A Folha do Meio prossegue com a
cobertura da série de Teleconferências
realizadas pelo Programa TV Executiva
do MEC, sobre Educação Ambiental.
Veja nesta edição 13 perguntas e respostas da I Teleconferência Regional Sul
sobre Educação Ambiental (realizada
dia 14 de agosto, em Florianópolis) e
mais a programação da Teleconferência
da Região Sudeste, a ser realizada em
Belo Horizonte, dia 17 de setembro.
Dia da Arvore
Nos quatro cantos do planeta, desde 1872
se comemora o Dia da Arvore. No Brasil, 21
de setembro foi a data escolhida. É o marco
do início da primavera.
Páginas 9 a 12
Página 8
T.RAGEM:75 MIL EXEMPLARES
Volta Redonda sofre com poluição
Coord. de Meio Ambiente de Volta Redonda
i
A CSN, maior siderúrgica da América Latina, privatizada em 1993, está no banco dos réus: é acusada pelos habitantes de Volta Redonda de poluir os rios que abastecem a
região, de provocar sete mortes nestes dois últimos anos e
de desligar os filtros, causando aumento na incidência dos
casos de leucopenia, doença que destrói as defesas do organismo e, por isso, é chamada de Aids ambiental.
Para os moradores e entidades como a Secretaria de
Saúde e a Associação Comercial, Industrial e Agropastoril
de Volta Redonda, a Feema - Fundação Estadual de
Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro tem culpa no cartório, pois deveria fiscalizar a CSN e não o faz.
Enquanto isto, o problema se agrava.
Páginas 16 a 18
A cidade de Volta Redonda, em dia de visível fenômeno meteorológico chamado de Inversão térmica
PANTANAL
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) vai
investir US$ 400 milhões no Pantanal. O objetivo é criar
infra-estrutura e melhorar o marketing turístico para incrementar o desenvolvimento sustentável na região.
Página 05
PRóXIMA EEDIçAO
Comemoração do Kuarup no Xingu
i Dia Mundial da Limpeza Subaquática (27 de
setembro)
i MEC discute em Belo Horizonte a Educação
Ambiental na região Sudeste
I
A II etapa do Campeonato
Brasileiro de Vôo Livre foi realizada em Brasília, de 24 a 30 de agosto. Plana, a Capital da República
não tem morros e na época da seca
é cheia de correntes de ar quente
que ajudam os pilotos a ganhar as
alturas.
Veja no Suplemento, dicas de
passeios, onde aprender a voar e
muitas histórias sobre o vôo livre.
Páginas 25 a 31
O MEIO AMBIENTE COMEÇA NO MEIO DA GENTE
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
RTAS DOS LEITORES
Sementes
Javier Cebaltos
Agora em setembro comemoramos o dia
da árvore. Em um planeta com tanta devastação, devemos repensar nossas atitudes e
tentarmos fazer desse planeta o mais verde
possível. É obrigação de cada um de nós...
Eu pretendo enviar sementes à todas as
pessoas que me escreverem enviando envelope selado! Através da Folha do Meio
Ambiente divulgo essa iniciativa à todos
que como eu se preocupam com o futuro
desse planeta.
Michele A. Silva
Rua José Timóteo Caldara, 274
Petrópolis-RJ-25610-110
Cabra
Parabenizamos a Folha do Meio
Ambiente pela bela matéria sobre o Cabra Companheiros Andarilhos de Brasília. 0 sentimento de gratidão que despertamos pela
natureza em nossas caminhadas, nos leva a
fazer algo por ela. Continuamos sonhando
com a cabeça nas estrelas, mas com os pés
no chão. O Distrito Federal foi a primeira
unidade da Federação a regulamentar a
Unidade de Conservação denominada
Monumento Natural. Contudo, as cachoeiras, grutas, cavernas, abrigos e saltos do
DF continuam desprotegidos, uma vez que,
até o momento, a Lei de Monumentos
Naturais Ique já está em vigor há 2 anos)
ainda não foi aplicada pelo governador
Cristovam Buarque, por intermédio de sua
secretaria de meio ambiente, a Sematec, o
que caracteriza omissão.
Esperamos que enquanto caminhamos
com a cabeça nas estrelas, não tropecemos
no lixo que sempre encontramos em tais
lugares.
Carlos Bimbato
Coordenador do Cabra
Colaboração
Costumo ter acesso a Folha do Meio no
gabinete onde trabalho (sou assessora parlamentar e de imprensa do vereador Roberto
Tripoli, de São Paulo), e acho fundamental
incentivar jornais do gênero, sobretudo pela
linha editorial, bastante democrática, assumida pela FMA. Gostaria, inclusive, de saber se
posso enviar colaborações para o jornal - artigos, dados, sugestões de matérias etc.
Obrigada pela atenção, abraço fraterno,
Regina Macedo
São Paulo-SP
NR: Regina, recebemos as sugestões de
pauta até o dia 30 de cada mês e as matérias até dia 15. As colaborações serão bem
vindas, mas sem o compromisso de publicação.
Garanhuns
Agradecemos a V.Sas. a lembrança e a
remessa da publicação da Folha do Meio
Ambiente, pelo que registramos a consideração, colocando-nos à disposição para quaisquer informações da nossa Secretaria, que
no momento empenha-se no sucesso antecipado de nossos programas de âmbito exclusivo do meio rural, como bem especifica os
que abaixo destacamos:
a) Domingo no Campo (prog. que reúne o
homem do campo e a administração municipal).
b) Melhorando a raça (prog. de inseminação artificial).
c) Melhorando a terra (prog. de aração e
floresta original que, por incrível que pareça,
cobria 39,7% do território do estado do Rio
Grande do Sul e hoje esta porcentagem se
resume a apenas 2,33% do estado.
Como se não bastassem as estatísticas,
foi aprovada a construção da Rota do Sol na
Serra Geral que, de certa forma, vai rasgar os
seus 656,7 mil hectares de floresta, somente para reduzir a distância da serra ao litoral.
De uma forma ou de outra, não sei onde
vamos parar, mas deixo um pouco de minha
tristeza nesta Folha e um apelo: o futuro dos
seres humanos e da natureza estará assegurado somente se toda a humanidade aprender a viver em harmonia com a natureza.
Cristian Diovane Alves
Cachoeirinha/RS
Educação ambiental
Balonismo
Esta mensagem tem como objetivo
parabenizá-los pelo excelente jornal
Folha do Meio Ambiente. Tive a
honra de ser presenteada com o
número 74, de agosto de 1997, com
especial destaque ao balonismo. A
matéria ficou fantástica e super enriquecida pelas maravilhosas fotos.
Adoro São Lourençoü! Gostei demais
da coluna sobre a origem do balão.
Fantástica ficou a página com os
"sites" sobre os esportes aéreos!!!
Parabéns, vá em frente, pois o
meio ambiente está precisando urgentemente de pessoas com consciência
ecológica evoluída como a de vocês.
Maria Teresa Coimbra Prates
Rua Nunes Vieira, 435 apt. 1007
Santo Antônio
30350-120 Belo Horizonte-MG
Balonismo 11
Belo trabalho
sobre o
X
Campeonato Brasileiro de Balonismo
em São Lourenço-MG, julho 1997.
Além de linda e oportuna, a
reportagem especial de balonismo
traz ainda como bônus endereços da
internet que complementam assuntos ligados ao esporte. Parabéns!!!
Atenciosamente,
Lincoln Fernandez Freire
Piloto da Telemig Celular
Balonismo III
Adorei a reportagem sobre os
balões. Como posso obter fotos do
evento?
Obrigada!
Daniele Vieira Ramos
Belo Horizonte-MG
seleção de sementes).
d) Programa de incentivo à cafeicultura.
Antônio Marlos Ferreira Duarte
Secretário de Agricultura, Abastecimentos,
Meio Ambiente e Recursos, Prefeitura
Municipal de Garanhuns
Lençóis Maranhenses
Vivo aqui no Maranhão no recém-criado
município de Paulino Neves, porta de entrada
dos Lençóis Maranhenses e da APA do Rio
Parnaíba, que se estende do Piauí ao
Maranhão. Estou trabalhando com a comunidade para criação de uma associação que se
chamará Ecolençóis.
Temos grande potencial ecoturístico e
uma grande dificuldade de informação.
0 trabalho é árduo, mas muito gratificante, pois a natureza é mãe e recompensadora.
Cenário Peixoto Lins Jr.
Paulino Neves-MA
Meninos de rua
NR: As fotos podem ser obtidas
diretamente com Javier Ceballos,
da Sul Minas.
Av. Pedro II, 384,
CEP 37470-000 - SãoLourenco-MG
Telefax: (035) 331-2348
Confirmo e agradeço o recebimento do
exemplar n0 73 desse jornal, com especial
destaque à matéria "Meninos trocam as ruas
pelas plantas", incentivo este que deve ser
seguido por toda a Nação.
Deputado Waldir Cartola
Assembléia Legislativa de São Paulo
Queixa
Queria citar o descaso em que se encontra a Mata Atlântica, que já é considerada a
segunda floresta úmida tropical mais devastada do mundo, sem nem ao menos conhecermos suas riquezas naturais, características
geológicas e topográficas, que acolhe 15%
de todas as formas de vida animal e vegetal
existentes no planeta.
Para se ter uma idéia, quando Pedro
Álvares Cabral desembarcou em Porto
Seguro, em 1500, havia um milhão de quilômetros de mata atlântica nas terras que
seriam o Brasil. Hoje restam apenas 8% da
Por meio desta nos dirigimos a V.Sa. para
solicitar a possibilidade de inscrever as nossas escolas municipais no mail do jornal
Folha do Meio Ambiente.
Trabalhamos educação ambiental com 21
escolas, somos carentes de subsídios técnicos e didáticos. Conhecemos o jornal e
temos certeza de que ele será para nós de
grande utilidade para pesquisar com os alunos o assunto meio ambiente
Em nome das escolas municipais e do
nosso departamento, enviamos agradecimentos e expressamos nossa admiração por
este jornal.
Saudações ecológicas
llza Kozik
Educadora Ambiental do Departamento de
Ecologia e Educação Ambiental da Secretaria
Municipal de Educação
Francisco Bettrão-PR
Assinatura
O Partido Verde do Estado do Ceará
(PV/CE) vem, por meio desta, solicitar o
exemplar mensal do jornal Folha do Meio
Ambiente, pois se trata de uma publicação
importante como fonte de pesquisas e informação, que com certeza irá subsidiar ainda
mais o nosso trabalho de conscientização
ecológica da população do Ceará.
Ao longo dos anos, o PV do Ceará luta
em defesa dos nossos ecossistemas, participa em palestras, entrevistas, debates, seminários, sempre apresentando ideais e propostas que possam viabilizar uma sociedade
justa e ecologicamente sustentável.
Agradecemos antecipadamente o seu
empenho em atender nossa solicitação.
João Saraiva
Presidente da Comissão Executiva Estadual,
Partido Verde-CE
NR: Para assinar a Folha do Meio
Ambiente preencha e siga as orientações
contidas no cupom localizado nas páginas 6
e21.
Correspondência para
E-mail: [email protected]
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
MARI CULTURA
Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía
de Ilha Grande articula a Agenda 21
A busca do desenvolvimento auto sustentável para a população que vive do mar
FÁBIO ANTUNES
O crescimento desordenado dos municípios de Angra dos
Reis, Paraty e Mangaratiba, vem fazendo com que uma quantidade significativa de poluentes e esgoto,
sem qualquer forma de tratamento, sejam despejados na baía de
Ilha Grande, pondo em risco principalmente a fauna marinha.
Cerca de 20% dos habitantes da
baía dependem diretamente do
mar para sobreviver e sustentar
suas famílias.
Alguns moluscos nativos da
baía, que já foram abundantes em
habitats com profundidades de até
15m, como a "Coquille Saint
Jacques" (Nodipecten nodosus),
praticamente desapareceram e hoje
em dia só são encontrados, quando o são, em quantidades bastante
reduzidas.
Para piorar o problema, a
pesca predatória com redes de
arrastão vem causando uma grande diminuição na quantidade de
algumas espécies marinhas. Para
se ter uma idéia, 240.000 toneladas
de sardinhas eram pescadas nas
Trabalhador do IED-BIG fazendo o manuseio na
águas da baía até 1985. No ano
produção de sementes
passado, a produção ficou em apenas 20.000 toneladas, menos de
"Coquille Saint Jacques", moluscos nativos da
10% do total de onze anos antes.
baía.
Por causa de números assim, foi criado o
No entanto, o IED-BIG necessita de mais
Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da recursos para a conclusão do laboratório de
Ilha Grande (IED-BIG), fundado em 1991, oceanografia e para poder fomentar outros
com a intenção de proteger a região e criar projetos relacionados à proteção do meio
uma maneira para o desenvolvimento auto- ambiente, como os trabalhos do Projeto de
sustentável da população que vive do mar Repovoamento Marinho (POMAR), modelo
abrangendo pontos importantes do capítulo
17 da Agenda 21 que diz respeito a proteção
dos oceanos, de todos os tipos de mares -inclusive mares fechados e semifechados- , das
Atbout 20% ofthe inhabitants ofthe Ilha
zonas costeiras e de proteção, uso racional e
Grande bay, located 150 km south of
\Rio
i de Janeiro, depend directly upon
desenvolvimento de seus recursos vivos.
the sea to survive. The rapid and disordered
A finalidade do Instituto é de fomentar e
growth ofthree municipalkies is jeopardizing
realizar projetos integrados, relacionados com
the bay. The main problems are the discharge
a preservação do meio-ambiente e o desenvolofuntreated sewage and polutants as well as
predatory físhíng The Institute ofEcovimento regional em harmonia com seus
Development ofthe Ilha Grande Bay (IEDaspectos físicos e culturais.
BIG) was founded in 1991 with aims to proCom recursos da Petrobrás (sob responsatect the bay's marine environment and to probilidade de Furnas Centrais Elétricas), foi
mete environmental awareness for the populatíon. The institutos main goal, however, is to
construído um laboratório no município de
generate a form of sustainable dereiopment
Angra dos Reis, ao sul do estado do Rio de
for the popuktion. With funds and resourJaneiro. De lá saem projetos para a baía de
ces donated by (wo state-owned companies
(Fumas and Petrobrás), the stock-enhaacement
Ilha Grande e pesquisas diversas. Atualmente
pmgram (POMAR) started in the beggining of
o laboratório está em fase de pré-operação,
tbeyear, since the completioa ofthe laboraproduzindo sementes de mexilhão e
SUIVIIVIARV
do cultivo paralelo de microalgas,
das quais os moluscos se alimentam
até estarem prontos para irem ao
mar. Nesta fase eles são denominados
de "sementes".
Parte dessas sementes produzidas
no laboratório são doadas a fazendas
experimentais administradas pelas
prefeituras para servirem de escola às
comunidades que vivem da pesca.
O retomo financeiro que a maricultura (cultura de frutos do mar)
deverá gerar para esses pescadores
pode incentivá-los à respeitarem o
defeso (época do ano em que não se
pode pescar) das espécies ameaçadas
e a terminarem de vez com o "arrastão".
Outra parte das sementes é vendida para maricultores da região e
espalhada pela costa brasileira, já que
o projeto visa ser auto-sustententável
até o ano 2000.
O POMAR também tem como
meta fazer um levantamento completo das espécies em declínio na região
para estudar a viabilidade de cultivo,
Cultivo de microalgas que servem como alimento aumentando assim os estoques natupara as larvas dos moluscos
rais na baía da Ilha Grande.
para o desenvolvimento e o uso racional de
No entanto, o instituto necessita de recurrecursos vivos marinhos.
sos para o levantamento. Esse tipo de prograEle é o "carro<hefe" do IED-BIG. O labo- ma, chamado de "stock-enhancement", e vem
ratório de 550 nr localizado na vila residen- sendo feito com sucesso no Havaí e em outras
cial da Petrobrás, a 10 km de Angra dos Reis, partes dos Estados Unidos com fundos do
tem a capacidade de cultivar 30 milhões de FDA (Food and Drug Administration).
larvas de moluscos. Hoje, o POMAR trabalha
Educação ambientai
basicamente com três espécies nativas, o
O
laboratório
do IED-BIG recebe em
mexilhão (Perna perna), a "Coquille Saint
média
100
visitantes
por semana e realiza
Jaques" (Nodipecten nodosus) e a ostra
palestras
sobre
educação
ambiental, biologia
(Crassostrea rbizopborae).
marinha
básica
e
administração
e manutenA desova é feita em tanques no laboratóção de fazendas marinhas.
rio, manipulando com a temperatura da água.
As palestras, feitas por técnicos, são acomA fase de cultura das larvas é acompanhada
panhadas de imagens de vídeo sobre a baía da
Ilha Grande e sobre as características dos
moluscos nas fases larval e adulta. A maioria
dos visitantes é de jovens de 14 a 20 anos de
tory facilities. The institute is producing
idade.
"seeds" ofthe native scallop (Nodipecten
Estão em planejamento a criação de curnodosus) and mussel (Perna perna). Part of
them, is being donated to experimental farm/sos básicos nas áreas de oceanografia e bioloschools administrated by the city councils to
gia marinha e profissionalizantes em mariculserve the communities. Another part ofthe
tura (cultura de frutos do mar) para jovens
"seeds" is comerdalized to mariculturists in
da região. Quem estiver interessado em visithe region and thmughout the coast ofBrazil.
The project is lacking funds to study the viabitar as facilidades do IED-BIG ou obter quallity and promote the marículture ofnative
quer informação sobre os projetos em andaspecies in populatioaal decline to be released
mento devem entrar em contato com o engeinto bay as seeds or juveniles. An oceanonheiro José Luiz Zaganelli (presidente do
graphy laboratory should be conduded by the
end ofthe year to monitor the bay. IED-BIG
IED-BIG) pelo tel/fax (024) 361-2231.
is also lecturíng young kids ofthe region
about tbe need to pmtect the marine environment and about marículture tecniques. For
more Information, please call engineerJosé
Luiz ZaganeUi at (5524) 361-2231 tel/fax.
Fábio Antunes é estudante de biologia
marinha na Hawaii Pacific University e foi
estagiário no IED-BIG.
£*
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
ECOTURISIVIO
milhões no Pantanal
Projeto prevê
estruturação das
cidades pantaneiras
para o turismo
JOANICEPIERINI
Apartir do próximo ano, o Pantanal pode ficar livre do esgoto das
cidades ribeirinhas, do assoreamento dos rios e de estradas intransitáveis. Está previsto para entrar em vigor no ano que vem o
Projeto Pantanal, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que prevê
investimentos de US$ 400 milhões ao longo de
cinco anos na infra-estrutura dos municípios pantaneiros, como forma de alavancar o ecoturismo.
Após as eleições, o Presidente da República
Fernando Henrique Cardoso (FHC), esteve no
Pantanal para descansar e percebeu a necessidade
de investimentos. O presidente da Embratur, Caio
Carvalho, acredita que o dinheiro só foi possível
graças a intervenção direta de Fernando Henrique,
O Projeto de Desenvolvimento vol procurar deixar o Pantanal livre do esgoto das cidades ribeirinhas e do assoreamento dos rios
que assumiu US$100 milhões pela União. "Não
foi um compromisso de campanha e sim de presidente eleito", lembra Carvalho.
O BID/Pantanal, como ficou conhecido o
projeto, está baseado em três pilares. O principal
deles refere-se ao tratamento do esgoto, hoje jogado in natura por pelo menos 20 municípios localizados no Pantanal, ou no entorno. É o caso da
capital Cuiabá, da qual praticamente todo o esgoto é absorvido pelo Rio Cuiabá, que desemboca
no Rio Paraguai, um dos principais formadores
do Pantanal. Os recursos serão usados na construção de estações elevatórias, que tratem os dejetos
antes de devolvê-los aos rios.
Outra intenção do Projeto é dar assistência correta às fazendas agrícolas que cultivam grãos às mar-
gens dos rios, sem a correção necessária do solo,
principalmente a utilização de curvas de nível.
Com o uso indevido da terra, os rios estão sofrendo com o assoreamento das margens e a formação
de bancos de areia cada vez maiores. O Rio Taquari,
na divisa de Mato Grosso com Mato Grosso do
Sul, é atualmente o mais assoreado do Pantanal.
(Continui na página seguinte)
Mais 2 Estações de Tratamento de Esgotos: a do Paranoá, que vai atender uma
população de 50 mil habitantes, e a do Riacho Fundo, que já está servindo seus
40 mii moradores, melhorando a qualidade de vida nessas regiões.
Em janeiro de 1995 existiam em Brasília 5 Estações de Tratamento de Esgotos. Só em 2 anos,
o Governo Democrático e Popular já entregou 4 novas estações. Essas obras, onde foram
investidos 15 milhões de reais, contribuem para a preservação dos cursos dágua,
aumentando a porcentagem da população servida com esgotamento sanitário para 86%.
^^^^^^^^^^^^^^^^BÊKÊÊÊBÊHÊÊÊtÊtÊI^Kt
IO novas Estações de Tratamento serão entregues até dezembro de 98. Essas obras, somadas
às novas redes coletoras que já estão em construção, vão aumentar a proteção ambiental para
as nascentes e rios e atender 100% da população até o final do próximo ano.
Saúde para a população e preservação das águas do DF.
^®caesb
fJ«^
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
O projeto BID-Pantanal e as estradas...
^^^projeto também prevê a utilizarão de US$ 70 milhões na recu^^peração de estradas, em especial
a Transpantaneira, que com o tráfego
intenso de carga pesada está se "alargando" e perdendo a altura ideal para ficar
livre das enchentes. Em Mato Grosso
serão ainda asfaltados 17 quilômetros
entre Poconé e o Portal do Pantanal, no
posto de fiscalização do Ibama. As 126
pontes ao longo da Transpantaneira,
hoje de madeira, serão substituídas por
concreto.
Por fim, o Projeto idealiza ainda a
incrementação do marketing do
Pantanal, como a criação de uma grife e
uma espécie de selo verde para os produtos oriundos da região. No Portal deve
ser construído um Centro de Recepção
ao Turista, com lanchonetes, lojas de
artesanato, quiosques, informações sobre
meio ambiente, além do posto de fiscalização do Ibama. "Com o governo dando
o apoio necessário, a iniciativa privada -
em especial o setor hoteleiro - naturalmente terá mais interesse em investir no
Pantanal", analisa o Secretário de
Turismo de MT, Carlos Avalone.
O Projeto Pantanal começou a ser
idealizado em 1995. Inicialmente elaborado distintamente pelos governos de
MT e MS, já quando a primeira missão
do Banco esteve no Pantanal, no início
de 1996, o projeto foi bem aceito pela
instituição. "Nosso principal objetivo é
conciliar a preservação do meio ambien-
Vida no campo.
Fundação Banco do Brasil está ajudando
a mudar esse quadro.
Para que o homem do
campo crie raízes em seu
ambiente, é preciso que
ele tenha condições dignas
e apoio efetivo. É isso que
está fazendo a Fundação
Banco do Brasil, em
parceria com o Ministério
da Agricultura e do
Abastecimento e a
Comunidade Solidária.
Este ano serão destinados
mais 30 milhões de reais
para o Programa Homem
do Campo. Uma quantia
que, sem dúvida nenhuma,
vai ajudar a diminuir as
diferenças entre o meio
urbano e o rural,
melhorando a qualidade
de vida de quem vive das
atividades agropecuárias,
pesqueira ou extrativista.
Desta vez serão 60 as
cidades beneficiadas.
Um total de 730 mil
pessoas, incluindo 240 mil
crianças e adolescentes em
idade escolar, que poderão
ter acesso a educação,
saúde e infra-estrutura
produtiva. É a Fundação
Banco do Brasil lado a
lado com o homem do
campo.
i
í
MlalstéHi <a AfHcurtiiri
$
Comunidade
Solidária
FUNDAçãO BANCO DO BRASIL
Brasil
EM ACAO
te, com a valorização do homem pantaneiro, de forma viável economiamente", explica Carlos Avalone.
No final do ano passado os dois
projetos se uniram em tomo de uma
proposta única, que concilie o ecoturismo à pecuária extensiva, atividade
que já é desenvolvida na região há 200
anos, sem causar impactos, segundo
Avalone. Com a aprovação, começou
então a fase mais complicada junto às
entidades internacionais. Dos US$
400 milhões, US$ 200 milhões são do
BID, US$ 100 milhões de um banco
japonês, e os outros US$ 100 milhões
teriam de ser contra-partida dos
governos de MT e MS.
"Os estados já estão comprometidos com o pagamento de dívidas, e
não podiam mais contrair nenhuma
forma de empréstimo", explica
Avalone. Num trabalho conjunto de
MT e MS, com apoio do Ibama e da
Embratur, os governadores Dante de
Oliveira e Wilson Martins acabaram
por conseguir a federalização do
empréstimo em meados de julho.
Desta forma, o ônus dos US$ 100
milhões ficará a cargo do governo
federal.
Turismo Intenso
O Projeto Pantanal é a maior proposta do BID para preservação do
meio ambiente. É também o maior
investimento do governo federal no
ecoturismo. Tanto interesse não é por
pouco. Segundo Avalone, enquanto o
turismo "convencional" cresce entre
6% e 7% ao ano, o ecoturismo evolui
a taxas de 20%.
O Pantanal recebe anualmente
cerca de 100 mil turistas, dos quais 60
mil pescadores e 15 mil estrangeiros.
Enquanto um turista convencional
"deixa" no local visitado US$ 89, no
Pantanal o investimento do visitante
é de US$ 117 a US$ 120. Com o
BID/Pantanal, os governos de MT e
MS vão pedir à Unesco a inclusão do
Pantanal como Reserva da Biosfera, a
exemplo da Mata Adântica.
£5
Silvestre Gorgulho
Um casal de Tuiuiú, ave símbolo do Pantanal
SUIVIIVIARY
•Mfe. y the end ofnext year the
Pantanal of Mato Grosso
1 saJf do Sul may fínd itselfãee
from the sewage ofriverside cities,
from the siltation ofthe rivers,
and from impassable roads.
Project Pantanal is projected to
get under way next year, fmanced
by the Interamerican
Development Bank (IDB) at an
antidpated levei of US$400 million over a fíve year period in
investments in the infrastructure
ofthe cities ofthe Pantanal
region, as a way ofpromoting
ecotourism. Aãer the elections,
President Fernando Henrique
Cardoso (FHC) was in the
Pantanal for vacation, and realized the need for investments.
The president of Embratur, Caio
Cavaibo, believes the promised
money was only made possible
thanks to the intervention of
Fernando Henrique, who took on
responsibility for US$100 milhon
by the federal govemment "This
is not the promise of a political
campaigo, but ofthe élected president, " contludes Cavalho.
IDB/Pantanal, as the project is
known, is based on three pillars.
The first and most important one
is the treatment of sewage, now
dumped ràw onto Mofher Nature
by at least 20 cities along the
Pantanal or in its surrounding
áreas. Such is the case in the capital, Cuiabá, practically ali of
whose sewage is absorbed by the
Cuiabá River, which in tum empties into the Paraguai River, one
ofthe primary waterways ofthe
Pantanal. The investment
resources will be used for the construction ofraised plants for the
treatment of sewage before it is
retumed to the rivers.
Another goal ofthe project is to
give appropriate assistance to
farmers raising grain crops along
the banks ofthe rivers, encoufáging the use ofsoil cooservation
techniques such as the use ofterracing and contour plowing.
Through the improper use ofthe
-soil, the rivers are suífering from
increased siltation along their
banks with ever-larger sand banks
as the resuit. The Taquari River,
on the border between Mato
Grosso and Mato Grosso do Sul,
is currently the most silt<logged
river in the Pantanal.
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
Ar e água: poluição presente
Diretor-Geral: Silvestre Gorgulho
Diretora-Administrativo: Regina Gorgulho
Editora: Ana Luiza Wenke
Sub-editora: Pryscilla Louzada
Gerente Administrativo: Ivonete Gomes
Secretária: Isabel Moura
Correspondentes:
São Paulo - Simone Silva Jardim
Rio de Janeiro - Zilda Ferreira
Campinas-SP - José Pedro
Pará - Edson Gillet
Goiás - Malu Maranhão
Petrópolis-RJ - Lize Torok
São Lourenço - Valéria Fernandes
Cuiabá - Joanice Pierini
Corumbá - Silvio Andrade
Itália - Aivone Brandão
Paris - Denise Seleme
Washington - Frota Neto
Colaboradores:
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Catalão, Miguel Oliveira, Milano Lopes,
Alexandros L Georgopoulos, Marcos Terena,
Elza Pires, Mila Petrillo, Lais Scuotto, Márcia
Turcato, Rui Faquini, Romerito Aquino,
Cuido Heleno e Romoaldo de Souza.
Conselho Editorial:
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Alberto Xavier, Dioclécio Luz, Jorge Reti,
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Romerito Aquino, Romoaldo de Souza,
Marcos Terena, Milano Lopes, Nikolaus
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Eletrônica: Dionisio
Revisão: Márcia Turcato
Tradução: Roger Langdon Davis
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Campo Grande: Luca Maribondo - Atelier
de Comunicação - Telefax (067) 787-3685.
São Paulo: Ruschel & Associados - (011)
240-1586.
Nesta 75â edição, a Folha do Meio
Ambiente traz algumas matérias sobre
educação ambiental, ecoturismo e
uma denúncia muito séria: a qualidade do ar e da água no Brasil não esá nada boa.
Neste número registramos casos de poluição que
já comprometem a fauna e a flora de algumas
regiões.
Esgotos e poluentes diversos, jogados na
Baía de Ilha Grande, estão colocando em risco
a fauna da região. Para ajudar a resolver esse
problema, o Instituto de Ecodesenvolvimento
da Baia de Ilha Grande (IED-BG) segue a
Agenda 21 e busca desenvolvimento auto-sustentável para a população que vive do mar.
Página 3
• • s
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) investirá U$ 400 milhões em projeto no pantanal. O objetivo é de estruturar as
cidades para o ecoturismo. Joanice Perine explica as etapas do projeto na página 5.
• -•;••
A comunidade de pescadores da Baía de
Sepetiba pede indenização à Companhia
Mercantil e Industrial Ingá, instalada na Ilha
Madeira. A causa do processo é a dificuldade de
Sewage and varíous types ofpollutants spewed into the Ilha Grande Bay are putting
the region 's aquatic life at risk. In hopes of
resolving this problem, the Institute for the Ecodevdopment ofllha Grande Bay (IED-BG), is
acting in accordance with Agenda 21 and seeking
means ofsustainable devdopment for the área 's
inhabitants dependem on the sea for a living. See
page3.
• • % •
The Interameácan Devdopment Bank (IDB) will
invest US$400 million in a project in the Pantanal.
Its objective is to creste in Âe areai dties lhe
infrastructure for ecotourísm. Joanice Perine
explains the stages ofthis project on page 5.
• • « •
The community offíshermen ãom the Bay of
Sepetiba are asking for compensatíon from
Companhia Mercantil e Industrial Ingá, based on
Madeira Island. The reason behind thdr lawsuit
is their difficulty in marketing their físh and shdl£sb due to the contamination ofthe waters resulfmgfrom aleakofzmc and cadmium. See the
report on page 7.
OntheAir:EnvironmeatalBducatioíi Oapages
942 you witlând coverage ofthe Ist Regiomí
é uma publicação da Forest Cultura
Viva e Promoções Ltda, SKTVSul,
Quadra 701, Bloco A, Salas 717 e 719
- Centro Empresarial Brasília - CEP
70340-907 - Brasília-DF, Brasil. Fone:
(061) 321-3765, Fax (061) 321-7357
ou Caixa Postal 10891 ACF/Centro
Sul 70312-970 - Brasília-DF - E-mail:
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Tèleconference on Environmental Education,
sponsored by the Ministry ofEducation and
Sport in Florianópolis, Santa Catarina. In
Õctober the Ministry ofEducation, together with
the Ministries ofthe Environment, ofWater
Resources, and ofthe Amazon Region, will conduct in Brasília the Ist National Conference,
while the 2nd Regional Conference will be hdd in
Bdo Horizonte.
• • • •
Respect for the environment is the first mie
during the Ist World Games ofNature, sdieduled
to begin on the27th andlast until the 5th of
October. Athletes ôom five continents will compete in Foz do Iguaçu, on the west coast ofthe
Paraná along the border oftbree countries: BrazÚ,
Paraguay, and Argentina. On page 13.
El Nino, one ofthe most serious weather systems
discovered this centary, ispromising to wreak
havoc earlier tban usual. Normally reaching its
peak only in December, it has already begun to
make changes in theBrazilian dimate. Milano
Lopes explains the phenomeaon in detail on page
14.
CSN is being hdd respomible for seven deaths
lhes na página 14.
• • • •
CSN é acusada por sete mortes no período
de dois anos. Privatizada em 1993, a maior siderúrgica da América Latina já produziu mais de
100 milhões de toneladas de aço, em 51 anos de
existência. Páginas 16 e 17.
• • • •
O general Marco Antônio Sávio Costa diz o
que o Exército faz na Amazônia, além de defender as fronteiras do país. Leia no Ponto de Vista,
na página 19.
• • • •
Água de qualidade para todos e para sempre.
Este é o objetivo do Movimento de Cidadania
pelas Águas, da Secretaria Nacional de Recursos
hídricos. Para falar sobre ele, o secretário Paulo
Romano concedeu entrevista à Folha do Meio.
Leia na página 22.
Durante uma semana, 50 pilotos de asa delta
voaram pelos céus do Distrito Federal. Foi o
Campeonato Brasileiro da categoria. Pela 152
vez, uma etapa do evento foi realizada em
Brasília. Veja a cobertura do evento e aprenda
um pouco sobre vôo livre no Suplemento de
Ecoturismo da Folha do Meio, a partir da página 25.
53
during the period of 1995-97. Privatized in 1993,
the largest sted producer in Latin America has
produced over 100 million tons ofstedin the 51
years ofits existence. Pages 16 and 17.
• • • •
General Marco Antônio Costa explains the role
the Armed Forces play in the Amazon region,
apart ãom their duty ofdefending the national
borders. Read his views in "Ponto da Vista" on
page 19.
• * • •
Good quality water for everyone and forever. This
is the goal ofthe Movimento de Cidadania pdas
Águas (Citizens' Movement for the Waters), a program ofthe National Secretary of Water
Resources. To get the word out about this program, Secretary Paulo Romano hasgiven an interview to the Folha do Meio. Read it on page 22.
• • • •
Por one wedc, 50 bang glider pilots will soar in
the skies above the Federal District. It is the
second leg ofthe sporís Brazilian Championship,
hdd for the fiíteenth time in Brasília. You cah
fínd coverage ofthe event and leam a litde about
the sport ofâee flight in the Ecotourísm
Supplement ofthe Folha do Meio, beginnmg on
page 25.
-G ':13^rlXíD
* Os artigos assinados não traduzem necessariamente a opinião do jornal.
Folha do Meio Ambiente
comercialização dos peixes e mariscos devida à
contaminação da água por um vazamento de
zinco e cádmio. Veja na página 7
• • • •
A Educação Ambiental no Ar. Veja, nas páginas de 9 a 12, cobertura da I Teleconferência
Regional sobre Educação Ambiental, realizada
pelo Ministério da Educação e do Desporto, em
Florianópolis - SC. Em outubro, o MEC promove, em Brasília, junto com o Ministério do Meio
Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal, a I Conferência Nacional e a II
Teleconferência Regional (Sudeste), que será realizada em Belo Horizonte.
• • • •
Respeito ao meio ambiente é a primeira
regra dos Jogos Mundiais da Natureza, evento
que começa dia 27 e vai até 05 de outubro.
Atletas dos cinco continentes competirão em
Foz do Iguaçu, Costa Oeste do Paraná e fronteira de três países: Brasil, Paraguai e Argentina. Na
página 13.
• • • •
EI Nino, um dos sistemas climáticos mais
sérios do século, promete estragos antecipados.
Ele costuma se manifestar com mais força apenas em dezembro, mas já começou a mudar o
clima brasileiro. Milano Lopes explica os deta-
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111
MEIO
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FOREST CULTURA
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FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
Indenização por falta
de peixes e mariscos
TETÊ DUCHE
Situação inédita nos cartórios
do Rio de Janeiro: uma
comunidade de cerca de 300
pescadores e marisqueiros da
Baia de Sepetiba, zona oeste
do estado do Rio de Janeiro, pleiteia ser
indenizada por causa de problemas na
comercialização de peixes e mariscos,
devido a desconfiança de contaminação
por zinco e cádmio.
A decisão da colônia de pesca Z-15
de investir contra a Companhia
Mercantil e Industrial Ingá, instalada na
ilha da Madeira, partiu após o mais
grave vazamento de zinco e cádmio,
quando uma tempestade de verão rompeu o muro externo da empresa e provocou o transbordamento de milhões de
litros de água contaminada, segundo
relata o advogado Antônio Ferreira
Couto Filho, contratado pela comunidade.
Três ações foram apresentadas ao
juiz Jorge Martins, em audiência pública, em julho passado, quando os pescadores e marisqueiros, divididos em onze
grupos de denunciantes, entraram com a
ação indenizatória contra a Ingá. A
audiência conciliatória foi idéia do juiz
para facilitar o processo, caso a comunidade tenha sucesso e ganhe a indenização por danos morais.
O pagamento será arbitrado pelo
juiz, tendo em consideração, para efeito
de fixação do quantum indenizatório, a
curva de sensibilidade de suas vítimas,
seu grau de educação, a repercussão do
evento danoso, a condição econômica
da empresa causadora do vazamento de
zinco e cádmio e a responsabilidade da
Ingá no trato da poluição causada, explica o advogado Antônio Ferreira Couto
Filho.
A primeira ação partiu dos marisqueiros, a segunda, é movida pelos pescadores e a terceira, pela destruição gradual
da identidade social dessas famílias da
Colônia Zrl5 como uma ação de assistência social.
Jogo de batatas quentes
Empresa tradicional na produção de
zinco, desde 1949, quando iniciou suas
atividades na Ilha da Madeira, município de Itaguaí, a noroeste da Baía de
Sepetiba, a Companhia Mercantil e
Industrial Ingá, passa por uma situação
financeira delicada, estando no meio de
um processo de concordata. Sobre a ação
movida pelos pescadores e marisqueiros
da Colônia Z-15, se declara vítima em
todas as instâncias.
Flávio de Carvalho Brito, ex-advogado da empresa que apresentou a defesa
da ré, em audiência pública, em julho
passado, no Fórum de Itaguaí, explicou
a situação, pelo telefone a FMA, quando
disse que o acidente provocado pelo
rompimento de um dos muros externos
da empresa não é do tamanho alardeado
pelos jornais e que a Ingá já entrou com
recurso judicial.
"Há mais de 370 indústrias jogando
seus dejetos químicos na Baía de
Sepetiba. O Pólo Petroquímico de
Itaguaí, inclusive, aterra as pequenas
praias e ninguém fala nada. A Casa da
Moeda despeja seus detritos químicos no
rio Guandu, principal abastecedor de
água potável para a cidade do Grande
Rio. Por que somente a Ingá é a culpada
pela comunidade da Colônia Z-15?",
indagou Brito.
Flávio de Carvalho Brito defende a
tese que 65% do ICMS da Prefeitura de
Itaguaí é recolhido pela Companhia
Mercantil e Industrial Ingá. Nos últimos
8 anos, a empresa investiu US$ 20
milhões em melhoramentos industriais
diretamente relacionados com a não
agressão ao meio ambiente como, por
exemplo, diques onde os resíduos de
zinco e cádmio vão ser depositados. "A
Ingá procura soluções.
Quando a Firjan pediu uma auditoria de impacto ambiental nas indústrias
do complexo da Baía de Sepetiba, ela foi
a única a apresentar. O principal nisto
tudo, defende ele, é que, em termos
ambientais, um novo vazamento, é
impossível.
Para prevenir mais complicações, o
advogado solicitou à Feema, ainda no
ano passado, uma outra perícia técnica
no sentido de avaliar os diques onde os
metais pesados estão depositados.
O Chefe da Divisão de Controle
Industrial da Feema, Francisco Tozzi
Calvão, confirmou à FMA, por telefone,
que a Ingá é vinculada ao sistema de
licenciamento de atividade poluidora
fornecido pela Fundação, há mais ou
menos 4 anos, e que os diques de contenção estão operando de acordo com as
normas estabelecidas, Calvão falou ainda
que a Ingá gera, aproximadamente, 400
toneladas/dia de lama de zinco e cádmio
que ficam depositados em uma região
chamada Saco do Engenho, na Bacia de
Rejeitos, área de propriedade da Ingá e
que o maior problema ambiental com a
companhia, hoje, é que os diques correm
o risco de serem rompidos e a lama com
os resíduos tóxicos carreada.
A Feema informou também, segundo explicou Francisco Tozzi Calvão, que
há um projeto de construção de um aterro industrial para os resíduos de zinco e
cádmio, em Fazenda Bonanza, município de Seropédica, ex-distrito de Itaguaí.
Acontece, conforme revelou o Chefe da
Divisão de Controle Industrial, que
Seropédica está no meio de um impasse
político: após emancipar-se de Itaguaí,
em dezembro passado, decidiu não querer o aterro de dejetos industriais da Ingá
nos limites de sua municipalidade. A
situação se apresenta como um jogo de
batatas quente pulando entre os dedos
das autoridades.
£*
SlLX/ES-rRE GORGUI-HO
Clandestino e pregando uma luta ferrenha contra a Revolução de 64, Betinho entrou "num rabo de
foguete" e deixou um rastro iluminado de várias lições para todos nós. A primeira lição: quando se luta
pela vida democrática da Pátria, se luta também pela própria vida. Sempre doente, voltou do exílio, no
início da abertura política. E trouxe à tiracolo sua segunda lição: amor à Pátria é dar-se as mãos para
diminuir a miséria dos brasileiros. Ao fazer uma transfusão de sangue em 1986, adquiriu o vírus HIV
Monge, aidético, santo, militante, um verdadeiro sobrevivente, Betinho fez uma revolução tão silenciosa
quanto profunda. Deu, então, a derradeira e eterna lição: globalização é ser cidadão e acudir o miserável
ao nosso lado. Toda sua vida e todas suas lições contaminaram de bem-querer a alma brasileira.
SANTO BETINHO
• Muito se falou e seu escreveu sobre o Betinho.
Seu trabalho, sua luta, seu desprendimento e
seu carisma.
• Mas, com certeza, o que mais marcou a vida de
Herbert de Souza foi mesmo seu exemplo.
• É muito bom lembrar o depoimento, pela tevê,
de um garotinho simples e pobre, talvez de rua,
cuja família deve estar se alimentando das cam-
panhas contra a fome do Betinho.
• E no depoimento, simples, deste garoto que a
gente sente a dimensão da obra que Betinho
legou aos brasileiros.
• Dizia ele: "Olha, o Betinho era muito bom. Ele
era tão fraquinho, tão doente que a gente é que
devia ajudar ele, mas era ele que ajudava a
gente".
"Não sou um mito. Sou apenas Herbert José de Souza, que
pensa que todos devem ter o direito de escolher
a maneira de viver e morrer".
Do Betinho, irmão do Henfil, Patrono Maior da Cidadania, que se foi mas deixou esse legado fantástico para
o Brasil: cada um - rico ou pobre, saudável ou doente, forte ou fraco - traz dentro
de si uma força imensurável que pode mudar o mundo.
LADY DI,
first!
• Por quê o carisma, o valor, a força e o fascínio
de Diana?
• Ela não era atriz, não era nenhuma esportista
e, aliás, ultimamente, tinha perdido até o título de Sua Alteza Real da Grã-Bretanha.
• No entanto Diana era a mulher mais fotografada, mais assediada, mais desejada e mais perseguida do mundo.
• Seria por sua beleza? Talvez, mas o mundo tem
mulheres muito mais belas do que ela.
• Seria por sua simpatia e elegância? Com certeza, também, existem mulheres mais simpáticas e mais elegantes.
• Pela sua riqueza? Também existem mulheres
muito mais ricas do que ela.
• Pelo seu poder? Mas, nesse mundo, tem também mulheres mais poderosas!
• Pelo seu sofrer? Ah! Como existem mulheres
que sofrem muito mais.
• Seria por suas campanhas humanitárias a favor
das crianças, dos aidéticos e dos oprimidos.
Talvez, mas o mundo tem, também, mulheres,
muito mais abnegadas e caridosas.
• E, afinal, qual o segredo do mito chamado
Lady Di? Seria porque cristalizou nela própria
um pouco de todos estes atributos? Não sei.
Também gostaria de saber. O que eu sei é que
a Terra perdeu para o Céu sua estrela mais brilhante.
MACAUã
•
O Ibama e a Nasa fazem em conjunto a
Operação Macauã que visa o monitoramento
e controle da Amazônia Legal.
• A operação, que começou dia 15 de julho e vai
até dezembro, vai abranger uma área de
5.033,72 km quadrados e conta com 620 servidores do Ibama.
• Por imagens de satélites, fotografias aéreas e
outras tecnologias de sensoreamento remoto
serão monitoradas 43 Unidades de
Conservação, 174 Reservas Indígenas e 201
área indígenas.
• Após 50 dias de operação já foram identificadas muitas agressões ao meio ambiente em
Rondônia, Acre, Amazonas, Mato Grosso e
Pará. Até agora foram mais de 100 serrarias
interditadas, muitos acampamentos destruídos, mais de 200 autos de infração lavrados,
cerca de 10 mil animais silvestres apreendidos
e 400 mil nr de toras apreendidas.
□ □ □ O
"O segredo para formar uma
futura geração com alto nível de
aprendizado é um só: engajamento
da sociedade, notadamente
da iniciativa privada".
Do professor Terry Peterson, da Secretaria da
Educação dos EUA, mostrando que a mobilização
da sociedade pela educação vai levar às crianças
um melhor nível de compreensão, de segurança
intelectual e de distância das drogas.
Q O ü □
Contraponto na justiça dos homens: em Brasília, a juíza Sandra de Santis Mello conseguiu transformar o
assassinato do índio pataxó, Galdino Jesus, um crime hediondo, em morte acidental. Nos EUA em
Tampa, na Flórida, o juiz Bob Mitchum condenou, a 15 anos de prisão, dois rapazes e uma jovem por
terem roubado placas de sinalização de trânsito e por esse ato de vandalismo ter causado acidentes fatais
na estrada. Duas teses, duas culturas, duas justiças, duas decisões para atos levados pelas mesmas inconseqüentes "brincadeiras" da juventude. Ambos criaram polêmica, dividiram a opinião jurídica e pública dos
dois países. Enfim, dois passaportes que ajudarão (ou não) a atravessar a difícil fronteira da impunidade.
8
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
21 Dl
:>f
T
FOLHA DO MO AMBIENTE
i IWBRO
Dia da árvore: o sinal da primavera
KALIMASALIBA
Comemorar o Dia da Árvore é
uma tradição em todos os cantos do planeta, desde 1872.
Hoje, essa comemoração é um
sinal de alerta: é preciso conscientizar as gerações futuras a respeito da
necessidade de preservação. Por isso, as escolas aproveitam o dia, e fazem encenações,
cartazes e exposições educativas sobre o
tema.
Mas como não homenagear a árvore, se
dela obtemos o alimento, madeira, água,
sombras, substâncias químicas? Ela assume
um grande papel dentro da natureza, promovendo a manutenção do equilíbrio ecológico, e a fauna se abriga e se alimenta dela.
A preservação do solo se dá com a trama
de suas raízes que evitam a erosão, causada
pelos constantes desmatamentos. Suas
folhas quando caem, a terra agradece pelo
alimento que lhe foi dado.
Para explicarmos essa magia, voltaremos
no tempo para entender a origem desse
ritual.
Túnel do tempo
Desde a antigüidade, os homens acreditavam que as árvores tinham caráter divino,
mágico ou milagroso. Os romanos, para
atrair a felicidade, colocavam no Ano Novo
um ramo de louro à porta de casa. Os
hebreus derramavam óleo vegetal sobre a
cabeça dos ungidos do Senhor. Os gregos e
romanos consagravam bosques e árvores a
seus deuses.
Os povos antigos, principalmente hindus, gregos e romanos, acreditavam na existência de uma árvore da vida, cujo fruto tornaria imortal quem o comesse. Já os chineses, malabares e hindus identificavam certas
árvores como a origem da vida. Segundo a
Bíblia, o paraíso continha muitas árvores, e
a árvore do bem e do mal se encontrava no
A Imponência das Palmeiras no Jardim Botânico
meio dele.
Os cultos reverenciando essa bela obra de
arte da mãe-natureza vêm sendo uma tradição durante vários séculos.
Dedicar um dia exclusivo a ela pela primeira vez coube ao senhor Helin Morton
quando governador de Nebrasca, nos
Estados Unidos, em 1 de junho de 1872. A
iniciativa consistiu em celebrar uma festa
pública com o plantio de árvores. Em pouco
tempo, a idéia foi se espalhando por outros
estados da União norte-americana que passaram a imitar Nebrasca, realizando festas para
render homenagens às árvores.
Outros países, como a Irlanda, seguiram
o mesmo ritual para celebrar o Dia da
Árvore. Na Itália, o Ministro da Agricultura,
Guido Barcelli, no início do século XX,
introduziu a festa da árvore fazendo com
que os escolares plantassem mudas em seus
colégios.
São Paulo celebrou o seu primeiro Dia
da Árvore no início deste século. Em 13 de
junho de 1904, pela primeira vez, em Minas
Gerais, numa cidade chamada Dores do
Indaiá, celebrava-se o "Dia da Árvore", quando foram plantadas diversas mudas na Praça
São Sebastião. Como orador oficial foi escolhido um estudante de 13 anos, que já
naquela época alertava para a necessidade de
plantar árvores e já apontava a derrubada
das árvores como "ameaça à própria civilização".
No dia 21 de setembro, no Brasil se
comemora o Dia da Árvore, e acredita-se que
esse dia foi escolhido por estar relacionado
com a chegada da primavera que ocorre no
dia 22, no hemisfério Sul.
Mas buscando os livros, depois de uma
longa pesquisa, a resposta é que essa tradição
se tornou um costume do nosso povo ao
comemorá-lo a 21 de setembro, mas quando
do início dessa idolatria, podemos ver que
até no mês de junho já se comemorou o Dia
da Árvore.
ZZ
ARVORE
A beleza e alegria das flores coloridas que anunciam a chegada da Primavera
Como se um mestre-escola nos pegasse, de repente,
indagando à humanidade:
o que se deve fazer neste mundo de meu Deus?
Pra viver e ter certeza que a
nossa felicidade se resume na nobreza
dos atos que praticamos,
Quem responde é a consciência!
E os bons frutos que plantamos, mais tarde iremos colher.
É a própria mãe natureza que nos ensina a viver.
Há mil coisas neste mundo que o homem,
sem o saber, deixa às vezes de ver!
Plantas, flores e animais tornam a vida feliz.
Conservemos nossas matas.
Cuidemos de nossos pássaros
Que são de rara beleza
Pois tudo que Deus nos deu
Maria Belém Teixeira Pires
São nossa maior riqueza.
Brasília, 1994
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
y
ambiental
Cerca de 200 pessoas participaram
da primeira teleconferência da
região Sul, que aconteceu no dia
14 de agosto, em Florianópolis,
quando reuniu representantes de
organizações governamentais, pesquisadores,
ambientalistas, representantes de organizações
não-governamentais, professores e técnicos
para discutir a Educação Ambiental. Essa foi a
primeira vez que a equipe do programa de educação ambiental do MEC saiu de sua sede para
realizar transmissão em outro estado.
A abertura do evento foi feita pelo delegado do MEC em Santa Catarina, Jacó Anderle,
que representou o Ministro da Educação,
Paulo Renato Souza. Citando o artigo 225, da
Constituição Federal, Anderle destacou que
sem a educação ambiental não há cidadania
plena. "Para isso, a educação referente ao
ambiente precisa ser encarada com a seriedade
que merece, a fim de levar as pessoas a tomar
atitudes em todos os níveis do ambiente escolar".
Já o delegado do MEC do Paraná, Altevir
Rocha de Andrade, lembrou que antes da questão ambiental ser matéria escolar é um preceito constitucional. As organizações públicas
têm obrigação de procurar as organizações não
governamentais para se estabelecer parcerias e
lutar contra os predadores dos rios, da mata,
do ar e do meio ambiente. "É preciso, urgentemente, que os educadores sejam inseridos
nesse processo, para que possam repassar aos
alunos essa consciência".
A coordenadora de Educação Ambiental
do MEC, Néli Gonçalves de Melo disse que a
região Sul estava dando demonstração de que
já estava acordada para a questão do meio
ambiente. E a prova disso, segundo ela, são os
vários projetos que estão sendo desenvolvidos
nos três estados, envolvendo o poder público,
empresas, escolas e ONGs.
A professora Naná
Minini,
da
Universidade Federal de Santa Catarina, por
sua vez, lembrou que a preocupação pela educação ambiental iniciou em 1972. Em 77,
várias conferências foram realizadas em todo
mundo salientando a necessidade de se chegar
a um desenvolvimento sustentável, com da
educação de boa qualidade, que poderia levar
a uma melhoria do padrão de vida do ser
humano.
Elen Regina Nunes, da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul
destacou que a universidade, com seus trabalhos de extensão universitária, deve desenvol-
ver ações para a capacitação de todos os profissionais. Para ela, os professores que são formados nos seus cursos de graduação precisam sair
das Instituições de Ensino Superior com a
visão de que a questão relacionada ao ambiente precisa ser vivenciada em todas as disciplinas, não deixando esse assunto restrito apenas
a uma área específica.
A Teleconferência da região Sul apresentou
três mesas, tomando os trabalhos mais dinâmicos. A primeira foi política, envolvendo as
autoridades, a segunda, contemplando os técnicos e a terceira, envolvendo os estados, que
tiveram oportunidade de fazer perguntas que
foram respondidas durante a programação.
(Veja as perguntas e respostas na próxima página).
Com a educação ambiental, o cidadão aprende a
conviver deforma saudável com a natureza. Extraindo
tudo de melhor que ela tem a oferecer sem deixar
de respeitá-la e preservá-la.
AI Conferência Catarinense de
Educação Ambiental, será realizada de
16 a 18 de setembro, no Centro de
Convenções do Maria do Mar Hotel. O
objetivo geral do encontro é promover
I CONCHA
espaço para discussão do papel e das
ações de Educação Ambiental no estado
I CONFERÊNCIA
CATARINENSE
DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
de Santa Catarina. O objetivo específico
será a construção do documento de
Santa Catarina para apresentação na I
Conferência Nacional de Educação
Ambiental, que será realizada em
Brasília, de 7 a 10 de outubro, no
Centro de Convenções.
9h
O RESGATE DA HISTÓRIA
9h10
MESA-REDONDA
9h30
OS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
9h35
ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
9h55
INTERATIVIDADE
10h20
METODOLOGIA DE CAPACITAÇÃO
10h25
INTERATIVIDADE
10h50
ENCERRAMENTO
Data: 17 setembro de 1997
Local: Auditório da Embratel de Belo Horizonte-MG
COMO PARTICIPAR:
• Perguntas ao vivo só serão feitas nos auditórios da região Sudeste.
Qualquer pessoa pode fazer perguntas pelo fone 0800616161 ou pelo e-mail
([email protected]).
• Para asssitir por antena parabólica sintonize-a no transponder 6A1, polarização horizontal, freqüência 3910.
10
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
''O TRABALHO COLETIVO PERMITE CONSTRUIR CONHECIMENTOS
>>
Naná Medina
CONHECENDO DIREITOS
|
MEC FAZENDO A
1
E DEVERES: AGENDA 211 EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1
FORMAçãO AMBIENTAL
EM LICENCIATURA
Florianópolis
Florianópolis
Florianópolis
Quando dizemos que Educação Ambiental é realmente formar um cidadão, o aluno e a participação
desse cidadão, sabendo os seus direitos e os seus deveres, o que isso significa?
Além da legislação já existente, o que o MEC está
fazendo para que a Educação Ambiental se realize efetivamente no Brasil, principalmente nas escolas públicas?
O que dizer sobre as abordagens da Educação
Ambiental, os princípios?
PROFESSORA SÍLVIA TRAUCZYNSKI: Vejo que a
Educação Ambiental ao longo desses anos vem sofrendo um
processo de maturação, ainda não está adulta, mas já está
bem madura. O professor precisa, dentro da realidade que
ele vivência, trabalhar os conteúdos com os seus alunos.
Coloco como uma das diretrizes que é básica da Educação
Ambiental, que se trabalhe as realidades e necessidades
daquele público aonde se está inserido, daquele local onde
se está trabalhando. É óbvio que é importante ver a questão
global, mas é fundamental trabalhá-la no local. Outro aspecto que também considero fundamental e coloco aqui aos
professores é a necessidade de registro das informações e
troca de experiências. O registro da informação é básico, histórico, e isso tem que ser feito porque a Educação Ambiental
é uma coisa nova. Temos que registrar tudo o que fazemos.
Divulgar e trocar essas informações.
Temos um documento fundamental que é a Agenda 21,
quase desconhecida no Brasil. Muito se fala nela mas pouco
se sabe sobre seu conteúdo. É necessário que os municípios
procurem discutir e elaborar os seus trabalhos dentro da
Agenda 21. Isso não é só para a questão da Educação
Ambiental, mas para a questão do meio ambiente como um
todo.
PROFESSORA NÉLI: Temos um Programa Nacional de
Educação Ambiental que foi apresentado na Teleconferência
no mês de julho {Folha do Meio, edições 73 e 74), para cumprirmos o que está dentro da Constituição desde 1988. Ele
estabelece diretrizes, linhas gerais para que os estados e municípios criem os seus programas estaduais e municipais de
Educação/sempre observando a parceria, envolvendo a sociedade, as organizações não-governamentais e a universidade.
Temos cinco Programas Nacionais de Educação
Ambiental (PRONEA). Também temos uma outra linha de
ação que é a Capacitação de Multiplicadores em Educação
Ambiental para a Secretaria de Educação e Delegacias do
MEC e, para o próximo ano, teremos um Curso de
Educação Ambiental, com uma série de vídeos, com uma
metodologia que será lançada pela TV Escola, vamos atingir
52.000 (cinqüenta e duas mil) escolas. Essas são algumas das
ações que o Ministério da Educação está coordenando.
CAPACITAçãO DE
PROFESSORES
METODOLOGIA E
Florianópolis
EDUCAçãO AMBIENTAL
Que trabalho o Centro de Educação Ambiental de
Foz de Iguaçu, com as parcerias, tem realizado em termos de capacitação de professores?
Florianópolis
Qual a metodologia mais eficaz para inserção da
Educação Ambiental num trabalho pedagógico interdisciplinar?
PROFESSORA HELLEN: Eu diria que no Rio Grande
do Sul esse trabalho já vem sendo feito em muitas escolas,
como o Programa PrcvGuaíba que está conseguindo disseminar de forma mais sistemática esse esforço em busca de uma
metodologia. Infelizmente, na universidade, a interdisciplinalidade ainda é um sonho, uma utopia. Nós, de forma
muito curiosa, exigimos que os professores tenham na sua
prática pedagógica uma ação interdisciplinar e, no entanto,
não ensinamos nossos alunos de forma interdisciplinar, ou
seja, o que esperamos como resposta não é exatamente o
resultado do nosso esforço. Nas universidades é preciso
repensar a forma de preparação dos professores para que
estes, então na sua prática diária, enxergassem o conhecimento de forma unificada.
PROFESSORA NANÁ: Na metodologia de educação
não existem receitas. Elas devem ser construídas, sobre a leitura da realidade.
PROFESSORA ELIZABETH CARLUCCI (Coordenadora do Centro de Educação Ambiental de Foz do
Iguaçu): Programas de capacitação têm que, além de capacitar, fazer o exercício da conquista e, com a conquista, temos
o multiplicador.
A experiência tem nos mostrado que só pessoas formadas e capacitadas pela Educação Ambiental, comprometidas
a fazer daqueles conhecimentos que foram recebidos, ações
concretas, práticas, com a implementação de projetos que
modifiquem o seu entorno, a sua realidade local, é que vão
ser garantia de continuidade dessa ação de forma indefinida. Não capacitamos pessoas, conquistamos multiplicadores
em Educação Ambiental em nome da causa da Educação
Ambiental dentro da sua região.
PROFESSORA HELEN MAYHE: Em primeiro lugar,
chamo a atenção para o importante papel dos cursos de
licenciatura no que se refere à formação de professores,
porque acredito enormemente no papel do professor, no seu
fazer pedagógico, na sua reconstrução histórica, a partir de
uma prática comprometida com a mudança.
A Universidade tem uma responsabilidade muito grande perante a sociedade, à medida que esses professores são
formados nos diferentes cursos de licenciatura oferecidos
pelas instituições universitárias.
Um aspecto interessante é o caráter inter, agora chamado de transdisciplinar da Educação Ambiental, que tem, de
certa maneira, obrigado os cursos de licenciatura a rever,
inclusive, a sua postura em relação ao conhecimento que
desenvolvem nas suas áreas especificas, à medida que a segregação do conhecimento é uma invenção humana. Pois a
natureza não faz distinção dos diferentes saber que a constituem.
No caso da licenciatura, a Universidade deveria, com o
tripé ensino, pesquisa e extensão, que lhe justifica a existência, desenvolver ações de capacitação de formação de todos
os profissionais.
CONSCIêNCIA
ECOLóGICA
Porto Alegre
Os problemas ambientais estão relacionados com as
questões sócicxulturais e políticcheconômicas e seu
equacionamento exige uma mudança comportamental
da sociedade. Essas mudanças dependem de uma consciência ecológica. Como medir a conscientização de
forma a detectar os resultados da Educação Ambiental?
PROFESSORA SÍLVIA: Adquirir consciência é um processo lento e acontece à medida que ele vai conhecendo o
meio onde vive e vai se relacionando com as pessoas as quais
ele convive. Considero que trabalhar conscientização
ambiental e medi-la é um processo longo, assim como a educação e é um processo permanente.
PROFESSORA HELEN: O processo de avaliação ainda
não está construído e se discute tão pouco que agora temos
até obrigação de começar a investir mais neste aspecto. A
conscientização ecológica é um processo dialético, portanto,
difícil, complicado, porque essa conscientização se dá numa
relação entre a reflexão e a ação. Ou seja, só quando começamos a refletir criticamente sobre os nossos atos é que começamos a mudar.
PROFESSORA NANÁ: É necessário ter em conta que
os elementos quantitativos também me darão informações,
as quais devo interpretar a partir de indicadores qualitativos.
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
11
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
((
NOSSO TRABALHO É PARA OS QUE VIVERÃO NO FUTURO"
Helen Mayhe
CONSCIêNCIA Só
SITUAçõES DE
BUSCA POR VíDEOS
COM A ESCOLA?
CONFLITO
TéCNICOS
Curitiba
Florianópolis
Lages
A transformação da consciência social se dará
unicamente com a ação educativa da escola?
O que nós, profissionais da educação, podemos fazer
para a construção de uma nova visão das relações do
homem com o seu meio, dado a ação de novas posturas pessoais e coletivas se a conscientização ambiental
que hoje existe fica restrita a apenas alguns grupos ainda
organizados em tomo da causa em que encontramos
situações de conflito ao invés de cooperação necessária?
Como obter vídeos técnicos, práticos, para a construção de projeto em nível de região e nas universidades estaduais?
PROFESSORA NANÁ: A educação deve cumprir o
seu papel, ou seja, educar muito bem as pessoas para que
tenham a capacidade de participar na definição dos
modelos de desenvolvimento sustentáveis. Não terei
nenhuma possibilidade de definir, participativa e democraticamente, o modelo de desenvolvimento se não tenho
como entendê-lo, se não consigo saber o que está acontecendo.
A educação é uma grande variável, fundamental,
importante, imprescindível, mas não é a única que vai
resolver os problemas, se não estaríamos caindo novamente na idéia de que a escola, culpada de tudo, vai
resolver todos os problemas.
E nós, educadores, temos brigado muito para que não
seja assim. Das decisões políticas fundamentais, decisões
econômicas, as empresas não podem ficar fora, o setor
produtivo também não.
O setor tecnológico, a universidade - que tem o compromisso de procurar as tecnologias alternativas, as associações de moradores, os sindicatos. O conjunto da sociedade deverá estar preparada até para atender a Agenda 21
que é de alguma maneira, para o próprio desenvolvimento sustentável.
PROFESSORA HELEN: Acredito firmemente que a primeira etapa desse processo seria a construção de uma visão
histórica. Nós que trabalhamos com Educação Ambiental
temos um compromisso com a história futura. Depois, seria
desenvolver a nossa capacidade de avaliação crítica, começar
a tentar entender aquilo que está implícito no discurso. Nós,
provavelmente, não estejamos fazendo nada que aproveitemos neste momento. Estamos construindo um mundo
para pessoas que nem sequer imaginamos como serão no
futuro. Gostaria de contribuir dessa maneira.
PROFESSORA SÍLVIA: Vejo diferente, até por avaliar
também o passado e não só o futuro. Vejo que já avançamos
muito e essa Teleconferência é a prova disso, quer dizer, ela
está aí aberta para que as escolas e as pessoas tenham acesso
à informação. Creio que já não está mais restrita a pequenos
grupos, a grupos fechados.
PROFESSORA NÉLI: Essa é uma pergunta .em relação
a Lei de Diretrizes de Base. A LDB contempla também o
resgate, o formar do cidadão. A Educação Ambiental que
estamos trabalhando é o resgate da cidadania.
Agora, como desenvolver projetos sem o apoio do
Ministério da Educação? .O Ministério do Meio Ambiente
tem o Fundo Nacional de Meio Ambiente que apoia alguns
projetos. O pedido de Projeto de Educação Ambiental foi
tão grande que praticamente o FNA o fundo, está apoiando praticamente 70% dos projetos em Educação Ambiental.
O outro meio é ter apoio financeiro, ou mesmo parceiros, que seriam empresas que estão trabalhando, interessadas
em desenvolver ações de Educação Ambiental. A saída não
é aquela coisa do já, é um processo longo, é o caminho da
parceria, é o trabalho integrado dos municípios e dos estados.
FISCALIZAçãO DA^
MOBILIZAçãO DA
COMUNIDADE
MUDANçAS NOS
POLíCIA AMBIENTAL
Maringá
PADRõES DE CONSUMO
Florianópolis
Caxias do Sul
Nós, da Polícia Ambiental, contamos com um contigente de 230 pessoas distribuídas em 7 pelotões em
todo o estado. Além da atividade de fiscalização, desempenhamos a atividade de Educação Ambiental em escolas, prefeituras, praias. Onde quer que sejamos solicitados estamos realizando o nosso trabalho. Como se vê
a participação dos policiais ambientais em nível de
Brasil no processo da Educação Ambiental?
Considerando que entre os itens propostos peh
Agenda 21 consta a mudança dos padrões de consume
e produção, para que reduzam as pressões ambientais t
atendam as necessidades básicas da humanidade, quais
são as propostas dos governos da Região Sul para qut
esse objetivo seja contemplado?
PROFESSORA ROSEMARI: Em relação à Agenda 21,
o que temos visto no Brasil é que ainda está começando,
Mas, é ela que dá noções de como você pode colocar os projetos do seu município em ação. O que acontece é que a grande maioria dos municípios brasileiros já está desenvolvendo
ações relacionadas às diretrizes e recomendações da Agenda
21.
O que acontece é que esses municípios sequer sabem que
estão fazendo ações relacionadas à Agenda 21. Um documento, em que as ações de meio ambiente, se forem partilhadas,
compartilhadas, têm condições de serem efetivas.
E esse documento também, além de trazer indicações
para o que pode ser feito, traz o que os governos precisam
investir em todas as áreas relacionadas ao meio ambiente.
PROFESSORA NANÁ: Vejo como uma participação
fundamental. Impossível não pensar na participação da
Polícia Ambiental, o próprio nome de Polícia Ambiental já
tira aquela questão que temos associada desde muito antes,
de polícia como repressora. A Polícia Ambiental cumpre um
papel fundamental de esclarecimento da população sobre a
legislação, de estar junto à população compartilhando seus
problemas e, justamente, creio, ela tem um papel fundamental no processo de Educação Ambiental.
SISTEMA
TELEBRAS
Qual a forma de mobilizar a comunidade para que
esta seja mais participativa em programas de Educação
Ambiental?
PROFESSORA NANÁ: A comunidade somente vai se
envolver em problemas que sejam problemas para ela. Em
situações que sejam sentidas por ela, porque o meu problema
pode não ser muito bem o problema da comunidade. Deve
partir de uma reflexão pessoal prévia.
PERSPECTIVA DE
TRANSVERSALIDADE
Curitiba
Como garantir que o professor compreenda e efetive sua
ação na perspectiva da transversalidade?
PROFESSORA NANÁ: Não existe nenhuma forma de
garantir. Agora, podemos fazer um esforço justamente por
introduzir na escola essa dimensão social da Educação
Ambiental, porque ela é a dimensão social da própria educação.
12
<£*•
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
»
"SONHO QUE SE SONHA JUNTO é REALIDADE
Raul Seixas
li
/
6í
Programa Viva Floresta Viva"
O programa de Educação Ambiental "Viva Floresta Viva",
coordenado pela Gerência de
Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, teve seu
início em maio de 1995, quando uma equipe
técnica, constituída por profissionais de diversas instituições e áreas do conhecimento, elaboraram um projeto técnico que serviu como referencial teórico metodológico para o desenvolvimento das ações.
O projeto inicial, entendido enquanto processo a ser construído e aperfeiçoado ao longo
de sua implementação, teve como característica principal a promoção na comunidade catarinense, da incorporação de critérios de sustentabilidade da vida nas relações com o ambiente.
Para que isto ocorresse propôs-se enquanto
ação primeira a capacitação de Monitores de
Educação Ambiental, sendo 23 professores e 23
técnicos da Secretaria da Agricultura/EPAGRI,
os quais foram capacitados num curso de 40
horas. Daí o Plano Estratégico de Educação
Ambiental para o Estado de Santa Catarina,
documento preliminar a ser aprofundado nos
dois cursos regionais: um para professores (40
horas) e outro para técnicos (40 horas) de instituições governamentais e não governamentais. A etapa de capacitação regional realizou-se
em 23 pólos localizados nos municípios onde
estão sediadas as Coordenadorias Regionais de
Educação, Centros Treinamento da EPAGRI e
Companhia de Polícia de Proteção Ambiental,
resultando em 387 Projetos Regionais de Educação Ambiental. Essa etapa de capacitação
regional teve algumas características inéditas na
sua concepção, tais como:
• Capacitação simultânea com apoio de
teleconferências objetivando a aplicação de
novas tecnologias e avaliação do dia de trabalho;
• Parcerias com as Secretaria de Estado da
Educação e do Desporto e Epagri - Empresa de
Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de
Santa Catarina, Cidasc - Companhia Integrada
de Desenvolvimento Agrícola de Santa
Catarina, UFSC - Universidade Federal de
Santa Catarina, CPPA - Companhia de Polícia
de Proteção Ambiental, Casan - Companhia
Catarinense de Água e Saneamento, Celesc Centrais Elétricas de Santa Catarina, Ibama/SC
- Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e
Meio Ambiente, Fatma - Fundação do Meio
Ambiente, Eletrosul - Centrais Elétricas do Sul
do Brasil S.A. e Instituto Larus;
• Distribuição de material didático- instrumental para todos os participantes
• Capacitação de 1.026 multiplicadores
regionais
• Montagem da rede de EA em caráter
experimental.
A etapa seguinte consiste no acompanhamento dos projetos regionais, com a divulgação
de informações contidas no Informativo VFV e
materiais didáticos/científicos, enviados aos
monitores regionais, adesão de novas instituições como a Demec - Delegacia Regional do
MEC, Procuradoria da República em SC, bem
como na realização da I Concea - Conferência
Catarinense de Educação Ambiental, a qual nos
remeterá ao Indicativo de Avaliação do Processo.
t£
Em 7 de setembro, o Brasil comemora sua independência. Nos outros 364 dias do ano,
milhões de micros e pequenos empresários se orgulham de poder contribuir para isso.
SEBRAE
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
Balonismo: 7 dias levando colorido aos céus
13
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
Canoagem-slalom: a aventura em 5000m de obstáculos nas águas bravas
Jogando de bem com a natureza
Atletas e espectadores Irão ver de perto as belezas naturais
thletes from fíve continents will partidpate in
che Ist World Games of
Nature in Iguaçu, on the west
coast ofthe Paraná. The only
rule common to ali the erents,
characterized by their direct contact with nature and their element ofadventure, is respect for
the environment.
The events are divided into tbree
categories: earth sports, air
sports, and water sports. On the
earth games will be fíelded in
golf, cycling (mountain biking),
orienteering, rock climbing,
tríathlon, and equestrianism. In
the air, skydiving and ballooning
will come up. And in the water,
excitement will spring forth in
canoeing (slalom and obstade
course), white-water raíiing, sailing, and fishing (retuming the
físh to the river, of course).
Atletas dos cinco continentes participarão em
Iguaçu, costa oeste do
Paraná, dos I Jogos
Mundiais da Natureza.
Como única regra do evento, caracterizado pelo contato direto com a
natureza e pela aventura, está o respeito ao meio ambiente.
Do dia 27 de setembro a 05 de
outubro, os competidores tentarão
ultrapassar os limites impostos pela
natureza, em provas de esportes
naturais, aqueles que, em contato
com a natureza, o homem supera os
limites por ela impostos.
As provas serão divididas em três
grupos: esportes da terra, ar e água.
Na terra, acontecem as provas de
golfe, ciclismo (mountain bike),
orientação com arco, escalada, triatlon e hipismo. No ar, surgem o
pára-quedismo e o balonismo. E, nas
águas, existem as provas de canoagem (travessia e slalom, a ultrapassagem de obstáculos), rafting (balsas
descendo águas turbulentas), vela e
pesca, devolvendo os peixes ao rio, é
claro.
Como todas as provas serão ao
ar livre, tanto os competidores
quanto os espectadores verão,
de perto, a beleza natural da
região, como as Cataratas do
Iguaçu, na fronteira comum ao
Brasil, Paraguai e Argentina. Há
também, belezas criadas pelo
homem, como o Lago Itaipu.
A promoção do evento, que pretende alavancar a indústria do turismo na costa oeste do Paraná, é do
governo do estado em parceria com
a Itaipu Binacional, a iniciativa privada e os municípios da região.
Gerando emprego
Desde o início do ano a região
de Iguaçu, tem sentido os benefícios
Escalada nas paredes mais ocultas do Iguaçu
da realização dos I Jogos Mundiais
da Natureza. São 16 municípios à
margem do Lago de Itaipu e mais de
440 mil habitantes que ganham
novas oportunidades de trabalho
durante todo o ano de 1997.
Visitando o Paraíso
A costa oeste do Paraná é um verdadeiro paraíso ecológico, que inclui
a floresta de 185.000 hectares do
Parque Nacional do Iguaçu, tombado pela Unesco como Patrimônio
Natural da Humanidade.
Um local onde diversos animais,
já acostumados com a presença do
homem, correm sem medo pelas trilhas por onde se passa para ir aos
mirantes ver as quedas d'água, símbolo e marca da região.
Aliás, ver essas
quedas é um dos
passeios
^
4S
^
S^
apreciados na região. Tanto que o
Salto do Macuco é um dos lugares
mais visitados. De lá, se tem a visão
de uma queda d'água de 20 metros
de altura. Mas, para quem preferir,
existe ainda a opção de passear pelo
rio Iguaçu de barco até as cataratas.
Noutro extremo do município,
nas margens do Lago Itaipu pode-se
encontrar verdadeiros refúgios biológicos que reconstituem a mata
nativa derrubada na época da construção do lago para a hidroelétrica.
Peixes, aves, répteis e mamíferos
são pesquisados e readaptados para
depois serem libertados no lago e
nos refúgios.
Para conservar a memória da
região, o Ecomuseu expõe animais
embalsamados, peças arqueológicas
e mantém um arboreto com plantas
típicas da região. Nesse museu, onde
há aulas de educação ambiental, são
desenvolvidas pesquisas biológicas
sobre vários animais.
Turismo
A força do turismo como atividade econômica não é novidade
nesta região que, além de encantadora beleza, é centro de compras.
É quase impossível visitar a Foz
do Iguaçu, cidade do lado brasileiro,
e não comprar nada. Das mais simples peças de artesanato levadas
como lembranças do local, aos eletro-eletrônicos, o local oferece de
tudo um pouco.
A mesma coisa acontece em
Puerto Iguazu, cidade do lado argentino da fronteira, onde as
^.K
melhores ofertas são de artigos de lã, couro, laticínios,
licores e perfumes, todos eles
produtos que tiveram os seus
impostos reduzidos recentemente
pelo governo argentino.
De noite, restaurantes, boates,
cassinos e discotecas são excelente
opção de divertimento na região da
tríplice fronteira. Em Foz do Iguaçu,
comidas típicas japonesa, alemã, austríaca, chinesa, coreana, portuguesa
e italiana. Um prato cheio para os
visitantes e atletas que forem aos
Jogos Mundiais da Natureza.
Maiores infomações com Antônio
Carlos na Adrenalina Esporte e
Aventura. Fone (061) 3406648.
TERRA, áGUA E AR UNIDOS PELO ESPORTE
14
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
EL NINO
Enchentes no Sul e secas no Nordeste
Governos locais se preparam para enfrentar catástrofes causadas pelo fenômeno climático
MILANO LOPES
Os metereologistas já não têm
dúvidas: um dos sistemas climáticos mais sérios deste século, El
Nino, está ganhando força e
fazendo estragos antecipados.
Termo espanhol para Cristo Menino, inventado pelos pescadores peruanos, por aparecer de
modo mais forte às vésperas do Natal, ele designa uma superfície aquecida de mar de aparência irregular nas áreas central e leste do Oceano
Pacífico ao largo da costa oeste da América do
Sul. A partir daí, os ventos se encarregam do
resto.
Embora se manifeste tradicionalmente em
dezembro, o El Nino este ano chegou mais
cedo. Ao largo da costa do Peru a temperatura
da superfície do Pacífico subiu cinco graus centígrados, mais elevada do que a registrada em
1982/83, tida até agora como a maior manifestação do fenômeno.
Estragos
Os estragos são incalculáveis. Uma estimativa da Administração Oceânica e Atmosférica
Nacional dos Estados Unidos informa que, em
1982/83 o El Nino provocou prejuízos nas
lavouras e rebanhos do Sudeste Asiático, da
Austrália e da América do Sul da ordem de US$
13,6 bilhões. Sua versão 1997/98 começa a
fazer estragos também.
Pelo menos 20 milhões de hectares de terras
aráveis foram seriamente afetadas pela seca no
Norte da China. Já no Sul, 4,4 milhões de hectares foram inundados, ameaçando a colheita de
grãos. A Indonésia, o maior produtor mundial
de café, está sofrendo severa seca que ameaça
reduzir 25% da produção esperada.
Na Austrália, a safra de trigo já está comprometida, e na Tailândia é a cana de açúcar
que teve uma forte queda em sua produtividade. Os pescadores peruanos viram as anchovas
fugirem com o aumento da temperatura das
águas superficiais do Pacífico, enquanto os chilenos transferem suas frotas de barco para as
regiões do mar não afetadas pelo fenômeno.
No Brasil
No Brasil o El Nino se manifesta com chuvas torrenciais no Sul e seca no Nordeste, causando prejuízos nos dois casos. As enchentes
no Sul do Brasil, Norte da Argentina e Leste do
Paraguai, em 1982/83, resultaram em 240 mortes, deixaram 600 mil pessoas desabrigadas e
causaram prejuízos da ordem de US$ 3,0
bilhões.
O estado brasileiro mais afetado pelas
enchentes foi Santa Catarina, principalmente a
cidade de Blumenau, no Vale do Itajaí, onde
choveu mais de 800 milímetros somente no
mês de julho de 1983, deixando a cidade praticamente debaixo d'água por vários dias.
As Regiões Sudeste e Centro - Oeste também sofrem mudanças climáticas, especialmente em relação a chuvas, mais escassas, temperatura do ar e umidade relativa. Porém é a seca
no Nordeste o outro pólo do drama dos cata-
O El Nino, que deveria estar mais forte apenas em dezembro, promete estragos antecipados para este ano: enchentes e secas
rinenses: em 1982/83 milhares de nordestinos
migraram para as cidades em busca de sobrevivência, depois de perderem suas plantações e
rebanhos por falta de chuva.
E o pior: a água faltou para o consumo
humano nas grandes cidades do Nordeste, com
o esgotamento da capacidade dos açudes fornecedores. No Ceará, o então governador Ciro
Gomes mandou construir um canal de mais de
cem quilômetros de extensão, para abastecer
Fortaleza a partir do açude Orós, o maior reservatório nordestino, que ficou com menos de
100/o da sua capacidade.
Preparando-se para o pior
São, portanto, perfeitamente previsíveis, as
conseqüências do El Nino para o Nordeste e o
Sul do País. E por essa razão, os govemos locais
já estão se preparando para enfrentar o perigo.
O Estado de Santa Catarina acaba de aprovar
o Plano de Prevenção e Redução à
Vulnerabilidade, com três objetivos específicos:
Pronto atendimento por parte dos órgãos
de Estado e os não-govemamentais, diante dos
desastres ocasionados pelo El Nino;Inter-relacionamento entre os componentes da estrutura dos govemos federal, estadual e municipal,
para uma ação conjunta em caso de emergência e disponibilização dos meios necessários de
cada órgão da estrutura do Estado e do setor
privado, via convênios e mobilização voluntária. As estratégias para cumprir esses objetivos
envolvem medidas de prevenção, socorro, assistência, reabilitação e reconstrução, entre as
quais se incluem: campanha de prevenção e
conscientização da população; interligação dos
sistemas de previsão hidro-metereológica; canal
de TV exclusivo para comunicação de emeigên-
SUI^iMIAJRY
Meteorologists are without doubt: the climaüc system known as El Nino is
gaining force in one ofits most seríous
manifestetions oftbe century, and is abeady
causing the antidpated damages. A Spanish
teim for the Christ-chiJd, inrented by Peruvian
fisbermen because it appears at its strongest
right before Cbrístmas, El Nino reíers to the
invgular cyde ofheating ofthe surface waters
ofthe central and eastem áreas ofthe Padãc
Ocean along the westem coast ofSouth
America. From theie, the winds do the rest.
Jn China, Thaiiand, Austrália, and Indonésia
the phenomenon is abeady ptovokiag a seriorn
threat to agrkaltme doe to drougbt Thete à
taJi ofa JS% hss in tbt coífee harrest of
Indonésia and part ofthe wbeat hareest ia
Austrália. In Peru, the anchovies have íled
Bom the hotter waters ofthe Padãc, where the
water temperatures have risen up to Sve degrees
Celsius above normal.
In Brazil, El Nião manifests itselfin the torrential rains in the South, inundating dties,
drtving people from thdr homes, as wdl as
causing other damages, while in the North
drought aífects a region inhabited by 30 million people.
Congress and the state govemments are already
preparing to confront El Nino. In the South,
emeigeacy programs are being set up to reduce
the effects offhoding, and in the Northeast,
direct assistmce is being gires to the population wbich has fled from the interior into the
larger dties after iosing thdr fàrms and Bocks.
cia; sistema integrado de alerta e alarme e
Disque Defesa Civil.
O Nordeste está se movimentando com
suas bancadas no Senado e na Câmara dos
Deputados, onde já foram constituídas comissões especiais que atuarão separadamente, com
a intenção de levantar todas as informações
sobre o El Nino e definir um programa emergencial para enfrentar a seca por ele produzida.
Os parlamentares já estão atrasados, pois
em várias regiões do interior no Nordeste a
falta de chuvas está provocando a movimentação de trabalhadores rurais, conhecidos como
"flagelados". No Ceará, o governo do estado
teve de providenciar às pressas a doação de cestas básicas para evitar a invasão ao comércio
nas cidades mais castigadas pela falta de chuva.
Os govemos e os políticos estão em estreita articulação com os metereologistas que, por
sua vez, ficam de olho no Southern Oscillation
Index (SOI), o índice que acompanha as condições climáticas, ao comparar as leituras de
pressão atmosférica medidas no Taiti e em
Darwin, região norte da Austrália, pelas médias
de 30 dias. As últimas medições não deixam
dúvidas: o El Nino está se manifestando mais
forte do que nunca.
Alguns sites sobre o El Nino
http://www.inmet.gov.br/frameset.htm
http://www.inpe.br/
http://www.cptec.inpe.br/products/climana
lise/infoclima/especial2/nino2.html
http://www.cptec.inpe.br/products/climana
lise/cliesp 10a/fig2_6.html
ti
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
15
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
CEARÁ
Um museu vivo, com 190 hectares ao ar livre
MILANO LOPES
Ele fica a 15 quilômetros do centro de
Fortaleza, no ponto inicial da
Rodovia Estruturante do Estado,
numa região de praia e muitas
dunas, com parque, instalações administrativas e auditório, com capacidade para 80 pessoas, a ser utilizado na execução dos projetos
de educação ambiental. Público principal: os
estudantes.
É o Parque Botânico do Ceará, uma parceria entre a Semace - Superintendência do
Meio Ambiente do Ceará - e a iniciativa privada. No parque, um museu vivo da diversidade ambiental do estado, apresentando em
locais específicos espécimes distintas típicas
dos ecossistemas de caatinga, mata de serras,
tabuleiro litorâneo e mangue.
A criação do parque garante a preservação
de uma área de 190 hectares com cobertura
vegetal característica dos tabuleiros litorâneos,
apresentando plantas de diversas espécies e de
grande importância para pesquisadores, professores, estudantes e quem mais se interessar
pela preservação dos bens naturais no estado.
No parque podem, por exemplo, ser
encontradas representantes da caatinga arbó-
portes, alimentação e
materiais em geral.
Segundo o Superintendente da Semace,
Renato Aragão, a abertura do parque, além de
estimular a população a
uma maior conscientização da importância e
da necessidade de preservação do patrimônio natural, vai ampliar
as opções de lazer da
população com áreas
de recreação, realização
de pic-nics e manifestaOperários finalizam a construção do Parque Botânico
ções culturais.
A intenção é prorea do seco sertão cearense e nordestino como mover o turismo ecológico no parque, oferea Catingueira, a Catanduba, o Juazeiro e a cendo ao visitante a oportunidade de conheCarnaubeira, ou ainda elementos da flora do cer os recursos botânicos do Ceará. Para isso,
mangue, como o Vermelho, o Siriuba e o a Semace está em entendimentos com a
mangue Branco.
Federação das Indústrias do Estado do Ceará
- Fiec - visando o estabelecimento de uma parParceria
ceria relativa à manutenção do parque.
Vinte empresas privadas custearam a
Conforme a proposta em discussão, o parimplantação do parque. Desde as nacionais, que seria administrado por uma conselho forcomo a Petrobrás, o Makro, a Gerdau, a mado pela própria Semace, a Fiec, as univerVotorantin e a Andrade Gutierrez, até empre- sidades, a Petrobrás e representantes das
sas locais dos setores de construção civil, trans- empresas que contribuíram para a sua
■^^^■1 '^^^^ .-^^^ ^f^^^-
ONOFRE
jMk
implantação. Ficaria a cargo das entidades
públicas a elaboração da proposta de pauta
das atividades educacionais e científicas a
serem desenvolvidas no parque, bem como a
garantia dos recursos humanos e materiais
necessários.
Para ficar pronto, o Parque Botânico do
Ceará depende apenas da construção de 1,6
km de vias para veículos e de seis quilômetros
de trilhas para pedestres.
■Ca
SUIVliS/lAJRV
Apartnership between 20 prívate
businesses and the environmental
agency ofthe State of Ceará in
northeast Brazil has guaranteed the opening ofa botanical garden, and assured its
on-goiag operations. It will funcdon as a
kind ofliving museum ofthe biodiversity
ofthe region's environment, including the
ecosystems ofthe caatinga (the twisted
trees native to the dríest regions), the
mountain woodhnds, the coastal highlands, and the mangrove swamps.
Tb be ready for its opening the Botanical
Park only lacks the constructioa ofl.6 km
ofvehicle roadways and ofsix kilometers
ofhiking trails, by wbich visitors may
tom the rarious áreas ofthe museum.
IVIIRAIMDA
■Lar ^9 ^^^^.^^^m.
tk
PESQUE
• • •
& PAGUE
Prolifera por todo o pais o sistema
"pesque e pague", com milhares já funcionando a todo vapor. São tanques,
com peixes selecionados para a finalidade, que fazem a alegria, principalmente, das crianças. Os mais modernos
têm restaurantes, quadras para esportes
e brinquedos para a diversão das crianças. Os pais levam seus filhos vivem
momentos de lazer. Na maioria deles
os freqüentadores não precisam levar
equipamentos para a captura dos peixes, pois eles possuem tudo para ser
vendido ou alugado. Peixes encontrados nos pesque e pague: piaus, pacus,
tambaquis, bagres africanos, tambacus,
tilápias e traíras.
% %
NãO MATE A MATA
VEM Aí A PIRACEMA
A partir do mês de setembro começam a aparecer as fêmeas de peixes ovadas, ideais
para a fecundação. É o maravilhoso espetáculo da piracema que acontece em todos
os nossos rios, de norte a sul do Brasil. Nos estados do Mato Grosso do Sul e do
Mato Grosso, durante o período da piracema, que vai até dezembro ou janeiro, é
proibida a pesca amadora e profissional. Por lá os rios ficam livres de todos os tipos
de pesca, permitindo-se apenas o ecoturismo. E isto deveria acontecer em todas as
águas interiores brasileiras, durante a procriação vamos deixar os rios livres de anzóis,
das redes e tarrafas, vamos respeitar a multiplicação das espécies. No vale do
Araguaia, no Pantanal e nos rios do Mato Grosso as redes e tarrafas estão proibidas
durante todo o ano. A pesca profissional, por aquelas bandas é uma atividade permitida, porém sem a utilização de aparelhos de emalhar. Somente assim e com um sistemático combate aos crimes ecológicos poderemos acreditar num futuro melhor para
"Não mate a mata, plante a planta".
Com essa bandeira estou iniciando em
Minas Gerais uma campanha entre os pescadores, com a participação do Instituto
Estadual de Florestas em MG, para que os
esportistas do caniço levem mudas para
plantar nas barrancas dos rios, em seus ranchos ou clube. É plantar e cuidar da árvore, que deverá ser nativa ou frutífera.
Como a grande maioria dos anzoleiros
fica acampada, que também leve mudas ou
mesmo sementes e inicie a recuperação das
matas destruídas pelo homem, com o fogo
e as máquinas. Faça a sua parte e jamais
deixe de denunciar quem está agredindo a
natureza.
os cardumes que estão desaparecendo em ritmo acelerado.
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• • • • ■ •
• *•«••
LEI DE FAUNA
Depois de tramitar durante anos no
Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama, finalmente foi aprovado o texto
final da nova Lei de Fauna, que está para
ser votado no Congresso Nacional. A
imprensa não deu a mínima importância
para isso. Então podemos resgatar o assunto, mostrando o que vai representar para a
bicharada local.
PISCICULTURA
Quase todo o sertão brasileiro é rico
em águas interiores, com uma série de fatores indispensáveis para projetos de criação
de peixes em cativeiro. A piscicultura é um
negócio que dá dinheiro, nossos produtores rurais precisam aproveitar melhor o
potencial de suas lagoas, açudes e nascentes, implantando pequenos projetos de pis-
cicultura. Mas eles precisam de informações técnicas, alevinos e incentivo por
parte dos órgãos governamentais.
Certa vez um velho amigo, fazendeiro
na região do Alto Paranaíba, em Minas
Gerais, disse-me uma frase que gravei para
sempre: "Não tenha dúvida, criar peixes dá
mais dinheiro que criar bois".
IBAMA
O Ibama foi criado, inicialmente,
para cumprir uma missão abrangente e
importante, que era cuidar dos crimes
causados pela poluição em suas várias
formas. Com o tempo passou a acumular o setor pesqueiro, nas áreas profissional e amadora, piscicultura, fiscalização,
animais. Não tem e jamais terá estrutura para fazer tudo isso, como manda o
figurino. Precisa ser reestruturado.
16
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
17
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
POLUIÇÃO
CSN é acusada pela morte de operários em Volta Redonda
Sindicato diz que seis pessoas morreram em acidentes, os jornais dizem que foram sete. Todos concordam que o ar contaminado por benzeno provoca uma espécie de Aids Ambiental
Coord. de Meio Ambiente de Volta Redonda
ZILDA FERREIRA
ACompanhia Siderúrgica Nacional CSN, criada em 1946 e privatizada
em 1993, chegou dia 08 de julho ao
marco histórico de 100 milhões de
toneladas de aço. O feito da maior
siderúrgica da América Latina foi anunciado em
todos os jornais da região.
Mas, por trás da festa, a denúncia da morte
de operários, em acidentes de trabalho causados
por falta de segurança. Segundo os jornais,
foram sete óbitos de 1995 a 1997, seis deles dentro da usina, uma ação no Ministério Público
Estadual por contaminação do ar por benzeno,
outra no Ministério Público do Trabalho pelo
mesmo motivo e um Inquérito Civil Público
(número 4/95), que tem cinco volumes.
As denúncias foram feitas à equipe de reportagem da Folha do Meio ao chegar em Volta
Redonda, cidade que nasceu em 1954, oito anos
após a criação da CSN e por causa da siderurgia se tomou verdadeira caixa de ressonância da
economia brasileira.
Um inquérito foi aberto contra a CSN no
Ministério Público (Federal) do Trabalho, em
1995, a pedido da Associação de Portadores de
Benzolismo ou leucopenia, também conhecida com a "Aids Ambiental" por que, causada
pelo benzeno, reduz o número de anticorpos e
a resistência do organismo. O Ministério
Público confirma a existência do inquérito e diz
que ele pode ser consultado.
O Chefe da Divisão de Controle Ambiental
da Feema - Francisco Tozzi Galvão Filho não
acredita que a CSN desligue os filtros. "O que
está ocorrendo na empresa é uma dificuldade de
operar os equipamentos implantados. É preciso
aprimoramento técnico e maiores gastos em
manutenção", explicou Francisco Tozzi.
Mesmo assim, ele informou que na última
vistoria, no período de 14 a 15 de maio, foram
detectados problemas de poluição da água e do
ar. "Queremos a realização de vistorias mensais,
com a participação de técnicos das agências
regionais e da matriz. Vamos realizar uma grande campanha de monitoramento e a Folha do
Meio Ambiente está convidada a nos acompa-
Rio Brandão (águas mais escuras), que passa pela CSN, ao desenbocar no Paraíba do Sul
nhar", convida Tozzi.
"Fico profundamente irritado quando acordo e passo pela piscina de minha casa e vejo a
água coberta de pó de carvão. Sei que os filtros
da CSN foram desligados e que estou respirando essa poluição, que atinge meus filhos, netos
e todo o povo de Volta Redonda. A qualidade
do ar tem piorado, e o culpado disso é a Feema
(Fundação Estadual de Engenharia do Meio
Ambiente), porque não fiscaliza", desabafa o
vice-presidente da Associação Comercial,
Industrial e Agro-pastoril de Volta Redonda,
Benevenuto dos Santos Neto, 70 anos.
Benevenuto, que hoje é presidente da Caixa
de Beneficiários dos Empregados da CSN, local
onde trabalhou por 39 anos, também já foi diretor de três empresas do grupo Siderbrás e ex-prefeito de Volta Redonda (1982/1985).
A CSN diz que as denúncias não são verdadeiras "a empresa opera 24 horas por dia, sendo
que os filtros estão interligados aos equipamentos de produção. Devido à falta de chuvas neste
período, muita vezes somos levados a interpretações errôneas de fenômenos ambientais, princi-
palmente à noite", disse Maria Alice Miranda, da
assessoria ambiental da empresa em fax remetido à Folha do Meio.
Maria Alice continua no faz "a CSN instalou
vários equipamentos de aferição da poluição
atmosférica, reduzindo sensivelmente a emissão
de particulados para a atmosfera. Como exemplo, ela cita os cinco precipitadores eletrostáticos,
instalados nas sinterizações 2, 3 e 4, que reduziram cerca de 51 ton/dia de pó que eram lançadas na atmosfera de Volta Redonda."
O Coordenador de Meio Ambiente de Volta
Redonda, Luiz Carlos Rodrigues, disse que não
tem condições de comparar se as condições da
água e do ar haviam piorado ou melhorado na
região de Volta Redonda, porque não dispõe de
dados. "Estou tentando fechar um convênio com
a Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ
e com a Universidade Federal do Rio de JaneiroUFRJ para obter dados isentos e poder acompanhar o monitoramento das condições ambientais do município. Por enquanto o que posso fornecer são essas imagens", disse mostrando fotos.
(Continua na próxima página).
Ol^l^rl l\rlA^J^^: ■
ne day aãer cekbrating reaching (onjuly 8)
he historie milestone oflOO million tons
f
ofsteel, CSN (the Companhia Siderúrgica
Nacional) was aceused ofresponsibility for the
death ofworkers in accidents caused bylack of
security. According to nem reports, between 1995
and 1997 there were regjstered seven fatalities, six of
which took place inside the steel mill, one lawsuit
in the State Pubic Ministry chaiging contamination
ofthe air with benzene, another ofthe same nature
in the Public Labor Ministry, and a Public Civil
Inquiry (number 4/95) amounting to five volumes.
The charges were made to a team ofreporters írom
the Folha do Meio Ambiente upon their arríval in
Volta Redonda. This dty was bom in 1954, eight
years aãer the aeatíon ofCSN, and because ofthe
steel mills has become a veritable sounding board
for the whole Brazilian economy, presenting a
cleaier, grander and crueler image ofthose transformations aõlicting the country as a result ofthe
globalization ofthe economy.
A formal inquiry was opened against CSN in the
Federal Public Ministry ofLabor in 1995 at the
request ofthe Association ofVicüms ofBenzolism,
or leucopenia, otherwise known as the "environmental AIDS" because it causes, thtough exposure
Cl
to benzene, a reduetion in the number ofandbodies and thus lowers the bod/s resistance to iníection. The Public Ministry conãrmed the existence
ofthis inquiry and the availability ofits documentation for public inspectíon.
The Environmental Secretary of Volta Redonda,
Luiz Carlos Rodrigues, explained that there is no
way to confirm that the condition ofthe water and
air have worsened over the years in Volta Redonda,
due to the lack ofearlier data. "I am trying to
negotiate a deal with the State University ofRio de
Janeiro (UERJ) and the Federal University ofRio
de Janeiro (UFRJ) in order to fill in the missing
data and to monitor more closely the environmental conditions in the dty." CSN denies the validity
ofthe accusatíons. According to Maria Alice
Miranda fiom the environmental oíHce ofCSN, in
a fax submitted to the Folha do Meio, "the mills
operate 24 hours a day, during which time the íilters are interconnected with the produetion equipment. Due to the lack ofrain during this period,
ermneous interpretations oãen arise conceming
'environmental phenomena', esperíally at night."
Volta Redonda, with 226,534 inhabitants, lies 143
kilometers fiom Rio de Janeiro. Until 1954 it was
a district ofBarra Mansa.
Preserve suas amizades de infância
21 de setembro, dia da arvore
Ministério
dos
Comunicações
0
Brasfl
EM ACAO
18
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
Poluição da CSN atinge até o Rio de Janeiro
Pior do que a poluição do ar, que provoca o Benzolismo e que o visível
depósito de carvão nas folhas e nas
varandas das casas é a poluição do
Rio Paraíba do Sul, que abastece mais de dez
milhões de pessoas, inclusive 80% da população da cidade do Rio de Janeiro.
Neste caso, ao contrário do da poluição do
ar, já comprovada, não há dados confiáveis.
Enquanto isso, Miguel Archanjo, engenheiro químico, e durante 20 anos coordenador da Feema no interior do Estado do Rio de
Janeiro, diz que a situação em Volta Redonda
piorou muito depois da privatização.
"A produção aumentou muito e não
foram feitos os investimentos necessários em
equipamentos para controle da água e do ar",
diz o chefe do Departamento de Meio
Ambiente de Barra Mansa (cidade vizinha a
Volta Redonda), engenheiro Miguel
Archanjo.
"Atualmente não posso precisar as quantidades de poluentes jogadas pela CSN. No
entanto, tenho certeza que a CSN continua
jogando no Rio Paraíba do Sul óleos, graxas,
resíduos sólidos, metais pesados, senol, cianetos e organoclorados, que são altamente cancerígenos. No ar.vapores de benzeno, tolueno,
oxi de nitrogênio e oxi de enxofre", adverte
Archanjo.
"Na parte hídrica a CSN já investiu, em
controle do meio ambiente, U$ 200 milhões"
diz Maria Alice.
^^^Z [^
Segurança
Seis mortes, todas depois da privatização,
no período de 1995 a 1997, uma em 1995, quatro em 96 e uma em 1997. "Eis o saldo da falta
de segurança dentro da Usina Presidente
Vargas, da CSN". A denúncia, seguida de um
apelo às autoridades federais para que resolvam o problema foi feita pelo diretor do
Departamento de Saúde da CUT - sul fluminense - Vantuir Corrêa.
O sindicalista ressalta que muitos acidentados ficaram com seqüelas graves e alguns
faleceram após o acidente, enfatizando que
apenas as mortes dentro da empresa foram
contabilizadas pela Central. Corrêa denunciou
também o aumento de 52% de casos de câncer, principalmente de fígado, na região. Não
há comprovação, mas muitos acreditam que
sejam em virtude da poluição da água do Rio
Paraíba do Sul.
A secretária de Saúde de Volta Redonda, e
também vice-prefeita, Maria Aparecida Digo,
especialista eni medicina do trabalho, informou que as duas tentativas de fiscalização da
saúde na CSN foram frustradas. Ela não entende porque a empresa não quer a transparência
de suas ações, o que seria bom também para a
imagem da Companhia.
Fátima Sueli Neto Ribeiro, coordenadora
em exercício de Saúde do Trabalhador e Meio
Ambiente, da Secretaria Estadual de Saúde
registra seis mortes confirmadas; "Uma em
1995, quatro em 1996 e uma em 1997, todas
^^S
Conforme um acordo assinado em 1994
entre o estado do Rio de Janeiro e a CSN, através da Feema, a maior dívida ambiental do país
seria paga em cinco anos. Através dele a CSN
se compromete a gastar R$ 100 milhões em
equipamentos, obras e serviços, pagando assim
antigas multas ambientais.
Segundo dados oficiais da Feema, até julho
de 1996, a CSN investiu R$ 21.183.000 no
combate à poluição (RS 15.668.000 contra a
poluição atmosférica, R$ 1.148.000 contra a
poluição acidental, R$ 4.367.000 contra a
poluição hídrica), o que, em 36 meses, não
chega a 25% do montante acertado para cinco
anos.
Outra dívida da CSN, prevista era acordo
feito à época da privatização (em 1993) é a do
Passivo Ambiental Compensatório - PAC -, no
valor de R$ 52 milhões. Uma espécie de indenização ambiental paga à cidade de Volta
Redonda.
Mas a prefeitura aceitou um acordo para
receber R$ 16,5 milhões. Mas este acordo está
sendo contestado na justiça por diversas entidades, dentre elas a Comissão de Direitos
Humanos. O processo está em Brasília, já em
terceira instância.
"Até o final do ano de 1999, a companhia
deverá investir mais U$ 80 milhões confoime
compromisso o firmado em 1994", diz Maria
Alice Miranda da assessoria ambiental da CSN.
E completa "cerca de 85% dos itens constantes do referido termo de compromisso já
foram cumpridos até a presente data".
documentadas, creio que até em inquérito
policial. Além disso, todos os jomais da região
divulgaram enquete entre os metalúrgicos na
qual eles asseguram que as mortes foram
decorrentes da falta de manutenção do alto
forno"- finalizou a coordenadora de saúde,
mostrando os jomais do ano passado, quando
morreu a quarta vítima.
Sueli diz que há três anos pede à CSN que
forneça dados oficiais sobre doenças ocupacionais e mortes, mas não os recebeu.
Em pesquisa nos jornais de Volta
Redonda, a Folha do Meio encontrou o registro de sete mortes. As seis anunciadas por Sueli
e Vantuir e mais uma, fora da usina.
Com mestrado em saúde pública, Fátima
fala, também, de um dado intrigante: aparecimento de uma grande incidência de leucopenia na construção civil em Volta Redonda,
nos últimos anos.
"Quando apresentei esses dados de leucopenia na construção civil, em congressos, as
pessoas ficam perplexas, porque a doença, causada pelo benzeno, não é típica desse setor.
Mas é muito simples de entender: a CSN tem
terceirizado, sempre que pode, todas as atividades de alto risco", explicou a sanitarista,
desolada com a constatação.
"Não sei se as condições de saúde do trabalhador melhoraram ou pioraram na CSN
depois da privatização. Não posso opinar por
que não tenho dados. Ainda não consegui efetuar uma fiscalização na empresa. A primeira
vez que tentamos, após a privatização, fomos
impedidos porque a CSN não concordava com
nossa equipe técnica, só aceitava o fiscal.
Tentamos um acordo, mas não foi possível. Da
segunda vez a empresa conseguiu o adiamento
da fiscalização, pela justiça. Não entendemos
esse temor"- ironizou Fátima Sueli.
Para a CSN privatizada foram previstos,
até o ano 2000, mais de um bilhão de dólares
em investimentos tecnológicos do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social - BNDES. Teoricamente, de acordo com
a legislação Federal, a CSN só receberia esses
recursos se estivesse inteiramente legalizada em
relação a questão ambiental.
* Volta Redonda, com 226.534 habitantes, fia a
143 quilômetros do Rio de Janeiro e até 1954 era distrito de Barra Mansa. O local foi escolhido pelo presidente Getúlio Vargas, em 1941, para sediar a siderúrgica por que ficava entre o Rio e São Paulo e havia a
água abundante do Rio Paraíba do Sul.
E
Um pouco
de história
Além da poluição do ar e da água
a cidade vive a tortura do desemprego. A CSN antes de ser privatizada
tinha 22 mil funcionárioí Atualmente tem 12 mil e a meta é reduzir
para 4 mil e alcati&r uma produção
de 200 milhões de toneladas de aço,
nos próximos dez mos, informa Dom
Waldyr Calheiros, bispo progressista,
74 anos e desde 1966 em Volta Redonda.
4
A empresa começou a funcionar
em 1946, no governo de Dutra. Até os
anos 60, a importância do^fto é?u à
empresa um dos melhores desempenhos do mundo. Mas os prejuízos
foram se acumulando com a ma gestão. No governo Collor, a CSN foi
ameaçada de fechamento. £<g abril de
1993, foi privatizada pelo presidente
Itamar Franco. *
m
Atualmente, aex-esftital é um conglomerado. Benjamim Steinbruch,
presidente do Conselho Administrativo da empresa, ampliou a área de
atuação da CSN, antes restrita à siderurgia. A Companhia é dona de 25%
da empresa que controla a Vale do Rio
Doce, outra ex-estatal. O grupo também comprou 7,25% das ações, com
direito a voto, da Light, companhia de
energia elétrica do estado do Rio de
janeiro.
Mas não é só isso. A CSN tem o
aço, a energia elétrica, o ferro e as ferrovias. Na área de serviços a empresa
conseguiu a concessão para explorai o
terminal de carvão do Porto de
Sepetiba (RJ) e ainda tem participação
em três das seis malhas privatizadas
pelo governo: Ferrovia CentroAtlântica (12,5%), malha Sudeste
(20%) e a última aquisição, em julho,
20% da malha Nordeste.
Para preservar os grandes momentos em Brasília, basta preocupar-se com
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FOLHA DO MEIO AMBIENTE
PONTO DE VISTA
O Exército na Amazônia
Gen. Marco Antônio Sávio Costa
Inspirado pelos artigos publicados nos últimos meses na Folha
do Meio Ambiente, resolvi
abordar um tema que, inclusive, poderá servir para melhor
esclarecer a maior parte dos leitores
deste excelente órgão de imprensa.
Pouco se publica sobre o importante papel desempenhado pelas
Forças Armadas no nosso país, particularmente na Região Amazônica.
Não me refiro à imprescindível atuação na defesa de fronteiras e manutenção da soberania nacional, nas áreas mais
inóspitas. Esta é, inclusive, a principal de suas
atividades-fim.
Entretanto, através de ações e de chamadas
complementares, as Forças Armadas marcam
presença nos Estados da Amazônia com inúmeros trabalhos de apoio à saúde, educação e meio
ambiente.
Estes se concretizam por meio de convênios
instituídos com órgãos federais e estaduais e, em
menor número, com entidades privadas.
No apoio à saúde das populações fronteiriças existe convênio firmado com a Secretaria de
Saúde do Estado de Amazonas (Sesau), pelo qual
são realizados atendimentos ambulatoriais pelos
militares de saúde que servem nos Pelotões
Especiais de Fronteira (PEF), cabendo à Sesau o
fornecimento de medicamentos e a intermediação do repasse de recursos financeiros do SUS,
correspondentes aos atendimentos realizados.
Ao Comando Militar da Amazônia (CMA)
cabe a distribuição dos medicamentos. Uma
conseqüência prática foi o recente combate, com
resultados positivos, ao surto de malária em
Estirão do Equador (Amazonas).
Desde 1994, também, foi firmado convênio
com o Ministério da Saúde, proporcionando
uma saudável parceria com o Ministério do
Exército, no que tange à assistência médica e
odontológica, além de apoio a atividades laboratoriais.
Com recursos da ordem de R$ 2 milhões de
reais, o CMA adquiriu 5 ambulâncias toyota
para atender os postos de saúde dos PEF, localizados em municípios ligados por estradas rodoviárias, e 17 gabinetes odontológicos, além de
medicamentos, alimentos especiais e materiais
de consumo específicos.
Inspired by articles published in the Folha do
Meio Ambiente over the past few months, I
decided to broach a subject which, among other
things, might serve to enligbten a kige segment of
thereaders ofthis exceüent otgan ofthepress. Very
litde has ever been pubhsbed conceming the role
performed by the Àmed Forces in service to this
country, partícularly in the Axnazon Re&on. I do
not refer to theii indispensable duty performed in
deknse ofthe national borders and in protecüon
ofuationd sovereignty, in the most iohospitable
condMoos and áreas. That is, afier ali, their prímíTy tesponsib&ty.
Nemtbeíess, tbtough wbít might be called comphmentary actioas, the Anoed Fortes have made their
mark oa the States ofthe Amazon Region,
throtigh inomneoéle pmfects in mpport ofheaíth,
19
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
Acordo entre o
CMA e o INSS, proporciona condições legais
para a realização, por
médicos do Exército, de
exames médico-periciais
em civis residentes em
Tabatinga, Yauaretê e
São Gabriel da CaRk| choeira, no Estado do
1 Amazonas e de Caracaraí, no Estado de Roraima.
Na área da Educação, a Força Terrestre
faz-se presente, com convênios com as Secretarias de Educação dos Estados do Amazonas e
Roraima.
No primeiro, permite a coordenação na
faixa de fronteira do Estado das atividades de 15
escolas e 1 intemato, perfazendo um total de
8.335 alunos de P e 2* graus com 1.219 instruendos em 17 áreas profissionais. Envolve 337 professores e 158 funcionários civis estaduais, ao
lado de expressivo número de militares do
Exército.
Em Roraima, foi implantada e colocada em
funcionamento uma escola de l1 Grau na localidade de Surucucu.
Com 13 telepostos, nas sedes de PEF e outras
Oiganizações Militares fronteiriças, complementa a educação e alfabetização de jovens e adultos.
Com o objetivo de reduzir o contrabando
de madeira da Amazônia e colaborar no controle da fauna e flora, foi firmado convênio, em
1994, com o Ibama. Esta ação conjunta permitiu a apreensão de mais de 11 mil toras de
madeira em situação irregular, quelônios e peixes, moto-serras e um número significativo de
animais silvestres.
Estas são algumas realizações de militares do
Exército na Amazônia fora de sua atividade-fim
e que não são difundidas. A Instituição não
divulga estas atividades, por ter uma postura tradicional e cultural de modéstia: fazer sem dizer,
dar sem esperar outra retribuição além da consciência de dever cumprido. E, às vezes, a mídia
tenta desvalorizar, em razão de uma ultrapassada "miopia" ideológica, as ações desenvolvidas
pelos militares brasileiros em prol da população
do Brasil, em especial daqueles que residem em
áreas longínquas onde o poder público pouco
ou nada atua.
£2
education, and the environment These have been
carried ovt in partnersbips formed with federal and
state agencies and, to a lesser extent, with prívate
insdtudons.
In support ofbealth services to the frontier population, there is a contract with the Secretaiy of
Health ofthe State of Amazonas (Sesau) under
which mobile bealth clinics are pmvided by military medicai teams serving in the Special Frontier
Platoon (PEF) in retum for which the Secretary of
Health (Sesau) provides medicai suppUes and ãnmdal resomves cbanneled ãom SUS ia accordance
with the services pmvided. The Miiitary
Command o f Amazônia (CMA) is respomible for
tbedistríbutioaof the medicai suppUes. Arecent
case in point was the vktorious combat ofthe outbxeak of malária ia Estirão do Equador, Amazonas.
QUALIDADE VERDE
3iivioNfE SIL-VA «JARDIM
PECHINCHA PARA O SETOR DO FUMO?
Os fabricantes de cigarros dos EUA concordaram em pagar cerca de US$ 370
bilhões durante os próximos 25 anos - bem
mais que o esperado - para fechar um acordo histórico, no qual também aceitaram a
fiscalização incondicional da FDA, abrindo
caminho para que a agência ordene a gradual redução do conteúdo da nicotina nos
cigarros tragados na terra do Tio Sam. Em
troca, a indústria tabagista conseguiu uma
grande concessão. Segundo o acordo, indivíduos que entrarem com ações judiciais
contra o setor reclamando que o fumo prejudicou sua saúde só terão direito a pedir
compensação, excluindo, assim, a possibilidade de indenizações punitivas. Entre as
cláusulas "sociais" do acordo, estão previstas
punições financeiras adicionais contra companhias de tabaco se o hábito de fumar
entre os menores não cair em 30%, dentro
de cinco anos, e 60% dentro de 10 anos. Ma
esse acordo só se manterá com o aval da
Casa Branca e respectiva legislação aprovada pelo Congresso.
MONITORAMENTO NO
TRILHAS: NEGóCIO
VALE DO PARAíBA
O Inpe começou a colocar em prática
o Programa de Monitoramento Ambiental
do eixo Rio-São Paulo (Marsp), que por
meio de uma rede formada por 60 estações
meteorológicas automáticas fornecerá
informações detalhadas sobre o tempo e o
monitoramento ambiental do Vale do
Paraíba para serem usadas por prefeituras,
defesa civil, meios de comunicação, setor
turístico, cooperativas agrícolas, companhias aéreas e público em geral. Detalhe: no
litoral norte, o programa dará especial atenção para o monitoramento da radiação
ultravioleta na faixa B, responsável pelo
câncer de pele. O Marsp também fará o
monitoramento da poluição atmosférica
na região, uma das mais populosa?, e industrializadas do País. Com as informações
científicas disponíveis, as prefeituras do
Vale estarão mais embasadas, por exemplo,
para tomar decisões de caráter sócio-econômico, como planejamento e localização de
novos parques industriais, considerando a
eficiência da dispersão de poluentes em
função das condições físicas e meteorológicas do local
DE
US$ 6 BI
Quanto vale uma longa caminhada a
pé, uma viagem no dorso de um elefante,
um "rafting" emocionante na corredeira
de um canyon ou uma escalada no
Everest? O ecoturismo ou turismo de
aventura é uma modalidade que deslanchou a partir desta década, e já representa
entre 5% e 8% do turismo internacional,
devendo chegar a 15% em 2005, de acordo com a World Travei & Tourism
Council, que organiza as estatísticas do
turismo mundial. Em 1995, o ecoturismo
brasileiro movimentou US$ 4,4 bilhões e
a atividade cresce 20% ao ano, tem um
público de 2,5 milhões de praticantes e
300 agências especializadas, de pequeno
porte, criadas por biólogos, fotógrafos,
esportistas educadores e jornalistas. Mas
apesar do desenvolvimento do ecoturismo
nacional, o Brasil ainda ocupa uma posição secundária na América Latina. Países
com PIB e superfície inferiores, como o
México, Argentina, Uruguai, Porto Rico e
República Dominicana, estão à frente.
CONTABILIDADE NA ERA DA ECOLOGIA
O Instituto Brasileiro de Contadores,
Ibracon, foi um dos primeiros organismos
do mundo a fixar procedimentos sobre os
ativos e passivos ambientais. Em sua publicação NPA 11 Balanço e Ecologia, afirma,
logo na introdução, que "a crescente conscientização que a Humanidade adquiriu,
nos últimos dez anos, culminando com a
Rio-92, deve estar refletida, daqui para a fren-
te, nas demonstrações contábeis e relatórios
das administrações das empresas, que devem
ajustar-se a um novo mundo, no qual metas
ambientais, além das econômicas, terão de
ser alcançadas, rigorosamente. Essa é a nova
cruzada que a contabilidade brasileira deve
empreender. Ela é algo superior, oportuno,
necessário e de grande alcance para a humanidade".
PARA NãO PASSAR EM BRANCO.,,
No mês passado, o Japão liberou para consumo duas mil toneladas de carne de baleias
capturadas "para estudos" - esse volume corresponde a nada mais, nada menos que 440
baleias-anãs capturadas na região da Antártica. Esta que foi considerada a maior venda de
todos os tempos, foi promovida pelo Instituto de Pesquisas de Cetáceos, órgão diretamente contratado pelo governo japonês para a realização de estudos científicos sobre o animal.
O negócio resultou em um faturamento bruto de US$ 31 milhões.
®
20
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
A PETROBRAS ESTA
PATROCINANDO O
MAIS BONITO SHOW
DE MÚSICA QUE
ACONTECE NO MAR:
O CANTO DA
BALEIA
JUBARTE.
Você pode não acreditar, mas a Baleia Jubarte produz uma seqüência de sons que formam uma verdadeira música. Mas, infelizmente, esta talentosa espécie acabou sendo vítima da
caça indiscriminada. Sabendo disso, a Petrobras tomou a iniciativa de patrocinar o Instituto Baleia Jubarte, que já atuava em defesa da espécie no Parque Nacional Marinho dos
Abrolhos. A partir daí, passaram a estudar, pesquisar e desenvolver projetos dirigidos à comunidade e aos turistas do Parque, despertando a consciência conservacionista e a
educação ambiental. Uma conquista que está enchendo a Petrobras de orgulho. Afinal de contas, a Baleia Jubarte vai poder continuar cantando e encantando a todos.
PETROBRAS
Ministério
de Minas
e Energia
0.
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EM ACAO
FOLHA DO MEIO AMBENTE
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21
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
A Folha do Meio
conta com você
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L» J4 I EL
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DEPARTAMENTO PE FILATELt.4
íw"
Árvores em selo
Viajar pelo Brasil com
os selos postais, conhecendo suas peculiaridades, é
uma grande aventura.
Mas precisamos, primeiramente, estabelecer um
plano de viagem. Que tal
um passeio rápido pelas
espécies de árvores que já
foram estampadas em
selo? Podemos começar
por nosso mais recente
lançamento sobre a Flora
da Amazônia, que enfoca o Mogno.
"Uma das espécies brasileiras mais
valiosas, devido à beleza de sua madeira e à facilidade com que pode ser trabalhada na fabricação de móveis. Estas
características aumentaram sua cotação
no mercado internacional e, conseqüentemente, sua exploração, colocando-a em perigo de extinção."
O texto acima mostra a preocupação da Empresa Brasileira de Correios
e Telégrafos com a maneira desequilibrada com que se utiliza nossas fontes
naturais, mais especialmente as arvores.
É de se notar também, a necessidade de
preservação que faz parte da mensagem
divulgada nos selos.
Descendo rumo ao nordeste, encontramos na série em homenagem à
Sociedade Botânica do Brasil, o Sabiá-dacaatinga, espécie que fornece madeira de
excelente qualidade para atender as
necessidades básicas da vida do nordestino, tais como a produção de estacas,
mourões, dormentes, lenha e carvão. Sua
folhagem é muito apreciada pelos ruminantes, especialmente no período de
estiagem.
Já o Pau-brasil, espécie que deu origem ao nome do nosso país, e que habitava as matas costeiras desde o Rio
Grande do Norte até o Rio de Janeiro,
atualmente encontra-se em vias de extinção, com sua ocorrência silvestre restrita
aos estados do Rio de Janeiro, Bahia,
Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Chegando ao sul, mais particularmente à Serra Geral, entre Santa Catarina
e Rio Grande do Sul, temos os selos do
Parque Nacional de Aparados, em cuja
emissão vemos a presença imponente da
Araucária, árvore típica daquela região
tão rica, marcada pela diversidade tanto
de espécies da flora e fauna, quanto de
formações geológicas.
Como podemos ver na série Defesa
do Meio Ambiente, enfocando o Parque
do Iguaçu, mais precisamente no selo
abordando o Ipê-amarelo, uma espécie
Cada minuto que passa a Terra inteira quer saber como
anda a qualidade de vida do homem, das matas, dos rios,
do mar, dos peixes, do solo, dos bichos, do ar, das aves...
Em que planeta viveremos na virada do milênio?
Que Terra vamos deixar para nossos filhos?
que também embeleza o Planalto
Central. As suas árvores de tortos troncos,
grossas cascas e cuja aparência, a princípio estranha, assume contornos suaves
quando se percebe que é justamente essa
aparência que as mantêm vivas no clima
seco que caracteriza o Centrooeste, principalmente no período que antecede a
primavera. A beleza por trás da rude realidade do cerrado pode ser vista na emissão assinalando o Jardim Botânico de
Brasília e particularmente o pequizeiro,
tão forte na culinária da região.
Mas esta é apenas uma pequena viagem, uma breve amostra da árvore nos
selos postais brasileiros. Não se pode
esquecer que muito da beleza natural de
nosso país se deve justamente a matas, florestas e parques nacionás, onde espécies
as mais diversas se multiplicam em cores
e vida.
Faça você também sua viagem, com
os selos de sua coleção. É certo que você
conseguirá, e caso não tenha selos que lhe
possibilite ver a beleza das árvores em sua
coleção, entre em contato conosco:
Há nove anos, um grupo de jornalistas brasileiros firmou esse compromisso: fazer um jornal que pudesse ajudar na luta por um futuro comum mais sadio, por uma melhor qualidade de vida das pessoas, pelo
resgaste da cidadania, pelo uso racional dos recursos naturais, pela educação e conscientização dos habitantes deste planeta.
Um jornal que ajudasse as pessoas a entender que o lixo é sujo, mas pode gerar riquezas... que a água é
vida, mas pode trazer a morte... que o ar é tudo, mas pode ser o nada... que o agrotóxico é remédio, mas
pode ser veneno... que o solo é rico, mas pode ficar pobre... que o carro nos conduz, mas o trânsito é um
inferno... que a Terra é linda, mas...
Você está recebendo mais uma Folha do Meio. É a do Ano 9, edição 75.
Você quer dar uma força para quem faz a Folha do Meio?
Você quer ajudar a gente a levar em frente tantos compromissos?
Lembre-se: a melhor maneira de controlar o futuro é construindoo. O homem só vai dominar a natureza pelo conhecimento e entendimento. Nunca pela força.
Se você está, mesmo, preocupado em saber em que planeta viveremos na virada do milênio, junte-se a
nós.
Participe do projeto Folha do Meio! Como? Muito simples: escrevendo, dando palpites e fazendo sua
assinatura. Mais ajuda? Mais assinaturas. A cada dez assinaturas que você conseguir, você ganhará uma
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Telefone w"^ (061) 321 -3765 - Fax: (061) 321 -7357
Departamento de Filatelia
SCS Quadra 4, n* 256, Ed. Apoio, 7*
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70300-500 Brasília-DF
Tel: (061) 317-1800
Fax: (061) 224-7460
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Estado
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22
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
RECURSOS HÍDRICOS
Agua: a hora é de aliar o discurso à prática
O Movimento de
Cidadania pelas
Águas, da Secretaria
Nacional de Recursos
Hídricos, tem como
objetivo a participação, pela mobilização
em tomo de um
objetivo comum: o
de garantir água
com quantidade e
qualidade para
todos, sempre.
FMA - Existe uma preocupação a respeito
da preservação do meio ambiente. Mas o que
vem sendo feito para resolver os problemas?
Romano - As agressões ao meio ambiente,
que ameaçam e degradam os recursos naturais
e as variadas formas de vida, inclusive a humana, têm esbarrado nos últimos tempos com o
inconformismo de múltiplos segmentos que,
preocupados com o problema, se mobilizam
para discutir e encontrar soluções para essa
questão. Prova disso está nos dois eventos ocorridos durante o mês de junho, em Minas Gerais: o seminário "Gestão de Recursos Hídricos
na Bacia do Paranaíba", e o workshop "Erosão
e Recursos Hídricos na Bacia do Rio Doce".
FMA - E esses eventos resolvem, são bons?
Romano - Bom seria que a realidade fosse
outra e não precisássemos reunir pessoas para
discutir alternativas e apontar caminhos com
a finalidade de consertar o que está errado. Sai
muito mais caro, e os exemplos aí estão, para
comprovar que prevenir é melhor que remediar. A despoluição do rio Tietê, por exemplo,
que nunca se completa, apesar de aparentemente nada ter a ver com o resto da sociedade fora
de São Paulo, implica na pressão sobre os orçamentos e dificulta a busca de recursos externos
(os nossos financiadores questionam o porquê
de novos empréstimos, se não conseguimos
concluir antigos investimentos).
FMA - E existe algum exemplo de mobilização social?
Romano - Sim, as comunidades instaladas
nas áreas das bacias do Paranaíba e Rio Doce
estão trabalhando em tomo dos problemas
constatados por lá. Isso nos mostra que novos
conceitos sobre a gestão da água estão sendo
absorvidos pelas instituições, lideranças e
núcleos dessas localidades. Por esse caminho,
sendo feito?
Romano - Os estudos feitos
pela Secretaria de Recursos
Hídricos indicam que um bom
manejo de irrigação pode reduzir
de imediato 20% do consumo de
água, além de melhorar a qualidade do meio ambiente. A
Secretaria de Recursos Hídricos
do Ministério do Meio Ambiente (SRH) está apoiando, por meio
de repasse de recursos aos estados,
a elaboração do Plano Diretor do
Uso Múltiplo Sustentável dos
Recursos da Bacia. Esse instrumento está previsto na Política
Nacional de Recursos Hídricos,
e, além do objetivo de garantir
água em quantidade e qualidade
para todos, fixa diretrizes para o
aproveitamento racional do
recurso. É importante destacar
que essas diretrizes são ordenadas
com a participação das comuniPaulo Romano, Secretário Nacional de Recursos
dades instaladas nas áreas atendiHídricos do Ministério do Melo Ambiente:
a hora é de mobilização
das pela bacia, porque - principalmente
neste
caso
- não teria sentido as ingerênacredito que já podemos contar com uma reversão dessa postura passiva, até então prevalecen- cias piramidais, onde o poder central determite, ante o conceito da falsa cultura de abundân- na o que pressupõe ser de interesse de todos.
FMA - Qual é a situação da Bacia do Rio
cia e renovação dos recursos hídricos - "se é
Doce?
renovável, posso usar como e quanto quiser..."
Romano - Bom, ela foi discutida durante
FMA - Bacia do Paranaíba, tão importante
o
workshop
"Erosão e Recursos Hídricos", reaquanto vulnerável. Por quê? ~
lizado
em
Governador
Valadares, no período
Romano - A bacia vai do Cerrado ao rio
de
23
a
25
de
junho
último,
mobilizando insda Prata e envolve 193 municípios dos estados
tituições
de
Minas
Gerais
e
Espírito
Santo ligade Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul,
além do Distrito Federal. Ela é rica em água, das aos recursos hídricos. Durante a minha pardispersa entre nascentes das chapadas, o que a ticipação no workshop, voltei ao rio Doce de
torna vulnerável a atividades poluidoras. A minhas lembranças e constatei que se nós
importância da bacia pode ser medida pela pro- degradamos ao ponto de eliminar espécies estadução de energia elétrica, a região produz e mos principalmente agindo contra a ética.
exporta, e suas águas engrossadas pelo rio Como a água é essencial na constituição da
Grande formam o rio Paraná, que por sua vez nossa biodiversidade, eu faço a seguinte colocavai se juntar ao rio Paraguai para formar a ção: quantas espécies poderão ter desaparecido
Bacia do Prata. Apesar desse currículo, a Bacia sem que sequer tenham sido catalogadas? Há
do Paranaíba não tem recebido a atenção que três gerações, grande parte da região ainda abrimerece, ainda mais se for levado em conta a gava uma exuberante Mata Atlântica, que cepolítica de boa vizinhança com os países que deu lugar para atividades econômicas. Se não
cabe mais discutir o que já foi feito em nome
também usufruem das águas do Prata.
do
crescimento e da geração de rendas para
FMA - E como isso pode ser prejudicial
uma população em crescimento - e muito mepaia o equilíbrio do ecossistema?
Romano - A geração de energia e outros nos é possível recompor a Mata Atlântica, subsusos da bacia (atividades industriais, agrícolas tituindo as áreas onde hoje estão cidades, estrae de pesca) dependem do equilíbrio do ecossis- das, indústrias, lavouras e pastagens pelo metema e da capacidade de se assegurar a renova- nos cabe a nós resgatar um mínimo da harção dos recursos hídricos. Comprometidos monia do que sobrou do ecossistema sem a
pelas grandes aglomerações urbanas, como é o Mata Atlântica.
FMA - Na sua opinião o que deve ser feito?
caso de Brasília e suas cidades satélites, Goiânia,
Romano - Aliar o discurso à prática. Neste
Anápolis, Rio Verde e outras, esses recursos têm
sofrido fortes impactos. Destaca-se aí a tendên- caso, não é difícil. Podíamos começar pela
cia do crescimento da irrigação, principalmen- recomposição das matas ciliares, e permitir que
te do café no cerrado, que exige cuidados espe- a água das chuvas (que continua generosamenciais para que se desenvolva dentro de padrões te a cair) se infiltre no solo para formar as fontes, que por sua vez geram os pequenos córreauto-sustentáveis.
FMA - Dentro desse contexto, o que já está gos e vão alimentar os rios. Some-se a essas prá-
ticas a manutenção e conservação adequada de
estradas, a recuperação de pastagens degradadas, compactadas pelas patas dos bois, e o plantio, mesmo que seja de espécies exóticas, nos
topos e encostas dos morros, que tristemente
mostram sinais de desertificação. Será que esses
cuidados são onerosos? Será que não custa
muito mais abrigar as vítimas das enchentes
anuais, e reconstruir o que foi posto abaixo
pelas enxurradas? Isso no caso das áreas urbanas, mas o que dizer das populações empobrecidas pela redução dos peixes, em razão do
aumento da poluição dos rios? Além de dificultar a sobrevivência das populações ribeirinhas,
já se verifica diminuição da população de importantes cidades mineiras, como Aimorés e
Resplendor.
FMA - Afinal, o brasileiro pode bater no
peito e dizer: somos riquíssimos em água doce?
Romano - Essa realidade não pode ser contestada, mas também não podemos vê-la como
irreversível. Também não basta o ufanismo de
dizer que o Brasil possui a maior reserva de
água doce do mundo. Afinal, de que serve a
água do rio Amazonas para a população de
Brasília que vê ameaçada sua principal fonte de
abastecimento, a Bacia do Descoberto? É preciso começar a refletir sobre isso e reconhecer a
importância da água em todas as circunstâncias
de nossa vida, no nosso tempo e espaço.
FMA - E o que a sua Secretaria tem feito
para resolver o problema?
Romano - Bom, as discussões sobre os problemas que afetam os rios brasileiros, presentes
nos encontros como o seminário de Araguari
e o workshop de Govemador Valadares, felizmente têm chegado a um denominador comum: a indispensável participação da sociedade nas ações de preservação do nosso mais
valioso recurso natural, esgotável e finito. E ao
articular o Movimento de Cidadania pelas
Águas, a Secretaria de Recursos Hídricos tinha
como objetivo justamente essa participação,
pela mobilização em torno de um objetivo
comum, o de garantir água com quantidade e
qualidade para todos e para sempre.
FMA - Como está se desenvolvendo o
Movimento?
Romano - Hoje, o Movimento é uma realidade presente em várias localidades do País.
Ainda engatinha, mas caminha para chegar a
todos os rincões, seja no semi-árido, onde a
água escassa deve ser bem aproveitada, ou na
Bacia do Amazonas, com água suficiente, mas
contaminada em muitos pontos. Temos um
longo caminho a percorrer, refazendo, construindo e, principalmente, tomando cuidado
para não repetir os mesmos erros que provocaram o atual nível de degradação de nossos corpos d'água. Esse é o caminho de todos nós,
govemo e sociedade, num compartilhamento
de ações em busca do mesmo objetivo: voltar a
ver nossos reflexos nas águas límpidas e fartas
dos rios, córregos, nascentes e riachos.
fj
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
23
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
A solução para o problema água começa na escola
A Educação Ambiental é a maior
esperança para o florescimento
de uma nova consciência de
solidariedade com todas as formas de vida. O estudo do meio
ambiente é um desafio, pois se faz de forma
multidisciplinar e interdisciplinar, tratando
cada tema de uma vez, mas ao mesmo
tempo em todos os componentes curriculares.
"É preciso mobilizar e organizar os alunos e a comunidade, pois o ensino do meio
ambiente é fundamentalmente uma pedagogia de ação", opina Vilmar Berna, consultor
em Educação Ambiental.
Desde o ano de 1996, a Companhia de
Água e Esgotos de Brasília (Caesb), num trabalho de parceria com a Fundação
Educacional do Distrito Federal (FEDF),
vem desenvolvendo o projeto Água Presente,
destinado a professores e alunos de lâ e 2*
graus da rede pública, com o objetivo de
conscientizar às novas gerações quanto ao
usufruto e preservação das água do DF.
A água, enquanto direito da cidadania,
compreende o reconhecimento da necessidade dos seres humanos de acesso a água
potável em quantidade e qualidade, bem
como a presença de esgotamento sanitário,
fundamentais na criação de condições de
ABI&NDO AS COMPORTAS
DO CONHECIMENTO
As queimadas feitas Indiscriminadamente deixam o solo exposto à erosão. Impedem a
Infiltração da chuva, que arrasta os nutrientes e a matéria orgânica da terra
saúde e higiene.
Contribuir para a conscientização e formação dos cidadãos, a partir da escola, para
o uso e preservação dos recursos hídricos
como recurso natural para a humanidade e
envolvendo os próprios alunos da rede
pública, toda a comunidade do Distrito
Federal, é objetivo do projeto.
Inserir o tema Água dentro do currículo
escolar de forma sistemática e interdisciplinar e subsidiar a escola com informações
atualizadas sobre a situação da água e do
saneamento básico na escola e na comunidade é o ponto de partida da metodologia
adotada pelos professores. A metodologia se
respalda nos princípios do construtivismo
direcionados para a Educação Ambiental e
conceitos da Inteligência Emocional.
Li
Q O nosso Planeta Terra deveria ser chamado
de "Planeta Água", pois conta com 70% de
água e somente 30% de terra.
ü Do universo de água, 97^25% são de água
salgada e 2,75% são de água doce.
□ 70% da água doce do mundo estão contaminadas por agrotóxicos, assoreamentos,
lixos, dejetos humanos e animais, esgotos
industriais, resíduos nucleares, derramamentos de petróleo, produtos químicos e outros
mais.
□ Um ser humano necessita ingerir, anualmente, 1 mil litros de água para sua manutenção.
ü De acordo com estudos da ONU, a partir
do ano 2010 faltará água no "Planeta Água"
e poderá haver guerras entre nações e povos
pela disputa do líquido.
□ Dos seis bilhões de seres humanos que
vivem no mundo, um bilhão e meio já padece de sede.
ü Há países que importam água potável, retiram das geleiras ou trocam por petróleo.
O 40 mil pessoas morrem no mundo, diariamente, em conseqüência de doenças de contaminação da água (15 milhões por ano).
O Distrito Federal tem 1.800.000 habitantes,
4.200 indústrias limpas e 18.000.000 de árvores plantadas.
Certo ou errado?
Entre o certo e o errado existe o desejo de quem quer ver
Brasília como a Cidade da Indústria & das Árvores.
FIBRA
CIBRA
SESI
SENAÊ
IEL
Uma homenagem do Sistema FIBRA ao Dia da Árvore
24
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
E O SEU BRASIL,
BRASILEIRO.
VOCÊ NAO SABE O QUE ESTA PERDENDO.
De uma ponta à outra, em qualquer lado, em todos os
cantos; com todas as cores, todos os cheiros, todos os
sabores, todas as maneiras que há de se ver a vida; no Brasil
ela é mais viva. Feche os olhos. Aponte um lugar qualquer no
mapa do Brasil. Abra os olhos. Toda a beleza em suas
infinitas maneiras de existir, estará diante de você. A hora é
agora, o lugar é esse.
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26
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
TOME
OT
TOME
Aqui no Tome Nota você fica por dentro do que está acontecendo na área de ecoturismo e esportes radicais. Se
você está organizando algo como um passeio ecológico, cursos, programas de treinamento, campeonato, ou mesmo
se quiser vender ou trocar uma barraca de camping, ou outra coisa qualquer dentre as que um aventureiro usa,
mande-nos o seu recado. Telefone: (061) 321-3765 - Fax: (061) 321-7357 -E-mail: [email protected]
Esportes aquáticos
Quem pratica canoagem, surf, esqui,
natação ou mergulho, já tem um lugar para
ficar em São Pedro da Aldeia, no litoral do
Rio de Janeiro. A Pousada Ponta da Peça,
em frente da lagoa de Aruarama, localizada
em lugar estratégico: 20 minutos de Búzios
e 10 minutos de Cabo Frio, dois lugares
excelentes para mergulho. A Pousada é
administrada por gente que entende de
aventura, o jipeiro João Carlos Nogueira,
de 23 anos, que no final do ano, devidamente patrocinado, parte em sua Land
Rover para cruzar o deserto de Atacama.
Para maiores informações, o fone/fax da
Pousada é (0246)211181.
Chapada Diamantina
De 13 à 21 de Setembro a Trilhas
D'água oferece um passeio às belezas da
Chapada Diamantina, na Bahia. É nessa
região que o sertão baiano guarda boa parte
de seu admirável acervo de canyons, vales,
chapadões, cavernas, despenhadeiros, rios e
cachoeiras. O pacote custa R$ 555 ( ou 4x
R$140 ) e inclui transporte, hospedagem,
refeições, traslados, passeios, seguro e boné.
Informações:
(031) 641 3185 ou 330 2663
E mail: [email protected]
http://www.africanet.com.br/trilhas
Cursos
A Halfdome, empresa paulistana especializada em equipamentos e cursos para
esportes de contato com a natureza, oferece
diversas opções para quem quer aprender
mais sobre estas atividades. O curso de
exploração de cavernas custa R$ 440 e dura
4 dias com 8h de aulas teóricas e 6h de prática em caverna, já o curso de utilização de
bússola e carta topográfica custa R$ 40 e é
dado num sábado pela manhã (são 4h de
aulas teóricas) e a tarde (3h de uso prático
dos métodos ensinados).
Informações:
Tel/fax: (011) 255 4331/255 5783
E-mail:[email protected]
Internet: www.halfdome.com.br
Pára-quedismo
Para saltar de pára-quedas é preciso um
termo de responsabilidade reconhecido em
cartório, atestado de saúde específico para a
prática do esporte, uma foto 3x4 e vontade.
Em Brasília a GF escola de aviação oferece o curso de Ia salto por R$ 280. O curso
é constituído por duas aulas, sendo a primeira na quinta-feira com duração aproximada de 4 horas e meia de atividades. A
segunda será no sábado ou domingo, na
área de instrução, no aeroclube de Goiânia,
onde acontecerá o salto. Após o curso o
aluno estará inscrito nas instituições brasileiras de pára-quedismo (FBPq e CBPq) e
receberá uma caderneta de saltos.
Informações:
Tel: (061) 321 8073/224 2467
Feira
A feira Outdoor Recreação & Esportes
acontecerá entre os dias 24 e 30 de novembro no pavilhão de exposições do Anhembi
juntamente com o salão Duas Rodas. O
evento contará com a presença de diversos
profissionais ligados a área de esportes de
ação praticados ao ar livre. Estão programadas palestras, cursos e debates sobre o
impacto ambiental na prática das atividades esportivas com diversos nomes dos
esportes ao ar livre no Brasil. A feira será
uma oportunidade para os profissionais e
empresários do setor tomarem contato com
o público consumidor.
Informações:
Tel: (011) 871 2100
Fax:(011)8713110
E mail: [email protected]
Cabra
O Cabra (Companheiros Andarilhos de
Brasília) programou um Treeking no dia 13
Setembro e outros nos dias 05 e 18 de outubro. Ainda no mês setembro, entre os dias
19 e 21 o Cabra realizará um Ecoshop em
saudação ao Planeta Terra. Meditação Zen e
Hata yoga são outras atividades desenvolvidas pelo grupo. Quem quiser participar é
só ligar nos fones: (061) 274 5869/976
5042.
Campismo
Será realizado em Punta Ballena (no
Uruguai, a 680 km de Porto Alegre), no
período de 30 de outubro a 01 de novembro, o IV Encontro Sul-Americano de
Campismo e Caravaning, evento considerado o mais importante do gênero na
América Latina e organizado pela FESACC
(Federação Sul-Americana de Campismo e
Caravaning). Pronto para hospedar partici-
pantes, o camping da cidade dispõe de
equipamentos de esportes, piscinas, supermercado, sala de TV e jogos, chalés e barracas de aluguel.
Informações:
Camping Clube do Brasil
Tel: (021) 240 3390/240 6640
Amo-Te
Atividade: Trekking na Serra do Cipó,
Travessão e Cachoeira da Lagoa Dourada.
Preço: R$ 100(Gaia)
Período: 06 e 07 de Setembro.
Atividade: Passeio em São
João/Tiradentes.
Preço: R$ 150(Gaia)
Período: 13 a 14 de Setembro.
Atividade: Subida do Pico do Itacolomi.
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Período: 21 de Setembro.
Atividade: Hiking em Lapinha.
Preço: R$ 80 (Gaia)
Período: 27 e 28 de Setembro.
Atividade: Passeio na Chapada
Diamantina.
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Período: 13 a 21 de Setembro.
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Nova Lima.
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Conhecer a face selvagem e preservada
da fauna marinha Argentina é parte do
pacote de 4 dias oferecido pela VivaTerra. A
Península Valdez é vista como um paraíso
para reprodução de diversas espécies marinhas. Baleia Franca Austral, elefante e leões
marinhos e uma extensa colônia de
pingüins fazem parte da paisagem natural
da região. Num outro passeio programado
pela VivaTerra, a cavalo, no trecho argentino da Cordilheira dos Andes, atinge-se uma
altitude de até 4.200 m. O preço deste pacote, que não inclui parte aérea, é R$
1.000,00.
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que as palvras
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FOLHA DO MEIO AMBENTE
27
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
VOO LIVRE
Voando acima do Poder
Fotos: Márcia Turcato
PRYSCILLA LOUZADA
Durante uma semana, 50 pilotos
de asa delta participaram da
segunda
etapa
do
XXVI
Campenato Brasileiro de Vôo
Livre. Foi a 152 vez que uma destas etapas é realizada em Brasília, terminando
bem na Esplanada dos Ministérios. Uma cidade que, em época de seca, se transforma em verdadeira fábrica de térmicas, as correntes ascendentes de ar quente que fazem asas delta e paragliders voarem mais alto.
É por causa dessas térmicas que a cidade,
sem morros e que parece não oferecer a mínima
condição para decolagem, chega a ser cotada,
segundo Alex Calmon (37 anos), organizador
da etapa brasiliense, para sediar uma das etapas
do campeonato mundial da categoria no ano
2000.
O percurso tradicional da etapa brasiliense
do campeonato, e preferido dos pilotos da
cidade, é saindo do Vale do Paranã, a 98 km de
Brasília, e descendo na Esplanada dos
Ministérios.
"É a única etapa do campeonato em que
voltamos voando para casa. Nas outras, o piloto sai da cidade e pousa distante, tendo que
fazer verdadeira viagem de carro para voltar",
comenta o piloto brasiliense Marcelo Alho (31
anos), que não competiu desta vez. "Fiquei
com dor de cotovelo, mas não dava mesmo",
diz, triste.
Só que nem sempre a condição dos ventos
deixa que os pilotos desçam na Esplanada.
Durante essa etapa, por exemplo, o ponto de
descida foi mudado uma vez (com pouso a 140
km de Brasília) e duas provas foram canceladas.
Nem mesmo isso desanima o pessoal da
asa delta, que vem, inclusive, preparado para
vôos complicados. "Quem voa em Brasília
pode voar em qualquer lugar, pois o nível técnico exigido pelas condições da região é gran-
Ainda que usando
eq-ipamento simples,
Cartão HP conseguiu chegar em primeiro no
terceiro dia de provas em
Brasília. No detalhe, o vôo
de um paraglider.
de.", diz o personal trainer e ex-piloto de asa
delta Rodrigo Villas Boas (36 anos).
Villas Boas foi a primeira pessoa a sair do
Paranã com uma asa delta e descer na
Esplanada, no dia 22 de setembro de 1984.
A razão principal disso tudo são as térmicas, correntes de ar quente que impulsionam os
pilotos para cima, num vôo em círculos, semelhante ao dos urubus. Em Brasília, essas térmicas atingem velocidades ascendentes de até 10
metros por segundo, quando a média em
outros lugares é de 5 m/s a 7 m/s.
Velocidade
"Diferentemente do que acontece em cidades como Governador Valadares, onde aconteceu a primeira etapa do campeonato deste ano,
em Brasília voa-se em grandes espaços, com tér-
A HISTÓRIA DA ASA DELTA
MIGUEL FLORI GORGULHO
Desde os vôos mitológicos de ícaro e
Dédalo, que teriam fugido do labirinto de
Creta usando asas feitas de cera e penas, o
sonho do vôo livre acalentou toda a existência
humana para despertar de vez no final do século passado, na Alemanha. Otto Lilienthal, um
alemão tão genial que construiu e pilotou um
aparelho muito semelhante às asas de hoje,
usando as pernas para decolar e pousar e o
mesmo sistema de vôo - deslocamento do centro de gravidade. Como a região em que se realizava a experiência era muito plana, Lilienthal
fez uma montanha artificial de 30 metros de
altura para as suas decolagens. Depois de centenas de vôos livres, quando planejava adaptar
um motor ao seu aparelho, um acidente fatal
em 1896 interrompeu as atividades desse injustiçado pioneiro.
Nos primórdios da corrida espacial, a
NASA se interessou pela idéia de uma asa delta,
patenteada em 1948 pelo americano Francis
Rogalo, que serviria como pára-quedas manobrável para recuperar as cápsulas espaciais tripuladas depois da reentrada na atmosfera. O projeto foi engavetado, mas as asas deltas ou asas
tipo Rogalo passaram a fazer parte definitiva da
paisagem aérea. Mas só em 1974 o Cristo
Redentor partilhou os céus cariocas com uma
asa delta, pilotada pelo francês Stephan
Dunphier de Segonzac.
Como funciona
Apesar das sofisticações tecnológicas, as
asas de vôo livre funcionam basicamente como
o aparelho de Lilienthal. A decolagem e o
pouso são feitos com as próprias pernas e o vôo
é controlado pela variação do centro de gravidade - ponto onde estaria concentrado o peso do
conjunto - pelo piloto que utiliza as correntes
de ar ascendentes para atingir maiores altitudes.
micas grandes", explica Marcelo Alho.
Na região da serra mineira, por
causa dos morros, as térmicas são pequenas e os pilotos ficam a pular de uma
para outra para poder fazer o vôo de
longa distância, chamado de cross
country.
Um tipo de vôo que não se faz em litoral,
onde, na realidade, o piloto viaja impulsionado pelo vento que vem do mar durante o dia,
bate no morro e volta em direção ao oceano.
Por isso, quem voa perto do mar, sobrevoa
sempre o mesmo local, sem espaço para muitas manobras nem meio de correr longas distâncias. Mas o vôo livre não se resume às asas
delta. Planadores e paragliders, também
conhecidos como parapentes, completam a
família. Os três diferem entre si pelo tipo de
comando que utilizam.
As asas são comandadas pelo deslocamento
do centro de gravidade. O piloto, que fica pendurado, oscila o corpo para que ela se desloque.
No planador esse comando é dado de
forma mecânica e no paraglider são usados
ambos os métodos, deslocamento do centro de
gravidade e mecânico.
"Nós, pilotos, brincamos dizendo que a
diferença entre asas e paragliders está nos ossos.
As asas são animais vertebrados (com ossos) e
os paragliders são invertebrados", brinca o piloto brasiliense Marcelo Alho, um vertebrado.
SUIVIIVIARY
For one week, 50 hangglider pilots from
throughout Brazil and even some from
other counthes will participate in the
second stage ofthe XXVI Brazilian Free
Flight Championship. For the fifteenth time
one ofthe stages ofthis championship passed through Brasília, a city which becomes
dming the dry season a veritable factory of
thermals, those rísing currents ofhot air
which enable the hang gliders and paragliders to fly higber and higher.
It is because ofthese thermal columns that
this city- without any cliffs or ridges,
without any suitable site for take-off- has
been chosen as the site for one ofthe stages
ofthe world championship for this sport,
according to 37 year-old Alex Calmon, the
organizer ofthe Brasília event.
The traditional course ofthe Brasília leg of
the championship, and the one preferred by
the pilots ofthis city, launches from the ridges above the Paraná Valley, 98 kilometers
from Brasília, and eads with a landing on
the Esplanada dos Ministérios, the grassy
mall at the skirts ofthe nation's
Capitol.
"It is the only stage ofthe championship in
which we fly home to our nest. In the others,
the pilot must leave from the city and land
at some distant point, always with a long carride back to the starting point," comments
32 year-old pilot Marco Alho of Brasília,
unable to compete this year. "I missed this
year due to pain in my elbow. I really
couldn 't manage it," he said sadly.
The winds do not always cooperate and allow
the pilots to land on the Esplanada. During
this year's event, for example, the landing
point was once changed, and two legs were
canceled.
But not even this can discourage the champion hang gliding crowd, who are prepared
for quite complicated ãights. "Anyone able
to ãy in Brasília is ready to fly in any situation, for the levei ofskills demanded in this
region is quite high," explains the personal
trainer and 36 year-old ex-pilot Rodrigo
Villas Boas.
28
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
Asa delta, a liberdade de voar
IS DEZ
PRIMEIROS NA
ETAPA DE BRASíLIA:
CLASSIFICAçãO FINAL
1QBetoSchmith-RS
29 André Wolf - RS
3- Guga Saldanha - RJ
9
4
e
5
69
72
patrocínio: Ondas do Ar
Carlos Niemeyer - RJ
patrocínio: Sushi Biue
Geraldo Nobre - RJ
patrocínio: Super G
Nenê Rotor - SP
patrocínio: GaIeto's e Ondas do ar
Carlos Andrade (Carião HP) - SP
8e Monex - RS
patrocínio: Dimoi
â
9 Márcio Rosado - RJ
patrocínio: BMW Motorsport Haus
9
10 KikoHerbert-RJ
patrocínio: Oficina do Guaraná
TRêS VENCEDORES EM CINCO PROVAS
(no primeiro dia de competição a prova foi
abortada após a largada e no sexto dia
nem começou. Culpa dos ventos)
Beto Schmith 3 vitórias
André Wolf
1 vitória
Carião HP
1 vitória
Durante a etapa
brasiliense do
campeonato de
vôo livre, apenas um acidente. O que se pensou que
pudesse ser muito sério,
acabou se resumindo a
um úmero direito (osso
do braço) quebrado
quando o piloto paulista Carlos César
Castiglioni,
31
anos, bateu numa
árvore no quinto
dia de competição.
I
Culpa do
vento, que estava
forte demais e fora
ireção adequada no momento da
decolagem de Castiglioni.
Aliás, ote^g,.TOr.iM.mH^.
embora grandes perigos dos vôos de asa
delta. Os outros são pouso e decolagem,
por serem os momentos em que se está
mais perto do chão e as nuvens muito
grandes, como os cúmulo nimbos, terror
de toda a aviação e que anunciam tempestades.
Mas, ao contrário do que muita
gente pensa, as aves não prejudicam o
vôo do homem. "A asa delta só faz
mesmo o barulho do vento batendo
nela. Por isso, e por que os pássaros não
possuem nenhum predador natural tão
grande, elas costumam apenas nos olhar,
curiosas que ficam", explica o piloto
Marcelo Alho, que também é
empresário.
Os urubus chegam a mostrar ao piloto os melhores locais para voar.
Isto por que essas aves voam em térmicas (correntes de ar ascendente), como
a asa delta. "Os urubus são nossos pássaros de estimação", brinca Luiz Felipe
Rodrigues, o Neko, piloto de vôos
duplos em Sapiranga, interior do Rio
Grande do Sul.
Histórias de vôos
O vôo livre traz experiências que
podem, no mínimo, ser consideradas
diferentes. Elas vão desde histórias de
enjôos em casos de vôos duplos, até pousos exóticos ou perigosos.
Como o do gaúcho Jorge Scherer que
desceu em uma fazenda e foi mordido
por cachorros famintos e brabos. Por
causa disso, ele hoje é conhecido como
Frolic, marca de ração para cachorros.
Menos perigoso, mas altamente constrangedor, foi o pouso de Luiz Felipe
Rodrigues, o Neko, que desceu na praia
em pleno Rio de Janeiro, e foi saudado
como um anjo por uma pessoa que passava. "Ele se ajoelhou para beijar minhas
mãos e não tive coragem de dizer nada".
lembra-se.
Já o piloto gaúcho Rafael Mello também teve constrangimentos, mas com a
polícia na fronteira Brasil/Argentina. Foi
quando ele quebrou o então recorde gaúcho de distância em vôo de asa delta,
completando 166 km, sendo que 30 deles
em território argentino (veja mais recordes no box ao lado).
Depois de uma noite na cadeia,
Rafael ligou para o amigo Silvano
Batista, responsável pelo equipamento
que usou para decolar (sistema rebocado
por carro), que foi buscá-lo, acompanhado pela polícia federal brasileira. Só
assim o rapaz pode voltar ao Brasil.
RECORDES
Brasília:
Recorde de velocidade no percurso
Paranã/Esplanada dos Ministérios
Ih 20 min (média de 56,25 km/h),
por Marcelo Alho
Brasileiro de distância:
Hélio Batata, no Ceará 266 km
Brasileiro de tempo:
Rafael Lacerda Watson, que passou
14 horas e 13 minutos sobrevoando
a Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro.
Mundial de distância:
Larry Tudor (nos Estados Unidos)
495 km
Começando a voar
"Um par de joelheiras, força de vontade e tempo suficiente, é apenas disso
que se precisa para fazer um curso de vôo
livre", garante o piloto Marcelo Alho,
que apenas se esquece que é necessário
pagar também, um preço que vai de R$
400 a R$ 600, em média.
Os primeiros vôos podem ser de dois
tipos, duplo ou solo. No caso do vôo
solo, o aluno salta de morros cada vez
mais altos, sempre sozinho. Da primeira
vez que o aluno for voar de verdade, saltando de uma rampa alta, leva um rádio
para receber as instruções do professor.
Tudo na maior segurança.
O vôo duplo, acompanhado por um
piloto experiente, é usado tanto em treinamentos como em simples passeios, feitos por pessoas que nunca imaginariam
saltar sozinhas com uma asa delta.
Veja na página 31 uma relação de
alguns cursos onde você pode aprender a
voar de asa delta ou de parapente em
diferentes cidades do pais e também o
preço do material básico para quem quer
começar a voar e de vôos duplos, para
quem quer, primeiro, se testar no ar. (PL)
PEPê
O brasileiro Pedro Paulo Guise
Cameiro Lopes, o Pepê, morreu no dia 04
de abril de 1991, depois de agonizar por
duas horas e meia até ser socorrido, em
acidente durante o torneio Pro Sky Sports,
no Japão. Pepê era o favorito para vencer
a competição e já não possuía um rim
nem o baço, retirados após um acidente
em Governador Valadares. Ele voou apenas 17 km, quando em condições normais
teria voado 200 km. Mas ele sabia dos riscos. Antes de decolar foi avisado das péssimas condições e dos ventos fortíssimos.
Além de ter sido campeão mundial de asa
delta, Pepê foi campeão carioca de hipismo (1968) e tetracampeão brasileiro de
surfe (1974 a 1977) e era dono de um trailer de lanches naturais na Barra da Tijuca,
Rio de Janeiro.
mBMHMMMI
CURIOSIDADES
As nuvens:
Cúmulos, aquelas nuvens de
base reta e com a parte de cima em
forma de pompom são as nuvens
preferidas dos pilotos do vôo livre.
Ela mostram onde estão as térmicas.
Já os cúmulos muito grandes ou os
cúmulos nimbos (nuvens verticais e
em tons de cinza) são o terror de
toda a aviação. Sinal de tempestade,
andam carregadas com blocos de
gelo de até um metro de diâmetro e
cheias de força magnética que engolem de asas delta a aeronaves tipo
jumbo.
Como se forma uma térmica:
O sol aquece a terra. O ar quente
sobe, fazendo descer o ar frio das
áreas menos aquecidas.
VÓOCABULÁRIO
O vocabulário do vôo livre
Afundar - pousar
Arborizar - bater em árvores durante o pouso ou a decolagem
Canhão - térmica forte, que joga a
asa para cima
Casca - piloto bom
Crash - bater com a asa no chão
Cumec - curioso (cuméqui se voa?)
Farofa - dia fácil de voar, com muitas asas no céu
Gol - faixa que marca a chegada
Janela - espaço de tempo em que se
permite a decolagem nas competições
Marlboro - lugar deserto
Morrer - cair com a asa antes do
local de chegada
Pilão - local do percurso a ser contornado nas competições
Portão - momento da largada
Prego - piloto que não consegue se
manter no ar por muito tempo
Rotor - Turbulência
Térmica ou termal - corrente de ar
quente que impulsiona o piloto
para cima
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
29
O começo de um sonho
Se você não tem coragem de voar sozinho, nem quer fazer um curso de três
meses antes de ter certeza de que a
asa delta (ou o paraglider) é o que
você procura, pode tentar um vôo duplo.
Mesmo com medo.
"Medo é natural, sempre existe", concorda
o engenheiro capixaba, e piloto de asa delta,
Luiz Felipe Rodrigues (36 anos), que nas lides
do vôo livre é conhecido como Neko.
Mas ele adverte, quem não quer voar deve
ficar em terra. "Se você tem certeza de que quer
voar, ótimo! Será muito divertido, mas se não
tem, melhor não sair do chão, pois o passeio
será apenas uma tortura".
Neko voa de asa delta há 11 anos, mas faz
vôos duplos há sete. Nestes vôos, ele leva de
crianças, como seu filho Daniel, que tem oito
anos e voou com o pai, em 1995, até uma
senhora inglesa de 67 anos de idade.
Mrs. Dorothy, a madame inglesa, fez um
curso de planador antes de voar com Neko.
Daniel, depois de seu primeiro vôo já subiu
com o pai mais quatro vezes. "Eu perguntava
para ele desde pequenino, se queria voar e a
resposta dele era sempre a mesma: Quando eu
fizer sete anos", lembra o pai coruja de Daniel
e Luiza (1 mês).
Requisitos
"Além da experiência em vôos solos, quem
vai voar com acompanhante precisa de excelen-
te preparo físico para a hora da decolagem",
avisa Neko, sugerindo que, antes de voar com
passageiro, o piloto decole com um saco de 50
kg por cima da asa.
Isso por que algumas pessoas na hora do
salto, em lugar de correr, como ensaiado, ficam
térmicas, a asa sobe
girando, em espiral,
como no vôo dos urubus. Respirar com
calma e tentar relaxar
ajudam muito.
"Mesmo com esses
probleminhas, voar
com outras pessoas me
dá um prazer enorme.
Sem dúvida estou na
lembrança de muita
gente, que talvez nem
se lembre de meu
nome, como o responNeko, com Mrs.
sável
por um dos momenDorothy (detalhe),
tos mais legais de suas
descendo no Rio de
Janeiro e com o filho
vidas" comenta Neko.
Daniel: "Tenho certeza
*Para voar com o
de que a Luíza, que
Neko, em Sapiranga, perto
ainda tem um mês
também vai querer
de Porto Alegre, você deve
voar. Mas só levo
ligar para (051) 341-0789
depois dos quatro
ou
(051) 973-8108. Ou
anos de Idade',
entre em contato pelo eafirma o pai
coruja
mail [email protected]
O preço, para uma média
de 15 minutos, é de R$ 45 sem a foto e R$ 50
paralisadas. Nesses casos, o piloto experiente é
com foto, tipo as que estamos publicando
que tem que correr pelos dois.
nesta edição. Mas se você não mora no Rio
Outro problema, este não muito comum, é
Grande do Sul, procure outras opções na lista
o do enjôo, que acontece em especial em vôos
da página 31. (PL)
com térmicas (correntes de ar que fazem a asa
subir). É que, para acompanhar essas
HISTóRIAS DO VôO LIVRE
Construindo a própria asa
Tudo começou com uma reportagem.
Werlênio de Azevedo, o Patrese (38 anos), não
se lembra muito bem da data, mas sabe que
foi em 1975, quando tinha apenas 16 anos,
que leu uma matéria na revista Manchete e se
apaixonou por vôo livre.
Da foto na revista à decisão de construir
sua própria asa delta-foi um pulo. Afinal, de
que mais, além de cálculos em um triângulo e
de dinheiro, poderia precisar para viabilizar
seu projeto?
Os cálculos ele aprendera no Elefante
Branco, o colégio onde estudava. Mas dinheiro era problema. Por isso, Patrese convidou o
amigo Cláudio Simão, de 15 anos, para o ajudar. E assim, embarcaram no projeto.
Lendo a revista os meninos descobriram
que a asa delta tinha estrutura de alumínio e
vela de poliéster ou dracon e que, para decolar, era necessário um desnível e vento de frente. "Falavam de correntes de ar ascendentes,
mas não me interessei por elas", lembra o
piloto.
Com estas informações, e munidos de
prancheta, lápis, régua, borracha, compasso,
fotos e muita, muita vontade, os dois rapazes
imaginaram um comprimento de 5 metros
para a asa.
Hora de comprar o material. O nylon
poliéster e o dracon não eram encontrados no
mercado de Brasília. Assim, os dois decidiram
que usariam pano de guarda-chuva, que foi
costurado por uma amiga que mais tarde veio
a ser casar com Cláudio, a Aparecida, conhecida como Cida.
Diariamente, os dois acordavam às cinco
da manhã para armar a asa em cima de casa.
Horário e local, embora estranhos, tinham
sua razão: não atrair as pessoas que passassem.
Pela rua a pequena multidão que se aglomerava em frente à casa tinha sua fiinção também, animar. De tanto pedirem que os garotos pulassem, Patrese resolveu dar o primeiro
salto. E conseguiu fazer um pequenino vôo.
Mas aquela fase em poucos dias já não os
satisfazia. Foi assim que, num domingo de
sol, o irmão de um amigo os levou, de carro,
até uma elevação de cerca de 70 metros de
altura nas proximidades do Lago Paranoá.
O saldo da aventura foi um trapézio quebrado e um joelho sem pele.
Hoje Patrese sabe que o vento, que estava
ruim, foi a sua sorte. Se o vento estivesse de
frente, como necessário a um bom vôo, a asa
teria decolado bem, os cabos arrebentado e ele
poderia ter sofrido um sério acidente. Além
disso, a dificuldade de transporte, que entravava as investidas, também o ajudou a evitar
acidentes mais sérios.
"Sorte também que aqui não tem
morro. Eu teria dado um jeito de ir até
ele", comenta sorridente.
Só em 1992, já com dinheiro para
fazer o curso e bancar todos os custos
do esporte é que Patrese começou a
voar de verdade.
Hoje ele ainda mora em Brasília.
Participou do campeonato, ficando
em 24fi lugar na etapa da cidade.
Voando de águia delta
"Mais um vôo, para encantar a
vida e desencantar a morte. Sai fora,
diabo!!" É assim que o curitibano
Pedro Raphael Belegardes, 63 anos,
canta antes de cada vôo que dá em
Sapiranga, Rio Grande do Sul, desde
1983.
Silenciosa como toda asa delta, a águia de
Rafael também não faz sons, mas abre e
Vôos feitos em verdadeira águia
fecha o bico obedecendo aos comandos do
delta (veja a foto). Com jeitão de canpiloto, que puxa uma cordinha.
gaceiro, o amigo de todos os pilotos
chega vestido de roupa camuflada,
talvez para provar a valentia, carrega facão,
usando chapéu de couro e acende o charuto
cantil, bala, band aid, dois revólveres na cincom um fósforo que riscou numa lixa presa à
tura e outras mil e uma utilidades para cada
bota.
vôo que faz.
Em outros dias a roupa é de almirante,
Se bem que, mesmo com asa de iniciante,
com gravatinha e tudo e o capacete para voar
ele é sempre um dos primeiros a se oferecer
ou é de soldado ou de bombeiro.
para salvar qualquer acidentado todos já
Raphael anuncia que come carne crua e.
sabem de sua coragem.
30
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
TRUQUES
DIGAS
HcREGRAS easicAS PARA você SE DAR BEM
POR MÁRCIA TURCATO
Voando para curtir melhor
Subir a Serra de São Bento de Sapucaí traz três prazeres, o do passeio, o de
encontrar um meio ambiente preservado e a chance de fazer um vôo duplo
Foto: Márcia Turcato
Acidade de São Bento do Sapucaí fica
no alto da serra da divisa do estado
de São Paulo com o de Minas Gerais.
Excetuando os aficcionados do ecoturisrao e dos esportes radicais, o lugar não é
muito conhecido, o que assegura a qualidade
do meio ambiente da região para a prática do
trekking, do mountain-bike, do alpinismo e do
vôo livre. Para quem pratica vôos em asa-delta
ou parapente, a melhor época para conhecer as
nuvens de Sapucaí é a partir de setembro, quando a primavera se aproxima trazendo boas termas e clima quente.
Chegar até a serra é fácil: quem se desloca
por via rodoviária a partir da capital paulista,
o percurso até São Bento deve ser feito pela via
Dutra ou Ayrton Senna e depois pela SP-123
(antes do acesso para Taubaté), no sentido
Campos do Jordão, seguindo até Santo Antônio do Pinhal e prosseguindo pela SP-42, sete
quilômetros após Sapucaí-Mirim você já pode
avistar a cidade e suas montanhas, muito semelhantes aos chapadões dos parques nacionais de
Diamantina, na Bahia, e de Veadeiros, em
Goiás. Há três horários diários de ônibus sain-
Junto com outros esportes, o vôo livre completa o passeio de quem vai a São Bento
do da capital de São Paulo e, para quem se desloca a partir do Rio de Janeiro, há quatro
opções de horários, todos passando por
Taubaté e Pindamonhangaba.
Lá na terra do nosso campeão de tênis,
Guga, também tem muita gente praticando
vôo livre. Na praia dos Ingleses, a preferida de
Guga entre as 42 existentes na ilha de
Florianópolis, capital de Santa Catarina, costuma se reunir o primeiro escalão dos pilotos e
várias turmas de aprendizes. O norte da ilha,
de acordo com os pilotos que já experimentaram as termas de lá, está se projetando como
um dos melhores e mais seguros locais para o
esporte, passando à frente da Lagoa da
Conceição, que não tem mais espaço físico
para pouso.
Na praia dos Ingleses há vários pilotos dispostos a dar uma canja para os turistas que não
têm tempo para fazer um curso e dominar a
técnica em vôo solo. Por R$ 40,00 a hora, os
pilotos de asa-delta e/ou de parapente realizam
vôos duplos. Os melhores ventos da ilha de
Floripa já estão mapeados: Sul, Lagoa e
Santinho; Leste, Rio Vermelho; Norte, Ingleses,
Praia Brava e Santinho; Oeste, não há vôo, é
muito instável.
O piloto esperto, mesmo em vôos curtos,
sempre viaja com um camel back (reservatório
de água do tipo mochila), GPS (instrumento
que indica a localização do piloto a partir de
informações transmitidas ao pequeno aparelho
por mais de 20 satélites, dependendo do modelo), rádio do tipo PX para contato com a equipe de apoio e com outros pilotos, capacete e
luvas. Estes são equipamentos básicos necessários durante o vôo. Em terra, uma ampla equipe dá o apoio necessário ao piloto e faz o seu
resgate logo após o pouso.
Sugestões e dicas podem ser enviadas para:
[email protected]
^
SERVIÇO
As rampas mais conhecidas do Brasil
«mrr!::tw^
Pedra Bonita
Parque da Cidade
Pico do Urubu
Serra de São Pedro
Pico Agudo
Pedra Grande
Morro do Filete
Careca-Praia Brava
Pelado
Morro Azul
Morro da Turquia
Intermediário
Pico das Antenas
Morro do Picouto
Morro da Queimada
Morro do Urucum
Aratuba
Urucú
LOCALIZAÇÃO
Rio de Janeiro-RJ
Niterói-RJ
Mogi das Cruzes-SP
São Pedro-SP
St. Antônio do Pinhal-SP
Atibaia-SP
Venda Nova do Imigrante-ES
Itajaí-SC
Gaspar-SC
Pomerode/Timbo-SC
Pomerode-SC
Pomerode-SC
Jaraguá do Sul-SC
Foz do Iguaçu-PR
Foz do Iguaçu-PR
Corumbá-MS
Aratuba-CE
Meruoca-CE
/vLl UKA
520
275
440
320
1800/1050
550
450
90
250
650
270
400
840
120
250/150
900
600
1100/750
500/320
Quixada-CE
Urucú
1000/200
Sete Lagoas-MG
Serra de St. Helena
1730/710
Andradas-MG
Pico do Gavião
570/480
Morro do Farrabraz
Sapiranga-RS
720
Nova Petrópolis-RS
Ninho das Águias
560
Brasília-DF
Vale do Paranã
Maiores informações pela 1 ntemet no endereço: http://www.iis.com.b r/~afett/sites.htm
CLUBE II^ZZZZZ
Ass. de Vôo Livre do Rio de Janeiro
Ass. Niteroiense de Vôo Livre
CPVL
Ass. Pico Agudo de Vôo Livre
Atibaiense de Vôo Livre
AVLES
Família Fly Tamanduá
Fly Tamanduá
Pomerode CVL
Pomerode CVL
Pomorode CVL
Jaragua CVL
Foz Fun Fly
Foz Fun Fly
ASVL
Clube Cearense de Vôo Livre
Cearense de Parapente
Clube de Vôo Livre Gavião
AGVL
Clube Ninho das Águias
Escola Fly Lift
CONTATO
rzssa
ES=
Tel.: (021) 322-0622, e mail: aí[email protected]
e-mail: afí[email protected]
(011) 469-9089, e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
e-mail: mauricioí@metalleve.com.br
e-mail: [email protected]
(047) 987-1151 Acir Kenig (Xixi), e-mail: [email protected]
(047) 985-5195 Fernando Ribeiro, e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
(085) 981-6532 Daniel (085) 987-9905 Fernando
e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
(035) 731-1450
(051) 599-1767, e-mail: [email protected]
e-mail: [email protected]
(061) 248-2063 (061) 978-7898
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
31
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
Cursos e vôos duplos
CURSO
CIDADE
EMPRESA
Asa delta
St. Antônio do Pinhal-SP
Pro Delta
Asa delta
Atibaia-SP
Ale Vôo livre
Asa delta
Brasília-DF
SkyWay
Paraglider
Niterói-RJ
Tropic Flights
Paraglider
Nova Petrópohs-RS
Top Fly
Paraglider
St. Antônio do Pinhal-SP
Pro Delta
Paraglider
Brasíha-DF
Fly Pit
PREÇO
EQUIPAMENTO
RS 600,00
Vôo duplo: R$ 80,00
R$ 600,00
15 aulas
R$600
com 2 aulas teóricas e 4 aulas
práticas por semana ao longo de 4 meses
RS 600,00
8 a 12 aulas práticas e teóricas
R$ 400,00
3 aulas teóricas mais
5 finais de semanas
RS 550,00
Vôo duplo: RS 70,00
RS 30,00
por aula, (30 a 50 aulas)
Vôo duplo: RS 70,00
CONTATO
RS 3.550, (Wills Wing)
(011) 810 5977 (Lula)
Somente presta manutenção
(011)484 4571
RS 2.500,00 (Andorinha)
(061) 244 1321 / 349 7992
RS 3.200,00 (Pro Design, Up)
(021) 539 7822
Entre RS 2.600,00 e 2.800,00
(Pro Design, Up, Edel)
(054) 228 2688
e-mail: [email protected]
RS 2.800,00
(011) 810 5977 (Lula)
RS 3.700,00 (Apco)
(061) 978 7898
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
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Fonte
H_r
Correio
Endereço httpi/M^ww.bsb.nutecnet.com.br/web/folhainei/
Veja aqui alguns sites sobre vôo livre que a Folha do Meio selecionou pára você. Tem de tudo um pouco, de
classificados até dicas de como participar de listas de e-mails e do bate-papo via teclado com feras do vôo livre.
H4z>
t—
NEKO - nesta página você «i encontrar um pouco de tudo
sobre vôo livre. Desde o vôo duplo, ao recorde brasileiro cm
distância. Aproveite para responder ao questionário e receber
maiores informações sobre vôo livre. De quebra, aprenda algo
sobre surf.
http://www.conex.com.br/uscr/neko/esp.html
PARAPENTE - Nem só de asa dclü se faz o vôo livre. Por isso,
dê uma chegadinha na página do Rodrigo, que traz, inclusive,
algumas dicas sobre como se localizar com exatidão na
superfície terrestre.
http://www.conectiva.com.br/-rodrigo/parapentc/
- Daqui você vê imagens da pista de São Contado,
atualizadas a cada dez minutos e pode entrar num canal de
bate-papo. Mas o melhor da Skynews, são os serviços como
classificados e guia das escolas.
htlp://www.skynews.com.br/
SKYNEWS
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LlSIA - no site da conectiva você verá como entrar para uma
lista de discussão sobre asa delta. Voadores ou não, todos são
bem vindos, é o que está garantido na página. Vale à pena
tentar.
http://listas.conectiva.com.br/listas/Asa-Delu-BR/
I Iniciar gj Cadê? - Microsoi.
- A página do Pelicano pode facilitar a vida dos
nordestinos, especialmente dos cearenses, mostrando as
condições do tempo em Fortaleza, como aprender a voar no
Ceará.
http://www.secrel.com.br/usuarios/frate/
PELICANO
FETT - Participe da pesquisa para listar as melhores rampas do
Brasil numa página cm que há mais de 30 links para sites de
paragliding, pilotos e os meteorológicos (que dizem a
condição do tempo em determinada região).
http://www.iis.com.br/-afetl/
32
BRASÍLIA, SETEMBRO DE 1997
FOLHA DO MEIO AMBIENTE
AO
„,
BRASIL
ESTA NA NORA
M ESCOLA !
11121
CPV-CTO. PASTORAL VERGUEIRO
R. P SEBASTIÃO S.FARIAS, 27 2o.AND CP65107
01390-000 SÃOPAULO-SP
E-maü: [email protected]
Forest Cultura Viva e Promoções Ltda. S? (061) 321-3765 Fax: (061) 321-7357
SRT Sul, Quadra 701, Bloco A, Sala 719 - Centro Empresarial Brasflia - CEP 70340-907 - BRASÍLIA-DF
PORTE PAGO
DR/BSB
PRT/BSB-537/91
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