Telejornalismo e imaginário urbano: a cidade na TV Christina Ferraz MUSSE - doutora pela UFRJ, professora da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) - MG Palavras-chave: Telejornalismo, identidade, espaço público Resumo: O artigo é uma reflexão sobre a narrativa dos telejornais enquanto representação do espaço público. A televisão é fundamental na constituição do imaginário urbano, sendo forte responsável pela construção dos laços de pertencimento entre os seres humanos e os espaços por eles ocupados. Neste artigo, pretendemos analisar a história dos principais telejornais veiculados nas emissoras de Juiz de Fora, Minas Gerais, onde foi inaugurada a primeira geradora de TV do interior, na região Sudeste do Brasil, em 1964. Assim, desejamos evidenciar qual é a cidade representada nesses veículos que, nos últimos 44 anos, estão entre os principais mediadores das relações entre a cidade e seus habitantes. A investigação tem alguns aspectos relevantes, em especial, o fato de podermos evidenciar as mudanças dos telejornais locais, com a adoção do modelo de rede e a introdução das novas tecnologias, além do fato de Juiz de Fora ser uma cidade de características singulares no contexto mineiro, já que não agrega os valores tradicionalmente concebidos como aqueles da mineiridade. Este artigo é parte do projeto de pesquisa “Televisão e imaginário urbano: as narrativas da cidade no espaço dos telejornais”, financiado pela Fapemig. A cidade moderna: a TV como invenção A primeira demonstração pública de TV na América Latina foi realizada em Juiz de Fora. A iniciativa pioneira coube ao técnico de televisão e eletrônica, Olavo Bastos Freire. No dia 23 de setembro de 1948, ele realizou a primeira transmissão oficial totalmente eletrônica em circuito aberto, transmitindo imagens do Clube Juiz de Fora, na Av. Rio Branco, onde ficou o transmissor, para a loja comercial Casa do Rádio, na Av. Getúlio Vargas, onde foi instalado o receptor. Várias autoridades municipais tinham sido convidadas para o evento, algumas, como o comandante da 4ª Região Militar, general Demerval Peixoto1, tentaram declinar do convite, alegando que, no Brasil, ainda não existia televisão, mas acabaram cedendo ao pedido do então prefeito Dilermando Cruz: Com o salão do Clube cheio de convidados, foi dado início à demonstração. Foram televisionados os presentes, mas o sr. General Onofre (sic) ainda não se convencera da realidade. Ao ser televisionada a Av. Rio Branco, pelo telefone, fez a seguinte pergunta para os assistentes da Casa do Rádio: - “O 1 No artigo a ser citado, de autoria de Luiz José Stehling, o comandante da 4ª Região Militar, à época, é identificado como sendo o general Onofre Muniz Gomes, mas, em todas as outras reportagens pesquisadas, o comandante da unidade militar, em 1948, é identificado como o general Demerval Peixoto (Diário Mercantil, 22 mar.1981). que vocês estão vendo?” Resposta: - “Um bonde parado no ponto!” – “Qual o nome que está na taboleta?” Resposta: “Tapera...” Muito bem, disse ele, mas vamos ver o receptor. Depois de ver no cinescópio as imagens, S. Exa. convenceu-se de que não fora ludibriado. (STEHLING, 1961) Curiosamente, a primeira transmissão esportiva de um jogo de futebol também foi feita por Olavo Bastos Freire, durante a comemoração do primeiro centenário de fundação do município de Juiz de Fora, em 1950: ...televisionou do campo do Tupi F.C., no bairro de Santa Teresinha, no dia 21 de maio deste ano, o jogo com o Bangu A. C., do Rio de Janeiro. Fazia parte da delegação o cronista esportivo de “A Noite” e da rádio Nacional – Sr. Antônio Cordeiro que, depois do jogo, transmitiu seu resultado pelo telefone – Tupi 3 a 2, e a notícia de que o mesmo fora televisionado. Nessa noite, o “Repórter Esso” noticiou que em Juiz de Fora fora televisionado, pela primeira vez no Brasil, um jogo de futebol. (STEHLING, 1961). Foi o mesmo Olavo Bastos Freire que, em 28 de setembro de 1950, transmitiria dos estúdios da Rádio Industrial, na rua Halfeld, no centro da cidade, o primeiro programa de TV em Minas Gerais. O programa que a Carlos Pereira Indústrias Químicas S/A ofereceu aos curiosos observadores da televisão, em seus primeiros passos no Brasil, foi transmitido diretamente do 11º andar do Edifício Baependi, mostrando o trabalho do então repórter policial José Carlos de Lery Guimarães e da cantora Oswaldina Siqueira. Imagem e som chegavam em condições normais à antiga Casas Pernambucanas, na rua Halfeld, onde se improvisara um receptor para permitir a uma pequena multidão aglomerada, ver o que se passava no estúdio da emissora. (Diário Mercantil, 1973, p. 3) Neste início dos anos 50, a experiência televisual ainda era envolvida pela aura do mistério, do exotismo e da exceção. A TV Tupi de São Paulo acabara de ser inaugurada, no dia 18 de setembro. A população brasileira ainda se curvava à sedução das ondas sonoras do rádio que, em Juiz de Fora, atraía multidões para as gravações dos programas de auditório no Cine-Theatro Central. A cidade, ordenada, tinha bondes, poucos carros, muitos pedestres, cafés e casas comerciais de estilo europeu. Apesar do esvaziamento econômico, que fizera com que Juiz de Fora deixasse de ser o maior centro industrial mineiro, ainda sobrevivia uma elite que prezava a educação e o refinamento cultural. Ao mesmo tempo, a classe operária se organizava em sindicatos de expressão, cuja referência era o trabalhismo getulista. Juiz de Fora era uma cidade dividida, de fronteiras bem delimitadas, em que o popular e o erudito raramente se tocavam. Certamente, ainda era uma cidade das letras, em que os jornais, que continham raras imagens, eram os principais formadores de opinião, num modelo ainda bastante excludente em relação às grandes massas, que são incorporadas às narrativas jornalísticas, especialmente a partir dos anos 70. (MUSSE, 2006) Naquele momento, a TV ainda era apenas um objeto, que despertava a curiosidade e que podia ser concebido por um inventor. A TV, no Brasil, vai se configurar como mídia complexa a partir dos anos 70. O sinal de televisão só começou a chegar à cidade de Juiz de Fora, de forma sistemática, a partir do início dos anos 60. O juizforano podia assistir à TV Tupi, à TV Rio, Canal 13, e à TV Continental, Canal 9. “... as TVs Tupi e Rio eram retransmissoras autorizadas pelo governo, mas o comerciante de eletrônicos Celso Borelli Moreira, proprietário das Casas Borelli, mantinha através de um pequeno transmissor improvisado, o sinal da TV Continental na cidade”. (RODRIGUES, 2006, p.31) Outra experiência pioneira foi a da TV Mariano Procópio, Canal 7, afiliada da TV Tupi que, de 1960 a 1963, possuía um bloco de cinco minutos dentro do Jornal da Tupi, apresentado na época por Íris Lettieri e Talita. ...o material local era gravado em película e enviado por ônibus ao Rio a fim de ser exibido. O bloco era feito com slides de Jorge Curi e textos de Wilson Cid, que ressalta uma entrevista de destaque feita por ele e exibida no telejornal, com o senador pelo estado do Espírito Santo, João Calmon, presidente do Condomínio dos Diários Associados. (RODRIGUES, 2006, p. 31) A proposta de criação da TV Industrial começou a ser analisada no início dos anos 60. Em 1962, a Comissão Técnica de Rádio, agora com a denominação Contel – Conselho Nacional de Telecomunicações -, hoje, Dentel – Departamento Nacional de Telecomunicações – estudava a proposta da Rádio Industrial de Juiz de Fora para a concessão do Canal 10 àquela emissora. (CABRAL, 1985, p.6.) Aprovada pelo Contel e autorizada pelo presidente João Goulart, a proposta do empresário Sérgio Vieira Mendes, proprietário das rádios Industrial e Difusora, resultou na concessão do canal, mediante o decreto nº 2236, de 22 de janeiro de 1963. (CABRAL, 1985). Quando a TV foi inaugurada, Juiz de Fora recebia o sinal de apenas três emissoras: TV Tupi, TV Rio e TV Record. A TV Industrial foi saudada na cidade como símbolo de modernidade. Foi construída em terreno doado pela prefeitura, no ponto mais alto do centro urbano, o Morro do Imperador. A inauguração se deu com toda a pompa e circunstância, em 29 de julho de 1964, quatro meses depois que as tropas do general Olympio Mourão Filho tinham deixado a cidade em direção ao Rio de Janeiro, deflagrando o golpe militar de 1964. Construída no cume do Morro do Imperador, ao lado do monumento ao Cristo Redentor, o estúdio e a torre da TV Industrial estão dominando toda a região da Zona da Mata, num atestado de pujança dos nossos filhos pioneiros. Entrando no ar a sua imagem, nítida e com o som perfeito, a não ser vezes por outra falho, justificáveis, porque estão em fase inicial e os técnicos são mesmo de casa, começando, portanto, agora o novo mister, a TV Industrial tem levado aos lares alguns bons programas, além de filmes interessantes. Dos programas montados, às vezes de improviso, temos gostado de “Em nome da Lei”, com Carlos Netto; “Juiz de Fora em 3-D”, com o engenheiro Itamar Franco; “Música Imortal” e “Mesa de bar”, com Luiz Araújo; “Entrevistas”, com Maurício de Campos Bastos e outros; “Resenha Esportiva”, com Geraldo Magela Tavares, sem falar nas exibições de conjuntos musicais e artistas locais. Enfim, depois de feita a programação definitiva, é que poderemos tirar a conclusão do valor artístico e qualidades do roteiro do Canal 10. Até agora tem sido na base da improvisação. (O LINCE, 1964, p.20) A TV Industrial foi responsável pela construção da primeira torre helicoidal da América Latina, projetada por Armando Favato (JF HOJE, 29 jan.1990, p.16). Segundo o projetista, a torre “que inovava na forma, tirando partido das linhas curvas, simbolizava a própria dimensão da comunicação: a origem do zero ao infinito”. ( MUSSE, 1985) Logo que entrou no ar e, depois, durante certos períodos, a TV Industrial conseguiu uma verdadeira façanha: “80% da programação da emissora chegaram a ser gerados nos seus próprios estúdios, segundo informação do ex-diretor Geraldo Mendes”. (MUSSE, 1985, p. 8) Os programas produzidos na cidade envolviam vários gêneros: educativos, jornalísticos, auditório, variedades, etc. Os outros 20% da programação eram completados pela projeção de filmes e a compra de programas: “para cobrir a programação que faltava, (a TV) fez uma série de contratos com emissoras e redes, onde (sic) recebia VTs de programas que eram colocados no ar semanas depois de sua exibição pela emissora de origem, ou mesmo, entrando em cadeia com outras geradoras”. (CABRAL, 1985, p. 10) Segundo Musse (1985, p.9), “nos dias úteis, a emissora permanecia no ar por uma média de oito horas diárias, das cinco da tarde à uma da madrugada e, nos fins de semana, mantinha sua programação de meio-dia até o início da madrugada, num total de treze horas de transmissão”. A programação da TV Industrial, administrada ainda de forma familiar, permitia uma grande liberdade àqueles que propunham inovações, como a programação educativa. Dois programas eram veiculados nesses padrões: “A Universidade no ar”, que levava conhecimentos de nível superior a todos que quisessem acompanhá-lo, e “Sistema”, que equivalia, resguardadas as devidas proporções, entre escola e emissora de televisão, ao segundo grau, e dava ao aluno uma perspectiva de poder participar dos vestibulares de Juiz de Fora e região2. (CABRAL, 1985, p. 11) Apesar das grandes dificuldades técnicas, a emissora possuía uma diversificada grade de programação, que reunia atrações como Carlos Imperial, Raul Longras e César de Alencar em programas de auditório; Roberto Carlos, Toquinho e Maria Creuza, em musicais; e a maior audiência a cargo do programa esportivo “Camisa 10”, ancorado pelo empresário Geraldo Mendes. 2 De acordo com o autor, o programa dirigido pelo médico e professor Sebastião Helvécio, diretor de um curso preparatório para o vestibular, foi apresentado a Shell do Brasil para obtenção de patrocínio. “Dois meses depois, ela o fazia, só que na Rede Globo, com o nome de “Tele-curso do 2º Grau”. (CABRAL, 1985, p. 11) E, como o juizforano sempre foi muito mais torcedor do Botafogo ou Flamengo do que do Atlético ou Cruzeiro, a emissora se esmerava na transmissão dos campeonatos e torneios cariocas. Em 1974, a TV Industrial chegou a receber um prêmio especial da administração do estado do Rio de Janeiro, por ter sido a emissora mais presente no Maracanã. Neste ano, além de transmitir nada menos que 174 partidas, a TV Industrial já inovava, lançando fórmulas como a do programa “Camisa 10”, que, já naquela época, reunia comentaristas para discutir os jogos e o desempenho das equipes, hoje, uma prática comum em todas as emissoras. (MUSSE, 1985, p.9) O jornalismo diário era mais limitado, devido à dificuldade de gravação de imagens externas. Mas chegou a ser veiculado, diariamente, das 18h às 19h, o telejornal: A hora é a notícia. “Foi uma criação e produção de uma agência de publicidade local – a Prevendo – sob direção de Marilda Ladeira. Esse programa contava com 16 quadros de variedades e era apresentado por 4 locutores.” (CABRAL, 1985, p.13). De acordo com o autor, dentre os quadros, havia: Crônica Editorial de Abertura, Sociedade (Coluna Social), Horóscopo, Política, Polícia, Cidade, Esportes, Artes, Imóveis (classificados), Literatura, etc. O formato não chegava nem mesmo a ter influência radiofônica, mais lembrava as editorias de um jornal impresso. As dificuldades técnicas para se fazer um telejornalismo de qualidade eram muitas: as maiores relacionadas à falta de mobilidade do equipamento, baixa resolução de áudio e imagens e o tempo empregado em se chegar ao produto final. Tinha-se ainda uma TV artesanal, lenta, caseira e muito experimental3. No jornalismo, por exemplo, as primeiras gravações externas da Industrial foram em Super-8 e prosseguiram assim por um bom tempo. Isso forçava sua colocação no ar com alguns dias de atraso, 3 ou 4, no mínimo; o tempo necessário para que o filme voltasse do Rio, onde era revelado, e fosse transmitida a gravação, por telecine. Mas o próprio Super-8 já não permitia excelente reprodução de imagem. Ao passar 3 De acordo com Cabral, num primeiro momento, a TV Industrial contava com duas câmeras, uma “ilha” de telecine, um videoteipe Ampex e um transmissor, tudo em preto e branco. Num segundo momento, um transmissor em cores, três câmeras Panasonic a cores, uma “ilha” de telecine a cores e um equipamento de apoio – uma câmera portátil e duas ilhas de VT. (1985). Em 1976, a TV Industrial adquire material para transmissão em cores, foi a primeira emissora do interior de Minas Gerais a transmitir em cores. (CABRAL, 1985) pelo telecine, o produto final perdia ainda mais em qualidade. (CABRAL, 1985, p. 15) Se era patente o interesse em se fazer uma cobertura jornalística local, com ênfase em assuntos que mantivessem uma proximidade com o público, a grande dificuldade era dar um formato atraente ao produto final. Como na maior parte dos centros urbanos, os telejornais mais se assemelhavam a radiojornais, já que utilizavam muito pouco os recursos imagéticos. Por isso, recursos como slides eram utilizados para ilustrar algumas locuções; quando era possível, levava-se ao estúdio alguém credenciado para fazer uma abordagem sobre o assunto em pauta; noutras vezes, havia apenas uma locução mais detalhada, já que não havia imagens dos eventos sobre os quais se prestava a informação, ou seja, uma linguagem bem mais adequada para o rádio foi adotada, resultando em evasão do público. (CABRAL, 1985, p. 16) A antiga editora do telejornal Imagem (1977/1980)4, Regina Gaio, confirma que, apesar do nome, o que menos havia no jornalismo diário da TV eram imagens: O noticiário era, segundo ela, relativamente monótono e as notícias eram ilustradas apenas por “selos”, ao lado direito do apresentador. Já inspirados na Rede Globo, estes “selos” apresentavam o personagem Zé Marmita5 em situações diferenciadas, ora jogando futebol, ora construindo, ora estudando ou em outras situações relativas aos temas apresentados. O recurso artístico do desenho foi um pedido da então editora para quebrar a monótona leitura entre os apresentadores. (RODRIGUES, 2006, p.33) Outro aspecto bastante interessante se refere à organização empresarial do veículo de comunicação. De acordo com Cabral (1985), a emissora tinha 30 funcionários e gerava cerca de oito a dez horas de programação diária. Quase todos eram da cidade de Juiz de Fora, alguns como Cristina e Dolores Mendes, que trabalhavam no setor de Jornalismo, filhas de um dos sócios da TV, o que criava um ambiente empresarial com características bastante familiares. 4 O primeiro telejornal da TV Industrial foi o Teledez, uma alusão ao Canal 10. (RODRIGUES, 2006, p.35) 5 De acordo com Flávio Lins Rodrigues (2006, p.33), “a proposta da emissora de Juiz de Fora era popular, daí o nome TV Industrial e seu personagem símbolo, que era o logotipo da emissora, o Zé Marmita, um trabalhador de macacão e boné”. Há várias hipóteses sobre o fim da TV Industrial, vendida à Rede Globo de Televisão, em 1980. Além dos aspectos estritamente pessoais, como o falecimento em curto espaço de tempo de dois dos três sócios (o irmão, Gudesteu, e o pai, Sérgio), ficando no comando da emissora apenas Geraldo Mendes, há outras considerações: nunca a emissora apresentou uma saúde financeira desejável, seja por má administração ou por falta de investimento do mercado publicitário local. A situação, às vezes, “era tão desesperadora, que a Rádio Industrial, dos mesmos proprietários da TV Industrial, cobria os déficits da TV.” (CABRAL, 1985, p. 25). Outro aspecto é o fato de que, pela dificuldade de gerar programação própria, e o alto custo para entrar em cadeia com outras emissoras, via Embratel, a TV Industrial, que fazia parte da Rede das Emissoras Independentes, costumava comprar programas veiculados pelas emissoras maiores como TV Tupi, TV Gazeta, TV Rio e TV Globo para, mais tarde, fazer a sua reapresentação, o que, de certa forma, também onerava a emissora. (CABRAL, 1985) O imaginário diaspórico: a consolidação das redes Juiz de Fora começou a receber a imagem da Rede Globo, em 1968. Inicialmente, o sinal vinha do Rio de Janeiro, depois, de Belo Horizonte. Nesta época, a cidade, que sempre manteve uma rixa tradicional com a capital do estado, iniciou uma verdadeira campanha contra o sinal de Belo Horizonte. A população reclamava dos comerciais, das notícias veiculadas nos telejornais, apesar até da emissora manter aqui uma equipe fixa de reportagem, com o intuito de produzir diariamente material para as redes estadual e nacional. A verdadeira guerra ganhou as manchetes de jornal a até uniu os políticos da Câmara Municipal, apesar dos partidos, numa luta comum: trazer de volta o sinal do Rio de Janeiro. (MUSSE, 1985, p. 10) Finalmente, em abril de 1980, a TV Industrial foi vendida para a Rede Globo de Televisão6. Na época, a TV Globo de Juiz de Fora, canal 5, passou a atingir uma área de 218 municípios da Zona da Mata, Vertentes e Sul de Minas. A programação local se restringia praticamente ao telejornalismo, gênero que ocupava um espaço pouco expressivo no que tange à grade de programação. De acordo com dados de 1984: 6 No início da década de 80, Juiz de Fora recebia a retransmissão de imagens da TVE (desde 31 de maio de 1981) e da TV Bandeirantes (desde 25 de dezembro de 1982). ... foram exibidas 51 horas de noticiosos locais (MG TV), número pouco expressivo, quando comparado às 623 horas das transmissões de noticiosos via satélite (Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional, Jornal da Globo, Momento Olímpico, Edições Extras), ou às 1010 horas de transmissão de novelas e seriados (novelas, Caso Verdade, Séries Brasileiras, O Bem Amado). Segundo ainda o departamento de programação da emissora de Juiz de Fora, a produção local se limitou, em 1984, a apenas mais oito horas de programas de utilidade pública (Globo Cidade, por exemplo) e outras 42 horas de programas religiosos (Santa Missa em seu Lar). No setor comercial, apenas 30% do espaço é ocupado por anunciantes locais e regionais: os outros 70% são ocupados pelo mercado nacional. (MUSSE, 1985, p.13) Na década de 80, a produção diária de noticiosos e programas de utilidade pública se limitava a cerca de 13 minutos diários7. Apesar de se constituir como emissora regional, a maior parte das notícias veiculadas mostravam apenas a cidade de Juiz de Fora8, excluindo outros centros importantes do Sul e do Sudeste Mineiro dos telejornais diários. Em Juiz de Fora, não ocorreu o mesmo fenômeno registrado à época, no interior de São Paulo, e que transformou a antiga TV Bauru na Rede Oeste Paulista. Ao contrário, em 1985, foi inaugurada a TV Varginha, que passou a ser a responsável pelo noticiário do Sul do estado, ficando Juiz de Fora apenas com a cobertura das Vertentes e Zona da Mata. Ainda na década de 80, chama a atenção a maneira pela qual um outro canal de TV foi distribuído para empresários e políticos de Juiz de Fora, ligados à antiga Arena. “O caso da TV Tiradentes se inclui entre os 140 casos de concessões que foram distribuídas no apagar das luzes do governo Figueiredo, isto é, de outubro de 1984 a março de 1985” (MUSSE, 1985, p.20). A concessão foi publicada no Diário Oficial da União no dia 15 de janeiro de 1985, mesmo dia em que o Colégio Eleitoral elegia Tancredo Neves presidente da República. Inicialmente, a emissora foi pensada para retransmitir o sinal da então TV Manchete, e produzir alguma programação local. Acabou se transformando em afiliada do SBT de Sílvio Santos, com uma característica interessante: uma programação mais popular, que procurava ter a “cara da cidade”. A 7 De acordo com a autora, eram exibidos, em 1984, um bloco de notícias regionais de 300 segundos no total de 660 segundos do MGTV 1ª Edição, e um bloco de 225 segundos no total de 480 segundos do MGTV 2ª Edição, além de quatro inserções diárias de flashes (de 60 segundos) vespertinos do Globo Cidade. (MUSSE, 1985) 8 Nos três primeiros meses de 1985, das 570 matérias produzidas, apenas 50 foram feitas fora do município. (MUSSE, 1985, p. 15) TV Tiradentes entrou no ar, em primeiro de fevereiro de 1990, e permaneceu até 1999, quando foi vendida ao grupo mineiro Alterosa. A jornalista Andréa Andrade, na época repórter do Telejornal Tiradentes atribui à possibilidade de produção de matérias longas, com maior detalhamento sobre os temas, o sucesso imediato dos telejornais da emissora. Também os programas de entretenimento, apresentados por profissionais oriundos do rádio local, conseguiram alcançar bons números de audiência. Além de ser exibida pelo Canal 10, a TV Tiradentes possuía também outras semelhanças com a TV Industrial, pois vários profissionais oriundos do rádio e alguns inclusive com passagem pela primeira emissora da cidade, lá trabalharam, como José Carlos de Lery Guimarães, Glauco Fassheber, Geraldo Magela Tavares, Geraldo Mendes e Claudinei Coelho. (RODRIGUES, 2006, p. 37) O radialista Paulo Soares (2008), que trabalhou na década de 90, na emissora, relembra, por exemplo, que a cobertura jornalística do “seqüestro da rua das Margaridas”9, de repercussão nacional, influenciou de forma definitiva na conquista da audiência pela TV Tiradentes: “O pessoal da TV Tiradentes fez uma cobertura de 24 horas por dia, então, eles pegaram muitos momentos do seqüestro que ninguém tinha, porque era de madrugada, a polícia fazia uma ação, ninguém estava lá, e eles estavam”. A presença mais constante da TV Tiradentes no dia-a-dia de Juiz de Fora também é lembrada pelo jornalista Álvaro Americano: As pessoas começaram a gostar muito da TV Tiradentes porque viam nela a cara da cidade, porque a gente cobria especificamente a cidade. Qualquer coisa a gente ia e começamos a chegar antes do pessoal da Globo e tínhamos equipamentos melhores que os da Globo. Então, nossas imagens eram melhores e tinha um núcleo lá que tinha saído da própria TV Globo, que eram pessoas experientes, e que acabaram fazendo uma segunda escola. (AMERICANO, 2008) A TV Tiradentes disponibilizava mais tempo para o telejornalismo local do que a concorrente Globo, cerca de 20 minutos diários, nas duas edições do noticiário 9 Em agosto de 1990, uma rebelião na Penitenciária de Contagem, em Belo Horizonte, resultou na fuga, para Juiz de Fora, de cinco presos, que fizeram três policiais reféns. Os fugitivos mataram um policial,, liberaram os outros, e, então, fizeram uma família como refém. Eles invadiram uma casa no bairro do Aeroporto, e, durante as negociações, liberaram os civis e ficaram apenas com o coronel PM Edgar como refém. Os seqüestradores acabaram se rendendo e foram transferidos para presídios do estado. Dos cinco, três foram assassinados nas prisões e dois estão em liberdade e são pastores evangélicos. Tiradentes. Além do Tiradentes Semana, em formato revista, que era exibido aos sábados. A emissora conquistou admiradores, mas nunca chegou a ameaçar a liderança da TV Globo de Juiz de Fora. Uma característica curiosa é a de ter formado um grande número de técnicos, quase que autodidatas, em seus estúdios, de operadores de gerador de caracteres e editores de VT a cinegrafistas. Um dos sócios da emissora, Josino Aragão10, dono de um dos maiores colégios técnicos particulares de Juiz de Fora, o Colégio Pio XII, administrava a TV Tiradentes de maneira bastante familiar, interferindo em vários detalhes da transmissão, inclusive na linha editorial. Se a emissora conseguiu comprar material de tecnologia de ponta, na década de 90, ao mesmo tempo, foi alvo de várias denúncias do Sindicato dos Jornalistas por exercício irregular da profissão. Mesmo assim, conseguiu reunir profissionais experientes, não apenas de Juiz de Fora, mas do Brasil, como o então gerente de programação Eduardo Eurico, com passagens pela Globo e Bandeirantes. O canal ocupado pela TV Tiradentes acabou vendido para a TV Alterosa, de Belo Horizonte, mas, antes, por um curto período, a emissora retransmitiu as imagens da TV Record. As relações amistosas de Josino Aragão e um dos sócios dele, Jovino Jorge Rodrigues Quintela, com políticos influentes de Juiz de Fora, principalmente nos últimos anos do governo militar, acabou possibilitando que eles se tornassem também proprietários da TVE de Juiz de Fora, canal 12, afiliada à TVE do Rio de Janeiro, que foi a primeira emissora educativa não governamental. Na programação do canal educativo, nunca houve produção de jornalismo diário, apenas um programa de debates (Mesa de Debates), e, mais recentemente, a reprise de programas de entrevista produzidos pela TV Visão, emissora de canal a cabo que, durante pouco mais de quatro anos, transmitiu pela NET.11 Ainda deve ser registrado que, há cerca de um ano, a TVE tem veiculado o programa semanal Mosaico, que fala de bairros e ruas da cidade, produzido por alunos da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora, através de sua Produtora de Multimeios. 10 O outro sócio de Josino Aragão, na TV Tiradentes, foi o empresário do ramo das comunicações, Domingos Frias, que, antes, tinha sido proprietário de uma emissora na cidade de Campos, estado do Rio de Janeiro. A Fundação Educacional Pio XII ainda hoje é proprietária da geradora da TVE, da Rádio Globo AM e do jornal Diário Regional, em Juiz de Fora. 11 A TV Visão estreou em Juiz de Fora, em setembro de 2003, depois de negociações com a TV Cidade, concessionária do serviço de TV a cabo. Em 15 de maio de 2006, a Visão estreou suas produções na TV aberta através do Espaço Visão, na TVE Juiz de Fora. A emissora teve vários programas no ar, mas, como não teve uma rotina de produção de telejornais, a TV não será analisada neste artigo. A TV Visão encerrou suas atividades em março de 2008. (GUEDES, 2007) As emissoras de TV de Josino Aragão participaram do Sistema Regional de Comunicação, iniciado, em 1970, com a inauguração da Rádio Nova Cidade AM, que acabou vendida (hoje, Rádio Manchester 730 AM), a Rádio Pio XII FM, também vendida (hoje, Juiz de Fora 107 FM) e o jornal impresso Diário Regional, seguindo uma tendência também observada em outros grupos de comunicação da cidade 12. O Sistema Regional de Comunicação inclui também, hoje, a Rádio Globo 910 AM. Quanto à antiga TV Tiradentes, hoje, afiliada da TV Alterosa, a preocupação é estabelecer uma relação mais próxima com a população da cidade, promovendo eventos ou realizando coberturas jornalísticas. “A direção que assumiu o comando da TV se encarregou de imprimir a marca da TV Alterosa no telejornalismo de Juiz de Fora: priorizou o local, com matérias de segurança pública e de prestação de serviço, e exibiu vts ágeis e em plano seqüência.” (COUTINHO, MAIA, 2007, p. 4) Apesar da intenção de criar vínculos com o espectador local, o espaço do telejornalismo é pequeno, restrito ao Jornal da Alterosa Edição Regional. Percebe-se que na produção das edições do telejornal procura-se enfocar assuntos relacionados ao âmbito local, incluindo as notícias referentes a problemas do dia-a-dia do cidadão. A cobertura dos problemas da comunidade, expostos e debatidos com as autoridades compõem a estrutura do Jornal da Alterosa Edição Regional. O telejornal também procura seguir a missão estabelecida pela TV Alterosa Juiz de Fora, de informar e auxiliar no bem-estar da comunidade, ao produzir matérias de serviço e saúde. (MARTINS, 2008) As matérias de serviço também são aquelas responsáveis pela maior parte das pautas que são produzidas pela TV Panorama13. A emissora é líder de audiência e veicula três telejornais diários: MG Notícias (cerca de quatro minutos), no início da manhã; MG TV 1ª Edição (cerca de 30 minutos; 45 minutos aos sábados), às 12h15min; e MG TV 2ª Edição (cerca de 10 minutos), às 19h, que é o telejornal que detém a 12 O Grupo Solar tem as Rádios Solar AM e FM, e o jornal Tribuna de Minas. O grupo Panorama tem a Rádio Panorama FM, o jornal JF Hoje, o portal I-Panorama e participação na TV Panorama, afiliada da Rede Globo de Televisão. 13 A TV Panorama de Juiz de Fora também apresenta na sua grade de programação o Panorama Entrevista, programa semanal, de meia hora de duração, que vai ao ar aos domingos, e foi criado em novembro de 2005. Outros programas, no entanto, saíram da grade, como o Panorama Revista, de variedades, com destaque para reportagens de cultura e comportamento, e o Panorama Esporte. Em 2008, como resultado da venda de parte da emissora para a TV Integração, de Uberlândia, há a promessa de se produzir aqui o Panorama Rural. Além disso, está sendo montada uma equipe de reportagem para atuar na sucursal da emissora, que será criada em Muriaé, na Zona da Mata. maior audiência. Além destes programas, são apresentados flashes, principalmente durante a programação vespertina, conhecidos como Panorama Cidade. Desde 1998, quando a antiga TV Globo Juiz de Fora foi transformada em TV Panorama14, foram deflagradas várias ações que permitissem uma maior identificação entre o público e a emissora. Foi criado um Departamento de Marketing com o objetivo de desenvolver eventos que promovessem esta aproximação, com a realização, por exemplo, da Copa Panorama de Futsal, reunindo dezenas de times da região e com ampla cobertura das partidas pelas equipes de jornalismo da emissora. Nas coberturas jornalísticas, o factual, se possível “ao vivo”, tem maior expressão, e os produtores dos telejornais estão sempre atentos para idealizar matérias que tenham o espectador como fonte da informação, além da cobertura de eventos, de pautas que surgem a partir de releases enviados por assessorias de imprensa, e da repercussão de notícias nacionais e internacionais. Nota-se que a TV toma para si a incumbência de “explicar” o mundo complexo e acelerado para o telespectador. Além disso, na quase falência do atendimento prestado por vários órgãos públicos, a TV surge como mediadora de conflitos, facilitando a solução dos problemas do homem comum. Aliás, este homem comum é a figura mais importante nas reportagens televisivas, que não dispensam o “personagem”, aquele cidadão anônimo, praticamente tomado emprestado da ficção televisiva, e através do qual o problema em questão será exemplificado, facilitando o entendimento do assunto. Além dessas pautas de rotina, a TV Panorama investe em séries temáticas, como acontece no restante da Rede Globo, promovendo a discussão mais detalhada de assuntos que estão na ordem do dia. Para a realização dessas matérias especiais, mais longas e mais elaboradas, uma equipe pode às vezes despender mais de uma semana de trabalho, o que é bem diferente da rotina de produção diária, em que cada repórter e repórter cinematográfico fazem, em média, duas pautas por turno de sete horas diárias de trabalho. Conclusões O telejornalismo regional se coloca como tributário da cidade, que ele diz representar. Mas, em especial depois dos anos 70, com a fixação da imagem de um Brasil idealizado, via Embratel, os laços locais parecem ter perdido espaço para um país cada vez mais homogêneo e menos regional. O projeto do “Brasil Grande”, integrado, 14 A TV Panorama abrange, atualmente, uma área de cobertura de 117 municípios na Zona da Mata e Vertentes, com cerca de dois milhões de habitantes de um imaginário nacional construído pelas telenovelas e pelos telejornais transmitidos ao vivo e a cores para todo o Brasil, não foi apenas um ideário da ditadura militar, mas a concretização de um projeto econômico globalizado, somente possível no país que se urbanizava rapidamente e ampliava suas possibilidades de consumo . O “laço social” como o define Wolton (2006) é exatamente esta possibilidade que os diferentes e os distantes têm de discutir uma mesma agenda temática. Se isto os aproxima, é certo, mas provavelmente em detrimento dos laços de pertencimento locais, que têm a ver com o território, a memória e o afeto. Interessa-nos saber se esta nova forma de representação e construção da realidade (BECKER, 2005), que ampliou de forma até então inimaginável a circulação de informações, e criou um modelo de sociabilidade mediada, no lugar do face-a-face, pode instaurar o telejornalismo como nova “praça pública” (PEREIRA JÚNIOR, PORCELLO, MOTA, 2006), pelo crescente esvaziamento dos espaços e poderes públicos em detrimento dos privados. Talvez, com a emergência da televisão digital, possamos falar da interatividade que considero indispensável à constituição do “público”. No momento, ainda parece-me cedo. No meu ponto de vista, no que se refere aos espaços urbanos contemporâneos, os telejornais têm atuado mais na constituição daquilo que chamei de “imaginários diaspóricos” (MUSSE, 2006), que tendem a enfraquecer a cultura local em detrimento da global. A tecnologia sozinha não poderá preencher este vácuo. Políticas públicas consistentes e a sociedade civil organizada é que podem sinalizar no sentido de uma real democratização da produção e da compreensão dos conteúdos e imagens da comunicação. Referências bibliográficas A TELINHA nos anos 40. Juiz de Fora: JF Hoje, 29 jan. 1990, p.16. AMERICANO, Álvaro. Fora,18 mar.2008. Depoimento. Entrevistadora: Nina Scafutto Scotton José. Juiz de ARANTES, Lívia Maia Caldeira Arantes. Desenvolvimento da TV em Juiz de Fora: um olhar sobre a TV Alterosa. Juiz de Fora: Facom/UFJF, 2006. BECKER, Beatriz. A linguagem do telejornal: um estudo da cobertura dos 500 anos do descobrimento do Brasil. Rio de Janeiro: e-papers, 2005. CABRAL, Luciano Neiva. TV Industrial: um resgate histórico. Juiz de Fora: Facom/ UFJF, 1. sem 1985. Monografia final de conclusão de curso de graduação. CARLOS Pereira Indústrias Químicas S/A: pioneira dos comerciais na TV do Brasil. 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