ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE MISTURAS ASFÁLTICAS DENSAS CONSIDERANDO A VARIAÇÃO DE TEMPERATURA Valdir dos Santos Barboza Junior Acadêmico de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Eduardo Martins Renz Acadêmico de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Marina Frederich de Oliveira Acadêmica de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Lucas Eduardo Dornelles Acadêmico de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Mauricio Silveira dos Santos Mestrando em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Deividi da Silva Pereira Professor Doutor do Departamento de Transportes da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Luciano P. Specht Professor Doutor do Departamento de Transportes da Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Resumo. Este artigo tem por objetivo avaliar os efeitos da suscetibilidade térmica em diferentes tipos de ligantes asfálticos nos ensaios de módulo de resiliência e de resistência à tração por compressão diametral. Para tanto, foram ensaiados 32 corpos de prova divididos em 4 tipos de ligantes diferentes (TLA, TLA FLEX, 50/70 e 60/85) que foram divididos para serem ensaiados nas temperaturas de 15, 25 e 35 graus. Os ensaios foram realizados e podese observar que as misturas com TLA FLEX e TLA são mais rígidas e que a maiores diferenças de resistência a tração ocorre na temperatura de 25ºC. Palavras-chave: Variação de temperatura. Ligantes convencionais. Ligantes modificados. 1. INTRODUÇÃO O desempenho adequado do revestimento asfáltico depende da aquisição de uma adequada mistura com graduação e de um teor ideal de ligante asfáltico, de modo a proporcionar durabilidade, conforto e segurança ao rolamento dos veículos, resistência às cargas aplicadas, deformações, desagregações e fraturas, sem se tornar instável ao tráfego e às condições climáticas (Bock.,2009). A mistura asfáltica pode ser definida como uma combinação de material de enchimento, materiais granulares e ligante asfáltico em proporções pré-estabelecidas, onde o ligante asfáltico tem função de aglutinante entre os agregados, de forma a fornecer resistência e impermeabilidade (Patriota.,2004). O dimensionamento de pavimentos flexíveis por muitos anos foi realizado a partir de métodos empíricos, contudo a XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil necessidade de um método de dimensionamento racional fez com que fosse criado o método “mecanístico”, que considera a análise de deformações e tensões em meios elásticos. Conforme a necessidade diversos ensaios foram surgindo, como por exemplo, ensaios para caracterização das misturas, como o ensaio de Resistência à Tração por Compressão Diametral, o ensaio de Módulo de Resiliência e entre outros (Vasconcelos.,2004). O ensaio de Resistência à Tração por Compressão Diametral consiste em aplicar duas forças concentradas e diametralmente opostas de compressão em um cilindro, em consequência gerando tensões de tração uniformes perpendiculares a este diâmetro. (Bernucci et al.,2006). O presente ensaio segue a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), NBR 15087:2012, a mesma fornece as diretrizes para a execução do ensaio. Figura 1 – Esquema do ensaio de Resistência à Tração por Compressão Diametral Fonte: Bernucci et al (2006) Segundo Balbo (2007), o Módulo de Resiliência representa a capacidade de um material não conservar deformações depois de interrompida a ação da carga. A relação entre o valor de módulo de resiliência e a resistência à tração do material tem sido empregada na dosagem de misturas asfálticas, pois quanto mais rígido, maior é a sua capacidade como camada de reter esforços no próprio material, aumentando o efeito de placa da camada, o que acaba induzindo maiores tensões de tração no material. Logo, não há benefício em um aumento do módulo de resiliência da camada sem o devido aumento de sua resistência, pois para diminuir as tensões de tração na fibra inferior, seria necessário aumentar a espessura da camada (Balbo .,2007). O alvo da pesquisa é avaliar os efeitos da suscetibilidade térmica em diferentes tipos de ligantes nos ensaios de módulo de resiliência e de Resistência à Tração por Compressão Diametral. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Metodologia Para a realização dos ensaios foram moldados 32 corpos de prova, para estes, foram utilizados agregados da pedreira de Santo Antonio da Patrulha – RS. Foram confeccionados 8 corpos de prova com os seguintes ligantes: TLA, TLA FLEX, 50/70 e 60/85. Foram moldados 3 corpos de prova para serem ensaiados na temperatura de 15 graus, 3 na temperatura de 35 graus e 2 na temperatura de 25 graus. Os ensaios de Módulo de Resiliência seguem as prescrições da norma do DNER-ME 133/94 e o ensaio foi realizado na máquina UTM-25. O equipamento (Figura3) utilizado na pesquisa para realização do Módulo de Resiliência (Mr) é composto por um pistão que fornece um carregamento repetido pulsante com auxílio de um dispositivo pneumático, conectado a um regulador de tempo e freqüência de 1Hz. O equipamento funciona dentro de uma câmara com temperatura controlada. XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil Figura 2 - Máquina UTM-25. Figura 4 - Prensa Marshall modelo CSR-5T. Com os dados adquiridos nestes ensaios, será possível posteriormente realizar uma análise das deformações que ocorreriam às amostras caso fossem empregadas em campo, através de uma análise mecanicista com a utilização do programa SisPav. Figura 3- Equipamento utilizado para o ensaio de Módulo de Resiliência. Os corpos de prova foram condicionados na maquina em suas respectivas temperaturas(15°,25° e 35°) pelo menos 12 horas antes dos ensaios. Após os ensaios de Mr foram realizados os ensaios de Resistência a Tração seguindo as prescrições da norma DNER-ME 138/94. Os corpos de provas foram ensaiados na maquina Prensa Marshall modelo CSR-5T. 2.2 Resultados De acordo com o Figura 5- Módulo de Resiliência(MR) X Temperatura °C( Temp) pode-se observar que o ligante TLA Flex possui maior MR na temperatura de 15°C. MR (MPa) Te mp (C) Figura 5: Módulo de Resiliência(MR) X Temperatura °C( Temp) Na Figura 6- Resistência à Tração(RT) X Temperatura °C (Temp) observa-se que o ligante TLA Flex obteve uma maior RT em XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil todas as temperaturas testadas comparação com os outros ligantes. . em Figura 6: Resistência à Tração(RT) X Temperatura °C (Temp) 3. CONCLUSÕES De acordo com o gráfico da figura 5, as misturas com TLA Flex e TLA são mais rígidas e assim são melhores para emprego em trechos com problema de deformação permanente. A partir do gráfico da figura 6 podemos verificar que as maiores diferenças de resistência a tração é na temperatura de 25°C . O ligante com maior RT é o TLA Flex e de menor resistência é o 50/70. Agradecimentos À Petrobrás pelas bolsas de iniciação científica e ao LMCC e Geppasv pelo local e equipamentos para realização dos ensaios. 4. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15087: Misturas asfálticas – Determinação da resistência à tração por compressão diametral. Rio de Janeiro. 2012. BOCK, A. L. DESEMPENHO À FADIGA DE MISTURAS EM CONCRETO ASFÁLTICO COM DIFERENTES FORMAS DE INCORPORAÇÃO DE CAL, Trabalho de conclusão de curso, UNIJUI - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2009. BERNUCCI , Liedi Bariani et al. Pavimentação Asfáltica: Formação Básica para Engenheiros. Rio de Janeiro, PETROBRAS, ABEDA. 504p. 2006. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS E RODAGEM. Misturas Betuminosas – Determinação do Módulo de Resiliência. DNER – ME 133/94. Rio de Janeiro, 1994, 5p. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. Misturas Betuminosas – Determinação da Resistência à Tração por Compressão Diametral. DNER – ME 138/94. Rio de Janeiro, 1994, 4p. PATRIOTA, Marcelo de Barros. Análise Laboratorial de Concreto Betuminoso Usinado à Quente Modificado com Adição de Borracha Reciclada de Pneus – Processo Seco. 128f. Tese (Mestrado em Ciências em Engenharia Civil) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2004. VANCONCELOS, Kamilla Lima. Comportamento Mecânico de Misturas Asfálticas a Quente Dosadas pelas Metodologias Marshall e Superpave com Diferentes Granulometrias. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 132p., 2004. BALBO, José Tadeu. Pavimentação Asfáltica – materiais, projeto e restauração. São Paulo, Oficina de Textos, 558p. 2007. XXVI CONGRESSO REGIONAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM ENGENHARIA – CRICTE 2014 8 a 10 de outubro de 2014 – Alegrete – RS – Brasil