - - Ao longo deste período, vários projetos na indústria e no CTA tiveram sua maturação e êxito em voo, como as aeronaves da Neiva, Regente N-360 e T-25 Universal, e da Aerotec, o T-23 Uirapuru, todos ensaiados sob a coordenação dos pilotos de prova honorários àquela época, Brig Piva, Cel Ozires, Cel Aldo da Rosa, além de outros que fugiam à definição básica inicial de pilotos-engenheiros. Foi nesse período também que um dos voos sem amarração do Beija-Flor, feito por um piloto que era aluno do curso de engenharia do ITA, resultou no acidente que destruiu o protótipo e sepultou o projeto, que já vinha caminhando bem mais lentamente. O acidente ocorreu em 11 de julho de 1966 e sua investigação resultou em recomendações importantes que impunham “a formação de uma equipe fixa para execução de ensaios em vôo, constituída por pilotos, engenheiros e instrumentadores”. 4.3. O Bandeirante (Projeto IPD 6504) Em 1965, de acordo com Silva (2004), iniciou o projeto IPD 6504, que culminaria na criação da EMBRAER. Este projeto, embasado em necessidades nacionais reais destacadas à época pelo Departamento de Aviação Civil, contou com um grande suporte de planejamento. O PAR foi, na prática, transformado em 1968 no embrião da EMBRAER, no próprio hangar X-10, hoje, hangar da manutenção do IPEV e sede da Divisão de Formação em Ensaios em Voo do mesmo Instituto. Um dos pontos chave para o sucesso comercial do Bandeirante era que ele fosse capaz de ser certificado em padrões internacionais. Para tanto, o Maj Av José Mariotto Ferreira e o Eng Aer Michel Cury foram designados para o curso da EPNER, em 1967. O Maj Mariotto, por estar no quarto ano de formação em engenharia aeronáutica do ITA, trancou sua matrícula e seguiu para a França, para a École du Personnel Navigant D'essais et de Réception (EPNER), junto com o Eng Cury, e se tornaram a primeira dupla de ensaios formalmente qualificada em Ensaios em Voo (Prova 01, o primeiro piloto de prova, e Curinga 01, o primeiro engenheiro de prova). Assim, iniciou-se a segunda fase da obtenção da capacitação tecnológica no segmento Pessoal, estabelecendo-se o fluxo de formação em Ensaios em Voo no Brasil. Ao mesmo tempo, pelas necessidades formais de certificação em ensaios, a captação de dados e o processamento dos mesmos tiveram grande empuxo com a necessidade de registro dos ensaios, sendo alcançada a capacidade no terceiro segmento da capacitação tecnológica de Ensaios em Voo. Já estávamos com Pilotos de Prova (condução dos voos) e Engenheiros de Prova (Planejamento, gerenciamento e análise dos resultados) agora desenvolvíamos a capacidade em Instrumentação. Com este tripé de qualificações alcançado, atinge-se o objetivo de ser capaz de executar uma certificação de aeronave no mesmo nível das maiores indústrias aeronáuticas mundiais, o que trouxe ao Brasil uma gama de vantagens não somente no mercado de construção de aeronaves, mas também em toda a área Aeronáutica e Industrial. Pode-se então identificar claramente que a competência em Ensaios em Voo buscou passar nos dois primeiros testes estabelecidos em Prahalad&Hamel (1990): 1º) “uma competência essencial provê acesso potencial a uma ampla variedade de mercados” ter a capacidade de ensaiar aeronaves para certificação de tipo traz a capacidade de vender aeronaves para todo o mercado mundial, ao invés de atender somente ao mercado interno; 2º) “uma contribuição significativa para os benefícios percebidos dos clientes do produto final” – entendendo o mercado aeronáutico em geral como clientes, a capacitação em Ensaios em Voo trouxe um valor agregado a nossos equipamentos, em confiabilidade e segurança Note-se que toda essa capacitação, mesmo depois da criação da EMBRAER, ocorreu ainda dentro dos muros do CTA, uma vez que grande parte dos ensaios de desenvolvimento e todos os ensaios de certificação do Bandeirante foram executados por equipagens da FAB. Conforme relata o Cel-Eng Paulo Gastão Silva (Cel Gastão), ao longo do processo de desenvolvimento e certificação do EMB110 Bandeirante, o Tecido Organizacional referente à capacitação tecnológica de Ensaios em Voo foi completado, com o desenvolvimento inicial de vários procedimentos e processos de ensaio, como a elaboração de Solicitações de Ensaio, Programas de Ensaio e Relatórios de Ensaio, tomando por base as apostilas e manuais dos cursos a que nossos primeiros Pilotos e Engenheiros de Prova atenderam. Também foi abastecido o projeto de Sistemas Técnico-Físicos, principalmente no que - - - - Anais do 8º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2015) - Direitos Reservados - Página 757 de 868 - - - - diz respeito a novos equipamentos de instrumentação, para obtenção e aquisição de dados de voo, vindos do projeto PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). O complexo de instrumentação já existia à época, mas profissionalizou-se para o Projeto Certificação Bandeirante. 4.4. O Curso de Ensaios em Voo Na trilha da tradição francesa, também tivemos o desenvolvimento de mais um pilar de nosso segmento Pessoal da capacitação tecnológica, a formação de Engenheiros de Instrumentação (que, na verdade só foi formalizada muito tempo depois da criação do IPEV, a partir de 2012) e de Técnicos Instrumentadores, fechando o trio PilotoEngenheiro-Instrumentador que se sagraria como o tripé em que se apoia a atividade no Brasil. Este formato de tratamento do processo de Ensaio em Voo veio da principal influência do estabelecimento de nossos processos de Ensaio, em que o Prova 01 consolidou a tradição francesa no Brasil. Conforme a entrevista do Brig Taveira e do Ten-Cel-Av Gilberto Pedrosa Schittini (TenCel Schittini), essa tradição francesa foi o que também, alguns anos mais tarde (1977), consolidou o modelo de formação de pilotos de ensaio utilizado ainda hoje no caso de um curso no exterior, em que o Piloto de Prova recebe uma elevação de nível na área de engenharia, sem precisar obter um diploma de engenheiro, num curso que se chamaria CPPE (Curso de Preparação de Pilotos de Ensaio), depois seguindo para o curso no exterior. A vantagem principal é que os Pilotos de Ensaio poderiam ser preparados muito mais rapidamente, em comparação com os formados até então, que passavam pelo curso completo de engenharia (5 anos) e depois ainda pelo curso de ensaios no exterior (2 anos). Este CPPE desenvolveu-se até tornar-se o Curso de Ensaios em Voo (CEV), completamente executado no Brasil para Pilotos e Engenheiros a partir de 1987, no fechamento de um ciclo que economizaria, literalmente, milhões de dólares em formação de pessoal. Continuando o depoimento do Brig Taveira, “Com o CPPE em andamento, começamos a pensar nas melhorias de Infraestrutura. Isso aconteceu na mesma época 1976/1977. A telemetria e muitos equipamentos necessários à instrumentação das aeronaves foram adquiridos por meio do Projeto PNUD das Nações Unidas. Esse projeto previa a aquisição de equipamentos que servissem à homologação. Fazia parte do propósito de dar competência à homologação do Brasil para que pudesse ser reconhecida internacionalmente”. Todas estas dificuldades e investimentos comprovam que a competência em Ensaios em Voo passa no terceiro e último teste de identificação como competência essencial, posto que é uma competência de difícil imitação. Como exemplo, pode-se consultar a Society of Experimental Test Pilots (www.setp.org). Existem somente 7 escolas no mundo consideradas como capazes de formar pilotos de prova. Em relação à capacitação tecnológica, podemos visualizar como último segmento que o Brasil apresentou, representado pelas organizações do CTA e da EMBRAER, as várias aeronaves desenvolvidas e fabricadas ao longo dos anos, fechando o componente de “Produto” apresentado por Figueiredo (2005). 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Este artigo apresentou um trecho da história da indústria aeronáutica brasileira, dando foco na competência em ensaios em voo, que teve que ser desenvolvida em nosso país, num esforço nacional, para atingir uma competência na indústria aeronáutica. Por meio de pesquisa documental e entrevistas, foi elaborado um resumo da história da obtenção dessa competência em Ensaios, comparando alguns dos marcos estabelecidos pelo CTA com características acadêmicas relacionadas a uma competência essencial, tal como definida por Prahalad&Hamel (1990), e a uma capacitação tecnológica, tal como definida por Figueiredo (2005). Foi observado, assim, que a Competência em Ensaios em Voo pode ser considerada uma Competência Essencial nacional, sediada no CTA e na EMBRAER, dado que ela passa nos três testes propostos para a identificação desta característica. Foram também observados na Competência em Ensaios em Voo os quatro componentes que delineiam uma capacitação tecnológica. Durante o processo, foram recolhidas informações bastante ricas sobre esta história, e foi observado quão importante foi o comprometimento do Estado e da Força Aérea no sucesso dessa empreitada. Também ficou claro - - - - Anais do 8º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2015) - Direitos Reservados - Página 758 de 868 - - - - que, apesar de grande parte dos envolvidos em toda esta história ainda estarem disponíveis para entrevistas para aquisição de informações que visem à reconstrução completa desse evento de geração de competência, não estão organizados ou facilmente disponíveis documentos históricos que formalizem a pesquisa. Recomenda-se que os esforços iniciados nesse trabalho sejam continuados, de forma a valorizar e sensibilizar as autoridades da área de Ciência e Tecnologia para que continuem a apoiar a manutenção dessa competência essencial no Centro Tecnológico Aeroespacial, que contribui para a competitividade do país num mercado complexo e disputado como é o mercado aeronáutico. Referências Brasil. Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica (2014) Histórico do DCTA. Disponível em <http://www.cta.br/cta.php>, Acesso em 14 de dezembro de 2014. Brasil. Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (2014) Norma Padrão de Ação (NPA) 86 – Planejamento, condução e registro de Campanhas de Ensaios em Voo. Legislação IPEV, Disponível em <www.ipev.cta.br>, acessado em 14 de dezembro de 2014. Brasil. Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (2014) Site Histórico, Disponível em <www.ipev.cta.br>, acessado em 14 de dezembro de 2014. Cabral L. F. (2011) No Céu, na Terra e no Mar – Memórias de um Piloto de Provas. São Paulo, Mbv Editores e Somos Editora. Brasil, IPEV, Curso de Ensaios em Voo – CEV (2011). Filosofia de Ensaios em Voo. Apresentação da matéria B07, Curso de Ensaios em Voo. Dumont A.S. (1918) O que eu vi, O que nós veremos. Disponível em <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/Detalhe ObraForm.do? select_action=&co_obra=16793>. Acesso em 14 de dezembro de 2014. Figueiredo P. N. (2005) Acumulação Tecnológica e Inovação Industrial: conceitos, mensuração e evidências no Brasil. São Paulo em Perspectiva, v. 19, n.1, p54-59, jan-mar 2005. 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Qual a formação dessas pessoas? 3) Em algum momento, essa formação foi considerada inadequada? 4) Se houve a percepção de que a formação era inadequada, isso aconteceu antes ou depois da criação da Divisão de Ensaios em Voo (1957) no IPD? 5) Por que se decidiu pela criação da Divisão de Ensaios em Voo em 1957? 6) Percebe-se que ocorreram operações de ensaio em voo desde 1958 (beija-flor, Maj Aldo Vieira da Rosa) até toda a execução dos ensaios do Bandeirante, com primeiro voo em OUT 1968 antes de se iniciar o ciclo de formação no exterior. Qual o motivo de se enviar pilotos e engenheiros para as Escolas EPNER, Empire, USTPS só depois do voo do Bandeirante? (por favor, perceba aqui que os anais do IPEV podem estar incorretos, mas a informação que tenho é essa) 7) A decisão de se estabelecer a formação aqui no Brasil, com o CEV, foi para buscar a independência ou era para resolver algum problema específico? 8) Em que momento histórico a organização percebeu que, além do piloto de ensaios e além de um engenheiro de ensaios, era necessária toda uma infra-estrutura (telemetria, instrumentação, aeronaves paquera, etc) para a execução de ensaios? 9) Quando foi tomada a decisão de termos, além de pilotos de prova, engenheiros de prova? O que nos levou a essa composição de equipe? 10) Quando foi notada a necessidade de termos pessoal especializado em Instrumentação também? 11) O que aconteceu quando os primeiros PROVA e CURINGA retornaram do exterior formados? Houve algum conflito com os mais antigos ou a absorção da tecnologia foi suave? 12) A FAB escolheu alguma organização-modelo para desenvolver sua organização de ensaios em voo em 1957? Ou somente depois de conhecermos mais das organizações no exterior é que tomamos alguma direção? 13) Na concepção dos Ensaios em Voo como uma competência nacional, esperava-se inicialmente que a formação de pilotos profissionais em ensaios em voo seria suficiente? 14) A idéia de que a formação de Recursos Humanos competentes não era, por si só, suficiente para a execução de campanhas de ensaio em voo emergiu quando? Já na época da década de 50 ou somente depois? Como os demais Recursos (Materiais, Administrativos) foram sendo acumulados? - - - - Anais do 8º Simpósio de Segurança de Voo (SSV 2015) - Direitos Reservados - Página 760 de 868 - - - -