UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Ciências Contábeis Ana Paula Ferreira Alves Elizeth Patrícia Gazeta Gomes Rosana Soares de Brito COGERAÇÃO DE ENERGIA ELETRICA - UMA NOVA RECEITA NO SETOR SUCROALCOOLEIRO Equipav S/A Açúcar e Álcool LINS – SP 2008 ANA PAULA FERREIRA ALVES ELIZETH PATRÍCIA GAZETA GOMES ROSANA SOARES DE BRITO COGERAÇÃO DE ENERGIA - UMA NOVA RECEITA NO SETOR SUCROALCOOLEIRO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Ciências Contábeis sob orientação do Professor Everton Rodrigo Salvático Custódio e orientação técnica da Profª. Heloísa Helena Rovery da Silva. LINS – SP 2008 ANA PAULA FERREIRA ALVES ELIZETH PATRICIA GAZETA GOMES ROSANA SOARES DE BRITO COGERAÇÃO DE ENERGIA - UMA NOVA RECEITA NO SETOR SUCROALCOOLEIRO Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do titulo de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovada em: ___/___/___ Banca Examinadora: Prof. Orientador: Everton Rodrigo Salvático Custódio Titulação: Especialista em Controladoria e Finanças pela FEA/USP – Ribeirão Preto Assinatura: __________________________ 1ºProf(a): _______________________________________________________ Titulação: _______________________________________________________ Assinatura: _________________________ 2ºProf(a): _______________________________________________________ Titulação:_______________________________________________________ Assinatura: _________________________ DEDICATÓRIAS A Deus Dedico a Deus por todas as bênçãos derramadas em minha vida, agradeço também por conceder-me mais essa conquista, dou graças á sua infinita misericórdia, por ter me consolando em todas as vezes que precisei. Obrigada Senhor por preencher meu ser com todo seu amor. É sua toda honra e toda glória para sempre, amém. A minha querida mãe Isabel Mãe eu dedico essa vitória a você, que sempre esteve ao meu lado me ouvindo, apoiando e me compreendendo. Nos dias em que o cansaço pesava mais em mim, era você que sempre tinha uma palavra de conforto e com seu infinito amor e dedicação, mostrou-me que para vencer é necessário ultrapassar obstáculos e que nunca deveria desistir dos meus objetivos. Mãe, meu amor e gratidão por ti são eterno, muito obrigado por tudo que fez e ainda faz por mim. Te Amo! Ao meu noivo Robert Meu amor obrigada pela sua compreensão e companheirismo. Você é uma pessoa maravilhosa, que sempre esteve perto de mim, me alegrando e motivando durante toda essa jornada. Te Amo! As minhas amigas Dedico á minhas amigas e também companheiras de monografia Rosana e Patrícia. Meninas, juntas estamos concretizando mais uma etapa importante em nossas vidas. Mesmo que não nos vejamos mais com tanta freqüência, saiba, que vocês são muito importantes para mim, afinal compartilharmos a mesma experiência durante esses quatro anos, sabemos que não foi fácil essa última etapa, mais graças a nossa união, amizade, compreensão e bom senso fizeram com que chegássemos a realização de um sonho. Desejo muitas bênçãos de Deus em suas vidas, beijos. Aninha DEDICATÓRIAS A Deus Em primeiro lugar dedico a ti Senhor que me deu força e coragem de viver esta nova experiência em minha vida. Por sua infinita bondade e misericórdia e por iluminar cada dia a minha vida. Sem ti nada sou. Aos meus pais Ao meu pai José e minha mãe Margarete que me deram condições suficientes para a conclusão desse trabalho. Pelo amor incondicional, pela compreensão, paciência; por estarem sempre do meu lado ajudando, apoiando e incentivando na concretização deste sonho. Ao meu pequeno príncipe Diogo Que tanto se privou de minha presença, que me deu forças para prosseguir até o final desta jornada. Mamãe Te Ama! Aos meus avós Dedico a vocês com todo amor e carinho. A D. Mary Obrigada pela força e apoio nessa etapa importante na minha vida. Aos meus amigos de sala Pela amizade verdadeira, e a importância de cada um em minha vida e por tornarem esses quatro anos tão especiais e inesquecíveis. Em especial minhas amigas Rosana, Ida e Ana Paula, que estiveram comigo nos momentos mais felizes, assim como, nos mais difíceis, demonstrando sempre sua amizade, companheirismo e sinceridade. Patrícia DETICATÓRIAS A Deus Dedico essa vitória àquele que sempre esteve ao meu lado, que nunca me abandonou, mesmo quando eu não percebia sua presença. Senhor obrigada por me conceder a oportunidade de vencer mais essa etapa em minha vida, sem ti eu não conseguiria. “A ti senhor os meus diamantes” Aos meus pais Dedico a meu pai José e minha mãe Aparecida, pelo apoio e incentivo nas horas de desanimo e pelo amor, vocês são muito importante para mim. Ao meu esposo Fernando Amor sei que não foi fácil esses quatros anos, você foi maravilhoso, foi companheiro, paciente, compreensivo, muito obrigada por estar sempre ao meu lado. Te Amo! A minha pequenina Maria Fernanda É difícil dedicar esse trabalho a você sem que meus olhos não se encham de lágrimas, mesmo não compreendendo ainda nos seus quase dois anos de idade, o mais difícil foi renunciar a sua presença, a sua graça, seu encanto e o seu crescimento. Perdoe a mamãe pela ausência. Você é a razão da minha vida. As minhas amigas Aninha e Patrícia Dedico a vocês este trabalho e agradeço muito pela paciência que tiveram comigo, obrigada pela amizade verdadeira. Aninha você é um doce de pessoa, transmite paz e muita tranqüilidade. Pati, você é uma amiga linda, verdadeira e muito amorosa, amei ter conhecido um pouquinho de vocês nesses últimos anos, saibam que sempre estarão no meu coração. Rosana AGRADECIMENTOS A DEUS Louvai ao Senhor, porque ele é bom, porque sua misericórdia é eterna. (Sal 135,1) Louvamos-te e bendizemos Senhor, por que nós deste força para concluir mais essa etapa. AOS ORIENTADORES A nossos orientadores, Prof. Everton Rodrigo Custódio Salvático e Profa. Ms. Heloisa Helena Rovery da Silva, pela paciência e compreensão, tolerância de nossas falhas e por contribuir pelo nosso crescimento profissional. AOS PROFESSORES Obrigada a todos que nesses quatros anos contribuíram para nossa formação. A EMPRESA Agradecemos à empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool, que abriu as portas para que pudéssemos desenvolver o nosso trabalho, e agradecemos em especial o senhor Rubens Nei Galaci, por tudo que fez por nós, pela disposição em ajudar e pelo tempo a nós dispensado. Ana Paula, Patrícia e Rosana RESUMO O setor sucroalcooleiro descobriu novos significados para os produtos resultantes da colheita e do processamento da cana-de-açúcar. Hoje a terra também gera energia. Em decorrência da crise energética ocorrida em 2001, houve um melhor planejamento governamental, buscando novas alternativas de energia. O Brasil possui uma vantagem nessa atividade, se comparado com outras nações, que é a possibilidade de planejar sua matriz energética através de fontes limpas e renováveis, utilizando-se de fontes primárias e subprodutos que muitas vezes seriam descartados. A grande quantidade de biomassa gerada pelo setor sucroalcooleiro pode contribuir de forma significativa no fortalecimento da matriz energética. Estima-se um crescimento anual na economia brasileira de 4% a 5%, e o consumo de energia elétrica também cresce. A maior fonte geradora de energia do país é a hidrelétrica. Porém, com a falta de investimento e problemas com os impactos ambientais somente ela não será suficiente para atender a demanda, porque as hidrelétricas dependem exclusivamente das chuvas, se não chover, o problema fica ainda pior. O setor sucroalcooleiro demonstra disposição para ajudar o Brasil a garantir energia no ritmo que vem crescendo. Sozinho, o setor sucroalcooleiro tem capacidade de atender toda a demanda de energia necessária nos próximos anos. Nesse setor, a cogeração é realizada através da queima da palha e do bagaço de cana, que embora haja muito tempo disponível, essa biomassa não tem sido utilizada em todo o seu potencial para geração comercial de energia elétrica. A transformação da biomassa da cana-de-açúcar disponível nas usinas em energia elétrica pode ser realizada por meio de diferentes processos tecnológicos. Grande parte das usinas canavieiras do estado de São Paulo utiliza processos que possuem baixo rendimento, pois a produção de energia elétrica não era a principal preocupação na época de sua implantação. Para que as usinas sucroalcooleiras possam aumentar sua produtividade na cogeração de energia elétrica são necessários investimentos em modernização de seu parque gerador para equipamento de maior rendimento. A empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool, em que foi realizada a pesquisa, acompanhou as necessidades sócio-econômicas e sócio-ambientais, investiu em equipamentos para cogeração de energia, hoje comercializa todo seu excedente, o retorno para esse avanço tecnológico é viável e á curto prazo. Palavras-chave: Crise energética. Cogeração de energia. Energia alternativa. ABSTRACT The industry sucroalcooleiro discovered new meanings for products from the harvesting and processing of sugar cane, today the land also yields energy. Due to the energy crisis occurred in 2001, there was a better government planning, searching new alternatives of energy. The Brazil has an advantage in this activity, compared with other nations, which is the ability to plan its energy matrix through clean and renewable sources, using primary sources and byproducts that often were discarded. The large amount of biomass generated by sucroalcooleiro sector can contribute significantly in strengthening of the energy matrix. In the Brazilian economy is estimated at an annual growth of 4% to 5%, and consumption of electric power also grows. The largest source of energy the country is hydroelectric, but with the lack of investment and problems with the environmental impacts only it will not be sufficient accommodate demand, away that the hydroelectric depend exclusively of rains, otherwise to ran is not the problem is still worse. The industry sucroalcooleiro shows willingness to help Brazil to secure energy in the rhythm that is growing. The sucroalcooleiro sector alone has ability to accommodate all the demand of energy necessary in the next years. In this sector, the cogeneration is performed through the burning of straw and sugarcane bagasse, which although there is time available, this biomass has not been used in its full potential for commercial generation of electricity. The transformation of biomass from sugar cane available in the mills in electricity can be achieved through different technological processes. Great part of sugar mills from São Paulo State, uses procedures that have low income, as the production of electric power was not the main concern at the time of its deployment. Sucroalcooleiras, mills so that can increase its productivity in the cogeneration of electric power are necessary investments in modernization of its fleet of equipment for generating more income. The Equipav S / A Sugar and Alcohol company, which was achieved the exploratory research to this work, followed the socio-economic and socio-environmental needs, invested in equipments for cogeneration of energy, now sells all, its excess, the return to that technological advance is feasible and to the short term. Key words: Energy crisis. Cogeneration of energy. Alternative energy. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Organograma do grupo Equipav........................................................17 Figura 2: Foto aérea da usina Equipav..............................................................23 Figura 3: Foto do açúcar cristal.........................................................................24 Figura 4: Foto de embalagens de levedura.......................................................25 Figura 5: Foto da subestação de energia da empresa Equipav........................26 Figura 6: Geração de energia no setor sucroalcooleiro.....................................43 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Equipav ontem e hoje.......................................................................23 Quadro 2: Rankings de posição das usinas do Brasil.......................................23 Quadro 3: Percentual de venda no mercado interno e externo.........................27 Quadro 4: Empreendimentos em operação no Brasil........................................31 Quadro 5: Brasil Cenário Atual/Futuro...............................................................39 LISTA DE TABELA Tabela 1: Dados descritivos do investimento....................................................50 Tabela 2: Análise da viabilidade do investimento..............................................51 LISTA DE SIGLAS ABCM - Associação Brasileira do Carvão Mineral ACL - Ambiente de Contratação Livre ACR - Ambiente de Contratação Regulada ADC - Associação Desportista Classista ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica CIBE - Consórcio Infra-Estrutura Bertin-Equipav CSC - Central de Serviços Compartilhados CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica COGEN - Confederação de Energia Nacional CPFL - Central Paulista de Força e Luz CTC - Central de Tecnologia Canavieira CTRC - Consórcio Terminal Rodoviário de Campinas EPE - Empresa de Pesquisa Energética IE - Inscrição Estadual GC - Geração Central GD - Geração Distribuída MME - Ministério de Minas e Energia PAC - Programa de Aceleramento de Crescimento PCH - Pequena Central Hidrelétrica PROINFA - Programa de Incentivo a Fontes Alternativas SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SIN - Sistema Integrado Nacional UNICA - União das Indústrias de Cana-de-açúcar SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................13 CAPÍTULO I – EQUIPAV S/A AÇÚCAR E ÁCOOL ........................................16 1 GRUPO EQUIPAV..................................................................................16 1.1 Histórico do grupo Equipav.....................................................................16 1.2 CSC – Holding........................................................................................17 1.3 Área de atuação do grupo Equipav........................................................17 1.3.1 Construção civil......................................................................................18 1.3.2 Agroindústria...........................................................................................19 1.3.3 Concessões de saneamento, rodovias e energia...................................20 1.3.4 Ambiental................................................................................................21 1.4 A empresa Equipav S.A Açúcar e Álcool...............................................22 1.4.1 Açúcar.....................................................................................................24 1.4.2 Álcool .....................................................................................................25 1.4.3 Levedura.................................................................................................25 1.4.4 Energia....................................................................................................26 1.5 Mercado que atua e principais clientes...................................................26 1.6 Motivação................................................................................................27 1.7 Projetos ambientais................................................................................28 CAPÍTULO II – COGERAÇÃO DE ENERGIA .................................................30 2 MATRIZ ENERGÉTICA DO BRASIL.....................................................30 2.1 Fontes de energia em operação.............................................................31 2.1.1 Energia hidráulica....................................................................................31 2.1.2 Energia a gás..........................................................................................32 2.1.3 Energia do petróleo.................................................................................33 2.1.4 Energia de biomassa...............................................................................34 2.1.5 Energia nuclear.......................................................................................34 2.1.6 Energia do carvão mineral......................................................................35 13 2.1.7 Energia eólica..........................................................................................36 2.1.8 Importação de energia............................................................................36 2.2 História da cogeração.............................................................................37 2.2.1 Cogeração e o meio ambiente................................................................37 2.2.2 Cogeração no Brasil................................................................................39 2.2.3 Cogeração no estado de São Paulo.......................................................40 2.2.4 Cogeração no setor sucroalcooleiro.......................................................41 CAPÍTULO III – A PESQUISA..........................................................................44 3 INTRODUÇÃO........................................................................................44 3.1 Cogeração de energia na usina Equipav ...............................................45 3.2 Processo de produção de energia na usina Equipav.............................46 3.3 Processo de separação da palha na indústria........................................47 3.4 Investindo no futuro.................................................................................47 3.5 Cenário econômico de comercialização de energia ..............................48 3.6 Discussão................................................................................................50 3.7 Parecer final............................................................................................52 13 13 INTRODUÇÃO A cogeração de energia elétrica a partir da biomassa da cana-de-açúcar é um tema que há muito tempo está presente nos estudos sobre energia no Brasil. Devido a grande preocupação no país em se buscar alternativas para solucionar o problema da energia elétrica, percebeu-se uma oportunidade no setor sucroalcooleiro, já que sua matéria prima provém de uma fonte limpa e renovável. A cogeração de energia elétrica ainda é foco de muita discussão entre os produtores de cana de açúcar, pois são inúmeras as dúvidas entre as vantagens, desvantagens, a importância e as dificuldades na produção de energia elétrica, precisando ser melhores esclarecidas, antes de qualquer atitude ou de se fazer qualquer investimento. Nesse ramo de atividade, a produção de biomassa é muito intensa, porém é pouco utilizada, já que a maioria das indústrias e destilarias produz energia elétrica apenas para consumo próprio, proporcionando um grande desperdício em relação à disponibilidade energética e de novas receitas no setor sucroalcooleiro, comercializando apenas uma pequena parcela de toda sua capacidade produtiva com as distribuidoras de energia. Praticamente todo o potencial energético da biomassa constituído pela palha da cana-de-açúcar gerada no campo e pelo bagaço produzido nas indústrias é desperdiçado, sendo a palha queimada na própria lavoura e o bagaço em caldeiras de baixo rendimento. Para que a produção de energia elétrica a partir da biomassa da cana de açúcar possa ser implementada em larga escala são necessários investimentos na modernização dos processos produtivos e nos equipamentos das usinas. Entretanto, não se observa um grande número de investimento nessa atividade por parte dos produtores. As companhias distribuidoras de energia elétrica, por sua vez, também não promovem incentivos que venham aumentar o interesse desses produtores. Em geral, quando são apresentados argumentos favoráveis à produção comercial de energia elétrica pela biomassa, os produtores partidários da utilização dessa fonte primária defendem que devem ser implantadas melhores 14 linhas de financiamento e políticas que os incentivem a aumentar o parque gerador e que devem ser pagos melhores preços pela energia gerada devido as vantagens dessa fonte de energia renovável. Nesse cenário, sem grandes mudanças há muitos anos, surgiram recentemente alguns fatores que podem alterar o interesse dos produtores do setor sucroalcooleiro na geração de energia elétrica: o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (PROINFA), do governo federal e o Mercado de Créditos de Carbono, estabelecido pelo Protocolo de Kyoto. Esses fatores tendem a aumentar a rentabilidade da produção de energia elétrica nas usinas de açúcar e álcool. Isso faz com que os produtores aumentem seus investimentos nesse segmento de negócio, o que aumenta a oferta de energia elétrica no mercado e diversifica a matriz energia nacional, contribuindo para a confiabilidade do sistema de produção de energia elétrica. A mudança no interesse dos produtores e suas conseqüências no mercado produtor de energia elétrica motivam a realização deste trabalho, que inclui um estudo sobre a viabilidade e o retorno do capital aplicado na cogeração de energia. Para obter essas informações, realizou-se uma pesquisa na empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool fundada em 1980. Tendo como objetivo a análise de investimento e os impactos causados na atividade de cogeração de energia no grupo Equipav. Diante do exposto, surgiu o seguinte questionamento: A cogeração de energia é uma alternativa de investimento rentável para a empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool? Surgiu então a seguinte hipótese: o retorno do investimento traz resultados positivos através da venda do excedente de energia elétrica produzida. A pesquisa de campo foi realizada na Empresa Equipav Açúcar e Álcool, no período de fevereiro a outubro de 2008, cujos métodos e técnicas estão descritos no capítulo III. O trabalho está assim organizado: O Capítulo I apresenta a empresa em que foi realizada a pesquisa, sua história, localização e principais produtos. 15 O Capítulo II descreve sobre cogeração de energia, definição, seus benefícios para a matriz energética, as fontes em operação no Brasil , e sua importância para a economia do Brasil. O Capítulo III descreve a pesquisa realizada na empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool. Para finalizar o trabalho, vem a proposta de intervenção e a conclusão. 16 CAPÍTULO I EQUIPAV S.A. AÇÚCAR E ÁLCOOL 1 GRUPO EQUIPAV 1.1 Histórico do Grupo Equipav No ano de 1960, surgia em Campinas, o embrião de um forte grupo empresarial brasileiro, o Grupo Equipav, formado pelas mãos de três homens empreendedores: Carlos de Moraes Toledo, Geraldo Natividade e Vital Vettorazzo. A Equipav S/A Pavimentação, Engenharia e Comércio foi a primeira empresa do Grupo voltada às obras de pavimentação. (EQUIPAV,2008) Com apenas um rolo, uma caldeira, um caminhão, perseverança, muito trabalho e fé no futuro, foram realizados toda a terraplenagem, pavimentação e construção da rede de esgotos da cidade de Flórida Paulista, no interior de São Paulo. (EQUIPAV, 2008) A Equipav iniciou suas atividades em uma época em que a produção de bens e insumos necessários à demanda nacional não tinha um bom escoamento das suas fontes produtoras em razão da precariedade das estradas. Mas os homens que formaram o conglomerado de empresas eram visionários e acreditavam em si e na potencialidade do país. (EQUIPAV, 2008) A vocação para o desenvolvimento fez com que o Grupo fosse além da Construção Civil, surgindo novos trabalhos devido aos excelentes resultados obtidos. Hoje, está presente também nos setores agroindustrial, ambiental e de concessões de saneamento, rodovias e energia. Colocando em prática seus ideais, os sócios da empresa logo conquistaram a confiança do mercado e promoveram a expansão do grupo. Com isso a EQUIPAV foi crescendo, ampliando as atividades e novas 17 empresas foram criadas, inicialmente para suprir as necessidades da pavimentadora. 1.2 Central de Serviços Compartilhados (CSC – Holding) A administração do Grupo Equipav está a cargo da CSC hoje instalada na cidade de Campinas, interior de São Paulo, com previsão de mudança em 2009 para a cidade de Promissão. O objetivo da centralização é a maximização dos resultados em benefícios de todos, garantindo um retorno positivo aos acionistas do capital aplicado, de maneira segura e sustentada. As atividades do grupo que envolvem: a alta gerência, assessoria de comunicação, jurídica, financeira e contábil são de responsabilidade da CSC. Fonte: Equipav, 2008 Figura 1: Organograma do grupo Equipav 1.3 Área de atuação do grupo Equipav 18 1.3.1 Construção Civil No ramo da construção civil, o grupo atua há quase 50 anos com a empresa Equipav S/A Pavimentação, Engenharia e Comércio e a Empate Engenharia Ltda. É um trabalho desenvolvido com empresas do setor público e privado, realizando obras em todo o país, principalmente no estado de São Paulo. Entre as principais obras da Equipav Construtora estão as rodovias: Marechal Rondon, Castelo Branco, Washington Luís, recapeamento das marginais do rio Tietê, duplicação e recapeamento de parte das rodovias BR 101, BR 116 e toda duplicação da SP 147. Obras de arte, shopping centers, obras de saneamento, loteamentos e grandes construções comerciais e industriais. As obras mais recentes são: a construção do novo Terminal Rodoviário de Campinas, a recuperação de toda a extensão da pista do autódromo de Interlagos e construção da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) em Figueirópolis, estado de Mato Grosso do Sul. (EQUIPAV, 2008) A Pav Mix, empresa do Grupo Equipav, atua na área de argamassa desde 1998, com tecnologia de ponta, desenvolveu um sistema de armazenamento e mistura das argamassas nos canteiros de obras, por meio de silos, nos quais os materiais ficam confinados, com capacidade de 10 e 20 toneladas e misturadores acoplados, para garantir a melhor mistura, com capacidade de até 3m³ por hora. O grupo também conta com a Sarpav e Minerpav, empresas que atuam no ramo de mineração de areia e pedra. (EQUIPAV, 2008) Depois de mais de três décadas atuando na área de concreto, o grupo Equipav optou por deixar o negócio e concentrar sua atuação mais fortemente em etanol e concessões de rodovias e de saneamento básico. (EQUIPAV, 2008) O grupo desfez a joint-venture que detinha, em partes iguais, com a Camargo Corrêa Cimentos, que havia sido formada no ano de 2005. A metade das ações foi vendida à própria Camargo Corrêa por R$ 133 milhões (Cento e trinta e três milhões), que passou a controlar 100% da Companhia Brasileira de 19 Concreto, dona das marcas Concrepav e Cauê, responsável por 8% do mercado. Segundo Jose Carlos Toledo quando a joint-venture, foi desfeita deixouse um mecanismo aberto de saída da área de concreto para avaliar as oportunidades na indústria sucroalcooleira. (EQUIPAV, 2008) 1.3.2 Agroindústria Na década de 80, o grupo deu início no setor agroindustrial com a empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool, ofertando álcool ao mercado. Hoje oferta ao mercado além do álcool, açúcar, levedura e energia elétrica. A Equipav possui sociedade em empresas agrícolas destinadas ao plantio e cultivo de cana-de-açúcar, onde detém mais de 90% da sociedade. As empresas agrícolas foram criadas para completar o complexo produtivo da Equipav. São empresas que possuem áreas próprias e parcerias com outros produtores de cana. As empresas agrícolas constituídas são: Agropav Agropecuária Ltda.; Barreirinha Agropecuária Ltda. e Novagropav Agropecuária Ltda. O grupo Equipav já se destaca nos rankings de moagem de cana do Brasil e deve, a partir de agora ganhar cada vez mais espaço, isso porque, além da já aguardada usina Biopav, na cidade de Brejo Alegre (SP), o grupo tem a construção de mais duas plantas: uma no município de Chapadão do Sul (MS) e outra em Chapadão do Céu (GO). No primeiro semestre de 2008 adquiriu 50% da usina Everest, localizada na cidade de Penápolis/SP. (EQUIPAV, 2008) As unidades do MS e GO, juntas, deverão processar mais de nove milhões de toneladas de cana-de-açúcar, com previsão de início de operações para 2010 e 2011 respectivamente. O investimento previsto para a construção das indústrias fica na ordem de US$ 250 milhões, sem contar o plantio. (EQUIPAV, 2008) O grupo já iniciou o plantio de 1,5 mil hectares de cana-de-açúcar e está à procura de novos parceiros para a expansão das áreas de cultivo da matéria- 20 prima. Os trâmites legais para a construção das unidades estão em andamento junto aos órgãos públicos dos estados onde os empreendimentos serão instalados. (EQUIPAV, 2008) Com essas unidades, o grupo Equipav ficará com quatro usinas em operação, uma em Promissão, a Equipav Açúcar e Álcool, com 28 anos de atuação; outra em Brejo Alegre, a Biopav, e as duas novas construções. A expansão da co-geração, juntamente com a expansão da produção, coloca a Equipav entre as maiores e melhores usinas do país, gerando novas oportunidades de trabalho em diversos setores. 1.3.3 Concessões de Saneamento, Rodovias e Energia Outra vertente de investimento do grupo são as concessões públicas, que incluem rodovias federais, empresas de água, esgoto e energia. Em parceria com o grupo Bertin, foi constituída a CIBEPAR Participações e Empreendimentos S.A. No setor rodoviário, a CIBEPAR detém importante concessionária em três estado brasileiros. As Rodovias das Colinas, que administra 300 quilômetros de rodovias no interior de São Paulo; as concessionárias Sulvias, Metrovias e Convias, que, juntas, administram 1.055 quilômetros de rodovias no Rio Grande do Sul, e a Nascente das Gerais, empresa que administra 371 quilômetros da rodovia MG-050, a primeira, Parceria Público-Privada rodoviária do Brasil. (EQUIPAV, 2008) O Consórcio Infra-Estrutura Bertin – Equipav (CIBE) como é chamada, também controla o Consórcio Terminal Rodoviário de Campinas (CTRC), cidade distante 100 quilômetros da capital paulista. No segmento saneamento básico, a CIBE tem o controle de quatro concessionárias, que são responsáveis pela oferta de serviço, de abastecimento de água e coleta e tratamento de esgotos em oito municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul. (EQUIPAV, 2008) As empresas da CIBE nessa área são: Águas Guariroba, que atua em Campo Grande (MS); Prolagos, que atende as cidades de Cabo Frio, Búzios, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande e Arraial do Cabo, na região dos Lagos, 21 (RJ), Águas de Belford Roxo, na Baixada Fluminense (RJ), e Águas de Itu, no interior paulista. E, no setor elétrico, a CIBE controla atualmente cinco usinas nos estado da região Nordeste do país. A partir de janeiro de 2009, as térmicas administradas pela CIBE começam a gerar energia, que será entregue ao Sistema Integrado Nacional (SIN), contribuindo efetivamente para a segurança energética do país. (EQUIPAV, 2008) 1.3.4 Ambiental Com o forte desejo de atuar na preservação do meio ambiente, criando a empresa que hoje se destaca pela eficiência e tecnologia, a Colepav – Divisão Equipav, iniciou em 1993, pequena, mas com grande visão de futuro. Sua atividade na coleta de resíduos orgânicos começou em indústrias instaladas no entorno da região metropolitana de São Paulo. Com sede em Barueri, a empresa contava com poucos funcionários e apenas dois caminhões para atendimento dos primeiros contratos. (EQUIPAV, 2008) A trajetória de crescimento da empresa teve importantes marcos em 1997, além da coleta de resíduos orgânicos, a Colepav deu início à coleta de resíduos perigosos. Em 1998, a empresa começou a operar na coleta industrial. (EQUIPAV, 2008) A empresa é responsável, desde novembro de 2006, pela manutenção urbana e conservação de áreas verdes da cidade de Campinas, contrato firmado com a Prefeitura. Entre os diversos serviços prestados pela empresa estão a capinação de praças e parques, o plantio e a poda de árvores, além da implantação e reforma de áreas verdes, com o uso de veículos e equipamentos. Outro marco em sua história foi a implantação da coleta eletrônica, com um sistema simples. Desde 2006, toda coleta é registrada de forma eletrônica, eliminando comprovantes de papel que precisavam ser impressos em três vias. O sistema de automação, que funciona via telefone celular promoveu a otimização de tempo e trabalho dos motoristas e operadores. Antes dessa 22 inovação, as vias impressas eram classificadas e passadas ao motorista, que a cada coleta preenchia os dados necessários. (EQUIPAV, 2008) 1.4 A empresa Equipav S.A. Açúcar e Álcool A Equipav S/A Açúcar e Álcool fundada em sete de julho de 1980, com número de cadastro nacional de pessoa jurídica (CNPJ) 43.932.102/0005-81 e inscrição estadual (IE) nº. 564.005.959.112, está estabelecida na Rodovia Marechal Rondon, km 455 Fazenda Água Branca, bairro Patos, na cidade de Promissão, estado de São Paulo. Fonte: Equipav, 2008 Figura 2: Foto aérea da usina Equipav em Promissão Tem como diretor administrativo e financeiro o Senhor Rui Marcelo Ré, como Diretor Superintendente o Sr. Newton Salim Soares e como Diretor Industrial o Sr. Luiz Paulo Sant’ Anna. (EQUIPAV, 2008) Sua sede fica estabelecida na Avenida Brigadeiro Faria Lima, nº. 1.744, unidade 71, sala 07, Bairro Pinheiros, Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo. Seu capital hoje é de R$ 513.751.762,77 (quinhentos e treze milhões, setecentos e cinqüenta e um mil, setecentos e sessenta e dois reais e setenta e sete centavos) representados por 1.084.757 (um milhão, oitenta e quatro mil, setecentos e cinqüenta e sete reais) de ações, tendo cada uma o valor de R$ 23 473,61 (quatrocentos e setenta e três reais e sessenta e um centavos). (EQUIPAV, 2008) Possui certificação ISO 9002 (atual ISO 9001:2000) e certificação PDV de produtos alimentícios animal no Mercado comum Europeu. (EQUIPAV, 2008) Realiza seu crescimento projetado de maneira sustentável, através de investimentos constantes em novas tecnologias, no aperfeiçoamento das equipes de trabalho, na aplicação de melhores práticas administrativas, na implantação de políticas ambientais e de construção de uma consciência corporativa de responsabilidade social. Equipav ontem e hoje 1982 2008 250 funcionários Mais de 6.000 funcionários Moagem: 411.132 ton/cana Moagem: 6,0 milhões de ton/cana Produção de álcool: 28 milhões de litros Produção de álcool: 320 milhões de litros Fonte: Equipav 2008 Quadro 1 – Equipav ontem e hoje A empresa iniciou com 250 funcionários, atualmente conta com mais de 6000 funcionários Sua primeira moagem foi de 411.132 ton/cana, esse ano a previsão é de moer cerca de 6,0 milhões de ton/cana. A primeira produção de álcool foi de 28 milhões de álcool, para esse ano vai atingir 320 milhões de litros de álcool. (EQUIPAV, 2008) Os dados da usina em nível nacional são os seguintes: Moagem de cana-de-açúcar: Produção de açúcar: 5º lugar 17º lugar Produção total de álcool: 4º lugar Produção de álcool anidro: 3º lugar Fonte: Equipav, 2008 Quadro 2 – Rankings de posições das usinas do Brasil 24 Na última safra, a usina de Promissão esteve entre as maiores do Brasil nos rankings de moagem, com a 5ª maior produção de cana-de-açúcar do país, segundo levantamento da União das Indústrias de Cana-de-açúcar (UNICA), entre 331 unidades. Posição que conquistou pela produção de 5,3 milhões de toneladas de cana na safra 2007/2008. 1.4.1 Açúcar A produção de açúcar cristal iniciou em 1993 quando a Usina passou a vender para o mercado de produtos alimentícios e bebidas. Nesse ano a produção de açúcar na Usina de Promissão atingiu 250 mil sacas e no ano seguinte saltou para 1 milhão de sacas. (EQUIPAV, 2008) Em 2005, a produção da Equipav foi de 3,9 milhões de sacas de açúcar, com um total de 48 mil hectares de área plantada de cana-de-açúcar. Além disso, a empresa ampliou suas instalações e construiu um novo barracão com capacidade para armazenar 1 milhão e 600 mil sacas de 50 kg, além de uma nova linha de moagem. (EQUIPAV, 2008) Em 2007, a produção chegou a sua melhor marca, atingindo 5,7 milhões de sacas e para a o ano de 2008 estima-se atingir 6 milhões de sacas. Fonte: Elaborada pelas autoras Figura 3: Foto açúcar cristal 25 1.4.2 Álcool A usina Equipav produz o álcool etílico anídro carburante, o álcool etílico hidratado carburante e álcool etílico anídro industrial e desde o início vem superando sua produção, da primeira safra quando produziu 28 milhões de litros de álcool, dando um salto para 58 milhões na segunda safra em 1983. Em 1992, o índice de produção atingiu 160 milhões de litros. Em 2007 foram produzidos 260 milhões e a expectativa para as safras de 2008/2009 é de 320 milhões de litros, respectivamente. (EQUIPAV, 2008) 1.4.3 Levedura A atual oferta da Equipav S/A Açúcar e Álcool são compostos também por levedura seca, bagaço de cana-de-açúcar e melaço. Dentre esses subprodutos, destaca-se a Nutripav, levedura seca de cana-de-açúcar. Tratase de um microingrediente que apresenta proteína de alto valor biológico, ideal para bovinos, aves, crustáceas e peixes. (EQUIPAV, 2008) Na última safra foram comercializadas 4.841 toneladas de levedura e a expectativa do Grupo é atingir a marca de 6 mil toneladas vendidas na próxima safra de 2008. (EQUIPAV, 2008) Fonte: Equipav, 2008 Figura 4: Embalagens de levedura 26 1.4.4 Energia. A usina Equipav, sempre produziu energia para consumo próprio, utilizando o bagaço da cana. Com a crise de energia elétrica em 2001, investiu em cogeração, instalando uma termelétrica. Com os investimentos, passou a produzir toda a energia necessária para a sua produção e comercializar o excedente. A estratégia de se investir em energia deu tão certa que, em 2006, a empresa iniciou a 2ª fase de cogeração com a estimativa de alcançar o índice de 400 mil Mwh nos dois anos seguintes. Hoje sua produção é de 440 mil Mwh, o suficiente para abastecer 2 milhões de habitantes. (EQUIPAV, 2008) Fonte: Equipav, 2008 Figura 5: Subestação de energia da empresa Equipav 1.5 Mercado que atua e principais clientes A Equipav S/A Açúcar e Álcool comercializa seus produtos para o mercado interno e externo. Os produtos são vendidos para empresas no ramo alimentício, distribuidoras de combustíveis e também para Comercial Exportadora. A empresa atualmente vende no mercado interno mais de 50% dos seus produtos produzidos, com exceção da energia que é vendida 100% no mercado interno. 27 Produto Venda mercado interno Venda mercado externo Açúcar 56,95% 43,05% Álcool 66,35% 33,65% Levedura 59,34% 40,66% 100% 0 Energia Elétrica Fonte: Elaborado pelas autoras Quadro 3: Quadro percentual de venda no mercado interno e externo O açúcar cristal é comercializado no mercado interno para indústrias do ramo alimentícias. Dentre seus clientes, estão empresas como: Bauducco, Marilan, Dori, Yoki, Perdigão, Balas Toffano, Bel Alimentos e outros. O álcool combustível é vendido para distribuidoras de combustíveis e lubrificantes como Esso, Petrobrás, Shell, Ipiranga, Repsol, e outros. No mercado externo, os produtos são comercializados para países do Oriente Médio, Extremo Oriente, Sudeste Asiático, África Oriental e Ocidental, Estados Unidos, Caribe, União Européia, Chile, Uruguai e outros. Os principais clientes são: Coimex Trading Ltda., Cargill International S.A., Sucden Middle Easr, Sucre London Ltda., Alcotra S.A., Tate & Lyle. 1.6 Motivação A Equipav conta com vários programas de incentivo a seus colaboradores, como parceria junto ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), oferecendo cursos de capacitação e aperfeiçoamento, cedendo bolsas de estudos de 40%, participação de lucros e o grupo, através de provas, seleciona alguns filhos de funcionários para receber cursos de capacitação profissional para futuramente trabalharem na empresa, uma parceria da empresa junto ao SENAI. (EQUIPAV, 2008) Um dos projetos que merece destaque é o programa em parceria com a Fundação IOCHPE, o programa visa profissionalizar jovens de baixa renda, com o objetivo de integrá-los à sociedade com melhores índices de 28 empregabilidade. A primeira turma foi formada em 2007 por 20 jovens, com idade entre 17 e 18 anos. O curso de operador de produção em processos contínuos, tendo duração de um ano, foi realizado dentro da unidade Equipav Açúcar e Álcool, de Promissão (SP). Os educadores são colaboradores voluntários da usina que passaram por treinamento pedagógico para exercerem a nova função. (EQUIPAV, 2008) A escassez de mão-de-obra que o setor atravessa é amenizada pelo plano de desenvolvimento de funcionários que a usina pratica. É oferecido capacitação e treinamento específico para manuseio e reparos mecânicos em novos equipamentos adquiridos. (EQUIPAV, 2008) A usina conta com escolas de tratoristas e motoristas e aulas de informática. Com essas iniciativas, o número de demitidos na entressafra é cada vez menor, pois os funcionários são realocados em funções de manutenção. (EQUIPAV, 2008) A empresa ainda conta com um clube de lazer, Associação Desportista Classista (ADC), onde todos os funcionários e seus dependentes podem desfrutar das instalações. Atualmente são treinadas no time de futebol 90 crianças e adolescentes com idade entre 08 e 17 anos. São dependentes dos colaboradores da Equipav S/A Açúcar e Álcool que têm à sua disposição recursos da ADC e profissionais habilitados. Os alunos têm alcançado bons resultados e despertado o interesse de outros times das cidades da região. Além das aulas de futebol, os participantes têm acompanhamento do seu desempenho escolar e àqueles que possuem dificuldades na escola, são oferecidas aulas de reforço nas dependências do Clube. (EQUIPAV, 2008) 1.7 Projetos Ambientais Os projetos ambientais da usina são: aquisições de novos equipamentos com tecnologia e desempenho superiores aos que estão em operação (caldeiras e sistema de controle para lançamento de particulado na atmosfera); redução do uso de recursos hídricos (investimento em torres de 29 resfriamento da água, circuito fechado possibilitando o reuso de água, melhoria nos processos, aproveitamento das águas no processo de fertirrigação); aproveitamento de subprodutos, eliminando passivos ambientais e gerando divisas (bagaço da cana-de-açúcar para produzir vapor e gerar energia elétrica, resíduo do processo de fermentação para produção de levedura seca para alimentação animal, resíduo da destilação do álcool, vinhaça aplicada no solo em dosagem adequada contribuindo na reposição de nutrientes, resíduo do processo de decantação do caldo, torta de filtro incorporada no solo, resíduo do sistema de lavagem da fuligem que será misturado com as cinzas das caldeiras e incorporado no solo); ampliação da adutora de vinhaça em aproximadamente 22 km com estação de bombeamento e equipamentos para aplicação; aquisição de máquinas para colheita mecânica e conseqüente redução da queima da palha da cana; políticas para reuso de material ou descarte que possibilite a reciclagem dos resíduos; conservação das áreas de preservação permanentes; recomposição da vegetação da mata ciliar em vários projetos com a manutenção das 180.000 mudas de espécies nativas da região. (EQUIPAV, 2008) 30 CAPÍTULO II COGERAÇÃO DE ENERGIA 2 MATRIZ ENERGÉTICA DO BRASIL O Brasil tem sua matriz energética considerada limpa, pois dispõe geograficamente da maior bacia hidrográfica do mundo, sendo um país privilegiado em relação à matriz energética mundial que é considerada suja por produzir energia elétrica através de combustíveis fósseis, enquanto a maioria das fontes do Brasil é renovável. As fontes que geram energias são chamadas de fontes limpas e fontes sujas. As fontes limpas são as que geram menor impacto ao o meio ambiente, enquanto as fontes sujas o agridem mais. São classificadas também como energia renovável e não renovável. A energia renovável é obtida de fontes capazes de se regenerar e são consideradas como energias alternativas ao modelo energético tradicional, tanto pela sua disponibilidade (presente e futura) garantida como pelo seu menor impacto ambiental. Fazem parte da energia renovável a eólica, a solar, a gerada de biomassa e a hidráulica. A energia não renovável, como o próprio nome já diz, não renova com o passar do tempo, ou seja, sua fonte é finita. São fontes não renováveis: o carvão mineral, o gás natural e a energia nuclear, todos oriundos de um combustível fóssil. As hidrelétricas brasileiras são responsáveis pela produção de 70,53% do total da energia gerada no Brasil. As demais fontes como o gás natural produz 10,40%, o Petróleo 4,23%, a Biomassa 4,02%, a Energia nuclear 1,83%, o Carvão mineral 1,33%, a Energia eólica 0,22%, e importa cerca de 7,45% de energia de países vizinhos. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a atual capacidade instalada de geração de energia elétrica do país é de 109.673.511 KW, contando com 1728 empreendimentos em operação, gerando 101.503.530 KW de potência. Para os próximos anos está 31 prevista uma adição de 41.224.171 KW na capacidade de produção do país, provenientes dos 137 novos empreendimentos em construção. Fonte: Aneel, 2008. Quadro 4: Empreendimentos em operação no Brasil 2.1 Fontes de energia em operações no Brasil 2.1.1 Energia hidráulica Quando chove nas colinas e montanhas, a água concentra-se em rios correntes que se deslocam para o mar. O movimento dessa água ou a sua queda contém energia cinética que pode ser aproveitada para gerar energia. Nas barragens são construídos diques que param o curso da água acumulando-as num reservatório; em outros casos os diques não param o curso da água, mas obriga-a a passar pela turbina de forma a produzir eletricidade. As hidrelétricas dependem das águas dos rios em níveis adequados em seus reservatórios para gerar energia. A falta de chuvas, de investimento e o 32 aumento do consumo de energia podem gerar escassez de energia, como o conhecido apagão de 2001 e 2002. Apesar da tendência de aumento de outras fontes, devido a restrições socioeconômicas e ambientais de projetos hidrelétricos e aos avanços tecnológicos no aproveitamento de outras fontes, tudo indica que a energia hidráulica continuará sendo por muito tempo a principal fonte de energia elétrica do Brasil. (ANEEL, 2005, p. 43). Conforme ANEEL (2008) existem em operação no Brasil, 690 usinas hidrelétricas, correspondendo a 70% do total de energia produzida. A predominância da geração de energia elétrica ser hídrica deve-se às características físicas e geográficas do Brasil. O país é privilegiado em recursos hídricos e altamente dependente deles. Mesmo sendo uma energia renovável, as construções de novas hidrelétricas causam impacto ao meio ambiente, pois tendem a alagar áreas extensas, alterando o ecossistema. As barragens impedem ou dificultam a piracema das espécies de peixes. A geração de energia por meio das usinas hidrelétricas enfrenta problemas como: a falta de investimento e o questionamento sobre o impacto ambiental. No Programa de Aceleramento de Crescimento (PAC) afirma-se que haverá um investimento de R$ 78,4 bilhões no setor de energia elétrica (entre geração e transmissão). Até 2010 planeja incorporar 12.300 megawatts (milhões de watts – MW). Entre os investimentos no presente e no futuro estão as megas-usinas na região Amazônica, duas no rio Madeira (Jurau e Santo Antonio) e uma no Xingu (Belo Monte), além de várias outras nas demais regiões do país. A empresa Central Paulista de Força e Luz (CPFL) pretende investir até 2010 R$ 300 milhões em geração, dos quais R$ 100 milhões serão voltados para as pequenas centrais hidrelétricas (PCH), tem quatro projetos de PCHs em tramitação para conseguir autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e licenciamento ambiental. 2.1.2 Energia a gás 33 O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos leve que, à temperatura ambiente e pressão atmosférica, permanece no estado gasoso. É um gás inodoro e incolor, não é tóxico, sendo mais leve que o ar. O gás natural é uma fonte de energia limpa, que pode ser usada nas indústrias, substituindo outros combustíveis mais poluentes, como óleos combustíveis, lenha e carvão. O gás é resultado da decomposição da matéria orgânica fóssil no interior da Terra, encontrado acumulado em rochas porosas no subsolo, frequentemente acompanhado por petróleo, constituindo um reservatório. O combustível fóssil é formado em milhões de anos. Trata-se de uma energia não renovável, portanto, finita. Sendo um gás natural, apresenta riscos de incêndio, explosão e asfixia. Por outro lado, existem meios de controlar esses riscos causados pelo uso do gás natural. Por ser mais leve que o ar, o gás natural tende a se acumular nas partes mais elevadas quando em ambientes fechados. Para evitar risco de explosão, devem-se evitar, nesses ambientes, equipamentos elétricos inadequados, superfícies superaquecidas ou qualquer outro tipo de fonte de ignição externa. Em 2007, a Petrobras anunciou elevação dos investimentos de 2007/2011 de R$ 47,4 bilhões para R$ 54,9 bilhões e grande parte desse aumento, cerca de R$ 3,3 bilhões, será destinada ao gás natural. 2.1.3 Energia do petróleo É uma fonte de energia não renovável, de origem fóssil, é matéria-prima da indústria petrolífera e petroquímica. No Brasil, a participação do petróleo na matriz energética é de 4,23%. Muitos dos produtos derivados do petróleo, como o óleo diesel possui muita energia. As refinarias são complexos industriais de áreas grandes que, durante o processo, geram grandes impactos ao meio ambiente. Dentre eles, as emissões de vários poluentes como o CO2 e o H2O, elevadas cargas orgânicas nos efluentes líquidos e resíduos sólidos diversos, como solos contaminados, borras oleosas e outros. O PAC anunciou em 2007 o investimento de R$ 179 bilhões no setor de petróleo e gás natural. 34 2.1.4 Energia de biomassa “A biomassa é todo recurso renovável oriundo de matéria orgânica (de origem animal ou vegetal) que pode ser utilizada na produção de energia”. (ANEEL, 2005, p.77) A biomassa é uma fonte de energia renovável, apresentando os seguintes tipos: bagaço da cana de açúcar, resíduos de madeira, madeira, casca de arroz, casca da castanha de caju, casca da castanha de Pará, coco da Bahia, coco babaçu, dendê, bagaço da laranja, lixo urbano e, mais recentemente, a utilização da palha de cana-de-açúcar. Hoje, a energia a partir da biomassa corresponde a 4,2% do total da matriz elétrica brasileira. No Brasil, o bagaço de cana-de-açúcar é a biomassa de maior significância. A meta do governo é chegar em 2010 com uma potência instalada de 250 megawatts em centrais termoelétricas à biomassa. Segundo o Ministério da Economia, isso significa um investimento global de 500 milhões de euros no setor e a criação de 500 a 1000 novos empregos diretos. Essa capacidade instalada permite reduzir em 700 milhões de toneladas as emissões de CO2 para a atmosfera. 2.1.5 Energia nuclear As usinas nucleares fornecem cerca de 16% da eletricidade mundial. Alguns países dependem mais que os outros da energia nuclear para obter eletricidade. No Brasil, conforme a ANEEL, menos de 2% de energia gerada tem origem das usinas nucleares. A energia nuclear provém da fissão nuclear do urânio, do plutônio ou do tório ou da fusão nuclear do hidrogênio. É energia liberada dos núcleos atômicos, quando os mesmos são levados por processos artificiais a condições instáveis. É uma energia não-renovável, cara, gera lixo radioativo que precisa ser isolado e riscos para o meio ambiente e à saúde humana. 35 Há risco de acidentes e um vazamento pode causar câncer e mutações ao seres humanos. O governo pretende estimular fortes investimentos na geração de eletricidade de origem nuclear e poderia até mesmo modificar a constituição nacional para permitir a participação do setor privativo. 2.1.6 Energia do carvão mineral O carvão mineral possui cor preta, é um combustível de origem fóssil, ou seja, não é renovável, é formada a partir do soterramento e compactação de materiais orgânicos, principalmente a madeira. Gradualmente, esses materiais, ao sofrerem soterramento e compactação em bacias de deposição, apresentam enriquecimento no teor de carbono. É encontrado em jazidas localizadas no subsolo terrestre e extraído pelo sistema de mineração. O carvão mineral é composto por carbono na grande parte, oxigênio, hidrogênio, enxofre e cinza. Começou a ser utilizado, em grande escala, como fonte de energia, na época da Revolução Industrial (século XVIII). Nessa época, era usado para gerar energia para as máquinas e locomotivas. Até hoje é usado como fonte de energia. A queima do carvão mineral, na geração de energia, lança no ar partículas sólidas e gases poluentes. Estes atuam no processo do efeito estufa e do aquecimento global, sendo assim, o carvão mineral não é uma fonte de energia limpa e deveria ser evitada pelo ser humano. Porém, em função de questões econômicas, em algumas regiões do mundo é uma fonte barata, sendo muito utilizado para gerar energia elétrica em usinas termoelétricas. Para melhorar os investimento no setor, segundo a Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), é necessário mudar as regras dos leilões, umas delas é aumentar de 15 para 30 anos o período de validade dos leilões. O governo federal, recentemente, anunciou investimentos de R$ 50 milhões para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias ligadas à geração de energia pela queima do carvão, o que acendeu o interesse em melhorar o setor. 36 2.1.7 Energia eólica É a energia obtida do ar (vento), uma abundante fonte de energia renovável, limpa e disponível em todos os lugares. Essa fonte já é conhecida há milhares de anos em mecanismos básicos de um moinho de vento. O vento atinge uma hélice que ao movimentar-se gira em um eixo que impulsiona uma bomba geradora de energia. Embora não queimem combustíveis fósseis e não emitam poluentes, as fazendas eólicas não são totalmente desprovidas dos impactos ambientais, alteram a paisagem com suas torres e hélices e podem ameaçar pássaros se forem instaladas em rotas de migração. Emitem certo nível de ruído (de baixa freqüência) que podem causar algum incômodo. E podem, além disso, causar interferências em torres de televisão. Fundado há mais de 100 anos, na cidade Argentina de Mendonza, o grupo Impsa é hoje um dos maiores produtores de energia alternativa do Brasil. Atualmente a empresa tem parques eólicos no Ceará e pretende investir cerca de R$ 1,2 milhões em Santa Catarina, onde está sendo construído outro parque de geração do grupo. (GOVERNO... 2008) 2.1.8 Importação de Energia Desde o ano de 2007, o Brasil começou a importar em larga escala energia dos países vizinhos, devido ao aumento do consumo. O país está importando cerca de 10% do seu consumo atual e o custo deve chegar a US$ 400 milhões por ano. Os países que estão exportando para o Brasil são: Paraguai, Argentina, Venezuela e Uruguai. A importação de energia é uma medida que a ANEEL vem tomando para aumentar a oferta, além da construção de novas usinas termelétricas e de incentivar o desenvolvimento de outras fontes alternativas. 37 2.2 História da Cogeração Cogeração é a produção simultânea e de forma seqüenciada, de duas ou mais formas de energias a partir de um único combustível. O processo mais comum é a produção de eletricidade e energia térmica (calor ou frio) a partir do uso de gás natural e/ou biomassa, entre outros. (ALVES et al, 2007) Segundo a Confederação de Energia Nacional (COGEN, 2008), os primeiros sistemas de cogeração instalados pelo mundo aconteceram na primeira década do século XX. A produção de energia centralizada era bem rara nessa época. Ainda não existia a grande central geradora de energia pela inexistência de uma tecnologia eficiente. Até a década de 40, era comum o consumidor ter sua própria central de energia. Com o avanço de novas tecnologias, os sistemas de cogeração e geração distribuída (GD), ou seja, geração elétrica feita junto à carga foi gradativamente perdendo participação no mercado para os novos conceitos de geração de energia e interligações de sistemas elétricos, as conhecidas como geração central (GC), feitas de forma centralizada que, apoiadas as grandes centrais com geradores de grande porte, conseguiam fornecer energia abundante e de baixo custo. Hoje o setor energético tem vivenciado crises e as centrais geradoras com grande sistema de geração de energia passaram a ser exigidas em novas condições de operação e começaram a dar sinais de vulnerabilidade, devido ao aumento da demanda de energia, ocasionados pelo crescimento do mercado consumidor. Essa tendência cria oportunidades e possibilita o avanço do sistema de geração distribuída, através dos quais os clientes finais (indústria, comércio e serviços), utilizando fontes de energia primária disponível (biomassa e/ou gás natural), produzem, consomem e administram as suas necessidades de energia elétrica e térmica, com fatores de eficiência energética e de custos posicionados, conforme a visão estratégica dos seus empreendedores. 2.2.1 Cogeração e o Meio Ambiente 38 O dióxido de carbono é proveniente, na maioria das vezes da queima de combustíveis fósseis e outros gases que atuam no chamado efeito estufa, deixando o calor passar pela atmosfera na forma de radiação solar e evitando que o calor escape para o espaço. Esse efeito está causando o aquecimento global, que poderá ter grande impacto ambiental e social pelo resultado das inundações de áreas costeiras devido à elevação do mar, secas e inundações mais severas e mudanças na produtividade da agricultura. Chuva ácida, diminuição da camada de ozônio e outros resultados da poluição resultantes da queima de combustíveis fósseis são problemas significantes e estão cada vez mais sendo preocupações públicas. Os sistemas de cogeração diminuem as emissões de gases devido a sua alta eficiência energética e efetivos sistemas de controle de emissões de gases. Conforme Alves et al. (2007), em 1997 na cidade de Kyoto, no Japão, foi estabelecido um acordo internacional chamado de Protocolo de Kyoto. Segundo esse protocolo, os países desenvolvidos devem reduzir suas emissões de gases de efeito estufa entre 2008 a 2012, 5,2% em média, em relação às emissões de 1990. O Brasil não tem o compromisso de redução ou limitação de emissões de gases de efeito estufa, pois é considerado um país em desenvolvimento. O Brasil é privilegiado por precisar pouco de fontes externas e ter uma energia limpa, o que abre janelas de oportunidades para investidores em mecanismos energéticos sustentáveis. Nos países em desenvolvimento, o protocolo é importante porque possibilita a aplicação do princípio de responsabilidade comum, mas cabe aos países industrializados, maiores emissores históricos, assumirem a responsabilidade do controle do aquecimento global. Embora o Brasil não tenha a responsabilidade internacional relativa a emissões, no país são desenvolvidos programas e ações que implicam na redução considerável das emissões de gases e efeito estufa. Iniciativas como essas são responsáveis pelo Brasil possuir sua matriz energética relativamente limpa, com menores emissões de gases de efeito estufa por unidade de energia produzida ou consumida. 39 2.2.2 Cogeração no Brasil No Brasil predomina a geração de energia hidráulica cerca de 77% da matriz energética. Há muito a ser explorado do potencial hidráulico, porém sua viabilização está cada vez mais condicionada às soluções de questões de ordem regulatória, econômicas e, principalmente, relacionadas com questões sócio-ambientais, pois os recursos naturais disponíveis estão localizados em regiões distantes dos centros de consumo e exigem investimentos altos em transmissão de energia. Em 2002 o governo federal criou o Programa de Incentivo as Fontes Alternativas (PROINFA), que é um importante instrumento de para diversificação da matriz energética, é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). O PROINFA tem o suporto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que prevê financiamento de até 70% do investimento. Com o crescimento das atividades econômicas no país se faz necessário a expansão de oferta de energia elétrica. Brasil: Cenário Atual/Futuro Capacidade instalada de energia: 100.000MW Carga no sistema: 53 mil MW médio Considerando para os próximos 10 anos, os seguintes níveis de crescimento: Economia 4% a 5% ao ano Energia 5,2% ao ano Será necessário, em 10 anos, um adicional de 50.000 MW (50% do toda energia que existe hoje) sendo, portanto 5.000 MW por ano. Fonte: Balleotti, 2008, p. 35 Quadro 05: Brasil: cenário atual/futuro 40 Nos próximos anos o Brasil passará por um grande processo de crescimento do consumo energético. O País tem instalado atualmente cerca de 100.000 MW e a demanda de energia crescerá certa de 5,% ao ano, segundo dados da consultoria koblitz, empresa especializada em engenharia de sistemas elétricos. Em 10 anos o Brasil terá que implantar cerca de 50.000 MW no sistema elétrico nacional, ou seja, 50% de toda energia que existe hoje, portando 5.000 MW por ano. No país, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no ano de 2007, o consumo de energia cresceu 5,3%, cresceu o número de máquinas nas indústrias, aumentou o número de casa com luz, a atividade comercial expandiu, e para movimentar a economia, o Brasil precisou de mais energia. (BALEOTTI, 2007) Se o produto interno bruto do país crescer cerca de 4% a 5% como está previsto e não chover o suficiente em 2009 poderá haver problema devido à falta de chuva, segundo a EPE, torna-se uma questão de chuva. É importante reduzir a fragilidade do sistema de geração hidrelétrica buscando diversificar a atual Matriz Energética, através dos sistemas de cogeração ou através de termelétricas que utilizam o gás natural ou incorporam outras formas de energia renovável. Os efeitos de apoiar as necessidades de expansão das ofertas e diversificação das fontes de energia da Matriz Energética formam um conjunto de fatores que são fundamentais para o aumento da confiabilidade do sistema. 2.2.3 Cogeração no Estado de São Paulo No estado de São Paulo, a cogeração de energia está sendo implantada a partir de iniciativas das distribuidoras de gás natural e das usinas produtoras de açúcar e álcool e das indústrias e empresas comerciais que desejam reduzir a fragilidade do sistema de energia elétrica, principalmente a partir do racionamento de 2001. 41 Os projetos de cogeração em operação, no Estado de São Paulo, atingiram cerca de 10% (cerca de 1.500MW). Os principais projetos que somam mais de 500 MW são: a) biomassa da cana-de-açúcar: Usinas Equipav, Vale do Rosário, Santa Elisa, Cocal, Cresciumal, entre outras. b) gás natural: Corn Products, Cia. União Refinadora, AmBev, Shopping Taboão, Coca Cola, Iguatemi Business Plaza. (COGEN, 2008) 2.2.4. Cogeração no setor sucroalcooleiro A cana-de-açúcar é um dos principais produtos agrícolas do Brasil, perdendo apenas para a soja e para o milho. É cultivada desde a época da colonização. Da sua industrialização obtêm-se produtos como o açúcar, o álcool (anídro e hidratado), o vinhoto, o bagaço, a levedura e a energia elétrica. Desde a sua implantação e em maior escala a partir da metade do século XX, as indústrias do setor sucroalcooleiro desenvolveram instalações próprias de geração elétrica, seja através de pequenos aproveitamentos hidrelétricos, óleo diesel, e depois face à indisponibilidade de energia elétrica e aos seus custos, adotaram-se sistemas de geração, em processo de cogeração, ajustados às necessidades do processamento industrial da cana de açúcar, utilizando o bagaço. Mas o setor sucroalcooleiro e o Brasil estão descobrindo dois novos significados para os produtos resultantes da colheita e do processamento da cana-de-açúcar. Cada muda plantada no País não é mais apenas o início da produção de açúcar e álcool, da terra também brota energia (BALEOTTI, 2007, p. 34). As usinas de açúcar e álcool demonstram interesse e disposição para assumir a responsabilidade de ajudar o país a garantir energia no ritmo em que vem crescendo. Conforme Marcos Jank, presidente da União da Indústria da cana-deaçúcar (UNICA) é preciso inteligência para desenvolver um programa adequado de ajustes regulatórios e incentivos, onde o setor ajudará a suprir 15% das necessidades elétricas nacionais, o equivalente a quase duas usinas 42 do porte de Itaipu. (BALEOTTI, 2007) A agroindústria canavieira nacional tem hoje cerca de 3.000 mW de potência instalada e não é totalmente utilizada. As usinas vendem apenas uma parte do volume gerado (600 MW), outra parcela produzida é consumida, mais de 2000 mW durante a safra. A energia do bagaço e da palha junta representa menos de 1% da matriz geradora nacional, considerando outros resíduos, a biomassa corresponde a 4,2% do total consumido no país. (BALEOTTI, 2007) O Setor sucroalcooleiro poderia produzir mais, sem plantar nenhuma nova muda de cana, apenas com modernização tecnológica das unidades já existentes, poderia dobrar a potência oferecida. Das 360 usinas em funcionamento todas geram insumos para a sua própria demanda, porém apenas 10% comercializam excedentes para o mercado. Segundo a UNICA algumas unidades ainda não se sentem estimuladas pelos preços oferecidos aos insumos a investir em novos equipamentos para tornar a energia uma receita adicional aos seus tradicionais produtos. É um potencial desperdiçado que cresce a cada safra pelo aumento de produção de matéria-prima (cana), pelo incremento da tecnologia empregada e pelas possibilidades de aproveitamento da palha resultante da colheita mecanizada, a cada dia que passa o potencial de geração de energia do setor está crescendo mais (BALEOTTI, 2007, p.38). Conforme Baleotti (2007) um estudo realizado pela empresa de consultoria Koblitz, o setor sucroalcooleiro é capaz de elevar os atuais 3000 mW de potência instalada para 29.900 MW (quase 12 mil mW) antes de 2015. O levantamento mostra que quando as usinas estiverem moendo 500 milhões de toneladas de cana, volumes previstos para 2010, na safra 2007/2008, a colheita alcançou 475,1milhões de toneladas do produto. Quando o setor estiver moendo 500 milhões de toneladas de cana, terá capacidade para produzir 4.886 mW médios, apenas com a geração do bagaço, a palha e os ponteiros vão agregar maior volume para cogeração. Um terço da energia da cana presente nos resíduos é jogada fora em decorrência do corte manual, que exige a queima da cana no campo. São Paulo, maior estado produtor de cana do país, o fim das queimadas do material foi antecipada de 2021 para 2014, um acordo entre as usinas e o governo estadual. 43 A cada tonelada de cana, 140 quilos são de palha e ponteiros. Desse volume, 50% podemos ser usadas para gerar energia, outra metade por questões agronômicas, deve ficar no campo. De acordo com a Koblitz, se usar palhas e pontas, o setor terá mais 6.518 mW médios de excedentes. Para tornar a energia um produto rentável, o setor precisa investir em tecnologia de alta pressão e disseminar o uso da palha como combustível para caldeiras. Segundo o Baleotti (2007), o aproveitamento e a oportunidade de geração de energia, com bagaço de cana, demanda apontes R$ 36,7 bilhões. O uso da palha consumirá mais recursos, R$ 37,9 bilhões. No total será necessário um investimento de R$ 74,7 bilhões. Geração de Energia no Setor Suroalcooleiro (500 milhões de toneladas de cana/safra) Potencial Bagaço = 4.886 MW médios (14.700 MW) Pontas e Palhas = 6.518 MW médios (15.177 MW) Total = 11.410 MW médios (30 mil MW) Investimentos necessários Bagaço = R$ 36,7 bilhões 1. Pontas e Palhas = R$ 37,9 bilhões Total = R$ 14 bilhões Fonte: Baleotti, 2007, p.38 Figura 06: Geração de energia no setor sucroalcooleiro E se os investimentos forem concretizados, o setor adicionaria ao seu faturamento anual R$ 30 bilhões/ano com os negócios voltados para açúcar e álcool, cerca de R$ 14 bilhões/ano provenientes da comercialização de energia, o que representa um incremento de aproximadamente 45% na receita. (BALEOTTI, 2007) 44 CAPITULO III A PESQUISA 3 INTRODUÇÃO Para demonstrar que o investimento na cogeração de energia é viável e o retorno rápido, foi realizada uma pesquisa na empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool, no período de fevereiro a outubro de 2008. A pesquisa teve como base os seguintes métodos: a) estudo de caso: realizado na empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool, para analisar a rentabilidade do capital investido na cogeração de energia; b) observação sistemática: em que foram observados e analisados o tempo do retorno do capital investido na cogeração de energia na empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool; c) método histórico: foi observada a evolução histórica da empresa em relação ao investimento em cogeração de energia na Equipav S/A Açúcar e Álcool. As técnicas utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa foram: Roteiro de estudo de caso (Apêndice A) Roteiro de observação sistemática (Apêndice B) Roteiro do Histórico da empresa (Apêndice C) Roteiro de Entrevista para o Analista de Custo (Apêndice D) Roteiro de Entrevista para o Gerente de Investimentos (Apêndice E) Roteiro de entrevista para o Gerente Contábil (Apêndice F) A empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool disponibilizou todas as informações necessárias para elaboração desse trabalho. 45 3.1 Cogeração de energia na usina Equipav A usina Equipav foi uma das pioneiras no setor de cogeração. Hoje é a maior geradora de energia elétrica de biomassa no país. Em 2001, com a falta de energia elétrica devido às privatizações e estiagem que ocorreram na época, a Equipav, que já produzia energia para sua demanda interna a partir do bagaço da cana, viu a oportunidade em ampliar o mix de seus produtos. O grupo começou a avaliar esse projeto e fez a opção por investir, mudando toda tecnologia de caldeira e geradores, ampliando sua termoelétrica para atender a usina e vender os excedentes. A energia é gerada a partir do bagaço da cana, que gera calor e energia. Diante do aumento da eficiência do vapor na produção de açúcar e álcool e da queima do bagaço, a usina gera vapor excedente. O bagaço de cana é usado exclusivamente para cogeração de energia. O bagaço é um material orgânico que sobra depois da moagem da cana quando é extraído o caldo para produção de açúcar e álcool. Num passado não muito distante, o acúmulo de bagaço significava apenas um problema ambiental, por não saber o que fazer a Equipav chegou a enterrar a sobra de bagaços. (STEFANO, 2008, p.45). A geração de energia na usina Equipav ocorre durante a safra, nos períodos de abril a novembro de cada ano. Nesses meses, a cana atinge seu melhor grau de maturação. O único impedimento para gerar energia de janeiro a dezembro é justamente a falta de bagaço na entressafra, período que vai de dezembro a março de cada ano, época em que a empresa utiliza para fazer manutenção nos equipamentos. No ano de 2007 a empresa deixou de gerar energia apenas durante 20 dias e para 2008 o projeto é parar apenas uma semana para manutenção. A empresa, desde o início, tinha que encontrar uma solução para o bagaço que não era utilizado, pois a quantidade excedia à demanda necessária e para estocar o bagaço seria necessário dispor de uma área extensa, já que a quantidade era relativamente grande. Com a crise ocorrida em 2002, a empresa conseguiu utilizar o bagaço que foi conservado devido as propriedades que dificultam a sua decomposição natural. 46 3.2 Processo de produção de energia na usina Equipav O bagaço produzido pela Equipav é utilizado nas caldeiras para produzir vapor. As caldeiras com pressão de 65 kgf/cm2 e 480 ºC são utilizadas para gerar vapor e acionamento dos turbo-geradores de contrapressão e de condensação para produção de energia elétrica. Após o acionamento do gerador de condensação, o vapor resultante é condensado e será reutilizado nas caldeiras. Após o acionamento de contrapressão, o vapor resultante na pressão de 21kg/cm2 será utilizado para o acionamento mecânico de equipamentos do processo da usina Equipav, tais como: turbo-bombas, moendas, peneiras e entre outros. O vapor direto utilizado anteriormente é reutilizado, recebendo a denominação de vapor de escape, com pressão de 1,3 a 1,5 kgf/cm2 como energia térmica utilizada no processo da Usina para aquecimento e concentração de caldo. Sua capacidade de geração antes da ampliação de 2001/2002 era de 8MW de geração de força instalada em apenas um turbo gerador, pasando depois para dois turbos geradores, gerando 60MW. Para retirar a palha da lavoura a solução encontrada pela a Equipav segue um sistema desenvolvido pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) o qual consiste em não separar a palha da cana. Na safra atual, o corte de cana crua será de 53%, sendo que, 13% dessas palhas seguirão para a queima na caldeira. Essa porcentagem de palha não é aleatória, porque após testes de viabilidade econômica chegou-se a esse número. A idéia inicial da empresa era desligar o ventilador. A experiência não foi bem sucedida, porque de um lado a máquina ganhou velocidade e consumiu menos, porém por outro lado, os 20% a mais da palha exigiam um número maior de caminhões e transbordo, o que fez com que aumentassem os custos com transportes e, além do mais, levou muita terra para a indústria, provocando danos aos equipamentos. A conclusão que se chegou foi de que o mais correto seria reduzir a velocidade do ventilador, mas não desligá-lo. Chegou-se, então, aos 13% de palha, porcentagem que não onera o transporte e nem arrasta grande quantidade de terra. 47 3.3 Processo de separação da palha na indústria Ao chegar à indústria, a cana crua picada passa pela mesa de limpeza a seco, onde um possante ventilador joga as palhas e a terra em direção a uma grande tela vertical. Dali ela segue para a peneira rotativa que separa as impurezas minerais. A terra é recolhida e volta à lavoura e a palha é levada ao triturador convencional que permitiu algumas adaptações para recebê-la. Após passar pelo triturador, a palha segue por uma esteira e vai se integrar ao bagaço em direção às caldeiras. O palhiço é basicamente constituído de pontas de cana, folhas verdes, palhas, restos de cultura e frações de colmos, que permanecem sobre o talhão oriundo de colheita sem queima prévia e apresenta produtividade de 4 a 10 t/ha, considerando-se seu peso em base seca e função de variedade, época de colheita, etc. (PAIVA, 2008a, p.22) De acordo com Luiz Paulo, diretor industrial da usina Equipav, para cada 1,7 toneladas de bagaço, mistura-se uma tonelada de palha. A utilização da palha durante a safra possibilitou, a formatação de um estoque de bagaço de 70 mil toneladas, o que permitiu à Equipav gerar energia na parada de 2007 e 2008. A Equipav não forma estoque com a palha, porque entra mais fácil em combustão do que o bagaço. A tendência é aumentar os estoques de bagaço a cada ano, principalmente porque com o aumento do corte mecanizado de cana crua haverá mais palha. Em 2010, a empresa espera colher 75% de cana crua e 100% em 2014. 3.4 Investindo no futuro De olho no futuro, a empresa iniciou em 2007 a segunda fase da cogeração de energia, investindo cerca de R$ 130 milhões. O projeto de ampliação incentivou, além do uso do bagaço, o uso da palha. A previsão para 48 término desse novo investimento era abril de 2008, devido alguns atrasos foi finalizado em agosto de 2008. Conforme Luiz Paulo Sant’ Anna, diretor industrial da usina, atualmente ela conta com duas caldeiras de 170 t/h de vapor e 65 kgf/cm² e duas caldeiras de 200 t/h de vapor. Construiu uma estação de tratamento de água e desmineralizadora com capacidade de 45m³ e circuito fechado, que permite repor só a quantidade de água necessária ao processo. O desafio é produzir bioeletricidade o ano todo, Para isso conta com o recolhimento das palhas da cana, que levadas à caldeira durante a safra, possibilitam estoque de bagaço na entressafra. Os resultados já começaram aparecer. Em 2007, a usina gerou 171.227 MWh/ano. Em 2008 a expectativa é de 471.934 MWh/ano. Para 2009 a previsão será de 525.883 MWh/ano e para 2010 é esperada a produção de 680.000 MWh/ano, volume adquirido do conjunto bagaço mais palha. 3.5 Cenário econômico de comercialização de energia na usina Equipav A energia elétrica é comercializada de acordo com os parâmetros estabelecidos pela Lei n° 10848/2004, pelos decreto s nº 5163/2004 e n° 5.177/2004 e pela Resolução Normativa ANEEL nº 199/2004, que constituiu a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). As relações comerciais entre os participantes da CCEE são regidas predominantemente por contratos de compra e venda de energia e todos os contratos celebrados entre os participantes no âmbito do Sistema Integrado Nacional (SIN) devem ser registrados na CCEE. O registro engloba as partes envolvidas, os montantes de energia e o período de vigência não são registrados na CCEE, sendo utilizado apenas pelas partes envolvidas em suas liquidações bilaterais. (CCEE, 2008) O novo modelo do setor elétrico instituído pelo governo em 2004 define a comercialização de energia elétrica a ser realizada em dois ambientes de mercado: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e o Ambiente de Contratação Livre (ACL). 49 A contratação de energia no ACR é feita através de contratos bilaterais regulados, celebrados entre agentes vendedores e compradores, ou seja distribuidoras que participam dos leilões de compra e venda de energia elétrica. No ACL há livre negociação entre os agentes geradores, comercializadores, consumidores livres, importadores e exportadores de energia, sendo que os acordos de compra e vendas são pactuadas por meio de contratos bilaterais. As empresas geradoras de energia podem vender energia elétrica nos dois ambientes, mantendo o caráter competitivo da geração e que todos os contratos sejam ARC ou ACL devem ser registrados no CCEE, servindo de base para a contabilização e liquidação das diferenças no mercado de curto prazo. (CCEE, 2008) A usina Equipav mantém um contrato de compra e venda de energia com a Eletropaulo, com validade de 10 anos no período de 2002 a 2011. No contrato, a Equipav se compromete a fornecer 53,5% de energia firme, que é a energia que não pode sofrer interrupções, 46,5% de energia interruptível, que é passível de sofrer interrupções ou quedas. A Equipav pode fornecer o excedente de energia disponível quando a cogeração ultrapassar os compromissos impostos no contrato. O repasse é feito através da linha de transmissão, onde a Equipav passa para a CPFL que repassa à Eletropaulo. O aumento do volume de energia produzida pela empresa permitiu que ela pudesse cumprir seu contrato com a Eletropaulo e vendesse o excedente ao mercado spot, alcançando melhores preços. Em 2007 a empresa comercializou 31, 8 kw por tonelada de cana, o equivalente a 2/3 de sua produção de energia. Para 2008, espera-se chegar a 75,2kw/tc, para 2009 serão 83,kw/tc e para 2010 a expectativa é de 108,36 km/c. Em julho, a usina fechou contrato no valor de US$ 250 milhões com a International Paper, multinacional produtora de papel, para fornecer energia para suas fábricas localizadas no interior de São Paulo. O contrato prevê 12 anos de fornecimento de energia elétrica limpa gerada a partir do bagaço e da palha da cana. A Equipav é a primeira usina a transportar a palha junto com a cana, a bioeletricidade deverá ser a segunda maior unidade de negócios no setor sucroalcooleiro a partir de 2012, depois do etanol e, em terceiro, pela produção de açúcar. 50 3.6 Discussão Através dos dados fornecidos pela empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool será realizada uma análise do valor do investimento total, dos custos e despesas do período de 2008, comparando com o valor do faturamento proporcionado através da venda do excedente de energia. Levando-se em consideração a estrutura do Grupo Equipav, o cenário atual da economia e os demais segmentos do mercado. De acordo com os dados da tabela acima, o investimento realizado pela Equipav Açúcar e Álcool no ano de 2007 foi de R$ 130.000.000,00. O Grupo estima um aumento na quantidade de MW produzido, porém, no período pesquisado foi constatada uma produção média mensal de 23.562 MW. Seu preço líquido dos impostos é de R$ 153,94 por MW, tendo uma somatória de custos e despesas sobre cada MW produzido na quantia de R$ 40,00. Diante dos dados apurados pela pesquisa na Empresa Equipav, chega a um resultado médio mensal de R$ 2.684.654,28, com uma margem de contribuição de 74%. Pode se dizer, então, que a cada R$ 100,00 de energia produzida, a Empresa Equipav paga seus compromissos e tem um lucro de aproximadamente R$ 74,00. Ao investir na cogeração, a empresa sabe que esta deixando de ganhar um rendimento que lhe é oferecido naturalmente pelo sistema financeiro, como 51 caderneta de poupança, fundos de renda fixa, títulos do tesouro nacional, entre outros. (BUARQUE, 1994) O custo de oportunidade de capital é um custo financeiro que equivale à perda que o capital investido sofre por estar vinculado ao projeto e não pode ser investido em nenhuma outra alternativa oferecida pelo mercado. (SIVIERO; ZANQUETA, 2007) Em seguida, foi realizada uma análise baseada no período payback descontado, que consiste em considerar o valor do dinheiro no tempo, determinado por meio de um fluxo de caixa descontado. (KASSAI, 1999) 52 De acordo com a tabela a acima, o valor do investimento foi corrigido a juros real de poupança no período de janeiro a outubro de 2008 e para corrigir os demais meses, foi feita uma estimativa da taxa de poupança. Logo no primeiro mês, pode-se observar que o valor do investimento de R$ 130.000.000,00 aplicado a juros de poupança de 0,60% teria uma rentabilidade de aproximadamente R$ 781.950,00. O resultado líquido mensal obtido na cogeração de energia foi de R$ 2.684.654,28, atingindo um percentual de 3,43%, sobre o investimento, proporcionando um retorno de aproximadamente 243% acima do rendimento que obteria se tivesse investido na poupança. O saldo a recuperar no primeiro mês é de R$ 128.097.295,72. Esse cálculo foi efetuado até outubro de 2012, onde foi recuperado totalmente o saldo do investimento e ainda obteve um lucro de R$ 451.367,91. Observa-se, ainda, o retorno do capital investido e dos juros totais que teria alcançado no período de aproximadamente cinco anos. Levando-se em conta o valor investido, o porte e a estrutura da empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool é considerado um retorno a curto prazo. Tendo uma expectativa de crescimento contínuo, constata-se que o grupo Equipav realmente saiu na frente de seus concorrentes nesse segmento e seu investimento será contínuo diante do resultado alcançado. O Grupo Equipav tem a perspectiva de desvincular a atividade de cogeração de energia das demais atividades do grupo, tratando esse segmento, como uma unidade de negócio específica. 3.7 Parecer Final sobre o Caso e sugestões sobre manutenção ou modificações de procedimentos O setor sucroalcooleiro é de grande importância para a economia brasileira, pois a cana-de-açúcar é o terceiro maior produto agrícola do país. Embora os investimentos para a cogeração ainda sejam altos e o preço pago pela energia não seja muito satisfatório, investir em cogeração para a Equipav S/A Açúcar e Álcool foi em alternativa viável de grande importância, porque 53 além do retorno do capital acontecer em pouco tempo, ela torna-se autosuficiente em energia, contribui com o meio ambiente no momento em que deixa de queimar a palha no campo e utiliza a energia excedente como mais um produto mix de produção. Além de possuir um diferencial de apresentação e negociação junto aos seus diversos clientes, a empresa trata diretamente do crescimento sustentável e do respeito ao meio ambiente. 54 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO A empresa Equipav S/A Açúcar e Álcool teve visão de futuro ao investir na cogeração de energia. Atualmente, no Brasil, é a maior geradora de energia a partir da biomassa. Promoveu a diversificação dos seus produtos que deixaram de ser apenas álcool e açúcar, para agora ter também a energia. Conforme foi analisado, a empresa Equipav traz apenas 13% da palha resultante da colheita mecanizada, deixando no campo 87 % devido o alto custo do transporte. Observando a necessidade do país em busca de fontes alternativas de energia e o alto poder calórico da palha, propõe-se à empresa investir em estudos voltados para a logística de transportes buscando novas tecnologias para trazer para a indústria os 87% que hoje ficam no campo, sem que haja expressivos aumentos no custo, podendo assim produzir mais MW de energia e ampliar a comercialização dos mesmos. 55 CONCLUSÃO Através da realização desse trabalho na Equipav S/A Açúcar e Álcool pode-se demonstrar que a empresa está sempre em busca do crescimento e desenvolvimento sustentável. Um dos seus objetivos é alcançar recordes na produção de energia, além de expandirem-se nos demais segmentos que o grupo atua. O setor sucroalcooleiro ganha uma nova receita, hoje além do álcool e do açúcar conta com a energia, que em pouco tempo se tornará uma das principais do setor. A biomassa da cana-de-açúcar pode ajudar muito o Brasil a diversificar sua matriz energética e a evitar um futuro racionamento de energia no país. A empresa Equipav sai na frente com a ampliação de seu parque industrial, produzindo mais energia, além de gerar para seu próprio consumo, vende o excedente, aumentando sua receita. A pesquisa responde à pergunta formulada, demonstrando que o retorno que a empresa terá com a venda do excedente de energia justifica o investimento em cogeração feito pela Equipav. A empresa, além de vender o excedente em energia, está contribuindo com o meio ambiente, reduzindo as emissões de gás carbono, o que lhe traz benefícios também, porque adquirindo os créditos de carbono pode comercializá-los com os países industrializados. Ganha a empresa, ganha o meio ambiente e ganha a sociedade, que tem o consumo de energia garantido em novas fontes de energia. O trabalho aqui apresentado foi de grande importância para nós, porque aprendemos que o profissional contábil precisa estar atento a todas às mudanças que ocorrem dentro de uma empresa, para poder auxiliar na tomada de decisão, analisando as diversas situações que podem ocorrer na rentabilidade de um capital aplicado. O assunto abordado é envolvente e atual, mas não se esgota aqui. Outros aspectos poderão ser observados, cabe a outros estudantes aprofundálo, complementá-lo e atualizá-lo no decorrer do tempo. 56 REFERÊNCIAS ALVES, C. A. C. et al. Cogeração de energia elétrica. 2007. Monografia (Graduação em Administração) - Unisalesiano, Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins. ANEEL. Atlas de energia elétrica no Brasil. Brasília, 2005. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/Atlas/índex.html Acesso em: 10/07/2008. ______. Banco de Informações de Geração. Brasília, 2008. 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Conquistas & Desafios. Campinas, v. 2, n. 07, p, 10-11, dez. 2006. 59 PROJETO de bioeletricidade é apresentado aos especialistas. Conquistas & Desafios. Campinas, v. 4, n. 11, p, 14, ago. 2008. QUEIMA da palha está ameaçada. Visão da Agroindústria. Sertãozinho: São Francisco Gráfica e Editora Ltda, n.33, jan-fev, p. 48, 2008. RIBEIRO, A.T. Biomassa vai receber 500 milhões de euros de investimentos até 2010. Diário de Noticias, 22 mar 2007. Disponível em: http://dn.sapo.pt/2007/03/22/economia/biomassa_receber_milhoes_euros_inve s.html> Acesso em 02.09.2008. ROCHA, M. Energia de biomassa: a esperança do setor. Energia Brasileira. Araçatuba, SP, v. 2, n. 16, p, 20-21, mar. 2008. SIVIERO, S.M; ZANQUETA, C.P.S. ANÁLISE DE INVESTIMENTOS. 2007. Monografia (Pós-Graduação em Gerência Contábil) - Unisalesiano, Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, Lins. STEFFANO, F. Do bagaço ao megawatt. Exame. São Paulo, SP, v 42, n.13, p, 44-48, jul. 2008. TÓFOLI, I. 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São Paulo: Atica, 2002. 60 APÊNDICES 61 APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso 1 INTRODUÇÃO Será realizado um levantamento dos processos de cogeração de energia na empresa Equipav S/A, assim como sua localização, missão, objetivos, estrutura organizacional, histórico e inicio das atividades no setor energético. 2 RELATO DO TRABALHO REALIZADO REFERENTE AO ASSUNTO ESTUDADO a) Descrição do processo de cogeração de energia b) Apresentação das fontes em operações de energia c) Cenário econômico da cogeração de energia d) Serão entrevistados: Analista de custo, gerente de investimento e planejamento e gerente contábil. 3 DISCUSSÃO Será realizado um confronto entre a teoria e a pratica utilizada na empresa estudada. 4 PARECER FINAL SOBRE O CASO E SUGESTÕES MANUNTENÇÃO OU MODIFICAÇÕES DE PROCEDIMENTOS SOBRE 62 APÊNDICE B – Roteiro de Observação Sistemática I IDENTIFICAÇÃO Empresa: Localização: Atividade Econômica: II ASPECTOS A SEREM OBSERVADOS 1 Aspectos físicos. 2 Procedimentos. 3 Técnicas. 4 Qualidade. 63 APÊNDICE C – Roteiro do Histórico da Cogeração de Energia 1 IDENTIFICAÇÃO Empresa: Localização: Atividade Econômica: II ASPECTOS A SEREM DESCRITOS 1 Inicio das atividades. 2 Evolução do projeto de cogeração. 3 Momento atual da empresa. 4 Cenários econômicos no setor sucroalcooleiro. 64 APÊNDICE D – Roteiro de entrevistas para Analista de Custos I IDENTIFICAÇÃO Cargo/Função: Experiência Profissional: Formação acadêmica: II PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1 Qual o sistema de custo gerencial adotado pela Usina Equipav? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 2 Qual o sistema mais adequado para mensurar corretamente os custos ligados a cogeração de energia na Usina Equipav? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 3 Existe um sistema para controlar o custo da cogeração de energia produzida pelo bagaço da cana-de-açúcar? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 65 4 Como era mensurado o custo da palha e do bagaço da cana-de-açúcar antes da cogeração de energia? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 5 Quais as variações obtidas no custo através da produção de energia elétrica gerada da palha e do bagaço da cana-de-açúcar? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 66 APÊNDICE E – Roteiro de Entrevista para o Gerente de Investimento e Planejamento. I IDENTIFICAÇÃO Cargo/Função: Experiência profissional: Formação acadêmica: II PERGUNTAS ESPECIFICAS 1 O que fez a empresa Equipav investir em um novo ramo de atividade? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 2 A Empresa Equipav pretende aumentar ainda mais seu projeto de cogeração de energia? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 3 Quais são os possíveis clientes que poderão negociar a compra de energia elétrica da Usina Equipav? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 67 4 Ao iniciar o projeto de cogeração de energia, a empresa Equipav estava ciente dos benefícios que poderia contribuir para o meio ambiente? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 5 Antes de ser realizado o investimento, quais foram os estudos realizados na empresa Equipav? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 6 Futuramente a empresa pretende investir em novos projetos para a cogeração de energia? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 68 APÊNDICE F – Roteiro de Entrevista para o Gerente Contábil. I IDENTIFICAÇÃO Cargo/Função: Experiência profissional: Formação acadêmica: II PERGUNTAS ESPECIFICAS 1 Os lançamentos gerados na contabilidade expressam realmente os fatos ocorridos no processo de cogeração de energia? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 2 Como é contabilizado o retorno do investimento na cogeração de energia da empresa Equipav? ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... ............................................................................................................................... 69 ANEXOS 70 ANEXO A – Foto aérea da Usina Equipav 71 ANEXO B – Vista da usina pela lagoa de vinhaça 72 ANEXO C – Foto da área industrial Foto 01: Área industrial durante o dia Foto 02: Área industrial à noite 73 ANEXO D – Foto das caldeiras 74 ANEXO E – Cogeração de energia Foto 01: Esteiras que levam bagaço e palha para a caldeira Foto 02: Casa de Força 75 ANEXO F – Chegada da cana-de-açúcar na indústria para moagem 76 ANEXO G – Corte mecanizado