TROVADORISMO
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Modernismo (séc. XX)
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– - 3ª Geração (1945 - ?)
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Realismo/Naturalismo/Parnasianismo/
Simbolismo (séc. XIX - 2ª metade)
Modernismo (séc. XX)
A poesia no período trovadoresco
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Chamamos de poesia trovadoresca a produção poética, em galegoportuguês, do final do século XII ao século XIV. Seu apogeu ocorre no
reinado de Afonso III, em meados do século XIII.
Os cancioneiros
Só tardiamente (a partir do final do século XIII) as cantigas foram
copiadas em manuscritos chamados cancioneiros. Três desses livros,
contendo aproximadamente 1 680 cantigas, chegaram até nós.
Cancioneiro da Ajuda
Cancioneiro da Vaticana
Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa
Os autores
Os autores das cantigas são chamados trovadores. Eram pessoas
cultas, quase sempre nobres, contando-se entre eles alguns reis, como D.
Sancho I, D. Afonso X, de Castela, e D. Dinis. Nos cancioneiros que
conhecemos, estão reunidos as cantigas de 153 trovadores.
Os intérpretes
As cantigas compostas pelos trovadores eram musicadas e
interpretadas pelo jogral, pelo segrel e pelo menestrel, artistas agregados
às cortes ou perambulavam pelas cidades e feiras. Muitas vezes o jogral
também compunha cantigas.
Características das cantigas
• Língua galego-português
• Tradição oral e coletiva
• Poesia cantada e acompanhada por
instrumentos musicais colecionada em
cancioneiros (melopeia)
• Autores trovadores
• Intérpretes: jograis, segréis e menestréis.
• Gêneros: lírico (cantigas de amigo,
cantigas de amor) e satírico (cantigas de
escárnio, cantigas de maldizer).
Os gêneros
As cantigas podem ser classificadas em:
•
gênero lírico: cantigas de amor,
cantigas de amigo
•
gênero satírico: cantigas de escárnio
e de maldizer
Cantigas de Amor
• Eu lírico masculino acometido de coita, ou seja,
sofrimento amoroso;
• Ambientação palaciana (corte);
mulher idealizada;
• Vassalagem amorosa. O eu-lírico assume uma
atitude submissa, de vassalo em relação à
amada, ele é servo da mulher amada (dame
sans merci);
• O nome da mulher amada está sempre oculto
(mesura - ponderação), por ser casada;
• Composição masculina.
Cantigas de Amor
A dona que eu am’e tenho por senhor
amostráde-mh-a Deus, se vos en prazer for,
se non, dade-mi a morte.
A que tenh’eu por lume destes olhos meus
e por que choran sempr’, amostráde-mh-a, Deus,
se non, dáde-mi a morte.
Essa que vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, ai Deus!, fazéde-mh-a veer,
se non, dáde-mh a morte.
Ay Deus, que mi-a fezestes mais ca min amar,
mostráde-mh-a u possa con ela falar,
se non, dade-mh a morte
Bernardo Bonaval
Dama que eu sirvo e que muito
adoro mostrai-ma, ai Deus! Pois que
vos imploro,
Senão, dai-me a morte.
Essa que é a luz dos olhos meus
por quem sempre choram, mostraime, ai Deus!
Senão, dai-me a morte.
Essa que entre todas fizestes
formosa,
mostrai-ma, ai Deus! Onde vê-la eu
possa,
Senão, dai-me a morte.
A que me fizesse amar mais do que
tudo,
Mostrai-ma e onde posso com ela
falar,
Senão, dai-me a morte.
(Bernardo Bonaval)
Cantigas de Amigo
• Eu lírico feminino;
• Ambiente popular (campo, vilas, praia etc.);
• Tema
a) separação do namorado, que parte em alguma expedição militar e a
espera de seu retorno;
(b) a romaria a lugares santos, onde a donzela busca uma conquista
amorosa, através da dança;
(c) as bailadas, que versam exclusivamente o tema da dança;
(d) as marinhas ou barcarolas, à beira do mar;
(e) o tema das tecedeiras, no interior dos lares;
(f) e o tema das chamadas cantigas de fonte, onde as donzelas iam
lavar os cabelos ou mesmo a roupa, encontrando-se então com os
namorados.
• Amor real (saudades de quem o eu lírico teve);
• Paralelismo (repetições parciais)
• Refrão (repetições integrais)
• Sentimentos de saudade do "amigo";
• Composições com diálogo;
• Presença das forças da natureza;
• Composição masculina.
Cantigas de Amigo
1. Ai flores, ai flores do verde pino,
2. se sabedes novas do meu amigo!
3. Ai Deus, e u é?
1. Do que pôs comigo: sobre
aquilo que combinou comigo
(isto é, o encontro sob os
pinheiros)
2. E seera vosc’ant’o prazo
saído (passado): e estará
convosco antes de terminar o
4. Ai flores, ai flores do verde ramo,
5. se sabedes novas do meu amado!
6. Ai Deus, e u é?
7. Se sabedes novas do meu amigo,
8. aquel que mentiu do que pôs comigo!
9. Ai Deus, e u é?
prazo combinado
10. Se sabedes novas do meu amado,
11. aquel que mentiu do que mh á jurado!
12. Ai Deus, e u é?
13. Vós me preguntades polo voss'amigo,
14. e eu ben vos digo que é san' e vivo:
15. Ai Deus, e u é
16. Vós me preguntades polo voss'amado,
17. e eu ben vos digo que é viv' e sano:
18. Ai Deus, e u é?
19. E eu bem vos digo que é san' e vivo
20. e seerá vosc' ant' o prazo sa'ido:
21. Ai Deus, e u é?
22. E eu ben vos digo que é viv' e sano
23. e seerá vosc' ant' o prazo passado:
24. Ai Deus, e u é?
D. Dinis
*
Dinis, grande incentivador
da cultura, fundou a
Universidade de Lisboa
(1291), posteriormente
transferida para Coimbra
(1308). Foi chamado o reitrovador, com 138 cantigas
conhecidas .
Cantigas de Amigo
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?
E ai Deus, se verra cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
E ai Deus, se verra cedo!
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
E ai Deus, se verra cedo!
Se vistes meu amado,
por que ei gran coitado?
E ai Deus, se verra cedo!
Martim Codax
Ondas do mar de Vigo,
acaso vistes meu amigo? Queira
Deus que ele venha cedo! (digam
que virá cedo)
Ondas do mar agitado,
acaso vistes meu amado?
Queira Deus que ele venha cedo!
Acaso vistes meu amigo
aquele por quem suspiro?
Queira Deus que ele venha cedo!
Acaso vistes meu amado,
por quem tenho grande cuidado
(preocupado) ?
Queira Deus que ele venha cedo
Cantigas de Escárnio
• Sátiras indiretas por meio das quais
critica-se, de forma irônica e velada,
pessoas sem citar nomes;
• Sutis e bem-humoradas.
Cantigas de Escárnio
De vós, senhor, quer’eu dizer
verdade
e nom ja sobr’[o] amor que vos
ei:
senhor, bem [moor] é vossa
torpicidade
de quantas outras eno mundo
sei;
assi de fea come de maldade
nom vos vence oje senom filha
dum rei
[Eu] nom vos amo nem me
perderei,
u vos nom vir, por vós de
soidade[...]
Pero Larouco
Sobre vós, senhora, eu quero
dizer verdade
e não já sobre o amor que
tenho por vós:
senhora, bem maior é vossa
estupidez
do que a de quantas outras
conheço no mundo
tanto na feiúra quanto na
maldade
não vos vence hoje senão a
filha de um rei
Eu não vos amo nem me
perderei
de saudade por vós, quando
não vos vir
Pero Larouco
Cantigas de Escárnio
Ai, dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, se Deus mi pardom,
pois avedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero ja loar toda via;
e vedes qual sera a loaçom:
dona fea, velha e sandia!
Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora ja um bom cantrar farei,
em que vos loarei toda via;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!
João Garcia de Ghilhade
Ai, dona feia, foste-vos queixar
que nunca vos louvo em meu cantar;
mas agora quero fazer um cantar
em que vos louvares de qualquer
modo;
e vede como quero vos louvar
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, que Deus me perdoe,
pois tendes tão grande desejo
de que eu vos louve, por este motivo
quero vos louvar já de qualquer modo;
e vede qual será a louvação:
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, eu nunca vos louvei
em meu trovar, embora tenha trovado
muito;
mas agora já farei um bom cantar;
em que vos louvarei de qualquer
modo;
e vos direi como vos louvarei:
dona feia, velha e maluca!
Cantigas de Maldizer
• Sátiras diretas por meio das quais falavase mal das pessoas conhecidas;
• Cita-se o nome;
• Vocabulário de baixo calão;
• Grosseiras com a intenção de ofender
Cantigas de Maldizer
"Dom Bernaldo, pois trazeis
convosco uma tal mulher,
a pior que conheceis
que se o alguazil souber,
açoitá-la quererá.
A prostituta queixar-se-á
e vós, assanhar-vos-ei
um poeta que anda com a pior prostituta que
conhece só pode ser como ela, que “ se
vende” (lembrando o ditado “dize-me com
quem andas e te direi quem és” ).
A cantiga de Pero da Ponte, ainda, tem
tom ameaçador : se o alguazil ( espécie
de policial da época) souber vai querer
Vós que tão bem entendeis
açoitá-la
o que um bom jogral entende,
Se ambos souberem que Bernaldo anda com
por que demônio viveis
uma prostituta como aquela, o poeta
estará perdido ("muito vos molestará" ):
com uma mulher que se vende ?
nem Deus poderá salvá-lo (“Se nem
E depois, o que fareis
Deus lhe valerá”), nada ele poderá fazer
se alguém a El-rei contar
a respeito (“valer-lhe não podeis”). Se o
a mulher com quem viveis
que a cantiga denuncia for de
conhecimento de muitas pessoas,
e ele a quiser justiçar?
Bernaldo de Bonaval, certamente,
Se nem Deus lhe valerá,
perderá seu prestígio literário, político,
muito vos molestará,
moral.
pois valer-lhe não podeis“
(Pero da Ponte)
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