ERA UMA VEZ O MUNDO - parecer Rosemary Lacerda Ramos A obra Era uma vez o mundo, de autoria de Kátia Rocha, tem sua quarta edição publicada, sinalizando a grande repercussão e adequação à educação das crianças, pois vem sendo largamente adotado por escolas interessadas no que propõe. A publicação favorece a construção de uma visão de mundo positiva e amorosa, o que, por correspondência, repercute no posicionamento da criança no percurso do texto. É uma obra convite às crianças da educação infantil a partir de seus 4 anos até a alfabetização. Com um texto leve e divertido, como devem ser os livros destinados aos pequenos leitores que começam a decifrar o código escrito, a obra, além de abordar a construção de laços de amizade, favorece olhar amorosamente para as diferenças, propiciando reflexões relevantes ao leitor mirim no contexto de seu conhecimento de mundo e sua formação pessoal e social. Em cada quadro apresentado no livro, descortina-se um pedaço do nosso planeta, que ganhará vida a partir da produção artística da criança. Assim, esta poderá desenvolver o gosto estético, evidenciando-se seus talentos, o que é fundamental na construção de uma imagem positiva de si mesmo. A publicação favorece a apropriação do sistema da escrita, a formação do produtor de texto, do intérprete, do leitor, do ser pensante, do ser social e o desenvolvimento de uma identidade cidadã, capaz de interagir consigo, com o outro e com o mundo, de forma construtiva. A marca identitária e inédita da coleção Ler e Ser instala-se aqui: ao convidar o leitor de todas as idades a participar da construção do livro, em uma atitude de “cooperação”, permite que ele tome “posse” da obra, ao tempo em que estimula a sua formação ética e estética. Esta premissa apoia-se nos constructos teóricos construtivistas e sociointeracionistas e pauta-se nos seguintes princípios: a) a criança é um ser social, dotado de conhecimentos prévios, fruto de sua inserção em uma comunidade que é histórica e cultural; b) o conhecimento não é dado, mas, sim, construído, de forma ativa, a partir da interação entre criança e objeto, sempre mediada pela cultura; c) a ludicidade é fenômeno e estratégia essencial para o desenvolvimento de uma prática educativa, que se propõe à emancipação intelectual do aprendiz, e à sedimentação do sentimento de cidadania, a partir da formação do leitor. Recomendo a obra Era uma vez o mundo para crianças da educação infantil e classes de alfabetização. Através dela é possível criar o hábito de “ler” histórias, ampliar o vocabulário, enriquecer o imaginário infantil, cuidar do livro e valorizá-lo. Constitui-se, pois, excelente recurso no processo de formação de leitores em tal fase de escolarização. Rosemary Lacerda Ramos Doutora em Educação / ludóloga e consultora educacional