MicroElectrónica Ano Lectivo 2004/2005 Trabalho de Laboratório Desenvolvimento de uma Célula Digital Combinatória Marcelino Santos, F. Gonçalves, J. P. Teixeira Abril, 2005 1 ATENÇÃO Todas as simulações eléctricas devem ser realizadas no programa Pspice. 1. Introdução Neste trabalho pretende-se que o aluno dimensione, desenhe a implantação (layout) e caracterize uma célula combinatória CMOS. Cada grupo deverá desenvolver uma célula diferente. Na página de Internet da disciplina indica-se a célula atribuída a cada. Procure minimizar: (1) o desempenho (tempo de atraso), (2) a área de implantação da célula e (3) a sua dissipação de potência. Na secção 5 são indicados os elementos a incluir no relatório. 2. Dimensionamento Na primeira fase deste trabalho, elabore o esquema eléctrico da célula que foi atribuída ao grupo. Essa representação deverá ser efectuada no nível de transístor. Na segunda fase do trabalho, realize o dimensionamento analítico dos transístores que compõem a célula. Siga o procedimento descrito no Anexo 1 para determinar os valores dos KP equivalentes. Para efectuar o dimensionamento deve ainda ter atenção aos seguintes aspectos: • Os estímulos aplicados na entrada (ou entradas) da célula devem ter tempos de subida e de descida de 1 ps. • Deve ser adicionada uma capacidade parasita de carga de 3 fF, Cload, ligada à saída da célula1, como forma de modelar a capacidade de entrada de outra célula ligada nesse nó. • As dimensões dos transístores devem ser múltiplas de 0.1 µm, pois esta é a resolução mínima deste processo de fabrico. A largura mínima do canal dos transístores, Wmin, é 0.6 µm, e o comprimento mínimo, Lmin, é 0.2 µm. • Deve utilizar os parâmetros dos transístores da tecnologia CMOS 0.18 µm que se indicam na tabela 1. .MODEL N1 NMOS + LEVEL = 3 + LD = 0.010U + PHI = 0.500 + CGSO = 0.0p VTO = 0.50 THETA = 0.200 KAPPA = 0.080 CGDO = 0.0p U0 = 0.038 [m2/V.s] GAMMA = 0.350 VMAX = 100.00K TOX = 4.0E-9 .MODEL P1 PMOS + LEVEL = 3 + LD = 0.010U + PHI = 0.200 + CGSO = 0.0p VTO = -0.60 THETA = 0.300 KAPPA = 0.010 CGDO = 0.0p U0 = 0.030 [m2/V.s] GAMMA = 0.400 VMAX = 100.00K TOX = 4.0E-9 Tabela 1: Parâmetros típicos dos transístores da tecnologia CMOS 0.18 µm. NOTA: O Microwind2 [1] gera ficheiros SPICE com valores incorrectos para alguns parâmetros dos TMOS. Questões: A. Que efeito é modelado através dos parâmetros GAMMA e PHI ? B. Que fenómeno físico é modelado pelo parâmetro VMAX, e como afecta ele o tempo de propagação da célula combinatória ? 1 Esta capacidade deve ser ligada entre o nó de saída e a massa (VSS). 2 Para validar a correcção do projecto efectuado, deve realizar uma simulação eléctrica no programa Pspice [2] (simulação pré-layout). Nesta simulação deve adicionar 2 capacidades ao nó de saída da célula: Cload = 3 fF capacidade de entrada de uma célula ligada ao nó de saída (capacidade já atrás referida) Cout = 5 fF capacidade que modela a capacidade parasita associada ao nó de saída da célula. Esta capacidade destina-se a tornar a simulação mais realista. Na simulação pós-layout não será necessário introduzir esta capacidade, pois o programa Microwind2 [1] calcula o valor correcto desta capacidade, introduzindo-o no ficheiro SPICE. A medição dos tempos de atraso deve ser efectuada entre cada uma das entradas e a saída da célula (a 50% de VDD). No entanto, as entradas que permanecem inalteradas também influenciam o tempo de atraso. Assim, os estímulos a aplicar em todas as entradas de célula devem ser escolhidos criteriosamente, de forma a proporcionar o tempo de atraso mais desfavorável. 3. Projecto Físico (Desenho) Durante a fase de desenho devem ser consideradas as especificações geométricas do Template da Biblioteca ME018 (do 1º Trabalho de Laboratório). Para que a célula ocupe a menor área possível, o que irá constituir um dos critérios de avaliação, procure utilizar as distâncias mínimas permitidas por este processo de fabrico. Após o desenho da célula deverá criar um ficheiro SPICE (opção: File -> Convert Info -> SPICE netlist) para efectuar a simulação (simulação pós-layout) no programa Pspice. No ficheiro SPICE criado pelo Microwind2 deve: 1. adicionar a capacidade Cload ao nó de saída da sua célula (o valor correcto da capacidade Cout já terá sido considerada no processo de extracção). 2. corrigir o valor dos parâmetros dos TMOS extraídos incorrectamente pelo Microwind2. 4. Caracterização da Célula Para a célula desenvolvida deve ser criada uma página que resuma as principais características (data sheet). Em anexo é apresentado o exemplo de uma data sheet. A informação contida na data sheet deve contemplar (pelo menos) os seguintes items: 1. Área da Célula (µ µm x µm) 2. Número de Transístores MOS 3. Capacidade de cada um dos Nós de Entrada 4. Tempos de Atraso com Carga Típica de 3 fF Para medir os tempos de atraso da célula deve, como se referiu, incluir no ficheiro SPICE um condensador de 3 fF (Cload) ligado entre o nó de saída da célula e a massa (VSS). Atendendo a que o processo de fabrico e as condições de operação da célula são susceptíveis de variações, devem ser consideradas diferentes condições de 3 simulação (ver tabela 2). Para cada uma destas condições devem ser calculados os tempos de atraso da célula, tal como se pode observar na data sheet em anexo. Condições de simulação Mínima Típica Máxima Temperatura (oC) -55 27 100 VDD (V) 2.2 2.0 1.8 Tabela 2: Condições de simulação a utilizar na obtenção dos tempos de atraso. As condições típicas correspondem aos valores por defeito do Microwind2. Para os outros dois casos deve ser utilizado uma novo ficheiro tecnológico. Para tal, considere os parâmetros tecnológicos que conduzem a transístores MOS mais rápidos (fast) ou mais lentos (slow) que os descritos pelos parâmetros típicos (tabela 1), e que são dados nas tabelas 3 (SLOW) e 4 (FAST). Em cada um destes casos deve ser seleccionada uma nova tecnologia (opção File -> Select Foundry) indicando o nome do ficheiro correspondente ao modelo pretendido. De seguida deve ser repetida a extracção da célula, com a consequente criação de um ficheiro em formato SPICE. Alternativamente, a alterações de parâmetros pode ser realizada directamente no ficheiro .CIR, antes da simulação com o Pspice. .MODEL N1 NMOS + LEVEL = 3 + LD = 0.010U + PHI = 0.500 + CGSO = 0.0p VTO = 0.60 THETA = 0.200 KAPPA = 0.080 CGDO = 0.0p U0 = 0.038 [m2/V.s] GAMMA = 0.450 VMAX = 100.00K TOX = 4.0E-9 .MODEL P1 PMOS + LEVEL = 3 + LD = 0.010U + PHI = 0.200 + CGSO = 0.0p VTO = -0.70 THETA = 0.300 KAPPA = 0.010 CGDO = 0.0p U0 = 0.030 [m2/V.s] GAMMA = 0.480 VMAX = 100.00K TOX = 4.0E-9 Tabela 3: Parâmetros típicos dos transístores da tecnologia CMOS 0.18 µm (SLOW). .MODEL N1 NMOS + LEVEL = 3 + LD = 0.010U + PHI = 0.500 + CGSO = 0.0p VTO = 0.40 THETA = 0.200 KAPPA = 0.080 CGDO = 0.0p U0 = 0.038 [m2/V.s] GAMMA = 0.300 VMAX = 100.00K TOX = 4.0E-9 .MODEL P1 PMOS + LEVEL = 3 + LD = 0.010U + PHI = 0.200 + CGSO = 0.0p VTO = -0.50 THETA = 0.300 KAPPA = 0.010 CGDO = 0.0p U0 = 0.030 [m2/V.s] GAMMA = 0.350 VMAX = 100.00K TOX = 4.0E-9 Tabela 4: Parâmetros típicos dos transístores da tecnologia CMOS 0.18 µm (FAST). Para as condições extremas (máximas e mínimas) deve constar uma linha no ficheiro SPICE indicando a temperatura pretendida para a simulação (.TEMP < temp. value > (degrees Centigrade) no Pspice), de acordo com a tabela 2. 5. Tempos de Atraso com Carga Variável Para avaliar o modo como o tempo de atraso é afectado pela carga colocada na saída da célula, o valor do condensador Cload introduzido no item anterior deverá 4 variar de 0 a 100 fF. Para cada incremento da capacidade Cload deverá ser medido (e registado) o tempo de atraso. Na data sheet anexa pode ser visualizado um gráfico que exemplifica os resultados obtidos para a célula nand3 da biblioteca CMOS IDlib (1.5 um). 6. Produto Potência-Atraso O produto potência-atraso (PDP, Power-Delay Product) constitui um factor de mérito de um circuito. O PDP corresponde simplesmente à energia consumida pelo circuito como resultado das transições que ocorrem nas tensões dos nós (nós internos e saídas) desse circuito. Para a caracterização da célula pretende-se determinar o PDP resultante de cada uma das transições da saída (L → H e H → L). Como o Pspice não calcula o valor da potência e, por consequência, também não calcula o PDP, é vulgarmente utilizado o circuito representado na figura 1 para determinar o PDP. Assim, deve adicionar ao seu ficheiro SPICE, a descrição correspondente a esse circuito, onde o valor de C pode ser qualquer, enquanto R deverá ter um valor muito elevado (por exemplo, 1G Ω). A fonte de corrente representada na figura corresponde a uma fonte de corrente controlada pela corrente na fonte de alimentação do circuito (VDD) [F <(+) node (-) node > < controlling V device name > < gain > no PSPICE]. O factor k deve ser calculado através da equação seguinte: k = VDD . C Utilizando este processo, ao fim do tempo de simulação, obtém-se como tensão V0 um valor equivalente à energia consumida pela célula, bastando substituir as unidades de Volts (tensão) por Joules (energia). Nota: Ao adicionar o circuito da figura 1 deve também indicar que inicialmente o condensador está descarregado (comando .IC < V(node) > = < value > (Initial bias point Condition) no PSPICE). Vo = Energia C k iDD R Figura 1: Circuito integrador utilizado para cálculo da energia consumida pela célula. 5. Elaboração do Relatório O Relatório deve incluir, pelo menos, os seguintes elementos para avaliação: 1. A resposta às Questões A e B 2. O esquema eléctrico da célula a nível de transístor. 3. Os cálculos efectuados para dimensionar os transístores NMOS e PMOS. 4. Os resultados da simulação pré-layout. 5. A implantação (layout) da célula. Para facilitar a interpretação do layout deve identificar, pelo menos, os nós de entrada e saída (metal 2). 5 6. Os resultados da simulação pós-layout. 7. Justificação para as eventuais diferenças observadas entre as simulações prélayout e pós-layout. 8. A página de dados (data sheet) da célula. Em conjunto com o Relatório (em papel) deve ser incluída uma diskette contendo: 1. A versão electrónica do Relatório 2. Os layouts das células (ficheiros Microwind2 com extensão .msk). 3. Os ficheiros SPICE utilizados para a obtenção dos tempos de atraso apresentados na data sheet. Inclua apenas os ficheiros utilizados para a obtenção dos valores típicos (condições de simulação típicas e carga típica de 3 fF). Referências [1] Etienne Sicard, “Microwind e Dsch (Version 3.0) – User´s Manual Lite version”, INSA, Março 2004, (em http://www.microwind.org/) [2] OrCAD 10.0 Demo Software: http://www.orcad.com/download.orcaddemo.aspx ou ICAP/4Windows Demo 8.x.11 : http://www.intusoft.com/demos.htm 6 Anexo 1 Características ID(VDS) dos Transístores da Tecnologia CMOS 0.18 Por simulação eléctrica no Pspice2, obtenha uma característica estática ID(VDS) para os transístores NMOS e PMOS da tecnologia CMOS 0.18 µm. Considere apenas transístores com as seguintes dimensões: NMOS: W = 0.6 µm L = 0.2 µm W = 1.2 µm L = 0.2 µm W = 1.2 µm L = 0.4 µm (W/L) = 3 (W/L) = 6 (W/L) = 3 PMOS: W = 1.5 µm L = 0.2 µm W = 3.0 µm L = 0.2 µm W = 3.0 µm L = 0.4 µm (W/L) = 7.5 (W/L) = 15 (W/L) = 7.5 A característica deve ser obtida para │VGS│= VDD = 2V, devendo ser utilizados os modelos dos transístores que se encontram descritos na tabela 1. .MODEL N1 NMOS + LEVEL = 3 + LD = 0.010U + PHI = 0.500 + CGSO = 0.0p VTO = 0.50 THETA = 0.200 KAPPA = 0.080 CGDO = 0.0p U0 = 0.038 [m2/V.s] GAMMA = 0.350 VMAX = 100.00K .MODEL P1 PMOS + LEVEL = 3 + LD = 0.010U + PHI = 0.200 + CGSO = 0.0p VTO = -0.60 THETA = 0.300 KAPPA = 0.010 CGDO = 0.0p U0 = 0.030 [m2/V.s] GAMMA = 0.400 VMAX = 100.00K TOX = 4.0E-9 TOX = 4.0E-9 Tabela 1: Parâmetros típicos dos transístores da tecnologia CMOS 0.18 µm. NOTA: O Microwind2 gera ficheiros SPICE com valores incorrectos para o parâmetro LD. Para cada um dos transístores, utilize a característica obtida no Pspice para determinar a corrente ID quando │VDS│ = │VGS│ = VDD. Utilizando as equações do modelo de nível 1, determine o valor do KP (= µ0 . Cox) equivalente para cada um dos transístores, de tal forma que, na saturação, o valor da corrente ID obtido analiticamente se torne igual ao valor da corrente ID obtido através de simulação eléctrica. 2 Sugestão: utilize o Microwind2 para obter o ficheiro SPICE, desenhando 6 transístores com as dimensões indicadas. 7 Anexo 2 IDlib process ECPD15 REV 1.0 Standard Cells 3 INPUT NAND NAND3 A B C Y = (A & B & C) Y ns 4.5 tplh typ max min 4.0 PARAMETER Size VALUE UNIT 27.4x60.0 um2 3.5 tplh tphl 3.0 tplh tphl 2.5 Transistors 6 2.0 Cin_A 0.016 pF 1.5 Cin_B 0.015 pF 1.0 Cin_C 0.015 pF tplh 0.5 0 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 pF PARAMETER FROM TO MIN TYP MAX UNIT tplh ANY Y 0.62 0.76 0.95 ns tphl ANY Y 0.44 0.54 0.73 ns ∆ tplh ANY Y 0.71 1.06 1.62 ns/pF ∆ tphl ANY Y 0.98 1.37 2.01 ns/pF 8