Escore de Risco para Predição de Complicações Vasculares: o que temos, o que falta? Angelita Paganin Enfermeira Especialista em Cardiologia – IC FUC Mestre e Doutoranda em Enfermagem UFRGS Monitora do Serviço de Hemodinâmica e Endoscopia Hospital Unimed Caxias do Sul Procedimentos endovasculares percutâneos uso freqüente da dupla terapia antiplaquetária Tratamento Doenças Cardiovasculares regimes de anticoagulação mais agressivos Aumento de complicações vasculares Mert H, et al. Inter. J. of Nursing Practice 2012; 18: 52. Covello CM, et al. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2011 jul-ago; 9(4): 274-8. Incidência de complicações vasculares 1% a 14% Adicionalmente, tem sido uma das principais causas de morbidade e mortalidade Principais complicações vasculares: hematoma local, retroperitoneal, pseudo-aneurisma, sangramento e formação de FAV. Tempo de permanência hospitalar Custos diretos Desconforto ao paciente Riscos e eventos adversos Zanatta LG, et al. Rev Bras Cardiol Invas, 2008; 16(3): 301-306. 4.595 pacientes 5.485 stents 162 (3,3%)casos de complicação vascular (CV) Desfechos: 1) presença de hematoma > 10cm no local punção; 2) sangramento maior, caracterizado por queda Hb > 3g/dl ou necessidade de transfusão de concentrado de hemáceas; 3) necessidade de correção cirúrgica da complicação (hematoma retroperitoneal, pseudo-aneurisma ou FAV) Análise Multivariada Zanatta LG, et al. Rev Bras Cardiol Invas. 2008; 16(3): 301-306. Comparar em pacientes submetidos a ICP primária, a ocorrência de eventos cardiovasculares adversos isquêmicos e hemorrágicos graves aos seis meses de seguimento, conforme via de acesso arterial utilizada no procedimento. 47 centros Grupo femoral 410 Grupo Radial 178 As vias de acesso femoral e radial são igualmente seguras e eficazes para realização de ICP primária. Andrade PB, Arq Bras Cardiol. 2014; 102(6): 566-570. Técnica Radial Em 2009, metanálise com 23 ECR = acesso radial promove redução superior a 70% na prevalência de sangramento grave quando comparado ao femoral. Em 2011 estudo RIVAL que comparou 7.021 pacientes com SCA, mostrou redução de mortalidade de 61% favorável a técnica radial (1,3% versus 3,2% p=0,006) No estudo RIFLE-STEACS, com 1.001 pacientes incluídos, apontou benefício clínico significativo no uso do acesso radial, com menor taxa de mortalidade cardiovascular, AVE, IAM, revascularização do vaso alvo ou sangramento grave (13,6% versus 21% p=0,003). Recente metanálise envolvendo 12 estudos em ICP primária, já inclusos os resultados RIVAL e RIFLE-STEACS, com 5.055 pacientes, atestou redução de 45% no risco de morte e de 49% no risco de sangramento grave, beneficiando a técnica radial. Jolly SS, Am Heart J. 2009; 157(1): 132-40. Jolly SS, Lancet 2011; 377(9775): 1409-20. Romagnoli E, J Am Coll Cardiol. 2012; 60(24): 2481-9). Karrowni W, JACC Cardiovasc Interv. 2013;6(8): 814-23. Coorte Derivação: 9.954 Coorte Validação: 12.005 Fatores de Risco Mortalidade Odds Ratio Sem fatores 0,2 0,1 IAM < 24 dias 4,3 7,4 Creatinina elevada 4,8 4,4 Doença multiarterial 2,0 4,1 Idade > 65 anos 2,1 3,0 Sexo masculino 1,0 1,0 Sexo feminino 2,2 2,3 Diabetes 2,2 2,0 Doença arterial periférica 2,2 1,8 Fumante recente 1,1 0,7 Risk Score Risco I Nenhum dos 4 riscos selecionados (idade, creatinina, multiarteriais e IAM< 14 dias). Risco II Idade + creatinina; idade + Multiarterial; creatinina + multiarterial. Risco III IAM + idade; IAM + multiarterial; IAM + creatinina; idade + creatinina + multiarterial. Risco IV IAM + dois outros fatores. Qureshi MA, et al. Journal of American College of Cardiology. Vol 42, nº 11 2003: 1890-5. Distribuição dos pacientes conforme classificação de risco para as coortes Qureshi MA, et al. Journal of American College of Cardiology. Vol 42, nº 11 2003: 1890-5. Coorte Derivação: 46.090 Coorte Validação: 50.046 idade Fração de Ejeção sexo DAP IAM pré Doença Cardíaca Congestiva Estado hemodinâmico IR Doença ACE Risk Score Wu C, et al. Journal of the American College of Cardiology 2006; 47(3): 655-60. Coorte Derivação: 71.277 Coorte Validação: 17.857 Subherwal S, et al. Circulation 2009; 119: 1873-1882. Risk Score Subherwal S, et al. Circulation 2009; 119: 1873-1882. Lacuna Literatura Não identificamos escores de risco para complicações vasculares, que possam ser utilizados por enfermeiros durante a avaliação clínica nas suas rotinas assistenciais. Buscando direcionar as melhores intervenções e resultados para cuidar do paciente após procedimento intervencionista. Orientadora: Eneida Rabelo da Silva Co-orientadora: Mariur Beghetto Desenvolver e validar um escore de risco para ocorrência de complicações vasculares em pacientes submetidos a procedimentos intervencionistas em laboratórios de hemodinâmica. Estudo de Coorte; Multicêntrico (03 centros); Pacientes ≥ 18 anos, punção radial, braquial ou femoral, diagnósticos e terapêuticos, eletivos ou urgência. Resultados Preliminares Tabela 1. Características basais das coortes: Variable Derivation Cohort (n=1751) Idade, anos* 62,7±11 Sexo masculino, % 60,5 IMC* 27,9±4,8 Diabetes Mellitus, % 30,6 Hipertensão Arterial Sistêmica, % 83,3 Insuficiência Renal, % Método Dialítico, % IAM prévio, % DAC prévio, % CRM prévio, % Procedimento Hemodinâmico prévio, % Complicação Vascular em Hemodinâmica prévia, % Doença arterial periférica, % Tabagismo Tabagista, % Ex-tabagista, % Não tabagista, % Dislipidemia, % Validation Cohort (n=945) 63,2±11 58,4 28,1±4,7 29,6 87,1 p 0,29 0,28 0,40 0,60 0,009 3,4 1,3 18,2 53,1 9,9 42,5 3,4 0,8 20,8 51,4 9,3 41,3 0,96 0,28 0,09 0,40 0,63 0,52 10,6 10,9 0,82 10,2 9,8 0,79 0,69 15,8 41,6 42,6 65,2 14,7 41,3 44 65,5 0,87 *média e desvio padrão. Paganin A, Rabelo E, Beghetto M. Projeto Tese Doutorado UFRGS, 2014 Resultados Preliminares Tabela 2. Características técnicas das coortes: Variable Procedimento Cateterismo Cardíaco, % Intervenção Percutânea Coronária, % Tempo Exame** Heparina em sala** Tamanho introdutor 4F, % 5F, % 6F, % 7F, % 8F, % 9F, % Derivation Cohort (n=1751) Validation Cohort (n=945) p 0,11 76 24 73,2 26,8 00:30 00:30 (00:30-00:50) (00:25-00:50) 5000 (0-5000) 5000 (0-5000) 0,2 30,2 67,9 1,5 0,1 0,1 0,73 0,25 0,91 0,2 29,3 69,1 1,2 0,1 0 **mediana e percentis 25 e 75. Paganin A, Rabelo E, Beghetto M. Projeto Tese Doutorado UFRGS, 2014 Resultados Preliminares Tabela 2. Características técnicas das coortes (continuação): Variable Local Punção Arterial Femoral, % Radial, % Braquial, % Tentativas de punção 1 tentativa, % 2 tentativas, % 3 tentativas, % Tempo de Retirada Introdutor** Tipo de compressão Manual, % Compressor, % Pulseira radial, % Curativo Tensoplast, % Punção venosa proposital, % Derivation Cohort (n=1751) Validation Cohort (n=945) p 0,39 55,5 44,2 0,2 54,5 45 0,5 0,40 98,4 1,4 0,2 1 (1-10) 97,9 1,7 0,4 1 (1-15) 38,1 18,2 11,8 31,8 0,6 38,8 16,5 13,6 31,1 0,8 0,84 0,45 0,52 **mediana e percentis 25 e 75. Paganin A, Rabelo E, Beghetto M. Projeto Tese Doutorado UFRGS, 2014 Resultados Preliminares Tabela 3. Medicações prévias e sinais vitais nas coortes. Variable Anticoagulação Prévia, % Warfarina, % Marcoumar, % AAS, % Clopidogrel, % Derivation Cohort (n=1751) 73,8 2,7 0,8 68,6 30,2 Validation Cohort (n=945) 74,1 1,7 0,7 68,8 31,1 p 0,87 0,10 0,87 0,94 0,61 Prasugrel, % Ticagrelor, % Heparina, % Enoxaparina, % Fondaparinux, % Abciximab, % Tirofban, % PA Sistólica Prévia* PA Diastólica Prévia* FC Prévia* Saturação Prévia* 0,1 1,8 2,7 2,8 0,3 0,1 0 139,5±26,1 79,8±12,6 69,4±13,3 96,2±2,9 0 1,3 3,6 2,1 0,3 0,3 0 139,9±25,9 80,3±12,9 68,9±13,8 96,3±2,9 0,46 0,28 0,18 0,28 0,88 0,24 0,69 0,34 0,44 0,89 *média e desvio padrão. Paganin A, Rabelo E, Beghetto M. Projeto Tese Doutorado UFRGS, 2014 Desfechos: Complicações Vasculares Complicações vasculares: 8,7% versus 7,6% (p= 0,29) Hematoma < 10cm (%): 5 versus 5,1 (p=0,90) Hematoma ≥ 10cm (%): 1,1 versus 1,4 p= (0,51) Sangramento com instabilidade (%): 0,5 versus 0,2 (p= 0,24) Sangramento sem instabilidade (%): 3,5 versus 2,5 (p= 0,16) Hematoma retroperitoneal (%): 0 Pseudoaneurisma (%): 0 Fístula Artério-venosa (FAV) (%): 0 Paganin A, Rabelo E, Beghetto M. Projeto Tese Doutorado UFRGS, 2014 Outras Complicações Complicação Total, % Alergia, % Isquemia, % Embolia, % Vaso-vagal, % Pirogênica, % Congestiva, % Neurológica, % Arritmia, % Coorte Derivação 4,1 1,3 0,1 0,1 2,7 0,5 0,1 0,1 0,1 Coorte Validação 4,4 1,1 0,2 0,1 2,9 0,6 0,2 0,1 0,3 p 0,68 0,56 0,53 0,66 0,86 0,69 0,25 0,95 0,24 Óbito: 0,1% versus 0,2% Óbito relacionado complicação: 0,1% versus 0. Paganin A, Rabelo E, Beghetto M. Projeto Tese Doutorado UFRGS, 2014 Resultados Preliminares Paganin A, Rabelo E, Beghetto M. Projeto Tese Doutorado UFRGS, 2014 Resultados Preliminares Paganin A, Rabelo E, Beghetto M. Projeto Tese Doutorado UFRGS, 2014 Análise Multivariada Variáveis Coorte de Derivação OR (IC95%) Idade ≥ 60 anos 1,37 (1,19-1,56) Sexo Feminino 1,56 (1,11-2,17) IMC < 25 Kg/m2 1,49 (1,16-1,92) Procedimento intervenção 2,48 (1,99-3,08) Warfarina ou Marcoumar Prévio 2,03 (1,39-2,97) Complicação Hemodinâmica Prévia 2,08 (1,44-3,00) Introdutor > 6F 2,77 (1,90-4,06) PAS pós procedimento > 130 mmHg 1,31 (1,10-1,56) Paganin A, Rabelo E, Beghetto M. Projeto Tese Doutorado UFRGS, 2014 Através dos preditores de complicação vascular seja construído um escore de fácil e prática aplicação, para auxiliar os enfermeiros e a equipe no cuidado individualizado ao paciente, que realiza procedimento de cardiologia intervencionista. Obrigado! Contato: [email protected]