Universidade de Moçambique quer intercâmbio com a Embrapa Pecuária
Sudeste
O professor Inácio Calvino Maposse, da Universidade Eduardo Mondlane,
de Maputo, Moçambique, após visita à Embrapa Pecuária Sudeste (São
Carlos, SP), manifestou interesse em estabelecer intercâmbio entre as
duas instituições, porque “a Embrapa é referência de pesquisa no mundo
e suas pesquisas abrirão novos horizontes para a agricultura
moçambicana”. Ele foi recebido pelas chefas adjuntas Ana Rita Nogueira
e Patrícia Menezes Santos e pelo pesquisador Francisco Dübbern de
Souza. No Brasil, a Universidade Eduardo Mondlane já possui
intercâmbio com a Universidade Federal do Paraná.
Maposse ponderou que uma das metas de Moçambique é reduzir a
importação de alimentos, pois o país ainda traz do exterior grandes
volumes de arroz, milho, trigo, carne bovina, leite e derivados. “A
pesquisa e a transferência de tecnologias para o campo são
fundamentais para que cheguemos à auto-suficiência, ou, pelo menos, à
redução dessas importações”, ponderou o professor. O país exporta
produtos como tabaco, camarão, algodão, caju, açúcar, chá e copra,
mas as importações superam essas exportações, em valores e volumes.
A produção agrícola inclui mandioca (5,8 milhões de ton em 2008),
cana-de-açúcar, algodão, côco, milho (1,3 milhão de ton em 2008),
batata-doce, entre outros.
Outro aspecto apontado pelo visitante é a baixa produtividade da
agricultura, onde predominam pequenos produtores familiares,
responsáveis por 95% da produção total, por 84% dos alimentos básicos
de subsistência, mas por apenas 5% da produção para o mercado. Dos
quase 4 milhões de hectares utilizados pela agricultura, 3,7 milhões de
hectares pertencem a pequenos agricultores, ficando 121 mil hectares
com grandes fazendas e 67 mil hectares com médias propriedades.
Os grandes grupos, de capitais moçambicanos e do exterior, estão
investindo muito em biocombustíveis, principalmente em côco, palma
(dendê), cana e jatrofa, esta última uma oleaginosa, presente na África,
Ásia e no México. Os grupos estrangeiros não podem comprar
propriedades rurais em Moçambique, limitando-se a arrendar terras, por
até 50 anos, depois renováveis por mais tempo.
Na pecuária o país também enfrenta problemas, pois a atividade é
constituída por campos naturais, de baixa produtividade e com
forrageiras de pequeno teor nutritivo, praticamente inexistindo
pastagens cultivadas tecnificadas. Em 2005, o rebanho era de 1,4
milhão de bovinos e de 400 mil caprinos. “Tudo isso só se resolve com
pesquisa e tecnologias adaptadas. E nosso sonho é ter um modelo de
pesquisa agrícola semelhante ao da Embrapa”, ponderou Inácio
Maposse.
Moçambique possui quase 800 mil km2 (para comparação, Mato Grosso
tem 903 mil km2 e Minas Gerais 586 mil km2) e uma população de
cerca de 22 milhões de habitantes. O Brasil e a China cancelaram,
recentemente, os créditos que tinham a receber de Moçambique. O
intercâmbio e a aproximação entre os três países é crescente.
Universidade Eduardo Mondlane
A Embrapa já desenvolve o “Projeto Embrapa Moçambique”, que visa o
fortalecimento do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique
(IIAM), do qual participa o Ministério de Relações Exteriores, por meio
da Agência Brasileira de Cooperação (ABC). Agora também a
Universidade Eduardo Mondlane manifesta interesse em intercâmbio
com a Embrapa.
O nome dessa Universidade, localizada na capital Maputo, é uma
homenagem ao primeiro presidente da Frente de Libertação de
Moçambique (Frelimo), fundada em 1962, para deflagrar a luta, política
e armada, pela independência. Esta só chegou em 1975, com a retirada
das tropas e autoridades portuguesas, ocasião em que a Frelimo
assumiu o primeiro Governo do novo país.
Eduardo Mondlane foi assassinado em 1969, em Dar-Es-Salam, capital
da Tanzânia, onde a Frelimo mantinha sua sede provisória no exílio,
liderando a luta anti-colonial. Ele recebeu um livro por correio, que na
verdade era uma bomba. Mondlane foi sucedido por Samora Machel,
naquele momento comandante militar da Frelimo, mas que
pessoalmente se dedicou menos à guerrilha e às operações militares e
mais às relações e apoio internacional, por parte de organizações de
praticamente todos os países e de governos de inúmeras nações,
principalmente do Leste Europeu, África, Ásia e algumas da América
Latina. Em 1975 Machel se torna o primeiro presidente de Moçambique e
morre, anos depois, em acidente de avião.
São Carlos, 15 de Novembro de 2010
-Jorge Reti - MTb 12693-SP e MS14130/SJPSP/FENAJ
Assessor de imprensa
Download

Universidade de Moçambique quer intercâmbio com a Embrapa