A Folha do Meio prossegue com a cobertura da série de Teleconferências realizadas pelo Programa TV Executiva do MEC, sobre Educação Ambiental. Veja nesta edição 13 perguntas e respostas da I Teleconferência Regional Sul sobre Educação Ambiental (realizada dia 14 de agosto, em Florianópolis) e mais a programação da Teleconferência da Região Sudeste, a ser realizada em Belo Horizonte, dia 17 de setembro. Dia da Arvore Nos quatro cantos do planeta, desde 1872 se comemora o Dia da Arvore. No Brasil, 21 de setembro foi a data escolhida. É o marco do início da primavera. Páginas 9 a 12 Página 8 T.RAGEM:75 MIL EXEMPLARES Volta Redonda sofre com poluição Coord. de Meio Ambiente de Volta Redonda i A CSN, maior siderúrgica da América Latina, privatizada em 1993, está no banco dos réus: é acusada pelos habitantes de Volta Redonda de poluir os rios que abastecem a região, de provocar sete mortes nestes dois últimos anos e de desligar os filtros, causando aumento na incidência dos casos de leucopenia, doença que destrói as defesas do organismo e, por isso, é chamada de Aids ambiental. Para os moradores e entidades como a Secretaria de Saúde e a Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Volta Redonda, a Feema - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro tem culpa no cartório, pois deveria fiscalizar a CSN e não o faz. Enquanto isto, o problema se agrava. Páginas 16 a 18 A cidade de Volta Redonda, em dia de visível fenômeno meteorológico chamado de Inversão térmica PANTANAL O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vai investir US$ 400 milhões no Pantanal. O objetivo é criar infra-estrutura e melhorar o marketing turístico para incrementar o desenvolvimento sustentável na região. Página 05 PRóXIMA EEDIçAO Comemoração do Kuarup no Xingu i Dia Mundial da Limpeza Subaquática (27 de setembro) i MEC discute em Belo Horizonte a Educação Ambiental na região Sudeste I A II etapa do Campeonato Brasileiro de Vôo Livre foi realizada em Brasília, de 24 a 30 de agosto. Plana, a Capital da República não tem morros e na época da seca é cheia de correntes de ar quente que ajudam os pilotos a ganhar as alturas. Veja no Suplemento, dicas de passeios, onde aprender a voar e muitas histórias sobre o vôo livre. Páginas 25 a 31 O MEIO AMBIENTE COMEÇA NO MEIO DA GENTE FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 RTAS DOS LEITORES Sementes Javier Cebaltos Agora em setembro comemoramos o dia da árvore. Em um planeta com tanta devastação, devemos repensar nossas atitudes e tentarmos fazer desse planeta o mais verde possível. É obrigação de cada um de nós... Eu pretendo enviar sementes à todas as pessoas que me escreverem enviando envelope selado! Através da Folha do Meio Ambiente divulgo essa iniciativa à todos que como eu se preocupam com o futuro desse planeta. Michele A. Silva Rua José Timóteo Caldara, 274 Petrópolis-RJ-25610-110 Cabra Parabenizamos a Folha do Meio Ambiente pela bela matéria sobre o Cabra Companheiros Andarilhos de Brasília. 0 sentimento de gratidão que despertamos pela natureza em nossas caminhadas, nos leva a fazer algo por ela. Continuamos sonhando com a cabeça nas estrelas, mas com os pés no chão. O Distrito Federal foi a primeira unidade da Federação a regulamentar a Unidade de Conservação denominada Monumento Natural. Contudo, as cachoeiras, grutas, cavernas, abrigos e saltos do DF continuam desprotegidos, uma vez que, até o momento, a Lei de Monumentos Naturais Ique já está em vigor há 2 anos) ainda não foi aplicada pelo governador Cristovam Buarque, por intermédio de sua secretaria de meio ambiente, a Sematec, o que caracteriza omissão. Esperamos que enquanto caminhamos com a cabeça nas estrelas, não tropecemos no lixo que sempre encontramos em tais lugares. Carlos Bimbato Coordenador do Cabra Colaboração Costumo ter acesso a Folha do Meio no gabinete onde trabalho (sou assessora parlamentar e de imprensa do vereador Roberto Tripoli, de São Paulo), e acho fundamental incentivar jornais do gênero, sobretudo pela linha editorial, bastante democrática, assumida pela FMA. Gostaria, inclusive, de saber se posso enviar colaborações para o jornal - artigos, dados, sugestões de matérias etc. Obrigada pela atenção, abraço fraterno, Regina Macedo São Paulo-SP NR: Regina, recebemos as sugestões de pauta até o dia 30 de cada mês e as matérias até dia 15. As colaborações serão bem vindas, mas sem o compromisso de publicação. Garanhuns Agradecemos a V.Sas. a lembrança e a remessa da publicação da Folha do Meio Ambiente, pelo que registramos a consideração, colocando-nos à disposição para quaisquer informações da nossa Secretaria, que no momento empenha-se no sucesso antecipado de nossos programas de âmbito exclusivo do meio rural, como bem especifica os que abaixo destacamos: a) Domingo no Campo (prog. que reúne o homem do campo e a administração municipal). b) Melhorando a raça (prog. de inseminação artificial). c) Melhorando a terra (prog. de aração e floresta original que, por incrível que pareça, cobria 39,7% do território do estado do Rio Grande do Sul e hoje esta porcentagem se resume a apenas 2,33% do estado. Como se não bastassem as estatísticas, foi aprovada a construção da Rota do Sol na Serra Geral que, de certa forma, vai rasgar os seus 656,7 mil hectares de floresta, somente para reduzir a distância da serra ao litoral. De uma forma ou de outra, não sei onde vamos parar, mas deixo um pouco de minha tristeza nesta Folha e um apelo: o futuro dos seres humanos e da natureza estará assegurado somente se toda a humanidade aprender a viver em harmonia com a natureza. Cristian Diovane Alves Cachoeirinha/RS Educação ambiental Balonismo Esta mensagem tem como objetivo parabenizá-los pelo excelente jornal Folha do Meio Ambiente. Tive a honra de ser presenteada com o número 74, de agosto de 1997, com especial destaque ao balonismo. A matéria ficou fantástica e super enriquecida pelas maravilhosas fotos. Adoro São Lourençoü! Gostei demais da coluna sobre a origem do balão. Fantástica ficou a página com os "sites" sobre os esportes aéreos!!! Parabéns, vá em frente, pois o meio ambiente está precisando urgentemente de pessoas com consciência ecológica evoluída como a de vocês. Maria Teresa Coimbra Prates Rua Nunes Vieira, 435 apt. 1007 Santo Antônio 30350-120 Belo Horizonte-MG Balonismo 11 Belo trabalho sobre o X Campeonato Brasileiro de Balonismo em São Lourenço-MG, julho 1997. Além de linda e oportuna, a reportagem especial de balonismo traz ainda como bônus endereços da internet que complementam assuntos ligados ao esporte. Parabéns!!! Atenciosamente, Lincoln Fernandez Freire Piloto da Telemig Celular Balonismo III Adorei a reportagem sobre os balões. Como posso obter fotos do evento? Obrigada! Daniele Vieira Ramos Belo Horizonte-MG seleção de sementes). d) Programa de incentivo à cafeicultura. Antônio Marlos Ferreira Duarte Secretário de Agricultura, Abastecimentos, Meio Ambiente e Recursos, Prefeitura Municipal de Garanhuns Lençóis Maranhenses Vivo aqui no Maranhão no recém-criado município de Paulino Neves, porta de entrada dos Lençóis Maranhenses e da APA do Rio Parnaíba, que se estende do Piauí ao Maranhão. Estou trabalhando com a comunidade para criação de uma associação que se chamará Ecolençóis. Temos grande potencial ecoturístico e uma grande dificuldade de informação. 0 trabalho é árduo, mas muito gratificante, pois a natureza é mãe e recompensadora. Cenário Peixoto Lins Jr. Paulino Neves-MA Meninos de rua NR: As fotos podem ser obtidas diretamente com Javier Ceballos, da Sul Minas. Av. Pedro II, 384, CEP 37470-000 - SãoLourenco-MG Telefax: (035) 331-2348 Confirmo e agradeço o recebimento do exemplar n0 73 desse jornal, com especial destaque à matéria "Meninos trocam as ruas pelas plantas", incentivo este que deve ser seguido por toda a Nação. Deputado Waldir Cartola Assembléia Legislativa de São Paulo Queixa Queria citar o descaso em que se encontra a Mata Atlântica, que já é considerada a segunda floresta úmida tropical mais devastada do mundo, sem nem ao menos conhecermos suas riquezas naturais, características geológicas e topográficas, que acolhe 15% de todas as formas de vida animal e vegetal existentes no planeta. Para se ter uma idéia, quando Pedro Álvares Cabral desembarcou em Porto Seguro, em 1500, havia um milhão de quilômetros de mata atlântica nas terras que seriam o Brasil. Hoje restam apenas 8% da Por meio desta nos dirigimos a V.Sa. para solicitar a possibilidade de inscrever as nossas escolas municipais no mail do jornal Folha do Meio Ambiente. Trabalhamos educação ambiental com 21 escolas, somos carentes de subsídios técnicos e didáticos. Conhecemos o jornal e temos certeza de que ele será para nós de grande utilidade para pesquisar com os alunos o assunto meio ambiente Em nome das escolas municipais e do nosso departamento, enviamos agradecimentos e expressamos nossa admiração por este jornal. Saudações ecológicas llza Kozik Educadora Ambiental do Departamento de Ecologia e Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Educação Francisco Bettrão-PR Assinatura O Partido Verde do Estado do Ceará (PV/CE) vem, por meio desta, solicitar o exemplar mensal do jornal Folha do Meio Ambiente, pois se trata de uma publicação importante como fonte de pesquisas e informação, que com certeza irá subsidiar ainda mais o nosso trabalho de conscientização ecológica da população do Ceará. Ao longo dos anos, o PV do Ceará luta em defesa dos nossos ecossistemas, participa em palestras, entrevistas, debates, seminários, sempre apresentando ideais e propostas que possam viabilizar uma sociedade justa e ecologicamente sustentável. Agradecemos antecipadamente o seu empenho em atender nossa solicitação. João Saraiva Presidente da Comissão Executiva Estadual, Partido Verde-CE NR: Para assinar a Folha do Meio Ambiente preencha e siga as orientações contidas no cupom localizado nas páginas 6 e21. Correspondência para E-mail: [email protected] FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 MARI CULTURA Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía de Ilha Grande articula a Agenda 21 A busca do desenvolvimento auto sustentável para a população que vive do mar FÁBIO ANTUNES O crescimento desordenado dos municípios de Angra dos Reis, Paraty e Mangaratiba, vem fazendo com que uma quantidade significativa de poluentes e esgoto, sem qualquer forma de tratamento, sejam despejados na baía de Ilha Grande, pondo em risco principalmente a fauna marinha. Cerca de 20% dos habitantes da baía dependem diretamente do mar para sobreviver e sustentar suas famílias. Alguns moluscos nativos da baía, que já foram abundantes em habitats com profundidades de até 15m, como a "Coquille Saint Jacques" (Nodipecten nodosus), praticamente desapareceram e hoje em dia só são encontrados, quando o são, em quantidades bastante reduzidas. Para piorar o problema, a pesca predatória com redes de arrastão vem causando uma grande diminuição na quantidade de algumas espécies marinhas. Para se ter uma idéia, 240.000 toneladas de sardinhas eram pescadas nas Trabalhador do IED-BIG fazendo o manuseio na águas da baía até 1985. No ano produção de sementes passado, a produção ficou em apenas 20.000 toneladas, menos de "Coquille Saint Jacques", moluscos nativos da 10% do total de onze anos antes. baía. Por causa de números assim, foi criado o No entanto, o IED-BIG necessita de mais Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da recursos para a conclusão do laboratório de Ilha Grande (IED-BIG), fundado em 1991, oceanografia e para poder fomentar outros com a intenção de proteger a região e criar projetos relacionados à proteção do meio uma maneira para o desenvolvimento auto- ambiente, como os trabalhos do Projeto de sustentável da população que vive do mar Repovoamento Marinho (POMAR), modelo abrangendo pontos importantes do capítulo 17 da Agenda 21 que diz respeito a proteção dos oceanos, de todos os tipos de mares -inclusive mares fechados e semifechados- , das Atbout 20% ofthe inhabitants ofthe Ilha zonas costeiras e de proteção, uso racional e Grande bay, located 150 km south of \Rio i de Janeiro, depend directly upon desenvolvimento de seus recursos vivos. the sea to survive. The rapid and disordered A finalidade do Instituto é de fomentar e growth ofthree municipalkies is jeopardizing realizar projetos integrados, relacionados com the bay. The main problems are the discharge a preservação do meio-ambiente e o desenvolofuntreated sewage and polutants as well as predatory físhíng The Institute ofEcovimento regional em harmonia com seus Development ofthe Ilha Grande Bay (IEDaspectos físicos e culturais. BIG) was founded in 1991 with aims to proCom recursos da Petrobrás (sob responsatect the bay's marine environment and to probilidade de Furnas Centrais Elétricas), foi mete environmental awareness for the populatíon. The institutos main goal, however, is to construído um laboratório no município de generate a form of sustainable dereiopment Angra dos Reis, ao sul do estado do Rio de for the popuktion. With funds and resourJaneiro. De lá saem projetos para a baía de ces donated by (wo state-owned companies (Fumas and Petrobrás), the stock-enhaacement Ilha Grande e pesquisas diversas. Atualmente pmgram (POMAR) started in the beggining of o laboratório está em fase de pré-operação, tbeyear, since the completioa ofthe laboraproduzindo sementes de mexilhão e SUIVIIVIARV do cultivo paralelo de microalgas, das quais os moluscos se alimentam até estarem prontos para irem ao mar. Nesta fase eles são denominados de "sementes". Parte dessas sementes produzidas no laboratório são doadas a fazendas experimentais administradas pelas prefeituras para servirem de escola às comunidades que vivem da pesca. O retomo financeiro que a maricultura (cultura de frutos do mar) deverá gerar para esses pescadores pode incentivá-los à respeitarem o defeso (época do ano em que não se pode pescar) das espécies ameaçadas e a terminarem de vez com o "arrastão". Outra parte das sementes é vendida para maricultores da região e espalhada pela costa brasileira, já que o projeto visa ser auto-sustententável até o ano 2000. O POMAR também tem como meta fazer um levantamento completo das espécies em declínio na região para estudar a viabilidade de cultivo, Cultivo de microalgas que servem como alimento aumentando assim os estoques natupara as larvas dos moluscos rais na baía da Ilha Grande. para o desenvolvimento e o uso racional de No entanto, o instituto necessita de recurrecursos vivos marinhos. sos para o levantamento. Esse tipo de prograEle é o "carro<hefe" do IED-BIG. O labo- ma, chamado de "stock-enhancement", e vem ratório de 550 nr localizado na vila residen- sendo feito com sucesso no Havaí e em outras cial da Petrobrás, a 10 km de Angra dos Reis, partes dos Estados Unidos com fundos do tem a capacidade de cultivar 30 milhões de FDA (Food and Drug Administration). larvas de moluscos. Hoje, o POMAR trabalha Educação ambientai basicamente com três espécies nativas, o O laboratório do IED-BIG recebe em mexilhão (Perna perna), a "Coquille Saint média 100 visitantes por semana e realiza Jaques" (Nodipecten nodosus) e a ostra palestras sobre educação ambiental, biologia (Crassostrea rbizopborae). marinha básica e administração e manutenA desova é feita em tanques no laboratóção de fazendas marinhas. rio, manipulando com a temperatura da água. As palestras, feitas por técnicos, são acomA fase de cultura das larvas é acompanhada panhadas de imagens de vídeo sobre a baía da Ilha Grande e sobre as características dos moluscos nas fases larval e adulta. A maioria dos visitantes é de jovens de 14 a 20 anos de tory facilities. The institute is producing idade. "seeds" ofthe native scallop (Nodipecten Estão em planejamento a criação de curnodosus) and mussel (Perna perna). Part of them, is being donated to experimental farm/sos básicos nas áreas de oceanografia e bioloschools administrated by the city councils to gia marinha e profissionalizantes em mariculserve the communities. Another part ofthe tura (cultura de frutos do mar) para jovens "seeds" is comerdalized to mariculturists in da região. Quem estiver interessado em visithe region and thmughout the coast ofBrazil. The project is lacking funds to study the viabitar as facilidades do IED-BIG ou obter quallity and promote the marículture ofnative quer informação sobre os projetos em andaspecies in populatioaal decline to be released mento devem entrar em contato com o engeinto bay as seeds or juveniles. An oceanonheiro José Luiz Zaganelli (presidente do graphy laboratory should be conduded by the end ofthe year to monitor the bay. IED-BIG IED-BIG) pelo tel/fax (024) 361-2231. is also lecturíng young kids ofthe region about tbe need to pmtect the marine environment and about marículture tecniques. For more Information, please call engineerJosé Luiz ZaganeUi at (5524) 361-2231 tel/fax. Fábio Antunes é estudante de biologia marinha na Hawaii Pacific University e foi estagiário no IED-BIG. £* FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 ECOTURISIVIO milhões no Pantanal Projeto prevê estruturação das cidades pantaneiras para o turismo JOANICEPIERINI Apartir do próximo ano, o Pantanal pode ficar livre do esgoto das cidades ribeirinhas, do assoreamento dos rios e de estradas intransitáveis. Está previsto para entrar em vigor no ano que vem o Projeto Pantanal, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que prevê investimentos de US$ 400 milhões ao longo de cinco anos na infra-estrutura dos municípios pantaneiros, como forma de alavancar o ecoturismo. Após as eleições, o Presidente da República Fernando Henrique Cardoso (FHC), esteve no Pantanal para descansar e percebeu a necessidade de investimentos. O presidente da Embratur, Caio Carvalho, acredita que o dinheiro só foi possível graças a intervenção direta de Fernando Henrique, O Projeto de Desenvolvimento vol procurar deixar o Pantanal livre do esgoto das cidades ribeirinhas e do assoreamento dos rios que assumiu US$100 milhões pela União. "Não foi um compromisso de campanha e sim de presidente eleito", lembra Carvalho. O BID/Pantanal, como ficou conhecido o projeto, está baseado em três pilares. O principal deles refere-se ao tratamento do esgoto, hoje jogado in natura por pelo menos 20 municípios localizados no Pantanal, ou no entorno. É o caso da capital Cuiabá, da qual praticamente todo o esgoto é absorvido pelo Rio Cuiabá, que desemboca no Rio Paraguai, um dos principais formadores do Pantanal. Os recursos serão usados na construção de estações elevatórias, que tratem os dejetos antes de devolvê-los aos rios. Outra intenção do Projeto é dar assistência correta às fazendas agrícolas que cultivam grãos às mar- gens dos rios, sem a correção necessária do solo, principalmente a utilização de curvas de nível. Com o uso indevido da terra, os rios estão sofrendo com o assoreamento das margens e a formação de bancos de areia cada vez maiores. O Rio Taquari, na divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul, é atualmente o mais assoreado do Pantanal. (Continui na página seguinte) Mais 2 Estações de Tratamento de Esgotos: a do Paranoá, que vai atender uma população de 50 mil habitantes, e a do Riacho Fundo, que já está servindo seus 40 mii moradores, melhorando a qualidade de vida nessas regiões. Em janeiro de 1995 existiam em Brasília 5 Estações de Tratamento de Esgotos. Só em 2 anos, o Governo Democrático e Popular já entregou 4 novas estações. Essas obras, onde foram investidos 15 milhões de reais, contribuem para a preservação dos cursos dágua, aumentando a porcentagem da população servida com esgotamento sanitário para 86%. ^^^^^^^^^^^^^^^^BÊKÊÊÊBÊHÊÊÊtÊtÊI^Kt IO novas Estações de Tratamento serão entregues até dezembro de 98. Essas obras, somadas às novas redes coletoras que já estão em construção, vão aumentar a proteção ambiental para as nascentes e rios e atender 100% da população até o final do próximo ano. Saúde para a população e preservação das águas do DF. ^®caesb fJ«^ FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 O projeto BID-Pantanal e as estradas... ^^^projeto também prevê a utilizarão de US$ 70 milhões na recu^^peração de estradas, em especial a Transpantaneira, que com o tráfego intenso de carga pesada está se "alargando" e perdendo a altura ideal para ficar livre das enchentes. Em Mato Grosso serão ainda asfaltados 17 quilômetros entre Poconé e o Portal do Pantanal, no posto de fiscalização do Ibama. As 126 pontes ao longo da Transpantaneira, hoje de madeira, serão substituídas por concreto. Por fim, o Projeto idealiza ainda a incrementação do marketing do Pantanal, como a criação de uma grife e uma espécie de selo verde para os produtos oriundos da região. No Portal deve ser construído um Centro de Recepção ao Turista, com lanchonetes, lojas de artesanato, quiosques, informações sobre meio ambiente, além do posto de fiscalização do Ibama. "Com o governo dando o apoio necessário, a iniciativa privada - em especial o setor hoteleiro - naturalmente terá mais interesse em investir no Pantanal", analisa o Secretário de Turismo de MT, Carlos Avalone. O Projeto Pantanal começou a ser idealizado em 1995. Inicialmente elaborado distintamente pelos governos de MT e MS, já quando a primeira missão do Banco esteve no Pantanal, no início de 1996, o projeto foi bem aceito pela instituição. "Nosso principal objetivo é conciliar a preservação do meio ambien- Vida no campo. Fundação Banco do Brasil está ajudando a mudar esse quadro. Para que o homem do campo crie raízes em seu ambiente, é preciso que ele tenha condições dignas e apoio efetivo. É isso que está fazendo a Fundação Banco do Brasil, em parceria com o Ministério da Agricultura e do Abastecimento e a Comunidade Solidária. Este ano serão destinados mais 30 milhões de reais para o Programa Homem do Campo. Uma quantia que, sem dúvida nenhuma, vai ajudar a diminuir as diferenças entre o meio urbano e o rural, melhorando a qualidade de vida de quem vive das atividades agropecuárias, pesqueira ou extrativista. Desta vez serão 60 as cidades beneficiadas. Um total de 730 mil pessoas, incluindo 240 mil crianças e adolescentes em idade escolar, que poderão ter acesso a educação, saúde e infra-estrutura produtiva. É a Fundação Banco do Brasil lado a lado com o homem do campo. i í MlalstéHi <a AfHcurtiiri $ Comunidade Solidária FUNDAçãO BANCO DO BRASIL Brasil EM ACAO te, com a valorização do homem pantaneiro, de forma viável economiamente", explica Carlos Avalone. No final do ano passado os dois projetos se uniram em tomo de uma proposta única, que concilie o ecoturismo à pecuária extensiva, atividade que já é desenvolvida na região há 200 anos, sem causar impactos, segundo Avalone. Com a aprovação, começou então a fase mais complicada junto às entidades internacionais. Dos US$ 400 milhões, US$ 200 milhões são do BID, US$ 100 milhões de um banco japonês, e os outros US$ 100 milhões teriam de ser contra-partida dos governos de MT e MS. "Os estados já estão comprometidos com o pagamento de dívidas, e não podiam mais contrair nenhuma forma de empréstimo", explica Avalone. Num trabalho conjunto de MT e MS, com apoio do Ibama e da Embratur, os governadores Dante de Oliveira e Wilson Martins acabaram por conseguir a federalização do empréstimo em meados de julho. Desta forma, o ônus dos US$ 100 milhões ficará a cargo do governo federal. Turismo Intenso O Projeto Pantanal é a maior proposta do BID para preservação do meio ambiente. É também o maior investimento do governo federal no ecoturismo. Tanto interesse não é por pouco. Segundo Avalone, enquanto o turismo "convencional" cresce entre 6% e 7% ao ano, o ecoturismo evolui a taxas de 20%. O Pantanal recebe anualmente cerca de 100 mil turistas, dos quais 60 mil pescadores e 15 mil estrangeiros. Enquanto um turista convencional "deixa" no local visitado US$ 89, no Pantanal o investimento do visitante é de US$ 117 a US$ 120. Com o BID/Pantanal, os governos de MT e MS vão pedir à Unesco a inclusão do Pantanal como Reserva da Biosfera, a exemplo da Mata Adântica. £5 Silvestre Gorgulho Um casal de Tuiuiú, ave símbolo do Pantanal SUIVIIVIARY •Mfe. y the end ofnext year the Pantanal of Mato Grosso 1 saJf do Sul may fínd itselfãee from the sewage ofriverside cities, from the siltation ofthe rivers, and from impassable roads. Project Pantanal is projected to get under way next year, fmanced by the Interamerican Development Bank (IDB) at an antidpated levei of US$400 million over a fíve year period in investments in the infrastructure ofthe cities ofthe Pantanal region, as a way ofpromoting ecotourism. Aãer the elections, President Fernando Henrique Cardoso (FHC) was in the Pantanal for vacation, and realized the need for investments. The president of Embratur, Caio Cavaibo, believes the promised money was only made possible thanks to the intervention of Fernando Henrique, who took on responsibility for US$100 milhon by the federal govemment "This is not the promise of a political campaigo, but ofthe élected president, " contludes Cavalho. IDB/Pantanal, as the project is known, is based on three pillars. The first and most important one is the treatment of sewage, now dumped ràw onto Mofher Nature by at least 20 cities along the Pantanal or in its surrounding áreas. Such is the case in the capital, Cuiabá, practically ali of whose sewage is absorbed by the Cuiabá River, which in tum empties into the Paraguai River, one ofthe primary waterways ofthe Pantanal. The investment resources will be used for the construction ofraised plants for the treatment of sewage before it is retumed to the rivers. Another goal ofthe project is to give appropriate assistance to farmers raising grain crops along the banks ofthe rivers, encoufáging the use ofsoil cooservation techniques such as the use ofterracing and contour plowing. Through the improper use ofthe -soil, the rivers are suífering from increased siltation along their banks with ever-larger sand banks as the resuit. The Taquari River, on the border between Mato Grosso and Mato Grosso do Sul, is currently the most silt<logged river in the Pantanal. FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 Ar e água: poluição presente Diretor-Geral: Silvestre Gorgulho Diretora-Administrativo: Regina Gorgulho Editora: Ana Luiza Wenke Sub-editora: Pryscilla Louzada Gerente Administrativo: Ivonete Gomes Secretária: Isabel Moura Correspondentes: São Paulo - Simone Silva Jardim Rio de Janeiro - Zilda Ferreira Campinas-SP - José Pedro Pará - Edson Gillet Goiás - Malu Maranhão Petrópolis-RJ - Lize Torok São Lourenço - Valéria Fernandes Cuiabá - Joanice Pierini Corumbá - Silvio Andrade Itália - Aivone Brandão Paris - Denise Seleme Washington - Frota Neto Colaboradores: Arnaldo Niskier, Glaucia M. da Costa, Tetê Catalão, Miguel Oliveira, Milano Lopes, Alexandros L Georgopoulos, Marcos Terena, Elza Pires, Mila Petrillo, Lais Scuotto, Márcia Turcato, Rui Faquini, Romerito Aquino, Cuido Heleno e Romoaldo de Souza. Conselho Editorial: Alarico Verano, Arnaldo Niskier, Carlos Alberto Xavier, Dioclécio Luz, Jorge Reti, Leandra T. Arguelo, Malu Maranhão, Romerito Aquino, Romoaldo de Souza, Marcos Terena, Milano Lopes, Nikolaus Behr, Washington Novaes, Geraldinho Vieira e Silvestre Gorgulho. Programação Gráfica e Editoração Eletrônica: Dionisio Revisão: Márcia Turcato Tradução: Roger Langdon Davis Estagiário de Jornalismo: Bruno Craesmeyer Estagiário de Marketing: Rafael Villas Boas Contatos Publicitários: Belo Horizonte: Nina Fortes Telefax (031) 411-5304. Campo Grande: Luca Maribondo - Atelier de Comunicação - Telefax (067) 787-3685. São Paulo: Ruschel & Associados - (011) 240-1586. Nesta 75â edição, a Folha do Meio Ambiente traz algumas matérias sobre educação ambiental, ecoturismo e uma denúncia muito séria: a qualidade do ar e da água no Brasil não esá nada boa. Neste número registramos casos de poluição que já comprometem a fauna e a flora de algumas regiões. Esgotos e poluentes diversos, jogados na Baía de Ilha Grande, estão colocando em risco a fauna da região. Para ajudar a resolver esse problema, o Instituto de Ecodesenvolvimento da Baia de Ilha Grande (IED-BG) segue a Agenda 21 e busca desenvolvimento auto-sustentável para a população que vive do mar. Página 3 • • s O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) investirá U$ 400 milhões em projeto no pantanal. O objetivo é de estruturar as cidades para o ecoturismo. Joanice Perine explica as etapas do projeto na página 5. • -•;•• A comunidade de pescadores da Baía de Sepetiba pede indenização à Companhia Mercantil e Industrial Ingá, instalada na Ilha Madeira. A causa do processo é a dificuldade de Sewage and varíous types ofpollutants spewed into the Ilha Grande Bay are putting the region 's aquatic life at risk. In hopes of resolving this problem, the Institute for the Ecodevdopment ofllha Grande Bay (IED-BG), is acting in accordance with Agenda 21 and seeking means ofsustainable devdopment for the área 's inhabitants dependem on the sea for a living. See page3. • • % • The Interameácan Devdopment Bank (IDB) will invest US$400 million in a project in the Pantanal. Its objective is to creste in Âe areai dties lhe infrastructure for ecotourísm. Joanice Perine explains the stages ofthis project on page 5. • • « • The community offíshermen ãom the Bay of Sepetiba are asking for compensatíon from Companhia Mercantil e Industrial Ingá, based on Madeira Island. The reason behind thdr lawsuit is their difficulty in marketing their físh and shdl£sb due to the contamination ofthe waters resulfmgfrom aleakofzmc and cadmium. See the report on page 7. OntheAir:EnvironmeatalBducatioíi Oapages 942 you witlând coverage ofthe Ist Regiomí é uma publicação da Forest Cultura Viva e Promoções Ltda, SKTVSul, Quadra 701, Bloco A, Salas 717 e 719 - Centro Empresarial Brasília - CEP 70340-907 - Brasília-DF, Brasil. Fone: (061) 321-3765, Fax (061) 321-7357 ou Caixa Postal 10891 ACF/Centro Sul 70312-970 - Brasília-DF - E-mail: [email protected] Tèleconference on Environmental Education, sponsored by the Ministry ofEducation and Sport in Florianópolis, Santa Catarina. In Õctober the Ministry ofEducation, together with the Ministries ofthe Environment, ofWater Resources, and ofthe Amazon Region, will conduct in Brasília the Ist National Conference, while the 2nd Regional Conference will be hdd in Bdo Horizonte. • • • • Respect for the environment is the first mie during the Ist World Games ofNature, sdieduled to begin on the27th andlast until the 5th of October. Athletes ôom five continents will compete in Foz do Iguaçu, on the west coast ofthe Paraná along the border oftbree countries: BrazÚ, Paraguay, and Argentina. On page 13. El Nino, one ofthe most serious weather systems discovered this centary, ispromising to wreak havoc earlier tban usual. Normally reaching its peak only in December, it has already begun to make changes in theBrazilian dimate. Milano Lopes explains the phenomeaon in detail on page 14. CSN is being hdd respomible for seven deaths lhes na página 14. • • • • CSN é acusada por sete mortes no período de dois anos. Privatizada em 1993, a maior siderúrgica da América Latina já produziu mais de 100 milhões de toneladas de aço, em 51 anos de existência. Páginas 16 e 17. • • • • O general Marco Antônio Sávio Costa diz o que o Exército faz na Amazônia, além de defender as fronteiras do país. Leia no Ponto de Vista, na página 19. • • • • Água de qualidade para todos e para sempre. Este é o objetivo do Movimento de Cidadania pelas Águas, da Secretaria Nacional de Recursos hídricos. Para falar sobre ele, o secretário Paulo Romano concedeu entrevista à Folha do Meio. Leia na página 22. Durante uma semana, 50 pilotos de asa delta voaram pelos céus do Distrito Federal. Foi o Campeonato Brasileiro da categoria. Pela 152 vez, uma etapa do evento foi realizada em Brasília. Veja a cobertura do evento e aprenda um pouco sobre vôo livre no Suplemento de Ecoturismo da Folha do Meio, a partir da página 25. 53 during the period of 1995-97. Privatized in 1993, the largest sted producer in Latin America has produced over 100 million tons ofstedin the 51 years ofits existence. Pages 16 and 17. • • • • General Marco Antônio Costa explains the role the Armed Forces play in the Amazon region, apart ãom their duty ofdefending the national borders. Read his views in "Ponto da Vista" on page 19. • * • • Good quality water for everyone and forever. This is the goal ofthe Movimento de Cidadania pdas Águas (Citizens' Movement for the Waters), a program ofthe National Secretary of Water Resources. To get the word out about this program, Secretary Paulo Romano hasgiven an interview to the Folha do Meio. Read it on page 22. • • • • Por one wedc, 50 bang glider pilots will soar in the skies above the Federal District. It is the second leg ofthe sporís Brazilian Championship, hdd for the fiíteenth time in Brasília. You cah fínd coverage ofthe event and leam a litde about the sport ofâee flight in the Ecotourísm Supplement ofthe Folha do Meio, beginnmg on page 25. -G ':13^rlXíD * Os artigos assinados não traduzem necessariamente a opinião do jornal. Folha do Meio Ambiente comercialização dos peixes e mariscos devida à contaminação da água por um vazamento de zinco e cádmio. Veja na página 7 • • • • A Educação Ambiental no Ar. Veja, nas páginas de 9 a 12, cobertura da I Teleconferência Regional sobre Educação Ambiental, realizada pelo Ministério da Educação e do Desporto, em Florianópolis - SC. Em outubro, o MEC promove, em Brasília, junto com o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, a I Conferência Nacional e a II Teleconferência Regional (Sudeste), que será realizada em Belo Horizonte. • • • • Respeito ao meio ambiente é a primeira regra dos Jogos Mundiais da Natureza, evento que começa dia 27 e vai até 05 de outubro. Atletas dos cinco continentes competirão em Foz do Iguaçu, Costa Oeste do Paraná e fronteira de três países: Brasil, Paraguai e Argentina. Na página 13. • • • • EI Nino, um dos sistemas climáticos mais sérios do século, promete estragos antecipados. Ele costuma se manifestar com mais força apenas em dezembro, mas já começou a mudar o clima brasileiro. Milano Lopes explica os deta- Envie este cupom preenchido acompanhado de cheque nominal cruzado em favor de (Please send this completed coupon together with a check made out to) ri II /íl /« 111 MEIO AlnDltMiit FOREST CULTURA VIVA E PROMOÇÕES LTDA. s OU deposite na conta n (Payment may also be made be direcl deposil to account number) 459053-8 Ag. 2872-X - Banco do Brasil Endereço r/Wífresj..!. SRTV Sul, Quadra 701, Bloco A, Salas 717 e 719 Centro Empresarial Brasília CEP 70340-907 - Brasília-DF Telefone rftfapw (061) 321 -3765 - Fax: (061) 321 -7357 (International postal money order: Financial code 10300058 - A/c SHS 70312-970 Brasília-DF) Nome do Assinante i.v.™,-,./■*,*,.■,•*«•)_ Endereço ttddrm) Data de Nascimento CEP (Postal Code) / Cidade Profissão (Pmfession) Estado ÍState)_ Telefone FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 Indenização por falta de peixes e mariscos TETÊ DUCHE Situação inédita nos cartórios do Rio de Janeiro: uma comunidade de cerca de 300 pescadores e marisqueiros da Baia de Sepetiba, zona oeste do estado do Rio de Janeiro, pleiteia ser indenizada por causa de problemas na comercialização de peixes e mariscos, devido a desconfiança de contaminação por zinco e cádmio. A decisão da colônia de pesca Z-15 de investir contra a Companhia Mercantil e Industrial Ingá, instalada na ilha da Madeira, partiu após o mais grave vazamento de zinco e cádmio, quando uma tempestade de verão rompeu o muro externo da empresa e provocou o transbordamento de milhões de litros de água contaminada, segundo relata o advogado Antônio Ferreira Couto Filho, contratado pela comunidade. Três ações foram apresentadas ao juiz Jorge Martins, em audiência pública, em julho passado, quando os pescadores e marisqueiros, divididos em onze grupos de denunciantes, entraram com a ação indenizatória contra a Ingá. A audiência conciliatória foi idéia do juiz para facilitar o processo, caso a comunidade tenha sucesso e ganhe a indenização por danos morais. O pagamento será arbitrado pelo juiz, tendo em consideração, para efeito de fixação do quantum indenizatório, a curva de sensibilidade de suas vítimas, seu grau de educação, a repercussão do evento danoso, a condição econômica da empresa causadora do vazamento de zinco e cádmio e a responsabilidade da Ingá no trato da poluição causada, explica o advogado Antônio Ferreira Couto Filho. A primeira ação partiu dos marisqueiros, a segunda, é movida pelos pescadores e a terceira, pela destruição gradual da identidade social dessas famílias da Colônia Zrl5 como uma ação de assistência social. Jogo de batatas quentes Empresa tradicional na produção de zinco, desde 1949, quando iniciou suas atividades na Ilha da Madeira, município de Itaguaí, a noroeste da Baía de Sepetiba, a Companhia Mercantil e Industrial Ingá, passa por uma situação financeira delicada, estando no meio de um processo de concordata. Sobre a ação movida pelos pescadores e marisqueiros da Colônia Z-15, se declara vítima em todas as instâncias. Flávio de Carvalho Brito, ex-advogado da empresa que apresentou a defesa da ré, em audiência pública, em julho passado, no Fórum de Itaguaí, explicou a situação, pelo telefone a FMA, quando disse que o acidente provocado pelo rompimento de um dos muros externos da empresa não é do tamanho alardeado pelos jornais e que a Ingá já entrou com recurso judicial. "Há mais de 370 indústrias jogando seus dejetos químicos na Baía de Sepetiba. O Pólo Petroquímico de Itaguaí, inclusive, aterra as pequenas praias e ninguém fala nada. A Casa da Moeda despeja seus detritos químicos no rio Guandu, principal abastecedor de água potável para a cidade do Grande Rio. Por que somente a Ingá é a culpada pela comunidade da Colônia Z-15?", indagou Brito. Flávio de Carvalho Brito defende a tese que 65% do ICMS da Prefeitura de Itaguaí é recolhido pela Companhia Mercantil e Industrial Ingá. Nos últimos 8 anos, a empresa investiu US$ 20 milhões em melhoramentos industriais diretamente relacionados com a não agressão ao meio ambiente como, por exemplo, diques onde os resíduos de zinco e cádmio vão ser depositados. "A Ingá procura soluções. Quando a Firjan pediu uma auditoria de impacto ambiental nas indústrias do complexo da Baía de Sepetiba, ela foi a única a apresentar. O principal nisto tudo, defende ele, é que, em termos ambientais, um novo vazamento, é impossível. Para prevenir mais complicações, o advogado solicitou à Feema, ainda no ano passado, uma outra perícia técnica no sentido de avaliar os diques onde os metais pesados estão depositados. O Chefe da Divisão de Controle Industrial da Feema, Francisco Tozzi Calvão, confirmou à FMA, por telefone, que a Ingá é vinculada ao sistema de licenciamento de atividade poluidora fornecido pela Fundação, há mais ou menos 4 anos, e que os diques de contenção estão operando de acordo com as normas estabelecidas, Calvão falou ainda que a Ingá gera, aproximadamente, 400 toneladas/dia de lama de zinco e cádmio que ficam depositados em uma região chamada Saco do Engenho, na Bacia de Rejeitos, área de propriedade da Ingá e que o maior problema ambiental com a companhia, hoje, é que os diques correm o risco de serem rompidos e a lama com os resíduos tóxicos carreada. A Feema informou também, segundo explicou Francisco Tozzi Calvão, que há um projeto de construção de um aterro industrial para os resíduos de zinco e cádmio, em Fazenda Bonanza, município de Seropédica, ex-distrito de Itaguaí. Acontece, conforme revelou o Chefe da Divisão de Controle Industrial, que Seropédica está no meio de um impasse político: após emancipar-se de Itaguaí, em dezembro passado, decidiu não querer o aterro de dejetos industriais da Ingá nos limites de sua municipalidade. A situação se apresenta como um jogo de batatas quente pulando entre os dedos das autoridades. £* SlLX/ES-rRE GORGUI-HO Clandestino e pregando uma luta ferrenha contra a Revolução de 64, Betinho entrou "num rabo de foguete" e deixou um rastro iluminado de várias lições para todos nós. A primeira lição: quando se luta pela vida democrática da Pátria, se luta também pela própria vida. Sempre doente, voltou do exílio, no início da abertura política. E trouxe à tiracolo sua segunda lição: amor à Pátria é dar-se as mãos para diminuir a miséria dos brasileiros. Ao fazer uma transfusão de sangue em 1986, adquiriu o vírus HIV Monge, aidético, santo, militante, um verdadeiro sobrevivente, Betinho fez uma revolução tão silenciosa quanto profunda. Deu, então, a derradeira e eterna lição: globalização é ser cidadão e acudir o miserável ao nosso lado. Toda sua vida e todas suas lições contaminaram de bem-querer a alma brasileira. SANTO BETINHO • Muito se falou e seu escreveu sobre o Betinho. Seu trabalho, sua luta, seu desprendimento e seu carisma. • Mas, com certeza, o que mais marcou a vida de Herbert de Souza foi mesmo seu exemplo. • É muito bom lembrar o depoimento, pela tevê, de um garotinho simples e pobre, talvez de rua, cuja família deve estar se alimentando das cam- panhas contra a fome do Betinho. • E no depoimento, simples, deste garoto que a gente sente a dimensão da obra que Betinho legou aos brasileiros. • Dizia ele: "Olha, o Betinho era muito bom. Ele era tão fraquinho, tão doente que a gente é que devia ajudar ele, mas era ele que ajudava a gente". "Não sou um mito. Sou apenas Herbert José de Souza, que pensa que todos devem ter o direito de escolher a maneira de viver e morrer". Do Betinho, irmão do Henfil, Patrono Maior da Cidadania, que se foi mas deixou esse legado fantástico para o Brasil: cada um - rico ou pobre, saudável ou doente, forte ou fraco - traz dentro de si uma força imensurável que pode mudar o mundo. LADY DI, first! • Por quê o carisma, o valor, a força e o fascínio de Diana? • Ela não era atriz, não era nenhuma esportista e, aliás, ultimamente, tinha perdido até o título de Sua Alteza Real da Grã-Bretanha. • No entanto Diana era a mulher mais fotografada, mais assediada, mais desejada e mais perseguida do mundo. • Seria por sua beleza? Talvez, mas o mundo tem mulheres muito mais belas do que ela. • Seria por sua simpatia e elegância? Com certeza, também, existem mulheres mais simpáticas e mais elegantes. • Pela sua riqueza? Também existem mulheres muito mais ricas do que ela. • Pelo seu poder? Mas, nesse mundo, tem também mulheres mais poderosas! • Pelo seu sofrer? Ah! Como existem mulheres que sofrem muito mais. • Seria por suas campanhas humanitárias a favor das crianças, dos aidéticos e dos oprimidos. Talvez, mas o mundo tem, também, mulheres, muito mais abnegadas e caridosas. • E, afinal, qual o segredo do mito chamado Lady Di? Seria porque cristalizou nela própria um pouco de todos estes atributos? Não sei. Também gostaria de saber. O que eu sei é que a Terra perdeu para o Céu sua estrela mais brilhante. MACAUã • O Ibama e a Nasa fazem em conjunto a Operação Macauã que visa o monitoramento e controle da Amazônia Legal. • A operação, que começou dia 15 de julho e vai até dezembro, vai abranger uma área de 5.033,72 km quadrados e conta com 620 servidores do Ibama. • Por imagens de satélites, fotografias aéreas e outras tecnologias de sensoreamento remoto serão monitoradas 43 Unidades de Conservação, 174 Reservas Indígenas e 201 área indígenas. • Após 50 dias de operação já foram identificadas muitas agressões ao meio ambiente em Rondônia, Acre, Amazonas, Mato Grosso e Pará. Até agora foram mais de 100 serrarias interditadas, muitos acampamentos destruídos, mais de 200 autos de infração lavrados, cerca de 10 mil animais silvestres apreendidos e 400 mil nr de toras apreendidas. □ □ □ O "O segredo para formar uma futura geração com alto nível de aprendizado é um só: engajamento da sociedade, notadamente da iniciativa privada". Do professor Terry Peterson, da Secretaria da Educação dos EUA, mostrando que a mobilização da sociedade pela educação vai levar às crianças um melhor nível de compreensão, de segurança intelectual e de distância das drogas. Q O ü □ Contraponto na justiça dos homens: em Brasília, a juíza Sandra de Santis Mello conseguiu transformar o assassinato do índio pataxó, Galdino Jesus, um crime hediondo, em morte acidental. Nos EUA em Tampa, na Flórida, o juiz Bob Mitchum condenou, a 15 anos de prisão, dois rapazes e uma jovem por terem roubado placas de sinalização de trânsito e por esse ato de vandalismo ter causado acidentes fatais na estrada. Duas teses, duas culturas, duas justiças, duas decisões para atos levados pelas mesmas inconseqüentes "brincadeiras" da juventude. Ambos criaram polêmica, dividiram a opinião jurídica e pública dos dois países. Enfim, dois passaportes que ajudarão (ou não) a atravessar a difícil fronteira da impunidade. 8 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 21 Dl :>f T FOLHA DO MO AMBIENTE i IWBRO Dia da árvore: o sinal da primavera KALIMASALIBA Comemorar o Dia da Árvore é uma tradição em todos os cantos do planeta, desde 1872. Hoje, essa comemoração é um sinal de alerta: é preciso conscientizar as gerações futuras a respeito da necessidade de preservação. Por isso, as escolas aproveitam o dia, e fazem encenações, cartazes e exposições educativas sobre o tema. Mas como não homenagear a árvore, se dela obtemos o alimento, madeira, água, sombras, substâncias químicas? Ela assume um grande papel dentro da natureza, promovendo a manutenção do equilíbrio ecológico, e a fauna se abriga e se alimenta dela. A preservação do solo se dá com a trama de suas raízes que evitam a erosão, causada pelos constantes desmatamentos. Suas folhas quando caem, a terra agradece pelo alimento que lhe foi dado. Para explicarmos essa magia, voltaremos no tempo para entender a origem desse ritual. Túnel do tempo Desde a antigüidade, os homens acreditavam que as árvores tinham caráter divino, mágico ou milagroso. Os romanos, para atrair a felicidade, colocavam no Ano Novo um ramo de louro à porta de casa. Os hebreus derramavam óleo vegetal sobre a cabeça dos ungidos do Senhor. Os gregos e romanos consagravam bosques e árvores a seus deuses. Os povos antigos, principalmente hindus, gregos e romanos, acreditavam na existência de uma árvore da vida, cujo fruto tornaria imortal quem o comesse. Já os chineses, malabares e hindus identificavam certas árvores como a origem da vida. Segundo a Bíblia, o paraíso continha muitas árvores, e a árvore do bem e do mal se encontrava no A Imponência das Palmeiras no Jardim Botânico meio dele. Os cultos reverenciando essa bela obra de arte da mãe-natureza vêm sendo uma tradição durante vários séculos. Dedicar um dia exclusivo a ela pela primeira vez coube ao senhor Helin Morton quando governador de Nebrasca, nos Estados Unidos, em 1 de junho de 1872. A iniciativa consistiu em celebrar uma festa pública com o plantio de árvores. Em pouco tempo, a idéia foi se espalhando por outros estados da União norte-americana que passaram a imitar Nebrasca, realizando festas para render homenagens às árvores. Outros países, como a Irlanda, seguiram o mesmo ritual para celebrar o Dia da Árvore. Na Itália, o Ministro da Agricultura, Guido Barcelli, no início do século XX, introduziu a festa da árvore fazendo com que os escolares plantassem mudas em seus colégios. São Paulo celebrou o seu primeiro Dia da Árvore no início deste século. Em 13 de junho de 1904, pela primeira vez, em Minas Gerais, numa cidade chamada Dores do Indaiá, celebrava-se o "Dia da Árvore", quando foram plantadas diversas mudas na Praça São Sebastião. Como orador oficial foi escolhido um estudante de 13 anos, que já naquela época alertava para a necessidade de plantar árvores e já apontava a derrubada das árvores como "ameaça à própria civilização". No dia 21 de setembro, no Brasil se comemora o Dia da Árvore, e acredita-se que esse dia foi escolhido por estar relacionado com a chegada da primavera que ocorre no dia 22, no hemisfério Sul. Mas buscando os livros, depois de uma longa pesquisa, a resposta é que essa tradição se tornou um costume do nosso povo ao comemorá-lo a 21 de setembro, mas quando do início dessa idolatria, podemos ver que até no mês de junho já se comemorou o Dia da Árvore. ZZ ARVORE A beleza e alegria das flores coloridas que anunciam a chegada da Primavera Como se um mestre-escola nos pegasse, de repente, indagando à humanidade: o que se deve fazer neste mundo de meu Deus? Pra viver e ter certeza que a nossa felicidade se resume na nobreza dos atos que praticamos, Quem responde é a consciência! E os bons frutos que plantamos, mais tarde iremos colher. É a própria mãe natureza que nos ensina a viver. Há mil coisas neste mundo que o homem, sem o saber, deixa às vezes de ver! Plantas, flores e animais tornam a vida feliz. Conservemos nossas matas. Cuidemos de nossos pássaros Que são de rara beleza Pois tudo que Deus nos deu Maria Belém Teixeira Pires São nossa maior riqueza. Brasília, 1994 FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 y ambiental Cerca de 200 pessoas participaram da primeira teleconferência da região Sul, que aconteceu no dia 14 de agosto, em Florianópolis, quando reuniu representantes de organizações governamentais, pesquisadores, ambientalistas, representantes de organizações não-governamentais, professores e técnicos para discutir a Educação Ambiental. Essa foi a primeira vez que a equipe do programa de educação ambiental do MEC saiu de sua sede para realizar transmissão em outro estado. A abertura do evento foi feita pelo delegado do MEC em Santa Catarina, Jacó Anderle, que representou o Ministro da Educação, Paulo Renato Souza. Citando o artigo 225, da Constituição Federal, Anderle destacou que sem a educação ambiental não há cidadania plena. "Para isso, a educação referente ao ambiente precisa ser encarada com a seriedade que merece, a fim de levar as pessoas a tomar atitudes em todos os níveis do ambiente escolar". Já o delegado do MEC do Paraná, Altevir Rocha de Andrade, lembrou que antes da questão ambiental ser matéria escolar é um preceito constitucional. As organizações públicas têm obrigação de procurar as organizações não governamentais para se estabelecer parcerias e lutar contra os predadores dos rios, da mata, do ar e do meio ambiente. "É preciso, urgentemente, que os educadores sejam inseridos nesse processo, para que possam repassar aos alunos essa consciência". A coordenadora de Educação Ambiental do MEC, Néli Gonçalves de Melo disse que a região Sul estava dando demonstração de que já estava acordada para a questão do meio ambiente. E a prova disso, segundo ela, são os vários projetos que estão sendo desenvolvidos nos três estados, envolvendo o poder público, empresas, escolas e ONGs. A professora Naná Minini, da Universidade Federal de Santa Catarina, por sua vez, lembrou que a preocupação pela educação ambiental iniciou em 1972. Em 77, várias conferências foram realizadas em todo mundo salientando a necessidade de se chegar a um desenvolvimento sustentável, com da educação de boa qualidade, que poderia levar a uma melhoria do padrão de vida do ser humano. Elen Regina Nunes, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul destacou que a universidade, com seus trabalhos de extensão universitária, deve desenvol- ver ações para a capacitação de todos os profissionais. Para ela, os professores que são formados nos seus cursos de graduação precisam sair das Instituições de Ensino Superior com a visão de que a questão relacionada ao ambiente precisa ser vivenciada em todas as disciplinas, não deixando esse assunto restrito apenas a uma área específica. A Teleconferência da região Sul apresentou três mesas, tomando os trabalhos mais dinâmicos. A primeira foi política, envolvendo as autoridades, a segunda, contemplando os técnicos e a terceira, envolvendo os estados, que tiveram oportunidade de fazer perguntas que foram respondidas durante a programação. (Veja as perguntas e respostas na próxima página). Com a educação ambiental, o cidadão aprende a conviver deforma saudável com a natureza. Extraindo tudo de melhor que ela tem a oferecer sem deixar de respeitá-la e preservá-la. AI Conferência Catarinense de Educação Ambiental, será realizada de 16 a 18 de setembro, no Centro de Convenções do Maria do Mar Hotel. O objetivo geral do encontro é promover I CONCHA espaço para discussão do papel e das ações de Educação Ambiental no estado I CONFERÊNCIA CATARINENSE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL de Santa Catarina. O objetivo específico será a construção do documento de Santa Catarina para apresentação na I Conferência Nacional de Educação Ambiental, que será realizada em Brasília, de 7 a 10 de outubro, no Centro de Convenções. 9h O RESGATE DA HISTÓRIA 9h10 MESA-REDONDA 9h30 OS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 9h35 ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 9h55 INTERATIVIDADE 10h20 METODOLOGIA DE CAPACITAÇÃO 10h25 INTERATIVIDADE 10h50 ENCERRAMENTO Data: 17 setembro de 1997 Local: Auditório da Embratel de Belo Horizonte-MG COMO PARTICIPAR: • Perguntas ao vivo só serão feitas nos auditórios da região Sudeste. Qualquer pessoa pode fazer perguntas pelo fone 0800616161 ou pelo e-mail ([email protected]). • Para asssitir por antena parabólica sintonize-a no transponder 6A1, polarização horizontal, freqüência 3910. 10 FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 ''O TRABALHO COLETIVO PERMITE CONSTRUIR CONHECIMENTOS >> Naná Medina CONHECENDO DIREITOS | MEC FAZENDO A 1 E DEVERES: AGENDA 211 EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1 FORMAçãO AMBIENTAL EM LICENCIATURA Florianópolis Florianópolis Florianópolis Quando dizemos que Educação Ambiental é realmente formar um cidadão, o aluno e a participação desse cidadão, sabendo os seus direitos e os seus deveres, o que isso significa? Além da legislação já existente, o que o MEC está fazendo para que a Educação Ambiental se realize efetivamente no Brasil, principalmente nas escolas públicas? O que dizer sobre as abordagens da Educação Ambiental, os princípios? PROFESSORA SÍLVIA TRAUCZYNSKI: Vejo que a Educação Ambiental ao longo desses anos vem sofrendo um processo de maturação, ainda não está adulta, mas já está bem madura. O professor precisa, dentro da realidade que ele vivência, trabalhar os conteúdos com os seus alunos. Coloco como uma das diretrizes que é básica da Educação Ambiental, que se trabalhe as realidades e necessidades daquele público aonde se está inserido, daquele local onde se está trabalhando. É óbvio que é importante ver a questão global, mas é fundamental trabalhá-la no local. Outro aspecto que também considero fundamental e coloco aqui aos professores é a necessidade de registro das informações e troca de experiências. O registro da informação é básico, histórico, e isso tem que ser feito porque a Educação Ambiental é uma coisa nova. Temos que registrar tudo o que fazemos. Divulgar e trocar essas informações. Temos um documento fundamental que é a Agenda 21, quase desconhecida no Brasil. Muito se fala nela mas pouco se sabe sobre seu conteúdo. É necessário que os municípios procurem discutir e elaborar os seus trabalhos dentro da Agenda 21. Isso não é só para a questão da Educação Ambiental, mas para a questão do meio ambiente como um todo. PROFESSORA NÉLI: Temos um Programa Nacional de Educação Ambiental que foi apresentado na Teleconferência no mês de julho {Folha do Meio, edições 73 e 74), para cumprirmos o que está dentro da Constituição desde 1988. Ele estabelece diretrizes, linhas gerais para que os estados e municípios criem os seus programas estaduais e municipais de Educação/sempre observando a parceria, envolvendo a sociedade, as organizações não-governamentais e a universidade. Temos cinco Programas Nacionais de Educação Ambiental (PRONEA). Também temos uma outra linha de ação que é a Capacitação de Multiplicadores em Educação Ambiental para a Secretaria de Educação e Delegacias do MEC e, para o próximo ano, teremos um Curso de Educação Ambiental, com uma série de vídeos, com uma metodologia que será lançada pela TV Escola, vamos atingir 52.000 (cinqüenta e duas mil) escolas. Essas são algumas das ações que o Ministério da Educação está coordenando. CAPACITAçãO DE PROFESSORES METODOLOGIA E Florianópolis EDUCAçãO AMBIENTAL Que trabalho o Centro de Educação Ambiental de Foz de Iguaçu, com as parcerias, tem realizado em termos de capacitação de professores? Florianópolis Qual a metodologia mais eficaz para inserção da Educação Ambiental num trabalho pedagógico interdisciplinar? PROFESSORA HELLEN: Eu diria que no Rio Grande do Sul esse trabalho já vem sendo feito em muitas escolas, como o Programa PrcvGuaíba que está conseguindo disseminar de forma mais sistemática esse esforço em busca de uma metodologia. Infelizmente, na universidade, a interdisciplinalidade ainda é um sonho, uma utopia. Nós, de forma muito curiosa, exigimos que os professores tenham na sua prática pedagógica uma ação interdisciplinar e, no entanto, não ensinamos nossos alunos de forma interdisciplinar, ou seja, o que esperamos como resposta não é exatamente o resultado do nosso esforço. Nas universidades é preciso repensar a forma de preparação dos professores para que estes, então na sua prática diária, enxergassem o conhecimento de forma unificada. PROFESSORA NANÁ: Na metodologia de educação não existem receitas. Elas devem ser construídas, sobre a leitura da realidade. PROFESSORA ELIZABETH CARLUCCI (Coordenadora do Centro de Educação Ambiental de Foz do Iguaçu): Programas de capacitação têm que, além de capacitar, fazer o exercício da conquista e, com a conquista, temos o multiplicador. A experiência tem nos mostrado que só pessoas formadas e capacitadas pela Educação Ambiental, comprometidas a fazer daqueles conhecimentos que foram recebidos, ações concretas, práticas, com a implementação de projetos que modifiquem o seu entorno, a sua realidade local, é que vão ser garantia de continuidade dessa ação de forma indefinida. Não capacitamos pessoas, conquistamos multiplicadores em Educação Ambiental em nome da causa da Educação Ambiental dentro da sua região. PROFESSORA HELEN MAYHE: Em primeiro lugar, chamo a atenção para o importante papel dos cursos de licenciatura no que se refere à formação de professores, porque acredito enormemente no papel do professor, no seu fazer pedagógico, na sua reconstrução histórica, a partir de uma prática comprometida com a mudança. A Universidade tem uma responsabilidade muito grande perante a sociedade, à medida que esses professores são formados nos diferentes cursos de licenciatura oferecidos pelas instituições universitárias. Um aspecto interessante é o caráter inter, agora chamado de transdisciplinar da Educação Ambiental, que tem, de certa maneira, obrigado os cursos de licenciatura a rever, inclusive, a sua postura em relação ao conhecimento que desenvolvem nas suas áreas especificas, à medida que a segregação do conhecimento é uma invenção humana. Pois a natureza não faz distinção dos diferentes saber que a constituem. No caso da licenciatura, a Universidade deveria, com o tripé ensino, pesquisa e extensão, que lhe justifica a existência, desenvolver ações de capacitação de formação de todos os profissionais. CONSCIêNCIA ECOLóGICA Porto Alegre Os problemas ambientais estão relacionados com as questões sócicxulturais e políticcheconômicas e seu equacionamento exige uma mudança comportamental da sociedade. Essas mudanças dependem de uma consciência ecológica. Como medir a conscientização de forma a detectar os resultados da Educação Ambiental? PROFESSORA SÍLVIA: Adquirir consciência é um processo lento e acontece à medida que ele vai conhecendo o meio onde vive e vai se relacionando com as pessoas as quais ele convive. Considero que trabalhar conscientização ambiental e medi-la é um processo longo, assim como a educação e é um processo permanente. PROFESSORA HELEN: O processo de avaliação ainda não está construído e se discute tão pouco que agora temos até obrigação de começar a investir mais neste aspecto. A conscientização ecológica é um processo dialético, portanto, difícil, complicado, porque essa conscientização se dá numa relação entre a reflexão e a ação. Ou seja, só quando começamos a refletir criticamente sobre os nossos atos é que começamos a mudar. PROFESSORA NANÁ: É necessário ter em conta que os elementos quantitativos também me darão informações, as quais devo interpretar a partir de indicadores qualitativos. FOLHA DO MEIO AMBIENTE 11 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 (( NOSSO TRABALHO É PARA OS QUE VIVERÃO NO FUTURO" Helen Mayhe CONSCIêNCIA Só SITUAçõES DE BUSCA POR VíDEOS COM A ESCOLA? CONFLITO TéCNICOS Curitiba Florianópolis Lages A transformação da consciência social se dará unicamente com a ação educativa da escola? O que nós, profissionais da educação, podemos fazer para a construção de uma nova visão das relações do homem com o seu meio, dado a ação de novas posturas pessoais e coletivas se a conscientização ambiental que hoje existe fica restrita a apenas alguns grupos ainda organizados em tomo da causa em que encontramos situações de conflito ao invés de cooperação necessária? Como obter vídeos técnicos, práticos, para a construção de projeto em nível de região e nas universidades estaduais? PROFESSORA NANÁ: A educação deve cumprir o seu papel, ou seja, educar muito bem as pessoas para que tenham a capacidade de participar na definição dos modelos de desenvolvimento sustentáveis. Não terei nenhuma possibilidade de definir, participativa e democraticamente, o modelo de desenvolvimento se não tenho como entendê-lo, se não consigo saber o que está acontecendo. A educação é uma grande variável, fundamental, importante, imprescindível, mas não é a única que vai resolver os problemas, se não estaríamos caindo novamente na idéia de que a escola, culpada de tudo, vai resolver todos os problemas. E nós, educadores, temos brigado muito para que não seja assim. Das decisões políticas fundamentais, decisões econômicas, as empresas não podem ficar fora, o setor produtivo também não. O setor tecnológico, a universidade - que tem o compromisso de procurar as tecnologias alternativas, as associações de moradores, os sindicatos. O conjunto da sociedade deverá estar preparada até para atender a Agenda 21 que é de alguma maneira, para o próprio desenvolvimento sustentável. PROFESSORA HELEN: Acredito firmemente que a primeira etapa desse processo seria a construção de uma visão histórica. Nós que trabalhamos com Educação Ambiental temos um compromisso com a história futura. Depois, seria desenvolver a nossa capacidade de avaliação crítica, começar a tentar entender aquilo que está implícito no discurso. Nós, provavelmente, não estejamos fazendo nada que aproveitemos neste momento. Estamos construindo um mundo para pessoas que nem sequer imaginamos como serão no futuro. Gostaria de contribuir dessa maneira. PROFESSORA SÍLVIA: Vejo diferente, até por avaliar também o passado e não só o futuro. Vejo que já avançamos muito e essa Teleconferência é a prova disso, quer dizer, ela está aí aberta para que as escolas e as pessoas tenham acesso à informação. Creio que já não está mais restrita a pequenos grupos, a grupos fechados. PROFESSORA NÉLI: Essa é uma pergunta .em relação a Lei de Diretrizes de Base. A LDB contempla também o resgate, o formar do cidadão. A Educação Ambiental que estamos trabalhando é o resgate da cidadania. Agora, como desenvolver projetos sem o apoio do Ministério da Educação? .O Ministério do Meio Ambiente tem o Fundo Nacional de Meio Ambiente que apoia alguns projetos. O pedido de Projeto de Educação Ambiental foi tão grande que praticamente o FNA o fundo, está apoiando praticamente 70% dos projetos em Educação Ambiental. O outro meio é ter apoio financeiro, ou mesmo parceiros, que seriam empresas que estão trabalhando, interessadas em desenvolver ações de Educação Ambiental. A saída não é aquela coisa do já, é um processo longo, é o caminho da parceria, é o trabalho integrado dos municípios e dos estados. FISCALIZAçãO DA^ MOBILIZAçãO DA COMUNIDADE MUDANçAS NOS POLíCIA AMBIENTAL Maringá PADRõES DE CONSUMO Florianópolis Caxias do Sul Nós, da Polícia Ambiental, contamos com um contigente de 230 pessoas distribuídas em 7 pelotões em todo o estado. Além da atividade de fiscalização, desempenhamos a atividade de Educação Ambiental em escolas, prefeituras, praias. Onde quer que sejamos solicitados estamos realizando o nosso trabalho. Como se vê a participação dos policiais ambientais em nível de Brasil no processo da Educação Ambiental? Considerando que entre os itens propostos peh Agenda 21 consta a mudança dos padrões de consume e produção, para que reduzam as pressões ambientais t atendam as necessidades básicas da humanidade, quais são as propostas dos governos da Região Sul para qut esse objetivo seja contemplado? PROFESSORA ROSEMARI: Em relação à Agenda 21, o que temos visto no Brasil é que ainda está começando, Mas, é ela que dá noções de como você pode colocar os projetos do seu município em ação. O que acontece é que a grande maioria dos municípios brasileiros já está desenvolvendo ações relacionadas às diretrizes e recomendações da Agenda 21. O que acontece é que esses municípios sequer sabem que estão fazendo ações relacionadas à Agenda 21. Um documento, em que as ações de meio ambiente, se forem partilhadas, compartilhadas, têm condições de serem efetivas. E esse documento também, além de trazer indicações para o que pode ser feito, traz o que os governos precisam investir em todas as áreas relacionadas ao meio ambiente. PROFESSORA NANÁ: Vejo como uma participação fundamental. Impossível não pensar na participação da Polícia Ambiental, o próprio nome de Polícia Ambiental já tira aquela questão que temos associada desde muito antes, de polícia como repressora. A Polícia Ambiental cumpre um papel fundamental de esclarecimento da população sobre a legislação, de estar junto à população compartilhando seus problemas e, justamente, creio, ela tem um papel fundamental no processo de Educação Ambiental. SISTEMA TELEBRAS Qual a forma de mobilizar a comunidade para que esta seja mais participativa em programas de Educação Ambiental? PROFESSORA NANÁ: A comunidade somente vai se envolver em problemas que sejam problemas para ela. Em situações que sejam sentidas por ela, porque o meu problema pode não ser muito bem o problema da comunidade. Deve partir de uma reflexão pessoal prévia. PERSPECTIVA DE TRANSVERSALIDADE Curitiba Como garantir que o professor compreenda e efetive sua ação na perspectiva da transversalidade? PROFESSORA NANÁ: Não existe nenhuma forma de garantir. Agora, podemos fazer um esforço justamente por introduzir na escola essa dimensão social da Educação Ambiental, porque ela é a dimensão social da própria educação. 12 <£*• FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 » "SONHO QUE SE SONHA JUNTO é REALIDADE Raul Seixas li / 6í Programa Viva Floresta Viva" O programa de Educação Ambiental "Viva Floresta Viva", coordenado pela Gerência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, teve seu início em maio de 1995, quando uma equipe técnica, constituída por profissionais de diversas instituições e áreas do conhecimento, elaboraram um projeto técnico que serviu como referencial teórico metodológico para o desenvolvimento das ações. O projeto inicial, entendido enquanto processo a ser construído e aperfeiçoado ao longo de sua implementação, teve como característica principal a promoção na comunidade catarinense, da incorporação de critérios de sustentabilidade da vida nas relações com o ambiente. Para que isto ocorresse propôs-se enquanto ação primeira a capacitação de Monitores de Educação Ambiental, sendo 23 professores e 23 técnicos da Secretaria da Agricultura/EPAGRI, os quais foram capacitados num curso de 40 horas. Daí o Plano Estratégico de Educação Ambiental para o Estado de Santa Catarina, documento preliminar a ser aprofundado nos dois cursos regionais: um para professores (40 horas) e outro para técnicos (40 horas) de instituições governamentais e não governamentais. A etapa de capacitação regional realizou-se em 23 pólos localizados nos municípios onde estão sediadas as Coordenadorias Regionais de Educação, Centros Treinamento da EPAGRI e Companhia de Polícia de Proteção Ambiental, resultando em 387 Projetos Regionais de Educação Ambiental. Essa etapa de capacitação regional teve algumas características inéditas na sua concepção, tais como: • Capacitação simultânea com apoio de teleconferências objetivando a aplicação de novas tecnologias e avaliação do dia de trabalho; • Parcerias com as Secretaria de Estado da Educação e do Desporto e Epagri - Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, Cidasc - Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina, UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, CPPA - Companhia de Polícia de Proteção Ambiental, Casan - Companhia Catarinense de Água e Saneamento, Celesc Centrais Elétricas de Santa Catarina, Ibama/SC - Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Meio Ambiente, Fatma - Fundação do Meio Ambiente, Eletrosul - Centrais Elétricas do Sul do Brasil S.A. e Instituto Larus; • Distribuição de material didático- instrumental para todos os participantes • Capacitação de 1.026 multiplicadores regionais • Montagem da rede de EA em caráter experimental. A etapa seguinte consiste no acompanhamento dos projetos regionais, com a divulgação de informações contidas no Informativo VFV e materiais didáticos/científicos, enviados aos monitores regionais, adesão de novas instituições como a Demec - Delegacia Regional do MEC, Procuradoria da República em SC, bem como na realização da I Concea - Conferência Catarinense de Educação Ambiental, a qual nos remeterá ao Indicativo de Avaliação do Processo. t£ Em 7 de setembro, o Brasil comemora sua independência. Nos outros 364 dias do ano, milhões de micros e pequenos empresários se orgulham de poder contribuir para isso. SEBRAE FOLHA DO MEIO AMBIENTE Balonismo: 7 dias levando colorido aos céus 13 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 Canoagem-slalom: a aventura em 5000m de obstáculos nas águas bravas Jogando de bem com a natureza Atletas e espectadores Irão ver de perto as belezas naturais thletes from fíve continents will partidpate in che Ist World Games of Nature in Iguaçu, on the west coast ofthe Paraná. The only rule common to ali the erents, characterized by their direct contact with nature and their element ofadventure, is respect for the environment. The events are divided into tbree categories: earth sports, air sports, and water sports. On the earth games will be fíelded in golf, cycling (mountain biking), orienteering, rock climbing, tríathlon, and equestrianism. In the air, skydiving and ballooning will come up. And in the water, excitement will spring forth in canoeing (slalom and obstade course), white-water raíiing, sailing, and fishing (retuming the físh to the river, of course). Atletas dos cinco continentes participarão em Iguaçu, costa oeste do Paraná, dos I Jogos Mundiais da Natureza. Como única regra do evento, caracterizado pelo contato direto com a natureza e pela aventura, está o respeito ao meio ambiente. Do dia 27 de setembro a 05 de outubro, os competidores tentarão ultrapassar os limites impostos pela natureza, em provas de esportes naturais, aqueles que, em contato com a natureza, o homem supera os limites por ela impostos. As provas serão divididas em três grupos: esportes da terra, ar e água. Na terra, acontecem as provas de golfe, ciclismo (mountain bike), orientação com arco, escalada, triatlon e hipismo. No ar, surgem o pára-quedismo e o balonismo. E, nas águas, existem as provas de canoagem (travessia e slalom, a ultrapassagem de obstáculos), rafting (balsas descendo águas turbulentas), vela e pesca, devolvendo os peixes ao rio, é claro. Como todas as provas serão ao ar livre, tanto os competidores quanto os espectadores verão, de perto, a beleza natural da região, como as Cataratas do Iguaçu, na fronteira comum ao Brasil, Paraguai e Argentina. Há também, belezas criadas pelo homem, como o Lago Itaipu. A promoção do evento, que pretende alavancar a indústria do turismo na costa oeste do Paraná, é do governo do estado em parceria com a Itaipu Binacional, a iniciativa privada e os municípios da região. Gerando emprego Desde o início do ano a região de Iguaçu, tem sentido os benefícios Escalada nas paredes mais ocultas do Iguaçu da realização dos I Jogos Mundiais da Natureza. São 16 municípios à margem do Lago de Itaipu e mais de 440 mil habitantes que ganham novas oportunidades de trabalho durante todo o ano de 1997. Visitando o Paraíso A costa oeste do Paraná é um verdadeiro paraíso ecológico, que inclui a floresta de 185.000 hectares do Parque Nacional do Iguaçu, tombado pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade. Um local onde diversos animais, já acostumados com a presença do homem, correm sem medo pelas trilhas por onde se passa para ir aos mirantes ver as quedas d'água, símbolo e marca da região. Aliás, ver essas quedas é um dos passeios ^ 4S ^ S^ apreciados na região. Tanto que o Salto do Macuco é um dos lugares mais visitados. De lá, se tem a visão de uma queda d'água de 20 metros de altura. Mas, para quem preferir, existe ainda a opção de passear pelo rio Iguaçu de barco até as cataratas. Noutro extremo do município, nas margens do Lago Itaipu pode-se encontrar verdadeiros refúgios biológicos que reconstituem a mata nativa derrubada na época da construção do lago para a hidroelétrica. Peixes, aves, répteis e mamíferos são pesquisados e readaptados para depois serem libertados no lago e nos refúgios. Para conservar a memória da região, o Ecomuseu expõe animais embalsamados, peças arqueológicas e mantém um arboreto com plantas típicas da região. Nesse museu, onde há aulas de educação ambiental, são desenvolvidas pesquisas biológicas sobre vários animais. Turismo A força do turismo como atividade econômica não é novidade nesta região que, além de encantadora beleza, é centro de compras. É quase impossível visitar a Foz do Iguaçu, cidade do lado brasileiro, e não comprar nada. Das mais simples peças de artesanato levadas como lembranças do local, aos eletro-eletrônicos, o local oferece de tudo um pouco. A mesma coisa acontece em Puerto Iguazu, cidade do lado argentino da fronteira, onde as ^.K melhores ofertas são de artigos de lã, couro, laticínios, licores e perfumes, todos eles produtos que tiveram os seus impostos reduzidos recentemente pelo governo argentino. De noite, restaurantes, boates, cassinos e discotecas são excelente opção de divertimento na região da tríplice fronteira. Em Foz do Iguaçu, comidas típicas japonesa, alemã, austríaca, chinesa, coreana, portuguesa e italiana. Um prato cheio para os visitantes e atletas que forem aos Jogos Mundiais da Natureza. Maiores infomações com Antônio Carlos na Adrenalina Esporte e Aventura. Fone (061) 3406648. TERRA, áGUA E AR UNIDOS PELO ESPORTE 14 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 FOLHA DO MEIO AMBIENTE EL NINO Enchentes no Sul e secas no Nordeste Governos locais se preparam para enfrentar catástrofes causadas pelo fenômeno climático MILANO LOPES Os metereologistas já não têm dúvidas: um dos sistemas climáticos mais sérios deste século, El Nino, está ganhando força e fazendo estragos antecipados. Termo espanhol para Cristo Menino, inventado pelos pescadores peruanos, por aparecer de modo mais forte às vésperas do Natal, ele designa uma superfície aquecida de mar de aparência irregular nas áreas central e leste do Oceano Pacífico ao largo da costa oeste da América do Sul. A partir daí, os ventos se encarregam do resto. Embora se manifeste tradicionalmente em dezembro, o El Nino este ano chegou mais cedo. Ao largo da costa do Peru a temperatura da superfície do Pacífico subiu cinco graus centígrados, mais elevada do que a registrada em 1982/83, tida até agora como a maior manifestação do fenômeno. Estragos Os estragos são incalculáveis. Uma estimativa da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos informa que, em 1982/83 o El Nino provocou prejuízos nas lavouras e rebanhos do Sudeste Asiático, da Austrália e da América do Sul da ordem de US$ 13,6 bilhões. Sua versão 1997/98 começa a fazer estragos também. Pelo menos 20 milhões de hectares de terras aráveis foram seriamente afetadas pela seca no Norte da China. Já no Sul, 4,4 milhões de hectares foram inundados, ameaçando a colheita de grãos. A Indonésia, o maior produtor mundial de café, está sofrendo severa seca que ameaça reduzir 25% da produção esperada. Na Austrália, a safra de trigo já está comprometida, e na Tailândia é a cana de açúcar que teve uma forte queda em sua produtividade. Os pescadores peruanos viram as anchovas fugirem com o aumento da temperatura das águas superficiais do Pacífico, enquanto os chilenos transferem suas frotas de barco para as regiões do mar não afetadas pelo fenômeno. No Brasil No Brasil o El Nino se manifesta com chuvas torrenciais no Sul e seca no Nordeste, causando prejuízos nos dois casos. As enchentes no Sul do Brasil, Norte da Argentina e Leste do Paraguai, em 1982/83, resultaram em 240 mortes, deixaram 600 mil pessoas desabrigadas e causaram prejuízos da ordem de US$ 3,0 bilhões. O estado brasileiro mais afetado pelas enchentes foi Santa Catarina, principalmente a cidade de Blumenau, no Vale do Itajaí, onde choveu mais de 800 milímetros somente no mês de julho de 1983, deixando a cidade praticamente debaixo d'água por vários dias. As Regiões Sudeste e Centro - Oeste também sofrem mudanças climáticas, especialmente em relação a chuvas, mais escassas, temperatura do ar e umidade relativa. Porém é a seca no Nordeste o outro pólo do drama dos cata- O El Nino, que deveria estar mais forte apenas em dezembro, promete estragos antecipados para este ano: enchentes e secas rinenses: em 1982/83 milhares de nordestinos migraram para as cidades em busca de sobrevivência, depois de perderem suas plantações e rebanhos por falta de chuva. E o pior: a água faltou para o consumo humano nas grandes cidades do Nordeste, com o esgotamento da capacidade dos açudes fornecedores. No Ceará, o então governador Ciro Gomes mandou construir um canal de mais de cem quilômetros de extensão, para abastecer Fortaleza a partir do açude Orós, o maior reservatório nordestino, que ficou com menos de 100/o da sua capacidade. Preparando-se para o pior São, portanto, perfeitamente previsíveis, as conseqüências do El Nino para o Nordeste e o Sul do País. E por essa razão, os govemos locais já estão se preparando para enfrentar o perigo. O Estado de Santa Catarina acaba de aprovar o Plano de Prevenção e Redução à Vulnerabilidade, com três objetivos específicos: Pronto atendimento por parte dos órgãos de Estado e os não-govemamentais, diante dos desastres ocasionados pelo El Nino;Inter-relacionamento entre os componentes da estrutura dos govemos federal, estadual e municipal, para uma ação conjunta em caso de emergência e disponibilização dos meios necessários de cada órgão da estrutura do Estado e do setor privado, via convênios e mobilização voluntária. As estratégias para cumprir esses objetivos envolvem medidas de prevenção, socorro, assistência, reabilitação e reconstrução, entre as quais se incluem: campanha de prevenção e conscientização da população; interligação dos sistemas de previsão hidro-metereológica; canal de TV exclusivo para comunicação de emeigên- SUI^iMIAJRY Meteorologists are without doubt: the climaüc system known as El Nino is gaining force in one ofits most seríous manifestetions oftbe century, and is abeady causing the antidpated damages. A Spanish teim for the Christ-chiJd, inrented by Peruvian fisbermen because it appears at its strongest right before Cbrístmas, El Nino reíers to the invgular cyde ofheating ofthe surface waters ofthe central and eastem áreas ofthe Padãc Ocean along the westem coast ofSouth America. From theie, the winds do the rest. Jn China, Thaiiand, Austrália, and Indonésia the phenomenon is abeady ptovokiag a seriorn threat to agrkaltme doe to drougbt Thete à taJi ofa JS% hss in tbt coífee harrest of Indonésia and part ofthe wbeat hareest ia Austrália. In Peru, the anchovies have íled Bom the hotter waters ofthe Padãc, where the water temperatures have risen up to Sve degrees Celsius above normal. In Brazil, El Nião manifests itselfin the torrential rains in the South, inundating dties, drtving people from thdr homes, as wdl as causing other damages, while in the North drought aífects a region inhabited by 30 million people. Congress and the state govemments are already preparing to confront El Nino. In the South, emeigeacy programs are being set up to reduce the effects offhoding, and in the Northeast, direct assistmce is being gires to the population wbich has fled from the interior into the larger dties after iosing thdr fàrms and Bocks. cia; sistema integrado de alerta e alarme e Disque Defesa Civil. O Nordeste está se movimentando com suas bancadas no Senado e na Câmara dos Deputados, onde já foram constituídas comissões especiais que atuarão separadamente, com a intenção de levantar todas as informações sobre o El Nino e definir um programa emergencial para enfrentar a seca por ele produzida. Os parlamentares já estão atrasados, pois em várias regiões do interior no Nordeste a falta de chuvas está provocando a movimentação de trabalhadores rurais, conhecidos como "flagelados". No Ceará, o governo do estado teve de providenciar às pressas a doação de cestas básicas para evitar a invasão ao comércio nas cidades mais castigadas pela falta de chuva. Os govemos e os políticos estão em estreita articulação com os metereologistas que, por sua vez, ficam de olho no Southern Oscillation Index (SOI), o índice que acompanha as condições climáticas, ao comparar as leituras de pressão atmosférica medidas no Taiti e em Darwin, região norte da Austrália, pelas médias de 30 dias. As últimas medições não deixam dúvidas: o El Nino está se manifestando mais forte do que nunca. Alguns sites sobre o El Nino http://www.inmet.gov.br/frameset.htm http://www.inpe.br/ http://www.cptec.inpe.br/products/climana lise/infoclima/especial2/nino2.html http://www.cptec.inpe.br/products/climana lise/cliesp 10a/fig2_6.html ti FOLHA DO MEIO AMBIENTE 15 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 CEARÁ Um museu vivo, com 190 hectares ao ar livre MILANO LOPES Ele fica a 15 quilômetros do centro de Fortaleza, no ponto inicial da Rodovia Estruturante do Estado, numa região de praia e muitas dunas, com parque, instalações administrativas e auditório, com capacidade para 80 pessoas, a ser utilizado na execução dos projetos de educação ambiental. Público principal: os estudantes. É o Parque Botânico do Ceará, uma parceria entre a Semace - Superintendência do Meio Ambiente do Ceará - e a iniciativa privada. No parque, um museu vivo da diversidade ambiental do estado, apresentando em locais específicos espécimes distintas típicas dos ecossistemas de caatinga, mata de serras, tabuleiro litorâneo e mangue. A criação do parque garante a preservação de uma área de 190 hectares com cobertura vegetal característica dos tabuleiros litorâneos, apresentando plantas de diversas espécies e de grande importância para pesquisadores, professores, estudantes e quem mais se interessar pela preservação dos bens naturais no estado. No parque podem, por exemplo, ser encontradas representantes da caatinga arbó- portes, alimentação e materiais em geral. Segundo o Superintendente da Semace, Renato Aragão, a abertura do parque, além de estimular a população a uma maior conscientização da importância e da necessidade de preservação do patrimônio natural, vai ampliar as opções de lazer da população com áreas de recreação, realização de pic-nics e manifestaOperários finalizam a construção do Parque Botânico ções culturais. A intenção é prorea do seco sertão cearense e nordestino como mover o turismo ecológico no parque, oferea Catingueira, a Catanduba, o Juazeiro e a cendo ao visitante a oportunidade de conheCarnaubeira, ou ainda elementos da flora do cer os recursos botânicos do Ceará. Para isso, mangue, como o Vermelho, o Siriuba e o a Semace está em entendimentos com a mangue Branco. Federação das Indústrias do Estado do Ceará - Fiec - visando o estabelecimento de uma parParceria ceria relativa à manutenção do parque. Vinte empresas privadas custearam a Conforme a proposta em discussão, o parimplantação do parque. Desde as nacionais, que seria administrado por uma conselho forcomo a Petrobrás, o Makro, a Gerdau, a mado pela própria Semace, a Fiec, as univerVotorantin e a Andrade Gutierrez, até empre- sidades, a Petrobrás e representantes das sas locais dos setores de construção civil, trans- empresas que contribuíram para a sua ■^^^■1 '^^^^ .-^^^ ^f^^^- ONOFRE jMk implantação. Ficaria a cargo das entidades públicas a elaboração da proposta de pauta das atividades educacionais e científicas a serem desenvolvidas no parque, bem como a garantia dos recursos humanos e materiais necessários. Para ficar pronto, o Parque Botânico do Ceará depende apenas da construção de 1,6 km de vias para veículos e de seis quilômetros de trilhas para pedestres. ■Ca SUIVliS/lAJRV Apartnership between 20 prívate businesses and the environmental agency ofthe State of Ceará in northeast Brazil has guaranteed the opening ofa botanical garden, and assured its on-goiag operations. It will funcdon as a kind ofliving museum ofthe biodiversity ofthe region's environment, including the ecosystems ofthe caatinga (the twisted trees native to the dríest regions), the mountain woodhnds, the coastal highlands, and the mangrove swamps. Tb be ready for its opening the Botanical Park only lacks the constructioa ofl.6 km ofvehicle roadways and ofsix kilometers ofhiking trails, by wbich visitors may tom the rarious áreas ofthe museum. IVIIRAIMDA ■Lar ^9 ^^^^.^^^m. tk PESQUE • • • & PAGUE Prolifera por todo o pais o sistema "pesque e pague", com milhares já funcionando a todo vapor. São tanques, com peixes selecionados para a finalidade, que fazem a alegria, principalmente, das crianças. Os mais modernos têm restaurantes, quadras para esportes e brinquedos para a diversão das crianças. Os pais levam seus filhos vivem momentos de lazer. Na maioria deles os freqüentadores não precisam levar equipamentos para a captura dos peixes, pois eles possuem tudo para ser vendido ou alugado. Peixes encontrados nos pesque e pague: piaus, pacus, tambaquis, bagres africanos, tambacus, tilápias e traíras. % % NãO MATE A MATA VEM Aí A PIRACEMA A partir do mês de setembro começam a aparecer as fêmeas de peixes ovadas, ideais para a fecundação. É o maravilhoso espetáculo da piracema que acontece em todos os nossos rios, de norte a sul do Brasil. Nos estados do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso, durante o período da piracema, que vai até dezembro ou janeiro, é proibida a pesca amadora e profissional. Por lá os rios ficam livres de todos os tipos de pesca, permitindo-se apenas o ecoturismo. E isto deveria acontecer em todas as águas interiores brasileiras, durante a procriação vamos deixar os rios livres de anzóis, das redes e tarrafas, vamos respeitar a multiplicação das espécies. No vale do Araguaia, no Pantanal e nos rios do Mato Grosso as redes e tarrafas estão proibidas durante todo o ano. A pesca profissional, por aquelas bandas é uma atividade permitida, porém sem a utilização de aparelhos de emalhar. Somente assim e com um sistemático combate aos crimes ecológicos poderemos acreditar num futuro melhor para "Não mate a mata, plante a planta". Com essa bandeira estou iniciando em Minas Gerais uma campanha entre os pescadores, com a participação do Instituto Estadual de Florestas em MG, para que os esportistas do caniço levem mudas para plantar nas barrancas dos rios, em seus ranchos ou clube. É plantar e cuidar da árvore, que deverá ser nativa ou frutífera. Como a grande maioria dos anzoleiros fica acampada, que também leve mudas ou mesmo sementes e inicie a recuperação das matas destruídas pelo homem, com o fogo e as máquinas. Faça a sua parte e jamais deixe de denunciar quem está agredindo a natureza. os cardumes que estão desaparecendo em ritmo acelerado. :: : : & ;: m > :: • • • • ■ • • *•«•• LEI DE FAUNA Depois de tramitar durante anos no Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama, finalmente foi aprovado o texto final da nova Lei de Fauna, que está para ser votado no Congresso Nacional. A imprensa não deu a mínima importância para isso. Então podemos resgatar o assunto, mostrando o que vai representar para a bicharada local. PISCICULTURA Quase todo o sertão brasileiro é rico em águas interiores, com uma série de fatores indispensáveis para projetos de criação de peixes em cativeiro. A piscicultura é um negócio que dá dinheiro, nossos produtores rurais precisam aproveitar melhor o potencial de suas lagoas, açudes e nascentes, implantando pequenos projetos de pis- cicultura. Mas eles precisam de informações técnicas, alevinos e incentivo por parte dos órgãos governamentais. Certa vez um velho amigo, fazendeiro na região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais, disse-me uma frase que gravei para sempre: "Não tenha dúvida, criar peixes dá mais dinheiro que criar bois". IBAMA O Ibama foi criado, inicialmente, para cumprir uma missão abrangente e importante, que era cuidar dos crimes causados pela poluição em suas várias formas. Com o tempo passou a acumular o setor pesqueiro, nas áreas profissional e amadora, piscicultura, fiscalização, animais. Não tem e jamais terá estrutura para fazer tudo isso, como manda o figurino. Precisa ser reestruturado. 16 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 FOLHA DO MEIO AMBIENTE 17 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 POLUIÇÃO CSN é acusada pela morte de operários em Volta Redonda Sindicato diz que seis pessoas morreram em acidentes, os jornais dizem que foram sete. Todos concordam que o ar contaminado por benzeno provoca uma espécie de Aids Ambiental Coord. de Meio Ambiente de Volta Redonda ZILDA FERREIRA ACompanhia Siderúrgica Nacional CSN, criada em 1946 e privatizada em 1993, chegou dia 08 de julho ao marco histórico de 100 milhões de toneladas de aço. O feito da maior siderúrgica da América Latina foi anunciado em todos os jornais da região. Mas, por trás da festa, a denúncia da morte de operários, em acidentes de trabalho causados por falta de segurança. Segundo os jornais, foram sete óbitos de 1995 a 1997, seis deles dentro da usina, uma ação no Ministério Público Estadual por contaminação do ar por benzeno, outra no Ministério Público do Trabalho pelo mesmo motivo e um Inquérito Civil Público (número 4/95), que tem cinco volumes. As denúncias foram feitas à equipe de reportagem da Folha do Meio ao chegar em Volta Redonda, cidade que nasceu em 1954, oito anos após a criação da CSN e por causa da siderurgia se tomou verdadeira caixa de ressonância da economia brasileira. Um inquérito foi aberto contra a CSN no Ministério Público (Federal) do Trabalho, em 1995, a pedido da Associação de Portadores de Benzolismo ou leucopenia, também conhecida com a "Aids Ambiental" por que, causada pelo benzeno, reduz o número de anticorpos e a resistência do organismo. O Ministério Público confirma a existência do inquérito e diz que ele pode ser consultado. O Chefe da Divisão de Controle Ambiental da Feema - Francisco Tozzi Galvão Filho não acredita que a CSN desligue os filtros. "O que está ocorrendo na empresa é uma dificuldade de operar os equipamentos implantados. É preciso aprimoramento técnico e maiores gastos em manutenção", explicou Francisco Tozzi. Mesmo assim, ele informou que na última vistoria, no período de 14 a 15 de maio, foram detectados problemas de poluição da água e do ar. "Queremos a realização de vistorias mensais, com a participação de técnicos das agências regionais e da matriz. Vamos realizar uma grande campanha de monitoramento e a Folha do Meio Ambiente está convidada a nos acompa- Rio Brandão (águas mais escuras), que passa pela CSN, ao desenbocar no Paraíba do Sul nhar", convida Tozzi. "Fico profundamente irritado quando acordo e passo pela piscina de minha casa e vejo a água coberta de pó de carvão. Sei que os filtros da CSN foram desligados e que estou respirando essa poluição, que atinge meus filhos, netos e todo o povo de Volta Redonda. A qualidade do ar tem piorado, e o culpado disso é a Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente), porque não fiscaliza", desabafa o vice-presidente da Associação Comercial, Industrial e Agro-pastoril de Volta Redonda, Benevenuto dos Santos Neto, 70 anos. Benevenuto, que hoje é presidente da Caixa de Beneficiários dos Empregados da CSN, local onde trabalhou por 39 anos, também já foi diretor de três empresas do grupo Siderbrás e ex-prefeito de Volta Redonda (1982/1985). A CSN diz que as denúncias não são verdadeiras "a empresa opera 24 horas por dia, sendo que os filtros estão interligados aos equipamentos de produção. Devido à falta de chuvas neste período, muita vezes somos levados a interpretações errôneas de fenômenos ambientais, princi- palmente à noite", disse Maria Alice Miranda, da assessoria ambiental da empresa em fax remetido à Folha do Meio. Maria Alice continua no faz "a CSN instalou vários equipamentos de aferição da poluição atmosférica, reduzindo sensivelmente a emissão de particulados para a atmosfera. Como exemplo, ela cita os cinco precipitadores eletrostáticos, instalados nas sinterizações 2, 3 e 4, que reduziram cerca de 51 ton/dia de pó que eram lançadas na atmosfera de Volta Redonda." O Coordenador de Meio Ambiente de Volta Redonda, Luiz Carlos Rodrigues, disse que não tem condições de comparar se as condições da água e do ar haviam piorado ou melhorado na região de Volta Redonda, porque não dispõe de dados. "Estou tentando fechar um convênio com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ e com a Universidade Federal do Rio de JaneiroUFRJ para obter dados isentos e poder acompanhar o monitoramento das condições ambientais do município. Por enquanto o que posso fornecer são essas imagens", disse mostrando fotos. (Continua na próxima página). Ol^l^rl l\rlA^J^^: ■ ne day aãer cekbrating reaching (onjuly 8) he historie milestone oflOO million tons f ofsteel, CSN (the Companhia Siderúrgica Nacional) was aceused ofresponsibility for the death ofworkers in accidents caused bylack of security. According to nem reports, between 1995 and 1997 there were regjstered seven fatalities, six of which took place inside the steel mill, one lawsuit in the State Pubic Ministry chaiging contamination ofthe air with benzene, another ofthe same nature in the Public Labor Ministry, and a Public Civil Inquiry (number 4/95) amounting to five volumes. The charges were made to a team ofreporters írom the Folha do Meio Ambiente upon their arríval in Volta Redonda. This dty was bom in 1954, eight years aãer the aeatíon ofCSN, and because ofthe steel mills has become a veritable sounding board for the whole Brazilian economy, presenting a cleaier, grander and crueler image ofthose transformations aõlicting the country as a result ofthe globalization ofthe economy. A formal inquiry was opened against CSN in the Federal Public Ministry ofLabor in 1995 at the request ofthe Association ofVicüms ofBenzolism, or leucopenia, otherwise known as the "environmental AIDS" because it causes, thtough exposure Cl to benzene, a reduetion in the number ofandbodies and thus lowers the bod/s resistance to iníection. The Public Ministry conãrmed the existence ofthis inquiry and the availability ofits documentation for public inspectíon. The Environmental Secretary of Volta Redonda, Luiz Carlos Rodrigues, explained that there is no way to confirm that the condition ofthe water and air have worsened over the years in Volta Redonda, due to the lack ofearlier data. "I am trying to negotiate a deal with the State University ofRio de Janeiro (UERJ) and the Federal University ofRio de Janeiro (UFRJ) in order to fill in the missing data and to monitor more closely the environmental conditions in the dty." CSN denies the validity ofthe accusatíons. According to Maria Alice Miranda fiom the environmental oíHce ofCSN, in a fax submitted to the Folha do Meio, "the mills operate 24 hours a day, during which time the íilters are interconnected with the produetion equipment. Due to the lack ofrain during this period, ermneous interpretations oãen arise conceming 'environmental phenomena', esperíally at night." Volta Redonda, with 226,534 inhabitants, lies 143 kilometers fiom Rio de Janeiro. Until 1954 it was a district ofBarra Mansa. Preserve suas amizades de infância 21 de setembro, dia da arvore Ministério dos Comunicações 0 Brasfl EM ACAO 18 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 FOLHA DO MEIO AMBIENTE Poluição da CSN atinge até o Rio de Janeiro Pior do que a poluição do ar, que provoca o Benzolismo e que o visível depósito de carvão nas folhas e nas varandas das casas é a poluição do Rio Paraíba do Sul, que abastece mais de dez milhões de pessoas, inclusive 80% da população da cidade do Rio de Janeiro. Neste caso, ao contrário do da poluição do ar, já comprovada, não há dados confiáveis. Enquanto isso, Miguel Archanjo, engenheiro químico, e durante 20 anos coordenador da Feema no interior do Estado do Rio de Janeiro, diz que a situação em Volta Redonda piorou muito depois da privatização. "A produção aumentou muito e não foram feitos os investimentos necessários em equipamentos para controle da água e do ar", diz o chefe do Departamento de Meio Ambiente de Barra Mansa (cidade vizinha a Volta Redonda), engenheiro Miguel Archanjo. "Atualmente não posso precisar as quantidades de poluentes jogadas pela CSN. No entanto, tenho certeza que a CSN continua jogando no Rio Paraíba do Sul óleos, graxas, resíduos sólidos, metais pesados, senol, cianetos e organoclorados, que são altamente cancerígenos. No ar.vapores de benzeno, tolueno, oxi de nitrogênio e oxi de enxofre", adverte Archanjo. "Na parte hídrica a CSN já investiu, em controle do meio ambiente, U$ 200 milhões" diz Maria Alice. ^^^Z [^ Segurança Seis mortes, todas depois da privatização, no período de 1995 a 1997, uma em 1995, quatro em 96 e uma em 1997. "Eis o saldo da falta de segurança dentro da Usina Presidente Vargas, da CSN". A denúncia, seguida de um apelo às autoridades federais para que resolvam o problema foi feita pelo diretor do Departamento de Saúde da CUT - sul fluminense - Vantuir Corrêa. O sindicalista ressalta que muitos acidentados ficaram com seqüelas graves e alguns faleceram após o acidente, enfatizando que apenas as mortes dentro da empresa foram contabilizadas pela Central. Corrêa denunciou também o aumento de 52% de casos de câncer, principalmente de fígado, na região. Não há comprovação, mas muitos acreditam que sejam em virtude da poluição da água do Rio Paraíba do Sul. A secretária de Saúde de Volta Redonda, e também vice-prefeita, Maria Aparecida Digo, especialista eni medicina do trabalho, informou que as duas tentativas de fiscalização da saúde na CSN foram frustradas. Ela não entende porque a empresa não quer a transparência de suas ações, o que seria bom também para a imagem da Companhia. Fátima Sueli Neto Ribeiro, coordenadora em exercício de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente, da Secretaria Estadual de Saúde registra seis mortes confirmadas; "Uma em 1995, quatro em 1996 e uma em 1997, todas ^^S Conforme um acordo assinado em 1994 entre o estado do Rio de Janeiro e a CSN, através da Feema, a maior dívida ambiental do país seria paga em cinco anos. Através dele a CSN se compromete a gastar R$ 100 milhões em equipamentos, obras e serviços, pagando assim antigas multas ambientais. Segundo dados oficiais da Feema, até julho de 1996, a CSN investiu R$ 21.183.000 no combate à poluição (RS 15.668.000 contra a poluição atmosférica, R$ 1.148.000 contra a poluição acidental, R$ 4.367.000 contra a poluição hídrica), o que, em 36 meses, não chega a 25% do montante acertado para cinco anos. Outra dívida da CSN, prevista era acordo feito à época da privatização (em 1993) é a do Passivo Ambiental Compensatório - PAC -, no valor de R$ 52 milhões. Uma espécie de indenização ambiental paga à cidade de Volta Redonda. Mas a prefeitura aceitou um acordo para receber R$ 16,5 milhões. Mas este acordo está sendo contestado na justiça por diversas entidades, dentre elas a Comissão de Direitos Humanos. O processo está em Brasília, já em terceira instância. "Até o final do ano de 1999, a companhia deverá investir mais U$ 80 milhões confoime compromisso o firmado em 1994", diz Maria Alice Miranda da assessoria ambiental da CSN. E completa "cerca de 85% dos itens constantes do referido termo de compromisso já foram cumpridos até a presente data". documentadas, creio que até em inquérito policial. Além disso, todos os jomais da região divulgaram enquete entre os metalúrgicos na qual eles asseguram que as mortes foram decorrentes da falta de manutenção do alto forno"- finalizou a coordenadora de saúde, mostrando os jomais do ano passado, quando morreu a quarta vítima. Sueli diz que há três anos pede à CSN que forneça dados oficiais sobre doenças ocupacionais e mortes, mas não os recebeu. Em pesquisa nos jornais de Volta Redonda, a Folha do Meio encontrou o registro de sete mortes. As seis anunciadas por Sueli e Vantuir e mais uma, fora da usina. Com mestrado em saúde pública, Fátima fala, também, de um dado intrigante: aparecimento de uma grande incidência de leucopenia na construção civil em Volta Redonda, nos últimos anos. "Quando apresentei esses dados de leucopenia na construção civil, em congressos, as pessoas ficam perplexas, porque a doença, causada pelo benzeno, não é típica desse setor. Mas é muito simples de entender: a CSN tem terceirizado, sempre que pode, todas as atividades de alto risco", explicou a sanitarista, desolada com a constatação. "Não sei se as condições de saúde do trabalhador melhoraram ou pioraram na CSN depois da privatização. Não posso opinar por que não tenho dados. Ainda não consegui efetuar uma fiscalização na empresa. A primeira vez que tentamos, após a privatização, fomos impedidos porque a CSN não concordava com nossa equipe técnica, só aceitava o fiscal. Tentamos um acordo, mas não foi possível. Da segunda vez a empresa conseguiu o adiamento da fiscalização, pela justiça. Não entendemos esse temor"- ironizou Fátima Sueli. Para a CSN privatizada foram previstos, até o ano 2000, mais de um bilhão de dólares em investimentos tecnológicos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES. Teoricamente, de acordo com a legislação Federal, a CSN só receberia esses recursos se estivesse inteiramente legalizada em relação a questão ambiental. * Volta Redonda, com 226.534 habitantes, fia a 143 quilômetros do Rio de Janeiro e até 1954 era distrito de Barra Mansa. O local foi escolhido pelo presidente Getúlio Vargas, em 1941, para sediar a siderúrgica por que ficava entre o Rio e São Paulo e havia a água abundante do Rio Paraíba do Sul. E Um pouco de história Além da poluição do ar e da água a cidade vive a tortura do desemprego. A CSN antes de ser privatizada tinha 22 mil funcionárioí Atualmente tem 12 mil e a meta é reduzir para 4 mil e alcati&r uma produção de 200 milhões de toneladas de aço, nos próximos dez mos, informa Dom Waldyr Calheiros, bispo progressista, 74 anos e desde 1966 em Volta Redonda. 4 A empresa começou a funcionar em 1946, no governo de Dutra. Até os anos 60, a importância do^fto é?u à empresa um dos melhores desempenhos do mundo. Mas os prejuízos foram se acumulando com a ma gestão. No governo Collor, a CSN foi ameaçada de fechamento. £<g abril de 1993, foi privatizada pelo presidente Itamar Franco. * m Atualmente, aex-esftital é um conglomerado. Benjamim Steinbruch, presidente do Conselho Administrativo da empresa, ampliou a área de atuação da CSN, antes restrita à siderurgia. A Companhia é dona de 25% da empresa que controla a Vale do Rio Doce, outra ex-estatal. O grupo também comprou 7,25% das ações, com direito a voto, da Light, companhia de energia elétrica do estado do Rio de janeiro. Mas não é só isso. A CSN tem o aço, a energia elétrica, o ferro e as ferrovias. Na área de serviços a empresa conseguiu a concessão para explorai o terminal de carvão do Porto de Sepetiba (RJ) e ainda tem participação em três das seis malhas privatizadas pelo governo: Ferrovia CentroAtlântica (12,5%), malha Sudeste (20%) e a última aquisição, em julho, 20% da malha Nordeste. Para preservar os grandes momentos em Brasília, basta preocupar-se com uma reserva: NAOUM PLAZA HOTEL. Confirme logo a sua e venha viver o padrão internacional de serviços que fazem do NAOUM uma parada obrigatória dos nomes mais importantes que passam por Brasília. NAOUM PLAZA HOTEL SHS - Quadra 5 - Blocos H/I - BRASÍLIA-DF - BRASIL - CEP: 70300-300 PABX: (061) 322-4545 - Toll Free: (061) 800-4844 BRAíálLIA-Uh ft A * * * FOLHA DO MEIO AMBIENTE PONTO DE VISTA O Exército na Amazônia Gen. Marco Antônio Sávio Costa Inspirado pelos artigos publicados nos últimos meses na Folha do Meio Ambiente, resolvi abordar um tema que, inclusive, poderá servir para melhor esclarecer a maior parte dos leitores deste excelente órgão de imprensa. Pouco se publica sobre o importante papel desempenhado pelas Forças Armadas no nosso país, particularmente na Região Amazônica. Não me refiro à imprescindível atuação na defesa de fronteiras e manutenção da soberania nacional, nas áreas mais inóspitas. Esta é, inclusive, a principal de suas atividades-fim. Entretanto, através de ações e de chamadas complementares, as Forças Armadas marcam presença nos Estados da Amazônia com inúmeros trabalhos de apoio à saúde, educação e meio ambiente. Estes se concretizam por meio de convênios instituídos com órgãos federais e estaduais e, em menor número, com entidades privadas. No apoio à saúde das populações fronteiriças existe convênio firmado com a Secretaria de Saúde do Estado de Amazonas (Sesau), pelo qual são realizados atendimentos ambulatoriais pelos militares de saúde que servem nos Pelotões Especiais de Fronteira (PEF), cabendo à Sesau o fornecimento de medicamentos e a intermediação do repasse de recursos financeiros do SUS, correspondentes aos atendimentos realizados. Ao Comando Militar da Amazônia (CMA) cabe a distribuição dos medicamentos. Uma conseqüência prática foi o recente combate, com resultados positivos, ao surto de malária em Estirão do Equador (Amazonas). Desde 1994, também, foi firmado convênio com o Ministério da Saúde, proporcionando uma saudável parceria com o Ministério do Exército, no que tange à assistência médica e odontológica, além de apoio a atividades laboratoriais. Com recursos da ordem de R$ 2 milhões de reais, o CMA adquiriu 5 ambulâncias toyota para atender os postos de saúde dos PEF, localizados em municípios ligados por estradas rodoviárias, e 17 gabinetes odontológicos, além de medicamentos, alimentos especiais e materiais de consumo específicos. Inspired by articles published in the Folha do Meio Ambiente over the past few months, I decided to broach a subject which, among other things, might serve to enligbten a kige segment of thereaders ofthis exceüent otgan ofthepress. Very litde has ever been pubhsbed conceming the role performed by the Àmed Forces in service to this country, partícularly in the Axnazon Re&on. I do not refer to theii indispensable duty performed in deknse ofthe national borders and in protecüon ofuationd sovereignty, in the most iohospitable condMoos and áreas. That is, afier ali, their prímíTy tesponsib&ty. Nemtbeíess, tbtough wbít might be called comphmentary actioas, the Anoed Fortes have made their mark oa the States ofthe Amazon Region, throtigh inomneoéle pmfects in mpport ofheaíth, 19 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 Acordo entre o CMA e o INSS, proporciona condições legais para a realização, por médicos do Exército, de exames médico-periciais em civis residentes em Tabatinga, Yauaretê e São Gabriel da CaRk| choeira, no Estado do 1 Amazonas e de Caracaraí, no Estado de Roraima. Na área da Educação, a Força Terrestre faz-se presente, com convênios com as Secretarias de Educação dos Estados do Amazonas e Roraima. No primeiro, permite a coordenação na faixa de fronteira do Estado das atividades de 15 escolas e 1 intemato, perfazendo um total de 8.335 alunos de P e 2* graus com 1.219 instruendos em 17 áreas profissionais. Envolve 337 professores e 158 funcionários civis estaduais, ao lado de expressivo número de militares do Exército. Em Roraima, foi implantada e colocada em funcionamento uma escola de l1 Grau na localidade de Surucucu. Com 13 telepostos, nas sedes de PEF e outras Oiganizações Militares fronteiriças, complementa a educação e alfabetização de jovens e adultos. Com o objetivo de reduzir o contrabando de madeira da Amazônia e colaborar no controle da fauna e flora, foi firmado convênio, em 1994, com o Ibama. Esta ação conjunta permitiu a apreensão de mais de 11 mil toras de madeira em situação irregular, quelônios e peixes, moto-serras e um número significativo de animais silvestres. Estas são algumas realizações de militares do Exército na Amazônia fora de sua atividade-fim e que não são difundidas. A Instituição não divulga estas atividades, por ter uma postura tradicional e cultural de modéstia: fazer sem dizer, dar sem esperar outra retribuição além da consciência de dever cumprido. E, às vezes, a mídia tenta desvalorizar, em razão de uma ultrapassada "miopia" ideológica, as ações desenvolvidas pelos militares brasileiros em prol da população do Brasil, em especial daqueles que residem em áreas longínquas onde o poder público pouco ou nada atua. £2 education, and the environment These have been carried ovt in partnersbips formed with federal and state agencies and, to a lesser extent, with prívate insdtudons. In support ofbealth services to the frontier population, there is a contract with the Secretaiy of Health ofthe State of Amazonas (Sesau) under which mobile bealth clinics are pmvided by military medicai teams serving in the Special Frontier Platoon (PEF) in retum for which the Secretary of Health (Sesau) provides medicai suppUes and ãnmdal resomves cbanneled ãom SUS ia accordance with the services pmvided. The Miiitary Command o f Amazônia (CMA) is respomible for tbedistríbutioaof the medicai suppUes. Arecent case in point was the vktorious combat ofthe outbxeak of malária ia Estirão do Equador, Amazonas. QUALIDADE VERDE 3iivioNfE SIL-VA «JARDIM PECHINCHA PARA O SETOR DO FUMO? Os fabricantes de cigarros dos EUA concordaram em pagar cerca de US$ 370 bilhões durante os próximos 25 anos - bem mais que o esperado - para fechar um acordo histórico, no qual também aceitaram a fiscalização incondicional da FDA, abrindo caminho para que a agência ordene a gradual redução do conteúdo da nicotina nos cigarros tragados na terra do Tio Sam. Em troca, a indústria tabagista conseguiu uma grande concessão. Segundo o acordo, indivíduos que entrarem com ações judiciais contra o setor reclamando que o fumo prejudicou sua saúde só terão direito a pedir compensação, excluindo, assim, a possibilidade de indenizações punitivas. Entre as cláusulas "sociais" do acordo, estão previstas punições financeiras adicionais contra companhias de tabaco se o hábito de fumar entre os menores não cair em 30%, dentro de cinco anos, e 60% dentro de 10 anos. Ma esse acordo só se manterá com o aval da Casa Branca e respectiva legislação aprovada pelo Congresso. MONITORAMENTO NO TRILHAS: NEGóCIO VALE DO PARAíBA O Inpe começou a colocar em prática o Programa de Monitoramento Ambiental do eixo Rio-São Paulo (Marsp), que por meio de uma rede formada por 60 estações meteorológicas automáticas fornecerá informações detalhadas sobre o tempo e o monitoramento ambiental do Vale do Paraíba para serem usadas por prefeituras, defesa civil, meios de comunicação, setor turístico, cooperativas agrícolas, companhias aéreas e público em geral. Detalhe: no litoral norte, o programa dará especial atenção para o monitoramento da radiação ultravioleta na faixa B, responsável pelo câncer de pele. O Marsp também fará o monitoramento da poluição atmosférica na região, uma das mais populosa?, e industrializadas do País. Com as informações científicas disponíveis, as prefeituras do Vale estarão mais embasadas, por exemplo, para tomar decisões de caráter sócio-econômico, como planejamento e localização de novos parques industriais, considerando a eficiência da dispersão de poluentes em função das condições físicas e meteorológicas do local DE US$ 6 BI Quanto vale uma longa caminhada a pé, uma viagem no dorso de um elefante, um "rafting" emocionante na corredeira de um canyon ou uma escalada no Everest? O ecoturismo ou turismo de aventura é uma modalidade que deslanchou a partir desta década, e já representa entre 5% e 8% do turismo internacional, devendo chegar a 15% em 2005, de acordo com a World Travei & Tourism Council, que organiza as estatísticas do turismo mundial. Em 1995, o ecoturismo brasileiro movimentou US$ 4,4 bilhões e a atividade cresce 20% ao ano, tem um público de 2,5 milhões de praticantes e 300 agências especializadas, de pequeno porte, criadas por biólogos, fotógrafos, esportistas educadores e jornalistas. Mas apesar do desenvolvimento do ecoturismo nacional, o Brasil ainda ocupa uma posição secundária na América Latina. Países com PIB e superfície inferiores, como o México, Argentina, Uruguai, Porto Rico e República Dominicana, estão à frente. CONTABILIDADE NA ERA DA ECOLOGIA O Instituto Brasileiro de Contadores, Ibracon, foi um dos primeiros organismos do mundo a fixar procedimentos sobre os ativos e passivos ambientais. Em sua publicação NPA 11 Balanço e Ecologia, afirma, logo na introdução, que "a crescente conscientização que a Humanidade adquiriu, nos últimos dez anos, culminando com a Rio-92, deve estar refletida, daqui para a fren- te, nas demonstrações contábeis e relatórios das administrações das empresas, que devem ajustar-se a um novo mundo, no qual metas ambientais, além das econômicas, terão de ser alcançadas, rigorosamente. Essa é a nova cruzada que a contabilidade brasileira deve empreender. Ela é algo superior, oportuno, necessário e de grande alcance para a humanidade". PARA NãO PASSAR EM BRANCO.,, No mês passado, o Japão liberou para consumo duas mil toneladas de carne de baleias capturadas "para estudos" - esse volume corresponde a nada mais, nada menos que 440 baleias-anãs capturadas na região da Antártica. Esta que foi considerada a maior venda de todos os tempos, foi promovida pelo Instituto de Pesquisas de Cetáceos, órgão diretamente contratado pelo governo japonês para a realização de estudos científicos sobre o animal. O negócio resultou em um faturamento bruto de US$ 31 milhões. ® 20 FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 A PETROBRAS ESTA PATROCINANDO O MAIS BONITO SHOW DE MÚSICA QUE ACONTECE NO MAR: O CANTO DA BALEIA JUBARTE. Você pode não acreditar, mas a Baleia Jubarte produz uma seqüência de sons que formam uma verdadeira música. Mas, infelizmente, esta talentosa espécie acabou sendo vítima da caça indiscriminada. Sabendo disso, a Petrobras tomou a iniciativa de patrocinar o Instituto Baleia Jubarte, que já atuava em defesa da espécie no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. A partir daí, passaram a estudar, pesquisar e desenvolver projetos dirigidos à comunidade e aos turistas do Parque, despertando a consciência conservacionista e a educação ambiental. Uma conquista que está enchendo a Petrobras de orgulho. Afinal de contas, a Baleia Jubarte vai poder continuar cantando e encantando a todos. PETROBRAS Ministério de Minas e Energia 0. DZMMI DraSII EM ACAO FOLHA DO MEIO AMBENTE »«*«> 21 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 A Folha do Meio conta com você ^ÈS**-*' L» J4 I EL joa«tm DEPARTAMENTO PE FILATELt.4 íw" Árvores em selo Viajar pelo Brasil com os selos postais, conhecendo suas peculiaridades, é uma grande aventura. Mas precisamos, primeiramente, estabelecer um plano de viagem. Que tal um passeio rápido pelas espécies de árvores que já foram estampadas em selo? Podemos começar por nosso mais recente lançamento sobre a Flora da Amazônia, que enfoca o Mogno. "Uma das espécies brasileiras mais valiosas, devido à beleza de sua madeira e à facilidade com que pode ser trabalhada na fabricação de móveis. Estas características aumentaram sua cotação no mercado internacional e, conseqüentemente, sua exploração, colocando-a em perigo de extinção." O texto acima mostra a preocupação da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos com a maneira desequilibrada com que se utiliza nossas fontes naturais, mais especialmente as arvores. É de se notar também, a necessidade de preservação que faz parte da mensagem divulgada nos selos. Descendo rumo ao nordeste, encontramos na série em homenagem à Sociedade Botânica do Brasil, o Sabiá-dacaatinga, espécie que fornece madeira de excelente qualidade para atender as necessidades básicas da vida do nordestino, tais como a produção de estacas, mourões, dormentes, lenha e carvão. Sua folhagem é muito apreciada pelos ruminantes, especialmente no período de estiagem. Já o Pau-brasil, espécie que deu origem ao nome do nosso país, e que habitava as matas costeiras desde o Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro, atualmente encontra-se em vias de extinção, com sua ocorrência silvestre restrita aos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Chegando ao sul, mais particularmente à Serra Geral, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, temos os selos do Parque Nacional de Aparados, em cuja emissão vemos a presença imponente da Araucária, árvore típica daquela região tão rica, marcada pela diversidade tanto de espécies da flora e fauna, quanto de formações geológicas. Como podemos ver na série Defesa do Meio Ambiente, enfocando o Parque do Iguaçu, mais precisamente no selo abordando o Ipê-amarelo, uma espécie Cada minuto que passa a Terra inteira quer saber como anda a qualidade de vida do homem, das matas, dos rios, do mar, dos peixes, do solo, dos bichos, do ar, das aves... Em que planeta viveremos na virada do milênio? Que Terra vamos deixar para nossos filhos? que também embeleza o Planalto Central. As suas árvores de tortos troncos, grossas cascas e cuja aparência, a princípio estranha, assume contornos suaves quando se percebe que é justamente essa aparência que as mantêm vivas no clima seco que caracteriza o Centrooeste, principalmente no período que antecede a primavera. A beleza por trás da rude realidade do cerrado pode ser vista na emissão assinalando o Jardim Botânico de Brasília e particularmente o pequizeiro, tão forte na culinária da região. Mas esta é apenas uma pequena viagem, uma breve amostra da árvore nos selos postais brasileiros. Não se pode esquecer que muito da beleza natural de nosso país se deve justamente a matas, florestas e parques nacionás, onde espécies as mais diversas se multiplicam em cores e vida. Faça você também sua viagem, com os selos de sua coleção. É certo que você conseguirá, e caso não tenha selos que lhe possibilite ver a beleza das árvores em sua coleção, entre em contato conosco: Há nove anos, um grupo de jornalistas brasileiros firmou esse compromisso: fazer um jornal que pudesse ajudar na luta por um futuro comum mais sadio, por uma melhor qualidade de vida das pessoas, pelo resgaste da cidadania, pelo uso racional dos recursos naturais, pela educação e conscientização dos habitantes deste planeta. Um jornal que ajudasse as pessoas a entender que o lixo é sujo, mas pode gerar riquezas... que a água é vida, mas pode trazer a morte... que o ar é tudo, mas pode ser o nada... que o agrotóxico é remédio, mas pode ser veneno... que o solo é rico, mas pode ficar pobre... que o carro nos conduz, mas o trânsito é um inferno... que a Terra é linda, mas... Você está recebendo mais uma Folha do Meio. É a do Ano 9, edição 75. Você quer dar uma força para quem faz a Folha do Meio? Você quer ajudar a gente a levar em frente tantos compromissos? Lembre-se: a melhor maneira de controlar o futuro é construindoo. O homem só vai dominar a natureza pelo conhecimento e entendimento. Nunca pela força. Se você está, mesmo, preocupado em saber em que planeta viveremos na virada do milênio, junte-se a nós. Participe do projeto Folha do Meio! Como? Muito simples: escrevendo, dando palpites e fazendo sua assinatura. Mais ajuda? Mais assinaturas. A cada dez assinaturas que você conseguir, você ganhará uma camiseta linda que selará o seu compromisso com o nosso lema: O MEIO AMBIENTE COMEÇA NO MEIO DA GENTE! Si&iití&iMBjti Envie este cupom preenchido acompanhado de cheque nominal cruzado em favor de {Pleose send this compleled coupon togeíher wiíh a check made ouí Io) FOREST CULTURA VIVA E PROMOÇÕES LTDA. OU deposite na COnta n° (Paymenl may ako he made be dirvcl depiisit to account number) 459053-8 Ag. 2872-X - Banco do Brasil Endereço butfan.-* SRTV Sul, Quadra 701, Bloco A, Salas 717 e 719 Centro Empresarial Brasília CEP 70340-907 - Brasília-DF Telefone w"^ (061) 321 -3765 - Fax: (061) 321 -7357 Departamento de Filatelia SCS Quadra 4, n* 256, Ed. Apoio, 7* Andar 70300-500 Brasília-DF Tel: (061) 317-1800 Fax: (061) 224-7460 Internet: www.correios.gov.br e-mail: [email protected] (International postal money arder: Financial code 10300058 - A/c SHS 70312-970 Brasília-DFfi Nome do Assinante (.v,™1-„/sI,/u<-r.iw_ Endereço «,«/«« Data de Nascimento iBmh^u, I diy |CEP code) I month Cidade (aiy/coumry) Profissão (/■*>/ year Estado Telefone (TW^/IOI 22 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 FOLHA DO MEIO AMBIENTE RECURSOS HÍDRICOS Agua: a hora é de aliar o discurso à prática O Movimento de Cidadania pelas Águas, da Secretaria Nacional de Recursos Hídricos, tem como objetivo a participação, pela mobilização em tomo de um objetivo comum: o de garantir água com quantidade e qualidade para todos, sempre. FMA - Existe uma preocupação a respeito da preservação do meio ambiente. Mas o que vem sendo feito para resolver os problemas? Romano - As agressões ao meio ambiente, que ameaçam e degradam os recursos naturais e as variadas formas de vida, inclusive a humana, têm esbarrado nos últimos tempos com o inconformismo de múltiplos segmentos que, preocupados com o problema, se mobilizam para discutir e encontrar soluções para essa questão. Prova disso está nos dois eventos ocorridos durante o mês de junho, em Minas Gerais: o seminário "Gestão de Recursos Hídricos na Bacia do Paranaíba", e o workshop "Erosão e Recursos Hídricos na Bacia do Rio Doce". FMA - E esses eventos resolvem, são bons? Romano - Bom seria que a realidade fosse outra e não precisássemos reunir pessoas para discutir alternativas e apontar caminhos com a finalidade de consertar o que está errado. Sai muito mais caro, e os exemplos aí estão, para comprovar que prevenir é melhor que remediar. A despoluição do rio Tietê, por exemplo, que nunca se completa, apesar de aparentemente nada ter a ver com o resto da sociedade fora de São Paulo, implica na pressão sobre os orçamentos e dificulta a busca de recursos externos (os nossos financiadores questionam o porquê de novos empréstimos, se não conseguimos concluir antigos investimentos). FMA - E existe algum exemplo de mobilização social? Romano - Sim, as comunidades instaladas nas áreas das bacias do Paranaíba e Rio Doce estão trabalhando em tomo dos problemas constatados por lá. Isso nos mostra que novos conceitos sobre a gestão da água estão sendo absorvidos pelas instituições, lideranças e núcleos dessas localidades. Por esse caminho, sendo feito? Romano - Os estudos feitos pela Secretaria de Recursos Hídricos indicam que um bom manejo de irrigação pode reduzir de imediato 20% do consumo de água, além de melhorar a qualidade do meio ambiente. A Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente (SRH) está apoiando, por meio de repasse de recursos aos estados, a elaboração do Plano Diretor do Uso Múltiplo Sustentável dos Recursos da Bacia. Esse instrumento está previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos, e, além do objetivo de garantir água em quantidade e qualidade para todos, fixa diretrizes para o aproveitamento racional do recurso. É importante destacar que essas diretrizes são ordenadas com a participação das comuniPaulo Romano, Secretário Nacional de Recursos dades instaladas nas áreas atendiHídricos do Ministério do Melo Ambiente: a hora é de mobilização das pela bacia, porque - principalmente neste caso - não teria sentido as ingerênacredito que já podemos contar com uma reversão dessa postura passiva, até então prevalecen- cias piramidais, onde o poder central determite, ante o conceito da falsa cultura de abundân- na o que pressupõe ser de interesse de todos. FMA - Qual é a situação da Bacia do Rio cia e renovação dos recursos hídricos - "se é Doce? renovável, posso usar como e quanto quiser..." Romano - Bom, ela foi discutida durante FMA - Bacia do Paranaíba, tão importante o workshop "Erosão e Recursos Hídricos", reaquanto vulnerável. Por quê? ~ lizado em Governador Valadares, no período Romano - A bacia vai do Cerrado ao rio de 23 a 25 de junho último, mobilizando insda Prata e envolve 193 municípios dos estados tituições de Minas Gerais e Espírito Santo ligade Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. Ela é rica em água, das aos recursos hídricos. Durante a minha pardispersa entre nascentes das chapadas, o que a ticipação no workshop, voltei ao rio Doce de torna vulnerável a atividades poluidoras. A minhas lembranças e constatei que se nós importância da bacia pode ser medida pela pro- degradamos ao ponto de eliminar espécies estadução de energia elétrica, a região produz e mos principalmente agindo contra a ética. exporta, e suas águas engrossadas pelo rio Como a água é essencial na constituição da Grande formam o rio Paraná, que por sua vez nossa biodiversidade, eu faço a seguinte colocavai se juntar ao rio Paraguai para formar a ção: quantas espécies poderão ter desaparecido Bacia do Prata. Apesar desse currículo, a Bacia sem que sequer tenham sido catalogadas? Há do Paranaíba não tem recebido a atenção que três gerações, grande parte da região ainda abrimerece, ainda mais se for levado em conta a gava uma exuberante Mata Atlântica, que cepolítica de boa vizinhança com os países que deu lugar para atividades econômicas. Se não cabe mais discutir o que já foi feito em nome também usufruem das águas do Prata. do crescimento e da geração de rendas para FMA - E como isso pode ser prejudicial uma população em crescimento - e muito mepaia o equilíbrio do ecossistema? Romano - A geração de energia e outros nos é possível recompor a Mata Atlântica, subsusos da bacia (atividades industriais, agrícolas tituindo as áreas onde hoje estão cidades, estrae de pesca) dependem do equilíbrio do ecossis- das, indústrias, lavouras e pastagens pelo metema e da capacidade de se assegurar a renova- nos cabe a nós resgatar um mínimo da harção dos recursos hídricos. Comprometidos monia do que sobrou do ecossistema sem a pelas grandes aglomerações urbanas, como é o Mata Atlântica. FMA - Na sua opinião o que deve ser feito? caso de Brasília e suas cidades satélites, Goiânia, Romano - Aliar o discurso à prática. Neste Anápolis, Rio Verde e outras, esses recursos têm sofrido fortes impactos. Destaca-se aí a tendên- caso, não é difícil. Podíamos começar pela cia do crescimento da irrigação, principalmen- recomposição das matas ciliares, e permitir que te do café no cerrado, que exige cuidados espe- a água das chuvas (que continua generosamenciais para que se desenvolva dentro de padrões te a cair) se infiltre no solo para formar as fontes, que por sua vez geram os pequenos córreauto-sustentáveis. FMA - Dentro desse contexto, o que já está gos e vão alimentar os rios. Some-se a essas prá- ticas a manutenção e conservação adequada de estradas, a recuperação de pastagens degradadas, compactadas pelas patas dos bois, e o plantio, mesmo que seja de espécies exóticas, nos topos e encostas dos morros, que tristemente mostram sinais de desertificação. Será que esses cuidados são onerosos? Será que não custa muito mais abrigar as vítimas das enchentes anuais, e reconstruir o que foi posto abaixo pelas enxurradas? Isso no caso das áreas urbanas, mas o que dizer das populações empobrecidas pela redução dos peixes, em razão do aumento da poluição dos rios? Além de dificultar a sobrevivência das populações ribeirinhas, já se verifica diminuição da população de importantes cidades mineiras, como Aimorés e Resplendor. FMA - Afinal, o brasileiro pode bater no peito e dizer: somos riquíssimos em água doce? Romano - Essa realidade não pode ser contestada, mas também não podemos vê-la como irreversível. Também não basta o ufanismo de dizer que o Brasil possui a maior reserva de água doce do mundo. Afinal, de que serve a água do rio Amazonas para a população de Brasília que vê ameaçada sua principal fonte de abastecimento, a Bacia do Descoberto? É preciso começar a refletir sobre isso e reconhecer a importância da água em todas as circunstâncias de nossa vida, no nosso tempo e espaço. FMA - E o que a sua Secretaria tem feito para resolver o problema? Romano - Bom, as discussões sobre os problemas que afetam os rios brasileiros, presentes nos encontros como o seminário de Araguari e o workshop de Govemador Valadares, felizmente têm chegado a um denominador comum: a indispensável participação da sociedade nas ações de preservação do nosso mais valioso recurso natural, esgotável e finito. E ao articular o Movimento de Cidadania pelas Águas, a Secretaria de Recursos Hídricos tinha como objetivo justamente essa participação, pela mobilização em torno de um objetivo comum, o de garantir água com quantidade e qualidade para todos e para sempre. FMA - Como está se desenvolvendo o Movimento? Romano - Hoje, o Movimento é uma realidade presente em várias localidades do País. Ainda engatinha, mas caminha para chegar a todos os rincões, seja no semi-árido, onde a água escassa deve ser bem aproveitada, ou na Bacia do Amazonas, com água suficiente, mas contaminada em muitos pontos. Temos um longo caminho a percorrer, refazendo, construindo e, principalmente, tomando cuidado para não repetir os mesmos erros que provocaram o atual nível de degradação de nossos corpos d'água. Esse é o caminho de todos nós, govemo e sociedade, num compartilhamento de ações em busca do mesmo objetivo: voltar a ver nossos reflexos nas águas límpidas e fartas dos rios, córregos, nascentes e riachos. fj FOLHA DO MEIO AMBIENTE 23 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 A solução para o problema água começa na escola A Educação Ambiental é a maior esperança para o florescimento de uma nova consciência de solidariedade com todas as formas de vida. O estudo do meio ambiente é um desafio, pois se faz de forma multidisciplinar e interdisciplinar, tratando cada tema de uma vez, mas ao mesmo tempo em todos os componentes curriculares. "É preciso mobilizar e organizar os alunos e a comunidade, pois o ensino do meio ambiente é fundamentalmente uma pedagogia de ação", opina Vilmar Berna, consultor em Educação Ambiental. Desde o ano de 1996, a Companhia de Água e Esgotos de Brasília (Caesb), num trabalho de parceria com a Fundação Educacional do Distrito Federal (FEDF), vem desenvolvendo o projeto Água Presente, destinado a professores e alunos de lâ e 2* graus da rede pública, com o objetivo de conscientizar às novas gerações quanto ao usufruto e preservação das água do DF. A água, enquanto direito da cidadania, compreende o reconhecimento da necessidade dos seres humanos de acesso a água potável em quantidade e qualidade, bem como a presença de esgotamento sanitário, fundamentais na criação de condições de ABI&NDO AS COMPORTAS DO CONHECIMENTO As queimadas feitas Indiscriminadamente deixam o solo exposto à erosão. Impedem a Infiltração da chuva, que arrasta os nutrientes e a matéria orgânica da terra saúde e higiene. Contribuir para a conscientização e formação dos cidadãos, a partir da escola, para o uso e preservação dos recursos hídricos como recurso natural para a humanidade e envolvendo os próprios alunos da rede pública, toda a comunidade do Distrito Federal, é objetivo do projeto. Inserir o tema Água dentro do currículo escolar de forma sistemática e interdisciplinar e subsidiar a escola com informações atualizadas sobre a situação da água e do saneamento básico na escola e na comunidade é o ponto de partida da metodologia adotada pelos professores. A metodologia se respalda nos princípios do construtivismo direcionados para a Educação Ambiental e conceitos da Inteligência Emocional. Li Q O nosso Planeta Terra deveria ser chamado de "Planeta Água", pois conta com 70% de água e somente 30% de terra. ü Do universo de água, 97^25% são de água salgada e 2,75% são de água doce. □ 70% da água doce do mundo estão contaminadas por agrotóxicos, assoreamentos, lixos, dejetos humanos e animais, esgotos industriais, resíduos nucleares, derramamentos de petróleo, produtos químicos e outros mais. □ Um ser humano necessita ingerir, anualmente, 1 mil litros de água para sua manutenção. ü De acordo com estudos da ONU, a partir do ano 2010 faltará água no "Planeta Água" e poderá haver guerras entre nações e povos pela disputa do líquido. □ Dos seis bilhões de seres humanos que vivem no mundo, um bilhão e meio já padece de sede. ü Há países que importam água potável, retiram das geleiras ou trocam por petróleo. O 40 mil pessoas morrem no mundo, diariamente, em conseqüência de doenças de contaminação da água (15 milhões por ano). O Distrito Federal tem 1.800.000 habitantes, 4.200 indústrias limpas e 18.000.000 de árvores plantadas. Certo ou errado? Entre o certo e o errado existe o desejo de quem quer ver Brasília como a Cidade da Indústria & das Árvores. FIBRA CIBRA SESI SENAÊ IEL Uma homenagem do Sistema FIBRA ao Dia da Árvore 24 FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 E O SEU BRASIL, BRASILEIRO. VOCÊ NAO SABE O QUE ESTA PERDENDO. De uma ponta à outra, em qualquer lado, em todos os cantos; com todas as cores, todos os cheiros, todos os sabores, todas as maneiras que há de se ver a vida; no Brasil ela é mais viva. Feche os olhos. Aponte um lugar qualquer no mapa do Brasil. Abra os olhos. Toda a beleza em suas infinitas maneiras de existir, estará diante de você. A hora é agora, o lugar é esse. VÁRIOS ROTEIROS, NOVOS PACOTES, PREÇOS ESPECIAIS, PARCELAMENTO PELO CARTÃO DE CRÉDITO EM ATÉ 21 VEZES. CONSULTE SEU AGENTE DE VIAGENS MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA DO COMERCIO E DO TURISMO EMBRATUR SiCTEDIC/WD INSTITUTO BRASILEIRO DE TURISMO DinersChih Jntemalkmat ÍM ACAO SUPLEMENTO DE ECOTUR1SMO ANO 1- N2 4 - SETEMBRO 97 - UMA PUBLICAçãO DA FOREST CULTURA VIVA E PROMOÇÕES LTDA ^\ SEDE® páginas 27 e 28 ITfÜ®©^ (ÊHIFSDS ii i^. páginas 30 e 31 m* página 31 Consulte já o seu Agente de Viagens ou a Vasp Tollfree: 0800 998-277 TRhCAMPEA EM PONTUALIDADE PERIMENTE: 0800 147-222 26 FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 TOME OT TOME Aqui no Tome Nota você fica por dentro do que está acontecendo na área de ecoturismo e esportes radicais. Se você está organizando algo como um passeio ecológico, cursos, programas de treinamento, campeonato, ou mesmo se quiser vender ou trocar uma barraca de camping, ou outra coisa qualquer dentre as que um aventureiro usa, mande-nos o seu recado. Telefone: (061) 321-3765 - Fax: (061) 321-7357 -E-mail: [email protected] Esportes aquáticos Quem pratica canoagem, surf, esqui, natação ou mergulho, já tem um lugar para ficar em São Pedro da Aldeia, no litoral do Rio de Janeiro. A Pousada Ponta da Peça, em frente da lagoa de Aruarama, localizada em lugar estratégico: 20 minutos de Búzios e 10 minutos de Cabo Frio, dois lugares excelentes para mergulho. A Pousada é administrada por gente que entende de aventura, o jipeiro João Carlos Nogueira, de 23 anos, que no final do ano, devidamente patrocinado, parte em sua Land Rover para cruzar o deserto de Atacama. Para maiores informações, o fone/fax da Pousada é (0246)211181. Chapada Diamantina De 13 à 21 de Setembro a Trilhas D'água oferece um passeio às belezas da Chapada Diamantina, na Bahia. É nessa região que o sertão baiano guarda boa parte de seu admirável acervo de canyons, vales, chapadões, cavernas, despenhadeiros, rios e cachoeiras. O pacote custa R$ 555 ( ou 4x R$140 ) e inclui transporte, hospedagem, refeições, traslados, passeios, seguro e boné. Informações: (031) 641 3185 ou 330 2663 E mail: [email protected] http://www.africanet.com.br/trilhas Cursos A Halfdome, empresa paulistana especializada em equipamentos e cursos para esportes de contato com a natureza, oferece diversas opções para quem quer aprender mais sobre estas atividades. O curso de exploração de cavernas custa R$ 440 e dura 4 dias com 8h de aulas teóricas e 6h de prática em caverna, já o curso de utilização de bússola e carta topográfica custa R$ 40 e é dado num sábado pela manhã (são 4h de aulas teóricas) e a tarde (3h de uso prático dos métodos ensinados). Informações: Tel/fax: (011) 255 4331/255 5783 E-mail:[email protected] Internet: www.halfdome.com.br Pára-quedismo Para saltar de pára-quedas é preciso um termo de responsabilidade reconhecido em cartório, atestado de saúde específico para a prática do esporte, uma foto 3x4 e vontade. Em Brasília a GF escola de aviação oferece o curso de Ia salto por R$ 280. O curso é constituído por duas aulas, sendo a primeira na quinta-feira com duração aproximada de 4 horas e meia de atividades. A segunda será no sábado ou domingo, na área de instrução, no aeroclube de Goiânia, onde acontecerá o salto. Após o curso o aluno estará inscrito nas instituições brasileiras de pára-quedismo (FBPq e CBPq) e receberá uma caderneta de saltos. Informações: Tel: (061) 321 8073/224 2467 Feira A feira Outdoor Recreação & Esportes acontecerá entre os dias 24 e 30 de novembro no pavilhão de exposições do Anhembi juntamente com o salão Duas Rodas. O evento contará com a presença de diversos profissionais ligados a área de esportes de ação praticados ao ar livre. Estão programadas palestras, cursos e debates sobre o impacto ambiental na prática das atividades esportivas com diversos nomes dos esportes ao ar livre no Brasil. A feira será uma oportunidade para os profissionais e empresários do setor tomarem contato com o público consumidor. Informações: Tel: (011) 871 2100 Fax:(011)8713110 E mail: [email protected] Cabra O Cabra (Companheiros Andarilhos de Brasília) programou um Treeking no dia 13 Setembro e outros nos dias 05 e 18 de outubro. Ainda no mês setembro, entre os dias 19 e 21 o Cabra realizará um Ecoshop em saudação ao Planeta Terra. Meditação Zen e Hata yoga são outras atividades desenvolvidas pelo grupo. Quem quiser participar é só ligar nos fones: (061) 274 5869/976 5042. Campismo Será realizado em Punta Ballena (no Uruguai, a 680 km de Porto Alegre), no período de 30 de outubro a 01 de novembro, o IV Encontro Sul-Americano de Campismo e Caravaning, evento considerado o mais importante do gênero na América Latina e organizado pela FESACC (Federação Sul-Americana de Campismo e Caravaning). Pronto para hospedar partici- pantes, o camping da cidade dispõe de equipamentos de esportes, piscinas, supermercado, sala de TV e jogos, chalés e barracas de aluguel. Informações: Camping Clube do Brasil Tel: (021) 240 3390/240 6640 Amo-Te Atividade: Trekking na Serra do Cipó, Travessão e Cachoeira da Lagoa Dourada. Preço: R$ 100(Gaia) Período: 06 e 07 de Setembro. Atividade: Passeio em São João/Tiradentes. Preço: R$ 150(Gaia) Período: 13 a 14 de Setembro. Atividade: Subida do Pico do Itacolomi. Preço: R$ 5,00(Gaia) Período: 21 de Setembro. Atividade: Hiking em Lapinha. Preço: R$ 80 (Gaia) Período: 27 e 28 de Setembro. Atividade: Passeio na Chapada Diamantina. Preço: R$ 555,00 (Trilhas D'água) Período: 13 a 21 de Setembro. Atividade: Passeios a cavalo próximo a Nova Lima. Preço: R$ 40 por 1 dia ou R$ 80 por 2 diasfTropa Serrana) Período: Todos os finais de semana. Contato: (031) 224-1930 após 13h30. Argentina Conhecer a face selvagem e preservada da fauna marinha Argentina é parte do pacote de 4 dias oferecido pela VivaTerra. A Península Valdez é vista como um paraíso para reprodução de diversas espécies marinhas. Baleia Franca Austral, elefante e leões marinhos e uma extensa colônia de pingüins fazem parte da paisagem natural da região. Num outro passeio programado pela VivaTerra, a cavalo, no trecho argentino da Cordilheira dos Andes, atinge-se uma altitude de até 4.200 m. O preço deste pacote, que não inclui parte aérea, é R$ 1.000,00. Informações: Tel: (011) 871 5567 Internet: http\\:www.vivaterra,com.br CONTATOS AMO-TE Fone/Fax: (031)224 1930 depois das 13:30h CABRA Companheiros Andarilhos de Brasília Fone: (061) 976 5042 ou 274 5869 CASA DO MERGULHADOR Fone/fax: Brasília (061) 274 6964 Goiânia (062) 233 7305 CENTRO EXCURSIONISTA BRASILEIRO Telefone: ( 021) 252 9844 expediente após as \6h, de secunda a sexta-feira. E mail: [email protected] EMBRATUR Fone: (061) 322 1954 Fax: (061) 322 2623 FREEWAY ADVENTURES Fone/fax: (OU) 572 0999/574 1141 GREENPEACE Porque as ações falam mais alto do que as palvras Telefone: ( 021) 553 2783 Fax: { 021) 553 5618 GRUPO ECOLÓGICO ERÊ Telefone: (011) 950 3089 Fax:(011)6817370 De segunda a sábado, das 9 às 19 horas MERGULHO N2 Cursos e Equipamentos Fone: (061) 244 6012 PÉ NA ESTRADA Fone: (061) 986 4749 ( Gabriela Cunha ) SBE Sociedade Brasileira de Espeleologia Telefax: (035) 465 2041 THE RADICATS EXPEDIÇÕES Fone: (061) 358 0040 TRILHA BRAZIL Turismo de Aventura Telefone: ( 061) 983 9884 Fax: ( 061 ) 366 2650 E mail: [email protected] WWF Brasília Fone: (061) 248 2899 Fax:(061)248 7176 E mail: [email protected] FOLHA DO MEIO AMBENTE 27 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 VOO LIVRE Voando acima do Poder Fotos: Márcia Turcato PRYSCILLA LOUZADA Durante uma semana, 50 pilotos de asa delta participaram da segunda etapa do XXVI Campenato Brasileiro de Vôo Livre. Foi a 152 vez que uma destas etapas é realizada em Brasília, terminando bem na Esplanada dos Ministérios. Uma cidade que, em época de seca, se transforma em verdadeira fábrica de térmicas, as correntes ascendentes de ar quente que fazem asas delta e paragliders voarem mais alto. É por causa dessas térmicas que a cidade, sem morros e que parece não oferecer a mínima condição para decolagem, chega a ser cotada, segundo Alex Calmon (37 anos), organizador da etapa brasiliense, para sediar uma das etapas do campeonato mundial da categoria no ano 2000. O percurso tradicional da etapa brasiliense do campeonato, e preferido dos pilotos da cidade, é saindo do Vale do Paranã, a 98 km de Brasília, e descendo na Esplanada dos Ministérios. "É a única etapa do campeonato em que voltamos voando para casa. Nas outras, o piloto sai da cidade e pousa distante, tendo que fazer verdadeira viagem de carro para voltar", comenta o piloto brasiliense Marcelo Alho (31 anos), que não competiu desta vez. "Fiquei com dor de cotovelo, mas não dava mesmo", diz, triste. Só que nem sempre a condição dos ventos deixa que os pilotos desçam na Esplanada. Durante essa etapa, por exemplo, o ponto de descida foi mudado uma vez (com pouso a 140 km de Brasília) e duas provas foram canceladas. Nem mesmo isso desanima o pessoal da asa delta, que vem, inclusive, preparado para vôos complicados. "Quem voa em Brasília pode voar em qualquer lugar, pois o nível técnico exigido pelas condições da região é gran- Ainda que usando eq-ipamento simples, Cartão HP conseguiu chegar em primeiro no terceiro dia de provas em Brasília. No detalhe, o vôo de um paraglider. de.", diz o personal trainer e ex-piloto de asa delta Rodrigo Villas Boas (36 anos). Villas Boas foi a primeira pessoa a sair do Paranã com uma asa delta e descer na Esplanada, no dia 22 de setembro de 1984. A razão principal disso tudo são as térmicas, correntes de ar quente que impulsionam os pilotos para cima, num vôo em círculos, semelhante ao dos urubus. Em Brasília, essas térmicas atingem velocidades ascendentes de até 10 metros por segundo, quando a média em outros lugares é de 5 m/s a 7 m/s. Velocidade "Diferentemente do que acontece em cidades como Governador Valadares, onde aconteceu a primeira etapa do campeonato deste ano, em Brasília voa-se em grandes espaços, com tér- A HISTÓRIA DA ASA DELTA MIGUEL FLORI GORGULHO Desde os vôos mitológicos de ícaro e Dédalo, que teriam fugido do labirinto de Creta usando asas feitas de cera e penas, o sonho do vôo livre acalentou toda a existência humana para despertar de vez no final do século passado, na Alemanha. Otto Lilienthal, um alemão tão genial que construiu e pilotou um aparelho muito semelhante às asas de hoje, usando as pernas para decolar e pousar e o mesmo sistema de vôo - deslocamento do centro de gravidade. Como a região em que se realizava a experiência era muito plana, Lilienthal fez uma montanha artificial de 30 metros de altura para as suas decolagens. Depois de centenas de vôos livres, quando planejava adaptar um motor ao seu aparelho, um acidente fatal em 1896 interrompeu as atividades desse injustiçado pioneiro. Nos primórdios da corrida espacial, a NASA se interessou pela idéia de uma asa delta, patenteada em 1948 pelo americano Francis Rogalo, que serviria como pára-quedas manobrável para recuperar as cápsulas espaciais tripuladas depois da reentrada na atmosfera. O projeto foi engavetado, mas as asas deltas ou asas tipo Rogalo passaram a fazer parte definitiva da paisagem aérea. Mas só em 1974 o Cristo Redentor partilhou os céus cariocas com uma asa delta, pilotada pelo francês Stephan Dunphier de Segonzac. Como funciona Apesar das sofisticações tecnológicas, as asas de vôo livre funcionam basicamente como o aparelho de Lilienthal. A decolagem e o pouso são feitos com as próprias pernas e o vôo é controlado pela variação do centro de gravidade - ponto onde estaria concentrado o peso do conjunto - pelo piloto que utiliza as correntes de ar ascendentes para atingir maiores altitudes. micas grandes", explica Marcelo Alho. Na região da serra mineira, por causa dos morros, as térmicas são pequenas e os pilotos ficam a pular de uma para outra para poder fazer o vôo de longa distância, chamado de cross country. Um tipo de vôo que não se faz em litoral, onde, na realidade, o piloto viaja impulsionado pelo vento que vem do mar durante o dia, bate no morro e volta em direção ao oceano. Por isso, quem voa perto do mar, sobrevoa sempre o mesmo local, sem espaço para muitas manobras nem meio de correr longas distâncias. Mas o vôo livre não se resume às asas delta. Planadores e paragliders, também conhecidos como parapentes, completam a família. Os três diferem entre si pelo tipo de comando que utilizam. As asas são comandadas pelo deslocamento do centro de gravidade. O piloto, que fica pendurado, oscila o corpo para que ela se desloque. No planador esse comando é dado de forma mecânica e no paraglider são usados ambos os métodos, deslocamento do centro de gravidade e mecânico. "Nós, pilotos, brincamos dizendo que a diferença entre asas e paragliders está nos ossos. As asas são animais vertebrados (com ossos) e os paragliders são invertebrados", brinca o piloto brasiliense Marcelo Alho, um vertebrado. SUIVIIVIARY For one week, 50 hangglider pilots from throughout Brazil and even some from other counthes will participate in the second stage ofthe XXVI Brazilian Free Flight Championship. For the fifteenth time one ofthe stages ofthis championship passed through Brasília, a city which becomes dming the dry season a veritable factory of thermals, those rísing currents ofhot air which enable the hang gliders and paragliders to fly higber and higher. It is because ofthese thermal columns that this city- without any cliffs or ridges, without any suitable site for take-off- has been chosen as the site for one ofthe stages ofthe world championship for this sport, according to 37 year-old Alex Calmon, the organizer ofthe Brasília event. The traditional course ofthe Brasília leg of the championship, and the one preferred by the pilots ofthis city, launches from the ridges above the Paraná Valley, 98 kilometers from Brasília, and eads with a landing on the Esplanada dos Ministérios, the grassy mall at the skirts ofthe nation's Capitol. "It is the only stage ofthe championship in which we fly home to our nest. In the others, the pilot must leave from the city and land at some distant point, always with a long carride back to the starting point," comments 32 year-old pilot Marco Alho of Brasília, unable to compete this year. "I missed this year due to pain in my elbow. I really couldn 't manage it," he said sadly. The winds do not always cooperate and allow the pilots to land on the Esplanada. During this year's event, for example, the landing point was once changed, and two legs were canceled. But not even this can discourage the champion hang gliding crowd, who are prepared for quite complicated ãights. "Anyone able to ãy in Brasília is ready to fly in any situation, for the levei ofskills demanded in this region is quite high," explains the personal trainer and 36 year-old ex-pilot Rodrigo Villas Boas. 28 FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 Asa delta, a liberdade de voar IS DEZ PRIMEIROS NA ETAPA DE BRASíLIA: CLASSIFICAçãO FINAL 1QBetoSchmith-RS 29 André Wolf - RS 3- Guga Saldanha - RJ 9 4 e 5 69 72 patrocínio: Ondas do Ar Carlos Niemeyer - RJ patrocínio: Sushi Biue Geraldo Nobre - RJ patrocínio: Super G Nenê Rotor - SP patrocínio: GaIeto's e Ondas do ar Carlos Andrade (Carião HP) - SP 8e Monex - RS patrocínio: Dimoi â 9 Márcio Rosado - RJ patrocínio: BMW Motorsport Haus 9 10 KikoHerbert-RJ patrocínio: Oficina do Guaraná TRêS VENCEDORES EM CINCO PROVAS (no primeiro dia de competição a prova foi abortada após a largada e no sexto dia nem começou. Culpa dos ventos) Beto Schmith 3 vitórias André Wolf 1 vitória Carião HP 1 vitória Durante a etapa brasiliense do campeonato de vôo livre, apenas um acidente. O que se pensou que pudesse ser muito sério, acabou se resumindo a um úmero direito (osso do braço) quebrado quando o piloto paulista Carlos César Castiglioni, 31 anos, bateu numa árvore no quinto dia de competição. I Culpa do vento, que estava forte demais e fora ireção adequada no momento da decolagem de Castiglioni. Aliás, ote^g,.TOr.iM.mH^. embora grandes perigos dos vôos de asa delta. Os outros são pouso e decolagem, por serem os momentos em que se está mais perto do chão e as nuvens muito grandes, como os cúmulo nimbos, terror de toda a aviação e que anunciam tempestades. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, as aves não prejudicam o vôo do homem. "A asa delta só faz mesmo o barulho do vento batendo nela. Por isso, e por que os pássaros não possuem nenhum predador natural tão grande, elas costumam apenas nos olhar, curiosas que ficam", explica o piloto Marcelo Alho, que também é empresário. Os urubus chegam a mostrar ao piloto os melhores locais para voar. Isto por que essas aves voam em térmicas (correntes de ar ascendente), como a asa delta. "Os urubus são nossos pássaros de estimação", brinca Luiz Felipe Rodrigues, o Neko, piloto de vôos duplos em Sapiranga, interior do Rio Grande do Sul. Histórias de vôos O vôo livre traz experiências que podem, no mínimo, ser consideradas diferentes. Elas vão desde histórias de enjôos em casos de vôos duplos, até pousos exóticos ou perigosos. Como o do gaúcho Jorge Scherer que desceu em uma fazenda e foi mordido por cachorros famintos e brabos. Por causa disso, ele hoje é conhecido como Frolic, marca de ração para cachorros. Menos perigoso, mas altamente constrangedor, foi o pouso de Luiz Felipe Rodrigues, o Neko, que desceu na praia em pleno Rio de Janeiro, e foi saudado como um anjo por uma pessoa que passava. "Ele se ajoelhou para beijar minhas mãos e não tive coragem de dizer nada". lembra-se. Já o piloto gaúcho Rafael Mello também teve constrangimentos, mas com a polícia na fronteira Brasil/Argentina. Foi quando ele quebrou o então recorde gaúcho de distância em vôo de asa delta, completando 166 km, sendo que 30 deles em território argentino (veja mais recordes no box ao lado). Depois de uma noite na cadeia, Rafael ligou para o amigo Silvano Batista, responsável pelo equipamento que usou para decolar (sistema rebocado por carro), que foi buscá-lo, acompanhado pela polícia federal brasileira. Só assim o rapaz pode voltar ao Brasil. RECORDES Brasília: Recorde de velocidade no percurso Paranã/Esplanada dos Ministérios Ih 20 min (média de 56,25 km/h), por Marcelo Alho Brasileiro de distância: Hélio Batata, no Ceará 266 km Brasileiro de tempo: Rafael Lacerda Watson, que passou 14 horas e 13 minutos sobrevoando a Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro. Mundial de distância: Larry Tudor (nos Estados Unidos) 495 km Começando a voar "Um par de joelheiras, força de vontade e tempo suficiente, é apenas disso que se precisa para fazer um curso de vôo livre", garante o piloto Marcelo Alho, que apenas se esquece que é necessário pagar também, um preço que vai de R$ 400 a R$ 600, em média. Os primeiros vôos podem ser de dois tipos, duplo ou solo. No caso do vôo solo, o aluno salta de morros cada vez mais altos, sempre sozinho. Da primeira vez que o aluno for voar de verdade, saltando de uma rampa alta, leva um rádio para receber as instruções do professor. Tudo na maior segurança. O vôo duplo, acompanhado por um piloto experiente, é usado tanto em treinamentos como em simples passeios, feitos por pessoas que nunca imaginariam saltar sozinhas com uma asa delta. Veja na página 31 uma relação de alguns cursos onde você pode aprender a voar de asa delta ou de parapente em diferentes cidades do pais e também o preço do material básico para quem quer começar a voar e de vôos duplos, para quem quer, primeiro, se testar no ar. (PL) PEPê O brasileiro Pedro Paulo Guise Cameiro Lopes, o Pepê, morreu no dia 04 de abril de 1991, depois de agonizar por duas horas e meia até ser socorrido, em acidente durante o torneio Pro Sky Sports, no Japão. Pepê era o favorito para vencer a competição e já não possuía um rim nem o baço, retirados após um acidente em Governador Valadares. Ele voou apenas 17 km, quando em condições normais teria voado 200 km. Mas ele sabia dos riscos. Antes de decolar foi avisado das péssimas condições e dos ventos fortíssimos. Além de ter sido campeão mundial de asa delta, Pepê foi campeão carioca de hipismo (1968) e tetracampeão brasileiro de surfe (1974 a 1977) e era dono de um trailer de lanches naturais na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. mBMHMMMI CURIOSIDADES As nuvens: Cúmulos, aquelas nuvens de base reta e com a parte de cima em forma de pompom são as nuvens preferidas dos pilotos do vôo livre. Ela mostram onde estão as térmicas. Já os cúmulos muito grandes ou os cúmulos nimbos (nuvens verticais e em tons de cinza) são o terror de toda a aviação. Sinal de tempestade, andam carregadas com blocos de gelo de até um metro de diâmetro e cheias de força magnética que engolem de asas delta a aeronaves tipo jumbo. Como se forma uma térmica: O sol aquece a terra. O ar quente sobe, fazendo descer o ar frio das áreas menos aquecidas. VÓOCABULÁRIO O vocabulário do vôo livre Afundar - pousar Arborizar - bater em árvores durante o pouso ou a decolagem Canhão - térmica forte, que joga a asa para cima Casca - piloto bom Crash - bater com a asa no chão Cumec - curioso (cuméqui se voa?) Farofa - dia fácil de voar, com muitas asas no céu Gol - faixa que marca a chegada Janela - espaço de tempo em que se permite a decolagem nas competições Marlboro - lugar deserto Morrer - cair com a asa antes do local de chegada Pilão - local do percurso a ser contornado nas competições Portão - momento da largada Prego - piloto que não consegue se manter no ar por muito tempo Rotor - Turbulência Térmica ou termal - corrente de ar quente que impulsiona o piloto para cima FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 29 O começo de um sonho Se você não tem coragem de voar sozinho, nem quer fazer um curso de três meses antes de ter certeza de que a asa delta (ou o paraglider) é o que você procura, pode tentar um vôo duplo. Mesmo com medo. "Medo é natural, sempre existe", concorda o engenheiro capixaba, e piloto de asa delta, Luiz Felipe Rodrigues (36 anos), que nas lides do vôo livre é conhecido como Neko. Mas ele adverte, quem não quer voar deve ficar em terra. "Se você tem certeza de que quer voar, ótimo! Será muito divertido, mas se não tem, melhor não sair do chão, pois o passeio será apenas uma tortura". Neko voa de asa delta há 11 anos, mas faz vôos duplos há sete. Nestes vôos, ele leva de crianças, como seu filho Daniel, que tem oito anos e voou com o pai, em 1995, até uma senhora inglesa de 67 anos de idade. Mrs. Dorothy, a madame inglesa, fez um curso de planador antes de voar com Neko. Daniel, depois de seu primeiro vôo já subiu com o pai mais quatro vezes. "Eu perguntava para ele desde pequenino, se queria voar e a resposta dele era sempre a mesma: Quando eu fizer sete anos", lembra o pai coruja de Daniel e Luiza (1 mês). Requisitos "Além da experiência em vôos solos, quem vai voar com acompanhante precisa de excelen- te preparo físico para a hora da decolagem", avisa Neko, sugerindo que, antes de voar com passageiro, o piloto decole com um saco de 50 kg por cima da asa. Isso por que algumas pessoas na hora do salto, em lugar de correr, como ensaiado, ficam térmicas, a asa sobe girando, em espiral, como no vôo dos urubus. Respirar com calma e tentar relaxar ajudam muito. "Mesmo com esses probleminhas, voar com outras pessoas me dá um prazer enorme. Sem dúvida estou na lembrança de muita gente, que talvez nem se lembre de meu nome, como o responNeko, com Mrs. sável por um dos momenDorothy (detalhe), tos mais legais de suas descendo no Rio de Janeiro e com o filho vidas" comenta Neko. Daniel: "Tenho certeza *Para voar com o de que a Luíza, que Neko, em Sapiranga, perto ainda tem um mês também vai querer de Porto Alegre, você deve voar. Mas só levo ligar para (051) 341-0789 depois dos quatro ou (051) 973-8108. Ou anos de Idade', entre em contato pelo eafirma o pai coruja mail [email protected] O preço, para uma média de 15 minutos, é de R$ 45 sem a foto e R$ 50 paralisadas. Nesses casos, o piloto experiente é com foto, tipo as que estamos publicando que tem que correr pelos dois. nesta edição. Mas se você não mora no Rio Outro problema, este não muito comum, é Grande do Sul, procure outras opções na lista o do enjôo, que acontece em especial em vôos da página 31. (PL) com térmicas (correntes de ar que fazem a asa subir). É que, para acompanhar essas HISTóRIAS DO VôO LIVRE Construindo a própria asa Tudo começou com uma reportagem. Werlênio de Azevedo, o Patrese (38 anos), não se lembra muito bem da data, mas sabe que foi em 1975, quando tinha apenas 16 anos, que leu uma matéria na revista Manchete e se apaixonou por vôo livre. Da foto na revista à decisão de construir sua própria asa delta-foi um pulo. Afinal, de que mais, além de cálculos em um triângulo e de dinheiro, poderia precisar para viabilizar seu projeto? Os cálculos ele aprendera no Elefante Branco, o colégio onde estudava. Mas dinheiro era problema. Por isso, Patrese convidou o amigo Cláudio Simão, de 15 anos, para o ajudar. E assim, embarcaram no projeto. Lendo a revista os meninos descobriram que a asa delta tinha estrutura de alumínio e vela de poliéster ou dracon e que, para decolar, era necessário um desnível e vento de frente. "Falavam de correntes de ar ascendentes, mas não me interessei por elas", lembra o piloto. Com estas informações, e munidos de prancheta, lápis, régua, borracha, compasso, fotos e muita, muita vontade, os dois rapazes imaginaram um comprimento de 5 metros para a asa. Hora de comprar o material. O nylon poliéster e o dracon não eram encontrados no mercado de Brasília. Assim, os dois decidiram que usariam pano de guarda-chuva, que foi costurado por uma amiga que mais tarde veio a ser casar com Cláudio, a Aparecida, conhecida como Cida. Diariamente, os dois acordavam às cinco da manhã para armar a asa em cima de casa. Horário e local, embora estranhos, tinham sua razão: não atrair as pessoas que passassem. Pela rua a pequena multidão que se aglomerava em frente à casa tinha sua fiinção também, animar. De tanto pedirem que os garotos pulassem, Patrese resolveu dar o primeiro salto. E conseguiu fazer um pequenino vôo. Mas aquela fase em poucos dias já não os satisfazia. Foi assim que, num domingo de sol, o irmão de um amigo os levou, de carro, até uma elevação de cerca de 70 metros de altura nas proximidades do Lago Paranoá. O saldo da aventura foi um trapézio quebrado e um joelho sem pele. Hoje Patrese sabe que o vento, que estava ruim, foi a sua sorte. Se o vento estivesse de frente, como necessário a um bom vôo, a asa teria decolado bem, os cabos arrebentado e ele poderia ter sofrido um sério acidente. Além disso, a dificuldade de transporte, que entravava as investidas, também o ajudou a evitar acidentes mais sérios. "Sorte também que aqui não tem morro. Eu teria dado um jeito de ir até ele", comenta sorridente. Só em 1992, já com dinheiro para fazer o curso e bancar todos os custos do esporte é que Patrese começou a voar de verdade. Hoje ele ainda mora em Brasília. Participou do campeonato, ficando em 24fi lugar na etapa da cidade. Voando de águia delta "Mais um vôo, para encantar a vida e desencantar a morte. Sai fora, diabo!!" É assim que o curitibano Pedro Raphael Belegardes, 63 anos, canta antes de cada vôo que dá em Sapiranga, Rio Grande do Sul, desde 1983. Silenciosa como toda asa delta, a águia de Rafael também não faz sons, mas abre e Vôos feitos em verdadeira águia fecha o bico obedecendo aos comandos do delta (veja a foto). Com jeitão de canpiloto, que puxa uma cordinha. gaceiro, o amigo de todos os pilotos chega vestido de roupa camuflada, talvez para provar a valentia, carrega facão, usando chapéu de couro e acende o charuto cantil, bala, band aid, dois revólveres na cincom um fósforo que riscou numa lixa presa à tura e outras mil e uma utilidades para cada bota. vôo que faz. Em outros dias a roupa é de almirante, Se bem que, mesmo com asa de iniciante, com gravatinha e tudo e o capacete para voar ele é sempre um dos primeiros a se oferecer ou é de soldado ou de bombeiro. para salvar qualquer acidentado todos já Raphael anuncia que come carne crua e. sabem de sua coragem. 30 FOLHA DO MEIO AMBIENTE BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 TRUQUES DIGAS HcREGRAS easicAS PARA você SE DAR BEM POR MÁRCIA TURCATO Voando para curtir melhor Subir a Serra de São Bento de Sapucaí traz três prazeres, o do passeio, o de encontrar um meio ambiente preservado e a chance de fazer um vôo duplo Foto: Márcia Turcato Acidade de São Bento do Sapucaí fica no alto da serra da divisa do estado de São Paulo com o de Minas Gerais. Excetuando os aficcionados do ecoturisrao e dos esportes radicais, o lugar não é muito conhecido, o que assegura a qualidade do meio ambiente da região para a prática do trekking, do mountain-bike, do alpinismo e do vôo livre. Para quem pratica vôos em asa-delta ou parapente, a melhor época para conhecer as nuvens de Sapucaí é a partir de setembro, quando a primavera se aproxima trazendo boas termas e clima quente. Chegar até a serra é fácil: quem se desloca por via rodoviária a partir da capital paulista, o percurso até São Bento deve ser feito pela via Dutra ou Ayrton Senna e depois pela SP-123 (antes do acesso para Taubaté), no sentido Campos do Jordão, seguindo até Santo Antônio do Pinhal e prosseguindo pela SP-42, sete quilômetros após Sapucaí-Mirim você já pode avistar a cidade e suas montanhas, muito semelhantes aos chapadões dos parques nacionais de Diamantina, na Bahia, e de Veadeiros, em Goiás. Há três horários diários de ônibus sain- Junto com outros esportes, o vôo livre completa o passeio de quem vai a São Bento do da capital de São Paulo e, para quem se desloca a partir do Rio de Janeiro, há quatro opções de horários, todos passando por Taubaté e Pindamonhangaba. Lá na terra do nosso campeão de tênis, Guga, também tem muita gente praticando vôo livre. Na praia dos Ingleses, a preferida de Guga entre as 42 existentes na ilha de Florianópolis, capital de Santa Catarina, costuma se reunir o primeiro escalão dos pilotos e várias turmas de aprendizes. O norte da ilha, de acordo com os pilotos que já experimentaram as termas de lá, está se projetando como um dos melhores e mais seguros locais para o esporte, passando à frente da Lagoa da Conceição, que não tem mais espaço físico para pouso. Na praia dos Ingleses há vários pilotos dispostos a dar uma canja para os turistas que não têm tempo para fazer um curso e dominar a técnica em vôo solo. Por R$ 40,00 a hora, os pilotos de asa-delta e/ou de parapente realizam vôos duplos. Os melhores ventos da ilha de Floripa já estão mapeados: Sul, Lagoa e Santinho; Leste, Rio Vermelho; Norte, Ingleses, Praia Brava e Santinho; Oeste, não há vôo, é muito instável. O piloto esperto, mesmo em vôos curtos, sempre viaja com um camel back (reservatório de água do tipo mochila), GPS (instrumento que indica a localização do piloto a partir de informações transmitidas ao pequeno aparelho por mais de 20 satélites, dependendo do modelo), rádio do tipo PX para contato com a equipe de apoio e com outros pilotos, capacete e luvas. Estes são equipamentos básicos necessários durante o vôo. Em terra, uma ampla equipe dá o apoio necessário ao piloto e faz o seu resgate logo após o pouso. Sugestões e dicas podem ser enviadas para: [email protected] ^ SERVIÇO As rampas mais conhecidas do Brasil «mrr!::tw^ Pedra Bonita Parque da Cidade Pico do Urubu Serra de São Pedro Pico Agudo Pedra Grande Morro do Filete Careca-Praia Brava Pelado Morro Azul Morro da Turquia Intermediário Pico das Antenas Morro do Picouto Morro da Queimada Morro do Urucum Aratuba Urucú LOCALIZAÇÃO Rio de Janeiro-RJ Niterói-RJ Mogi das Cruzes-SP São Pedro-SP St. Antônio do Pinhal-SP Atibaia-SP Venda Nova do Imigrante-ES Itajaí-SC Gaspar-SC Pomerode/Timbo-SC Pomerode-SC Pomerode-SC Jaraguá do Sul-SC Foz do Iguaçu-PR Foz do Iguaçu-PR Corumbá-MS Aratuba-CE Meruoca-CE /vLl UKA 520 275 440 320 1800/1050 550 450 90 250 650 270 400 840 120 250/150 900 600 1100/750 500/320 Quixada-CE Urucú 1000/200 Sete Lagoas-MG Serra de St. Helena 1730/710 Andradas-MG Pico do Gavião 570/480 Morro do Farrabraz Sapiranga-RS 720 Nova Petrópolis-RS Ninho das Águias 560 Brasília-DF Vale do Paranã Maiores informações pela 1 ntemet no endereço: http://www.iis.com.b r/~afett/sites.htm CLUBE II^ZZZZZ Ass. de Vôo Livre do Rio de Janeiro Ass. Niteroiense de Vôo Livre CPVL Ass. Pico Agudo de Vôo Livre Atibaiense de Vôo Livre AVLES Família Fly Tamanduá Fly Tamanduá Pomerode CVL Pomerode CVL Pomorode CVL Jaragua CVL Foz Fun Fly Foz Fun Fly ASVL Clube Cearense de Vôo Livre Cearense de Parapente Clube de Vôo Livre Gavião AGVL Clube Ninho das Águias Escola Fly Lift CONTATO rzssa ES= Tel.: (021) 322-0622, e mail: aí[email protected] e-mail: afí[email protected] (011) 469-9089, e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] e-mail: mauricioí@metalleve.com.br e-mail: [email protected] (047) 987-1151 Acir Kenig (Xixi), e-mail: [email protected] (047) 985-5195 Fernando Ribeiro, e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] (085) 981-6532 Daniel (085) 987-9905 Fernando e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] (035) 731-1450 (051) 599-1767, e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] (061) 248-2063 (061) 978-7898 FOLHA DO MEIO AMBIENTE 31 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 Cursos e vôos duplos CURSO CIDADE EMPRESA Asa delta St. Antônio do Pinhal-SP Pro Delta Asa delta Atibaia-SP Ale Vôo livre Asa delta Brasília-DF SkyWay Paraglider Niterói-RJ Tropic Flights Paraglider Nova Petrópohs-RS Top Fly Paraglider St. Antônio do Pinhal-SP Pro Delta Paraglider Brasíha-DF Fly Pit PREÇO EQUIPAMENTO RS 600,00 Vôo duplo: R$ 80,00 R$ 600,00 15 aulas R$600 com 2 aulas teóricas e 4 aulas práticas por semana ao longo de 4 meses RS 600,00 8 a 12 aulas práticas e teóricas R$ 400,00 3 aulas teóricas mais 5 finais de semanas RS 550,00 Vôo duplo: RS 70,00 RS 30,00 por aula, (30 a 50 aulas) Vôo duplo: RS 70,00 CONTATO RS 3.550, (Wills Wing) (011) 810 5977 (Lula) Somente presta manutenção (011)484 4571 RS 2.500,00 (Andorinha) (061) 244 1321 / 349 7992 RS 3.200,00 (Pro Design, Up) (021) 539 7822 Entre RS 2.600,00 e 2.800,00 (Pro Design, Up, Edel) (054) 228 2688 e-mail: [email protected] RS 2.800,00 (011) 810 5977 (Lula) RS 3.700,00 (Apco) (061) 978 7898 FOLHA DO MEIO AMBIENTE Arquiva Editaf Exibir 1 ir para tu Favoritos Q sM Ajuda íà * hr Parar AtuaÜz... Página Locali... Favorit. Imprimir £& Fonte H_r Correio Endereço httpi/M^ww.bsb.nutecnet.com.br/web/folhainei/ Veja aqui alguns sites sobre vôo livre que a Folha do Meio selecionou pára você. Tem de tudo um pouco, de classificados até dicas de como participar de listas de e-mails e do bate-papo via teclado com feras do vôo livre. H4z> t— NEKO - nesta página você «i encontrar um pouco de tudo sobre vôo livre. Desde o vôo duplo, ao recorde brasileiro cm distância. Aproveite para responder ao questionário e receber maiores informações sobre vôo livre. De quebra, aprenda algo sobre surf. http://www.conex.com.br/uscr/neko/esp.html PARAPENTE - Nem só de asa dclü se faz o vôo livre. Por isso, dê uma chegadinha na página do Rodrigo, que traz, inclusive, algumas dicas sobre como se localizar com exatidão na superfície terrestre. http://www.conectiva.com.br/-rodrigo/parapentc/ - Daqui você vê imagens da pista de São Contado, atualizadas a cada dez minutos e pode entrar num canal de bate-papo. Mas o melhor da Skynews, são os serviços como classificados e guia das escolas. htlp://www.skynews.com.br/ SKYNEWS I ■■'J wv n*t*m*tmtmve*m»***v* »**^»> x)pr- ris -»t.»,^-^ • • mm. LlSIA - no site da conectiva você verá como entrar para uma lista de discussão sobre asa delta. Voadores ou não, todos são bem vindos, é o que está garantido na página. Vale à pena tentar. http://listas.conectiva.com.br/listas/Asa-Delu-BR/ I Iniciar gj Cadê? - Microsoi. - A página do Pelicano pode facilitar a vida dos nordestinos, especialmente dos cearenses, mostrando as condições do tempo em Fortaleza, como aprender a voar no Ceará. http://www.secrel.com.br/usuarios/frate/ PELICANO FETT - Participe da pesquisa para listar as melhores rampas do Brasil numa página cm que há mais de 30 links para sites de paragliding, pilotos e os meteorológicos (que dizem a condição do tempo em determinada região). http://www.iis.com.br/-afetl/ 32 BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997 FOLHA DO MEIO AMBIENTE AO „, BRASIL ESTA NA NORA M ESCOLA ! 11121 CPV-CTO. PASTORAL VERGUEIRO R. P SEBASTIÃO S.FARIAS, 27 2o.AND CP65107 01390-000 SÃOPAULO-SP E-maü: [email protected] Forest Cultura Viva e Promoções Ltda. S? (061) 321-3765 Fax: (061) 321-7357 SRT Sul, Quadra 701, Bloco A, Sala 719 - Centro Empresarial Brasflia - CEP 70340-907 - BRASÍLIA-DF PORTE PAGO DR/BSB PRT/BSB-537/91