magazinephilos
a
nº
44
dezembro / december
2012
ANO / YEAR XI
www.philos.pt
bilingual edition
ISSN 2182-1550
edição bilingue
© philos - comunicação global, lda 2009
Questões da qualidade
Quality issues
Crónica de Carlos Castilho Pais
Chronicle by Carlos Castilho Pais
Passatempo
For fun
Tradumática
Tradumatics
Impressões de viagem
Travel musings
Índice
a Contents
3
Contra a Corrente a Against the Current
Os melhores votos para 2013
Best wishes for 2013
4
Questões da Qualidade a Quality Issues
Ferramentas de tradução
Translation tools
5
“... da Ocidental praia lusitana” a “... from the Western lusitanian shore”
Arraiolos
6
Em português a In portuguese
Crónica de Carlos Castilho Pais / Chronicle by Carlos Castilho Pais
7
Gosta de flores? a Are you a flower fan?
Verbenas
8
Passatempo a For Fun
9
Crónica das Leiras a Leiras’ farm chronicle
A União e os quatro porquinhos
The Union and the four little pigs
10
An Englishman in Lisbon a Um inglês em Lisboa
11
Biblioteca a Library
Um livro especial para oferecer neste Natal
A special book for Christmas gifts
12
Daqui houve nome Portugal a From here Portugal got its name
Cafezinhos, quantos vão ser?
Coffees, how many do you want?
13
Tradumática a Tradumatics
Fim do Messenger / The end of Messenger
14
Artes a Arts
15
Impressões de Viagem a Travel Musings
Roma – manual rápido de degustação
Rome – quick enjoyment guide
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magazinephilos
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Contra a Corrente
1
2
a Against the Current
3
4
2
Os melhores votos para 2013
Best wishes for 2013
1, 4 - Arraiolos; 2, 3 - Roma :: Rome;
Em 2030, tendo em conta os recursos atuais, prevê-se que sejam necessários mais 50% de
comida, mais 45% de energia e mais 30% de água para abastecer o total da população mundial.
O relatório da ONU “Pessoas resilientes, planeta resiliente: um futuro que vale a pena escolher”
(Resilient people, resilient planet: a future worth choosing), um dos documentos que serviu de base à
Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável Rio+20, realizada em junho
de 2012 no Rio de Janeiro, sublinha ainda que:
Cerca de 3 mil milhões de pessoas poderão estar condenadas à pobreza dentro de três décadas
se o atual modelo de desenvolvimento global não for alterado.
Perante estes dados, não posso deixar de recordar alguém que, em 1959, afirmava:
“Se o mundo quisesse, podia abolir a pobreza dentro de quarenta anos.”
Esse alguém era Bertrand Russel – um dos mais interventivos cientistas e filósofos do século XX –
numa série de entrevistas concedidas à BBC em 1959.
Claro que somos livres de pensar que Bertrand Russel era um otimista.
No entanto, permitam-me que vos cite um também recente relatório da Organização Internacional
do Trabalho:
O rendimento anual per capita nos países mais ricos do mundo cresceu 183% entre 1962 e
2002. Nos mesmos 40 anos, o rendimento anual per capita nos países mais pobres registou um
aumento de 26%.
magazinephilos
a
Editores :: Editors
Margarida Fonseca e Silva
Sílvio Oliveira
Textos :: Texts
philos
Colaboração especial :: Special collaboration
Carlos Castilho Pais
Versão inglesa :: English version
Thomas Kundert
Design
Vitor Silva
Fotografia :: Photos
philos
Publicação :: Publisher
philos - comunicação global, lda
www.philos.pt
ISSN - 2182-1550
Talvez não se quadrem com o período festivo que se aproxima, mas são estas as reflexões que quero
deixar-vos, endereçando a todos os meus melhores votos para o novo ano de 2013.
In 2030, taking into account the current resources available, it is forecast that the world will
require 50% more food, 45% more energy and 30% more water to satisfy the planet’s total
population.
The UN report entitled “Resilient people, resilient planet: a future worth choosing” is one of the
documents that served as the basis for the Rio+20: United Nations Conference on Sustainable
Development, held in June 2012 in Rio de Janeiro, which stresses that:
Around 3 billion people may be condemned to poverty within three decades if the current
global development model is not changed.
Faced with these data, I’m inclined to recall something said in 1959:
“If the world wanted to, it could eradicate poverty within forty years.”
These words were uttered by Bertrand Russell – one of the most active scientists and philosophers
of the 20th century – in a series of interviews given to the BBC in 1959.
Of course, we are free to believe Bertrand Russell was an optimist.
However, allow me to cite another recent report from the International Labour Organisation:
Annual income per capita in the richest countries in the world grew 183% between 1962 and
2002. In these same 40 years, the annual income per capita in the poorest countries increased
26%.
Perhaps these reflections are not exactly in keeping with the festive season, but these are the
thoughts I would like to leave you with as I wish you a Happy New Year of 2013. n
Esta publicação bilingue, de distribuição gratuita, é
exclusivamente eletrónica e destinada ao universo dos nossos
parceiros comerciais.
This bilingual publication is delivered free, by electronic means only
Sílvio Oliveira
and to our business partners.
| dezembro
2012 december |
Sócio Gerente :: General Manager
3
Questões da Qualidade
a Quality Issues
Ferramentas de tradução
Translation Tools
a
A tradução automática é – por muito que a nós, profissionais da tradução,
nos custe aceitar – uma realidade que tem vindo a desenvolver-se através
de variadas ferramentas, com investimento crescente por parte das mais
variadas entidades públicas e privadas.
Pela sua facilidade de acesso online, uma das ferramentas mais utilizadas
hoje em dia é o Google Translator – o Tradutor da Google.
Ora, se é um facto que, para nós, tradutores profissionais, esta ferramenta
apresenta, ainda, inúmeras limitações e – embora podendo ser útil em
circunstâncias específicas – não é, de forma alguma, fiável, a verdade
é que muitos “leigos” na matéria, desconhecendo as especificidades e
dificuldades da tradução, confiam cegamente neste tipo de ferramentas.
Esta confiança leiga e, portanto, cega, pode redundar – e frequentemente
redunda – em traduções tanto mais incorretas, incompreensíveis, ou
mesmo absurdas, quanto maior for o desconhecimento linguístico
daqueles que as procuram.
Assim, por exemplo, se um nativo de língua inglesa pretender obter
uma tradução para português duma frase aparentemente simples
como: Portugal is a fairly linguistically and religiously homogeneous
country, obterá como tradução qualquer coisa como Portugal é um país
relativamente linguística e religiosamente homogénea – o que poderá
parecer muito correto a quem não conheça a língua portuguesa, mas é
perfeitamente incompreensível para um falante do idioma PT.
Outro exemplo do mesmo par de línguas, com uma frase idiomática
como: rub shoulders with the stars, dar-nos-á como tradução: esfregar
ombros com as estrelas – um resultado, no mínimo, risível, que qualquer
tradutor profissional detetaria imediatamente como incorreto, mas
que um leigo poderia eventualmente achar plausível, mesmo sem
compreender o seu sentido.
Vejamos o exemplo inverso, utilizando uma das minhas frases acima:
Esta confiança leiga e, portanto, cega, pode redundar – e frequentemente
redunda – em traduções tanto mais incorretas, incompreensíveis ou mesmo
absurdas, quanto maior for o desconhecimento linguístico daqueles que
as procuram. E o resultado obtido foi: This confidence lay and therefore
blind, may result – and often leads – in translating the more inaccurate,
incomprehensible or even absurd, the greater the unknown language those
who seek them. De facto, uma frase incorreta, incompreensível e, mesmo,
perfeitamente absurda!
É, pois, um alerta que hoje aqui pretendo deixar, sobretudo às empresas
que, numa compreensível ânsia de poupar custos, recorrem a ferramentas
da Internet para uma obtenção a baixo custo da tradução dos seus
materiais publicitários ou, mais grave ainda, de contratos jurídicos – de
cuja tradução incorreta poderão resultar gravíssimos prejuízos futuros.
De resto, caros leitores, não será por acaso que os mais variados conteúdos
das empresas proprietárias destas e doutras ferramentas automáticas
continuam a ser traduzidos nas mais variadas línguas do planeta, por
recursos especializados, com altíssimos níveis de exigência de qualidade
– recursos estes, essencialmente… HUMANOS.
Aproveito para desejar a todos um Feliz Natal e um Bom Ano de 2013.
Paula Pires
-Quality Manager-
Automatic translation is – as much as we translation professionals
struggle to admit it – a reality that has been developing fast given the
various tools available, and which is attracting growing investment from
a broad range of public and private entities.
Given its easy online access, one of the most commonly used tools
nowadays is Google Translator.
While for us, professional translators, this tool is extremely limited
and – although it may be useful in specific circumstances – is by no
means reliable, the truth is that many “laymen” in the subject, ignorant
of the specificities and difficulties of translation, put their blind trust
in these kinds of tools. This unquestioning trust can, and often does,
give rise to translations that are incorrect, incomprehensible or even
absurd, depending on the level of (or lack of) linguistic knowledge of
the “laymen” who are using them.
For example, if a native English speaker wants to obtain a Portuguese
translation of an apparently simple sentence such as: Portugal is a fairly
linguistically and religiously homogeneous country, s/he would obtain a
translation something like: Portugal é um país relativamente linguística
e religiosamente homogénea, which to a Portuguese speaker reads as
“Portugal is a relatively linguistic country and religiously homogenous”.
The translation may appear absolutely correct for somebody who does
not know the Portuguese language but it is perfectly incomprehensible
for a Portuguese speaker.
Another example from the same pair of languages occurs with idiomatic
sentences such as: rub shoulders with the stars. Running it through
the above-mentioned translation tool gives the literal translation that
is nothing short of laughable. Your average Portuguese reader would
understandably be left scratching his/her head trying to imagine what
kind of strange ritual is this of famous people rubbing shoulders against
one another! Any professional translator, however, would immediately
detect the translation as incorrect.
We will now look at the problem the other way round, using one of the
earlier sentences in the Portuguese original of this text: Esta confiança
leiga e, portanto, cega, pode redundar – e frequentemente redunda – em
traduções tanto mais incorretas, incompreensíveis, ou mesmo absurdas,
quanto maior for o desconhecimento linguístico daqueles que as procuram.
When run through Google Translator, we obtain the following: This
confidence lay and therefore blind, may result – and often leads – in
translating the more inaccurate, incomprehensible or even absurd, the
greater the unknown language those who seek them. A more perfect
example of gobbledygook would be hard to find!
This is a warning that I would like to point out here, above all to companies
who in their understandable quest to save costs turn to Internet tools to
obtain low-cost translations of their advertising material, or, even more
seriously, legal contracts – the incorrect rendering of which could result
in very costly future consequences.
Indeed, dear readers, it is not by chance that the most wide-ranging
content produced by companies who own these and other automatic
translation tools continue to be translated into every language on the
planet by specialised resources, with the highest quality standards –
resources which have an essential property – they are HUMAN.
Merry Christmas and a Happy New Year for all of you! n
4
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2012 december
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magazinephilos
a
*
“... da Ocidental praia lusitana” a “... from the Western lusitanian shore”
A rraiolos
* Luís de Camões (1524-1580)
Ponto de partida, de chegada ou de passagem.
Qualquer que seja o trajeto desenhado no nosso
mapa de viagem, Arraiolos é ponto de paragem
obrigatória.
Rica em património histórico e cultural,
Arraiolos tem o seu nome espalhado pelo
mundo em forma de tapetes. Das mãos das
bordadeiras saem, há séculos, majestosos tapetes
feitos de arte que embelezam casas, hotéis e
instituições diversas por esse mundo fora. Mas
nem só de artesanato se faz a riqueza da vila: o
seu centro histórico, carregado de pormenores
arquitetónicos interessantíssimos onde espreita
a hospitalidade a cada porta, convida-nos a
sentir a vivência quotidiana desta vila alentejana.
A coroar o Monte de S. Pedro encontra-se o
Castelo de Arraiolos onde uma impressionante
vista nos aguarda. Esta magnífica peça
de arquitetura militar destaca-se pela sua
imponência e por ser um dos raros exemplares
de castelos de planta circular do mundo.
magazinephilos
a
Outro património que não podemos esquecer
(mesmo que quiséssemos) é a gastronomia. Por
lá, celebra-se a mesa e o palato com semanas
gastronómicas onde os “artistas” convidados são
o porco, o borrego, a vitela, as deliciosas sopas
e… os famosos Pastéis de Toucinho, um doce
original de Arraiolos.
Se, pelo caminho, tiverem dúvidas, perguntem!
Todos sabem o caminho para Arraiolos.
Whether it is a starting point for your journey,
it is your destination, or you are just passing
through, however you have planned your trip,
Arraiolos is a must visit.
Steeped in historical and cultural heritage,
Arraiolos has spread its name all over the world
thanks to its carpets. For centuries the skilled
hands of embroiders have created majestic
carpets whose art has beautified houses, hotels
and institutions all around the world. But it is
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2012 december
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not just handicraft that makes this town such
a richly rewarding place to visit: its historical
centre, teeming with exquisite architectural
details and the hospitality of its inhabitants
invites us to imbibe the day-to-day life of this
town of the Alentejo region. Arraiolos Castle is
perched atop the Monte de S. Pedro from where
we can enjoy a superb view. This magnificent
piece of military architecture is an imposing fort
and one of the world’s rare examples of a circular
castle.
Another piece of patrimony that we
cannot ignore (even if we wanted to) is the
gastronomy. The town celebrates food and
the palate with culinary weeks where the
invited “artists” include pork, lamb, veal,
delicious soups… and the famous Pastéis de
Toucinho, a sweet that originated in Arraiolos.
If you have any doubts about how to get there,
just ask while you’re on your way! Everybody
knows the way to Arraiolos. n
5
Em português
In portuguese
Carlos Castilho Pais
[professor universitário :: university professor]
Os Estudos de Tradução não são indiferentes ao uso que da
tradução fazem outras disciplinas ou ramos de estudo. De forma breve,
dou conta agora da minha reflexão e de algumas propostas que apresentei
num Encontro de Professores de Português da Galiza que discutiu, em
novembro passado, novas propostas didáticas para o Português enquanto
Língua Estrangeira.
Orientou-me o tempo todo um propósito de diferenciação da
minha proposta com a época em que a tradução era quase o único recurso
de aprendizagem das línguas estrangeiras. Neste ‘método tradicional’,
pouca diferença existia entre o ensino do Latim e o ensino do Francês.
Felizmente que o ensino das línguas estrangeiras na atualidade não trata
estas línguas como se fossem ‘línguas mortas’.
Por ser arriscada, esta orientação tinha que ser lembrada de
vez em quando, chamando, muitas vezes, a atenção para um aspeto que
para nós, aqui, é supérfluo recordar: o avanço, em termos teóricos e em
termos práticos, da tradução nos últimos trinta, vinte anos.
Não se tratava, pois, de voltar ao antigamente. A tradução
não era a mesma. Como o ensino, também a tradução tinha dado largos
passos nos últimos anos. Que propostas tinham então os Estudos de
Tradução a oferecer ao ensino das línguas estrangeiras, diferentes de
tudo aquilo que era conhecido?
A proposta não era, de modo algum, uma proposta de
substituição. A tradução enquanto recurso na aula de língua estrangeira
não vinha obstaculizar qualquer dos recursos existentes; ao contrário,
vinha juntar-se ao conjunto dos recursos de que o professor podia dispor.
Em vez de substituir algum dos recursos, a tradução vinha enriquecer o
conjunto de recursos existente.
A proposta também não escondia o seu objetivo principal.
Com este recurso, o aluno aprendia uma língua estrangeira. Aprender a
traduzir não passava por ali. Para isso havia outras disciplinas. Explicitar
este separar das águas era fundamental.
A metodologia própria do recurso deveria esclarecer algumas
objeções, porventura ainda existentes. Lembro alguns passos da
metodologia proposta.
Em primeiro lugar, o recurso é decisão do professor, que o
utiliza quando achar oportuno, em função de objetivos de aprendizagem
previamente determinados. Esses objetivos, como notámos acima, não
podem confundir-se com o ‘traduzir o texto’
Em seguida, uma decisão que é também do professor, o
docente deve escolher o texto, melhor dizendo, os textos, que pretende
levar para a sala de aula, necessários para o desenrolar das atividades
respeitantes ao recurso em questão. Foi necessário explicitar que os
textos – original e tradução – tinham que ser introduzidos em conjunto
na sala de aula, isto é, se, por acaso, o docente não conseguia adquirir o
original do texto traduzido, era aconselhável desistir de apresentar esse
texto traduzido.
Ao aluno competia assinalar, no texto que lhe foi distribuído
pelo professor, as dificuldades linguísticas, culturais, etc. que a leitura
lhe suscitou. Essas dificuldades deveriam coincidir com as novas
aprendizagens a efetuar (e que determinaram, por parte do professor, a
escolha quer do recurso, quer daqueles textos).
No outro texto (traduzido), o aluno encontraria as suas
dificuldades resolvidas pelo tradutor. E assim o aluno aprende.
Muito haveria ainda a dizer, como se compreende. Que
este é um recurso promissor, disso não me restam dúvidas. Como
qualquer disciplina, os Estudos de Tradução não podem negligenciar a
interdisciplinaridade: aquilo que podem dar e aquilo que podem receber
das outras disciplinas. O que acabo de dizer deve inscrever-se sobretudo
naquilo que podem oferecer.
Feliz Natal e um Bom Ano para todos!
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| dezembro
Translation Studies do not ignore how translation is used in
other subjects or branches of study. I will briefly explain my thoughts and
some ideas I presented at a Meeting of Portuguese Teachers in Galicia
last November, where new didactic proposals for teaching Portuguese as
a foreign language were discussed.
I was guided the whole time by the goal of my proposal to
break away from the time when translation was almost the only learning
resource of foreign languages. Using this ‘traditional method’, there
was little difference between teaching Latin and teaching French.
Fortunately, the teaching of foreign languages today does not treat these
languages as if they were ‘dead languages’.
As an approach entailing risks, this guideline had to be
recalled from time to time, often drawing attention to an aspect that for
us, here, is superfluous: the advances made as regards translation, both
in theoretical terms and in practical terms, in the last twenty or thirty
years.
It was not a question, therefore, of turning back the clock.
Translation is not the same today. Like in teaching, translation has also
taken big steps forwards in recent yeas. So what did Translation Studies
have to offer to the teaching of foreign languages, which was different
from what was known?
The idea is certainly not to replace one method with another.
Translation as a resource in the foreign language classroom does not
constitute a barrier to any of the other resources; in contrast, it can be
added to the set of resources which the teacher has available. Instead
of replacing some of the resources, translation should enrich the set of
existing resources.
The proposal would also not hide the overriding objective.
With this resource, the student would learn a foreign language. Learning
how to translate was not part of the plan. Other subjects dealt with this.
Explaining this separation was essential.
The methodology of the resource would clarify any objections
that may still exist. I remind you of some steps of the proposed
methodology.
Firstly, the way the resource is used is to be decided by the
teacher, who uses it when s/he deems opportune, in line with the
predefined learning objectives. These objectives, as we pointed out above,
cannot be confused with ‘translating the text’.
The next decision, which is also up to the teacher, concerns
the text that should be selected. In other words, the texts s/he intends
to take to the classroom to carry out the activities using the resource
in question. It was necessary to explain that the texts – original and
translation – had to be introduced side by side in the classroom, i.e. if by
chance the teacher could not acquire the original of the translated text,
it was advisable not to present the translated text.
The students’ task was to make a note, on the text handed out
by the teacher, of the linguistic, cultural, etc. problems that reading the
text had caused. These difficulties should coincide with the new learning
to be imparted (and which would underpin the choice of the resource
and the texts by the teacher).
In the other text (translated), the student would find the
difficulties solved by the translator. And as such the student learned.
There was a lot more to say, as you can understand. There is no
doubt in my mind that this is a promising resource. Just like any other
subject, Translation Studies cannot ignore the benefits of intermingling
with other subjects: both as regards what can be given and what can
be taken from other subjects. The thoughts described above focus
essentially on what can be given.
Merry Christmas and a Happy 2013 for all of you! n
2012 december
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magazinephilos
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Gosta de flores?
a
Are you a flower fan?
As verbenas tiveram origem na América do Sul e fazem parte da família das Verbenaceae, que contém mais de 250 espécies,
sendo as duas mais conhecidas: a Verbena híbrida que aqui mostramos, e que não deve ser confundida com a Verbena
officinalis, esta última famosa pelas suas propriedades medicinais.
A verbena híbrida tem um ciclo de vida perene, com folhas finamente recortadas e dentadas, onde se destacam em
profusão as flores com cerca de 3-5 cm de tamanho, nas mais variadas cores e combinações, desde o branco, rosa, azul,
violeta, aos vivos tons de amarelo e laranja.
Embora sendo perenes, as verbenas devem ser cuidadas como bienais, pois perdem a força vegetativa com o passar do
tempo. Florescem praticamente todo o ano, e, mesmo nestes dias mais frios, animam-nos a alma com os seus belos tapetes
e maciços floridos.
As flores da verbena têm a particularidade de se fecharem ao crepúsculo, voltando a abrir as suas pétalas com o raiar do sol.
Verbenas originated in South America and belong to the Verbenaceae family, which contains over 250 species, the two
most well-known of which are: the Verbena hybrid which we show here, and which should not be confused with the
Verbena officinalis. The latter is famed for its medicinal properties.
The verbena hybrid has a perennial life cycle, with finely outlined and toothed leaves, and a profusion of flowers around
3-5 cm in size, in a broad array of colours and combinations, ranging from white, rose, blue, violet to vivid yellow and
orange tones.
Although perennial, verbenas should be treated as biennials, as they lose their vegetative strength over time. They flower
practically the whole year round, and even on the coldest days they warm the soul with their beautiful and flowery
blankets.
The verbena flowers have the particularity of closing at sunset, opening their petals again upon the emergence of
sunlight. n
magazine philos - official sponsor
Verbena híbridaVerbena hybrid
http://www.facebook.com/xoqomaia
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2012 december
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For FUN
Passatempo
Temos ofertas para as 3 primeiras respostas certas!
We have gifts for the first 3 people to send in correct answers!
Nota/Note:
A participação está vedada aos colaboradores internos da Philos e seus familiares.
Philos’ in-house team and their family members are not allowed to participate.
Esta figura disfruta de uma vista idílica que começa a seus pés e acaba no céu.
Sabe o nome da escultura e em que cidade a podemos encontrar?
This figure enjoys an idyllic view, which starts at his feet and ends in the sky. Do
you know the name of the sculpture and the city you can find it in? n
Edição anterior Last Issue
Desta vez, apesar de algumas tentativas, ninguém acertou! A resposta certa era Aleksis
Kivi – Helsínquia.
This time, despite some guesses, nobody got it right! The right answer was Aleksis
Kivi – Helsinki. n
8
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2012 december
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magazinephilos
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Crónica das Leiras a Leiras’ farm chronicle*
A União e os quatro porquinhos
The Union and the four little pigs
a
Dom Biralbo da Porta do Olival
Dada a época do ano, não quero fugir à tradição e, por isso, aqui vos deixo um conto que parece estar agora muito em
voga.
Era uma vez… uma grande quinta com vastas planícies, montanhas, ilhas e lagos, habitada por animais de
variadas espécies e feitios. Ora, desde tempos imemoriais que toda essa bicharada passava o tempo em lutas
territoriais, a última das quais se transformara numa das mais cruéis matanças jamais vista.
Foi então que, assustados com o triste resultado das suas guerras, alguns bichinhos mais inteligentes
resolveram juntar forças e criar uma União que a todos protegesse.
E se assim o pensaram melhor o fizeram. Ao fim de algum tempo, a União era tão ampla e forte que a
quinta se tornou numa das mais ricas de sempre, com verdes prados e águas abundantes que a todos
saciavam a fome e a sede.
Eis senão quando… atraído pela prosperidade da quinta, passou a rondá-la o Lobo Mau. Felizes
e distraídos na sua abundância, os bichinhos da quinta não deram por nada. E assim o Lobo Mau,
farejando aqui e além, foi-se aproximando sorrateiramente até se apoderar do centro da União, de que
logo se arvorou dono e senhor.
Como todos os chefes de matilha, o Lobo Mau precisava de afirmar rapidamente o seu poder sacrificando as
primeiras vítimas. Farejou o ar, espevitou as orelhas… e eis que uma suave brisa marítima lhe estremeceu nos
pêlos das narinas.
Era isso: na orla sul da quinta, bem junto ao mar, viviam quatro porquinhos que também partilhavam
os custos e benefícios da União, atarefando-se a alindar os seus jardins e a construir novas estradas,
pontes e rotundas.
Quando o Lobo Mau chegou, olhou invejoso as belas praias, e a aragem de felicidade que
sentiu no ar irritou-o profundamente. Interrogou então do seguinte modo a cada um dos
porquinhos:
- Quando vais pagar a dívida?
Estarrecidos primeiro, alarmados depois, os porquinhos apressaram-se a
acusar-se uns aos outros de preguiçosos, mentirosos e maus pagadores,
reclamando cada um para si os créditos de bom cumpridor.
O Lobo Mau sorriu com sobranceria, ergueu bem alto a voz e
sentenciou:
Porquinhos, porquinhos,
Lamento dizer
Estais muito gordinhos
Eu vou-vos comer
E foi assim que o Lobo Mau comeu os quatro porquinhos da União.
Quanto à dívida… não sei se ficou saldada, mas lá que foi uma boa armadilha do Lobo Mau, ai isso foi!
At this time of the year I don’t want to neglect tradition, and as such I’m going to recount a story that seems to be very much in fashion at the moment.
Once upon a time, there was a huge ranch with vast plains, mountains, islands and lakes, inhabited by animals of several species and natures. From time
immemorial this whole conglomerate of animals spent their time in territorial battles, the last of which transformed into one of the cruellest massacres ever seen.
It was then that, frightened by the sad result of their wars, some of the more intelligent animals decided to join forces and create a Union to protect everybody.
That was the idea and it was duly put into practice. After some time, the Union was so big and so strong that the ranch became one of the richest of all time, with
green pastures and abundant waters where everyone could satisfy their hunger and thirst.
That was when, attracted by the prosperity of the ranch, the Big Bad Wolf began to sniff around. Happy and inattentive in their abundance, the animals of
the ranch did not notice anything. And so, the Big Bad Wolf, sniffing here and there, gradually crept up until it could seize power at the centre of the Union,
immediately becoming its owner and ruler.
Like all leaders of a pack, the Big Bad Wolf needed to prove his leadership powers quickly, sacrificing the first victims. Smelling the air, he pricked up his ears, and
that was when a soft sea breeze wafted into his nostrils.
On the southern perimeter of the ranch, close to the sea, four little pigs also shared the costs and benefits of the Union, busily occupying themselves by beautifying
their gardens and building new roads, bridges and roundabouts.
When the Big Bad Wolf arrived, he looked enviously at the beautiful beaches, and the sensation of merriment he felt in the air irritated him deeply. He asked
each of the little pigs the following:
- When are you going to pay your debt?
Terrified at first, alarmed afterwards, the little pigs quickly began accusing one another of being lazy, liars and debtors, each claiming for themselves the credit
for being a good payer.
The Big Bad Wolf smiled haughtily, and in a booming voice declared:
Little pigs, little pigs,
I am sorry to reveal
You are far too fat
You will be my next meal
And it was thus that the Big Bad Wolf ate the four little pigs of the Union.
As for the debt, whether it was paid off or not I can’t tell, but there is no doubting it was a good trap devised by the Big Bad Wolf! n
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2012 december
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An Englishman in Lisbon
Um inglês em Lisboa
Thomas Kundert
Social Networks and Translators
As redes sociais e os tradutores
Are social networks a danger or a boon for translators?
For professionals whose job requires them to spend hours on end chained
to a desk staring at the computer screen, social networks present both an
important working tool and a potential distraction.
One of the unspoken skills of the best translators is an ability to tap into
the brains of experts in a broad range of fields, such as medicine, law or civil
engineering for example. What better way to do so than to post a question
in one of the thousands of forums which are run by and/or for a specific
class of professionals.
The contributors are usually more than happy to share their specialist
knowledge. This method is usually far more efficient than attempting
to discover the correct translation using a pile of dictionaries or sifting
through a multitude of documents.
Nevertheless, it cannot be denied that the exponential growth in social
networking habits and the ease with which we connect to each other is a big
temptation to deviate our focus from the job at hand. As a friend of mine,
who also works for himself, recently commented: “If I switch on Twitter
I’m half way to getting no work done.”
It is no coincidence that a recent CNET survey found that 54% of US
companies block social networks completely and another 19% only permit
them for business purposes.
But before you start listening with a heavy heart to your conscience, and
deciding that a change in your Internet habits is number one on your list
of New Year’s Resolutions, it’s worth taking into account the findings of
another survey from the same source:
“Studies that accuse social networks of reducing productivity assume
that time spent on such sites is time strictly wasted. But that betrays
an ignorance of the creative process. Humans weren’t designed to
maintain a constant focus on assigned tasks. We need periodic breaks
to relieve our conscious minds of the pressure to perform. Musing
about something else for a while can clear away the mental detritus,
letting us see an issue through fresh eyes.”
So my time hopping between sports sites, travel sites, news sites and
celebrity gossip is actually helping me work better! Hooray! Well, probably
not.
As ever, the answer no doubt lies between the two extremes. Or as Oscar
Wilde put it, in an age where people did their social networking face to face:
“Everything in moderation, including moderation.”
Merry Christmas and Happy New Year!
Serão as redes sociais um perigo ou um benefício para os tradutores?
Para os profissionais que têm de passar horas a fio sentados a uma secretária
de olhos fixos no ecrã do computador, as redes sociais apresentam-se não só
como uma importante ferramenta de trabalho como uma potencial fonte
de distração.
Um dos mais bem guardados segredos dos melhores tradutores é a
possibilidade de recorrer ao conhecimento dos mais variados especialistas
em campos como a medicina, o direito ou a engenharia civil. Ora, uma
excelente forma de o conseguir é colocar a questão num dos milhares de
fóruns dirigidos por/para uma determinada classe de profissionais.
Os participantes ficam, normalmente, encantados por poderem partilhar
os seus conhecimentos, e este método resulta, de longe, bem mais eficaz do
que tentar descobrir a tradução correta numa pilha de dicionários ou na
consulta exaustiva de um sem-fim de documentos.
Não podemos, no entanto, negar que o crescimento exponencial da
atração das redes sociais e a facilidade de contactos que elas proporcionam
constituem um forte assalto à nossa concentração no trabalho. Como dizia
um amigo meu que também trabalha por conta própria: “Se me ligo ao
Twitter, é meio caminho andado para não fazer mais nada.”
Não será por coincidência que uma recente sondagem da CNET concluía
que 54% das empresas dos EUA interditam totalmente o acesso às redes
sociais e 19% apenas o autorizam para fins de trabalho.
Mas, antes que os meus leitores comecem a sentir a consciência pesada e
decidam que a mudança de hábitos na Internet é a sua primeira prioridade
na lista de Decisões para o Novo Ano, vale a pena ter em conta as conclusões
duma outra sondagem proveniente da mesma fonte:
“Os estudos que acusam as redes sociais de diminuição de
produtividade partem do princípio de que o tempo gasto nas redes
é inteiramente perdido. Ora, acontece que este pressuposto revela
um desconhecimento do processo criativo. O ser humano não está
concebido para manter uma atenção constante numa determinada
tarefa. Precisamos de intervalos que descansem a nossa concentração,
aliviando-a da pressão do desempenho. Desviando momentaneamente
a nossa atenção para outro assunto, podemos mais facilmente limpar a
mente, regressando depois ao assunto com ideias frescas.”
Conclusão: o tempo que eu passo entre sites de desporto ou de viagens,
sites de notícias ou de contos-e-ditos dos famosos está, afinal, a ajudar-me a
trabalhar melhor! Maravilha! Bem… provavelmente, não.
Como sempre, a resposta encontra-se, sem dúvida, entre os dois extremos.
Ou, como bem disse Oscar Wilde num tempo em que as relações se faziam
face a face: “Tudo com moderação, incluindo a moderação”.
Bom Natal e Feliz Ano Novo! n
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2012 december
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magazinephilos
a
BibliotecaLibrary
Novidade a New
a
Vitor Silva
Já pensou que livro vai oferecer neste Natal?
Com prefácio de Guilherme d’ Oliveira Martins, “Olhares Sobre a Terra-Mãe” versa a vertente do património edificado, sendo uma obra ímpar
de divulgação de valores patrimoniais pouco conhecidos que, entre outras coisas, visa fomentar um roteiro turístico e cultural alternativo. Uma
obra recheada de desenhos e fotografias do autor que guiam o leitor de Norte a Sul de Portugal.
Receba comodamente o livro em sua casa. Temos condições especiais para o universo dos nossos parceiros.
18 DISTRITOS / DISTRICTS
Aveiro; Beja; Braga; Bragança; Castelo Branco; Coimbra; Guarda; Évora; Faro; Leiria; Lisboa; Portalegre; Porto; Santarém; Setúbal; Viana do Castelo; Vila Real; Viseu.
47 CONCELHOS / COUNCILS
Alcácer do Sal; Alcobaça; Alter do Chão; Amarante; Arcos de Valdevez; Arouca; Barcelos; Beja; Bombarral;
Évora; Figueira da Foz; Idanha-a-Nova; Lagoa; Lamego; Loures; Mirandela; Monção; Mondim de Basto;
Nisa; Pinhel; Ponte de Lima; Portel; Portimão; Porto; Reguengos de Monsaraz; Resende; Sabugal; Sesimbra;
de Moncorvo; Torres Vedras; Viana do Alentejo; Vila do Conde; Vila Flor; Vila Franca de Xira; Vila Nova de
WWW.OLHARES2012.PT
Braga; Castelo Branco; Coimbra; Cuba;
Montalegre; Montemor-o-Velho; Mora;
Sintra; Sobral de Monte Agraço; Torre
Ourém; Vila Real; Vila Verde; Vouzela.
facebook.com/olhares2012.pt
Have you thought about what book you are going to give someone as a Christmas gift yet?
With a preface written by Guilherme d’ Oliveira Martins, Olhares Sobre a Terra-Mãe (Glances at the Motherland, PT version only) looks at
Portugal’s architectural heritage. It is an unparalleled record of little known diamonds of heritage, and among other goals intends to encourage
an alternative tourist and cultural route. The book abounds with drawings and photographs from the author that guide the reader along a
journey from North to South of Portugal.
To receive the book conveniently in your home, take advantage of the special offer we have for all our partners. n
magazinephilos
a
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2012 december
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Daqui houve nome Portugal a From here Portugal got its name
Cafezinhos, quantos vão ser?
Coffees, how many do you want?
a
Nelson Loureiro
As gentes do Porto, e do Norte de Portugal em geral, fazem sempre questão de realçar as suas
idiossincrasias, ou seja, aquilo que julgam diferenciá-las dos restantes cidadãos lusitanos. Mas, por
muito que tentem, há tiques, hábitos, vícios, em que… enfim, somos como a maioria dos restantes
portugueses. Um dos mais evidentes é a paixão pelo café expresso. É uma tradição tão arreigada que a
típica questão que nos lançam no fim da refeição em qualquer restaurante é: Cafezinho? Só assim, sem
introitos de qualquer espécie. Mas é também mais que isso – o café é muitas vezes um pretexto para a
chamada vida social. Quantas longas noites não começam simplesmente por uma combinação para se ir
“tomar um café a qualquer lado”? Pois bem, no meu caso despontou o vício durante uma primeira ida a
Itália, mãe do expresso tal qual o conhecemos – e logo em versão hardcore, quer dizer, sem açúcar, pois
claro, que só assim se consegue realmente perceber de que torrefação é feita a nossa fibra!
De resto, há uma palavra com que poderia resumir facilmente o que vai acima – cafés, Itália,
especificidades portuenses – cimbalino. Embora possa estar a cair em desuso nas novas gerações, este é
ainda o verdadeiro vocábulo portuense para designar café expresso, e deve o seu nome à marca fabricante
de algumas das antigas máquinas que vieram fornecer os estabelecimentos de restauração para a cidade.
Aliás, com sorte pode ser que encontre o local do “cimbalino original” – mas isso, reclamar que fomos
os primeiros em qualquer coisa, é uma tradição comum, e não apenas no Porto.
The people of Porto, and northern Portugal in general, always make a point of emphasising their
idiosyncrasies, in other words, those traits that they believe set them apart from the rest of the
Portuguese population. However, no matter how hard we try, there are certain quirks, habits, foibles
that, truth be told, we share with the majority of the nation’s inhabitants. One of the most obvious is
the passion for espresso coffee. It is a tradition that is so ingrained that the typical question asked upon
finishing a meal in any restaurant is as follows: Cafezinho? As simple as that, with no need for further
embellishment. But it is also more than that – coffee is often an excuse for living one’s social life. How
many long nights start simply with the suggestion: “let’s have a coffee somewhere?” Well, in my case the
vice began during my first trip to Italy, the mother of the espresso as we know it – and I went straight
in at the deep end, i.e. with no sugar, as that is the only way to really gauge the stuff we are made of!
As for the rest, there is one word that neatly sums up everything written above – coffee, Italy, Porto
particularities – cimbalino. Although it is falling by the wayside among the younger generations, it
remains the authentic Porto word for an espresso coffee. Cimbalino derives from the company name of
the producer of old coffee machines that would supply restaurants and cafes all over the city. With a bit
of luck, you may find the location of the “original cimbalino”, but this trait – claiming to be the first to
do something – is another common tradition, and not confined to Porto. n
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2012 december
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magazinephilos
a
Tradumática
a Tradumatics
Fim do Messenger – Microsoft opta pelo Skype
The end of Messenger – Microsoft opts for Skype
a
Durante muito tempo, o programa de mensagens instantâneas da
Microsoft, o Messenger, dominou por completo o mercado, mas
ultimamente tem vindo a perder utilizadores para outros serviços
similares. Assim, e como já há muito se esperava, a Microsoft
anunciou no passado dia 6 de novembro o fim do Live Messenger em
detrimento do Skype, que adquiriu há cerca de um ano.
Para usar o Skype com a conta do Messenger, o utilizador deverá
selecionar a opção de se ligar através da sua conta da Microsoft na
página de entrada da aplicação do Skype. No caso de possuir contas
nos dois serviços, o utilizador poderá combinar as duas contas e
manter apenas um login e senha. Após finalizar o processo, a lista
de contactos do Skype estará sincronizada com a lista do Messenger.
Algumas das vantagens do Skype sobre o Messenger são a
compatibilidade alargada a iPad e tablets Android, vídeochamadas
em telemóveis smartphone, chamadas para amigos do Facebook e
videoconferências em grupo.
Segundo a Microsoft, o serviço Live Messenger será desativado
no primeiro trimestre de 2013 (com exceção da China).
E pronto: já podem enviar as mensagens de Natal pelo Skype. Feliz
2013 para todos!
magazinephilos
a
| dezembro
Ricardo Fernandes
For a long time Microsoft’s instant message service, Messenger,
completely dominated the market, but lately it has been losing ground
to other similar services. Therefore, as expected for a long time,
Microsoft announced the end of Live Messenger on 6 November, as
it has been usurped by Skype, which the company purchased around
a year ago.
To use Skype with a Messenger account users should select the option
to connect through their Microsoft account on the Skype entrance
page. If users have accounts in the two services, they can merge both
into a single login and password. At the end of the process, the list of
Skype contacts will be synchronised with the Messenger list.
Some advantages of Skype over Messenger include widened
compatibility to iPad and Android tablets, video-calls on smart
phones, calls to friends on Facebook and group video conferences.
Microsoft says the Live Messenger service will be deactivated in the
first quarter of 2013 (apart from in China).
That’s it: your Skype is ready for your Christmas chats. Happy New
Year for you!n
2012 december
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ARTESARTS
a
Fernando Nogueira
Contando com um prefácio de Adolfo Luxúria
Canibal e as ilustrações de Rui Itálico, o
primeiro EP de Ermo namora a ideia de QuintoImpério num registo de estúdio conceptual.
Este é também o primeiro trabalho do projeto
musical bracarense, lançado no mês de novembro,
dando lugar a concertos de lançamento para o
comemorar e apresentar.
Este EP foi gravado, produzido e masterizado
no Projéctil, em Braga, por João Martins Moca e
pelos dois elementos da banda, António Costa e
Bernardo Barbosa. O selo é da Futomaki A&R.
“What can we talk about in 2012 but Portugal? And
what can we say about Portugal in 2012 without
talking about ourselves? Our own myths, our own
beliefs, our own history and our own present, the
relentless reality that wears us out and constrains
us? Out of this conflict comes this naked and
sphinx-like identity, in which Portugal, like an old
mother with a household to look after and children
to feed, appears lost in the fog of memory, searching
for a route to follow, a reason to keep going. How
did we get here? Our candour, our innocence, has
not prepared us for such darkness, for so many
tears. And, with the weight of fatality muffling our
voice, we wallow in self-pity, complacent with pain,
we cry for yesteryear, yearning for some redeemer
who can deliver us back to the fertile land, to the
dissipated blood and wine.”
Adolfo Luxúria Canibal
With a foreword by Adolfo Luxúria Canibal
and Rui Itálico’s illustrations, Ermo’s first EP
approaches the idea of The Fifth Empire in a
conceptual studio recording. This is also the first
EP by the musical group from Braga, released in
November, followed by concerts to commemorate
and introduce it.
This EP was recorded, produced and mastered at
Projéctil, in Braga, by João Martins Moca and also
by two of the band members, António Costa and
Bernardo Barbosa.
The record is released on the Futomaki A&R
label.n
Kaleidoscópio
“De que podemos
falar em 2012 senão
de Portugal? E o que
podemos dizer de
Portugal em 2012
sem falar de nós?
Dos nossos mitos,
das nossas crenças,
da nossa história e
do nosso presente, a
realidade inexorável
que nos consome e
constrange? Do seu confronto resulta esta crua e
esfíngica identidade, em que Portugal, como velha
mãe com casa por cuidar e filhos por alimentar,
surge perdido no nevoeiro da memória, à procura
de um rumo, de uma razão para continuar. Como
chegamos até aqui? A nossa candura, a nossa
inocência, não nos preparou para tanto breu, para
tantas lágrimas. E, com o peso da fatalidade a
tolher-nos a voz, mergulhados na auto-comiseração,
complacentes com a dor, choramos por outrora, à
espera de um qualquer redentor que nos devolva à
terra fecunda, ao sangue e vinho dissipados.”
Adolfo Luxúria Canibal
a Kaleidoscope
ERMO
“Deste Lado da Ressurreição”
O filme conta a história de dois irmãos,
Inês e Rafael. Desde o divórcio dos pais, a
família nunca voltou a ver Rafael. Inês foge
de casa à procura dele quando lhe dizem
que ele voltou à praia do Guincho e está
de novo a surfar. Rafael é um ex-campeão
de surf que todos os dias entra nas ondas
perigosas testando os limites da sua vida.
The film tells the tale of two siblings, Inês and
Rafael. Since their parents’ divorce, the family
hadn’t seen Rafael. Inês runs away from home
in search of her brother and she finds out that
he’s back at Guincho beach and he’s surfing
again. Rafael is a former surf champion,
who takes on the dangerous waves every day,
testing his life to the limit each time. n
| dezembro
2012 december
|
a The voice of the moon
Its worldwide premier was at the official
selection of the 36th Toronto International
Film Festival, in Canada, in the Visions
Section. “Deste Lado da Ressurreição” (This
Side of the Resurrection) was also part of the
official selection of the 35th International
Cinema Showcase of São Paulo. The film
premiered in the United States at the Harvard
Film Archive, followed by a projection at the
Anthology Film Archives, in New York.
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The new movie by director Joaquim Sapinho,
which contains almost no dialog, soundtrack
or action, was considered one of the best films
of 2011 by Film Comment magazine.
A Voz da Lua
O novo filme de Joaquim Sapinho, quase sem
diálogos nem banda-sonora nem ação, foi
considerado um dos melhores filmes de 2011
pela revista Film Comment.
Tendo tido a sua apresentação mundial
como parte da seleção oficial do 36º Toronto
International Film Festival, no Canadá, na
secção Visions, “Deste Lado da Ressurreição”
fez também parte da seleção oficial da 35ª
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
A antestreia do filme nos Estados Unidos
foi no Harvard Film Archive, seguindo-se a
sua projeção no Anthology Film Archives de
Nova Iorque.
magazinephilos
a
Impressões de Viagem
a Travel Musings
Roma – manual rápido de degustação
Rome – quick enjoyment guide
a
Todos os caminhos vão dar a Roma, mesmo
que por vias travessas, sinuosas. Terá perdido
quase todo o seu poder, apesar de continuar
capital de uma força económica e guardar
dentro de si a sede do catolicismo; terá sido
depreciada, enquanto fonte irradiante de uma
certa forma de viver em civilização; terá sido
maltratada, enquanto fiel depositária de um
histórico tratado que apaziguou nações até
há muito pouco fratricidas. E, no entanto,
Roma permanece no centro, força centrífuga
que nos conduz inelutavelmente ao regresso.
Mais maduros, serenos, com menos pressa de
transpirar e mais vontade de inspirar.
I – não me importa o que fica “ já ali”, se
estou aqui
É escusado, absolutamente escusado, pensar
que pode ver tudo apenas numa semaninha.
Não interessa se comprou dezenas de guias
magazinephilos
a
e mapas, se leu centenas de fóruns online, se
organizou detalhadamente todos os circuitos
diários, incluindo pausas de quinze minutos,
não mais!, para comer, beber, e satisfazer
outras necessidades inerentes ao ser humano
(e, pessoalmente, não consigo conceber a
logística necessária a semelhante desempenho
multitarefa). É uma cidade demasiado imensa,
demasiado rica em património, história, vida,
para um tão curto espaço de tempo.
Não obstante, podemos na mesma viver
todos de bem com nós mesmos, desde que
saibamos renunciar aos desejos, em prol
da fruição momentânea. Para quê estar a
pensar no Panteão enquanto percorre os
outrora azafamados corredores do Mercado
de Trajano? Selecione alguns pontos que
considera fundamentais e dedique-se
completamente a eles. Desfrute de cada
momento. Deambule pelos espaços em que
| dezembro
2012 december
|
Nelson Loureiro
se encontra. Sinta o calor humano que ainda
emana das pedras. Imagine.
II – – é pouco provável que um carro
arremeta pela esplanada adentro
Agora que já tratámos de reduzir a azáfama
turística que, normalmente, resulta em
milhares de fotografias, algumas bolhas nos
pés e quase nenhumas recordações, vamos
resolver a fobia das multidões de italianos.
Como? Simples: dê alguns passos para fora
do centro da confusão e escolha uma mesa
de esplanada numa das grandes piazzas,
uma escadaria defronte de um monumento
não demasiado icónico, ou, porque não, um
banco em pleno monte palatino. Sente-se
e aprecie o espetáculo à distância. Se optar
pela última, sentirá o barulho transformar-se
a pouco e pouco num ligeiro sussurro, como
se estivéssemos a um nível diferente, quais >>
15
Impressões de Viagem
a Travel Musings
deuses do olimpo a observar o corre-corre dos mortais. E entenderá,
igualmente, as razões que levaram os imperadores a se instalar neste
local da cidade: aqui, o ruído não perturba a reflexão, nem a visão, e
as decisões podem ser bem ponderadas. Por exemplo, escolher onde
almoçar ou jantar.
III – a fama pode igualmente ser péssima conselheira
Os guias turísticos são sempre céleres a apontar os melhores locais: seja
sair à noite, seja para tomar café, seja para comer, seja para experimentar
especialidades, como por exemplo o tartufo. E, no entanto, podem
enganar-se. Nada como caminhar até encontrar um restaurante mais
típico e de ambiente familiar, longe dos grandes centros e, por isso, dos
“grandes” preços. Onde mais conseguirá que lhe sirvam uma lasanha
boa a ponto de provocar desmaios? Ou encontrar um atendimento
mais personalizado, que o leve a experimentar a mistura de mel de
acácia com queijo de cabra, regados ambos com vinho tinto…
[pausa para produzir saliva, peço desculpa]
IV – queria mais?
Bem, aqui, já sabe qual é o conselho que lhe posso dar. Atire mais uma
moedita. Ou, em alternativa, poupe essa e outras moeditas, que, um
dia destes, já lhe servem para nova viagem a Roma. Não se preocupe, ela
continuará lá, à espera, eterna.
All roads lead to Rome, even if via winding alleyways. It may have lost
almost all its power, despite continuing to be a strong economic capital
and to guard within its core the seat of Catholicism; it may have lost
its lustre as a radiating source of a certain lifestyle in civilisation; it
may have been mistreated as a faithful deposit of a historical treaty
that brought peace among nations which until very recently had
violently opposed one another. And yet Rome remains in the centre, a
centrifugal force that leads us inescapably to its return. More mature,
serene, with less hurry to perspire and more willingness to inspire.
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| dezembro
I – I’m not bothered about what’s “ just over there”, if I am here
It is unfeasible, absolutely unfeasible, to think one can see everything
in just one week. It doesn’t matter if you have bought dozens of
guidebooks and maps, if you have read hundreds of online forums, if
you have meticulously organised all your daily itineraries, including
fifteen-minute breaks – not a second more! – to eat, drink and satisfy
other needs inherent to the human being (and personally, I can’t
understand the logic behind such a multitask approach). It is too big a
city, too rich in heritage, history, life, for so short a space of time.
Notwithstanding, we can all live happily with ourselves, provided that
we know how to renounce our desires, in exchange for momentary
enjoyment. Why are you thinking about the Pantheon as you are
strolling through the latter-day buzzing corridors of Trajan’s Market?
Select some points of interest you deem essential and dedicate
yourselves completely to them. Enjoy each moment. Wander around
the places you find yourself in. Feel the human warmth that still
emanates from the stones. Imagine.
II – it is unlikely a car will mount the patio
Now we have dealt with the frenzied tourist’s option, which usually
results in thousands of photographs, blisters on your feet and almost
no memories, we will move on to the phobia of the hoards of Italians.
How? Simple: take a few steps outside the centre of the confusion and
choose a patio table in one of the large piazzas, a staircase in front of a
monument that is not too iconic, or, why not, a bench on the Palatine
Hill. Sit down and appreciate the show from a distance. If you opt for
the last of these suggestions, you will feel the noise transform bit by
bit into a soft buzzing, as if we were on a different level, like Olympian
Gods observing the hustle and bustle of the mortals. And you will
also understand what led Emperors to install themselves at that very
location in the city: there, the noise does not interrupt one’s reflection,
or vision, and carefully pondered decisions can be made. For example,
choosing where to have lunch or dinner. >>
2012 december
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magazinephilos
a
Impressões de Viagem
III – fame can also be a poor advisor
The tourist guides are always swift to point out the best places: whether
it’s going out at night, drinking a coffee, eating a meal, or trying out
a speciality, such as tartufo for example. Nevertheless, you may be
disappointed. There is nothing like finding a more typical restaurant
and family atmosphere, far from the big centres, and as such, far from
the “big” prices. Where else would you be served a lasagne so delicious
it almost makes you swoon? Or would you be served in a personalised
way, that leads you to try the mixture of acacia honey with goat’s cheese,
magazinephilos
a
| dezembro
a Travel Musings
both accompanied by red wine…
[pause to salivate, I beg your pardon]
IV –could you want more?
Well, here you already know the advice I can give you. Throw another
coin into the fountain. Or, alternatively, save it and other coins, so that
one of these days they can be used for another trip to Rome. Don’t
worry, it will still be there, waiting for you, eternally. n
2012 december
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a
magazinephilos
Esperamos que tenha gostado. Voltamos em março.
Hope you have enjoyed. We will be back in March.
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