ISSN 1677-1419 Ano 14, Vol. 14, Número 14 - 2014 IBDH Revista do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos Ano 14, Vol. 14, Número 14 - 2014 Revista do IBDH Instituto Brasileiro de Direitos Humanos Ano 14, Vol. 14, Número 14 - 2014 Organizadores: Antônio Augusto Cançado Trindade César Oliveira de Barros Leal Homenageado especial Pedro R. David O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores. Permite-se a reprodução parcial ou total dos artigos aqui publicados desde que seja mencionada a fonte. Distribuição: Instituto Brasileiro de Direitos Humanos Rua José Carneiro da Silveira, 15 ap. 301. Cocó CEP: 60192.030 Fortaleza - Ceará - Brasil Telefone: +55 85 3234.32.92 http://www.ibdh.org.br E-mail: [email protected] A Revista do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos é uma publicação anual do IBDH. Conselho Editorial Antônio Augusto Cançado Trindade César Oliveira de Barros Leal Paulo Bonavides Fides Angélica de Castro Veloso Mendes Ommati Antônio Álvares da Silva Antônio Celso Alves Pereira Antônio Otávio Sá Ricarte Bleine Queiroz Caúla Carlos Weis Catherine Maia Elkin Eduardo Gallego Giraldo Elvira Domínguez-Redondo Emilia Segares Emmanuel Teófilo Furtado Gerardo Caetano Gonzalo Elizondo Breedy Juan Carlos Murillo Juana Maria Ibáñez Rivas Julieta Morales Sánchez Lília Sales de Moraes Manuel E. Ventura-Robles Margarida Genevois Pablo Saavedra Alessandri Philippe Couvreur Renato Zerbini Ribeiro Leão Ruth Villanueva Castilleja Sérgio Urquhart de Cademartori Sílvia Maria da Silva Loureiro Valter Moura do Carmo Wagner Rocha D’Angelis Projeto Gráfico/Capa Nilo Alves Júnior Diagramação Franciana Pequeno Revisão César Oliveira de Barros Leal Revista do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos. V. 14, N. 14 - (2014). Fortaleza, Ceará. Instituto Brasileiro de Direitos Humanos, 2014. Anual. 1. Direitos Humanos - Periódicos. I. Brasil. Instituto Brasileiro de Direitos Humanos. CDU ISSN 1677-1419 Ano 14, Vol. 14, Número 14 - 2014 Sumário Ano 14, Vol. 14, Número 14 - 2014 Conselho Consultivo do IBDH................................................................ 05 Apresentação............................................................................................09 I- The Contribution of the European Court of Human Rights and the Inter-American Court of Human Rights to the Emergence of a Customary International Rule of Just Satisfaction and the Creative Expansion of its Scope Alexia Solomou........................................................................................11 II- Migración, Asilo y Refugio Ana Elizabeth Villalta Vizcarra................................................................33 III- L´Humanisation du Droit International: La Personne Humaine en tant que Sujet du Droit des Gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations Antônio Augusto Cançado Trindade.......................................................45 IV- La Bonne Gouvernance et la Protection des Droits de l'Homme Azzouz Kerdoun.....................................................................................67 V- A Trajetória da Implementação de Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil Bárbara Pincowsca Cardoso Campos......................................................................................................................................75 VI- A Paz pela Constituição: A Rutura da Ordem Constitucional como Ameaça à Paz e à Segurança Internacionais Catherine Maia e Anatole Ayissi...........................................................................................................................................89 VII-La Pena de Prisión en América Latina: Los Privados de Libertad y sus Derechos Humanos César Oliveira de Barros Leal...............................................................................................................................................105 VIII- A Barren Effort? The Jurisprudence of the Inter-American Court of Human Rights on Jus Cogens Diana Contreras-Garduno e Ignacio Alvarez-Rio..............................................................................................................113 XIX- Los Derechos Humanos en Argentina y sus Procesos de Subjetivación Elio Rodolfo Parisí e Adrián Manzi.....................................................................................................................................133 X- More Honey than Vinegar: Peer Review as a Middle Ground between Universalism and National Sovereignty Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon.............................................................................................................147 XI- Derechos, Soberanía y Ciudadanía: El Paradigma del Constitucionalismo Mundial Javier Espinoza de los Monteros..........................................................................................................................................169 XII- Prohibición de la Discriminación por Orientación Sexual: Alcances y Desafíos de un Estándar Interamericano Surgido del Diálogo con el Tribunal Europeo de Derechos Humanos Juana María Ibáñez Rivas......................................................................................................................................................183 XIII- A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens Letícia Borges Thomas........................................................................................................................................................197 XIV- Le Droit à la Liberté d'Expression et les Crimes contre L'Honneur: Analyse Jurisprudentielle Comparée entre le Système Européen de Protection des Droits de l'Homme et le Système Interaméricain de Protection des Droits de l'Homme Letícia Soares Peixoto Aleixo..............................................................................................................................................223 XV- The Search for Female Empowerment and Gender Equality Lilia Maia de Morais Salese e Mariana Almeida de Sousa..................................................................................................233 XVI - Cultura Política y Ejercicio Ciudadano: Especial Referencia a su Impacto en la Prevención de Delito Luis Felipe Guerrero Agripino..........................................................................................................................................245 XVII - El Sistema Interamericano de Protección de los Derechos Humanos Manuel E. Ventura Robles...............................................................................................................................................257 XVIII - Relações Dialógicas como Instrumentos de Expansão e Realização dos Direitos Humanos no Mundo Contemporâneo Marcus Pinto Aguiar......................................................................................................................................................281 XIX - The Syrian Crisis, The Gross Violations of Human Rights, The Extented Use of Chemical Weapons and Their Destruction, and the Refugees - Is There Any End in This Vicious Circle? Maria Drakaki.................................................................................................................................................................297 XX - Victim Redress from Nuremberg and Tokyo to the ICTY and ICTR Miriam Cohen..................................................................................................................................................................311 XXI - A Sociedade Civil na Atualidade das Relações Internacionais Renato Zerbini Ribeiro Leão..........................................................................................................................................323 XXII - Os Direitos Reprodutivos das Mulheres e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos: Uma Análise dos Casos Admitidos entre 2000 e 2013 Sarah Dayanna Lacerda Martins Lima..........................................................................................................................335 XXIII - A Água como um Bem Fundamental e o Direito à Água Potável como um Direito Humano Fundamental: Uma Proposta Teórica de Políticas Públicas Sergio Cademartori e Daniela Cademartori.................................................................................................................351 XXIV - A Coletivização do Mecanismo de Petições na Prática dos Sistemas Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos Sílvia Maria da Silveira Loureiro..................................................................................................................................365 Discursos e Resenhas...........................................................................................................................................................383 XXV - Presentation of the Book of Opinions by Judge Antônio A. Cançado Trindade (ICJ) – The Construction of a Humanized International Law Dean Spielmann............................................................................................................................................................385 XXVI - The Construction of a Humanized International Law Andrew Drzemczewski..................................................................................................................................................387 XXVII - The Construction of a Humanized International Law Antônio A. Cançado Trindade.....................................................................................................................................389 XXVIII - Resenha de “Judge Antônio A. Cançado Trindade - The Construction of a Humanized International Law” Vols. I-II (Coords. D. Spielmann e A. Drzemczewski), the Hague, Brill/Nijhoff, 2014 George R. B. Galindo................................................................................................................................................391 XXIX - Resenha de “Escuela Ibérica de la Paz / Escola Ibérica da Paz: La Conciencia Crítica de la Conquista y Colonización de América - 1511-1694” (Coords. R. E. Mandado Gutiérrez e P. Calafate), Santander/España, Ed. Universidad Cantabria, 2014 Carmela Ossa Henao...................................................................................................................................................395 Anexos..................................................................................................................................................................................397 XXX - Discurso pronunciado na Abertura do III Curso Brasileiro Interdisciplinar em Direitos Humanos, no dia 1º de Setembro de 2014, em Fortaleza, Ceará, Brasil César Barros Leal...........................................................................................................................................................399 XXXI - III Curso Brasileiro Interdisciplinar em Direitos Humanos: Igualdade e Não Discriminação........................................403 Conselho Editorial.................................................................................................................................................................407 CONSELHO CONSULTIVO DO IBDH • Antônio Augusto Cançado Trindade (Presidente de Honra) Ph.D. (Cambridge – Prêmio Yorke) em Direito Internacional; Professor Titular da Universidade de Brasília e do Instituto Rio Branco; ex-Juiz e ex-Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos; ex-Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil; Membro do Conselho Diretor do Instituto Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo) e da Assembleia Geral do Instituto Interamericano de Direitos Humanos; Membro Titular do Institut de Droit International e Juiz da Corte Internacional de Justiça (Haia). • César Oliveira de Barros Leal (Presidente) Pós-doutor em Estudos Latino-americanos pela Faculdade de Ciências Políticas e Sociais da Universidade Nacional Autônoma do México; Pós-doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina; Doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Nacional Autônoma do México; Procurador do Estado do Ceará; Professor aposentado da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará; Membro da Assembleia Geral e do Conselho Diretor do Instituto Interamericano de Direitos Humanos; Membro da Academia Brasileira de Direito Criminal e da Academia Cearense de Letras. • Paulo Bonavides (1º Vice-Presidente) Doutor em Direito; Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará; Professor Visitante nas Universidades de Colônia (1982), Tennessee (1984) e Coimbra (1989); Presidente Emérito do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional; Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lisboa; Titular das Medalhas “Rui Barbosa”, da Ordem dos Advogados do Brasil (1996) e “Teixeira de Freitas”, do Instituto dos Advogados Brasileiros (1999). • Fides Angélica de Castro Veloso Mendes Ommati (2º Vice-Presidente) Coordenadora do Curso de Direito do Instituto Camilo Filho; Presidente da Academia Piauiense de Letras Jurídicas; Membro da Academia Piauiense de Letras; Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros. • Andrew Drzemczewski Ph. D. (Universidade de Londres); ex-Professor Visitante da Universidade de Londres; Diretor da Unidade de Monitoring do Conselho da Europa; Conferencista em Universidades de vários países. • Antonio Sánchez Galindo Ex-Diretor do Centro Penitenciário do Estado do México; ex-Diretor Geral de Prevenção e Readaptação Social do Estado do México; ex-Professor de Direito Penal da Universidade Nacional Autônoma do México; ex-Diretor Técnico do Conselho 5 Conselho Consultivo do IBDH de Menores da Secretaria de Segurança Pública do México; Membro da Academia Mexicana de Ciências Penais e da Sociedade Mexicana de Criminologia. • Christophe Swinarski Ex-Consultor Jurídico do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV-Genebra); Delegado do CICV no Extremo Oriente e ex-Delegado do CICV na América do Sul (Cone Sul); Conferencista em Universidades de vários países. • Dalmo de Abreu Dallari Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo; exSecretário de Negócios Jurídicos da Cidade de São Paulo; Membro da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo. • Dean Spielmann Juiz e Presidente da Corte Europeia de Direitos Humanos; Membro do Conselho de Administração do Instituto Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo). • Fernando Luiz Ximenes Rocha Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará; Professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará; ex-Diretor Geral da Escola Superior da Magistratura do Ceará; ex-Procurador Geral do Município de Fortaleza; exProcurador do Estado do Ceará; ex-Procurador Geral do Estado do Ceará; exPresidente do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. • Gabrielle Bezerra Doutora em Direito pela Universidade de Ausgsburg (Alemanha)- UNIA; Mestre em Direito pela Universidade Federal do Ceará; Professora e Coordenadora Geral do Curso de Direito do Centro Universitario CHristus-UNICHRISTUS; Doutoranda em Bioética na Universidade do Porto, Portugal; Membro do IAC - Instituto dos Advogados do Ceará e Membro da Comissão de Direitos dos Animais da OAB. • Héctor Fix-Zamudio Professor Titular e Investigador Emérito do Instituto de Pesquisas Jurídicas da Universidade Nacional Autônoma do México; Juiz e ex-Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos; Membro da Subcomissão de Prevenção de Discriminação e Proteção de Minorias das Nações Unidas; Membro do Conselho Diretor do Instituto Interamericano de Direitos Humanos. • Hélio Bicudo Ex-Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores – São Paulo; ex-Presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. • Jaime Ruiz de Santiago Ex-Professor da Universidade Ibero-americana do México; ex-Encarregado de Missão do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) no Brasil; ex-Delegado do ACNUR em San José da Costa Rica; Conferencista em Universidades de vários países. 6 Conselho Consultivo do IBDH • Jayme Benvenuto Lima Júnior Mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco; Consultor Jurídico do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (GAJOP). • Jean François Flauss Secretário Geral do Instituto Internacional de Estrasburgo; Professor de Direito Internacional da Universidade de Lausanne (Suíça). • Jorge Padilla Graduado em Administração de Negócios Internacionais; Consultor Permanente do Instituto Interamericano de Direitos Humanos desde 2003; Consultor Corporativo em Projetos de Responsabilidade Social; Professor Titular da Faculdade de Ciências Sociais na Universidade Autônoma da América Central, Costa Rica. • Karel Vasak Ex-Secretário Geral do Instituto Internacional de Direitos Humanos; Ex-Consultor Jurídico da UNESCO. • Linos-Alexandre Sicilianos Juiz da Corte Europeia de Direitos Humanos; Membro do Conselho de Administração do Instituto Internacional de Direitos Humanos (Estrasburgo). • Mônica Barroso Defensora Pública; ex-Conselheira da Ordem do Advogados do Brasil, Seccional do Ceará; ex-Coordenadora Especial de Políticas Públicas para a Mulher do Governo do estado do Ceará; Membro do Instituto dos Advogados do Ceará. • Néstor José Méndez González Advogado; Professor da Universidade Nacional Autônoma do México; Diretor Geral do Instituto Nacional de Apoio a Vítimas e Estudos em Criminalidade (México). • Paulo Pinto de Albuquerque Doutor em Direito (Universidade Católica de Lisboa); Juiz da Corte Europeia de Direitos Humanos desde abril de 2011; Professor convidado/visitante de universidades europeias, americanas e asiáticas; autor de numerosas obras jurídicas. • Pedro R. David Juiz ad litem do Tribunal Penal Internacional das Nações Unidas para a exIugoslávia, Haia, Holanda; Juiz da Câmara Federal de Cassação Penal da República Argentina; Doutor em Ciência Política pela Universidade John F. Kennedy, Buenos Aires, Argentina; Doutor em Direito e Ciências Sociais pela Universidade Nacional de Tucumán; Doutor em Sociologia pela Universidade de Indiana, Estados Unidos. • Sébastien Touzé Professor da Universidade de Estrasburgo; Secretário-Geral do Instituto Internacional de Direitos Humanos René Cassin (Estrasburgo); Membro do Conselho da 7 Conselho Consultivo do IBDH Sociedade Francesa de Direito Internacional; Professor Associado do Instituto de Altos Estados Internacional e do Centro de Pesquisa em Direitos Humanos e Direito Humanitário da Universidade de Paris II (Panthéon-Assas). • Sergio García Ramírez Investigador do Instituto de Investigações Jurídicas e Membro da Junta de Governo da Universidade Nacional Autônoma do México; ex-Juiz e ex-Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos. • Sheila Lombardi de Kato Desembargadora do Tribunal de Justiça do estado de Estado de Mato Grosso; Coordenadora-Geral do Programa Nacional de Direitos da Mulher. • Soledad García Muñoz Advogada; Diplomada em Direitos Humanos pela Universidade Carlos III de Madri; Professora da Universidade Nacional de La Plata e da Universidade de Buenos Aires; Coordenadora do Escritório Regional da América do Sul do Instituto Interamericano de Direitos Humanos. . 8 APRESENTAÇÃO O Instituto Brasileiro de Direitos Humanos (IBDH) tem a satisfação de dar a público o décimoquarto número de sua Revista, instrumento pelo qual contribui com periodicidade anual e distribuição gratuita (graças ao respaldo do Banco do Nordeste) ao desenvolvimento do ensino e da pesquisa na área dos direitos humanos, visando a promovê-los, de forma ampla, mas principalmente na realidade brasileira. No entendimento do IBDH, o ensino e a pesquisa em direitos humanos giram em torno de alguns conceitos básicos, devendo-se afirmar, de início, a própria universalidade dos direitos humanos, inerentes que são a todos os seres humanos, e consequentemente superiores e anteriores ao Estado e a todas as formas de organização política. Por conseguinte, as iniciativas para sua promoção e proteção não se esgotam – não se podem esgotar – na ação do Estado. Há que destacar, em primeiro plano, a interdependência e indivisibilidade dos direitos humanos (civis, políticos, econômicos, sociais e culturais). Ao propugnar por uma visão necessariamente integral de todos os direitos humanos, o IBDH adverte para a impossibilidade de buscar a realização de uma categoria de direitos em detrimento de outras. Quando se vislumbra o caso brasileiro, dita concepção se impõe com maior vigor, porquanto desde os seus primórdios de sociedade predatória até o acentuar da crise social agravada nos anos mais recentes, nossa história tem sido até a atualidade marcada pela exclusão, para largas faixas populacionais, seja dos direitos civis e políticos, em distintos movimentos, seja dos direitos econômicos, sociais e culturais. A concepção integral de todos os direitos humanos se faz presente também na dimensão temporal, descartando fantasias indemonstráveis como a das “gerações de direitos”, que têm prestado um desserviço à evolução da matéria, ao projetar uma visão fragmentada ou atomizada no tempo dos direitos protegidos. Todos os direitos para todos é o único caminho seguro. Não há como postergar para um amanhã indefinido a realização de determinados direitos humanos. Para lograr a eficácia das normas de proteção, cumpre partir da realidade do quotidiano e reconhecer a necessidade da contextualização dessas normas em cada sociedade humana. Os avanços nesta área têmse logrado graças, em grande parte, sobretudo, às pressões da sociedade civil contra todo tipo de poder arbitrário, somadas ao diálogo com as instituições públicas. A cada meio social está reservada uma parcela da obra de construção de uma cultura universal de observância dos direitos humanos. Os textos, em vários idiomas, que compõem este décimo-quarto número da Revista do IBDH, a exemplo das edições anteriores, enfeixam uma variedade de tópicos de alta relevância atinentes à temática dos direitos humanos. O presente número antecede a realização em Fortaleza do IV Curso Brasileiro Interdisciplinar em Direitos Humanos: O Respeito à Dignidade da Pessoa Humana, no período de 3 a 14 de agosto de 2015, uma iniciativa conjunta do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos e do Instituto Interamericano de Direitos Humanos, contando com a parceria e o apoio de numerosas instituições. Este Curso anual, que reúne uma centena de participantes nacionais e estrangeiros, representa um divisor de águas na trajetória do IBDH, abrindo-lhe portas para alianças estratégicas com instituições públicas e privadas. No presente domínio de proteção impõem-se maior rigor e precisão conceituais, de modo a sustentar a vindicação dos direitos humanos em sua totalidade, e a superar o hiato existente entre o ideário contido na Constituição Federal e nos tratados em que o Brasil é Parte e nossa realidade social. Essa dicotomia entre “falar e agir” provoca um considerável desgaste e uma descrença generalizada. Isso é deplorável, na medida em que devemos não apenas conhecer nossos direitos, mas também saber defendê-los e exigir sua proteção por parte do poder público, reduzindo assim o espaço ocupado pela injustiça, pela violência e pela arbitrariedade. Proclamações de direitos não são suficientes, como já alertava há décadas o lúcido pensador Jacques Maritain, para quem não é admissível perverter a função da linguagem, a serviço dos que nos roubam a fé na efetivação dos direitos humanos, inerentes aos seres humanos e à sua condição de dignidade. Aos direitos proclamados se acrescem os meios de implementá-los, inclusive diante das arbitrariedades 9 Apresentação e mentiras dos detentores do poder. Entende o IBDH que o direito internacional e o direito interno se encontram em constante interação, em benefício de todos os seres humanos. Assim sendo, o IBDH continua manifestando sua estranheza ante o fato de não aplicação cabal ao art. 5º, § 2º, da Constituição Federal Brasileira vigente, de 1988, o que acarreta responsabilidade por omissão. A juízo do IBDH, por força do art. 5º, § 2º, da Carta Magna, os direitos consagrados nos tratados de direitos humanos em que o Brasil é Parte incorporam-se ao rol dos direitos constitucionalmente consagrados. Impõe-se tratá-los dessa forma, como preceitua nossa Constituição, a fim de alcançar uma vida melhor para todos quantos vivam em nosso país. Nesse sentido, o IBDH persiste em repudiar as alterações introduzidas pelo posterior art. 5º, § 3º, da Emenda Constitucional nº 45 (promulgada em 08.12.2004), o qual revela inteiro desconhecimento da matéria, na perspectiva do Direito Internacional dos Direitos Humanos, dando ensejo a todo tipo de incongruências – inclusive em relação a tratados de direitos humanos anteriores à referida Emenda – ao sujeitar o status constitucional de novos tratados de direitos humanos à forma de aprovação parlamentar dos mesmos. Esta bisonha novidade, sem precedentes e sem paralelos, leva o IBDH a reafirmar, com ainda maior veemência, a autossuficiência e autoaplicabilidade do art. 5º, § 2º, da Constituição Federal brasileira. Na mesma linha de pensamento, o IBDH também repudia as críticas de determinados detentores do poder a decisões de órgãos internacionais de supervisão dos direitos humanos, pelo simples fato de serem tais decisões desfavoráveis ao Estado brasileiro. Algumas críticas, reveladoras de ignorância, chegam ao extremo de proporem represálias a órgãos internacionais que estão cumprindo o seu dever, em defesa dos justiciáveis. A esse respeito, nunca é demais recordar que os Estados Partes na Convenção Americana dos Direitos Humanos, que reconheceram a competência compulsória da Corte Interamericana de Direitos Humanos, assumiram o compromisso de dar plena execução às Sentenças da Corte Interamericana. Isto se impõe bona fides, em razão do princípio geral do direito pacta sunt servanda. A nenhum Estado Parte é dado evadir-se do fiel cumprimento de suas obrigações convencionais. Reiteramos, enfim, que a Revista do IBDH, como repositório de pensamento independente e de análise e discussão pluralistas sobre os direitos humanos, persegue o desenvolvimento do ensino e da pesquisa sobre a matéria no Brasil. Desse modo, na tarefa de consolidação de um paradigma de observância dos direitos humanos em nosso meio social, espera o IBDH dar uma permanente contribuição. Antônio Augusto Cançado Trindade César Oliveira de Barros Leal 10 THE CONTRIBUTION OF THE EUROPEAN COURT OF HUMAN RIGHTS AND THE INTER-AMERICAN COURT OF HUMAN RIGHTS TO THE EMERGENCE OF A CUSTOMARY INTERNATIONAL RULE OF JUST SATISFACTION AND THE CREATIVE EXPANSION OF ITS SCOPE Alexia Solomou Associate Legal Officer, International Court of Justice; LL.B with French Law (University College London); LL.M (Columbia Law School); Diploma (The Hague Academy of International Law). “It is the juridical conscience itself that establishes legal relations throughout time, in which we all live together.”1 I. INTRODUCTION The present article argues that the principle of just satisfaction has acquired customary international law status. While it might be argued that it has been a customary norm over the past few decades, it has certainly solidified into one because of the booming case-law of the European Court of Human Rights (ECtHR) and the InterAmerican Court of Human Rights (IACtHR). The main reason for this development is because nonmaterial damage to the individual plays a distinct role in the field of human rights.2 This article does not aim to delve into the relationship between just satisfaction and other forms of reparation, nor will it enter the conceptual debate regarding damage and injury, direct and indirect damage or even causation.3 Rather it will analyse the contribution that has been made by the aforementioned tribunals to the development of Article 37 of the International Law Commission’s (ILC) Articles on State Responsibility. These tribunals have awarded injured states or individuals with new forms of just satisfaction going beyond the classical categories found in Article 37. Furthermore, the limits to just satisfaction will be explored, including proportionality and not taking a form humiliating to the state. The relevant case-law has not always abided to such limitations and oftentimes the awards made by such tribunals might be considered excessive or abusive. Finally, given the silent rejection of punitive damages by ILC, the current practice of the above tribunals runs counter to their ‘silence’ on punitive damages. At the same time, such awards might be able to be reconciled with the text Article 37 as within the bounds of ‘just’ satisfaction. Just satisfaction is usually intended to repair non-material damage. Non-material damage does not entail economic, financial or any other form of tangible damage.4 Another definition found in the literature is that non-material damage is ‘any damage which is not damage to a person’s assets, wealth or income and which is therefore incapable of being quantified in any objective financial or economic manner by reference to a market.’5 Nevertheless, it will later be noted that international human rights tribunals have engaged in the exercise of quantification of non-material damage, albeit the objectivity of such an exercise remains debatable. An early definition of non-material damage can be found in the arbitral opinion in the Lusitania cases of 1923. It was held that it is ‘an injury inflicted resulting in mental suffering, injury for his feelings, humiliation, shame, degradation, loss of social position or injury to his credit or to his reputation.’6 Non-material damage also broadly encompasses grief and suffering from the loss of loved ones or the loss of enjoyment of life.7 A caveat is, however, in order: material and nonmaterial damages are oftentimes inextricably linked because they might result from the same wrongful act. An example is torture. 11 Alexia Solomou This article is divided in three parts. The first part sets out the current state of affairs regarding the international law of just satisfaction. It historically analyses the emergence of the just satisfaction rule, its inclusion in the ILC Articles on State Responsibility, as well as various treaties or statutes of international human rights tribunals. The second part focuses on the different types of just satisfaction. The classical forms have been: an acknowledgment of the breach, an apology or statement of regret and monetary compensation.8 This article will argue that the ever-expanding case-law of the ECtHR and the IACtHR have created a modern list of forms of just satisfaction. This includes the establishment of special missions charged with expressing regret, the establishment of commissions of enquiry, the creation of funds assigned to humanitarian goals, nominal or symbolic damages, punitive damages, new heads of non-pecuniary damage, including for child care, environmental nuisance and to legal persons, measures for the immediate release of arbitrarily detained individuals, appropriate measures to be adopted domestically, as well as the remuneration of costs and fees of domestic and international litigation. The third part of this article will examine the limitations to the rule of just satisfaction. Such limitations include proportionality and that just satisfaction must not take any form humiliating to the responsible state. This section will explore the current practice of the above tribunals in awarding punitive damages, which does not oftentimes abide to the limitation of proportionality, creating sometimes excessive or abusive awards of just satisfaction. This contributes to the lack of coherence and predictability of such awards. This article will suggest the insertion of certain criteria when making such determinations for awards for just satisfaction to better abide to the principle of proportionality. This article will conclude by arguing that the dozens of cases reviewed therein have contributed to the emergence of a customary international rule of just satisfaction. II. HISTORICAL EVOLUTION OF THE INTERNATIONAL RULE ON JUST SATISFACTION The first pronouncements on just satisfaction date back to the late 19th century and they mainly come from various arbitral tribunals. For example, in the Charles Weile case (1870), which arose from the arrest and imprisonment of the United States consul at Tumbes, Peru, 12 the United State Commissioner ‘insisted on the importance of giving a decision which would, by the magnitude of the award, show the local authorities how wrong it is for them to act in a hasty manner when the liberty and honour of the consul of a friendly power are concerned.’9 The respondent state was required to pay $32,407.40 to the United States.10 In the incident arising out of the seizure of the Virginius (1873), the Spanish government was not required to give satisfaction of any kind because it was felt that there had been no intention to show disrespected for the United States flag.11 In the incident caused by the arrest of Maria Cruz (1875) the Peruvian government noted ‘with satisfaction the statement that the Japanese Government had no intention of offending the dignity of Peru’.12 The first known awards providing for just satisfaction dates back to 1903. In the case of Stevenson, the arbitral tribunal held that: To have measured in money by a third and different party the indignity put upon one’s flag or brought upon one’s country is something to which nations do not ordinarily consent. Such values are ordinarily fixed by the offending party and declared in its own sovereign voice, and are ordinarily wholly punitive in their character – not remedial, not compensatory. It is one of the cherished attributes of sovereignty which it will not usually or readily yield to arbitrament or award. Herein is found a reason, if not the reason, why such matters are not usually, if ever, submitted to arbitration.13 Furthermore, in the Arends case, the umpire awarded $100 –a minimal award– to the Dutch government to be paid by Venezuela as an expression of regret for detaining a Dutch ship.14 In the Davy case the umpire held that in order to make good the breach of international law at stake, he considered that: ‘The measure of damages placed upon such a crime must not be small. It must be of a degree adequate to the injury inflicted upon the claimant and the reproach thus unkindly brought upon the respondent Government. These invaded rights were in truth priceless, and no pecuniary compensation can atone for the indignities practiced upon the claimant; but a rightful award received in ready acquiescence is all that can be done to compensate the injuries, atone for the wrong, and remove the national stain.’15 Following the Miliani Case,16 also dating to 1903, Italy and Venezuela signed a Protocol in Washington DC providing: ‘The Venezuelan Government agree to pay to the Italian Government, as a satisfact on of the point of honor, the sum of £5,500 (five The Contribution of the European Court of Human Rights and the Inter-American Court of Human Rights to the Emergence of a Customary International Rule of Just Satisfaction and the Creative Expansion of its Scope thousand five hundred pounds sterling), in cash or its equivalent, which sum is to be paid within sixty days.’17 In 1905, another precedent was introduced, the case of the Heirs of Jean Manimat, the umpire allowed 100,000 francs to a sister not .dependent on her deceased brother, pointing out that ‘The more important feature of this case is that unatoned indignity to a sister republic through this inexcusable outrage upon one of her nationals. It is for this tribunal to speak the voice of regret and to tender atonement for a sad result’.18 The first decade of the 20th century witnessed further elaboration of the principle of just satisfaction by various arbitral tribunals. In the Affaire du Carthage, the tribunal considered that ‘in case a Power should fail to fulfil its obligations, whether general or special, to another Power, the statement of this fact, especially in an arbitral award, constitutes in itself a serious penalty; that this penalty is made heavier, if there be occasion, by the payment of compensation for material losses; that…the imposition of a further pecuniary penalty appears to be superfluous and to go beyond the purposes of international jurisdiction’.19 In the ‘Manouba’ case the tribunal condemned the Royal Italian Government to pay as compensation: ‘1. The sum of one franc for the offense against the French flag; 2. The sum of one hundred thousand francs as reparation for the moral and political injury resulting from the failure to observe the international common law and the conventions reciprocally binding upon Italy and upon France’.20 It further ordered the government of the French Republic ‘to pay the sum of one hundred thousand francs as a penalty and reparation for the material and moral injury resulting from the violation of international law, especially in so far as concerns the right of the belligerent to verify the character of individuals suspected of being soldiers of the enemy, when found on board neutral commercial vessels’.21 It also held that the arbitral award constituted itself a ‘severe penalty’.22 These arbitral awards seem to establish declaratory judgments, monetary compensation and nominal damages as the early forms of just satisfaction. Furthermore, in the opinion in the ‘Lusitania’ cases, Umpire Parker held that ‘[T]he fundamental concept of ‘damages’ is satisfaction, reparation for a loss suffered; a judicially ascertained compensation for wrong. The remedy should be commensurate with the loss, so that the injured party may be made whole.’23 Umpire Parker further held that it was ‘difficult to lay down any rule for measuring injury to the feelings, or humiliation or shame, or mental suffering, and yet it frequently happens that such injuries are very real and call for compensation as actual damages as much as physical pain and suffering and many other elements which, though difficult to measure by pecuniary standards, are, nevertheless, universally considered in awarding compensatory damages.’24 The principle of proportionality of just satisfaction was therefore introduced in 1923. Just satisfaction made its first appearance in a multilateral treaty as early as 1928. Article 32 of the Geneva General Act for the Pacific Settlement of International Disputes provides that: ‘If, in a judicial sentence or arbitral award, it is declared that a judgment, or a measure enjoined by a court of law or other authority of one of the parties to the dispute, is wholly or in part contrary to international law, and if the constitutional law of that party does not permit or only partially permits the consequences of the judgment or measure in question to be annulled, the parties agree that the judicial sentence or arbitral award shall grant the injured party equitable satisfaction.’25 This was the first attempt at codifying the international rule on just satisfaction. In 1930, he Preparatory Committee of The Hague Codification Conference explicitly recognised the applicability of some of the typical measures of satisfaction in cases involving injury to private individuals. It was considered at the Conference that the international responsibility of the state in such cases ‘…may also [in addition to reparation of the damage suffered by the private individual], according to the circumstances, and when this consequence follows from the general principles of international law, involve the obligation to afford satisfaction to the State which has been injured in the person of its national, in the shape of an apology (given with the appropriate solemnity) and (in proper cases) the punishment of guilty persons’.26 Almost two decades elapsed from The Hague Codification Conference until the next arbitral award was made. In the I’m Alone case, the tribunal held that: ‘The act of sinking the ship, however, by officers of the United States Coast Guard, was, as we have already indicated, an unlawful act; and the Commissioners consider that the United States ought formally to acknowledge its illegality, and to apologize to His Majesty’s Canadian Government therefor; and, further, that as a material amend in respect of the wrong the United States should pay the sum of $25,000 to His Majesty’s Canadian Government; and they recommend accordingly.’27 13 Alexia Solomou Apologies were therefore introduced as a form of just satisfaction by the I’m Alone case. During the same year, 1949, the first pronouncement of the International Court of Justice (ICJ) was made on just satisfaction. In the Corfu Channel case, the Court found that the British Navy had acted unlawfully and in the operative part of its decision it gave ‘judgment that…the United Kingdom Government violated the sovereignty of the People’s Republic of Albania’.28 This is one of the early judgments of the ICJ where a declaratory judgment was considered to constitute sufficient just satisfaction. In 1950, the European Convention for the Protection of Human Rights and Fundamental Freedoms (European Convention) was adopted in Rome.29 Article 50, now Article 41, provides that ‘If the Court finds that there has been a violation of the Convention or the Protocols thereto, and if the internal law of the High Contracting Party concerned allows only partial reparation to be made, the Court shall, if necessary, afford just satisfaction to the injured party.’30 In 1969, the American Convention on Human Rights was adopted in San Jose, Costa Rica.31 Article 63(1) provided that ‘If the Court finds that there has been a violation of a right or freedom protected by this Convention, the Court shall rule that the injured party be ensured the enjoyment of his right or freedom that was violated. It shall also rule, if appropriate, that the consequences of the measure or situation that constituted the breach of such right or freedom be remedied and that fair compensation be paid to the injured party.’ Further Article 63(2) provides that ‘In cases of extreme gravity and urgency, and when necessary to avoid irreparable damage to persons, the Court shall adopt such provisional measures as it deems pertinent in matters it has under consideration. With respect to a case not yet submitted to the Court, it may act at the request of the Commission.’32 The item on state responsibility was introduced on the agenda of the ILC in 1954.33 In 1961, Special Rapporteur Garcia-Amador considered the various forms just satisfaction could take.34 He initially drew the distinction between the typical methods of satisfaction and pecuniary compensation.35 He grouped just satisfaction under three headings: apologies, punishment of the guilty persons and guarantees for the future.36 Apologies include many types of satisfaction: saluting the flag of the offended state, firing a twenty-one gun salute to the flag of a state, expressing disapproval of the injurious or offensive 14 act, conveying an apology by dispatching an extraordinary or special mission and providing an explanation of the act in question.37 Punishment of the guilty persons would usually involve the trial of the individuals responsible for the breach of international law or even the undertaking of an investigation to elucidate the facts of a case.38 An example for demands for guarantees for the future is the Constitución incident (1907), whereby Uruguay demanded that Argentina should make a statement to the effect that it had no intention of disregarding the jurisdiction enjoyed by Uruguay.39 Such individuals have to be state agents or their acts should be imputable to the state. In 1989, Professor Arangio-Ruiz considered in this second report for the ILC on State Responsibility that satisfaction could take and has taken various forms. Arangio-Ruiz mentioned regrets, punishment of the responsible individuals, safeguards against repetition, the payment of symbolic or nominal damages or of compensation on a broader basis, and a decision of an international tribunal declaring the unlawfulness of the State’s conduct.40 One of the most recent arbitral award rulings on just satisfaction is that of Rainbow Warrior, in 1990. The tribunal found that ‘the infringement of the special regime designed by the Secretary-General to reconcile the conflicting views of the Parties has provoked indignation and public outrage in New Zealand and caused a new, additional nonmaterial damage. This damage is of a moral, political and legal nature, resulting from the affront to the dignity and prestige not only of New Zealand as such, but of its highest judicial and executive authorities as well.’41 In that case the Secretary-General ruled that the French Government ‘should pay the sum of US dollars 7 million to the Government of New Zealand as compensation for all the damage it has suffered’.42 Both parties agreed to this award, which stood both for monetary and non-material damage. As this was the case, the Rainbow Warrior tribunal did not make an order for monetary compensation.43 After extensively considering a declaratory judgment as a means of just satisfaction, the tribunal made four declarations of material breach of its obligation by France and it decided to make public the text of its award.44 Another example on just satisfaction comes from the International Tribunal of the Law of the Sea (ITLOS). In 1999, ITLOS considered the SAIGA case, where it held that: ‘With regard to the claims of Saint Vincent and the Grenadines The Contribution of the European Court of Human Rights and the Inter-American Court of Human Rights to the Emergence of a Customary International Rule of Just Satisfaction and the Creative Expansion of its Scope for compensation for violation of its rights in respect of ships flying its flag, the Tribunal has declared in paragraphs 136 and 159 that Guinea acted wrongfully and violated the rights of Saint Vincent and the Grenadines in arresting the Saiga in the circumstances of this case and in using excessive force. The Tribunal considers that these declarations constitute adequate reparation.’45 In 2000, satisfaction was recognised as one of the forms of reparation for victims of gross violations of human rights and fundamental freedoms.46 Principle 25 as identified by Professor Bassiouni made provision for various forms of just satisfaction, including cessation of continuing violations, verification of the facts and full and public disclosure of the truth to the extent that such disclosure does not cause further unnecessary harm or threaten the safety of the victim, witnesses, or others, the search for the bodies of those killed or disappeared and assistance in the identification and reburial of the bodies in accordance with the cultural practices of the families and communities, an official declaration or a judicial decision restoring the dignity, reputation and legal and social rights of the victim and of persons closely connected with the victim, apology, including public acknowledgement of the facts and acceptance of responsibility, judicial or administrative sanctions against persons responsible for the violations, commemorations and tributes to the victims, and inclusion of an accurate account of the violations that occurred in international human rights and humanitarian law training and in educational material at all levels. This list of methods of just satisfaction seems to codify the practice of the ECtHR and IACtHR of the past half century. In 2001, the Draft Articles on State Responsibility were adopted by the ILC.47 Article 31(1) provides that ‘The responsible State is under an obligation to make full reparation for the injury caused by the internationally wrongful act’. Article 32(2) provides that ‘Injury includes any damage, whether material or moral, caused by the internationally wrongful act of a State.’ Article 37(1) provides that ‘The State responsible for an internationally wrongful act is under an obligation to give satisfaction for the injury caused by that act insofar as it cannot be made good by restitution or compensation.’ Article 37(2) provides that ‘Satisfaction may consist in an acknowledgement of the breach, an expression of regret, a formal apology or another appropriate modality.’ Article 37(3) provides that ‘Satisfaction shall not be out of proportion to the injury and may not take a form humiliating to the responsible State.’ It may be argued that the ILC codified the already existing customary rule of public international law on just satisfaction in 2001. III. Forms of Satisfaction In the early days of the ECtHR, it reserved the question of just satisfaction to a later and additional judgment. An example is the Belgian Linguistics case. In that case, the ECtHR reserved for the ‘Applicants concerned the right, should the occasion arise, to apply for just satisfaction’ regarding the breach of Article 14 of the Convention.48 The ECtHR adopted a similar approach in the case of de Wilde Ooms and Versyp (‘Vagrancy’) v. Belgium49 and the Sunday Times v. United Kingdom.50 In 1975, the Court changed its approach. In Golder v. United Kingdom, the ECtHR was of the opinion that in the circumstances of the case it was not necessary to afford to the applicant any just satisfaction other than that resulting from the finding of a violation of his rights .51 The ECtHR adopted the declaratory judgment as a form of just satisfaction. On the other hand, the IACtHR did not seem to reserve its decision on just satisfaction in any reported case. A. Traditional Forms of Just Satisfaction a. Apologies and statements of regret The first known case where an apology was awarded as a form of just satisfaction was the I’m Alone case. There the tribunal said that the United States ought formally to acknowledge the illegality of its actions in sinking the Canadian ship and to apologize to the Canadian Government.52 Public apologies are a method of just satisfaction employed by the IACtHR, considered to be a ‘public acknowledgment of responsibility’. In the case of Carpio Nicolle, the Court ordered Guatemala to make an apology to the next of kin of the victims.53 In the case of Anzualdo Castro, the IACtHR once again ordered the respondent state, Peru, ‘to organize a public act of acknowledgment of international responsibility for the facts and to apology to the victim and his next-of-kin, in consultation with the latter, in order to make sure his memory is preserved.’54 An additional requirement was imposed in the ‘Cotton Field’ case to the organisation of a public act of acknowledgment. The IACtHR ordered that it be ‘take place during a public ceremony and be broadcast by local and federal video and 15 Alexia Solomou television’.55 Apologies are not the preferred method of just satisfaction for the ECtHR. b. Declaratory Judgments Declaratory judgments is the most common type of just satisfaction for the ICJ. Christine Gray argues that the declaratory judgment plays ‘a central role in the jurisprudence of the ICJ.’56 The reason why this remedy is preferred by the ICJ is because it is the least intrusive remedy that a tribunal can afford.57 The earliest case of the ICJ on just satisfaction is the Corfu Channel, where the Court held that a declaratory judgment that there had been a breach of international law could provide adequate satisfaction for harm to a state.58 In another case, the Temple of Preah Vihar case, the Court declared that Cambodia had sovereignty over the temple and ordered Thailand to withdraw its police and military forces from the temple and its vicinity on Cambodian territory and return sculptures and other objects taken from the temple.59 In the LaGrand case, the ICJ considered that ‘The Court considers in this respect that if the United States, notwithstanding its commitment [to ensure implementation of the specific measures adopted in performance of its obligations under Art. 36 (1) (b) Vienna Convention on Consular Relations, should fail in its obligation of consular notification to the detriment of German nationals, an apology would not suffice in cases where the individuals concerned have been subjected to prolonged detention or convicted and sentenced to severe penalties.’60 In the Arrest Warrant case, the Court considered that: ‘Those acts engaged Belgium’s international responsibility. The Court considers that the findings so reached by it constitute a form of satisfaction which will make good the moral injury complained of by the Congo.’61 In the Bosnian Genocide case, the ICJ considered that “It is however clear that the Applicant is entitled to reparation in the form of satisfaction, and this may take the most appropriate form, as the Applicant itself suggested, of a declaration in the present Judgment that the Respondent has failed to comply with the obligation imposed by the Convention to prevent the crime of genocide… the Court considers that a declaration of this kind is ‘in itself appropriate satisfaction’… and it will, as in that case, include such a declaration in the operative clause of the present Judgment.’62 Declarations of breach of international law were made in a series of cases of the ICJ.63 Awards of monetary compensation for moral damage are not a usual remedy for the ICJ. Declaratory 16 judgments seem to be its preferred method of just satisfaction. The ECtHR also uses the declaratory judgment as a form of just satisfaction.64 In several cases, the ECtHR considers that the judgment alone constituted just satisfaction for the moral damage caused by the violation of the Convention.65 In the case of Assanidze v. Georgia, the ECtHR reitered thtat ‘its judgments are essentially declaratory in natureand that, in general, it is primarily for the State concerned to choose the means to be used in its domestic legal order in order to discharge its legal obligation under Article 46 of the Convention, provided that such means are compatible with the conclusions set out in the Court’s judgment ’.66 This discretion regarding the manner of execution of a judgment reflects the freedom of choice attached to the primary obligation of contracting states under the Convention to secure the rights and freedoms guaranteed.67 This approach has been criticised by Judges Ganshof, van der Meersch and Evrigenis in the case of Engels v. The Netherlands, where they considered that: ‘It seems difficult to accept the proposition that the finding by the Court of a breach of the substantive provisions of the Convention, whilst constituting a condition for the application of Article 50, can at the same time be the consequence in law following from the same provision.’68 In a few cases, the Court has rejected claims for monetary compensation, considering that the Court’s judgment was sufficient just satisfaction.69 The IACtHR’s approach to declaratory judgments as a form of just satisfaction is different. It usually considers that while a declaratory judgment does constitute reparation, it is not, in and of itself, sufficient reparation for an injured individual. It further considers that even monetary compensation is not an adequate remedy because human rights cannot be quantified, despite having made several such monetary awards.70 On the other hand, the IACtHR considers that the declaratory judgment alone is not sufficient, taking into account the seriousness of the violations of human rights. The immaterial damage should be compensated on the basis of equity or my ordering other appropriate measures. However, in death penalty cases, the IACtHR considers that its ‘judgment constitutes, per se, a form of reparation’.71 A corollary obligation to the declaratory function of the judgments of the IACtHR is the publication of their operative parts both the Official Gazette and other newspapers of nationwide circulation.72 The Contribution of the European Court of Human Rights and the Inter-American Court of Human Rights to the Emergence of a Customary International Rule of Just Satisfaction and the Creative Expansion of its Scope c. Monetary compensation In order to award just satisfaction tribunals a ‘a clear causal connection between the pecuniary damage claimed by the applicant and the violation of the Convention and that this may, where appropriate, include compensation in respect of loss of earnings or other sources of income’.75 The causal connection between violation and damage is strict,76 even in cases where the damage flowing from the violation of the European Convention might be inherently uncertain.77 Awards of just satisfaction may still be made ‘notwithstanding the large number of imponderables involved in the assessment of future losses, though the greater the lapse of time involved the more uncertain the link between the breach and the damage becomes.’78 the anxiety and distress that these undoubtedly caused to his father, who has continued with the application after his son’s death…, the Court has decided to award the full amounts of compensation sought as regards pecuniary and non-pecuniary damage. In total this amounts to 4,283,450,000 (four thousand two hundred and eighty-three million, four hundred and fifty thousand) Turkish liras...’79 In the case of Av ar v. Turkey, the ECtHR after having found a violation of Article 2 with respect to the death of Mehmet Şerif Avşar and failure to provide an effective investigation into his death, it awarded on ‘an equitable basis the sum of GBP 20,000 for nonpecuniary damage to be held by the applicant for Mehmet Şerif Avşar’s widow and children, such sum to be converted into Turkish liras at the rate applicable at the date of payment. It recalls that the applicant, living in Germany, was not directly involved in the events, including the domestic proceedings. In the circumstances, it awards the sum of GBP 2,500.’80 The IACtHR case-law on unlawful deaths is becoming more extensive.81 In the case of Moiwana Community v. Suriname, where part of the N’djuka indigenous community had been massacred, the IACtHR awarded 10,000 USD to each victim in light of the fact that they could not honour and bury their loved ones in accordance with their cultural norms and given the lack thereof, the fear among the community the ‘spiritually-caused illnesses’, which they believed would persist through generations.82 In another landmark case of the IACtHR, the Barios Altos, an agreement on reparations was reached between the parties whereby the respondent state undertook to pay US$ 175.000,00 (one hundred and seventy-five thousand dollars of the United States of America) to each of the victims, with the exception of Máximo León, who was paid an indemnification of US$ 250.000,00 (two hundred and fifty thousand dollars of the United States of America).’83 In the Velasquez-Rodriguez case, the IACtHR pushed its award of just satisfaction a step further to cover the moral damage sustained by the victims’ families.84 In the Aloeboetoe case, the Court awarded damages for pun and suffering to the parents of the victims.85 1. Right to Life 2. Right to property The ECtHR has made awards of just satisfaction in right to life cases. For example, in the case of Aksoy v. Turkey, the ECtHR held that in view of ‘the extremely serious violations of the Convention suffered by Mr Zeki Aksoy and The ECtHR has also made awards of just satisfaction in cases where a violation of the right to property has been found. For example, in the case of Papamichalopoulos and Others v. Greece, the ECtHR considered that ‘the breach While not explicitly provided for in the ILC Articles on State Responsibility, one of the most common forms of just satisfaction is monetary compensation. Christine Gray argued in 1987 that it was doubtful whether any decision apart from the I’m Alone has ever awarded pecuniary satisfaction to a state in the form of an award of money for itself rather than in the form of an increased award to its national from which the state is to derive more tangible satisfaction.73 This still holds true today, with the possible exception of the 2014 judgment of the ECtHR in the case of Cyprus v. Turkey.74 Nevertheless, this case is not in its entirety an exception because the Court ordered Cyprus to distribute the two awards of just satisfaction to the individuals of the two groups concerned: the families of missing people and the enclaved residents of the Karpas peninsula. On the other hand, there has been a prolific practice from the ECtHR and the IACtHR of awards of compensation for just satisfaction. The categories of breach of rights for awarding just satisfaction is ever expanding: compensation for material or pecuniary damage (including the right to life, right to property, procedural defects), and compensation for moral damage (including reasonable time breaches, particularly serious violations, right to liberty and pure non-pecuniary damage). i. Compensation for material or pecuniary damage 17 Alexia Solomou of the Convention caused the applicants definite non-pecuniary damage arising from the feeling of helplessness and frustration in the face, firstly, of the Navy’s and successive governments’ refusal to comply with the decisions of the Greek judicial and administrative authorities …and, secondly, of the failure of the attempt to recover land of equal value in exchange ... The Court awards each of the applicants 450,000 drachmas under this head, in other words 6,300,000 drachmas in all.’86 Furthermore, in the case of Akkus v. Turkey, the Court considered ‘that the applicant has definitely sustained non-pecuniary damage, which it assesses on an equitable basis at USD 1,000.’87 In the case of Matos e Silva, the Court made an award of PTE 10,000,000 for the expropriation of property resulting in the violation of Article 1 Protocol 1 to the Convention.88 3. Procedural defects The ECtHR has also made awards of just satisfaction in cases where there has been procedural defects caused by the lack of supporting documents and contradictions in statements made by the applicant regarding the losses claimed. For example in the Barbera, Messegue and Jabardo case, given that reparation could not fully redress the damage sustained by the applicants, the Court making an assessment on an equitable basis awarded ‘Mr Barberà 8,000,000 pesetas, Mr Messegué 8,000,000 pesetas and Mr Jabardo 4,000,000 pesetas, to cover all the heads of damage claimed.’89 In the case of Hutchison Reid v. United Kingdom, the ECtHR held that ‘the procedural breach under Article 5 § 4 concerning the burden of proof and the long period of delay in the proceedings brought by the applicant for his release and considers that some feelings of frustration and anxiety must have arisen which justify an award of non-pecuniary damage. It awarded a sum of 2,000 EUR in this respect.’90 Another example is the case of Probstmeier, where the ECtHR considered that: ‘The damage sustained cannot be precisely calculated. Assessing it as a whole and on an equitable basis, the Court awarded the application compensation in the sum of DEM 15,000.’91 In the case of Comingersoll, the ECtHR, in assessing a company’s claim, took into account ‘the company’s reputation, uncertainty in decision-planning, disruption in the management of the company (for which there is no precise method of calculating the consequences) and lastly, albeit to a lesser degree, the anxiety and inconvenience caused to the 18 members of the management team.’92 The Court accordingly awarded the applicant company with PTE 1,500,000.93 II. COMPENSATION DAMAGE FOR MORAL Compensation for moral damage is one of the main awards of just satisfaction made by international human rights tribunals. A landmark case is that of Sidabras and Dziautas v. Lithuania. The ECtHR found a violation of Article 14 taken in conjunction with Article 8 as regards the employment restrictions that were imposed on the applicants under the KGB Act. It thereby considered that the applicants were considered to have sustained ‘a certain amount of pecuniary and non-pecuniary damage. Making its assessment on an equitable basis, the Court awards each of the applicants EUR 7,000 under this head.’94 1. Reasonable Time Breaches In several cases, the ECtHR was awarded just satisfaction in cases where the length of domestic proceedings has exceeded the reasonable time stipulated by Article 6(1) of the Convention. In the case of Zimmermann, the Court held that ‘assuming that the applicants suffered some degree of prejudice in the form of mental strain, adequate compensation therefore would in this case be furnished by the finding, in the present judgment, that the reasonable time was exceeded’.95 In the case of Guincho, the Court stressed the uncertainty lengthy proceedings put the applicant in and it awarded him the sum of 150,000 Escudos by way of just satisfaction.96 The Court further considered in the Ceteroni case that a declaratory judgment did not constitute sufficient satisfaction for the non-pecuniary damage sustained by the applicant and it awarded ‘Mr Umberto Ceteroni ITL 50,000,000 and Mr Gaetano Ceteroni and Mrs Anna Maria Ceteroni ITL 25,000,000 each.’97 2. Torture and Inhuman and Degrading Treatment Just satisfaction is further made in cases where applicants have suffered torture or inhuman and degrading treatment. As early as 1983, the ECtHR in the case of Dudgeon, the Court considered that its judgment of 22 October 1981 constituted in itself adequate just satisfaction for the purposes of Article 41 (then Article 50).98 Further, in the case of Selmouni the ECtHR, in The Contribution of the European Court of Human Rights and the Inter-American Court of Human Rights to the Emergence of a Customary International Rule of Just Satisfaction and the Creative Expansion of its Scope light of the ‘extreme seriousness of the violations of the Convention’ awarded the applicant FRF 500,000.99 B. Modern Forms of Just Satisfaction The IACtHR has been very creative in awarding of various types of measures as just satisfaction. This is largely because it is given a wide degree of discretion by Article 63 of the Inter-American Convention on Human Rights. Compared to the Inter-American Court, the ECtHR has been less creative. Nevertheless, given the dozens of thousands of cases inundating the ECtHR, it has created the ‘pilot judgment’ procedure, dealing with systemic human rights violations, affecting groups of individuals in the concerned member states of the Council of Europe.100 Given that the preferred method of just satisfaction for the ECtHR is monetary compensation, the categories of cases where such awards have been made have creatively expanded to cover environmental harm and child care, and they are made not only to natural persons, but also to legal persons. a. Remuneration of costs and fees An impressionistic approach is adopted by the ECtHR in compensation for costs and expenses cases. The ECtHR generally covers the applicant’s costs if they were reasonably incurred.101 Such costs must also be necessarily incurred.102 When the award is not challenged by the defendant government, the Court tends to make the award requested in full.103 When the award is contested by the defendant government, the Court usually awards a lump sum assessed on an equitable basis.104 The ECtHR does not allow costs for extra lawyers or incidental expenses, where the prove to be unnecessary.105 Furthermore, the ECtHR denies costs which are incurred in advancing extensive submissions, which are eventually rejected by the Court, as they are not necessary to establish a breach of the Convention.106 Barristers’ fees must also be reasonable, otherwise they will be considered as excessive by the Court.107 In Young, James and Webster the Court established a rule of thumb: ‘It is important that applicants should not encounter undue financial difficulties in bringing complaints under the Convention and the Court considers that it may expect that lawyers in contracting States will co-operate to this end in the fixing of their fees.’108 b. Appropriate measures to be adopted domestically Many a time, both the ECtHR and the IACtHR have ordered respondent states to adopt domestic measures in order to make just satisfaction. For example, in the Assanidze case, the ECtHR ordered Georgia to adopt ‘domestic legislation’, which would ‘remove any obstacles in its domestic legal system that might prevent the applicant’s situation from being adequately redressed’ 109 The ECtHR further held that Georgia had a legal obligation to choose, subject to supervision by the Committee of Ministers, the general and/or, if appropriate, individual measures to be adopted in its domestic legal order to put an end to the violation found by the Court .110 The case of Broniowski is a prime example of the ‘pilot judgment procedure’ of the Court, aimed at tackling systemic or structural problems in national legal orders.111 At the merits stage, the ECtHR found a violation of the right to property originating from a system problem connected with the malfunctioning of domestic legislation and practice caused by a failure to set up an effective mechanism to implement the ‘right to credit’ of Bug river claimants, with the consequences that a whole class of individuals had been or were still being denied the peaceful enjoyment of their possessions.112 In that case the Court ordered Poland to take ‘general measures at national level’ for the execution of the judgment, which should take into account ‘the many people affected and remedy the systemic defect underlying the Court’s finding of a violation’.113 It also ordered ‘a scheme offering to those affected redress for the Convention violation.’ The creativity of the IACtHR when it comes to remedies can be demonstrated in an array of cases. For example, in the case of Aloeboetoe v. Suriname, the Court ordered Suriname to reopen the village school, to establish a medical clinic and establish a Trust Fund as reparation for the unlawful killings of villagers.114 Healthcare support and educational benefits were also part of the just satisfaction awarded by the IACtHR in the Barrios Altos case.115 Where the state has been involved in disappearances, the Court has ordered the state concerned to find and return the remains of the disappeared as reparation for the victims ‘families.116 The ECtHR’s approach in Cyprus v. Turkey (2014) has been different regarding missing persons, where it awarded a lump sum as just satisfaction to the families 19 Alexia Solomou of the disappeared. In other cases, the IACtHR has ordered the state to change its institutions, provide human rights training for state officials,117 including prison officials,118 judges, prosecutors and health professionals working in such institutions,119 and to amend its laws or ratify human rights treaties.120 Other measures include the adoption of legislation domestically or the modification of existing legal provisions. In the case of Trujillo Oroza, the IACtHR considered that a declaratory judgment was insufficient, and it ordered Bolivia to define the forced disappearance of persons as an offence in its domestic legislation.121 Adopting an innovative approach the IACtHR further ordered that ‘the name of José Carlos Trujillo Oroza […] should be assigned to a school, as a way of preserving his memory’.122 A further measure ordered by the IACtHR is the setting up of a record of detainees to prevent illegal detentions or to control their legality and sanction the authorities where necessary.123 Another measure is the ordering of finding the remains of the victim and hand them over to the next of kin, for them to be buried in accordance with their customs and religious beliefs at no cost to the relatives.124 A further measure is the creation of a system of genetic information that can contribute to the determining and clarifying and identification of the disappeared children and their next of kin.125 In contrast to the IACtHR’s positive action approach regarding just satisfaction, the ECtHR refused the applicants’ request in the case of Selçuk v. Turkey to be re-established in their village, which had been burned by Turkish authorities. The Court recalled that ‘a judgment in which it finds a breach imposes on the respondent state a legal obligation to put an end to the breach and make reparation for its consequences in such a way as to restore as far as possible the situation existing before the breach (restitutio in integrum).’ If this is impossible in practice, ‘the respondent states are free to choose the means whereby they comply with a judgment in which the court has found a breach and the Court will not make consequential orders or declaratory statements in this regards. It falls to the Committee of Ministers of the Council of Europe, acting under Article 54 of the Convention to supervise compliance in this respect’.126 The ECtHR appears cautious in its approach. Dinah Shelton characterises the ECtHR’s approach as ‘hesitant’, carefully scrutinising each claim for just satisfaction, even where there is no opposition from the respondent state.127 20 c. Investigation of violations and imposition of appropriate punishment The prime example of this type of just satisfaction is the case of Velásquez Rodriguez. The IACtHR held that Honduras had ‘a legal duty to take reasonable steps to prevent human rights violations and to use the means at its disposal to carry out a serious investigation of violations committed within its jurisdiction, to identify those responsible, to impose the appropriate punishment and to ensure the victim adequate compensation.’128 In the Goiburu case, Paraguay was ordered by the IACtHR to prosecute and to initiate further extradition proceedings concerning those responsible for mass human rights violations.129 Furthermore, in the Godinez Cruz case, the IACtHR ordered Honduras ‘specifically, not to resort to measures such as amnesty, extinguishment and measures designed to eliminate responsibility.’130 This is the negative obligation corollary to the obligation of investigation of violations and the imposition of appropriate punishment to the perpetrators of an involuntary disappearance. Yet, in the Villagran Morales case, the IACtHR ordered the respondent State ‘to provide the resources and adopt the other necessary measures for the transfer of the mortal remains’ of one of the murdered adolescents and ‘the subsequent burial at the place of the choice of his relatives’.131 d. Measures for immediate release of arbitrarily detained individuals Another measure of just satisfaction awarded by international human rights tribunals is the immediate release of arbitrarily detained individuals. For example in the case of Assanidze, the ECtHR considered that Georgia had to secure the applicant’s release at the earliest possible date.132 The ECtHR made the same award in the case of Ilascu, in addition to an award of monetary compensation ‘to Mr Ivan oc, Mr Leşco and Mr Petrov-Popa, EUR 60,000 (sixty thousand euros) each in respect of pecuniary and non-pecuniary damage’.133 It also ordered Moldova to pay an award ‘to each applicant, EUR 3,000 (three thousand euros) in respect of non-pecuniary damage sustained on account of the breach of Article 34.’ It further ordered Russia to pay the following sums ‘to Mr Ilaşcu, EUR 180,000 (one hundred and eighty thousand euros) in respect of pecuniary and non-pecuniary damage; to each of the other applicants, EUR 120,000 (one The Contribution of the European Court of Human Rights and the Inter-American Court of Human Rights to the Emergence of a Customary International Rule of Just Satisfaction and the Creative Expansion of its Scope hundred and twenty thousand euros) in respect of pecuniary and non-pecuniary damage; to each applicant, EUR 7,000 (seven thousand euros) in respect of non-pecuniary damage sustained on account of the breach of Article 34’.134 The IACtHR, in addition to ordering the release of the individual concerned, it also ordered the provision of a new job, benefits and a pension.135 e. Establishment of Truth Commissions In the case of Goiburu, the IACtHR deemed ‘that the adoption of Act 2225 “creating the Truth and Justice Commission” to investigate acts that constitute or could constitute human rights violations committed by State or para-State agents from May 1954 until the promulgation of this Act’, is an element of reparation In this regard, the Court considered that the work of this Commission could contribute to seeking the truth about a period in Paraguay’s history; it therefore constitutes a very important effort by the State. In this regard, the Court urged the State to continue encouraging the development of its work.’136 f. Establishment of Documentation Centre In the case of Goiburu, the IACtHR ordered ‘the creation of the Center of Documentation and Files for the Defence of Human Rights, known as the “Terror Files”. This would contribute to the search for the historic truth not only of Paraguay, but of the entire region. The preservation, classification and systematization of these documents constitutes an important effort for establishing and acknowledging the historic truth of the events that occurred in the Southern Cone during several decades.’137 g. Establishment of a Property Rights Commission In the case of Xenides-Arestis v. Turkey, the ECtHR considered the appropriate remedy for the violation of the right to property of displaced Greek-Cypriots. Given that more than 1400 property rights cases were brought by Greek – Cypriots against Turkey, following the Loizidou case, the ECtHR stressed the need for the state to adopt measures that would ‘put an end to the violation found by the Court and to redress so far as possible the effects’.138 It accordingly ordered Turkey to ‘introduce a remedy… which secures genuinely effective redress for the Convention violations’ for that case and for similar applications pending before the Court’.139 At the just satisfaction stage of the same case, the Court discussed the new statute adopted by the Turkish Republic of Northern Cyprus in response to its judgment, which set up the Immovable Property Commission (IPC).140 The IPC was set up for the purpose of examining applications made in respect of properties within the scope of the aforementioned law, is composed of seven members, five of whom are foreign members and it has the competence to decide on the restitution, exchange of properties or payment of compensation.141 This was held to be an effective domestic remedy in the case of Demopoulos v. Turkey, which had to be exhausted before having recourse to the ECtHR for a complaint of property rights violations emanating from the 1974 invasion of Cyprus by Turkey.142 h. New Heads of Non-pecuniary damage Pecuniary compensation, being the preferred method of just satisfaction of the ECtHR, has been awarded in an ever expanding category of cases, covering various types of damage, including environmental nuisance. i. Child care In the case of Olsson, a violation of Article 8 of the Convention was found by the ECtHR because of the disruption of the Olsson family to meet their children, which caused them ‘substantial anxiety and distress’. Making an assessment on an equitable basis’ awarded the parents the sum of SEK 200,000.143 Furthermore, in the case of Elsholz, after finding of a violation of the right to family, the Court awarded the applicant DEM 35,000 for the anxiety and distress the Lopez family had suffered due to their house being locate in the vicinity of a waste-treatment plant.144 ii. Environmental nuisance The ECtHR’s case-law on just satisfaction has expanded to cover environmental nuisance, protected, under an expansive interpretation of Article 1 of Protocol I and Article 8 to the European Convention. For example, in the case of Lopez Ostra, the Court awarded the applicant ESP 4,000,000.145 Furthermore, in such cases given that the distinction between pecuniary and nonpecuniary damage proves difficult, the ECtHR makes a global assessment for its just satisfaction award.146 In the case of Hatton the Court made a declaratory finding of the violation of Article 13 to the Convention since domestic United Kingdom legislation deprived the applicants from pursuing 21 Alexia Solomou an action in nuisance for the disturbance caused by night flights from Heathrow Airport.147 In the case of Guerra, the applicant requested the ECtHR to make an order ‘requiring the respondent State to decontaminate the entire industrial estate concerned, to carry out an epidemiological study of the area and the local population and to undertake an inquiry to identify the possible serious effects on residents most exposed to substances believed to be carcinogenic.’148 Nevertheless, the Court considered that the Convention did not empower it to accede to such a request, while reiterating that it is ‘for the State to choose the means to be used in its domestic legal system in order to comply with the provisions of the Convention or to redress the situation that has given rise to the violation of the Convention.’149 iii. Legal persons Furthermore, the ECtHR has made awards of just satisfaction not only to natural persons but also to legal persons for non-pecuniary damage sustained due to a violation of one of the rights protected under the European Convention. For example in the case of Comingersoll, the ECtHR made an award to a private company.150 In the Vereinigung demokratischer Soldaten Osterreichs and Gubi case, the ECtHR made an award of just satisfaction to an association,151 and in the Freedom and Democracy Party it made an award of FRF 30,000 to a political party.152 i. Proyecto de Vida In the landmark case for the international law of remedies, Loayza Tamayo v. Peru, the IACtHR adopted the concept of ‘proyecto de vida’, including lost opportunities and enjoyment of life as an element of damages independent of lost future earnings.153 The Court considered that this concept encompassed the applicant’s reasonable expectations for the future.154 While not making an award of pecuniary compensation under the heading of just satisfaction, the Court found that her natural and foreseeable development had been interrupted by the acts violating her human rights.155 IV. LIMITATIONS This part will examine the limitations to the rule of just satisfaction. Such limitations include proportionality and that just satisfaction must not take any form humiliating to the responsible state. This section will explore the 22 current practice of the ECtHR and the IACtHR in awarding punitive damages. Not strictly abiding to the limitation of proportionality, excessive or abusive awards of just satisfaction are sometimes made. This contributes to the lack of coherence and predictability of such awards. This article will suggest the insertion of certain criteria when making such determinations for awards for just satisfaction to better abide to the principle of proportionality. A. Proportionality The ECtHR’s approach when an applicant asks the court to be compensated, but does not specify the amount, is to make an award of just satisfaction that is fair and equitable.156 The IACtHR also makes awards for moral damages ‘based upon the principles of equity’, while ‘considering the special circumstances of the case.’157 Such awards are either made to the applicants or their next of kin. The notable difference between the ECtHR and the IACtHR, is that the latter oftentimes finds that monetary compensation is not sufficient and it makes additional orders for specific measures to be taken. Christine Gray argues this approach ‘has not avoided the problem of inevitably arbitrary amounts of compensation for moral injury’.158 This arbitrariness is compounded by sometimes allowing monetary compensation and sometimes refusing it. If the ECtHR is making an award for material loss it will generally include an element of unspecified amount to cover non-pecuniary loss as well.159 The ECtHR has sometimes assumed that existence of a moral injury and it has awarded compensation for this.160 It has even awarded compensation without any claim of just satisfaction being lodged by the applicant.161 . In other cases, the ECtHR has refused to assume the existence of any moral injury.162 Sometimes a stark difference between the amount of just satisfaction claimed and the actual award made can be identified.163 For example in the case of Assanidze, where the applicant was unlawfully detained, the ECtHR made an award of 150,000 EUR, at the point where the applicant requested 3,000,000 EUR.164 To complicate things further, there are cases where the ECtHR assumed moral injury, but argued that pecuniary compensation was not justified.165 To make this even more complex, there have been cases where the applicant specifies amount of non-pecuniary damage, but the ECtHR awarded a higher amount.166 It therefore seems that neither international human rights tribunal adopts a structured approach in making a non- The Contribution of the European Court of Human Rights and the Inter-American Court of Human Rights to the Emergence of a Customary International Rule of Just Satisfaction and the Creative Expansion of its Scope pecuniary damage award, with little reference being made to the limitation of proportionality.167 Christine Gray argues that the ECtHR’s decision between a mere finding of a violation and the award of pecuniary compensation for moral injury ‘does not depend on the particular Article violated.’168 A violation of the right to life, for example, will not attract a higher pecuniary award than a violation of a procedural defect. The ECtHR seems to allow pecuniary compensation for what it considers serious breaches of human rights, despite government opposition to such an award of just satisfaction. The ECtHR seems to make such award on a case-by-case basis, without any attempt of making its case-law coherent. This might be explained on the grounds that quantifying moral damage is not a practicable exercise on its face. This is reflected in the usual practice of applicants not to specify the award of just satisfaction they are seeking, but rather to leave such an amount at the discretion of the Court.169 Dinah Shelton argues that the ECtHR is influenced by the nature of the victim and the degree of sympathy it feels.170 Judge CançadoTrindade argues that the difficulty of making just satisfaction awards lies ‘in the absence of an objective criterion of assessment of human suffering’.171 The complexity of the assessment of the just satisfaction award is reflected in the following dictum from the Sporrong and Lonnroth case, where the right to property had been violated by the Swedish government: The assessment of the damage suffered presents particular difficulties on this occasion and is thus very problematical. The difficulties turn in part on the technical nature of real-estate matters, the complexity of the calculations made by the experts acting for the applicants and for the Government and the intervening changes in the claims put forward by the injured parties; they arise above all from the virtual impossibility of quantifying even approximately, the loss of opportunities…The damage suffered is made up of a number of elements which cannot be severed and none of which lends itself to a process of precise calculation.172 The IACtHR, in contradistinction with the ECtHR has given an indication of the factors it takes into account when making a just satisfaction award. Factors taken into account include the economic and social position of the parties,173 difference in the injuries and ill-treatment suffered by the victims,174 the egregiousness of the state’s wrongdoing,175 the persuasiveness of the evidence,176 the extend of emotional and psychological suffering,177 whether the authorities of the respondent state concerned have attempted to conceal the truth or deny the provision of information of missing individuals to their family members.178 Nevertheless, the IACtHR has issued a caveat when taking into account the above factors: ‘that jurisprudence can serve as a guide to establish principles in this matter [of compensating non-monetary harm], although it cannot be invoked as an absolute criterion, since the particularities of each case must be examined individually.’179 While the ECtHR does not explicitly refer such factors, some guidance can be found in the concurring opinion of Judges Pinto de Albuquerque and Vučinić in the 2014 case of Cyprus v. Turkey. Among the relevant criteria, they suggest, are the objective gravity of the wrongful conduct, the degree of reprehensibility of the intention or recklessness of the wrongdoer, the extent of the harm caused to the applicant and third parties, the consequential gains obtained by the wrongdoer and third parties and the probability of non-enforcement of a breached right.180 B. Must not take any form humiliating to the responsible state The second limitation imposed by the ILC Articles on State Responsibility on just satisfaction awards is that they must not take any form humiliating to the responsible state. While the ECtHR in principle makes awards of just satisfaction only to the extent necessary, it enjoys a large margin of discretion which has resulted in incoherent case-law.181 The notion of equitable assessment makes it difficult to extract clear criteria from the case law. Wildhaber argues that the lack of expertise of the Judges and the lack of time to analyse extensive material regarding the allege damage exacerbate this problem.182 Oftentimes the ECtHR constrains itself only to declaratory judgments as it is difficult to monetarily measure the non-pecuniary damage sustained by the applicants or they simply do not find it necessary do make such awards.183 On the other hand, the IACtHR oftentimes considers that an award of monetary compensation would not make good the non-pecuniary damage suffered by the applicants and it makes orders of specific performance on the respondent states. Such specific orders however suffer from a low degree of compliance from the states concerned. The ECtHR however leaves it upon the respondent state to choose measures which would rectify the violations of the Convention. This approach 23 Alexia Solomou allows more flexibility to respondent states and it is more readily and easily complied with by states. Notably, in the El Amparo v. Venezuela case, the IACtHR rejected the Venezuelan request to limit remedies to declaratory judgments, by making reference to the practice of the ECtHR.184 In certain cases the ECtHR has made a just satisfaction award for potential violations of the Convention. In the case of Gürbüz v. Turkey, the ECtHR held that Turkey would violate Article 3 if the Turkish authorities decided to deprive the applicants of their freedom without there being any significant improvement in their medical fitness to withstand such a measure. Under Article 41 of the Convention (just satisfaction) the Court awarded the following sums for non-pecuniary damage: 6,000 euros (EUR) to Mr Gülü, EUR 3,000 each to Ms Kuruçay and Mr Uyan and EUR 10,000 to Mr Tekin Yildiz.185 Such awards are made the ECtHR notwithstanding that the prospects of realisation are questionable.186 Furthermore, in the case of Bonisch v. Austria, the Court did not ‘exclude the possibility that the applicant suffered, as a result of the potential effects of the violation found, a loss of opportunities of which account must be taken, even if the prospects of realising them were questionable ’187 The Court found that the applicant had undoubtedly suffered non-pecuniary damage in that case.188 The same approach was adopted in the case of Sara Lind Eggertsdottir v. Iceland, where the ECtHR made an award of EUR 75,000 for non-pecuniary damage –one of the highest individual awards of just satisfaction made in the history of this Court.189 It might be argued that awards for potential violations of the Convention might be humiliating to the state concerned, as it cannot be help ‘responsible’ as such breaches have not yet occurred. a. Punitive or aggravated damages for Particularly Serious Violations Punitive damages have been excised from the ILC Articles on State Responsibility in 1992,190 despite the fact that just satisfaction was previously considered to be of essentially a punitive nature.191 Punitive damages are considered to be criminal or quasi-criminal in nature and they therefore have no place in a civil action, which aims to restore the victim to the position they would have been in had the breach of international law not occurred. Furthermore, it is inappropriate to make a criminal award when the standard of proof is lower than that required by criminal law, which is beyond any reasonable doubt. There is no known judgment 24 by the ECtHR nor the IACtHR making a punitive damages award. The ECtHR explicitly rejected the applicant’s request for punitive damages in the case of Silver v. United Kingdom.192 The IACtHR has also rejected the applicants request for punitive damages in the Velásquez-Rodriguez case.193 Nevertheless, certain awards that might be bordering punitive damages have been made by the ECtHR. In the Jordan case, where the United Kingdom authorities failed in their obligation to carry out a prompt and effective investigation into the circumstances of the death of Mr. Jordan, the Court awarded the sum of GBP 10,000.194 In the case of Tomasi, the ECtHR made an award of FF700,000 resulting from the violation of Article 5(3), Article 3 and Article 6(1) and the applicant having sustained undeniable non-pecuniary and pecuniary damage.195 In the Loizidou v. Turkey case, the applicant sought CYP 621,900 in nonpecuniary damages for her distress, frustration and feelings of helplessness, as well as factors relation to considerations of the public interest and public order in Europe. The Commission objected to bringing in a punitive element since the public policy considerations adduced by the applicant concerned the entire situation of displaced Greek Cypriots and went beyond the parameters of the said case.196 Nevertheless, the Court awards Loizidou CYP 20,000 for her anguish and feelings of helplessness and frustration, which is one of the highest awards of just satisfaction in the history of the ECtHR. Furthermore, in the case of Cyprus v. Turkey of 2014, which is the first inter-state case in which the ECtHR applied Article 41 of the Convention, the Court made an award of EUR 60,000,000 in respect of non-pecuniary damage suffered by the enclaved Greek Cypriot residents of the Karpas peninsula and EUR 30,000,000 in respect of nonpecuniary damage suffered by the relatives of the missing persons.197 It has to be noted however that what the Court seems to have done in making such awards was to multiply the number of 1,456 missing individuals by EUR 20,000. In the case of the enclaved Greek Cypriot residents of the Karpas peninsula, their number was to be determined between the parties within six months of the Court’s ordered.198 The Cypriot government requested EUR 50,000 per person in its pleadings. Another case where an award bordering punitive damages is that of Ananyev and Others v. Russia, where one of the awards of non-pecuniary damage amounted to EUR 13,000 for breaches of Article 3 and 13 by Russia.199 Another award of just satisfaction against Russia amounted to EUR The Contribution of the European Court of Human Rights and the Inter-American Court of Human Rights to the Emergence of a Customary International Rule of Just Satisfaction and the Creative Expansion of its Scope 120,000 for subjecting he applicant to serious illtreatment for the extraction of a confession on a criminal offence, which lead the applicant to making an attempt of suicide.200 At the same time, the IACtHR in the case of Garrido and Baigorria ruled out punitive damages.201 The Court held that punitive damages ‘are not in the nature of this Court and are not within its power’ and it reiterated that it is not ’a penal court’.202 Nevertheless, some judges are in favour of imposing reparations of a repressive nature. For example, Judge Cançado-Trindade in the case of Myrna Mack-Chang advocated for ‘aggravated responsibility’ for certain violations of international law, including ‘crimes of state’.203 The ‘crime of state’ concept has been rejected the ILC. On the other hand, Judge Garcia Ramirez doubted whether punitive damages can be awarded and argued that the IACtHR could not be transformed into a criminal court with the jurisdiction to punish and victims could not be enriched by the awards of the Court.204 The IACtHR’s approach towards punitive damages has shifted in recent years. This is demonstrated by the just satisfaction awards made in the case of Myrna Mack-Chang.205 Certain awards amounted to $110,00 (Lucrecia Hernandez Mack, daughter), $100,000 (Helen Mack-Chang, sister), and $40,000 (Myrna Mack-Chang, Yam Mack Choy, father, Zoila Chang Lau, mother). Smaller awards of $5,000 were made to other family members of Myrna Mack Chang. The total aggregate award was US $350,000. Another example is the Street Children Case, where give indigent Guatemalan youths, including three minors were abducted, tortured and executed by state agents. The Court, considering that the victims had been through intense pain and suffering, awarded monetary awards ranging between $23,000 and $30,000 to be paid to their mothers and in one case to the youth’s grandmother. Each of the relatives was also awards $26,000 for their own pain and suffering. In the Bamaca Velasquez, a forced disappearance case, Guatemala was ordered to pay $100,000 in equal part to the disappeared victim’s heirs, which included his wife, father and two sisters. Each family member received an additional award for their own pain and suffering (wife: $80,000, father: $25,000 and $20,000 for each of his sisters). Certain criteria when making such determinations for awards for just satisfaction to better abide to the principle of proportionality need to be better respected by the ECtHR and the IACtHR.206 This has already been done by the ECtHR in unreasonable length of proceedings cases under Article 6(1) of the Convention.207 The objective gravity of the wrongful conduct, the degree of reprehensibility of the intention or recklessness of the wrongdoer, the extent of the harm caused to the applicant and third parties, the consequential gains obtained by the wrongdoer and third parties and the probability of nonenforcement of a breached right need to be closely followed when making awards of just satisfaction. This will contribute to the emergence of a more coherent and more predictable case-law on just satisfaction. The ECtHR has made steps towards that direction by setting up a special unit in the Secretariat of the Court dealing with Article 41 claims.208 This unit has produced guidelines on compensation amounts to assist Judges. Another proposal that could be made is to publish a guide as to rates of compensation awarded by the Court, as already suggested by Lord Woolf.209 V. CONCLUSION The dozens of cases emanating from the ECtHR and the IACtHR, in addition to the cases of the ICJ, ITLOS, the UN Compensation Commission,210 and a variety of arbitral tribunals,211 lead to the inevitable conclusion that just satisfaction rule is of a customary nature. This has been asserted by the IACtHR, when stating that Article 63(1) of the American Convention on Human Rights ‘reflects a customary norm that constitutes one of the basic principles of contemporary international law on State responsibility.’212 The juridical conscience, which establishes legal relations throughout time, in which we all live together, needs however to follow a set of criteria, outlined in the course of this article, to create a more coherent and predictable case-law on the customary rule of just satisfaction, despite the fact that measuring human pain and suffering is (almost) unquantifiable.213 25 Alexia Solomou NOTES 1. Separate Opinion of Judge A.A. CançadoTrindade in the case of Villagran Morales et al. Case (Reparations) 2001 77 Inter-Am. Ct. H.R. (ser. C), at para 27. 2. Stephan Wittich, Non-Material Damage and Monetary Reparation in International Law15 Finnish Year Book of International Law (2004) 321-368, p. 328. 3. This has been extensively covered in the literature: Gaetano Arangio Ruiz, Second Report on State Responsibility, Un Doc. A/CN.4/425 and Add.1, Year Book of the International Law Commission 1989, Vol. II, Part One, 1 at 4-7, paras 9-17; Yann Kerbrat, Interaction Between the Forms of Reparation in J. Crawford, Alain Pellet, Simon Olleson, Kate Parlett (eds.) The Law of International Responsibility (Oxford University Press, 2010), pp. 573-588; James Crawford, State Responsibility: The General Part (Cambridge University Press, 2013), pp. 527-531; Eric Wyler and Alain Papaux, ‘The Different Forms of Reparation: Satisfaction’ in James Crawford, Allain Pellet, Simon Olleson, Kate Parlett (eds), The Law of International Responsibility (Oxford University Press, 2010), pp. 623-637; Cristina Hoss, Satisfaction, Max Planck Encyclopedia of Public International Law (Oxford University Press, 2013); Stephan Wittich, ‘Non-Material Damage and Monetary Reparation in International Law’ (2004) 15 Finnish Yearbook of International Law 321-368; C. Dominicé, ‘De la réparation constructive du préjudice immatériel souffert par un état’ in M. Rama-Montaldo (ed.), International Law in an Evolving World. Liber Amicorum in Tribute to Professor Eduardo Jiménez de Aréchaga (Fundación de cultura universitaria: Montevideo, 1994), vol. I 505 at 509-513; C. Gray, Judicial Remedies in International Law (Clarendon Press, 1987), pp. 41-48; C. Dominicé, ‘La satisfaction en drois des gens’, in B. Dutoit and E. Grisel (eds), Mélanges Georges Perrin (Diffusion Payot: Lausanne, 1984) 91, at 92-93 ; P. A. Bissonette, La satisfaction comme mode de réparation en droit international (Imprimerie Granchamp: Annemasse, 1952), 45-68 and 68-84; J. Personnaz, La réparation du préjudice en droit international public (Sirey: Paris, 1938) 277-282. 4. Non-material damage however includes personal injury and bodily harm which covers any kind of damage to the physical integrity 26 of the human being: Gaetano Arangio Ruiz, Second Report on State Responsibility, Un Doc. A/CN.4/425 and Add.1, Year Book of the International Law Commission 1989, Vol. II, Part One, 1 at 17-18, para 54. 5. W.V.H. Rogers, ‘Comparative Report of a Project Carried out by the European Centre for Tort and Insurance Law’ in W.V.H. Rogers (ed.), Damages for Non-Pecuniary Loss in a Comparative Perspective (Springer: Vienna, 2001), 245, at 246. 6. Opinion in the ‘Lusitania’ Cases (1923) 7 RIAA 32, p.40. 7. J Crawford, Second Report on State Responsibility, Un Doc. A/CN.4/498, para 181. 8. Monetary compensation did not find its way in Article 37 of the ILC Articles on State Responsibility. It is however one of the oldest forms of reparation of non-material damage, as evidence in state practice. See section 1 below. 9. Referred to in: UN ILC Special Rapporteur FV Garcia-Amador, ‘International Responsibility: Sixth Report’ [26 January 1961] UN Doc A/ CN.4/134, extract from the Yearbook of the ILC, 1961, vol. II, p. 20. 10. Ibid, p. 23, para 85. A Mixed Claims Commission was established under the Convention of 4 December 1868 between the United States and Peru. See Moor, History and Digest (1898), vol. II, pp. 1653, 1646. 11. Ibid, n. 9. 12. Ibid, n. 9. 13. Stevenson Case (Great Britain/Venezuela) 1903, 9 RIAA, 494, at 506. 14. Netherlands/Venezuela (1903) 10 RIAA 729, at 730. 15. Davy Case (Great Britain/Venezuela) 1903, 9 RIAA 467, at 569. 16 Miliani Case (Italy/Venezuela) 1903, 10 RIAA 584 17. Article II, Protocol signed by Italy and Venezuela, Washington DC, 13 February 1903, 10 RIAA 479. 18. Case of Heirs of Jean Maninat (France/ Venezuela) 1905, 10 RIAA 55 at 81-82. 19. Affaire du Carthage (France v. Italy) (1913) 11 RIAA 449 The Contribution of the European Court of Human Rights and the Inter-American Court of Human Rights to the Emergence of a Customary International Rule of Just Satisfaction and the Creative Expansion of its Scope 20. The ‘Manouba’ (France v. Italy) 6 May 1913, 11 RIAA 471, 475. 21. Ibid. 22. Ibid. 23. Opinion in the ‘Lusitania’ Cases (1923) 7 RIAA 32, p.39. 24. Ibid, p.40. 25. General Act, Geneva, September 26, 1928, The American Journal of International Law, Vol. 25, No. 4, Supplement: Official Documents (Oct., 1931), pp. 204-214, at p. 210. 26. Referred to in: UN ILC Special Rapporteur FV Garcia-Amador, ‘International Responsibility: Sixth Report’ [26 January 1961] UN Doc A/ CN.4/134, extract from the Yearbook of the ILC, 1961, vol. II, p. 24, para 93. American Human Rights System, Reparations and the Duty of Prevention, (2004) 22 NQHR, pp. 347-88; Tom Antkowiak, ‘Remedial Approaches to Human Rights Violations: The Inter-American Court of Human Rights and Beyond (2008) 46 Columbia Journal of Transnational Law 351-419. 33. International Law Commission’s http://legal.un.org/ilc/texts/9_6.htm. 34. UN ILC Special Rapporteur FV Garcia-Amador, ‘International Responsibility: Sixth Report’ [26 January 1961] UN Doc A/CN.4/134, extract from the Yearbook of the ILC, 1961, vol. II. 35. Ibid, p. 20, para 79. 36. Ibid, p. 20, para 80. 37. Ibid, para 82, p. 21 27. ‘I’m Alone’ (1949) 3 RIAA 1609. 38. Ibid, p. 22, para 83. 28. Corfu Channel (United Kingdom v. Albania), ICJ Rep. 1949, p. 4. 39. Ibid, p. 22, para 85. 29. Council of Europe, European Convention for the Protection of Human Rights and Fundamental Freedoms, Rome, 4 November 1950, ETS 5 (entry into force: 3 September 1953). website: 40. A/CN.4/425, paras. 7-19, and Ch. 3, paras. 106- 145; see also his draft article 10, A/ CN.4/425/Add.l, p. 25. 41. Rainbow Warrior (1990) 20 RIAA 215, p. 267, para 110. 30. The most comprehensive study conducted thus far on just satisfaction under the ECtHR regime is: Octavian Ichim, Just Satisfaction under the European Convention on Human Rights (Cambridge University Press, 2014); see also the Practice Direction of the ECtHR on Just Satisfaction Claims issued by the President of the Court in accordance with Rule 32 of the Rules of Court on 28 March 2007, available at: http://www.echr.coe.int/Documents/PD_ satisfaction_claims_ENG.pdf. 42. Ruling of the Secretary General of 9 July 1986, referred to in Rainbow Warrior, supra, at p. 271, para 114. 31. Organization of American States (OAS), American Convention on Human Rights, ‘Pact of San Jose, Costa Rica’, 22 November 1969. 46 ‘Basic Principles and the Right to a Remedy and Reparations for Victims of Violations of Human Rights and Humanitarian Law’, Annex to Final Report of the Special Rapporteur, Mr. M. Cherif Bassiouni: The Right to Restitution, Compensation and Rehabilitation for Victims of Gross Violations of Human Rights and Fundamental Freedoms E/CN.4/2000/62 (18 Jan. 2000), Principle 21. 32. For an overview of remedies awarded by the IACtHR see Laurence Burorgue-Larsen and Amaya Ubeda de Torres, The Inter-American Court of Human Rights: Case Law and Commentary (Oxford University Press, 2011), pp. 217-241; Dinah Shelton, Remedies in International Human Rights Law (Oxford University Press, Second edition), pp. 276277; D. Cassel, ‘The Expanding Scope and Impact of Reparations awarded by the InterAmerican Court of Human Rights’, Out of the Ashes: Reparation for Victims of Gross and Systematic Human rights Violations, De Feyter K et al (eds.) (2005), pp. 191-223; L.J. Laplante, ‘Bringing Effective Remedies Home: The Inter- 43. Rainbow Warrior, supra, p. 272, para 120. 44. Rainbow Warrior, supra, p. 273, para 123. The four declarations are found at the operative part of the award at p. 275. 45. SAIGA’ (No 2) Case (Saint Vincent and the Grenadines v. Guinea) (Merits) ITLOS Case No. 2 (1 July 1999), para 176. 47. Draft Articles on Responsibility of States for internationally wrongful acts adopted by the International Law Commission at its fifty-third session (2001), Official Records of the General Assembly, Fifty-sixth session, Supplement No. 10 (A/56/10), chp.IV.E.1. 48. Belgian Linguistic case, 23 July 1968, Series a no. 6, point 1 of the operative provisions. 27 Alexia Solomou 49. Wilde Ooms and Versyp (‘Vagrancy’) v. Belgium, Judgment (Merits), 10 March 1972, Series A, no. 14, p. 36, point 13 of the operative provisions. 50. Discretionary nature, having regard to what is equitable: Sunday Times v. United Kingdom (no. 1) (Article 50), 6 November 1980, Series A, no. 38, point 4 of the operative provisions. 51. Golder v. United Kingdom, 21 February 1975, Series A, no. 18, point 3 of the operative provisions, and para 46. 52. I’m Alone’ (1949) 3 RIAA 1609 53. Carpio Nicolle et al v. Guatemala (2004) IACtHR, Series C No. 117, para 39. Republic of Macedonia v. Greece), Judgment of 5 December 2011, ICJ Rep. 2011, p. 644, para 169. 64. For a study of this issue see: Mónica Józon, ‘Satisfaction by Finding a Violation’ in Tort Law in the Jurisprudence of the European Court of Human Rights (de Gruyter, 2011), pp. 741-770. 65. F. v. Switzerland (1987) 128 Eur. Ct. H.R. Series A, (1987); Fox, Campbell and Hartley v. United Kingdom (1990) 182 Eur. Ct. H.R., Series A; Benthem v. the Netherlands (1985) 97 Eur. Ct. H.R., Series A; Ekbatani v. Sweden (1988) 134 Eur. Ct. H.R. (ser. A); Norris v. Ireland (1988) 142 Eur. Ct. H.R., Sereis A. 55. Gonzales et al (‘Cotton Field’) v. Mexico (2009) IACtHR (Preliminary Objections, Merits, Reparations and Costs), Series C No. 205, para 469. 66. Case of Assanidze v. Georgia, Application no. 71503/01, Judgment of 8 April 2004, para 202; Scozzari and Giunta, cited above, para 249; Brumărescu v. Romania (just satisfaction) [GC], no. 28342/95, para 20, ECHR 2001I; Akdivar and Others v. Turkey (Article 50), judgment of 1 April 1998, Reports 1998-II, pp. 723-24, para 47; and Marckx v. Belgium, judgment of 13 June 1979, Series A no. 31, p. 25, para 58. 56. Christine Gray, ‘Remedies’ in Cesare PR Romano, Karen J Alter and Yuval Shany (eds) The Oxford Handbook on International Adjudication (Oxford University Press, 2014), p. 876. 67. Article 1 of the European Convention on Human Rights; see, mutatis mutandis, Papamichalopoulos and Others v. Greece (Article 50), judgment of 31 October 1995, Series A no. 330-B, pp. 58-59, § 34. 57. Dinah Shelton, supra, p. 255. 68. Engel and others v. The Netherlands (1976) 22 Eur. Ct. H.R., Series A. 1. E.H.H.R. 706. 54. Anzualdo Castro v Peru (2009) IACtHR (Merits, Reparations and Costs), Series C No. 202, para 195; see also Pueblo Bello Massacre v Colombia (2006) IACtHR (Merits, Reparations and Costs) Series C No. 140, para. 277. 58. The Corfu Channel Case (United Kingdom v. Albania), Judgment of 9 April 1949, ICJ Reports 1949, p. 4, at 35-36. 59. Case concerning the Temple of Preah Vihear (Cambodia v. Thailand), Judgment of 15 June 1962, ICJ Reports 1962, p. 6, pp. 34-35. 60. LaGrand (Germany v. United States of America), Judgment, ICJ Rep. 2001, p. 466, para 125. 61. Arrest Warrant of 11 April 2000 (Democratic Republic of the Congo v. Belgium), Judgment, ICJ Rep. 2002, p. 3, 31-2. 62. Application of the Convention on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide (Bosnia and Herzegovina v. Serbia and Montenegro), Judgment, ICJ Rep. 2007, p. 43, para 463, see also paras 466-9. 63. Certain Questions of Mutual Assistance in Criminal Matters (Djibouti v. France), Judgment, ICJ Rep. 2008, p. 177, para 204; Application of the Interim Accord of 13 September 1995 (the former Yugoslav 28 69. Neumeister v. Austria (1974) 17 Eur. Ct. H.R., Series A ; Golder v. United Kingdom (1975) 18 Eur. Ct. H.R., series A, (1975) 1 E. H. R. R. 524; Marckx v. Belgium (1979) 31 Eur. Ct. H. R. Series A, (1979) 2 E. H.R. R. 330. 70. Gray, in Oxford Handbook of International Adjudication, p. 894. 71. Fermin Ramirez v Guatemala, IACtHR (2005) Series C No. 126, para 130; Raxcaco Reyes v. Guatemala, IACtHR (2005) Series C No. 133, para 131; Barreto Leiva v Venezuela (2009) IACtHR (Merits, Reparations and Costs) Series C No. 206, para 140. 72. Cantoral Benavides v Peru (2001) IACtHR (Reparations and Costs) Series C No. 88, para 79; Rios et al v. Venezuela (2009) IACtHR (Merits, Reparations and Costs) Series C No. 194, para 405; Barreto Leiva v Venezuela (2009) IACtHR (Merits, Reparations and Costs) Series C No. 206, para 137. 73. Gray, supra, p. 43. The Contribution of the European Court of Human Rights and the Inter-American Court of Human Rights to the Emergence of a Customary International Rule of Just Satisfaction and the Creative Expansion of its Scope 74. Cyprus v. Turkey, App. No. 25781/94, (Just Satisfaction), 12 May 2014. 91. Probstmeier v. Germany, 1 July 1997, Reports 1997-IV, para 73. 75. Hutchison Reid v. United Kingdom (Merits and Just Satisfaction), App. No. 50272/99, 20 February 2003, para 86. See also: Barberà, Messegué and Jabardo v. Spain (Article 50), judgment of 13 June 1994, Series A no. 285-C, pp. 57-58, §§ 16-20, and Çakıcı v. Turkey [GC], no. 23657/94, § 127, ECHR 1999-IV. 92. Comingersoll v. Portugal, 6 April 2000, ECHR 2000-IV, para 35. 76. Sporrong and Lonnroth v. Sweden (Article 50), 18 December 1984, Series A no. 88, paras 25-26. 77. Young, James and Webster v. the United Kingdom (Article 50), 18 October 1982, Series A, no. 55, para. 11. 93. Ibid, operative paragraph 2. 94. Sidabras and Dziautas v. Lithuania, Judgment (Merits and Just Satisfaction), 27 July 2004, para 78. 95. Zimmermann and Steiner v. Switzerland, 13 July 1983, Series no. 66, para 35. 96. Guincho v. Portugal, 10 July 1984, Series A no. 81, para 44. 97. Ceteroni v. Italy, 15 November 1996, Reports 1996-V, para 31. 78. Avşar v. Turkey, App. No. 2565/94, 27 March, 2002, para 440. 98 Dudgeon v. the United Kingdom (Article 50), 24 February 1983, Series A no. 59, para 18. 79. Aksoy v. Turkey, 18 December 1996, Reports 1996-IV, para 113. 99. Selmouni v. France, 28 July 1999, ECHR 1999V, p. 149, p. 244, para 123. 80. Avşar v. Turkey, App. No. 2565/94, 27 March, 2002, para 445. 100. Philip Leach, Held Hardman, Svetlana Stephenson, Brad K. Blitz, Responding to Systemic Human Rights Violations: An Analysis of ‘Pilot Judgments’ of the European Court of Human Rights and their Impact at National Level (Intersentia, 2010); Philip Leach, Helen Hardman and Svetlana Stephenson, ‘Can the European Court’s Pilot Judgment Procedure Help Resolve Systemic Human Rights Violations? Burdov and the Failure and Implement Domestic Court Decisions in Russia’ (2010) 10 Human Rights Law Review 346-359. 81. For a comprehensive study on the case-law of the IACtHR on unlawful deaths see: Ben Saul, ‘Compensation for Unlawful Death in International Law: A Focus on the InterAmerican Court of Human Rights’ (2003) 19(3) American University International Law Review 523-585. 82. Moiwana Community v. Suriname (2005) Series C, No. 124, paras 195-6. 83. Case of Barios Altos v. Peru (2001), IACtHR (Reparations and Costs), para. 33. 84. Velasquez Rodriguez Case (1988) 4 Inter-Am. Ct. H.R. (ser. C), para 50 and 27. 85. Aloeboetoe, supra, operative paragraphs 1-5, at p. 30. 86. Papamichalopoulos and Others v. Greece (Article 50), 31 October 1995, Series A no. 330-B. 87. Akkus v. Turkey, 9 July 1997, Reports 1997-IV, para 39. 88 Matos e Silva and Others v. Portugal, 16 September 1996, Application 15777/89, para 101. 89. The Barbera, Messegue and Jabardo v. Spain (Article 50), 13 July 1994, Series A, no 285-C, paras 19-20. See also: Casciaroli v. Italy (1992) 229C Eur. Ct. H. R. (ser. A) and Tusca v. Italy (1992) 231-D Eur. Ct. H. R. (Ser. A). 90 Hutchison Reid v. United Kingdom (Merits and Just Satisfaction), App. No. 50272/99, 20 February 2003, para 87. 101. Koning, supra; Deweer (ECHR Ser. A, no. 36), para 19 (award of DM 30,000); Sunday Times, supra. 102. The Sunday Times v. the United Kingdom (no. 1) judgment of 6 November 1980, Series A no. 38, p. 9, para. 15; Stran Greek Refineries and Stratis Andreadis v. Greece, 9 December 1994, Series A. no. 301-B, para 80; Tolstoy Miloslavsky v. UK, 13 July 1995, Series A, no. 316-B, para 77. 103. McGoff (ECHR Ser. A. no. 83); Sramek (ECHR Ser. A no. 84). 104. Piersack (ECHR Ser. A, no. 88); Young, James and Jester, supra. 105. Koning, supra; Sunday Times, supra. 106. Le Compte, Van Leuven and de Meyere, ECHR Ser. A, no. 54 107. Campell and Fell. 108. Young, James and Webster, ECHR Ser. A no. 55, para 15. 29 Alexia Solomou 109. Assanidze v. Georgia, para 198;(see Maestri, cited above, § 47) 126. Selçuk and Asker v. Turkey, App. No. 12/1997/796/998-999, para 125. 110. Assanidze v. Georgia, supra, para 198; see Maestri v. Italy [GC], no. 39748/98, § 47, ECHR 2004-I; Menteş and Others v. Turkey (Article 50), judgment of 24 July 1998, Reports 1998-IV, p. 1695, § 24; and Scozzari and Giunta v. Italy [GC], nos. 39221/98 and 41963/98, § 249, ECHR 2000-VIII. 127. Shelton, supra, p. 259. 111. See, for example, the Court’s Position Paper on proposals for reform of the European Convention on Human Rights and other measures as set out in the report of the Steering Committee for Human Rights of 4 April 2003 (CDDH(2003)006 Final), unanimously adopted by the Court at its 43rd Plenary Administrative Session on 12 September 2003, paragraphs 43 to 46; and Response by the Court to the CDDH Interim Activity Report prepared following the 46th Plenary Administrative Session on 2 February 2004, paragraph 37. 130. Godinez Cruz v. Honduras (1989) IACtHR (Reparations and Costs), Series C No. 8, paras 32-33. 112. Broniowski v. Poland, no. 31443/96, ECHR 2004-V, § 189. 113. Broniowski v. Poland (Merits and Just Satisfaction), App. No. 31443/96, Judgment (Friendly Settlement), 28 September 2005, para 34. 114. Aloeboetoe v. Suriname (1993) IACtHR Series C No. 11, operative paragraphs 2-5. 115. Barrios Altos, Reparations, supra, paras 41-43. 116. Moiwana v. Suriname, IACtHR Series C No 124 (2005). 128 Velasquez Rodriguez Case (1988) 4 Inter-Am. Ct. H.R. (ser. C), para 174. 129. Goiburu et al v. Paraguay (2006) IACtHR (Merits, reparations and Costs), paras 162166 and 192, point 5. 131 Villagran Morales et al. Case (Reparations) 2001 77 Inter-Am. Ct. H.R. (ser. C), at operative paragraph 6, and cf. par. 102. 132. Assanidze v. Georgia, supra, para 203. 133. Ilascu and Others v. Moldova and Russia (Merits and Just Satisfaction), 8 April 2004, operative paragraph 20 and 22. 134 Ilascu, operative paragraph 21. 135. Loaza-Tamayo v. Peru, IACtHR Series C No. 42 (1998). 136. Goiburu, supra, par 169. 137. Goiburu, supra, para 170. 138. Xenides-Arestis v. Turkey, App. No. 46347/99 (Merits), 22 March 2006 (final), para 39. 139. Ibid, para 40. 140. Law no. 67/2005, referred in XenidesArestis v. Turkey, App. No. 46347/99 (Just Satisfaction), 23 May 2007 (final), at para 11. 141. Ibid, para 11. 119. Ximenes-Lopes v. Brazil (2005) Inter-Am, Ct. H.R. (ser. C) No. 149, para 250. 142. Demopoulos v. Turkey (Admissibility), App. Nos. 46113/99, 3843/02, 13751/02, 13466/03, 14163/04, 10200/04, 19993/04, 21819/04, 1 March 2010 (Grand Chamber); A. Solomou, Note on Demopoulos v. Turkey (2010) 104(3) American Journal of International Law 628-636. 120. Castillo-Petruzzi v. Peru, IACtHR series C No. 42 (1998). 143. Olsson v. Sweden, 24 March 1988, Series A no. 130, para 102. 121. Trujillo Oroza Case (Reparations) (2002) 92 Inter-Am. Ct. H.R. (ser. C), paras 98 and 102. 144. Elsholz v. Germany, 13 July 2000, ECHR 2000-VIII, paras 70 and 71. 122. Ibid, para 122. 145 Lopez Ostra v. Spain, 9 December 1994 no. 303-C, paras 58 and 65. 117. Caracazo v. Venezuela (2002) Inter-Am. Ct. H. R. (ser. C) No. 95, para 127. 118. Gutierrez-Soler v. Colombia (2005) Inter-Am. Ct. H.R. (ser. C) No. 132, para 106. 123. Juan Humberto Sanchez v Honduras (2003) IACtHR (Merits) Series C No. 99, para 189. 124. Las Dos Erres Massacre v. Guatemala (2004) IACtHR (Reparations and Costs) Series C No. 211, para 248. 125. Serrana Cruz Sisters v Guatemala (2005); Series C No. 120, paras 192-3. 30 146. B. v. the United Kingdom (Article 50) judgment of 9 June 1988, Series A no. 136-D, pp. 32-33, §§ 10-12, and the Dombo Beheer B.V. v. the Netherlands judgment of 27 October 1993, Series A no. 274, pp. 20-21, § 40. The Contribution of the European Court of Human Rights and the Inter-American Court of Human Rights to the Emergence of a Customary International Rule of Just Satisfaction and the Creative Expansion of its Scope 147. Hatton and Others v. United Kingdom, 8 July 2003, Application 36022/97, paras 147-148. 166. Stradovnik v. Slovenia, no 24784/02, paras 23-25, 13 April 2006. 148 Guerra and Others v. Italy, 19 February 1998, 116/1996/735/932, para 71. 167. A notable exception is the case of Bozano v. France (1987) Eur. Ct. H. R. (ser. A) (Art. 50), where the ECtHR considered that the award of FF3,300,000 requested by the applicant was ‘far from being commensurate with the seriousness of the breach’ of the Convention. The Court awarded the application FF100,000, which it considered to be commensurate with the scale of relevant damage, as well as having awarded the lawyer’s fees claims, less the sums received in legal aid. 149. Ibid, para 74. 150. Comingersoll v. Portugal, 6 April 2000, ECHR 2000-IV, see para 35 in particular. See also Pine Valley Developments and Others v. Ireland, 9 February 1993, Application 12742/87, para 17. 151 Vereinigung demokratischer Soldaten Osterreichs and Gubi v. Austria, 19 December 1994, Series A no. 302, para 62. 152. Freedom and Democracy Party (OZDEP) v. Turkey, 18 December 1999, ECHR 1999-VIII, para 57. 153. Loayza Tamaro v. Peru (1998) 43 IACtHR (Reparations) Series C. 154. Ibid, para 144. 155. Ibid, para 150. 156. Celik and Yildiz v. Turkey, no. 51479/99, paras 30-31, 10 November 2005; Davtian v. Georgia, no. 73241/01, para 70, 27 July 2006. 157. Velasquez-Rodriguez supra, at para 27. Cae (Reparations), 158. Gray, supra, p. 155. 159. Goddi (ECHR Ser. A no. 76); Guincho (ECHR Ser. A no. 81), Colozza (ECHR Ser. A no. 89), Sporrong and Lonnroth (ECHR Ser. A no. 88). 160. Artico (ECHR Ser. A no. 37), Van Droogenbroeck (ECHR Ser. A no. 63); De Jong, Baljet and Van den Brink (ECHR Ser. A no. 77); Varnava v. Turkey, Application no. 160604/90, 18 September 2009; Ilascu v. Moldova and Russia, Application no. 487799, 8 July 2004. 161. Chember v. Russia, no. 7188/03, para 77, 3 July 2009 (10,000 EUR); Bursuc v. Romania, No. 42066/98, para 124, 12 October 2004 (10,000 EUR); Gorodnitchev v. Russia, No. 52058/99, para 143, 25 May 2007 (10,000 EUR). 162. Corigliano ECHR Ser. A, no 57; Pakelli, ECHR Ser A. no. 64. 163. Guerin v. France, Application No. 160604/90, 29 July 1998; Al Skeini v. United Kingdom, Application No. 55721/07, 7 July 2011. 164. Assanidze v. Georgia, supra, paras 196 and 201. 165. Silver and Fell (ECHR Ser. A no. 67) 168. Gray, supra, p. 156 169. Guzzardi, supra; Colozza, supra, Koning (ECHR Ser. A no. 36). 170. Dinah Shelton, Remedies in International Human Rights Law (2nd edition, Oxford University Press, 2005), p. 345-8. 171. Separate Opinion in the case of Villagran Morales et al. Case (Reparations) 2001 77 Inter-Am. Ct. H.R. (ser. C), at para 9. 172. Sporrong and Lonroth, PARA? 173. Aloeboetoe Case (Reparations) at para 52. 174. Ibid 175. Ibid 176. El Caracazo case, at para 50(e). 177. Neira Alegria Case (Reparations); Blake Case (Reparations) 51-8. 178. Castillo Paez (Reparations), at para 88. 179. Paniaga Morales et al case (Reparations), para 104; El Amparo Case (Reparations), 34; for a discussion see: Arturo J. Carillo ‘The Relevance of Inter-American Human Rights Law’ in Pablo de Greiff (ed.) The Handbook of Reparations (Oxford University Press, 2006), at pp. 504-538. 180. Concurring Opinion of Judge Pinto de Albuquerque, joined by Judge Vučinić, para 18. 181. Rudolf Bernhardt, ‘Just Satisfaction under the European Convention on Human Rights’, in Maurizio Ragazzi, International Responsibility Today: Essays in Memory of Oscar Schachter (Martinus Nijhoff Publishers, 2005), pp. 243-252, p. 246. 182. Luzius Wildhaber; Article 41 of the European Convention on Human Rights: Just Satisfaction under the European Convention on Human Rights (2003) 3 Baltic Yearbook of International Law 1-18, at p. 6. 31 Alexia Solomou 183. Abdulaziz, Cabales and Balkandali v. the United Kingdom, 28 May 1985, Series A, no. 94, para 96. 184. El Amparo v. Venezuela (1996) 22 IACtHR (Reparations), Series C. 185 Gürbüz v. Turkey (no. 26050/04), para 75, citing Mokrani c. France, no 52206/99, §§ 36 et 43, 15 juillet 2003. 202. Garrido and Baigorria, supra, para 43. 203. Myrna Mack Chang v. Guatemala (merits, reparations and costs) judgment of 25 November 2003, paras 246-286, see separate opinion of Judge Cançado Trindade, paras 41 and 53. 204. Ibid, Separate Opinion of Garcia Ramirez, Series C No. 101, paras 46-7. 186. Sporrong and Lonnroth v. Sweden (Article 50), 18 December 1984, Series A no. 88, paras 25-26. 205. Myrna Mack Chang v. Guatemala (merits, reparations and costs) judgment of 25 November 2003, paras 256-286. 187. Bönisch v. Austria (Article 50), judgment of 2 June 1986, Series A no. 103, p. 8, § 11 206. Bydlinski, ‘Methodological Approaches to the Tort Law of the European Court of Human Rights’ in Tort Law in the Jurisprudence of the European Court of Human Rights (de Gruyter, 2011), at 2/239, p. 221. 188. Ibid, para 11. 189. Sara Lind Eggertsdottir v. Iceland, no. 31930/04, 5 July 2007, paras 59-60. The case involved a potential violation of Article 6(1) of the Convention. 190. ILC Yearbook 1992, Vol. I, 221, para 57. Crawford strongly supported the deletion of punitive damages from the ILC Articles: James Crawford, Third Report on State Responsibility, 2000, A/CN.4/507/Add.1, para 190. 191. UN ILC Special Rapporteur FV Garcia-Amador, ‘International Responsibility: Sixth Report’ [26 January 1961] UN Doc A/CN.4/134, p. 19 at para 76. 207. Ernestina Zullo v. Italy, App. No. 64897/01, para 26; Riccardi Pizzati v. Italy, App. No. 62361/00, para 26; Musci v. Italy, no. 64699/01, para 27. 208. Elisabeth Steiner, ‘Just Satisfaction under Article 41 of the European Convention on Human Rights: A Compromise in 1950 – Problematic Now’, in Tort Law in the Jurisprudence of the European Court of Human Rights (de Gruyter, 2011), pp. 3-26, at para 1/57, p. 22. 192. Application no. 5947/72; 6205/73; 7052/75; 7061/75; 7107/75; 7113/75; 7136/75, 25 March 1983. 209. Lord Woolf et al, Review of the Working Methods of the European Court of Human Rights, December 2005, available at: http:// www.echr.coe.int/Documents/2005_Lord_ Woolf_working_methods_ENG.pdf, at p. 40. 193. Velasquez-Rodriguez Case (Compensatory Damages) (1990) 7 Inter-Am Ct. H. R. (ser. C) para 37. 210. UNCC Decision No. 3 on Personal Injury and Mental Pain and Anguish, S/AC.26/1991/3 (1991). 194. Jordan v. United Kingdom, 24746/94, paras 170 and 171. 211. Including the International Centre for the Settlement of Disputes, see for example: Benvenuti and Bonfant Srl v. The Government of the People’s Republic of the Congo (1980) 1 ICSID Reports 330, at 360-1, paras 4.9954.96. For a comprehensive study on nonpecuniary remedies in ICSID arbitration see: Christoph Schreuer, ‘Non-Pecuniary Remedies in ICSID Arbitration’ (2004) 20(4) Arbitration International 325-332. App. No. 195. Tomasi v. France, 27 August 1992, Series A no. 241-A, para 130. 196. Loizidou v. Turkey (1995) 310 Eur. Ct. H. R. (ser. A), para 38. 197. Cyprus v. Turkey, no. 25781/94 (2014), operative paragraphs 4 and 5. 198. Ibid, para 51. 199. Nos. 42525/07 and 60800/08, 10 January 2012, operative paragraph 5. 200. Mikheyev v. Russia, App. No.77617/01, paras 512-163. 201. Garrido and Baigorria v. Argentina (1998) IACtHR (Reparations and Costs) Series C No. 39, paras 43-4. 32 212. Goiburu case, supra, para 141. 213. Belousov v. Russia, App. No. 1748/02, para 28: ‘the applicant cannot be required to furnish any proof of the non-pecuniary damage sustained’. MIGRACIÓN, ASILO Y REFUGIO Ana Elizabeth Villalta Vizcarra Miembro del Comité Jurídico Interamericano; Profesora de Derecho Internacional Público y Derecho Internacional Privado, El Salvador. 1. ANTECEDENTES La migración se aplica a los movimientos de personas de un lugar a otro y estos desplazamientos conllevan un cambio de residencia que puede ser temporal o definitivo. La Migración puede tener dos opciones: la emigración que es la salida de personas de un país, región o lugar determinados para dirigirse a otro distinto, y la inmigración, que es la entrada a un país de personas que nacieron o proceden de otro. En ese sentido, las migraciones deben ser estudiadas ya sea desde el punto de vista del país de entrada, ya que no siempre los inmigrantes reciben una buena acogida en estos países, así como debe ser analizada por los países de salida, particularmente sus causas. Los movimientos masivos de personas que se instalan de manera provisional, estacional o definitiva, para encontrar una mejor calidad de vida, se llaman flujos migratorios. Estos movimientos o desplazamientos masivos de personas han provocado que se den otras formas de migraciones. Así podemos hablar de: Migración internacional, que es el movimiento de personas que dejan su país de origen o en el que tiene su residencia habitual para establecerse temporal o permanentemente en otro país distinto al suyo, debiendo atravesar por lo tanto una frontera. Migración interna corresponde a los desplazamientos de personas que ocurren entre una región y otra de un mismo país, con el propósito de establecer una nueva residencia, la cual puede ser temporal o permanente. Migración ordenada es el movimiento de personas de su país de origen o de su lugar habitual de residencia a un nuevo lugar, cumpliendo con las leyes y regulaciones tanto del país de origen como del país que recibe. Migración irregular o indocumentada es el desplazamiento de una persona a otro país, utilizando medios irregulares, es decir, sin documentos de viaje, pasaporte válido o no cumpliendo con los requisitos administrativos exigidos. Migración forzada se refiere al desplazamiento de personas de un lugar a otro por motivos ajenos a su voluntad y en función de salvaguardar la vida y su subsistencia, ya sea para escapar de un conflicto armado, situación de violencia, amenaza, persecución, violación de sus derechos, desastres naturales, desastres provocados por la mano del hombre. Migración laboral se refiere a los desplazamientos que realizan las personas para trasladarse a otras ciudades o regiones por razones económicas en búsqueda de oportunidades de empleo. Migración de retorno es el movimiento de personas que regresan a su país de origen o residencia habitual después de permanecer al menos un año en otro país. Esto nos lleva a determinar cuáles son las principales causas que llevan a las personas a migrar, pudiendo ser éstas: Políticas: éstas son provocadas por las crisis o movimientos políticos que suelen darse en algunos países, por lo que las personas temen a la persecución o venganza políticas, abandonando su país de origen o residencia para ubicarse en otro. Culturales: las personas deciden migrar a países que tienen una base cultural sólida, sobre todo en la población de adultos jóvenes para tener mayores perspectivas de vida. Causas socioeconómicas que prácticamente son las fundamentales en todo proceso migratorio, ya que la mayor parte de las personas que emigran lo hacen por motivos económicos, buscando una mejor calidad de vida, existiendo una relación directa entre el subdesarrollo y la emigración. Causas familiares: los vínculos familiares también resultan ser un factor importante en la decisión de emigrar, ya que las personas desean una reunificación o reagrupación familiar, con los parientes que ya emigraron. Causas bélicas y otros conflictos internacionales: éstas han dado origen a desplazamientos masivos de población, constituyendo una verdadera fuente de migraciones forzadas de personas que huyen del exterminio, de la persecución política. catástrofes generalizadas, ya sean éstas desastres naturales como terremotos, inundaciones, sequías prolongadas, ciclones, tsunamis, epidemias, desastres provocados por el hombre, que han ocasionado grandes desplazamientos de seres humanos en todas las épocas. 33 Ana Elizabeth Villalta Vizcarra En términos generales las causas de la migración mundial son múltiples, complejas y heterogéneas. En el caso de América Latina y el Caribe, el factor económico constituye su principal causa. Las brechas de desarrollo entre los países de origen y de destino, los desequilibrios en los mercados laborales de nuestros países, así como la aspiración natural de los mismos por superar la pobreza y la desigualdad, constituyen, sin duda, las principales causas que llevan a nuestra gente a emigrar. En cuanto a las consecuencias de las migraciones, hay que analizar desde el punto de vista de los países de emigrantes, así como de los países de inmigrantes, observando si estas consecuencias pueden ser positivas o negativas. Así tenemos que para los países de emigración son consecuencias positivas: solución de problemas de sobrepoblación; inversión de las remesas que envían los emigrantes; solución de problemas de desempleo; aumento de la productividad; exportación de productos a los países receptores de emigrantes. Consecuencias negativas: emigración de la población joven, desquebrajamiento del grupo familiar, disminución de los ingresos públicos, fuga de cerebros. Para los países de inmigración, las consecuencias positivas son las siguientes: rejuvenecimiento de la población; aumento de la diversidad cultural; mayor cantidad de mano de obra; innovación tecnológica; absorción de personas preparadas en su ramo; incremento del consumo. Consecuencias negativas: introducen una mayor diversidad cultural, pudiendo formarse grupos completamente segregados y marginales; desequilibrio en el nivel salarial, ya que los inmigrantes suelen aceptar salarios inferiores a los de la población local; aumentan los servicios, especialmente los asistenciales y educativos; remesas de dinero hacia los lugares de procedencia de los inmigrantes; y aumenta la problemática discriminatoria. En esta temática de las migraciones, es conveniente también el hacer uso de ciertos conceptos que tienen relación con las mismas como el Tráfico ilícito de inmigrantes, que es la facilitación para el ingreso ilegal de personas a un Estado, del cual no es nacional o residente permanente, obteniendo directa o indirectamente un beneficio financiero u otro beneficio de orden material. Este tráfico está regulado en el Protocolo Adicional contra el tráfico ilícito de Migrantes por tierra, mar y aire de la Convención de las Naciones 34 Unidas contra la Delincuencia Organizada Transnacional (Convención de Palermo). La Trata de Personas es el tráfico o comercio de personas que se realiza principalmente a través del engaño, para fines de explotación o trabajo forzoso. El Protocolo Adicional contra el tráfico ilícito de migrantes por tierra, mar y aire de la Convención de las Naciones Unidas contra la Delincuencia Organizada Transnacional la define como “la captación, el transporte, el traslado, la acogida o recepción de personas, recurriendo a la amenaza o al uso de la fuerza o formas de coacción, al rapto, al fraude, al engaño, al abuso de poder o de una situación de vulnerabilidad o a la concesión o recepción de pagos o beneficios para obtener el consentimiento de una persona que tenga autoridad sobre otra, con fines de explotación.” Estado de destino: país al cual llegan los migrantes con el propósito de establecerse de forma temporal o permanente, en busca de oportunidades de trabajo. Estado de origen: país del que son originarias las personas migrantes. Estado de tránsito: país por el cual transitan de manera frecuente las personas migrantes en su trayecto hacia el Estado de destino. Protección consular: función consular que se traduce en la asistencia que brinda el Estado a sus nacionales fuera de su territorio, a través de las oficinas consulares acreditadas en otro Estado. Trabajador migratorio: toda persona que se vaya a realizar, realice o haya realizado una actividad remunerada en un Estado del que no sea nacional. Estos conceptos son parte de toda una terminología que actualmente se ha establecido para poder enfrentar la problemática migratoria actual, la cual se ha nutrido frente a la globalización, y ha traído consigo un abatimiento de las fronteras nacionales. La globalización también alcanza la delincuencia organizada transnacional que planifica y ejecuta globalmente sus actividades criminales, lo cual trae preocupaciones en materia de seguridad y tienen relación directa con el fenómeno migratorio. Eso se da en diferentes niveles según el hecho de que los Estados sean territorios de origen, de destino o de tránsito de migrantes, problema que se agudiza cuando un Estado tenga ya una doble o triple condición de estos elementos. Es por esta razón que el tema de los Derechos Humanos cobra una particular relevancia en la problemática migratoria, razón por la cual no Migración, Asilo y Refugio pueden estar ausentes de las políticas, acciones y acuerdos en materia migratoria, estableciéndose, además, que la persona humana debe ser el centro de toda política migratoria. En consecuencia, estas políticas no deben discriminar o criminalizar a los migrantes; éstos deben ser objeto de un trato digno. En ese sentido, toda política migratoria debería tener como objetivos los siguientes: facilitar la documentación de los flujos migratorios; proteger y garantizar los derechos humanos de los migrantes; asegurar un trato digno a la población migrante; contribuir de manera efectiva a garantizar la seguridad fronteriza; contar con un adecuado marco legal y una estructura tecnológica. Con una política de este tipo se puede lograr un mayor control y verificación de entradas y salidas, mejorar los servicios migratorios, capacitar a las autoridades migratorias, generar mecanismos de repatriación segura y ordenada, combatir el crimen organizado transnacional, especialmente la corrupción, el tráfico y la trata de personas, todo en un marco de pleno respeto de los derechos humanos de los migrantes. Para lograr estos objetivos se necesita también la colaboración y compromiso de las organizaciones internacionales, como, por ejemplo, la Organización Internacional para las Migraciones (OIM), la Organización de los Estados Americanos OEA, la Comisión Interamericana de Derechos Humanos, la Corte Interamericana de Derechos Humanos CIDH, el Instituto Interamericano de Derechos Humanos y la Comisión Interamericana de Mujeres CIM, entre otras. Solamente de esta manera se logrará una verdadera protección de los derechos humanos de los migrantes, que tenga como fundamento la no comercialización de la migración, el respeto de los derechos humanos independientemente del estatus migratorio, la responsabilidad compartida de los países de origen, tránsito y destino para atender de manera integral el fenómeno migratorio. Es indispensable que los Estados promuevan y protejan de manera efectiva los derechos humanos y las libertades fundamentales de todos los migrantes, independientemente de su estatus migratorio, especialmente de las mujeres y los niños. De igual manera, deben combatir el trato injusto y discriminatorio de los migrantes, en particular de los trabajadores migratorios y sus familias. En ese sentido, se hace necesario realizar acciones contra legislaciones y medidas adoptadas por algunos Estados que puedan restringir los derechos humanos y las libertades fundamentales de los migrantes, poniendo fin a los arrestos y detenciones de carácter arbitrario, cumpliendo, además, con la Convención de Viena sobre Relaciones Consulares, particularmente en relación con el derecho que tienen todos los ciudadanos extranjeros, no importa su estatus migratorio, a comunicarse con un Funcionario Consular del Estado de origen en caso de arresto, detención, encarcelamiento o prisión preventiva y la obligación del Estado receptor de informar sin demora al ciudadano extranjero de sus derechos en virtud de la Convención. Esta obligación ha sido recogida en la Opinión Consultiva OC-16/99, denominada “El Derecho a la información sobre la Asistencia Consular en el marco de las garantías del debido proceso legal”, emitida por la Corte Interamericana de Derechos Humanos el 10 de octubre de 1999. Existen legislaciones de los Estados que restringen los derechos humanos y libertades fundamentales de los migrantes, de una manera severa que incluso ha llegado a criminalizar la situación de indocumentado. Entre ellas tenemos: la Ley italiana denominada Ley de Seguridad e inmigración; la Directiva de Retorno aprobada por el Parlamento de la Unión Europea y recientemente la Ley SB1070 o Ley de Arizona, las cuales son brevemente analizadas. 2. ANÁLISIS DE LEGISLACIONES a) LEY ITALIANA DENOMINADA “LEY DE SEGURIDAD E INMIGRACIÓN” Esta ley ha sido considerada muy severa para los inmigrantes; algunos la han calificado de xenofóbica, racista y cargada de odio, ya que restringe la inmigración de ciudadanos “extracomunitarios”. Dicha ley prevé establecer un delito de “inmigración y permanencia ilegal”; si bien no estipula cárcel para los “indocumentados o sin papeles”, contempla hasta tres años de prisión para quienes alquilen viviendas a los indocumentados. Esta ley coloca a Italia entre los países más duros de Europa en la lucha contra la inmigración ilegal, estableciendo que sólo obtendrá el permiso de residencia en Italia el extranjero extracomunitario que tenga un contrato de trabajo gestionado en el exterior (Embajadas y Consulado italianos). El permiso tendrá dos años de duración y si en ese período el inmigrante pierde el trabajo deberá abandonar el país. La Ley establece, además, sanciones especiales severas para los que 35 Ana Elizabeth Villalta Vizcarra dan trabajo a los inmigrantes irregulares, así como para los traficantes de estos inmigrantes. La Ley ha sido muy criticada e incluso considerada como una “discriminación racista”, ya que también establece que los inmigrantes deberán ser identificados por sus huellas digitales. La Ley prevé la formación de patrullas locales de civiles que se dediquen a recorrer las calles de sus barrios como apoyo de las fuerzas de seguridad para denunciar ante éstas cualquier actitud o movimiento sospechoso de los ciudadanos. Es más: pone en peligro los derechos humanos y fundamentales de los extranjeros que ya no podrán ser escolarizados, ir al médico y casarse; incluso, no permite el registro de los hijos nacidos de indocumentados. En razón de lo anterior, la misma ha sido calificada como una ley injusta, cargada de odio, intolerante y racista. Los defensores de la misma expresan que es una ley que lucha contra la clandestinidad, por lo que resulta absolutamente necesaria para la seguridad del Estado. b) DIRECTIVA DE RETORNO APROBADA POR EL PARLAMENTO DE LA UNIÓN EUROPEA Esta Directiva tiene como objetivo establecer procedimientos y normas uniformes para los Estados de la Unión Europea respecto al retorno de inmigrantes indocumentados a sus países de origen, estableciendo, además, que la política migratoria de un Estado o de un grupo de Estados se rige esencialmente por el derecho interno o comunitario, dentro de los límites establecidos por el derecho internacional. Dicha Directiva ha sido ya objeto de análisis y de opinión del Comité Jurídico Interamericano en su Resolución CJI/RES 150 (LXXIII-0/08), del 8 de agosto de 2008, cuando en dicha Resolución manifestó su preocupación por la aplicación que puede darse al contenido de dicha Directiva, de manera que no guarde consistencia con los instrumentos internacionales en materia de respeto y tutela de los derechos humanos de los migrantes, por las siguientes razones: resguarda inadecuadamente la garantía del debido proceso de los migrantes sujetos a expulsión; implica mecanismos de internamiento inconsistentes con los principios de derecho internacional y las disposiciones contenidas en los ordenamientos jurídicos internos de los mismos; brinda una inadecuada protección a migrantes en condiciones vulnerables, en especial cuando se 36 refiere a niños, niñas y adolescentes o cuando se refiera a situaciones que puedan afectar la unidad familiar; implica situaciones de detención en Centros Penales, afectando garantías básicas de los migrantes al equipararlos a personas acusadas o condenadas por delitos; implica medidas de internamiento que no guardan la debida proporción con la situación de los migrantes ni con instrumentos internacionales de derechos humanos sobre la materia; las normas relativas a la prohibición de entrada se prestan, por su amplitud, a una aplicación arbitraria e inflexible, lo que tiende a estigmatizar a las personas expulsadas equiparándolas a delincuentes y abriendo las puertas para negarles el ejercicio futuro de derechos esenciales, como el derecho de asilo o el de reagrupamiento familiar; la existencia de vacíos, imprecisiones y ambigüedades que afectan la claridad de la Directiva de Retorno y amplían indebidamente el espacio de su interpretación y aclaración. En dicha Opinión el Comité Jurídico Interamericano en sus Resolutivos 3 y 4 expresa respectivamente: “Reiterar categóricamente que ningún Estado debe tratar como un delito en si mismo el estatus migratorio de una persona, ni dar pie, por ese solo hecho, a la adopción de medidas de carácter penal o de efecto equivalente” y “manifestar la necesidad de adecuar, por los medios que se estime idóneos, la Directiva de Retorno aprobada por el Parlamento de la Unión Europea, según parámetros consistentes con las obligaciones internacionales en la materia, tanto de origen convencional como consuetudinario, de manera que no se preste a una interpretación o aplicación indebida”. Esta opinión tuvo también presente la Opinión Consultiva OC-18/03, denominada “la condición jurídica y derechos de los migrantes indocumentados”, emitida por la Corte Interamericana de Derechos Humanos, el 17 de septiembre de 2003, la cual ha establecido: “que la obligación general de respetar y garantizar los derechos humanos vincula a los Estados, independientemente de cualquier circunstancia o consideración, inclusive el estatus migratorio de las personas” y que “el derecho al debido proceso legal debe ser reconocido en el marco de las garantías mínimas que se deben brindar a todo migrante, independientemente de su estatus migratorio” y que “la calidad migratoria de una persona no puede constituir una justificación para privarla del goce y ejercicio de sus derechos humanos.” Migración, Asilo y Refugio c) LEY SB1070, LEY DE INMIGRACIÓN DEL ESTADO DE ARIZONA En un principio se realiza un análisis de la demanda federal entablada por la administración Obama en contra de la Ley SB1070, conocida como ley de Arizona. Esta demanda fue presentada por el Departamento de Justicia (DOJ) el día 6 de julio de 2010 ante la Corte Federal de Phoenix, Distrito de Arizona, en nombre de los Departamentos de Estado, Justicia y Seguridad Interna, por ser los Departamentos encargados de la administración de las leyes migratorias a nivel federal. Esta acción busca que se declare la inconstitucionalidad de la Ley SB1070, así como suspender provisional y definitivamente la entrada en vigor de la misma, prevista para el 29 de julio del presente año, con el objeto de evitar perjuicios en los Estados Unidos. Específicamente la Demanda tiene como finalidad: la Declaratoria de Inconstitucionalidad de la Ley SB1070; la suspensión de manera provisional y definitiva de la entrada en vigor de dicha Ley y la invalidez de las secciones 1 a 6 de la Ley SB1070. El fundamento jurídico de la acción se centra en que dentro del Sistema Jurídico de los Estados Unidos la legislación federal se encuentra jerárquicamente en un nivel superior que la legislación estatal. En ese sentido el hecho de que la Ley SB1070 legisle sobre temas que le competen a la Autoridad Federal resulta violatorio de la cláusula de supremacía establecida en la Constitución de ese país, ya que dicha Autoridad Federal es la que precisamente tiene la facultad de implementar las políticas migratorias en los Estados Unidos y la Ley SB1070 de Arizona le otorga esas facultades a la Autoridad Estatal, es decir, implementar leyes migratorias federales. La aplicación de la Ley SB1070 implicaría, además, el desvío de recursos de las agencias federales de los temas prioritarios del país, como lo es la detención de extranjeros implicados en actos de terrorismo, narcotráfico y crimen organizado. Asimismo, se contrapone a la política federal en materia de regulación y estadía de los extranjeros en el país. Así, por ejemplo, ignora cuestiones humanitarias previstas en la legislación federal, de tal manera que llega a interferir con la política exterior de los Estados Unidos y de sus intereses en materia de seguridad nacional, así como con prioridades federales, al pretender desviar recursos para la consecución de objetivos propios de la Ley, violando la cláusula de supremacía constitucional. En razón a lo anterior, la Demanda del Gobierno Federal establece que la Ley SB1070 ha causado y seguirá causando un daño de carácter irreparable y sustancial en contra de los intereses de los Estados Unidos, por lo que el único remedio jurídico que tiene al alcance el Gobierno es recurrir ante la Corte Federal. Dicha Demanda en conclusión pide: Que se declare la invalidez de las secciones 1 a 6 de Ley SB1070 como nulas y sin efectos, por contravenir la cláusula de Supremacía; Que se establezca que la legislación Federal, así como las obligaciones de los Estados Unidos en materia de política exterior, se encuentren jerárquicamente sobre la Ley SB1070 en dichas secciones; Que se declare como inválida la sección 5 de Ley SB1070 que restringe el tránsito de extranjeros entre estados de los Estados Unidos por ir en contra del artículo 1. Sección ocho de la Constitución de dicho país; Que se conceda la suspensión provisional y definitiva en contra del Estado de Arizona, así como de sus oficiales, agentes y empleados, para evitar la entrada en vigor de la Ley antes mencionada. Esta Demanda ha tenido lugar debido a que la Ley SB1070 de Arizona es la más estricta contra los inmigrantes, ya que bajo ella la estadía ilegal en el país pasa de ser un delito meramente civil a un delito criminal. Esta Ley le da derecho a la policía de Arizona a detener a las personas bajo la sospecha razonable de no estar en los Estados Unidos legalmente; asimismo, da derecho a los ciudadanos de Arizona a demandar a las Agencias o entidades del Estado (Policía) si éstas no están cumpliendo con la Ley. Bajo esta ley no tener papeles de estadía legal en el país, no llevar en la billetera el green card o transportar en su automóvil un indocumentado, no obstante que sea un familiar, se convierte en un delito en Arizona. Esta Ley prácticamente está tomando bajo su cargo la ejecución de las leyes inmigratorias y ésta es una atribución únicamente del Gobierno Federal, razón por la cual esta ley es contraria a los preceptos constitucionales, puesto que los policías locales no tienen ninguna autoridad para ejecutarlas. Es por estas razones que el Gobierno Federal de los Estados Unidos ha pedido a un tribunal de Arizona suspender la aplicación de la Ley SB1070, y que la misma sea declarada nula por ser contraria a la Constitución y que se impida provisional y permanentemente su aplicación a las Autoridades de Arizona, debido a que éstas han invadido 37 Ana Elizabeth Villalta Vizcarra atribuciones federales en materia migratoria. No obstante que los Estados pueden ejecutar políticas que tengan un efecto incidental o indirecto sobre los extranjeros, no pueden crear su propia política migratoria o aplicar leyes estatales que interfieran con las leyes federales en esa materia. La Ley ignora temas humanitarios como las protecciones que la Ley Federal otorga a extranjeros que sufren persecución en su país o que han sido víctimas de un desastre natural. La cláusula de supremacía de la Constitución prohíbe a los estados de la unión aprobar leyes contrarias a esa norma superior. En este sentido, la Ley SB1070 crea bases para una discriminación racial que se considera inaceptable, además de establecer que la migración ilegal es un delito estatal, constituyendo la medida más estricta contra los migrantes. La Ley SB1070 también interfiere en asuntos de política exterior, así como en cuestiones de vital importancia para los intereses de la seguridad nacional, que son de responsabilidad exclusiva del Gobierno Federal. En consecuencia, es necesario contar con una Ley de inmigración Federal justa e integral, que respete los derechos humanos y fundamentales de los migrantes, evitando, así, la promulgación de leyes estatales. El contenido de esta Ley también ha sido objeto de análisis por los Estados Miembros de la Organización de Estados Americanos, quienes en una reunión en Consejo Permanente manifestaron su preocupación por la Ley de Inmigración de Arizona. El señor Secretario General de la Organización, en un Comunicado de Prensa de la OEA del 28 de abril de 2010, señaló al respecto: “éste es un tema que nos preocupa a todos los ciudadanos de las Américas, comenzando por los ciudadanos de Estados Unidos, país que tiene una tradición riquísima de inmigración y de respeto por los migrantes que han venido a tener una vida mejor”. Luego añadió: “la rica tradición que todos admiramos, de reconocimiento del inmigrante en los Estados Unidos ha sufrido un daño, un menoscabo” y “Este ha sido un momento doloroso, difícil para todos y por eso que reconocemos y saludamos con energía la forma cómo el Gobierno del Presidente Barack Obama ha reaccionado frente a este hecho. Por nuestra parte, vamos a hacer seguimiento y nos esforzaremos por actuar siempre con mayor unidad de criterio, porque creo que todos los aquí presentes compartimos los problemas que esta legislación crea”. 38 3. ASILO Y REFUGIO En el Sistema Interamericano no puede analizarse la institución del Refugio sin que se revise también la del Asilo, ya que ambas están íntimamente relacionadas, siendo necesario determinar la práctica y el alcance de ambos conceptos, con la finalidad de brindar un régimen de mayor protección a las personas. Estas Instituciones han tenido connotaciones diferentes en los Estados que conforman el Sistema, de tal suerte que se ha entendido al Asilo como una Institución de carácter político, otorgándosele a las personas que alegan persecución por razones o motivos únicamente políticos. El Refugio, por su parte, se concibe como una institución de carácter humanitario otorgada a las personas que tienen un temor fundado a ser perseguidas no sólo por motivos políticos sino también por raza, sexo, religión o condición social. En ese sentido, se ha relacionado el concepto de Asilo con el Sistema Latinoamericano y el de Refugio con el Sistema de Naciones Unidas. No obstante lo anterior, se concibe el concepto de Asilo como un término genérico, como un tronco común, que determina la protección que debe otorgarse al perseguido. En ese orden de ideas, debe entenderse el concepto genérico de Asilo como el que, a su vez, comprende la institución del Asilo de América Latina, así como la del Refugiado bajo el sistema de Naciones Unidas, de tal manera que este concepto de Asilo no solamente recoja las normas Convencionales y Consuetudinarias de Asilo en América Latina sino también los principios y normas del derecho internacional de los Refugiados, de derecho internacional de los derechos humanos, del derecho internacional humanitario y del Derecho Penal Internacional. El Asilo es una institución muy antigua en el Derecho Internacional, pero que ha sido regulada con mayor intensidad en América Latina, donde existe una tradición centenaria su respecto, siendo regulado a nivel convencional y consuetudinario, ya que en la región latinoamericana siempre ha existido la conciencia de que se justifica la protección de la persona perseguida por motivos o delitos políticos, distinguiéndose, además, entre Asilo Diplomático o Político y Asilo Territorial; el primero es el que se otorga en una Misión Diplomática o en la residencia particular del Jefe de dicha Misión; el segundo es el que se concede en el territorio de un Estado cuando una persona, que es perseguida por motivos o delitos políticos en su Estado, solicita la protección. Migración, Asilo y Refugio Esto demuestra que América Latina es una región que posee una pionera y centenaria tradición en materia de Asilo, ya que en ella surge la primera Convención que regula el tema, o sea, los tratados de Montevideo de 1889-1890, específicamente el tratado sobre Derecho Penal Internacional; posteriormente a éste, surgieron una serie de instrumentos internacionales americanos sobre la materia, por lo que América Latina, es una región donde se desarrolló una práctica de hospitalidad por parte de sus gobiernos a perseguidos políticos. El Asilo bajo esta normativa se ha constituido un instituto representativo del sistema americano de protección a perseguidos, por motivos o delitos políticos. El Sistema Regional o Interamericano, como se ha manifestado, ha contado con una generosa y centenaria tradición de Asilo, que incluso ha precedido a la adopción de los Instrumentos Internacionales Universales y que se remonta aun antes de la creación de la Organización de los Estados Americanos (OEA) en 1948, en la Carta de Bogotá y en numerosos Instrumentos Internacionales Americanos constituyendo parte del acervo jurídico interamericano, a saber: los Tratados de Montevideo sobre Derecho Penal Internacional de 1889-1890; la Convención sobre Asilo dada en la Sexta Conferencia Internacional Americana de La Habana, Cuba, de 1928; la Convención sobre Extradición y la Convención sobre Asilo Político, ambas de 1933, emanadas de la Séptima Conferencia Internacional Americana, celebrada en Montevideo, Uruguay; el Tratado sobre Asilo y Refugio Político producto de los Tratados de Montevideo de 1939-1940; la Declaración Americana de los derechos y deberes del hombres de 1948; las Convenciones sobre Asilo Territorial y Asilo Diplomático de 1954, productos de la Décima Conferencia Internacional Americana celebrada en Caracas, Venezuela y la Convención Americana sobre Derechos Humanos o Pacto de San José de 1969. El Asilo en América Latina ha tenido como objetivos: a) proteger la vida, la libertad o la seguridad de las personas perseguidas por delitos políticos y b) asegurar el respeto de los derechos fundamentales del hombre. Asimismo, tanto en el derecho positivo como en la doctrina latinoamericana, se han distinguido dos formas de Asilo: el Asilo Diplomático y el Asilo territorial; ambos han evolucionado conjunta y paralelamente, y se conciben hasta el momento como dos manifestaciones diferentes de un mismo instituto genérico, el Asilo, pero que al mismo tiempo se han constituido como medios de protección y defensa de los derechos humanos. América Latina es la única región del mundo donde se ha reconocido el Asilo como tal, siendo objeto, además, de una regulación convencional y consuetudinaria que ha determinado su régimen jurídico, ya que los intentos realizados para lograr una aceptación universal del derecho de asilo no han fructificado; es por ello que se ha entendido como una institución exclusivamente latinoamericana. El Derecho de Asilo fue reconocido por primera vez en América en los Tratados de Montevideo de 1889-1890 sobre Derecho Penal Internacional. En la Convención de La Habana de 1928 sobre Asilo Diplomático, su artículo primero prohibía el asilo para los delincuentes comunes, permitiéndolo únicamente para los delincuentes políticos, pero usa la expresión refugiados políticos como sinónimo de Asilados Políticos. En igual forma, los Tratados de Montevideo de 1939 se refieren al asilado territorial como un refugiado y la Convención de Caracas de 1954 sobre asilo territorial utiliza en el artículo 9 la expresión Refugio como sinónimo de Asilo Territorial. No obstante lo anterior, el régimen de asilado territorial del sistema americano no coincide plenamente con el estatuto de refugiado del Sistema Universal. En este sentido, se ha entendido al Asilo como un instituto representativo del sistema latinoamericano y el refugio como una institución que hace referencia al sistema universal de protección de los refugiados. El Refugio, por su parte, se ha considerado una institución convencional universal mediante la cual una persona abandona el país del cual es nacional por razones de temor fundado a ser perseguido no sólo por motivos políticos sino también por raza, religión o condición social y está imposibilitado de regresar a su país, por cuanto su vida e integridad física corren peligro. Son elementos fundamentales del Refugio los Principios de No Devolución y de No Expulsión, así como el derecho a la unidad familiar, lo que determina al Refugio como una institución de carácter humanitario. Los principales instrumentos internacionales adoptados bajo el sistema de Naciones Unidas para la protección de los refugiados son: la Convención sobre el Estatuto de los Refugiados de 1951 y el Protocolo sobre el Estatuto de los Refugiados de 1967, conceptuándose de esta manera como una institución del sistema universal de protección a los refugiados. 39 Ana Elizabeth Villalta Vizcarra Por estos Instrumentos Universales, se considera refugiado a la “persona que, debido a fundados temores de ser perseguida por motivos de raza, religión, nacionalidad, pertenencia a determinado grupo social u opiniones políticas, se encuentre fuera del país de su nacionalidad y no pueda o, a causa de dichos temores, no quiera acogerse a la protección de tal país; o que, careciendo de nacionalidad y hallándose a consecuencia de tales acontecimientos, fuera del país donde antes tuviera su residencia habitual, no puede o, a causa de dichos temores, no quiera regresar a él”. En ese sentido, se considera al Refugio como una institución jurídica a través de la cual se otorga a un extranjero el reconocimiento de “refugiado” en un Estado del que no es nacional y al que ha acudido buscando la seguridad que le falta en el propio, ante temores fundados de persecución por motivos de raza, religión, ideas políticas, nacionalidad o pertenencia a determinado grupo social. El refugio reconoce derechos individuales y cuenta con la protección y asistencia internacional a través de un organismo especializado de las Naciones Unidas que es el Alto Comisionado de las Naciones Unidas para los Refugiados (ACNUR). La temática conceptual sobre Asilo y Refugio ha sido tratada en el Continente Americano de manera separada o dividida, sin buscarse resolverla a través de la armonización de ambas instituciones mediante la interpretación sistemática del ordenamiento jurídico, evitando así su fragmentación y por ende, el debilitamiento de su normatividad en la protección internacional de los perseguidos. Esta diferencia conceptual entre Asilo y Refugio ha sido incluso normada en las legislaciones internas de los Estados del Continente Americano. En el ámbito universal, el Asilo está regulado en el artículo 14 No. 1 de la Declaración Universal de Derechos Humanos: “En caso de persecución, toda persona tiene derecho a buscar asilo, y disfrutar de él, en cualquier país”. En el marco regional o interamericano, está regulado en el artículo XXVII de la Declaración Americana de los Derechos y Deberes del Hombre, bajo el título de “Derecho de Asilo”: “Toda persona tiene el derecho de buscar y recibir Asilo en territorio extranjero, en caso de persecución que no sea motivada por delitos de derecho común y de acuerdo con la legislación de cada país y con los Convenios Internacionales”. En ambas Declaraciones se regula el Asilo en 40 términos generales, no refiriéndose en ninguna de ellas al Refugio. Ahora bien, esta distinción conceptual entre Asilo y Refugio ha llevado a que ambos se normen con diferentes Instrumentos Jurídicos Internacionales. Cuando surge la gran crisis de los refugiados en Centroamérica en la década de 1980, a consecuencia de los conflictos internos que surgieron en varios países de la región, es que se realiza una reflexión sobre la convergencia de ambos conceptos, así como de los sistemas internacional y americano de protección a los refugiados. Este esfuerzo para compatibilizar ambos sistemas redundará en una protección superior para los refugiados del Continente Americano. Esta compatibilización es posible si acudimos al concepto de Asilo como una institución genérica, como un tronco común que permite el desarrollo integral de ambas instituciones, esto es, el Asilo como tal y el Refugio, englobando así ambos conceptos. Esta postura de concebirse al Asilo como un concepto genérico o un tronco común ha sido adoptada por juristas y expertos en la materia; así, el internacionalista Reynaldo Galindo Pohl en su conferencia “Refugio y Asilo en la teoría y en la práctica jurídica”, dada en el Coloquio realizado en Cartagena de Indias, en 1983, sobre la temática, sostuvo que: “la institución que hace efectivos los varios derechos del refugiado es el Asilo” y que los Estados reciben a personas con calidad de refugiados para luego concederles asilo”… y que “el único y necesario resultado de la calificación de refugiado es el Asilo”. Esta conceptualización del Asilo también puede entenderse tomando en cuenta que tanto el Asilo como el Refugio tienen la misma finalidad, que es el extender la protección del Estado a las víctimas de persecución, cualquiera que sea el procedimiento por medio del cual en la práctica se formalice dicha protección, ya sea el régimen de asilados según los Convenios e Instrumentos Interamericanos en la materia o bien el régimen de refugiados, de conformidad a los Convenios de Naciones Unidas, especialmente a la Convención de 1951 sobre el Estatuto de los Refugiados y a su Protocolo de 1967. Abona también esta conceptualización el hecho de que el término genérico de “Asilo” tiene su equivalente en el término inglés “Asylum” y en el término francés “Asile”, siendo regulado en esta manera en los textos de derechos humanos y del derecho de los refugiados. Migración, Asilo y Refugio Entre una y otra institución sí existen algunas diferencias, de tal manera, que el Asilo por regla general da protección a personas que son perseguidas a título individual y el Refugio da protección a grupos masivos de personas. Además, el Asilo es una cuestión exclusiva de la soberanía y del dominio interno de los Estados; en cambio, el Refugio tiene relación con la normativa establecida por la Comunidad Internacional. Por estas razones, no es conveniente considerarlos como conceptos sinónimos y así lo ha sostenido el jurista César Sepúlveda, en su ponencia “La cuestión del Asilo y Refugio” en el coloquio de México de 1981, cuando expresó: “Asilo y refugio son ahora conceptos diferentes, aunque en un tiempo significaron la misma cosa”. En ese mismo orden de ideas, el jurista Galindo Pohl manifestó: “la institución del Refugio de la Convención de 1951… concierne principalmente a la persecución de grupos, … no requiere persecución individualizada … y cubre numerosos casos que escapan a las Convenciones Interamericanas”. El Asilo, entendido como concepto genérico, un tronco común, puede superar todas estas divergencias en beneficio de la protección de las personas, respetando al mismo tiempo las particularidades de una y otra institución, lo cual permitirá un desarrollo progresivo de la institución del Asilo en este sentido, ya que la práctica que se ha venido desarrollando en los Estados en torno al refugio es que, una vez concedida la condición de refugiado de una persona, se le permite residir en el territorio del Estado, brindándole de esta manera asilo. 4. PROBLEMÁTICA ACTUAL En 1965, en el ámbito interamericano, se tuvo la iniciativa de elaborar una Convención Regional sobre Refugiados, encargo que se le dio al Comité Jurídico Interamericano, el cual elaboró un Proyecto de Convención con el objeto de contar con un instrumento regional sobre la materia. Fue precisamente la Segunda Conferencia Interamericana Extraordinaria, reunida en Río de Janeiro, Brasil, en 1965, que por Resolución XXI se le encomendó al Comité Jurídico Interamericano la preparación de un Proyecto de Convención Interamericana sobre Refugiados. El Comité Jurídico Interamericano, cumpliendo con su mandato, consideró que los principales aspectos que deberían ser analizados eran los siguientes: a) situación jurídica, incluyendo la definición de refugiados, sus derechos y deberes, su estatuto personal y su situación laboral; b) otorgamiento de un documento de viaje para los refugiados; y c) la coordinación de asistencia y protección a los refugiados. El Comité Jurídico Interamericano concluyó el Proyecto, pero el tema ya no fue considerado por los Órganos políticos de la Organización de los Estados Americanos. Antes de 1970 en América Latina eran suficientes las normas sobre Asilo Diplomático y Asilo Territorial para atender esta temática. Posteriormente, la existencia de conflictos internos en el Continente provocó la problemática de los refugiados debido a que los Estados Americanos no estaban preparados para recibir una población masiva de refugiados. En cuanto al Refugio como Institución Autónoma y diferente al Asilo, tal como es concebido en el Derecho Americano, es regulado en el ámbito universal en la Convención sobre el Estatuto de los Refugiados de 1951 en el marco de las Naciones Unidas, así como en el Protocolo a dicho Estatuto conocido como el Protocolo sobre el Estatuto de los Refugiados de 1967. Estos instrumentos tuvieron como finalidad proteger a las personas desplazadas durante la Segunda Guerra Mundial y con posterioridad a ésta, lo que da lugar a la aparición de otra institución emparentada con ellas que es la de los Desplazados. Posteriormente a estos instrumentos se han adoptado sobre todo en el continente americano otros instrumentos de mayor protección a la problemática de los refugiados en el continente, siendo éstos la “Declaración de Cartagena sobre Refugiados de 1984”, la cual amplió el concepto de refugiados para hacerlo extensible a los desplazamientos originados por circunstancias de violencia generalizada, como es el caso de los conflictos internos u otros hechos que perturben gravemente el orden interno, habiendo una violación masiva de los derechos humanos. En ese sentido, la Declaración de Cartagena recomendó la extensión a las personas que han huido de sus países porque su vida, seguridad o libertad han sido amenazadas por la violencia generalizada, la agresión extranjera, los conflictos internos, la violación masiva de Derechos Humanos u otras circunstancias que hayan perturbado gravemente el orden público. En 1989, a consecuencia de los diversos conflictos internos ocurridos en la región centroamericana se realizó la “Conferencia Internacional sobre Refugiados Centroamericanos, CIREFCA”, la cual adoptó los “Principios y Criterios para la protección y asistencia de los 41 Ana Elizabeth Villalta Vizcarra Refugiados, Repatriados y Desplazados Internos Centroamericanos en América Latina”. En 1994, se adopta la “Declaración de San José sobre Refugiados y Personas desplazadas” y, en 1999, la “Declaración de Tlatelolco”; ésas también abordan con preocupación la problemática de los refugiados en la región. En el año 2004, se adopta la “Declaración y el Plan de Acción de México, para fortalecer la Protección Internacional de los Refugiados en América Latina”, la cual da especial atención a los problemas que provocan los desplazamientos forzados y, además, propone una serie de medidas concretas para brindar asistencia a los refugiados. Por ser consideradas las personas refugiadas como “Apátridas de Facto”, por el hecho de que son perseguidos en sus propios Estados, careciendo prácticamente de nacionalidad, es que tiene relación esta materia con el tema de los Apátridas que están normados en el ámbito universal en la Convención sobre el Estatuto de las Apátridas de 42 1954 y en la Convención para reducir los casos de apatridía de 1961. 5. CONCLUSIÓN Es conveniente que en la temática de los migrantes se realice por parte de los Estados de las Américas una política integral, que cubra todas las aristas del problema; para ello, se hace necesario contar con una acción coordinada por parte de los países de origen, tránsito y destino de migrantes. Esta política debe centrarse en un trato digno a la persona del migrante, en la cual se garantice plenamente el respeto a sus derechos humanos y libertades fundamentales. En cuanto a la temática de Asilo y Refugio, debe buscarse un punto común que proteja a las personas, realizándose esfuerzos por compatibilizar ambos sistemas, con el fin de lograr una protección superior para los refugiados en el Continente Americano. Migración, Asilo y Refugio BIBLIOGRAFÍA Derecho Internacional Público, 5ª ed., editorial Jurídica Cono sur, Santiago Benadava. investigación de la Universidad Nacional de Lanús, Buenos Aires, Argentina. Tratado de Derecho Internacional Público, Quinta edición, Editorial Temis, Marco Gerardo Monroy Cabra. Resoluciones de las Asambleas Generales de la Organización de los Estados Americanos (OEA). Derecho Internacional Público, Editorial TALCA, Fernando Gamboa Serazzi. Instrumentos Internacionales Regionales. de Memorias del Coloquio de Cartagena de Indias de 1983. Memorias del Coloquio de Tlatelolco, México 1981. “El Derecho Internacional Americano sobre Asilo Territorial y la Extradición, en sus relaciones con la Convención de 1951 y el Protocolo de 1967 sobre Estatuto de los Refugiados”. Héctor Gros Spiell. “Refugio y Asilo en la teoría y en la práctica jurídica”. Reynaldo Galindo Pohl. “El Derecho de Asilo”. Diego López Garrido. Investigación: “El Asilo y la Protección de los Refugiados en América Latina”. Equipo de Instrumentos Internacionales Universales. Ley SB1070. Ley de Seguridad e Inmigración Italiana. Directiva de Retorno aprobada por el Parlamento de la Unión Europea. Opinión Consultiva OC-16 de la Corte Interamericana de Derechos Humanos. Opinión Consultiva OC-18 de la Corte Interamericana de Derechos Humanos. Programa Interamericano para la Promoción y Protección de los Derechos Humanos de los Migrantes, incluyendo los trabajadores migratorios y sus familias. Resoluciones del Comité Jurídico Interamericano. 43 L´HUMANISATION DU DROIT INTERNATIONAL: LA PERSONNE HUMAINE EN TANT QUE SUJET DU DROIT DES GENS / THE HUMANIZATION OF INTERNATIONAL LAW: THE HUMAN PERSON AS SUBJECT OF THE LAW OF NATIONS (*) Antônio Augusto Cançado Trindade Professeur Émérite de Droit International de l´Université de Brasília (UnB); Juge de la Cour Internationale de Justice (La Haye); Ancien Président de la Cour Interaméricaine des Droits de l´Homme; Président Honoraire de l´Institut Brésilien des Droits de l´Homme; Président de la Société Latino-Américaine de Droit International; Membre Titulaire de l´Institut de Droit International et du Curatorium de l´Académie de Droit International de La Haye. -ILA PRÉSENCE ET LA PARTICIPATION DE LA PERSONNE HUMAINE DANS L’ORDRE JURIDIQUE INTERNATIONAL EN TANT QUE SUJET DU DROIT DES GENS J’aimerais commencer par exprimer ma gratitude aux autorités de l’Université Panteion d´Athènes, pour avoir pris l’initiative de cette démarche académique de ce soir, le 1er juillet 2014. C’est un grand honneur pour moi d´être nommé Docteur Honoris Causa, et cela me donne l’occasion d´échanger personnellement, ici à l´Université Panteion d´Athènes, avec mes chers collègues et amis de l’École grecque contemporaine de droit international, avec lesquels j’ai partagé au cours des dernières années des moments mémorables dans le milieu académique, à la fois en Europe et en Amérique Latine. Je remercie, en particulier, M. Le Recteur, le Professeur Grigoris Tsaltas, de l´attention de son addresse d´ouverture, et M. Le Vice-Recteur, le Professeur Stelios Perrakis, de la gentillesse de sa Laudatio, très significative pour moi. J’aimerais ajouter qu’il y a déjà longtemps, j’ai appris à apprécier le précieux héritage de l’époque hellénistique, qui a été marquée par une rare prospérité de l’apprentissage et des arts, qui a eu des répercussions dans différentes latitudes sur les siècles qui l’ont suivie. La Grèce ancienne a été témoin de l’apparition de la grammaire et de la critique de textes (en tant que nouvelle discipline), de la littérature elle-même (poésie, tragédies et comédies); elle a cultivé la philosophie et la sculpture; elle a vu les théâtres se multiplier ; elle a influencé la naissance ultérieure du droit (à l’époque romaine), avec un sens profond de la justice. De façon significative, la profonde influence du stoïcisme dans la pensée hellénistique a ouvert la voie à l’humanisme. Nous avons des raisons d’être reconnaissants, en Europe et en Amérique Latine, pour l’héritage grec que représente la pensée humaniste. C’est dans le cadre de cette pensée humaniste que je propose de traiter mon sujet aujourd’hui, lors de la cérémonie organisée dans cette Université Panteion d´Athènes. Il s’agit du sujet suivant: “L’humanisation du Droit international: La personne humaine en tant que sujet du droit des gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations”. Pour apprécier les développements dans le droit des gens contemporain, il est nécessaire de commencer par se tourner, même brièvement, vers les origines de notre discipline, et donc vers les origines du jus gentium tel qu’il est venu à être compris, englobant des Etats, des peuples et des individus. 1. La personne humaine dans la pensée jusnaturaliste du droit des gens L’importance considérable attribuée à la personne humaine dans le cadre du droit des gens par les célèbres “pères fondateurs” de la discipline ne devrait pas être oubliée à notre époque. Au cours du XVIe siècle, la conception de Francisco de Vitoria (auteur des célèbres Relecciones Teológicas, 1538-1539) s’est développée, et selon elle, le droit des gens régule une communauté internationale (totus orbis) constituée d’êtres humains organisés 45 Antônio Augusto Cançado Trindade socialement en Etats et conformant l’humanité; la réparation des violations des droits (de l’homme) reflète une nécessité internationale satisfaite par le droit des gens, avec les mêmes principes de justice s’appliquant à la fois aux États et aux individus et peuples qui les forment2. Au XVIIe siècle, dans la vision avancée par Francisco Suárez (auteur du traité De Legibus ac Deo Legislatore, 1612), le droit des nations révèle l’unité et l’universalité de l’humanité et régule les Etats dans leurs relations en tant que membres de la société universelle. Peu de temps après, au XVII e siècle, la conception élaborée par Hugo Grotius (De Jure Belli ac Pacis, 1625), supporte l’idée que la societas gentium comprend l’ensemble de l’humanité et la communauté internationale ne peut pas prétendre se baser sur la voluntas de chaque État individuel; les êtres humains - occupant une position centrale dans les relations internationales - ont des droits vis-à-vis de l’État souverain qui ne peuvent pas forcer l’obéissance de leur citoyens de manière absolue (l’impératif du bien commun), car la fameuse “raison d’État” a ses limites et ne peut pas se détourner du Droit. Dans cette ligne de pensée, encore au XVII e siècle, Samuel Pufendorf (De Jure Naturae et Gentium, 1672) soutient aussi l’idée de l’assujettissement du législateur à la raison alors que, au XVIIIe siècle, Christian Wolff (Jus Gentium Methodo Scientifica Pertractatum, 1749) pense que comme les individus devraient - dans leur association à l’Etat - promouvoir le bien commun, l’Etat, à son tour, a le devoir corrélatif de rechercher sa perfection3. La personnification ultérieure de l’État tout puissant, inspirée surtout de la philosophie du droit de Hegel, a eu une influence néfaste sur l’évolution du droit international à la fin du XIXe siècle et dans les premières décennies du XXe siècle. Cette tendance doctrinale a résisté du mieux qu’elle pouvait à l’idéal de l’émancipation de l’être humain du contrôle absolu de l’Etat et à la reconnaissance de l’individu comme sujet de Droit International. Mais la soumission de l’individu à la “volonté” de l’État n’a jamais parue convaincante, et a vite été ouvertement remise en question par la doctrine plus lucide. L’idée d’une souveraineté absolue de l’Etat, - qui a conduit à l’irresponsabilité et à la présumée omnipotence de l’Etat, n’empêchant pas les atrocités successives commises par lui (ou en son nom) contre les êtres humains, - est apparue avec le passage du temps comme entièrement non fondée. Dans son étude sur La morale internationale (1944), publié pendant la IIe. guerre mondiale, N. Politis attirait l´attention, avec des références à 46 des leçons des tragédies d´Eschyle et d´Euripide4, sur le nécessaire équilibre - toujours avec tension - entre la légalité et la justice. La pensée humaine, aux XVIIIe et XIXe siècles, se montrait déjà consciente de cet équilibre nécessaire; cette conviction a graduellement commencé à pénétrer dans la conscience humaine5. N. Politis a averti, avec perspicacité, qu´“[à] la différence des profits de l´injustice et de l´illégalité, qui, s´ils peuvent être rapides, ne sont pas assurés de durer, ceux de la justice et de la légalité, sans doute plus lents, sont certainement plus durables”6. Au cours de tout le XXe siècle, la pensée humaniste a resisté aux tyrannies, et a reconnu la nécessité impérieuse des valeurs, beaucoup plus importantes que la volonté7. L’État - il est reconnu de nos jours - est responsable de tous ses actes (à la fois jure gestionis et jure imperii ), ainsi que de toutes ses omissions8. En cas de violation des droits de l’homme, l’accès direct de l’individu à la juridiction internationale est donc totalement justifié pour défendre ces droits, même contre son propre État9. À partir des travaux ayant résulté en une résolution prise par l´Institut de Droit International en 1929, S. Séfériadès a donné un cours à l´Académie de Droit International de La Haye en 1935, dans lequel il a soutenu l´accès direct des individus à des juridictions internationales, pour améliorer “la justice de ce monde”. Il s´agissait d´une vraie nécessité; à son avis, [l]a protection diplomatique s´efface ainsi complètement lorsque la justice apparaît. Devant elle, ce n´est plus l´État protecteur qui se présente, mais, directement, le particulier interéssé lui-même: c´est celui-ci qui parle10. À notre époque, l’individu est reconnu comme sujet à la fois de droit interne et de droit international. En fait, il est toujours resté en contact, directement ou indirectement, avec l’ordre juridique international11. Pendant la période de l’entre-deux-guerres, les expériences des minorités et des systèmes des mandats de la Société des Nations, par exemple, en témoignent. Ils ont été suivis, à cet égard, du système de tutelle de l’ère de l’Organisation des Nations Unies, en parallèle au développement par cette dernière de multiples mécanismes conventionnels et extra-conventionnels - de protection internationale des droits de l’homme. Ces premières expériences au XXe siècle étaient importantes pour les développements ultérieurs en matière de sauvegarde internationale des droits de la personne humaine. L´Humanisation du Droit International: La Personne Humaine en tant que Sujet du Droit des Gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations L’évolution considérable dans les dernières dizaines d’années non seulement du Droit International des Droits de l’Homme mais similairement du Droit International Humanitaire, a contribué de manière décisive à la réaffirmation du contact constant de l’individu avec l’ordre juridique international. Le Droit International Humanitaire considère également les personnes protégées non seulement comme des simples objets de la réglementation qu’elles établissent mais comme vrais sujets de Droit International12. C’est ce qui découle clairement du fait que les quatre Conventions de Genève interdisent clairement aux Etats parties de déroger - par accords spéciaux - aux règles que ces Conventions énoncent, et en particulier de restreindre les droits des personnes protégées qu’elles prévoient13. En effet, l’impact des normes du Droit International des Droits de l’Homme a eu depuis longtemps des répercussions sur le corpus juris et la mise en œuvre du Droit International Humanitaire. Par conséquent, le Droit International Humanitaire s’est progressivement libéré d’une vision obsolète purement interétatique, mettant de plus en plus l’accent - au regard des principes d’humanité - sur les personnes protégées et sur la responsabilité de la violation de leurs droits, de conformité avec la ligne de pensée jusnaturaliste du jus gentium et de la civitas maxima gentium14. Les tentatives du passé de refuser aux individus la condition de sujets de Droit International du fait que l’on ne leur reconnaissait pas certaines compétences que les Etats avaient (comme par exemple celle de l’élaboration de traités) sont définitivement dépourvues de sens15. Cette tendance doctrinale, tentant d’insister sur une définition tellement rigide de la subjectivité internationale, conditionnant cette dernière à la formation des normes internationales et à leur respect, ne se tient tout simplement pas, pas même au niveau du droit interne dans lequel il n’est pas requis que chaque individu - il n’a d’ailleurs jamais été requis participe à la création et la mise en œuvre de normes juridiques pour être sujet (titulaire) de droits et être lié par les devoirs émanant de ces normes. En plus d’être non viable, cette conception semble contaminée par un dogmatisme idéologique inquiétant qui a eu comme conséquence principale d’aliéner l’individu de l’ordre juridique international. Il est surprenant, - sinon étonnant, - en plus d’être regrettable, de voir cette conception répétée mécaniquement et ad nauseam par une tendance doctrinale qui essaie apparemment de faire croire que la fonction intermédiaire de l’Etat entre les individus et l’ordre juridique international serait quelque chose d’inévitable et de permanent. Rien ne pourrait être plus faux. Dans la période historique brève dans laquelle cette conception étatique prévalait, au regard du positivisme juridique, des atrocités successives ont été commises contre l’être humain à une échelle sans précédent. Il en résulte assez clairement aujourd’hui qu’il n’y a rien d’intrinsèque au Droit International qui empêche les acteurs non étatiques, ou qui leur rend impossible, de bénéficier d’une personnalité juridique internationale. Personne n’ose en bonne conscience nier que les individus sont effectivement titulaires des droits et porteurs des obligations qui émanent directement du Droit International avec lequel il se trouvent ainsi en contact direct. Et il est parfaitement possible de conceptualiser - même avec plus de précision - comme sujet de droit international toute personne ou entité titulaire de droits et d’obligations qui émanent directement des normes de Droit International. C´est le cas des individus, qui ont ainsi renforcé ce contact direct - sans intermédiaires - avec l’ordre juridique international. Le mouvement international en faveur des droits de l’homme, lancé par la Déclaration Universelle des Droits de l’Homme de 1948, a fini par ne plus autoriser les fausses analogies susmentionnées et par surmonter les distinctions traditionnelles (par exemple, sur la base de la nationalité): les sujets de droit sont tous des êtres humains en tant que membres de la societas gentium universelle16. De plus, de nos jours, les individus et les organisations non gouvernementales (ONGs) jouent un rôle de plus en plus important dans la formation même de l’opinio juris communis17. Au cours de ces derniers décennies, les individus et les ONGs ont efficacement participé aux travaux préparatoires de certains traités internationaux, et les ont influencés18, et ont ensuite participé à la surveillance de leur mise-en-œuvre. La performance croissante, au niveau international, des ONGs et des autres entités de la société civile a eu un impact inévitable sur la théorie des sujets de Droit International, contribuant à rendre les individus non seulement bénéficiaires directs (sans intermédiaires) des normes internationales, mais sujets réels de droit international, et contribuant aussi à mettre un terme à la dimension anachronique purement interétatique de celui-ci; de plus, leurs activités ont contribué à la prévalence des valeurs communes supérieures dans le cadre du droit international. Les individus, les ONGs et les autres entités de la société civile finissent ainsi par agir dans le processus de formation et de mise-enapplication des normes internationales. 47 Antônio Augusto Cançado Trindade 2. La consécration de la personne humaine comme sujet du droit des gens En somme, le processus même de formation et de mise-en-œuvre des normes de droit international a cessé d’être un monopole des Etats. De plus, au-delà de la présence et de la participation de l’individu dans l’ordre juridique international, à la reconnaissance de ses droits en tant que sujet de droit international doit correspondre la capacité procédurale de les défendre au niveau international. Depuis déjà plusieurs années, je soutiens la nécessité du legitimatio ad causam pleine des individus en droit international19. C’est au moyen de la consolidation de la capacité procédurale internationale des individus que la protection internationale des droits de l’homme devient réelle et effective20. Même si, au travers des circonstances de la vie, certains individus (par exemple les enfants, les malades mentaux, les personnes âgées, parmi d’autres) ne peuvent pas exercer entièrement leur capacité (par exemple en droit civil), cela ne veut pas dire qu’ils cessent d’être titulaires de droits opposables même aux États. Quelles que soient les circonstances, l’individu est sujet jure suo de droit international, comme soutenu au fil des siècles par la doctrine plus lucide, dès les écrits des célèbres “pères fondateurs” de notre discipline. Les droits de l’homme sont conçus comme inhérents à chaque être humain, indépendamment des circonstances. Bien que le scénario international contemporain soit entièrement distinct de celui de l’époque des célèbres “pères fondateurs” du droit international (personne ne peut le nier) qui ont avancé une civitas maxima régie par le droit des gens, il y a une aspiration humaine récurrente, transmise de génération en génération au cours des siècles, menant à la construction d’un ordre juridique international applicable à la fois aux États (et organisations internationales) et aux individus, conformément à certains standards universels de justice. Cela explique l’importance, dans ce nouveau corpus juris de protection, que la personnalité juridique internationale de l’individu a assumé, étant à la fois sujet de droit interne et de droit international. L’individu, étant sujet de Droit International de plein droit, pouvait certainement être distingué de son propre État, et toute faute commise à son encontre était une violation du jus gentium classique, un droit minimal universel. L’ensemble du nouveau corpus juris du Droit International des Droits de l’Homme a été construit sur la 48 base des impératifs de protection et des intérêts supérieurs de l’être humain, sans tenir compte de son lien de nationalité ou de son statut politique, ou de quelque autre situation ou circonstance. Cela explique l’importance, dans ce nouveau droit de protection, de la personnalité juridique de l’individu comme sujet à la fois de droit interne et de droit international. La mise en œuvre et l’expansion du Droit International des Droits de l’Homme a ensuite eu des répercussions, non surprenantes, avec un impact sensible sur les tendances du Droit International Public contemporain21. En fait, déjà dans les premiers décennies du XXe siècle, l’on reconnaissait les insuffisances et dérangements occasionnés par la protection des individus par l’intermédiaire de leurs États de nationalité respectifs, c’est-à-dire, par l’exercice d’une protection diplomatique discrétionnaire qui rendait les Etats “plaignants” à un moment “juges et parties”. Par conséquent, on a commencé à surmonter ces insuffisances et dérangements, à nourrir l’idée de l’accès direct des individus à la juridiction internationale dans certaines conditions, pour défendre leurs droits même contre les États, un thème qui a fini par être en fait envisagé par l’Institut de Droit International dans ses sessions de 1927 et 1929. En Europe22, aussi qu´en Amérique Latine23, même avant l’adoption des Déclarations Américaine et Universelle des Droits de l’Homme (de mai et décembre1948, respectivement), des manifestations doctrinales se sont exprimées, et ont évolué en faveur de la personnalité juridique internationale des individus. Comme réaction de la conscience juridique universelle, on a conçu la responsabilité internationale comme comprenant, à la fois, la protection des droits de l’homme et la punition des criminels de guerre (formant un ensemble). Ce développement a annoncé l’émancipation de l’individu de la tutelle de son propre État, et sa condition de sujet de droit international; puisque l’individu est “sujet de devoirs” au niveau du droit international, l’on ne peut ignorer sa personnalité juridique internationale reconnue aussi en fait par le droit international coutumier même24. Bien avant ce développement si significatif, il faut garder à l´esprit que, déjà en 1927, dans son essai Les nouvelles tendances du Droit international, Nicolas Politis avait averti que l´État “n´est pas une fin en soi”; l´État est soumis au Droit, et le droit (international et interne) a toujours la même fin: il vise partout l´homme, et rien que l´homme. Cela est tellement évident, qu´il serait inutile d´y insister si L´Humanisation du Droit International: La Personne Humaine en tant que Sujet du Droit des Gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations les brumes de la souveraineté n´avaient pas obscurci les vérités les plus élémentaires25. Les milieux sociaux (les sociétés internationale et interne), - il a ajouté, - “n´existent que pour assurer à l´homme la possibilité de vivre et de se développer”26. Dans son livre L´individu en droit international, publié une année plus tard, en 1928, Jean Spiropoulos avait affirmé que l´ordre juridique international contient des droits aussi bien que de devoirs “visant directement les individus”, qui deviennent ainsi sujets de droit international; celui-ci les rend directement titulaires de droits et obligations27. J. Spiropoulos avait critiqué durement la philosophie du droit de Hegel, qui a vu dans l´État “un idéal suprême, un but en soi, une puissance qui n´est soumise qu´à sa propre volonté”28, et qui a résisté “de toutes ses forces” à cette émancipation de l´individu de la tutelle de l´État29. Par contre, il y a eu une prise de conscience de la nécessité de protéger l´individu “même contre son propre État”. Alors, le droit international a commencé à s´occuper de l´émancipation de l´individu de la toute-puissance et de la tutelle de l´État30. Cette émancipation de l´individu a commencé à se manifester par la “participation directe de l´individu à la vie juridique internationale”31. Pour J. Spiropoulos, l´État n´est pas un “fin en soi”, n´est pas une “toute puissance personnifiée” au sens de la philosophie de Hegel; l´État est “une simple `communauté d´administration´ d´intérêts humains”. Et l´État, - contrairement à ce que disait Hegel, - “est soumis au droit international”32, et doit satisfaire les besoins des individus qui le composent33. On peut ajouter ici encore une autre contribution sur le même thème, le premier ouvrage de Georges Ténékidès (L´individu dans l´ordre juridique international, 1933)34. La condition de l´individu comme sujet du droit international est alors devenue une importante contribution de la pensée jusinternationaliste grecque de la période d´entre-guerres, dans sa ligne d´orientation essentiellement humaniste. Dès cette époque et jusqu´à présent, la doctrine juridique grecque n´a jamais abandonné ce thème, et continue à le cultiver de nos jours. Au milieu du XXe siècle, dans les premières années de la mise en œuvre de la Convention Européenne relative aux Droits de l’Homme, il y avait du soutient pour la vision selon laquelle les individus étaient devenus titulaires de droits, puisqu’un processus d’émancipation des individus de la tutelle “exclusive” de l’État avait déjà commencé en droit international. Dans la doctrine juridique de ce temps, la reconnaissance de l’expansion de la protection internationale de la personne humaine est devenue évidente. La victoire de cette pensée sur le positivisme juridique était rassurante, puisque l’individu, titulaire de droits et devoirs internationaux, n’était plus à la merci de son État, car l’humanité s´est tourné vers le droit naturel à la recherche du bien-être de la personne humaine, “alors que le droit international positif actuel tend à sa destruction”35. En fait, des études successives d’instruments de protection internationale en sont venues à mettre l’accent précisément sur l’importance historique de la reconnaissance de la personnalité juridique internationale des individus comme partie plaignante devant des organes internationaux. Dans mon propre cours délivré à l’Académie de Droit International de la Haye en 1987, j’ai soutenu que l’expansion continue du Droit International était aussi reflétée dans les multiples mécanismes contemporains de protection internationale des droits de l’homme, dont l’opération ne pourrait être dissociée des nouvelles valeurs reconnues par la communauté internationale36. Enfin, les individus ont réussi à exercer leurs droits émanant directement du droit international (le droit des gens); et j’ai ajouté que, historiquement, les mêmes principes de justice s’appliquant à la fois aux Etats et aux individus ou peuples qui les forment. (…) Il y a une reconnaissance croissante et généralisée que les droits de l’homme, au lieu de découler de l’Etat (...), sont tous inhérents à la personne humaine en laquelle ils trouvent leur point de convergence ultime. (…) Le non respect des droits de l’homme engendre la responsabilité internationale des Etats du traitement de la personne humaine37. La subjectivité internationale de l’être humain (qu’il soit un enfant, une personne âgée, une personne handicapée, une personne apatride, ou quelque autre personne que ce soit) est apparue avec vigueur dans la science juridique du XXe siècle, comme réaction de la conscience juridique universelle contre les atrocités successives commises contre le genre humain. Un témoignage éloquent de l’érosion de la dimension purement interétatique de l’ordre juridique international est trouvé dans l’Avis Consultatif pionnier (n. 16) de la CIADH sur le Droit à l’Information sur l’Assistance Consulaire dans le Cadre des Garanties du Procès Équitable (du 01.10.1999)38, qui a servi d’orientation à d’autres tribunaux internationaux 49 Antônio Augusto Cançado Trindade et a inspiré l’évolution in statu nascendi de la jurisprudence internationale sur la question; la CIADH a reconnu la cristallisation d’un vrai droit subjectif individuel à l’information sur l’assistance consulaire39 dont chaque être humain dépourvu de sa liberté dans un autre pays est titulaire40; de plus, elle s’est détachée de la perspective traditionnelle purement interétatique sur la question, apportant son appui aux divers individus victimes de la pauvreté et de la discrimination, et dépourvus de liberté à l’étranger. L’Avis Consultatif suivant (n. 17) de la CIADH, sur la Condition Juridique et les Droits de l’Enfant (du 28.08.2002), rentre dans le même type d’affirmation de l’émancipation juridique de l’être humain en mettant l’accent sur la consolidation de la personnalité juridique de l’enfant en tant que vrai sujet de droit et non comme simple objet de protection, et quelle que soit l’étendue de sa capacité juridique à exercer ses droits par lui-même (capacité d’exercer). À cet égard, la Convention de l’O.N.U. sur les Droits de l’Enfant (1989) reconnaît les droits subjectifs de l’enfant en tant que sujet de droit, et reconnaît également qu’étant donné sa vulnérabilité ou sa condition existentielle, l’enfant a besoin d’attention et de représentation juridique spéciales tout en restant titulaire de droits. On a reconnu la nécessité de fournir une protection aux êtres humains qui la composent, en particulier à ceux qui se trouvent dans une situation de vulnérabilité particulière. Selon la doctrine juridique de la seconde moitié du XXe siècle, il n’est pas passé inaperçu que les individus, en plus d’être titulaires de droits au niveau international, ont aussi des devoirs qui leur sont attribués par le droit international même. Et, - ce qui est plus important, - la violation grave de ces devoirs, reflétée dans les crimes contre l’humanité, engage la responsabilité pénale individuelle internationale, indépendamment de ce que prévoit le droit interne sur la question. Des développements contemporains en droit pénal international ont en fait une incidence directe sur la cristallisation de la responsabilité pénale individuelle internationale (l´individu comme sujet, à la fois actif et passif, de droit international, titulaire de droits ainsi que porteur de devoirs émanant directement du droit des nations (droit des gens), ainsi que sur le principe de juridiction universelle. 50 3. La consolidation de la personnalité juridique internationale de la personne humaine et l´humanisation du droit des gens La consolidation de la personnalité juridique internationale des individus, comme sujets actifs aussi bien que passifs de droit international, renforce la responsabilité en droit international pour des abus perpétrés contre les êtres humains. Par conséquent, les individus sont aussi porteurs de devoirs en droit international, et cela reflète la consolidation de leur personnalité juridique internationale. Les développements en matière de personnalité juridique internationale et de responsabilité internationale vont de pair, et toute cette évolution témoigne de la formation de l’opinio juris communis au point que la gravité de certaines violations de droits fondamentaux de la personne humaine affecte directement les valeurs fondamentales de la communauté internationale dans son ensemble. Au bout du compte, tout Droit existe pour l’être humain et le droit des gens ne fait pas exception, garantissant à l’individu ses droits et le respect de sa personnalité. Le respect de la personnalité juridique de l’individu au niveau international est instrumentalisé par le droit international de pétition individuelle. Les droits de l’homme s’affirment contre toute forme de domination ou de pouvoir arbitraire41. Sans le droit de pétition individuelle et l’accès conséquent à la justice au niveau international, les droits établis dans les traités relatifs aux droits de l’homme seraient réduits à un peu plus qu’une lettre morte. Comme j’avais souligné dans mon Opinion Concurrente dans l’affaire de Castillo Petruzzi et Autres (Exceptions Préliminaires, Arrêt du 04.09.1998) devant la CIADH, Le droit de pétition individuelle abrite en fait le dernier espoir de ceux qui n’ont pas trouvé la justice au niveau international. Je ne m’empêcherai pas d’ajouter - me permettant la métaphore - que le droit de pétition individuelle est sans aucun doute l’étoile la plus lumineuse de l’univers des droits de l’homme42. L’être humain émerge enfin, même dans les conditions les plus défavorables, comme sujet ultime de droit interne et international. Comme j’ai trouvé bon de résumer dans mon Opinion Concurrente dans l’Avis Consultatif susmentionné de la CIADH sur la Condition Juridique et les Droits de l’Enfant (2002), L´Humanisation du Droit International: La Personne Humaine en tant que Sujet du Droit des Gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations chaque être humain est doté de personnalité juridique qui impose des limites au pouvoir de l’Etat. La capacité juridique varie en vertu de la condition juridique de chacun pour entreprendre certains actes. Cependant, bien qu’une telle capacité d’exercice varie, tous les individus sont dotés de personnalité juridique. Les droits de l’homme renforcent l’attribut universel de la personne humaine, étant donné qu’à tous les êtres humains correspond similairement la personnalité juridique et la protection du Droit, indépendamment de sa condition existentielle ou juridique (paragraphe 34). Pour ce qui est des droits de l’homme des individus appartenant aux groupes ou collectivités humaines, je me permets de me référer à l´Avis Consultatif n. 18 de la CIADH, déjà célèbre, sur la Condition Juridique et Droits des Migrants Sans Papiers (du 17.19.2003). La Cour Interaméricaine a mis l’accent sur le fait que le statut migratoire ne peut pas servir de justification pour les priver de la jouissance et de l’exercice de leurs droits fondamentaux, y compris le droit du travail. La Cour a averti que les États ne peuvent pas subordonner le respect du principe fondamental d’égalité devant la loi et la non-discrimination aux objectifs de leurs politiques migratoires ou autres, ni le conditionner à celles-ci43. La subjectivité juridique internationale de l’être humain, telle que prévue par les célèbres “pères fondateurs” du droit international (le droit des gens) est à présent une réalité. En ce début de XXIe siècle, cette conquête très importante peut être appréciée dans le cadre du processus historique de l’humanisation du droit international, - auquel c’est un privilège de pouvoir contribuer, - qui, toujours attentif aux valeurs fondamentales, finit par s’occuper plus directement de la réalisation des objectifs communs supérieurs. Dans le cadre du Droit International des Droits de l’Homme, dans les systèmes européen et interaméricain de protection - dotés de tribunaux internationaux qui fonctionnent depuis longtemps - parallèlement à la personnalité juridique, la capacité juridique internationale (le locus standi in judicio) des individus est aussi reconnue. Cela est un développement logique puisqu’il ne semble pas raisonnable de concevoir des droits au niveau international sans la capacité juridique correspondante pour les défendre; les individus sont en fait la vraie partie plaignante dans le contentieux international relatif aux droits de l’homme. Sur la base du droit de pétition individuelle, le mécanisme juridique d’émancipation de l’être humain est érigé par rapport à son propre État pour la protection de ses droits dans le cadre du Droit International des Droits de l’Homme, - une émancipation qui constitue de nos jours une vraie révolution juridique qui arrive enfin à donner un contenu éthique aux normes à la fois du droit public interne et du droit international public. La reconnaissance de l’accès direct des individus à la justice internationale révèle, en ce début de XXIe siècle, la nouvelle primauté de la raison de l’humanité par rapport à la raison d’Etat, ce qui inspire le processus historique d’humanisation du droit international44. Les sujets de droit international ont, déjà depuis longtemps, cessé d’être réduits à des entités territoriales45. Il semble assez clair aujourd’hui qu’il n’y a rien d’intrinsèque au droit international qui empêcherait, ou rendrait impossible, aux “acteurs” non étatiques d’être dotés de personnalité et de compétence juridique internationale. L’expansion de la personnalité juridique internationale, englobant de nos jours celle des individus comme sujets actifs et passifs de droit international, va pari passu avec l´expansion de la responsabilité en droit international. Cela contribue en final à la preéminence du droit (rule of law), à la réalisation de la justice aussi au niveau du droit international, répondant ainsi aux aspirations de longue date de l’humanité. En réaction aux atrocités successives qui, au cours du XXe siècle, ont fait des millions et des millions de victimes humaines à une échelle que l’histoire de l’humanité n’avait pas connue jusque là, la conscience juridique universelle - comme source matérielle ultime de tout Droit46, - a rendu à l’être humain sa condition de sujet de droit, à la fois du droit interne et du droit international, et sa condition de destinataire final de toutes les normes juridiques, d’origine nationale ainsi qu’internationale. Le droit international s’est libéré des chaines de l’étatisme, en avançant la conception du nouveau jus gentium47. - II THE CENTRALITY OF THE HUMAN PERSON IN THE HUMANIZATION OF CONTEMPORARY INTERNATIONAL LAW Je me permets de continuer mon allocution en anglais. International law, as we know it today, does not go back only to the XIXth century, - as a doctrinal trend en vogue nowadays tries in vain to make one believe, - but goes much further 51 Antônio Augusto Cançado Trindade back in time, keeping in mind its conceptual framework, and the endeavours, along centuries, to fulfill the aspirations of the whole of human kind. Regrettably, the vision and thinking of the so-called “founding fathers” of International Law (notably the writings of the Spanish theologians and of H. Grotius), which conceived it as conforming a truly universal48 system, came to be replaced by the emergence of legal positivism, which personified the State, endowing it with its own “will”, reducing the rights of human beings to those which were “conceded” by the State. The subsequent personification of the all-powerful State, inspired mainly in the philosophy of law of Hegel, had a harmful influence in the evolution (or rather involution) of International Law by the end of the XIXth century and in the first decades of the XXth century. The consent or will of the States became, according to voluntarist positivism, the predominant criterion in international law, denying jus standi to individuals, to the human beings. This rendered difficult the understanding of the international community, weakening International Law itself, reducing it to a strictly inter-State law, no longer above but between sovereign States. This doctrinal trend resisted as much as it could to the ideal of the emancipation of the human being from the absolute control of the State, and to the recognition of the individual as subject of international law. Against the reactionary dogmas of legal positivism stood, among others, Jean Spiropoulos, in a thoughtful monograph titled L’individu en Droit international, published in Paris in 192849: contrary to what ensued from the Hegelian doctrine, - he pondered, - the State is not a supreme ideal subjected only to its own will, is not an end in itself, but rather “a means of the realization of the aspirations and vital necessities of the individuals”, it thus being necessary to protect the human person against the harm to her rights by her own State50. Positivists, ascribing a far too great importance to the method of observation, disclosed, in contrast, their incapacity to discern guidelines of analysis and guiding general principles. At normative level, positivism appeared subservient to the established legal order, and validated the abuses perpetrated in its name. But already in the mid-XXth century, the more lucid doctrine of the law of nations moved definitively away from the hegelian and neoHegelian outlook of the State as the final repository of the freedom and responsibility of the individuals who composed it, and which in it integrated themselves entirely. After all, States, created by the 52 human beings themselves, and composed by them, exist for them, for the realization of their common good. 1. The Attribution of Duties to the Individual Directly by International Law To the legal doctrine of the second half of the XXth century it did not pass unnoticed that individuals, besides being titulaires of rights at international level, also have duties, which are attributed to them by international law itself. And, - what is more significant, the grave violation of those duties, reflected in the crimes against humanity, engages the international individual penal responsibility, independently from what provides the domestic law on the matter. Contemporary developments in international criminal law have, in fact, a direct incidence in the crystallization of both of the international individual penal responsibility (the individual subject, both active and passive, of international law, titulaire of rights as well as bearer of duties emanated directly from the law of nations (droit des gens), as well as the the principle of universal jurisdiction. The consolidation of the international legal personality of individuals, as active as well as passive subjects of international law, enhances accountability in international law for abuses perpetrated against human beings. Thus, individuals are also bearers of duties under international law, and this reflects the consolidation of their international legal personality. Developments in international legal personality and international accountability go hand in hand, and this whole evolution bears witness of the formation of the opinio juris communis to the effect that the gravity of certain violation of fundamental rights of the human person affects directly basic values of the international community as a whole. 2. Subjective Right, Human Rights and the New Dimension of the International Juridical Titularity of the Human Person The international juridical titularity of the human person, as so-called “founding fathers” of international law (the law of nations, the droit des gens) foresaw it, is nowadays a reality. Furthermore, the (active) international subjectivity of the L´Humanisation du Droit International: La Personne Humaine en tant que Sujet du Droit des Gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations individuals responds to a true necessity of their legitimatio ad causam (cf. supra), to vindicate their rights, emanated directly from International Law. In the ambit of the International Law of Human Rights, in the regional (European, inter-American and African) systems of protection - endowed with international tribunals in operation - one recognizes today, parallel to the legal personality, also the international procedural capacity (locus standi in judicio) of the individuals. This is a logical development, as it would not appear reasonable to conceive rights at international level without the corresponding procedural capacity to vindicate them; the individual applicants are effectively the true complaining party in the international contentieux of human rights. Upon the right of individual petition is erected the juridical mechanism of the emancipation of the human person vis-à-vis the State itself for the protection of her rights in the ambit of the International Law of Human Rights, - an emancipation which constitutes, in our days, a true juridical revolution, which comes at last to give an ethical content to the norms of both public domestic law and international law. On the basis of this remarkable development lies the principle of respect for the dignity of the human person, irrespective of her existential condition. By virtue of this principle, every human being, independently of his situation and of the circumstances in which he finds himself, has the right to dignity. The whole remarkable development of the jusinternationalist doctrine in this respect, along the XXth century, finds its roots, - and it could not be otherwise, - in some reflections of the past, in the juridical as well as philosophical thinking, - as exemplified, inter alia (to refer to one which goes far back in time), by the Kantian conception of the human person as an end in itself. This is ineluctable, as it reflects the process of maturing and refinement of the human spirit itself, which renders possible the advances in the human condition itself. In effect, one cannot dissociate the recognition of the international legal personality of the individual (supra) from the dignity itself of the human person. In effect, it is the human person, essentially endowed with dignity, the one who articulates, expresses and introduces the “Sollen” of the values in the world of the reality wherein she lives, and it is only her who is capable of doing so, as bearer of such ethical values. The legal personality, for its part, is manifested as a juridical category in the universe of Law, as the unitary expression of the aptitude of the human person to be titulaire of rights and bearer of duties at the level of regulated behaviour and human relations51. It may be recalled, in the present context, that the conception of individual subjective right has already a wide historical projection, originated in particular in the jusnaturalist thinking in the XVIIth and XVIIIth centuries, and systematized in the legal doctrine throughout the XIXth century. However, in the XIXth century and beginning of the XXth century, that conception remained situated in the ambit of domestic public law, emanated from the public power. Even so, the crystallization of the concept of individual subjective right, and its systematization, marked a step forward towards a better comprehension of the individual as titulaire of rights. And they rendered it possible to attain, with the emergence of human rights at international level, the gradual overcoming of positive law. By the mid-XXth century, the impossibility became clear of the evolution do Law itself without the individual subjective right, expression of a true “human right”52. As I deemed it fit to sustain in my Concurring Opinion in the historical Advisory Opinion n. 16 of the IACtHR on the Right to Information on Consular Assistance in the Ambit of the Guarantees of the Due Process of Law (of 01.10.1999), we nowadays witness the process of humanization of international law, which today encompasses also this aspect of consular relations. In the confluence of these latter with human rights, the individual subjective right to information on consular assistance, of which are titulaires all human beings who are in the need to exercise it, has crystallized: such individual right, situated into the conceptual universe of human rights, is nowadays supported by conventional international law as well as by customary international law (par. 35)53. The emergence of universal human rights, as from the proclamation of the Universal Declaration of 1948, came to widen considerably the horizon of contemporary legal doctrine, disclosing the insufficiencies of the traditional conceptualization of the subjective right. The pressing needs of protection of the human being much fostered this development. Universal human rights, superior and anterior to the State and to any form of sociopolitical organization, and inherent to the human being, asserted themselves as opposable to public power itself. Human rights freed the conception of subjective right (supra) from the chains of legal positivism. If, on the one hand, the juridical category of the international legal personality of the human being contributed to instrumentalize the vindication of the rights of the human person, 53 Antônio Augusto Cançado Trindade emanated from international law, - on the other hand the corpus juris of universal human rights ascribed to the legal personality of the individual a far wider dimension, no longer conditioned to the law emanated from the public State power. Also in the International Court of Justice (ICJ), I have recently had the occasion, in my Separate Opinion appended to the Advisory Opinion of the ICJ on the Revision of a Judgment of the ILO Administrative Tribunal upon a Complaint Filed against IFAD (01.02.2012), to dwell upon the outdated dogmatism of the PCIJ and ICJ Statutes, in so far as the international legal capacity of individuals is concerned. As I have recalled in that Separate Opinion (pars.70-75), the question of the procedural capacity of the individuals before the ICJ, and its predecessor the Permanent Court of International Justice (PCIJ), was effectively considered on the occasion of the original drafting, by the Advisory Committee of Jurists appointed by the old League of Nations, of the Statute of the PCIJ, in 192054. Of the ten members of the aforementioned Committee of Jurists, only two Loder and De La Pradelle - pronounced themselves in favour of enabling the individuals to appear as parties before The Hague Court (jus standi) in contentious cases against (foreign) States. The majority of the Committee, however, was firmly opposed to this proposition55. The position which prevailed in 1920 - which has been surprisingly and regrettably maintained in Article 34(1) of the Statute of the ICJ (formerly the PCIJ) to date - was promptly and strongly criticized in the more lucid doctrine of the epoch (already in the twenties - cf. supra). Thus, - to recall the Greek international legal thinking, - in his aforementioned thoughtful monograph Les nouvelles tendances du Droit international (1927), Nicolas Politis, after remarking that all Law aims ultimately at human beings (who compose States), proceeded in the defence of the granting to individuals of the direct recourse to international instances in order to vindicate their “legitimate interests”, as that would fulfill “a true necessity of international life”56. Another criticism to the solution adopted in the matter by the Statute of the PCIJ (Article 34(1)) was formulated by J. Spiropoulos, also in the twenties. Already in 1928, he had anticipated that the emancipation of the individual from the State was a “question of time” and that the individual should be able to defend himself and his rights at the international level57. There was - he added - no impediment for conventional International Law to secure to individuals a direct action at international level (there having even been precedents in this 54 sense in the inter-war period); if this did not occur and one would limit oneself to judicial actions at domestic law level, not seldom the State would become “judge and party” at the same time, what would be an incongruity. To J. Spiropoulos, the international legal order can address itself directly to individuals (as exemplified by the peace treaties of the inter-war period), thereby erecting them into the condition of subjects of international law, to the extent that a direct relationship is established between the individual and the international legal order, which renders him “directly titulaire of rights or of obligations”; thus, one cannot fail to admit the international legal personality of the individual58. Without the granting to individuals of direct means of action at international level, his rights will continue “without sufficient protection”; only with such direct action before an international instance, - he added, - an effective protection of human rights will be achieved, in conformity with the “spirit” of the new international order. In the mid-thirties, the same position, as already pointed out, was taken by S. Séfériadès59. In the same line of thinking are the subsequent writings of Georges Ténékidès, as from his first book (L’individu dans l’ordre juridique international,1933)60; he likewise remained always attentive to the central position of individuals in the law of nations, having related it to the law of international organizations61, and having pursued an inter-disciplinary approach62. Almost five decades later, he lectured at the Hague Academy of International Law on the action of the United Nations against all forms of racial discrimination63. The option made by the draftsmen of the Statute of the old PCIJ in 1920, stratified with the passing of time in the Statute of the ICJ up to the present time, is even more open to criticism if we consider that, already in the first half of the XXth century, there were experiments of International Law which in effect granted international procedural status to individuals64. This evolution intensified and generalized in the era of the United Nations, with the adoption of the system of individual petitions under some universal human rights treaties of our times, in addition to human rights conventions at regional level, which established international human rights tribunals (the European and Inter-American Courts of Human Rights, followed, more recently, by the African Court of Human and Peoples´ Rights). Thereunder the international procedural capacity L´Humanisation du Droit International: La Personne Humaine en tant que Sujet du Droit des Gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations of individuals came to be exercised, with their direct access to international justice. The work of contemporary international human rights tribunals, as well as international criminal tribunals, has given a new impetus to the struggle of the international community against impunity. The significance of the right of individual petition - a definitive conquest of the International Law of Human Rights65 - can only be properly assessed in historical perspective. In my aforementioned Separate Opinion in the recent ICJ Advisory Opinion on the Revision of a Judgment of the ILO Administrative Tribunal upon a Complaint Filed against IFAD (2012), I then turned my criticisms on what I perceive as the erosion of the strict inter-State outlook of adjudication by the of adjudication by the Hague Court (pars. 76-81 and 88-90). I pondered that the fact that the Advisory Committee of Jurists did not find, in 1920, that the time was ripe to grant access to the PCIJ to subjects of rights other than the States, such as the individuals, did not mean a definitive answer to the question at issue. The fact that the same position was maintained at the time of adoption in 1945 of the Statute of the ICJ did not mean a definitive answer to the question at issue. The question of access of individuals to international justice, with procedural equality, continued to occupy the attention of legal doctrine ever since, throughout the decades. Individuals and groups of individuals began to have access to other international judicial instances (cf. supra), reserving the PCIJ and later the ICJ only for disputes between States. The dogmatic position taken originally in 1920, on the occasion of the preparation and adoption of its Statute, did not hinder the PCIJ to occupy itself promptly of cases pertaining to the treatment of minorities and inhabitants of cities or territories with a juridical statute of their own. In considerations developed in the examination of such matters, the PCIJ went well beyond the inter-State dimension, taking into account the position of individuals themselves (as in, e.g., inter alia, the Advisory Opinions on the Jurisdiction of the Courts of Danzig, 1928, and on Minority Schools in Albania, 1935). Ever since, the artificiality of such dimension became noticeable and acknowledged, already at an early stage of the case-law of the PCIJ. The exclusively inter-State character of the contentieux before the ICJ has not appeared satisfactory at all either. At least in some cases (from 1955 to 2013), pertaining to the condition of individuals, the presence of these latter (or of their legal representatives), in order to submit, themselves, their positions, would have enriched the proceedings and facilitated the work of the Court66. In those cases, one cannot fail to reckon that one of their predominant elements was precisely the concrete situation of the individuals directly affected, and not merely abstract issues of exclusive interest of the litigating States in their relations inter se67. Other illustrations can be found in the exercise of the advisory function of the ICJ, for example, in the ICJ two most recent Advisory Opinions, namely, the Advisory Opinion on the Declaration of Independence of Kosovo (2010), and the Advisory Opinion of the ICJ on the Revision of a Judgment of the ILO Administrative Tribunal upon a Complaint Filed against IFAD (2012). In all these recent cases and Advisory Opinions, one cannot fail to recognize that a key element - at times the predominant one - has precisely been the concrete situation of human beings, and not mere abstract questions of exclusive interest of the contending States in their relations inter se. The truth remains that the artificiality of the exclusively inter-State outlook of the procedures before the ICJ is clearly disclosed the very nature of some of the cases submitted to it. Such artificiality has been criticised, time and time again, in expert writing (cf. supra). Parallel to the construction of their international juridical personality, the access of individuals to contemporary international tribunals for the protection of their rights reveals a renovation of international law - in the sense of its aforementioned humanization68, opening a great gap in the traditional doctrine of the reserved domain of States69 (or compétence nationale exclusive), definitively overcome: the individual is erected as subject of international law, endowed with procedural capacity. Before internationals tribunals, the human person encounters herself, to protect herself from the arbitrariness of the State, being protected by the rules of international law. This renovation of international law, proper of our time, corresponds to the recognition of the necessity that all States, in order to avoid new violations of human rights, are to respond for the way they treat all human beings who are under their jurisdiction. Such renovation would simply not have been possible without the crystallization of the right of individual petition, amidst the recognition of the objective character of the obligations of protection and the acceptance of the collective guarantee of compliance with them: this is the real sense of the 55 Antônio Augusto Cançado Trindade historical rescue of the individual as subject of the International Law of Human Rights (cf. supra).. In effect, it is of the essence of the international protection of human rights the counterposition between the complainant individuals and the respondent States in cases of alleged violations of the protected rights. The profound transformation of the international legal order, launched by the emergence of the International Law of Human Rights, has not taken place without difficulties, precisely for requiring a new mentality. It has furthermore undergone stages, some of which no longer sufficiently studied in our days, even in respect of the crystallization of the right of individual petition. Already in the beginnings of the exercise of this right, it was stressed that, though motivated by the search for individual reparation, the right of petition contributes also to secure the respeet for obligations of an objective character which bind the States Parties. In various cases the exercise of the right of petition has gone further, occasioning changes in the domestic legal order and in the practice of the public organs of the State. The significance of the right of individual petition can only be properly assessed in historical perspective. Consideration of the right of individual petition as a method of international implementation of human rights necessarily takes into account the central aspect of the legitimatio ad causam of petitioners and the conditions of the exercise (and admissibility) of petitions (set forth in the distinct human rights instruments which foresee them)70. In effect, of all the mechanisms of international protection of human rights, the right of individual petition is, effectively, the most dynamic one, attributing the initiative of action to the individual himself (the ostensibly weaker party vis-à-vis the public power), distinctly from the exercise ex officio of other methods (such as those of reports and investigations) on the part of the organs of international supervision. It is the one which best reflects the specificity of the International Law of Human Rights, in comparison with other solutions proper of Public International Law. Ultimately, all Law exists for the human being, and the law of nations is no exception to that, guaranteeing to the individual his rights and the respect for his personality, as well as the capacity to exercise his rights. Human rights do assert themselves against all forms or domination or arbitrary power. The human being emerges, at last, even in the most adverse conditions, as ultimate subject of Law, domestic as well as 56 international. The case of the “Street Children” (case Villagrán Morales and Others versus Guatemala, 1999-2001), decided by the IACtHR, the first one of the kind in which the cause of the children abandoned in the streets was brought before an international human rights tribunal, and in which some of those marginalized and forgotten by this world succeeded to resort to an international tribunal to vindicate their rights as human beings, is truly paradigmatic, and gives a clear and unequivocal testimony that the International Law of Human Rights has nowadays achieved its maturity. 3. The Historical Significance of the International Subjectivity of the Individual The international juridical subjectivity of the human being, as foreseen by the so-called “founding fathers” of international law (the droit des gens), is nowadays a reality. At this beginning of the XXIst century, this highly significant conquest can be appreciated within the framework of the historical process of humanization of international law. On the basis of the right of individual petition is erected the juridical mechanism of emancipation of the human being vis-à-vis his own State for the protection of his rights in the ambit of the International Law of Human Rights, - an emancipation which constitutes, in our days, a true juridical revolution, which comes at last to give an ethical content to the norms of both domestic public law and international law. The recognition of the direct access of the individuals to the international justice reveals, at this beginning of the XXIst century, the new primacy of the raison de l’humanité over the raison d’État, inspiring the historical process of humanization of international law71. The subjects of international law have, already for a long time, ceased to be reduced to territorial entities72. (...) It is perfectly possible to conceptualize as subject of international law, precisely, any person or entity, titulaire of rights and bearer of obligations, which emanate directly from norms of international law. It is the case of individuals, whose direct contacts - without intermediaries - with the international legal order are thus fostered and strengthened. This evolution is to be appreciated in a wider dimension. The expansion of international legal personality, nowadays encompassing that of individuals as active and passive subjects of international law, goes pari passu with the acknowledgment of accountability in international law. L´Humanisation du Droit International: La Personne Humaine en tant que Sujet du Droit des Gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations The mechanical and thoughtless attachment to unfounded dogmas of the past becomes even more unsustainable, as the attention of contemporary international legal doctrine on the expansion of the international legal personality turns to the central position occupied today by the victimized individuals, giving unequivocal witness of the new jus gentium of our times73, - as I sought to demonstrate in the General Course of Public International Law which I delivered in 2005 at the Hague Academy of International Law74. The State-centric world dreamed by E. de Vattel has ceased to exist a long time ago. The evolution of the law of nations, quite on the contrary, keeps on following its path in the XXIth century, with the access to international justice nowadays secured also to persons who found themselves in situations of the utmost vulnerability, if not entirely in defencelessness (cf. supra). In reaction to the succession of acts of barbarism and of the recurring horrors throughout the XXth century and the beginning of the XXIst century, contemporary international legal doctrine has cared to open itself to the expansion of the international legal personality, and, accordingly, of the corresponding legal capacity, as well as, significantly, of the international responsibility. Contemporary jus gentium has been undergoing a historical process of humanization75, caring to instrumentalize itself against the manifest insufficiencies and the dangers of the State-centric outlook or of the surpassed strictly inter-State vision. To that effect, the International Law of Human Rights has much contributed, to the point of the phenomenon transcending the parameters of this latter, and permeating in our days the corpus juris of International Law as a whole. Contemporary international case-law contains eloquent illustrations of the access of the human person to international justice in circumstances of considerable adversity, in cases pertaining to, e.g., undocumented migrants, children abandoned in the streets (cf. supra), members of peace communities and others civilians in situations of armed conflict, internally displaced persons, individuals (including minors of age) under infra-human conditions of detention, members of dispossessed indigenous communities, among others. In such circumstances, the centrality of the suffering of the victims has become notorious with their access to justice at international level76. In our days, effective use has been made of the international individual petition also in such situations77, - something which could hardly have been anticipated, in their days, by the draftsmen of international treaties and instruments of human rights, endowed with petitioning systems. On the other hand, such recent advances are not at all surprising, as the International Law of Human Rights is essentially victim-oriented. Such development is due, in my perception, to the awakening of the human conscience to the imperative of protection of the human person in these circumstances of extreme vulnerability. It is in such circumstances that such protection reaches its plenitude. In effect, to this remarkable evolution I dedicate my recent book (of 2011), on the matter, published in Oxford78. I examine therein some cases adjudicated by the IACtHR in recent years, - a cycle of cases of massacres, - with aggravating circumstances, wherein grave violations of human rights were planned and perpetrated in pursuance of State policies, forming a systematic practice of extermination of human beings. The adjudication of those cases was launched by the historical Judgment of the IACtHR (of 14.03.2001) in the case of the massacre of Barrios Altos concerning Peru; to that Judgment followed the subsequent Judgments of the IACtHR in the cases of the massacres79. Thus, massacres and crimes of State (perpetrated by State agents as part of a State policy), which tended to fall into oblivion some decades ago, have more recently been brought to the cognizance of international human rights tribunals (such as the Inter-American and European Courts), in order to determine the responsibility of the State (under the respective regional Conventions) for grave violations of the protected human rights80. Cases of the kind have also been lodged, to other effects, with other international tribunals, such as the international criminal ones (for the determination of individual international criminal responsibility), and the ICJ (in the framework of the inter-State contentious). The current multiplicity of contemporary international tribunals (a reassuring phenomenon of our times) has by itself considerably increased the number of justiciables all over the world, fostering the access to international justice in our days, even in cases of the aforementioned gravity. New developments have in fact occurred lately in international legal procedures81, such as the ones pertaining to the determination of the aggravated international responsibility of the States concerned, and the identification of the victims in distinct stages of those procedures. In reaction to grave violations of human rights, one may attest, in the international 57 Antônio Augusto Cançado Trindade adjudication of such cases, the centrality and expansion of the notion of (direct) victim, and the relevance of their right to reparation for the damages suffered. It is highly significant that, in our days, surviving victims of massacres, and relatives of fatal victims, have had access to international justice. States themselves today recognize and realize that they can no longer dispose, as they wish, of the human beings who happen to be under their respective jurisdictions82. Their power of action is not unlimited, ought to be guided by the faithful observance of certain fundamental values83, and of the general principles of law84. They are to respond for their eventual damages to human beings under their respective jurisdictions, and to provide the reparations due to them85. States cannot even shield themselves behind the international criminal responsibility of the individuals who perpetrated international wrongs; the responsibility of the State always subsists. The responsibilities of ones and the others do not exclude each other, but rather complement each other. The new international legal order of our times has emerged from the human conscience, the universal juridical conscience, as the ultimate material source of all Law. The expansion of the international legal personality has taken place to the benefit of all subjects of law, including the individuals as subjects of International Law. 4. Epilogue The law of nations, the droit des gens, has much evolved, ultimately moved by the universal juridical conscience, which stands well above the will of the States. Those who serve States tend to think too highly of themselves, and to attribute a key role in this evolution to strategic international litigation. Hence their adherence to the unsatisfactory and dangerous inter-State framework, and to dogmas of the past, and their insistence on trying to prolong certain moments of legal history, without realizing that theirs is a static outlook of the law of nations. After all, their activity is one of means – to “win a case”, – and not of ends. Those encapsulated in dogmatisms of the past tend to undermine advances achieved in the contemporary jus gentium, such as those pertaining to the consolidation of the international legal personality and capacity of individuals, which they label, at best, as “not perfect”. They are longing for an international legal order, which no longer exists. Theirs is a static outlook, centered on States, unpersuasive for its arbitrary points of reference. 58 Such outlook attempts in vain to minimize the remarkable evolution of international law itself, as illustrated, e.g., by the historical recovery of the human person as subject of the law of nations. That surpassed inter-State outlook discloses a far too limited view which nostalgically insists on what they regard as the “perfect” international legal personality of States, - a “perfectness” taken for granted, without demonstration. The heralds of that outlook tend to forget that States were created by human beings for their common good, and benefited from “personification” on the basis – ironically – of an analogy with that of human beings. It is about time that States do their part, to the benefit of human beings who created them for the common good. The international legal order no longer fits itself into the straightjacket of the strict interState outlook, which led to so many abuses, and atrocities, in the recent past; it turns instead its attention, with the revival of jusnaturalism, to the condition of human beings, and the questions, which affect the whole of humankind86. One recognizes today the need to consolidate the restitution to the human person the central position - as subject of both domestic and international law - wherefrom she was unduly removed, with the disastrous consequences of sad memory. The recognition of the centrality of the rights of the human person corresponds to a new ethos of our times. In this line of evolution also lies the current trend of “criminalization” of grave violations of the rights of the human person. At this early stage of the XXIst century, we witness the acceleration of the historical process of humanization of international law87, - to which it is a privilege to be able to contribute, - which comes to occupy itself more directly with the realization of superior common goals. We stand before a humanized (or even truly humanist) international ordre public, wherein the public interest or the general interest coincides fully with that of the prevalence of human rights. That implies the recognition that human rights constitute themselves the basic foundation of the legal order. In the domain of the International Law of Human Rights, moved by considerations of international ordre public, we are before common and superior values, underlying it, and which appear truly fundamental and irreducible. We can here visualize a true droit au Droit, that is, the right to a legal order, which effectively safeguards the rights inherent to the human person. Of their faithful safeguard will depend, to a large extent, the future evolution of International Law itself. L´Humanisation du Droit International: La Personne Humaine en tant que Sujet du Droit des Gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations This is the path to follow, for us and the succeeding generations not to keep on living with the tragic contradictions, which marked the XXth century. To pursue in this path, moreover, contributes ultimately to the international rule of law itself, to the realization of justice also at international level, thus fulfilling a long-standing aspiration of humankind. The international juridical subjectivity of the individuals is nowadays an irreversible reality, and the violation of their fundamental rights (emanated directly from the international legal order) entails juridical consequences. It gives expression to the new primacy of the raison d’humanité over the raison d’État. Human conscience thereby attains in our days a stage of evolution, which renders it possible to do justice at the international law in the safeguard of those entirely marginalized or socially excluded (cf. supra). The human person has emerged, at last, also in the most adverse conditions and even amidst defencelessness, as the ultimate subject of both domestic and international law, endowed with full juridicoprocedural capacity. Contemporary international law has been moved, in its advances, by the search for justice and for the prevalence of common superior values. It has purported to enable individuals to exercise their rights (by acknowledging their legitimatio ad causam) and peoples to live in peace with justice. The fact is that, nowadays, individuals, even in the most adverse circumstances, and in situations of defencelessness (as we have seen), have had access to international justice; this would have been simply unthinkable in the XIXth century, or even some decades ago. The international legal order nowadays promptly reacts to situations of manifest injustice. As jurists, we can give our modest contribution to the improvement of the human condition, beyond the confines of institutionalized “schools of thought”, essentially as free thinkers, moved by our ideals, and remaining always attentive to fundamental human values, standing well above dogmas. Human conscience (the recta ratio), the universal juridical conscience, stands well above the will of States. Last but not least, may I reiterate my gratitude to the authorities of the University Panteio of Athens for their kindness in convening this academic act, of great significance to me and which I shall never forget. Soon in my academic life I captured the longstanding legacy of Greek spirituality; this latter expressed, in a perennial and timeless way88, the compassion for the human condition, for human misery. The Greek tragedies of Aeschylus, Sophocles and Euripides remain as contemporary today as when they were first written and performed, so many centuries ago89. The message is clear: it is against the use and abuse of force, which destroys not only the victims but likewise the perpetrators, everyone. It is a message illuminated by the imperatives of justice90. Justice is essential to human survival itself; we are privileged today to witness, and to contribute to, the emancipation of human beings vis-à-vis their own State, enabled as they now are to seek the realization of justice for themselves. Thank you very much for all your attention. RÉSUMÉ L’individu est sujet jure suo de droit international, comme soutenu au fil des siècles par la doctrine juridique plus lucide, dès les écrits des célèbres “pères fondateurs” de notre discipline. L’importance considérable attribuée à la personne humaine dans le cadre du droit des gens par les célèbres “pères fondateurs” de la discipline ne devrait pas être oubliée à notre époque. La soumission postérieure de l’individu à la “volonté” de l’État n’a jamais parue convaincante, et a vite été ouvertement remise en question par la doctrine juridique plus lucide. À notre époque, l’individu est reconnu - et de manière très claire dans la doctrine jusinternationaliste grecque comme sujet à la fois de droit interne et de droit international. La subjectivité internationale de l’être humain est apparue avec vigueur dans la science juridique du XXe siècle, comme réaction de la conscience juridique universelle contre les atrocités successives commises contre le genre humain. L’accès direct de l’individu à la juridiction internationale est donc entièrement justifié pour défendre ses droits, même contre son propre État. La consolidation de la personnalité juridique internationale des individus renforce pari passu la responsabilité en droit international pour des abus perpétrés contre les êtres humains. En ce début de XXIe siècle, cette conquête très importante peut être appréciée dans le cadre du processus historique en cours de l’humanisation du droit international. ABSTRACT The individual is subject jure suo of international law, as sustained along the centuries by the most lucid legal doctrine, as from the writings of the renowned “founding fathers” of our 59 Antônio Augusto Cançado Trindade discipline. The considerable importance attributed to the human person in the framework of the law of nations by the famous “founding fathers” of the discipline should not be forgotten in our epoch. The subsequent submission of the individual to the “will” of the State has never appeared convincing, and was promptly challenged by the most lucid legal doctrine. In our epoch, the individual is recognized - and quite clearly in Greek jusinternationalist doctrine - as subject of domestic as well as international law. The international subjectivity of the human being has emerged with vigour in the legal science of the XXth century, as a reaction of the universal juridical conscience against the successive atrocities committed against the human kind. The direct access of the individual to the international jurisdiction is thus entirely justified so as to defend his rights, even against his own State. The consolidation of the international legal personality of individuals enhances pari passu responsibility in international law for the abuses perpetrated against human beings. At this beginning of the XXIth century, this very important advance can be appreciated in the framework of the historical process in course of the humanization of international law. RESUMEN El individuo es sujeto jure suo de derecho internacional, como sustentado a lo largo de los siglos por la doctrina jurídica más lúcida, desde los escritos de los célebres “padres fundadores” de nuestra disciplina. La importancia considerable atribuida a la persona humana en el marco del derecho de gentes por los famosos “padres fundadores” de la disciplina no debería ser olvidada en nuestra época. La sujeción posterior del individuo a la “voluntad” del Estado jamás pareció convincente, y fue prontamente cuestionada por la doctrina jurídica más lúcida. En nuestra época, el individuo es reconocido - y de modo marcante en la doctrina jusinternacionalista griega - como sujeto del derecho tanto interno como internacional. La subjetividad internacional del ser humano emergió con vigor en la ciencia jurídica del siglo XX, como reacción de la consciencia 60 jurídica universal contra las atrocidades sucesivas cometidas contra el género humano. El acceso directo del individuo a la jurisdicción internacional es, pues, enteramente justificado para defender sus derechos, aun contra su propio Estado. La consolidación de la personalidad jurídica internacional de los individuos refuerza pari passu la responsabilidad en derecho internacional por los abusos perpetrados contra los seres humanos. En este inicio del siglo XXI, este avance muy importante puede ser apreciado en el marco del proceso histórico en curso de la humanización del derecho internacional. RESUMO O indivíduo é sujeito jure suo do direito internacional, como sustentado ao longo dos séculos pela doutrina jurídica mais lúcida, desde os escritos dos célebres “pais fundadores” de nossa disciplina. A importância considerável atribuída à pessoa humana no âmbito do direito das gentes pelos famosos “pais fundadores” da disciplina não deveria ser esquecida em nossa época. A submissão posterior do indivíduo à “vontade” do Estado jamais pareceu convincente, e foi prontamente questionada pela doutrina jurídica mais lúcida. Em nossa época, o indivíduo é reconhecido - e de modo marcante na doutrina jusinternacionalista grega - como sujeito do direito tanto interno como internacional. La subjetividade internacional do ser humano emergiu com vigor na ciência jurídica do século XX, como reação da consciência jurídica universal contra as atrocidades sucessivas cometidas contra o gênero humano. O acesso direto do indivíduo à jurisdição internacional é, pois, inteiramente justificado para defender seus direitos, mesmo contra seu próprio Estado. A consolidação da personalidade jurídica internacional dos indivíduos reforça pari passu a responsabilidade no direito internacional pelos abusos perpetrados contra os seres humanos. Neste início do século XXI, este avanço muito importante pode ser apreciado no âmbito do processo histórico em curso da humanização do direito internacional. L´Humanisation du Droit International: La Personne Humaine en tant que Sujet du Droit des Gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations NOTES 1. Discurso proferido pelo Autor na sessão solene de outorga do título de Doutor Honoris Causa da Universidade Panteion de Atenas, realizada no salão-nobre da referida Universidade, em Atenas, Grécia, em 01 de julho de 2014. 11. Cf. A.A. Cançado Trindade, “The Historical Recovery of the Human Person as Subject of the Law of Nations”, 1 Cambridge Journal of International and Comparative Law (2012) pp. 8-59. 2. À son tour, Alberico Gentili (auteur de De Jure Belli, 1598) soutenait, à la fin du XVIe siècle, que le Droit gouverne les relations entre les membres de la societas gentium universelle. 12. C’est ce qui résulte, e.g., de la position des quatre Conventions de Genève sur le Droit International Humanitaire de 1949, érigée à partir des droits des personnes protégées (e.g., Convention III, articles 14 et 78; Convention IV, article 27). 3. A. A. Cançado Trindade, “A Consolidação da Personalidade e da Capacidade Jurídicas do Indivíduo como Sujeito do Direito Internacional”, 16 Anuario del Instituto Hispano-Luso-Americano de Derecho Internacional - Madrid (2003) pp. 240-247; A.A. Cançado Trindade, “Vers la consolidation de la capacité juridique internationale des pétitionnaires dans le système interaméricain des droits de la personne”, in 14 Revue québécoise de Droit international (2001) n. 2, pp. 207-239. 4. N. Politis, La morale internationale, New York, Brentano´s, 1944, pp. 100, 102 et 157. 5. Ibid., p. 158, et cf. p. 164. 6. Ibid., pp. 161-162. 7. Cf. R.P. Sertillanges, Le problème du mal l´Histoire, Paris, Aubier, 1948, pp. 395-397. 8. Ibid., pp. 247-259. 9. S. Glaser, “Les droits de l’homme à la lumière du droit international positif”, in Mélanges offerts à H. Rolin - Problèmes de droit des gens, Paris, Pédone, 1964, pp. 117-118, et cf. pp. 105-106 et 114-116. 10. S. Séfériadès, “Le problème de l´accès des particuliers à des juridictions internationales”, 51 Recueil des Cours de l´Académie de Droit International de La Haye (1935) p. 31, et cf. pp. 48, 51, 94, 106 et 112. Le thème de la condition de l´individu dans l´ordre juridique international est démeuré présent dans les divers écrits de S. Séfériadès, dans le contexte des problèmes de son époque, cf. S. Séfériadès, “L´échange des populations”, 24 Recueil des Cours de l´Académie de Droit International de La Haye (1928) pp. 311-433; S. Séfériadès, “Principes généraux du droit international de la paix”, 34 Recueil des Cours de l´Académie de Droit International de La Haye (1930) pp. 310313, 315, 317, 320 et 322-323. 13. Conventions de Genève I, II et III, Article 6; et Convention de Genève IV, Article 7. En fait, dès le passage du XIXe au XXe siècle, les premières Conventions sur le Droit International Humanitaire exprimaient des inquiétudes quant au sort des êtres humains dans les conflits armés, reconnaissant ainsi l’individu comme bénéficiaire direct des obligations conventionnelles internationales. 14. Cf. M. Huber, La pensée et l´action de la CroixRouge, Genève, CICR, 1954, pp. 26, 247, 270, 286, 291-293 et 304. 15. Au niveau interne, les individus ne participent pas non plus en totalité, directement ou indirectement, au processus législatif, et ils ne cessent pas pour autant d’être sujets de droit. 16. R. Cassin, “L’homme, sujet de droit international et la protection des droits de l’homme dans la société universelle”, dans La technique et les principes du Droit public Études en l’honneur de G. Scelle, vol. I, Paris, LGDJ, 1950, pp. 81-82. 17. Les ONGs ont gagné une visibilité considérable au cours du récent cycle de Conférences Mondiales de l’O.N.U. (1992-2001) par leur présence dans les Conférences mêmes ou par leur articulation dans leurs propres fora en parallèle avec ces Conférences. Dans ces dernières années, elles ont eu le droit de présenter régulièrement leurs amici curiae devant les tribunaux internationaux tels que les Cours Interaméricaines et Européenne des Droits de l’Homme, et les Tribunaux Pénaux Internationaux ad hoc pour l’ex-Yougoslavie et pour le Rwanda. 18. E.g., la Convention de l’O.N.U. de 1984 contre la Torture et son Protocole Facultatif de 2002, la Convention de l’O.N.U. de 1989 des Droits de l’Enfant, le Protocole de Madrid de 1991 (au Traité sur l’Antarctique de 1959) 61 Antônio Augusto Cançado Trindade sur la Protection de l’Environnement en Antarctique, la Convention d’Ottawa de 1997 sur l’Interdiction des Mines Antipersonnel et sur leur Elimination, Le Statut de Rome de 1998 relatif à la Cour Pénale Internationale, et la Convention de l’UNESCO de 2005 sur la Protection et la Promotion de la Diversité des Expressions Culturelles. 19. A.A. Cançado Trindade, El Acceso Directo del Individuo a los Tribunales Internacionales de Derechos Humanos, Bilbao, Universidad de Deusto, 2001, pp. 17-96; A.A. Cançado Trindade, “The Procedural Capacity of the Individual as Subject of International Human Rights Law: Recent Developments”, dans K. Vasak Amicorum Liber - Les droits de l’homme à l’aube du XXIe siècle, Bruxelles, Bruylant, 1999, pp. 521-544. 20. Cf. A.A. Cançado Trindade, El Acceso Directo del Individuo a los Tribunales Internacionales..., op. cit. supra n. (18), pp. 17-96; A.A. Cançado Trindade, “Vers la consolidation de la capacité juridique internationale des pétitionnaires dans le système interaméricain des droits de la personne”, 14 Revue québécoise de Droit international (2001) pp. 207-239. 21. Cf. A.A. Cançado Trindade, Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos, vol. I, 2nd. ed., Porto Alegre/Brasil, S.A. Fabris Ed., 2003, pp. 33-50, et vol. II, 1999, pp. 23-194; A.A. Cançado Trindade, O Direito Internacional em um Mundo em Transformação, Rio de Janeiro, Ed. Renovar, 2002, pp. 1048-1109; A.A. Cançado Trindade, El Derecho Internacional de los Derechos Humanos en el Siglo XXI, Santiago, Editorial Jurídica de Chile, 2001, pp. 15-58 et 375-427. 22. N. Politis, Les nouvelles tendances du Droit international, Paris, Libr. Hachette, 1927, ch. II, pp. 55-92; J. Spiropoulos, L’individu en Droit international, Paris, LGDJ, 1928, pp. 3-66; A.N. Mandelstam, Les droits internationaux de l’homme, Paris, Éds. Internationales, 1931, pp. 95-96 et 138, et cf. p. 103; G. Scelle, Précis de Droit des Gens - Principes et systématique, part I, Paris, Libr. Rec. Sirey, 1932 (CNRS reprint, 1984), pp. 42-44 et 48; H. Lauterpacht, International Law and Human Rights, London, Stevens, 1950, pp. 51, 61 et 69-70; M. Bourquin, “L’humanisation du droit des gens”, dans La technique et les principes du Droit public ..., op. cit. supra n. (15), vol. I, pp. 21-54. 23. A. Álvarez, La Reconstrucción del Derecho de Gentes - El Nuevo Orden y la Renovación 62 Social, Santiago de Chile, Ed. Nascimento, 1944, pp. 46-47, 81, 91, 457-463 et 499-500; H. Accioly, Tratado de Direito Internacional Público, vol. I, 1e. éd. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1933, pp. 71-75. 24. C.Th. Eustathiades, “Les sujets du Droit international et la responsabilité internationale - Nouvelles tendances”, 84 Recueil des Cours de l´Académie de Droit International de La Haye (1953) pp. 402, 412-413, 424-427, 547, 586-589, 601, 608 et 610-612; P. Guggenheim, “Les principes de Droit international public”, 80 Recueil des Cours de l´Académie de Droit International de La Haye (1952), pp. 116-118. 25. N. Politis, Les nouvelles tendances du Droit international, Paris, Libr. Hachette, 1927, pp. 76-78. 26. Ibid., pp. 78-79. 27. J. Spiropoulos, L´individu en droit international, Paris, LGDJ, 1928, pp. 31-32. 28. Ibid., p. 55. 29. Ibid., p. 33, et cf. pp. 19 et 66. 30. Ibid., p. 44. 31. Ibid., p. 49. 32. Ibid., pp. 62-64. 33. Ibid., p. 66. 34. G. Ténékidès, L´individu dans l´ordre juridique international, Paris, Pédone, 1933, pp. 3-263. 35. B.V.A. Röling, International Law in an Expanded World, Amsterdam, Djambatan, 1960, p. 2. 36. A. A. Cançado Trindade, “Co-existence and Co-ordination of Mechanisms of International Protection of Human Rights (At Global and Regional Levels”, 202 Recueil des Cours de l’Académie de Droit International de La Haye (1987) pp. 32-33. 37. Ibid., pp. 411-412. 38. CIADH, Avis Consultatif OC-16/99, Série A, n. 16, pp. 3-123, paras. 1-141, et points 1-8. 39. Indiqué dans l’article 36 de la Convention de Vienne de 1963 sur les Relations Consulaires et lié aux garanties de jugement en bonne et due forme conformément à l’article 8 de la Convention Américaine sur les Droits de l’Homme. 40. Dans cet Avis, la CIADI a clairement indiqué que les droits mentionnés dans l’article 36(1) de la Convention de Vienne de 1963 sur les Relations Consulaires “ont comme caractéristique le L´Humanisation du Droit International: La Personne Humaine en tant que Sujet du Droit des Gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations fait que leur titulaire est l’individu. En effet, cette disposition est explicite en déclarant que les droits à l’information consulaire et la notification sont `accordés´ à la personne intéressée. A cet égard, l’article 36 est une exception notable à la nature essentiellement étatique des droits et obligations mentionnés ailleurs dans la Convention de Vienne sur les Relations Consulaires ; comme interprété par cette Cour dans l’Avis Consultatif présent, cela représente une avancée notable pour ce qui est des conceptions traditionnelles du Droit International sur le sujet” (paragraphe 82, accent ajouté). 41. A.A. Cançado Trindade, “The Future of the International Protection of Human Rights”, in B. Boutros-Ghali Amicorum Discipulorumque Liber - Paix, Développement, Démocratie, vol. II, Bruxelles, Bruylant, 1998, pp. 961-986. - Sur le besoin de surmonter les défis et les obstacles actuels à la prévalence des droits de l’homme, cf. A.A. Cançado Trindade, “L’interdépendance de tous les droits de l’homme et leur miseen-œuvre: obstacles et enjeux”, 158 Revue internationale des sciences sociales - Paris/ UNESCO (1998) pp. 571-582. 42. CIADH, affaire Castillo Petruzzi et Autres contre Pérou (Exceptions Préliminaires), Arrêt du 04.09.1998, Opinion Concordante du Juge A.A. Cançado Trindade, p. 62, para. 35. 43. Dans mon Opinion Concurrente je soutenais l’idée que ce principe fondamental appartenait au domaine du jus cogens et j’ai mis l’accent sur l’importance des obligations erga omnes (englobant aussi les relations interindividuelles) vis-à-vis des droits des immigrants sans papiers. 44. A.A. Cançado Trindade, A Humanização do Direito Internacional, Belo Horizonte/Brasil, Edit. Del Rey, 2006, pp. 3-409; A.A. Cançado Trindade, Évolution du Droit international au droit des gens - L´accès des particuliers à la justice internationale: le regard d’un juge, Paris, Pédone, 2008, pp. 140-144. 45. Il y a plus d’un siècle, comme reconnu dans le célèbre Avis Consultatif de la Cour Internationale de Justice (CIJ) sur les Réparations des Dommages (1949), l’apparition d’organisations internationales avait mis un terme au monopole des Etats en termes de personnalité et capacité juridiques internationales, avec toutes les conséquences juridiques qui en ont découlé, cf., pour une étude générale sur la question, A.A. Cançado Trindade, Direito das Organizações Internacionais, 5e. éd., Belo Horizonte/Brazil, Edit. Del Rey, 2012, pp. 9-853. 46. Cf. A.A. Cançado Trindade, Le Droit international pour la personne humaine, Paris, Pédone, 2012, pp. 91-112. 47. A.A. Cançado Trindade, International Law for Humankind - Towards a New Jus Gentium, 2nd. rev. ed., Leiden/The Hague, Nijhoff/The Hague Academy of International Law, 2013, pp. 1-726. 48. C.W. Jenks, The Common Law of Mankind, London, Stevens, 1958, pp. 66-69; and cf. also R. J. Dupuy, La communauté internationale entre le mythe et l’histoire, Paris, Economica/ UNESCO, 1986, pp. 164-165. 49. J. Spiropoulos, L’individu en Droit international, Paris, LGDJ, 1928, pp. 66 and 33, and cf. p. 19. 50. Ibid., p. 55; an evolution to this effect, - he added, - would bring us closer to the ideal of civitas maxima. 51. Cf., in this sense, e.g., L. Recaséns Siches, Introducción al Estudio del Derecho, 12th. ed., México, Ed. Porrúa, 1997, pp. 150-151, 153, 156 and 159. 52. J. Dabin, El Derecho Subjetivo, Madrid, Ed. Rev. de Derecho Privado, 1955, p. 64. 53. On the impact of this Advisory Opinion n. 16 (of 1999) of the IACtHR on contemporary international case-law and practice, cf. A.A. Cançado Trindade, “The Humanization of Consular Law: The Impact of Advisory Opinion n. 16 (1999) of the Inter-American Court of Human Rights on International Case-Law and Practice”, in 6 Chinese Journal of International Law (2007) n. 1, p. 1-16. 54. A.A. Cançado Trindade, El Acceso Directo del Individuo…, op. cit. supra n. (18), p. 31, and cf. pp. 32-35. 55. Four members (Ricci-Busatti, Baron Descamps, Raul Fernandes and Lord Phillimore) objected that the individuals were not subjects of international law (and could not, thus, in their view, be parties before the Court) and that only the States were juridical persons in the international order, - in what they were followed by the other members. Cf. account in J. Spiropoulos, L’individu en Droit international, Paris, LGDJ, 1928, pp. 50-51; N. Politis, op. cit. infra n. (44), pp. 84-87; M.St. Korowicz, “The Problem of the International Personality of Individuals”, 50 American Journal of International Law (1956) p. 543; S. Séfériadès, “Le problème de l’accès des particuliers à des 63 Antônio Augusto Cançado Trindade juridictions internationales”, op. cit. supra n. (9), pp. 46-47. 56. N. Politis, Les nouvelles tendances du Droit international, Paris, Libr. Hachette, 1927, pp. 69, 76-78, 82-83 and 89-90, and cf. pp. 92 and 61. 57. J. Spiropoulos, op. cit. supra n. (48), p. 44, and cf. pp. 49 and 64-65. 58. Ibid., pp. 50-51, 25, 31-33 and 40-41. 59. Cf. S. Séfériadès, “Le problème de l´accès des particuliers à des juridictions internationales”, op. cit. supra n. (9), pp. 31-32, 51-52, 94 et 106. 60. Cf. G. Ténékidès, L´individu dans l´ordre juridique international, Paris, Pédone, 1933, pp. 3-263. 61. G. Ténékidès, “Régimes internes et organisation internationale”, 110 Recueil des Cours de l´Académie de Droit International de La Haye (1963) pp. 405-408. 62. Ibid., pp. 398-415; and cf. G. Ténékidès, “L´uniformité des régimes politiques au sein des Ligues et Confédérations grecques à l´époque classique”, in Völkerrecht und Rechtliches Weltbild (eds. K. Zemanek et alii), Vienna, Springer-Verlag, 1960, pp. 263-271. 63. G. Ténékidès, “L´action des Nations Unies contre la discrimination raciale”, 168 Recueil des Cours de l´Académie de Droit International de La Haye (1980) pp. 285-467. 64. This is exemplified by the system of the navigation of the river Rhine, by the Project of an International Prize Court (1907), by the Central American Court of Justice (1907-1917), as well as, in the era of the League of Nations, by the systems of minorities (including Upper Silesia) and of the territories under mandate, by the systems of petitions of the Islands Aaland and of the Saar and of Danzig, besides the practice of mixed arbitral tribunals and of mixed claims commissions, of the same epoch. For a study, cf., e.g.: A.A. Cançado Trindade, “Exhaustion of Local Remedies in International Law Experiments Granting Procedural Status to Individuals in the First Half of the Twentieth Century”, 24 Netherlands International Law Review (1977) pp. 373-392; C.A. Norgaard, The Position of the Individual in International Law, Copenhagen, Munksgaard, 1962, pp. 109128; M. St. Korowicz, Une expérience de Droit international - La protection des minorités de Haute-Silésie, Paris, Pédone, 1946, pp. 81-174; among others. 64 65. A.A. Cançado Trindade, El Derecho Internacional de los Derechos Humanos en el Siglo XXI, 1st. ed., Santiago, Editorial Jurídica de Chile, 2001, pp. 317-370. 66. One may recall, for example, the classical Nottebohm case concerning double nationality (Liechtenstein versus Guatemala, 1955), the case concerning the Application of the Convention of 1902 Governing the Guardianship of Infants, (The Netherlands versus Sweden, 1958), the cases of the Trial of Pakistani Prisoners of War (Pakistan versus India, 1973), of the Hostages (U.S. Diplomatic and Consular Staff) in Teheran case (United States versus Iran, 1980), of the East-Timor (Portugal versus Australia, 1995), the case of the Application of the Convention against Genocide (Bosnia-Herzegovina versus Yugoslavia, 1996), and the three successive cases concerning consular assistance - namely, the case Breard (Paraguay versus United States, 1998), the case LaGrand (Germany versus United States, 2001), the case Avena and Others (Mexico versus United States, 2004). 67. Moreover, one may further recall that, in the case of Armed Activities in the Territory of Congo (D.R. Congo versus Uganda, 2000) the ICJ was concerned with grave violations of human rights and of International Humanitarian Law; in the Land and Maritime Boundary between Cameroon and Nigeria (1996), it was likewise concerned with the victims of armed clashes. More recent examples wherein the Court´s concerns have gone beyond the interState outlook include, inter alia, e.g., the case on Questions Relating to the Obligation to Prosecute or Extradite (Belgium versus Senegal, 2009) pertaining to the principle of universal jurisdiction under the U.N. Convention against Torture; the case of A.S. Diallo (Guinea versus D.R. Congo, 2010) on detention and expulsion of a foreigner; the case of the Application of the International Convention on the Elimination of All Forms of Racial Discrimination (Georgia versus Russian Federation, 2011), the case of the Temple of Preah Vihear (Cambodia versus Thailand, provisional measures of protection, 2011; and interpretation of judgment, 2014). 68. Cf. A.A. Cançado Trindade, “El Nuevo Reglamento de la Corte Interamericana de Derechos Humanos (2000): La Emancipación del Ser Humano como Sujeto del Derecho Internacional de los Derechos Humanos”, 30/31 Revista del Instituto Interamericano de Derechos Humanos (2001) pp. 45-71; A.A. L´Humanisation du Droit International: La Personne Humaine en tant que Sujet du Droit des Gens / The Humanization of International Law: The Human Person as Subject of the Law of Nations Cançado Trindade, “Vers la consolidation de la capacité juridique internationale des pétitionnaires...”, op. cit. supra n. (2), pp. 207-239. 69. F.A. von der Heydte, “L’individu et les tribunaux internationaux”, 107 Recueil des Cours de l´Académie de Droit International de La Haye (1962) pp. 332-333 and 329-330; and cf. A.A. Cançado Trindade, “The Domestic Jurisdiction of States in the Practice of the United Nations and Regional Organisations”, 25 International and Comparative Law Quarterly (1976) pp. 715-765. 70. For an examination of the matter, cf. A.A. Cançado Trindade, Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos, vol. I, op. cit. supra n. (20), pp. 68-87. 71. A.A. Cançado Trindade, A Humanização do Direito Internacional, op. cit. supra n. (43), pp. 3-409. 72. More than half a century ago, as acknowledged in the celebrated Advisory Opinion of the International Court of Justice on Reparations for Damages (1949), the advent of international organizations had put an end to the States´ monopoly of the international legal personality and capacity, with all the juridical consequences which ensued therefrom, cf., for a general study on the matter, A.A. Cançado Trindade, Direito das Organizações Internacionais, 6th. ed., Belo Horizonte/Brazil, Edit. Del Rey, 2014, pp. 7-846. 73. A.A. Cançado Trindade, Évolution du Droit international au droit des gens - L’accès des particuliers à la justice internationale: le regard d’un juge, Paris, Pédone, 2008, pp. 81-184; R. Portmann, Legal Personality in International Law, Cambridge, Cambridge University Press, 2010, pp. 126-128, 243, 271-277 and 283. 74. A.A. Cançado Trindade, “International Law for Humankind: Towards a New Jus Gentium - General Course on Public International Law - Part I”, 316 RCADI (2005), chs. IX-X, pp. 252317. 75. A.A. Cançado Trindade, A Humanização do Direito Internacional, op. cit. supra n. (43), pp. 107-172. 76. Cf., on this particular point, A.A. Cançado Trindade, El Ejercicio de la Función Judicial Internacional - Memorias de la Corte Interamericana de Derechos Humanos, 3rd. ed., Belo Horizonte/Brazil, Edit. Del Rey, 2013, ch. XIX, pp. 163-169. 77. Cf. A.A. Cançado Trindade, “The Right of Access to Justice in the Inter-American System of Human Rights Protection”, 17 Italian Yearbook of International Law (2007) pp. 7-24; A.A. Cançado Trindade, “Die Entwicklung des interamerikanischen Systems zum Schutz der Menschenrechte”, 70 Zeitschrift für ausländisches öffentliches Recht und Völkerrecht (2010) pp. 629-699. 78. A.A. Cançado Trindade, The Access of Individuals to International Justice, Oxford, Oxford University Press, 2011, pp. 1-236. 79. Namely, the cases of the massacres of Caracazo concerning Venezuela (reparations, of 29.08.2002), of Plan de Sánchez pertaining to Guatemala (of 29.04.2004), of the 19 Tradesmen versus Colombia (of 05.07.2004), of Mapiripán versus Colombia (of 17.09.2005), of the Moiwana Community versus Suriname (of 15.06.2005), of Pueblo Bello versus Colombia (of 31.01.2006), of Ituango versus Colombia (of 01.07.2006), of Montero Aranguren and Others (Detention Centre of Cátia) versus Venezuela (of 05.07.2006), of La Cantuta versus Peru (of 29.11.2006), and of the Prison of Castro Castro versus Peru (of 25.11.2006), as well as in the cases of assassinations planned at the highest level of the State power and executed by order of this latter (such as that of Myrna Mack Chang, Judgment of 25.11.2003). 80. For a recent study, cf. A.A. Cançado Trindade, State Responsibility in Cases of Massacres: Contemporary Advances in International Justice (Inaugural Address, 10.11.2011), Utrecht, Universiteit Utrecht, 2011, pp. 1-71. 81. Cf., in this respect, A.A. Cançado Trindade, “Reflexiones sobre los Tribunales Internacionales Contemporáneos y la Búsqueda de la Realización del Ideal de la Justicia Internacional”, in Cursos de Derecho Internacional y Relaciones Internacionales de Vitoria-Gasteiz / Vitoria-Gasteizko Nazioarteko Zuzenbidearen eta Nazioarteko Harremanen Ikastaroak – Universidad del País Vasco (2010) pp. 17-95; A.A. Cançado Trindade, “Os Tribunais Internacionais Contemporâneos e a Busca da Realização do Ideal da Justiça Internacional”, 57 Revista da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (2010) pp. 37-67. 82. Cf. my Separate Opinion (paras. 1-231) in the Advisory Opinion of the ICJ on the Declaration of Independence of Kosovo (of 22.07.2010). 65 Antônio Augusto Cançado Trindade 83. Cf., e.g., S. Glaser, “La protection internationale des valeurs humaines”, 60 Revue générale de Droit international public (1957) pp. 211-241. 84. Cf. my Dissenting Opinion (paras. 1-214) in the case of the Application of the International Convention on the Elimination of All Forms of Racial Discrimination (Georgia versus Russian Federation, Judgment of the ICJ of 01.04.2011); cf. also my Separate Opinion (paras. 1-184) in the recent case of Questions Relating to the Obligation to Prosecute or Extradite (Belgium versus Senegal, Judgment of the ICJ of 20.07.2012); and cf. my Separate Opinion (paras. 1-118) in the Advisory Opinion of the ICJ on the Revision of a Judgment of the ILO Administrative Tribunal upon a Complaint Filed against IFAD (of 01.02.2012). 85. Cf. my Separate Opinion (paras. 1-101) in the case of A.S. Diallo (Guinea versus D.R. Congo, reparations, Judgment of the ICJ of 19.06.2012). 86. A. Truyol y Serra, La Sociedad Internacional, 9th. ed., Madrid, Alianza Editorial, 1998, pp. 97-98 and 167. On the conception of the State as promoter and guarantee of the common good, cf. Jacques Maritain, The Person and the Common Good, Notre Dame, University of Notre Dame Press, 1966 (reimpr. 1985), pp. 11-105. 87. Cf. A.A. Cançado Trindade, A Humanização do Direito Internacional, op. cit. supra n. (43), pp. 3-409. 88. Cf., e.g., J. de Romilly, La Grèce antique contre la violence, Paris, Éd. de Fallois, 2000, pp. 7-214; J. Burckhardt, History of Greek 66 Culture, Mineola/N.Y., Dover Publs., 2002, pp. 1-338; J.-P. Vernant, As Origens do Pensamento Grego, Rio de Janeiro, Difel/Ed. Bertrand, 2002, pp. 9-143; P. Lévêque, Le monde hellénistique, Paris, Libr. A. Colin,1969, pp. 3-264; B. Snell, A Cultura Grega e as Origens do Pensamento Europeu [1955], São Paulo, Ed. Perspectiva, 2009 [reprint], pp. 1-319; J.N. Bremmer, The Early Greek Concept of the Soul, Princeton, Princeton University Press, 1993 [reprint], pp. 3-135; R. Dodds, The Greeks and the Irrational, Berkeley, University of California Press, 1997 [reed.], pp. 1-311; H.D.F. Kitto, The Greeks, Middlesex, Penguin Books, 1964 [reprint], pp. 7-252; C.M. Bowra, The Greek Experience, N.Y., Mentor Books, 1959, pp. 13-215. 89. Cf., e.g., F. Nietzsche, The Birth of Tragedy [1872], Oxford, Oxford University Press, 2000, pp. 3-131; G. Steiner, The Death of Tragedy, London, Faber and Faber, 1961, pp. 3-355; W. Kaufmann, Tragedy and Philosophy, Princeton, Princeton University Press, 1992 (reed.), pp. 1-379; J. de Romilly, Le temps dans la tragédie grecque, 2nd. ed., Paris, Libr. Philosophique J. Vrin, 2009, pp. 11-207; S. Goldhill, Sophocles and the Language of Tragedy, Oxford, Oxford University Press, 2012, pp. 3-263; S. Goldhill, Reading Greek Tragedy, Cambridge, Cambridge University Press, 1999 (reed.), pp. 1-286. 90. Simone Weil, A Fonte Grega, Lisbon, Ed. Cotovia, 2006, pp. 16-17, 20, 24-25, 30, 3739, 69-70, 106 and 127-128; Simone Weil, L´Iliade ou le poème de la force, Paris, Éd. Payot & Rivages, 2014, pp. 54, 83, 86-87, 93, 101, 111-113, 119, 122-123, 142 and 152. LA BONNE GOUVERNANCE ET LA PROTECTION DES DROITS DE L’HOMME Azzouz Kerdoun Professeur à l’Université Constantine 1; Directeur du laboratoire “Maghreb”; Membre expert et vice-président du comité des droits economiques, sociaux et culturels des Nations Unies. I. INTRODUCTION Si la gouvernance est la manière dont les gouvernements gèrent les ressources sociales et économiques de façon équitable, honnête, transparente et responsable, la bonne gouvernance reste une notion qui n’a pas jusqu’à maintenant une définition installée et établie. Elle est une notion qui ne bénéficie pas d’un code incontestable. La plupart des institutions internationales se sont dotées de leurs propres définitions. Certaines organisations ont tenté de définir le concept comme c’est le cas notamment de la Banque mondiale et de l’OCDE.1 On parle alors d’encouragement des pouvoirs politiques dans le cadre de l’administration des ressources de la société à des fins de développement économique et social.2 D’autres institutions comme le Programme des Nations Unies pour l’environnement (PNUE), ont une vision plutôt large en liant la gestion du secteur public et le développement humain durable. D’autres enfin, comme l’Union européenne dispose d’une vision plus large en intégrant au fur et à mesure à la bonne gouvernance les droits de l’homme, la démocratie et l’Etat de droit. Cette approche a été présentée tout d’abord dans le cadre d’une “conception gestionnaire” relative à la représentation d’un effort de modernisation de l’action publique. La bonne gouvernance se présente alors comme “l’exercice politique du pouvoir de gestion des ressources naturelles, économiques, sociales et humain d’un pays dans des conditions optimales qui préservent durablement l’avenir”, et qui allient dans le sens de la démocratisation de la gestion publique. Pour cette raison la gouvernance ne se présente pas seulement comme une innovation conceptuelle, mais comme un avancement remarquable qui traduit un lien de causalité entre plusieurs concepts qui sont indispensables et surtout indivisibles. Une bonne gouvernance pourra être un repère conceptuel efficace pour calibrer les comportements des autorités publiques et pour assurer une meilleure protection de l’individu et de ses droits. En conséquence, les droits ainsi visés sont l’ensemble des droits de l’homme, les diverses catégories de ceux-ci étant indivisibles et interdépendants, chacune ayant sa propre légitimité. Dans ce sens la bonne gouvernance prônée par les Nations Unies, est celle qui détermine que la bonne gouvernance comprend les éléments de participation, consensus, équité, efficacité, responsabilité et vision stratégique. Seulement, cette gouvernance devra être améliorée par des efforts d’engagements II. LES LIENS ENTRE LA BONNE GOUVERNANCE ET LES DROITS DE L’HOMME L’ancienne commission des droits de l’homme des Nations Unies avait souligné dans plusieurs résolutions, l’importance d’un environnement favorable à la jouissance effective de tous les droits de l’homme. Elle a aussi insisté sur le fait que la bonne gouvernance et les droits de l’homme étaient complémentaires et que la première était une condition préalable à la réalisation des seconds. La commission a demandé au Haut commissariat aux droits de l’homme de fournir des exemples concrets d’activité ayant renforcé la bonne gouvernance tout en promouvant le respect des droits de l’homme. Ainsi, l’objectif est de contribuer à réduire l’écart entre les normes et principes relatifs aux droits de l’homme, d’un côté, et leur mise en application par les initiatives en matière de gouvernance. En d’autres termes, comment intégrer les principes relatifs aux droits de l’homme à des réformes de gouvernance? Par quels types de politiques et d’initiatives ces principes se traduisent-ils? Une fois le cadre juridique approprié adopté par les Etats, comment ces 67 Azzouz Kerdoun derniers peuvent-ils, avec d’autres intervenants sur la scène sociale, en améliorer l’application par des réformes de gouvernance? Ce questionnement nécessite des réflexions et des actions novatrices pour mettre au point et appliquer des réformes de gouvernance et protéger les droits de l’homme. Dans quelle mesure les pratiques de gouvernance peuvent-être réformées pour contribue à la protection des droits de l’homme? Il est évident d’affirmer qu’il existe des liens entre la gouvernance et les droits de l’homme car ils sont complémentaires. En effet, les principes relatifs aux droits de l’homme posent un ensemble de valeurs qui visent à guider l’action des gouvernements et des autres intervenants sur la scène politique et sociale. Ils posent également un ensemble de normes au regard desquels la responsabilité de ces intervenants peut-être mise en cause. Ces principes inspirent en plus la nature des efforts faits en matière de bonne gouvernance, car ils peuvent être à la base de l’élaboration de cadres législatifs, de politiques, de programmes, de dotations budgétaires et d’autres mesures. Toutefois, en l’absence d’une bonne gouvernance, les droits de l’homme ne peuvent être respectés et protégés durablement. La mise en œuvre des droits de l’homme exige un cadre incitatif et favorable, entre autres des cadres juridiques et des institutions appropriées, ainsi que les processus politiques et administratifs nécessaires pour satisfaire aux droits et aux besoins de la population. La bonne gouvernance se définit comme l’exercice de l’autorité par le biais de processus politiques et institutionnels transparents, dont la responsabilité peut-être mise en cause et qui encouragent la participation du public. Lorsqu’il est question de droits de l’homme, la référence essentielle demeure les normes énoncées dans la Déclaration universelle des droits de l’homme qui sont développés dans un certain nombre de conventions internationales qui définissent à leur tour les normes minimales nécessaires pour garantir la dignité humaine. Nous pouvons envisager de voir les liens entre la bonne gouvernance et les droits de l’homme dans quatre domaines: Les institutions démocratiques Les services de l’Etat L’état des droits de l’homme Les mesures anti-corruption En effet, lorsqu’elles sont inspirées par les valeurs des droits de l’homme, les réformes qui se 68 rapportent à la bonne gouvernance des institutions démocratiques mettent à la portée du public les moyens de participer à l’élaboration des politiques, que se soit par le biais d’institutions formelles ou de consultations informelles. Elles mettent également des mécanismes qui permettent d’intégrer des groupes sociaux multiples aux processus décisionnels, en particulier au niveau local. Enfin, elles peuvent encourager la société civile et les communautés locales à formuler et à faire connaître leur position sur les sujets qu’elles jugent importants. Dans le domaine des services de l’Etat au public, les réformes qui se rapportent à la bonne gouvernance, représentent une avancée pour les droits de l’home quand elles rendent l’Etat plus à même d’assumer la responsabilité qui lui incombe de fournir des biens collectifs essentiels à la protection d’un certain nombre de droits de l’homme, comme le droit à l’éducation, à la santé et à l‘alimentation. Parmi les initiatives privées en matière de réforme peuvent figurer les moyens mis en œuvre pour amener le public à participer aux prises de décisions. En ce qui concerne l’Etat de droit, les initiatives qui se rapportent à la bonne gouvernance et respectent les droits de l’homme réforment la législation et aident les institutions, depuis les systèmes pénitentiaires jusqu’aux tribunaux et au parlement, à mieux appliquer. Peuvent figurer également par ces initiatives, la lutte en faveur d’une réforme juridique, la sensibilisation du public au cadre juridique national et international, et le renforcement des capacités ou la réforme des institutions. Les mesures anti-corruption font également partie du code de bonne gouvernance. Même si les liens qui existent entre la corruption, les mesures anti-corruption et les droits de l’homme n’ont guère été étudiés jusqu’ici, le mouvement anticorruption regarde du côté des droits de l’homme pour soutenir ces efforts. Dans la lutte contre la corruption, les actions menées pour faire advenir la bonne gouvernance reposent sur des principes tels que l’obligation de rendre des comptes, la transparence et la participation pour mettre au point des mesures anti-corruption. Au nombre de ces initiatives figurent la création d’institutions telles que les commissions anti-corruption, l’instauration de mécanismes d’échange d’informations et la surveillance de l’utilisation des fonds publics et de l’exécution des politiques par les pouvoirs publics. Ce sont là les différents thèmes relatifs à la gouvernance appliquée aux droits de l’homme. Il La Bonne Gouvernance et la Protection des Droits de l’Homme convient d’illustrer les conditions dans lesquelles des initiatives concrètes se sont réalisées et les stratégies qui en ont permis la réalisation par des études de cas au niveau des différents Etats de la communauté internationale. III. LES EFFORTS ENGAGÉS POUR UNE AMÉLIORATION DE LA BONNE GOUVERNANCE DANS LE DOMAINE DES DROITS DE L’HOMME Les études de cas sont révélatrices des efforts qui ont été déployés dans des situations précises. Ce sont des initiatives novatrices du point de vue des partenaires sociaux qu’elles créés, des arguments juridiques et fondées sur des principes auxquels elles ont eu recours ou des institutions et des processus qu’elles ont imaginés. Chaque cas se révèle différent et il n’en reste pas moins, que des initiatives dont l’apport a été positif dans une situation ne sauraient être tout simplement appliquées à une autre. Il ne serait pas possible d’adopter la même solution dans tous les cas pour surmonter les obstacles complexes qui s’opposent à une réforme juridique, sociale et institutionnelle à même d’améliorer la protection des droits de l’homme. D’après le conseil des droits de l’homme dans une de ses déclarations en juin 2013, lors d’une rencontre débat sur les difficultés communes rencontrées avec les Etats dans leurs efforts pour assurer la démocratie et l’état de droit dans l’optique des droits de l’homme, on a relevé les difficultés qui restent encore à franchir. En effet, le modèle politique démocratique s’est certes généralisé depuis quelques années, mais il reste néanmoins fragile, notamment dans les nouvelles démocraties, comme le montrent les exemples récents en Afrique et au Moyen-Orient. Les principales difficultés rencontrées relèvent de la primauté de l‘ordre démocratique, qui suppose la primauté du droit et la création des conditions aptes à faciliter la participation politique de tous les citoyens. Toutefois, il faut relever la diversité des modèles démocratiques, et qu’il n’y a pas de modèle unique à cet égard, et que chaque pays doit choisir le modèle qu’il juge le plus adapté et le plus efficace pour sa société. Cependant, le respect des droits de l’homme reste universel et doit sous tendre tout système politique en place. D’autre part, la liberté d’expression contribue à la bonne gouvernance et la lutte contre la corruption et les violations des droits de l’homme. Ainsi, la survie des nouvelles démocraties dépend de leur capacité à affronter les évènements du passé, en particulier dans le cadre de leur processus transitionnel. Dans ce contexte, les réformes institutionnelles sont d’une importance capitale. Elles supposent une capacité à accepter de nouvelles normes, comme la séparation des pouvoirs, et à rejeter certaines pratiques comme la torture. La démocratie reste un dénominateur commun à l’ensemble de l’humanité et prend des formes diverses et variées. Mais il ne fait aucun doute possible que la gouvernance démocratique constitue le modèle optimal, comme en s’est aperçu lors des évènements du printemps arabe qui a bouleversé certains pays du Maghreb et du Moyen Orient. Cette quête permanente de la démocratie selon les spécificités de chaque nation devrait aboutir à son appropriation par les citoyens qui doivent s’impliquer, mais cela prend du temps et c’est ce qui permet à la démocratie de s’enraciner durablement. Le Conseil des droits de l’homme dont la création récente, constitue une opportunité historique quant à l’intégration des droits de l’homme dans la gouvernance tant sur le plan national que pour la coopération internationale. Le Conseil a créé un nouveau système de “revue par les pairs” qui présente en effet des caractéristiques novatrices qui répondent à plusieurs défis. Ce système d’examen est global pour tous les pays et tous les Etats. C’est un système tridimensionnel en ce sens que l’évaluation de l’état des droits de l’homme dans les pays repose sur trois regards critiques: auto-évaluation par chaque Etat, compilation de regards onusiens (organes de traités et procédure spéciale) et résumé de contribution de la société civile (ONG et, institutions nationales des droits de l’homme), la troisième caractéristique de ce système d’examen réside dans son objectif qui vise à fortifier les capacités nationales à travers la coopération internationale pour mettre en œuvre les recommandations émanant de l’examen périodique universel. Le “droit de regard de la communauté internationale sera-t-il, en réalité accompagné de mesures d’initiatives traduisant le “devoir de coopération” en action concrète? C’est là, l’une des clés pour intégrer les droits de l’homme dans la gouvernance de façon coopérative, basée sur le dialogue et en tenant compte des besoins de développement. Dans une telle perspective la politique de coopération et la coopération sont étroitement liées au respect et à la jouissance des droits et libertés fondamentales. L’Union européenne avait introduit dans ses accords avec les pays tiers la clause de conditionnalité politique qui sera considérée 69 Azzouz Kerdoun comme un élément essentiel des accords et sera introduite pour lui donner une base juridique internationale. Cette évolution permettra le recours à des sanctions en cas de violations de ces principes. Avec la création du partenariat euro-méditerranéen en 1995, la clause de l’Union européenne a été mise en œuvre dans les accords conclus avec les pays tiers. La communauté a inclus dans les accords d’association conclus avec les pays du Maghreb et ceux du ProcheOrient une conditionnalité politique qui fait du respect des droits de l’homme, de l’état de droit les éléments essentiels. Ceci ne fait que confirmer aussi la place acquise par la bonne gouvernance dans le cadre du partenariat, une nécessité pour bien assurer la protection des droits de l’homme. La bonne gouvernance occupe dés lors une place remarquable et bien avancée dans les nouveaux accords d’association bilatéraux entre l’Union européenne et ses Etats membres d’une part et chaque pays tiers du sud de la méditerranée d’autre part. Ainsi, la gouvernance démocratique et les droits de l’homme sont les éléments essentiels du développement durable et de la coopération entre partenaires et figurent parmi les valeurs fondamentales de l’Union européenne comme de l’Union africaine. Le partenariat AfriqueUnion européenne en matière de gouvernance démocratique et de droits de l’homme permettra un dialogue global de continent à continent et une coopération sur des matières et des concepts tels que le renforcement des capacités locales, la protection des droits de l’homme et les libertés fondamentales pour tous. Dans son rapport de 2014 sur les objectifs du Millénaire pour le développement, l‘Organisation des Nations Unies estime que les vies de millions de personnes se sont améliorées grâce aux efforts internationaux, régionaux, nationaux et locaux pour atteindre les OMD qui constituent le socle du prochain programme de développement. “ Les objectifs du Millénaire pour le développement constituent un engagement à défendre les principes de la dignité humaine, de l’égalité et l’équité, et libérer le monde de l’extrême pauvreté” avait déclaré le Secrétaire général des Nations Unies Ban Ki-Moon. Cela montre que la question de la gouvernance est fondamentale pour la protection et la promotion des droits de l’homme dans le monde, car les structures et la qualité de la gouvernance sont des facteurs déterminants de la cohésion sociale ou des conflits sociaux, du succès ou de l’échec du développement économique, de la préservation ou de la dégradation de 70 l’environnement naturel et du respect ou de la violation des droits de l’homme et des libertés fondamentales. Ces liens sont largement pris en considération par la communauté internationale et montrent en quoi la gouvernance exerce une influence sur le développement. La déclaration du Millénaire des Nations Unies proclame que la création d’un environnement propre au développement et à l’éradication de la pauvreté dépend, entre autres choses, d’une bonne gouvernance dans chaque pays, d’une bonne gouvernance à l’échelle internationale et de la transparence des systèmes financiers, monétaires et commerciaux. C’est pourquoi, dans le cadre du consensus issu de la conférence de Monterry, les chefs d’Etat sont convenus qu’une bonne gouvernance à tous les niveaux étant essentielle pour atteindre un développement durable, une croissance économique soutenue et l’éradication de la pauvreté. Enfin, il faut noter que depuis les années 90, une clause “d’élément essentiel” relative aux droits de l’homme est systématiquement incluse aux accords de l’Union européenne avec les pays tiers, y compris les accords commerciaux et de coopération et d’association déjà évoqués. Cela veut dire que les clauses stipulent que le respect des droits de l’homme et des principes démocratiques, sous tendent les politiques internes et externes des pays et constituent un élément essentiel de l’accord. Les clauses ne constituent pas une approche négative ou punitive. Elles visent à promouvoir le dialogue et à encourager l’adoption de mesures positives, telles que le soutien à la démocratie et les droits de l’homme, l’adhésion, la ratification et la mise en œuvre d’instruments internationaux de droits de l’homme lorsqu’ils font défaut ainsi que la prévention des crises par le biais d’une relation solide et durable. L’intérêt des études de cas est à prendre en considération, car ils permettent de donner des idées aux spécialistes et aux réformateurs et qu’elles les inspirent, pour qu’ils puissent les adapter aux conditions particulières qui sont les leurs. Aussi, les cadres juridiques nationaux compatibles avec les principes relatifs aux droits de l’homme sont essentiels à la protection des droits de l’homme, une législation fondée sur les principes relatifs aux droits de l’homme peut consolider une culture des droits de l’homme et se traduire par l’élaboration de politiques respectueuses de ces droits par l’Etat et les organisations de la société civile. La participation du public et la diversité des partenariats sociaux sont d’une importance vitale pour la protection La Bonne Gouvernance et la Protection des Droits de l’Homme des droits civils et politiques ainsi que les droits économiques, sociaux et culturels. En outre, des politiques issues de processus participatifs ont des chances d’être jugées légitimes par la population. Et il y a bien des façons de ménager des occasions de faire participer le public, y compris des auditions publiques extraordinaires, des conseils consultatifs ou des organes consultatifs formels. Il reste que les études de cas présentent plusieurs exemples de partenariats noués entre des gouvernements nationaux et provinciaux, des collectivités locales, des médias, des acteurs non étatiques et la société civile. IV. CONCLUSION La question de la bonne gouvernance liée à la protection des droits de l’homme est de nos jours indispensable si l’on veut réellement promouvoir et faire respecter les droits de l’homme partout dans le monde. Les réformes de gouvernance engagées contribuent indéniablement à la protection de plusieurs droits reconnus par les instruments juridiques nationaux et internationaux. La bonne gouvernance promeut en effet les droits de l’homme dans toute leur dimension dans un cadre démocratique qui s’appuie sur la transparence, la responsabilité, l’intégration et la participation dans le but de protéger l’ensemble des droits de la personne humaine. La perception large de la notion de bonne gouvernance par les Etats laisse apparaître son rôle dans la promotion des droits de l’homme au niveau national. Il apparaît également un intérêt et une sensibilisation accrus de la communauté internationale vis-à-vis de l’importance du rôle de la bonne gouvernance dans la réalisation d’un large éventail de droits de l’homme et dans le développement durable. 71 Azzouz Kerdoun BIBLIOGRAPHIE World Bank, Governance and Development, Washington DC, 1992, 61 p. Choix, La gouvernance au 20ème siècle, Magasine du développement humain, publication du PNUD, vol 13, n° 1, mars 2004. Leila Frieschtak, Governance, capacity and economic reforming development countries, World Bank Technical paper, n° 254, Washington DC, 1994. United Nations, Department program, Governance for sustainable growth and equity, New York, PNUD 1998. Kerdoun (A), La place des droits économiques, sociaux et culturels dans le droits international des droits de l’homme, Revue Belge des droits de l’homme, n° 87, Juillet 2011. HCDH, Le rôle d’une bonne gouvernance dans la promotion des droits de l’homme, Res de la commission des droits de l’homme 2005/68. Jean Raux, “Le respect des droits de l’homme, des bases démocratiques et de l’état de droit sous le signe de la bonne gouvernance, in Liber amicorm, en l’honneur du Recteur Jacques George, Apogée, Rennes 1998. 72 Mielle Bultrman, Human Rights in the Treaty Relations of the European Community, School of Human Rights research Series-Intersentia – Hart 2001. Jacques Bourgault, Les implications de la bonne gouvernance”, Institut des sciences administratives (Bruxelles 1999). Chevalier Jacques (SS/dir), “L’état de droit”, in Problèmes politiques et sociaux, n° 898, 2004/03. Rapport mondial sur le développement humain 2002: approfondir la démocratie dans un monde fragmenté, PNUD – Bruxelles: De Boeck Université, 2002. Tiberghhien Frédéric, “Gouvernance démocratique et coopération internationale, Paris Haut conseil de la coopération internationale 2002 Coopération internationale et droits de l’homme, Paris: Haut conseil de la coopération internationale 2001. Mappa, Sophie (SS/dir), Développer par la démocratie? injonction occidentales et exigences planétaires, Paris:Karthala, 1995. La Bonne Gouvernance et la Protection des Droits de l’Homme NOTES 1. OCDE: Organisation de coopération et de développement économique. 2. “The good governance is to encourage the governments to create a legal and institutional framework for transparency and competence in the conduct of public affairs and the management of economic development (…) with the contribution they make to social and economic development”, World Bank, Managing development good governance, 1994, Washington DC. 73 A TRAJETÓRIA DA IMPLEMENTAÇÃO DE SENTENÇAS DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS NO BRASIL Bárbara Pincowsca Cardoso Campos Mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília – UnB (2012-2014); Graduada em Direito pelo UniCEUB (2011); Graduada em Relações Internacionais pela UnB (2005); Professora voluntária de Direito Internacional Público da UnB; Gerente de Projetos da Secretaria Executiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 1. INTRODUÇÃO Em 1992, o Brasil tornou-se Estado Parte da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (“Convenção”, “CADH” ou “Convenção Americana”) e desde 1998 submete-se à jurisdição contenciosa da Corte Interamericana de Direitos Humanos (“Corte”, “Corte Interamericana”, “Tribunal”). Até a presente data, quatro sentenças condenatórias foram proferidas pela Corte em relação ao Brasil: Ximenes Lopes, Escher e Outros, Sétimo Garibaldi, e Júlia Gomes Lund e Outros. Ao Estado brasileiro cabe agora dar pleno cumprimento a essas sentenças. Esse dever está expressamente disposto na Convenção Americana: os Estados se comprometem a cumprir a decisão da Corte em todo caso em que sejam Partes (art. 68). A execução das sentenças condenatórias proferidas pela Corte, por ser uma experiência nova e recente para o governo brasileiro, impõe-lhe uma série de desafios. O tema faz parte da agenda político-jurídica brasileira antes mesmo de o Brasil ter se tornado Parte da Convenção. Esse estudo busca resgatar esse processo, explorando a forma com que o Estado brasileiro foi se organizando para fazer frente à tarefa de implementar as sentenças da Corte, tanto sob viés normativo quanto institucional. Como se verá na sequência, nesse debate alguns entraves parecem ter sido superados. No entanto, ainda há necessidade de se costurar arranjos para se construir um pano de fundo plenamente adequado ao cumprimento das sentenças. A definição de normas claras e específicas, que estabeleçam os procedimentos internos, as autoridades competentes, o envolvimento dos entes federados e suas respectivas responsabilidades, é tradicionalmente apontada como um dos caminhos que ainda falta ao Estado brasileiro percorrer. No plano jurídico, entra em cena também o entendimento dos tribunais brasileiros a respeito do cumprimento das sentenças da Corte, reflexo de uma tensão remanescente entre o Direito internacional e Direito interno. É esse caldeirão de fatores que se passa a explorar nas próximas páginas. 2. RESGATANDO O CONTEXTO NORMATIVO Como o Estado brasileiro tem se organizado para dar cumprimento às sentenças da Corte Interamericana não é um debate novo. Essa discussão se intensificou, certamente, com o reconhecimento da jurisdição obrigatória da Corte (1998) e com as primeiras sentenças condenatórias, a partir de 2006. Mas, historicamente, o Brasil tem adotado uma postura ativa em relação ao sistema interamericano de direitos humanos. Na etapa de sua construção, em especial, teve importante participação. Coube à delegação brasileira, por exemplo, apresentar a proposta de criação de uma corte regional de direitos humanos durante a IX Conferência Internacional Americana (Bogotá, 1948). Nesse mesmo sentido, o Brasil se posicionou na Conferência de San José (1969), que conduziu à adoção da Convenção Americana. Não só insistiu na proposta de criação de uma corte interamericana, como também apoiou a inclusão da cláusula facultativa do artigo 62, que trata da aceitação da competência contenciosa da Corte pelos Estados Partes (CANÇADO TRINDADE, 2003, pp. 615-616). Essa postura proativa sofreu inflexões no período da ditadura militar brasileira (19641985), mas foi revertida, aos poucos, com o processo de redemocratização do país. Assim, 75 Bárbara Pincowsca Cardoso Campos no decorrer da década de 1980, o Brasil fez ratificações de importantes tratados de direitos humanos.1 No plano regional, no entanto, esse processo foi mais lento. Embora a mensagem presidencial solicitando a ratificação da Convenção Americana tenha sido encaminhada ao Congresso Nacional em 1985, o Brasil veio a tornar-se Estado Parte dessa Convenção apenas em setembro de 1992, como mencionado. E o seu compromisso no cenário regional de direitos humanos só se completou, efetivamente, com o reconhecimento da competência contenciosa da Corte Interamericana, anos depois. A incorporação desses instrumentos internacionais aconteceu também em um contexto motivado pela emergência da Constituição Federal em 1988, tida como inovadora no campo dos direitos e garantias fundamentais. Já no artigo 1º do texto constitucional, cidadania e dignidade da pessoa humana aparecem como fundamentos do Estado Democrático de Direito (incisos II e III, respectivamente). A Constituição de 1988 é ainda a primeira a indicar, como princípio norteador das relações internacionais do Brasil, a prevalência dos direitos humanos (artigo 4º, inciso II). Esse princípio contribuiu de forma decisiva para a adesão do Brasil a vários instrumentos internacionais de proteção de direitos humanos. Nos dizeres do então Ministro de Relações Exteriores, Celso Lafer, citado por PIOVESAN (2013): “O princípio da prevalência dos direitos humanos foi um argumento constitucional politicamente importante para obter no Congresso a tramitação da Convenção Americana sobre Direitos Humanos [...]” (p. 158). Aliás, cabe destacar que o artigo 4º da Constituição traz um conjunto de princípios a orientar o Brasil na arena internacional que, até então, eram desconhecidos das constituições anteriores.2 Todos esses princípios, lidos em conjunto, mostram uma Constituição Federal em sintonia com o campo da proteção internacional dos direitos, em que se encaixa, perfeitamente, o sistema interamericano. No texto constitucional, os tratados internacionais de direitos humanos ganharam novo espaço e maior força: o artigo 5º, parágrafo 2º prevê que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes de convenções de que o Brasil seja Parte. Esse artigo dá uma contribuição importante ao prever que direitos oriundos de instrumentos internacionais complementam os direitos internamente estabelecidos. A Constituição de 1988, assim, reforça o caráter vinculante dos tratados de direitos humanos no Estado brasileiro. Abraça, 76 portanto, os direitos e obrigações consagrados na Convenção Americana. Posteriormente, com a Emenda Constitucional (EC) nº 45, de 08 de dezembro de 2004, incluiu-se o parágrafo 3º ao artigo 5º, determinando que os tratados de direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos de seus membros, serão equivalentes a emendas constitucionais. Também nessa reforma constitucional (conhecida como “Reforma do Judiciário”), foram acrescentadas importantes disposições sobre direitos humanos, como a constitucionalização da adesão do Brasil ao Tribunal Penal Internacional (artigo 5º, parágrafo 4º) e a criação do incidente de deslocamento de competência para a justiça federal nos casos de grave violação dos direitos humanos (artigo 109, parágrafo 5º). Apesar de que alguns pontos dessa reforma não tenham sido bem acolhidos pela doutrina especializada, a exemplo do parágrafo 3º do artigo 5º, fato é que esses comandos constitucionais não impõem óbices ao cumprimento de obrigações internacionais em matéria de direitos humanos. Ao contrário, o texto constitucional brasileiro consagrou ampla abertura à agenda de direitos humanos. Por fim, vale registrar ainda que, no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, estabeleceu-se que o Brasil propugnaria pela formação de um tribunal internacional de direitos humanos (artigo 7º). Como explica George Galindo (2013), a Constituição brasileira é a única que se refere à criação de uma corte mundial de direitos humanos de que se tem notícia. Com a Constituição de 1988, formavase uma conjuntura favorável à promoção e proteção dos direitos humanos no Brasil. No decorrer da década de 90, o país caminhava no sentido de (re)construção da democracia, à luz da nova Carta e do processo de transição política pós-ditatorial. No plano internacional, já havia aderido e ratificado os principais instrumentos de direitos humanos. E, no tocante à implementação desses instrumentos, em especial do sistema interamericano, reconhecia, no final dos anos 90, a jurisdição obrigatória da Corte Interamericana em matéria contenciosa. Naquele momento, a Corte Interamericana começava a construir sua jurisprudência. Apesar de estar prevista na Convenção Americana (1969), a Corte só foi instalada 10 anos depois (1979). As primeiras sentenças de mérito, nos casos hondurenhos, só foram adotadas em 1989. Foi, então, na década A Trajetória da Implementação de Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil de 90 que a Corte começou a efetivamente ser provocada e a consolidar sua jurisprudência. Nesse cenário, intensificou-se, nos círculos acadêmicos e jurídicos, o debate sobre as possibilidades de execução das sentenças da Corte Interamericana no país. Essa discussão começava a movimentar não apenas a agenda acadêmica, como também a do Poder Público. A III Conferência Nacional de Direitos Humanos, realizada em 1998 na Câmara dos Deputados, por exemplo, debateu com profundidade a participação do país no sistema interamericano de proteção dos direitos humanos.3 De forma geral, a discussão sobre a implementação das sentenças da Corte envolveu três questões centrais, de cunho jurídico-político, a saber: a) a natureza jurídica das sentenças proferidas pela Corte; b) a posição que as sentenças ocupam no ordenamento brasileiro, e; c) os arranjos internos necessários à implementação das medidas reparatórias dispostas nas sentenças. Como se verá na sequência, ainda há alguns obstáculos e desafios a se enfrentar, embora muito já se tenha avançado no tratamento desses temas. Quanto à natureza jurídica das sentenças da Corte, esse capítulo, ao menos por hora, já encontrou um desfecho. Basicamente, a questão que se colocava referia-se à distinção entre sentenças internacionais e estrangeiras e, consequentemente, à necessidade ou não de sujeitá-las à homologação pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme prevê o artigo 105, inciso I, alínea “i” da Constituição Federal. Esse debate, embora pareça simples, já chegou a movimentar boa parte dos círculos de operadores jurídicos. É simples porque os vocábulos “estrangeira” e “internacional” têm significados distintos, e, portanto, consequências jurídicas também distintas. Em linhas gerais, sentença estrangeira é aquela proveniente de uma autoridade judiciária afeta à soberania de determinado Estado, e que, para ser executada em território nacional, deve ser reconhecida pelo Poder Judiciário brasileiro (no caso, pelo STJ). As sentenças da Corte Interamericana, ao contrário, não são proferidas por tribunal estrangeiro e, sim, por organização internacional. Não há que se falar, nesses casos, em aplicação do artigo 105, inciso I, alínea “i”, da Constituição Federal. A natureza jurídica das sentenças da Corte Interamericana foi tema mais frequente na doutrina antes de julgados os primeiros casos brasileiros, em especial. Desde então, e considerando que as sentenças da Corte relativas ao Brasil têm sido cumpridas (sem a necessidade de homologação perante o STJ), não se têm levantado dúvidas sobre esse ponto. A regra a que se chegou é de que as sentenças da Corte Interamericana produzem efeitos jurídicos imediatos em âmbito interno, cabendo ao Estado brasileiro cumpri-las de forma espontânea, sendo desnecessária a homologação pelo STJ. Página virada, ao menos por hora. 3. ENCONTRANDO UM LUGAR PARA AS SENTENÇAS DA CORTE O segundo ponto – qual seja, o posicionamento da Convenção Americana na hierarquia de normas e, consequentemente, sua aplicabilidade no direito interno – tem provocado debates recorrentes na prática constitucional brasileira. Em realidade, o foco da discussão diz respeito ao status normativo dos tratados internacionais sobre direitos humanos em face da Constituição Federal – não, diretamente, das sentenças internacionais. No entanto, essas são questões entrelaçadas, o que requer um breve exame da matéria. No caso brasileiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) teve a oportunidade de enfrentar essas questões em vários julgados – e com algumas inflexões em sua jurisprudência. Em relação especificamente à Convenção Americana, as análises doutrinárias e jurisprudenciais têm se concentrado no artigo 5º, parágrafo 3º do texto constitucional (acrescido pela EC nº 45/2004). A inclusão desse dispositivo intensificou a discussão quanto ao patamar em que se encontram os tratados de direitos humanos anteriores à EC nº 45/2004, ou seja, não submetidos ao procedimento especial de emendas, a exemplo da Convenção Americana. Boa parte da doutrina especializada acolheu com pouco (ou nenhum) entusiasmo essa alteração. George Galindo é, por exemplo, uma dessas vozes de protesto. No seu entendimento, essa reforma representou um “retrocesso sensível” do ponto de vista normativo, se comparado ao que foi originalmente consagrado na Constituição no parágrafo 2º (2005, p. 121). Algumas questões são motivo de preocupação, inclusive a leitura equivocada que se fez do parágrafo 2º, que não pretendia criar normas de hierarquia diferenciada. Além disso, o texto da EC nº 45/2004 sugere a existência de dois tipos de tratados, os aprovados antes e após a reforma, criando uma diferenciação hierárquica entre direitos e uma série de inquietações quanto às suas consequências jurídicas. A melhor interpretação é, no seu entender, a que já trazia o artigo 5º, parágrafo 77 Bárbara Pincowsca Cardoso Campos 2º, no sentido de que os tratados que lidam com a temática de direitos humanos têm estatura constitucional. De fato, a inclusão do parágrafo 3º não só enfraqueceu essa tese como jogou em seu desfavor. Ao estabelecer que somente os tratados que passem por procedimento especial se incorporam como emendas constitucionais, esse dispositivo reforçou uma posição, já estabelecida pelo Supremo, no sentido de que tratados de direitos humanos não estavam no mesmo patamar dos direitos constitucionais. Tanto que o STF, quando confrontado com esse tema após a EC nº 45/2004, embora tenha revisto seu entendimento quanto ao caráter legal dos tratados, manteve-se alinhado à tese original de que tratados (aprovados pelo rito simples) não possuem estatura constitucional. O STF se posicionou sobre a hierarquia normativa da Convenção Americana, pela primeira vez, no HC nº 72.131, conhecido leading case sobre a matéria.4 Esse julgado diz respeito à incompatibilidade entre o Decreto-Lei nº 911/1969 e a proibição prevista na CADH referente à prisão civil do depositário infiel nos contratos de alienação fiduciária em garantia, constante no artigo 7 (7) da Convenção. Nesse precedente, o STF adotou o entendimento do status infraconstitucional da Convenção Americana, mantendo a paridade normativa entre os tratados internacionais ratificados pelo Brasil e as leis ordinárias, já anteriormente expressa no RE nº 80.004.5 Mesmo que posterior, entendeu a Suprema Corte que a Convenção Americana não havia derrogado o disposto no Decreto-Lei nº 911/1969, por se tratar de conflito de normas especiais versus gerais (as previstas na Convenção). Essa posição foi, então, reavaliada após a EC nº 45/2004. Ainda ao se debruçar sobre a prisão civil do depositário infiel, no julgamento conjunto dos RE n° 466.343-1/SP e n° 349.703-1/RS e dos HC n° 87.585 e n° 92.566, o Supremo passou a entender que os tratados de direitos humanos anteriores à EC nº 45/2004 não poderiam ser equivalentes às normas constitucionais.6 Foi revista a tese do caráter legal ou ordinário dos tratados de direitos humanos, os quais passaram a assumir posição diferenciada. Nesse julgado, apesar dos votos vencidos, formou-se maioria apertada no Supremo no sentido de conferir supralegalidade aos tratados de direitos humanos. Esses tratados não poderiam, portanto, afrontar a primazia da Constituição, estando sujeitos ao controle de constitucionalidade. Estariam a meio caminho, sendo considerado supralegais, mas infraconstitucionais. Assim, para o STF, a 78 Convenção Americana teria nível hierárquico supralegal, abaixo da Constituição Federal – o que significa que, em tese, algumas situações de conflito no cumprimento das decisões emanadas da Corte Interamericana poderiam ocorrer, seguida essa linha. Além disso, outro desdobramento dessa tese é excluir a possibilidade de que os tratados de direitos humanos integrem o chamado “bloco de constitucionalidade”. Assim, à luz desse entendimento, em razão do caráter supralegal, os tratados deixariam de ser parâmetros para se analisar a constitucionalidade de atos normativos. No entanto, a adoção da supralegalidade não impede que os tratados de direitos humanos sejam usados como parâmetros de interpretação da Constituição Federal. Antonio Moreira Maués (2013) fez uma análise da jurisprudência do STF para demonstrar que existe uma proximidade entre as teses da supralegalidade e da constitucionalidade, relativizando suas diferenças.7 Ao analisar a decisão relativa à proibição do depositário infiel, o autor mostrou que ambas as teses – supralegalidade e constitucionalidade – permitem que a Constituição seja interpretada de maneira compatível com os tratados internacionais de direitos humanos. O que acontece nesse caso, explica, é que, como o dispositivo constitucional relativo à prisão do depositário infiel (artigo 5º, LXVII) depende de regulamentação para ser eficaz, e considerando que o legislador não pode fazê-lo sem afrontar a Convenção Americana (de natureza supralegal, portanto, acima das leis), o alcance dessa norma ficou restringido, não podendo mais ser aplicada (p. 219). No entanto, na linha do que ponderava George Galindo (2005), o melhor entendimento ainda é o do caráter constitucional dos tratados de direitos humanos, pelas possibilidades de interpretação dadas pelo artigo 5º, parágrafo 2º, embora esse não seja o entendimento hoje vigente do STF. Em todo caso, embora haja algumas limitações, a tese da supralegalidade não impede com que tratados de direitos humanos sejam usados na interpretação da Constituição Federal. Tê-los como parâmetros de interpretação constitucional pode ajudar a encontrar respostas a possíveis problemas de compatibilização de normas constitucionais e internacionais. 4. ARRANJOS APRENDIZADOS, PERSPECTIVAS INSTITUCIONAIS: TENSÕES E Como já mencionado, as sentenças da Corte Interamericana não se sujeitam ao procedimento de A Trajetória da Implementação de Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil homologação pelo STJ, o que significa que, a rigor, não há a necessidade de normas para disciplinar o seu ingresso no ordenamento jurídico brasileiro. Sua aplicação é imediata, embora pudesse ser facilitada se houvesse legislação específica que organizasse procedimentos internos. Mas não há. Em realidade, o que se verifica é a formação de arranjos institucionais “espontâneos” entre os diversos atores envolvidos na implementação das sentenças. É mais fácil enxergar a forma com que foram, aos poucos, construídos quando se consideram os tipos ou categorias de reparação ordenadas pela Corte. Cada grupo de medidas terminou por demandar uma arquitetura diferente de implementação, tanto do ponto de vista normativo quanto institucional. A primeira dessas medidas diz respeito a reparações de natureza pecuniária. Nos quatro casos já julgados relativos ao Brasil, a Corte Interamericana ordenou ao Estado brasileiro que procedesse ao pagamento a vítimas e/ou a seus familiares de determinadas quantias, fixadas nas sentenças, a título de indenização por dano material, por dano imaterial e por restituição de custas e gastos. Aliás, esse comando está presente em todas as sentenças condenatórias proferidas pela Corte. Embora a Convenção deixe a cargo dos Estados a forma de executar o disposto pela Corte, o artigo 68 (2) atribui eficácia executiva à parte pecuniária das sentenças, ao estipular que, quando se tratar de indenizações, podem ser implementadas de acordo com as regras vigentes de “execução contra o Estado”. No Brasil, os mecanismos processuais de execução de sentenças contra o Estado estão previstas nos artigos 730 a 731 do Código de Processo Civil, bem como no artigo 100 da Constituição Federal. É traduzido no processo de execução contra a Fazenda Pública perante a Justiça Federal, conforme o artigo 109, inciso III da Constituição.8 Inicialmente, entendia a doutrina que, se a sentença proferida pela Corte não fosse espontaneamente cumprida, quanto às indenizações, seriam aplicadas essas normas, próprias da execução de sentenças contra o Estado, por força do artigo 68 (2) da Convenção. Essa alternativa foi construída à época em que prevalecia a visão do STF de que a Convenção Americana possuía o status normativo de lei ordinária. Assim, o entendimento era de que a sentença da Corte Interamericana se equipava a título executivo judicial, o que justificaria a hipótese de execução judicial contra a Fazenda Pública (RAMOS, 2012). Mas essa opção não chegou a prosperar. Como se sabe, a execução pecuniária contra a Fazenda Pública, seguindo o rito normal dos precatórios (como prevista para os demais créditos), é procedimento extremamente moroso. Não é razoável exigir das vítimas e/ ou seus representantes que, após esgotar recursos internos, provocar e acompanhar o processo perante o sistema interamericano, ainda tenham que enfrentar a morosidade da execução da sentença condenatória contra o Estado para ser ressarcido e receber as reparações que lhes são devidas. Essa foi a principal razão a sensibilizar os gestores públicos federais a encontrar uma alternativa, mais célebre, ao pagamento de eventuais indenizações. Uma segunda alternativa pensada foi a de se aprovar lei federal específica para o pagamento dessas indenizações, como aconteceu no caso José Pereira, o primeiro acordo de solução amistosa envolvendo o Brasil na Comissão Interamericana.9 O acordo a que se chegou previa o pagamento de indenização por danos morais e materiais causados a José Pereira, por haver sido submetido à condição análoga à de escravo em uma fazenda no sul do Pará. Para cumprir o previsto no acordo, por ser o combate ao trabalho escravo matéria de competência da União, o Poder Executivo Federal encaminhou um projeto de lei, em caráter de urgência, ao Congresso Nacional, que se transformou na Lei nº 10.706, de 30 de julho de 2003, determinando o pagamento de R$ 52.000,00 (cinquenta e dois mil reais) à vítima. À época, foi necessária uma medida legislativa por não haver orçamento específico da União para pagamento de indenização decorrente de decisões internacionais. Embora tenha dado cumprimento ao acordo, a aprovação de lei específica para cumprir as indenizações contidas em decisões de instâncias internacionais deixou de ser uma estratégia adotada pelo Governo brasileiro. Primeiro, conforme entendimento doutrinário, a edição de uma lei não seria o caminho mais adequado para veicular ato administrativo de efeitos concretos (como são as reparações pecuniárias ordenadas pela Corte), sob pena de violação do princípio da isonomia e do tratamento igualitário. Além disso, a tramitação de um projeto de lei (fora do regime de urgência constitucional) é processo pouco célere e trabalhoso, o que ocasionaria uma maior demora para o recebimento das reparações por parte das vítimas. 79 Bárbara Pincowsca Cardoso Campos Em razão dessas dificuldades, e considerando a necessidade de haver um arranjo normativo específico para o pagamento de indenizações resultantes de eventuais condenações na Corte e na Comissão Interamericana, começou a ser desenhado, no âmbito do Poder Executivo Federal, outro instrumento de planejamento e orçamento. No Plano Plurianual (PPA) de 2004-2007, incluiuse previsão orçamentária específica no Programa “Direitos Humanos, Direito de Todos” para o pagamento de eventuais indenizações. Mais precisamente, a partir da Lei Anual Orçamentária de 2004, foi incorporada uma ação específica para esses pagamentos – o que se repetiu nos anos posteriores e nos PPA 2008-2011 e 20122015.10 Desde então, a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República conta com dotação orçamentária específica para o pagamento de indenizações por violações aos direitos humanos de vítimas e familiares, tanto no âmbito universal quanto no regional. Assim, considerando que na previsão orçamentária de uma despesa já está contida a autorização legislativa para que o Poder Executivo a realize, o pagamento das reparações pecuniárias advindas das sentenças da Corte Interamericana passou a ser feito de forma direta e imediata, sendo este, desde então, o fundamento legal que se buscava para autorizar pagamentos e afastar o rito dos precatórios. O resultado a que se chegou para viabilizar esses pagamentos, em que pese haver ainda limitações, foi a via do Decreto Presidencial, à luz do art. 84, inciso IV, da Constituição Federal.11 É o que foi feito nos casos Ximenes Lopes, Escher e outros, Sétimo Garibaldi e Gomes Lund.12 É interessante notar que, antes mesmo das primeiras sentenças condenatórias na Corte, o Estado brasileiro já tinha utilizado essa alternativa para o cumprimento de uma recomendação da Comissão Interamericana.13 A garantia da previsão orçamentária e a autorização para pagamento via Decreto presidencial, por certo, representaram inovações à maneira com que o Poder Executivo Federal se organizou para proceder ao pagamento das indenizações. No entanto, outra questão jurídica ainda se coloca, para a qual a melhor solução está em processo de construção. No caso Gomes Lund, e com base no Decreto nº 7.256/2010, o Estado procedeu ao pagamento de todas as indenizações estabelecidas aos beneficiários vivos. No entanto, em relação às vítimas já falecidas, houve dificuldades em se precisar os seus herdeiros e as indenizações a que fazem jus.14 80 A via administrativa se mostrou inviável para o pagamento das indenizações. Além disso, o pagamento de indenizações não passa, apenas, por encontrar um amparo jurídicolegal que o autorize. Além de “como pagar”, há a questão de “a quem compete pagar”. Embora nos quatro casos brasileiros essa obrigação tenha sido assumida pela SDH, em estados federados como o Brasil, esse não é, necessariamente, o único caminho a ser seguido. 4.1. Variedade dos repertórios de medidas e de respostas Um dos aspectos mais destacados da jurisprudência da Corte em matéria de reparações são as medidas de caráter não pecuniário. Essas reparações, usualmente identificadas pela Corte como garantias de não repetição e medidas de satisfação, por compreender um leque variado de medidas, terminam por demandar arranjos internos específicos de implementação, a depender de cada caso concreto. Não há um procedimento único a seguir, embora alguns sustentem que a parte extrapecuniária da sentença também possa ser executada no âmbito do Poder Judiciário brasileiro.15 Quanto aos casos brasileiros, é possível apontar duas questões importantes, que são geralmente enfrentadas no cumprimento dessas decisões: a) a indefinição das atribuições de órgãos do Governo Federal nesse campo; b) a ausência de envolvimento dos demais entes federados e Poderes (incluindo o Poder Judiciário) na implementação das reparações. À luz do Direito Internacional, havendo descumprimento de obrigações internacionais, ao Estado é atribuída a responsabilidade internacional, independentemente de sua estrutura interna. Além disso, o Estado não pode invocar disposições de direito interno como desculpa para evadir suas obrigações internacionais. No entanto, ainda que a responsabilidade internacional seja atribuída ao Estado, no momento de dar cumprimento às decisões de um tribunal internacional, essa obrigação recai, ao menos no caso brasileiro, no Poder Executivo Federal. De certa maneira, o envolvimento do Poder Executivo Federal nessa etapa é esperado. Por um lado, prevê a Constituição Federal no artigo 84, inciso VII, que cabe à União, na figura do Presidente da República, exercer a representação externa do país – que o faz via Ministério das Relações Exteriores (MRE). Além disso, como A Trajetória da Implementação de Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil se verá na sequência, a Secretaria de Direitos Humanos, órgão responsável da Presidência da República por coordenar as políticas de direitos humanos no país, é acionada em todas as etapas do procedimento perante o sistema interamericano, o que a torna um ator importante na fase de implementação. A forma com que os órgãos federais têm se organizado na etapa de cumprimento das decisões da Corte Interamericana não está plenamente definida. Falta, no Brasil, um arcabouço normativo e institucional específico que disponha sobre a responsabilidade dos órgãos federais em relação ao seu papel na implementação das decisões no sistema interamericano. Por isso, aos poucos, foi se desenhando uma divisão de tarefas entre os órgãos governamentais, que, em razão das atividades e funções que até então desempenhavam, terminaram por se tornar os “responsáveis” pela execução das decisões do sistema interamericano de forma geral. A evolução desse relacionamento entre os órgãos federais é bem retratada em estudo recente coordenado por Oscar Vilhena Viena et al. (2013). Os autores mostram que, nos últimos anos, o arranjo que se formou para o cumprimento das decisões do sistema interamericano envolveu o MRE, a SDH e a Advocacia-Geral da União (AGU).16 A divisão de tarefas entre esses órgãos, ainda que não esteja formalmente regulamentada ou definida por ato específico, foi construída no decorrer da tramitação dos casos brasileiros no sistema e perante a Corte, em especial. Os papeis e a dinâmica dessas três instituições foram agrupados, de forma apropriada, em três períodos distintos: o primeiro se refere aos casos Ximenes Lopes e Gilson Nogueira de Carvalho17, de 2006; o segundo abrangeu os casos Escher e outros e Sétimo Garibaldi, de 2009; o terceiro, Gomes Lund e outros e Belo Monte18, em 2010. Explicam os autores que, no primeiro período, a AGU atuou diretamente na defesa do Estado, transformando-se em um ator importante na etapa de implementação. Nesses dois casos, a AGU assumiu o papel principal, na defesa jurídica; a SDH esteve na retaguarda, buscando articulação com os atores envolvidos (especialmente com os estados); e o MRE manteve sua posição de intermediar as comunicações com a Corte. Na fase de implementação da sentença, permaneceu esse concerto entre os atores.19 O segundo momento foi marcado por um rearranjo de papéis. Nos casos Escher e outros e Sétimo Garibaldi, o MRE voltou a ser protagonista, ficando a AGU responsável pela defesa jurídica apenas na etapa de admissibilidade e a SDH, pela interlocução com atores internos na implementação das reparações (2013, p. 22). Por fim, a terceira fase começa a partir do caso Gomes Lund e otros (ou Guerrilha do Araguaia). O caso é marcado por um tensionamento entre a AGU e a SDH, que adotaram posicionamentos divergentes. AGU manifestava-se a favor da constitucionalidade da Lei de Anistia na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 153 perante o STF, ao contrário da SDH. Nesse desconcerto, o MRE voltou a concentrar as manifestações do Estado brasileiro, ao lado da Casa Civil da Presidência da República. Em linhas gerais, o que esse estudo apontou foi que, ao longo da experiência brasileira perante a Corte Interamericana, houve um processo de tensão institucional, com mudanças e adaptações nas relações institucionais em nível federal. Na ausência de um arranjo institucional e normativo definido, o acerto entre o grupo que se formou – AGU, SDH, MRE – tem se modificado no decorrer da tramitação dos casos e na etapa de implementação. Mas esse processo não foi alheio a interesses políticos. Refletiu, também, a disposição e as capacidades de manobra de cada órgão (VILHENA et al, 2013, p. 23). Embora esse estudo traga um bom registro do processo de aprendizado e conflito entre essas instituições, o papel desempenhado pelo MRE no litígio perante o sistema interamericano pode ter sido subestimado pelos autores, ao ser caracterizado como mero “despachante internacional”, responsável por intermediar as comunicações com o sistema. Ainda que exerça essa função, o Itamaraty tem sido um importante catalisador na inter-relação entre a Corte Interamericana e as instâncias internas, inclusive por sua expertise e corpo profissionalizado. A atuação direta e cotidiana com o próprio sistema também permite uma continuidade nessa relação. É certo que conclusões mais sólidas a esse respeito dependeriam de estudos empíricos ou da realização de entrevistas a alguns atoreschave, o que escapa aos propósitos deste artigo. Mas estudos relativamente recentes mostraram como o Itamaraty tem ajudado a conferir impulso e forma às articulações internas, capitaneadas pela SDH e outros órgãos federais.20 O papel do Itamaraty não pode, portanto, ser menosprezado nessa constelação de atores envolvidos. Quanto à AGU, é possível também que o Departamento Internacional tenha sua participação revisitada nos próximos casos perante a Corte. Isso porque a SDH, em recente 81 Bárbara Pincowsca Cardoso Campos reformulação, passou a contar, em sua estrutura, com uma assessoria jurídica própria, responsável por “questões jurídicas relacionadas aos Sistemas Internacionais de Proteção dos Direitos Humanos e ao cumprimento das suas decisões” (artigo 7º, inciso X do Decreto nº 8.162, de 18 de dezembro de 2013). Essa alteração é sinal de que o arranjo entre os órgãos federais, diante da falta de um instrumento normativo específico, seguirá sendo espaço de disputas. 5. POR UMA INSTITUCIONALIZAÇÃO DEFINITIVA E NECESSÁRIA Vários estudos acadêmicos apontam a necessidade de se adotar mecanismos institucionais específicos de implementação de recomendações e decisões do sistema interamericano. É o que se convencionou chamar de “leis-ponte”, “leis de implementação” ou enabling legislation. Flávia Piovesan, por exemplo, ao comentar as experiências de execução interna das decisões internacionais desenvolvidas na região (em especial do Peru, Honduras, Venezuela, Costa Rica, Colômbia e Argentina), reforçou a necessidade de que se adotem, no Brasil, mecanismos e normas para disciplinar o cumprimento, em âmbito interno, das decisões internacionais de direitos humanos. A implementação não deve depender da “boa vontade, improvisação ou do amadorismo de determinada gestão governamental, mas devem ser pautadas por uma sistemática institucionalizada” (PIOVESAN, 2003). Essa é, inclusive, uma das propostas que a autora apresenta para aprimorar e fortalecer a implementação das obrigações internacionais por parte dos Estados. Essa preocupação é manifestada também por interlocutores do Poder Executivo Federal. Em conferência internacional de direitos humanos realizada em agosto de 2013, representantes do Governo Federal, em suas intervenções, apontaram a necessidade de se criar uma legislação específica, capaz de vincular, de forma clara e automática, os órgãos públicos, de quaisquer Poderes e níveis da Federação, à execução dessas decisões internacionais.21 Atualmente existe uma disposição, ao menos declarada, de se criar procedimentos para organizar a implementação das medidas referentes aos relatórios da Comissão e às decisões da Corte. É o que também preveem algumas ações programáticas do III Programa Nacional dos Direitos Humanos - PNDH-3.22 No Brasil, até a presente data, embora inexista esse tipo de legislação, houve esforços para se desenhar alguns projetos de lei no Congresso 82 Nacional. Esse tema entrou, pela primeira vez, na agenda de debates do Congresso Nacional em 2000, quando foi apresentado o projeto de lei – PL nº 3.214, de autoria do Deputado Marcos Rolim.23 O texto previa que as decisões do sistema interamericano de natureza indenizatória constituiriam títulos executivos judiciais, sujeitas à execução direta contra a Fazenda Pública Federal. Previa ainda o cabimento de ação regressiva da União contra as pessoas físicas ou jurídicas, privadas ou públicas, responsáveis direta ou indiretamente pelas violações que provocaram a responsabilização internacional. Esse projeto, no entanto, terminou arquivado em 2003. 24 Foi criticado, entre outros aspectos, por apenas contemplar indenizações, e não as demais formas de reparações decididas pela Corte. Em 2004, foi apresentado o PL nº 4.667/2004, de autoria do Deputado Federal José Eduardo Cardozo.25 O texto, que posteriormente sofreu alterações, dispõe sobre os efeitos jurídicos das decisões de organismos internacionais de proteção dos direitos humanos. Foi aprovado, na forma de substitutivo, pelas comissões de Direitos Humanos e Minorias, de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. O último andamento foi em junho de 2010, quando o parecer do relator foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça. Em linhas gerais, esse PL, na redação do seu atual substitutivo, limita-se a prever que é da competência do ente federado responsável pela violação dos direitos humanos dar cumprimento às reparações, cabendo à União o pagamento da reparação de natureza pecuniária. Dispõe ainda sobre o direito de ajuizar ação regressiva contra aqueles responsáveis pelas violações. De certa forma, o substituto atual, apresentado pelo Deputado Luiz Couto, assemelha-se àquele arquivado em 2000. É interessante notar que, na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, foi apresentado um substitutivo, que disciplinava, de forma mais detalhada, os procedimentos de implementação de decisões internacionais. O texto, de autoria do Deputado Federal Orlando Fantazzini, trazia duas inovações: além de prever a competência da União para o pagamento de indenizações e o direito de regresso, dispunha que poderia ser descontado do repasse ordinário das receitas destinadas aos entes federativos os valores gastos com o pagamento dessas reparações. Tratava ainda da criação de um órgão com competência para acompanhar o cumprimento de decisões internacionais, com um leque de atribuições que variava da articulação à fiscalização do trâmite de ações judiciais.26 No A Trajetória da Implementação de Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil entanto, embora esse substitutivo se enquadrasse um pouco mais na atual demanda dos órgãos federais, o texto foi rejeitado com a aprovação do substitutivo apresentado pelo Deputado Federal Luiz Couto na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. De forma geral, embora sempre se aponte a necessidade de uma legislação específica para tratar dos mecanismos internos para o cumprimento de decisões internacionais, os projetos de lei até então desenhados não foram satisfatórios. As principais deficiências apontadas são relativas a formas de execução de sentenças que envolvem obrigações de fazer e não fazer (ou seja, as garantias de não repetição e medidas de satisfação) – que os referidos projetos não contemplam – e a não inclusão dos demais entes federados e Poderes (inclusive do Poder Judiciário) como atores também responsáveis pela implementação de determinados dispositivos das sentenças (RAMOS, 2012, p. 359; SANTOS, 2011, p. 269). Normas específicas relativas ao cumprimento de decisões de órgãos internacionais não são, necessariamente, imprescindíveis. Tanto que o Estado brasileiro, mesmo na ausência dessa lei-ponte, tem promovido a implementação. Paralelamente, não se pode inferir daqueles Estados que já contam com tais normas ou procedimentos definidos que a execução das sentenças da Corte está, ipso jure, garantida (CANÇADO TRINDADE, 2013, p. 30). Embora não sejam imprescindíveis, a criação de uma leiponte facilitaria – e, eventualmente, até aceleraria – o cumprimento de decisões do sistema interamericano, desde que propusesse um arranjo, de caráter permanente, capaz de dar conta do pacto federativo, da articulação com os demais Poderes, do leque variado de recomendações da Comissão e reparações da Corte e de um espaço de negociação e voz à sociedade civil. Chegar a esse desenho não é fórmula simples, o que talvez explique a dificuldade de se avançar nessa matéria. Mais um debate relativo à implementação das sentenças no Brasil diz respeito à estrutura federal do Estado. Além de envolver diversos órgãos do Poder Executivo Federal, o cumprimento das várias medidas reparatórias ordenadas pela Corte Interamericana requer, muitas vezes, ações em nível estadual ou municipal. Sabe-se que, em Direito Internacional, o Estado responde pelas condutas de seus órgãos e funcionários, independentemente de sua estrutura, desde que tenham atuado em qualidade oficial. Nesse mesmo sentido, a Corte estabeleceu, em diversas ocasiões, que as normas internacionais atinentes à proteção dos direitos humanos devem ser respeitadas pelos Estados, independentemente de sua estrutura federal ou unitária (CtDH, 1999, par. 139-140). No entanto, na etapa de cumprimento de decisões internacionais, a questão federativa não pode ser descartada. Em Estados como Argentina, Brasil e México, embora seja a União que responda na fase de cumprimento de sentenças perante a Corte Interamericana, os demais entes federados têm papel importante na implementação das decisões internacionais, especialmente de medidas voltadas à construção de políticas públicas. Nos casos brasileiros, o que se tem verificado são resistências e dificuldades de diálogo com os estados e municípios. Apesar de não ter apontado o argumento de ser um Estado federal perante a Corte, o Brasil já alegou o seu arranjo interno e a dificuldade de diálogo com os entes federados como justificativa quanto ao cumprimento de certas recomendações da Comissão e reparações ordenadas pela Corte. Aliás, essa foi uma das razões pelas quais os casos Escher e outros e Sétimo Garibaldi chegaram à Corte. Em ambos, a Comissão usou as dificuldades de diálogo com o estado do Paraná como argumento para que a Corte declarasse a violação ao artigo 28 da Convenção Americana (CtDH, 2009a, par. 215217). A falta de mecanismos internos para a implementação das decisões do sistema interamericano pode explicar, em partes, as dificuldades do Estado brasileiro em fazê-la. Esse processo termina por depender, em última análise, da capacidade de convencimento dos atores locais e de negociação dos órgãos federais (em especial, da Secretaria de Direitos Humanos, que no arranjo tripartite formado – AGU/ MRE/ SDH – é quem assumiu esse papel de articulação federativa). Quando a tramitação está ainda na Comissão Interamericana, a SDH tem adotado a estratégia de envolver e dividir responsabilidades com os entes federados. O caso Wallace de Almeida é um bom exemplo. Trata-se de denúncia, apresentada à CIDH em 2001, envolvendo o assassinato de um jovem negro, de 18 anos, por policiais militares, no contexto de uma escala de violência policial em favela do Rio de Janeiro. O caso chegou à CIDH pela falta de investigação dos fatos e consequente responsabilização dos envolvidos.27 O caso é emblemático pelas respostas do estado do Rio 83 Bárbara Pincowsca Cardoso Campos de Janeiro perante a CIDH. O Governador, por meio de decreto estadual, conferiu à ProcuradoriaGeral do Estado a tarefa de acompanhar todos os casos em tramitação no sistema interamericano. Seguindo essa linha, também a Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos (órgão do Poder Executivo estadual responsável pela temática de direitos humanos) designou um interlocutor específico para tratar dos casos. Em 2008, com base em parecer jurídico elaborado pela Procuradoria-Geral, o estado do Rio de Janeiro procedeu ao pagamento da reparação dos familiares da vítima pelos danos materiais ou morais sofridos. Em resumo, a SDH é que tem promovido o diálogo com autoridades estaduais e municipais sobre a necessidade de implementação das decisões do sistema interamericano em nível local, cujo êxito termina por depender de razões e circunstâncias políticas. Além de dialogar com estados e municípios, os órgãos do Poder Executivo Federal têm ainda o desafio de lidar com o Judiciário, quando as medidas reparatórias envolvem ações e providências a tomar pela Justiça brasileira. Compreender como se dão essas relações inter-Poderes merece, em realidade, um estudo à parte, por materializar tensões ainda remanescentes da relação Direito interno versus Direito Internacional. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Fazendo um balanço geral, nota-se que o Brasil avançou, não sem dificuldades, no sentido de consolidar um ambiente legal e institucional aberto à implementação das sentenças da Corte Interamericana (e, em última instância, de decisões internacionais em matéria de direitos humanos). Apesar de ter sido um dos últimos Estados a ratificar a Convenção e a aceitar a jurisdição da Corte, pode-se afirmar que o Estado brasileiro caminhou rumo à construção de normas e arranjos institucionais permeáveis ao cumprimento de seus compromissos internacionais. Isso aconteceu em um contexto normativo favorecido por uma Constituição Federal aberta à agenda de direitos humanos. Encontrou alternativas, em princípio, para duas questões jurídicas que inquietavam os órgãos federais encarregados da implementação: a) as sentenças da Corte, por seu caráter internacional, afastam a necessidade de homologação pelo STJ, tendo aplicação imediata; b) a execução de reparações indenizatórias ditadas pela Corte Interamericana dispensa o rito dos precatórios, 84 processo já caracterizado por excessiva demora. Nesse segundo ponto, criou um desenho mais célere para providenciar o pagamento de indenizações, que hoje se dá pela via de Decreto executivo, lastreado em lei orçamentária anual, que prevê rubrica específica a esse tipo de pagamento. Ao lado desses avanços, outros dois pontos integram a lista de desafios. O primeiro diz respeito ao lugar em que se situa a Convenção Americana no ordenamento jurídico brasileiro. O Supremo Tribunal Federal já enfrentou o tema em várias ocasiões, tendo revisto sua tradição jurisprudencial para afirmar a tese da supralegalidade dos tratados de direitos humanos, especialmente após a EC n. 45/2004, ainda que essa possa não ser a melhor leitura. Além disso, inclui-se no leque de desafios a necessidade de elaboração de uma lei-ponte, capaz de disciplinar a implementação das decisões da Corte no país. Como visto, houve tentativas – todas frustradas – de tramitação de projetos de lei no Congresso Nacional sobre o tema. Até que se elabore uma norma específica, a implementação das decisões dos órgãos do sistema interamericano continuará a operar de maneira errática e pouco institucionalizada, com dificuldades de envolvimento dos demais níveis de governo (estados e municípios) e poderes (do Poder Judiciário, em especial). Como mostrando nesse estudo, o arranjo institucional que se formou, no decorrer dos anos, está ancorado exclusivamente no Poder Executivo Federal. A AGU, a SDH e o MRE, em um processo marcado por aprendizado e tensões institucionais, foram se acomodando e (re) definindo suas atribuições quanto ao cumprimento das sentenças da Corte. Em todo caso, ainda que os arranjos tenham sido construídos a partir de papeis indefinidos e tensões, há sinais claros quanto ao comprometimento do Estado brasileiro no litígio perante o sistema interamericano. É claro que o sucesso dessa estratégia depende não apenas dos órgãos federais, mas também de negociações com um conjunto de atores estaduais, municipais, sem contar o desafio de se envolver os demais Poderes (em especial, o Poder Judiciário) com o sistema. Essa constelação de atores é particularmente importante quando se está diante do cumprimento de reparações de natureza não pecuniária. A edição de uma lei-ponte, capaz de definir responsabilidades a esses atores, pode ser benéfica e facilitar o cumprimento de decisões internacionais. Para esse tema, aguardam-se ainda desdobramentos, pois os projetos de lei até então desenhados não conseguem responder a essas necessidades. A Trajetória da Implementação de Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARDES, Marcia Nina. 2011. Sistema Interamericano de Direitos Humanos como esfera pública transnacional: aspectos jurídicos e políticos da implementação de decisões internacionais. SUR – International Journal on Human Rights, São Paulo, v. 8, n. 15, pp. 135156. CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. 1999. Opinião Consultiva OC 16/99. O Direito à Informação sobre a Assistência Consular no marco das Garantias do Devido Processo Legal. 1 out. 1999. Série A No. 16. Disponível em: <http://www.corteidh. or.cr/index.php/es/opiniones-consultivas>. Acesso em: 27 nov. 2013. _______. 2006. Caso Ximenes Lopes Vs. Brasil. Mérito, Reparações e custas. 4 jul. 2006. Série C No. 149. 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Disponível em: <http://www.internationaljusticeproject. org/pdfs/piovesan-speech.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2014. ________. 2013. Art. 4º, II – Prevalência dos direitos humanos. In: GOMES CANOTILHO, J. J,; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang; STRECK, Lênio Luiz (Coord.). Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/Almedina, 2013. pp. 153-159. 85 Bárbara Pincowsca Cardoso Campos RAMOS, André de Carvalho. 2001. Direitos Humanos em Juízo: Comentários aos casos contenciosos e consultivos da Corte Interamericana de Direitos Humanos e estudo da implementação dessas decisões no Direito brasileiro. São Paulo: Max Limonad, 573p. SANTOS, Juliana Corbacho Neves dos. 2011. A execução das decisões emanadas da Corte interamericana de direitos humanos e do sistema jurídico brasileiro e seus efeitos. Prismas: Direito, Políticas Públicas e Mundialização, Brasília, v. 8, n. 1, pp. 261-307. ________. 2012. Processo Internacional de Direitos Humanos. 2ª ed. São Paulo: Saraiva. 423p. VIEIRA, Oscar Vilhena et al. 2013. Implementação das Recomendações e Decisões do Sistema Interamericano de Direitos Humanos no Brasil: institucionalização e política. São Paulo: Direito GV. RESENDE, Augusto César Leite de. 2013. A executividade das sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil. Revista de Direito Internacional, Brasília, v. 10, n. 2, pp. 225-236. 86 A Trajetória da Implementação de Sentenças da Corte Interamericana de Direitos Humanos no Brasil NOTAS 1. Foram os seguintes instrumentos: Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher de 1979 (ratificada em 1984); Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura de 1985 (ratificada em 1989); Convenção das Nações Unidas contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes de 1984 (ratificada em 1989); Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança de 1989 (ratificada em 1990). 2. São elencados os seguintes princípios no art. 4º: independência nacional, direitos humanos, autodeterminação dos povos, não intervenção e igualdade entre os Estados, repúdio ao terrorismo e ao racismo, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos e de concessão de asilo político, cooperação entre os povos para o progresso da humanidade e formação de uma comunidade latino-americana. 3. A III Conferência Nacional de Direitos Humanos das normas constitucionais (MAUÉS, 2013, pp. 220-221). 8. Basicamente, pode ser resumido nos seguintes termos: após o procedimento de execução, com a abertura de prazos para a oposição de embargos pela Fazenda Pública, o juiz de primeiro grau requer ao Presidente do Tribunal que expeça precatório ordenando o pagamento. Entretanto, o credor deverá esperar a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de recursos necessários ao pagamento, entrando em uma “fila” de precatórios (a exceção dos créditos alimentícios, que têm direito a uma “fila especial”). 9. COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. 2003. José Pereira (Caso 11.289). Solução Amistosa. Relatório nº 95/03. 24 out. 2003. Disponível em: <https://cidh.oas.org/ annualrep/2003port/Brasil.11289.htm>. Acesso em: 18 abr. 2014. foi realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados em maio de 1998. Foi um evento organizado também em comemoração ao cinquentenário das Declarações Universal e Americana dos Direitos Humanos. Um dos temas analisados na Conferência foi justamente a posição brasileira nos sistemas universal e interamericano de direitos humanos. O relatório final da Conferência pode ser encontrado em: <http://www.dhnet.org.br/dados/conferencias/dh/ br/iiconferencia.html>. Acesso em: 18 abri. 2014. 10. Trata-se da ação “Pagamento de indenização a 4. BRASIL. 2003. Supremo Tribunal Federal. Habeas outros e Sétimo Garibaldi foi autorizado e feito à luz dos Decretos no 6.185, de 13 de agosto de 2007, no 7.158, de 20 de abril de 2010, no 7.307, de 22 de setembro de 2010, respectivamente. Em Gomes Lund, o Decreto nº 7.256, de 4 de agosto de 2010, é o que autorizou à SDH proceder ao pagamento das indenizações. Corpus nº 72.131/ RJ. Tribunal Pleno. Relator: Min. Moreira Alves. DJ, 1 ago. 2003. 5. No RE nº 80.004, o STF firmou entendimento de que os tratados internacionais comuns (não afetos à temática de direitos humanos) incorporam-se à ordem jurídica brasileira com status de lei ordinária. Assim, eventual conflito entre tratado e lei ordinária seria resolvido pela aplicação do critério cronológico ou da especialidade. Cf. BRASIL. 1977. Supremo Tribunal Federal. Recurso em Habeas Corpus nº 80.004/SE. Tribunal Pleno. Relator: Min. Xavier de Albuquerque. DJ, 29 dez.1977. BRASIL,1977. 6. BRASIL. 2009. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 466.343-1/SP. Tribunal Pleno. Relator: Min. Cezar Peluso. DJe-104. Publicação 05 jun. 2009. 7. Nesse estudo, o autor mostra que, antes mesmo de 2008, decisões do STF sobre presunção da inocência (artigo 5º, LVII), direito à razoável duração do processo (artigo 5º, LXXVIII), as garantias do contraditório e da ampla defesa (artigo 5º, LV), liberdades de imprensa e exercício profissional, já usavam os tratados de direitos humanos como critérios hermenêuticos para definir o conteúdo vítimas de violação das obrigações contraídas pela União por meio da adesão a tratados internacionais de proteção dos direitos humanos”. 11. Nesse arranjo, o Gabinete do Ministro de Estado da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, por meio da Assessoria Internacional, promove as gestões necessárias para viabilizar o pagamento dessas indenizações. 12. O pagamento nos casos Ximenes Lopes, Escher e 13. No caso Ovelário Tames, a reparação de R$ 90.000,00 (noventa mil reais) paga aos familiares da vítima efetuou-se por meio do Decreto nº 5.611, de 12 de dezembro de 2005. Cf. COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. 1999. Ovelário Tames (Caso 11.516). Relatório nº 60/99.13 abr. 1999. Disponível em: <http://www. cidh.oas.org/annualrep/98span/Fondo/Brasil%20 11.516.htm>. Acesso em: 18 abr. 2014. 14. Em princípio, dever-se-ia seguir o rito da ação de inventário, previstas nos artigos 1786 e seguintes do Código Civil e 982 e seguintes do Código de Processo Civil. 15. Augusto César Leite de Resende sustentou, por exemplo, que a parte extrapecuniária das sentenças da Corte são também títulos executivos judiciais, subsumindo-se ao artigo 475-N, inciso I, CPC. Como tal, não havendo o cumprimento 87 Bárbara Pincowsca Cardoso Campos espontâneo, seria possível a propositura de ação de execução. Para o cumprimento das prestações de fazer e não fazer, seria seguido o artigo 461 do CPC; para a entrega de coisa, o artigo 461-A; e, as prestações pecuniárias, seria o rito de execução contra a Fazenda Pública perante a Justiça Federal (RESENDE, 2013, p. 235). 16. A AGU conta com um Departamento Internacional, responsável por elaborar subsídios jurídicos para a defesa do Brasil em tribunais internacionais, em articulação com outros órgãos federais. Sobre o Departamento Internacional da AGU, cf: <http:// www.agu.gov.br/unidade/DPI>. Acesso em: 18 abr. 2014. 17. O caso Nogueira de Carvalho e Outro foi arquivado pela Corte por insuficiência de provas. 18. O estudo abrangeu também casos perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 19. É interessante destacar que foi a partir do caso Ximenes Lopes que a AGU se envolveu mais diretamente na etapa de implementação. Como as reparações ditadas em Ximenes Lopes se relacionaram diretamente ao Poder Judiciário, entendem os pesquisadores que a AGU terminou por atuar mais diretamente nessa fase, pela facilidade de diálogo e articulação com esse Poder (VILHENA et al., 2013, p. 21). 20. Cite-se, por exemplo, o estudo de Camila Serrano Giunchetti (2010). A autora debruçou-se sobre a influência das medidas provisórias da Corte Interamericana no caso do presídio Urso Branco, em Porto Velho/RO, nas instituições domésticas responsáveis pela proteção da vida dos presos e funcionários daquele local. Nesse estudo, é destacada a função exercida pelo Itamaraty, que participou ativamente de reuniões e audiências sobre o caso, tendo sido imprescindível para o efetivo cumprimento dessas ordens da Corte Interamericana, ao lado da SDH, Ministério da Justiça e Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (hoje Conselho de Direitos Humanos), principais órgãos envolvidos. 21. 88 Notas da autora tomadas na “Conferência Internacional sobre Direitos Humanos: novos olhares sobre a proteção internacional da pessoa humana”, realizada no UniCEUB, Brasília-DF, nos dias 5 e 6 de agosto de 2013. 22. Em especial a Diretriz 3, objetivo estratégico II, ações programáticas “e” e “f”. 23. BRASIL. 2000. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n. 3.214, de 13 de junho de 2000. Dispõe sobre os efeitos jurídicos das decisões da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e da Corte Interamericana de Direitos Humanos e dá outras providências. Disponível em: <http://www.camara. gov.br>. 24. Registre-se ainda que, à semelhança do PL nº 3.214, no Senado Federal chegou a tramitar um projeto de lei (PLS no 420/2009), de autoria do senador Garibaldi Alves Filho, com uma proposta de alteração do Código de Processo Civil, para incluir, entre os títulos executivos judiciais, as sentenças proferidas pela Corte Interamericana, disciplinando o procedimento para seu cumprimento. Em dezembro de 2010, o texto foi arquivado, em virtude da aprovação de substitutivo a projeto de lei do Senado que reforma o Código de Processo Civil. 25. BRASIL. 2004. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n. 4.667, de 15 de dezembro de 2004. Dispõe sobre os efeitos jurídicos das decisões dos Organismos Internacionais de Proteção aos Direitos Humanos e dá outras providências. Disponível em <http://www.camara.gov.br>. 26. São os artigos 3º e 4º do substitutivo. Cf. Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM). Parecer do Relator, Deputado Orlando Fantazzini (PSOLSP), pela aprovação do Projeto de Lei nº 4.667, de 2004, na forma do substitutivo. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_ mostrarintegra?codteor=404836&filename=Tram itacao-PL+4667/2004>. Acesso em: 18 abr. 2014. 27. COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. 2009. Wallace de Almeida (Caso 12.440). Admissibilidade e Mérito. Relatório nº 26/09. 20 mar. 2009. Disponível em: <http://cidh. oas.org/annualrep/2009port/Brasil12440.b.port. htm>. Acesso em: 17 abr. 2014. A PAZ PELA CONSTITUIÇÃO: A RUTURA DA ORDEM CONSTITUCIONAL COMO AMEAÇA À PAZ E À SEGURANÇA INTERNACIONAIS1 Catherine Maia Professora Doutora na Faculdade de Direito da Universidade Lusófona do Porto (Portugal); Visiting Professor no Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po) e na Universidade Católica de Lille (França). Anatole Ayissi Chefe de Gabinete do Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para a África Central (UNOCA) em Libreville (Gabão). I. INTRODUÇÃO Uma das maiores preocupações da diplomacia preventiva, nomeadamente tal como exercida no seio das Nações Unidas, é saber se, em situações de crises ligadas a uma rutura da ordem jurídica (internacional ou interna/constitucional), existe uma relação entre, por um lado, a violação da regra de direito, e, por outro lado, a manutenção da paz e da segurança internacionais, entendidas aqui no sentido das responsabilidades do Conselho de segurança. A experiência mostra que esta questão tem muitas vezes determinado as orientações, ou até os resultados dos processos de prevenção ou de saída de crise em muitas situações de rutura jurídica. Ela quase sempre surge, com mais ou menos acuidade conforme os casos, no que diz respeito a estas situações específicas de violação da regra de direito que são as derrubadas inconstitucionais de Governos. Sobre este aspeto, da mesma forma que não existe uma ligação automática entre o respeito do direito internacional e a manutenção da paz e da segurança internacionais2, tal ligação parece a priori não existir no que se refere à conformidade com o direito interno, incluindo com as suas normas mais fundamentais dotadas de um valor constitucional. Este facto resulta claramente da letra do artigo 39 da Carta da ONU, que afirma: “O Conselho de Segurança determinará a existência de qualquer ameaça à paz, rutura da paz ou ato de agressão, e fará recomendações ou decidirá que medidas deverão ser tomadas (…) a fim de manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais”. Assim, o Conselho de Segurança foi concebido não como um órgão destinado ao respeito da legalidade em geral, mas como um órgão tendo por objetivo último a manutenção da paz mundial. Nesta ótica, na ausência de indicações específicas na Carta, e desde que haja um acordo entre os seus membros, o Conselho detém um poder discricionário de qualificação das situações que podem gerar uma ameaça à paz mundial3. A tendência atual de ampliação do conceito de segurança coletiva levou aliás os membros do Conselho, em uma declaração conjunta de 31 de janeiro de 1992 adotada a nível dos Chefes de Estado e de Governo, a entender o conceito de “ameaça” a partir de uma abordagem preventiva, reconhecendo que: “A paz e a segurança internacionais não decorrem apenas da ausência de guerra e de conflitos armados. Outras ameaças de natureza não militar à paz e à segurança internacionais estão enraizadas na instabilidade que existe nos domínios económico, social, humanitário ou ecológico”. Em outras palavras, outras ameaças estão em gestação dentro da esfera interna dos Estados, especialmente nos quais a autoridade é declinante ou contestada. Portanto, se a qualificação de “ameaça à paz” do artigo 394 não depende necessariamente da existência de uma violação do direito internacional, como no caso de desastres naturais, as medidas adotadas pelo Conselho de Segurança com base no capítulo VII não podem tampouco ser equiparadas automaticamente a reações a atos ou factos ilícitos5. Sobre este ponto, não há quaisquer dúvidas de que, por exemplo, quando o Conselho alerta sobre o perigo para a paz e a segurança internacionais que é suscetível de constituir o fracasso em travar a propagação do HIV/sida6, as mudanças climáticas7, ou ainda a proliferação das armas8, a ameaça à paz não está associada 89 Catherine Maia e Anatole Ayissi diretamente à violação do direito internacional. A fortiori, parece não haver nenhuma ligação direta e automática entre uma violação do direito interno, de um lado, e uma ameaça à paz e à segurança internacionais, de outro lado. Isto é ainda mais verdadeiro considerando-se que, conforme a famosa fórmula do Tribunal Permanente de Justiça Internacional9, retomada em 1991 pela Comissão Badinter a propósito da Constituição jugoslava10, as disposições constitucionais ou legislativas dos Estados são “meros factos” para o direito internacional, e que qualquer avaliação sobre a ordem jurídica interna de um Estado poderia ser considerada por ele como uma ingerência intolerável em seus assuntos internos. Mas se uma violação do direito interno de um país não deve ser considerada pelo Conselho de Segurança como uma ameaça à paz, no entanto, ela o pode ser11. Com efeito, o Conselho tem competência exclusiva para decidir se uma situação, ligada ou não a uma violação do direito interno de um Estado, constitui efetivamente uma ameaça à paz e a segurança internacionais. Por isso, cabe verificar o destino reservado pelo Conselho às situações de violação do direito constitucional dos Estados. A este respeito, a prática demostra que, durante muito tempo, o Conselho de Segurança pouco se preocupou com as violações do direito constitucional. Priorizando a manutenção da paz sobre o respeito do direito, ele absteve-se repetidamente de intervir quando tais violações não supunham graves ameaças à paz (I). Uma tendência recente parece, no entanto, estar a surgir tanto em nível universal quanto regional, particularmente no continente Africano, para fazer coincidir o respeito do direito com a manutenção da paz e para fazer da Constituição a garante do respeito dos direitos humanos, incluindo o direito de viver em paz (II). II. A PREVALÊNCIA DO OBJETIVO DA MANUTENÇÃO DA PAZ SOBRE O RESPEITO DO DIREITO CONSTITUCIONAL A experiência mostra que, na maioria dos casos, o Conselho de Segurança interessa-se pouco ao respeito do direito internacional. A fortiori, ele não se interessa às violações do direito constitucional dos Estados, exceto nos casos em que desta violação surge uma situação que ele considera como uma ameaça ou uma rutura da paz 90 e da segurança internacionais. Para constatar esta situação, basta considerar a relativa indiferença do Conselho face a violações tão graves do direito constitucional como golpes de Estado e secessões (1) ou, em alguns casos, a sua imposição de abordagens para a solução pacífica das crises claramente em desacordo com o direito nacional, quando não é com a Lei Fundamental (2). 1. A indiferença global do Conselho de Segurança face às violações do direito constitucional A indiferença do Conselho de Segurança manifestou-se de forma particularmente clara em vários casos de ocorrência de golpes de Estado que não foram considerados como crises que atingiram um limiar suficientemente significativo para serem qualificadas como ameaças ou ruturas da paz mundial. Assim, no Paquistão, após o golpe de Estado militar de 12 de outubro de 1999 que levou à derrubada do Primeiro-ministro Nawaz Sharif, designado democraticamente pelas urnas em 1997, nenhuma condenação emanou do Conselho. Da mesma forma, na Tailândia, o putsch militar que derrubou, em 19 de setembro de 2006, o Primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, também designado democraticamente pelas urnas em 2005, nem provocou reação por parte do Conselho. Nestas situações de flagrante violação das regras constitucionais e dos princípios democráticos, o facto de que essas mudanças institucionais foram bem recebidas pela população no seu conjunto e, portanto, de que não foram um fator de desestabilização para o país, provavelmente pode explicar em parte o silêncio do Conselho de Segurança. Esta posição se demonstra com maior clareza a respeito do golpe de Estado de 3 de agosto de 2005 na Mauritânia que resultou, sem derramamento de sangue, na derrubada do Presidente Maaouiya Ould Taya. Na verdade, é num contexto diplomático ambíguo que a União Africano inicialmente condenou formalmente o putsch. A sua missão enviada ao local para levar a mensagem de condenação às autoridades golpistas tendo, todavia, sido recebida no aeroporto de Nouakchott com “flores e ululante de alegria” por uma população que tinha vindo em grande número expressar seu alívio diante do fim de um regime autoritário12, rapidamente inverteu sua posição. O Conselho de Segurança, por sua vez, não adotou uma resolução para denunciar a situação. A Paz pela Constituição: A Rutura da Ordem Constitucional como Ameaça à Paz e à Segurança Internacionais Tal atitude por parte da instituição com a responsabilidade principal na manutenção da paz e da segurança internacionais suscita a questão de saber se existiria, para o Conselho, maus golpes de Estado e golpes de Estado que poderiam eventualmente ser considerados como “saudáveis”13. Em outras palavras, se poderiam existir ruturas positivas da ordem constitucional existente visando trazer uma mudança de regime desejável e desejada tanto pelos cidadãos interessados como pela comunidade internacional. Esta questão é altamente relevante quando, diante de um bloqueio insolúvel do funcionamento das instituições, o direito constitucional não cumpre mais suas funções enquanto norma fundamental de gestão dos órgãos públicos e de garantia dos direitos humanos, com todos os riscos que tal situação implica para a paz social, em geral, e para as liberdades individuais, em particular. O golpe de Estado ou a revolução, como demonstraram as mudanças de regimes em vários países árabes em 2011, torna-se então a única via possível a fim de fazer tábua rasa do passado e estabelecer um novo pacto social com bases mais saudáveis. Como as populações dos Estados árabes, aquelas dos Estados da África Subsaariana também se encontraram algumas vezes confrontadas com o terrível dilema “golpe de Estado ou violência armada em massa”. Em um estudo temático consagrado à alternância pacífica do poder, publicado em 2006 por seu Escritório Regional para a África Ocidental, a ONU observa a presença na África de situações de bloqueios das instituições nas quais os sujeitos têm “só duas opções, ou derrubar violentamente o Governo, ou iniciar uma guerra civil”. O estudo destaca que a experiência, na África Ocidental em particular, mostra que um golpe de Estado que ocorra nesta configuração terá tendência a ser considerado pelas populações como “saudável”14, pois veio preservar o país da guerra civil, um mal comparativamente percebido como maior do que um “banal” putsch ou do que um “simples” colapso da ordem constitucional. A este respeito, é interessante destacar que o direito internacional, não desejando intervir nos processos históricos que regem a formação e transformação dos Estados, não impede a insurreição contra um Governo, nem a tentativa de um Governo de reprimir uma insurreição pela força. Por isso, pode-se afirmar que “os golpes de Estado (mesmo quando conduzem à derrubada de um Governo democrático) não são, per se, ilícitos à luz do direito internacional”15. Em particular, seria errado argumentar que a insurreição viola a regra do não-recurso ao uso da força contida no artigo 2, § 4, da Carta das Nações Unidas, visto que esta disposição somente se aplica, consoante sua própria letra, às “relações internacionais”, ou seja, às relações entre os Estados, excluindo as lutas dentro de um mesmo Estado. Sem dúvida, é razoável que assim seja, pois é inegável que qualquer tentativa de impor juridicamente o impossível só pode expor a regra de direito a violações repetidas. A decisão de Argel de 1999, na qual os Chefes de Estado e de Governo da Organização da Unidade Africana (OUA) decidiam excluir, no futuro, das cimeiras desta organização qualquer Governo que tenha tomado o poder por meio de um golpe de Estado, ilustra perfeitamente esta situação16. De facto, no mesmo ano da sua adoção, putschs militares ocorreram no Níger, na Serra Leoa, nos Cômoros e na Costa do Marfim; outros se seguirão repetidamente nos anos seguintes, o que parece bem demonstrar que o banimento dos golpes de Estado é ilusório e que “é a deliquescência dos Estados eles próprios que deve ser combatida”17. Além dos golpes de Estado, as secessões constituem outro caso de rutura da ordem constitucional no qual a indiferença do Conselho de Segurança se manifestou igualmente de forma clara. Certamente, o direito internacional positivo só autoriza a secessão para os povos colonizados, internacionalmente reconhecidos como povos distintos vocacionados para a independência, e para os povos sob ocupação ou dominação estrangeira18. Além disso, na doutrina, autores favoráveis à “secessão-remédio” aceitam que, em alguns casos extremos de violação particularmente maciça e durável da autodeterminação interna, nasce um direito à autodeterminação externa19. Nos casos, consideravelmente mais numerosos, em que não existe um direito à secessão no direito internacional, a doutrina dominante dos publicistas admite a neutralidade do direito internacional20, no sentido de que a secessão nem é permitida nem é proibida. Sendo essencialmente uma questão interna, o direito internacional não quer regulamentá-la. Ela é um facto ao qual o direito internacional apenas acrescenta certas consequências, seja pelo jus in bello durante a fase dos combates, seja pela faculdade de reconhecimento de novos Estados, caso a secessão seja bem-sucedida. Em direito interno, no entanto, com poucas exceções, como a Lei Fundamental do Uzbequistão de 1992 e a da Etiópia de 1994, a grande maioria 91 Catherine Maia e Anatole Ayissi das Constituições dos Estados proíbem a secessão unilateral, elevando ao nível constitucional o princípio do respeito pela integridade do território nacional21. Desta dissonância entre os níveis internacional e nacional, resulta que um novo Estado secessionista pode emergir ao transgredir o direito constitucional sem todavia violar o direito internacional. Um novo Estado poderá assim ser reconhecido na cena internacional desde que reúne efetivamente os critérios constitutivos de uma entidade estatal que são um território, uma população e a soberania. Portanto, é com base no princípio da efetividade, e na indiferença para com a violação do direito constitucional, que o Conselho de Segurança recomendou à Assembleia Geral a admissão de novos Estados na ONU. Tal foi o caso, em 1992, da Croácia, da Eslovénia, ou ainda da Bósnia e Herzegovina, que foram recomendados pelo Conselho à Assembleia22, isso apesar da inconstitucionalidade no âmbito do direito jugoslavo das declarações de independência emitidas por esses Estados. Em ambas as situações de secessões e de golpes de Estado, é importante ressaltar que a sua qualificação pelo Conselho de Segurança como ameaças ou ruturas da paz deriva principalmente de constatações contingentes estreitamente relacionadas com as circunstâncias e, portanto, escapando a qualquer tentativa de classificação a priori. 2. A imposição ocasional de soluções pacificadoras não conformes com o direito constitucional pelo Conselho de Segurança Em alguns casos específicos, quando a Constituição, por ser considerada politicamente prejudicial e moralmente injusta, não cumpre, ou não cumpre mais, a sua função de garante da estabilidade das instituições e da paz social, o seu respeito pode ter repercussões piores do que a sua violação e constituir assim, aos olhos do Conselho de Segurança, uma ameaça à paz. O Kosovo dos anos 1990 oferece, a este respeito, um exemplo flagrante de caso no qual a salvaguarda da ordem constitucional nem sempre contribui para a manutenção da paz. De facto, enquanto esta província desfrutava desde a reforma constitucional de 1974 de um estatuto de autonomia dentro da ex-Jugoslávia, o Governo de Slobodan Milosevic alterou a Lei Fundamental em março de 1989 com vista a reduzir drasticamente tal estatuto. Esta perda de autonomia em favor 92 de um controle direto do território por parte das autoridades nacionais foi o ponto de partida de uma rápida deterioração da situação na região, até resultar, no final do ano 1997, num conflito armado entre os rebeldes independentistas kosovares a as forças sérvias. Longe de reclamar o pleno respeito da ordem constitucional em vigor, o Conselho de Segurança interveio em 1998, inicialmente para firmemente “expressa[r] o seu apoio a um estatuto reforçado para o Kosovo, que incluiria uma autonomia sensivelmente maior e uma verdadeira autonomia administrativa”23, e posteriormente para que sejam “escrupulosamente honrados” os compromissos sobre o estatuto de autonomia do Kosovo – é verdade obtidos contra a promessa do fim dos bombardeamentos da OTAN – celebrados entre o Presidente da República Federal da Jugoslávia e o Enviado Especial dos Estados Unidos da América24. Ora, a imposição a um Estado soberano de conceder uma maior autonomia em favor de uma parte do seu território e da sua população era claramente contrária ao disposto na sua Constituição. Indo mais longe, na sua Resolução 1244 de 1999, adotada com base no Capítulo VII da Carta da ONU, o Conselho de Segurança impôs à Sérvia, não apenas um estatuto de autonomia para o Kosovo, mas também a sua administração internacional, proibindo-lhe o exercício da soberania sobre uma porção do seu território nacional. Apesar de ser uma medida novamente inegavelmente inconstitucional, este contorno da Lei Fundamental foi considerado pelo Conselho como a via mais adequada para acabar com o conflito armado e restabelecer a paz e a segurança na região. Outro exemplo igualmente flagrante é oferecido pela Costa do Marfim. Em 2002, os rebeldes do Movimento Patriótico da Costa do Marfim (MPCI) tentam, sem sucesso, tomar o poder pela força armada em Abidjan para quebrar o círculo vicioso em que estavam presas as populações oriundas do norte do país, uma vez que o conceito de “ivoirité” tinha sido lançado, principalmente por razões eleitorais25. Segue-se uma grande crise política, diante da qual o Conselho de Segurança reage, optando por uma partilha do poder entre o Presidente da República em exercício e os rebeldes adeptos de golpes de Estado. Certamente, esta opção de compromisso do Conselho queria-se atrativa para restabelecer a paz social. Não é menos verdade que ela preocupava-se pouco com o respeito pela A Paz pela Constituição: A Rutura da Ordem Constitucional como Ameaça à Paz e à Segurança Internacionais Constituição de 2000, então em vigor, a qual estipulava, em seu artigo 41, que o Presidente era o “titular exclusivo do poder executivo”: “Ele nomeia o Primeiro-ministro, chefe de Governo, que é responsável perante ele. Ele termina as suas funções. O Primeiro-ministro lidera e coordena a ação governamental. Sob proposta do Primeiroministro, o Presidente da República nomeia os outros membros do Governo e determina suas funções. Ele termina as suas funções nas mesmas condições”26. Na verdade, a Resolução 1721, de 2006, adotada em conformidade com o Capítulo VII da Carta da ONU, exige que “todas as partes marfinenses cumprem integralmente” o processo de paz liderado pelo Primeiro-ministro, conforme foi decidido pelo Conselho, e que “elas não possam invocar qualquer disposição jurídica” em vista a “obstruir este processo” (§ 4). Embora a Constituição marfinense não seja explicitamente mencionada aqui, ela está referenciada pela ampla formula “qualquer disposição jurídica”, a qual abrange até as normas situadas no topo da hierarquia da ordem jurídica interna. Esta desconsideração da Lei Fundamental tem sido fortemente criticada, não só pelo Presidente da República na época, Laurent Gbagbo, afetado diretamente em seus poderes constitucionais27, mas também por várias personalidades próximas do Presidente, que condenaram este questionamento da soberania de um Estado pela suspensão ou alteração de sua Constituição impostas pelas Nações Unidas, e lamentaram o que lhe apareceu como a colocação da Costa do Marfim sob tutela por essa Organização28. Esta situação ilustra bem, uma vez mais, a prevalência dada ao imperativo da paz sobre a estrita observância da Constituição. III. O RESPEITO DO DIREITO CONSTITUCIONAL ENQUANTO FATOR GARANTIDOR DA MANUTENÇÃO DA PAZ A indiferença em relação ao direito constitucional experimentada durante muito tempo parece hoje dar lugar a uma tendência em fazer do cumprimento das regras constitucionais, e mais geralmente do respeito pelo Estado de Direito, um dos fatores essenciais para a manutenção da paz no mundo29. Esta tendência é clara no discurso dos órgãos encarregados da paz, sendo o primeiro deles o Conselho de Segurança (1), mas também se estende na prática, embora seja necessário consolidá-la (2). 1. Um discurso mais firme Enquanto o conceito de Estado de Direito, no sentido de “exigência relativa a uma tomada e um exercício não-arbitrários do poder com base em regras pré-definidas”30, era praticamente inexistente no repertorio do Conselho de Segurança até o início dos anos 1990, a expressão é agora usada frequentemente em suas resoluções e declarações, e acompanha-se geralmente da lembrança ao necessário respeito da ordem constitucional, como foi o caso, por exemplo, nas situações relacionadas ao Líbano, ao Iraque, à Libéria, à República Democrática do Congo, à Haiti, ao Burundi, à Serra Leoa, à Costa do Marfim, ou ainda ao Darfur31. Esta vontade de fazer respeitar o Estado de Direito – particularmente na tomada e no exercício do poder político com base em regras pré-definidas pela Constituição – surge de forma muito clara na declaração presidencial do Conselho de Segurança adotada, em 22 de junho de 2006, depois de uma reunião sobre o tema “Estado de direito e manutenção da paz e da segurança internacionais”. Nesta declaração, o Conselho especificou, em particular, o facto de que ele “atribui uma importância capital à promoção da justiça e do Estado de Direito, nomeadamente o respeito pelos direitos humanos, como elemento indispensável para uma paz duradoura. Ele considera que o reforço das atividades relacionadas com o Estado de Direito é crucial para as estratégias de consolidação da paz nas sociedades que saem de um conflito e destaca o papel nesse sentido da Comissão de consolidação da Paz”32. O reconhecimento das virtudes da Constituição para a consolidação da paz, especialmente em países que saem de conflitos ou que estão ameaçados por uma rutura da paz, é ainda mais explícito quando se trata da África que permanece, até hoje, o continente mais afetado pelas guerras e as situações de instabilidade política. É nesse sentido que, em sua reunião de 5 de maio de 2009 dedicado à “Paz e Segurança em África”, o Conselho de Segurança “express[ou] a sua profunda preocupação face ao recente ressurgimento das mudanças inconstitucionais de Governo em alguns países africanos”. Nesta declaração, o “Conselho manifesta preocupação com a violência que poderia acompanhar esses eventos, bem como com os impactos negativos sobre o bem-estar económico e social das populações e o desenvolvimento dos países afetados. Ele salienta a importância de restaurar 93 Catherine Maia e Anatole Ayissi rapidamente a ordem constitucional, inclusive pelo meio de eleições abertas e transparentes”33. O papel de liderança do Secretário-Geral da ONU tem sido fundamental nesta matéria. Tal papel sobressai com nitidez do discurso de Kofi Annan, em 6 de julho de 2004, dirigido aos líderes africanos reunidos em sessão ordinária da Assembleia dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana. Neste discurso, que marcou os espíritos por ser muito incomum para o contexto, o então Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas lembra algumas verdades de fundo no que respeita às relações entre o respeito pela ordem constitucional e as condições de uma paz e de uma segurança duradouras no continente Africano34. Em primeiro lugar, observa Kofi Annan, a paz está longe de ser apenas uma questão de quantidade de ajuda financeira ou de intensidade dos esforços diplomáticos visto que, enquanto certas condições prévias não estarão reunidas, “toda a ajuda do mundo, toda a diplomacia e todas as operações de manutenção da paz não serão suficientes para tirar a África da miséria (...) ou acabar com os conflitos mortais” endêmicos nesse continente. Por conseguinte, é indispensável combater, “acima de tudo”, o conjunto dos fatores que constituem as “causas primeiras da insegurança e do subdesenvolvimento”, e que “muitas vezes residem na má governação”, em particular na falta do necessário “equilíbrio institucional” exigido como base para “uma alternância pacífica e conforme com a Constituição”. Esta exigência implica in fine que, para esperar desfrutar da paz, da segurança e do desenvolvimento de uma forma sustentável em África, o respeito pela norma constitucional deve ser um imperativo, de modo que “os Governos não deveriam manipular ou alterar a Constituição para permanecer no poder” ad vitam æternam. Cinco anos depois, Ban Ki-moon, que sucedeu Kofi Annan no cargo de Secretáriogeral da ONU, mantém-se fiel a esta abordagem constitucional da paz e a esta “doutrina” da rutura da ordem constitucional como séria ameaça à paz. Examinando a situação política na África Ocidental, num relatório publicado em 31 dezembro de 2009, Ban Ki-moon alerta sobre o facto de que “o ressurgimento das mudanças inconstitucionais de Governo e das práticas não democráticas em África Ocidental constitui uma ameaça potencial para a paz e a estabilidade subregional”35. A mesma firmeza no discurso observada no nível das Nações Unidas encontra-se também em nível regional, o qual está estreitamente ligado ao 94 nível internacional, como o relembrou a Resolução do Conselho de Segurança 2033, de 12 de janeiro de 2012, relativa à necessária “Cooperação entre a ONU e as organizações regionais e subregionais na manutenção da paz e da segurança internacionais”36. Assim, a obrigação dos Estados de adotarem um regime democrático se desenha claramente nos continentes Europeu, Americano e Africano, com a notável exceção da Ásia, cujo isolamento nesta matéria impede que se fale numa norma de direito internacional geral. Na Europa, no seio do Conselho da Europa como da União Europeia, a democracia é uma condição exigida tanto para a adesão como para a participação. Nesse sentido, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem teve a oportunidade de proclamar que a democracia é “o único modelo político contemplado pela Convenção e, portanto, o único compatível com ela”37. Além disso, a Convenção Europeia dos Direitos do Homem de 1950 afirma o seu “profundo apego [às] liberdades fundamentais que constituem a base da justiça e da paz no mundo e cuja manutenção assenta essencialmente num regime político verdadeiramente democrático, por um lado, e, por outro lado, numa conceção compartilhada e num respeito comum pelos direitos humanos dos quais eles se reclamam” (Preâmbulo, § 5). Por sua vez, o Tratado da União Europeia de 2007 confirmou que “a União baseia-se nos valores do respeito pela dignidade humana, a liberdade, a democracia, a igualdade, o Estado de Direito, bem como o respeito pelos direitos humanos”, sendo esses valores comuns aos Estados Membros (artigo 2); que “a União reconhece os direitos, as liberdades e os princípios enunciados na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia de 7 de dezembro de 2000, tal como adaptada em 12 de dezembro de 2007 em Estrasburgo”, a qual tem o mesmo valor jurídico que os Tratados (artigo 6, § 1); que “os direitos fundamentais, tal como os garante a Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais e tal como resultam das tradições constitucionais comuns aos Estados Membros, fazem parte do direito da União enquanto princípios gerais” (artigo 6, § 3); e ela poderá fazer recomendações em caso de “um risco manifesto de violação grave dos valores referidos no artigo 2 por parte de um Estado-Membro” (artigo 7, § 1), ou “decidir suspender alguns dos direitos decorrentes da aplicação dos Tratados” em caso de “uma violação grave e persistente, por A Paz pela Constituição: A Rutura da Ordem Constitucional como Ameaça à Paz e à Segurança Internacionais parte de um Estado-Membro, dos valores referidos no artigo 2” (artigo 7, §§ 3 e 2). Além disso, a União, cuja criação foi inicialmente motivada para assegurar a paz entre Estados europeus que se enfrentaram em duas guerras mundiais, “tem por objetivo promover a paz, os seus valores e o bem-estar dos seus povos (artigo 3). Da mesma forma, na América, a Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA) de 1948, admite que “a democracia representativa é indispensável para a estabilidade, a paz e o desenvolvimento da região” (preâmbulo), de modo que “garantir a paz e a segurança continentais” (artigo 2, a) e “promover e consolidar a democracia representativa, respeitado o princípio da nãointervenção” (artigo 2, b) estão entre os seus principais objetivos; e que “[u]m membro da Organização, cujo Governo democraticamente constituído seja deposto pela força, poderá ser suspenso do exercício do direito de participação” nas reuniões de vários órgãos, incluindo a Assembleia Geral (artigo 9). Se é verdade que os princípios democráticos foram violados até pouco tempo por alguns regimes autoritários na América Latina, tanto a prática dos órgãos políticos da OEA quanto a jurisprudência da Comissão e da Corte Interamericana de Direitos Humanos, destacaram que a democracia é o único regime político aceitável no continente americano38. Também na África, a ligação quase umbilical entre a Constituição e a paz foi claramente reconhecida: a paz é nutrida pelo respeito da Constituição, enquanto a preservação da ordem constitucional é sinônima de consolidação da paz. Neste sentido, a Organização da Unidade Africana indicou na sua “Declaração relativa ao marco para uma resposta da OUA às mudanças inconstitucionais de Governo”, de 12 de julho de 2000, que o “fenômeno dos golpes de Estado em África (...) constitui uma ameaça à paz e à segurança no continente”39. Posteriormente, o Ato Constitutivo da União Africano (UA), seu sucessor, indica que, entre os princípios que norteiam a ação da Organização, encontram-se a condenação e rejeição das mudanças inconstitucionais de Governo (artigo 4, p). Além disso, em jeito de alerta aos governantes que poderiam ser tentados a se desvincular do cumprimento da Constituição, está previsto que “os Governos que chegam ao poder por meios inconstitucionais não serão autorizados a participar nas atividades da União” (artigo 30). Em sua Decisão sobre o ressurgimento do flagelo dos golpes de Estado em África, aprovada pela 12a sessão ordinária da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo, realizada em fevereiro de 2009 em Adis Abeba, a UA expressou “sua grave preocupação com o ressurgimento do flagelo dos golpes de Estado no continente”, que ela considera não apenas como um “retrocesso político perigoso e um grave declínio nos processos democráticos”, mas também como “uma ameaça à paz, à segurança e à estabilidade do continente”40. Esta tomada de consciência levou à adoção, durante a 8a sessão ordinária da Conferência da UA em janeiro de 2007, da Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Governação. Este instrumento inovador, que entrou em vigor em 201241, tem como objetivos, entre outros, promover entre os Estados africanos a adesão aos valores e princípios universais da democracia e do respeito pelos direitos humanos, o Estado de Direito, a luta contra a impunidade, a realização regular de eleições livres e equitativas, bem como a condenação de qualquer mudança inconstitucional de Governo, o que requer o enraizamento de uma cultura democrática nos órgãos políticos e nas populações. Neste sentido, a Carta proporciona doravante à UA um fundamento jurídico, e não apenas político, para intervir no que foi considerado durante muito tempo como parte dos assuntos internos de um Estado, impondo a democracia como o único regime possível. A fim de impor o respeito pela democracia e, correlativamente, pelas Constituições nacionais dos Estados Membros que são concebidas como legítimas apenas se incorporarem os princípios democráticos essenciais, especialmente a separação dos poderes e o respeito pelos direitos humanos, a UA pode contar, desde 2004, com o Conselho de Paz e Segurança42. O Conselho é o principal responsável pela prevenção dos conflitos e pela manutenção da paz em África, e também pelo respeito do Estado de Direito e das liberdades fundamentais, cujo desprezo é um terreno fértil para situações conflituais43. Ele tem por ambição conciliar os princípios clássicos da soberania e da não-ingerência nos assuntos nacionais com o direito – a não ser o dever – de intervir, com base no conceito da responsabilidade de proteger, quando violações graves são cometidas: crimes de guerra, genocídios e crimes contra a humanidade. No nível sub-regional, é interessante notar que encontram-se as mesmas preocupações, a mesma retórica e os mesmos paradigmas. Assim, a adoção, em 2001, de um Protocolo sobre a Democracia e Boa Governação pela Comunidade 95 Catherine Maia e Anatole Ayissi Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) foi uma das primeiras tentativas de legislar sobre a democracia através de um ato vinculativo44. 2. Uma prática para consolidar Se o discurso foi reforçado, as palavras também foram seguidas de realizações concretas, que cabe ressaltar. É claro que, aqui como em outras áreas, a prática não é perfeitamente uniforme, e sempre se poderá denunciar a ação em um caso e a inação em outro. Em relação ao Conselho de Segurança, não há nada de surpreendente: “seria irrealista esperar que ele reaja de forma sistemática a qualquer golpe de Estado no mundo. Enquanto órgão político por excelência, o Conselho opera escolhas políticas graves na esfera das suas competências, ou seja, na manutenção da paz e da segurança internacionais. Além do facto de que um golpe de Estado não afeta necessariamente a paz e a segurança internacionais, o Conselho estabelece suas prioridades consoante critérios políticos, o que o leva naturalmente a alguma seletividade”45. Em geral, porém, percebe-se uma tendência no sentido de que a liberdade dos Estados, no que se refere à sua própria ordem constitucional, seja severamente restrita, especialmente quando os Governos derrubados por putschs militares foram eleitos com a assistência eleitoral da ONU. O cenário que ocorreu no Haiti na década de 1990 marca o prelúdio de uma evolução na prática. Apenas alguns meses depois de sua eleição, o Presidente Jean-Bertrand Aristide é vítima, em setembro de 1991, de um golpe de Estado que o força ao exílio. Enquanto a OEA tomará, logo nos dias seguintes, medidas contra a junta militar na origem do putsch, o Conselho de Segurança ficará paralisado pela oposição da China até 16 de junho de 1993, quando, em sua Resolução 841, ele considera a persistência da situação no Haiti como uma ameaça à paz e a segurança internacionais46 e decide o estabelecimento de um embargo sobre as armas e o petróleo com base no Capítulo VII da Carta da ONU. É então a primeira vez que a situação criada pela derrubada de um Governo democraticamente eleito – e não a própria derrubada – é qualificada como “ameaça à paz”47. Posteriormente, em sua Resolução 940, de 31 de julho de 1994, novamente com base no Capítulo VII da Carta, ele “autoriza os Estados Membros a formar uma força multinacional sob comando e controle unificados e a usar neste quadro de todos os meios necessários para facilitar a partida do Haiti dos dirigentes militares (...), o retorno rápido do Presidente legitimamente eleito e a 96 restauração das autoridades legítimas do Governo haitiano (...)” (§ 4). O envio desta força permitirá o retorno do Presidente Aristide em outubro do mesmo ano. Em Serra Leoa igualmente, o golpe de Estado de 1997 levou à derrubada de um Governo instituído com a assistência eleitoral da ONU. Assim, depois de ter agido em prol da restauração da democracia e da realização de eleições em março de 1996, as Nações Unidas reagiram rapidamente ao golpe de Estado de 25 de maio de 1997, que removeu do poder o Presidente Ahmad Tejan Kabbah. Apenas dois dias depois do putsch, o Conselho de Segurança adota uma declaração presidencial na qual ele se diz “profundamente preocupado” com a situação no país, “enquanto a ONU está trabalhando [lá] para facilitar o processo de reconciliação”. Ele “lamenta profundamente esta tentativa de derrubar o Governo democraticamente eleito, e insta veementemente para que seja imediatamente restaurada a ordem constitucional”48. Alguns meses mais tarde, o Conselho especificará que este putsch não só é “inaceitável”, mas que a grave crise que se seguiu em nível nacional “põe em perigo a paz, segurança e estabilidade em toda a região” da África Ocidental49. Em 8 de outubro de 1997, um novo passo foi dado com a adoção de medidas com base no Capítulo VII da Carta da ONU. Assim, através da sua Resolução 1132, ao mesmo tempo que expressava o seu apoio aos esforços da CEDEAO para “restaurar pacificamente a ordem constitucional”, nomeadamente através negociações com os atores interessados, o Conselho de Segurança adotou uma série de sanções específicas a fim de exercer pressão sobre a junta militar, cuja remoção dependia do retorno do Presidente deposto. Finalmente, a intervenção militar em Serra Leoa da operação de paz oeste africana ECOMOG50 permitiu obter a partida de uma junta militar que, durante oito meses, saqueou os escassos recursos do país e implantou uma violência extrema que causou a perda de muitas vidas humanas. Assim, embora não tenha expressamente autorizado tal intervenção, o Conselho de Segurança, por meio de uma declaração presidencial de 26 de fevereiro de 1998, pôde “congratula[r]-se que a junta militar tenha sido despojada do poder e sublinha[r] a imperiosa necessidade de restaurar imediatamente o Governo eleito do Presidente Tejan Kabbah”51. Em sua Resolução 1156 de 16 de março de 1998, o Conselho “saúda o regresso à Serra Leoa, em 10 de março de 1998, do Presidente democraticamente eleito pelo país” (§ 1) e, consequentemente, “decide pôr termo, com efeitos imediatos” a certas sanções A Paz pela Constituição: A Rutura da Ordem Constitucional como Ameaça à Paz e à Segurança Internacionais impostas pela Resolução 1132 (1997) “sobre a venda ou o fornecimento de petróleo e produtos petrolíferos à Serra Leoa” (§ 2), marcando assim claramente o seu apego à restauração da ordem constitucional. Este precedente de uma denúncia tão clara da ilegalidade do golpe de Estado marcou os espíritos, a tal ponto que alguns comentaristas o veem como “o início de uma verdadeira prática da Organização em matéria de restauração da democracia”52. Em 6 de agosto de 2008, a derrubada por militares de Sidi Mohamed Ould Cheikh Abdallahi, primeiro Presidente democraticamente eleito (no ano anterior) na Mauritânia desde a independência dos pais, em 1960, levou uma vez mais a uma firme condenação do Conselho de Segurança. Assim, em uma Declaração da Presidência do Conselho, de 19 de agosto de 2008, adotada por unanimidade, é com vigor que ele “condena a derrubada das autoridades democraticamente eleitas da Mauritânia pelo exército mauritano”, exige “a restauração imediata das instituições legítimas”, e reitera a sua posição de princípio face a tais eventos, ou seja, que “opõese a qualquer tentativa de mudança de Governo por meios inconstitucionais”53. Esta condenação, no entanto, não resultou na aprovação de uma resolução sobre o assunto, nem a fortiori em sanções, provavelmente porque as eleições presidenciais de 2009 permitiram legitimar pelas urnas o próprio autor do golpe de Estado, o general Mohammed Ould Abdel Aziz, tendo este último recolhido a maioria absoluta dos votos desde o primeiro turno. Mais recentemente, outro caso interessante é a crise constitucional em curso no Mali, que destaca a diferença de perceção entre os líderes africanos e o Conselho de Segurança no que diz respeito à qualificação da situação e, portanto, à resposta mais adequada para trazer a paz. De que se trata? Em 21 de marco de 2012, grupos de soldados malianos ocupam a televisão nacional e, em seguida, apoderam-se do palácio presidencial em Bamako, forçando a fuga do Presidente democraticamente eleito, Amadou Toumani Toure, em fim de mandato e não-reelegível nos termos da Constituição. No dia seguinte, os rebeldes proclamam oficialmente a derrubada do Governo e a criação de uma Comissão Nacional para a Recuperação da Democracia e a Restauração do Estado de Direito (CNRDRE). Em um discurso transmitido pelo rádio e televisão nacionais, a junta informa que, “considerando a incapacidade do regime” para responder com eficácia às dificuldades que enfrenta o país, as forças armadas tinham “decidido assumir a sua responsabilidade ao pôr termo” a este “regime incompetente e contestado”. São tomadas duas medidas importantes “com efeito imediato”: “A Constituição está suspensa (...) e todas as instituições da República são dissolvidas até novo aviso”54. No mesmo dia, os membros do Conselho de Segurança fazem uma declaração à imprensa na qual “condenam firmemente” o golpe de Estado e “exigem o retorno imediato da ordem constitucional e do Governo democraticamente eleito” do Presidente Amadou Toumani Touré55. Uma semana depois, tirando partido da situação de relativo vazio do poder criada por esta derrubada inconstitucional do Governo, movimentos rebeldes islamitas tomam posse da região norte do Mali e expressam, para alguns, o seu desejo de secessão, e para outros, o seu objetivo de caminhar até Bamako e fazer do Mali um Estado islâmico, tendo a Sharia como Lei fundamental. Segue-se então um período de anarquia e caos gerador de ameaças de desestabilização nacional e regional. Responsáveis do Mali em particular, e da África em geral, chamam a atenção das Nações Unidas sobre o facto de que a crise constitucional em curso, se não for resolvida rapidamente, certamente se transformará em uma grave ameaça à paz e à estabilidade regionais, mas também à segurança internacional. Pedem, portanto, o apoio da comunidade internacional, especialmente do Conselho de Segurança, para um rápido restabelecimento da ordem constitucional no Mali. Para corroborar esta perceção africana dos desafios da crise, os médias no Mali notam uma rápida e contínua deterioração da segurança no norte do país e denunciam a existência de grupos de combatentes dos movimentos islâmicos armados que convergem para esta região, incluindo Boko Haram, Aqmi, Ansar Dine e Mujao56. Temendo uma “somalização” do Sahel, responsáveis políticos e organizações políticas africanas, particularmente a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a UA, reiteram seus apelos ao Conselho de Segurança, e pedem a este último para “assumir as suas responsabilidades”, visto que a situação de crise constitucional no Mali se tornou, na sua opinião, uma “ameaça à paz e à segurança internacionais”. Em 26 de março de 2012, ou seja, quatro dias após o putsch, o Conselho de Segurança, por 97 Catherine Maia e Anatole Ayissi meio de uma declaração presidencial, condena mais uma vez “firmemente” o golpe de Estado e, mais uma vez, “solicita a restauração da ordem constitucional e a realização de eleições, como inicialmente planejado”57. Alguns dias mais tarde, os líderes africanos sentem que os seus repetidos apelos, visando estabelecer a relação (e agir em conformidade) entre a situação de rutura da ordem constitucional no Mali e a paz e segurança internacionais, são finalmente ouvidos. De facto, em 9 de abril de 2012, o representante dos Estados Unidos58 nas Nações Unidas, a Embaixadora Susan Rice, informa em um comunicado de imprensa que “os membros do Conselho expressam sua profunda preocupação face à intensificação da ameaça terrorista no norte do Mali, devido à presença entre os rebeldes de membros da Al-Qaeda no Magreb Islâmico e de elementos extremistas”; mas ela logo acrescenta que os membros do Conselho “tomam nota de que a CEDEAO está a estudar os meios que permitiriam restaurar a paz e a segurança no Mali”. Ela concluiu declarando que “os membros do Conselho de Segurança reiteram o seu total apoio aos esforços” dos africanos “em vista a favorecer o restabelecimento da ordem constitucional no Mali e proteger, através de medidas concretas, a soberania, unidade e integridade territorial do Mali”59. Esta declaração à imprensa segue a declaração do Presidente do Conselho de Segurança, de 4 de abril de 2012, pelo qual os membros do Conselho reiteravam a sua “firme condenação” do golpe de Estado, e pediam, novamente, a “restauração imediata da ordem constitucional e do Governo democraticamente eleito”60. Enquanto o Mali está a afundar-se na crise e que, para muitos responsáveis africanos, essa situação dá a impressão de uma “fuga óbvia às responsabilidades”61 por parte da principal instância responsável pela manutenção da paz e segurança internacionais, em 30 de maio de 2012, o Chefe de Estado do Benim, Thomas Boni Yayi, como presidente em exercício da UA, lança, em nome da África, “a ideia de uma consulta ao Conselho de Segurança da ONU”. Mais de dois meses depois da rutura da ordem constitucional no Mali, cada vez mais preocupados com a contínua escalada da crise e a ausência de um “compromisso concreto” por parte do Conselho de Segurança, as partes interessadas africanas decidam a criação de um Grupo de apoio e de acompanhamento da situação no Mali. Este Grupo inclui, entre outros, os membros da 98 CEDEAO e da UA. O Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para a África Ocidental também participa nesse grupo. Em 7 de junho de 2012, o Grupo realiza a sua primeira reunião em Abidjan, na Costa do Marfim, país que detém então a presidência da CEDEAO. Na sessão de abertura, o ministro marfinense dos Negócios Estrangeiros, na sua qualidade de presidente do Conselho de Ministros da Comunidade, anuncia que a reunião terá de discutir a questão da adoção e implementação “pelo Conselho de Segurança da ONU” de uma resolução que autoriza a “intervenção militar para o desfecho da crise”. Em seu comunicado final, efetivamente, os participantes pedem ao Conselho da Paz e Segurança da UA “para se reunir o mais rápido possível para examinar a situação no Mali”, nomeadamente “com vista a solicitar formalmente o apoio do Conselho de Segurança das Nações Unidas”62. Cinco dias depois, em 12 de junho de 2012, na sequência desta recomendação, o Conselho de Paz e Segurança da UA se reúne em sessão extraordinária na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, para adotar uma “decisão sobre a situação no Mali”. Esta decisão inclui uma série de objetivos a serem alcançados no processo de gestão da crise, incluindo o de “restaurar a autoridade do Estado na parte norte do país e lutar contra as redes terroristas e criminosas”. A decisão também é acompanhada de um “pedido formal ao Conselho de Segurança das Nações Unidas”, solicitando (mais uma vez!) o seu compromisso63. Em entrevista a um jornal parisiense em 16 de junho de 2012, o Chefe de Estado do Níger, Mahamadou Issoufou, relembra que o Mali está a tornar-se “o Afeganistão da África”, e reitera a necessidade de agir o mais rápido possível. O Presidente, que também expressa a frustração da África face a um Conselho de Segurança que “arrasta os pés”, alerta que: “afegãos e paquistaneses estão lá presentes e treinam combatentes oriundos de toda a África Ocidental. Aqmi (Al Qaeda no Magreb Islâmico) estabeleceu novos campos de treinamento, nomeadamente em Gao. Nigerianos do Boko Haram estão sendo lá treinados”. Por esta razão, conclui ele, “a União Africana e os países da CEDEAO desejam que uma resolução autorizando o uso da força no Mali seja adotada no âmbito da ONU”64. Compreende-se melhor o sentido da indignação do Chefe de Estado africano quando se sabe que, na véspera desta entrevista, os membros do Conselho de Segurança – em resposta a um A Paz pela Constituição: A Rutura da Ordem Constitucional como Ameaça à Paz e à Segurança Internacionais (novo) pedido da África para intervir nesta situação de rutura da ordem constitucional que, para os africanos, constitui “uma grave ameaça à paz e à segurança internacionais” – tinham exprimido a sua escolha, para já, de reservar a sua resposta, ou seja, de não avançar até a tomada de medidas concretas, para além de uma condenação formal. *** * Os precedentes analisados neste breve estudo demonstram que, mesmo que não haja nenhuma relação sistemática entre rutura da ordem constitucional e ameaça à paz mundial, permanecendo circunstancial a qualificação de uma tal violação como ameaça pelo Conselho de Segurança, existe uma tendência para fazer da Constituição um instrumento de paz. A este respeito, é importante esclarecer que, quando é o respeito da Constituição que pode ser considerado como uma ameaça à paz, tratase de casos em que a rigidez dos mecanismos de revisão não permite uma evolução suave da ordem constitucional. Não se deve esquecer que a Lei Fundamental, não sendo um texto sagrado e intangível, deve ser capaz de evoluir e adaptarse às transformações da sociedade que governa. Esta flexibilidade é certamente um mecanismo que permite evitar as violações do direito constitucional, as quais podem degenerar em crise aberta ameaçando a paz interna, e mesmo internacional. Além disso, para que a Constituição seja efetivamente um instrumento de paz, é necessário que se trate de uma Constituição verdadeiramente democrática, na qual os poderes são separados sem que haja predominância de qualquer um deles, preservando assim a possibilidade de uma alternância política, e na qual os direitos humanos são livremente praticados. Ora, tal regime, que é defendido como um ideal para alcançar, enfrenta as relutâncias de alguns Estados que temem que se julgue o grau de democracia do seu regime. Estas relutâncias podem, sem dúvida, explicar o silêncio mantido pelo Conselho de Segurança em determinadas situações e mostram que a prática ainda tem que se fortalecer nessa área. 99 Catherine Maia e Anatole Ayissi NOTAS 1. O presente texto é a versão portuguesa da comunicação apresentada na conferência internacional “Paz e Constituições”, organizada pelo Centro de Pesquisa e Estudo em Direito e Ciência Política (CREDESPO), que se realizou na Universidade de Borgonha (França), em 2021 setembro de 2012. As traduções efetuadas neste artigo são nossas e todas as opiniões expressas são da responsabilidade dos autores. 2. Como acertadamente foi afirmado na doutrina, “une menace contre la paix selon l’article 39 peut exister indépendamment de la violation d’une obligation internationale – et un fait internationalement illicite ne constitue par ailleurs pas, en lui-même et nécessairement, une telle menace” (P. d’ARGENT, J. d’ASPREMONT, F. DOPAGNE, R. VAN STEENBERGUE, “Article 39”, in J.-P. COT, A. PELLET, M. FORTEAU, La Charte des Nations Unies. Commentaire article par article, Paris, Economica, 2005, 3a éd., p. 1162). resolução pacífica das controvérsias, como foi o caso das guerras da Coreia, entre o Irã e o Iraque, entre o Iraque e o Kuwait, e para a operação do exército da Argentina nas Ilhas Falkland (N. THOMÉ, Les pouvoirs du Conseil de sécurité (…), op. cit., p. 100). As situações qualificadas como ameaças à paz são mais diversificadas e referem-se a “des situations relatives à des conflits internationaux (par exemple entre l’Érythrée et l’Éthiopie), à des conflits internes (comme la dissolution de l’ancienne République fédérative socialiste de Yougoslavie), à des guerres civiles dues à la déliquescence de l’État (Somalie), à de graves violations des droits de l’Homme (comme le génocide au Rwanda) ou du droit humanitaire (la politique de répression menée contre les Kurdes en Irak) ou encore une politique d’apartheid (en Afrique du Sud), à des coups d’État (en Haïti ou au Libéria par exemple), à une déclaration unilatérale d’indépendance (Rhodésie du Sud), ou encore à des actes de terrorisme (tels l’attentat de Lockerbie, la tentative d’assassinat du Président Moubarak ou la politique de soutien au terrorisme du régime taliban)” (ibid., pp. 98-99). 3. Sobre este ponto, cfr.: N. THOMÉ, Les pouvoirs du Conseil de sécurité au regard de la pratique récente du chapitre VII de la Charte des Nations Unies, Aix-en-Provence, PUAM, 2005, pp. 39 e s.; J. COMBACAU, “Le chapitre VII de la Charte des Nations Unies: résurrection ou métamorphose ?”, in R. BEN ACHOUR, S. LAGHMANI, Les nouveaux aspects du droit international, Paris, Pedone, 1994, p. 145 e, do mesmo autor, Le pouvoir de sanction de l’ONU: étude théorique de la coercition non militaire, Paris, Pedone, 1974, p. 10 (através de uma formulação tautológica, é afirmado: “Une menace pour la paix au sens de l’article 39 est une situation dont l’organe compétent pour déclencher une action de sanctions déclare qu’elle menace effectivement la paix”). 5. Cfr. nesse sentido: T. CHRISTAKIS, “La violation du droit interne en tant que menace contre la paix”, in SFDI, L’État de droit en droit international, Paris, Pedone, 2009, p. 107; M. FORTEAU, Droit de la sécurité collective et droit de la responsabilité internationale de l’État, Paris, Pedone, 2006, pp. 68, 121, 209; G. GAJA, “Réflexions sur le rôle du Conseil de sécurité dans le nouvel ordre mondial: à propos des rapports entre maintien de la paix et crimes internationaux des États”, RGDIP, vol. 97, 1993, p. 306. 4. Sobre esta qualificação, cfr. J.-M. SOREL, “L’élargissement de la notion de menace contre la paix », in SFDI, Le chapitre VII de la Charte des Nations Unies, Paris, Pedone, 1995, p. 21. No entanto, observou-se que, embora a relação não seja automática, “le Conseil associe globalement la qualification d’une situation comme constituant l’une de celles visées à l’article 39 à la violation d’obligations juridiques ou de standards internationaux”, o que aparece sobretudo nas hipóteses de rutura da paz ou de atos de agressão, para os quais o Conselho constata a violação da proibição do uso da força e da obrigação correlativa de 6. Em 2000, o Conselho de Segurança da ONU debateu pela primeira vez um problema de saúde, ou seja, o sida. Em sua Resolução 1308, de 17 de julho de 2000, ele “stress[ed] that the HIV/ AIDS pandemic, if unchecked, may pose a risk to stability and security” (§ 12 do preâmbulo). Mais recentemente, em sua Resolução 1983, de 7 de junho de 2011, que visava aumentar os esforços para lutar contra o HIV pelos Estados Membros da ONU no âmbito das missões de manutenção da paz, o Conselho de Segurança “request[ed] the Secretary-General to consider HIV-related needs of people living with, affected by, and vulnerable to HIV, including 100 A Paz pela Constituição: A Rutura da Ordem Constitucional como Ameaça à Paz e à Segurança Internacionais women and girls, in his activities pertinent to the prevention and resolution of conflict, the maintenance of international peace and security, the prevention and response to sexual violence related to conflict, and post-conflict peacebuilding” (§ 6). 7. Em 20 de julho de 2011, depois de um debate intitulado “Manutenção da paz e da segurança internacionais: os impactos das mudanças climáticas”, que reuniu mais de sessenta delegações, o Conselho de Segurança expressou, em uma declaração presidencial, o seu medo de ver os “impactos adversos potenciais das mudanças climáticas” agravar “a longo prazo” as “ameaças existentes à paz e à segurança internacionais” (S/PV.6587). Anteriormente, o Conselho tinha debatido pela primeira vez a relação entre energia, clima e segurança, em 17 de abril de 2007, durante uma discussão que tinha recolhido cinquenta delegações (S/ PV.5663). No entanto, em ambos os casos, várias delegações expressaram suas reticências quanto à oportunidade de o Conselho abordar tal questão. 8. Ainda que nenhuma norma de direito internacional geral obrigue os Estados a reduzir seus armamentos (cfr. TIJ, Atividades Militares e Paramilitares na e contra a Nicarágua (Nicarágua c. Estados Unidos da América), acórdão de 27 de junho de 1986, Rec. 1986, § 269), o Conselho de Segurança tem várias vezes qualificado a proliferação das armas de destruição em massa como uma ameaça à paz. Cfr., em particular, a Resolução 1977 de 20 de abril de 2011, na qual o Conselho “reaffirm[s] that the proliferation of nuclear, chemical and biological weapons, as well as their means of delivery, constitutes a threat to international peace and security” (3° considerando do preâmbulo). 9. TPJI, Certos Interesses Alemães na Alta Silésia Polonesa (Alemanha c. Polónia), acórdão de 25 de maio de 1926, Série A, n.º 7, p. 19: “Under international law and the Court which is its organ, municipal laws are merely facts which express the will and activity of States, as well as judicial decisions or administrative measures”. 10. Parecer n.º 1, de 29 de novembro de 1991, reproduzido na Revue Générale de Droit International Public, vol. 96, 1992, p. 264. 11. Cfr. P. d’ARGENT, J. d’ASPREMONT, F. DOPAGNE, R. VAN STEENBERGUE, “Article 39”, op. cit., pp. 1137 e s. 12. Depoimento de um membro dessa missão para um dos autores. Sobre este evento, cfr. M.-M. OULD MOHAMEDOU, “Variation sur l’usage du coup d’État en Mauritanie”, Le Monde Diplomatique, novembro de 2005. 13. Cfr. A. AYISSI, “Illusoire interdiction des coups d’État”, Manière de voir, maio-junho de 2000, pp. 32-34. 14. Escritório das Nações Unidas para a África Ocidental (UNOWA), La vie après le palais présidentiel : l’alternance pacifique au pouvoir en Afrique de l’Ouest, Estudos temáticos da UNOWA, Dakar, março de 2006, p. 19. 15. J. d’ASPREMONT, “La licéité des coups d’État en droit international”, in SFDI, L’État de droit en droit international, Paris, Pedone, 2009, p. 125. O termo “ilegal” frequentemente usado no discurso político é apenas uma “cláusula-tipo” que se refere a uma violação do direito constitucional do Estado em causa (ibid., pp 134-135); portanto, não é um facto internacionalmente ilícito nos termos do direito da responsabilidade internacional do Estado suscetível de estabelecer a responsabilidade do Estado em causa, o que o teria colocado na “situation absurde où l’État dont le Gouvernement démocratique a été renversé serait à la fois la victime d’un changement inconstitutionnel et forcé de son Gouvernement et auteur d’un fait internationalement illicite” (ibid., p. 138). Cfr. igualmente, do mesmo autor, L’État non démocratique en droit international, op. cit., pp. 269 e s. A contrario, no sentido da ilicitude dos golpes de Estado perpetrados contra o Governo democrático, cfr. L.-A. SICILIANOS, L’ONU et la démocratisation de l’État, Paris, Pedone, 2000, para quem “à partir du moment où l’on parle d’une illégalité [des coups d’État] qui affecte la communauté internationale dans son ensemble, on a affaire non pas simplement à atteinte grave à l’ordre constitutionnel de l’État concerné, mais aussi à une violation du droit international, voire une violation d’une obligation erga omnes” (ibid., p. 296). 16. AHG/Dec. 142 (XXXV), Conferência dos Chefes de Estado e de Governo, 35a sessão ordinária, 12-14 de julho de 1999, Argel (Argélia). Esta Decisão foi completada, no ano seguinte, pela Declaração AHG/Decl.5 (XXXVI) relativa ao marco para uma resposta da OUA às mudanças inconstitucionais de Governo, aprovada pela 36a sessão ordinária da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo, realizada em Lomé (Togo), de 10 a 12 de julho de 2000. 101 Catherine Maia e Anatole Ayissi 17. A. AYISSI, “Illusoire interdiction des coups d’État”, op. cit., p. 32. O autor pergunta: “Le coup d’État est-il un mal en soi? Si on répond par l’affirmative, alors toute société politique qui se respecte devrait créer les conditions de son bannissement absolu, ainsi que tentent de le faire, par la magie ô combien illusoire du verbe, les gouvernants africains. Or, il est évident que sous certaines conditions, et étant donné certaines circonstances, que l’on pourrait qualifier d’exceptionnelles, l’œuvre de coup d’État peut très bien représenter la vertu et le courage politiques suprêmes. L’histoire en général, et celle de l’Afrique des indépendances en particulier, montre qu’il existe dans la vie de certaines sociétés politiques, des moments tragiques de rupture douloureuse de l’ordre établi que l’on pourrait bien qualifier de coup d’État salutaire” (idem). O autor conclui que os esforços da OUA não deveriam focar na impossível proibição dos golpes de Estado mas na “mise sur pied des conditions de gestion des sociétés politiques systématiquement incompatibles avec l’idée de prise de pouvoir par les armes” (ibid., p. 34). 18. Cfr., em particular, os dois textos mais solenes aprovados pela Assembleia Geral que são a Resolução 1514 (XV), de 14 de dezembro de 1960, intitulada “Declaração sobre a Concessão de Independência aos Países e Povos Coloniais”, e a Resolução 2625 (XXV), de 24 de outubro de 1970, intitulada “Declaração sobre os Princípios de Direito Internacional relativos às Relações de Amizade e Cooperação entre os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas”. 19. Cfr. em particular: R. SCHMÜCKER, “Remedial theories of secession”, in A. PAVKOVIC, P. RADAN (eds.), The Ashgate Research Companion to Secession, Farnham, Ashgate, 2011, pp. 399-411; P. RADAN, “Secession: Can it Be a Legal Act?”, in I. PRIMORATZ, A. PAVKOVIĆ (eds.), Identity, Self-Determination and Secession, Aldershot, Ashgate, 2006, pp. 155-170; M. DUBUY, “La théorie de la sécession remède (remedial secession) : avatar contemporain du droit des peuples à disposer d’eux-mêmes?”, Congresso de Nancy, 16, 17 e 18 de junho de 2011 (http:// www.droitconstitutionnel.org/congresNancy/ comN2/dubuyTD2.pdf). 20. Cfr. as várias contribuições em M. KOHEN (ed.), Secession: International Law Perspectives, Cambridge, Cambridge University Press, 2006. 102 21. Sobre este ponto, cfr. T. CHRISTAKIS, Le droit à l’autodétermination en dehors des situations de décolonisation, Paris, La Documentation française, 1999, pp. 237-246 e 286-294. 22. Cfr., respetivamente, as Resoluções 753 (18 de maio de 1992), 754 (18 maio de 1992) e 755 (20 de maio de 1992). 23. Conselho de Segurança, Resolução 1160, de 31 de março de 1998, § 5. 24. Conselho de Segurança, Resolução 1203, de 24 de outubro de 1998, § 2. 25. Na verdade, este conceito de “ivoirité” não era nada mais do que um artifício jurídico usado com o único propósito de excluir das eleições o principal representante do norte do país, o ex-Primeiro-ministro Alassane Ouattara, ao negar-lhe a nacionalidade marfinense, bem como os eleitores que lhe eram potencialmente favoráveis, neste caso as populações originárias elas também do extremo norte da Costa do Marfim. 26. A descontração exibida em relação ao respeito do texto constitucional apareceu ostensivamente na reunião do Conselho de Segurança de 31 de outubro de 2006, durante a qual a França, com o apoio da CEDEAO e da UA, apresentou um projeto de resolução organizando esta partilha do poder ao transferir poderes importantes do Presidente Laurent Gbagbo ao Primeiro-ministro Konon Banny. Para evitar que o Presidente da Costa do Marfim possa invocar a Constituição a fim de obstruir a ação do Primeiro-ministro, o texto apresentado dispunha que: “en cas de divergence, les instruments internationaux qui définissent les modalités particulières de la transition (résolutions antérieures et futures du Conseil, décisions de l’Union Africaine et de la CEDEAO et accords de paix) prévalent sur la Constitution ivoirienne et la législation du pays”. Esta preeminência claramente afirmada do direito internacional sobre a Constituição nacional não foi do agrado de alguns países – especialmente a China, a Rússia e os Estados Unidos –, o que obrigou a França a rever seu texto para propor uma versão diluída. Cfr. o Dixième Rapport du Secrétaire général sur l’Opération des Nations Unies en Côte d’Ivoire, 17 de outubro de 2006, S/2006/821, p. 16, § 75. 27. O Presidente Laurent Gbagbo declarou que as disposições dessa resolução “contrárias à Constituição da Costa do Marfim não seriam aplicadas”. Cfr. Onzième Rapport du Secrétaire général sur l’Opération des Nations A Paz pela Constituição: A Rutura da Ordem Constitucional como Ameaça à Paz e à Segurança Internacionais Unies en Côte d’Ivoire, 4 de dezembro de 2006, S/2006/939, p. 1, § 2. 28. Cfr. em particular: B. BALL, “La Côte d’Ivoire sous tutelle de l’ONU”, Fraternité Matin, 14 de novembro de 2005; F. TOHA, “La Côte d’Ivoire menacée de mise sous tutelle”, Soir Info, 21 de novembro de 2005. 29. Esta tendência pode ser verificada através do importante papel da mediação internacional na gestão das crises constitucionais. Cfr. sobre este ponto A. AYISSI, C. MAIA, “La gestion des crises constitutionnelles en Afrique: mandat et défis de la médiation internationale”, Annuaire Français de Relations Internationales, vol. 13, 2012, pp. 173-198. 30. J. d’ASPREMONT, “La licéité des coups d’État en droit international”, op. cit., p. 123. 31. Cfr. T. CHRISTAKIS, “La violation du droit interne en tant que menace contre la paix”, op. cit., p. 112. 32. Declaração do Presidente do Conselho de Segurança, S/PRST/2006/28, § 3. 33. Declaração do Presidente do Conselho de Segurança, S/PRST/2009/11, § 1. 34. Cfr. o comunicado de imprensa SG/SM/9406 de 6 de julho de 2004 (http://www.un.org/News/frpress/docs/2004/SGSM9406.doc.htm). 35. S/2009/682. 36. Cfr. também o Relatório do Secretário-Geral sobre a cooperação entre a Organização das Nações Unidas e a União Africana em matéria de paz e segurança (S/2011/805). 37. TEDH, O Partido Comunista Unificado da Turquia e outros c. Turquia, acórdão de 30 de janeiro de 1998, Coletânea dos acórdãos e decisões, 1998, § 45. 38. Sobre este ponto, cfr. L.-A. SICILIANOS, L’ONU et la démocratisation de l’État: systèmes régionaux et ordre juridique universel, Paris, Pedone, 2000, pp. 74 e s. 39. AHG/Decl. 5 (XXXVI). Conforme definido pela Declaração, um “changement anticonstitutionnel de Gouvernement” peut être: “i) un coup d’État militaire contre un Gouvernement issu d’élections démocratiques ; ii) une intervention de mercenaires pour renverser un Gouvernement issu d’élections démocratiques ; iii) une intervention de groupes dissidents armés et de mouvements rebelles pour renverser un Gouvernement issu d’élections démocratiques ; iv) le refus par un Gouvernement en place de remettre le pouvoir au parti vainqueur à l’issue d’élections libres, justes et régulières”. 40. AU/Dec.220(XII). 41. Em 15 fevereiro de 2012, data de sua entrada em vigor, os Estados Partes à Carta eram os seguintes: África do Sul, Burkina Faso, Camarões, Etiópia, Gana, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Lesoto, Mauritânia, Níger, Nigéria, Ruanda, Serra Leoa, Chade e Zâmbia. 42. Cfr. D. LECOUTRE, “Les enjeux du Conseil de paix et de sécurité”, Le Monde Diplomatique, setembro de 2009. 43. Nesse sentido, o artigo 3, f, do Protocolo relativo à criação do Conselho da Paz e Segurança da União Africana de 9 de julho de 2002 proclama, entre seus objetivos, o “de promouvoir et d’encourager les pratiques démocratiques, la bonne gouvernance et l’État de droit, la protection des droits de l’Homme et des libertés fondamentales, le respect du caractère sacré de la vie humaine, ainsi que du droit international humanitaire, dans le cadre des efforts de prévention des conflits”. 44. Texto disponível no site da CEDEAO: http:// www.comm.ecowas.int/sec/fr/protocoles/Proto cole-additionnel-sur-la-Bonne-gouvernance-etla-democ.pdf. 45. L. A. SICILIANOS, “Le respect de l’État de droit comme obligation internationale”, in SFDI, L’État de droit en droit international, Paris, Pedone, 2009, p. 150. 46. No preâmbulo dessa resolução, o Conselho nota com preocupação “the incidence of humanitarian crises, including mass displacements of population, becoming or aggravating threats to international peace and security” e considera que a persistência da crise no Haiti “contributes to a climate of fear of persecution and economic dislocation which could increase the number of Haitians seeking refuge in neighbouring Member States”, de modo que “a reversal of this situation is needed to prevent its negative repercussions on the region”. As fórmulas usadas indicam que “ce n’est pas tant la méconnaissance de la démocratie en elle-même qui est qualifiée de menace à la paix, mais (…) ce sont les conséquences nocives que celle-ci peut avoir dans l’ensemble de la région qui sont ainsi qualifiées” (B. STERN, “Les évolutions récentes en matière de maintien de la paix par l’ONU”, L’Observateur des Nations Unies, vol. 5, 1998, p. 8. 103 Catherine Maia e Anatole Ayissi 47. Cfr. Y. DAUDET, “L’ONU et l’OEA en Haïti et le droit international”, Annuaire Français de Droit International, vol. 38, 1992, pp. 89-111. 48. S/PRST/1997/29, 27 de maio de 1997. 49. S/PRST/1997/36, 11 de julho de 1997. 50. Economic Community of West African States Cease-fire Monitoring Group ou Brigade de surveillance du cessez-le-feu de la CEDEAO. 51. S/PRST/1998/5, 26 de fevereiro de 1998. 52. L.-A. SICILIANOS, L’ONU et la démocratisation de l’État (…), op. cit., p. 216. 53. S/PRST/2008/30, 19 de agosto de 2008. 54. Breve discurso de anuncia do golpe de Estado lido na Televisão Nacional maliana, em 22 de março de 2012, pelo “porta-voz” dos golpistas. 55. SC/10590-AFR/2359. 56. Os responsáveis do Mujao, Movimento para a Unidade e Jihad na África Ocidental, pretendem ser dissidentes da Al Qaeda no Magreb. Cfr. C. BENSIMON, “Boko Haram en renfort des islamistes armés dans le Nord du Mali”, Radio France Internationale, 10 de abril de 2012. 57. S/PRST/2012/7. As eleições presidenciais, nas quais o Presidente derrubado não era candidato, por ter chegado ao fim do seu segundo e último mandato em conformidade com as disposiçoes 104 da Constituição, estavam marcadas para o 29 de abril de 2012. 58. Os Estados Unidos asseguravam a presidência do Conselho de Segurança para o mês de abril de 2012. 59. SC/10603, AFR/2370. 60. S/PRST/2012/9, 4 de abril de 2012. 61. Entrevista em Libreville, em 20 de junho de 2012, entre um dos autores e um universitário Africano. 62. Reunião inaugural do Grupo de apoio e acompanhamento da situação no Mali, Abidjan (Costa do Marfim), 7 de junho de 2012, § 20, iv (http://au.int/en/dp/ps/sites/default/files/cua% 20conclusions%20mali%2007-06-2012-3.pdf). 63. Texto da decisão disponível em: http://www. peaceau.org/fr/article/le-conseil-de-paix-etde-securite-de-l-union-africaine-ua-en-sa323eme-reunion-tenue-a-new-york-le-12-juin2012-a-adopte-une-decision-sur-la-situationau-mali. 64. Citado em A. MALO, “Le Mali devient l’Afghanistan de l’Afrique”, Le journal du dimanche, 16 de junho de 2012. Cfr. igualmente M. DOYLE, “Mali: Dangers of Dealing with “Afghanistan of West Africa”, BBC, 13 de junho de 2012. LA PENA DE PRISIÓN EN AMÉRICA LATINA: LOS PRIVADOS DE LIBERTAD Y SUS DERECHOS HUMANOS César Oliveira de Barros Leal Procurador del Estado de Ceará; Profesor jubilado de la Facultad de Derecho de la Universidad Federal de Ceará; Doctor en Derecho (UNAM); Posdoctor en Estudios Latinoamericanos (Facultad de Ciencias Políticas y Sociales de la UNAM); Posdoctor en Derecho (Universidad Federal de Santa Catarina); Presidente del Instituto Brasileño de Derechos Humanos; Miembro de la Asamblea General y de la Junta Directiva del Instituto Interamericano de Derechos Humanos. El lastimoso escenario de la ejecución penal en América Latina, marcado preponderantemente por la negligencia y el abandono, refleja las condiciones socioeconómicas (subdesarrollo, distribución inequitativa de la renta, ausencia de políticas públicas) de gran parte de los países del entorno, con la rutinaria falta de interés de hacer frente a uno de sus problemas más apremiantes, con serios efectos sobre los índices de criminalidad. 1. LA PRISIÓN PREVENTIVA La prisión preventiva o provisional, que debería ser subsidiaria, esto es, una excepción (Reglas de Tokio, 6.1: En el procedimiento penal sólo se recurrirá a la prisión preventiva como último recurso, teniendo debidamente en cuenta la investigación del supuesto delito y la protección de la sociedad y de la víctima), se volvió una pena anticipada y sobreutilizada. El número de encarcelados sin condena, cuyas raíces están también en el rezago judicial, alcanzan cifras atemorizantes (más de 80% en Bolivia, Paraguay, Uruguay, Panamá, El Salvador y República Dominicana), lo cual agudiza exponencialmente las condiciones avergonzantes, infrahumanas, de los centros penitenciarios y las comisarías policiales. 1 Al respecto afirma con acierto el Juez Sergio García Ramírez, en su voto concurrente razonado a la sentencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos (CorteIDH), en el Caso Tibi versus Ecuador, del 7 de septiembre de 2004: En nuestros países se prodiga la prisión preventiva, asociada a sistemas de enjuiciamiento que propician la lentitud del proceso. Es muy elevado el número de los presos sin condena, como lo ha puesto de relieve el Instituto Latinoamericano de Naciones Unidas para la Prevención del Delito y Tratamiento del Delincuente (Ilanud), con sede en San José, Costa Rica, al igual que la Corte Interamericana. Una buena parte del esfuerzo por llevar adelante la reforma del enjuiciamiento penal -no, por cierto, una ‘reforma de pizarrón’, que funciona en el salón de clases y en el seminario, pero no en la realidad indócil- debiera tener como objetivo la disminución drástica de este ejército de inculpados -es decir, ‘presuntos inocentes’- que pueblan las cárceles en número mayor, a menudo, que el de sus compañeros de cautiverio ya sentenciados. 2. LA DECADENCIA DE LOS REGÍMENES Y LA SOBREPOBLACIÓN Los regímenes semiabierto y abierto, acogidos en muchas naciones latinoamericanas, propenden a ser sinónimos de impunidad, sea por la ausencia de locales apropiados para el cumplimiento de la condena, sea por la imposibilidad de proporcionar una vigilancia efectiva. Miles de reclusos, muchas veces sin un buen historial intramuros y sin trabajo fijo y estable, gozan de esos beneficios y están en las calles, sin cualquier control, cometiendo ilícitos y representando, ergo, un inmenso peligro a la seguridad pública. Hacinadas, promiscuas, malolientes, incubadoras de tuberculosis, de enfermedades epidérmicas, del VIH y del sida, las cárceles albergan en sus edificios ruinosos, por donde circulan cucarachas y ratones, a centenas de prisioneros inertes, cuerpos dóciles, sin asistencia material, jurídica y médica, sin ningún género de clasificación (lo cual hace caer la propuesta de individualización, esencial para la ejecución científica de la pena, en las telarañas del embuste), de separación (ni siquiera entre provisionales y sentenciados, en desarmonía con el Pacto Internacional de Derechos Civiles y Políticos, 105 César Oliveira de Barros Leal firmado y ratificado por Brasil: 2.a. Los procesados estarán separados de los condenados, salvo en circunstancias excepcionales, y serán sometidos a un tratamiento distinto, adecuado a su condición de personas no condenadas), compartiendo, en celdas colectivas, en patios infectos, un ambiente anárquico, propicio al contagio moral y la diseminación de toda suerte de enfermedades. Son ejemplos de cárceles superpobladas en América Latina: a) el Reclusorio Preventivo Varonil Norte, en el DF (México); b) la Cárcel Central de Guatemala; c) el Penal de Lurigancho, en Lima (Perú); d) el Centro Penitenciario de Guayaquil (Ecuador); e) la Cárcel García Moreno, en Quito (Ecuador); f) el Retén de Caitia (Venezuela); g) la Cárcel Nacional de Maracaibo (Venezuela); h) la Cárcel Nacional (Colombia); Modelo de Bogotá i) el Presidio Aníbal Bruno, en Recife (Brasil); j) la Penitenciaría Central de Honduras. En mi tesis de doctorado, presentada en la Universidad Nacional Autónoma de México y publicada bajo el título La Ejecución Penal en América Latina a la Luz de los Derechos Humanos: Viaje por los Senderos del Dolor, he escrito: Para la Organización de las Naciones Unidas, infierno es un término eufemístico para describir muchos de esos grises centros de deformación social, en los que, en el lenguaje de Elías Neuman, ‘se adjetiva el ejercicio de la coerción y el poder de castigar del Estado.’ En el mismo sentido, luego de afirmar que ‘el sistema carcelario latinoamericano presenta síntomas de ineficiencia e ingobernabilidad’, Álvaro Cálix, en substancioso artículo, cita situaciones que considera de gran simbolismo: ‘los reiterados motines en Brasil, Guatemala y El Salvador; los ayunos y reclamos de los presos uruguayos exigiendo mejores condiciones; las muertes masivas y sistemáticas en las principales prisiones hondureñas’. El autor menciona también el malogro de las instituciones de máxima seguridad, a ejemplo de La Palma, en México, que pasó a ser una especie de centro de operación de los jefes del narcotráfico, así como el poderío del Primer Comando de la Capital (PCC), con sus articulaciones fuera de las cárceles, y el gran número de muertos en una encarnizada 106 disputa entre reclusos, en el interior del Centro Penal Uribana, en Venezuela. En un relato avasallador, dijo José Raúl Bedoya, contrabandista de armas que pasó la mitad de su vida en calabozos sudamericanos y mexicanos, en su libro Infierno entre Rejas, que el submundo de los ergástulos no puede ser reproducido con ‘frases adornadas ni palabras rebuscadas, pues para describir realidades desnudas la lírica debe estar ausente, y sería tanto como querer adornar un cadáver.’”2 En el Caso de las Penitenciarías de Mendoza (Argentina), el Juez Diego García Sayán, en su voto a la Resolución de la Corte Interamericana de Derechos Humanos del 30 de marzo de 2006, aduce: Más allá del caso específico, sin embargo, se debe destacar que las situaciones en las que se pone en peligro y afecta la vida e integridad física de personas privadas de libertad se presentan recurrentemente en muchos países de la región. Pone ello de manifiesto la extensión y profundidad de la problemática penitenciaria. Así, son extendidas y persistentes las situaciones en las que el hacinamiento, la lentitud e inoperancia de la administración de justicia, las deficiencias en la preservación del orden interno y las precarias condiciones materiales concurren como ingredientes en persistentes afectaciones al derecho a la vida de los reclusos y del personal que labora en los centros penitenciarios. La situación es agravada por la falta de selección y capacitación de los que laboran en prisión, en desacuerdo con las Reglas Mínimas para el Tratamiento de los Reclusos (RMTR) y su Anexo: Recomendaciones sobre Selección y Formación del Personal Penitenciario (pocos países latinoamericanos tienen escuelas de formación del personal penitenciario), principalmente los guardianes, sin opciones de ascenso profesional y en general con salarios demasiado modestos. 3. EL PODER, LA CORRUPCIÓN Y LA VIOLENCIA Pobres en su casi totalidad, tal y como hemos mencionado anteriormente, lo cual nos remite a la lectura de la obra As Prisões da Miséria, de Löic Wacquant, los internos se someten al comando de los poderosos -narcotraficantes, líderes de pandillas, jefes del crimen organizado-, peces gordos que actúan con desenvoltura, a cara descubierta, dentro y fuera de los muros prisionales y dictan, bajo la indiferencia o el apoyo La Pena de Prisión en América Latina: Los Privados de Libertad y sus Derechos Humanos directo de los funcionarios, sus propios códigos estrictos de conducta y lealtad. La corrupción -que hace acto de presencia en el día a día de las prisiones, donde todo tiene su costo (hay tablas de precios), desde la propia celda, las llamadas telefónicas y el pase de lista hasta el examen criminológico y la visita familiar o íntima- explica en gran medida el libre acceso de la masa carcelaria a drogas, armas y celulares. Los custodios, por su acercamiento a los reclusos y sus bajos salarios, son con frecuencia cooptados para hacer caso omiso o tener una participación activa en episodios de desvío de mercancías, ingreso irregular de objetos, extorsiones, malversación de fondos, etcétera. La vida carece de valor en esas instituciones de encierro, totalitarias, sitios contra natura3, donde la desesperanza y el miedo están grabados en el rostro de sus habitantes, a quienes no resta otra expectativa sino sobrevivir a la violencia física y moral, al hacinamiento, la falta de asistencia médica, la indefensión jurídica, la transmisión de seropositividad y las contiendas entre grupos rivales. Pese a la proclamación, reiterada enfáticamente en la jurisprudencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos, de que el Estado es el garante de los derechos humanos de los recluidos, lo que sí se constata es una absoluta inatención a las reglas y los principios consagrados en los reglamentos, las leyes, las Constituciones y los tratados internacionales firmados por los países de la región. En su Voto Disidente a la Sentencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos, en el Caso Caballero Delgado y Santana, del 8 de diciembre de 1995, el Juez Antônio Augusto Cançado Trindade, hoy integrante de la Corte Internacional de Justicia (de la Haya), destaca: La eficacia de los tratados de derechos humanos se mide, en gran parte, por su impacto en el derecho interno de los Estados Partes. No se puede legítimamente esperar que un tratado de derechos humanos se ‘adapte’ a las condiciones prevalecientes al interior de cada país, por cuanto debe, a contrario sensu, tener el efecto de perfeccionar las condiciones de ejercicio de los derechos por él protegidos en el ámbito del derecho interno de los Estados Partes. Para la CorteIDH, aun en los países que reconocen su competencia contenciosa, la aplicación de los tratados es mucho más difícil respecto a la figura siempre invisible del preso, ciudadano de segunda categoría, así considerado desde los albores de la prisión como pena. Parafraseando a Oscar Wilde en la Balada de la Cárcel de Reading, nadie llora sobre la oscura y olvidada tumba de los delincuentes asesinados a la luz del día en esas sucursales de las tinieblas. Mucho menos los políticos que en otras circunstancias no se sonrojan con la función de plañideras, pero que en esta sede permanecen ausentes, porque no recogen votos. El argentino cosmopolita Elías Carranza, Director del Ilanud, en su cruzada howardiana por los territorios de América Latina y el Caribe, ha denunciado con su acostumbrada contundencia la condición de sus cárceles, dejando claro como el agua que las perspectivas para la región no son buenas, al menos para el corto y mediano plazo, ya que nada indica que la tendencia estadística tan acentuadamente creciente de las tasas penitenciarias que viene manifestándose desde hace ocho años vaya a cambiar su curso. Estamos ante la presencia de una bola de hacinamiento y de violencia carcelaria que se magnifica día a día, y es muy factible que se reiteren los motines, incendios y otros hechos violentos que han venido ocurriendo en muchos países con resultados lamentables de pérdidas de vidas humanas. Es indispensable ser serios y analizar a la situación con objetividad, advirtiendo la gravedad que tiene.4 4. EL FRACASO DE LA REHABILITACIÓN En los centros penitenciarios, a los cuales se suman en algunos países las comisarías policiales (calabozos del olvido, pletóricos e insalubres travestidos de prisiones), el horror se quita el velo y desnuda la banalización del oprobio. En ellos, hombres y mujeres se brutalizan, se degradan y, como advierte Von Liszt, ingresan definitivamente a las huestes del crimen.5 Pocas son las prisiones que logran escapar de este perfil de penuria y desidia moral, que caracteriza a los sistemas prisionales de Latinoamérica, objeto de denuncias asiduas ante los organismos nacionales e internacionales de protección de los derechos humanos. La experiencia de presidios mantenidos por la comunidad (las Asociaciones de Protección y Asistencia al Condenado - APAC, una iniciativa pionera del abogado Mário Ottoboni), desarrollada desde la década de 70, existente hoy en varias partes de Brasil y reproducida en Estados Unidos, Noruega, Alemania, Singapur, Nueva Zelanda, 107 César Oliveira de Barros Leal Letonia, Moldavia, Guinea, Bolivia, Ecuador, Chile y Costa Rica, o de presidios que funcionan merced a convenios firmados entre el Estado y organizaciones no gubernamentales -ONG-, los llamados Centros de Resocialización, es un raro ejemplo positivo en un universo de muchas sombras y poquísimas luces, emblematizado por una palabra cargada de significado -fracaso-, máxime si el termómetro de su evaluación enfoca a la tarea (de ineludible referencia) de rehabilitación -o reeducación o resocialización-, conforme al término usado por las teorías “re”. De veras la readaptación constituye la columna maestra de la mayoría de las legislaciones penitenciarias de América Latina. A pesar de ello, la realidad suele ser otra, muy distinta: expulsión del territorio nacional para extranjeros, tratamiento de desintoxicación, confiscación de bienes, caución de no ofender, cumplimiento de instrucciones, amonestación, interdicción temporaria de derechos, reconciliación con el ofendido, prestación de servicios comunitarios, limitación de fin de semana, pérdida de bienes, pena pecuniaria, multa indemnizatoria, etc.), destinadas preeminentemente a los condenados por delitos de escasa entidad, de pequeño potencial ofensivo -como hurtos, lesiones corporales leves y fraudes- y eventualmente de mediana criminalidad. En una síntesis oportuna, expone Nieves Sanz Mulas, Doctora en Derecho por la Universidad de Salamanca: El encierro no puede educar para la libertad. La prisión, tal como hoy se concibe…, sustentada en la mentira institucional de la readaptación, no sólo no educa, deseduca y etiqueta de por vida a quien llega a ocuparla.6 El camino hacia la reducción del uso de la prisión empieza, no debemos olvidarlo, por emprender todas aquellas vías encaminadas a atenuar la pena de prisión, comenzando por los tratamientos en libertad -suspensión condicional, libertad condicional, régimen de prueba, etcétera- y, cuando la prisión sea absolutamente necesaria, adoptando todas aquellas modalidades de prisión más favorables en aras del tratamiento -léase prisión abierta, arresto fin de semana, prisión discontinua, etcétera-. Sin embargo, los verdaderos sustitutivos a la pena privativa de libertad no son éstos, sino aquellos que, de entrada, prevén otro tipo de mal distinto al de la privación de la libertad. Porque una vez desmitificada la correlación entre cárcel e igualdad, y corroborado más bien todo lo contrario, en la carrera hacia la alternatividad se debe evitar caer en el mismo error que la prisión, consagrando de forma efectiva las ‘desigualdades sustanciales’ tan propias de ésta. Se debe evitar, de una vez por todas -advierte Bricola-, que aquellos sujetos que poseen bienes distintos al de la libertad personal, a favorecer el ritual sancionatorio, puedan disfrutar de sanciones privilegiadas respecto a los que disponen, pero sólo en apariencia, del solo bien de la libertad personal.10 Una visita a dos o tres reclusorios del continente no deja suponer que cambios significativos sobrevengan en los años venideros, si se consideran ante todo los progresivos niveles de encarcelación -impulsados por los partidarios de la nueva punitividad, del derecho penal simbólico (que “manipula el miedo al delito y la inseguridad, reacciona con un rigor innecesario y desproporcionado y se preocupa exclusivamente por ciertos delitos e infractores”7), adalides de la represión, la severización de las penas, 8 los delitos inexcarcelables, la pena vitalicia y la incapacitación punitiva (fuera de los muros, porque internamente el ciclo de victimización se perpetúa)-, así como el desinterés de las autoridades y de la sociedad de vencer sus problemas (en especial el sobrecupo, la corrupción y la violencia) y la falta de políticas públicas orientadas hacia su transformación en agencias mínimamente terapéuticas. 5. UN CAMBIO DE RUTA. SUSTITUTIVOS PENALES LOS La percepción del malogro de la cárcel -“de esta cárcel que tenemos, pero que no queremos”9-, asociado a las altas tasas de reclusos, que se atribuye también a la persistente cultura de encarcelamiento, y a los inmensos gastos en su manutención, ha estimulado en América Latina, en mayor o menor grado, la creación y aplicación de nuevas sanciones, no privativas de libertad (exilio local, prohibición de frecuentar determinados lugares, manutención de distancia de la víctima, 108 La autora recuerda, en su sugerente obra, que existen otros bienes jurídicos además de la libertad e igualmente valiosos, de los que el reo puede ser privado, debiendo sobre ellos dirigirse la mano represiva del Estado. En cuanto al trabajo en beneficio de la comunidad, que ocupa el puesto de reina soberana de la alternatividad penal, es acertado decir: Satisface, en especial medida, la idea de un derecho penal humano –respecto a la dignidad del ciudadano– y la de propiciar al agente del La Pena de Prisión en América Latina: Los Privados de Libertad y sus Derechos Humanos delito su reinserción social. Está, además de eso, de acuerdo con el pensamiento de prevención general positiva, que se entiende como siendo el más adecuado a justificar la pena. Es más, se evitan ciertas desventajas de la pena de prisión: hay un efecto socialmente constructivo, incentivando el cumplimiento de la norma, sin causar daños a la personalidad del agente, y, con ello, su aplicación no debe ser incrementada, como ya lo hacen muchos otros países.11 nomen iuris de los sustitutivos de la prisión. En todo el país, las críticas que esos sustitutivos reciben, en virtud de la precariedad e insuficiencia de supervisión, disminuyen con la creación de salas, núcleos y centrales de ejecución de penas y medidas alternativas, que celosamente realizan su seguimiento, contando con el apoyo comunitario. Sin embargo, ésta no es la realidad de toda la región, como registra Álvaro Cálix al mencionar las “medidas substitutivas y penas alternativas”: Desde el punto de vista de una nueva política criminal reduccionista -que rechace el populismo patibulario12 y sea favorable a un derecho penal mínimo (parte de un dilatado programa de justicia social y pacificación de los conflictos13)-, se ha de reservar la clausura, postrera instancia del control social, como el último recurso, a los violentos, los multirreincidentes, muchos de los cuales se perfeccionaron en la propia prisión14 y encarnan un serio riesgo de reiteración delictiva (secuestradores, autores de robo agravado, miembros de pandillas, narcotraficantes, torturadores, entre otros), aplicándose a los demás ofensores otras alternativas de punición, de conformidad con las Reglas Mínimas de las Naciones Unidas sobre las Medidas no Privativas de Libertad - Reglas de Tokio, redactadas por el United Nations Asia and far East Institute for the Prevention of Crime and the Treatment of Offenders (UNAFEI) y aprobadas por la Resolución n. 45/10, del 14 de diciembre de 1990, de la Asamblea General de las Naciones Unidas. Dichos sustitutivos penales, uno de los principales retos de la justicia criminal (la cual, en algunos aspectos anacrónica, necesita, sin ningún indicio de dudas, ajustarse a los requerimientos de la contemporaneidad), favorecen a un costo mucho menor la reinserción social de los privados de libertad (prevención especial positiva) y presentan índices elevados de éxito en otras latitudes del mundo. En Brasil, el país con la mayor población reclusa de América Latina, recientemente el Departamento Penitenciario Nacional del Ministerio de Justicia (MJ) anunció que la privación jurídica de la libertad fue superada con creces por las penas restrictivas de derechos, La legislación procesal y sustantiva latinoamericana también ha incluido esas medidas, aunque su aplicación se ha visto menguada por la férrea resistencia de los sectores más reaccionarios. 15 Falta mucho, en gran parte de los países latinoamericanos, para que las prisiones pierdan su hegemonía vetusta y espuria que sólo contribuye a exacerbar las desigualdades socioeconómicas y ampliar los índices de una criminalidad cada vez más violenta y organizada. Miles de millones de reales, de pesos, de bolívares, de colones, de guaraníes, de quetzales se gastan – ¿o debería decir: se despilfarran?- para mantener un sistema que se ha revelado perverso, inicuo, pues nada más hace -toda excepción preservada- que pervertir, que contaminar a quienes allí ingresan para purgar una pena de corta, media o larga duración, o esperar un juicio que puede, por la morosidad de la justicia, durar años -acabando por absolverlos o condenarlos a una pena irónicamente inferior al tiempo de custodia- o, a lo mejor, nunca ocurrir. Años que para los internos, los descalzos, los menesterosos, los que no lograron contratar una defensa apropiada, ahora inmersos en la inacción, en la inasistencia, en la promiscuidad, en el olvido, son como siglos, pues el tiempo tiene otra dimensión en el encierro, midiéndose por el cronómetro de la desesperanza y el anhelo insoslayable de libertad. Nota: Fragmento de libro La Vigilancia Electrónica a Distancia: Instrumento de Control y Alternativa a la Prisión en América Latina. Prólogo de Elías Carranza. Editorial Porrúa, Ilanud, Cela, México, 2010. 109 César Oliveira de Barros Leal NOTAS 1. Sobre la prisión preventiva: “No cabe suprimir de un plumazo la institución pero sí ir descolorando aquellos supuestos grises y empezar en concienciar a la sociedad de que la prisión preventiva es una institución caduca que debe llegar a desaparecer, pues nadie debería ser encarcelado sin haber sufrido un juicio con todas las garantías. En efecto, es en la mentalidad colectiva, a menudo en sus expectativas vengativas y en sus juicios sumarios y precipitados, donde descansa el arraigo de la prisión preventiva. No cabe perpetuar una institución injusta cuando la tecnología nos abre las puertas a nuevas soluciones.” Y adelante: “En definitiva, la prisión preventiva es un elemento extraño y arcaico en nuestra arquitectura constitucional, pues no deja de ser una medida cautelar que recae sobre la libertad de quien es todavía inocente… Quien apuesta por la prisión preventiva como institución lo hace por la negación del sistema de Justicia, pues saltándose todas las garantías procesales se consigue el inmediato castigo.” (GUDÍN RODRÍGUEZ-MAGARIÑOS, Faustino, Cárcel Electrónica Versus Prisión Preventiva, disponible en Internet, p. 35) 2. BARROS LEAL, César, La Ejecución Penal en América Latina a la Luz de los derechos Humanos: Viaje por los Senderos del Dolor, Porrúa/Ilanud/Facultad de Derecho de la UNAM, México, 2009, pp. 98-99. 3. SCHERER GARCÍA, Julio, Cárceles, Extra Alfaguara, Argentina, 1998, p. 66. Es de Ricardo Balestena la indagación: “¿Qué horrores se verán dentro de dos o tres siglos de lo que hoy hace el sistema penal, pensando que con sus acciones presentes ejerce mecanismos garantistas?” (Op. cit., pp. 14-15) 4. CARRANZA, Elías, “Sobrepoblación Penitenciaria en América Latina y el Caribe: Situación y Respuestas Posibles”, en Justicia Penal y Sobrepoblación Penitenciaria [Respuestas Posibles], Ilanud/Siglo XXI, San José, Costa Rica, 2001, p. 31. 5. Dos testimonios en la misma dirección: a) “La ejecución de la pena es estéril, pues no transforma al condenado, sino que lo destruye, lo aniquila, le produce efectos irreparables.” (BARREDA, Luis de et al, op. cit., p. 148); b) “Así ya está harto demostrado que la cárcel no resocializa, no educa, no reinserta socialmente, no puede cambiar las relaciones de producción, 110 no puede combatir al delito, no puede evitar la reincidencia…” (BUJÁN, Javier Alejandro y FERRANDO, Víctor Hugo, La Cárcel Argentina. Una Perspectiva Crítica, Ad-Hoc, Argentina, 1998, p. 194) 6. SALES HEREDIA, Renato, “La Falacia readaptadota”, en Iter Criminis, Revista de Ciencias Penales, número 1, segunda época, Instituto Nacional de Ciencias Penales (Inacipe), México, 2001, p. 105. 7. SOUZA QUEIROZ, Paulo de, Funções do Direito Penal: Legitimação versus Deslegitimação do Sistema Penal, Del Rey, Belo Horizonte, 2001, p. 56. 8. En relación con este punto: “El fracaso de las teorías y prácticas readaptadoras y la crisis de la prisión, que se vive en todo el mundo, dan argumentos a estos defensores del castigo severo, sin ánimos reeducativos, y de la represión sin cortapisas.” (GONZÁLEZ DE LA VEGA, René, Derecho Penal Contemporáneo, UBIJUS/Inacipe, México, 2008, p. 279) 9. BERGALLI, Roberto, Introducción al libro Cárcel y Derechos Humanos: Un Enfoque Relativo a la Defensa de los Derechos Humanos Fundamentales de los Reclusos, coordinado por Iñaki Rivera Beiras, J. M. Bosch, Barcelona, sin fecha, p. 20. 10. SANZ MULAS, Nieves, Alternativas a la Prisión, Instituto Nacional de Ciencias Penales, México, 2004, pp. 402-403. 11. SHECAIRA, Sergio Salomão, Prestação de Serviços à Comunidade: Alternativa à Pena Privativa de Liberdade, Saraiva, São Paulo, 1993, p. 25. En su libro A Substituição da Prisão: Alternativas Penais, Legitimidade e Adequação (Podivm, Salvador, 2008, p. 195), Geder Luiz Rocha Gomes indica que ésa es la pena “más utilizada en el País entre todas las penas alternativas, superando el 90% de los casos, aplicada aislada o cumulativamente, según se ve en la encuesta nacional realizada por el Ilanud y divulgada en el año de 2007”. 12. Acerca de este tema, léase: SIMONETTI, José M., “La Ilusión Penal”, en FELLINI, Zulita (dirección), Derecho de Ejecución Penal, Hammurabi, Buenos Aires, 2006, pp. 77 a 99. 13. SOUZA QUEIROZ, Paulo de, op. cit., p. 119. Con igual postura: “Un moderno Estado social y democrático de Derecho busca que la política La Pena de Prisión en América Latina: Los Privados de Libertad y sus Derechos Humanos de represión penal sea la mínima necesaria para salvaguardar los derechos y las libertades de los demás. Todo ello nos sugiere de inmediato la conveniencia de un Derecho penal mínimo, verdadera ultima ratio del poder estatal y, por tanto, reservado para sancionar aquellos comportamientos que, a través de la agresión a las personas o a sus bienes, cuestiona los fundamentos de la convivencia establecida. Con arreglo a este modelo, la restricción de la libertad del ciudadano sólo es lícita cuando es absolutamente necesaria para la protección preventiva de determinados bienes jurídicos o para la imposición de normas imprescindibles de comportamiento, sin cuya observancia sería imposible la convivencia en una comunidad democrática basada en la autodeterminación individual.” (GUDÍN RODRÍGUEZMAGARIÑOS, Faustino, Cárcel Electrónica Versus Prisión Preventiva, disponible en la web, p. 35) 14. Es de Michel Foucault la advertencia: “Si bien es cierto que la prisión sanciona la delincuencia, ésta, en cuanto a lo esencial, se fabrica en y por un encarcelamiento que la prisión, a fin de cuentas, prolonga a su vez. La prisión no es sino la continuación natural, nada más que un grado superior de esa jerarquía recorrida paso a paso. El delincuente es un producto de la institución. Es inútil por consiguiente asombrarse de que, en una proporción considerable, la bibliografía de los condenados pase por todos esos mecanismos y establecimientos de los que fingimos creer que estaban destinados a evitar la prisión.” (Op. cit., p. 308) 15. CÁLIX, Álvaro, op. cit., p. 43. 111 A BARREN EFFORT? THE JURISPRUDENCE OF THE INTER-AMERICAN COURT OF HUMAN RIGHTS ON JUS COGENS* Diana Contreras-Garduno Doctoral researcher at Utrecht University’s Netherlands Institute of Human Rights; LLM in International Human Rights and Criminal Justice from Utrecht University; Supervisor at the Utrecht Law School Clinic on Conflict, Human Rights and International Justice. Ignacio Alvarez-Rio Law degree from the Universidad Iberoamericana, Mexico City; He was scientific assistant and project coordinator of the Rule of Law Programme for Latin America at the Konrad Adenauer Stiftung, Mexico City office; He is currently an LRM candidate at Utrecht University. 1. INTRODUCTION The notion of jus cogens (or peremptory norms) was codified in international law by the adoption of Article 532 of the 1969 Vienna Convention of the Law of Treaties (VCLT or Vienna Convention)3 as the fundamental principle of international law from which derogation is not permitted. However, both the scope and content of jus cogens was not defined in Article 53. Hence, it is argued that since its inception there has not been an agreement as to which norms of international law have reached the status of jus cogens4 or which criteria can be used to identify jus cogens norms. As a result, jus cogens has received substantial attention in legal scholarship, which has extensively debated the existence of this concept,5 as well as its scope.6 Despite all the ink dedicated to it, there is still no conformity on what this term entails.7 Its elusive definition, scope and content were meant to be elucidated primarily by the International Court of Justice (ICJ).8 However, this Court has been reluctant to clarify which norms have reached the status of jus cogens and what the method for their identification is.9 Contrary to the ICJ, the Inter-American Court of Human Rights (IACtHR or Inter-American Court), a regional human rights tribunal, has continuously expanded the content of jus cogens through its jurisprudence. These developments have been greatly influenced by former IACtHR Judge Cançado Trindade, who has strongly affirmed the existence of a universal juridical conscience as the ultimate material source of law.10 During the last decade,11 the Inter-American Court has found jus cogens norms in more than ten different rights. Remarkably, this jurisprudence has no precedence in international law. Regrettably, the vast legal scholarship on jus cogens12 does not yet include a detailed study on the Inter-American Court’s contribution to the construction of jus cogens. The IACtHR’s jurisprudence, which gives an evolving content to jus cogens, has been widely ignored, to the extent that even legal scholars like Dinah Shelton – perhaps hastily – asserted that “Human rights tribunals until quite recently […] avoided pronouncing on jus cogens”.13 She further affirmed that, in the Inter-American Court, “the term [jus cogens] has been discussed only once by the Court as a whole”.14 Perhaps she meant that the Court has extensively discussed the relevance and importance of jus cogens in international law only once in an advisory opinion,15 but the concept has not been ignored by the IACtHR, which has brought it up in several sentences since 2003.16 Shelton’s statement might be accurate as far as the European Court of Human Rights (ECtHR) is concerned.17 Yet, the legitimacy and value of this doctrine within the framework of international law remains an open question. The InterAmerican Court is well known for its progressive interpretation of the human rights protected in the American Convention on Human Rights (ACHR or American Convention), its founding document. Article 62 of this document clearly establishes that the Court has the competence to interpret and apply the ACHR. However, giving content to the term jus cogens implies that the Court has interpreted Article 53 of the VCLT, a function that 113 Diana Contreras-Garduno e Ignacio Alvarez-Rio is not within its competences. Therefore, under the international law framework, the legitimacy of the Inter-American Court as an interpreter of the Vienna Convention and the value of the resulting jurisprudence is questionable. This article aims to explore these matters. The first part discusses the origins and seemingly purposeful elusive genesis and understanding of jus cogens. The second part analyses the mandate given to the Court(s) to interpret the VCLT. While the lack of clarity of jus cogens begs for the interpretation of Article 53 of the Vienna Convention, the legitimate competence to do so is not part of the mandate of every single tribunal, but primarily of the ICJ. Thus, the scope and content given to this term by other international tribunals, such as the IACtHR lacks legitimacy and its relevance under international law is quite controversial, perhaps to the point of it being of little consequence or even ultra vires. The third part examines the ICJ’s interpretation of jus cogens and a first confusion between this term and obligations erga omnes, both being terms wrongly used as interchangeable.18 It is also shown that like the ICJ, the IACtHR has used a peculiar methodology to pinpoint the jus cogens nature of some rights and it is demonstrated that this Court has proclaimed more jus cogens norms than any other international tribunal. It has discretionally “selected” some rights that are considered to be part of international customary law and elevated them to the highest category of law: jus cogens. Yet, it has failed to clearly explain the criteria used to identify such norms or their peremptory nature. 2. THE HISTORICAL CONCEPTION OF JUS COGENS During the United Nations Conference on the Law of Treaties, only one government, France, disputed the existence of jus cogens as asserted by the International Law Commission in its draft articles on the law of treaties.19 In the face of such wide support, anyone could reasonably expect to be presented with a clearly defined concept, and for its proponents to have a specific idea of the matter. Ironically, that is not the case, and even after more than 30 years since the conference took place, the concept remains somewhat elusive and ambiguous. However, the existence of limits to the liberty to contract or boundaries of the will, span through millennia and are shared by different schools of thought. Whether it is on natural law, 114 public interest, ethics or moral grounds, persons as well as States cannot contravene some roughly identified norms, and all legal systems accept unwritten limitations or peremptory norms.20 2.1. Setting the stage: Jus cogens in International Law The origins of a primordial conception of jus cogens are located in Roman law, as a set of norms originating primarily in private law, which, due to its importance, transcended into the public law sphere.21 It is of little consequence for the purposes of this article to dwell deeply into the “prehistory” of this institution. However, one aspect is of relevance, namely the recognition of the need to restrain the liberty to contract, by virtue of certain principles that uphold the public interest.22 In other words, there are certain ironclad norms that cannot be contradicted, and which supersede the will and liberty of the contracting parties. The purpose of such peremptory norms is to safeguard the public interest in the subsistence of basic principles that allow the existence of the liberty to contract. They are the condition sine qua non the liberty to contract becomes impossible to uphold. This maxim originated in Roman law and was later translated and adopted in modern municipal law as the notion of ordre public.23 It is in the concept of ordre public that another school of thought, namely natural law or jus naturale, meets up and even overlaps with Roman law in their recognition of preemptive norms. Notwithstanding the ancient roots of jus naturale, it is with Francisco de Vitoria and Hugo Grotius that it came into play in international law and was secularised during the French Revolution, later leading to the proper ordre public concept. Here we have the converging point.24 Thus, whether it is the natural law that is common to all mankind, or the law of reason proposed during the French Revolution, they recognise a series of peremptory norms to which all international law is subjected. “In the nineteenth century, legal positivism challenged the assumptions of jus naturale and its propositions on the limitation of the contracting liberty of the States. Nevertheless, they did agree on one matter: treaties contrary to international public policy or basic moral principles should be void.25 Again, the ordre public international is the apparent converging point. Thus we come to a more proximate arena in the history of jus cogens. A paper written by Verdross in 1936 outlined the matter and A Barren Effort? The Jurisprudence of the Inter-American Court of Human Rights on Jus Cogens profoundly influenced subsequent discussions, at least until the 1969 Vienna Convention on the Law of Treaties was finally drafted.26 Verdross argues that, “[…] each treaty presupposes a number of norms necessary to the very coming into existing of an international treaty”.27 His point is that, prior to the negotiation of a treaty, the relevant States are in principle free to contract on any subject they see fit, yet the will of the States is limited by conditions sine qua non a contract would be pointless or impossible. In other words, the principle of pacta sunt servanda, for example, has not been agreed on a priori, yet the negotiating parties are subjected to it by virtue of their desire to engage in a pact. Since States cannot agree to derogate from or contravene such preexisting norms, these must be compulsory norms in general international law. Verdross then goes on to argue in favour of the existence of compulsory norms regarding the content of treaties. He turns to the general law principle that prohibits treaties that go against good morals (contra bonos mores28): “This prohibition, common to the juridical orders of all civilized states, [responds to] the fact that every juridical order regulates the rational and moral coexistence of the members of a community”.29 Verdross does not settle with revisiting the moral or reason-grounds of the previous scholars we have mentioned here, but anchors his argument more solidly in positivist terms. He argues that Article 38(3) of the Statute of the Permanent Court of International Justice30 proves his point by establishing the general principles of law as binding in international law. Even though general principles of law are subsidiary and only apply when no treaty or customary law contradicts them, he circles back to the idea that there are certain compulsory norms in international law that, as he had already proven, cannot be derogated from or contravened by the States. Otherwise, compulsory norms would never be applicable in international law.31 Regardless of Verdross’s lingering influence, as we have seen, others place the source of peremptory norms in consent, natural law, international public order and constitutional law.32 The 1969 Vienna Convention on the Law of Treaties is the first international text that instituted jus cogens. 2.2. The codification of jus cogens in international law The International Law Commission (ILC) prepared the draft of the VCLT after several sessions and reports in which jus cogens was a dividing factor.33 Special Rapporteurs on the law of treaties, Lauterpacht, Fitzmaurice and Waldock, made different proposals. Jus cogens was extensively debated among delegations.34 It is important, however, to highlight the suggestion made by the Colombian representative, Dr. Yepes, that good faith, since it had been mentioned in the UN Charter as the supreme norm in international relations, should be duly regarded in the elaboration of treaties. According to him, good faith should be understood as the requisite of all treaties to seek a lawful purpose or otherwise be invalid.35 Lauterpacht upheld this idea and proposed the illegality under international law of a treaty, with the effect of its invalidity or voidness if it contravened overriding principles of international law or international public policy, understood as ordre international public.36 Succeeding Special Rapporteur Fitzmaurice presented jus cogens as a validity point in the substance of a treaty, but distinguished legality, with its corresponding invalidity effect (if it contravened jus cogens), from immorality, resulting in the treaty’s unenforceability (if it were unethical). The third Special Rapporteur Waldock combined both Lauterpacht’s and Fitmaurice’s suggestions.37 After exhaustive negotiations, the concept of jus cogens (or peremptory norm of general international law) was finally codified in international law by the adoption of Article 53 of the VCLT: A norm accepted and recognized by the international community of States as a whole as a norm from which no derogation is permitted and which can be modified only by a subsequent norm of general international law having the same character. Turning to its legal consequences and based on this definition, jus cogens norms are: (i) regarded sometimes as “international constitutional rules” due to their power to limit States’ will, as well as their nature as a fundamental principle of ordre public;38 (ii) non-derogable norms of general international law which are to be differentiated from regional common law;39 (iii) part of international customary law. In this light, a “majority of States can bind a minority”40 and no individual State has a veto power in the sense that they cannot argue their 115 Diana Contreras-Garduno e Ignacio Alvarez-Rio exceptionality to avoid being bound by it;41 and established by the consent of the international community by means of State practice. As regards the latter point, Rafael NietoNavia, former judge of the International Criminal Tribunal for the former Yugoslavia, has affirmed that such consent must be found through the existence of the following sources: (i) general treaties; (ii) international custom; and (iii) general principles of law recognised by civilised nations.42 In addition, jus cogens norms do not admit any justification for the absence of their enforcement, unless the existence of circumstances of force majeure that make their implementation impossible is proven.43 These norms do not have a retroactive effect.44 Significantly, Article 53 establishes that consent of the international community of States is necessary in order to identify jus cogens norms. However, this article neither provides guidelines to establish such consent nor establishes which body is competent to identify the jus cogens nature of norms of international law. 3. COMPETENCE TO INTERPRET ARTICLE 53 OF THE VCLT Due to the lack of an “accepted criterion by which to identify a general rule of international law as having the character of jus cogens”,45 and to the fact that this term is constantly evolving,46 Article 53 does not provide a (non-exhaustive) list of jus cogens norms.47 Nevertheless, some reports on the Law of Treaties attempted to exemplify what a jus cogens norm is. Specific examples include: (i) Principles of the UN Charter contemplating the unlawful use of force; (ii) international laws prescribing international criminal acts; and (iii) international laws proscribing slave trade, piracy or genocide.48 Unfortunately, the drafters of Article 53 avoided listing such norms out of fear of limiting the scope and reach of the concept of jus cogens.49 On the other hand, Article 40 of the Draft Articles on State Responsibility, which also refers to peremptory norms, cited examples of what a peremptory norm is: “the prohibition against torture, the basic rules of international humanitarian law applicable in armed conflict and the principle of the right of selfdetermination”.50 In addition, some legal scholars had already considered “piracy, slavery, the trade of slaves”51 and the right to non-refoulement,52 as jus cogens norms prior to the adoption of Article 53 of the Vienna Convention. 116 Evidently, there is a need for interpretation of Article 53. The question of which international tribunal bears the duty to clarify the content of jus cogens is not so evident. We will now look at the ICJ and IACtHR’s competence to do so. 3.1 Competence of the International Court of Justice Notably, Articles 65(3)53 and 66(a)54 of the VCLT provide for the competence of the deciding authority in cases related to Article 53 (jus cogens). In case of dispute, the parties will submit a written application to the ICJ or will agree on an arbiter. Therefore, it is clear that the ICJ has the primary competence to rule on these jus cogens matters. For such a procedure to be triggered, the claimant would have to be a subject of international law (i.e. a State and not an individual), seeking the invalidation of a treaty due to a violation of a jus cogens norm. To this date, the courts have not received any complaint challenging the compatibility of a treaty with jus cogens and they have only pronounced themselves incidentally on such norms.55 Although the VCLT clearly establishes that the ICJ is the competent body to decide on disputes related to jus cogens and therefore on the content of that category of norms, Special Rapporteur Waldock believes that any international tribunal and State practice can decide on the nature of jus cogens norms. Thus, he stated that, at the drafting of the Vienna Convention, States decided “to leave the full content of this rule to be worked out in State practice and in the jurisprudence of international tribunals”.56 Therefore, no tribunal would have the monopoly to interpret jus cogens norms. This approach was further supported by the 2001 commentaries on State Responsibility for Internationally Wrongful Acts: The concept of peremptory norms of general international law is recognized in international practice, in the jurisprudence of international and national courts and tribunals and in legal doctrine.57 Hence, the power to identify jus cogens norms seems to have been expanded beyond international jurisprudence and State practice to legal doctrine. Concerning the international jurisprudence, we should recall that, at the time of the drafting of the VCLT, it was difficult to foresee the proliferation of international tribunals that happened during the last decades. A Barren Effort? The Jurisprudence of the Inter-American Court of Human Rights on Jus Cogens Amongst the ranks of such tribunals, the iIACtHR has become the most prominent interpreter of jus cogens:58 The Court can, and beyond this, has the obligation to attribute jus cogens nature to those rights most dear to the person, the core components of protection (“hard core of human rights”), so as to protect and comply with the objective of protecting human rights covered by the American Convention.59 In the following section we analyse the framework under which the IACtHR exercises its functions. 3.2. The competence of the Inter-American Court The IACtHR is an autonomous judicial organ and one of the two main bodies of the InterAmerican System of Human Rights,60 created by the American Convention in 1969. According to this document, the Court’s mandate is twofold: interpreting and applying the ACHR, its founding document. This mandate is fulfilled through both a contentious and an advisory function.61 The Court’s contentious jurisdiction implies that it has power to adjudicate claims of human rights violations under the ACHR by issuing judgments against States and ordering reparations for victims.62 Through its advisory opinions, the Court “assist[s] states and organs to comply with and to apply human rights treaties without subjecting them to the formalism and the sanctions associated with the contentious judicial process”.63 Even though it is labelled an “opinion”, which entails that there are no parties to the process and it is not binding, the Court is exercising its jurisdictional powers in “an alternate judicial method of a consultative nature”.64 Thus, the advisory opinion would resemble a statement or definition of policy, both for states’ compliance with the American Convention as it is for the Court’s own course of action. Although there are several substantial and procedural differences between their functions, it has been in both contentious cases and advisory opinions that the Court has defined its own competence, mainly through the interpretation of Articles 62(3) and 64 of the American Convention.65 In its first advisory opinion, Costa Rica asked the IACtHR to define its own competence to interpret the meaning of “other treaties” in Article 64. In its response, the Court acknowledged that it had even wider powers than the ICJ and the ECtHR in its advisory functions and stated that the scope of the ACHR clearly pointed to a universalist perspective with “a certain tendency to integrate the regional and universal systems for the protection of human rights”.66 The Court advanced its reach and declared that its competence stretched further than regional treaties and encompassed all treaties, as long as they involved any Member State of the OAS and contained provisions regarding human rights (even if ancillary). This rather assertive and extensive interpretation of Article 64 was left with the safeguard that, regardless, the Court would decide on a case-by-case basis, giving due consideration to the convenience of the matter and the ulterior effects.67 The Court has further reaffirmed its authority over decisions regarding its competence, stating that “as with any court or tribunal, [the Court] has the inherent authority to determine the scope of its own competence (compétence de la compétence/Kompetenz-Kompetenz)”.68 Accordingly, “acceptance of the Court’s binding jurisdiction is an ironclad clause to which there can be no limitations except those expressly provided for in Article 62(1)69 of the American Convention”.70 Thus, the IACtHR has adopted a rather expansionary perspective of the ACHR and reserves the right to decide on whatever it finds reasonable. We will come back to this later and comment on its legitimacy. 4. EXAMPLES OF JUS INTERPRETATIONS COGENS’ 4.1. The jurisprudence of the International Court of Justice Despite the ICJ’s primary competence on defining jus cogens norms, it has been very reluctant to elaborate on these norms. However, it has indirectly referred to such norms several times. These indirect references have been made in judges’ separate opinions, and through some “cacophonic neologism”,71 the creation of diffuse terms, such as the concept of erga omnes obligations or the use of abstract phrases such as “intransgressible principles of humanitarian law”.72 4.1.1. Erga Omnes Obligations and Jus Cogens, Two Sides of the Same Coin Many scholars and even courts have used the terms erga omnes and jus cogens interchangeably. 117 Diana Contreras-Garduno e Ignacio Alvarez-Rio However, there are differences that should be kept in mind to avoid such confusion. For example, the source of jus cogens is in the VCLT, while obligations erga omnes were properly raised for the first time in the Barcelona Traction Case. Another difference is that “although the examples given by the ICJ of obligations erga omnes may also have the nature of jus cogens, the Court did not seek to emphasize their non-derogability”.73 In addition, erga omnes is the shift from bilateralism (where “the entitlement to invoke the cause of invalidity in question is reserved to the contracting [...] states only”74) to a conception of the protection of the interests of the international community as a whole (allowing for any State to raise the issue). Furthermore, erga omnes norms “were not necessarily distinguished by the importance of their substance” and “the Court did not seek to emphasize their non-derogability”,75 while those are essential characteristics of jus cogens norms. In other words, the concept erga omnes has more of a procedural purpose, while the opposite applies to jus cogens as they are essentially substantial norms. Regardless of the various differences, both concepts tend to refer to the same principles, rights and peremptory norms, for example torture or genocide, and therein lies its erroneous interchangeable use. There is another common confusion in the application of Article 103 of the Charter of the United Nations (UN Charter).76 Even though the sources of international law tend to have a horizontal hierarchical arrangement, Article 103 establishes the pre-eminence of the obligations provided by the UN Charter over others that the States may have acquired by virtue of other treaties. However, the UN Charter is subject to the provisions of the VCLT and is therefore not above jus cogens norms. Moreover, even though, according to Article 103, the UN Charter prevails over other treaty obligations, it does not have the effect of nullifying the conflicting treaty, as would happen with a jus cogens norm.77 Hence, the UN Charter will be subject to the VCLT (and jus cogens norms) as other treaties would. 4.1.2. The ICJ’s Indirect Reference to Jus Cogens in Separate Opinions In 1934, prior to the adoption of Article 53 VCLT, a separate opinion in The Oscar Chinn Case became the first official document referring to jus cogens. Judge Schücking interpreted Article 118 20 of the Covenant of the League of Nations to stipulate that State members should not undertake obligations incompatible with the terms and object of the Covenant, because of its jus cogens nature. 78 Since then, several judges have elaborated on the jus cogens nature of some rights. For example, in the Application of the Convention of 1902 Governing the Guardianship of Infants Case, Judge Moreno Quintana listed the following jus cogens norms: freedom of the seas, piracy, warfare rules, inviolability of treaties, and the independence and legal equality of states.79 Judge Tanaka’s dissenting opinion in The South West Africa Case in turn found a jus cogens norm in the protection of all human rights.80 In the Nicaragua v. United States Case, the Court itself declared that the principle of nonuse of force is a jus cogens norm. In his separate opinion Judge Nagendra Singh supported the Court’s view by stating that this principle “is the very cornerstone of the human effort to promote peace in a world torn by strife” as well as part of the “peremptory rules of customary international law”.81 Judge Sette-Camara also supported this view, adding that the principle of non-intervention is also a peremptory norm.82 Furthermore, in the Legal Consequences for States of the Continued Presence of South Africa in Namibia Case, Judge Ammoun upheld that the right of self-determination was a norm jus cogens. 83 In the Lockerbie Case, Judge Weeramantry asserted that the principle of aut dedere aut iudicare (extradite or prosecute) is a jus cogens norm.84 Most recently, Judge Cançado Trindade in the Ahmadou Sadio Diallo Case referred to the principle of equality and non-discrimination as jus cogens, by quoting the IACtHR’s jurisprudence.85 In the Jurisdictional Immunities of the State Case, he also stated that the waiver of “claims for reparations of serious breaches of rights” on the basis of State immunity, “is in breach of jus cogens”.86 Judge Cançado Trindade recalled that “jus cogens stands above the prerogative or privilege of State immunity”.87 Finally, in the Questions relating to the Obligation to Prosecute or Extradite, jus cogens was discussed separately by several ICJ judges. Judge Abraham and ad hoc Judge Sur suggested that the ICJ’s reference to jus cogens was an obiter dictum88 (a remark), and not necessary for the settlement of the dispute.89 In turn, Judge Cançado Trindade believes that “jus cogens ascribes an ethical content to the new ius gentium”.90 A Barren Effort? The Jurisprudence of the Inter-American Court of Human Rights on Jus Cogens 4.1.3. The ICJ’s Indirect Reference to Jus Cogens through Cacophony Neologism It is argued that, as part of the Court’s great reluctance to establish jus cogens norms, it has used the term erga omnes obligations. In the Barcelona Traction Case, the Court established that the prohibition of slavery was an erga omnes obligation.91 Similarly, in the Western Sahara Advisory Opinion and East Timor Case, the Court stated that self-determination today is a right erga omnes.92 The ICJ’s reluctance to determine jus cogens norms can be clearly seen in its stance regarding the prohibition of genocide. In its Advisory Opinion regarding Reservations to the Genocide Convention, the Court established that the prohibition of genocide was binding on all States: “the principles underlying the Convention are principles which are recognized by civilized nations as binding on States, even without any conventional obligation”.93 The Court advanced its posture in some contentious cases by highlighting that such a prohibition is an obligation upon the international community.94 Eventually, the Court acknowledged that this prohibition was part of jus cogens norms.95 Moreover, the Court has made use of abstract wording suggesting that jus cogens norms derive from universally binding obligations. In the Nicaragua v. United States Case, the Court referred to Common Articles 1 and 3 of the Geneva Convention as elementary considerations of humanity and established their binding character for all States.96 Lastly, in the Consequences of the Construction of a wall in the occupied Palestinian Territory Case, the Court established that ‘many rules of humanitarian law applicable in armed conflict are so fundamental to the respect of the human person and “elementary considerations of humanity”, that they are “to be observed by all States whether or not they have ratified the conventions that contain them, because they constitute intransgressible principles of international customary law”,97 and also erga omnes obligations.98 Instead of defining jus cogens norms, the Court is eager to create new, but also abstract, terms with similar legal effects to those of the jus cogens one which have been characterised by Biachi as cacophonic neologism. 4.1.4. The ICJ’s Direct Reference to Jus Cogens Significantly, the Court has only explicitly mentioned the jus cogens nature of three norms: the prohibition of the use of force, the prohibition of genocide and the prohibition of torture. The first time that the Court established a jus cogens norm was in the Nicaragua v. United States Case in which the Court upheld that “the law of the Charter concerning the prohibition of the use of force in itself constitutes a conspicuous example of a rule in international law having the character of jus cogens”.99 In the Armed Activities on the Territory of the Congo Case it affirmed that “the norm prohibiting genocide was assuredly a peremptory norm of international law”.100 The Court further confirmed that the prohibition of genocide is a jus cogens norm in the Bosnia and Herzegovina v. Serbia and Montenegro Case.101 Finally, in the Questions relating to the Obligation to Prosecute or Extradite Case the Court established that “the prohibition of torture is part of customary international law and it has become a peremptory norm (jus cogens)”.102 Regrettably, the Court has on the one hand established some jus cogens norms, but on the other has undermined the nature and legal effects inherent to such norms. After having established that the prohibition of genocide is a jus cogens norm, the ICJ also upheld that this cannot be the basis for the Court’s jurisdiction,103 as the latter always depends on the consent of the parties. This reasoning evidently contradicts both: (i) its previous affirmation that “the prohibition of genocide was binding to all States, including nonStates parties”,104 and more importantly (ii) the nature of jus cogens norms, which are binding on all States. 105 Similar interpretations that diverge from the original meaning given to jus cogens in the Vienna Convention can be found in the Germany v. Italy Case, in which “the Court conclude[d] that, even on the assumption that the proceedings in the Italian courts involved violations of jus cogens rules, the applicability of the customary international law on State immunity was not affected”.106 The Court’s view in this case is that jus cogens norms do not enjoy a higher position than rules of customary international law. Here again, the Court seems to ignore the text of the VCLT. 119 Diana Contreras-Garduno e Ignacio Alvarez-Rio All in all, it is important to highlight that, although the ICJ has indirectly found the jus cogens nature of more than fourteen rights, those findings have almost no influence in the ICJ’s direct reference to jus cogens, which is limited to three rights. Table 1. The different norms found to be jus cogens by the ICJ Indirect reference Separate Opinions 1 2 3 4 5 6 Covenant of the League of Nations’ terms Freedom of the seas Piracy Warfare rules Inviolability of treaties Independence and legal equality of states 7 Human rights protection 8 Non-use of force 9 aut dedere aut iudicare 10 11 Fundamental rights Self-determination Genocide Prohibition 15 Rules of humanitarian law Genocide Prohibition 3 Torture principle of equality and nondiscrimination Waiver of claims for reparation of serious breaches of rights due to state immunity 4.2. The Inter-American Court’s jurisprudence on Jus Cogens As opposed to the ICJ, the Inter-American Court has been more than keen to pinpoint jus cogens norms when interpreting the human rights protected by the American Convention.107 Its active task of finding jus cogens has been deeply influenced by the vast legal scholarship of Judge Cançado Trindade, who has explicitly “referred to the need to develop the case law on 120 2 Non-intervention Common articles of Geneva Convention 17 Non-use of force Self-determination 14 16 1 Slavery 12 13 Direct reference Cacophony neologism jus cogens prohibitions (beyond the law of treaties, covering any violation of human rights, including by way of unilateral action, so as to establish in a crystal-clear fashion the objectively unlawful nature of torture practices, summary executions and forced disappearances)”.108 The following sections demonstrate how the legal scholarship of Judge Cançado Trindade has influenced the IACtHR’s jurisprudence on jus cogens. A Barren Effort? The Jurisprudence of the Inter-American Court of Human Rights on Jus Cogens 4.2.1. The IACtHR’s Indirect Reference to Jus Cogens through Separate Opinions Interestingly, Judge Cançado Trindade, through a separate opinion, has stated that the protection of the right to life is not only a precondition for the enjoyment and exercise of other rights, but also that “There can no longer be any doubt that the fundamental right to life belongs to the domain of jus cogens”.109 This approach seems to be in line with the Special Rapporteur Ribero’s 1987 report, in which he pointed out that the right to life is a jus cogens norm.110 Similarly, Judge García Ramírez also observed that the right to life belongs to jus cogens, however, he further extended this category to the right not to be submitted to torture111 or cruel, inhuman and degrading treatment.112 Notably, he also appears to have identified the crystallisation of a jus cogens norm in the prohibition of the death penalty.113 During the adjudication of widespread human rights violations before the IACtHR, the first judicial body to adjudicate crimes of a mass scale, Judge Cançado Trindade took the opportunity to affirm, first, that the prohibition against grave and systematic violations of human rights were jus cogens norms,114 and second, that “grave human rights violations, acts of genocide and crimes against humanity, amongst other atrocities, violate absolute prohibitions of jus cogens”.115 Thus, if a violation of human rights or humanitarian law is grave, regardless of whether it is also systematic, it qualifies as a violation of jus cogens. Furthermore, he explicitly affirmed that enforced disappearance, a crime considered grave by the IACtHR, was also a prohibition of jus cogens. He based his reasoning on the fact that the IACtHR had previously established that the crime of enforced disappearance encompasses the violation of multiple rights, such as the right to freedom from torture. Since the latter is generally accepted as a jus cogens norm, enforced disappearance would also belong to the jus cogens domain.116 Judge Cançado Trindade also constructed a very progressive view on jus cogens by stating that “a crime of State is defined as a grave violation of peremptory international law (the jus cogens), which directly affects its principles and foundations, and which is a matter that concerns the international community as a whole”.117 Judge Cançado Trindade seems to have accepted the concept enshrined in Article 19 of the 1973 draft of the State Responsibility Code, written by the Special Rapporteur Roberto Ago, which intended to criminalise some State acts. 118 However, this concept was dropped in later versions due to a lack of consensus.119 Furthermore, Judge Cançado Trindade has asserted that the right to a fair trial is also “part of the realm of the international jus cogens”.120 It is of great importance to mention that he based this reasoning on the IACtHR’s findings in its Advisory Opinion No. 18, in which it declared that the right to due process of law must be recognised as one of the minimum guarantees to all, without discrimination.121 He also seems to have been influenced by some ICJ rulings. For example, he has found jus cogens norms in provisions common “to international human rights law and international humanitarian law”.122 Although both the protection of human rights and rules of humanitarian law have been (are) seen as jus cogens by some ICJ judges, he does not refer to them, but rather to the universality of those norms.123 Additionally, he has also included as jus cogens norms the right to access to justice,124 minimum guarantees of international humanitarian law,125 and respect for personal honour and beliefs.126 It is remarkable that most of the IACtHR’s separate opinions that elaborate on jus cogens come from Judge Cançado Trindade, with the exception of three opinions by Judge García Ramirez. 4.2.2. The IACtHR’s Direct Reference to Jus Cogens The first reference the Court as a whole ever made to jus cogens can be found in the Aloeboetoe Case, in which the Court referred to the prohibition of slavery as a norm of jus cogens.127 It is important to mention that, prior to this case, the ICJ had already highlighted the erga omnes obligation of the prohibition of slavery.128Apparently, the IACtHR either understood erga omnes as a synonym of jus cogens or elevated the obligation regarding this prohibition to a higher position. In the Maritza Urrutia Case, the IACtHR determined the jus cogens nature of the prohibition of torture.129 The ICJ confirmed this qualification in 2012.130 Significantly, the IACtHR extended the character of jus cogens to the prohibition of cruel, inhumane or degrading treatment or punishment, which is also a jus cogens norm.131 Perhaps the IACtHR’s most well-known finding of jus cogens norms concerns the principle 121 Diana Contreras-Garduno e Ignacio Alvarez-Rio of non-discrimination and equality before the law. In its Advisory Opinion No.18, at the request of Mexico, it elaborated on whether the principle of non-discrimination and the right to equal and effective protection before the law were jus cogens norms.132 Based on the fact that several international treaties protect it, the Court answered this question positively.133 In another case, the IACtHR adopted Judge Cançado Trindade’s gravity criterion and declared that the prohibition of grave and systematic practices of human rights violations is a jus cogens norm.134 Judge Cançado affirmed in several obiter dicta “that […] systematic practice of human rights violations [which constitute crimes against humanity] violates international jus cogens”.135 Such practices include systematic extra-legal executions for example.136 Moreover, the IACtHR has characterised the prohibition of the forced disappearance of people as jus cogens.137 Before this Court’s decision, Judge Cançado Trindade had already reached that conclusion. It is important to mention that, like Judge Cançado Trindade, the IACtHR does not require this crime to be systematic in order for it to be considered jus cogens.138 Interestingly, the Court not only established the prohibition of this crime as a jus cogens norm, but it also found that the State’s duty to investigate and punish those responsible for this crime is also a norm of that character.139 Later on, the IACtHR extended the jus cogens nature to the duty to investigate and punish perpetrators of all grave human rights violations.140 Furthermore, the Court’s very well-known role in the fight against impunity in the region can also be seen in the Almonacid-Arellano Case in which it declared that self-amnesties were prohibited by jus cogens and therefore were in contravention of the American Convention. The Court reached this conclusion by first declaring that the Convention on the Non-Applicability of Statutory Limitations to War Crimes and Crimes Against Humanity was jus cogens and, second, that “even though the Chilean State has not ratified said Convention, the Court believes that the non-applicability of statutes of limitations to crimes against humanity is a norm of General International Law (ius cogens), which is not created by said Convention, but it is acknowledged by it”.141 From this landmark decision, it can be seen that, unlike the ICJ’s stance in the case of Bosnia and Herzegovina v. Serbia and Montenegro, the IACtHR highlighted that the existence of a peremptory obligation does not require States’ consent in order to make it enforceable. Table 2. The different norms found to be jus cogens by the IACtHR Separate opinions IACtHR Cançado Trindade García Ramírez Right to life Right to life 1 Slavery 2 Torture 2 Torture 3 Any cruel, inhuman and degrading treatment. 3 Any cruel, inhumane treatment or punishment 1 or degrading 4 Common provisions in human rights and humanitarian law 4 Non-discrimination and equality before the law 5 Grave or systematic violations of human rights and humanitarian law; Acts of genocide, Crimes against humanity 5 Grave violations of human rights and humanitarian law 6 Forced disappearance’s crime 6 Forced disappearance’s crime 122 A Barren Effort? The Jurisprudence of the Inter-American Court of Human Rights on Jus Cogens Separate opinions Cançado Trindade IACtHR García Ramírez 7 Failure to respect personal honor and beliefs 7 Failure to punish perpetrators of grave violations of human rights 8 Non-applicability of statutes of limitations to crimes against humanity (prohibition of selfamnesties) 8 Non-applicability of statutes of limitations to crimes against humanity (prohibition of self-amnesties) 9 Right to access to justice 10 State crimes 11 Fair trial rights Minimum guarantees 12 of international humanitarian law 13 Death penalty 4.3. Cross-fertilisation between the ICJ and the IACtHR Interestingly, both the ICJ and the IACtHR seem to pay little attention to the difference between establishing international customary law and jus cogens norms. In the Questions relating to the Obligation to Prosecute or Extradite Case, the ICJ declared that the prohibition of torture is a jus cogens norm, as this prohibition “is grounded in a widespread international practice and on the opinio juris of States”.142 The ICJ cited several international instruments in order to support this and clearly recalled that jus cogens norms are to be found in customary international law.143 Likewise, in its Advisory Opinion No.18 the IACtHR relied on the existence of 19 treaties and 14 soft-law instruments which protected the principle of non-discrimination in order to elevate this right to the status of jus cogens. In this light, those binding and non-binding instruments were the source of evidence of a universal obligation to respect and guarantee human rights and prohibit discrimination.144 Judge Cançado Trindade uses a similar approach when constructing jus cogens norms.145 It must be recalled that: (i) “treaties and declarations represent opinion juris because they are statements about the legality of action, rather than examples of that action”,146 and (ii) opinion juris and state practice are the two elements to establish customary international law.147 Thus, both the ICJ and the IACtHR seem to establish customary international law when identifying jus cogens. Similarly, Judge Cançado Trindade has stated that jus cogens norms are part of customary law which might be framed in international law and which, at some point, reach the status of jus cogens. 148 Unfortunately, he has not elaborated on how some norms of customary international law “at some point” become jus cogens. However, he seems to suggest that a distinction between customary international law and jus cogens can be drawn when this could be seen as a way to protect human rights.149 Since jus cogens are norms which are to be “contained in a treaty or in customary international law”,150 it is deemed necessary to first establish their nature as a customary norm. However, it remains a mystery how the Courts elevate some of those norms to the status jus cogens. 4.4. Legitimacy of the IACtHR If regional systems “may […] serve the additional purpose of articulating regionally specific conceptions of shared human rights concepts, or interpreting locally identified human rights norms”,151 what would be the value of 123 Diana Contreras-Garduno e Ignacio Alvarez-Rio the Inter-American jurisprudence on jus cogens norms? If the IACtHR has been very active in giving content and scope to jus cogens as part of its fight against impunity, it has invoked this term outside its original content. The IACtHR is aware of and has acknowledged the risks of overstepping its competence. However, it has been dismissive of such perils. In its Advisory Opinion OC1-82 (Otros tratados), the Court addresses the concern of rendering an opinion that would affect States unrelated either to the Convention or to the Court. Those States could not only be eventually troubled by the decision, but they would also have no legal standing to be heard by the Court. The response of the Court was that: The mere possibility that the event hypothesized […] might arise, which can after all be dealt with on a case-by-case basis, is hardly a sufficient enough reason for concluding that the Court, a priori, lacks the power to render an advisory opinion interpreting the human rights obligations assumed by an American State merely because such obligations originate outside the framework of the Inter-American system.152 Thus the IACtHR decided to keep its options open, possibly at the expense of certainty. The next issue discussed in the same advisory opinion is the very real possibility of conflicting interpretations. Of course it is true that the organisation of international tribunals is not vertical and if various courts have the competence to interpret a treaty there will always be a possibility of contradiction. The IACtHR though, rashly disregarded the importance of this, basing its argument on its seemingly quotidian quality. The Court found it natural and therefore uneventful for courts to have contradicting criteria: “the conflicts being anticipated, were they to occur, would not be particularly serious,” and in any case would only be contained in advisory opinions, which the Court itself found of lesser consequence: “the advisory opinions of the Court and those of other international tribunals, because of their advisory 124 character, lack the same binding force that attaches to decisions in contentious cases”.153 5. CONCLUSIONS History and theory do not clarify the content of jus cogens norms and it was explicitly left to the “international tribunals” to determine what they are. In doing so, it was perhaps not up to any international tribunal to decide on their content. The procedure for declaring that a norm is jus cogens should start through a controversy amongst States on the question of whether a treaty is in accordance with a jus cogens norm, not motu proprio by the deciding tribunal. According to article 53 of the Vienna Convention, jus cogens was foreseen as a sort of recourse of last resort, but the courts have rushed to use it, too soon and for other purposes, and thus have distorted its exceptional nature. Through an overuse of the term, it has been confused and mixed up with other concepts with similar effects, but with fundamentally different purposes. Its overlap with erga omnes and human rights in general will bring little to provide for better adjudication or even to serve the cause of human rights. Furthermore, the lack of clear criteria distinguishing the creation of international customary law and jus cogens norms by the ICJ challenges the value of the latter in international law as it suggests that universal norms are established on a discretional basis. As it becomes clear by comparing the above tables, the IACtHR has been acting as the international tribunal primarily responsible for giving content and scope to jus cogens norms. However, the IACtHR’s interpretations of jus cogens are regional interpretations of identified values and norms and therefore they cannot be considered global interpretations. If jus cogens norms are universally binding norms, on which legal basis can the IACtHR have the task to define them? Finally, it is clear that individual judges from both the ICJ and the IACtHR seem to be more active than their respective courts in establishing the jus cogens nature of several norms. A Barren Effort? The Jurisprudence of the Inter-American Court of Human Rights on Jus Cogens NOTES 1. Article 53 VCLT: ‘A treaty is void if, at the time of its conclusion, it conflicts with a peremptory norm of general international law. For the purposes of the present Convention, a peremptory norm of general international law is a norm accepted and recognized by the international community of States as a whole as a norm from which no derogation is permitted and which can be modified only by a subsequent norm of general international law having the same character’. 2. A complementary provision is embraced in Article 64 VCLT: ‘If a new peremptory norm of general international law emerges, any existing treaty which is in conflict with that norm becomes void and terminates’. 3. Hasmath, R., ‘The Utility of Regional Jus Cogens’, available at: http://dx.doi.org/10.2139/ ssrn.1366803. 4. Linderfalk, U., ‘The Effect of Jus Cogens Norms: Whoever Opened Pandora’s Box, Did You Ever Think About the Consequences?’, European Journal of International Law, Vol. 18, No.5, 2008, pp. 583-571. 5. Verdross saw jus cogens as a general principle of law recognized by all legal systems. See also: Simma, B., ‘The Contribution of Alfred Verdross to the Theory of International Law’, European Journal of International Law, Vol. 6, No. 1, 1995, pp. 33-54. 6. Linderfalk, loc. cit. note 4, at p. 584; Orakhelashvili, A., Peremptory Norms in International Law, Oxford University Press, Oxford, 2006; Hannikainen, L., Peremptory Norms (Jus Cogens) in International Law, Finnish Lawyers’ Publishing Co., Helsinki, 1988; Allain, J., ‘The Jus Cogens Nature of Non-Refoulement’, International Journal of Refugee Law, Vol. 13, No. 4, 2001, pp. 533558. 7. Hansbury, E., Le juge interaméricain et le «jus cogens», The Graduate Institute, Geneva, 2011, p. 5. 8. Bianchi, A., ‘Human Rights and the Magic of Jus Cogens’, The European Journal of International Law, Volume 19, No. 3, 2008, pp. 491-508, at p. 501. 9. Trindade, A.A.C., International Law for Humankind: Towards a New Jus Gentium, Martinus Nijhoff Publishers, The Hague, 2010, p. 144. This resembles the definition of jus cogens given by the Mexican representative at the United Nations Conference on the Law of Treaties: ‘[…] those rules which derived from principles that the legal conscience of mankind deemed absolutely essential to coexistence in the international community at a given stage of its historical development’. See: UN Committee of the Whole, Official Records of the United Nations Conference on the Law of Treaties, First Session, UN Doc. A/CONF.39/C.1/SR.52 (1968), p. 294, para. 7, available at: http://untreaty.un.org/cod/ diplomaticconferences/lawoftreaties-1969/ docs/english/1stsess/a_conf_39_c1_sr52.pdf. 10. The Court first referred to jus cogens in the 1993 Aloeboetoe Case. However, from 2003 onwards, it has constantly found jus cogens norms among the rights protected by the American Convention on Human Rights. 11. Seiderman, I., Hierarchy in International Law: the Human Rights Dimension. Intersentia, Antwerp, 2001, pp.335; Nieto-Navia, R., ‘International Peremptory Norms (Jus Cogens) and International Humanitarian Law’ in: Cassesse, A. and Vohrah, L.C. (eds.), Man’s Inhumanity to Man: Essays on International Law in Honour of Antonio Cassesse, Martinus Nijhoff Publishers, The Hague, 2003, pp. 595640, at p. 604; Hossain, K., ‘The Concept of Jus Cogens and the Obligation Under the U.N. Charter’, Santa Clara Journal of International Law, Vol 72 (2005), pp. 96-97 12. Shelton, D., ‘Normative Hierarchy in International Law’, The American Journal of International Law, Vol. 100, No. 2, 2006, pp. 291-323, at p. 309. 13. Idem. 14. IACtHR, Juridical Condition and Rights of the Undocumented Migrants (Advisory Opinion), 17 September 2003 (Series A, No. 18). 15. IACtHR, Maritza Urrutia v. Guatemala (merits, reparations and costs), 27 November 2003 (Series C, No. 103), at para 92; IACtHR, Tibi v. Ecuador (preliminary objections, merits, reparations and costs), 7 September 2004 (Series C, No. 114), at para. 143; IACtHR, Gómez-Paquiyauri Brothers v. Peru (merits, reparations and costs), 8 July 2004 (Series C, No. 110), at para. 76; IACtHR, Fermín Ramírez v. Guatemala (merits, reparations 125 Diana Contreras-Garduno e Ignacio Alvarez-Rio and costs), 20 June 2005 (Series C, No. 126), at paras. 117 and 184; IACtHR, Mapiripán Massacre v. Colombia (merits, reparations and costs), 15 September 2005 (Series C, No. 134), at para. 178; IACtHR, Servellón-García et al. v. Honduras (merits, reparations and costs), 21 September 2006 (Series C, No. 152), at para. 94; IACtHR, Almonacid-Arellano et al. v. Chile (preliminary objections, merits, reparations and costs), 26 September 2006 (Series C, No. 154), at para. 153. 16. The European Court of Human Rights has only referred once to jus cogens, see: ECtHR, AlAdsani v. United Kingdom, 21 November 2001 (Appl.no. 35763/97), at para. 61. 17. Picone, P., ‘The Distinction between Jus Cogens and Obligations Erga Omnes’, in: Cannizzaro, E. (ed.), The Law of Treaties Beyond the Vienna Convention, Oxford University Press, Oxford, 2011, pp. 411-424, at p. 411. 18. UN Committee of the Whole, United Nations Conference on the Law of Treaties: Official Records, First and Second Sessions, UN Doc. A/CONF.39/11/Add.2 (1971), at p. 67. 19. UN International Law Commission, Report of the Study Group of the International Law Commission, Fragmentation of International Law: Difficulties Arising from the Diversification and Expansion of International Law, UN Doc. A/CN.4/L.682 (2006), para. 361. 20. Gómez Robledo, A., El Ius Cogens Internacional (Estudio histórico-crítico), Universidad Autónoma de México: Instituto de Investigaciones Juridicas, Mexico City, 1982, at pp. 1 and 227. 21. Ibidem, at pp. 1-21. 22. Dörr, O. and Schmalenbach, K. (eds.), Vienna Convention on the Law of Treaties: A Commentary, Springer, Heidelberg, 2012, at p. 900. 23. Robledo, op. cit. note 20, at pp. 10-12. 24. See Dörr and Schmalenbach (eds.), op. cit. note 22, at p. 900. 25. Ibidem at p. 901. 26. Verdross, A., ‘Forbidden Treaties in International Law’, The American Journal of International Law, Vol. 31, No. 1, 1937, pp. 571-577, at p. 572. 27. ‘”Against good (and right) practices.” (1) Immoral (2) Inequitable 126 (3) Inconsistent with or contrary to preferred or sound practices, customs, public policy, or notions of equity’. Fellmeth, A.X. and Horwitz, M., Guide to Latin in International Law, Oxford University Press, New York, 2009. 28. Verdross, op. cit. note 26, at p. 572. 29. Equivalent to the current Article 38(1)(c) of the Statute of the International Court of Justice, which reads: ‘1. The Court, whose function is to decide in accordance with international law such disputes as are submitted to it, shall apply: […] c. the general principles of law recognized by civilized nations; […]’. 30. Verdross, op. cit. note 26, at p. 573. 31. Shelton, loc. cit. note 12, at p. 299. 32. Ibidem, at p. 300. 33. See: UN International Law Commission, Summary Records of the Fifteenth Session: Vol. I, UN Doc. A/CN.4/SER.A/1963 (1963); Vol. I, Part II, UN Doc. A/CN.4/SER.A/1966 (1966); UN International Law Commission, Summary Records of the 684th Meeting: Vol. I, UN Doc. A/CN.4/SR.684 (1963); and UN International Law Commission, Summary Records of the 878th Meeting: Vol. I(2), UN Doc. A/CN.4/SR.878 (1966). 34. See Robledo, op. cit. note 20, p. 22. 35. See Dörr and Schmalenbach (eds.), op. cit. note 22, at p. 901. 36. Idem. 37. Hossain, K., ‘The Concept of Jus Cogens and the Obligation Under the U.N. Charter’, Santa Clara Journal of international Law, Vol. 3, No. 1, 2005, pp. 72-98, at p.74. 38. Nieto-Navia, op. cit. note 11, at p. 604. 39. Wouters, J. and Verhoeven, S., ‘The Prohibition of Genocide as a Norm of Jus Cogens and Its Implications for the Enforcement of the Law of Genocide’, Koninklijke Universiteit Leuven: Institute for International Law, Working Paper No. 69, 2005, pp. 1-16, at p. 4. 40. Shelton, loc. cit. note 12, at p. 300. 41. Nieto-Navia, op. cit. note 11, pp. 11-12. 42. Wouters and Verhoeven, loc. cit. note 39, at p. 5. 43. Quispe, R.F., ‘Ius Cogens en el Sistema Interamericano: Surelación con el Debido Proceso’, Revista de Derecho, Vol. 34, 2010, pp. 42-78, at p. 48. 44. UN International Law Commission, Second report on the law of treaties, by Sir A Barren Effort? The Jurisprudence of the Inter-American Court of Human Rights on Jus Cogens Humphrey Waldock, Special Rapporteur, UN Doc. A/CN.4/156 and Add.1-3 (1963), at p. 52, available at: http://untreaty.un.org/ilc/ documentation/english/a_cn4_156.pdf. 45. Parker, K. and Neylon, L.B., ‘Jus Cogens: Compelling the Law of Human Rights’, Hastings International and Comparative Law Review, Volume 12, No. 2, 1989, pp. 411-464, at p. 428. 46. Nieto-Navia, op. cit. note 11, at p. 15. 47. UN International Law Commission, Documents of the second part of the seventeenth session and of the eighteenth session: Vol. II, UN Doc. A/CN.4/183 and Add.1-4 (1966), at p. 248, available at: http://untreaty.un.org/ ilc/publications/yearbooks/Ybkvolumes(e)/ ILC_1966_v2_e.pdf; UN International Law Commission, Documents of the fifteenth session: Vol. II, UN Doc. A/CN.4/SER.A/1963/ ADD.1 (1963), at p. 53, available at: http:// untreaty.un.org/ilc/publications/yearbooks/ Ybkvolumes(e)/ILC_1963_v2_e.pdf. 48. Dörr and Schmalenbach (eds.), op. cit. note 22, at p. 903. 49. UN International Law Commission, Draft Articles on Responsibility of States for Internationally Wrongful Acts, With Commentaries, UN Doc. A/56/10 (2001), p. 112, available at: http://untreaty. un.org/ilc/texts/instruments/english/ commentaries/9_6_2001.pdf. 50. Parker and Neylon, loc. cit. note 45, at p. 429. 51. Ibidem, at p.435. 52. Article 65(3) VCLT: ‘If, however, objection has been raised by any other party, the parties shall seek a solution through the means indicated in Article 33 of the Charter of the United Nations’. Yet, Article 33 of the UN Charter establishes that in case of dispute between States, the Security Council shall, when it deems this necessary, call upon the parties to settle their dispute by means such as negotiation, enquiry, mediation, conciliation, arbitration, judicial settlement, and so on. Additionally, Article 36 of said Charter recalls that, when the Security Council calls upon the parties to settle a legal dispute under Article 33, it will generally refer the parties to the ICJ. See the Charter of the United Nations, available at: http://www. un.org/en/documents/charter/. 53. Article 66(a) VCLT: ‘If, under paragraph 3 of article 65, no solution has been reached within a period of 12 months following the date on which the objection was raised, the following procedures shall be followed: (a) any one of the parties to a dispute concerning the application or the interpretation of article 53 or 64 may, by a written application, submit it to the International Court of Justice for a decision unless the parties by common consent agree to submit the dispute to arbitration’. 54. Zemanek, K., ‘The Metamorphosis of Jus Cogens: From an Institution of Treaty Law to Bedrock of the International Legal Order?’, in: Cannizzaro, E. (ed.), The Law of Treaties Beyond the Vienna Convention, Oxford University Press, Oxford, 2011, pp. 381-410, at p. 410, available at: http://oxfordscholarship.com/view/10.1093/ acprof:oso/9780199588916.001.0001/ acprof-9780199588916. 55. UN International Law Commission 1963, loc. cit. note 44, at p. 53. 56. UN International Law Commission 2001, loc. cit. note 49, at p. 112. (Emphasis added) 57. IACtHR, Caesar Case, 2005, Separate Opinion Judge Cancado, para. 92; Hansbury, op. cit. note 7, at p. 13. 58. IACtHR, Gomes-Lund et al. (Guerrilha do Araguaia) v. Brazil (Separate Opinion Judge Figueiredo-Caldas), 24 November 2010 (Series C, No. 219), at para. 19. Judge García Ramírez has also pointed out that the Court can go as far as to observe the presence of norms of jus cogens resulting when solving a dispute. See, IACtHR, Bámaca-Velásquez v. Guatemala (merits) (Separate Opinion Judge Sergio Ramirez), 25 November 2000 (Series C, No. 70), at para. 25. 59. The other main body is the Inter-American Commission on Human Rights. See Article 33 ACHR. 60. See Articles 61-65 ACHR. 61. See Buergenthal, T., ‘The Inter-American Court of Human Rights’, The American Journal of International Law, Vol. 76, No. 2, 1982, pp. 231-245. 62. IACtHR, Restrictions to the Death Penalty (Advisory Opinion), 8 September 1983 (Series A, No. 3), at para. 43. 63. Ledesma, H.F., The Inter-American System for the Protection of Human Rights: Institutional and Procedural Aspects, Inter-American Institute of Human Rights, San José, 2008, p. 884. 64. Article 62(3) ACHR: ‘The jurisdiction of the Court shall comprise all cases concerning the 127 Diana Contreras-Garduno e Ignacio Alvarez-Rio interpretation and application of the provisions of this Convention that are submitted to it, provided that the States Parties to the case recognize or have recognized such jurisdiction, whether by special declaration pursuant to the preceding paragraphs, or by a special agreement’. Article 64(1) ACHR: ‘The member states of the Organization may consult the Court regarding the interpretation of this Convention or of other treaties concerning the protection of human rights in the American states.[…]’ 65. IACtHR, “Other Treaties” Subject to the Advisory Jurisdiction of the Court (Advisory Opinion), 24 September 1982 (Series A, No. 1), at paras. 40-41. 66. Ibidem at para. 49. 67. IACtHR, Ivcher-Bronstein v. Peru (competence), 24 September 1999 (Series C, No. 84), at para. 32. 68. Article 62(1) ACHR: ‘A State Party may, upon depositing its instrument of ratification or adherence to this Convention, or at any subsequent time, declare that it recognizes as binding, ipso facto, and not requiring special agreement, the jurisdiction of the Court on all matters relating to the interpretation or application of this Convention’. 69. IACtHR, Ivcher-Bronstein v. Peru, supra note 67, at para. 36. 70. Bianchi, loc. cit. note 8, at p. 502. 71. ICJ, Legality of the Threat or Use of Nuclear Weapons, Advisory Opinion, 8 July 1996, at para. 79. 72. Pronto, A. and Wood, M., The International Law Commission 1999-2009: Volume IV: Treaties, Final Draft Articles, and Other Materials, Oxford University Press, Oxford, at p. 770. 73. Picone in Cannizzaro (ed.), op. cit. note 17, at p. 414. 74. UN International Law Commission 2006, loc. cit. 19, at para. 389. 75. Article 103 UN Charter: ‘In the event of a conflict between the obligations of the Members of the United Nations under the present Charter and their obligations under any other international agreement, their obligations under the present Charter shall prevail’. 76. UN International Law Commission 2006, loc. cit. note 19, at para. 333 and ss. 128 77. Permanent Court of International Justice, The Oscar Chinn Case (Britain v. Belgium), Separate Opinion (Judge Schücking), 12 December 1934, at para. 341. 78. ICJ, Application of the Convention of 1902 Governing the Guardianship of Infants (Netherlands v. Sweden), Separate Opinion (Judge Moreno Quintana), 28 November 1958, at p. 107. 79. ICJ, South West Africa Case (Ethiopia v. South Africa; Liberia v. South Africa), Second Phase, Dissenting Opinion (Judge Tanaka), 18 July 1966, at p. 298. 80. ICJ, Military and Paramilitary Activities in and against Nicaragua (Nicaragua v. US), Separate Opinion (President Nagendra Singh), 27 June 1986, at p. 153. 81. ICJ, Military and Paramilitary Activities in and against Nicaragua (Nicaragua v. US), Separate opinion (Judge Sette-Camara), 27 June 1986, at p. 199. 82. ICJ, Legal Consequences for States of the Continued Presence of South Africa in Namibia (South West Africa) notwithstanding Security Council Resolution 276 (1970), Advisory Opinion, 21 June 1971, at p. 90. 83. ICJ, Questions of Interpretation and Application of the 1971 Montreal Convention Arising From the Aerial Incident at Lockerbie (Libyan Arab Jamahiriya v. UK; Libyan Arab Jamahiriya v. US), Order, Provisional Measures, Dissenting Opinion (Judge Weeramantry), 14 April 1992, at p. 179. 84. ICJ, Ahmadou Sadio Diallo (Republic of Guinea v. Democratic Republic of the Congo), Separate Opinion (Judge Cançado Trindade), 24 May 2007, at p. 150, para. 163. 85. ICJ, Jurisdictional Immunities of the State (Germany v. Italy; Greece intervening), Dissenting Opinion (Judge Cançado Trindade), 3 February 2012, at para.72. 86. Ibidem at para.299. 87. ICJ, Questions relating to the Obligation to Prosecute or Extradite (Belgium v. Senegal), Separate Opinion (Judge Abraham), 20 July 2012, at para. 27; Dissenting Opinion (Judge ad hoc Sur), at para. 4. 88. Ibidem, Separate Opinion (Judge Abraham), at para. 27; Dissenting Opinion (Judge ad hoc Sur), at para. 29. 89. ICJ, Questions relating to the Obligation to Prosecute or Extradite (Belgium v. Senegal), A Barren Effort? The Jurisprudence of the Inter-American Court of Human Rights on Jus Cogens Separate Opinion (Judge Cançado Trindade), 20 July 2012, at para. 182. 90. ICJ, Barcelona Traction, Light and Power Company, Limited (Belgium v. Spain), Judgment, 5 February 1970, at p. 32, paras. 33 and 34. 91. ICJ, Western Sahara, Advisory Opinion, 16 October 1975, at p. 68, para. 162; ICJ, East Timor (Portugal v. Australia), Judgment, 30 June 1995, at p. 102, para. 29. 92. ICJ, Reservations to the Convention on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide, Advisory Opinion, 28 May 1951, at p. 23. 93. ICJ, Belgium v. Spain, supra note 90, at p. 33. 94. ICJ, Armed Activities on the Territory of the Congo (Dem. Rep. Congo v. Rwanda), Jurisdiction and Admissibility, 3 February 2006, at p. 32, para. 64. 95. ICJ, Military and Paramilitary Activities in and against Nicaragua (Nicaragua v. US), Judgment, 27 June 1986, at p. 114, para. 218. 96. ICJ, Advisory Opinion on the Legality of the Threat or Use of Nuclear Weapons, supra note 71, at p. 257, para. 79. 97. ICJ, Legal Consequences of the Construction of a Wall in the Occupied Palestinian Territory, Advisory Opinion, 9 July 2004, at para. 157. 98. ICJ, Nicaragua v. US, supra note 95, at p. 90, para. 190. 99. ICJ, Dem. Rep. Congo v. Rwanda, supra note 94, at para. 64. 100. ICJ, Application of the Convention on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide (Bosnia and Herzegovina v. Serbia and Montenegro), Judgment, 26 February 2007, at p. 111. 101. ICJ, Belgium v. Senegal, supra note 87, at para. 99. 102. ICJ, Bosnia and Herzegovina v. Serbia and Montenegro, supra note 100, at para. 147. 103. ICJ, Advisory Opinion on the Reservations to the Convention on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide, supra note 92, at p. 23. 104. ICJ, Dem. Rep. Congo v. Rwanda, supra note 94, at para. 127. 105 ICJ, Germany v. Italy, supra note 85, at para. 97. 106. Neuman, G., ‘Import, Export, and Regional Consent in the Inter-American Court of Human Rights’, European Journal of International Law, Vol. 19, No. 1, 2008, pp. 101-123. 107. IACtHR, Aguado - Alfaro et al. v. Peru (Request for Interpretation of the Judgment of Preliminary Objection, Merits, Reparations and Costs, Dissenting Opinion Judge Cançado Trindade), 30 November 2007 (Series C, No. 174), at para. 35. 108. IACtHR, Villagrán-Morales et al. v. Guatemala (merits) (Separate Opinions Judge Cançado Trindade and Abreu-Burelli), 19 November 1999 (Series C, No.77), at para. 2. 109. UN Commission on Human Rights, Report on the Implementation of the Declaration on the Elimination of All Forms of Intolerance and of Discrimination Based on Religion or Belief, UN Doc. E/CN.4/1987/35 (1987). 110. IACtHR, Myrna Mack-Chang v. Guatemala (merits, reparations and costs) (Separate Opinion Judge García Ramirezo), 25 November 2003 (Series C, No. 101), at para. 49. 111. IACtHR, Bámaca-Velásquez v. Guatemala, supra note 58, at para. 25. 112. IACtHR, Dacosta-Cadogan v. Barbados (preliminary objections, merits, reparations and costs) (Separate Opinion Judge García Ramírez), 24 September 2009 (Series C, No. 204), at para. 5. 113. IACtHR, Myrna Mack-Chang v. Guatemala (merits, reparations and costs) (Separate Opinion Judge Cançado Trindade), 25 November 2003 (Series C, No. 101), at para. 30. 114 IACtHR, The Gómez-Paquiyauri Brothers v. Peru (merits, reparations and costs) (Separate Opinion Judge Cançado Trindade), 8 July 2004 (Series C, No. 110), at para. 42. 115. IACtHR, Blake v. Guatemala (preliminary objections) (Separate Opinion Judge Cançado Trindade), 2 July 1996 (Series C, No. 27), at para. 11. 116. IACtHR, Myrna Mack-Chang v. Guatemala, supra note 110, at para. 27. 117. Wyler, E., ‘From ‘State Crime’ to Responsibility for ‘Serious Breaches of Obligations under Peremptory Norms of General International Law’’, European Journal of International 129 Diana Contreras-Garduno e Ignacio Alvarez-Rio Law, Vol. 13, No. 5, 2002, pp. 1147-1160, at p. 1148. 133. IACtHR, The Gómez-Paquiyauri Brothers v. Peru, supra note 15, at para. 76. 118. Bodansky, D. and Crook, J.R., ‘Symposium: The ILC’s State Responsibility Articles: Introduction and Overview’, The American Journal of International Law, Vol. 96, No. 4, 2002, pp. 773-791, at p. 784. 134. IACtHR, Blake v. Guatemala, supra note 115, at para. 76. 119. IACtHR, Baldeón García v. Peru (merits, reparations and costs) (Separate Opinion Judge Cançado Trindade), 6 April 2006 (Series C, No. 147), at para. 9. 120. IACtHR, Juridical Condition and Rights of Undocumented Migrants, supra note 14, at para. 122. 121. IACtHR Pueblo Bello Massacre v. Colombia (Separate Opinion Judge Cançado Trindade), 31 January 2006 (Series C, No. 140), at para 64; IACtHR, Ituango Massacres v. Colombia (Separate Opinion Judge Cançado Trindade), 1 July 2006 (Series C, No. 148), at para 47. 122. IACtHR, The Pueblo Bello Massacre v. Colombia, supra note 121, at para. 64; IACtHR, The Ituango Massacres v. Colombia, supra note 121, at paras. 13 and 47. 123. IACtHR, Pueblo Bello Massacre v. Colombia, supra note 121, at para. 13. 124. IACtHR, The Serrano-Cruz Sisters v. El Salvador (preliminary objections, Separate Opinion Judge Cançado Trindade), 23 November 2004 (Series C, No. 118), at para. 40. 125. IACtHR, The Plan de Sánchez Massacre v. Guatemala (merits, Separate Opinion Judge Cançado Trindade), 29 April 2004 (Series C, No. 105), at para. 30. 126. IACtHR, Aloeboetoe et al. v. Suriname (reparations and costs), 10 September 1993 (Series C, No. 15), at para. 57. 127. ICJ, Belgium v. Spain, supra note 90, at paras. 33 and 34. 128. IACtHR, Maritza Urrutia v. Guatemala, supra note 15, at para. 92. 129. ICJ, Belgium v. Senegal, supra note 87, at para. 99. 130. IACtHR, Fermín Ramírez v. Guatemala, supra note 15, at para. 117. 131. IACtHR, Juridical Condition and Rights of Undocumented Migrants, supra note 14, at paras. 97-101. 132. Ibidem at paras. 86 and 101. 130 135. Ibidem at para. 77; IACtHR, Manuel CepedaVargas v. Colombia (preliminary objections, merits, reparations and costs), 26 May 2010 (Series C, No. 213), at para. 42. 136. IACtHR, La Cantuta v. Peru (merits, reparations and costs), 29 November 2006 (Series C, No. 162), at para. 157. See also: IACtHR, Tiu-Tojín v. Guatemala (merits, reparations and costs), 26 November 2008 (Series C, No. 190), at para 91; IACtHR, Chitay Nech et al. v. Guatemala (preliminary objections, merits, reparations and costs), 25 May 2010 (Series C, No. 212), at paras. 86 and 193; IACtHR, Radilla-Pacheco v. Mexico (preliminary objections, merits, reparations and costs), 23 November 2009 (Series C, No. 209), at para. 139; IACtHR, Anzualdo-Castro v. Peru (preliminary objections, merits, reparations and costs), 22 September 2009 (Series C, No. 202), at para. 59; IACtHR, The Río Negro Massacres v. Guatemala (preliminary objections, merits, reparations and costs), 4 September 2012 (Series C, No. 250), at para. 114. 137. IACtHR, La Cantuta v. Peru, supra note 136, at para. 157; IACtHR, Tiu-Tojín v. Guatemala, supra note 136, at para. 91; IACtHR, Chitay Nech et al. v. Guatemala, supra note 136, at paras. 86 and 193; IACtHR, Radilla-Pacheco v. Mexico, supra note 136, at para. 139; IACtHR, Anzualdo-Castro v. Peru, supra note 136, at para. 59; IACtHR, The Río Negro Massacres v. Guatemala, supra note 136, at para. 114. 138. IACtHR, La Cantuta v. Peru, supra note 136, at para. 157; IACtHR, Tiu-Tojín v. Guatemala, supra note 136, at para. 91; IACtHR, Chitay Nech et al. v. Guatemala, supra note 136, at paras. 86 and 193; IACtHR, Radilla-Pacheco v. Mexico, supra note 136, at para. 139; IACtHR, Anzualdo-Castro v. Peru, supra note 136, at para. 59; IACtHR, The Río Negro Massacres v. Guatemala, supra note 136, at para. 114. 139. IACtHR, La Cantuta v. Peru, supra note 136, at para. 157. 140. IACtHR, Almonacid-Arellano et al. v. Chile, supra note 15, at para. 153. 141. ICJ, Belgium v. Senegal, supra note 87, at para. 99. A Barren Effort? The Jurisprudence of the Inter-American Court of Human Rights on Jus Cogens 142. Idem. 143. Shelton, loc. cit. note 12, at p. 310. 147. IACtHR, Gomes-Lund et al. (Guerrilha do Araguaia) v. Brazil, supra note 58, para. 22. 144. IACtHR, The Xákmok Kásek Indigenous Community. v. Paraguay (merits, reparations and costs), 24 August 2010 (Series C, No. 214), at para. 269; IACtHR, GonzalezMedina and relatives v. Dominican Republic (preliminary objections, merits, reparations and costs), 27 February 2012 (Series C, No. 240), at para. 79. 148. Parker and Neylon, loc. cit. note 45, at p. 463; IACtHR, Juridical Condition and Rights of the Undocumented Migrants, (Advisory Opinion, Concurring Opinion Judge Cançado Trindade), 17 September 2003 (Series A, No. 18), at para. 69. 145. Roberts, A., ‘Traditional and Modern Approaches to Customary International Law: A Reconciliation’, The American Journal of International Law, Vol. 95, No. 4, 2001, pp. 757-791, at p. 758. 150. Neuman, loc. cit. note 106, at p. 106. 146. Article 38(1) (b) of the Statute of the International Court of Justice. 149. ICJ, Germany v. Italy, supra note 85, at para. 92. 151. IACtHR, Advisory Opinion on “Other Treaties” Subject to the Advisory Jurisdiction of the Court, supra note 65, at para. 49. 152. Ibidem, at para. 51. 131 LOS DERECHOS HUMANOS EN ARGENTINA Y SUS PROCESOS DE SUBJETIVACIÓN Elio Rodolfo Parisí Doctor en Psicología; Profesor Titular de Psicología Política; Profesor Titular de Psicología Social; Director del Proyecto de Investigación “Psicología Política”; Director de la Revista Electrónica de Psicología Política. Adrián Manzi Doctor en Psicología; Docente Investigador de Psicología Política, UNSL. I. UNA LECTURA FOUCALTIANA La producción de conocimientos por parte de los organismos de derechos humanos que se suma al saber hacer, al saber resistir a las fuerzas de dominación, la consideramos de enorme magnitud y con un sentido que va más allá de la defensa y promoción de los mismos. Este saber hacer y este conocimiento otorgan la posibilidad de subjetivar a los ciudadanos argentinos a partir de la denuncia pública, la movilización constante y masiva, y la judicialización de los delitos de lesa humanidad. Esta actividad culminó, entre otras cosas, en la búsqueda y el encuentro con cosanguíneos, la identificación de cadáveres NN y la responsabilidad penal para delincuentes. Pero además, refiere y dice acerca del uso reflexivo de la libertad argentina cuando se enfoca a los derechos humanos como bisagra entre la gubernamentalidad y las prácticas de gobierno sobre los otros, y sobre uno mismo. Así como Foucault abordó la sexualidad para analizar las diferentes formas de moral que el hombre se da a sí mismo cuando la conducta sexual se toma como entidad por pensar, o cuando abordó la locura para describir las formas de racionalidad que el hombre construye para dirimir el campo de lo normal con lo anormal, la razón de la locura; nosotros abordamos el campo de los derechos humanos no para describir al ser argentino en términos de qué tanto goza o en cuánta medida son vulnerados sus derechos fundamentales, sino para analizar y caracterizar los mecanismos subjetivos que el ser argentino aplica a los otros y a sí mismo, para gobernarse. Es decir, cuáles son las estrategias y técnicas/ tecnologías dentro de la gubernamentalidad que los ciudadanos argentinos utilizamos y que nos permiten distinguir y describir el uso reflexivo que hacemos de nuestra moderna libertad. El saber hacer y el conocimiento acerca de los derechos humanos acumulado durante los últimos 50 años en Argentina, disciplina a los individuos, gubernamentaliza a la población, como así también refiere a los modos de constitución de los sujetos, es decir, las prácticas, técnicas o mecanismos que respectan a los procesos de subjetivación de los argentinos. Sobre esto es lo que se ha ido analizando a través de los capítulos precedentes. Creemos que cuando Foucault afirma que: Pues bien, entre esas dos posibilidades, entre esos dos temas (el de una historia de las mentalidades y el de una historia de las representaciones), lo que procuré hacer es una historia del pensamiento. Y al hablar de pensamiento hacía alusión a un análisis de lo que podríamos llamar focos de experiencia, donde se articulan unos con otros: primero, las formas de un saber posible; segundo, las matrices de comportamientos para los individuos; y por último, modos de existencia virtuales para sujetos posibles. Formas de saber, matriz de comportamientos, constitución de modos de ser del sujeto (Foucault, 2009: 19). Nosotros nos aproximamos, en la indagación de los derechos humanos, cómo un dispositivo nos permite pasar del análisis de la gubernamentalidad hacia los modos de constituirse como sujetos en un contexto determinado. Los derechos humanos en la Argentina configuran un foco de experiencia en el que se han configurado numerosos y múltiples sentidos en los ciudadanos. II. INTRODUCCIÓN A LA LIBERTAD ARGENTINA Nuestras libertades fundamentales se dirimieron, en gran parte, en el campo de la acción de la justicia. Esto es aceptar el hecho de que los 133 Elio Rodolfo Parisí e Adrián Manzi ciudadanos argentinos estemos proclives a formar parte de las características de la estructura y forma de todo lo que implica, promueve y reproduce el sistema de derechos, y más precisamente, el sistema judicial. No son absolutamente todas las libertades las que se dirimen actualmente en la esfera judicial. Pero la relación existente entre 40 millones de argentinos y las estadísticas en términos de distribución de ingresos y de análisis psicosociológicos de la cultura argentina, puede caracterizar el uso de la moderna libertad y a los procesos psíquicos con que dotamos a nuestra existencia social argentina. No es que el foco de la experiencia sea la libertad argentina y las formas y significados que se le otorgan, sino que, a eso que se llama derechos humanos, permite distinguir los procesos subjetivos involucrados en la experiencia en términos de gobernarse como población y como individuos. Es posible para nosotros, según esta experiencia, caracterizar la modernidad en el caso argentino, sobre la base de su particular haz: la libertad, a eso que llamamos libertad, según nosotros. Foucault propuso una metodología de abordaje al sujeto moderno la cual, en primera instancia abordó cuáles fueron las prácticas discursivas que podían constituir matrices de conocimientos posibles de los siglos XVII y XVIII, el juego de lo verdadero y de lo falso y en general, si se quiere, las formas de veridicción. Luego, el abordaje consistió en estudiar las técnicas y procedimientos por cuyo intermedio se pretende conducir la conducta de los otros. “El desplazamiento consistió en lo siguiente: pasar del análisis de la norma al [de] los ejercicios del poder; y pasar del análisis del ejercicio del poder a los procedimientos, digamos, de gubernamentalidad” (Foucault, 2009: 20). Foucault dice que, por último (…) se trataba de analizar el eje de constitución del modo de ser del sujeto. En vez de referirme a una teoría del sujeto, me pareció que había que procurar analizar las diferentes formas mediante las cuales el individuo se ve en la necesidad del constituirse como sujeto. Pasar de la cuestión del sujeto al análisis de las formas de subjetivación, y analizar esas formas de subjetivación a través de técnicas/tecnologías de la relación consigo mismo o, si lo prefieren, de lo que puede denominarse pragmática de sí (Foucault, 2009: 21). Por lo que podríamos afirmar que, los mecanismos de relación entre los diversos sectores de la elegida experiencia Argentina en cuestión, constituyen técnicas o tecnologías de 134 la relación con uno mismo y también de relación con los demás. No intentamos ir hacia una teoría del sujeto a través del análisis de los casos que nos brinda la jurisprudencia nacional e internacional, o de adjetivar las conductas que llevan las formas de organizaciones no gubernamentales, es decir, sustancializar al sujeto argentino en términos de derecho, o moralizarlo según su dedicación solidaria. Más bien, se intenta caracterizar los procesos de subjetivación que se han ido conformando y consolidando a lo largo de la última época en la Argentina. Desde 2005, la tasa de desocupación, de la pobreza e indigencia, la criminalización de la protesta social, la represión a ciertas manifestaciones sectoriales han ido decreciendo, por un lado, y por otro, los juicios de lesa humanidad han continuado, se ha legislado en materia de salud mental y también el matrimonio entre personas del mismo sexo, se está actuando contra la explotación del trabajo esclavo y la trata de personas, se está beneficiando a los sectores más vulnerables, es decir, los ancianos y los niños con medidas sociales. Esto es debido a que el gobierno nacional se ha visto en la necesidad de regular a la sociedad, pero desde el Estado de Derecho. Pero lo fundamental es que existe un conocimiento que circula gracias a la voluntad de una sociedad civil que agrupa y reconstruye un tejido social, y a una política de gobierno que permite y alienta a que los distintos grupos sociales tengan voz e incidencia en la vida pública. Esta emergencia y amplia puesta en circulación de conocimientos, al menos en algunas provincias del país, es promovida desde la agenda política a nivel nacional pero es notorio el esfuerzo con que las organizaciones sin fines de lucro han logrado hacerse escuchar y obtener respuesta política. Este conocimiento determina que la gubernamentalidad en la Argentina, si se toma como foco de experiencia a los derechos humanos, tiene características determinadas por la historia sociopolítica de la Argentina de expropiación de recursos humanos, materiales y simbólicos, con cierto marco de legalidad en términos legislativos y de normalidad en términos estadísticos. No sólo apuntamos al estilo de ética de la negación, del silencio, desvalorización, culpabilidad por parte de los agentes violatorios a los mismos o de la complicidad que deberíamos erradicar en política de derechos humanos (por parte del Estado o de agentes particulares), y a lo sublime de las conductas de denuncia pública y movilización permanente, insistencia y solidaridad (por parte de Los Derechos Humanos en Argentina y sus Procesos de Subjetivación las Organizaciones de Derechos Humanos); sino más bien, evaluamos a todos estos mecanismos como productores de comportamientos, hábitos y subjetividades eficaces para el funcionamiento de la gubernamentalidad argentina. Para nosotros no es sólo la impunidad a la que hay que perseguir y erradicar o a la corrupción y a la violencia en sí, cuestión que son objetivos que van de suyo, sino el hecho de evaluar cómo y qué podemos hacer con estas modalidades de funcionamiento, estos modos de ser que ya están instalados. Los procesos de subjetivación abren la posibilidad de negar, callar, denunciar, ser cómplice, movilizarse, desvalorizar, solidarizar, culpabilizarse, financiar, olvidar, memorizar, indultar, perseguir, tergiversar, conspirar, impedir, inmolar, insistir, apelar, escrachar, entre nosotros. No sólo son momentos en la conducta, también tienen su correlato en las instituciones públicas. Tenemos conciencia que no son los únicos modos por los cuales, dentro de la experiencia de los derechos humanos, existe la posibilidad de constituirse como sujetos. Hay otros cursos o modalidades de subjetivación, que no necesariamente implican solamente a estos mecanismos e involucran a todos los demás argentinos, más a éstos los consideramos los más distintivos. Aun así, constituye como objetivo importantísimo la erradicación o disminución de la pobreza, la delincuencia, la prostitución, la impunidad, la violencia de las instituciones de seguridad, en la familia, y en comercios de noches; en los asilos, en los hospitales; como así también resulta necesario enfocar y reflexionar sobre la forma ética ya instalada en los argentinos de negar, silenciar, denunciar, movilizar, culpabilizar, desvalorizar, solidarizar, enjuiciar, procesar, imputar, procesar, indultar, infamar. Alfredo Grande (2002), en su “psicoanálisis implicado” afirma que en la actualidad hay un modo yoico de producción de subjetividad el cual mantiene unido a la Realidad con el Deseo en una relación no contradictoria, es decir, una unión profundamente ética. La lógica del deseo, dice él, organiza los modos yoicos de producción de subjetividad. El modo yoico que permite la esperanza, los proyectos, los anhelos, es aquel que establece alianzas fraternas y que prolonga las demandas del Ello, para el cual la Realidad no es ni sometida ni dominadora. La lógica yoica produce creencias, y la lógica superyoica (aquella que funciona más con los mandatos del Ideal del Yo) produce certezas, ya que su génesis está en la amenaza de castración. De aquí que Grande puede afirmar que: (…) los desocupados han logrado subvertir el fundamento culpógeno que somete a los sujetos a los diversos sistemas de dominación que la sociedad capitalista organiza. Los porcentajes de los desocupados operan como amenaza de desocupación sobre los que aún tienen cierto grado de narcisismo laboral. El sujeto no se constituye como ‘ser en falta’, sino como ‘existente de la amenaza’. El modo superyoico de producción de subjetividad captura toda la producción deseante. El objeto del deseo pasará a ser oscuro, peligroso, contagioso, escaso (Grande, 2002: 16, 17). Si el objeto del deseo en esta cultura de mercado lo constituye el trabajo, como tantos otros objetos deseables, la carga sobre éste con base de una identificación más estructurante con el Ideal del Yo (modo superyoico de subjetividad), produce sentimientos de culpa, de castigo, de renuncia, de amenaza, de sacrificios. Y si el trabajo es un objeto escaso, el desearlo tiene su precio. Freud dice que cuando el Estado se opone a la violencia no es para prohibirla, sino para monopolizarla. El periodo de latencia es el proceso de institucionalización del Estado en nuestra subjetividad inconsciente. ¿Qué mejor represión que la que nosotros mismos ejercemos sobre nosotros mismos? (Grande, 2002: 29). Así se ha estructurado nuestra lógica del deseo. Represión, secuestro, muerte, negación, investigación frustrada, denuncia, movilización, negación, complicidad, solidaridad, procesos, pena, indultos. No observamos a estos mecanismos subjetivos y movimientos de la población argentina como síntomas de sólo un trauma social vivido años atrás, sino más bien como potenciadores y productores de una particular manera de gobernarse a uno mismo y a los otros, caracterizada como perversa, cuando la libertad es practicada. No son dinámicas sobre las cuales hay un sentido que interpretar, sino modos de funcionamiento sobre los cuales hay que intervenir. No es el malestar en la cultura por diagnosticar, sino el establecer qué se está haciendo mientras tenemos conocimiento de los índices del tipo de administración de la vida, de los estilos de muertes que generamos, los desocupados que mantenemos, las niñas y niñas que perdemos. En trabajos precedentes sostuvimos que los derechos humanos constituyen un dispositivo de seguridad dentro de la gubernamentalidad y también, que la presencia de agencias operativas 135 Elio Rodolfo Parisí e Adrián Manzi claves, como la civil y la judicial, constituyen a la economía política de la población argentina cuando ésta hace uso de la moderna libertad. También afirmamos que la desocupación, la precarización del trabajo, la criminalización de la pobreza y de la inmigración, la judicialización de la protesta social, el abuso infantil, la violencia de género, la violencia policial y militar institucional y los pactos políticos con sectores financieros, fueron la estrategia política de los sectores que se impusieron como el poder, ejercieron la fuerza material y simbólica, y expropiaron recursos humanos y materiales. Creemos que de alguna manera se ha logrado, como intentó Foucault: (…) sustituir la historia de los conocimientos por el análisis histórico de las formas de veridicción, sustituir la historia de las dominaciones por el análisis histórico de los procedimientos de la gubernamentalidad, y sustituir la historia del sujeto o la historia de la subjetividad por el análisis histórico de la pragmática de sí y las formas adoptadas por ella (Foucault, 2009: 21-22). En la Argentina, la experiencia de la detención y desaparición de miles de personas, a través de un plan sistemático organizado por quienes detentaron el poder estatal durante la dictadura, y la experiencia de expropiación de miles de sus recursos humanos, materiales y simbólicos también durante las décadas siguientes, por medio de la complicidad civil y de los funcionarios públicos y particulares privados, hacen que enfoquemos a los derechos humanos como entidad muy compleja en cuanto constituyen una problematización para la economía y la política actual; como lo muestra la preocupación difusa de la sociedad en general por “la seguridad” de los ciudadanos, o por “el clientelismo” que se establecen desde los planes sociales, o por la “inmoralidad” de la prostitución o el aborto. Pero, los derechos humanos, ofrecen la posibilidad de caracterizar la condición que hay para los argentinos en hacer uso de las instituciones y valores culturales. El aumento de la judicialización de muchos de los aspectos sociales de la Argentina, se ha hecho una práctica común, tendencia política homogeneizante, del ejercicio del poder, en términos de la dominación y regulación en nuestro territorio, de nuestros recursos y de nuestras prácticas sociales. A partir del análisis del conocimiento producido en materia de derechos humanos, ha sido posible determinar la maquinaria disciplinante argentina, y caracterizar a los mecanismos de racionalización económica y estabilidad política 136 que tienen, tanto efectos individualizantes, como de masa, es decir su racionalidad gubernamental. Y no sólo consideramos como determinante a estos mecanismos en la relación con uno mismo y con los otros en el juego de las relaciones de poder a partir de entonces, sino también por estar fundamentados por la normalidad en términos estadísticos de tales comportamientos nítidos, o modos de producción subjetivos en la Argentina de los últimos años. Además, estos números de la represión, de la situación de las prisiones, de la trata de personas, de muertes no naturales, de la violencia policial, de la inactividad judicial o sobreactividad, del trabajo en negro y esclavo, no son del orden de la apoteosis, de los pequeños exabruptos, o de las grandes crisis; sino todo lo contrario, tales índices son estables, crónicos y hasta de índices crecientes sobre todo en algunas décadas. Por lo que incita a reflexionar y analizar en términos históricos sobre nuestra estructura axiológica que regula estos valores. Las estadísticas de los informes publicados por parte de los diversos organismos de derechos humanos permiten, a nuestro entender, el análisis cualitativo de las relaciones de poder. Los conocimientos producidos por los mismos tienen alcances inigualables a nivel social, político y jurídico internacional. Además, no sólo los consideramos como material que caracteriza al disciplinamiento del individuo a nivel corporal y que indica la gubernamentabilidad de la población, sino también, como amplificador de nuestros modos de constituirnos como sujetos. III. LO QUE SABEMOS El INDEC (Instituto Nacional de Estadística y Censos) en su página oficial1 tiene publicado los índices de empleo y de desocupación, entre otros. Al primer trimestre del 2003 la tasa de desocupación de los conglomerados urbanos (aquellos de más de 500 mil habitantes) fue de 20,4%, al primer trimestre del 2004 fue de 14,4%, al primer trimestre del 2005 fue de 13,0%, al primer trimestre del 2006 fue de 11,4%, al primer trimestre del 2007 fue de 9,8%, al primer trimestre del 2008 y del 2009 fue de 8,4% y al primer trimestre del 2010 fue de 8,3% llegando al 7,3% al último trimestre de 2011. El porcentaje de los aglomerados del interior, sin contar con Gran Buenos Aires, rondan estadísticas similares. Van desde el 18,8% de desocupación en el 2003; pasando por 14,1% al 2004; 11,1% al 2005; 10,0% al 2006; 8,3% al 2007; 7,7% al 2008; 8,3% al 2009; 8,1% al primer trimestre del 2010 finalizando en 6,4% en este año. Los Derechos Humanos en Argentina y sus Procesos de Subjetivación Hay otras publicaciones que se guían por otras fuentes, cual puede ser el de la C.I.A. World Factbook.2 Si bien los índices no son exactamente los mismos, es reconocible el notable descenso de la tasa de desempleo. Indica, esta fuente, un 21,5% de desempleo al 2003, un 17,3% al 2004, un 14,8% al 2005, un 11,6% al 2006, un 8,7% al 2007 y un 8,9% al 2008. Por otro lado, también el Banco Mundial indica la misma tendencia de descendencia para estos índices. A partir de lo que señaláramos anteriormente con los índices vertidos por el INDEC, el CELS (2003) indica que en mayo de 2002 se produjo el récord en el índice de desempleo, llegando al 21,5% de la población económicamente activa, disminuyendo apenas para fin de año a partir de que 2 millones fuesen beneficiarios de planes sociales: Los picos de desocupación se registraron en el Gran Catamarca (20,5%), Gran Santa Fe (20,1%), Jujuy – Palpalá (20,5%) y en los partidos del conurbano bonaerense (21%). En la década del 70, el 5% de la población vivía en hogares con ingresos bajo la línea de la pobreza, en los 80 se elevó al 12%; a partir de 1998 ya superaba el 30% y en octubre de 2002 llegaba al 57,7% (aproximadamente 20,7 millones de personas). A su vez, 9,9 millones se encuentran por debajo de la línea de indigencia (el 27,5%) de la población (CELS, 2003: 17). Ya para el 2008 casi 10 millones estaban en situación de pobreza e indigencia. Más del 40% de los menores de 14 años son pobres, y en las regiones como el noroeste la cifra llega al 60% (CELS, 2008). Durante el primer semestre de 2009, se encontraban por debajo de la línea de la pobreza 709.000 hogares (9,4%), los que incluyen a 3.429.000 personas (13,9%). De ese conjunto, 232.000 hogares 83,1% se encuentran bajo la línea de indigencia., lo que supone 995.000 personas indigentes. El Observatorio de la Deuda Social Argentina revela que, en los conglomerados urbanos de 200 mil habitantes o más, el desempleo trepó del 10,1% al 11,8% entre 2008 y 2009. En el interior del país, el incremento pasó del 7,4% en 2008 al 12% en mayo de 2009 (CELS, 2010: 230-231). Por lo que las políticas sociales que se están llevando a cabo tienen asidero en la realidad, más allá de la discrepancia de los datos suministrados por este organismo de derechos humanos con los del Estado Nacional, o de la incredulidad que se tiene de los datos del INDEC, lo cierto es que existe una gran mayoría, de diversas clases sociales, con empleo estable, precario y otros sin empleo, en tanto que jóvenes, mujeres y adultos siguen volcando sus demandas ante al Estado. El interés por disminuir la desocupación y generar empleo ha sido una política seria, ya que con ella no sólo se ha logrado un crecimiento económico en general (que no quiere decir bien distribuido), sino que también se ha ido avanzando en generar trabajo en blanco y en perseguir el trabajo esclavo. Por su parte, el campo de conocimientos sobre el que se desplazó el accionar de los organismos de derechos humanos, es vasto, complejo y polimorfo. No sólo es el sentido y significado que otorgaron a sus accionares y a sus conocimientos, sino, a los ámbitos de aplicación sobre los cuales ejercen su poder. Las intervenciones a nivel político que podemos nombrar, a modo de ejemplo: haber llevado a cabo los juicios por crímenes de lesa humanidad; y como describiéramos anteriormente, la preocupación por la localización y restitución a las legítimas familias de todos los niños secuestrados-desaparecidos, ha sido un objetivo más que primordial. Existen además intervenciones y enfoques de reformas democráticas en las Fuerzas Armadas; sobre el papel que juega la asistencia religiosa en las mismas; debates sobre el Código de Justicia Militar, investigaciones sobre los niveles de violencia militar, en el ámbito federal y provinciales de la policía. De esta manera, la preocupación por las políticas de seguridad pública, tanto a nivel de debate social como a nivel de análisis político socioeconómico ha sido, y es, materia importante para la agenda pública, según alegan los organismos de derechos humanos. Dentro de esta temática, la preocupación por la represión y criminalización de las protestas sociales ha dado por resultado que el Estado haga oídos y opte por una política no represiva. La situación de los penitenciarios de las cárceles constituye otro objetivo fuerte en las agendas de los organismos de derechos humanos. Así como también los temas de superpoblación carcelaria, falta de higiene y de políticas de salud sobre los enfermos encarcelados, investigación sobre casos de tormentos y torturas, sobre los mecanismos de detención y hacinamiento en penitenciarías, y monitoreo sobre los lugares de detención. La preocupación por lo social, como lo son los estudios sobre déficit poblacional y los desalojos sobre la base de políticas de expulsión, más que nada en la provincia de Buenos Aires, como así también los estudios sobre los niveles de calidad de vida de sectores populares, tienen sus 137 Elio Rodolfo Parisí e Adrián Manzi presentaciones ante la Corte Suprema de Justicia de la Nación por parte de los organismos citados. Los seguimientos de control en materia de cumplimiento de entrega de planes sociales por parte del Estado Nacional o de los Estados Provinciales, son correlativos al monitoreo sobre el impacto real y concreto de los planes sociales, como así también a los análisis sobre distribución de ingresos y de las propuestas de recomposición salarial, régimen de asignaciones familiares, salario mínimo, vital y móvil. Aun cuando el gobierno actual reciba críticas precisas por parte de los organismos de derechos humanos, y desmedidas por parte de la oposición, sobre la aplicación de la “Asignación Universal por Hijo”, no deja de imprimirle esta política de Estado un rol no meramente subsidiario; ya que tiene por objetivo, esta asignación, facilitar el reingreso de los niños del sector pobre a las escuelas, y el ejercicio de los controles sobre la salud, ya que los padres deben presentar el calendario de las vacunaciones completo3. Dentro del ámbito social, la injerencia de los organismos, a nivel del conocimiento se encuentran protagonizados por realizaciones de coloquios interdisciplinarios en identidad y memoria, congresos de economía política, en materia de salud mental, y seminarios de participación en debates de intelectuales y profesionales nacionales y extranjeros. La situación de los indígenas se enfoca sobre la asociación y participación política de los mismos y sobre sus reclamos territoriales, además de las denuncias sobre persecución política y policial a los mismos. También son patrocinadores en conjunto con otros organismos internacionales de aquellos que necesitan ejercer su derecho a la defensa y que se encuentran en los servicios de salud mental del país, por sus situaciones de hacinamientos, institucionalización, medicalización, sobrepoblación, precarización, defunciones. La preocupación por los temas de aplicación en políticas públicas sobre el ejercicio a la libertad de expresión y sobre la televisación de los juicios por violaciones masivas a los derechos humanos, es decir, de acceso a la información, también tienen su lógica de correspondencia con las propuestas de debates públicos sobre temas de la despenalización del aborto y sobre la situación discriminatoria de las mujeres en general. Sobre esto último, los temas específicos sobre la cuestión tratan de: la participación de la mujer en cargos públicos y la falta de equidad en el ámbito laboral con respecto a los hombres, sus derechos en el ámbito de la salud, 138 las posibilidades que tienen de educación sobre la reproducción sexual y de educación misma, los problemas sobre identidad de género y de diversos géneros, su situación dentro de la familia y la violencia que en ellas se viven, y también el reconocimiento de la plurinacionalidad y el multiculturalismo, explotación de la prostitución, trata y tráficos de mujeres y niños. Es de rescatar que el Estado Nacional ha acompañado, por medio de funcionarios o presencias institucionales, en muchas ocasiones a congresos y reuniones de carácter nacional e internacional en donde la temática de la mujer es la agenda principal. La situación de los migrantes e inmigrantes ocupan temáticas tales como la reglamentación de las mismas, violaciones a la protección familiar, al arraigo del país, igualdad de derechos para nacionales y extranjeros, trabajadores migratorios, refugiados políticos, xenofobia. En cuanto a los derechos laborales, investigan los sucesos de los diversos conflictos sindicales y son querellantes y patrocinadores en diversas causas. También han denunciado en el último año, a funcionarios públicos y empresarios, que mantienen bajo su mando a trabajadores en situaciones de trabajo en negro y hasta de casi esclavitud. La Sociedad Rural Argentina no ha estado exenta de estas acusaciones. También vuelcan su atención sobre la situación, estructura y características sobre el Sistema de Justicia de la Nación, publicando informes y presentándolos ante la misma justicia nacional e internacional e intentando que los debates se vuelquen a la agenda pública, proponiendo enfoques y cambios sobre el Consejo de la Magistratura de la Nación, analizando las situaciones particulares de cada sistema de cada provincia. A partir de entonces, creemos es imprescindible analizar la relación que existe entre los actuales índices de pobreza e indigencia que el Estado liberal mantiene y las respuestas estatales no represivas frente a esta estadística. Consideramos, por un lado, que la libertad consiste a partir de tener posibilidad de elegir mientras se vive. Y en ese límite difuso entre lo que se puede, lo que se quiere y lo que se sabe, se manifiestan los diferentes usos acerca de la misma en nuestra liberal contemporaneidad. En cuanto al derecho a la expresión y el derecho a la información, el gobierno nacional, por su parte, se ha preocupado enormemente a través de la promulgación de la nueva ley de medios audiovisuales y de las investigaciones que se han Los Derechos Humanos en Argentina y sus Procesos de Subjetivación realizado para establecer la forma en que el grupo Clarín se adueñó de papel prensa. IV. DISCIPLINAMIENTO DE MERCADO, ESTADÍSTICA JUDICIAL Ahora bien, en nuestro interés por destacar los modos de subjetivación, las técnicas o tecnologías para constituirse como sujetos, en tanto para con uno mismo y en tanto para los otros; se hace necesario realizar el desplazamiento del que más arriba citáramos. Ya que para Foucault, la gubernamentalidad implica la relación de uno consigo mismo, lo que significa que en esta noción de gubernamentalidad, apunto al conjunto de prácticas mediante las cuales se pueden constituir, definir, organizar e instrumentalizar las estrategias que los individuos, en su libertad, pueden tener los unos respecto de los otros. Mientras que, si se intenta analizar el poder no a partir de la libertad, las estrategias y la gubernamentalidad, sino a partir de la institución política, sólo es posible considerar al sujeto como sujeto de derecho. Estaríamos ante un sujeto dotado o no de derechos; con ello se remite a una concepción jurídica del sujeto. En cambio, la noción de gubernamentalidad permite, eso creo, hacer valer la libertad del sujeto y la relación con los otros, es decir, lo que constituye materia misma de la ética (Foucault, 1999: 414). De aquí que nuestra preocupación se vuelca hacia el análisis cualitativo de los conocimientos adquiridos, producidos y propuestos para la agenda pública y política, ya que éstos hablan, a nuestro entender, de la intensidad y las modalidades de las relaciones de las fuerzas del poder que aquí, en Argentina, se imponen, más que se distribuyen. V. UN POCO DE HISTORIA DE LOS RECLAMOS Tanto para el CELS como para el CAJ (Comité de Acción Jurídica), el CEJIL (Centro por Justicia y el Derechos Internacional), la LADH (Liga Argentina por los Derechos Humanos), la CORREPI (Coordinadora Contra la Represión Policial e Institucional)4 y la FIDH (Federación Internacional de Derechos Humanos), estos organismos concluyeron que el poder estatal lejos de utilizar el sistema penal como recurso extraordinario, lo utilizaba como mecanismo de control social. Según el CELS (2003) en el 2002, la CTA (Central de Trabajadores Argentinos) y el CAJ, elevaron una queja al Comité de Libertad Sindical del Consejo de Administración de la OIT (Organización Internacional del Trabajo) en la que se denunció que más de 2.800.000 personas, empleadas o desempleadas, se encontraban bajo proceso penal por incidentes sindicalizados; y un año antes la presentación había sido ante la CIDH5 en conjunto con CEJIL. En varias presentaciones y audiencias ante la CIDH, durante el 2001, se denunció la conducta violatoria del Estado argentino contra los derechos humanos. “El 70% de los procesos vinculados con la protesta social se refiere a la modalidad conocida como ‘corte de calles o rutas’, es decir, al delito de entorpecimiento del tránsito” (CAJ, 2006: 69). Lo llamativo del caso es que hasta 1996 no existieron antecedentes en jurisprudencia de procesar por comisión del delito en quienes protestan cortando rutas, avenidas o calles, o imposibilitan la normal circulación del transporte; según las presentaciones de los organismos ante la CIDH en marzo del 2001 y octubre del 2002. Otra imputación hacia los protestantes se refiere al delito de sedición, que penaliza a quienes sin rebelarse contra el gobierno nacional, pudieran levantar una provincia contra otra, o se alzaren para producir una nueva Constitución y cambiar la local, o depusieran algunos de los poderes. Para el CAJ, esta imputación ha sido indebidamente usada, ya que en muchos casos quienes protestaban no querían sustituir a las autoridades, sino exigirles el responsable cumplimiento de determinados mandatos. VI. ROL DEL SISTEMA JUDICIAL En relación con el sistema judicial se puede decir que entre 1998 y 2006 ha buscado socavar la protesta social mediante la penalización de conductas de demanda popular. Según los organismos denunciantes como el CELS, el CORREPI, la FIDH y el CAJ, los tribunales de justicia han mal interpretado el alcance de las figuras penales. Por un lado, se atacó al principio de legalidad, pues un tipo penal no es un instrumento para que el poder sorprenda a los ciudadanos con su arbitrariedad. Es decir, este principio limita el poder del Estado y asegura la libertad del individuo, manifestando dicho principio las exigencia de ley previa, ley escrita, cierta y estricta. Frente a las protestas sociales se ha violado, por parte del Estado, los principios de proporcionalidad, excepcionalidad y necesariedad en el uso de la fuerza. El primero se refiere a que la reacción penal debe ser proporcional a la importancia del derecho del afectado. La violación 139 Elio Rodolfo Parisí e Adrián Manzi al principio de culpabilidad se refiere a que no puede castigarse a quien no haya podido evitar y prevenir tal comportamiento, y también a que el autor esté motivado de manera racional y normal. Actualmente puede afirmarse que la actitud represiva del Estado ha mermado abruptamente, salvo casos aislados en provincias, donde la autonomía del poder ejecutivo tiene jurisdicción. Pero también hay que recordar que las protestas sociales no existen en su magnitud como en otra época y esto es, quiérase o no, por una administración y regulación de los recursos más adecuada a los derechos básicos. Para el CAJ (…) no pueden analizarse los tipos penales en forma aislada, desprendidos del ejercicio de los derechos por parte de los ciudadanos frente a un Estado ausente en su protección. El garantismo como expresión de la libertad, no funciona sólo como límite al poder punitivo, protección de los derechos frente al Estado, sino como garantismo positivo de las prestaciones exigibles al Estado (CAJ, 2006: 103). Es decir, que el enfoque bajo el cual deben interpretarse las formas de protesta social no puede ser otro que la normativa vigente de los derechos humanos ya que deben asegurarse unos derechos para poder permitir otros también. Al respecto, Roberto Gargarella (2005)6 dice que la mirada penal sobre el derecho constitucional resulta utilizada de modo habitual, tanto en frecuentes condenas a los sujetos de protesta política y social, como en las más excepcionales ocasiones en que se procuró protegerla. Nestor Sagues (2000)7 dice que la conversión de un derecho constitucional como el de la vida, la salud, a reunirse y expresarse libremente, es un anti derecho lesivo de los derechos de cualquier otro sujeto (derecho a robar, a ocupar inmuebles, a cortar rutas), importa una estrategia ideológica mutativa de la Constitución. Por otra parte, el constitucionalista Miguel Ángel Ekmekdjian expresa que: “otros tipos de presunta expresión de la voluntad popular, distintos del sufragio (tales como reuniones multitudinarias) no reflejan la opinión mayoritaria del pueblo, sino a lo sumo la de un grupo sedicioso” (Ekmekdjian, 1994: 599-600). Así parecido opina María Angélica Gelli (2003) quien señala “de acuerdo con la ley 20.120, las reuniones en la vía pública requieren permiso de la autoridad policial, bajo determinados requisitos que, en determinadas circunstancias, podrían devenir inconstitucionales” (Gelli 2003: 308). En contraste a ésta dos posturas y sumando a las garantistas positivas, Raúl Ferreyra (2003: 46) 140 dice que: “parece ser cierto que obstruir el derecho a la libertad de expresión (cuando lo ejercen ponen de manifiesto un estado de necesidad extremo y casi terminal) no condice con ningún ‘interés público’ que justifique la intervención” (Ferreyra, 2003: 46). Máxime si los resultados de indebidos procesos, falta de méritos en la mayoría de las causas, demostración fáctica de persecución a líderes sindicales y de organizaciones, y connivencia entre los jueces, fiscales y fuerzas de seguridad; consolidan la visión de la utilización política del derecho constitucional a través del derecho penal.8 Es un determinado sector social el que pasa a ampararse por los organismos de derechos humanos, y es cuestión de voluntad subjetiva el poder conducirse negando la realidad, silenciando delitos, siendo cómplice, por un lado, y enfrentar la realidad movilizándose colectivamente, denunciando públicamente, organizándose legalmente, por otro. Sin movilización no hay justicia, parece ser. Estos informes y denuncias públicas y judiciales permiten discernir cuándo hay represión explícita por parte del Estado, provincial o nacional, cuándo hay persecución judicial a protestantes, cuándo hay complicidad de los jueces que implica la ineficiencia de la investigación, cuándo hay actitudes de impunidad (o emergencia del fantasma del desorden democrático liberal) por parte de los funcionarios policiales, cuándo hay sucesos delictivos aislados, cuándo hay criminalización y estigmatización de la pobreza. Ahora bien, la actitud del gobierno de Néstor Kirchner fue la de implementar una política, desde 2004, en donde el Estado trate de contener la protesta social sin represión y sobre todo, sin matar. Así lo declaró el ex presidente Kirchner y su ministro de Seguridad Aníbal Fernández. La política de la no represión parece continuar con la asunción en dicho ministerio de Nilda Garré en el gobierno de Cristina Fernández de Kirchner, quien prohibió a la Policía Federal la utilización de armas de fuego durante los operativos de protesta social. En reunión en marzo de 2011 con los ministros de seguridad de todas las provincias, de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires y con los jefes y titulares de las fuerzas federales y policiales, la actual ministra firmó un acta-acuerdo en donde se establecen las pautas básicas de actuación por parte de la policía de cada provincia cuando existan manifestaciones públicas. Aun así, la subjetividad argentina configurada con los mecanismos de negación y silencio asegurados a través de determinada complicidad judicial y de ciertos sectores sociales, se evidencia en los niveles capilares del Los Derechos Humanos en Argentina y sus Procesos de Subjetivación poder, allí donde el agente representa al Estado cuando ejerce su profesión. No en la totalidad de los casos, pero sí en muchos. Si bien el Estado Nacional, actualmente no avala la forma de actuar de la represión, es claro que los esfuerzos no solamente tienen que volcarse hacia una no represión en materia de protesta social o a la no criminalización, por ende, de la misma, sino también a una eficaz investigación de los delitos que se cometen de todas las partes involucradas. Las críticas de los organismos más acérrimos a la defensa por los derechos humanos, aún apuntan hacia todos estos puntos cuando el Estado es el que demuestra su ineficacia, su ausencia, su violenta presencia, o su evidente complicidad. Por lo tanto, la implicancia de los grupos de derechos humanos sobre el campo de economía política y políticas de contención social, no sólo se dedica a tareas de querellas o patrocinar, investigar o actuar como meros presentadores de informes ante organismos internacionales. El estudio de los impactos de las políticas de Estado ha sido acompañado con propuestas o al menos vectores sobre los que los funcionarios deberían ocuparse en la agenda pública. De lo expuesto hasta aquí, los organismos recomiendan controles de idoneidad de los efectivos asignados al control de los manifestantes, regulación de las actividades de inteligencia, protección del trabajo de periodistas y reporteros gráficos, registro, preservación y acceso a la información sobre los operativos. Lo que significa por un lado, la denuncia ante la falta de una administración para que se aumente de recursos humanos y materiales focalizada hacia las fuerzas de seguridad; y por otro, la necesidad de crear un régimen de control general, valga la redundancia, de las fuerzas de seguridad. De todas maneras, la presencia de estos modos de ser, en el que la violencia media en el ejercicio de la libertad (a manifestarse, a la huelga, a robar) entre los ciudadanos, ha largado cifras constantes y estables durante la década pasada. Dentro de este modo de relacionarse los argentinos, en tanto sectores en lucha, y al cual hemos desmenuzado su intríngulis histórico, también ha comenzado a observarse, a escucharse y a denunciarse a delitos que se cometen en aquellos lugares físicos que están fuera del ámbito público, fuera de la cobertura periodística o de la presencia de testigos oculares. Los altos índices no oficiales sobre violencia familiar, sobre la pauperización de los hospitales psiquiátricos, sobre las condiciones de hacinamiento y tratos indignos en las cárceles y ambientes penitenciarios, son el ejemplo vivo de que el ejercicio perverso del poder, hizo cómplices del silencio y la negación, en todo el tejido social, y más precisamente en los niveles en donde el poder es difícil de monitorear y también allí donde el poder sufre el poder (los carceleros). Actualmente, pese a las purgas y los intentos de reforma sobre la estructura de las fuerzas armadas, los índices de los dividendos entre los policías de los delitos graves, sigue constante. Resulta evidente que las tasas de inseguridad pública son directamente proporcionales al nivel de corrupción existente en las filas policiales (Ragendorfer, 1997). Las instituciones policiales provinciales no se quedan atrás en comparación con la policía bonaerense, ya que en las provincias, cuyas estructuras de gobierno en algunos casos son casi feudales, hay notable connivencia entre éstas y la policía. Todas ellas hacen o hicieron de algunas contravenciones tradicionales parte de su sistema de supervivencia, es decir, cobrando un canon necesario para que el Contravencional o delincuente prosiga con su actividad, no al margen de la ley, sino más bien acompañado por ella. VII. MODOS DE CONSTITUCIÓN DE LOS SUJETOS Para poder pasar del análisis de la gubernamentalidad a los modos de constitución de los sujetos, es necesario hacer una genealogía de las prácticas de saber y poder. El médico y dramaturgo Pavlosky dijo que: No olvidemos que la dictadura necesitó (para) sus crímenes la complicidad civil de un amplísimo sector de la población. Algunos ni siquiera sabían que estaban aterrorizados. Porque frente a un sector que reacciona con indignación y con respuesta solidaria, frente a los que quieren ejercer la denuncia, existe, en cambio, otro sector anónimo, silencioso, sin voz, que es terreno fértil para aterrorizar. Constituyen un coro silencioso cómplice (Pavlovsky, 1999: 79). Por eso es que Pavlosky vaticinó al fin de esa década que “se vienen tiempos difíciles y la economía de mercado necesita del micro fascismo diario-cotidiano-meticuloso y bien orquestado desde un sector de los medios, para su buen funcionamiento” (Pavlovsky, 1999: 100). No sólo es el sector pobre el que quedó incluido en la lógica de la cultura represora en este complejo proceder de la gubernamentalidad, es decir, los índices de violencia generalmente han incluido al sector más vulnerable, ya sea por víctimas o por victimarios. El sector de las fuerzas armadas y del poder judicial, funcionarios de justicia y actores civiles, 141 Elio Rodolfo Parisí e Adrián Manzi empresarios y sindicalistas, también operaron, y operan todavía muchos de ellos, disciplinándose a su manera y con estos modos de ser entre los cuales: ante la movilización y la solidaridad, la denuncia pública y la judicial; se responde con más expropiación, más desvalorización, represión, negación de los hechos y complicidad. La violencia micro política, que recién está saliendo a la luz, da cuenta de los índices de complicidad que el poder represor necesitó y ejerció. Ya sean jueces y fiscales, constitucionalistas y abogados, pasando por cabos primeros hasta carceleros de la policía y gendarmería, desempleados piqueteros y subempleados piqueteros, querellantes y testigos, docentes y científicos, empresarios y sindicalistas, no comparten las mismas condiciones materiales de existencia, el mismo devenir en el mercado, el mismo estatuto en el derecho, ni tampoco la misma ideología humanística, ni la misma clase social. Por lo que queremos acentuar que los modos de relacionarse entre estos sectores, -para caracterizar a la gubernamentalidad- están desplegados extensivamente y reticularmente en el tejido socio político argentino. Desde las altos estratos hasta los más ínfimos escalafones. Sin embargo, rescatamos que desde el actual gobierno nacional se ha logrado disminuir la actuación violenta y represiva por parte del Estado. Para Pavlovsky fueron las fuerzas armadas las que produjeron una especial subjetividad en los subordinados, donde la violencia, el saqueo, el rapto, la tortura se interiorizan como obvias y normales en la Institución. Sabemos que no hay terrorismo de Estado sin complicidad civil, y ésta se vuelve protagónica para que las maquinarias represivas continúen intactas. La complicidad civil también produce mayor represión. El fascismo sigue presente. Los microfascismos de los pequeños Hitler de Barrio (Pavlovsky, 1999: 117). De aquí que consideramos que estos micro fascismos cotidianos, aún están cristalizados en vastos sectores de la institución policial, ya sea provincial, metropolitana o federal, y se reproducen expandiéndose hacia otros sectores, sean de la clase social que sean. Las técnicas de gobernar a los otros y a uno mismo, se han configurado en estos últimos años, teniendo como inoculación preponderante los comportamientos de estos funcionarios y de ciertos civiles cómplices. Pero, el hecho de que numerosos grupos de defensores de derechos humanos tengan 142 últimamente viva voz, significa que han iluminado certera y verazmente sobre estos delitos de los cuales antes nada se decía, porque nada se veía, nada se investigaba y nadie era culpable. El trabajo constante de denuncia pública y de movilización permanente, sumada a una profesionalización de sus conocimientos y un reconocimiento simbólico y material de las sociedades civiles internacionales, ha logrado, por fin, tener reconocimiento nacional a nivel gubernamental. Tanto desde sectores civiles, y en menor medida, pero creciente, desde el Estado, hay muchos trabajos de denuncias, de despliegue de información (llamadas campañas de sensibilidad), de articulación con instituciones públicas, sobre vulneración de derechos humanos, o vulnerabilidad de determinados sectores. VIII. CONCLUSIONES Las derogaciones de las leyes de Obediencia Debida y Punto Final, la continuidad en los juicios de lesa humanidad; la promulgación de la nueva ley de identidad y la modificación de los objetivos del banco de datos genéticos; la observancia de una actuación no violenta por parte de las fuerzas de seguridad durante las manifestaciones públicas; la campaña por recolección y destrucción de armas no legales; el acompañamiento a los organismos de derechos humanos en materia de difusión y aplicabilidad de políticas públicas para mejorar la calidad de vida de las mujeres; la promulgación de la nueva ley de salud mental; la promulgación de la nueva ley de medios audiovisuales; la legislación del matrimonio igualitario equiparando derechos civiles para los homosexuales; la persecución y denuncia del trabajo esclavo; la promulgación de la ley contra la trata de personas; la promoción industrial en diversas provincias abriendo e inaugurando fábricas; la integración regional al Mercosur cada vez mayor tanto en materia cultural como en materia económica; la integración también al UNASUR (que sustituye a la OEA –que daba plena intervención a los EEUU en problemas políticos de la región- y detuvo un golpe de Estado contra el presidente Correa en Ecuador durante el 2010); consideramos que son acciones políticas que directamente están destinadas a regular la población argentina, más que a amparar el derecho al libre comercio de los poderosos, de la libre impunidad a los silenciosos y negadores, o de establecer demagogia para obtener el voto popular. Si bien en materia de agroquímicos, el Estado Nacional ha dejado camino limpio a las multinacionales, en especial a Monsanto; y en materia minera9 los acuerdos con las Los Derechos Humanos en Argentina y sus Procesos de Subjetivación multinacionales, como con la multinacional Barrik Gold, continúan su curso; las leyes de hidrocarburos siguen aún sin discutirse en debate público y político; el INDEC es duramente criticado con una imagen de descreimiento sobre la población; y a pesar de la “crisis mundial” (calificado así porque los bancos de los países desarrollados dan pérdidas) los bancos que están en la Argentina han obtenido ganancias de 4.730 millones de pesos durante el 200810 y 3.800 millones durante el 201011; es destacable la función que está desempeñando el Estado Nacional en administrar a la sociedad argentina en materia económico política, pero, sobre todo, bajo un fortalecimiento de los estándares mínimos internacionales en materia de derechos humanos. Por nuestra parte, no creemos que la reparación del colectivo social sólo se esté realizando a través de la judicialización de los delitos de lesa humanidad o de judicialización de tribunales internacionales de los internos en penitenciarías. Para hablar de derechos humanos tiene que haber una ética de investigación y conocimiento de la historia, sobre los pactos sociales y políticos, que fundaron una cultura mortificante, para actuar sobre las causas de la situación actual de expropiación de recursos materiales y humanos. La ética argentina actual exige una educación para poder establecer socialmente los múltiples sentidos y diferentes significados que se han ido construyendo acerca de lo que es vivir, trabajar y hablar para los argentinos. Para que exista la práctica de libertad son necesarias estas propuestas culturales. Actualmente no es posible realizar un análisis de las consecuencias de todas las medidas que el gobierno, como Estado regulador, está implementando. Como así tampoco es viable caracterizar prematuramente las formas y los contenidos en que se han destinado recursos públicos, y privados, para las nuevas legislaciones que hemos nombrado párrafos anteriores. 143 Elio Rodolfo Parisí e Adrián Manzi BIBLIOGRAFÍA ESPECÍFICA Amarante, Paulo (2009). Superar el manicomio. Salud Mental y atención psicosocial. Buenos Aires: Topia Editorial. Ekmekdjian, Miguel Ángel (1994). Tratado de Derecho Constitucional. Buenos Aires: Depalma. Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS) (2003). El Estado frente a la protesta social. 1996-2002. Temas para pensar la crisis. Buenos Aires: Siglo XXI Editores S. A. Ferreyra, Raúl Gustavo (2003). La Constitución vulnerable. Buenos Aires: José Luis Depalma editor. Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS) (2005). Derechos humanos en Argentina. Informe 2005. Buenos Aires: Siglo XXI Editores Argentina, S. A. Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS) (2008). La lucha por el derecho. Litigio estratégico y derechos humanos. Buenos Aires: Siglo XXI Editores Argentina, S. A. Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS) (2009). Derechos humanos en Argentina. Informe 2009. Buenos Aires: Siglo XXI Editores Argentina, S. A. Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS) (2010). Derechos humanos en Argentina. Informe 2010. Buenos Aires: Siglo XXI Editores Argentina, S. A. Chababo, Rubén (2004). Una tradición de silencios. En Identidad, Construcción social y subjetiva. 1er Coloquio Interdisciplinario de Abuelas de Plaza de Mayo, pp. 35-44. Buenos Aires: Abel Madariaga Editor. Comité de Acción Jurídica (CAJ) (2006). Situación de los derechos humanos en Argentina. 20042006. Jurisprudencia – Comentarios – Debates – Acciones del CAJ. Buenos Aires: Autor. 144 Foucault, Michel (2009). El gobierno de sí y de los otros. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica. Gabilondo, Angel (1999). “La creación de modos de vida”. En A. Gabilondo (Ed. Y Trad.). Michel Foucault. Estética, ética y hermenéutica, pp. 9-35. Barcelona: Paidós Ibérica. Gargarella, Roberto (2005). El derecho a la protesta, el primer derecho. Buenos Aires: Ad-hoc. Gelli, María Angélica (2003). Constitución de la Nación Argentina. Concordada y comentada. Buenos Aires: La Ley. Grande, Alfredo (2002). Psicoanálisis implicado. La marca social en la clínica actual. Buenos Aires: Topia Editorial. Grande, Alfredo (comp.) (2008). La sexualidad represora. Buenos Aires: Editorial Topia. Greblo, Edoardo (2005). Globalización, democracia, derechos. Buenos Aires: Nueva Visión. Pavlosky, Eduardo (1999). Micropolítica de la Resistencia. Buenos Aires: Eudeba. Ragendorfer, Ricardo (1997). La bonaerense: Historia criminal de la Policía de la Provincia de Buenos Aires. Buenos Aires: Editorial Planeta. Sagues, Nestor (2000). Derechos y contraderechos. Buenos Aires: ED. Los Derechos Humanos en Argentina y sus Procesos de Subjetivación NOTAS 1. http://www.indec.mecon.ar/nuevaweb/cuadros/ 4/EPH_cont_4trim10.pdf 7. En “Derechos y contraderechos”, ED 186-827, 2000. 2. http://www.indexmundi.com/es/argentina/ tasa_de_desempleo.html. 8. CAJ, 2006, p. 112. 3. El Calendario Nacional de Vacunación en la Argentina hoy cuenta con 16 vacunas, desde la BCG que se utiliza para combatir la tuberculosis hasta aquella contra el Virus del Papiloma Humano (VPH), para prevenir el cáncer de cuello de útero, más la incorporación de las vacunas contra el rotavirus, la varicela y meningococo.. El Estado Nacional las garantiza en forma gratuita “en centros de salud y hospitales públicos de todo el país”. De ese total “10 fueron incorporadas entre 2003 y 2011, medida que las convierte en gratuitas y obligatorias para la población objetivo”, como informa el Ministerio de Salud de la Nación. 4. Ver “Informe de situación 2003-2006: Los Derechos Humanos en la Gestión Kirchner”. http://www.rebelion.org/noticia.php?id=36784 5. Comisión Humanos. Interamericana de 9. Desde la década del ´90 rigen las leyes 24.196 (de Inversiones Mineras) y 24.228 (Acuerdo federal Minero). La legislación nacional prohíbe al propio Estado (nacional, provincial, municipal) explotar por sí solo cualquier yacimiento. Las grandes empresas mineras gozan de estabilidad fiscal y cambiaría por 30 años., tiene un tope de sólo 3% a regalías en las provincias, cuentan con una exención del arancel de importación para equipos y maquinarias, devolución de IVA a la exploración y exención de impuestos a las ganancias. 10. http://www.iprofesional.com/notas/78597-Enplena-crisis-los-bancos-argentinos-tuvieron-lamayor-ganancia-de-la-ultima-decada.html. 11. http://www.saladeinversion.com/cfds-acciones/ ganancias-bancos-argentina-dejaron-saboragridulce-mercado-acciones-cfd/. Derechos 6. En “El derecho a la protesta, el primer derecho”. Ad-Hoc, Buenos Aires, 2005. 145 MORE HONEY THAN VINEGAR: PEER REVIEW AS A MIDDLE GROUND BETWEEN UNIVERSALISM AND NATIONAL SOVEREIGNTY1 Elvira Domínguez-Redondo Asssociate professor of international law at Middlesex University in London, United Kingdom Edward R. McMahon Research associate professor in the Department of Community Development and Applied Politics and the Department of Political Science at the University of Vermont in Burlington, United States. I. INTRODUCTION Dr. Martin Luther King suggested that the arc of the moral universe is long and that it bends towards justice.2 This vision is reflected in growing and evolving global acceptance of the universality of human rights values. The positive correlation between justice, especially as evidenced by respect for human rights, and the prevention of conflict has been well articulated.3 It has been argued that a generalized understanding is now developing regarding the conceptualization and implementation of human rights that diverges from the first, second, and third world doctrines, which dominated the global human rights agenda until the end of the Cold War.4 Although elements of the philosophies underpinning Western, socialist, and developing countries’ doctrines on human rights continue to permeate intergovernmental human rights debates, albeit with many nuances no longer captured in traditional East-West or North-South divides, the current period is marked by a “broad consensus on the need to consider respect for human rights a sine qua non for full international legitimization.”5 An interesting proposition is that the existence of a “global consensus” in international law is the result of the overlapping views of a few powerful countries.6 Still, the voices contesting the universality of global values as foundations of international law, and particularly as foundations of the international human rights regime, are far from silenced. This article explores the potential of strategies, rather than philosophies, for the implementation of human rights as a means of reconciling the universalist and relativist conceptual approaches. In doing so, it engages with the eternal issue of “sovereignty” as an impediment to strengthening the international human rights regime. The founders of the United Nations were unable to overcome their concerns regarding limitations to their sovereignty, including transferring various governance competencies to international organizations. As a result, Article 2(7) of the Charter of the United Nations (UN Charter) maintains the principle of state sovereignty, constraining the organization’s powers to intervene in the domestic affairs of member states, with the sole exception of collective action under Chapter VII in response to the breach of, or threats to, international peace and security.7 Despite this strong assertion, articulated among the principles of the organization, references to human rights included elsewhere in the UN Charter have been used as a foundation for an increasingly active UN human rights regime, permeating (at least nominally) all of the spheres of activity and structures of the United Nations.8 The evolution of the UN human rights regime has been significantly influenced by the changing cast of dominant state actors. The more developed Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD) countries have generally been more open to accepting and promoting some evolving international norms, even though these may result in diminished sovereignty. They have been frequently prepared to specifically criticize and “call out” states deemed to be violating commonly accepted human rights principles. By contrast, the Non-Aligned Movement, then the G-77, and, more recently, the emerging powers known as BRICS (Brazil, Russia, India, China and South Africa) have had a different approach.9 147 Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon The change in the relative participation and influence of emerging powers, many of which did not participate actively in the development of earlier conceptions of the international human rights machinery, has led to a significant debate. As the human rights machinery has grown, these states have aligned themselves, at least in theory, with a conception of human rights that is more consonant with the notion of state sovereignty, in which cultural differences often significantly contribute to the formulation of normative standards (for example, the discussion on the defamation of religions).10 The biggest impact, however, lies in their insistence that apolitical technical co-operation, rather than value-laden “naming and shaming,” is the appropriate approach by which to advance human rights. As a result, these states continue to resist measures deemed to monitor their compliance with human rights obligations without their express consent and, therefore, remain proponents of a restrictive conception of sovereignty.11 At the same time, however, a range of methodological approaches, such as the responsibility-to-protect concept (R2P) and peer-review mechanisms, both developed with the explicit support of G-77 states, reflect moves in this era of globalization towards more flexible interpretations of national sovereignty. Two of the major initiatives focusing on governance and human rights are the UN Human Rights Council’s Universal Periodic Review (UPR) and the African Peer Review Mechanism (APRM). Both approaches are relatively new. The APRM was implemented in 2003 and the UPR in 2008. They represent, at least in theory, a fresh approach as they do not involve conditionality and have the potential to minimize North-South and other cleavages between regions.12 This article begins by explaining the context in which peer review mechanisms were conceived as a means of addressing the long-standing denunciation of the political selectivity of investigation and/or condemnation of situations in particular territories.13 It explores the gap between the universalist and cultural relativist human rights perspectives and highlights the role of human rights in what is claimed to be a progressive erosion of the sovereignty of states. This exploration sets the scene to consider the nascent role of one international organization’s peer review process – the UPR – at the UN Human Rights Council in contrast to other, more traditional (and coercive) methods of influencing state behaviour regarding human rights. Through the prism of the UPR, this article will challenge 148 common perceptions regarding regional blocs and the pursuit of national and regional policies on human rights issues and explain the potential of such a mechanism to showcase existing or emerging customary law. Furthermore, it will explore the role and potential of intergovernmental mechanisms based on peer review assessment in the prevention of human rights violations and conflict mitigation. In examining the last point, it will focus on the outcomes of the UPR but will also refer to the APRM. Overall, this article aims to demonstrate that peer review mechanisms may, if used wisely, “thread the needle” by addressing national sovereignty concerns while concomitantly promoting adherence to universal human rights standards. It also posits the idea that the establishment of peer review mechanisms with which states are voluntarily engaging for the promotion and protection of human rights may be a reflection of a level of “maturity” of human rights law as a subject of international law. II. UNIVERSAL PERIODIC REVIEW: A CONTEMPORARY INTERGOVERNMENTAL APPROACH TO IMPLEMENTING HUMAN RIGHTS While no general norm of international law obliges states to choose any particular means of monitoring their compliance with agreed standards or of resolving disputes, the vast majority of international disputes involving states and/or international organizations follow a pattern. Diplomatic means of dispute settlement are attempted first and other, more adversarial, means are used when diplomatic means do not bear fruit.14 In extreme cases where there is a threat to peace and security, the UN Security Council may decide a course of action that also follows the logic of gradually increasing severity of measures, from less to more aggressive, as exemplified in Articles 41 and 42 of the UN Charter. Contrary to other areas regulated by international law, human rights implementation mechanisms have rarely been left in the hands of states alone. Politicization is understood as being synonymous with inefficiency and injustice when it comes to assessing the work of human rights bodies. The actions of inter-governmental bodies such as the UN General Assembly, the Human Rights Council, or the Security Council are, by definition, political. Therefore, ever since the United Nations decided it had competence More Honey than Vinegar: Peer Review as a Middle Ground between Universalism and National Sovereignty to address human rights violations, reversing its original position based on Article 2(7) of the UN Charter, these organs have used numerous expert bodies to assist in this work.15 This action has provided legitimacy to their human rights work since initial reliance on governmental representatives alone met with fierce criticism.16 In addition, the non-reciprocal nature of human rights, the inequality between parties (individual versus state), and the configuration of human rights as legal claims protecting individuals from abuses of (state) power have all led to a very particular legal conception of human rights. As a result, the measures and mechanisms considered suitable for the implementation of human rights have frequently been based on legal principles articulated by independent experts, reflected in the myriad of UN Charter- and treaty-based human rights bodies that have been created under the auspices of the United Nations. This development does not mean that extralegal, non-adjudicatory methods of work, where the aim is other than to discern whether or not a state has failed to honour its human rights obligations, are alien to UN human rights monitoring bodies. Mandate holders of special procedures of the UN Human Rights Council and experts on treaty bodies offer technical co-operation to states and use tools aimed at protecting potential victims of human rights violations, often without entering into an assessment of the legality of the situation.17 Treaty bodies have demonstrated the potential for achieving positive results through engaging in constructive dialogue with the state concerned.18 In addition, “confidential enquiries” to investigate widespread or systematic violations are foreseen in the Convention against Torture and Other Cruel, Inhuman or Degrading Treatment or Punishment (Article 20), the Optional Protocol to the Convention on the Rights of Persons with Disabilities (Article 6), and the Optional Protocol to the Convention on the Elimination of Discrimination against Women (Article 8).19 Until recently, inter-governmental mechanisms of human rights implementation under UN auspices attained modest results, reinforcing the view that human rights monitoring was at an advantage in the hands of third parties, such as independent experts. The first example illustrating this point consisted of the establishment, in 1956, of a system of periodic reports to be submitted by states to the then UN Commission on Human Rights20 on progress achieved within their territories in advancing the rights enshrined in the Universal Declaration of Human Rights,21 the Declaration on the Granting of Independence to Colonial Countries and Peoples,22 and the Declaration on the Elimination of All Forms of Racial Discrimination.23 The purpose of periodic reports was not to criticize or evaluate the situation of human rights in a given country but, rather, to gather information and serve as a “valuable incentive to Governments’ efforts to protect human rights” and promote their implementation.24 The consensus among commentators at the time, still shared today, is that this mechanism did not result in any meaningful outcome25 in its twenty-five-year existence.26 Nevertheless, periodic reporting has been incorporated into all of the core international human rights treaties since then. Other equally flawed processes have included: (1) the much criticized “complaint procedures” (formerly 1503 procedure) whose impact is limited due to its confidentiality;27 (2) the still unused inter-state complaint mechanisms under some treaty-based bodies; 28 and (3) the limited number of cases brought to the International Court of Justice (ICJ) based on human rights violations.29 In brief, past experience of human rights mechanisms dependent on inter-governmental bodies for their implementation suggests that states have not been particularly committed to the enforcement of human rights in other jurisdictions. It is therefore unsurprising that when the idea of the UPR was first mooted as an intergovernmental mechanism for the promotion of human rights relying on inter-active dialogues inter pares, many were sceptical, if not openly against it.30 Experience has challenged this reflexive attitude, however, and the initial scepticism has given way to grounds for belief that many governments are engaging seriously with the mechanism.31 Assessments regarding state compliance with recommendations must await the end of the second cycle, at which time judgments on whether recommendations agreed to in the first cycle have been implemented. Research, however, shows high levels of acceptance of recommendations made during the process,32 and there is significant data indicating positive on-the-ground impact of the UPR in the short term.33 Its capacity to provide unprecedented data highlights the rather mediocre human rights performance of the permanent members of the UN Security Council, five countries enjoying de facto immunity from strong action by the UN Commission and Human Rights Council until now.34 In addition, topics consistently overlooked under the international human rights mechanisms, such as minority rights35 and sexual 149 Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon orientation rights,36 are finding accommodation under the UPR.37 There are other positive outcomes. Peer review mechanisms for the implementation of human rights such as the UPR and the lesser known APRM are, perhaps ironically, relying on traditional sovereign state diplomacy to further human rights implementation.38 We argue that this trend is positive at three levels: (1) at a theoretical level, it reveals an evolving maturity of the human rights regime with a capacity to detach from exclusively legalistic approaches to human rights implementation; (2) at a policy level, it has generated evidence of measured positive outcomes of peer review mechanisms, suggesting a preference for more co-operative approaches to human rights implementation as a first and complementary step to other more legalistic/ adversarial means of implementation; and (3) peer review mechanisms offer both a theoretical and pragmatic framework under which to reconcile universalist and relativist approaches to human rights, accommodating international legal obligations while also formally accommodating the concept of sovereignty. III. INTEGRATING UNIVERSALISM AND CULTURAL RELATIVISM Proponents of universal values argue that all human beings have certain basic human rights such as the freedoms of religion, speech, association, and thought. The Universal Declaration of Human Rights is the most seminal document legitimizing this perspective, profoundly and positively affecting human rights globally.39 In 1948, the UN General Assembly proclaimed the declaration to be a “common standard of achievement for all peoples and all nations.”40 This sense of universalism is rooted in other jurisprudential theories such as natural law theory – that is, belief in a higher, divinely ordained law and its secular counterpart, the theory of rationalism. Some proponents have sought to justify an emerging consensus on the right to democratic forms of government.41 Another strand holds that since human rights are universal, their global observance leads to improvements in living standards throughout the world. One of the most influential proponents of this perspective is Nobel Prize winner Amartya Sen who has argued not only that personal freedom and individual rights are global in nature but also that they are inextricably linked to economic development.42 The internationalization of human rights – that 150 is, the treatment of human rights as a subject of international law and politics,43 reinforces its foundational claim of universality. This claim is closely linked to liberal and constitutional conceptions of international law, based on shared global values. The purported universality of some of these foundational values of international law has been the cause of unease and contestation among international lawyers.44 Third World approaches to international law have also pointed out that the universality of international law is a sub-product of colonialism.45 Similarly, the universality of human rights is an issue that has been hotly contested for decades by cultural relativists. They argue either that (1) such rights do not exist or (2) to the extent that such rights exist, they must be fully mediated and interpreted through the particular social, cultural, and historical prisms of the societies in which people live. The Universal Declaration of Human Rights was challenged at its birth by the American Anthropological Association, which queried how the declaration could “be applicable to all human beings, and not be a statement of rights conceived only in terms of the values prevalent in countries of Western Europe and America.”46 Proponents of these views have spoken against a broad-based interpretation of human rights – for example, through the “Asian values” argument.47 Some leading developing world figures, such as Singapore’s former Chief Minister Lee Kuan Yew, have strongly contested universal interpretations of human rights and suggested instead that there are “Asian values” based on regional, rather than on universal, norms.48 Rhonda Calloway suggests that this critique provides an alternative to Western states’ perspectives, emphasizing state sovereignty, respect for hierarchy and authority, and socioeconomic rights. This view holds that Western political culture is too individualistic, suffers from a crumbling civil society, and has sought to impose its values inappropriately in non-Western contexts. Counter-arguments suggest that Asia is not homogenous and that there cannot be one over-arching set of values and that the Asian values argument has tended to be advanced by Asian governments or their supporters who benefit politically from doing so.49 This issue has also arisen in the clash of Middle Eastern or, more precisely, Islamic values and those of Western states. Ali Mazrui has focused on various aspects of this question, arguing that compatibility exists More Honey than Vinegar: Peer Review as a Middle Ground between Universalism and National Sovereignty between the two cultures and that the West (his term) has much to learn from Islamic values.50 Other authors have noted that discrepancies in approach may have less to do with Islam than with the economic, social, and political distortions inherent in the Middle Eastern oil-based rentier contexts.51 A similar debate has taken place regarding African approaches to human rights and democracy. African intellectuals in the postindependence period argued that single-party democracy was possible and feasible in Africa. Presidents Julius Nyerere of Tanzania and Kenneth Kaunda of Zambia were ardent proponents of this theory, and President Yoweri Museveni of Uganda developed a “no-party” variation on this theme. While this perspective has been discredited due to the abuses of human rights and economic decline that accompanied the suppression of political pluralism, a germ of truth lies in the fact that political institutions cannot be grafted wholesale from one context into another, as they were from Europe to Africa with disastrous results after colonial rule. This argument has been adapted and developed by Daniel Osabu-Kle, although his approach is stronger in critiquing the impact of Western models than in proposing realistic and workable models of governance that reflect regional realities and universal values.52 In recent years, an increasing number of commentators have sought common ground between the complete adherence to immutable universal values, including human rights, and full cultural relativism in which rights can only be defined in the context of the particular society in question. These perspectives include the further articulation of the concept of a “right to culture,” in which the relativist regard for difference is made the subject of a universal right to express this different identity and examples by which universalist legal frameworks accommodate difference to reflect different traditions. Such thought has been spurred on by the work of the United Nations itself. The landmark 1993 Vienna Declaration and Program of Action states that [a]ll human rights are universal, indivisible and interdependent and interrelated. The international community must treat human rights globally in a fair and equal manner, on the same footing, and with the same emphasis. While the significance of national and regional particularities and various historical, cultural and religious backgrounds must be borne in mind, it is the duty of States, regardless of their political, economic and cultural systems, to promote and protect all human rights and fundamental freedoms.53 Similarly, Jack Donnelly seeks to articulate what he views as the reality of both universal and contextual elements in human existence by developing the concept of “relative universality,” although he recognizes that the devil can be in the detail when one determines how much weight to assign to the “relative” or the “universal” aspects of this concept.54 Michael Goodhart argues that one way to move beyond the divide is for analysts to avoid conceptualizing rights as either universal or relative.55 Michael Brown struggles with this dichotomy, stating that [c]lassical cultural relativism ... has been debated by scholars for more than a halfcentury. Today’s consensus is that, as originally conceived, cultural relativism has significant flaws … Yet there is much to be said for the clarity and conciseness of classical cultural relativism’s claim that cultures constitute different life-worlds, as long as they are not taken too literally.56 Adamantia Pollis and Peter Schwab, whose previous work has fallen squarely into the cultural relativist camp, have also evolved in their thinking, largely because of the reality of the phenomenon of globalization. They take the approach of integrating cultural elements into a universal concept of human rights, as opposed to fundamentally questioning the universality concept itself.57 A related cleavage occurs in discussions concerning the nature and definition of human rights. One school of thought has focused on human rights as primarily civil and political in nature, as reflected in the work of nongovernmental organizations (NGOs) such as Freedom House and Human Rights Watch. Hugo Bedau, for example, has argued that, at their core, human rights are “negative” in nature, in the sense that they are focused on protecting the individual from abuses by the government.58 Others, such as Henry Shue, have argued that human rights should be seen as “positive,” expanding the role of government in addressing basic human economic, social, and cultural needs.59 This discussion has been coloured by regional and geopolitical considerations, as Western states have tended to define human rights in the former terms, while communist bloc countries before the fall of the Iron Curtain and those in the developing world (especially governments) have argued for the broader interpretation. Richard Claude and Burns 151 Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon Weston, among others, have built on the concept introduced by Karel Vasak of “first-generation” civil and political rights, “second-generation” economic, social, and cultural rights, and a “thirdgeneration” “solidarity” rights,60 which represent a further extension of the rights concept into the areas of global redistribution of wealth, the sharing of global resources, and the right to peace.61 As with the universalist and cultural relativity themes, some more recent observers have sought to identify bridges between “negative” and “positive” definitions of human rights. In a move that received considerable attention in the press and academia, the highly respected and influential American Anthropological Association altered its stance on the Universal Declaration on Human Rights in 1999, stating that its working definition [of human rights] builds on the Universal Declaration of Human Rights (UDHR), the International Covenants on Civil and Political Rights, and on Social, Economic, and Cultural Rights, the Conventions on Torture, Genocide, and Elimination of All Forms of Discrimination Against Women, and other treaties which bring basic human rights within the parameters of international written and customary law and practice.62 Leonard Rubenstein has suggested that human rights groups have an important role to play in promoting economic, social, and cultural rights by (1) collaborating with partner organizations in the developing world in lobbying for systems and services that meet needs in a manner consistent with human rights requirements; (2) advocating for resources to fulfil economic, social, and cultural rights, especially by lobbying for funds from wealthy countries; and (3) monitoring compliance by states with the increasingly explicit obligations to protect, respect, and fulfil these rights.63 Bonny Ibhawoh has noted some movement on the part of Western state-oriented human rights NGOs to include economic, social, and cultural rights in their agendas. He has also emphasized the role that indigenous human rights organizations in the developing world can play to help further this debate.64 These themes represent, in varying ways, attempts to find “middle ground,” to attenuate some of the highly polarized, partisan, and ideological thinking that was a feature of the Cold War, shifted onto a North/South axis, and that has subsequently evolved as a result of the “global war on terror” that followed the 11 152 September 2001 attacks. Proposals to achieve a paradigm shift reconciling the tension between universalists and relativists have also included: (1) proposals to move from a “representation of culture as abstract and static to one based on the reality of culture as practice”;65 (2) the cross-cultural approach advocated by Abdullahi An-Na’im;66 (3) the “inclusive universalism” promoted by Eva Brems;67 and (4) the approach based on “legal practice” articulated by Douglas Donoho.68 After summarizing the shortcomings of these approaches, Michael Addo has suggested that the working methods of UN human rights treaty bodies could offer a model of good practice for managing the tensions between universalist and cultural relativist schools of thought.69 We suggest that the creation of the UPR (and other international organization, peer review processes) also reflects this ambitious, albeit imperfect, compromise, which promotes a global conception of human rights while acknowledging the realities of regional and/or cultural differentiation. Recent research suggests that there is robust evidence supporting the proposition that states ratify treaties because they intend to comply with them.70 It is therefore fair to deduce that the engagement of states with international mechanisms reflects a level of commitment to them, at least at the time of engagement. In the case of the UPR, for example, all states have engaged with the system (with the exception of Israel for a few months during the second cycle in 2013).71 This action suggests, assuming these conclusions can be applied to other human rights commitments and mechanisms, at least some commitment on the part of participating states towards human rights implementation.72 It is not the objective of this article to refute the widespread, but uncorroborated, belief about the limited impact of UN Charter-based bodies, such as the Human Rights Council and its subsidiary bodies, due to their characterization as political organs.73 Contrary to Addo’s assertion that a legal approach is a necessary condition to achieving reconciliation between cultural diversity and universal respect for human rights,74 this article argues that it is the more co-operative techniques used by human rights bodies in recent years, rather than the nature (that is, legal or political) of such bodies, that seems to be adding value to existing human rights implementation mechanisms. Preliminary research provides reason for optimism regarding the beneficial effects of peer review mechanisms on the enjoyment of human rights on the ground.75 More Honey than Vinegar: Peer Review as a Middle Ground between Universalism and National Sovereignty Whatever the reasons behind it, the scale of engagement of states with the UPR is unprecedented, as is the data it is generating on levels of respect for global human rights as well as the evidence of opinio juris in relation to human rights and international humanitarian law. The preparation of state reports for the UPR and the interactive dialogue is particularly useful as a tool to identify and blend different sets of social values at the universal level since it allows “the identification of the positions which the responsible organs of governments have officially adopted.”76 In addition, the existence of this data has facilitated innovative research measuring the impact of the UPR. The efficiency of other UN human rights bodies has only been tested in recent times, after decades of existence,77 while quantitative and qualitative analyses of the UPR’s impact were available less than five years after its implementation.78 This information is related to the quantity and quality of data generated by the UPR itself, which is relatively standard and comparable for all states.79 It is also not dependent on restricted sources for certain countries or rights, a bane often undermining the reliability of conclusions reached by researchers engaged in empirical analyses of the effectiveness of human rights mechanisms prior to the UPR.80 This is the first comprehensive source of information allowing an analysis of the standards used in practice when states examine human rights performance in a peer context. For instance, by analyzing the types of action verbs utilized in recommendations and ranking them on a scale from one (minimal action) to five (specific action), it is possible to develop a picture of the extent to which recommendations are “softer” – that is, easier for states to accept – or “harder” – requiring more critical human rights reforms (and posing greater costs for states in rational choice terms).81 IV. EVOLVING PERSPECTIVES NATIONAL SOVEREIGNTY HUMAN RIGHTS ON AND States have not only committed themselves to protecting the rights of all within their jurisdiction, but they have also accepted that human rights no longer fall within their exclusive domestic jurisdiction. When obligations erga omnes are violated,82 including gross human rights violations, states other than directly injured states may invoke international responsibility.83 In extreme scenarios, there is discussion of the “right” (of humanitarian intervention)84 or even the responsibility to intervene (that is, R2P), if necessary, using armed force.85 The discourse over the R2P principle, its endorsement as a concept by states in 2005,86 and the United Nations-sanctioned interventions in Libya and Côte d’Ivoire in 201187 have been interpreted as a confirmation that “human rights concerns have effectively become internationalized and the rights of non-interference and non-use of force have been qualified as a result ... [T]hose states advocating an absolute right to non-interference clearly represent a minority.”88 Louis Henkin was one of the most enthusiastic proponents of the argument that state sovereignty becomes subsidiary when this foundational principle of international law clashes with the promotion and protection of human rights. He viewed human rights law as a real “revolution” of international law, changing its content, sources, and means of implementation.89 The erosion of the principle of sovereignty has been welcomed as a positive effect of the human rights regime at the international level. Sovereignty and human rights have traditionally been seen as being in an antagonistic relationship – Article 2(7) of the UN Charter has often been used by states as a shelter from scrutiny in relation to human rights.90 Others suggest that human rights have reconceptualized sovereignty rather than eroded it. Anne Peters, for instance, argues that the impact of human rights in international law may culminate in a wholesale redefinition of the legal status of state sovereignty through which the antinomy between human rights and sovereignty will be eliminated.91 Human rights would be more than limitations on state sovereignty. Rather, sovereignty would find its source and purpose (telos) “in humanity understood as the principle that the state must protect human rights, interests, needs and security.”92 As a result, Peters claims that “sovereignty has already been relegated to the status of a second-order norm which is derived and geared towards the protection of basic human rights, needs, interest, and security.”93 Similarly, Karel Wellens sees a demonstration of the “irreversible humanisation of international law” in the growing recognition of the responsibility to protect concept.94 The R2P principle did constitute an attempt at redefining sovereignty. Francis Deng and her colleagues argued in 1996 that responsibility, understood as the obligation of the state “to preserve life-sustaining standards for its citizens,” is the essence of, and a necessary condition for, sovereignty.95 In Anne Orford’s words, “[i]n its 153 Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon various formulations, the responsibility to protect concept can be seen as an attempt to redefine and delimit domestic and international jurisdiction, and to reassert the primacy of the UN in the face of proliferating functionalist claimants to international authority.”96 The acceptance of monitoring mechanisms and peer-to-peer accountability – understood as mandating, reporting, surveillance, monitoring, and dispute settlement – has intensified significantly in the last century in many areas regulated by international law.97 The real innovation brought by human rights was not that states should be accountable for their legal commitments towards other states. Rather it was that the human rights regime, preoccupied with the rights of individuals within a state’s jurisdiction, “could be brought under this broader accountability trend in public international law.”98 Through their own consent, states have gradually allowed and increased the role and standing of individuals in international law and generated space for legal challenges of human rights violations before domestic and international bodies. Nonetheless, a new concept of sovereignty dependent on human rights compliance remains at odds with the legal and political realities of contemporary international law.99 The fact that human rights – and humanitarian – arguments are increasingly used to justify governmental action beyond borders is often mistaken for a real shift away from the centrality of sovereignty in international law and relations. This can be illustrated through the universal acceptance of the principle of R2P and the UN’s commitment to its “implementation.”100 In its final version, the concept is firmly located within the powers of the UN Security Council, the structure of which is, of course, rooted in sovereign authority. It therefore falls to a collection of nation-states to authorize (collective) humanitarian interventions, including through the use of force. This council is a power that, as is well known, does not find its legal foundations in the UN Charter but, rather, in customary law or a functional approach to the competence of organs of international organizations.101 In addition, the modern endorsement of R2P does not create new legal obligations on the part of states to prevent or to respond to genocide, war crimes, ethnic cleansing, and crimes against humanity.102 Rather, the power of the concept relies on the fact that “it develops an ambitious conceptual framework aimed at systematising and giving formal expression to the 154 protective authority exercised by international actors in the decolonised world since 1960.”103 The R2P concept remains hotly contested, evidenced by the allegations of misuse of UN Security Council Resolution 1973 in 2011, which authorized the establishment of a “no-fly zone” over Libya, provoking an ongoing controversy.104 It is also critiqued for being only selectively applied, as in the failure of the Security Council to invoke it in the case of the Syrian civil war.105 The ICJ may have repeatedly recognized, in principle, the existence of obligations owed to the international community as a whole (that is, erga omnes obligations). However, its reasoning in the Legal Consequences for States of the Continued Presence of South Africa in Namibia (South West Africa),106 Barcelona Traction, Light and Power Company, Limited (Belgium v Spain),107 Case Concerning East Timor (Portugal v Australia),108 and Military and Paramilitary Activities in and against Nicaragua (Nicaragua v United States of America)109 reveals that it has not enforced the legal consequences of such a recognition. Instead, the ICJ has refused claims by parties that have a specific legal interest in a dispute but are not directly affected.110 Likewise, an empirical assessment of the real influence of human rights litigation concludes that claims about the impact of human rights on sovereignty are exaggerated.111 After engaging in a thorough analysis to test whether facts support the narrative about the transformation of sovereignty, focusing on the extreme scenarios of military intervention, Theresa Reinold concludes: “Overall, the case studies dictate the sobering conclusion that we have not (yet) moved beyond Westphalia, and that sovereignty as responsibility continues to be a moral aspiration more than anything else.”112 Alongside those who disagree that sovereignty has been “eroded,”113 those who acknowledge that sovereignty does wield less power than in the past do not always view this development as being positive. Attenuating sovereignty does not ipso facto lead to greater capacity for the international community to modify states’ behaviour towards compliance with internationally accepted human rights standards. The activities of international financial institutions and non-state actors that led to the post-2007 global economic crisis, for example, have negatively affected the enjoyment of human rights. These actions, alongside unregulated globalization, have reified the need to reclaim, rather than cede, sovereignty for better rights protection.114 Citizens expect to be protected by their politicians, but “States have More Honey than Vinegar: Peer Review as a Middle Ground between Universalism and National Sovereignty been shedding power to globalisation.”115 In the words of Martti Koskenniemi, [w]hen questions of economic distribution, environmental protection, security, or human rights are conceived of as essentially global, best dealt with by the best forms of functional expertise available globally, then no room is left for communities to decide on their preferences.116 This notion invokes “the paradox of national power and international solidarity,” whereby in order to project and implement a sense of international solidarity, national power is needed.117 In reference to international investment regimes, which are “arguably the most effective and sovereignty-intrusive of our international regimes at the global level,” José Alvarez concludes that we have not moved too far from the Westphalian system of nationstates.118 Evidence suggests that states are on a “path to sovereign re-empowerment”119 and that even “Grotians” are sceptical about the virtues of diminished sovereignty when faced with the backlash against the international investment regime, International Monetary Fund (IMF) conditionality, or the role of the UN Security Council as legislator.120 This tension concerning state sovereignty visà-vis the promotion and protection of human rights lies at the core of the divide between states favouring “co-operative” or, conversely, “confrontational” strategies to prompt respect for human rights.121 Beyond doctrinal debates and academic constructions of sovereignty that are difficult to translate into legal and political realities, there is a reluctance to accept human rights implementation mechanisms that use confrontational approaches towards states and that are perceived as violating the principle of non-intervention. This is the official position of the so-called Like-Minded Group of states, whose members have publicly acknowledged that they have been co-operating on a concerted strategy since 1996 in order to avoid tools aimed at “forcing states to co-operate” with human rights mechanisms.122 It is nonetheless difficult to accurately locate states’ positions as either opponents or advocates of confrontational approaches to human rights implementation since political motivations often lead to changes of position depending on national and regional interests.123 The portrayal of such differences as characteristic of a NorthSouth divide leads to an artificial polarization, with potentially long-term damaging effects for the human rights agenda.124 In fact, developing countries as a group no longer hold a unified, sovereignty-trumps-all approach to human rights. Some developing countries currently align themselves with positions analogous to those normally associated with Western states. A record of political alliances within the UN Human Rights Council during 2008–09 reveals that [t]he Asian Group, the Eastern European Group, and GRULAC [the Group of Latin American and Caribbean States] never spoke or voted as a group and continued to serve as “swing regions” on a range of thematic and country issues. Russia, China, and Cuba almost always joined the African Group and OIC [Organization of Islamic States] positions while Japan, Republic of Korea, Ukraine, Chile and Argentina generally took similar positions as the EU.125 The antagonism towards mechanisms that intrude on state sovereignty is visible even among states who led the creation of international human rights standards and monitoring mechanisms. Two contemporary examples of Western countries asserting sovereignty at variance with universal human rights values demonstrate this idea clearly. The first concerns the United States in its reluctance to ratify the Convention on the Rights of the Child126 or the Convention on the Rights of Persons with Disabilities127 as well as its unwillingness to allow unfettered access to human rights experts seeking to investigate the situation in Guantanamo Bay.128 The second concerns British posturing towards human rights treaties and their implementation, especially its resistance to implement the European Court of Human Rights’ decisions regarding prisoners’ rights to vote.129 Others with a history of colonialism, including the ‘Asian bloc,’ continue to contest a conception of human rights that places limits on state sovereignty through the use of confrontational approaches.130 Asian governments have tended to assert the sovereignty argument from a different perspective – one based on the “Asian values” debate summarized earlier. Respect for sovereignty is claimed, not on the grounds of Article 2(7) of the UN Charter, nor on the grounds of consent as the basis of international law, but, rather, on the grounds of culture.131 A significant number of countries tend to view the human rights discourse as neocolonialist, with the potential to destroy cultural diversity while moving societies towards Western homogenization. China, Colombia, Cuba, Indonesia, Iran, Iraq, Malaysia, Mexico, Myanmar, 155 Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon Pakistan, Singapore, Syria, Vietnam, and Yemen have all been labelled as “culturally relativist” in relation to human rights, especially within the context of the UPR mechanism, despite their non-contestation of the principle of universality of human rights as such.132 A high degree of correlation exists between states identified as culturally relativist and those Like-Minded Group states advocating non-confrontational approaches to human rights implementation – eight of the fourteen “culturally relativist” states are members of the Like-Minded Group.133 The United States has led the trend towards the reassertion of sovereignty in relation to investment treaties, confirming that a more nuanced analysis of the North-South narrative is necessary: Critics of “hegemonic” international law, and particularly of economic legal regimes such as the IMF or that governing investment, would have not predicted that the world’s leading capital exporter, the state that has the most to gain from enhancing international protections for foreign investors, that has done the most to dismantle the Calvo doctrine that once barred investors from resorting to any forum other than local courts, and that produced the most investor-protective BIT in existence, would be leading the drive in the opposite direction.134 One positive outcome of the UPR mechanism is that it provides evidence that while there are some significant differences in how the OECD and G-77 states approach the UPR (OECD states tend to use “harder” recommendations, while more democratic states tend to use the UPR more actively, irrespective of region).135 This is consistent with other research regarding the engagement of states with UN treaty bodies.136 Given the problems and uncertainties surrounding more interventionist approaches to implementing universal human rights norms, a voluntary and non-coercive approach such as peer review takes on added appeal. The UPR mechanism is, by its global approach and particular methodology, a forum and a tool that provides space for a more empirically based approach that attenuates North-South differences regarding human rights. Being public and transparent, it meets the desirable criteria not fulfilled by other diplomatic means of implementing international rules, thus conferring some legitimacy on the mechanism. At the same time, the UPR mechanism is also consonant with arguments 156 reaffirming the importance of sovereignty as a means of human rights protection. V. PEER REVIEWS MITIGATION AND CONFLICT The tentative, but ongoing, bridging of the universalism versus national sovereignty divide has important implications for multilateral actions promoting universal norms of human rights protection and peaceful conduct. Beginning with the 1948 adoption by states of the Universal Declaration of Human Rights, and especially after the dissolution of the Soviet bloc, the international community has developed a range of tools to promote human rights. In ascending interventionist order, these include: (1) international organization norm setting; (2) cooperative approaches to human rights monitoring and implementation, including peer review; (3) “naming and shaming” – that is, value-driven, country-specific critiques, typically not only by human rights NGOs and expert human rights bodies but also sometimes by governments; (4) targeted sanctions; and (5) R2P’s third pillar, relating to the use of armed force for (collective) humanitarian intervention. The latter two approaches represent, in essence, tough love, while peer review occupies the opposing bookend, reflecting a less confrontational and critical approach to nurturing respect for human rights. The more interventionist mechanisms entail greater immediate costs both for implementing states and those that are the objects of these interventions, while peer review entails lower costs for both recommending states and states being reviewed. The more intrusive forms of intervention are typically aimed at situations involving massive human rights violations, while peer review, designed to be a regular part of stateto-state interactions, deals more with the “lesser” sins of autocratic rule and lower-level human rights violations. Given the costs entailed by the more interventionist approaches, they are best left sheathed to the maximum extent possible. By contrast, peer review represents a more userfriendly methodology with a focus on institutions and policies supporting human rights on a dayto-day basis, which, if properly used, can have a prophylactic effect, promoting human rights to reduce the number of instances requiring more interventionist actions. Expanding the scope and impact of peer review creates the potential to extend international human More Honey than Vinegar: Peer Review as a Middle Ground between Universalism and National Sovereignty rights and democratic norms by mainstreaming them. As such, they can become accepted as normal and regular parts of international discourse. The international organization peer review mechanisms are, by definition, creations of the member states of the organization undertaking them. They have in common a tendency to be the products of a consensus decision-making process based on the states’ own willingness to engage. This outlook, in turn, means that they almost invariably rely more on the carrot of positive reinforcement and inducements rather than on the stick of punitive measures. They are not designed to be quick response mechanisms for crisis situations, but, instead, their utility lies in their preventive function in establishing conditions so crises do not arise. The UPR and APRM both emphasize followup actions to be taken as a result of the review. By their consensual and largely voluntary nature, peer review mechanisms are evolutionary rather than revolutionary in nature, and it is true that limited follow-up enforcement mechanisms and deficits in political will, resources, and discipline can all be impediments. There can be a tendency to make overly rosy assessments of particular human rights or governance situations or to fail fully to address key issues. The “you scratch my back and I’ll scratch yours” syndrome can act as a disincentive for states to engage energetically in peer review. Peer review does, however, demonstrate a willingness of states to submit themselves to the examination, judgment, and recommendations of other states on how to improve human rights and/or governance performance, if the perceived costs of doing so are manageable. And the costs of not doing so are now rising, except for the small minority of incorrigible states that care little about international attitudes and actions. There is evidence that even states that are more resistant to external criticism may respond better to implementation mechanisms relying on co-operative, rather than confrontational, approaches.137 Should the UPR and other peer review mechanisms succeed in fulfilling their promise, they could reduce the need for more interventionist approaches by deterring future human rights abuses, which, in turn, would reduce the pressure and expectations of robust R2P third-pillar interventions. Few analysts have yet made a systematic and comprehensive connection between how peer review does, or can, contribute to preventing conflict. Preliminary evidence exists, however, suggesting possible grounds for linking peer review and conflict prevention. Indeed, the latter issue is addressed in some peer reviews. For example, a UPR recommendation from Australia to Equatorial Guinea has called for this country to “[c]ease all forms of forced displacement, in accordance with the Guiding Principles on Internal Displacement of 1998.”138 Similarly, a Canadian recommendation to Sudan, which was accepted by Khartoum, stated that it should “end attacks against civilians and ... ensure unimpeded humanitarian access to the camps of internally displaced persons in Darfur.”139 A relevant APRM example is a recommendation to Kenya to “[d]evelop and implement coherent land policy to address land ownership, use, tenure and administration.”140 Similarly, an objective in Burkina Faso’s APRM national plan of action is the “Early Warning Program: Conflict Prevention.”141 In addition, the APRM’s democracy and good political governance theme, for example, specifically includes the mandate to “[p]revent and reduce intra- and inter-country conflicts.” And the UPR human rights focus implicitly embraces conflict prevention, while many recommendations relate to causes or results of conflict.142 These mechanisms reflect a formal commitment of states to participate in this process. Although some participating governments may be more motivated by the appearance of participation than by its reality, states increasingly find themselves bound to commitments and precedents simply by engaging in the process. Such action represents in effect a tool for enmeshing states in a heightened acceptance of international human rights norms. Considerable thought has been given to the ways in which the international community, including international organizations, can prevent conflict.143 There is also a modest amount of literature on how peer reviews may do so.144 The Zimbabwean scholar-activist Webster Zambara argues that one of the greatest shifts in the international humanitarian order heralded by the end of the Cold War in 1990 has been the concept of holding state sovereignty accountable to international human rights standards. He suggests that while the concept of R2P has generally focused on humanitarian intervention at a macro level, “the period since the 1990s has also witnessed an increase of micro-level institutions, in the form of National Human Rights Institutions (NHRIs) that can advance R2P.”145 NHRIs also figure prominently in the UPR process. 157 Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon In discussing the “enabling environment” surrounding the R2P concept, Dorota Gierycz has cited the existence of [v]arious protection tools available within the UN human rights machinery, in particular the Human Rights Council with its new Universal Periodic Review (UPR) system and the special procedures, and the OHCHR, with its extensive field presence tasked with public reporting and support to national protection systems and public defenders. It concludes that those tools could play a much stronger role in preventing and addressing atrocities – through timely provision of information, early warning or thorough analysis of protection conditions in various countries.146 Mark Malan has drawn a link between the APRM and conflict prevention, suggesting that in the African context, “in terms of long-term conflict prevention and early warning, it is the political and governance component of the New Partnership for Africa Development (NEPAD) peer review that holds most promise.”147 VI. CONCLUSION: PEER REVIEW AS A MIDDLE GROUND BETWEEN UNIVERSALISM AND NATIONAL SOVEREIGNTY This article has presented the traditional universalist versus cultural relativist human rights divide and suggests that a middle path may be emerging. Against this backdrop, we have outlined the toolbox of international efforts designed to actualize universal norms. Viewing this action as a continuum from voluntary to coercive measures, we argue that the more collaborative approaches that minimize confrontation may have, over the long term, the salutary effect of attenuating arguments that national sovereignty shields countries from implementing universal norms. A key mechanism for navigating these challenges is that of peer review, whereby states agree to have their conduct scrutinized by their peers. This emphasis carries practical policy implications for international organizations and national governments alike – namely that support for peer review should be enhanced and that priority should be given to increasing its effectiveness. This preventative approach has the potential to reduce the need for more interventionist and coercive measures. It can also help to further minimize the civil and political versus economic, social, and cultural rights divide 158 by including both sets of rights within its purview. This more collaborative and less confrontational approach to improving human rights observance calls to mind the adage that it is easier to catch bees with honey than vinegar, although some circumstances will undoubtedly continue to warrant the stronger dosage. The preparation of state reports for the UPR and the interactive dialogue can be particularly useful as a tool to identify and blend different sets of social values at the universal level.148 The UPR has the potential to showcase existing or emerging customary law, shedding light on state practice and the validity of arguments normally sustained by those taking either side of the universalist/ relativist debate.149 The UPR and the APRM can be seen as manifestations of the internationalization of human rights and evidence that human rights compliance and domestic implementation have permeated the agendas of all of the governments of the world, particularly when engaging in institutionalized fora as the UN Human Rights Council. From early international efforts to create a regime that would ban slavery, plant the seed of minority protection, and develop modern international humanitarian law to initiatives to establish a means of prosecuting individuals for atrocities against humanity,150 the introduction of peer review mechanisms reveals a maturity achieved by the human rights machinery within international law and politics. Being on the agenda of every foreign affairs ministry, states have started to treat human rights compliance as they would other topics in their international portfolio – that is, by using diplomatic mechanisms in addition to legal, expert-led mechanisms. The results so far suggest that states are more willing to engage with a more “political” means of dealing with international human rights matters. At the same time, a key characteristic of the UPR is that it is a public process, where the influence of civil society and other human rights bodies has considerable weight. There is evidence that states are not particularly committed to the enforcement of human rights in other jurisdictions. This has been attributed to the particularities of human rights enforcement, which is reliant on collective action, and could be a feature held in common with other fields where reciprocity plays a limited role. Conversely, other international rules governed by the regime of reciprocity have been more successful in terms of compliance.151 Karl Zemanek concludes that institutional mechanisms of implementation (namely reporting, inspection, verification, and More Honey than Vinegar: Peer Review as a Middle Ground between Universalism and National Sovereignty investigation systems, complaint procedures, and non-violent sanctions) in the fields of human rights law, environmental law, arms control, and disarmament law, “although they may indirectly encourage compliance, are not effective means for enforcing the erga omnes obligations deriving from these regimes.”152 If nothing else, the UPR has proven successful in engaging all states in its process, participating not only to defend their own human rights record but also to understand and interrogate (or support) that of every other state. This article does not suggest that peer review mechanisms should, by definition, replace other, more confrontational, legal-based approaches. Different strategies can be mutually supportive, and treaties play an important role in the promotion of human rights. Without the kind of principled guidance offered in international treaties, efforts could become dissipated, actors could work at cross-purposes, and the coherent message of the priority of rights observance could become garbled. Treaties do not guarantee clarity, and there is much room to disagree on the proper interpretation of their content. However, in their absence, it would be much harder for all actors concerned to target the promotion of human rights, condition trade agreements in a coherent way, or have any yardstick to engage in a meaningful review of states under peer review mechanisms.153 Peer review processes are works in progress, but they possess the potential to enmesh states within a web of heightened respect for universal human rights norms, thus preventing conflict. A longer-term perspective suggests that peer review represents a potentially inexorable dynamic. The slow-grinding operation of national and international bureaucracies has a good chance, over time, of shifting the debate and creating a “new normal” in terms of international standards of domestic political behaviour. Peer review scrutinizes the domestic affairs of states, blunting the traditional concept of sovereign independence – governments that have agreed to join cannot avoid review by claiming that matters in their countries are not open to scrutiny. And governments increasingly are coming under pressure from international financial institutions, other international organizations, fellow governments, and domestic public opinion to participate. Standing aloof now carries a stigma that governments have something to hide or are otherwise seeking to shield authoritarian tendencies from public view. This perception, in turn, can have deleterious effects on aid, trade, and other aspects of bilateral and multilateral relations. No longer are only serious international crimes to be made open to review. Peer review also serves to empower domestic voices in favour of human rights promotion and protection by providing tangible evidence of the interest of the international community in these issues and by spotlighting these human rights defenders, providing to some extent a protective shield for their activities.154 159 Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon NOTES 1. The authors want to thank Alice Donald for her valuable comments on earlier drafts. 2. On the origin of the expression and its use by Martin Luther King, see Joshua Cohen, The Arc of the Moral Universe and Other Essays (Cambridge, MA: Harvard University Press, 2010) at 17, n 4. A modern and interesting reformulation of the idea can be found in David Keane, “Survival of the Fairest: Evolution and Geneticization of Human Rights” (2010) 30:3 Oxford J Legal Stud 467. 3. See, for example, UN General Assembly, In Larger Freedom: Towards Development, Security and Human Rights for All: Report of the Secretary-General, UN Doc A/59/2005 (21 March 2005). 4. Elvira Domínguez-Redondo, “Role of the UN in the Promotion and Protection of Human Rights” in Azizur Rahman Chowdhury and Jahid Hossain Bhuiyan, eds, An Introduction to International Human Rights Law (Boston: Brill, 2010) 119 at 121-25. 5. Antonio Cassese, International Law (Oxford: Oxford University Press, 2001) at 354. 6. Using the examples of the United States, the European Union, and China, see Anu Bradford and Eric A Posner, “Universal Exceptionalism in International Law” (2011) 52:1 Harv Int’l LJ 3. 7. Charter of the United Nations, Can TS 1945 No 7 (in force 24 October 1945) [UN Charter]. 8. On the 1997, UN reforms aimed at mainstreaming human rights, see Elvira Domínguez-Redondo, “The Millennium Development Goals and the Human Rights Based Approach: Reflecting on Structural Chasms with the United Nations System” (2009) 13:1 Int’l JHR 29 at 31. In her 2011 annual report, the UN high commissioner for human rights highlighted the approval of the following policy documents as key components of the efforts to mainstream human rights: (1) Human Rights Due Diligence Policy (approved by the UN Secretary General in 2011); (2) the Joint Policies on Human Rights for Peace Missions (endorsed in September 2011 by the UN Department of Peacekeeping Operations, the Department of Political Affairs, and the Department of Field Support); and (3) the Human Rights Mainstreaming Mechanism under the United Nations Development Group, 160 United Nations Development Group, “UNDG Human Rights Mainstreaming Mechanism Operational Plan 2011-2013” (2011), online: <http://undg.org/docs/12173/UNDGHRM%20OperationalPlan%20Nov%202011. pdf>. See Office of the High Commissioner for Human Rights, OHCHR Report 2011 (2012) at 190. See also Domínguez-Redondo at 11-12, 42-43, 59-60, 70-72, 79-81, 92-94. 9. One example of this is demonstrated in Edward R McMahon, The First Cycle of the Universal Periodic Review Mechanism of the United Nations Human Rights Council: A Work in Progress (Berlin: Friedrich Ebert Stiftung, 2012) at 24-26, online: <http://www.fes-globalization.org/geneva/ documents/08_2012_UPR%20McMahon. pdf>. See also Miko Lempinen, The United Nations Commission on Human Rights and the Different Treatment of Governments (Turku: Åbo Akademi University, 2005) at 167-92. 10. Between 1999 and 2011, the Commission on Human Rights and the Human Rights Council (HRC) adopted resolutions, sponsored by the Organisation of Islamic Countries, on “defamation of religions,” which implied some endorsement of controversial limitations to the right of freedom of expression. HRC Resolution 16/18 (2011) has changed this trend, replacing the focus on “combating defamation” with “combating religious intolerance.” See HRC, Combating Intolerance, Negative Stereotyping and Stigmatization of, and Discrimination, Incitement to Violence and Violence against, Persons Based on Religion or Belief, HRC Res 16/18 (2011), UNGAOR, 16th Sess, UN Doc A/HRC/Res/16/18 (2011). However, proposals to introduce a ban on defamation of religion are still an incendiary topic in human rights fora. See, for example, Daniel Osabu-Kle, Compatible Cultural Democracy: The Key to Development in Africa (Peterborough, ON: Broadview Press, 2000). See also Brett G Scharffs, “International Law and the Defamation of Religion Conundrum” (2013) 11:1 Review of Faith and International Affairs 66. 11. See Elvira Domínguez-Redondo, “The Universal Periodic Review: Is There Life beyond Naming and Shaming in Human Rights Implementation?” (2012) 4 NZL Rev 673. More Honey than Vinegar: Peer Review as a Middle Ground between Universalism and National Sovereignty 12. “Conditionality” refers to a specific set of conditions attached to the disbursement of policy-based lending or budget support. See Stefan Koeberle et al, eds, Conditionality Revisited: Concepts, Experiences, and Lessons (Washington, DC: World Bank, 2005) at 6. 13. On the motivations and political background surrounding the creation of the UPR, see Elvira Domínguez-Redondo, “The Universal Periodic Review of the UN Human Rights Council: An Assessment of the First Session” (2010) 7:3 Chinese J Int’l L 721 at 722-24. 14. On means used to resolve international disputes, see Ian Brownlie, “The Peaceful Settlement of International Disputes” (2009) 8:2 Chinese J Int’l L 267. 15. On the declaration of non-competence with respect to allegations of human rights violations, see ECOSOC Resolution 75(V) of 5 August 1947, UN Doc E/573, ESCOR, 5th Sess, Suppl No 1 at 20, endorsing the decision of the UN Commission on Human Rights during its second session (UN Doc E/259 (1946) at para 22). The only entry point for petitions to UN organs, until 1967, was restricted to those addressed to the now inoperative Trusteeship Council and the “24 Committee” that monitored implementation of the 1960 Declaration on the Granting of Independence to Colonial Countries and Peoples, GA Res 1654 (XVI), UN Doc A/RES/1654 (XVI) (27 November 1961). See, for example, Nigel Rodley, “Monitoring Human Rights by the UN System and Nongovernmental Organizations” in Donald P Kommers and Gilburt D Loescher, eds, Human Rights and American Foreign Policy (Notre Dame, IN: University of Notre Dame Press, 1979) 157 at 161-62. On the change of position of the organization, reflected in ECOSOC Resolution 1235 (XLII), ESCOR 42nd Sess, UN Doc E/4393 (6 June 1967) Suppl No 1 at 17, see Elvira DomínguezRedondo, “Rethinking the Legal Foundations of Control in International Human Rights Law: The Case of Special Procedures” (2011) 29:3 Nethl Q HR 261. 16. On the criticisms and legal questions raised regarding the decision of the former UN Commission on Human Rights to use its own members (governmental representatives) as mandate holders of the first “special procedures,” see Theo van Boven, “Fact-Finding in the Field of Human Rights” (1973) 3 Israel YB Human Rights 93 at 97-101; Robert Miller, “United Nations Fact-Finding Missions in the Field of Human Rights” (1970-73) 5 Australian YB Int’l L 40 at 44, 54. See also “Membership of the Working Group on Enforced and Involuntary Disappearances: Opinion of the Office of Legal Affairs (dated 15 September 1989),” in Bretram G Ramcharan, ed, The Principle of Legality in International Human Rights Institutions: Selected Legal Opinions (The Hague: Martinus Nijhoff, 1997) 135. 17. On the emphasis placed on dialogue and cooperation in the mandates of special procedures and the humanitarian element of their work, see Bertram Ramcharan, The Protection Role of UN Human Rights Special Procedures (The Hague: Brill, 2009). 18. Michael K Addo, “Practice of the Human Rights Treaty Bodies in the Reconciliation of Cultural Diversity with Universal Respect for Human Rights” (2010) 32:3 Hum Rts Q 601. 19. Convention against Torture and Other Cruel, Inhuman or Degrading Treatment or Punishment, 1465 UNTS 85, Can TS 1987 No 36 (in force 26 June 1987) [Convention against Torture]; Optional Protocol to the Convention on the Rights of Persons with Disabilities, UN Doc A/61/611 (2006) (in force 3 May 2008); Optional Protocol to the Convention on the Elimination of Discrimination against Women, 2131 UNTS 83 (in force 22 December 2000). The Committee on Economic Social and Cultural Rights now also has this power under Article 11 of the Optional Protocol to the International Covenant on Economic Social and Cultural Rights, UN Doc A/63/435 (2008) (in force 5 May 2013). 20. See ECOSOC Resolution 624B (XXII), ESCOR 22nd Sess, UN Doc E/2929 (1 August 1956) Suppl No 1 at 12; UN Commission on Human Rights, Annual Reports on Human Rights, Res I, UN Doc E/2844-3/CN/4/731 (1956). The most important reform to the reporting system was introduced by ECOSOC Resolution 1074C (XXXIX), ESCOR 39th Sess, UN Doc E/4117 (28 July 1965) Suppl No 1 at 23. See also ECOSOC Resolution 728B (XXVIII), ESCOR 28th Sess, UN Doc E/3290 (30 July 1959) Suppl No 1 at 18; ECOSOC Declaration 1596 (L), ESCOR 50th Sess, UN Doc E/5044 (21 May 1971) Suppl No 1 at 20; and ECOSOC Res 1978/20, ESCOR 1978, UN Doc E/1978/78 (5 May 1978) Suppl No 1 at 27. See further Philip Alston, “Reconceiving the UN Human Rights Regime: Challenges Confronting the New UN Human Rights Council” (2006) 7:1 Melbourne J Int’l L 185 at 207-15. 161 Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon 21. Universal Declaration of Human Rights, GA Res 217A(III), UNGAOR, 3d Sess, Supp No 13, UN Doc A/810 (1948). 22. Declaration on the Granting of Independence to Colonial Countries and Peoples, GA Res 1514(XV), UN Doc A/RES/1514(XV) (14 December 1960). 23. Declaration on the Elimination of All Forms of Racial Discrimination, GA Res 1904(XVIII), UN Doc A/RES/1904(XVIII) (20 November 1963). 24. ECOSOC Resolution 1074C (XXXIX), supra note 19 at para 3. See also Antônio Cançado Trindade, “Co-Existence and Co-Ordination of Mechanisms of International Protection of Human Rights (at Global and Regional Levels)” (1987) 202:II Rec des Cours 302. 25. See Ineke Boerefijn, “The Reporting Procedure under the Covenant on Civil and Political Rights: Practice and Procedures of the Human Rights Committee” (Antwerp: Intersentia-Hart, 1999) at 9-13; Tom J Farer, “The UN and Human Rights: More Than a Whimper, Less Than a Roar” in Adam Roberts and Benedict Kingsbury, eds, United Nations, Divided World (Oxford: Clarendon Press, 1988) 95 at 123-24; Peter Haver, “The United Nations Sub-Commission on Prevention of Discrimination and Protection of Minorities” (1982) 21:1 Colum J Transnat’l L 103 at 117-19; Samuel Hoare, “The UN Commission on Human Rights” in Evan Luard, ed, The International Protection of Human Rights (London: Thames and Hudson) 59 at 79-87; Marc Schreiber, “La pratique récente des Nations Unies dans le domaine de la protection des droits de l’homme” (1975) 145:II Rec des Cours 297 at 325-32; Louis B Sohn, “Human Rights: Their Implementation and Supervision by the United Nations” in Theodor Meron, ed, Human Rights in International Law: Legal and Policy Issues, volume 2 (Oxford: Clarendon Press, 1984) 369 at 373. 26. For decisions terminating the mechanism, see GA Resolution 35/209, UN Doc A/RES/35/209 (17 December 1980), followed by UN Commission on Human Rights Declaration 10 (XXXVII) (13 March 1981) and ECOSOC Declaration 1981/151 , ESCOR 1981, UN Doc E/1981/81 (8 May 1981) Suppl No 1 at 46. See also Miko Lempinen and Martin Scheinin, The New Human Rights Council: The First Two Years (Turku: Åbo Akademi University Institute for Human Rights, 2007) at 14-15. 162 27. See HRC Resolution 5/1, UN Doc A/HRC/RES/5/1 (18 June 2007). See also Elvira DomínguezRedondo, “La Comisión de Derechos Humanos a Debate: el procedimiento 1503 [“Future of the UN Commission on Human Rights: 1503 procedure”] (2006) 2 Revista Iberoamericana de Derechos Humanos 34. 28. The possibility of inter-state complaints is foreseen in the Convention against Torture, supra note 18, art 21; the International Convention on the Rights of Migrant Workers and Members of Their Families, 2220 UNTS 3 (in force 1 July 2003), art 74; the International Convention on the Elimination of Racial Discrimination, 660 UNTS 195 (in force 4 January 1969), arts 11-13; the International Covenant on Civil and Political Rights, 999 UNTS 171 (in force 23 March 1976), arts 41-43; the International Convention for the Protection of All Persons from Enforced Disappearance, UN Doc A/61/488 (2006) (in force 23 December 2010), art 32; and the Optional Protocol to the International Covenant on Economic, Social and Cultural Rights, supra note 18, art 10. 29. See Domínguez-Redondo, supra note 11 at 684-85. See also Rosalyn Higgins, “Human Rights in the International Court of Justice” (2007) 20:4 Leiden J Int’l L 745. 30. On the criticisms expressed, see DomínguezRedondo, supra note 11 at 679-80. 31. By April 2013, the only country not to have participated as a state under review was Israel (in the fifteenth session in January 2013). 32. McMahon, supra note 9 at 13. 33. Universal Periodic Review (UPR), “On the Road to Implementation” (2013) at 5, online: <http://www.upr-info.org/IMG/pdf/2012_on_ the_road_to_implementation.pdf>. 34. Rhona Smith, “To See Themselves As Others See Them”: The Five Permanent Members of the Security Council and the Human Rights Council’s Universal Periodic Review” (2013) 35:1 Hum Rts Q 1. 35. Joshua Castellino, “No Room at the International Table: The Importance of Designing Effective Litmus Tests for Minority Protection at Home” (2013) 35:1 Hum Rts Q 201. 36. The first ever UN resolution addressing human rights violations based on sexual orientation was adopted in June 2011. HRC, Human Rights, Sexual Orientation and Gender More Honey than Vinegar: Peer Review as a Middle Ground between Universalism and National Sovereignty Identity, UN HRC Res 17/19, UNGAOR, 17th Sess, UN Doc A/HRC/Res/17/19 (2011). 37. For an analysis of the treatment of lesbians, gays, bisexuals, and transsexuals during the first eight sessions of the UPR, see UPR, “Issue Analysis: Lesbians, Gays, Bisexuals, Transsexuals” (2011), online: <http://www. upr-info.org/IMG/pdf/issue_analysis_lgbts. pdf>. Minority rights are among the top ten issues raised during the UPR process. See McMahon, supra note 9 at 20. 38. On the meaning of peer review in academia and within different inter-governmental bodies, among others, see Tamara Lewis Arredondo, “The Universal Periodic Review Mechanism of the United Nations Human Rights Council: Transforming the Human Rights Discourse” (PhD thesis, Maastricht University, 2013) at 85-108 [unpublished]. On the meaning attached to the expression “peer review” or the finally adopted “periodic review” for the UPR, see Felice D Gaer, “A Voice Not an Echo: Universal Periodic Review and the UN Treaty Body System” (2007) 7:1 Human Rights LR109 at 112-21. On the position of regional groups regarding this issue, see Claire Doole and Juan Gasparini, “Enhancing Council Credibility,” Infosud Human Rights Tribune, (2006) online <http://www.infosud.org/Enhancing-Councilcredibility,862>. 39. William Schabas, “Introductory Essay: The Drafting and Significance of the Universal Declaration of Human Rights” in William Schabas, ed, The Universal Declaration of Human Rights: Travaux Préparatoires, volume 1 (Cambridge: Cambridge University Press, 2013) xxi. Universal Declaration of Human Rights, supra note 20. 40. Universal Declaration of Human Rights, supra note 20. 41. Thomas Franck, “The Emerging Right to Democratic Governance” (1992) 86:1 AJIL 46. 42. Amartya Sen, Development As Freedom (New York: Anchor Books, 1999). 43. See Louis Henkin, The Age of Rights (New York: Columbia University Press, 1996) at 13-29. 44. See Jean d’Aspremont, “The Foundations of the International Legal Order” (2007) 18 Finnish YB Int’l L 219 at 219. See also Jean d’Aspremont, “Reinforcing the (Neo-) Hobbesian Representations of International Law” (2010) 13 J Int’l Relations & Development 85. 45. Antony Anghie and BS Chimni, “Third World Approaches to International Law and Individual Responsibility in Internal Conflicts” (2003) 2:1 Chinese J Int’l L 77. 46. Johannes Morsink, The Universal Declaration of Human Rights: Origins, Drafting and Intent (Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1999) at ix. 47. Adamantia Pollis and Peter Schwab, “Human Rights: A Western Construct with Limited Applicability” in Adamantia Pollis and Peter Schwab, eds, Human Rights: Cultural and Ideological Perspectives (New York: Praeger, 1979) 1. 48. Fareed Zakaria, “Culture Is Destiny: Conversation with Lee Kuan Yew” (1994) 83 Foreign Affairs 109. 49. See, for example, RL Callaway, “The Rhetoric of Asian Values” in RL Callaway and J HarrelsonStephens, eds, Exploring International Human Rights: Essential Readings (Boulder, CO: Lynne Reinner Publishers, 2007); Fareed Zakaria, “The Dustbin of History: Asian Values” (2012) Foreign Policy 1. 50. See, for example, Ali Mazrui, “Islamic and Western Values” (1997) Foreign Affairs 76; Ali Mazrui, Islam Between Globalization and Counterterrorism (Trenton, NJ: Africa World Press, 2004). 51. Larry Diamond, Marc F Plattner & Daniel Brumberg, eds, Islam and Democracy in the Middle East (Baltimore, MD: The John Hopkins University Press, 2003) at xii. 52. Daniel T Osabu-Kle, Compatible Cultural Democracy: The Key of Development in Africa (Toronto: University of Toronto Press, 2000). 53. Vienna Declaration and Program of Action, 12 July 1993, UN Doc A/CONF.154/23 at para 5. 54. Jack Donnelly, “The Relative Universality of Human Rights” (2007) 29:2 Hum Rts Q 281. 55. Michael Goodhart, “Human Rights and Global Democracy” (2008) 22:4 Ethics & Int’l Affairs 395. 56. Michael F Brown, “Cultural Relativism 2.0” (2008) 49:3 Current Anthropology 363 at 371. 57. Adamantia Pollis, “A New Universalism” in Adamantia Pollis and Peter Schwab, eds, Human Rights: New Perspectives, New Realities (Boulder, CO: Lynne Rienner Publishers, 2000) 9. 58. Hugo A Bedau, “Human Rights and Foreign Assistance Programs” in Peter G Brown and 163 Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon Douglas Maclean, eds, Human Rights and US Foreign Policy (Lexington MA: Lexington Books, 1979) 29. 59. Henry Shue, Basic Rights: Subsistence, Affluence and US Foreign Policy (Princeton, NJ: Princeton University Press, 1996) at 52. 60. Karel Vasak, “Human Rights: A Thirty Year Struggle – The Sustained Efforts to Give Force of Law to the Universal Declaration of Human Rights” (1977) UNESCO Courier 29. 61. See Richard P Claude and Burns H Weston, eds, Human Rights in the World Community, 3rd edition (Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 2006) at 19-20. 62. American Anthropological Association, “Declaration on Anthropology and Human Rights” (June 1999), online: <http://www. a a a n e t . o r g / a b o u t / Po l i c i e s / s t a t e m e n t s / Declaration-on-Anthropology-and-HumanRights.cfm>. See further Karen Engle, “From Skepticism to Embrace: Human Rights and the American Anthropological Association from 1947-1999” (2001) 23:3 Hum Rts Q 536. 63. Leonard S Rubenstein, “How International Human Rights Organizations Can Advance Economic, Social and Cultural Rights: A Response to Kenneth Roth” (2004) 26:4 Hum Rts Q 845. 64. Bonny Ibhawoh, “Beyond Naming and Shaming: Methodological Imperatives of Economic, Social and Cultural Rights Advocacy” (2008) African YB Int’l L 49. 65. Addo, supra note 17 at 608-10, focusing in particular on the work of Ann-Belinda S Preis, “Human Rights As Cultural Practice: An Anthropological Critique” (1996) 18 Hum Rts Q 286. 66. Addo, supra note 17 at 610-12. 67. Ibid at 612-13. 68. Ibid at 613-14. 69. Ibid. 70. Beth A Simmons, Mobilizing for Human Rights: International Law in Domestic Politics (Cambridge: Cambridge University Press, 2009) at 80-111. 71. Israel returned to the UPR a few months later, in November 2013. 72. Simmons, supra note 69. 73. Conversely, increasing evidence seems to point in a totally different direction. See Domínguez- 164 Redondo, supra note 11; McMahon, supra note 9. 74. Addo, supra note 17 at 602, 614-15. 75. See UPR, supra note 32; Domínguez-Redondo, supra note 11; McMahon, supra note 9. These include some specific examples of changes that have occurred in state promotion of human rights as a result of the UPR. 76. Christian Tomuschat, Human Rights: Between Idealism and Realism, 2nd edition (New York: Oxford University Press, 2008) at 71. 77. While similar works with different conclusions have proliferated since, the first relevant attempt to test empirically the effectiveness of the UN human rights machinery was undertaken by Oona Hathaway, “Do Human Rights Treaties Make a Difference?” (2002) 112 Yale LJ 1935. 78. See UPR, supra note 32; McMahon, supra note 9. 79. On the impact of the UPR on equal treatment of states, see Rhona Smith, “Equality of ‘Nations Large and Small’: Testing the Theory of the Universal Periodic Review in the Asia-Pacific” (2011) 2 Asia Pac J HR & L 36. 80. See, for example, Eric A Posner, “Some Skeptical Comments on Beth Simmon’s ‘Mobilizing for Human Rights’” (2010) 44:3 NYUJ Int’l L & Pol 819; Ryan Goodman and Derek Jinks, “Measuring the Effects of Human Rights Treaties” (2003) 14:1 EJIL 171. 81. See McMahon, supra note 9. 82. On the concept and its consequences in terms of responsibility, see Eric A Posner, “Erga Omnes Norms, Institutionalization and Constitutionalism in International Law” (2009) 165 J Institutional & Theoretical Economics 5. 83. See Report of the International Law Commission on the Work of Its Fifty-third Session, UNGAOR, 53d Sess, UN Doc A/56/10 (2001) at 318. 84. Anne Orford, Reading Humanitarian Intervention: Human Rights and the Use of Force in International Law (Cambridge: Cambridge University Press, 2003). 85. Gareth Evans, The Responsibility to Protect: Ending Mass Atrocity Crimes Once and For All (Washington, DC: Brookings Institution Press, 2009); Anne Orford, International Authority and the Responsibility to Protect (Cambridge: Cambridge University Press, 2011). More Honey than Vinegar: Peer Review as a Middle Ground between Universalism and National Sovereignty 86. 2005 World Summit Outcome, GA Res 60/1, UNGAOR, 60th Sess, UN Doc A/Res/60/1 (2005) at paras 139-45. 87. See UNSC Resolution 1973, 6498th Mtg, UN Doc S/Res/1973 (2011) and UNSC Resolution 1975, 6508th Mtg, UN Doc S/Res/1975 (2011). 88. Theresa Reinold, Sovereignty and the Responsibility to Protect (New York: Routledge, 2013) at 153. 89. Louis Henkin, “Human Rights and State ‘Sovereignty’” (1995-96) 25 Ga J Int & Comp L 31; see also Louis Henkin, “That ‘S’ Word: Sovereignty, and Globalization, and Human Rights, et cetera” (1999-2000) 68:1 Fordham L Rev 1. Other commentators arguing in a similar direction include Michael W Reisman, “Sovereignty and Human Rights in Contemporary International Law” (1999) 84:4 AJIL 866; Felix Ermacora, “Human Rights and Domestic Jurisdiction (Article 2, Paragraph 7 of the Charter)” (1968) 124:II Rec des Cours 371; Rosalyn Higgins, The Development of International Law through the Political Organs of the United Nations (London: Oxford University Press, 1963) at 118-30. 90. On the use of Article 2(7) by states before the UN General Assembly and the former Commission on Human Rights between 1975 and 1991, see Menno T Kamminga, Inter-State Accountability for Violations of Human Rights (Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1992) at 88-111. 91. Anne Peters, “Humanity as the A and Ω of Sovereignty” (2009) 20:3 EJIL 513 at 543. 92. Ibid. 93. Ibid at 544. 94. Karel Wellens, “Revisiting Solidarity as a (Re-) Emerging Constitutional Principle: Some Further Reflections” in Rüdiger Wolfrum and Chie Kojima, eds, Solidarity: A Structural Principle of International Law (Heidelberg: Springer, 2010) 3 at 10. Emily Kidd White et al, “Humanity as the A (Alpha) and (Omega) of Sovereignty: Four Replies to Anne Peters’ Special Anniversary Article” (2009) 20:3 EJIL 545. 100. See UN General Assembly Resolution 63/308, UN Doc A/RES/63/308 (2009); UN Secretary-General, “Implementing the Responsibility to Protect: Report of the Secretary-General,” UN Doc A/63/677 (2009). On the institutionalization of the concept, see Orford, supra note 84 at 17-22. 101. Orford, supra note 84 at 167-72. 102. UN Secretary-General, supra note 99 at para 11. A very interesting critique to the responsibility-to-protect (R2P) concept as redefining sovereignty and distinguishing sovereignty de facto and de jure,can be found in Jeremy Moses, “Sovereignty as Irresponsibility? A Realist Critique of the Responsibility to Protect” (2013) 39:1 Rev Int’l Studies 113. 103. Orford, supra note 84 at 3; see also at 10339, explaining the role of R2P as a tool for recognizing lawful authority. 104. See, for example, Ambassador Vitaly Churkin, President of the Security Council, Press Conference, News and Media: United Nations Webcast, online: <http://www. unmultimedia.org/tv/webcast/2011/12/ press-conference-ambassador-vitaly-churkinpresident-of-the-security-council.html>. See also John Murphy, “Responsibility to Protect (R2P) Comes of Age? A Sceptic’s View” (2012) 18 ILSA J Int’l & Comp L 413. 105. Aidan Hehir, “The Permanence of Inconsistency: Libya, the Security Council, and the Responsibility to Protect” (2013) 38:1 Int’l Security 137. 106. Legal Consequences for States of the Continued Presence of South Africa in Namibia, Second Phase, Judgment, [1966] ICJ Rep 6. 95. Francis M Deng et al, Sovereignty as Responsibility: Conflict Management in Africa (Washington DC: Brookings Institution, 1996) at xvii; on the gradual erosion of sovereignty, see also 6-10. 107. Barcelona Traction, Light and Power Company, Limited (Belgium v Spain), [1970] ICJ Rep 3. 96. Orford, supra note 84 at 178. 109. Military and Paramilitary Activities in and against Nicaragua (Nicaragua v United States of America), Merits, Judgment, [1986] ICJ Rep 4. 97. Simmons, supra note 69 at 27-31. 98. Ibid at 27. 99. For commentary on the conceptual flaws and political limits of Anne Peters’ proposal, see 108. Case Concerning East Timor (Portugal v Australia), [1995] ICJ Rep 90. 165 Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon 110. See Karl Zemanek, “New Trends in the Enforcement of Erga Omnes Obligations” (2000) 4 Max Planck YB UN L 1 at 11. 111. Chandra Lekha Sriram, “Human Rights Claims vs the State: Is Sovereignty Really Eroding?” (2006) 1:1 Interdisciplinary J HR L 107. 112. Reinold, supra note 87 at 155. 113. See Richard H Steinberg, “Who Is Sovereign?” (2004) 40:2 Stan J Int’l L 329. 114. Matthew S Weinert, “Bridging the Human Rights-Sovereignty Divide: Theoretical Foundations of a Democratic Sovereignty” (2007) 8:2 HR Rev 5. 115. Philip Stephens, “Leaders Who Generate Diminishing Returns,” Financial Times (19 January 2012) at 7, online: Financial Times <http://www.ft.com>. 116. Martti Koskenniemi, “What Use for Sovereignty Today” (2011) 1:1 Asian J Int’l L 61 at 68. 117. Jean-Marc Coicaud, “Making Sense of National Interest and International Solidarity” in Jean-Marc Coicaud and Nicholas J Wheeler, eds, National Interest and International Solidarity: Particular and Universal Ethics in International Life (Tokyo: United Nations University Press, 2008) 288 at 289. See also Simon Chesterman, Michael Ignatieff, and Ramesh Thakur, eds, Making States Work: State Failure and the Crisis of Governance (Tokyo: United Nations University Press, 2005) at 1, 359. 118. José A Alvarez, “State Sovereignty Is Not Withering Away: A Few Lessons for the Future” in Antonio Cassese, ed, Realizing Utopia: The Future of International Law (Oxford: Oxford University Press, 2012) 26 at 31. 119. Ibid at 32. online: <http://www.demcoalition.org/ site09 -2008/2005_html/unhrc-relateddocuments.html>. See also Sibylle SS Scheipers, “Civilization vs Toleration: The New UN Human Rights Council and the Normative Foundations of the International Order” (2007) 10:3 J Int’l Relations & Development 219 at 234-36. 126. Convention on the Rights of the Child, 1577 UNTS 3, Can TS 1992 No 3, 28 ILM 1457 (in force 2 September 1990). On the concerns about US sovereignty in relation to every human rights convention and this one in particular, see Lainie Rutkow and Joshua T Lozman, “Suffer the Children? A Call for the United States Ratification of the United Nations Convention on the Rights of the Child” (2006) 19 Harv Hum Rts J 161. 127. Convention on the Rights of Persons with Disabilities, 2515 UNTS 3, Can TS 2010 No 8, 46 ILM 443 (in force 3 May 2008). Senator Mike Lee led the opposition to ratification of the convention in the US Senate on 4 December 2012 using the argument that ratification would pose a threat to American sovereignty. Jim Abrams, “Disability Treaty Downed by Republican Opposition,” Huffington Post (4 December 2012), online: Huffington Post <http://www.huffingtonpost. com>. See also Sally Chaffin, “Challenging the United States Position on a United Nations Convention on Disability” (2006) 15 Temp Pol & Civ Rts L Rev 121. 128. See Report of the Chairperson of the Working Group on Arbitrary Detention, UN Doc E/ CN.4/2006/120 (26 February 2006). 129. Alice Donald, Jane Gordon, and Philip Leach, “The UK and the European Court of Human Rights,” Research Report 83 (2012) Equality and Human Rights Commission 126. 124. International Service for Human Rights, “Human Rights Monitor, no 64/2008” (2008) at 11. 130. See, for instance, the portrayal of the postCold War era as a “Westphalian order” versus an emerging “Eastphalian” order based on what it is described as a “Westerninspired effort to limit sovereignty and qualify the principle of non-interference” using international law standards such as human rights, humanitarian intervention, or the responsibility to protect. Sung Won Kim, Human Security with an Asian Face? (2010) 17:1 Ind J Global Legal Stud 83 at 85. 25. Democracy Coalition Project, “Human Rights Council Report Card: Government Positions on Key Issues 2008-2009” (2009), 131. Karen Engle, “Culture and Human Rights: The Asian Values Debate in Context” (2000) 32:2 NYUJ Int’l L & Pol 291; see also Joshua 120. Ibid at 34. 121. See Domínguez-Redondo, supra note 11 at 679-80. 122. Domínguez-Redondo, supra note 14 at 27475. See also Alston, supra note 19 at 204-7. 123. See Lempinen, supra note 9. 166 More Honey than Vinegar: Peer Review as a Middle Ground between Universalism and National Sovereignty Castellino and Elvira Domínguez-Redondo, Minority Rights in Asia: A Comparative Legal Analysis (Oxford: Oxford University Press, 2006) at 11-26. 132. See Christina M Cerna, “Universality of Human Rights and Cultural Diversity: Implementation of Human Rights in Different Socio-Cultural Contexts” (1994) 16:3 Hum Rts Q 740 at 740; Diane Otto, “Rethinking the Universality of Human Rights Law” (1997) 29:1 Colum HRL Rev 1 at 10, n 46. Confirming the list based on the UPR review, see Roger Lloret Blackburn, “Cultural Relativism in the Universal Periodic Review of the Human Rights Council,” ICIP Working Papers 2011/03 (Barcelona: Institut Català por la Pau, 2011) at 9, 14, online: <http://www.icpt.cat>. 133. The divisive HRC Resolution on Promoting Human Rights and Fundamental Freedoms through a Better Understanding of Traditional Values of Humankind,” HRC Resolution 12/21, UNGAOR, 12th Sess, UN Doc A/HRC/ RES/12/21 (2009), was sponsored by Russia and co-sponsored by Bolivia, Cuba, Algeria, Bangladesh, Belarus, Burundi, Cameroon, Chad, China, Djibouti, Egypt, Ethiopia, Gabon, Iran, Kazakhstan, Kyrgyzstan, Lebanon, Madagascar, Malaysia, Morocco, Myanmar, Nigeria, Pakistan, Singapore, Sri Lanka, Syrian Arab Republic, Tunisia, Vietnam, and Zambia. 134. Alvarez, supra note 118 at 36. 135. Edward R McMahon, “Herding Cats and Sheep: Assessing State and Regional Behavior in the Universal Periodic Review of the United Nations Human Rights Council” (2010) at 1, 15, Table 5, online: UPR <http://www.uprinfo.org/IMG/pdf/McMahon_Herding_Cats_ and_Sheeps_July_2010.pdf>. 136. See, for example, Eric Neumayer, “Do International Human Rights Treaties Improve Respect for Human Rights” (2005) 49 J Confl Resolution 925; Simmons, supra note 69. 137. Anna Spain, “Integration Matters: Rethinking the Architecture of International Dispute Resolution” (2010) 32:1 U Pennsylvania J Int’l L 1. 138. Office of the High Commissioner for Human Rights, Report of the Working Group on the Universal Periodic Review: Equatorial Guinea, 6th Sess, UN Doc A/HRC/16/13 (2010) at 20. 139. Office of the High Commissioner for Human Rights, Report of the Working Group on the Universal Periodic Review: Sudan, 11th Sess, UN Doc A/HRC/18/16 (2011) at 16. 140. Africa Peer Review Mechanism, Country Review Report of the Republic of Kenya (2006) at 325. 141. Africa Peer Review Mechanism, Country Review Report of Burkina Faso (2008) at 400. 142. Some related issues in UPR recommendations include asylum seekers, corruption, counterterrorism, detention conditions, enforced disappearances, extra-judicial executions, freedom of association and of the press, extrajudicial human rights violations by state agents, and internally displaced people. 143. For a seminal report on this subject, see Carnegie Commission on Preventing Deadly Conflict, Preventing Deadly Conflict: Final Report (Washington DC: Carnegie Corporation, 1997). 144. See, for example, Fabrizio Pagani, “Peer Review: A Tool for Cooperation and Change–An Analysis of the OECD Working Method” (2002) OECD Secretary General, online: <http://www.oecd.org/ dataoecd/33/16/1955285.pdf>; Ross Herbert and Steven Gruzd, The African Peer Review Mechanism: Lessons from the Pioneers (Johannesburg, South Africa: South African Institute for International Affairs, 2008); Marie Chene and Gillian Dell, “Comparative Assessment of Anti-Corruption Conventions’ Review Mechanisms: U4 Expert Answer,” Transparency International (2008), online: <http://www.u4.no/publications/ comparative-assessment-of-anti-corruptionconventions-review-mechanisms/ downloadasset/369>. 145. Jeremy Sarkin and Mark Paterson, “Africa’s Responsibility to Protect: Introduction” (2010) 2:4 Global Responsibility to Protect 339 at 352. 146. Dorota Gierycz, NUPI Report: The Responsibility to Protect: A Legal and RightsBased Perspective (Oslo, Norway: Norwegian Institute of International Affairs, 2008). 147. Mark Malan, “Conflict Prevention in Africa: Theoretical Construct or Plan of Action? KAIPTC Paper 3 (2005) at 14, online: <http:// www.kaiptc.org/Publications/OccasionalPapers/Documents/no_3.aspx>. 148. Tomuschat, supra note 75 at 71. 149. Domínguez-Redondo, supra note 11 at 703-5. 167 Elvira Domínguez-Redondo e Edward R. McMahon 150. Paul Gordon Lauren, The Evolution of International Human Rights (Philadelphia, PA: University of Pennsylvania Press, 2003). 151. Eric A Posner, “Human Rights, the Laws of War and Reciprocity” (2013) 6:2 Law & Ethics of Human Rights 147. 152. Zemanek, supra note 109 at 16. 153. Simmons, supra note 69 at 375. 168 154. See, for example, the remarks of Laura Laserre, president of the Human Rights Council, “Closing Comments, UPR Report of Bahrain, 13th Universal Periodic Review,” Webcast (News and Media, United Nations Webcast, 25 May 2012), online: <http:// www.unmultimedia.org/tv/webcast/2012/05/ closing-comments-upr-report-of-bahrain13th-universal-periodic-review.html>. DERECHOS, SOBERANÍA Y CIUDADANÍA: EL PARADIGMA DEL CONSTITUCIONALISMO MUNDIAL* Javier Espinoza de los Monteros Investigador adscrito al Centro de Estudios sobre el Riesgo en la Universidad del Salento, Italia; Estudios de posgrado por la Universidad Autónoma de Tlaxcala y doctorado por la Universidad del Salento, Italia; Ha sido Profesor de derechos humanos, historia del derecho mexicano y sistemas jurídicos comparados en la Facultad de derecho de la Universidad La Salle. I. INTRODUCCIÓN El objeto de las siguientes reflexiones lo constituyen la situación actual por la que atraviesan los Derechos Humanos; éstos enfrentan nuevos retos: exigen replantear nuevas formas de regulación y garantías para lograr siquiera un mínimo de efectividad dentro de los confines estatales, pero igualmente se requiere sustraerlos de la amenaza de los poderes públicos y privados que constantemente los asedian. Los derechos han sido limitados por el derecho de los Estados y en tal sentido han entrado progresivamente en tensión con los dogmas de la soberanía y la ciudadanía. Ambas nociones, como se sabe, están ligadas a la entidad del Estado Nación, la cual enfrenta una profunda crisis que se traduce en un alto grado de deslegitimación y desgaste de su función como factor de integración, puesto de manifiesto tanto por procesos de globalización como de ciertos problemas internos como las minorías indígenas y la pluralidad de poderes en sede supraestatal que lo cuestionan, suponiendo una gran fase de transformación o superación del mismo. El panorama anterior deja vislumbrar la configuración de un modelo de constitucionalismo con carácter supranacional. Dicho paradigma no está exento de aporías como lo muestran las vicisitudes actuales, pero su realización ha sido valorada en caso de viabiliad, el más alto grado de protección, primacía, expansión y garantía efectiva en era de los derechos. La discusión en México todavía es precaria; se ve como una cuestión lejana, ajena a la realidad, no obstante hoy en día existan fuertes e importantes voces que se levantan para denunciar las injusticias y discriminaciones que generan la soberanía y la ciudadanía. Los problemas ya están presenten y surtiendo efectos en los ámbitos nacionales aunque a veces no se sea conciente de ello. II. ATISBOS EN TORNO A LA IDEA DE DERECHOS HUMANOS Para comenzar, es menester explicar algunos aspectos generales y previos que permitan dilucidar ciertas cuestiones conceptuales y de contenido en torno a nuestro objeto de estudio. Dicho en otras palabra, qué es aquello que están siendo transtocado y está constantemente siendo vulnerado: los derechos humanos precisamente. Los derechos son atributos que corresponden a los seres humanos, son pretensiones justificadas, fundadas, relativas a un sistema de normas jurídicas. Tener un derecho significa tomar legítimamente algo. Es la pretensión de alguien (de un individuo, de un grupo) de que otros sujetos hagan o no hagan algo en relación con él… es una pretensión que abarca el comportamiento de otros sujetos y presupone (y a su vez expresa) una distribución compartida de las cargas y los privilegios sociales1. Estas pretensiones racionales -los derechossegún lo ha aducido un sector de su teoría poseen ciertas características que permiten identificarlos, a saber: universalidad2, historicidad3 y especificación. La historicidad refiere que los derechos, para decirlo en términos bobbianos, tienen una edad, son producto de su tiempo y de las necesidades concretas que desarrollan las sociedades y los individuos dentro de unas coordenadas espaciales y temporales determinadas4, es decir, nacen o van surgiendo conforme a los requerimientos sociales de una época y lugar determinados. Una posición así choca con aquella versión iusnaturalista de considerar a los derechos (en una excesiva idealización) como parte de la naturaleza humana y, por tanto, presentes en toda la historia de la humanidad; por otro lado, la especificación es un “proceso de determinación”, de pasar a considerar 169 Javier Espinoza de los Monteros al individuo como ciudadano y en tanto tal centro de imputabilidad de derechos en abstracto, a considerar a los individuos dentro de sus diferentes esferas sociales y biológicas en concreto, es decir, esto puede significar el tránsito de una igualdad formal a una igualdad sustancial o material. En virtud de ciertos grupos que merecen una tutela especial o diferente, se otorgan estatus jurídicos diferenciados a los del resto de la población, debido a la posición de desventaja en la que se encuentran ciertos grupos frente a otros o por la pertenencia étnico-cultural. La última característica que es la de universalidad consiste en que los derechos son prerrogativas que corresponden a todos los seres humanos, y en la misma medida (de esto se desprende la “igualdad de derechos”)5. Esto naturalmente no siempre ha sido así; el que los derechos se extiendan a todos los seres humanos en todos los rincones de la tierra obedece, en buena medida, a su inserción en la Declaración “universal” de 1948 que, como recuerda Bobbio6, con dicha declaración se da un consenso práctico en torno de los derechos, al grado de ser reconocidos por una buena cantidad de países, ya que se trata de una cuestión que reclama ante todo “protección urgente”. Sin embargo, el fundamento de los derechos que hace algunos años había considerado Bobbio, esto es, el “consenso práctico” aparece superficial, ya que desconoce o trata de soslayar el fundamento teórico que considera en todo caso una cuestión de derecho natural y sobre el cual los teóricos no se han puesto de acuerdo por largo tiempo. Aducía que no se puede encontrar un argumento absoluto e irresistible al cual nadie pueda negarle su adhesión, y presenta a tal propósito como objeciones: la vaguedad del término derechos humanos (no hay una definición universalmente aceptable), variabilidad (lo que ha sido fundamental en una época no lo es en otra), heterogeneidad (lo que fundamente unos derechos no fundamenta otros, lo que se traduciría en una diversidad de fundamentos y no uno solo) y que la realización integral de unos (derechos de libertad) impide la realización integral de los otros (derechos sociales y colectivos); por tanto, lo realmente urgente era su protección a través de su positivación. Lo anterior es parcialmente correcto, es decir la necesidad de convertir los derechos en normas vinculantes con la finalidad de pasar de declaración a normas jurídicas vinculantes; y respecto de las objeciones, la teoría ha propuesto considerar los derechos como bienes básicos; lo anterior en congruencia con la necesidad que la 170 teoría se fundamente en la práctica, que es una de sus dimensiones.7 Como quiera que sea, dicha declaración constituye la primigenia en el proceso de desnacionalización de los derechos y, por tanto, la caracterización de los derechos como universales. La característica de universalidad supone a la persona8 como titular de los derechos con independencia de algún título como condición previa e indefectible para ejercer su goce e imputarle su titularidad. Siguiendo a Robert Alexy9 podemos distinguir entre la universalidad de los titulares –que ya ha sido expuesta- y la universalidad de los destinatarios u obligados que puede ser tanto un individuo, un grupo social como el Estado; Respecto de esto último, respecto de los obligados frente a un derecho Guastini ha puesto fuertes objeciciones respecto a cuando considerar un auténtico derecho, ya que sino no hay a frente a quien exigirlo estaríamos frente a un “Derecho sobre el papel”.10 Se ha aducido firmemente que todo derecho lleva frente de sí una obligación. Y todavía más: lo que constituye su contenido, el contenido de un derecho atribuido a un sujeto no es más que una obligación que recae sobre otro sujeto11. De la universalidad se han deducido otras dos características de los derechos, a saber: la inalienabilidad y no negociabilidad las cuales contribuyen a sustraer y configurar una esfera de protección, indecisión y límites infranqueables para los poderes públicos y privados. Lo anterior refleja dos aspectos contundentes: por un lado la concepción de los derechos como “derechos contramayoritarios” que implica la indisponibilidad de los derechos por parte las mayorías o cualquier otro grupo de personas, y por otro lado, la indisponibilidad de sus mismos titulares. El reconocer a los derechos capacidad contramayoritaria implicaría la incapacidad de legislar en contra de los mismos y se traduciría en la imposición de límites a la omnipotencia del legislador en cuanto a la producción normativa. Por ejemplo, los parlamentos no podrían legitimamente aprobar una ley en la que se establezca la pena de muerte porque estarían transgrediendo el derecho a la vida. En este sentido, democracia y derechos humanos resultan conflictuales; las decisiones de las mayorías encuentrarían límites en los derechos, por eso la teoría del consenso -de la democracia formal como se le suele designar- se advierte peligrosa ya que solo se protegerían los derechos que la mayoría dentro de un parlamento –no la mayoría de los Derechos, Soberanía y Ciudadanía: El Paradigma del Constitucionalismo Mundial individuos que integran la sociedad- adoptara como tales. En este sentido, históricamente, se habría constatado como derechos los que el órgano legislativo había convenido en adoptar como tales con base en el principio de la mayoría (teoría de los derechos subjetivos públicos). La democracia adoptaría así una clara y renovada pretensión: debe procurar una pluralidad de opciones y alternativas de las diferentes formas de convivencia dentro de un Estado, con base en principios mínimos de regulación y orientación, esto es, con base en los derechos. En los Estados calificados como democráticos el ejercicio de los poderes públicos se legitima en la medida en que se respeten los derechos humanos; aquéllos representarúan algo así como su parámetro de evaluación. Ahora bien, para que los derechos cumplan una función de expectativa amplia y se conviertan en el horizonte de proyección del orden jurídico, contundentes en la praxis, en el Estado Constitucional se ponen los derechos por encima de los poderes. En estructura de tal magnitud, siguiendo a Alexy12, son: Máximo rango, por lo que ocupan el más alto grado dentro del ordenamiento en gradas del derecho estatal; son Máxima fuerza jurídica, ya que todo derecho debe contar con una garantía jurisdiccional que lo tutele y lo haga verdaderamente efectivo; en otras palabras, los derechos someten a control jurisdiccional y así mismo debe existir un ente material obligado a quien pueda exigírsele el mismo, si no serán Verfassungliryck -poesía constitucional-; son Máxima importancia del objeto que regulan, es decir, a través de ellos se decide acerca de la estructura fundamental de la sociedad y son máximo grado de indeterminación, porque imponen un amplio margen de interpretación y justificación13. La diversidad terminológica respecto a los derechos humanos es expresión de las formas de extensión que se le ha dado a los mismos. Su colocación en determinados contextos determina sea tanto su amplitud o bien su restricción o limitación y en este sentido el condicionamiento de su misma eficacia. De ahí la variedad semántica y la respectiva elaboración teórica entorno a su justificación. Así se distinguen tres nociones que han generado confusión y polémica en el pensamiento jurídico, los cual además tiene repercusiones tanto teóricas como prácticas. Estas nociones son: derechos humanos, derechos fundamentales y garantías. Los derechos humanos corresponden a un concepto de dimensiones amplias, el cual alude a prestaciones de carácter civil, político, social, cultural, económico, intereses difusos e incluso, derechos morales; este concepto es usado en el lenguaje filosófico, sociológico, político, jurídico, etc. Esta es una noción extendida en el lenguaje común para referirse al uso de prestaciones o facultades de las cuales gozan todos los individuos posibilitándolos para esgrimir ciertas exigencias ante individuos o autoridades; su titularidad corresponde a la persona, al ser humano en cuanto tal; son caracterizados como universales y oponibles tanto a un individuo, como a grupo social o Estado -su oposición frente a particulares a generados precisamente la noción propia del neoconstitucionalismo de “eficacia horizontal” de los derechos humanos, la cual rompe con el esquema obligacional que concibe a la autoridad (en sentido lato el Estado) como la única entidad cuyos actos vulneran o conculcan los derechos “eficacia vertical”. Por lo que respecta a la noción derechos fundamentales, su terminología corresponde al lenguaje propiamente jurídico; son definidos por una reciente doctrina como todos aquellos derechos subjetivos que corresponde universalmente a todos los seres humanos en cuanto dotados del estatus de persona, de ciudadano o personas con capacidad de obrar o de actuar14; a la cuestión de ¿qué son los derechos fundamentales? Se responde desde la dogmática constitucional: son fundamentales aquellos derechos que se encuentra regulados en la Constitución; esta es la cualidad que la Constitución otorga a los derechos al estar insertos en la misma, asimismo, los derechos fundamentales generalmente se circunscriben al ámbito estatal en donde surten sus efectos; en general la autoridad puede transgredirlos, y por último pertenecen a prerrogativas cuya titularidad es vinculada normalmente en cuanto se tenga el status o calidad de ciudadano, es decir, en cuanto miebro de un Estado nacional. Actualmente, el movimiento constitucional ha puesto énfasis en la necesidad de dar eficacia a los derechos, por lo que sería menester además de declarar los derecho, asegurarlos através de mecanismo de tutela. Esta es pues una exigencia que requiere la constitución como norma jurídica, con fuerza vinculante. En palabras del propio Ferrajoli, las garantías no son otra cosa que las técnicas previstas en el ordenamiento para reducir la distancia estructural entre normatividad y efectividad, y, por tanto, para posibilitar la 171 Javier Espinoza de los Monteros máxima eficacia de los derechos fundamentales en coherencia con su estipulación constitucional… Es una expresión del léxico jurídico para designar cualquier técnica normativa de tutela de un derecho subjetivo15. El mencionado doctrinario distingue entre garantías primarias o sustanciales y garantías secundarias o procedimentales: Las primeras consistirían en que todo derecho tiene como corelativa una obligación, por ende, cuando carece de ésta, es decir, de un obligado al que le pueda exigir el titular del derecho, habría una laguna que tendría que subsanar el legislador; y las segundas consisten en que todo derecho debe tener los mecanismos jurisdiccionales y los más idóneos, a los cuales se pueda acudir para que se asegure un derecho. En cuanto a que los derechos humanos y los derechos fundamentales son dos nociones parcialmente distintas como hemos venido indicando, debemos señalar en realidad se trata de una noción interna al sistema jurídico. Fuera del sistema jurídico los términos se utilizan como sinónimos. La noción de derechos humanos provienen de una tradición de su iusnaturalista y através de su incorporación en textos constitucional se les concibe como derechos humanos constitucionalizados16. Históricamente esto se corresponde con dos procesos político-normativos que han vivido los derechos desde la modernidad hasta nuestros días, a saber, la positivación y la internacionalización de los mismos. Entiéndase por el primero, el proceso en virtud del cual esta clase de derechos, al margen del debate filosófico acerca de si son derechos naturales, derechos morales o derechos meramente históricos, se han ido incorporando al derecho positivo interno de los Estados, especialmente a través de las Constituciones Políticas de éstos, lo cual ha venido a suministrar a los derechos humanos una base jurídica de sustentación objetiva que, junto con hacerlos más ciertos, favorece también su mayor efectividad… Por proceso de internacionalización de los derechos humanos, propio del siglo actual, se entiende aquel en virtud del cual esta misma clase de derechos, en cuanto a su reconocimiento y protección, superan el ámbito de los derechos internos o nacionales y pasan a incorporarse, primero a través de declaraciones y, luego, a través de pactos y tratados, a lo que podría llamarse derechos positivos internacionales de los derechos humanos17. Dicha internacionalización de los derechos humanos, en su primera fase, 172 es de carácter solemne o declarativa (en el cual los derechos se presentan como buenos deseos ya que no tienen efectos jurídicos vinculatorios y se deja el arbitrio de gobiernos su observancia u omisión) para adquirir después, mediante los tratados o pactos aprobados por los Estados según sus propios procedimientos constitucionales, competencia contenciosa, misma que obliga a su reconocimiento y protección adquiriendo así fuerza vinculante como se acostumbra decir en el léxico jurídico18. El desarrollo de los dos procesos permite distinguir y configurar un derecho positivo nacional y uno internacional de los derechos humanos. La historia da cuenta de un proceso de acumulación normativa de los derechos; en virtud de que las exigencias sociales se han venido coronando como prerrogativas normativas sea de los ciudadanos como de los individuos. Un sector de la doctrina ha percibido en ello la configuración de una dificultad. Esto es, el que una gran cantidad de derechos deban y puedan incluirse en los textos normativos –leyes fundamentales, tratados, declaraciones, pactos de carácter internacional, etc.-, como si una cultura de solución se plantease en términos de ir conquistando y obteniendo derechos. Al parecer una promoción tal incentiva al individuo a reclamar y a exigir derechos porque han salido nuevas generaciones y no se tienen, pudiendo llegar al absurdo de un capitalismo de derechos, por lo que en palabras de José R. Narváez19, el aforismo aristotélico: “entre más se tiene más se quiere” se traducuciría en una “Voracidad Jurídica”. No se trata de la simple operación de insertar, sin más, derechos de manera injustificada e indiscriminada20; lo cierto es que los derechos se han visto envueltos y dominados por la lógica de los poderes que los han constreñido y conculcando como se puede dar cuenta a través del devenir histórico: tremendas violaciones se han producido en diferentes sedes (mundial, nacional, local, etc.) sin sujetar a alguien a responsabilidad alguna, por lo que se requieren ciertos mecanismos de control como el del Estado Constitucional para sujetar a los poderes omnipotentes, ahora ya no sólo públicos sino también privados. En todo caso, creemos que uno de los principales aspectos que se han soslayado, es el relativo a su efectividad. Esto es, no ha venido puesto en primer plano la creación y aplicación de mecanismos procesales idóneos y así mismo la determinación de los destinatarios de los derechos (cuya ausencia genera una discapacidad funcional Derechos, Soberanía y Ciudadanía: El Paradigma del Constitucionalismo Mundial de los derechos), que los aseguren verdaderamente. Se podrán tener todos los derechos que sean necesarios e importantes para un individuo pero sin tener siquiera un mínimo de efectividad; en este caso generalmente los derechos sociales son el reflejo de dicha precariedad y discapacidad. III. EL ESTADO-NACIÓN: CIUDADANÍA Y SOBERANÍA El Estado Nación es la organización política de nuestros días, caracterizado por su poder soberano, y su delimitada circunscripción territorial -en términos geofráficos, político y administrativos. Dicha forma política en general se entiende bajo la fórmula un Estado una Nación (Estado = Nación), con lo cual se trata de expresar la unidad y la cohesión de los individuos que ocupan un determinado territorio, que se traduce en vínculos consanguíneos, culturales, una misma lengua, una historia compartida, una religión y el deseo de querer vivir juntos tratándose de configurar un todo homogéneo. Hoy en día los pilares en que se sustenta el Estado Nación han sido puestos en cuestión… la globalización ha minado sus presupuestos centrales y se ha hecho que esa promesa parezca hueca y sin sentido. La territorialidad y la soberanía exclusivas que le son inherentes al modelo de Estado Nación están siendo transformadas debido a la emergencia de prácticas económicas transnacionales, regímenes legales supranacionales y cuerpos políticos posnacionales. La noción que el deber ser del Estado es una totalidad soberana –delimitado, autosuficiente, ejerciendo un control uniforme sobre sus ciudadanos-objeto-, ya no resulta empíricamente apropiada21. Las sociedades actuales son sociedades complejas, es decir, compuestas por individuos cuyas características, expectativas, intereses, sentido de cultura o formas de vida corresponden y conforman aspectos heterogéneos en dos sentidos: el primero es que dentro del EstadoNación converge una parte de la sociedad que comparte una misma cultura, que constituye una mayoría, y es el grupo hegemónico que pretende imponer forzosamente su propia cultura a otros grupos sociales conformados por grupos étnicos, sociales o religiosos que constituyen una minoría cultural y que se presentan como pequeños mosaicos de naciones -generalmente grupos autóctonos; el segundo aspecto es que dentro de nuestras organizaciones políticas, debido al fenómeno masivo de la migración, conviven grupos de individuos de diferentes nacionalidades -extranjeros- con pretensiones de asentarse permanentemente por razones principalmente económicas, etc. Los anterior, entre otros aspectos, se puede considerar o traducir de manera simplificada en una crisis del Estado Nación, de la cual cualquier espectador puede darse cuenta, y es que éste está enfrentando, tanto en el interior como en lo exterior, severos procesos de transformación a los que ya no puede ni debe controlar. Es por ello que en lo sociológico, en vez de hablar del Estado Nación, acudimos a lo que se ha dado en llamar el tiempo de los Estados multinacionales22. El Estado-Nación naturalmente no es una entidad permanente. La organización política se encuentra en un proceso dialéctico de transformación por lo que pueden sobrevenir otras formas, para decirlo con las palabras de Habermas, expresa en un “desarrollo histórico contingente”, por lo que su presencia es transitoria. 1. Del tratamiento de la soberanía Soberanía es el concepto, a un mismo tiempo jurídico y político, en que confluyen todos los problemas y las aporías de la teoría positivista del Derecho y del Estado… surgida en Europa hace poco más de cuatro siglos, exportada en este último a todo el planeta y hoy próxima a su ocaso23, ésta ha adoptado diversos matices según las diversas imágenes que ha configurado el Estado en sus avatares hasta la concepción más actual como Estado-Persona, y entendida comúnmente por la clásica definición de Bodín como potestas legibus solutus, es decir, como poder absoluto supremo e ilimitado corresponde a la facultad de decisión en última instancia. Pues bien, la historia de la soberanía en sus dos dimensiones (interna y externa) comporta un desarrollo paralelo, pero opuesto. Por lo que respecta a la soberanía interna como poder sin limitación, como supuesto teórico, ha quedado desmentida con la revolución de 1789 tras la configuración del Estado Constitucional y Democrático; el constitucionalismo de leyes ordinarias, el principio de divisiones de poderes, el principio de legalidad y los derechos fundamentales, al decir de Ferrajoli, representan tantas limitaciones y en última instancia, negaciones de la soberanía interna, que la relación entre Estado y el ciudadano se transformó en la relación entre dos supuestos con soberanía limitada24; por ende, no existen poderes, sujetos o entidades con soberanía ilimitada o desbordada dentro del interior, ya que deben estar sometidas o reguladas en última 173 Javier Espinoza de los Monteros instancia por el derecho. En el desarrollo de la soberanía externa, ante la ausencia de límites, los Estados se proyectan como entes soberanos, con poder absoluto, supremo e ilimitado, en un estado virtual de guerra –ad bellum- frente a los otros Estados. Empero, con el surgimiento de la Carta de la ONU de 1945, la Declaración Universal de los Derechos Humanos de 1948 y los sucesivos pactos de 1966 se somete a un cierto control a los Estados y, por ende, se limita la soberanía en su sentido externo ya que se pone como piedra angular y base de las relaciones entre los Estados: la Paz y el respeto de los Derechos Humanos. La crisis de la soberanía, en su sentido interno y externo, es producida por el derecho, ya que los poderes son sometidos a control; limitados sus márgenes de acción se deben a parámetros, teniendo como esfera de acción la que le indique un determinado ordenamiento jurídico –que sería la Constitución ya que lo único supremo dentro de un Estado sería la Constitución-. Tomando como excusa –cuando conviene claro está- la idea de soberanía, existen países que se han negado a reconocer tratado internacionales de derechos humanos con carácter vinculante que podrían favorecer a una buena parte de su población (se podrían mejorar las condiciones de vida); la idea de soberanía como excusa para gobiernos que dentro de sus territorios aniquilan o vulneran, mediante el recurso del uso de la fuerza, a millones de personas sin ser llamados a cuentas. 2. Del tratamiento de la ciudadanía La ciudadanía corresponde al estatus subjetivo de pertenencia a una comunidad política determinada. Se refiere a la adscripción de un individuo con una organización territorial de la que forma parte activamente de la toma de decisiones y cuyos presupuestos jurídicos depende de dicha adscripción. En los últimos años, debido a la explosión del fenómeno de las migraciones masivas de personas de distintas nacionalidades y de las constantes discriminaciones a las que se enfrentan minorías étnico-culturales, han saltado a la luz las desigualdades e injusticias, y, en sentido estricto, la negación de derechos a determinados grupos de extranjeros y minorías culturales, que generan en la práctica el estatus de ciudadanía25. Hoy que se han exigido por dichos grupos las reivindicaciones de sus derechos tomando en serio y literalmente la universalidad de los mismos prescrita de manera solemne a la declaración de 1948, estos son puestos en cuestión al ser limitados al ámbito estatal, al 174 del Estado-Nación, por ende, en tanto se es miembro -membresía otorgada por el lugar de nacimiento y otros vínculos como la sangre, la cultura y el querer vivir juntos en sociedad o una historia compartida- de determinada organización política se imputan una serie de derechos a tales individuos, los ciudadanos, y una serie menor a los no ciudadanos o extranjeros, tomando como argumento la negación de los derechos de estos últimos por no tener como lugar de nacimiento aquel en que residen; por otro lado, existen minorías26 culturales que se diferencian de la mayoría, que constituyen la cultura predominante dentro del Estado-Nación, por lo que se hace una homologación forzosa tratándolos de colocar en similar estatus y soslayando sus diferencias sociales, culturales o religiosas. Estos dos aspectos se traducen en una desigualdad de derechos y discriminación para extranjeros y minorías nacionales, por la que éstos desde su formulación teórica, práctica y justificativa, tanto han ponderado, es decir, por la igualdad en droits. Para decirlo en palabras de Ferrajoli: “Los derechos en cuestión fueron proclamados como universales cuando la distinción entre hombre y ciudadano no creaba ningún problema, al ser improbable e impredecible que los hombres y mujeres del Tercer Mundo llegaran a Europa y que estas declaraciones de principios fuesen tomadas literalmente27. Las sociedades actuales tienen un componente multinacional y pluricultural (ya dijimos son complejas); el fenómeno se acentuará en los próximos años, lo que obliga de este modo a un diálogo intercultural generador de un mínimo de consenso en torno a la universalidad de los derechos28. Se tienen dos manifestaciones a los que se enfrenta el Estado-Nación: en lo externo, la exigencia de la igualdad de derechos, y en lo interno, la exigencia de derechos diferenciados. El concepto de ciudadanía ha evolucionado desde su concepción aristotélica, y romana hasta nuestros días, y ha sido reformulada en sentido moderno por el célebre ensayo de Marshall (1950) en el que se cobijan de manera pretenciosa bajo un mismo concepto, los derechos civiles, políticos y sociales. Dicho enfoque resulta antagónico con el estatus de la personalidad a la que le corresponden prestaciones civiles y sociales, siendo que al estatus de ciudadano le corresponde la esfera de los derechos políticos, en cuanto se es miembro de una determinada comunidad política; de ahí que la ciudadanía se ha convertido en el último estatus de privilegio, exclusión, discriminación y, en otros casos, de inclusión forzosa, generadora Derechos, Soberanía y Ciudadanía: El Paradigma del Constitucionalismo Mundial de desigualdades, conculcando las identidades diferenciadas de que se compone una comunidad. La ciudadanía, junto con la soberanía hoy más que nunca han entrado en tensión con el universalismo de los derechos humanos, operando como límite y a su vez como transgresor de los mismos. Como señala Habermas, los ejemplos de las sociedades multiculturales, como son Suiza y Estados Unidos, muestran que en una cultura política, para que en ella puedan echar raíces los principios constitucionales, no necesitan apoyarse en una procedencia u origen étnico, lingüístico y cultural, común a todos los ciudadanos. Una cultura política liberal sólo constituye el denominador común de (o el medio cívico-político compartido en que se sostiene) un patriotismo de la Constitución, que simultáneamente agudiza el sentido para la pluralidad e integridad de las diversas formas de vida que convienen en una sociedad multicultural29. La racionalidad de la universalidad de los derechos ha venido ha poner de manifiesto que la pertenencia a una comunidad política determinada, cuya adscripción despenda del lugar del nacimiento o de la incorporación forzosa que suprime el pluralismo y las diferencias culturales de los individuos asentados en el territorio, no debería ser el supuesto y la condición para que a los individuos se les impute o no la titularidad de derechos, ni mucho menos que el Estado sea el que continúe determinando a los sujetos que son titulares de los mismos. Desde esta perspectiva sería imprescindible transitar de los derechos humanos del ciudadano a los derechos de la persona, de aquel ciudadano del mundo que no conoce fronteras… Sólo una ciudadanía democrática que no se cierre en términos particularistas puede, por lo demás, preparar el camino para un Estatus de ciudadano del mundo o una cosmociudadanía, que hoy empieza a cobrar forma en comunicaciones políticas que tienen un alcance mundial30. IV. UN NUEVO PARADIGMA: ¿HACIA CONSTITUCIONALISMO MUNDIAL? Para proclamar en los hechos un verdadero universalismo de los derechos humanos, espera un largo y dificultoso sendero por andar: el problema más complejo de esta cuestión sería el de suprimir los Estados nacionales. ¿Es esto posible en nuestras condiciones actuales? En realidad, los conceptos de ciudadanía y soberanía continúan operando. No obstante, ambas nociones han perdido mucho de su efectividad y legitimidad como medios para proporcionar paz interna e integración política y para garantizar derechos fundamentales…31 Es cierto que los derechos de la era de la globalización necesitan nuevas técnicas de protección acordes con los procesos transnacionales actuales. En este escenario han surgido nuevo actores que tienen como finalidad operar como sistema de presión y mecanismos de acción y que tiendan a desmientir en buena medida, las artimañas, ataques y violaciones a los derechos. Piénsese en la proliferación de las Organizaciones No Gubernamentales y en algunas Empresas transnacionales. Frente a la criris por la que atraviesan los Estado constitucionales actuales en la tutela de derechos humanos respecto a poderes que no están sujetos a controles democráticos, se ha planteado un nuevo paradigma, el llamado constitucionalismo mundial. Este sería una respuesta frente a las crisis de las estrucutras garantistas de los Estados. Un ideal ciertamente con raíces no lejanas pues siempre se ha soñado, aunque con difrentes matices, con una comunidad armónica de Estados nacionales, incluso ello sería la manifestación más alta del progreso de la humanidad. El paradigma del constitucionalismo mundial, tendría como tarea, como todo orden constitucional, limitar el ejercicio arbitrario de cualquier poder, sobre todo de la defensa de los derechos pero a un nivel que rebase el de las fronteras nacionales. Al igual que las constituciones modernas32 se dividiría en una parte dogmática o teleológica conformada, en primer lugar, por las declaraciones, pactos, tratados, convenciones etc., de carácter internacional relativos a la materia, y, de otra parte, por una orgánica conformada por los organismos y empresas transnacionales que pugnan por la protección de los derechos humanos. Dicho modelo de constitucionalismo no estaría exento de aporías, a saber: la ausencia de garantías judiciales en el ámbito internacional; el cambio de lugar de las respectivas garantías constitucionales como consecuencia de la debilitación de la soberanía y la posibilidad de un derecho de asilo como contrapeso; sí bien débil, de la concepción estatalista de los derechos humanos deriva de la ciudadanía33. Estas son lagunas que, se ha aducido, deberían subsanarse. También se ha esgrimido en su favor. También se ha esgirmido que los nuevos retos de la globalización económica exigen un gran proyecto que satisfaga las nuevas expectativas de protección en torno 175 Javier Espinoza de los Monteros a los derechos. De ahí que el Estado no debería ser el único guardián o defensor de los derechos humanos, ya que normalmente se encuentraría en entredicho por las superpotencias o empresas transnacionales-; en consecuencia sería necesario conjugar una participación entre Estado y Sociedad civil en esta nueva era de los derechos. No obstante todas estas proclamas y exigencias a favor de un constitucionalismo de alcance planetario quedarían también pendientes reflexionar algunas observaciones que también se han presentado respecto al universalismo de los derechos. Hay serías objeciones que creemos se debe tener presentes. Esta es, por ejemplo, la pretensión de exportar a todas las demás culturas la idea de los derechos, haciendolos pasar bajo un pretendido objetivismo universalista. Ciertamente una cuestión que los teóricos del constitucionalismo internacionalista generalmente soslayan. Y es que este tipo de objetivismo como imposición forzada podría generar en violencia. Aquellos países que no compartan dicha racionalidad tendrían que ser sometidos, subordinados y uniformados a esta maxima de la civilidad. En el fondo de esto se encuentra latente la relevante cuestión del fundamento de los derechos humanos. Una cuestión de no poca monta. También queda el problema en relación a que generalmente las potencias mundiales a través de este discurso civilizador se han aprovechado para intervenir en los países en los cuales se dice habría que liberar de la esclavitud, de la dictadura. Generalmente se han aprovechado, bajo dicha excusa, para saquear las riquezas de aquellos países. El universalismo tendría sus riesgos. V. LOS DERECHOS FUNDAMENTALES EN MÉXICO: UNAS CUANTAS LÍNEAS México es un buen ejemplo de sociedades complejas; ha sido y es receptor de individuos de distintas nacionalidades, por un lado, y por el otro, se conforma de minorías culturales como los pueblos indígenas que habitan en su territorio y que desciende de culturas prehispánicas, es decir, de culturas autóctonas. EL Estado-Nación México es una realidad artificial cuyas políticas de construcción nacional empiezan a inducirse entre los primeros años de la vida independiente, pasando por un proceso lento. Empero, la meta no fue alcanzada y es que este proceso de generación nacional se trató de construir a costa de las diversas identidades indígenas cuyas realidades existían antes del 176 Estado y la colonización. En todo caso, el Estado Nación mexicano es un estado criollo y mestizo que siempre excluyó la diversidad cultural. Es el producto del nacionalismo criollo como bien lo ha puesto de manifiesto Brading. Precisamente el artículo 2 de la Constitución vigente señala: “La Nación mexicana es única e indivisible… tiene una composición pluricultural sustentada originalmente en sus pueblos indígenas…”, No resultaría vano preguntamos ¿cuál Nación? Incluso el artículo 27 de nuestra carta fundamental indica que la propietaria originaria de la tierra es la Nación. Si la construcción nacional supone una misma cultura, una misma lengua, una misma religión e, incluso, un pasado compartido, lo cierto es que en nuestro territorio difícilmente se ha correspondido con la realidad. Es sorprendente ver cómo la resistencia ha operado como coraza ante los intentos de un nacionalismo asimilador y destructor. El ordenamiento indígena forma parte cultural de un derecho común americano, una organización jurídica que ha operado paralela al Estado y que constantemente se recrea. Ese sería el deecho que habría arrebatado el Estado moderno a los particulares y contra el cual ahora muchas veces se conspira y se es poco tolerantes. Grossi34 no los hace recordar: autonomía en lugar de soberanía. De este modo, se ha dado una esterofilia crónica e inexistencia indígena35 como habría observado José Ramón Narváez: inexistencia indígena, porque a lo largo de casi dos siglos hemos hecho finta de que no existen, comenzando por su desaparición jurídica y política, los hemos condenado a una ausencia civil agarrándonos el derecho a representarlos legalmente…; esterofilia crónica, porque después de dos siglos, los mexicanos seguimos prefiriendo un derecho formal, estancado, rígido y venido de fuera, que a nuestros propios paisanos. El argumento del multiculturalismo indígena se presenta bajo la forma del derecho de libre autodeterminación en el que confluyen los problemas entre el derecho nacional y el derecho indígena. En el plano externo de la Nación, es una realidad latente y un lugar común que indocumentados mexicanos intentan cruzar la frontera de Estados Unidos en busca de mejores condiciones de vida para ellos y sus familias por las condiciones miserables en las que se encuentran y que nuestro Estado no ha sido capaz de solventar. Discriminación, injusticia, abusos, privaciones de libertad o, incluso, la muerte Derechos, Soberanía y Ciudadanía: El Paradigma del Constitucionalismo Mundial constituyen precisamente lugares comunes. Ellos viene excluidos por no ser ciudadanos. En cuanto al ordenamiento constitucional, son muestra de deficiente regulación los artículos 1º, 2º, 4º y 27, y en cuanto a extranjería, resultaba vergonzoso el artículo 33 constitucional el cual violaba numerosos tratados internacionales. Hoy ya reformado, el cual exige previa audiencia del predidente de la República para expulsar del país a extranjeros. VI. CONCLUSIONES El modelo de constitucionalismo mundial se presenta como una esfera de amplicación del Estado de derecho, con un carácter supranacional; este viene pregonado en la literatura como una exigencia fundamental para transitar de los derechos del ciudadano a derechos de la persona humana; esta transformación sería una puesta en práctica de la universalidad de los derechos humanos de conformidad con lo proclamado por la Declaración Universal de Derechos. Sus postulados poseen grandes pretensiones, hacer el sueño de un sujeto universal, que se coloque con sus derecho más allá de cualquier frontera. También pretende, no obstante la idea de su universalidad, establecer estatus jurídicos diferenciados respecto de aquellos sujetos que se han ido incorporando a los distintos nacional -lo que dicho en otras palabras significaría distinuir en las diferencia. Al parece los Estados nacionales sufren de una ceguera constitucional al no realizar los respectivos balances36. Sin embargo, queda latente el problema de la utilizanción de lo derechos como excusas para intervenir en los recursos de los otros por parte de potencias extranjeras. Uno problema ciertamente no nuevo aunque nueva sea sí, las semánticas que refieren al problema: antes se le llamaba colonialismo. Aún falta esbozar las líneas de aquello en lo que consistiría lo que se ha dado en llammar la era post soberana y ciudadana. Desde la Constitución, cuanto antes es posible asegurar y establecer los derechos como vínculos y contenidos sustanciales (“vigencia”); de ello depende la validez de las normas dentro del Estado Constitucional que rompe el paradigma del viejo positivismo que identifica vigencia y validez bajo un mismo término. En el caso de México como parte basilar de la reforma del Estado, había estado pendiente una reforma en materia de derechos humanos que diera extensión a la aplicación de tratados internacionales con fuerza vinculante. Han sido significativos los cambios, todavía queda poner atención a los efectos de las reformas constitucionales en materia de derechos humanos, analizar su eficacia. La reforma constitucional del texto en su integridad que de una mayor coherencia al texto constitucional está todavía tocando la puerta. Seguramente sobre cada terma y algunos puntos se podría un mayor desarrollo; empero, este breve apuntamiento pretende provocar una inquietud en el lector, dar ideas para el desarrollo de la reflexión. 177 Javier Espinoza de los Monteros NOTAS 1. COSTA. Prieto, “Derechos”, en El Estado moderno en Europa, Ed. De Maurizio Fioravanti, Madrid, Trotta, 2004, p. 45. indistintamente a un individuo, grupo social o Estado y los segundo a uno de ellos en específico, CARBONELL, Op. cit., p. 326. 2. El carácter de universalidad es uno de los hilos conductores en este trabajo. 10. GUASTINI, Ricardo, Estudios de teoría constitucional, México, Fontamara, 2003, pp. 220 y 221. 3. Sobre la historicidad y la concreticidad de los derechos: BOTERO BERNAL, Andrés, “La jerarquía entre principios generales del Derecho: la historicidad y la culturalidad del principio de justicia”, en: Revista de Derecho: Universidad del Norte. No. 23 (2005), pp. 29-68. 4. Citado por CARBONELL, “Los derechos en la era de la globalización”, en CARBONELL (coord.), Estado constitucional y globalización, México, Porrúa, 2001, p. 326. 5. En este sentido Ferrajoli: En efecto, los derechos fundamentales constituyen la base de la moderna igualdad, que es precisamente una igualdad en droits, en cuanto hace visibles dos características estructurales que las diferencian de todos los demás… su universalidad… y su naturaleza de indisponibles e inalienables, tanto activa como pasiva, que los sustrae al mercado y a la decisión política… en Derecho y Garantías. La ley del más débil, Madrid, Trotta, 2002, p. 23. 6. En BEUCHOT, Mauricio, Filosofía y derechos humanos, México, S XXI, 1999, pp. 158 y 159. Sobre este punto se recomienda ver: El fundamento de los derechos fundamentales, Madrid, Trotta, 2005. Igualmente, sobre los conceptos de “ciudadanía global” y “universalidad de los derechos” en Bobbio: BOTERO, Op. cit., p. 32. 7. En este sentido CAPELLA, Juan Ramón… El saber tiene en nuestra vida una dimensión esencialmente práctica… ha nacido de nuestras prácticas…, la prueba última de cualquier saber consiste, justamente, en insertarlo en nuestra práctica, En: Elementos de análisis jurídicos, Madrid, Trotta, 2002, p. 12. 8. Sobre el concepto de persona se recomienda ver la excelente obra de José Ramón Narváez Hernández, El concepto de persona en la historia del derecho civil. (Historia de un concepto jurídico), México, Porrúa, 2005. 9. Derivado de la universalidad de los destinatarios distingue entre derechos humanos absolutos y relativos, los primeros son aquellos oponibles 178 11. GUIASTINI, Ídem, p. 223. 12. ALEXY, Robert, “Los derechos fundamentales en el Estado Constitucional democrático”, Ed. Carbonell, Neoconstitucionalismo(s), Madrid, Trotta, 2003, pp. 31 a 36. 13. No es más que reconocer que la Constitución (aquella formal) bajo la idea de complitud se consideraba un texto omnicomprensivo se encuentra necesariamente incompleta lo que se ha dado en llamar Vacuidad constitucional. 14. Ésta es una definición de los derechos fundamentales de carácter formal, expuesta por Ferrajoli; él mismo ha explicado los elementos de la definición señalando que por derecho subjetivo se debe entender cualquier expectativa positiva (de prestación) o negativa (de no sufrir lesiones) adscrita a un sujeto por una norma jurídica y, por estatus, la condición de un sujeto, prevista así mismo por una norma jurídica positiva, como presupuesto de su idoneidad para ser titular de situaciones jurídicas y/o autor de los actos que son ejercicio de éstas, FERRAJOLI, Op. cit., p. 37 Empero, Alexy señala que aunque una definición formal sea útil, no es suficiente para explicar la naturaleza de los derechos fundamentales; para ello se necesita de una definición sustancial. En: Teoría del Discurso y Derechos Constitucionales, México, Fontamara, 2005, pp 47 a 70. La definición de Ferrajoli es del todo congruente con la clase de sujetos que son titulares de los derechos (persona, ciudadano o persona con capacidad de obra) empero, en los últimos años se ha entrado a la arena de la discusión del otorgamiento de derechos a favor de los animales por lo que si en años posteriores se otorga una tutela efectiva a los mismos, dicha definición sería poco plausible. 15. FERRAJOLI, L., “Garantías”, En Jueces para la democracia, Madrid, núm. 38, julio de 2002, p. 39. 16. CARBONELL, Los derechos fundamentales…, Op. cit., p. 19. Derechos, Soberanía y Ciudadanía: El Paradigma del Constitucionalismo Mundial 17. SQUELLA, Agustín, Positivismo jurídico, democracia y derechos humanos, México, Fontamara, 1998, pp. 99 y 100. 18. Ambos procesos constituyen una unidad en cuanto resultan entidades que se incorporan al derecho interno, principalmente a través de una Constitución determinada y el derecho internacional, a través de las declaraciones, pactos y tratados internacionales. 26. Existen tres tipos de minorías que el constitucionalismo tutela, el ser humano en lo individual, las minorías políticas y las minorías culturales y étnicas que son aquellas que se analiza en este trabajo, ver Carbonell, Miguel, En: Elementos de derecho constitucional, México, Fontamara, 2004, pp. 37 a 54. 27. FERRAJOLI, “Más allá de la soberanía…”, Op. cit. p. 316. 19. NÁRVAEZ HERNÄNDEZ, José Ramón, “Apuntes para empezar a descifrar los destinatarios de los derechos humanos”, Revista Telemática de Filosofía y Derecho, 2005. 28. De cualquier forma, la universalidad de los derechos es una visión o concepción del mundo occidental que no es compartida por las demás culturas, pero que obliga al diálogo intercultural. 20. Si se insertaran una gran cantidad de derechos en los textos constitucionales, estos serán cuerpos voluminosos, siendo que la Constitución debe ser un documento básico, general, por lo que es menester introducir principios sustanciales que dentro del Estado constitucional constituye la vigencia de las normas, regulan su contenido. 29. HABERMAS, Jürgen, Facticidad y validez, Madrid, Trotta, 2000, p. 628. 21. COHEN, Jean L., “Democracia y ciudadanía en la sociedad global”, En: Democracia y ciudadanía en la sociedad global, CALVILLO VELASCO, Miriam; CAMACHOS, María y MORA HEREDIA, Juan (comps.), México, UNAM, 2001, pp. 130 y 131. 22. Se recomienda ver KYMLICKA, Will y STRAEHLE, Christine, Cosmopolitismo, Estado-Nación y nacionalismo de las minorías. Un análisis crítico de la literatura reciente, México, llJ-UNAM, 2003. 23. FERRAJOLI, derechos… Op. cit., p. 125. 24. FERRAJOLI, Luigi, “Más allá de la Soberanía y la Ciudadanía, Estado Constitucional…”, Op. cit., p. 314. 25. Siguiendo a Guastini, el término “ciudadano” puede asumir dos significados diferentes: 1. Primer significado: es ciudadano todo aquel que no es extranjero, todo aquel que, en el ámbito de un sistema jurídico determinado, posee ciudadanía, en sentido técnico-jurídico. 2. Segundo significado: es ciudadano cualquier miembro de la “sociedad civil” en cuanto realidad diferente de, y opuesto, a la “sociedad política”. Es decir, al Estado (el ordenamiento jurídico), GUASTINI, Op. cit. pp. 224 y 225. 30. HABERMAS, Op. cit., p. 643. También ROSALES, José M., Patriotismo, nacional y ciudadanía: En: Defensa de un cosmopolitismo cívico, Colombia, Universidad Externado de Colombia, 1997. 31. FERRAJOLI, “Más allá de la soberanía…”, Op. cit., pp. 313 y 314. 32. En el constitucionalismo moderno las constituciones se dividen en una parte orgánica y otra dogmática, tomando como base el artículo 16 de la Declaración de 1789, con lo cual se establece el “contenido mínimo” de toda Constitución al señalar que en toda sociedad en la que no estén aseguradas la garantía de los derechos ni la división de poderes carece de Constitución. 33. ERRAJOLI, Estado constitucional… Op. cit., pp. 319 a 322. 34. GROSSI, Paolo, “Un derecho sin Estado, La autonomía como fundamento del orden jurídico medieval”, En Anuario mexicano de historia del derecho, México, UNAM, IX-1997. 35. NARVÁEZ HERNÁNDEZ, José Ramón, “Esterofilia crónica, El indígena mexicano y la codificación”, En Revista Internacional de Derecho UNICAP BR, p. 2. 36. CLAVERO, Bartolomé, Derecho indígena y cultura constitucional en América, México, S. XXI, 1994. 179 Javier Espinoza de los Monteros BIBLIOGRAFÍA ACKERMAN, Bruce, La política del diálogo liberal, Gedisa, 2002. 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ZAGREBELSKY, Gustavo, El derecho dúctil: ley, derechos, justicia, Madrid, Trotta, 2005. 181 PROHIBICIÓN DE LA DISCRIMINACIÓN POR ORIENTACIÓN SEXUAL: ALCANCES Y DESAFÍOS DE UN ESTÁNDAR INTERAMERICANO SURGIDO DEL DIÁLOGO CON EL TRIBUNAL EUROPEO DE DERECHOS HUMANOS Juana María Ibáñez Rivas Máster en Derechos Humanos por la Universidad París X (Nanterre La Défense); Consultora especialista en temas de derechos humanos y derecho internacional humanitario; Investigadora del Groupe d’études en droit international et latino-américain de La Sorbonne (GEDILAS-IREDIES), Universidad París I (Panthéon-Sorbonne). Desde sus primeras sentencias, la Corte Interamericana de Derechos Humanos (en adelante: Corte Interamericana o Corte) ha puesto en práctica un diálogo con otros sistemas de protección de derechos humanos (universal1, europeo2 y africano3), remitiéndose a sus tratados y a su jurisprudencia. Dicho diálogo ha demostrado, inter alia, la vocación de la Corte interamericana por encontrar referencias más allá del Sistema Interamericano de Derechos Humanos (en adelante: sistema interamericano) que le permitan asegurar una mayor protección de los derechos reconocidos en la Convención Americana sobre Derechos Humanos (en adelante: Convención Americana, Convención o CADH). En ese contexto, la primera –y hasta el momento únicasentencia de la Corte interamericana relativa a la proscripción de la discriminación basada en la orientación sexual, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile, demuestra haber sido fuertemente influenciada por dicha dinámica de diálogo. Fue en el año 2010 que la Comisión Interamericana de Derechos Humanos (en adelante, Comisión Interamericana o CIDH) remitió a la Corte Interamericana dicho primer caso sobre una alegada discriminación basada en la orientación sexual4. En febrero de 2012, la Corte emitió la sentencia sobre el fondo, reparaciones y costas en el caso respectivo5 y, posteriormente, en noviembre de 2012, la sentencia de interpretación del fallo6. Un año después, en noviembre de 2013, la Corte emitió la primera –y hasta ahora únicaresolución de supervisión de cumplimiento de la referida sentencia de fondo, reparaciones y costas7. Los hechos del caso se relacionan con el proceso de custodia que fue interpuesto ante los tribunales chilenos por el padre de las niñas M., V. y R8. en contra de la madre, la señora Karen Atala Riffo, por considerar que la orientación sexual de ésta y su convivencia con una pareja del mismo sexo producirían un daño a las tres niñas. En ese sentido, la Corte tuvo que pronunciarse sobre, inter alia, la responsabilidad internacional del Estado por el alegado trato discriminatorio y la interferencia arbitraria en la vida privada y familiar que habría sufrido la señora Atala Riffo debido a su orientación sexual en los procesos judiciales que resultaron en el retiro del cuidado y custodia de sus hijas9. Sin jurisprudencia previa sobre la materia, los hechos del caso representaron todo un desafío para la Corte interamericana. El impacto ante los usuarios del sistema interamericano no se hizo esperar y, conforme consta en la sentencia, fueron remitidos a la Corte 32 escritos en calidad de amicus curiae para colaborar en la tarea de resolución del caso10. Asimismo, la Corte admitió los peritajes propuestos por las partes sobre el tema específico de la discriminación basada en la orientación sexual, sea para su presentación por affidávit o en audiencia pública11. Y, adicionalmente, en el marco del diálogo judicial, la Corte se remitió al Sistema Europeo de Derechos Humanos (en adelante: sistema europeo), concretamente, a la jurisprudencia del Tribunal Europeo de Derechos Humanos (en adelante: Tribunal Europeo o TEDH) respecto al Convenio Europeo para la Protección de los Derechos Humanos y de las Libertades Fundamentales (en adelante: Convenio Europeo). Así, el presente artículo analizará los alcances del estándar interamericano que prohíbe la discriminación basada en la orientación sexual (I) y los desafíos que éste representa (II), desde el diálogo entre la Corte interamericana y el Tribunal europeo, diálogo que impregna toda la sentencia Atala Riffo y Niñas en materia de derechos de las 183 Juana María Ibáñez Rivas personas lesbianas, gais, transexuales, bisexuales e intersex (en adelante, personas LGTBI). 1. Principio de no discriminación y derecho a la igualdad ante la ley I. LA JURISPRUDENCIA DEL TEDH Y LOS ALCANCES DEL ESTÁNDAR INTERAMERICANO QUE PROHÍBE LA DISCRIMINACIÓN BASADA EN LA ORIENTACIÓN SEXUAL La Corte comenzó su razonamiento sobre la base del artículo 1.1 de la CADH, piedra angular del sistema interamericano que se refiere a las obligaciones generales del Estado de respeto y garantía de los derechos y libertades reconocidos en dicho tratado, “sin discriminación alguna por motivos de raza, color, sexo, idioma, religión, opiniones políticas o de cualquier otra índole, origen nacional o social, posición económica, nacimiento o cualquier otra condición social”. A partir de una interpretación evolutiva –concepto apropiado de la jurisprudencia del TEDH14- la Corte interamericana reiteró su jurisprudencia según la cual, al interpretar la expresión “cualquier otra condición social” debe elegirse siempre la alternativa más favorable para la tutela de los derechos, añadiendo que dicho término deja abierta la posibilidad de incorporar otras categorías no explícitamente indicadas, en la medida que los criterios prohibidos de discriminación del artículo 1.1 no constituyen una lista taxativa15. En esa línea, la Corte interamericana se remitió, inter alia, a los casos del Tribunal europeo Salgueiro da Silva Mouta Vs. Portugal y Clift Vs. Reino Unido16, según los cuales la orientación sexual es otra de las condiciones prohibidas de discriminación mencionadas en el artículo 14 del Convenio Europeo (Prohibición de discriminación)17 frente a características consideradas innatas o inherentes a la persona18. De esta manera, la Corte dejó establecido que “la orientación sexual y la identidad de género de las personas son categorías protegidas por la Convención”. Y por tanto, según la Corte, ninguna norma, decisión o práctica de derecho interno, sea por parte de autoridades estatales o por particulares, puede disminuir o restringir los derechos de una persona a partir de su orientación sexual19. Dicho esto, y analizando específicamente el proceso de custodia ante la Corte Suprema de Chile, la Corte interamericana, citando también al TEDH en los casos Salgueiro da Silva Mouta y E.B Vs. Francia, resaltó que para comprobar que una diferenciación de trato ha sido utilizada en una decisión particular, no es necesario que la totalidad de dicha decisión esté basada “fundamental y únicamente” en la orientación sexual de la persona, pues basta con constatar que se tuvo en cuenta “hasta cierto grado”, de manera explícita o implícita20. Por ello, al analizar los argumentos expuestos por las autoridades judiciales chilenas, sus conductas, el lenguaje La jurisprudencia del Tribunal europeo referida a las personas LGTBI comenzó a gestarse desde el año 1981 en el caso Dudgeon Vs. Reino Unido12, pero sin ser siempre favorable al reconocimiento de los derechos humanos de aquéllas. Incluso es posible afirmar que entre 1955 -fecha en la que el sistema europeo recibió la primera petición en materia de homosexualidady hasta 1981 –fecha en que se emitió la sentencia en el ya citado caso Dudgeon-, la extinta Comisión Europea de Derechos Humanos se oponía a admitir peticiones de personas homosexuales que alegaban una violación al Convenio Europeo ante disposiciones de derecho interno que criminalizaban la homosexualidad13. Pero al momento que el caso Atala Riffo y Niñas fue sometido a la competencia contenciosa de la Corte interamericana, el Tribunal europeo ya había desarrollado importante jurisprudencia en la materia. En consecuencia, la Corte interamericana se remitió a la jurisprudencia del TEDH como fuente principal de referencia para analizar las alegadas violaciones de derechos humanos desde el principio de no discriminación y la igualdad ante la ley (A), y en relación al interés superior del niño alegado por el Estado como justificación de los actos en perjuicio de la señora Atala Riffo (B). A. Derechos a la vida privada y familiar, y a la protección de la familia interpretados desde el principio de no discriminación y el derecho a la igualdad ante la ley La Corte interamericana comenzó el análisis del caso sobre la base del principio de no discriminación regulado en el artículo 1.1 de la Convención Americana y del derecho a la igualdad ante la ley reconocido en el artículo 24 de la CADH (1). A la luz de dicho análisis, se pronunció, inter alia, sobre la alegada violación de los derechos a la vida privada y familiar (artículo 11 de la CADH) y a la protección de la familia (artículo 17 de la CADH) (2). 184 Prohibición de la Discriminación por Orientación Sexual: Alcances y Desafíos de un Estándar Interamericano Surgido del Diálogo con el Tribunal Europeo de Derechos Humanos utilizado y el contexto en que se produjeron las decisiones, la Corte concluyó, en la misma línea del TEDH en el caso Salgueiro da Silva Mouta, que los procesos giraron, además de otras consideraciones, en torno a la orientación sexual de la señora Atala, determinando una diferencia de trato21. Sin embargo, para establecer si dicha diferencia de trato constituía discriminación, la Corte debía analizar la justificación del Estado para efectuarla, esto es, la alegada protección del interés superior del niño y los presuntos daños que las niñas habrían sufrido como consecuencia de la orientación sexual de la madre22. Para la Corte, si bien tal justificación respondía a un fin legítimo, en el caso no constituyó una medida adecuada y proporcionada para cumplir tal fin (infra I.B). 2. Prohibición de injerencias arbitrarias o abusivas en la vida privada y en la de la familia y su relación con el principio de la familia como elemento natural y fundamental de la sociedad En cuanto al derecho a la vida privada y familiar (artículo 11.2 de la Convención), la Corte se remitió nuevamente al Tribunal europeo en los casos Dudgeon, X y Y Vs. Países Bajos, Niemietz Vs. Alemania y Peck Vs. Reino Unido, para reforzar la jurisprudencia según la cual la vida privada es un concepto amplio que comprende, entre otros ámbitos protegidos, “la vida sexual y el derecho a establecer y desarrollar relaciones con otros seres humanos”. Es decir, que la vida privada incluye la forma en que el individuo se ve a sí mismo y cómo y cuándo decide proyectar a los demás23. Si bien dicho derecho no es absoluto, prohíbe toda injerencia arbitraria o abusiva. En todo caso, de acuerdo con la Corte, cualquier injerencia en la misma debe cumplir los requisitos de “idoneidad, necesidad y proporcionalidad”24. De esta manera, en la medida que los tribunales chilenos tuvieron como referente de peso la orientación sexual de la señora Atala al momento de decidir sobre la custodia de sus hijas, la Corte consideró que se expusieron diversos aspectos de su vida privada a lo largo del proceso. La Corte observó que la razón esgrimida por dichos tribunales para interferir en la esfera de la vida privada de la señora Atala fue la misma utilizada para el trato discriminatorio, es decir, la protección de un alegado interés superior de las tres niñas. En ese sentido consideró que, si bien dicho principio se relaciona in abstracto con un fin legítimo, la medida era inadecuada y desproporcionada para cumplir ese fin25 (infra I.B). A mayor abundamiento, la Corte resaltó que el artículo 11.2 de la Convención Americana está estrechamente relacionado con el derecho a la protección de la familia (artículo 17.1), según el cual el Estado está obligado no sólo a disponer y ejecutar directamente medidas de protección de los niños, sino también a favorecer, de la manera más amplia, el desarrollo y la fortaleza del núcleo familiar. En ese sentido, la separación de niños de su familia constituye, bajo ciertas condiciones, una violación a dicho derecho26. A partir de ello, y en remisión a la jurisprudencia del TEDH en los casos Buchberger Vs. Austria, K. y T. Vs. Finlandia, Elsholz Vs. Alemania, Bronda Vs. Italia, Johansen Vs. Noruega, Olsson Vs. Suecia, la Corte remarcó que el disfrute mutuo de la convivencia entre padres e hijos constituye un elemento fundamental de la vida de familia, y que el Convenio Europeo tiene como objetivo preservar al individuo contra las injerencias arbitrarias de las autoridades públicas y establecer obligaciones positivas a cargo del Estado a favor del respeto efectivo de la vida familiar27. Así, entre la jurisprudencia del Tribunal europeo, la Corte destacó la interpretación amplia del concepto de familia y vida familiar. Respecto al concepto de familia, remarcó entonces que ésta “abarca a una pareja del mismo sexo que convive en una relación estable de facto, tal como abarcaría a una pareja de diferente sexo en la misma situación”. Además, insistió en que el goce mutuo de la compañía del otro entre los padres y el niño constituye un elemento fundamental de la vida familiar, aunque la relación de los padres esté rota28. En cuanto al concepto de “vida familiar”, señaló que al decidir si una relación puede considerarse como tal, una serie de factores pueden ser relevantes, incluyendo si la pareja vive junta, la duración de su relación y si se ha demostrado el compromiso mutuo al tener hijos conjuntamente o por otros medios29. Por tanto, a partir del diálogo judicial con el TEDH, para la Corte interamericana era claro que, en el caso, se había constituido un núcleo familiar que estaba protegido por los artículos 11.2 y 17.1 de la Convención Americana, “pues existía una convivencia, un contacto frecuente, y una cercanía personal y afectiva entre la señora Atala, su pareja, su hijo mayor y las tres niñas”30. De esta manera, la decisión inidónea de las autoridades chilenas supuestamente para proteger el interés superior del niño propiciando la separación de la familia 185 Juana María Ibáñez Rivas constituía, además, una interferencia arbitraria en el derecho a la vida privada y familiar31. B. Niñas bajo la custodia de una madre homosexual: el interés superior del niño puesto en conflicto frente al principio de no discriminación y la igualdad ante la ley La Corte interamericana constató que en casos de cuidado y custodia de menores de edad, la determinación del interés superior del niño, en tanto que fin legítimo en abstracto, debe probarse “a partir de la evaluación de los comportamientos parentales específicos y su impacto negativo en el bienestar y desarrollo del niño según el caso, [de] los daños o riesgos reales y probados, y no especulativos o imaginarios”. Por tanto, la Corte afirmó que no son admisibles las especulaciones, presunciones, estereotipos o consideraciones generalizadas sobre características personales de los padres -como la orientación sexual-, o preferencias culturales respecto a ciertos conceptos tradicionales de la familia32. Así, siguiendo a la sentencia del TEDH en el caso Palau-Martínez Vs. Francia, la Corte consideró que la sola referencia al interés superior del niño sin probar, en el caso concreto, los riesgos o daños que podría conllevar la orientación sexual de la madre para las niñas, “no puede servir de medida idónea para la restricción de un derecho protegido como el de poder ejercer todos los derechos humanos sin discriminación alguna por la orientación sexual”33. A partir de ello, la Corte analizó los cuatro fundamentos principales utilizados por la Corte Suprema de Chile alegando la protección del interés superior de las niñas. Sobre la discriminación social que habrían sufrido las niñas34, la Corte interamericana consideró que “si bien es cierto que ciertas sociedades pueden ser intolerantes a condiciones como la raza, el sexo, la nacionalidad o la orientación sexual de una persona, los Estados no pueden utilizar esto como justificación para perpetuar tratos discriminatorios”. Citando al TEDH en el caso Hoffman Vs. Austria, la Corte remarcó la importancia de que el Derecho y los Estados ayuden al avance social, “de lo contrario se corre el grave riesgo de legitimar y consolidar distintas formas de discriminación violatorias de los derechos humanos”35. De acuerdo con la Corte, si los jueces que analizan casos como el de la señora Atala constatan la existencia de discriminación social, es totalmente inadmisible 186 legitimar esa discriminación con el argumento de proteger el interés superior del menor de edad. Respecto a la confusión de roles que habrían presentando las niñas36, en referencia a la jurisprudencia del TEDH en los casos Karner Vs. Austria y Kozak Vs. Polonia, la Corte interamericana señaló que en casos como el de la señora Atala y sus hijas se invierte la carga de la prueba, y es el Estado el que, mediante una fundamentación rigurosa y de peso, debe demostrar que la restricción a un derecho no tiene propósito ni efecto discriminatorio (test estricto de análisis y sustentación de un daño concreto y específico)37. En caso contrario, se corre el riesgo de fundamentar la decisión en la pre-concepción, no sustentada, “de que los niños criados por parejas homosexuales necesariamente tendrían dificultades para definir roles de género o sexuales”. Entre otros, en referencia a la jurisprudencia del Tribunal Europeo en los casos M. y C. Vs. Rumanía y Palau-Martínez38, la Corte confirmó “la necesidad de aplicar un escrutinio mayor cuando la decisión judicial se relacione con el derecho a la igualdad de grupos poblacionales tradicionalmente discriminados”, como el de las personas homosexuales. En cuanto a la prevalencia que la señora Atala le habría dado a su vida personal sobre los intereses de sus hijas39, la Corte interamericana recalcó que la orientación sexual también se encuentra ligada al concepto de libertad y la posibilidad de todo ser humano de auto-determinarse y escoger libremente las opciones y circunstancias que le dan sentido a su existencia, conforme a sus propias opciones y convicciones. Así, siguiendo al TEDH en el caso Clift, la Corte concluyó que “si la orientación sexual es un componente esencial de identidad de la persona40, no era razonable exigir a la señora Atala que pospusiera su proyecto de vida y de familia”. En lo concerniente al derecho de las niñas a vivir en el seno de una familia “normal y tradicional” con un padre y una madre41, la Corte interamericana constató que “en la Convención Americana no se encuentra determinado un concepto cerrado de familia, ni mucho menos se protege sólo un modelo “tradicional” de la misma. Ante ello, reiteró que el concepto de vida familiar no está reducido únicamente al matrimonio y debe abarcar otros lazos familiares de hecho donde las partes tienen vida en común por fuera del matrimonio42. Nuevamente, citando al caso Salgueiro da Silva Mouta, la Corte recordó que el TEDH consideró que la decisión Prohibición de la Discriminación por Orientación Sexual: Alcances y Desafíos de un Estándar Interamericano Surgido del Diálogo con el Tribunal Europeo de Derechos Humanos de un tribunal nacional de retirar a un padre homosexual la custodia de su hija menor de edad, con el argumento que la niña debería vivir en una familia tradicional, carecía de relación razonable de proporcionalidad entre la medida tomada (retiro de la custodia) y el fin perseguido (protección del interés superior de la menor de edad)43. Por todo lo anterior, la Corte concluyó que si bien la sentencia de la Corte Suprema de Chile y la decisión sobre la custodia pretendían la protección del interés superior de las niñas, no se probó que la motivación esgrimida en las decisiones fuera adecuada para alcanzar dicho fin y, por el contrario, dichas decisiones utilizaron argumentos abstractos, estereotipados y/o discriminatorios en contra de la señora Atala. Por tanto, como resultado del diálogo judicial entre la Corte interamericana y el Tribunal europeo, el aporte del caso Atala Riffo y Niñas a la jurisprudencia del sistema interamericano resulta indiscutible. Indiscutibles serán también los retos que genera dicha jurisprudencia para Chile, los Estados parte de la Convención Americana y el sistema interamericano como tal. II. LA JURISPRUDENCIA DEL TEDH Y LOS DESAFÍOS DEL ESTÁNDAR INTERAMERICANO QUE PROSCRIBE LA DISCRIMINACIÓN BASADA EN LA ORIENTACIÓN SEXUAL Pese a que la sentencia Atala Riffo y Niñas representa todo un avance jurisprudencial, los cuestionamientos a la misma surgieron desde un primer momento, en el propio seno de la Corte, a través de los votos en contra de tres de sus jueces a propósito de la declaración de violación del derecho a la protección de la familia (A). De esta manera, el reto del cumplimiento de lo declarado y ordenado en la sentencia constituye un elemento adicional a valorar como desafío del respeto y garantía de los derechos de las personas LGTBI en el sistema interamericano (B). A. El derecho a la protección de la familia puesto en cuestión: una mirada crítica desde los votos en contra de la declaración de su violación Los jueces Manuel Ventura Robles, Leonardo Franco y Alberto Pérez Pérez votaron en contra del punto resolutivo 4 de la sentencia, en el que se declaró la responsabilidad internacional del Estado por la violación de los derechos a la vida privada y familiar (artículo 11.2 de la CADH) y a la protección de la familia (artículo 17.1 de la CADH). El juez Pérez Pérez fue el único de entre ellos que acompañó la sentencia con la redacción de su voto parcialmente disidente44, sobre la base esencial de dos puntos de argumentación: la innecesaria declaración de violación conjunta de los derechos a la vida privada y familiar y a la protección de la familia (1), y la necesidad de resolver una alegada violación al derecho a la protección de la familia sobre la base del denominado “margen de apreciación” estatal (2). 1. Sobre la innecesaria declaración de violación conjunta de los artículos 11.2 y 17.1 de la CADH El voto disidente consideró que era “suficiente” declarar una violación del artículo 11.2 de la Convención Americana -que prohíbe las injerencias arbitrarias o abusivas en la vida privada y de la familia-, y que, por el contrario, “no e(ra) necesario ni prudente” declarar una violación conjunta del artículo 17.1 –que protege a la familia como elemento natural y fundamental de la sociedad-, ya que ello podría tomarse “como un pronunciamiento implícito sobre la interpretación de las distintas disposiciones” de este último artículo. Al respecto, el juez hizo notar que la Convención Americana contempla derechos relacionados con la familia en los artículos 11.2 y 17, e importantes referencias a la familia en los artículos 19 (Derechos del Niño), 27.2 (Suspensión de Garantías) y 32.1 (Correlación entre Deberes y Derechos), mientras que el Convenio Europeo contiene sólo dos disposiciones atinentes a este ámbito, esto es, el artículo 8 (Derecho al respeto a la vida privada y familiar) y el artículo 12 (Derecho a contraer matrimonio). Por ello, a criterio del juez, la jurisprudencia del TEDH citada en la sentencia Atala Riffo y Niñas se refiere a las disposiciones del Convenio Europeo correlativas a los artículos 11.2 y 17.2 de la CADH –éste último sobre el derecho del hombre y la mujer a contraer matrimonio y a fundar una familia-, al no existir en el instrumento europeo disposiciones referidas a los temas previstos en los párrafos 1, 3, 4 y 5 del artículo 17 de la Convención Americana45. Las sentencias del TEDH citadas por la Corte interamericana en el fallo suponen una selección de aquéllas orientadas a una interpretación favorable de los derechos humanos de las personas homosexuales. En el caso, dicha jurisprudencia 187 Juana María Ibáñez Rivas comprende una diversidad de supuestos de hecho, inter alia, la criminalización de la homosexualidad (Dudgeon); la relación conyugal de las parejas homosexuales (Schalk y Kopf Vs. Austria, Parry Vs. Reino Unido); la no discriminación a personas homosexuales vinculada con prerrogativas conyugales determinadas (Karner, Kozak, P.B. y J.S. Vs. Austria); la creación de una relación parental ex nihilo (E.B.) o la relación parental preexistente (Salgueiro da Silva Mouta). El voto disidente reconoce la gran importancia de la jurisprudencia del Tribunal europeo, no sólo por “la jerarquía” de éste sino también por “la similitud entre sus funciones y las de la Corte Interamericana”. Remarca, sin embargo, que “las extensas citas de sentencias del TEDH” en el caso “no significan que la Corte Interamericana deba tomarlas como precedentes obligatorios”. El voto cuestiona entonces la declaración de violación del derecho a la protección de la familia basándose en dos de las sentencias del TEDH citadas por la Corte Interamericana en el fallo: X, Y y Z Vs. Reino Unido (1997) y Schalk y Kopf (2010). Conforme lo señala el voto disidente, en el caso X, Y y Z, el TEDH no consideró violatoria del derecho a la vida familiar la negativa de las autoridades estatales a registrar a un transexual masculino (X) como padre del hijo (Z) de su pareja femenina (Y) concebido mediante inseminación artificial anónima, negando así el reconocimiento de derechos parentales. Sin embargo, el juez Pérez Pérez no parece valorar en su análisis que, en dicho caso, la declaración de no violación del artículo 8 del Convenio Europeo no fue pacífica, al ser el resultado de 14 votos a favor y 6 en contra en el seno de la Gran Sala del Tribunal europeo. En efecto, en la sentencia del TEDH el juez J. Casadevall –a cuyo voto parcialmente disidente se unieron los jueces C. Russo y J. Makarczyk- consideró que el Estado debió adoptar todas las medidas necesarias para permitir a los demandantes desarrollar una vida familiar normal sin discriminación. Por su parte, en sus votos disidentes, los jueces Thór Vilhjálmsson y I. Foighel indicaron que X había sido discriminado en relación con un hombre biológico, al que no se le habría negado el registro del menor. Y finalmente, también en su voto disidente, el juez D. Gotchev criticó que no se haya prestado suficiente atención al bienestar del menor, criterio que, a su juicio, debió prevalecer sobre cualquier otra consideración. A mayor abundamiento, el voto del juez Pérez Pérez no destacó suficientemente los alcances de la sentencia en el caso Schlak y Kopf de 2010, fallo que, tras la constatación de la evolución de las 188 actitudes sociales hacia las parejas homosexuales, supuso el cambio de criterio del TEDH en materia de derecho a la vida familiar de las personas gais y lesbianas46. Además, conforme lo resaltó la Corte interamericana en el caso, a diferencia del Convenio Europeo, los artículos 11.2 y 17.1 de la Convención Americana protegen la vida familiar de manera complementaria, de modo que “la imposición de un concepto único de familia debe analizarse no sólo como una posible injerencia arbitraria contra la vida privada”, sino también, “por el impacto que ello pueda tener en un núcleo familiar”47. En todo caso, si bien la Convención Europea contiene la protección a los derechos a la vida privada y familiar en un solo artículo (artículo 8), la línea jurisprudencial del TEDH deja en evidencia que la protección particular de la vida familiar tiene un valor y consecuencias específicas en el marco de la prohibición de la discriminación basada en la orientación sexual48. Adicionalmente, de acuerdo a lo declarado por el Tribunal europeo en el caso Keegan Vs. Irlanda, desde el momento y por el sólo hecho del nacimiento, existe un vínculo entre el niño y sus padres constitutivo de “vida familiar”, de manera que en el caso Atala Riffo y Niñas era imperativo valorar como presupuesto la existencia de una familia49. Por ello, es posible afirmar que había incluso un motivo de fuerza para respaldar la declaración de la violación del derecho a la protección de la familia ya que la aproximación a dicho derecho deriva de la existencia de una madre que –con independencia de su orientación sexual- tenía un vínculo parental pre-existente con sus hijas. Sin perjuicio de lo expuesto, y siguiendo al juez Jean-Paul Costa, consideramos indispensable remarcar la relevancia jurídica de los votos en contra de los tres jueces citados y, en concreto, del voto parcialmente disidente del juez Pérez Pérez. Como lo señala el juez Costa, un serio inconveniente de los votos disidentes radica en la posibilidad de que las partes y el mundo exterior tengan la impresión de que la jurisprudencia afirmada por una estrecha mayoría pueda ser puesta en cuestión rápidamente, restando incentivos para que el Estado declarado internacionalmente responsable cumpla en un corto plazo lo ordenado por la corte internacional concernida. Sin embargo, dichos votos ofrecen la ventaja de permitir el análisis del caso desde otra perspectiva, permitiendo aclarar o enriquecer el debate, particularmente interesante frente a problemas jurídicos difíciles o nuevos50, como Prohibición de la Discriminación por Orientación Sexual: Alcances y Desafíos de un Estándar Interamericano Surgido del Diálogo con el Tribunal Europeo de Derechos Humanos el de la discriminación basada en la orientación sexual en el sistema interamericano. 2. ¿Margen de apreciación estatal o consenso interamericano?: el debate sobre la aplicación del concepto de familia en los casos de personas LGTBI El voto disidente del juez Pérez Pérez señaló que además de la declaración de principio del artículo 17.1 según la cual “[l]a familia es el elemento natural y fundamental de la sociedad” que “debe ser protegida por la sociedad y el Estado”, las varias disposiciones contempladas en los incisos siguientes de la citada norma podrían interpretarse en el sentido de que presuponen que la familia se basa en el matrimonio o la unión de hecho heterosexual. Pese a indicar que no haría un pronunciamiento expreso sobre ese aspecto, el juez Pérez Pérez continuó su argumentación basándose en la posible interpretación a nivel interamericano de un concepto tradicional de familia, citando para ello textos constitucionales de ciertos Estados latinoamericanos51. Así, si bien el juez manifestó estar de acuerdo con la interpretación evolutiva de la Convención Americana, a su criterio, dicha interpretación debe darse siempre que exista un consenso o una convergencia de estándares entre los Estados parte de la Convención. Conforme al voto disidente, dicho consenso es claro en lo que concierne a la prohibición de la discriminación fundada en la orientación sexual, mas no en relación con la evolución de la noción de familia y su calidad de base o elemento esencial o natural de la sociedad. Según el juez Pérez Pérez, el hecho incontrovertible de que actualmente exista una pluralidad de conceptos de familia, no quiere decir que necesariamente todos y cada uno de ellos hayan de corresponder a lo que la Convención Americana, incluso interpretada evolutivamente, entiende por familia como “elemento natural y fundamental de la sociedad”, o a lo que los Estados parte que tienen disposiciones análogas entienden por tal. No obstante ello afirmó, citando la Observación General N° 19 del Comité de Derechos Humanos de la ONU52, que tal situación no quiere decir que todos los Estados parte deban reconocer todos los conceptos o modelos de familia. Por ello, aplicando un concepto propio de la jurisprudencia del TEDH53, el juez Pérez Pérez afirmó que la noción de familia es “una de las esferas en que resulta más necesario reconocer un margen de apreciación nacional, para lo cual habrá que hacer una indagación” que reiteró, no correspondía llevar a cabo en el caso. En palabras del juez, dicha indagación debía hacerse “cuando el punto sea objeto de un caso planteado ante [la] Corte y se escuchen los argumentos que al respecto formulen las partes y eventualmente los amici curiai que se presenten”54. Sobre el particular, es preciso remarcar que el tema fue objeto del caso planteado, ya que en la demanda presentada ante la Corte, la Comisión interamericana alegó expresamente la violación del derecho a la protección de la familia (artículos 17.1 y 17.4 de la CADH). De esta manera, aún en el supuesto de que la Corte hubiese considerado que no se configuró una violación a dicho derecho en el caso, habría tenido que fundamentar su decisión a la luz del artículo 17 de la Convención Americana. Por otro lado, frente a la supuesta inexistencia de un “consenso interamericano” sobre la noción de familia entre las personas homosexuales que justificaría una deferencia a los Estados en su regulación y práctica, cabe destacar que el “margen de apreciación” sobre el cual el voto deja reposar una potencial decisión estatal sobre la materia es un concepto del cual la Corte interamericana todavía no se ha apropiado55. A mayor abundamiento, corresponde remitirnos, mutatis mutandis, a lo expuesto por la Corte interamericana a propósito de la falta de “consenso interamericano” sobre la orientación sexual como categoría prohibida de discriminación, alegada en su momento por la Corte Suprema de Chile en el caso. En efecto, la Corte señaló que “la presunta falta de un consenso al interior de algunos países sobre el respeto pleno por los derechos de las minorías sexuales no puede ser considerado como un argumento válido para negarles o restringirles sus derechos humanos o para perpetuar y reproducir la discriminación histórica y estructural que estas minorías han sufrido”. De acuerdo con la Corte, el hecho de que un asunto de derechos humanos pueda ser materia de controversia en algunos sectores y países, no puede conducir a que se abstenga de decidir, ya que al hacerlo la Corte va a remitirse “única y exclusivamente a las estipulaciones de las obligaciones internacionales contraídas por decisión soberana de los Estados a través de la Convención Americana”56. En todo caso, debe recordarse que cuando la interpretación evolutiva de la CADH ha invitado a hacer un estudio de derecho comparado frente a temas nuevos, particularmente sensibles o complejos, la verificación del eventual “consenso interamericano” es sólo uno de los diferentes métodos de interpretación de los cuales se ha valido la Corte en la definición del alcance y contenido de 189 Juana María Ibáñez Rivas los derechos y las correspondientes obligaciones estatales reconocidos en la Convención57. B. El desafío de las medidas con vocación transformadora en contextos de discriminación basada en la orientación sexual de las personas Determinada la responsabilidad internacional del Estado de Chile en el caso Atala Riffo y Niñas, la Corte, en el marco de las reparaciones, resaltó que algunos actos discriminatorios analizados en la sentencia se relacionan con la reproducción de estereotipos asociados a la discriminación estructural e histórica que han sufrido las minorías sexuales, particularmente en cuanto al acceso a la justicia y la aplicación del derecho interno. Por ello, en la misma línea de lo declarado en el paradigmático caso Campo Algodonero Vs. México (2009)58, la Corte se refirió a la necesidad de que algunas reparaciones tengan una vocación “transformadora” de la situación imperante en Chile, de tal forma que “tengan un efecto no solo restitutivo sino también correctivo hacia cambios estructurales que desarticulen aquellos estereotipos y prácticas que perpetúan”, en este caso, la discriminación contra las personas LGTBI59. La Corte ha buscado hacer efectiva dicha vocación transformadora a través de la medida de reparación consistente en capacitar a funcionarios públicos en tanto que garantía de no repetición (1), así como mediante el recordatorio de la obligación de toda autoridad pública de ejercer el control de convencionalidad (2). 1. La capacitación de funcionarios públicos como garantía de no repetición transformadora Dentro de las reparaciones, la Corte considera como “garantías de no repetición” a aquéllas tendientes a que no vuelvan a ocurrir violaciones a los derechos humanos como las sucedidas en el caso respectivo. Así, estas garantías tienen un alcance o repercusión pública, y en muchas ocasiones resuelven problemas estructurales viéndose beneficiadas no sólo las víctimas del caso, sino también otros miembros y grupos de la sociedad60. En el litigio del caso Atala Riffo y Niñas, la Comisión interamericana y los representantes de las víctimas destacaron la importancia de que se realicen capacitaciones a autoridades judiciales y campañas que contribuyan a un ambiente de tolerancia frente a las personas LGTBI en 190 el país. La Corte tomó nota de los desarrollos reportados por Chile en materia de programas y acciones de capacitación dirigidos a funcionarios públicos61. Sin perjuicio de ello, ordenó que el Estado continúe implementando programas y cursos permanentes de educación y capacitación en: i) derechos humanos, orientación sexual y no discriminación; ii) protección de los derechos de la comunidad LGTBI, y iii) discriminación, superación de estereotipos de género en contra de la población LGTBI. De acuerdo con la Corte, dichos cursos deben estar dirigidos a funcionarios públicos a nivel regional y nacional, y particularmente a funcionarios judiciales de todas las áreas y escalafones de la rama judicial62. Asimismo, la Corte ordenó que, dentro de dichos programas y cursos de capacitación se haga una especial mención a la sentencia Atala Riffo y Niñas y, de manera general, a los precedentes del corpus iuris de derechos humanos “relativos a la proscripción de la discriminación por orientación sexual y a la obligación de todas las autoridades y funcionarios de garantizar que todas las personas, sin discriminación por su orientación sexual, puedan gozar de todos y cada uno de los derechos establecidos en la Convención”. En ese sentido, la Corte demandó poner especial atención en normas o prácticas de derecho interno “que, sea intencionalmente o por sus resultados, pueden tener efectos discriminatorios en el ejercicio de derechos por personas pertenecientes a las minorías sexuales”63. Esta reparación, caracterizada como garantía de no repetición con vocación transformadora, pone en evidencia la evolución de la jurisprudencia de la Corte interamericana, que pasa de una noción clásica de igualdad, entendida como no discriminación, a una “noción de igualdad sustantiva, que demanda del Estado un rol activo para generar equilibrios sociales”, y, en consecuencia, para proteger especialmente a ciertos grupos que padecen procesos históricos o estructurales de discriminación64. 2. La aplicación del control de convencionalidad como medida con vocación transformadora La Comisión y los representantes de las víctimas en el caso Atala Riffo y Niñas solicitaron a la Corte que ordene al Estado adoptar medidas que reformen la legislación, políticas públicas, programas y directivas para prohibir y erradicar la discriminación basada en la orientación sexual65. Al respecto, la Corte remarcó que Prohibición de la Discriminación por Orientación Sexual: Alcances y Desafíos de un Estándar Interamericano Surgido del Diálogo con el Tribunal Europeo de Derechos Humanos si bien había examinado la relación entre la aplicación judicial de ciertas normas internas con prácticas discriminatorias, no había analizado la compatibilidad de una determinada norma con la Convención Americana, por no ser ello materia del caso. Asimismo, destacó que los representantes de las víctimas no aportaron elementos suficientes que permitieran inferir que las violaciones de derechos en el caso habían derivado de un problema de las leyes en sí mismas. De esta manera, la Corte consideró que no era pertinente ordenar en tanto reparación alguna medida específica de adopción, modificación y/o adecuación de normas específicas de derecho interno66. Sin embargo, inmediatamente después, en el mismo apartado dentro de las reparaciones, la Corte aprovechó para recordar su jurisprudencia constante sobre el denominado “control de convencionalidad”. Así, reiteró que si bien es consciente que las autoridades internas están sujetas al imperio de la ley y, por ello, están obligadas a aplicar las disposiciones vigentes en el ordenamiento jurídico, cuando un Estado es Parte de un tratado internacional como la Convención Americana, todos sus órganos, incluidos sus jueces y demás órganos vinculados a la administración de justicia también están sometidos a aquél, lo cual les obliga a velar para que los efectos de las disposiciones de la Convención no se vean mermados por la aplicación de normas contrarias a su objeto y fin. Así, los jueces y órganos vinculados a la administración de justicia en todos los niveles están en la obligación de ejercer ex officio un “control de convencionalidad” entre las normas internas y la Convención Americana, en el marco de sus respectivas competencias y de las regulaciones procesales correspondientes. Conforme lo ha indicado la Corte, en esta tarea, los jueces y órganos vinculados a la administración de justicia deben tener en cuenta no solamente la Convención Americana, sino también la interpretación que de la misma ha hecho la Corte, intérprete última de dicho tratado67. De esta manera, a partir de las exigencias del “control de convencionalidad”, la Corte indicó que era necesario que las interpretaciones judiciales y administrativas y las garantías judiciales en Chile se apliquen adecuándose a los principios establecidos en la jurisprudencia en el caso con respecto a la proscripción de la discriminación por la orientación sexual68. Cabe destacar que si bien esta medida no quedó determinada como reparación en sí misma, el “control de convencionalidad” tiene una clara vocación transformadora y de garantía de no repetición, en la medida que busca evitar que un nuevo caso sobre el mismo marco fáctico resulte sometido a conocimiento del sistema interamericano o que el mismo Estado reincida en la comisión de un acto generador de responsabilidad internacional, en este caso, vinculado a la discriminación basada en la orientación sexual. III. A MODO DE CONCLUSIÓN Los estándares de protección de derechos humanos derivados del caso Atala Riffo y Niñas ameritan un reconocimiento particular, no sólo porque es la primera vez que la Corte interamericana se pronuncia sobre los derechos de las personas LGTBI y la orientación sexual como categoría prohibida de discriminación, sino porque la respectiva sentencia ejemplifica las consecuencias positivas del diálogo judicial. En todo caso, como quedó señalado en la introducción, la Corte interamericana no sólo dialoga con el sistema europeo, sino también con el universal y el africano. Asimismo, la Corte interamericana dialoga con las altas cortes de los Estados parte de la Convención Americana, adoptando así una sana práctica de remisión a su respectiva jurisprudencia69. En consecuencia, el diálogo con el Tribunal europeo no es exclusivo ni excluyente. La Corte se ha instalado en un diálogo diverso que le permite asegurar una mayor protección de los derechos reconocidos en la Convención Americana, tal como aquélla que prohíbe la discriminación basada en la orientación sexual. Los cuestionamientos a la declaración de violación del derecho a la protección de la familia en la sentencia y la existencia de contextos estructurales de discriminación basada en la orientación sexual que deben ser transformados, sólo dan cuenta de las complejidades y debates en el camino por recorrer hacia la igualdad formal y sustantiva en la región. Confiemos en que dichas complejidades y debates se resuelvan en el marco de lo estrictamente jurídico, dando el justo valor al respeto y garantía de la dignidad de la persona humana. 191 Juana María Ibáñez Rivas NOTAS 1. Laurence Burgorgue-Larsen ha remarcado que la Corte interamericana solicita “de façon décloisonnée une somme considérable de sources extérieures au système conventionnel” para interpretar el catálogo interamericano de derechos, dentro de las cuales “les sources du système onusien sont évidemment à l’honneur”. L. BURGORGUE-LARSEN, “Les Cours européenne et interaméricaine des droits de l’homme et le ‘système onusien’”. En: E. DUBOUT & S. TOUZÉ (dir.), Les droits fondamentaux, charnières entre ordres et systèmes juridiques, Paris, Pedone, 2010, pp. 91-115. 2. Al inicio, el diálogo entre la Corte interamericana y el Tribunal europeo de derechos humanos (TEDH) era “unidireccional”, es decir que sólo la Corte interamericana citaba la jurisprudencia del TEDH o las normas de la Convención Europea. Posteriormente, sobre todo a partir de finales de los años 90 y comienzos del año 2000, dicho diálogo devino “bidireccional” ya que el TEDH comenzó a remitirse a la jurisprudencia de la Corte interamericana y a las normas del sistema interamericano. L. BURGORGUE-LARSEN & N. MONTOYA CÉSPEDES, “El diálogo judicial entre la Corte Interamericana de Derechos Humanos y la Corte Europea de Derechos Humanos”. En: G. BANDEIRA GALINDO, R. URUEÑA & A. TORRES PÉREZ (Coord.), Protección Multinivel de Derechos humanos. Manual de la Red de Derechos Humanos y Educación Superior (dhes), Barcelona, Universitat Pompeu Fabra, 2013, pp. 187-210. Asimismo, ver, CEDH, Research Report. References to the Inter-American Court of Human Rights in the case-law of the European Court of Human Rights, Strasbourg, Council of Europe/CEDH, 2012. 6. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Solicitud de Interpretación de la Sentencia de Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 21 de noviembre de 2012. Serie C No. 254. 7. Corte IDH, Atala Riffo y niñas Vs. Chile. Supervisión de Cumplimiento de Sentencia. Resolución de la Corte Interamericana de Derechos Humanos de 26 de noviembre de 2013. 8. Conforme consta en la sentencia de fondo, a solicitud de la Comisión interamericana se reservó la identidad de las tres hijas de la señora Atala Riffo, identificándolas con dichas letras. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., nota al pie 3. 9. La Corte declaró a Chile responsable internacionalmente por haber vulnerado determinados artículos de la Convención Americana: i) el derecho a la igualdad y la no discriminación (artículo 24), en relación con la obligación de respetar y garantizar los derechos (artículo 1.1), en perjuicio de la señora Atala; ii) el artículo 24, en relación con los derechos del niño (artículo 19) y el artículo 1.1., en perjuicio de las niñas M., V. y R.; iii) el derecho a la vida privada (artículo 11.2), en relación con el artículo 1.1., en perjuicio de la señora Atala; iv) los artículos 11.2 y 17.1 (protección a la familia), en relación con el artículo 1.1., en perjuicio de la señora Atala y de las niñas M., V. y R.; v) el derecho a ser oído (artículo 8.1), en relación con los artículos 19 y 1.1., en perjuicio de las niñas M., V. y R., y vi) la garantía de imparcialidad (artículo 8.1), en relación con el artículo 1.1., respecto a la investigación disciplinaria, en perjuicio de la señora Atala. 10. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párr. 10. 3. Esto, citando los principales instrumentos jurídicos del sistema africano de derechos humanos, sobre todo, la Carta Africana sobre los derechos humanos y de los pueblos, así como la jurisprudencia de la Comisión Africana sobre Derechos Humanos y de los Pueblos. 11. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párr. 17. Ver, asimismo, Corte IDH, Caso Atala Riffo e hijas Vs. Chile. Resolución del Presidente de la Corte Interamericana de Derechos Humanos de 7 de julio de 2011. 4. CIDH, Karen Atala e Hijas Vs. Chile, Caso 12.502, demanda ante la Corte, 17 de septiembre de 2010. 12. TEDH, Dudgeon Vs. Reino Unido, 22 de octubre de 1981. 5. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia del 24 de febrero de 2012. Serie C No. 239. 192 13. Sobre la evolución de la jurisprudencia del TEDH en la materia, véase, D. BORRILLO, “De la penalización de la homosexualidad a la criminalización de la homofobia: El Tribunal Prohibición de la Discriminación por Orientación Sexual: Alcances y Desafíos de un Estándar Interamericano Surgido del Diálogo con el Tribunal Europeo de Derechos Humanos Europeo de Derechos Humanos y la orientación sexual”. En: Revista de estudios jurídicos de la Universidad de Jaén, nº 11-2011, España. Asimismo, F. RUIZ-RISUEÑO MONTOYA, “El Tribunal Europeo de Derechos Humanos y los Derechos del Colectivo LGBT”. En: Revista do Instituto Brasileiro de Direitos Humanos, Año 13, Vol, 13, No. 13, 2013, pp. 127151; P. JOHNSON, Homosexuality and the European Court of Human Rights, New York: Routledge, 2012, y M. LEVINET, “La fin du débat sur la conventionnalité de la répression pénale de l’homosexualité ?”. En: Revue trimestrielle des droits de l’homme, 13e année, n° 50 (1er avril 2002), pp. 345-368. 14. TEDH, Tyrer Vs. Reino Unido, 25 de abril de 1978, párr. 31. 15. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párrs. 84-85. 16. TEDH, Salgueiro da Silva Mouta Vs. Portugal, 21 de diciembre de 1999, párr. 28; Clift Vs. Reino Unido, 13 de julio de 2010, párr. 57. Asimismo, L. y V. Vs. Austria, 9 de enero de 2003, párr. 45; S. L. Vs. Austria, 9 de enero de 2003, párr. 37; E.B. Vs. Francia, 22 de enero de 2008, párr. 50; Fretté Vs. Francia, 26 de febrero de 2002, párr. 32; Kozak Vs. Polonia, 2 de marzo de 2010, párr. 92; J.M. Vs. Reino Unido, 28 de septiembre de 2010, párr. 55, y Alekseyev Vs. Russia, 21 de octubre de 2010, párr. 108. 17. El artículo 14 del Convenio Europeo establece que: “El goce de los derechos y libertades reconocidos en el […] Convenio ha de ser asegurado sin distinción alguna, especialmente por razones de sexo, raza, color, lengua, religión, opiniones políticas u otras, origen nacional o social, pertenencia a una minoría nacional, fortuna, nacimiento o cualquier otra situación”. 18. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párr. 87. 19. Ibid., párr. 91. 20. Ibid., párr. 94. Al respecto, TEDH, E. B Vs. Francia, op. cit, párrs. 88 y 89. 21. Ibid., párrs. 95-98. Al respecto, TEDH, Salgueiro da Silva Mouta Vs. Portugal, op. cit., párrs. 28 y 31 y E.B. Vs. Francia, op. cit., párr. 85. 22. Ibid., párr. 99. 23. TEDH, Dudgeon Vs. Reino Unido, op. cit., párr. 41; X y Y Vs. Países Bajos, 26 de marzo de 1985, párr. 22; Niemietz Vs. Alemania, 16 de diciembre de 1992, párr. 29, y Peck Vs. Reino Unido, 28 de enero de 2003, párr. 57. 24. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párrs. 161-165. 25. Ibid., párrs. 165-167. 26. Ibid., párrs. 169-170. 27. Ibid., párr. 171. Al respecto, TEDH, Buchberger Vs. Austria, 20 de diciembre de 2001, párr. 35; K. y T. Vs. Finlandia, 12 de julio de 2001, párr. 151; Elsholz Vs. Alemania, 13 de julio de 2000, párr. 43; Bronda Vs. Italia, 9 junio de 1998, párr. 51; Johansen Vs. Noruega, 7 de agosto de 1996, párr. 52, y Olsson Vs. Suecia, 24 de marzo de 1988, párr. 81. 28. Ibid., párrs. 172 y 174. Al respecto, TEDH, Schalk y Kopf Vs. Austria, 24 de junio de 2010, párrs. 91-94; P.B. y J.S. Vs. Austria, 22 de julio de 2010, párr. 30; Elsholz Vs. Alemania, op.cit, párr. 43; Keegan Vs. Irlanda, 26 de mayo de 1994, párr. 44; Johnston y otros Vs. Irlanda, 18 de diciembre de 1986, párr. 56; Alim Vs. Rusia, 27 de septiembre de 2011, párr. 70; Berrehab Vs. Países Bajos, 21 de junio de 1988, párr. 21, y L. Vs. Países Bajos, 1 de junio de 2004, párr. 36. 29. Ibid., párr. 173. Al respecto, TEDH, X, Y y Z Vs. Reino Unido, 22 de abril de 1997, párr. 36; Marckx Vs. Bélgica, 13 de junio de 1979, párr. 31; Keegan Vs. Irlanda, op. cit., párr. 44, y Kroon y otros Países Bajos, 27 de octubre de 1994, párr. 30. 30. Ibid., párr. 177. 31. Ibid., párr. 178. 32. Ibid., párr. 109. 33. Ibid., párrs. 110-112. Al respecto, TEDH, Palau-Martínez Vs. Francia, 16 de diciembre de 2003, párrs. 42-43. 34. Ibid., párrs. 115-122. 35. TEDH, Hoffmann Vs. Austria, 23 de junio de 1993, párrs. 15 y 33-36. 36. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párrs. 123-131. 37. TEDH, Karner Vs. Austria, 24 de julio de 2003, párr. 37, y Kozak Vs. Polonia, op. cit., párr. 92. Asimismo, E.B Vs. Francia, op. cit., párr. 74; D.H. y otros Vs. República Checa, 13 de noviembre de 2007, párr. 177; Orsus y otros Vs. Croacia, 16 de marzo de 2010, párr. 150; Serife 193 Juana María Ibáñez Rivas Yigit Vs. Turquía, 2 de noviembre de 2010, párr. 71, y Muñoz Díaz Vs. España, 8 de marzo de 2010, párr. 50. 38. TEDH, M. y C. Vs. Rumania, 27 de septiembre de 2011, párr. 147, y Palau-Martinez Vs. Francia, op. cit., párrs. 42-43. 39. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párrs. 132-140. 40. TEDH, Clift Vs. Reino Unido, op. cit., párr. 57. 41. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párrs. 141-145. 42. Corte IDH, Condición Jurídica y Derechos Humanos del Niño. Opinión Consultiva OC17/02 del 28 de agosto de 2002, Serie A No. 17, párrs. 69-70. Ver asimismo: TEDH, Keegan Vs. Irlanda, op. cit., párr. 44, y Kroon y otros Vs. Países Bajos, op. cit., párr. 30. 43. TEDH, Salgueiro da Silva Mouta Vs. Portugal, op. cit., párrs. 34-36. 44. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile, Voto parcialmente disidente del juez Alberto Pérez Pérez a la Sentencia de la Corte Interamericana de Derechos Humanos de 24 de febrero de 2012. 45. Ibid., párr. 4. 46. F. RUIZ-RISUEÑO MONTOYA, op. cit., pp. 135-137. 47. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párr. 175. 48. G. WILLEMS, “La vie familiale des homosexuels au prisme des articles 8, 12 et 14 de la Convention européenne des droits de l’homme: mariage et conjugalité, parenté et parentalité”. En: Revue Trimestrielle des Droits de l’Homme, 24eme année. Bruxelles X: Nemesis/ Anthemis, No. 93, 1er janvier 2013, pp. 65-96. 49. TEDH, Keegan Vs. Irlanda, op. cit., párr. 44. Asimismo, F. SUDRE, La Convention européenne des droits de l’homme, 8e éd., Paris, Presses universitaires de France (PUF), 2010, pp. 105-106. 50. J-P. COSTA, “Les opinions séparées des juges : est-ce une bonne institution dans une juridiction internationale ?”. En: S. KATUOKA (Ed.), Le droit dans une Europe en changement: liber amicorum Pranas Kuris, Vilnius: Mykolo Romerio universiteto Leidybos centras, 2008, pp. 111-121. 194 51. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile, Voto parcialmente disidente del juez Alberto Pérez Pérez, op. cit., párr. 19. El juez Pérez Pérez citó los artículos pertinentes de los textos constitucionales de Bolivia, Brasil, Chile, Colombia, Costa Rica, Cuba, Ecuador, El Salvador, Nicaragua, Paraguay, Perú, Uruguay y Venezuela. 52. ONU, Comité de Derechos Humanos, Observación General No. 19, Comentarios generales adoptados por el Comité de los Derechos Humanos, Artículo 23-La familia, 39º período de sesiones, U.N. Doc. HRI/ GEN/1/Rev.7 at 171 (1990). 53. Laurence Burgorgue-Larsen se ha referido al “juego ambiguo” del consenso europeo en la determinación del margen de apreciación. Al respecto, ha precisado que “le minimum commun qui se dégage de la multitude des interprétations consiste à affirmer qu[e la marge d’appréciation] repose sur deux fondements : la philosophie de la subsidiarité d’un côté et la souveraineté étatique de l’autre qui induisent d’accorder une place au pluralisme juridique afin de respecter les spécificités juridiques des Etats”. De esta manera resalta que “un des éléments clés pour évaluer la portée de cette marge d’appréciation concerne l’existence ou l’absence d’un dénominateur commun aux systèmes juridiques des Etats contractants”. BURGORGUE-LARSEN, Laurence, “Le jeu ambigu du consensus européen dans la détermination de la marge d’appréciation. La vision critique de Françoise Tulkens”, Strasbourg Observers, 6 septembre 2012. 54. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile, Voto parcialmente disidente del juez Alberto Pérez Pérez, op. cit., párr. 23. 55. En el año 2004, en el caso Herrera Ulloa Vs. Costa Rica, respecto al derecho a recurrir del fallo, la Corte señaló que si bien los Estados tienen un “margen de apreciación” para regular el ejercicio de dicho recurso, no pueden establecer restricciones o requisitos que infrinjan la esencia misma del derecho en cuestión. Corte IDH, Herrera Ulloa Vs. Costa Rica. Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 2 de julio de 2004. Serie C No. 107, párr. 161. Posteriormente, en el caso Castañeda Gutman Vs. México, si bien la Corte no hizo mención expresa al “margen de apreciación”, precisó que “[e]l sistema interamericano no impone un sistema electoral determinado ni una modalidad específica para el ejercicio de los Prohibición de la Discriminación por Orientación Sexual: Alcances y Desafíos de un Estándar Interamericano Surgido del Diálogo con el Tribunal Europeo de Derechos Humanos derechos a votar y a ser votado”, lo que parece dejar un “margen de apreciación” a los Estados respecto al diseño de sus sistemas electorales, siempre que se respeten y garanticen los derechos políticos. Corte IDH, Castañeda Gutman Vs. México. Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 6 de agosto de 2008. Serie C No. 184, párrs. 138 a 205. 56. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párrs. 92-93. 57. A modo de ejemplo, el rol y la complejidad de la remisión al “consenso interamericano” en la jurisprudencia reciente de la Corte interamericana pueden verificarse en el caso López Mendoza Vs. Venezuela respecto al análisis de la convencionalidad de una sanción administrativa que restringe el derecho a ser elegido (artículo 23 de la Convención Americana), y en el caso Artavia Murillo y otros (Fecundación in vitro) Vs. Costa Rica, en el análisis de la convencionalidad de la regulación y práctica de la fertilización in vitro respecto al derecho a la vida del embrión (artículo 4 de la Convención Americana). Corte IDH, López Mendoza Vs. Venezuela. Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 1 de septiembre de 2011. Serie C No. 233, párrs. 104-109, así como los respectivos votos concurrentes de los jueces Diego García-Sayán y Eduardo Vio Grossi, y Artavia Murillo y otros (Fecundación in vitro) Vs. Costa Rica. Excepciones preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 28 noviembre de 2012. Serie C No. 257, párrs. 254-256, así como los votos concurrente y disidente, respectivamente, de los jueces Diego García-Sayán y Eduardo Vio Grossi. 58. Corte IDH, González y otras (“Campo Algodonero”) Vs. México. Excepción Preliminar, Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 16 de noviembre de 2009. Serie C No. 205, párr. 450. Sobre los derechos humanos en un escenario de desigualdad estructural, ver, ABRAMOVICH, Víctor, “De las violaciones masivas a los patrones estructurales: Nuevos enfoques y clásicas tensiones en el sistema interamericano de derechos humanos”. En: SUR-Revista Internacional de Derechos Humanos, vol. 6, No. 11, diciembre 2009, pp. 7-39. 59. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párrs. 92 y 267. 60. Corte IDH, Informe Anual de la Corte Interamericana de Derechos Humanos 2012, p. 20. 61. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párrs. 268-270. 62 Ibid, párr. 271. 63. Ibid., párr. 272. En la primera resolución de supervisión de cumplimiento de la sentencia en el caso, respecto a dicha medida de reparación, la Corte declaró que el Estado no ha presentado información que permita concluir que los programas realizados versan de manera específica sobre las temáticas establecidas en el fallo, ni que permita comprobar si dichos programas y cursos son permanentes, ni a qué funcionarios están dirigidos. Por ello, la Corte requirió al Estado que remita la información pertinente sobre el cumplimiento de esta obligación. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Supervisión de Cumplimiento de Sentencia, op. cit., considerando 38. 64. ABRAMOVICH, Víctor, op. cit., p. 18. 65. Corte IDH, Atala Riffo y Niñas Vs. Chile. Fondo, Reparaciones y Costas, op. cit., párrs. 273-274. 66. Ibid., párr. 280. 67. Ibid., párrs. 281-283. Corte IDH, Almonacid Arellano y otros Vs. Chile. Excepciones Preliminares, Fondo, Reparaciones y Costas. Sentencia de 26 de septiembre de 2006. Serie C, N° 154, párr. 124, y Gelman Vs. Uruguay. Supervisión de Cumplimiento de Sentencia. Resolución de la Corte Interamericana de Derechos Humanos 20 de marzo de 2013, párrs. 65-90. 68. Ibid., párr. 284. 69. En el caso, la Corte interamericana se remitió también a la jurisprudencia de la Corte Constitucional de Colombia y la de la Suprema Corte de Justicia de la Nación de México. Ibid., párr. 137 y nota al pie 114. 195 A POSSIBILIDADE DE ADOÇÃO, PELA CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA, DE UMA ABORDAGEM MAIS HUMANISTA QUANTO À SUA JURISDIÇÃO NOS CASOS QUE ENVOLVAM NORMAS PEREMPTÓRIAS E JUS COGENS Letícia Borges Thomas Advogada; Mestre em Direito Internacional Público pela Leiden University/Países Baixos. I. INTRODUÇÃO As últimas décadas têm mostrado o rápido desenvolvimento da proteção internacional dos direitos humanos em diversas esferas do direito internacional. O crescente número de casos com dimensões de direitos humanos que vêm sendo incluídos na agenda da Corte Internacional de Justiça (CIJ) é um dos fatores que demonstram esta mudança. Semelhantemente, o aparecimento de um maior número de tratados bilaterais ou multilaterais voltados para as questões de direitos humanos que, por meio da provisão chamada cláusula compromissória, preveem a jurisdição da CIJ na hipótese de contendas acerca de sua interpretação ou aplicação também evidencia a evolução da comunidade internacional, a qual, cada vez mais, possui sua agenda voltada para a proteção dos direitos fundamentais. Um dos grandes desafios ainda existentes no tocante às cláusulas compromissórias, porém, é que, não raramente, determinados tratados dispõem que eventuais litígios somente poderão ser trazidos à Corte após o cumprimento de condições específicas dispostas no instrumento, as quais, por vezes, elevam sobremaneira o limiar para a atribuição de competência à Corte. De modo semelhante, em outros instrumentos, a alçada da Corte é incoerentemente rejeitada pelos Estados signatários por meio de reservas que, por vezes, contradizem o objeto e a finalidade do tratado e ameaçam a sua eficácia, haja vista que prejudicam sua execução nas hipóteses de violações ou controvérsias. Como consequência, a jurisdição da CIJ resta limitada e enfrenta barreiras preliminares que muitas vezes impedem o juízo de mérito em casos que deveriam receber atenção especial por se tratarem de questões sensíveis à paz, à justiça internacional e à proteção dos indivíduos. Por esta razão, é imperativo analisar possíveis problemas decorrentes do conflito entre cláusulas compromissórias incluídas em tratados e as normas internacionais de jus cogens. Estes conflitos, de alguma forma, têm um impacto sobre a interpretação quanto à jurisdição das Cortes Internacionais. Entre as questões mais relevantes a serem analisadas, as mais contraditórias são: as reservas contidas nos tratados de direitos humanos e jus cogens; e a necessidade de negociações prévias, antes que uma lide seja trazida ao tribunal, quando comprovada a ocorrência de graves violações de uma convenção que verse sobre normas peremptórias. Diante disso, analisa-se a possibilidade de uma nova interpretação das cláusulas jurisdicionais, a fim de que se garanta uma abordagem mais humanística em relação às prerrogativas da CIJ em disputas que cuidam substancialmente de questões de direitos humanos. Para ser efetiva, tal abordagem poderia ser semelhante à prática das Cortes regionais de direitos humanos, i.e., a Corte Interamericana de Direitos Humanos, a Corte Europeia de Direitos Humanos e a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, as quais são mais incisivas na interpretação das cláusulas que lhe atribuem competência a fim de assegurarem sua jurisdição. O problema apresentado, portanto, é duplo: (i) como poderia a CIJ reexaminar sua abordagem jurisdicional, com vista a torná-la mais propensa à proteção dos direitos humanos no que diz respeito às cláusulas compromissórias dos tratados internacionais; e (ii) o que poderia ser incorporado das Cortes de Direitos Humanos à Corte da ONU nesse aspecto. 197 Letícia Borges Thomas Para oferecer uma imagem completa do cenário atual e para que esta proposta seja analisada de maneira completa, este artigo apresentará a seguinte estrutura: Primeiramente, uma abordagem sobre a natureza consensual da jurisdição da CIJ (1), para que se possa verificar se existe uma configuração propícia para o desenvolvimento de novos precedentes. Em seguida, uma análise sobre como jus cogens tem sido conceituado e valorado no Direito Internacional como um todo (2), e como tem se dado o engajamento da CIJ e das Cortes de Direitos Humanos com a matéria. Em terceiro lugar (3), será examinada a maneira como as Cortes de Direitos Humanos interpretam as cláusulas referentes à sua jurisdição, tanto no tocante às reservas, quanto em relação às condições prévias expressas em instrumentos internacionais, seguindo-se de uma explanação crítica acerca da prática da Corte Internacional de Justiça no mesmo tema (4). Por fim, será também analisada a possibilidade uma nova abordagem pela Corte Internacional de Justiça em relação à sua jurisdição, inspirada na prática das Cortes de Direitos Humanos e facilitada pelo uso de crossreferences (5), para que se possam estabelecer as possibilidades concretas de alternativas ao sistema voluntarista ate hoje existente no seio da CIJ. É com este intento, a saber, que se assenta esta abordagem, e de onde pode se extrair as medidas necessárias para assegurar que a Corte Internacional de Justiça continue sendo o principal órgão judicial de resolução de litígios da comunidade jurídica internacional. II. A NATUREZA CONSENSUAL JURISDIÇÃO DA CIJ DA Todos os Estados membros da ONU são partes ipso facto do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, conforme previsto no Artigo 36 do referido instrumento. Entretanto, por intermédio do Estatuto, a aceitação da jurisdição compulsória da Corte se dá de maneira facultativa. Consoante disposição prevista no inciso (2) do Artigo 36, os Estados signatários do Estatuto podem, a qualquer tempo, declarar que reconhecem como compulsória ipso facto, e sem a necessidade de nenhum acordo especial, a jurisdição da Corte em relação a qualquer outro Estado que também reconheça a sua competência em quaisquer disputas concernentes (i) à interpretação de um tratado; (ii) a qualquer questão de direito internacional; (iii) à existência de qualquer fato que, se estabelecido, constituiria 198 uma violação a alguma obrigação internacional; (iv) à natureza ou extensão da reparação a ser feita em caso de respectiva violação a alguma obrigação internacional. Esta provisão é conhecida como cláusula facultativa de jurisdição obrigatória e, atualmente, representa a vontade de 67 Estados que aceitam a jurisdição compulsória da Corte. Além desta modalidade de reconhecimento da jurisdição da Corte Internacional de Justiça (CIJ), tem se tornado uma prática internacional cada vez mais comum entre os Estados a inclusão de disposições conhecidas como “cláusulas compromissórias” em acordos internacionais bilaterais e multilaterais, as quais permitem que disputas de uma determinada ordem sejam ou possam ser submetidas a um ou mais métodos de solução pacífica de controvérsias. Enquanto inúmeras cláusulas deste tipo preveem negociação, conciliação, mediação ou arbitragem como meios de solução de controvérsias internacionais, outras preveem que os Estados partes recorram, imediatamente ou após o fracasso de outros meios de solução pacífica dos seus litígios, à Corte Internacional de Justiça.2 Independentemente de qual seja a modalidade de reconhecimento da jurisdição da Corte, no entanto, todas elas possuem uma característica comum: o voluntarismo. A disposição da natureza consensual da jurisdição da Corte Internacional de Justiça encontra sua origem nos travaux préparatoires da sua antecessora, a Corte Permanente de Justiça Internacional (CPIJ). Durante a elaboração de seu estatuto, em 1920, embora houvesse certo número de Estados favoráveis ao reconhecimento da jurisdição obrigatória da CPJI, as grandes potências da época se opunham a isso, argumentando que, antes de lhe conferir jurisdição, seria necessário que a recém-criada corte internacional adquirisse, gradativamente, a confiança dos Estados.3 Com uma solução alternativa para o impasse, o jurista brasileiro Raul Fernandes, membro do “Comitê Consultivo de Juristas”, composto por 10 membros nomeados pelo Conselho da Liga das Nações Comissão, sugeriu a fórmula da “cláusula facultativa de jurisdição obrigatória”, hoje, herdada pela Corte Internacional de Justiça e expressa no Artigo 36 (2) do seu Estatuto. Sua intenção era que este fosse o passo inicial para garantir que a jurisdição compulsória pudesse ser implementada nos anos seguintes.4 Registra-se que, em 1945, durante a Conferência de São Francisco para a criação da Corte Internacional de Justiça, houve tentativas para a A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens alteração da referida cláusula, que, de opcional, passaria a ser automática no contexto da nova Corte que sucederia a CPIJ. Novamente, muito embora a maioria da Comissão de Juristas (de 1945) tenha concordado com a respectiva alteração,5 alguns Estados se recusaram a aceitá-la, razão pela qual a Conferência decidiu contra a implementação da jurisdição obrigatória, e a natureza consensual da jurisdição da CIJ permaneceu a mesma daquela formulada em 1920. Embora o voluntarismo ainda se reflita no atual sistema jurídico internacional em diversos aspectos, este ponto se torna controverso no contexto da jurisdição da Corte Internacional de Justiça. Segundo a doutrina, o problema que decorre da fórmula voluntarista se manifesta no fato de que ela não corresponde às exigências da comunidade internacional hodierna, mas reflete uma formulação que se adéqua tão somente aos padrões obsoletos da comunidade internacional do início do século XX.6 A crítica existente no tocante à consensualidade da competência da CIJ diz respeito, principalmente, às reservas à jurisdição constantes nos instrumentos a preveem, estejam elas (deliberadamente) anexadas ao Estatuto da Corte Internacional de Justiça, ou incluídas nos tratados internacionais bilaterais ou multilaterais. Os argumentos desfavoráveis se tornam ainda mais incisivos quando o objeto destes instrumentos versa sobre matérias de proteção dos Direitos Humanos, como a seguir será exposto. No tocante à cláusula facultativa de jurisdição obrigatória, sua aceitação por parte dos Estados alcançou seu ápice no período ente as décadas de 20 e 50. Ao longo dos anos, porém, as reservas acabaram por configurar uma espécie de excesso no comportamento de alguns EstadosMembros, visto que muitos passaram a aceitar a jurisdição do tribunal, mas, deliberadamente, anexaram diferentes tipos de reservas à jurisdição obrigatória, mesmo diante da inexistência de qualquer disposição no Estatuto que previsse esta possibilidade. Alguns Estados, inclusive, por vezes demonstraram aceitar a competência da Corte em casos nos quais exercessem o papel de autores de uma lide, mas pareceram tentar se esquivar da sua competência nos casos em que seriam réus. Consequentemente, na segunda metade do século XIX, viu-se um declínio da cláusula facultativa.7 Em contrapartida, desde meados da década de 70, as cláusulas compromissórias referentes à jurisdição contenciosa da Corte passaram a ser incluídas em diversos tratados e convenções. Enquanto a doutrina seriamente questiona se tais reservas teriam a mesma finalidade da cláusula facultativa de jurisdição obrigatória, a qual também tem sido alvo de indiscriminadas reservas, o Professor Cançado Trindade explica que a metodologia de interpretação dos tratados de Direitos Humanos foi desenvolvida a partir das regras de interpretação previstas na legislação internacional (tal como o formulado nos Artigos 31-33 das Duas Convenções de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969 e de 1986), compreendendo não apenas as normas substantivas (sobre os direitos protegidos), mas também as cláusulas que regulam os mecanismos de proteção internacional.8 Desta forma, de acordo com as normas existentes no Direito Internacional contemporâneo, nenhuma das duas espécies de reservas seria cabível se não expressamente autorizadas nos textos dos seus respectivos instrumentos. Isto porque, em razão do impacto do Direito Internacional dos Direitos Humanos sobre o Direito Internacional Público, o voluntarismo estatal encontra limites para seus efeitos quando diante de tal dicotomia.9 Assim, em casos cujo objeto central seja a proteção dos direitos humanos, também classificados como normas peremptórias ou de jus cogens, reservas à jurisdição para a solução de litígios ameaçariam a eficácia desta proteção. Quando anexadas a tratados bilaterais ou multilaterais que tratem da matéria, por exemplo, minariam a garantia de fiscalização e eficácia do tratado. Para salvaguardar a proteção dos Diretos Humanos, portanto, seria mister que a Corte Internacional de Justiça, invocando o Artigo 36 (6) do Estatuto – que dispõe que, na hipótese de disputas sobre a sua jurisdição, a matéria será apreciada pela própria Corte –, dispusesse da sua prerrogativa de compétence de la compétence, e passasse a reavaliar as reservas às cláusulas compromissórias ou à sua jurisdição decorrente do Estatuto de maneira que lhe atribuísse competência para julgar os casos que versem sobre matéria de direitos humanos. Em que pese o Direito Internacional Público possua caráter horizontal e seja delineado pelo voluntarismo e pela consensualidade, a proteção aos Direitos Humanos é revestida de status de direito cogente e, assim sendo, possui peremptoriedade e imprescindibilidade sobre normas processuais ou reservas às cláusulas de um tratado.10 O desafio, portanto, é a implementação de uma abordagem alternativa à Corte Internacional de Justiça acerca do direito cogente, para que seja 199 Letícia Borges Thomas possível a adoção de uma nova prática – human rights oriented – na interpretação de reservas e condições prévias à jurisdição nas hipóteses de casos que envolvam jus cogens. III. JUS COGENS INTERNACIONAL NO DIREITO O Direito Internacional por si só não possui critérios expressos e tangíveis para demarcar a força vinculante e a linha de transição entre “paralegal” e “legal”, “não normativo” e “normativo”, ou “pré-legal” e “legal” no seu sistema jurídico. Desta forma, se, no passado, as distinções poderiam ser facilmente percebidas entre estes conceitos, visto que o Direito Internacional tradicional era caracterizado pela unidade normativa (ou seja, todas as normas eram colocadas no mesmo plano, sem hierarquia, e a violação delas daria origem à responsabilidade), no Direito Internacional moderno isso se tornou mais difícil.11 Hoje, há uma graduação da normatividade, causada pelo aparecimento, por exemplo, da teoria do jus cogens e pela necessidade de diferenciação entre normas peremptórias, normas vinculantes e direito costumeiro. De acordo com algumas escolas, a teoria do jus cogens tende a estabelecer a nulidade dos tratados que consagrem normas contrárias a direitos universais e imperativos. Por meio do jus cogens, isola-se, dentro de toda a gama de normas internacionais, aquelas que não podem ser anuladas por acordos específicos, mas que, ainda assim, não podem ter aplicabilidade por violarem o interesse comum de proteção da humanidade e dos indivíduos. Na esfera dos direitos humanos, em razão da sensibilização geral em prol de uma maior solidariedade no seio da comunidade internacional e da consciência generalizada da primazia da ética e dos direitos fundamentais sobre a letra fria do direito positivo, os direitos humanos são tidos como normas de classificação superior, classificadas como espécie de norma de jus cogens. Como consequência, são reconhecidos e aceitos como peremptórios, tornando-se ipso jure imponíveis a todos os Estados, mesmo àqueles que não as reconheceram como tais. Devido ao crescente aparecimento de novas sociedades, pluralistas e heterogêneas, esta preocupação se mostra estritamente necessária, e a proteção de direitos que transcendem a sociedade tradicional composta de egoísmos justapostos é indispensável.12 A problemática da teoria do jus cogens e das normas peremptórias, no entanto, se refere, inter alia, ao critério para a atribuição de status 200 normativo superior a uma regra. De acordo com a Comissão da ONU de Direito Internacional, uma norma adquire status de peremptória quando é amplamente aceita e reconhecida por “todos os componentes essenciais da comunidade internacional, não necessariamente constituindo uma maioria”.13 O problema decorrente disso é que a definição de essencialidade dos componentes da sociedade internacional pode originar um cenário onde alguns Estados, considerados parte do grupo de componentes essenciais, acabem por ditar o que é peremptório e o que não é, forçando, desta forma, outros atores internacionais, não integrantes deste grupo essencial, a aceitarem o caráter supranormativo de determinadas regras. Além disso, uma vez que não existem requisitos formais objetivos para se estabelecer quando um direito tem caráter supranormativo, há risco de que, ao longo do tempo, normas comuns possam, uma após a outra, ser indevidamente incorporadas à categoria de jus cogens. Estes riscos, contudo, poderiam ser reduzidos se não coubesse aos Estados, individualmente, mas à CIJ, a avaliação da aplicabilidade da teoria do jus cogens nos casos concretos. A fim de garantir esta possibilidade, poder-se-ia invocar analogamente as disposições do Artigo 66 (a) da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, que dispõe que, em caso de controvérsia na qual as partes não alcancem nenhuma solução, qualquer parte na disputa sobre a aplicação ou a interpretação de artigos poderá, nos doze meses seguintes à data na qual a objeção fora formulada, mediante pedido escrito, submetêla à decisão da Corte Internacional de Justiça, salvo se as partes decidirem, de comum acordo, submeter a controvérsia à arbitragem. Ainda que, atualmente, a maneira pela qual a provisão vem sendo interpretada por alguns Estados ofereça pouca margem para otimismo, o referido artigo vislumbra a possibilidade de atribuição de competência à Corte Internacional de Justiça e poderia ser aplicado com este intuito nos tratados que versem sobre matéria de proteção aos direitos humanos e jus cogens. A CIJ possui meios de promover progressos e novas interpretações neste sentido. A possibilidade de avanço reside, principalmente, na reinterpretação das cláusulas compromissória em tratados de direitos humanos que, juntamente com o princípio ut res magis valeat quam pereat (correspondente ao effet utile ou o princípio da eficácia),14 amplamente apoiado pela jurisprudência internacional, faz com que Estados Partes em tratados de direitos humanos devam A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens garantir às disposições convencionais os efeitos adequados ao nível das respectivas ordens jurídicas internas.15 Em uma conjuntura internacional, esta combinação incide não apenas sobre a aplicação deste princípio em relação a regras materiais e processuais, mas se refere, especificamente, às normas relativas à aceitação da competência contenciosa dos órgãos internacionais de proteção e da Corte em questão. Estas normas são essenciais para a eficácia do sistema de proteção internacional e, por isso, os instrumentos de direitos humanos devem ser interpretados de forma que propiciem salvaguardas efetivas, levando-se em consideração o caráter especial das convenções que versam sobre esta matéria e sua implementação coletiva.16 Se a CIJ utilizar os casos que são trazidos perante o seu Pleno para fornecer novos desenvolvimentos do Direito Internacional e para proporcionar novas definições sobre o conceito e status de normas de jus cogens, isto lhe garantirá a confiança da comunidade internacional em relação à sua atuação na proteção dos direitos humanos. Mediante a resolução das respectivas lides, a Corte superaria, inclusive, as barreiras preliminares impostas pelas condições prévias, questões formais que, por vezes, pelo apego ao formalismo, impedem julgamentos de mérito essenciais ao desenvolvimento do Direito Internacional. Hodiernamente, algumas das correntes mais críticas às decisões proferidas pela Corte residem na afirmação de que, no histórico de sua agenda, esta já perdeu preciosas chances de definir as regras do jus cogens e de confirmar que tais normas são, definitivamente, superiores a normas processuais formais ou cláusulas de tratado. De qualquer maneira, a CIJ já tem referido a existência normas peremptórias em alguns casos – especialmente após 2006, após a primeira menção expressa de jus cogens no caso “Armed Activities on the Territory of the Congo”17 –, mas, até o momento, ainda não desenvolveu uma abordagem mais profunda acerca do conceito e dos respectivos critérios para o seu reconhecimento de forma que crie jurisdição. Em outras palavras, a CIJ ainda não extraiu as possíveis consequências da teoria do jus cogens como normas imperativas vinculadoras de todos os Estados. Isso configura um tema que ainda pende de maiores desenvolvimentos, mas trata-se de um solo fértil para a expansão da prática da CIJ a fim de enfatizar a teoria e as normas do jus cogens. 1. O envolvimento da CIJ com o jus cogens: o que a jurisprudência tem mostrado É sabido que, no Direito Internacional, a natureza das obrigações de direitos humanos caracteriza-se principalmente pelo lento amadurecimento de antigas práticas costumeiras, pela ênfase sobre as obrigações dos Estados e pelo seu alto grau de flexibilidade.18 Dentro da Corte Internacional de Justiça, a jurisprudência tem mostrado o alto nível de flexibilidade mantida pela instituição em matéria de violações de direitos humanos. Isto, por vezes, culmina em um apego excessivo a formalismo e pouco, ou nenhum, julgamento sobre a ilegalidade de condutas perpetradas por Estados contra indivíduos ou grupos de minorias – representados no âmbito da Corte Internacional de Justiça por intermédio de outros Estados litigantes. Um dos casos mais emblemático acerca de jus cogens na jurisprudência da Corte Internacional de Justiça consistiu na disputa entre Alemanha e Itália, com intervenção da República Helênica, onde a CIJ reconheceu a existência do jus cogens, conforme proposto pela Itália, e ofereceu uma abordagem humanista das normas de direito cogente. Neste, a Corte conectou as normas de jus cogens às normas de direitos humanos, e reconheceu que ambas exercem forte influência sobre o direito humanitário, o qual existe com o propósito de proteger os direitos humanos dos combatentes e prisioneiros de guerra e possui, com absoluta certeza, caráter de norma peremptória e direito cogente.19 No entanto, o mesmo julgamento pareceu falho, sob uma perspectiva humanística, ao estabelecer que não existe conflito entre normas de direito cogente e o direito consuetudinário da imunidade do Estado. A Corte não reconheceu que a gravidade dos atos perpetrados por um Estado não são superiores ou conflitantes com a sua imunidade, e decidiu que a aplicabilidade do direito internacional consuetudinário da imunidade do Estado não seria ser afetada nem mesmo mediante o atentado deste ente contra o jus cogens, os direitos humanos e o direito humanitário.20 Segundo o exposto na decisão, a imunidade do Estado é de caráter processual e de natureza preliminar, e sua disponibilidade para um Estado não depende da gravidade do ato ilegal ou de 201 Letícia Borges Thomas sua natureza cogente. As regras de imunidade do Estado, no caso em tela, limitar-se-iam a determinar se os tribunais internos de um Estado podem ou não exercer jurisdição no âmbito de outro Estado, e não incidiriam sobre a definição da licitude da conduta apreciada.21 A inconsistência desta posição reside principalmente no fato de que, uma vez que normas de jus cogens possuem status, evidentemente, superior a outras normas do Direito Internacional, elas estão acima, inclusive, da legislação processualista. Uma vez que as normas processuais preliminares ou de imunidade do Estado não possuem status de jus cogens, a supremacia do direito cogente deve prevalecer para que o imperativo de realização de justiça seja assegurado quando da resolução do litígio.22 No cas d’espèce, o assunto decidido pela Corte acumulou graves violações de Direitos Humanos e de Direito Internacional Humanitário, razão pela qual o julgamento não poderia ser baseado em explicações de abstrações sobre o sistema de Direito Internacional como um todo, mas, contrariamente, deveria ser pormenorizado de maneira a tomar-se em consideração valores humanos fundamentais que, no final, acabaram não recebendo a devida atenção em razão de questões formais preliminares. Como argumentado pelo Juiz Cançado Trindade, as atrocidades em massa devem ser consideradas à luz do limiar de gravidade, independentemente de quem as tenha cometido, e, sobretudo, em face da atual configuração do Direito Internacional. Políticas estatais criminosas e atrocidades cometidas pelos Estados não podem ser acobertadas pelo escudo da imunidade.23 Graves violações de direitos humanos e do Direito Internacional Humanitário que acarretem crimes internacionais são atos antijurídicos e infringem o jus cogens, e não podem ser simplesmente ignorados ou lançados no esquecimento por decorrência da imunidade estatal.24 No caso Pinochet, julgado pela House of Lords, os ilustres Magistrados entenderam que sustentar a imunidade continuada para ex-chefes de Estado seria incompatível com as disposições da Convenção de Tortura. Da mesma forma, como argumentado pela Itália no caso supracitado, a noção de imunidade também seria incompatível com as disposições das convenções de Direitos Humanos. Ao ser confrontada com este argumento, a Maioria do Pleno da CIJ afirmou que o caso Pinochet dizia respeito à imunidade de um ex-chefe de Estado em relação à jurisdição criminal de outro Estado, e não à imunidade do 202 Estado propriamente dito em procedimentos designados a estabelecer a responsabilidade civil por danos.25 No entanto, este argumento não é suficientemente forte para ser admissível, haja vista que o fato de em um caso a imunidade estar relacionada a um chefe de Estado e, em outro, ser invocada em relação a um Estado propriamente dito não impede que, sob ambas as perspectivas, a concessão de imunidade acarrete impunidade e consequente falta de reparação às vítimas.26 Por essa razão, a posição da Corte em favor da prevalência das imunidades sobre as normas de jus cogens não apenas distorce conceitos do Direito Internacional, mas também ameaça os efeitos e a eficácia das convenções de Direitos Humanos, revelando um apego às regras processuais à custa das disposições substantivas. Ainda no contexto de reconhecimento de jus cogens pela Corte Internacional de Justiça em face às regras processuais, menciona-se o caso sobre Atividades Armadas no Território do Congo, entre a República Democrática do Congo e Ruanda. Neste, a Corte também reconheceu a existência de normas imperativas e jus cogens, mas declarou não possuir competência prima facie necessária para ordenar as medidas provisórias requeridas pela República Democrática do Congo.27 Este caso tratou de graves violações de Direitos Humanos e do Direito Internacional Humanitário, que teriam sido cometidas mediante atos de agressão armada perpetrados por Ruanda no território da República Democrática do Congo. Tais crimes foram supostamente cometidos não apenas em flagrante violação à soberania e à integridade territorial do Congo, garantidas pelas Cartas de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas e da Organização da Unidade Africana, mas também mediante consequente transgressão, por parte de Ruanda, à Declaração Internacional dos Direitos Humanos, às resoluções obrigatórias do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a outros relevantes instrumentos internacionais. Em suma, a posição da Corte neste importante caso foi no sentido de que, não obstante a República Democrática do Congo tenha reconhecido a competência obrigatória da Corte, nos termos do Artigo 36 (2) do Estatuto da CIJ, o Governo ruandês jamais fizera tal declaração. Em vista disso, a Maioria do Pleno da CIJ entendeu não possuir competência no caso concreto para resolver a lide, uma vez que um dos princípios fundamentais de seu Estatuto não estava presente: o consentimento das partes quanto a sua jurisdição. A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens Embora a Corte tenha afirmado que os direitos e obrigações consagrados pelas convenções de direitos humanos são dotados de efeito erga omnes e que, assim sendo, não são afetados por eventuais reservas ou questões meramente processuais, ela, paradoxalmente, também afirmou que o caráter erga omnes de uma norma se difere da norma de consentimento à jurisdição a fim de tornar a segunda mais essencial do que a primeira. Embora a CIJ tenha decido, no primeiro caso, que a aplicação das normas costumeiras de imunidade do Estado não infringe quaisquer regras de jus cogens, e, no segundo caso, que diante da ausência de consentimento ela não possui competência, este posicionamento lhe põe em risco de incorrer em uma violação do disposto no Artigo 41 do Projeto da Comissão de Direito Internacional das Nações Unidas sobre Responsabilidade dos Estados por atos Internacionalmente Ilícitos, uma vez que ao se abster de julgar casos que envolvam atos ilícitos em razão de avaliações de exceções preliminares, a Corte acaba por não sancionar a prática ilegal. Esta conduta pode desencadear a falta de apuração, reparação e punição, e ser classificada, analogamente, como prestação de auxílio ou assistência à manutenção da impunidade. 2. O engajamento das Cortes de Direitos Humanos Tribunais com o jus cogens Em aspectos gerais, as normas de direitos humanos emergem da proclamação de direitos, geralmente por meio de convenções ou declarações que descrevem princípios e direitos básicos, e que possuem como seus principais beneficiários os indivíduos. No contexto regional, estas declarações dão origem também à definição do escopo da proteção e, principalmente, à jurisdição dos tribunais internacionais. Ao longo do tempo, Direito Internacional e Direito Internacional da Proteção aos Direitos Humanos têm convergido formalmente de maneira que as obrigações de Direitos Humanos, já reconhecidas e declaradas nas fontes de Direito Internacional por meio de costumes e tratados, vêm adquirindo cada vez mais um caráter vinculativo em nível internacional. Enquanto estas normas não possuem um caráter definitivo vinculante, a solução encontrada pelas Cortes Regionais de Direitos Humanos para torná-las obrigatórias a todos os Estados sob sua jurisdição e para evitar que sejam ameaçadas pela prática deturpada dos Estados ou por eventual interpretação alternativa baseada nos padrões do direito internacional tradicional (extremamente voluntarista), estas Cortes vêm reconhecendo o caráter peremptório destas normas e a obrigação dos Estados em respeitá-las. A fim de fazer isso, as Cortes Regionais de Direitos Humanos invocam o “caráter especial”28 dado a estas normas e conduzem sua interpretação das convenções de Direitos Humanos de tal forma que a sua jurisdição raramente é afetada. Para estabelecer este caráter especial, as Cortes definem as obrigações de Direitos Humanos como normas imperativas e jus cogens, e fazem uso da crossreference (referência cruzada entre diferentes Tribunais) para interpretarem as cláusulas de jurisdição em favor de sua competência, sempre tentando avançar rumo à evolução do Direito Internacional dos Direitos Humanos e da consciência generalizada de que estas obrigações possuem status obrigatório e superior às demais.29 A primeira referência ao “caráter especial” de um tratado de Direitos Humanos ocorreu no contexto da Corte Internacional de Justiça, quando a Assembleia Geral das Nações Unidas solicitou à Corte um parecer consultivo acerca das reservas à Convenção sobre Genocídio. A CIJ fez uma distinção entre tratados ordinários e tratados de Direitos Humanos ou de Direito Humanitário. Neste parecer consultivo, a Corte definiu que os Estados contratantes não têm quaisquer interesses próprios em convenções de direitos humanos, mas possuem um interesse comum, zelado pelo instrumento, que é a proteção à humanidade e a busca pela realização deste propósito, o qual é a sua raison d’être. Segundo a Corte, em uma convenção dessa natureza, não se pode falar em vantagens ou desvantagens individuais dos Estados, ou mesmo em manutenção de um equilíbrio contratual perfeito entre direitos e deveres.30 Referindo-se a esse parecer, a Corte Interamericana de Direitos Humanos31 e a Corte Europeia de Direitos Humanos32 fizeram abordagens semelhantes a fim de declararem a importância dos Direitos Humanos e enfatizarem a sua essencialidade na proteção de indivíduos em vez de Estados (razão pela qual a petição individual também é permitida nesses Tribunais). Um dos argumentos também utilizados para sustentar este posicionamento baseia-se no caráter objetivo das obrigações de Direitos Humanos e seu status erga omnes, haja vista que, no seu entendimento, por possuírem caráter erga omnes, são devidas para a comunidade internacional como um todo, e, pela sua própria natureza, são do interesse de todos os Estados.33 Atualmente, esta é a corrente dominante no âmbito regional da proteção dos 203 Letícia Borges Thomas direitos humanos e fora enfatizado, por exemplo, pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao afirmar que: [M]odern human rights treaties in general, and the American Convention in particular, are not multilateral treaties of the traditional type concluded to accomplish the reciprocal exchange of rights for the mutual benefit of the contracting States. Their object and purpose is the protection of the basic rights of individual human beings irrespective of their nationality, both against the State of their nationality and all other contracting States. In concluding these human rights treaties, the States can be deemed to submit themselves to a legal order within which they, for the common good, assume various obligations, not in relation to other States, but towards all individuals within their jurisdiction.34 IV. A PRÁTICA DAS CORTES DE DIREITOS HUMANOS NO TOCANTE À JURISDIÇÃO Por meio da utilização de uma concepção teleológica dos direitos humanos,35 as Cortes Regionais declaram que os tratados que versam sobre esta matéria apresentam um conteúdo de alto valor normativo, o qual se sobrepõe ao voluntarismo estatal e à necessidade de consentimento dos Estados em se comprometerem com a defesa destes direitos – razão pela qual o seu dever de proteção é alheio às suas vontades. Desta forma, quando da ocorrência de eventual violação, o limiar para estabelecer a competência das Cortes de Direitos Humanos é facilmente alcançado, haja vista que reservas às Convenções de Direitos Humanos são estritas e raramente aceitas, e, quando voltadas a reservas à cláusula opcional de jurisdição obrigatória, são frequentemente rejeitadas ou declaradas inválidas. A razão para isso é que, enquanto a abordagem tradicional acerca das obrigações de Direito Internacional costumava ser o laissez-faire, em cujo cumprimento, por não ser especificado, não oferecia garantias efetivas de que as normas seriam protegidas e cumpridas, as Cortes Regionais surgiram com o intuito de fazer dos direitos humanos normas eficazes e definitivas. O Direito Internacional dos Direitos Humanos foi desenvolvido no seio de suas jurisdições com um conceito complexo sobre como obrigações devem ser executadas. Se, tipicamente, de acordo com o Direito da Proteção dos Direitos Humanos, os Estados deveriam respeitar e garantir os direitos de todos os indivíduos, após o surgimento das Cortes 204 Regionais, criou-se uma abordagem nova e mais eficaz, baseada na “tipologia tripartida” sobre como as obrigações de Direitos Humanos devem ser asseguradas: os Estados devem respeitar, proteger e cumprir os direitos de todos os indivíduos.36 Essa é a concepção moderna acerca das obrigações de direitos humanos, e que lhes dá o status de normas imperativas com efeito erga omnes no contexto dos Tribunais Regionais de Direitos Humanos, onde tais obrigações são mantidas em uma posição de extrema relevância e importância em comparação a regras de outra natureza. 37 Essa perspectiva culmina, por meio do princípio da eficácia (effet utile ou ut res magis valeat quam pereat), na avaliação sistemática feita pelas Cortes de Direitos Humanos em relação às normas substantivas e às normas processuais relativas à aceitação da competência contenciosa das instituições jurídicas internacionais. Desta forma, estas Cortes fazem uso deste método para garantir a sua competência e assegurar a eficácia do sistema de proteção internacional. De acordo com a doutrina, as cláusulas jurisdição são manejadas desta maneira no contexto regional porque se entende que as reservas devem ser interpretadas de modo não prejudicar a eficácia das salvaguardas de solução judicial de eventual controvérsia, conflito ou violação de direitos humanos, devendo-se levar em consideração o caráter especial dos tratados de direitos humanos e sua implementação coletiva.38 1. A interpretação das reservas à jurisdição No Direito Internacional, a doutrina oferece três principais alternativas para o exame das reservas aos tratados, sendo elas: (i) a doutrina “cirúrgica” (“surgical” doctrine), que envolve o reconhecimento da validade da ratificação do Estado, incluindo-se, em tal reconhecimento, as reservas anexadas pelo Estado e isentando-o das obrigações a que ele se contrapôs; (ii) a doutrina de “repercussão” (“backlash” doctrine), que envolve a rejeição total da ratificação do Estado, como reação à incompatibilidade parcial de sua declaração causada pela reserva inválida ou incompatível com o instrumento (em outras palavras, se parte da ratificação é inválida, por conter reserva incompatível com o objeto e finalidade da convenção, toda ratificação é declarada inválida); e a doutrina da “divisibilidade” (“severability” doctrine), que envolve o reconhecimento da validade da ratificação do Estado, isolando-se de tal reconhecimento, porém, A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens a reserva incompatível (em outras palavras, o reconhecimento da ratificação acontece e a reserva é rejeitada por ser incompatível com o objeto e a finalidade da convenção – isto faz com que o Estado permaneça vinculado ao dever imposto na cláusula a que ele se opôs). Argumenta-se que, em muitas jurisdições, a abordagem da divisibilidade fortaleceria o regime internacional moderno de proteção aos Direitos Humanos e preservaria sua universalidade e integridade. 39 A regra de que a reserva deve ser compatível com o objeto e a finalidade da convenção foi desenvolvida para fins de evitar o desgaste da proteção dos direitos humanos internacionais. Enquanto a abordagem convencional de antigos escritores consistia no tratamento da incompatibilidade de uma reserva como fator que anularia a declaração do Estado por completo, configurando, portanto, a doutrina de repercussão (“backlash” doctrine), percebe-se, hoje, o crescente reconhecimento de uma abordagem alternativa para este exame, por meio da qual a aceitação do tratado é isolada da reserva, de maneira que, sendo esta incompatível, o Estado passará a ser parte da convenção, mas sem o benefício da reserva proposta.40 Argumenta-se, para isso, que, sempre que a reserva não for essencial para o consentimento do Estado em vincularse, esta medida melhor serviria ao objetivo de universalidade, garantindo e protegendo a adesão ao tratado, e, ao mesmo tempo, deixando intacto o princípio do consentimento do Estado.41 No sistema regional de proteção dos Direitos Humanos, quando se trata da apreciação de reservas a cláusulas que atribuem jurisdição aos tribunais nas convenções acerca deste tema, a análise é geralmente feita com extremo rigor, de maneira que, não raramente, refletindo a adoção da doutrina da divisibilidade (“severability” doctrine), resulta na rejeição da reserva pelo tribunal competente. Dentro do Sistema Interamericano, a cláusula que atribui à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) jurisdição obrigatória foi considerada uma cláusula fundamental, não se admitindo quaisquer outras restrições além daqueles expressamente previstas nos tratados de direitos humanos. Segundo o exposto pela Corte: O reconhecimento da jurisdição obrigatória da Corte é uma cláusula fundamental (cláusula pétrea), para a qual não pode haver nenhuma limitação, salvo aquelas expressamente previstas no Artigo 62(1) da Convenção Americana. Porque a cláusula é tão fundamental para a operação do sistema de proteção da Convenção, não pode estar à mercê de limitações não previstas, mas invocados pelos Estados Partes, por razões de ordem interna.42 A CIDH afirma que um Estado-parte pode, no momento do depósito do seu instrumento de ratificação ou adesão à Convenção, ou em qualquer momento posterior, declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e sem convenção especial, a competência da respectiva Corte em todas as questões atinentes à interpretação ou aplicação da Convenção. Para que seja válida, é necessário que esta declaração cumpra as modalidades de aceitação estabelecidas no Artigo 62 da Convenção Americana. Os Estados não são obrigados a aceitar a jurisdição do Tribunal, todavia, uma vez que optam por fazêlo, a formulação da referida cláusula facultativa de jurisdição obrigatória deve se dar nos exatos moldes estipulados pela Convenção, visto que suas modalidades são numerus clausus. 43 Qualquer outra reserva relativa à aceitação da jurisdição da Corte que não se encaixe nas hipóteses previstas no Artigo 62(2) da Convenção acabaria por sujeitar a aplicação da Convenção a outras jurisdições que não as permitidas ou previstas no instrumento, razão pela qual seria manifestamente incompatível com o objeto e a finalidade da Convenção e, portanto, inválida. A Corte Europeia de Direitos Humanos (CEDH) também já se pronunciou neste sentido. Por exemplo, na Sentença de Exceções Preliminares no caso de Loizidou v. Turquia, afirmou que, à luz da “letra e do espírito” da Convenção Europeia, não pode ser inferida a possibilidade de anexar restrições à cláusula facultativa relativa ao reconhecimento da competência contenciosa da CEDH. Nos termos da Corte Europeia, a prática dos Estados foi formada, precisamente, a contrario sensu em relação ao sistema CIJ. Enquanto existe uma permissividade à inserção de limitações dentro da CIJ - mesmo não prevista nos travaux préparatoires ou no próprio Estatuto da Corte, em especial nos termos do artigo 36 (2) - as cláusulas opcionais de jurisdição obrigatória de outros Tribunais Internacionais dos Direitos Humanos não admitem limitações à jurisdição de maneira diversa daquelas expressamente contidas nos instrumentos de Direitos Humanos que lhe atribuem competência, sob o argumento de que isso prejudicaria o objeto e a finalidade da respectiva convenção. Com base no exposto e na jurisprudência das Cortes de Direitos Humanos, a divisibilidade 205 Letícia Borges Thomas é claramente a abordagem adotada por essas instituições44 e, possivelmente, seria a melhor alternativa à prática da CIJ, que se mostra ainda pautada pela doutrina cirúrgica (“surgical” doctrine) e extremamente conectada ao sistema político-voluntarista do Direito Internacional tradicional. 2. O tratamento das Cortes de Direitos Humanos acerca das condições prévias estabelecidas por tratado O tratamento dado pelas Cortes Regionais de Direitos Humanos Tribunais às condições prévias estabelecidas por tratado também difere da interpretação da Corte Internacional de Justiça. A Corte Europeia de Direitos Humanos, a Corte Interamericana de Direitos Humanos e a Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos manejam estas cláusulas de forma que o seu dever de preservar a integridade do sistema de proteção dos direitos humanos sempre prevaleça. Estas Cortes defendem a necessidade da unidade da proteção em dois aspectos: tanto no tocante à proteção como um todo no Direito Internacional, incluindo-se, aí, o dever de todos os Estados, da legislação internacional e das demais cortes internacionais em zelar pelos Direitos Humanos; quanto à proteção específica dentro de seus sistemas regionais, sob a sua jurisdição e sob a legislação regional. A Corte Interamericana, por exemplo, vincula-se ao ideal de que o Juízo não pode se abster de julgar e de proteger o direito daqueles que foram vítimas de violações e que recorrem a ela almejando justiça. Mesmo que, para isso, a Corte tenha de preencher lacunas na sua atribuição de competência a fim de garantir sua jurisdição. Esta prática estabelece a existência de uma obrigação às Cortes de se pronunciarem e emitirem julgamentos sobre as matérias solicitadas. Abster-se de julgar um caso e impor a indispensabilidade de esgotamento das negociações sobre a adjudicação equivaleria a um sistema obsoleto de (não) proteção dos Direitos Humanos. Isso foi expressamente afirmado, por exemplo, no caso Hilaire v. Trinidad e Tobago, quando a Corte se manifestou exatamente nesse sentido. Em um parecer favorável, o Juiz Cançado Trindade complementou que: In this matter, it cannot be sustained that what is not prohibited, is permitted. This posture would amount to the traditional – and suppressed – attitude of the laisser-faire, laisser- 206 passer, proper to an international legal order fragmented by the voluntarist State subjectivism, which in the history of Law has ineluctably favoured the more powerful ones. Ubi societas, ibi jus… At this beginning of the XXIst century, in an international legal order wherein one seeks to affirm superior common values, among considerations of international ordre public, as in the domain of the International Law of Human Rights, it is precisely the opposite logic which ought to apply: what is not permitted, is prohibited. If we are really prepared to extract the lessons of the evolution of International Law in a turbulent world thoughtout the XXth century, (…) we cannot abide by an international practice which has been subservenient to State voluntarism.45 Permitir que os Estados, quando levados diante de uma Corte para resolverem questões atinentes a graves violações de Direitos Humanos, rejeitem a sua jurisdição, mesmo quando expressamente prevista em na Convenção da qual são partes, sob o argumento de que não esgotaram a via extrajudicial seria inaceitável na prática das Cortes Regionais. Nas palavras do Juiz Cançado Trindade, isso representaria a perpetuação de um mundo fragmentado em unidades de Estado que se consideram árbitros finais para julgarem a extensão das obrigações internacionais contraídas, ao mesmo tempo em que parecem não se vincular ao que eles mesmo aceitaram: a justiça internacional.46 A utilização de cláusulas compromissórias em tratados de Direitos Humanos, no entanto, é uma excelente contribuição para o alargamento do âmbito da jurisdição obrigatória,47 e esta solução é visivelmente a melhor para o interesse dos Estados e dos povos, uma vez que expande o alcance da justiça internacional. A importância disso reside no fato de que os meios judiciais para resolver litígios são, de certa forma, a maneira mais equitativa de resolução de controvérsias. Quando as Cortes de Direitos Humanos julgam um caso, elas o fazem não apenas com base em regras pré-existentes, analisadas com rigor e sempre visando à segurança jurídica, mas, também, mantendo-se comprometidas com o Rule of Law e guiadas pelo imperativo de justiça, e, assim, procuram (e conseguem) garantir uma ordem legal internacional coesa, mesmo em face de todas as diferenças regionais que lhes cercam. The coexisting international human rights Tribunals to date (…) have succeeded in setting A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens forth approximations and convergences in their respective case-law, despite the distinct factual realities of the two continents in which they operate. The work of the ECtHR and the IACtHR has indeed contributed to the creation of an international ordre public based upon the interpretation of the respect for human rights in all circumstances.48 Estas Cortes vêm resolvendo as questões preliminares básicas levantadas em alguns casos por meio das técnicas de Direito Internacional Público que fortaleçam suas respectivas jurisdições em favor da proteção efetiva dos direitos humanos. No contexto da CEDH, é o que fora visto, e.g., nos casos Belilos v. Suíça, Loizidou v. Turquia, I. Ilascu et. al v. Moldovia, e no caso Federação Russa; no contexto da Corte Interamericana, isso se reflete, por exemplo, nos casos do Tribunal Constitucional e Ivtcher Bronstein v. Peru;49 Hilaire, Constantine e Benjamin e Outros v. Trinidad e Tobago,50 e no caso das Irmã Serrano Cruz. Nas suas decisões, os Tribunais têm salvaguardado a integridade do mecanismo de proteção das convenções de Direitos Humanos, de forma a estabelecerem que, por se tratarem de Cortes que lidam com casos referentes a graves violações de Direitos Humanos ou do Direito Internacional Humanitário, não se pode permitir que a solução de tais controvérsias dependa unicamente de acordos políticos. Na hipótese de estes acordos serem condições prévias à jurisdição, também se deve interpretar estas condições de maneira que não se postergue a resposta a ser dada ao clamor dos queixosos, pois estes são vítimas, e compõem a parte hipossuficiente em qualquer circunstância, seja ela internacional ou não. Entende-se, nos contextos regionais, que absterse de julgar um caso com base na inexistência de negociações prévias é o mesmo que negar a justiça e não remediar uma situação, e isso não seria apropriado para uma Corte Internacional que representa o último recurso judicial local para a proteção dos Direitos Humanos. Por meio de interações interpretativas, os Tribunais de Direitos Humanos têm usado seus casos para promover o processo de humanização do Direito Internacional e da jurisprudência internacional. As suas decisões demonstram que as Cortes vêm adotando um novo jus gentium, revelando uma nova perspectiva na relação entre Estados soberanos e seres humanos. V. A PRÁTICA DA CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA NO TOCANTE À JURISDIÇÃO 1. A interpretação das reservas à jurisdição Conforme exposto anteriormente, a prática da Corte Internacional de Justiça com relação às reservas à jurisdição parece ser, por regra, pautada pela doutrina cirúrgica (“surgical” doctrine). Por meio desta, a ratificação do instrumento que atribui jurisdição à Corte é considerada inteiramente válida e, ainda que eventuais reservas estejam em desacordo com o objeto e a finalidade da convenção, elas são aceitas e isentam o Estado das obrigações dispostas na cláusula a que ele se opôs. Isto foi demonstrado, por exemplo, no caso Armed Activities on the Territory of the Congo, que versou, entre outros, sobre a matéria de jurisdição disposta no Artigo IX da Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, de 9 de dezembro de 1948, que determina: As controvérsias entre as Partes Contratantes relativas à interpretação, aplicação ou execução da presente Convenção bem como as referentes à responsabilidade de um Estado em matéria de genocídio ou de qualquer dos outros atos enumerados no Artigo III, serão submetidas à Corte Internacional de Justiça, a pedido de uma das Partes na controvérsia. 51 A República Democrática do Congo é signatária da Convenção, assim como Ruanda. Ocorre que, quando o governo ruandês se tornou parte da Convenção de 1948, anexou reservas para excluir a competência da Corte, e assim o fez também em relação à Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial.52 A cláusula compromissória fora invocada pelo Congo para atribuir jurisdição à Corte no caso em questão. No entanto, a Corte manteve a sua perspectiva formalista e, aceitando a reserva anexada por Ruanda, não reconheceu a necessidade premente de proferir um julgamento e condenar a outra parte por graves violações dos direitos humanos. O Congo, por sua vez, sucitou que, mesmo diante de tal declaração por parte do governo ruandês, a matéria em questão versava sobre normas de jus cogens e graves violações de direitos humanos, e, em razão da natureza destas 207 Letícia Borges Thomas normas, a Corte deveria reechaçar a reserva de Ruanda e exercer jurisdição sobre o caso. Entre os argumentos usados pelo Congo, destaca-se que o de que, em que pese a Corte afirme que os direitos e obrigações consagrados pela Convenção possuam o caráter de jus cogens e efeito erga omnes, é preciso levar em consideração que, uma vez que a Convenção não oferece meios de executar o Estado violador em casos de subversão às suas disposições, o instrumento perde a sua capacidade vinculante e deixa os Estados suscetíveis de possíveis violações por parte de outros signatários. Desta forma, a reserva à jurisdição vai de encontro à finalidade e ao objeto da Convenção, haja vista que impede a sua efetiva execução. Se fosse adotada a doutrina da divisibilidade, a Corte entenderia que, embora a ratificação da Convenção seja válida, a reserva é incompatível deveria ser refutada. Ademais, conforme argumentado, visto que a matéria trata de normas peremptórias e direitos humanos, e que tais normas estão refletidas em uma série de instrumentos internacionais, a competência da CIJ para resolver os litígios decorrentes da violação de normas imperativas (jus cogens) em matéria dos direitos humanos provém, também, da Convenção de Viena de 1969 sobre o Direito dos Tratados. O governo ruandês, segundo o Congo, não poderia estar isento da responsabilidade dos atos perpetrados nem mesmo se não tivesse ratificado a Convenção, visto que eles configuraram mais do que violações à Convenção em questão, mas transgressões a princípios fundamentais do Direito Internacional, ao Direito Consuetudinário e a normas imperativas refletidas em uma série de instrumentos internacionais. O argumento Congolês, portanto, defendeu que nenhum Estado está autorizado a cometer violações de Direitos Humanos sob o fundamento de que não é um signatário das Convenções, uma vez que as normas dispostas no instrumento se tornaram imperativas ao longo do tempo, e, assim, são aplicáveis a toda a comunidade internacional, podendo dar ensejo à jurisdição da Corte pela sua natureza. Este argumento, no entanto, fora recentemente contestado em decisão proferida pela Corte Internacional de Justiça no caso Croácia v. Sérvia, o qual também versou sobre a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. Nesta decisão do caso Croácia v. Sérvia, a Corte afirmou que a sua competência para o caso estava fundada exclusivamente no Artigo IX da 208 Convenção sobre Genocídio, visto que o referido artigo estabelece claramente que a competência no seu âmbito se limita aos litígios relacionados com a interpretação, aplicação ou execução da própria Convenção. A Corte afirmou que não possui poderes para decidir litígios relativos violações das obrigações em matéria de genocídio quando elas forem impostas pelo direito costumeiro ou por outras obrigações internacionais (por exemplo, as decorrentes do Direito Humanitário Internacional ou do Direito Internacional dos Direitos Humanos). Em resposta à manifestação da Sérvia, que contestou a jurisdição da Corte por questões factuais acerca das datas de surgimento dos Estados que compunham a lide,53 a Corte verificou que as partes estavam em desacordo sobre questões relativas à interpretação, aplicação ou execução da Convenção, incluindo as relativas à responsabilidade de um Estado pelo cometimento de genocídio. A CIJ reconheceu, portanto, que havia uma disputa entre as partes e que esta que se inseria no escopo do Artigo IX da referida Convenção, razão pela qual, a possuía competência para decidir o caso e julgar o mérito.54 Enquanto a posição da Corte é no sentido de que sua competência somente pode decorrer de cláusula constante em tratado, ela parece não oferecer certeza sobre se ela teria jurisdição na hipótese de existência de reservas às cláusulas que lhe atribuem competência. Considerando-se que a Corte se vincula às cláusulas compromissórias, a segurança quanto à aceitação ou não da sua competência no caso existência de reservas parece depender, ainda, de construção jurisprudencial. Embora as reservas, tais como as de Ruanda no caso supracitado, não autorizem um Estado a perpetrar atos que transgridam as disposições de uma convenção,55 não há garantias de eventuais violações farão com que o Estado seja processado e condenação ao pagamento de reparações. Isso foi detalhadamente discutido pelo Juiz ad hoc Mavungu em sua opinião divergente na Decisão acerca das Medidas Provisórias do caso entre Congo e Ruanda, Ordem de 10 de Julho de 2002, onde questionou: Quando se tornou parte da Convenção de 1948, Ruanda fez uma reserva excluindo a jurisdição do Tribunal: “A República de Ruanda não se considera vinculada pelo artigo IX da Convenção”. Esta reserva levanta uma série de questões. É compatível com o objeto e finalidade da Convenção? A República Democrática do Congo tem o direito de se opor à reserva de Ruanda 27 A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens anos após a adesão desta última à Convenção? Está a Corte autorizada a interpretar a Convenção de 1948, tendo em conta a evolução do direito internacional nesta seara, particularmente à luz da entrada em vigor do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, de 17 de julho de 1998?56 Segundo o Juiz Mavinga, o entendimento da Corte deveria ser no sentido de que a reserva da República de Ruanda a respeito da cláusula compromissória do Artigo IX da Convenção sobre Genocídio de 1948 é contrária ao objeto e à finalidade do instrumento. Ele afirmou: Contrariamente a outras cláusulas compromissórias, o único fórum previsto no Artigo IX da Convenção de 1948 para a resolução de qualquer litígio relativo à Convenção é a Corte. Como resultado, qualquer Estado que, ao se tornar parte nessa Convenção, fizesse uma reserva à cláusula jurisdicional, escaparia da sanção judicial na hipótese de seus representantes ou agentes vierem cometer atos constitutivos do crime de genocídio. Já está estabelecido que uma reserva a um tratado internacional só é aceitável se não for incompatível com o objeto e finalidade do tratado. É verdade que, como a Corte salienta, a Convenção do Genocídio não proíbe reservas (ver parágrafo 72 da Ordem). Mas isso não significa que os Estados possam fazer as reservas que bem entenderem. Além disso, a Corte Internacional de Justiça já declarou isso em seu parecer consultivo sobre Reservas à Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio: Tem sido argumentado, no entanto, que qualquer Estado que venha a se tornar parte da Convenção sobre Genocídio pode fazer qualquer reserva que escolher em virtude de sua soberania. A Corte não pode partilhar este ponto de vista. É óbvio que aplicação tão extrema da ideia de soberania estatal poderia levar a um completo desprezo ao objeto e finalidade da Convenção. (ICJ Reports 1951, p. 24.)57 Diferentemente da reiterada afirmação de que o caráter erga omnes de uma norma e a regra do consentimento à jurisdição são duas coisas diferentes, mas que a segunda não interfere na primeira, é preciso que se tenha em mente que as reservas à jurisdição podem, realmente, prejudicar a eficácia das convenções internacionais e da justiça internacional, tanto em caráter preventivo, quanto punitivo. O que garante a eficácia de uma norma não é sua existência, mas as garantias de que haverá meios judiciais de fiscalização, execução e reparação em caso de violação. Em que pese a Convenção tenha o intuito de esclarecer o conceito de genocídio, seu principal objeto e finalidade é, claramente, a punição ao crime.58 Em razão disso, os artigos relativos à aplicação efetiva da Convenção e suas salvaguardas, tais como o recurso obrigatório à Corte Internacional de Justiça no caso de disputas, não podem ser excluídos do escopo do instrumento. Em realidade, esta análise é aplicável a toda e qualquer convenção que possua finalidades e objetos de mesma natureza das analisadas nestes casos: a definição e, sobretudo, a prevenção e punição de violações de jus cogens e das normas fundamentais à proteção aos indivíduos. Meios para salvaguardar a aplicação da lei são necessários para a eficácia do direito. Esse é o fundamento básico de todo e qualquer sistema jurídico desde o surgimento do direito como ciência social e, no Direito Internacional, não poderia ser diferente. Os atores de um sistema legal estarão sempre vulneráveis à violação de regras, e tal cenário se repetirá indefinidamente, a menos que haja um mecanismo de restrição às violações e de garantia da aplicação da lei, tanto de forma preventiva, como de forma punitiva. Em uma convenção internacional, o estabelecimento da competência da Corte é o mecanismo de salvaguarda em caso de violação. Reservas que comprometam a eficácia do instrumento não devem ser aceitas no contexto da CIJ, assim como não o são no seio das Cortes de Direitos Humanos. Considerando-se que o conteúdo das convenções de direitos humanos e de direito internacional humanitário são normas imperativas referentes à preservação e proteção da raça humana e não configuram assuntos de comércio, negócios ou quaisquer outras matérias que não sejam de ordem cogente, não podem ter a sua apreciação declinada. Ao se traçar um paralelo com outras espécies de regras que dizem respeito ao interesse geral de proteção da sociedade e da humanidade em sistemas nacionais, há que se salientar que, nestes, a jurisdição dos tribunais, civis ou penais, que lidam com tais interesses comuns jamais pode ser declinada. O argumento de que a justiça internacional é baseada no voluntarismo não impede essa comparação quando o assunto em voga cuida de interesses gerais de proteção das pessoas e dos povos, uma vez que estes são bens comuns do Direito Internacional e suas normas de proteção são obrigatórias para todos os Estados, tanto internacionalmente, quanto internamente. 209 Letícia Borges Thomas Com base no exposto e na jurisprudência da CIJ, a doutrina cirúrgica (“surgical” doctrine) é a abordagem majoritariamente adotada por essa instituição.59 Uma possível mudança de abordagem para doutrina da divisibilidade já fora levantada no passado, mas não recebeu continuidade nos casos que se seguiram. The severability of invalid reservations has been considered by the ICJ in the Case of Certain Norwegian Loans (France v Norway) (Preliminary Objections) and Interhandel (Switzerland v United States of America) (Preliminary Objections). In both occasions, Judge Hersch Lauterpacht, in separate opinions, suggested that inessential and invalid reservations were severable from a state’s instrument of ratification. In neither case, however, did the rest of the Court consider the issue directly.60 Para que as reservas incompatíveis passassem a ser consideradas suscetíveis à teoria da divisibilidade no seio da CIJ, seria necessária uma construção jurisprudencial para a implementação de novas abordagens. Essa teria sido a solução adequada, por exemplo, para os casos Alemanha v. Itália e República Democrática do Congo v. Ruanda. 2. O tratamento da Corte Internacional de Justiça acerca das condições prévias estabelecidas por tratados Entre os meios políticos de solução de controvérsias, a negociação é um dos métodos mais comumente utilizados hoje. Não apenas trata-se de uma opção diplomática habitual, mas também tem sido estabelecida em diversos tratados bilaterais e multilaterais como requisito mínimo a ser cumprido pelas partes antes que os Estados estejam autorizados a apresentarem uma lide perante uma Corte ou Tribunal. Tradicionalmente, no entanto, esta não costumava ser a principal característica do Direito Internacional, uma vez que toda a história da evolução do jus gentium 61 e do sistema internacional fora fortemente marcada por constantes e violentas guerras de toda sorte. O avanço se deu em 1945, por meio da Carta das Nações Unidas,62 quando internacionalmente se impôs a obrigatoriedade de os Estados resolverem suas disputas por meios pacíficos. A preocupação com a indispensabilidade de negociações prévias, especificamente, decorre da Resolução da Assembleia Geral de 1970, que, depois de citar o artigo 2 (3) da Carta da ONU, proclama: 210 States shall accordingly seek early and just settlement of their international disputes by negotiation, inquiry, mediation, conciliation arbitration, judicial settlement, resort to regional agencies or arrangements or other peaceful means of their choice.63 No entanto, é importante ressaltar que nesta disposição, inspirada no artigo 33 (1) da Carta da ONU,64 não há qualquer ordem de prioridade sobre os vários métodos de solução pacífica, motivo pelo qual a sequência assim exposta não necessariamente precisaria ser seguida em toda e qualquer circunstância, sendo aceitáveis eventuais hipóteses de exceção. Assim, apesar de a negociação ser a principal forma de lidar com os conflitos internacionais,65 isso não impede que os Estados, em caso de urgência ou necessidade, recorram a outro método – in casu, as vias judiciais. Embora o estabelecimento da negociação como requisito básico para a solução pacifica de controvérsias seja, mais do que um avanço significativo e extremamente positivo no direito internacional, uma evidência da primazia do Estado de Direito (Rule of Law) sobre o uso da força, a doutrina vem reforçando que, ainda assim, a solução judicial de litígios internacionais vem adquirindo certa superioridade, pelo menos em nível conceitual, em relação aos meios políticos. Isto porque, na medida em que a solução jurídica será baseada no Rule of Law, a regra é que nenhum Estado declarar-se-á (ou poderá se declarar) superior à norma.66 Essa análise faz a jurisdição internacional, portanto, se encontrar atualmente em uma posição além da esfera conceitual de métodos de resolução pacífica de conflitos internacionais. No contexto das convenções de Direitos Humanos, o fato de várias delas adotarem a cláusula da negociação também revela um fator positivo para a solução pacifica em meio a possíveis contextos de crise decorrentes de violações. O problema surge, todavia, quando o requisito de negociações é imposto de modo a impedir que as partes acedam à justiça internacional. Isso pode acontecer de duas maneiras: (a) quando o próprio tratado estabelece a necessidade de esgotamento das negociações antes que as partes tenham acesso às vias judiciais; (b) quando, depois de as partes já terem apresentado uma queixa perante a Corte competente, esta interpreta estritamente as cláusulas dos tratados e julga não ter jurisdição sobre o caso porque as negociações não foram esgotadas. A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens Nos casos em que o litígio diz respeito a questões de comércio, linhas de fronteira, ou assuntos que não possuam o status de jus cogens, é aceitável que extensas negociações precisem ser conduzidas até o momento em que, se esgotadas e sem sucesso, o caso possa ser levado à adjudicação. Esta é, geralmente, a opção mais utilizada e, na prática, mostra-se bem sucedida na maioria das vezes.67 No entanto, quando se cuida de questões de direitos fundamentais e, sobretudo, quando as violações em questão estão em curso, a necessidade de negociações prévias antes do recurso às vias judiciais deve ser analisada com razoabilidade e, se necessário for, o requisito deve ser afastado. A viabilidade para esta possibilidade encontra seu alicerce no princípio da competénce de la competénce, por meio do qual a Corte avaliaria as objeções preliminares e as condições prévias e, por intermédio da interpretação favorável à jurisdição nas cláusulas que lhe atribuem competência, emitiria um julgamento de mérito no caso. Porque a competência já lhe teria sido atribuída no tratado, o afastamento da clausula que exige a exaustão das negociações não violaria o consentimento do Estado quanto à jurisdição da Corte, haja vista que este já consentira para tanto quando da ratificação do instrumento. Por ora, no entanto, de acordo com a jurisprudência da CIJ, a ordem para a solução pacífica de controvérsias não é aleatória, e as negociações constituem não apenas uma formalidade, mas uma parte fundamental do processo de resolução de um conflito.68 Enquanto abordado pela Corte no caso do Genocídio na Bósnia (Bosnia Genocide case) que nada impede que os Estados levem casos referentes a violações de diversos instrumentos internacionais de Direitos Humanos perante a CIJ, a mesma se pronunciou, também, no sentido de que, só há uma possibilidade para a sua jurisdição quando concernente a convenções de direitos humanos: depois de verificar que houve, no mínimo, “tentativas genuínas” por uma das partes de se engajar em discussões com a outra parte litigante com vistas à resolução da controvérsia.69 Desta forma, para que um Estado possa submeter um caso à sua jurisdição, o pré-requisito da negociação deve ser cumprido, salvo prova de que houve falha de negociação ou de que as negociações se tornaram inúteis ou resultaram em um impasse.70 Segundo pronunciamento da Corte Permanente de Justiça Internacional no parecer consultivo acerca do tráfego ferroviário entre Lituânia e Polônia, em 1931, sua posição estabelece que o pré-requisito de negociações deve ser cumprido, e que esta obrigação determina que as partes não apenas precisem entrar em negociação, mas que devam perseguir este propósito, tanto quanto possível, com vista à celebração de possível acordo.71 Em sua jurisprudência recente, a Corte também tem tratado da matéria de negociações. No caso sobre a aplicação da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (CERD), entre Geórgia e Rússia, em 2008, quando o Estado da Geórgia processou a Federação da Rússia, com base no Artigo 22 da CERD,72 sob a alegação de violação desta à Convenção por atos de “extermínio” e “limpeza étnica” no território da Geórgia e arredores, a Corte examinou os seguintes aspectos preliminares: (a) o significado dos termos do artigo em seu contexto e também à luz do objeto e da finalidade da Convenção, invocando, como argumento, os precedentes da CIJ sobre cláusulas compromissórias de natureza semelhante; (b) os travaux préparatoires da Convenção; e (c) o conceito de negociação e a prova de que esta condição fora cumprida. Preliminarmente, a Rússia negou a competência da Corte argumentando, inter alia, que o referido artigo exige duas condições processuais, quais sejam: negociações e necessidade de submissão do caso aos procedimentos expressamente previstos na Convenção. A Geórgia, por sua vez, manteve o argumento de que o Artigo 22 não estabelece qualquer obrigação expressa de negociações prévias, bem como também não estabelece qualquer obrigação de recorrer aos procedimentos previstos no instrumento antes de se levar um caso à Corte. Em uma decisão sem julgamento de mérito, a Corte determinou que na ausência de evidências de que “tentativas genuínas” de negociação entre as partes aconteceram, a condição prévia para a jurisdição da CIJ não fora cumprido e, por esta razão, mesmo que o caso em tela tratasse de graves violações de direitos humanos e de suposta conduta de extermínio e limpeza étnica, a Corte não possuía competência para julgar o caso. Quanto à necessidade de negociações prévias, justificou: It is not unusual in compromissory clauses conferring jurisdiction on the Court and other international jurisdictions to refer to negotiations. Such resort fulfils three distinct functions. In the first place, it gives notice to the respondent State 211 Letícia Borges Thomas that a dispute exists and delimits the scope of the dispute and its subject-matter. The Permanent Court of International Justice was aware of this when it stated in the Mavrommatis case that ‘before a dispute can be made the subject of an action in law, its subject-matter should have been clearly defined by means of diplomatic negotiations’. In the second place, it encourages the Parties to attempt to settle their dispute by mutual agreement, thus avoiding recourse to binding third-party adjudication. In the third place, prior resort to negotiations or other methods of peaceful dispute settlement performs an important function in indicating the limit of consent given by States.73 A Corte Internacional de Justiça considera necessária a negociação antes da adjudicação sob o argumento de que ela faz os pontos de divergências suficientemente concretos e claros para que a Corte possa decidir. O contra-argumento, no entanto, é que, em realidade, as negociações prévias não definem a lide, visto que o documento próprio para isso é a petição inicial. A negociação pode, eventualmente, exercer certa contribuição, mas, em um julgamento, é a própria petição, por meio da narrativa dos fatos e do pedido, que definirá a controvérsia entre as partes. A metodologia empregada pelo Juízo nesta decisão e a consequente declinação da competência para o julgamento do caso foram duramente criticadas nas opiniões dissidentes anexadas ao julgamento.74 Afirmou-se que esta interpretação estava em desacordo com qualquer outra Corte de Direitos Humanos e ia de encontro, até mesmo, com a jurisprudência da competência CIJ, uma vez que era a primeira vez que esta concluía pela falta de competência em razão de suposta falha do Requerente em satisfazer uma exigência de negociação prévia.75 Igualmente, a atribuição de competência do Artigo 22 era absolutamente clara na perspectiva dos demais Juízes.76 A crítica fora ainda mais veemente por ser notório que qualquer tentativa pela Geórgia de resolver a controvérsia por meio de negociações com a Rússia não possuiria nenhuma chance de sucesso. Paradoxalmente, a Corte afirmara, no caso da Plataforma Continental do Mar Egeu (Grécia/ Turquia), que, no tocante ao pré-requisito das negociações, sua competência não é afetada se acordos políticos ou diplomáticos estiverem em andamento. O fato de negociações (ou outros procedimentos semelhantes) estarem sendo realizadas em paralelo à lide não configuraria, legalmente, qualquer obstáculo ao exercício da jurisdição da Corte.77 Note-se que, aqui, o 212 argumento contradiz o exposto no caso Geórgia v. Rússia, haja vista que, se negociações estão ainda sendo realizadas, isto significa que não há, ainda, conclusão definitiva sobre os limites da controvérsia segundo a recém exposta análise da Corte Internacional de Justiça; assim, se em determinados casos isso não impediria a jurisdição da Corte, não é razoável que, em outros, o mesmo entendimento não seja aplicado, sobretudo quando aqueles são referentes a normas de proteção dos direitos humanos. Ademais, considerando-se que a negociação como um meio para a solução pacífica de controvérsias é uma obrigação de conduta e não de resultado – visto que há necessidade de prova de tentativas genuínas e de boa-fé, mas é aceitável que as negociações possam vir a falhar –, é preciso que se estabeleça um limiar objetivo e claramente especificado para determinar quando as tentativas foram genuínas e suficientes para dar lugar à adjudicação, a fim de se evitar que, em casos de graves violações de direitos humanos, as partes restem vulneráveis a avaliações preliminares inconsistentes. VI. UMA NOVA ABORDAGEM PELA CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA, INSPIRADA NA PRÁTICA DAS CORTES DE DIREITOS HUMANOS, EM RELAÇÃO A SUA JURISDIÇÃO A CIJ é o mais alto órgão judicial das Nações Unidas. Muito embora não se trate de uma Corte de Direitos Humanos, tal como os mecanismos regionais contemporâneos existentes, os últimos anos têm mostrado um significativo aumento da sua jurisprudência nesta matéria.78 Vários litígios decididos pela Corte mostram que suas preocupações têm se estendido para além de dimensões abstratas inter-estatais (geralmente, no passado, relacionadas principalmente a questões administrativas ou fronteiriças) e apresentam, como elemento predominante, a situação concreta dos seres humanos. Assim, embora haja uma limitação ratione personae para a sua jurisdição – uma vez que somente os Estados possuem legitimidade para trazer casos perante a Corte (Art. 43 (1) do Estatuto) –, os indivíduos parecem ter se tornado o principal objeto das discussões em âmbito internacional. Por intermédio de pareceres (Advisory Opinions), mediante sua competência consultiva, ou de julgamentos, no exercício da competência contenciosa, a Corte tem a chance A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens de promover avanços no Direito Internacional, tanto por esclarecer aspectos obscuros de disposições contidas em instrumentos de Direitos Humanos, quanto por fornecer diretrizes para sua interpretação, ou, ainda, por determinar as obrigações legais dos Estados sob esses instrumentos. Segundo alguns autores, tal desenvolvimento pode ser atribuído, em parte, ao fato de muitos Juízes da CIJ, passados ou presentes, terem sido membros de organismos voltados à proteção dos Direitos Humanos, seja como integrantes de comissões de Direitos Humanos ou como Juízes de tribunais regionais, antes de sua nomeação para a CIJ.79 Paralelamente, um dos aspectos mais importantes dos avanços na realização do ideal de justiça internacional reside, também, na afirmação e no reconhecimento da peremptoriedade das normas de proteção à pessoa humana e da necessidade de protegê-los. Há uma verdadeira corrente de evolução que tem resgatado a posição dos indivíduos como verdadeiros sujeitos do Direito Internacional, atribuindo à jurisdição obrigatória dos tribunais internacionais o caráter de complemento indispensável para a justiça e pilar fundamental da proteção internacional. No contexto regional, trata-se do mecanismo de emancipação do ser humano vis-à-vis o Estado,80 o que fora também imaginado pelos fundadores do jus gentium, tais como Hugo Grotius e Francisco de Vitoria. De acordo com o Juiz Cançado Trindade, as cláusulas de jurisdição da Corte são fundamentais na proteção internacional dos seres humanos.81 É inegável que desenvolvimentos significativos em direção ao ideal de uma justiça internacional baseada na necessidade de respeito e obediência às normas peremptórias e jus cogens vêm acontecendo com cada vez mais frequência. Embora a Corte Internacional de Justiça, em geral, ainda não costume invocar explicitamente o direito cogente em suas decisões e pareceres, a proteção dos Direitos Humanos é claramente considerada pela Corte como uma obrigação de todos os Estados, e este tema tem estado cada vez mais presente em sua agenda. Cabe salientar que o estabelecimento de tribunais criminais (como o Tribunal Penal Internacional), tribunais ad hoc (Ruanda e Iugoslávia), e até mesmo tribunais híbridos (Líbano, Serra Leoa, etc.) para combater a impunidade contribuiu significativamente para modificações nas perspectivas tradicionais acerca do Direito Internacional clássico. Isto porque, juntamente com o desenvolvimento do Direito Penal Internacional, o princípio da universalidade também passou a ser implementado para dar uma resposta mais eficaz à comunidade internacional nos casos de violações de direitos humanos. Contudo, na medida em que esse processo de expansão do ideal de universalidade em outros tribunais, para além das Cortes Penais, ainda se desenvolve, urge reconhecer que, embora este seja um princípio jurisdicional que opera exclusivamente com base na natureza de uma ofensa ou violação – tipicamente invocado em contextos de Direito Penal, em relação ao julgamento de crimes hediondos – a jurisdição universal, muitas vezes equiparada à jurisdição penal universal, pode exercer influência na expansão e no estabelecimento de aspectos que são indispensáveis a uma jurisdição internacional eficaz.82 Estes aspectos são basicamente três: (a) a relevância dos princípios gerais de direito; (b) a necessária unidade do direito no estabelecimento da lei e da justiça; e (c) a cooperação entre jurisdição internacional e sistemas nacionais para o estabelecimento da justiça. 83 Para o exercício da sua jurisdição, os tribunais internacionais e, em especial, a Corte Internacional de Justiça devem invocar e aplicar principalmente os itens (a) e (b), de forma a consolidar uma abordagem alternativa em matéria de direitos humanos. A aplicação da relevância dos princípios gerais do direito – item (a) –, promoveria a interpretação dos tratados de direitos humanos, em matéria de reserva à jurisdição ou estabelecimento de condições prévias, a favor da jurisdição da Corte. O item (b), por sua vez, reforçaria esta proposta, porquanto estaria fundamentado na harmonização da proteção dos direitos humanos por meio de uma maior uniformidade de interpretações dos instrumentos que versem sobre a matéria. A consequência dessa proposta seria uma maior uniformidade, também, na prática dos tribunais internacionais, fazendo com que, nesta matéria, a Corte Internacional de Justiça adotasse abordagens semelhantes às das Cortes Internacionais de Direitos Humanos. A competénce de la competénce surge, assim, como o primeiro princípio capaz de materializar esta teoria. Por ter a atribuição de determinar a sua competência, a Corte pode, fazendo o uso, também da cross-reference, invocar os precedentes de outras Cortes e garantir a sua jurisdição nos casos que necessitem seu julgamento de mérito. A consequência disso seria a superação das questões processuais preliminares referentes à competência quando o julgamento de 213 Letícia Borges Thomas graves violações de direitos humanos estiver em jogo. Felizmente, a ideia de preeminência do Direito Internacional da Proteção dos Direitos Humanos tem sido especialmente destacada nos últimos anos em casos recentes da CIJ.84 “A idée-force tem fomentado a procura da realização da justiça no âmbito do Rule of Law em nível internacional e tem sublinhado a dimensão universal de um novo jus gentium”.85 1. A possível interpretação alternativa pela CIJ acerca de condições prévias e reservas nos tratados de jus cogens e Direitos Humanos As Cortes Regionais têm construído, ao longo dos anos, uma forte jurisprudência rumo à interpretação mais favorável à proteção dos Direitos Humanos e direitos substantivos. De certa forma, sua interpretação tem sido em prol de um sistema menos consensual no tocante às cláusulas compromissórias e reservas à jurisdição. Avanços em relação à jurisdição internacional obrigatória, baseada no jus necessarium em lugar do jus voluntarium, mostram-se como uma realidade nos sistemas regionais, pois estes desenvolveram requisitos rigorosos para que seja possível a aceitação dos óbices à competência das Cortes. O que se vê na jurisprudência internacional contemporânea, portanto, é a forte tendência de estabelecimento de uma perspectiva segundo a qual Direitos Humanos, Direito Internacional Humanitário e jus cogens devem prevalecer. As críticas em relação às decisões da Corte Internacional de Justiça que não dão respostas às vítimas de violações de Direitos Humanos vêm não unicamente das opiniões dissidentes, mas, também, de Estados, de outras Cortes e do mundo acadêmico. O principal argumento para tal crítica é que esta posição formalista se tornou obsoleta e não condiz com o momento atual do Direito Internacional, no qual cada vez mais se enfatiza o papel dos indivíduos e a importância da proteção dos seus direitos em nível internacional. Uma posição contrária a essa pode produzir sérias injustiças, até mesmo porque, de acordo com a doutrina, as normas de jus cogens superam todas as outras regras de direito internacional que não possuam este mesmo status.86 Em vista disso, reservas à jurisdição em tratados que estabeleçam a CIJ como Tribunal competente para julgar eventual lide, e condições prévias que possam impedir a sua 214 jurisdição devem ser, respectivamente, afastados ou relativizados quando necessário, sob pena de se dar ao Estado violador uma posição privilegiada de impunidade em situações em que este deveria responder judicialmente pelos atos praticados por seus representantes ou em seu território.87 A supremacia do jus cogens tem sido defendida em diversas as jurisdições, incluindose as Cortes de Direitos Humanos e até mesmo Tribunais Penais, razão pela qual o argumento da Corte Internacional de Justiça de que decisões contrárias a esta tendência encontram suporte em seus precedentes ou em tribunais nacionais não coincide com o fenômeno internacional de compromisso com os direitos fundamentais, com o Direito Internacional da Proteção dos Direitos Humanos e com o jus cogens. O que se quer dizer é que a consequência de decisões proferidas pela Corte Internacional de Justiça com fundamento unicamente em precedentes próprios ou em tribunais de direito interno é que isso mantém a Corte longe da realidade de proteção no sistema internacional, que, mais do que um main-stream, é uma necessidade. Isso acontece, em primeiro lugar, porque certos precedentes da CIJ ainda podem se mostrar obsoletos quando limitados ao voluntarismo dos Estados; e, em segundo lugar, porque os tribunais nacionais também não acompanham as evoluções do Direito Internacional na mesma simetria. A solução, portanto, é a possibilidade de adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de posicionamentos semelhantes aos das Cortes de Direitos Humanos, no tocante a reservas e a cláusulas compromissórias, quando lhe forem trazidos casos com dimensões de Direitos Humanos. Para isso, seria necessário o uso da cross-reference. Embora o princípio do stare decisis não exista no Direito Internacional, na prática, Juízes de diferentes Tribunais Internacionais invocam as decisões uns dos outros a fim de darem suporte aos seus argumentos e preservarem a unidade do Direito. Já há vários anos, existe um diálogo constante entre as Cortes Regionais. Isto gerou um espírito de confiança mútua e ocasionou um aumento das cross-references em suas jurisprudências. Como resultado, hoje, há uma maior convergência em seus julgados, principalmente no tocante ao método de interpretação das convenções de Direitos Humanos e das cláusulas de atribuição de competência.88 Por meio de sua interação interpretativa, esses Tribunais têm contribuído A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens para a universalidade do Direito em relação aos tratados sobre a proteção dos Direitos Humanos e à implementação dessas convenções. 89 Além disso, em outras sentenças, ambas, a Corte Europeia e a Corte Interamericana, têm contado, também, com a jurisprudência da CIJ. Estas referências dizem respeito a diferentes temas, voltados tanto para questões de direitos humanos, quanto para assuntos que englobam desde os princípios gerais de direito internacional às matérias de cunho processual.90 A Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, por sua vez, também aderiu à crossreference, prática que será herdada pelo Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos, também em operação atualmente. Por exemplo, no caso Centre for Minority Rights Development (Kenya) e Minorities Group International em nome do Endorois Welfare Council v. Kenya (decisão de 04/02/2010), a Comissão decidiu que a remoção do povo indígena Enderois de sua terra ancestral (para o desenvolvimento do turismo) foi uma violação da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos. Na sua decisão, a Comissão estabeleceu um paralelo com o julgamento da Corte Interamericana no caso Comunidad Mayagna (Sumo) Awas Tingni v. Nicaragua (decisão de 31/08/2001). 91 Outro recente desenvolvimento em relação à cross-reference e à interpretação da condição prévia de negociação aconteceu em julho de 2014 no seio da Corte Europeia de Direitos Humanos. Esta proferiu uma decisão final sobre o caso da Geórgia v. Rússia (aplicação no. 13255/07) e, indo ao encontro das opiniões dissidentes da CIJ no caso entre as mesmas partes, decidiu, por maioria, que Rússia cometera violações dos direitos humanos quando prendeu, deteve e expulsou de seu território um grande número de cidadãos da Geórgia entre Setembro de 2006 e janeiro de 2007.92 Por meio da interpretação da cláusula de jurisdição obrigatória de forma favorável à sua jurisdição, a CEDH superou por completo as objeções preliminares e julgou o mérito do litígio, entendendo que o jus cogens supera qualquer regra processual ou incidental. Neste caso, não apenas o uso da cross-reference deveria servir paradigma a ser seguido pela Corte Internacional de Justiça, como, também, o posicionamento acerca da supremacia das normas peremptórias, sobretudo quando confrontadas com normas processuais. A Corte Internacional de Justiça também já deu sinais de aceitação do uso da cross-reference, no entanto. Em seu julgamento de mérito no caso Diallo (Guiné v. República Democrática do Congo), por exemplo, a Corte fez referência, pela primeira vez em sua história, a casos de outros dois Tribunais Internacionais de Direitos Humanos, a Corte Interamericana e a Corte Europeia (para. 68). Na decisão, a CIJ estabeleceu que houve violações de disposições de dois tratados de direitos humanos (o Pacto sobre os Direitos Civis Direitos Políticos, de 1966, e a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, de 1981), e violação das disposições, também, da Convenção de Viena sobre Relações Consulares, de 1963 (parágrafos. 64-97). A posição tomada pela Corte no caso foi extremamente importante para estes avanços na legislação internacional acerca da hermenêutica dos tratados de direitos humanos. O reconhecimento das violações dos direitos individuais discutidas no caso (com base, principalmente, no direito à informação em assistência consular, art. 36 (1) (b) da Convenção de Viena) fora equiparado, por exemplo, com o caso paradigmático do O Direito à Informação sobre a Assistência Consular no Âmbito das Garantias do Devido Processo Legal (Opinião Consultiva da Corte Interamericana de Direitos Humanos n. 16, 1999), cujo julgamento se deu em favor de uma humanização do direito consular. Essa referencia reflete os avanços vividos pelo direito internacional em termos de crossreference e utilização, pela Corte Internacional de Justiça, de precedentes das Cortes de Direitos Humanos. Embora os tribunais internacionais tenham sua competência baseada em tratados ou instrumentos distintos e possuam sua própria legislação aplicável, convergências jurisprudenciais contribuem para o funcionamento harmonioso dos tribunais internacionais em sua missão comum de proteger os direitos humanos. No lugar da hierarquia, o que deve acontecer é a complementaridade entre as Cortes. Assim, a Corte Internacional de Justiça poderá adotar perspectivas semelhantes às Cortes de Direitos Humanos para a interpretação das reservas feitas à jurisdição e das cláusulas compromissórias – semelhantemente ao que a Corte Europeia, a Corte Interamericana e a Comissão Africana já têm feito. A prática de referência cruzada é de extrema relevância no seio dos tribunais internacionais que lidam com casos de violações dos Direitos Humanos. Desta forma, a Corte Internacional de Justiça terá condições de adotar os posicionamentos já pacificados nas Cortes de Direitos Humanos e assegurar a unidade e a coerência na jurisprudência internacional. 215 Letícia Borges Thomas Se assim o for, poderá ser alcançado o ideal de que: embora nenhum Estado seja obrigado a aceitar a cláusula opcional de jurisdição obrigatória do Estatuto para lhe atribuir competência ou ratificar tratados que lhe atribuam jurisdição, uma vez que isto aconteça, o Estado estará vinculado à aceitação da jurisdição contenciosa nos casos de violações de jus cogens e direitos humanos nos moldes em que a competência da Corte fora determinada pelo instrumento legal. Desta forma, a anexação de reservas à jurisdição, quando não prevista no respectivo instrumento, será avaliada sob um limiar consonante com o das Cortes Regionais de Direitos Humanos; e o requerimento de negociações prévias, relativizado nas hipóteses em que se mostre necessário o seu afastamento para a garantia de resposta às vítimas, ainda quando forem representadas por Estados, como ocorre no sistema da Corte Internacional de Justiça. VII. CONCLUSÕES A expansão do sistema de solução judicial de controvérsias no Direito Internacional contemporâneo corresponde a uma necessidade da comunidade internacional hodierna. O primado do Direito já não se limita à jurisdição interna, mas encontra a sua expressão também na esfera internacional, razão pela qual há a necessidade de se considerar a competência da CIJ nas hipóteses de casos que tratem de graves violações dos Direitos Humanos sob uma perspectiva menos voluntarista, de forma semelhante à abordagem das Cortes Regionais de Direitos Humanos. A atribuição de competência à CIJ nesta matéria por meio da interpretação favorável à sua jurisdição nas cláusulas compromissória, nas reservas de tratados que versem sobre jus cogens e na apreciação das condições preliminares 216 (sobretudo no tocante a negociações) em uma lide promoveria uma evolução significativa no Direito Internacional. Isso faria da adjudicação no contexto da Corte Internacional de Justiça uma alternativa mais eficaz de proteção aos direitos fundamentais assegurados a indivíduos e aos povos. Esta prática iria ao encontro das expectativas da comunidade internacional em matéria de proteção e providenciaria esclarecimentos e desenvolvimentos em um assunto essência no Direito Internacional: o jus cogens como fator impulsionador da jurisdição da Corte Internacional de Justiça, por intermédio da competence de la competence, em razão do seu status de norma de caráter superior e com efeito erga omnes. Todas as análises aqui apresentadas provam que o caminho da justiça internacional ainda é difícil, uma vez que não parece estar seguindo um progresso linear. Todavia, em cada novo caso, a justiça internacional sofre novas modificações e tem a chance de promover novos avanços rumo à unidade do direito internacional. Se a Corte Internacional de Justiça deixar, gradualmente, o método político-voluntarista de lidar com a sua competência e adotar uma abordagem humanística, semelhante a das Cortes de Direitos Humanos, isto lhe garantirá a confiança da comunidade internacional em relação à sua atuação na proteção dos direitos humanos e prevenirá o enfraquecimento de sua jurisdição. Paralelamente, consolidar-se-ia um sistema que provê respostas às vítimas e, que, esclarecendo o escopo do Rule of Law na jurisdição da CIJ, asseguraria a proeminência do Direito e as garantias necessárias para que os Estados se abstenham de violar os Direitos Humanos, originando um avanço na abordagem da jurisdição da Corte: do jus voluntarium ao jus necessarium. A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens NOTAS 1. A. A. Cançado Trindade, Os Internacionais Contemporâneos. Alexandre Gusmão, 2013, p. 14. Tribunais Fundação 2. CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA. Informação Oficial do site mantido pelo Cartório da Corte Internacional de Justiça. Disponível em: <http://www.icj-cij.org/ jurisdiction/index.php?p1=5&p2=1&p3=4>. Último acesso em 11/02/2015. 3. A. A. Cançado Trindade. International Rule of Law: The Need and Quest for International Compulsory Jurisdiction, p. 5. 4. Na verdade, isso teve efeitos positivos sobre a aceitação da jurisdição, uma vez que até 1940, 45 Estados já ratificaram. Essa foi uma conquista significativa, especialmente em relação ao total de 52 membros da Liga das Nações, na época. 5. A.A. Cançado Trindade, Towards Compulsory Jurisdiction: Contemporary International Tribunals and Developments in the International Rule of Law – Part I”, in XXXIVV Curso de Derecho Internacional Organizado por el Comité Jurídico Interamericano – 2010, Washington D.C, Secretaría Geral de la OEA, 2011, pp. 235-259, p. 238. 6. Um cenário onde os Estados ainda se recuperavam das consequências de uma conjuntura de constantes hostilidades herdadas da Era do Imperialismo Econômico do século XIX que culminou na Primeira Guerra Mundial, e que, em que pese buscasse estabelecer um novo sistema de paz por intermédio da Liga das Nações, via-se ainda dramaticamente guiado pelo consensualismo e pelo voluntarismo, haja vista que seus atores, zelando pela soberania absoluta, não admitiam a imposição de autoridades ou normas que de alguma forma se sobrepusessem a eles no sistema internacional. Veja mais em: L. B. Thomas; D. B. Thomas, Considerações sobre a crise do conceito de Soberania Nacional, Lições Fundamentais de Direito. A. da Silva Quartiero et al. (Org.). Paixão, 2012; L. B. Thomas, Fundamentos Filosófico-Cristãos da União Europeia, vol 9 Revista Destaque Jurídico n 1, Série Direitos Humanos. Conceito Editorial, 2011; L. Ferrajoli. A Soberania no Mundo Moderno: nascimento e crise do Estado nacional. Martins Fontes, 2002; N. Matteucci. Lo Stato Moderno. Il Mulino, 1997. R. Aron. Paix et guerre entre les nations. CalmannLévy, 2004; J. B. Duroselle. A Europa de 1815 aos nossos dias. 4ª Ed. Pioneira, 1992; G. Redin. Direito à autodeterminação dos povos e desenvolvimento: uma análise a partir das relações internacionais. Méritos, IMED, 2006; e A. V. Teixeira, Teoria pluriversalista del diritto internazionale.. Aracne, 2009. 7. Certain Norwegian Loans (France v. Norway), Judgment (Dissenting Opinion of Judge Guerrero), ICJ Reports 1957, pp. 69-70. 8. A.A. Cançado Trindade, Towards Compulsory Jurisdiction: Contemporary International Tribunals and Developments in the International Rule of Law – Part I”, in XXXIVV Curso de Derecho Internacional Organizado por el Comité Jurídico Interamericano – 2010, Washington D.C, Secretaría Geral de la OEA, 2011, pp. 235-259, pp. 240-241. 9. C. H. M Waldock, Decline of the Optional Clause, vol 32 BYBIL (1955-1956), pp. 244-287; e Certain Norwegian Loans (France v. Norway), Judgment (Dissenting Opinion of Judge Guerrero), ICJ Reports 1957, pp. 69-70. 10. No contexto dos Tribunais de Direitos Humanos (e.g., Corte Europeia de Direitos Humanos, Corte Interamericana de Direitos Humanos e Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos), por outro lado, tal prática não se aplica, haja vista que a extensão das suas bases jurisdicionais é completamente diferente. Embora as cláusulas facultativas que reconhecem a competência contenciosa dessas Cortes tenham sido inspiradas no modelo original da cláusula opcional da CIJ, concebida há 80 anos – cuja fórmula atendia às expectativas de obrigatoriedade –, os tribunais de direitos humanos preservaram a integridade do sistema regional convencional de proteção dos direitos humanos. Apesar da origem comum, a interpretação das Cortes Regionais é no sentido de que seria inadmissível subordinar o funcionamento dos mecanismos convencionais de proteção dos direitos humanos a restrições que não estejam expressamente autorizadas em suas respectivas convenções e tenham sido interpostas pelos Estados-Parte em seus instrumentos de aceitação da cláusula facultativa de jurisdição obrigatória. De acordo com os Tribunais, isso prejudicaria a eficácia da proteção e impediria desenvolvimentos futuros. Veja mais em A.A. 217 Letícia Borges Thomas Cançado Trindade, Towards Compulsory Jurisdiction: Contemporary International Tribunals and Developments in the International Rule of Law – Part I”, in XXXIVV Curso de Derecho Internacional Organizado por el Comité Jurídico Interamericano – 2010, Washington D.C, Secretaría Geral de la OEA, 2011, pp. 235-259, p. 241. 11. P. Weil, Towards Relative Normativity in International Law?, vol 77 AJIL 413 (1983), pp. 413-442, p. 423. 12. Ibidem, p. 422. 13. De acordo com a Comissao de Direitos Humanos, para este propósito, por comunidade internacional entende-se apenas os Estados, uma vez que as organizações internacionais são criados por eles. ILC Report 1976, UN Doc. A/31/19, p. 287. 14. A.A. Cançado Trindade, Towards Compulsory Jurisdiction: Contemporary International Tribunals and Developments in the International Rule of Law – Part I”, in XXXIVV Curso de Derecho Internacional Organizado por el Comité Jurídico Interamericano – 2010, Washington D.C, Secretaría Geral de la OEA, 2011, pp. 235-259, p. 241. 15. Ibidem, p. 241. 16. A.A. Cançado Trindade, International Law for Humankind: Towards a New Jus Gentium. Second Revised Edition, Martinus Nijhoff Publishers, 2013, p. 574. 17. Armed Activities on the Territory of the Congo (New Application: 2002) (Democratic Republic of the Congo v. Rwanda), Judgment (Jurisdiction and Admissibility), ICJ Reports 2006. 18. F. Mégret, Nature of Obligations. International Human Rights Law. D. Moeckli et al (Ed). 2 ed., Oxford, 2014, pp. 96-118, pp. 96-98. 19. Jurisdictional Immunities of the State (Germany v. Italy: Greece intervening), Judgment, ICJ Reports 2012, paras. 92-97. 20. Ibidem, para. 97. 21. Ibidem, para 95. 22. Jurisdictional Immunities of the State (Germany v. Italy: Greece intervening), Judgment (Dissenting Opinion of Judge Cançado), ICJ Reports 2012, p. 192. 23. Ibidem, pp. 192-193. 24. Ibidem, p. 193. 218 25. D. Akande & S. Shah, Immunities of State Officials, International Crimes, and Foreign Domestic Courts, 21 EJIL 4 (2010), pp. 815852, p. 831-832. 26. Jurisdictional Immunities of the State (Germany v. Italy: Greece intervening), Judgment (Dissenting Opinion of Judge Cançado, p. 186; Dissenting opinion of Judge Yussuf, p. 301), ICJ Reports 2012. 27. Armed Activities on the Territory of the Congo (New Application: 2002) (Democratic Republic of the Congo v. Rwanda), Judgment (Jurisdiction and Admissibility), ICJ Reports 2006. 28. F. Mégret, Nature of Obligations. International Human Rights Law. D. Moeckli et al (Ed). 2 ed, Oxford, 2014, ppp. 96-118, pp. 98-101. 29. Diferentemente do que a CIJ tem feito ao estabelecer limiares extremamente elevados no tocante às condições preliminares ao estabelecimento de sua competência (por exemplo, em matéria de negociações prévias, como será visto a seguir). 30. Reservations to the Convention on Genocide, Advisory Opinion, ICJ Reports 1951, p. 12. 31. E.g., OC-2/82, The Effect of Reservations on the Entry into Force of the American Convention (Arts. 74 e 75), IACtHR Series A No 2 (24 September 1982); Velásquez Rodríguez Case, IACtHR, Series C No 4 (29 July 1988). 32. E.g. Loizidou v. Turkey (Preliminary Objections), 310 ECtHR, Series C. 33. Reservations to the Convention on Genocide, Advisory Opinion, ICJ Reports 1951, at 12. 34. OC-2/82, The Effect of Reservations on the Entry into Force of the American Convention (Arts. 74 and 75), IACtHR Series A No 2 (24 September 1982), paras. 29-30. 35. “[In human rights] the two elements of ‘form’ and ‘function’ appear to be fundamentally at odds with one another. On the one hand, the form in which the rights are expressed–the treaty–supposed that human rights are merely the incidental subject of a contractual bargain between states. Individual ‘right-holders’ are therefore simply the fortuitous beneficiaries of a regime that is otherwise concerned with promoting the rights and interests of states. The teleology of the regime on the other hand– focused as it is on individual or group ‘human rights’–supposes that the treaties are quasiconstitutional in character.” M. Craven, Legal A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens Differentiation and the Concept of the Human Rights Treaty in International Law, Vol 11 EJIL (2000) 3, pp. 489-519, p 493. 36. F. Mégret, Nature of Obligations. International Human Rights Law. D. Moeckli et al (Ed). 2 ed, Oxford, 2014, pp. 96-118, pp. 101-104 37. Veja mais em: M. Kmak, The Scope and Application of the Principle of Universal Jurisdiction, Erik Castrén Inst. of International Law and Human Rights, 2011. 38. A.A. Cançado Trindade, Towards Compulsory Jurisdiction: Contemporary International Tribunals and Developments in the International Rule of Law – Part I”, in XXXIVV Curso de Derecho Internacional Organizado por el Comité Jurídico Interamericano – 2010, Washington D.C, Secretaría Geral de la OEA, 2011, pp. 235-259, p. 242. 39. R. Moloney. Incompatible reservations to Human Rights treaties: Severability and the problem of State consent. Melbourne Journal of International Law, Vol 5, 2004. p. 2. 40. Ibidem, p. 1. 41. Ibidem, p. 6. 42. Case of the Constitutional Tribunal (Competence), IACtHR, Series C No 55 (24 September 1999), at 44, para. 35; Case of Iver Bronstein (Competence), IACtHR, Series C No. 54 (24 September 1999), p 39, para. 36. 43. Modalidades: a) incondicionalmente; b) na condição de reciprocidade; c) por um período específico; d) para casos específicos. Artigo 62 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 44. R. Moloney. Incompatible reservations to Human Rights treaties: Severability and the problem of State consent. Melbourne Journal of International Law, Vol 5, 2004, p 2. 45. See 61, supra, Concurring Opinion, Judge Cançado Trindade, paras. 24-25. 46. Ibidem, para. 25. 47. A. W. Jenks, The prospects of International Adjudication, Londn, Stevens, 1964, p. 761. 48. A.A. Cançado Trindade, Towards Compulsory Jurisdiction: Contemporary International Tribunals and Developments in the International Rule of Law – Part I”, in XXXIVV Curso de Derecho Internacional Organizado por el Comité Jurídico Interamericano – 2010, Washington D.C, Secretaría Geral de la OEA, 2011, pp. 235-259, p. 256. 49. Case of Ivcher-Bronstein v. Peru. Judgment, IACtHR, Series C No 74 (6 February 2001). 50. Case of Hilaire, Constantine and Benjamin et al. (Merits, Reparations and Costs), IACtHR, series C No. 244 (21 June 2002), para. 88 51. “Disputes between the Contracting Parties relating to the interpretation, application or fulfilment of the present Convention, including those relating to, the responsibility of a State for genocide or for any of the other acts enumerated in article III, shall be submitted to the International Court of Justice at the request of any of the parties to the dispute.” Conventions on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide of 9 December 1948, article IX. 52. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, adotada pela Resolução 2.106-A (XX) da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 21/12/1965. Reserva: “The Rwandese Republic does not consider itself as bound by article 22 [the dispute settlement clause] of the Convention”. 53. Application of the Convention on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide (Croatia v. Serbia), Judgment (Decision of 03/02/2015), paras. 79-80. 54. Application of the Convention on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide (Croatia v. Serbia), Judgment (Decision of 03/02/2015), paras. 84 et seq. 55. “The Court must, however, recall – as it has done on previous occasions – that the absence of a court or tribunal with jurisdiction to resolve disputes about compliance with a particular obligation under international law does not affect the existence and binding force of that obligation.” Application of the Convention on the Prevention and Punishment of the Crime of Genocide (Croatia v. Serbia), Judgment (Decision of 03/02/2015), para. 86. 56. Armed Activities on the Territory of the Congo (New Application: 2002) (Democratic Republic of the Congo v. Rwanda), Judgment (Jurisdiction and Admissibility, Dissenting Opinion of Judge ad hoc Mavungu), ICJ Reports 2006, para. 49, p. 205. 57. Ibidem, paras. 52-53, p. 286. 58. J.-M. Arbour, Droit international public, 3rd Ed., Yvon Blais, 1997, p. 89. 59. R. Moloney. Incompatible reservations to Human Rights treaties: Severability and the 219 Letícia Borges Thomas problem of State consent. Melbourne Journal of International Law, Vol 5, 2004, p 2. 71. Railway Traffic Between Lithuania and Poland Case, (1931), PCIJ, Series A/B, Nº 42. 60. Certain Norwegian Loans (France v. Norway), Judgment (Separate Opinion of Judge Lauterpacht), ICJ Reports 1957, p. 59. 72. “As controvérsias entre dois ou mais Estadospartes, com relação à interpretação ou aplicação da presente Convenção que não puderem ser dirimidas por meio de negociação ou pelos processos previstos expressamente nesta Convenção, serão, a pedido de um deles.” Artigo 22 da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, que entrou em vigor entre as partes em 2 de Julho de 1999. 61. A. V. Teixeira, Teoria pluriversalista del diritto internazionale, Aracne, 2009; L. B. Thomas, Considerações sobre a crise do conceito de Soberania Nacional, Lições Fundamentais de Direito. A. da Silva Quartiero et al. (Org.). Paixão, 2012. 62. United Nations, Charter of the United Nations 24 October 1945, 1 UNTS VI, Article 2(3). 63. General Assembly Declaration on Principles of International Law Concerning Friendly Relations and Cooperation among States in Accordance with the Charter of th United Nations, GA Res 2625 (XXV), 24 October 1970. 64. “As partes numa controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais procurarão, antes de tudo, chegar a uma solução por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, via judicial, recurso a organizações ou acordos regionais, ou qualquer meio pacifico à sua escolha.” United Nations, Charter of the United Nations 24 October 1945, 1 UNTS VI, Article 2(3). 65. Veja mais em V. A. Kremenyuk (Ed.), International Negotiation, 2 ed., San Francisco, 2002. 66. A.A. Cançado Trindade, Towards Compulsory Jurisdiction: Contemporary International Tribunals and Developments in the International Rule of Law – Part I”, in XXXIVV Curso de Derecho Internacional Organizado por el Comité Jurídico Interamericano – 2010, Washington D.C, Secretaría Geral de la OEA, 2011, pp. 235-259, p. 235. 67. J.G. Merrills, International Dispute Settlement, 4th Ed., Cambridge, Cambridge University Press, 2005, at 2. 68. North Sea Continental Shelf, Judgment, ICJ Reports 1969, p. 48. 69. Questions relating to the Obligation to Prosecute or Extradite (Belgium v. Senegal), Judgment, ICJ Reports 2012, para 57. 70 Application of the International Convention on the Elimination of All Forms of Racial Discrimination (Georgia v. Russian Federation), Judgment (Preliminary Objections), ICJ Reports 2011, p. 159. 220 73. Application of the International Convention on the Elimination of All Forms of Racial Discrimination (Georgia v. Russian Federation), Judgment (Preliminary Objections), ICJ Reports 2011, para 131. 74. Ibidem, Dissenting Opinions of President Owada, Judges Simma, Abraham, Donoghue, Cançado Trindade and Judge ad hoc Gaja. 75. Conforme Juiz Simma afirmou, “the amorphous usage of the concept of ‘legal significance’ in that Judgment represented a distinct departure from the Court’s settled practice of admitting differentiations in the assessment of the probative weight of evidence, demonstrated in Armed Activities on the Territory of the Congo, the Genocide case, Corfu Channel, Frontier Dispute, Nicaragua, and Tehran Hostages”. Application of the International Convention on the Elimination of All Forms of Racial Discrimination (Georgia v. Russian Federation), Preliminary Objections, Judgment (Dissenting opinion of Judge Simma), ICJ Reports 2011, p. 197. 76. Conforme argumentado nas opiniões divergentes, não faria sentido declinar a competência por meio de uma interpretação ultra-formalista da cláusula. Inicialmente, porque o sentido literal do texto específico do Art. 22 não impõe negociações como um requisito para a adjudicação; a contrario sensu, apenas sugere a utilização de meios diplomáticos. Ademais, porque o Direito Internacional como um todo não estabelece que as negociações diplomáticas tenham prioridade sobre a jurisdição da Corte. Do contrário, Direitos Humanos e jus cogens constituem, efetivamente, regras primárias, acima de qualquer outra espécie de norma internacional, razão pela qual, ainda que a Corte insistisse em defender a negociação como condição prévia, esta deveria ser lida como uma alternativa, ao invés de cumulativamente, uma exigência. A Possibilidade de Adoção, pela Corte Internacional de Justiça, de uma Abordagem mais Humanista quanto à sua Jurisdição nos Casos que Envolvam Normas Peremptórias e Jus Cogens 77 Aegean Sea Continental Shelf (Greece v. Turkey), Order of 11 September 1976 (Interim Protection), ICJ Reports 1976, para 29. 78. Por exemplo: Questões relativas à obrigação de processar ou extraditar (Bélgica v. Senegal, 2009 e 2012), referente ao princípio da jurisdição universal no âmbito da Convenção das Nações Unidas contra a Tortura; o caso AS Diallo (Guiné v. República Democrática do Congo, 2010 e 2012), sobre a detenção e expulsão de estrangeiros; caso de Imunidades Jurisdicionais do Estado (Alemanha v. Itália, com a intervenção na Grécia, 2010-2012); O caso a respeito da aplicação da Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (Georgia v. Rússia, 2011); o caso do templo de Preah Vihear (medidas provisórias de proteção, Camboja v. Tailândia, 2011); o caso de Atividades Armadas no território do Congo (RDC v. Uganda, 2007), no qual a CIJ confrontou graves violações dos direitos humanos e de direito internacional humanitário; o caso da Fronteira Marítima e Terreste entre Camarões e Nigéria (1996), onde a CIJ lidou com vítimas de conflitos armados; o caso da Croácia contra a Sérvia (2002), a respeito do genocídio e graves violações de direitos humanos cometidos contra a Croácia no início da década de 90. 79. Por exemplo, a Juíza Rosalyn Higgins, Juiz Thomas Buergenthal, Juiz Bruno Simma, Juiz Peter Kooijmans e Juiz Antônio Augusto Cançado Trindade. Veja mais em: J. Connors and M. Schmidt, United Nations, in International Human Rights Law, D. Moeckli et al. (org.), pp. 359-397, p. 395. 80. A. A. Cançado Trindade, Os Tribunais Internacionais Contemporâneos. Fundação Alexandre Gusmão, 2013, pp. 27-28. 81. Posição semelhantemente defendida em casos como Casillo Petruzzi et al v. Peru; Parecer Consultivo sobre o caso do Direito à Informação sobre a Assistência Consular no Âmbito das Garantias do Devido Processo Legal; et al. 82. C. Ryngaert, Universal Tort Jurisdiction over gross human rights violations, vol 38 Netherlands Yearbook of International Law, December 2007, pp. 3-60, p. 4. 83. A.A. Cançado Trindade, Os Internacionais Contemporâneos. Alexandre Gusmão, 2013, p. 14. Tribunais Fundação 84. E.g., the Advisory Opinion of the ICJ on the Obligation to Arbitrate by Virtue of Section 21 of the 1947 UN Headquarters Agreement (1988). 85. A.A. Cançado Trindade, Towards Compulsory Jurisdiction: Contemporary International Tribunals and Developments in the International Rule of Law – Part I”, in XXXIVV Curso de Derecho Internacional Organizado por el Comité Jurídico Interamericano – 2010, Washington D.C, Secretaría Geral de la OEA, 2011, pp. 235-259, pp. 235-236. Veja mais em J. Y. Morin, L’état de Droit: emergence d’um principe du Droit International, 254 RCADI (1995), pp. 499, 451 and 462. 86. M. Kaldunski, The Law of State Immunity in the Case Concerning Jurisdictional Immunities of the State (Germany v. Italy), vol 13 The Law and Practice of International Courts and Tribunals, 2014, pp. 54-102, p. 56. 87. Ibidem, p. 56. 88. A. A. Cançado Trindade, Os Tribunais Internacionais Contemporâneos. Fundação Alexandre Gusmão, 2013, pp. 91-92. 89. No caso de Varnava et al v. Turquia (acórdão de 18/09/2009), por exemplo, referente ao desaparecimento forçado de pessoas, a Corte Europeia levou em consideração os acórdãos do Tribunal Interamericano nos casos Blake v. Guatemala (1996-2005) e Irmãs Serrano Cruz v. El Salvador (2004-2005) (parágrafos 93-97, 138 e 147), e concluiu que no cas d’espèce houve uma “violação continuada” dos artigos 2, 3 e 5 da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. Em meados de 2012, o Tribunal Europeu trouxe a público um relatório sobre as crossreferences constantes na sua jurisprudência em relação aos demais Tribunais de Direitos Humanos, mostrando um sinal inequívoco de convergências jurisprudenciais nas atividades realizadas pelas instituições de proteção aos direitos humanos. A. A. Cançado Trindade, Os Tribunais Internacionais Contemporâneos. Fundação Alexandre Gusmão, 2013, p. 92. 90. A. A. Cançado Trindade, Os Internacionais Contemporâneos. Alexandre Gusmão, 2013, 92-93. Tribunais Fundação 91. A. A. Cançado Trindade, Os Internacionais Contemporâneos. Alexandre Gusmão, 2013, 92-93. Tribunais Fundação 92. European Court of Human Rights, Press Release ECHR n. 196 (2014). 221 LE DROIT À LA LIBERTÉ D’EXPRESSION ET LES CRIMES CONTRE L’HONNEUR: ANALYSE JURISPRUDENTIELLE COMPARÉE ENTRE LE SYSTÈME EUROPÉEN DE PROTECTION DES DROITS DE L’HOMME ET LE SYSTÈME INTERAMÉRICAIN DE PROTECTION DES DROITS DE L’HOMME Letícia Soares Peixoto Aleixo Étudiante de Master en Droit à l’Univerdade Federal de Minas Gerais; Membre de la Clínica de Direitos Humanos et du Grupo de Estudos em Direito Internacional - GEDI/UFMG; Avocate. I. INTRODUCTION Ce travail est consacré à l’étude jurisprudentielle approfondie du droit à la liberté d’expression, spécialement en ce qui concerne sa relation avec l’incrimination des délits contre l’honneur. Serait-ce la criminalisation de la diffamation une restriction légitime à ce droit de la personne humaine? Comment pondérer la protection de la réputation et des droits d’autrui avec le droit à la liberté d’expression? Dans un contexte d’élections de gouvernements dits “populistes” en plusieurs pays de l’Amérique Latine1, la liberté d’expression à été à nouveau mise en évidence et menacée d’être réduite. Récemment, plusieurs cas de fermeture d’entreprises de télécommunications, de censures, voire de menaces contre journalistes ont été reportés dans divers véhicules d’informations2 ou ont même été soumis à la Cour interaméricaine des droits de l’Homme (Cour IDH).3 Il faut remarquer notamment le développement du travail du Bureau du Rapporteur pour la liberté d’expression, crée par la Commission interaméricaine des droits de l’Homme (CIDH), en octobre 1997, lors de sa 97e période ordinaire de sessions. Dès cette date, le Bureau travaille pour la protection du droit à la liberté d’expression par l’assistance technique dans les cas individuels, en émettant des rapports et en faisant la promotion de colloques et séminaires. En Europe, le scénario ne est pas différent. Les débats qui se posent devant la Cour Européenne des droits de l’Homme (Cour EDH) sur ce sujet traitent sur les limites du discours des associations syndicales et des journalistes, passent par la question de la figure publique d’un gouvernant et arrivent à la question des limites du discours lors d’un débat politique. Tout au long de l’année de 2011, par exemple, la Cour EDH s’est prononcée sur cinq affaires traitant de la diffamation et le droit à la liberté d’expression.4 Parmi ces décisions, une attention particulière doit être apportée à celles qui nous permettent de réaliser une approche comparative entre ce système de protection des droits de l’Homme et celui du continent américain, de façon à faciliter l’analyse des méthodes d’interprétation des tribunaux régionaux par rapport au droit étudié. Pour une bonne approche comparative entre les deux systèmes, il faut prendre en compte, outre les textes des Conventions interaméricaine et européenne des droits de l’Homme, le Règlement des Cours régionales, mais aussi le Réglement de la Commission interaméricaine. Les deux parties présentées dans ce travail sont complémentaires et dialoguent entre elles par l’usage comparatif de la jurisprudence européenne et celle interaméricaine. Tout d’abord, nous situerons les paramètres internationaux établis pour la sauvegarde du droit à la liberté d’expression (Partie 1), en tenant compte des instruments régionaux de protection des droits de l’Homme. Ensuite, après avoir replacé ce droit dans son contexte général des deux systèmes régionaux, nous analyserons systématiquement le développement de la jurisprudence des Cours 223 Letícia Soares Peixoto Aleixo régionales de protection des droits de l’homme en matière de diffamation et de liberté d’expression (Partie 2). PARTIE 1 LES PARAMÊTRES INTERNATIONAUX ÉTABLIS POUR LA SAUVEGARDE DU DROIT À LA LIBERTÉ D’EXPRESSION TITRE 1 LES INSTRUMENTS RÉGIONAUX DE PROTECTION DES DROITS DE L’HOMME ET L’ETENDUE DU DROIT À LA LIBERTÉ D’EXPRESSION La consécration du droit à la liberté d’expression, dans le système européen de protection des droits de l’Homme, se fait par l’article 10 de la Convention de sauvegarde des droits de l’Homme et des libertés fondamentales (CEDH ou Convention européenne). Son paragraphe premier établit que Toute personne a droit à la liberté d’expression. Ce droit comprend la liberté d’opinion et la liberté de recevoir ou de communiquer des informations ou des idées sans qu’il puisse y avoir ingérence d’autorités publiques et sans considération de frontière. [...]. À son tour, dans le système interaméricain de protection des droits de l’Homme, c’est l’article 13 de la Convention américaine des droits de l’Homme (CADH ou Convention américaine) qui garanti la liberté d’expression, en prévoyant que Toute personne a droit à la liberté de pensée et d’expression; ce droit comprend la liberté de rechercher, de recevoir et de répandre des informations et des idées de toute espèce, sans considération de frontières, que ce soit oralement ou par écrit, sous une forme imprimée ou artistique, ou par tout autre moyen de son choix. On aperçoit, alors, que les deux instruments régionaux consacrent ce que la Cour IDH appelle – depuis son avis consultatif nº5/1985 – les “deux dimensions” de la liberté d’expression: la dimension individuel et la dimension sociale.5 La première serait “le droit d’utiliser n’importe quel moyen approprié pour diffuser des idées 224 et les faire parvenir au plus grande nombre de destinataires” ; alors que la dimension sociale ou collective serait “un moyen pour l’échange des idées et des informations et pour la communication massive entre les être humains”.6 La jurisprudence de la Cour IDH, consultative et contentieuse, considère l’interdépendance de ces deux dimensions et affirme qu’elles ne peuvent être garanties que “simultanément”.7 Une différence se fait remarquer entre la rédaction des dispositifs: malgré que le système interaméricain soit explicite quand au droit de chercher et d’accéder à l’information – spécialement en ce qui concerne l’information publique -, l’article 10 de la CEDH ne consacre pas une place spécifique de tutelle à ce droit. Dans ce sens, l’article 13 de la CADH est plus garantiste que son parallèle européen. Dès sa première prise de position à l’endroit de l’article 13 de la Convention américaine, la Cour IDH affirme que “pour le citoyen de base, il est tout aussi important de connaître les opinions différentes ou l’information dont disposent les autres, que d’avoir le droit de diffuser la sienne”.8 La Cour précise que le droit à la liberté d’expression ne se limite pas à une reconnaissance théorique d’un droit de parler et d’écrire, mais qu’il comprend, en même temps, le droit de communiquer et de diffuser, par les moyens adéquats, les idées et les pensées.9 À titre illustratif, dans l’affaire Blake contre Guatemala, la Cour IDH a considéré que l’article 13 avait été violé à cause de la disparition du journaliste qui réalisait un reportage sur la guérilla guatémaltèque.10 Il faut aussi remarquer que ce droit de diffuser importe tant aux individus qu’aux médias. Comme on le verra par la suite, à plusieurs reprises, les tribunaux régionaux ont eu l’occasion de se prononcer sur l’importance du rôle exercé par les journalistes dans les sociétés démocratiques.11 Finalement, il faut tenir compte que les deux systèmes sont d’accord en ce qui concerne l’importance de la liberté d’expression. La Cour EDH, dans l’affaire Cornelia Popa contre Roumanie, a rappelé que ce droit “constitue l’un des fondements essentiels d’une société démocratique, l’une des conditions primordiales de son progrès et de l’épanouissement de chacun”,12 tout en faisant référence à la jurisprudence interaméricaine qui l’a aussi bien noté. Le Droit à la Liberté d’Expression et les Crimes contre L’honneur: Analyse Jurisprudentielle Comparée entre le Système Européen de Protection des droits de l’Homme et le Système Interaméricain de Protection des droits de l’Homme TITRE 2 LES INTRUMENTS RÉGIONAUX DE PROTÉCTIONS DES DROITS DE L’HOMME ET LES LIMITATIONS AU DROIT À LA LIBERTÉ D’EXPRESSION Considérant les textes des instruments de protection des droits de l’Homme des systèmes en question, on aperçoit que le droit à la liberté d’expression n’est pas absolu, pouvant, pourtant, être objet de quelques limitations strictement prévues par les articles 10.2 de la CEDH et 13.2 à 13.5 de la CADH.13 La rédaction de ces articles n’est pas identique: l’article 13 de la CADH contient une liste spécifique d’exceptions au principe général qui est établi au paragraphe premier; d’autre part son homologue européen a été formulé en termes beaucoup plus généraux. On remarque, notamment, l’interdiction de la censure faite explicitement dans l’article 13 de la CADH et, cependant, absent dans l’article 10 de la CEDH. Ainsi, on s’apperçoit que les garanties de la liberté d’expression de la CADH ont été formulées de manière à restreindre le moins possible ce droit.14 Malgré cela, la Convention américaine nous présente, de manière particulière, une clause générale de limitation des droits qui établit comme condition pour la restriction des droits prévus par la CADH la nécessité de prévision légale dans l’intérêt général et que ces restrictions soient faites “uniquement aux fins pour lesquelles ces lois ont été prévues”.15 Alors, la question qui se pose: est-ce qu’on peut tout dire au nom de la liberté d’expression? Quels seraient les principes à utiliser pour la mise en balance et la pondération entre deux libertés? Les dispositifs susmentionnés nous explicitent les situations dans lesquelles on peut restreindre le droit à la liberté d’expression: (i) lors d’une situation d’interêt général (sécurité nationale, ordre public); (ii) lors d’une situation de ménace aux droits d’autrui; ou (iii) tout en visant à garantir l’impartialité du pouvoir judiciaire (celle-ci prévue exclusivement dans la CEDH). Malgré cela, c’est la jurisprudence des tribunaux régionaux qui va éclaircir les principes interprétatifs à utiliser quand on pondère ou on restreint cette liberté. Pour la jurisprudence, alors, une restriction ne peut être conventionnelle que si elle respecte trois conditions: tout d’abord, la limitation doit être prévue par la “loi”, afin d’éviter un jugement arbitraire. Ensuite, il faut observer la légitimité de la restriction, son objectif, et, finalement, la “nécessité sociale impérieuse» de la restriction dans une “société démocratique”. 16 Cela implique une analyse de la proportionnalité de la restriction par rapport à l’intérêt qui la justifie, pour que l’ingérance interfère “le moins possible avec l’exercice effectif du droit à la liberté d’expression” 17. Dans le cadre d’affaires de diffamation, ce qu’il faut observer, c’est le juste équilibre entre le droit de la réputation d’autrui et le droit de la personne à s’exprimer, bien que le droit de la société d’être informée. Tout abus dans la pénalisation du discours dit “diffamatoire” sera, alors, condamné par les Cours régionales de protection des droits de l’homme, particullièrment quand ils sont imputables à des journalistes, comme on le verra par la suite. PARTIE 2 LE DÉVELOPPEMENT DE LA JURISPRUDENCE DES COURS RÉGIONALES DE PROTECTION DES DROITS DE L’HOMME EN MATIÈRE DE DIFFAMATION ET LIBERTÉ D’EXPRESSION Nous examinerons ci-dessous certaines positions prises par les tribunaux régionaux lors de la pondération entre la protection de la réputation d’autrui et le droit à la liberté d’expression. Cette analyse sera faite, d’abord, sous l’angle de l’agent “spécial” qui diffuse ou s’exprime: le discours journalistique (titre 1), puis sous l’angle de la victime présumée d’un crime contre l’honneur: les personnages publics (titre 2), surtout en période de débats politiques. TITRE 1 L’ANGLE DE L’AGENT “SPÉCIAL” QUI DIFFUSE OU S’EXPRIME: LE DISCOURS JOURNALISTIQUE Autant la Cour IDH, que la Cour EDH, reconnaissent dans leur jurisprudence l’importance des médias pour la liberté d’expression. La première a eu l’opportunité de se prononcer sur le sujet lors de l’affaire Herrera Ulloa. Dans cette affaire, l’État du Costa Rica viole l’article 13 de la CADH pour avoir condamné pénalement un journaliste qui avait reproduit dans un quotidien national des informations divulguées dans la presse belge relative aux affaires de corruption d’un Consul 225 Letícia Soares Peixoto Aleixo honoraire costarien en poste en Europe.18 À cette occasion, la Cour s’est prononcée dans le sens que c’est fondamental que les journalistes qui travaillent dans les médias jouissent d’une protection spéciale et de l’indépendance nécessaire pour bien exercer ses fonctions, puisque ce sont eux qui maintiennent informée la société, ce qui est indispensable pour que celle-ci jouisse d’une pleine liberté et pour que le débat public soit fortifié.19 Dans le même sens, la jurisprudence européenne rappelle que la presse “joue le rôle de chien de garde” de la société démocratique.20 La décision récemment prise dans l’affaire Cornelia Popa réaffirme cette position. Appliquant l’ensemble des principes de la liberté d’expression, la Cour EDH a considéré que la Roumanie a violé l’article 10 de la CEDH en condamnant pénalement une journaliste du quotidien “Independentul” pour diffamation contre une juge. La Cour a souligné le rôle essentiel que joue la presse dans une société démocratique: si la presse ne doit pas franchir certaines limites, s’agissant notamment de la protection de la réputation et des droits d’autrui, il lui incombe néanmoins de communiquer, dans le respect de ses devoirs et de ses responsabilités, des informations et des idées sur toutes les questions d’intérêt général, y compris celles qui concernent le fonctionnement du pouvoir judiciaire.21 En rappelant que la presse est en effet “l’un des moyens dont disposent les responsables politiques et l’opinion publique pour s’assurer que les juges s’acquittent de leurs hautes responsabilités”,22 comme garants de la justice qu’ils sont, la Cour a constaté que, malgré que le crime de diffamation soit prévu par la loi en Roumanie, le fait de déclarer la requérante coupable pour diffamation ne correspondait à aucun “besoin social impérieux”.23 La Cour estime que l’article journalistique incriminé critiquait un jugement rendu par la juge, ses comportements et ses attitudes impliquant sa qualité de magistrat; non pas sur des aspects de sa vie privée. De cette façon, il portait sur un thème d’intérêt général, à savoir “la confiance de la société en la justice”.24 Pour ce motif, la Cour a considéré que, en tenant compte le contexte, les expressions utilisées par la requérante dans son article à l’égard de la juge C.C. ne sauraient passer aux yeux de la Cour pour des allégations délibérément diffamatoires, mais pour le pendant d’une liberté journalistique 226 qui comprend aussi le recours possible à une certaine dose d’exagération, voire même de provocation.25 La Cour de San José a eu l’occasion de se prononcer à nouveau sur le même sujet dans l’affaire Kimel¸journaliste, écrivain et historien, qui a publié des livres sur l’histoire politique de l’Argentine. L’un de ses livres a critiqué le rôle des autorités chargées des enquêtes sur des homicides, entre autres, celles d’un juge. Pour ce motif, M. Kimel a été condamné pénalement pour calomnie. Dans cette affaire, la Cour IDH a signalé que le Droit Pénal est le moyen le plus restrictif et le plus sévère pour établir des responsabilités pour un acte illicite. La typification de délits de calomnie et injuries peut être contraire au principe de l’intervention minimale et de l’ultima ratio du Droit Pénal.26 Alors, elle a considéré que l’abus de l ‘exercice du pouvoir punitif de l’État était notoire, tout en analysant les faits qui ont été imputés à M. Kimel, leur répercussion sur les biens juridiques des personnes impliquées et le type de sanction qui a été imposé au requérant (privation de liberté physique). Cet affaire a aussi été l’occasion pour la Cour de se prononcer de manière remarquable sur la typification des délits contre l’honneur. Tout en rappelant que “c’est la loi qui doit établir les restrictions à la liberté d’expression”27 et en invoquant le principe iura novit cura pour analyser la possible violation de l’article 9 de la CADH, la Cour a affirmé que, si une limitation à un droit provient du Droit pénal, il faut observer les éléments caractéristiques de la typification pénale pour être en accord avec le principe de la légalité. En outre, il faut que la norme soit antérieure à l’action, ainsi que claire, exacte et exhaustive, de façon à garantir la sécurité juridique des citoyens.28 Après tout, “l’ambiguïté dans la formulation des types criminelles génère des questions et ouvre le champ à l’arbitraire de l’autorité”29. Comme l’État de l’Argentine était d’accord sur le point que sa législation pénale qui sanctionnait la calomnie et l’injurie limitait le droit à la liberté d’expression, la Cour a considéré que cette typification pénale imprécise était contraire aux articles 9 et 13 de la CADH, ce qui importait l’obligation pour l’État d’adopter des mesures internes en vue de l’article 2 du même instrument.30 L’important à retenir sur ces affaires journalistiques, c’est la compréhension du fait que les sanctions imposées par les autorités Le Droit à la Liberté d’Expression et les Crimes contre L’honneur: Analyse Jurisprudentielle Comparée entre le Système Européen de Protection des droits de l’Homme et le Système Interaméricain de Protection des droits de l’Homme nationales, si elles sont disproportionnées, sont de nature à dissuader la presse de participer aux discussions des questions d’intérêt général. TITRE 2 L’ANGLE DE LA VICTIME PRESUMÉE D’UN CRIME CONTRE L’HONNEUR: LES PERSONNAGES PUBLICS La jurisprudence des tribunaux régionaux considère que, dans une société démocratique, les personnages publics sont davantage exposés à l’examen et à la critique du public. Comme ils se sont exposés volontairement dans un débat relatif à des questions d’intérêt général, leurs activités sortent de la sphère privée et arrivent dans le domaine du public. Pour ce motif, “aux déclarations concernant la pertinence d’une personne pour l’accomplissement de la fonction publique ou des actes commis par des fonctionnaires dans l’exercice le leurs fonctions, sont offertes plus de protection, de manière à promouvoir le débat démocratique”. 31 Donc, la question ne repose nullement sur la qualité du sujet, mais sur l’intérêt public des activités qu’il réalise. À la différence d’un simple particulier, un homme politique “s’expose inévitablement et consciemment à un contrôle attentif de ses faits et gestes tant par les journalistes que par la masse des citoyens; il doit, par conséquent, montrer une plus grande tolérance”.32 L’affaire Otegi Mondragon a donné l’occasion aux juges européens de se prononcer sur la question pendant l’année 2011. Le requérant était le porte-parole de Sozialista Abertzaleak, groupe parlementaire de la gauche indépendantiste basque au Parlement de la Communauté autonome du Pays basque, et, au cours d’une conférence de presse, il a exposé l’évaluation politique faite par son groupe de la situation du journal Egunkaria. En réponse à une question posée par un journaliste, il a affirmé, se référant à la visite du roi au Pays basque, que “c’ [était] pathétique”. Il a ajouté qu’inaugurer un projet avec le roi des Espagnols, qui était le chef suprême ultime de la garde civile et le chef suprême des forces armées espagnoles, était “absolument lamentable”. Au sujet de ce qui était arrivé pendant l’opération policière contre le journal Egunkaria, il a exprimé que le roi était le chef de ceux qui avaient torturé les personnes détenues dans le cadre de ladite opération. Suite à ses déclarations, il a été condamné pour “injure grave au roi”. La Cour EDH, tout en appliquant l’ensemble de principes de la liberté d’expression, a conclut que l’ingérence litigieuse était “prévue par la loi” et qu’elle poursuivait un but légitime - la “protection de la réputation ou des droits d’autrui”, en l’occurrence, celle du roi d’Espagne. Mais, pour la Cour, la condamnation du requérant n’était pas “nécessaire dans une société démocratique” au sens de l’article 10 §2 de la CEDH, puisque cet article ne laisse guère de place pour des restrictions à la liberté d’expression dans le domaine du discours et du débat politique – dans lequel la liberté d’expression revêt de la plus haute importance – ou des questions d’intérêt général.33 Alors, tout en soulignant que les propos du requérant relevaient de l’expression politique, s’inscrivant, donc, dans le cadre d’un débat sur des questions d’intérêt public, pour ne pas mettre en cause la vie privée du roi, la Cour a considéré qu’il y a eu violation de l’article 10 de la CEDH. En plus, la Cour a fait noter “qu’une protection accrue par une loi spéciale en matière d’offense n’est, en principe, pas conforme à l’esprit de la Convention”. 34 Le fait que le roi soit un symbole de l’État ne pourrait pas le mettre à l’abri des critiques dans l’exercice de ses fonctions officielles. Et, après tout, “critiquer une institution constitutionnelle n’est pas exclu du droit à la liberté d’expression”.35 De même, la Cour IDH a considéré qu’un candidat à la présidence d’une république doit être aussi plus largement ouvert aux critiques dans le cadre des débats en temps d’élections, puisqu’ils portent certainement sur des affaires d’intérêt public. Dans l’affaire Ricardo Canese, elle estime que la victime – candidat aux élections présidentielles aux Paraguay -, en accusant son adversaire d’être impliqué dans un affaire de corruption et condamné au pénal pour injure et diffamation, exerçait son droit à la liberté d’expression. Pour ce motif, la Cour a considéré la violation de l’article 13 de la CADH. Lors de son avis consultatif nº 5, la Cour IDH note que la liberté d’expression est indispensable pour la formation de l’opinion publique. Il s’agit également d’une condition sine qua non pour que les partis politiques, les syndicats, les sociétés scientifiques et culturelles, et en règle générale, tous ceux qui désirent influencer la collectivité à l’heure d’exercer leur choix, puissent suffisamment être informés. Par voie de conséquence, une société qui n’est pas informée n’est pas entièrement libre.36 227 Letícia Soares Peixoto Aleixo L’affirmation de la Cour EDH va dans le même sens: “précieuse pour chacun, la liberté d’expression l’est tout particulièrement pour un élu du peuple; il représente ses électeurs, signale leurs préoccupations et défend leurs intérêts.”37 La Cour EDH, cependant, a contredit toute sa jurisprudence dans l’affaire Barata Monteiro da Costa Nogueira et autre, quand elle a considéré qu’il n’y a pas eu de violation de l’article 10 de la CEDH lors de la condamnation d’une militante du parti Bloco de Esquerda et d’un avocat – conseiller juridique du parti, à l’époque des faits - pour diffamation. En janvier 2003, ils avaient une conférence de presse en tant que responsables politiques au cours de laquelle ils ont formulé des accusations à l’encontre du docteur F.J., président du comité local d’un autre parti politique. La Cour a affirmé que l’ingérence était “prévue par la loi”, qu’elle visait un but légitime – “la protection des droits d’autrui” - et qu’elle était “nécessaire dans une société démocratique”, puisque les déclarations n’ont pas été faites de manière spontanée, “ce qui donne à penser que ceuxci [les membres du parti] les avaient mûrement préparées et qu’ils avaient pleine conscience de la portée de leur contenu”. 38 D’autre part, elle n’a pas considéré qu’il agissait en l’espèce d’un débat politique, d’intérêt public général, et que, pour ce motif, la réputation d’un politicien devrait entrainer une moindre protection. Finalement, en se refusant de constater la violation de l’article 10 de la CEDH, la Cour n’ignore pas seulement l’application d’une disposition qui était pertinente à l’égard des faits de l’espèce, mais aussi toute sa base jurisprudentielle sur le sujet. 39 II. CONCLUSION De manière générale, en ce que concerne l’incrimination des crimes contre l’honneur, les organes régionaux de protection des droits de l’Homme ne sont pas très catégoriques. Il est vrai que, depuis quelques années, les organes politiques du Conseil de l’Europe ont invité les États membres à décriminaliser la diffamation et à abolir les peines de prison en cette matière.40 La Résolution 1577(2007) de l’Assemblée Générale a tout d’abord constaté que ces législations antidiffamation poursuivent un but légitime: la protection de la réputation et des droits d’autrui. Mais, comme de telles lois peuvent porter atteinte à la liberté d’expression, l’Assemblée invite les États membres “à y recourir avec la plus grande modération”. 41 Par conséquent, les peines carcérales pour diffamation “devraient être 228 abrogées sans plus de délais” et le droit civil devrait “apporter une protection effective de la dignité de la personne affectée par la diffamation”.42 Les États sont aussi invités à ériger en infractions pénales “l’incitation publique à la violence, à la haine ou à la discrimination” 43 et à garantir des moyens de défense appropriés aux personnes poursuivies pour diffamation, en particulier celui reposant sur l’exceptio veritatis. La Commission interaméricaine aussi, par voie de son Bureau du Rapporteur pour la liberté d’expression, a déjà déclaré inconventionnelles les “leyes de desacato”.44 Ses rapports notifient toujours la préoccupation de la Commission sur le fait qu’il existe encore des lois pénales contraires à la CADH dans les pays latino-américains en ce qui concerne la protection à la liberté d’expression. Dans la plupart des cas, ces lois permettent encore l’imposition de sanctions disproportionnées qui pourraient avoir un effet de faire taire, incompatible avec une société démocratique. Pour ce motif, la Comission recommande que les États membres (a) dérogent leurs “leyes de desacato” ; (b) modifient leurs lois sur la diffamation et sur l’injurie avec le but d’éliminer l’usage de la voie pénale pour protéger l’honneur et la réputation, spécialement quand on diffuse des informations d’intérêt public; (c) réglementent clairement la manifestation sociale légitime en empêchant l’application des restrictions disproportionnées. Malgré tout cela, les tribunaux régionaux européen et interaméricain ne se sont pas encore prononcés de manière générale sur ce sujet. Leur jurisprudence sur la diffamation et le droit à la liberté d’expression est vaste, comme nous l’avons vu, mais ils ont préféré se taire jusqu’à présent à propos de la conventionalité de ces lois. Dans le Système interaméricain, Kimmel, c’est l’affaire dans laquelle le tribunal examinera la question plus en détail, et pourtant, l’analyse est encore superficielle. De manière toute aussi discrète, dans l’affaire Otegi Mondragon, la Cour EDH cite la Résolution 1577(2007) susmentionnée, mais ne profite pas de cette occasion pour examiner son importance ou, encore, pour renforcer ce discours favorable à la liberté d’expression. Donc, ce sont d’autres organes du Conseil de l’Europe et de l’ Organisation des États Américains qui donnent les règles, par voie des Rapports et Résolutions, mais les États membres des deux organisations ne jouent pas toujours le jeu qu’eux-mêmes se sont mis à jouer. N’y aurait-il pas la nécessité d’un juge pour “frapper le marteau” et imposer aux États de respecter l’obligation à laquelle ils se sont engagés? Le Droit à la Liberté d’Expression et les Crimes contre L’honneur: Analyse Jurisprudentielle Comparée entre le Système Européen de Protection des droits de l’Homme et le Système Interaméricain de Protection des droits de l’Homme Comme les juges Tulkens, Popovic et Sajó ont bien remarqué dans leur Opinion Dissidente commune de l’affaire Barata Monteiro da Costa Monteiro et autre la liberté d’expression “loin de constituer une protection ou un privilège, est l’un des éléments clés de la démocratie” et pour cela, il faut se rappeler, elle ne peut pas être negligée.45 229 Letícia Soares Peixoto Aleixo NOTES 1. Voir, à titre d´exemple, les élections présidentielles en Venezuela (1998, 2000, 2006, 2012 et 2013), en Bolivie (2005, 2009 et 2014), en Argentine (2003, 2007 et 2011) et en Equateur (2007, 2009 et 2013). 2. Voir, à titre d´exemple, quelques reportages sur internet: http://www.cidh.org/relatoria/showarticle. asp?artID=878&lID=2; http://www.cidh.org/ relatoria/showarticle.asp?artID=877&lID=2; http://oglobo.globo.com/mundo/onuoea-pedem-fim-de-censura-previa-navenezuela-2963168; http://www.estadao.com. br/noticias/internacional,organizacoes-deimprensa-pedem-que-chavez-retire-medidascontra-globovision,567113,0.htm. 3. À titre d´exemple: Cour IDH, 15 avril 2010, Mesures provisoires sur la Venezuela, Résolution de la Cour interaméricaine des droits de l´homme, Asunto Belfort Istúriz y otros. 4. Cour EDH, 11 janvier 2011, Barata Monteiro da Costa Nogueira et autre c. Portugal; Cour EDH, 15 mars 2011, Otegi Mondragon c. Espagne; Cour EDH, 29 mars 2011, Cornelia Popa c. Roumanie; Cour EDH, 12 septembre 2011, Palomo Sanchez et autres c. Espagne; Cour EDH, 6 octobre 2011, Vellutini et Michel c. France. 5. Cour IDH, 13 novembre 1985, L´affiliation obligatoire des journalistes, Série A, nº5/85, §30. 6. Cour IDH, 13 novembre 1985, L´affiliation obligatoire des jounalistes, Série A, nº5/85, §31-32. 7. Cour IDH, 13 novembre 1985, L´affiliation obligatoire des jounalistes, Série A, nº5/85, §32, 36; Cour IDH, 22 novembre 2005, Fonds et réparations, Palamara Iribarne c. Chili, Série C nº135, §69; Cour IDH, 19 septembre 2006, Fond et réparations, Claude Reyes et autres c. Chili, Série C nº251, §77. 8. Cour IDH, 13 novembre 1985, L´affiliation obligatoire des jounalistes, Série A, nº5/85, §32. 9. Cour IDH, 13 novembre 1985, L´affiliation obligatoire des jounalistes, Série A, nº5/85, §30; Cour IDH, 31 août 2004, Fond et réparations, Ricardo Canese c. Paraguay, Série C, nº111, §78; Cour IDH, 2 juillet 2004, Fond 230 et réparations, Herrera Ulloa c. Costa Rica, Série C, nº107, §108; Cour IDH, 6 février 2001, Fond et réparations, Ivcher Bronstein c. Pérou, Série C nº 74, §146. 10. Cour IDH, 24 janvier 1998, Fond et réparations, Blake c. Guatemala, Série C nº 36, §104-105. 11. Cour IDH, 13 novembre 1985, L´affiliation obligatoire des jounalistes, Série A, nº5/85; Cour IDH, 2 juillet 2004, Fond et réparations, Herrera Ulloa c. Costa Rica, Série C, nº 107; Cour IDH, 31 août 2004, Fond et réparations, Ricardo Canese c. Paraguay, Série C, nº 111; Cour EDH, 29 mars 2011, Cornelia Popa c. Roumanie. 12. Cour EDH, 29 mars 2011, Cornelia Popa c. Roumanie, §26. Voir aussi: Cour IDH, 31 août 2004, Fond et réparations, Ricardo Canese c. Paraguay, Série C, nº111, §83; Cour IDH, 13 novembre 1985, L´affiliation obligatoire des jounalistes, Série A, nº5/85, §70. 13. CEDH, art. 10.2: “L’exercice de ces libertés comportant des devoirs et des responsabilités peut être soumis à certaines formalités, conditions, restrictions ou sanctions prévues par la loi, qui constituent des mesures nécessaires, dans une société démocratique, à la sécurité nationale, à l’intégrité territoriale ou à la sûreté publique, à la défense de l’ordre et à la prévention du crime, à la protection de la santé ou de la morale, à la protection de la réputation ou des droits d’autrui, pour empêcher la divulgation d’informations confidentielles ou pour garantir l’autorité et l’impartialité du pouvoir judiciaire.»; CADH, art. 13.2-13.5: “2. L’exercice du droit prévu au paragraphe précédent ne peut être soumis à aucune censure préalable, mais il comporte des responsabilités ultérieures qui, expressément fixées par la loi, sont nécessaires: a. Au respect des droits ou à la réputation d’autrui; ou b. à la sauvegarde de la sécurité nationale, de l›ordre public, ou de la santé ou de la morale publiques. 3. La liberté d’expression ne peut être restreinte par des voies ou des moyens indirects, notamment par les monopoles d’Etat ou privés sur le papier journal, les fréquences radioélectriques, les outils ou le matériel de diffusion, ou par toute autre mesure visant à entraver la communication et la circulation des idées et des opinions. 4. Sans préjudice des dispositions du paragraphe 2 ci-dessus, les spectacles publics peuvent être soumis par la loi Le Droit à la Liberté d’Expression et les Crimes contre L’honneur: Analyse Jurisprudentielle Comparée entre le Système Européen de Protection des droits de l’Homme et le Système Interaméricain de Protection des droits de l’Homme à la censure, uniquement pour en réglementer l’accès en raison de la protection morale des enfants et des adolescents. 5. Sont interdits par la loi toute propagande en faveur de la guerre, tout appel à la haine nationale, raciale ou religieuse, qui constituent des incitations à la violence, ainsi que toute autre action illégale analogue contre toute personne ou tout groupe de personnes déterminées, fondée sur des considérations de race, de couleur, de religion, de langue ou d’origine nationale, ou sur tous autres motifs.”. 14. Cour IDH, 13 novembre 1985, L´affiliation obligatoire des jounalistes, Série A, nº5/85, §50. 15. CADH, art. 30: ”Les restrictions autorisées par la présente Convention à la jouissance et à l´exercice des droits et libertés qui y sont reconnus ne peuvent être appliquées qu´en vertu de lois édictées dans l´intérêt général et uniquement aux fins pour lesquelles ces lois ont été prévues”. 16. Cour IDH, 13 novembre 1985, L´affiliation obligatoire des jounalistes, Série A, nº5/85, §45-46. 17. Cour IDH, 2 juillet 2004, Fond et réparations, Herrera Ulloa c. Costa Rica, Série C, nº 107, §123. 18. Cour IDH, 2 juillet 2004, Fond et réparations, Herrera Ulloa c. Costa Rica, Série C, nº 107, §§2 et 131. 19. Cour IDH, 2 juillet 2004, Fond et réparations, Herrera Ulloa c. Costa Rica, Série C nº 107, §119. Voir aussi: Cour IDH, 6 février 2001, Fond et réparations, Ivcher Bronstein c Pérou¸Série C nº 74, §150. 20. Cour EDH, 25 juin 1992, Thorgeirson c. Islande, §31. Thorgheir 21. Cour EDH, 29 mars 2011, Cornelia Popa c. Roumanie, §29. 22. Cour EDH, 29 mars 2011, Cornelia Popa c. Roumanie, §29. 23. Cour EDH, 29 mars 2011, Cornelia Popa c. Roumanie, §41. 24. Cour EDH, 29 mars 2011, Cornelia Popa c. Roumanie, §34. 25. Cour EDH, 29 mars 2011, Cornelia Popa c. Roumanie, §40. 26. Cour IDH, 2 mai 2008, Fond et réparations, Kimel c. Argentine, Série C nº177, §76. 27. Cour IDH, 13 novembre 1985, L´affiliation obligatoire des jounalistes, Série A, nº5/85, §40. 28. Cour IDH, 2 mai 2008, Fond et réparations, Kimel c. Argentine, Série C nº 177, §§61 et 63. 29. Cour IDH, 30 mai 1999, Fond et réparations, Castillo Petruzzi et autres c. Pérou, Série C nº52, §§121. 30. Cour IDH, 2 mai 2008, Fond et réparations, Kimel c. Argentine, Série C nº177, §§66 et 67. 31. Cour IDH, 2 juillet 2004, Fond et réparations, Herrera Ulloa c. Costa Rica, Série C, nº 107, §128; Cour IDH, 31 août 2004, Fond et réparations, Ricardo Canese c. Paraguay, Série C nº111, §98 ; Cour IDH, 2 mai 2008, Fond et réparations, Kimel c. Argentine, Série C nº177, §81. 32. Cour EDH, 15 mars 2011, Otegi Mondragon c. Espagne, §50. 33. Cour EDH, 15 mars 2011, Otegi Mondragon c. Espagne, §50. 34. Cour EDH, 15 mars 2011, Otegi Mondragon c. Espagne, §55. 35. Cour EDH, 15 mars 2011, Otegi Mondragon c. Espagne, §56. 36. Cour IDH, 13 novembre 1985, L´affiliation obligatoire des jounalistes, Série A nº5/85, §70. 37. Cour EDH, 15 mars 2011, Otegi Mondragon c. Espagne, §50. 38. Cour EDH, 11 janvier 2011, Barata Monteiro da Costa Nogueira et autre c. Portugal, §36. 39. Cour EDH, 28 septembre 1999, Dalban c. Roumanie; Cour EDH, 27 février 2001, Jerusalem c. Autriche; Cour EDH, 8 octobre 2009, Romanenko et autres c. Russie. 40. Voir, à titre d´exemple exemple, la Résolution 1577(2007) de l’Assemblée parlementaire du Conseil de l’Europe, Vers une dépénalisaion de la diffamation. Adoptée le 4 octobre 2007 (34e séance). 41. Résolution 1577(2007) de l›Assemblée parlementaire du Conseil de l›Europe, Vers une dépénalisaion de la diffamation. Adoptée le 4 octobre 2007 (34e séance), §6. 42. Résolution 1577(2007) de l›Assemblée parlementaire du Conseil de l›Europe, Vers une dépénalisaion de la diffamation. Adoptée le 4 octobre 2007 (34e séance), §13 et 17. 43. Résolution 1577(2007) de l›Assemblée parlementaire du Conseil de l›Europe, Vers une 231 Letícia Soares Peixoto Aleixo dépénalisaion de la diffamation. Adoptée le 4 octobre 2007 (34e séance), §17 44. Commission IDH, Rapport annuel 2010, Rapport du Bureau du Rapporteur pour la liberté d´expression, OEA/Ser. L./V/II., Doc. 5, 7 mars 2011, pp. 369-391. 232 45. Cour EDH, 11 janvier 2011, Barata Monteiro da Costa Nogueira et autre c. Portugal, Opinion Dissidente Commune aux juges Tulkens, Popovic et Sajó. THE SEARCH FOR FEMALE EMPOWERMENT AND GENDER EQUALITY Lilia Maia de Morais Sales PQ-CNPq researcher, post-doctorate from Columbia University; Coordinator of the Women of Peace project (2009 – 2010) and of Flowers of Bom Jardim (2010 – present); Possesses training in Conflict Mediation from Harvard University at the Program on Negotiation. Lawyer, Mediator, Tenured Professor at Universidade de Fortaleza where is also Vice-President of Research and Post-Graduate Programs. Mariana Almeida de Sousa Lawyer with a Master of Public Constitutional Law from the Universidade de Fortaleza; Law degree from the Universidade Federal do Ceará; Professor of the Women of Peace project (2009 – 2010). 1. INTRODUCTION Gender equality and female empowerment are important themes in modern societies, especially for countries such as Brazil, which seek to consolidate a free, just, and united society while championing anti-discrimination among all of its citizens. The project Flores do Bom Jardim (Flowers of Bom Jardim1) in this study aimed to empower women through the promotion of capacity building courses in professional areas as well as preparatory courses to enhance access to quality university education, always approaching the theme of conflict mediation transversally as a mechanism for conflict solution. The target group of participants for the Flowers of Bom Jardim project was participants of the Mulheres da Paz (Women of Peace) project and other residents of the greater Bom Jardim area (1). The idea to develop this project came from experience obtained through daily contact with women members of the Women for Peace project, conducted by the Universidade de of Fortaleza between May 2009 and September 2010, which was intended to train over 300 women living in the Greater Bom Jardim area on Human Rights and Conflict Mediation. This program was denominated by the PRONASCI (National Public Security and Citizenship Program) “Territory of Peace.” The women, once trained, indicated youth in conflict with the law in order to orient them so that those young people had the opportunity to change their lives. The implementation of the project was undertaken in such a way as to stimulate women to pursue knowledge and increase their self- esteems. The interest (pointed out by the training classes) in obtaining knowledge on the part of women was progressive and, with it, grew the desire to learn and transform their realities. The experience of redefining values regarding youth, security, conflict resolution through dialogue, and especially witnessing a change in the lives of others because of their actions or even words augmented these women’s desire to definitively modify their lives. This experience sparked the idea of continuing the work thus far underway by developing a new project to be called Flowers of Bom Jardim so that the women could continue with a positive outlook, empowering themselves and others, and enabling improvement in areas of study or professional training. The term “flowers” refers to the women and “Garden City” is the appropriate translation for the name of the neighborhood they inhabit. In the present study, names of flowers will be ascribed to the testimonials of the women participants of the project, thereby preserving all identities. The results obtained from the Women of Peace and Flowers of Bom Jardim projects substantiate that initiatives like these empower women, diminish gender inequality, and strongly improve the lives of participants. 1.1 The search for gender equality – considerations regarding the condition of women The lived condition of women throughout the history of the world (2, 3) has been strongly marked by characterized as inferior to men. In many countries, women have historically received, 233 Lilia Maia de Morais Salese e Mariana Almeida de Sousa via legislation and customs, differentiated treatment with limited rights and liberties that subjugate them as a second-class gender. Clear gender differences with regard to the freedom to study, to work, to marry, sexual liberty, to exercise rights and duties of a citizen (to vote and be voted for, for instance), to buy and to sell were all established throughout the rise and fall of various civilizations; women were impeded from fully exercising their right to dignity (4). To be born a woman has been (and remains, albeit to a much smaller degree) motive for unhappiness and a symbol of family weakness. Only the man perpetuates the family name. Conversely, the child son always incited celebration (5). Carole Pateman (1993, p. 16-17), speaking on sexual subjugation, affirms that Male domination over women and the masculine right to regular sexual access are in question regarding the initial pacts between humans. The social contract is a history of freedom; the sexual contract is a history of subjection. The original contract created both liberty and domination. The Feminist Movement, initiated in western civilizations from the mid-nineteenth century, brought the call for women’s expression. Supporters demanded equal and equitable rights, freeing women from oppressive rules or ideas based on the logic that females are inferior to males. To better understand the evolution of feminist thought, it is important to consider, as Maggie Hum (1992, p. 278) calls them, “the three waves of feminism.” The first wave, occurring in the nineteenth and early twentieth centuries, was marked by movements in the United Kingdom and the United States and the main objectives were focused on the issue of gender equality in matters of private law (such as contracts and property), as well as on free choice for women to choose their husbands (end of arranged marriages). By the late nineteenth century and early twentieth century, the feminist movement already had as its sights set on the conquest of political rights, especially the right to vote. The second wave, lasting approximately twenty years, began in the 1960s and ended around 1980. This wave principally bears the characteristic of being a transition between the first and third waves. The wave presented an increased focus in the struggle for political rights – especially the movement of suffragettes 234 – beyond the stimulus given to politicize women and the need to think critically about the affairs of government (6). Finally, the third wave, developed in the early 1990s, faced challenges to avoid certain concepts, which were solidifying in the first two waves. As in the first and second waves of the feminist movement, militant women were primarily white and middle or upper class. Many of the basic principles of feminism had become confined to the interests of such women; third wave feminism sought to give due weight to the experiences of women of other races and social classes. In Brazil, the feminist movement had its origins in the nineteenth century and today, besides the right to vote, some relevant changes mark the progress of women’s roles. Examples include Article 5, Topic I and Article 226, Section 5; both come from the Federal Constitution of 1988. The former declares that “men and women have equal rights and obligations”, while the latter decrees that “the rights and duties of marital society shall be exercised equally by men and women.” Feminism modified the preponderant points of view in various areas of Western society. Women, on behalf of feminist ideals, promoted movements for various rights (priority, votes, and contracts) and the protection of women, adolescents and children against domestic violence and crimes against sexual freedom (7). It was in this environment that the study of gender began. People no longer referred exclusively to sex but also to gender. The term gender began to be used as a form of escape from the biological determinism of the word “sex” (the fate of being born male or female) and to restructure the history by revisiting the position of women in society. Joan Scott conceptualizes gender as an element of social relations and, according to her, gender consists of four main elements. The first element is symbols: multiple, and sometimes contradictory, representations (Maria – purity and virginity; Eve – sin). Second come the normative concepts usually expressed in religious doctrines which emphasize limited interpretations of those symbols, as well as their contradictions (purity versus sin; weak versus strong; feminine versus masculine). Social organizations, such as politics, education, health, family, job markets, etc., comprise the third element. Finally, there is the subjective identity, which clings to the individual who defines his or The Search for Female Empowerment and Gender Equality her way of reacting to what is ascribed to him or her (8). The dynamics of these four elements forms roles in society, individual and generalized beliefs, values, and, in particular, power relations. When a child is born, for example, its sex determines (as a sort of destiny) what that person’s future role in society and treatment will be. Such determinism is most evident in cultures such as Iraqi, Afghan, Somali, for instance; nevertheless, this determinism also exists in Western culture. Despite the changes that have already transpired, many instances of discrimination remain. Current research undertaken in Brazil, for example (9), demonstrates that women have less financial conditions than men, receive lower wages even for the same positions, enjoy less education, and face more precarious health outcomes. This situation evidences that, despite the many struggles for equality among genders, women still occupy a position of inferiority compared to men in many cases, given their economic, social and political statuses. It can be said that, in certain respects, women in Brazil are still treated and perceived (and, sometimes, treat and view themselves) in the same ways as the past. This fact helps explain why domestic violence (10) and the trafficking of women (11) remain serious problems in Brazil. One national public opinion survey conducted in 2009 via telephone by the Research Institute of the Senate (Data Senado – Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública do Senado Federal) on domestic violence revealed that among 827 women, 515 did not press charges against their aggressors using the law (n. 11,340) that would not allow them to withdraw their complaint; 60% of the women interviewed stated that they believe violence against women has increased; and 19% of all Brazilian women suffer from domestic violence at some point (12). Surveys by the United Nations Office on Drugs and Crime state that the number of trafficked persons in the world is 140,000 per year and, of those, 84% are women trafficked for sexual exploitation (13). In the words of Hahner (1978, p. 112), women “still bear marks on their wrists from the shackles; they do not yet occupy the place to which they are entitled as powerful agents of social progress.” Even if one considers the changes in recent years, which show Brazilian women in prominent, even national, positions, such cases of success are hardly commonplace. Given the quantity of high- power places that women currently occupy (14, 15, 16) these exceptions represent a very small portion of the female population and demonstrate that Brazilian woman still suffers from many hardships, such as the feminization of poverty (17). Simone de Beauvoir, one of the pioneers of feminism and the study of women, sensed the fear of macho men and women of her time (living from 1908 to 1986). She delved into the notion that being born female is not enough to make someone a woman. Women are considered “the Other” and Simone de Beauvoir affirms that the Other does not define the One. Indeed, the Other is relegated to his or her position by the One. The Other does not transform into the One, however, because he or she subjects him/herself to the One’s point of view. De Beauvoir warns women who, in some cases, can become complicit in their own submission (de Beauvoir, 1980). Thus, the representations of women historically have not sporadically placed in a secondary or subordinate position. 2. THE CREATION OF THE FLOWER PROJECT OF BOM JARDIM FROM THE LIVED EXPERIENCES OF THE WOMEN OF PEACE Women of Peace (18) created an opportunity to appreciate the reality of local women not only through statistical and scientific articles and books, but also from life stories as told by the women themselves. From contact through training classes and daily technical monitoring, participants identified, in many cases, suffering in the lives of women who evidenced various types of violence arising from gender inequality, thereby confirming the statistics that official agencies so often express. During the discussions in class about gender inequality and violence, the active participation of these women was always requested. As the discussion was very rich, the varying stories that emerged during classes were, for these women, written for the first time. Via the theme “I have suffered for being a woman” a space to express the suffering that almost in its entirety was linked to the position of inferiority in relation to man emerged. The participants said: I have suffered for being a woman, because I only served my boss to satisfy his sexual whims. I talked to him again and he sent me to have an abortion because she wanted to keep the good name of his family and his social reputation. 235 Lilia Maia de Morais Salese e Mariana Almeida de Sousa After I terminated the pregnancy he fired me from the firm, not wanting to risk any further problems (Azucena, Woman of Peace). I suffered for being a woman because I gave birth to my son very early and despite having husband with me, I raised my son alone, since, for my husband, the obligation to educate, to teach how to dress, to feed, to bathe, etc. are all the tasks of a woman. The task of men is just meeting basic needs. When he gets home from work he expects everything to be ready and a loving wife ready waiting for him (Belladonna, Woman of Peace). I fought with all my strength. But it was an unequal struggle. A man about 45 years old, strong, against a girl of 8 years old, bony and helpless. For a long time in my life, the last time I ever smiled was before going into that damned house (...). Today I am grateful because I have the opportunity to help people who suffer or have suffered these and other types of aggression. They are young adult girls. Today I cannot show them my wounds, but my scars, which prove that it is never too late to recover, it is never too late to dream, and it is never too late to be happy (Camellia, Woman of Peace). It was disheartening to know that real women – apparently fragile or even not – hid their suffering and the violence that, for many, belongs only in fiction. Sadder still was the knowledge that a considerable number of these women, even before entering the Women of Peace project, had comprehended that the trying circumstances to which they were doomed were a single contingency of life because they were born female. When I suffered sexual abuse at the hands of my stepfather and told my mother, she did not believe me at first. Then she said that I, as a woman, had to endure the stride (Chrysanthemum, Woman of Peace). Thus began the development of increasingly participatory activities, in order to start consolidation and realization of a concept that is fundamental to understand the proper development of the project – female empowerment. 2.1 The process of equality and empowerment in Women of Peace – some steps “Empoderamento” or empowerment is a word derived from English, listed in the Oxford Dictionary as a noun of the verb to empower: 1. To authorize, license. 2. To grant power to 236 (allow, enable). However, these words do not fully explain the notion of empowerment which professional study in the humanities and social sciences confers to the term since, in this case, empowerment means to advance, conquer and overcome through active participation in the process itself. One of the first (if not the very first) scholars to address this concept in Brazil was Paulo Freire (19). Overcoming gender inequalities is presented as one of the first steps in the march toward women’s empowerment. However, equal rights, i.e., legal equality (which extends to the 1st Convention on The Rights of Women in 1848) was, for several years, the core of the feminist movement yet it failed to become fully effective in Brazil, even with the express constitutional provision “men and women have equal rights and obligations under this Constitution” (Article 5, I CF/88), and specific laws. The daily practice of respecting this right/ fundamental guarantee of equality and nondiscrimination requires a change in both male and female behavior. The feminine attitude as well, protagonizing this change, is decisive for the progress and consolidation of the role of women as individuals with rights who can enjoy social transformations. Feminine empowerment, through appreciation and female capacity building, is necessary to advance the position of women, integrating them into existing power structures in society. According to Nelly Stromquist (20), there are five stages of empowerment: 1) building a positive self-image and confidence; 2) developing the ability to think critically; 3) the construction of group cohesion; 4) the promotion of decisionmaking; and 5) action. The phases of empowerment have been implemented and the results were clearly visible over the duration of the Women of Peace project. The continuous improvement of the relationship between the multidisciplinary team and the women, and among the women themselves catalyzed construction of a positive self-images and confidence. After I completed this course, I felt stronger, had assurance in my voice, in the words. I can already solve problems with other people successfully (Iris, Woman of Peace). I spent most of my childhood being abused.... If it were today, as I know about human rights, The Search for Female Empowerment and Gender Equality things would certainly be different (Orchid Women’s Peace). Developing critical thinking skills was a skill that was honed and mentioned in each meeting and in-class training (21). Through this course, I have changed my ways and I believe in myself. I believe I can make a difference.... I cannot sit still, insensitive and indifferent, cannot fail. I learned to believe. (Camellia - Woman of Peace). The daily activities contributed to the development of group cohesion building. It behooves all to consider the attitudes of women at the beginning of the project: in the first weeks of training, some women, for example, manifested anxiety that the class would not finish early enough for them to pick up their children at school or in time to complete the household chores. With the continuous contact with staff, the women had the perception that they were learning and discussing issues never before raised and worked “to find” time. Not infrequently, the teachers received requests to go beyond the scheduled time, since the thirst for knowledge grew every day. The reframing of experiences was an important point for both the construction of a positive self-image and confidence as to promote decision-making. The suffering throughout their lives, for example, had become understood as “something about which we could not speak.” This was because the women used at least two perspectives to understand their positions: “contingencies of life of women” and thus “silent acceptance” was essential or, should the women recognize the situations as unjust, they – due to inertia – reacted with shame. During the course, the women began a process of speech communication and exchange of experiences that allowed them to expose these situations. The moments of violence faced by each woman were discussed, debated and evaluated. Once spoken, a process of reframing those experiences commenced. The women, victims of violence, became protagonists of a new story: the prevention of violence against women or any of their colleagues. Because they had experienced their own tragedies, the participants started to feel that they must prevent other women from bearing similar situations. This process has enabled many women to overcome their previous negative feelings, which thus caused changes in their attitudes. These flowers began to be proud to present and discuss this achievement and the desire to help women and teens who go through the same situations (domestic violence, sexual violence, submission to employers for fear of losing their jobs, etc.). What was once unspeakable now “spoke for itself,” and so the women impeded the same things happening to their classmates and other acquaintances. Once I overcame all the abuse and suffering, I went through, today I have the opportunity to help women who suffer or have suffered these and other types of aggression (Camellia, Woman of Peace). The prospect of action, the fifth dimension of empowerment, is clearly visible. The enhancement of the shares of women in the construction of “selfempowerment” and action permitted a strong shift in attitudes. It is noteworthy that, at the beginning of the course, the researchers found that women had no aspirations based on the testimonies the participants provided; they claimed that dreams were useless and superfluous, given the supposed impossibility of accomplishing them. There was a time in my life when I stopped dreaming. It was a low time. But this time in now far behind (Camellia, Woman of Peace). With the knowledge gained (about various topics, such as Women’s Rights, Human Rights, Leadership, Labor and Family), as well as training in Conflict Mediation, the Women of Peace nurtured a sense of empowerment, believing that dreams are indeed possible when the dreamer consolidates the ability to think critically and act. I learned that not everything needs to go to the courts. Some things can be . in agreements between the parties where no one loses. Both gain (Hydrangea, Woman of Peace). Conflict Mediation was very important because now I have a notion of how to deal with conflict and reduce violence (Dahlia, Woman of Peace). Many of the participants have gone on to cultivate those aspirations: dreams to attend college or to find their niches in the labor market. They were once financially dependent on their husbands but longing for better living conditions out from under the masculine financial autonomy. It was found, therefore, that as the women acquired more knowledge they adhered more closely to all standards of empowerment, including: well-being, access to resources, awareness, participation, and control. After 237 Lilia Maia de Morais Salese e Mariana Almeida de Sousa abiding by such standards, results usually present greater equality between the sexes and elevated self-esteem (Stromquist, 1998). The action that has become part of life for many of these women – i.e., beyond the consciousness of their status as subjects of rights and the development of critical thinking -- women must act to forge prominent positions in society. Empowerment through the knowledge built over the nine-month course was instrumental in changing the course of lives of many women. The Human Rights course opened my mind to the rights of children, elderly and others…. We often lose our rights by not knowing whom to seek (Liz, Women’s Peace). Through this course I learned to fight for my rights of citizenship, widened my knowledge about the laws that benefit us and protect us (Daisy, Women’s Peace). I learned that a woman has the right to be more than just a housewife without losing her dignity and while taking on family commitments (Margaret, Woman of Peace). 2.2 The implementation of a new project: Flowers do Bom Jardim In testimonies to the Universidade de Fortaleza, the Women of Peace participants stated that after the project they came to consider having a career – or at least working – in activities where they could earn income. Such were the dreams that sprang from the realization that these women could have and, more importantly, be more. I can say that the course came to enrich the little knowledge I had. Many things were clarified and I came to know that I have rights that are not only written on paper, but I can go back and get them in practice. Rights, as a citizen, I own (Amaryllis, Woman of Peace). The Women of Peace project made me become more thoughtful and to see life as it is, without a mask, without illusions. This course allowed me to have a better view of the world, as well as helped me to organize my ideas. Now I have my opinion formed without following the others (Zinnia, Woman of Peace). Some of the women reported in their statements a desire to launch a career beginning with enrollment in a postsecondary institution: 238 I love to dream, even though it’s hard to realize some of them. Live them. One day, I will make my dream of university true. I’ll take a course in Public Policy (Hydrangea, Woman of Peace). And I have always wanted to do social work. That’s my dream, but many things made me numb, and this project came along. Now my dream has resurfaced (Aster, Woman of Peace). My biggest dream right now is to pass the university entrance examination this year and enter a faculty of Journalism. It is difficult for people who live where I live; you have to fight that and get a financial position to enter college. I know my mother… if she could, I would be in college. I know I’ll get to go because I want to! (Sunflower, Woman of Peace). Other women dream of earning income from services provided in their communities (by making food, styling hair, etc.) or even in other localities in the city in order to attain wages in a dignified manner: My dream is, for sure, in the future to have a job and acquire new knowledge (Daisy, Woman of Peace). Now I have many dreams, but two of them in particular: the first is to see my community with real citizens. The other is to have a profession or even go to college so I can give a better future for my children and my brother, who has mental problems (Lavender, Woman of Peace). As already mentioned, the aim of this program was to form learning workshops, arranged by vocation, that could open doors for women to enter local job markets. The heavy interest among the Women of Peace participants grew evident quickly. One participant, recounting her dream, wrote the following: My dream is that after this project, others will arise with similar purposes and the Women of Peace shall not forgotten. Rather, we will continue this progress. It is so valuable (Tulip, Woman of Peace). Six courses have been developed: telemarketing, administrative assistant, secretarial technician, art and beauty, sewing, and cake-design. More than 300 women were trained technically, in addition to the developed skills in leadership, entrepreneurship and conflict mediation activities they received. The empowerment process, from job training to citizen action and leadership activities The Search for Female Empowerment and Gender Equality of the woman, brings out a new meaning of power and gender equality. The Flowers of Bom Jardim has the ability to be a tool for aiding the construction of this new concept for women living in a neighborhood mired by exclusion and violence. Project activities result in the creation of mechanisms and actions for equal partnerships between men and women, reducing the feeling of gender inequality, assuming a democratic bias in the current system of rights, since women can develop vocational technical skills, entering job markets and leadership positions in their communities. 3. CONCLUSION The empowerment of these women has given them an understanding of their subordinated conditions bringing about the necessity to make new choices, even if the options for those choices run counter to the deep-rooted expectations of a predominately machista society. The experience taken from living with women accounted for impressive progress. Teachers not only taught and passed on knowledge to women, but they also learned many lessons from the rich experiences of those women on a myriad of topics. In addition, if questioned about who in fact were the teachers, it was the Women of Peace who assumed the role of the true master in each team in which they participated. The Flower Project of Bom Jardim, more than promoted knowledge through technical courses and learning; the endeavor aimed to enhance progress in the lives of women who might, by entering the labor market in a qualified manner, cease to submit or be subordinate in relation to men and, thereby, effectively exercise their roles of citizens as free and independent people. After the execution of the Flower Project of Bom Jardim, we continued the exchange of knowledge and experiences among women, which uplifted the women to competitive levels in the job market as well as provided them the opportunity to grow even more. The work done from the project transformed the Jardim, Garden City. The program opened possibilities for women (the flowers), which bloomed into a new lives, full of expectations, hopes and dreams… worthy and realistic dreams. 239 Lilia Maia de Morais Salese e Mariana Almeida de Sousa REFERENCES ABATE, Frank. The Oxford Dictionary and Thesaurus American Edition. New York, Oxford: Oxford University Press, 1996. ARAUJO, Paulo Magalhães (Org.). Desigualdade de Gênero no Brasil: Novas Ideias e Práticas Antigas. São Paulo: Argvmentvm, 2010. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988. OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Elogio da Diferença. São Paulo: Brasiliense, 1999. PATEMAN, Carole. O Contrato Sexual. São Paulo/ Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993. QUEIROZ, Fernanda Marques de. Não se rima amor e dor: cenas cotidianas de violência contra a mulher. RAGO, Margareth. Do Cabaré ao Lar – A Utopia da Cidade Disciplinar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. 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The neighborhood is governed by the Executive Secretary of Regional V (SER V) who also administrates 12 nearby neighborhoods which encompass some 570,000 inhabitants, of which some 180,000 reside in Greater Bom Jardim. This area is situated in the periphery of Fortaleza in terms of location and classification. It is composed of Granja Lisboa, Granja Portugal, Canindezinho, Siqueira and Bom Jardim, as well as tens of other sub-communities. Bom Jardim possesses alarmingly elevated rates of crime and insecurity. The Greater Bom Jardim area is a neighborhood that is sensitive, vulnerable, and prone to conflicts and uprisings, which all occur in proportion to its population density and geographic expansion. For these reasons, Bom Jardim was considered for the development of the Women of Peace project. 2. For subjects relating to the inferior conditions imposed upon women, see: SAFFIOTI, Heleieth. Gênero, Patriarcado, Violência. OLIVEIRA, Rosiska Darcy de. Elogio da Diferença. QUEIROZ, Fernanda Marques de. Não se rima amor e dor: cenas cotidianas de violência contra a mulher. STEVENS, Cristina (Org.). Maternidade e Feminismo – Diálogos Interdisciplinares. RAGO, Margareth. Do Cabaré ao Lar. RAGO, Margareth. Os Prazeres da Noite – Prostituição e Códigos da Sexualidade Feminina em São Paulo (1890-1930). 3. National Research by Domicile Sample (PNAD), in 2008 the economist André Urani, co-founder of the Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), developed a comparative analysis about the evolution of life conditions between 1993 and 2008 in the ten principle metropolitan regions of the country, reaching the conclusion that poverty among women is much more evident. http://blog. controversia.com.br/2010/01/30/a-extremapobreza-feminina/ Accessed on: 6 March 2011. 4. The dialogue between Arnold Bennett and Virginia Woolf in 1920 gave rise to writings entitled “The Intellectual Status of Women.” In this work, Bennett exclaims: “Can anyone cite the name of a woman recognized worth in the field of philosophy, or the name of a woman who has made any scientific discovery of worth, or reached any generally important theory? …. Even though it may be true that 242 some small percentage of women are as intelligent as men, the intellect is a masculine specialty.” Still, regarding gender inequality and the lack of liberty for women, read Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens by Nísia Floresta (written in a time when a vast majority of women lived enshrowded in proconceptions – 1832). Read as well: Wollstonecraft, Mary. A Vindication of the rights of woman. London, 1919; the collection of articles Desigualdade de Gênero no Brasil: Novas Ideias e Práticas Antigas, 2010; Igualdade de Gênero e Raça no Trabalho: Avanços e desafios from the International Work Organization; the article “They took me and they told me nothing – Female genital mutilation in Iraqi Kurdistan” from Human Rights Watch, 2010. 5. On the “preference” for male sons see: Forna, Aminatta. Mãe de todos os mitos: como a sociedade modela e reprime as mães; Dalla, Eduardo. Negligência Familiar, o que eu aprendo eu ensino http://www.webartigos. com/articles/43213/1/Negligencia-Familiar-oque-eu-aprendo-eu-ensino/pagina1.html; “Em uma sociedade onde o gênero é tudo, meninas se transformam em meninos,” Veja (for the New York Times), 2011. http://veja.abril.com. br/noticia/internacional/quando-o-genero-etudo-meninas-serao-meninos-no-afeganistao/ imprimir. 6. On the second wave of the feminist movement, provided are some insightful studies: Whelehan, Imelda. Modern feminist thought: from the second wave to “post-feminism.” Edinburgh: Edinburgh University Press, 1995. Hanisch. New Intro to “The Personal is Political” – Second Wave and Beyond. The Personal Is Political. 7. For deeper study, see: Echols, Alice. Daring to be bad: radical feminism in America, 19671975. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1989; Price, Janet. Feminist theory and the body: a reader. New York: Routledge, 1999; Butler, Judith. “Feminism in Any Other Name,” Differences 6 (March 1992): 30; Messer-Davidow, Ellen. Disciplining feminism: from social activism to academic discourse. Durham, North Carolina: Duke University Press, 2002. 8. Regarding elements of gender, read: Scott, Joan. Gênero: Uma Categoria Útil para a Análise The Search for Female Empowerment and Gender Equality Histórica. Translated by SOS CORPO. Recife, Pernambuco, 1989. 9. See Note 4 above. 10 Research carried out by the Avon Institute and Ibope shows that domestic violence tops a ranking of fears Brazilians carry at 56%, worrying more than AIDS and breast cancer. Source: www.institutoavon.org.br/2010. Accessed on: 18 March 2011. 11. “Smuggling immigrants and human trafficking for prostitution and slave labor have become two of the fastest growing worldwide problems in recent years. The Global Programme against Trafficking in Human Beings will enable countries of origin, transit and destination for these phenomena to develop joint strategies and practical action against the trade in human beings.” From the United Nations Office against Drugs and Crime (UNODC). Human trafficking in Brazil. Available at <http://www. unodc.org/unodc/en/crime_prevention.html>. Accessed on: 18 March 2011. 12. National Public Opinion Survey – Domestic and Family Violence against Women. Secretariat of Research and Public Opinion in the Senate, February 2009. Available at: http://www. senado.gov.br/noticias/opiniaopublica/pdf/ datasenado/DataSenado-Pesquisa Violencia_ Domestica_e_Familiar_contra_a_Mulher.pdf. Accessed on: 28 March 2011. More studies about gender: ARAUJO, Paulo Magalhães (Org.). Desigualdade de Gênero no Brasil: Novas Ideias e Práticas Antigas. São Paulo: Argvmentvm, 2010. 13. UNODC. Report on Human Trafficking for Sexual Exploitation in Europe. Presented on July 29, 2010. Available at: http://www.unodc. org/documents/southerncone//Topics_TIP/ Publicacoes/TiP_Europe_EN_LORES.pdf Accessed on: 28 March. 2011. 14. Brazilian women now account for only 12.5% of people working in the technology market. “All about digital marketing.” March 18, 2011. Available at: http://tudosobremarketingdigital. wordpress.com/2011/03/18/mulheres-saominoria-no-mercado-brasileiro-de-tecnologia/. Accessed on: 28 March 2011. 15. According to data from the Supreme Electoral Tribunal (TSE), women make up more than 51% of the Brazilian electorate. However, the right to be voted on is not yet fully exercised, as shown by the figures of women candidates presented by political parties in the 2010 elections. Only 22.4% of all applications for candidacy were for women. Last updated on October 1, 2010. Available at: www.tse.gov.br. Accessed on: 28 March 2011. 16. A survey conducted by IBGE reveals that women act as head of household in 34.9% of Brazilian homes, but they occupy only 47.2% of senior positions in the labor market, compared to 68.6% of men (2008). Data taken from The Globe Journal, 09 October 2009. Available at: http://oglobo.globo.com/pais/ mat/2009/10/08/ibge-34-9-das-mulheres-saochefes-de-familia-767959955.asp. Accessed on: 28 March 2011. 17. The UNDP (United Nations Development Programme), in an interesting article on its website, defines the feminization of poverty and asserts that women are the majority among the poor and their income does not accompany the men. Source: http://www. pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/ index.php?id01=3020&lay=pde. Accessed on: 18 March 2011. 18. Established in April 2009, the Women of Peace project was implemented by the National Public Security and Citizenship Program (PRONASCI) as a mechanism for empowering women and community leaders mostly aimed at promoting values such as ethics and citizenship in order to transform them into peer agents of acquired knowledge. This project was elaborated by the Ministry of Justice and conducted by the Universidade de Fortaleza but it still had the support of Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico in the form of six (6) scholarships for technical support. In all, 300 women were selected as participants of this initiative, all residents in areas of social vulnerability. They had a responsibility to participate in the classes of training course, 400 in-class hours, developed by the Universidade de Fortaleza. As well, the women indicated and accompanied other young (between 15 and 24 years) residents of the Bom Jardim region to participate in other projects developed by PRONASCI. The Universidade de Fortaleza selected and taught the course in addition to hiring the multidisciplinary technical team to monitor the work of Women of Peace. The project ended in September 2010. The Universidade de Fortaleza conducted the course and the activities, basing the overarching themes as on gender, human rights and conflict mediation in order to reach the fundamental objective: revocer the dignity lost or hidden 243 Lilia Maia de Morais Salese e Mariana Almeida de Sousa behind the mantle of fear that results from exclusion. 19. For more information on the concept of empowerment and the lessons of Paulo Freire on empowerment, see: Valoura, Leila. Paulo Freire, the Brazilian educator, author of the term empowerment in its transformative sense. Available at: http://www.paulofreire.org/pub/ Crpf/CrpfAcervo000120/Paulo_Freire_e_o_ conceito_de_empoderamento.pdf Accessed on 25 mar. 2011. Also: Freire, Paulo. Pedagogia da Esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido, 1992. 20. STROMQUIST, Nelly. La búsqueda del empoderamiento: en qué puede contribuir el campo de la educación. In: Magdalena León, Poder y empoderamiento de mujeres, UN, Facultad de Ciencias Humanas. Santa Fé de Bogotá: T/M Editores, 1998. 21. Capacity-building classes occurred from August 2009 until May 2010, meeting three times weekly. The methodology employed a low number of professors, keeping in mind the importance of building direct links between the women participants and the professionals. This bond was critical to the credibility of the project and to establish trust, which resulted in a commitment by women (attendance, punctuality, class participation and execution of tasks). Furthermore, we adopted a methodology that required active participation of women, including in the development of educational content. The commitment to pedagogy of autonomy (Paulo Freire) ensured 244 the inclusion and development of critical thinking. We emphasized empowerment, while the knowledge gained throughout the ninemonth course was instrumental in changing the course of many women’s lives. The daily monitoring of women by the multidisciplinary and qualified technical team was instrumental in implementing appropriate activities for women. The activities of a psychologist allowed monitoring the women in how they dealt with psychological problems in general. The practice of the logbook, where women wrote about their day-to-day work as a therapeutic activity and also to put matters in collective discussion, served its purpose. The activities of the social worker, the educator and sociologist guaranteed general information about how to give referrals to situations faced by women. Working with the advice of the lawyer allowed the continuous clarification on all legal questions that arose from the course and practice of women activities. The work of the multidisciplinary team inspired the women so much that, in journal entries about future dreams after entrance exams into university courses were announced, most participants declared their desires to participate in courses related to the technical professionals of the research. All activities undertaken by women were discussed and followed up by the technical team. The preparation of the booklet of the social network helped women with information on all social facilities in the Greater Bom Jardim area, which greatly facilitated the work of women in the region. CULTURA POLÍTICA Y EJERCICIO CIUDADANO ESPECIAL: REFERENCIA A SU IMPACTO EN LA PREVENCIÓN DE DELITO Luis Felipe Guerrero Agripino Doctor en Derecho por la Universidad de Salamanca, España; Rector del Campus Guanajuato de la Universidad de Guanajuato. I. INTRODUCCIÓN II. DEMOCRACIA PARTICIPATIVA Una de las demandas ciudadanas más intensas en nuestro País es por la seguridad pública. La angustia ocasionada por la delincuencia influye en la dinámica de las relaciones sociales. Como reacción a la demanda ciudadana la respuesta institucional, desde hace más de diez años, se ha intensificado, sobre todo en el endurecimiento del sistema de justicia penal. En contrapartida, un gran sector de expertos hace énfasis en la necesidad de orientar los derroteros institucionales hacia el terreno de la prevención. Desde esta óptica el papel del ciudadano representa un aporte fundamental, asume un rol indispensable en el desarrollo y consolidación de la democracia; se posiciona como un factor clave en la reconfiguración de los compromisos del pacto social. Al respecto, cobran importancia el surgimiento de nuevas modalidades de organización del Estado. Y la construcción de escenarios orientados a fortalecer la gobernabilidad, así como la diversificación de estructuras de autoridad en distintos niveles de la sociedad1 que propicien el desarrollo democrático en la reconfiguración del estado contemporáneo.2 Los aspectos referidos constituyen el eje toral de este artículo: La cultura política y el ejercicio ciudadano, fundamentalmente en el ámbito de la prevención del delito. El trabajo se elabora a partir de la precisión del marco conceptual de los elementos señalados, para posicionar nuestra postura: la participación responsable de la ciudadanía resulta indispensable en el gran reto de prevenir delitos. Indudablemente, en un país como el nuestro donde las instituciones son sistemáticamente cuestionadas, debemos insistir en cambiar paradigmas a fin de que la ciudadanía no sólo se perciba como receptora de los beneficios o perjuicios de lo que acontece en su entorno, sino como factor decisivo de su transformación. La consolidación de la democracia no se agota en las urnas. La transparencia electoral, es apenas el inicio en la construcción de sociedades con mayores niveles de equidad y seguridad; de escenarios sociales en los que existan condiciones mínimas para el desarrollo de la vida social. Existen otros factores que de manera positiva o negativa inciden en dicha consolidación. Por ejemplo, en nuestro País la percepción de inseguridad social generada por el incremento de la violencia y de la actividad delictiva, sobre todo la vinculada con la delincuencia organizada,3 ha incidido de manera desfavorable en la dinámica social. El sistema de justicia penal no se encuentra en su mejor momento. Sus instituciones y sus políticas no han logrado sancionar ni prevenir eficazmente los delitos, pese a los reiterados esfuerzos por endurecerlo.4 Existe desconfianza en las instituciones públicas, a tal grado que en ocasiones la ciudadanía ha tomado la justicia en propia mano, lo que representa, sin lugar a dudas, un problema de gobernabilidad.5 La falta de credibilidad y de confianza en las instituciones públicas, además de los problemas de representatividad y de representación,6 característicos de la democracia representativa ortodoxa, generan procesos de desarticulación y fragmentación social. Estos procesos impiden enfrentar exitosamente los problemas sociales del complejo mundo contemporáneo,7 entre ellos la delincuencia que en la actualidad destaca por la alarma social que ha generado. Al respecto, resulta aplicable la reflexión de Elisa Bin: … en el seno de la Sociedad Civil se ha producido un cambio que se expresa no sólo en la exteriorización de la sensación de malestar por la pérdida del bienestar general, sino también en el fortalecimiento de los nuevos movimientos sociales ante el debilitamiento y 245 Luis Felipe Guerrero Agripino retroceso del Estado para atender la demanda social…” 8 En el ámbito de la seguridad pública, los movimientos ciudadanos abarcan diversas estructuras organizativas y pretensiones. Un ejemplo de ello son las agrupaciones vecinales que mediante la generación de redes de auto protección, estrategias y dispositivos de seguridad situacional y vigilancia compartida, pretenden reducir los márgenes de inseguridad. Otro ejemplo lo constituyen organismos no gubernamentales como México Unido Contra la Delincuencia, desde los que se promueve, en ocasiones, el mismo discurso gubernamental: endurecimiento del sistema penal. La incorporación de la seguridad pública o la incidencia delictiva como temas urgentes de la agenda nacional resulta loable siempre y cuando se le vinculen con otras prioridades que precisamente inciden en el ámbito en cuestión. No se trata de minimizar la problemática, ni mucho menos restarle importancia a la impotencia que se genera en las víctimas, pero en nada favorece descuidar otras políticas económicas y sociales. El rigor en el tratamiento del problema debe anteponerse a cualquier tentación propagandística. Al respecto, resulta acertada la apreciación de Zygmunt Bauman:9 … La lucha contra el crimen, como el crimen mismo, sobre todo aquel que atenta contra el cuerpo y la propiedad privada, produce un espectáculo excelente, emocionante, muy entretenido… La consecuencia más general de todo esto es la autopropulsión del miedo. La preocupación por la protección personal, influida y recargada de significados que la desbordan debido a los afluentes de inseguridad existencial e incertidumbre psicológica, se alza sobre los otros miedos expresados y hunde los demás motivos de ansiedad en una sombra cada vez más profunda… Qué alivio para los gobiernos: nadie o casi nadie los apremiará a ocuparse de cosas que sus manos pequeñas o débiles no puedan sostener. Sin dejar de lado las bondades de la iniciativa ciudadana para coadyuvar en el tratamiento de la delincuencia, existe el riesgo de que se propicie el fenómeno de la subsidiariedad inversa,10 en el que la ciudadanía toma por cuenta propia los problemas que la administración pública sola no ha logrado resolver. Precisamente para ello es necesario que esta participación social se realice dentro del marco que impone el Estado de derecho. La 246 participación social en el marco de la democracia participativa representa una opción viable para fortalecer el desarrollo democrático, para generar políticas públicas en las que ciudadanos, sociedad civil organizada y gobierno asuman el fenómeno delictivo, no sólo desde la sanción, sino desde la prevención social del delito. La presencia de la ciudadanía como factor clave en la toma de decisiones estatales de hecho es inmanente a la concepción de la democracia, desde diversas expresiones. Una de ellas, quizás la de mayor nivel de institucionalidad es la representación. No obstante, el aparato público debe reconocer y garantizar la participación ciudadana en la toma de decisiones de los asuntos de interés público vitales para el desarrollo democrático. Es menester que la sociedad participe responsablemente en la búsqueda de soluciones a los problemas que la aquejan. Esto requiere compromiso de los actores: gobierno con apertura y sociedad responsable.11 Esta configuración permite la construcción de una política criminal susceptible de “conciliar de la mejor manera posible tanto la prevención general, como la prevención especial… con la satisfacción de los derechos de la víctima”.12 Esta perspectiva, desde luego, representa un enfoque distinto a una política criminal enfocada sólo al endurecimiento del sistema de justicia penal. La democracia participativa se perfila como una alternativa que promueve la ampliación de los derechos ciudadanos, por medio de la participación proactiva en el proceso de consolidación democrática, para reducir la crisis de desconfianza institucional. Asimismo, se fomentan los sentidos de pertenencia y de identidad del ciudadano con su entorno, más allá de la representación popular.13 De esta manera, la democracia participativa se orienta hacia una reconsideración de la democracia constitucional, en la que el electorado no sólo adquiere la categoría de detentador supremo del poder, ejerciendo un control final sobre el gobierno,14 por medio de la organización electoral y de la acción de los partidos políticos, sino por su participación activa, libre y responsable en la toma de decisiones fundamentales y en la evaluación del desempeño institucional, para consolidar el Estado Constitucional.15 Aunado a lo anterior, en un Estado democrático de Derecho, es necesario delimitar la magnitud de la toma de decisiones fundadas en la participación ciudadana mediante un acatamiento imprescindible: el respeto a los derechos Cultura Política y Ejercicio Ciudadano Especial: Referencia a su Impacto en la Prevención de Delito fundamentales, máxime en el terreno del sistema penal. En este ámbito no es suficiente apelar a la voluntad de las mayorías para justificar decisiones que vulneran los márgenes de un sistema garantista. Incluso, en un caso extremo las propias unanimidades pueden resultar inadmisibles si el sentir es contrario a los postulados derivados de los derechos fundamentales. III. CULTURA POLÍTICA Y EJERCICIO CIUDADANO La participación ciudadana requiere de una condición para que se canalice de manera acorde: la cultura política. A continuación haremos algunos planteamientos al respecto. La complejidad del escenario social contemporáneo y el desarrollo de la democracia han modificado las relaciones entre mercado, sociedad y gobierno. Gobernabilidad ahora no se define sólo como Estado –administración pública– o como mercado. Tampoco es posible identificarla exclusivamente como sociedad, es necesario construir y promover una nueva cultura política que oriente la agenda pública en el marco de las democracias constitucionales. La reconfiguración del pacto y los nuevos acuerdos que se realicen han de incorporar garantías de previsibilidad y de compromiso de los actores.16 Al margen de las diferencias en torno a la definición de cultura política,17 es posible identificarla como el “conjunto de ideas y valores capaces de determinar los límites, las mediaciones, las posibilidades y los intercambios entre el gobierno, el mercado y la sociedad civil”.18 Bajo esta dinámica, valores democráticos como libertad, tolerancia y respeto, entre otros, orientan las relaciones entre los actores sociales, con demandas ciudadanas responsables frente a un aparato público obligado a rendir cuentas, pero también, sobre todo, con una participación social responsable a través de canales institucionales. 1. Relación Gobierno-Ciudadano Bajo esa panorámica, resulta pertinente dimensionar la relación gobierno-ciudadano. Para tal efecto se aprecia factible asumir una premisa: “La fuerza más poderosa que posee el individuo es su propio gobierno. O de gobiernos, porque la multiplicidad de niveles significa multiplicidad de fuerzas”.19 En efecto, siguiendo a John Ralston, una característica básica del individualismo es que precisamente el individuo vive en sociedad, aunque la cuestión está en determinar cuál será la forma que adoptará esa sociedad. En dicha forma se sustenta la legitimidad y de aquélla se derivan cuatro opciones: un dios, un rey, unos grupos o la ciudadanía de los individuos actuando como un todo. Ahora, ante la pregunta de si los individuos pueden ser un sustitutivo del gobierno, la respuesta en democracia es que son el gobierno mismo, “el mito del individuo triunfante y sin ningún género de vínculos es puro romanticismo”.20 Ante la pregunta ¿qué tipo de gobierno?, debe corresponder más bien gobierno… ¿de quién?, pues si los individuos no ocupan la posición que legítimamente les corresponde, éste será ocupado por un dios, un rey o una coalición de grupos de interés. En otras palabras, si los ciudadanos no ejercen el poder que les confiere su legitimidad, otros lo harán. Por otro lado, los propios límites que los ciudadanos establezcan al propio poder emanado de ellos es símbolo de la propia fuerza democrática. Es decir, no basta la existencia de un gobierno emanado de la ciudadanía, sino la presencia de un gobierno con límites, que actúe en el marco de una actuación previamente establecida. Pero hablamos de límites –y son los que deben cuidar celosamente la ciudadanía– no de antagonismos irracionales. De acuerdo al propio Ralston, al identificar al gobierno como su enemigo, muchos individuos se han centrado casi exclusivamente en la burocracia gubernamental. Opinan que esa burocracia se ha impuesto, lo cual constituye un temor justificable, pero atacar el problema con ese planteamiento es un error que invita a otros mucho peores.21 2. Factores que inciden en la Cultura Política En la conformación de una cultura política que fortalezca el desarrollo democrático es posible ubicar algunos factores. Primeramente la relación compleja entre gobernabilidad y democracia. Por sí mismas las instituciones democráticas no resuelven los problemas de gobernabilidad. Es necesario distinguir la eficacia gubernamental –sobre actores clave: empresarios y líderes de opinión, entre otros–, y los acontecimientos cruciales –por ejemplo devaluación y seguridad pública– de la forma de gobierno. Por otro lado, el compromiso estatal implica que el actuar del gobierno se desarrolle mediante una administración pública no sólo eficiente y eficaz, sino transparente, cuyos límites de actuación sean los derechos fundamentales. 247 Luis Felipe Guerrero Agripino Existe otro factor: el fenómeno de la globalización. Es de tomar en cuenta la estrecha interrelación que en la actualidad se ha producido entre Estados, debido a la ampliación de los mercados y al desarrollo tecnológico de las telecomunicaciones. En virtud de dicho fenómeno la vida interna de un Estado, las prácticas sociales en su interior y el diseño de las políticas públicas no pueden estar al margen del compromiso estatal con la comunidad internacional. De esa interacción es preciso preservar la identidad propia nacional en el marco de la diversidad y la multiculturalidad. Además, los procesos de globalización han estado revestidos de cierta hegemonía, lo cual ha provocado, en todo el mundo, la intensificación de la exclusión social y la marginación de grandes sectores de la población. Ante tales procesos han surgido reacciones importantes de diverso tenor: resistencias, iniciativas y movimientos populares que como reacción a tal exclusión pretenden abrirse espacios a la participación democrática, para propiciar su inclusión. Boaventura de Sousa precisa que este tipo de movimientos, en virtud de que no hablan el mismo lenguaje hegemónico de la globalización, suelen adoptarse como reacciones per se contra la globalización, pero lo cierto es que tienen dimensiones mucho más propositivas. Dichas modalidades se suelen presentar tanto en contextos urbanos como rurales e incluyen a ciudadanos comunes o grupos especialmente vulnerables y abordan una gran variedad de cuestiones como la autodeterminación, la biodiversidad, la justicia comunitaria, etc. Asimismo, mantienen relaciones diversas con el Estado, desde el distanciamiento total, hasta la confrontación, pasando por la complementariedad.22 Ahora bien, la responsabilidad ciudadana, como principio de la cultura política, subraya la responsabilidad plena, en el ámbito de su competencia, del ciudadano en dos sentidos: la racionalidad de sus demandas y el cumplimiento de sus compromisos. Como corolario a lo anterior, cobra trascendencia la integración de valores, en el marco de la multiculturalidad, en el que prevalezca el respeto a la diversidad y se favorezca la inclusión lo cual no resulta sencillo en una sociedad globalizada inmersa en mecanismos de interacción y de exclusión altamente polarizados. Al respecto resulta oportuna la referencia de Arendt: “Lo que hace difícil de soportar a la sociedad de masas no es el número de personas, o al menos no de manera fundamental, sino el hecho 248 de que entre ellas el mundo ha perdido su poder para agruparlas, relacionarlas y separarlas”.23 Una cultura política delineada con integración de valores forja ciudadanos proactivos, capaces de nombrar a sus representantes y de organizarse para defender sus derechos y para influir en el rumbo político del Estado. En este contexto, gobierno y sociedad se encuentran comprometidos con la dirección de las políticas públicas. Son corresponsables de sus consecuencias. Por un lado, la administración pública es responsable por diseñarla y operarla. Por otra parte, la ciudadanía tiene la responsabilidad de vigilar su cumplimiento y de participar en su ejecución, dentro de su respectivo ámbito. IV. PARTICIPACIÓN CIUDADANA EN LA PREVENCIÓN DEL DELITO 1. La tendencia nacional La seguridad pública representa uno de los temas de la agenda nacional en los que con mayor ahínco se ha manifestado la ciudadanía. La percepción de inseguridad, provocada por el incremento de la violencia y la participación de los medios,24 ha intensificado la reacción punitiva del Estado y al mismo tiempo se insiste en la necesidad de generar proyectos preventivos. No obstante esta doble pretensión, como contenidos de la política criminal, lo cierto es que no se ha logrado restaurar la tranquilidad ciudadana. La impunidad cercana al 98%, el incremento en diversas ciudades del País de la violencia vinculada al crimen organizado y destinar el 70% de los recursos en la investigación y sanción de delitos convencionales, hacen que la población viva con el temor de ser victimizados.25 La necesidad de seguridad, al margen de los referentes en la integración personal y social, ha desencadenado una relación circular entre delito y sistema penal. La política criminal se ha vuelto autorreferencial: represión y prevención la integran, preponderantemente desde el ámbito penal, desde las teorías relativas de la pena, en las que se pretende al mismo tiempo sancionar y prevenir.26 Al margen de los resultados hasta ahora obtenidos,27 las aspiraciones preventivas siguen presentes tanto en la esfera gubernamental como en el sentir ciudadano. No obstante, la prevención del delito debe ubicarse en un marco conceptual que nos permita precisar qué entendemos por eso. Si no es así se estaría en una acepción carente Cultura Política y Ejercicio Ciudadano Especial: Referencia a su Impacto en la Prevención de Delito de contenido o, lo que es peor, en un eslogan publicitario carente de resultados. A continuación referimos algunas orientaciones al respecto. 2. Marco teórico de la prevención y de la participación ciudadana La Prevención, en sentido estricto, es definida como la intervención previa en el entorno con el propósito de evitar la aparición o magnitud de un evento, en este caso disminuir la frecuencia y la violencia empleada en la comisión de delitos. La intervención puede realizarse en tres niveles, por ello es factible identificar estrategias de prevención primaria, secundaria y terciaria. En el primer nivel, la prevención primaria identifica las medidas y acciones orientadas a la sociedad para propiciar condiciones acordes que favorezcan el cumplimiento del orden jurídico. Este tipo de intervención, en términos generales, es a largo plazo y requiere de políticas públicas que involucran a diversos sectores de la sociedad. Su nivel de incidencia está en todo el contexto social. En este nivel, la participación ciudadana se encuentra orientada hacia la contribución en el diseño de políticas públicas, en la que participan organismos no gubernamentales, grupos vecinales o ciudadanos independientes. En el marco de una nueva prevención, el ejercicio ciudadano en este ámbito no está restringido al terreno eminentemente penal o de seguridad pública. La prevención en este rubro requiere, ante todo, de la participación responsable en otros ámbitos. Por ejemplo, de la cultura de la legalidad, del compromiso social y de la lucha por disminuir las grandes diferencias entre los integrantes de los extremos de pobreza y riqueza; la promoción y vigencia real de los derechos a la educación, a la administración de justicia, al trabajo y a la intimidad representan, entre otros, los ámbitos de intervención,28 de participación ciudadana como ejercicio responsable de ciudadanos comprometidos. El segundo nivel, prevención secundaria, está orientado a evitar infracciones y a disminuir riesgos específicos, ya sea desde la perspectiva de la víctima o del delincuente. Este nivel de prevención constituye un espacio en el que la participación ciudadana encuentra terreno fértil en la construcción de escenarios sociales en los que se que fortalezcan los lazos de cohesión social. La participación en este nivel implica incidencia en factores específicos de riesgo, grupos vulnerables, zonas de riesgo o concurrencia de delitos específicos. Es aquí donde confluyen las acciones de política pública, desde la administración gubernamental y desde la organización ciudadana, en un doble sentido: tanto por el ejercicio ciudadano participativo en la política pública como por el apoyo institucional para la iniciativa ciudadana, por ello la caracterizan la confluencia y corresponsabilidad de autoridades y ciudadanía. En las intervenciones preventivas participan activamente actores gubernamentales y ciudadanos. Por medio de la creación de redes sociales e interinstitucionales se busca fortalecer los vínculos sociales entre ciudadanos y entre éstos y la autoridad. Programas como Colonia Segura en Naucalpan; Barrio Seguro en Chile y Comunidades Justas y Seguras de las Universidades de Toronto y Rosario, entre otros,29 son ejemplo de este tipo de programas. También se ubican en este rubro las estrategias de prevención situacional, tendientes a disminuir el riesgo delictivo a través del empleo de dispositivos que obstaculicen la comisión de delitos. Finalmente, la prevención terciaria está orientada a evitar la reincidencia.30 En este nivel la participación ciudadana se encuentra presente, sobre todo, por medio de la participación de la sociedad civil organizada, organismos no gubernamentales y agrupaciones de ciudadanos en actividades culturales, deportivas sociales, religiosas y económicas, entre otras, tendientes a promover la vigencia de los derechos de los sentenciados. Mediante este acercamiento se favorece la interacción con la sociedad, por parte del interno, y se fomenta su sentido de responsabilidad. 3. Marco constitucional En las últimas reformas a la Constitución Política de los Estados Unidos Mexicanos, al artículo 21, que regula el ámbito de competencia en la investigación de los delitos, se le incorporaron dos incisos que marcan la pauta para la generación de orientaciones político criminales con un enfoque preventivo y para la regulación de la participación ciudadana. Dichos preceptos señalan: Artículo 21.- La investigación de los delitos corresponde al Ministerio Público y a las policías, las cuales actuarán bajo la conducción y mando de aquél en el ejercicio de esta función. Las instituciones de seguridad pública serán de carácter civil, disciplinado y profesional. El Ministerio Público y las instituciones policiales de los tres órdenes de gobierno deberán 249 Luis Felipe Guerrero Agripino coordinarse entre sí para cumplir los objetivos de la seguridad pública y conformarán el Sistema Nacional de Seguridad Pública, que estará sujeto a las siguientes bases mínimas. c) La formulación de las políticas públicas tendientes a prevenir la comisión de delitos. d) Se determinará la participación de la comunidad que coadyuvará, entre otros, en los procesos de evaluación de las políticas de prevención del delito así como de las instituciones de seguridad pública. 4. Marco legislativo secundario En el ámbito de la legislación secundaria, la Ley General del Sistema Nacional de Seguridad Pública,31 en el Título Primero, Disposiciones Preliminares, artículo 2, párrafo segundo, establece que: El Estado desarrollará políticas en materia de prevención social del delito con carácter integral, sobre las causas que generan la comisión de delitos y conductas antisociales, así como programas y acciones para fomentar en la sociedad valores culturales y cívicos, que induzcan el respeto a la legalidad y a la protección de las víctimas. Este mismo ordenamiento, en el Título Octavo, De la Participación de la Comunidad, Capítulo Único, De los Servicios de Atención a la Población, artículos del 128 al 134, regula los términos de la participación. 5. Acuerdo nacional por la seguridad, la justicia y la legalidad El 25 de agosto de 2008 se publicó en el Diario Oficial de la Federación el Acuerdo nacional por la seguridad, la justicia y la legalidad. Se trata de una declaración sustancial con repercusiones en distintos ámbitos del sistema de justicia penal y de seguridad pública. Lo suscribieron los Poderes Ejecutivos Federal y Estatales, Congreso de la Unión, Poder Judicial Federal, representantes de las asociaciones de Presidentes Municipales, medios de comunicación y las organizaciones de la sociedad civil, empresariales, sindicales y religiosas. De dicho acuerdo se derivan 74 líneas de actuación y se alcanzan a derivar las siguientes premisas. “1. La política de seguridad es una política de Estado. 250 2. La coordinación, cooperación e intercambio de información entre los tres Poderes de la unión y los tres órdenes de gobierno, es condición indispensable para garantizar la seguridad pública. 3. Cada uno de los poderes y cada uno de los órdenes de gobierno debe ejecutar la parte que le corresponde, en el marco de sus atribuciones, para cumplir los compromisos asumidos de acuerdo con las metas y los tiempos convenidos. 4. El acuerdo debe sumar de manera fundamental a los ciudadanos, la sociedad civil y a sus organizaciones más representativas, incluyendo las sindicales, empresariales y religiosas. 5. De la misma manera el éxito del acuerdo nacional requiere de la participación responsable de los medios de comunicación para que, en el marco de la libertad de e la expresión, se promueva la cultura de la legalidad, la denuncia y la participación ciudadana, la prevención de adicciones y la transparencia de las acciones de las autoridades. 6. Cada compromiso particular suscrito por los firmantes del acuerdo deberá hacerse del conocimiento de la sociedad e incluirá mecanismos transparentes de rendición de cuentas, con base en un sistema de indicadores de seguimiento y evaluación. 7. Es necesaria la participación de una instancia ciudadana con amplio respaldo público y social, para que dé seguimiento y evalúe el cumplimiento de los acuerdos mediante indicadores de gestión. 8. El acuerdo debe tener una vigencia de largo alcance que trascienda la temporalidad del encargo de quienes lo suscriben”. De las 74 líneas de actuación que se derivan de dicho Acuerdo, por lo que al tema abordado en el presente trabajo atañen, es de resaltarse las siguientes: “XX. Instrumentar campañas para promover la cultura de la legalidad. XXI. Fortalecer la atención a personas con problemas de adicciones. XXII. Fortalecer el programa de rescate de espacios públicos. XXXIII. Fortalecer el programa de Escuela Segura. XXVI. Promover la creación de un observatorio ciudadano que vigile y supervise el cumplimiento de los compromisos. Cultura Política y Ejercicio Ciudadano Especial: Referencia a su Impacto en la Prevención de Delito XXVII. Crear indicadores de desempeño de las instituciones policiales y de procuración de justicia con la participación de instancias ciudadanas. XXVIII. Incluir en los programas de estudio la cultura de la legalidad, el combate a las adicciones, el respeto a los derechos humanos y la transparencia. LXVIII. Promover entre integrantes de las organizaciones de la sociedad civil la cultura de la legalidad, la denuncia y la participación ciudadana.” V. CONSIDERACIÓN FINAL La cultura política singular de un Estado democrático se sustenta en el rol proactivo que asumen gobierno y ciudadanía. Este esquema favorece para que, incluso, las organizaciones de la sociedad civil asuman que muchos de los problemas podrían resolverse sin necesidad de llegar ante las autoridades de su entorno. El ciudadano como actor de primer orden en la configuración de la política pública le permite trascender, de mero espectador de la decisión gubernamental a partícipe de la política estatal, incidiendo activa y comprometidamente en los programas y acciones de los tres niveles de la prevención. Ante el temor de ser victimizada, la ciudadanía puede optar, ante la desesperación, por políticas públicas y acciones ciudadanas que deterioren el tejido social y minen los procesos democráticos sin disminuir realmente el impacto de la comisión de delitos. Las Políticas fundadas en concepciones intolerantes y eminentemente represivas pueden ser para alguien discursivamente atractivas, pero no necesariamente acordes a un modelo democrático. La prevención secundaria no escapa a estos riesgos. Las medidas extremas de prevención situacional, el incremento del empleo de dispositivos tecnológicos para preservar la seguridad, lo mismo que las acciones cosméticas, por ejemplo las políticas de seguridad de cero tolerancia, construyen escenarios sociales de exclusión e incrementan la violencia. En la prevención terciaria, el desapego social y la exacerbación de la venganza institucionalizada, producen efectos similares. El acuerdo nacional representa un punto de partida aceptable, pero insuficiente si no impacta de manera trascendente en el diseño de otras políticas públicas. 251 Luis Felipe Guerrero Agripino FUENTES BARATTA, Alessandro, “Entre la política criminal de seguridad y la política social en países con grandes conflictos sociales y políticos”, trad. de Fernando Tenorio Tagle, Revista Alter de Teoría, Filosofía y Sociología del Derecho, Universidad de Campeche, Centro de Investigaciones Jurídicas, México, núms. 4-5, enero-agosto de 1998. BAUMAN, Zygmunt, La globalización (consecuencias humanas), 2ª ed., trad. de Daniel Zadunaisky, Porrúa, México, 2004. BOAVENTURA DE SOUSA, Santos: Democratizar la democracia. (Los caminos de la democracia participativa), Fondo de Cultura Económica, México, 2004. BOBBIO, Norberto, Estado, gobierno y sociedad, por una teoría general de la política, Fondo de Cultura Económica, México, 1999. _______________. Liberalismo y democracia, trad. de José F. 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