14 Quinta-feira 28 de agosto de 2014 Jornal do Comércio - Porto Alegre Economia AGRONEGÓCIOS Animais começam a tomar conta da Expointer Fiscais examinam condições sanitárias dos mais de 4,9 mil exemplares inscritos para participar da feira agropecuária Parque Assis Brasil inaugura acesso pela BR-448 Guilherme Daroit Em meio aos últimos retoques nos estandes e galpões do Parque de Exposições Assis Brasil, o recebimento e acomodação dos animais inscritos já começam a dar forma à edição deste ano da Expointer, que será aberta no sábado. Para poderem ocupar os espaços que habitarão pelos próximos dias, porém, todos os exemplares das 35 raças precisam passar por um processo de inspeção, cujo objetivo é garantir a sanidade dos animais expostos na feira. Até as 19h de ontem, dos 4,9 mil inscritos, 1.276 já haviam chegado a Esteio, dos quais 430 bovinos, 470 equinos e 376 ovinos. O procedimento dedicado aos exemplares de maior porte, como bovinos, equinos, caprinos, ovinos e bubalinos, acontece de forma conjunta em espaço próximo à entrada do Parque, das 6h à meia-noite. Segundo o fiscal agropecuário estadual Aurélio Vieira, além da documentação do transporte, também são exigidos dos criadores exames sanitários de seus animais logo no desembarque. Os atestados referem-se a doenças como brucelose e tuberculose em bovinos, anemia infecciosa em equinos e sarna e piolheiras em caprinos e ovinos. “Além disso, também realizamos um exame clínico, visual, para verificar se há verrugas, fungos e lesões”, conta o fiscal. Segundo Vieira, a rejeição de FOTOS MARCO QUINTANA/JC [email protected] Até às 19h de ontem, 1.276 exemplares entraram no parque de exposições, dos quais eram 430 bovinos animais tem se mantido em níveis normais. “Todo ano, acontece de termos algum animal com problema de documentação ou mesmo sanitário, mas em geral a taxa é baixa”, conta. A razão disso se encontra, muitas vezes, no zelo dos próprios criadores. É o caso, por exemplo, do responsável pela Cabanha Guajuviras, Fábio Edson Bittencourt, que diz nunca ter tido um animal rejeitado na feira. O criador, que encarou a viagem durante toda a manhã entre a sede de seu negócio em Manoel Viana, município dis- tante 459km de Porto Alegre, e o parque, inscreveu treze zebuínos da raça Tabapuã. A quantidade exposta é semelhante a exposta por ele todos os anos desde a sua primeira participação, em 1990, e a expectativa é de também repetir o desempenho das outras edições. “Cada ano fica mais difícil, porque falta mão de obra, por exemplo, mas acreditamos que iremos manter os resultados das outras edições”, afirma ele, que estima em cerca de R$ 8 mil o valor de cada animal de um ano de idade, predominantes em sua amostra. A atenção dedicada pelo criador aos zebuínos é redobrada, também, pela presença de sua vaca Tonya da Guajuviras, bicampeã da raça nas duas últimas edições da Expointer. “Vendendo quatro ou cinco animais, já dá pra pagar as despesas”, brinca Bittencourt. “O mais importante acaba sendo a rede de contatos, gente que, mesmo que não compre aqui, conhece a Cabanha e acaba nos visitando mais para a frente”, continua ele, que calcula de 400 a 500 cabeças em seu rebanho, voltadas a cruzamento e plantel. Entre as aves, quase um terço das inscritas foi rejeitada Se nos animais de maior porte a rejeição é menos comum, nas aves, única classe da qual todos os inscritos já chegaram a Esteio, a taxa de rejeição chegou a 30% dos cerca de 800 animais, segundo o fiscal agropecuário estadual Júlio César Corino. Um dos motivos de maior preocupação, segundo ele, seria a presença de ácaros nos animais, que já teriam levado a rejeição a taxas de 50% em 2013 e 80% em 2012. Segundo Corino, a vilã seria a descoberta, recentemente, de uma espécie patogênica de ácaros em criadores de São Paulo. “Embora essa espécie não tenha chegado ao Rio Grande do Sul, temos identificada aqui outra que é muito semelhante, de difícil diferenciação”, conta o fiscal. “Por motivos de segurança, então, acabamos optando por rejeitar ambas” continua ele, ressaltan- do o grande cuidado dispensado pela organização da Expointer com doenças infectocontagiosas, de fácil transmissão. São examinadas também condições físicas dos bichos, como problemas respiratórios. Outra das razões para o número de animais cuja entrada foi recusada seria, ainda conforme Corino, a exigência técnica para a detecção desse tipo de parasita, que dificultaria o êxito nas inspeções realizadas pelos próprios criadores em suas propriedades, realizadas antes do embarque para Esteio. “Nos coelhos, por exemplo, que já vem com uma revisão mais completa, não rejeitamos nenhum dos 80 animais que já entraram”, afirma o fiscal, um dos responsáveis pelo recebimento também de outros animais de menor tamanho, como chinchilas, que só começam a chegar hoje. Segundo Corino, causa seria a descobert rta t de uma espécie patogênica de ácaros Duas obras de infraestrutura serão inauguradas hoje no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio. A primeira é a liberação do acesso secundário que ligará o local à BR-448, também conhecida como Rodovia do Parque. A solenidade ocorrerá às 10 horas. “Estamos comprometidos com a melhoria do fluxo de veículos. A ligação da rodovia permitirá o acesso dos frequentadores a dois estacionamentos do Parque - 15 (visitantes) e 16 (expositores do Simers), o que desafogará a BR 116”, frisou Adeli Sell, subsecretário do Parque Estadual de Exposições Assis Brasil. Após, serão inauguradas oficialmente as obras de contenção do Arroio Esteio. “Estamos trabalhando para que a 37ª Expointer ocorra sem alagamentos. Temos a expectativa de receber em torno de 800 mil pessoas no evento, por isso temos que proporcionar segurança e conforto à população”, completou. Retração de vendas sustenta valores do arroz As cotações do arroz seguem firmes no mercado interno, sustentadas pela retração de parte de produtores, ao mesmo tempo em que indústrias passaram a sinalizar maior interesse de compras. Porém, segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ainda prevalecem as negociações em pequenas quantidades e para atendimento da demanda de curto prazo. Com dificuldade nas vendas do arroz em fardo para atacado e varejo, alguns agentes postergam as compras de novos lotes, o que também afeta o mercado do casca. Algumas empresas aguardam oportunidades de negócios de vendedores que precisam “fazer caixa”, para, então, adquirir novos lotes com preços menores. Produtores, por sua vez, também parecem não ter urgência. Quando precisam negociar e dispõem de outros produtos, como soja e gado, deixam o arroz para segundo plano.