ARTIGO DE REVISÃO Cefaleia e Nutrição Headache and Nutrition 1 Raimundo Pereira da Silva Néto; 2Adriana de Almeida Soares; 3Kelson James Almeida Neurologista e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia; 2Nutricionista e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia; 3Médico da Clínica Neurocefaleia, Teresina, PI Centro de Neurologia e Cefaleia do Piauí – Teresina PI, Brasil 1 Silva Néto RP, Soares AA, Almeida KJ. Cefaleia e Nutrição. Migrâneas cefaléias 2009;12(1):20-24 RESUMO Introdução: Existe uma importante associação entre nutrição e cefaleia, pois os pacientes cefaleicos podem ter obesidade, crises desencadeadas por jejum prolongado ou ingestão de determinados alimentos, aumento do apetite e/ou ganho de peso, constipação intestinal e tontura. Muitas dessas queixas podem ser manifestações clínicas da própria doença ou efeito adverso das medicações profiláticas. Objetivo: O objetivo deste estudo foi estimular o profissional de nutrição a estudar as cefaleias e utilizar a dietoterapia nos casos selecionados. Método: Foi revisada a literatura sobre a relação da nutrição com as cefaleias e a conduta nutricional nos pacientes cefaleicos. Conclusões: Os pacientes com cefaleia necessitam de nutricionista para uma reeducação alimentar e dietoterapia como tratamento coadjuvante. Palavras alavras-- chave: Cefaleia, nutrição, dietoterapia. ABSTRACT Introduction: There is an important association between nutrition and headache because the patients with headache can have obesity, attacks precipitated by long fasting, appetite increase and/or weight gain, constipation, and dizziness. Many of these complaints can be clinical manifestations of the disease or side effects of the prophylactic therapy. Objective: The objective of this study was to stimulate the nutritionist to study the headaches and to utilize the diet therapy in the selected cases. Method: We review the literature about the association between nutrition and headache over the nutritional orientation in the patients with headache. Conclusions: The patients with headache need nutritionist for a reeducation of eating habits and diet therapy as auxiliary treatment. Key words: Headache, nutrition, diet therapy. 20 INTRODUÇÃO A classificação internacional das cefaleias divide-se em cefaleias primárias, secundárias e neuralgias craniofaciais.1 Nela estão descritos os critérios diagnósticos que são importantes para o seu tratamento. Logicamente que o tratamento das cefaleias secundárias depende da retirada do fator causal, enquanto as cefaleias primárias, por não apresentarem nenhuma lesão estrutural, necessitam de tratamento específico, seja farmacológico ou não farmacológico. O tratamento não farmacológico tem sido utilizado mesmo sem evidências científicas de sua eficácia e inclui acupuntura, técnicas de relaxamento, biofeedback e psicoterapia.2 Atualmente, a nutrição é lembrada quando se fala de tratamento não farmacológico, principalmente na restrição dietética. Entretanto, essa medida deve ser específica, individualizada e indicada apenas para pacientes que têm desencadeante(s) alimentar(es) de suas crises comprovado(s). A relação da nutrição com a cefaliatria é muito mais abrangente, pois os pacientes cefaleicos podem apresentar obesidade, crises desencadeadas por jejum prolongado ou ingestão de determinados alimentos, aumento do apetite e/ou ganho de peso, constipação intestinal e tontura. Muitas dessas queixas podem ser manifestações clínicas da própria doença ou efeito adverso das medicações (Tabelas 1, 2, 3 e 4). Migrâneas cefaléias, v.12, n.1, p.20-24, jan./fev./mar. 2009 CEFALEIA E NUTRIÇÃO CEFALEIAS PRIMÁRIAS Migrânea A migrânea apresenta cefaleia recorrente que se manifesta em crises, com duração de quatro a 72 horas, localização unilateral, caráter pulsátil, intensidade moderada ou forte, exacerbada por atividade física rotineira e associada com náuseas e/ou vômitos e/ou fotofobia e Migrâneas cefaléias, v.12, n.1, p.20-24, jan./fev./mar. 2009 fonofobia.1 As crises podem ser desencadeadas por jejum prolongado e ingestão de determinados alimentos em alguns pacientes.3 Nesta situação, orienta-se ao paciente a não permanecer em jejum por mais de três horas e evitar a ingestão de alimentos que, seguramente, desencadeiem as crises. Não se deve fazer proibição indiscriminada.4,5 A constipação intestinal e a tontura são queixas frequentes tanto na crise quanto no período intercrítico.6-8 21 RAIMUNDO PEREIRA DA SILVA NETO E COLABORADORES Tais queixas são decorrentes da própria fisiopatologia da doença ou secundárias às reações adversas das medicações profiláticas e necessitam de medidas dietéticas no seu tratamento. Na presença de constipação intestinal, recomenda-se dieta laxante e, para a tontura, orienta-se evitar jejum prolongado, limitar cafeína e sacarose.9 As drogas utilizadas na profilaxia apresentam como efeito colateral o estímulo do apetite e/ou ganho ponderal.10 Exceção se faz ao topiramato, que causa perda de peso, além de um efeito frequente que são as parestesias, que necessitam de reposição de potássio no seu tratamento.11 Ademais, os estudos comprovam que a obesidade é um fator de cronificação da cefaleia.12-14 Cefaleia do tipo tensional Na cefaleia do tipo tensional a dor é tipicamente bilateral, com caráter em pressão ou aperto (não pulsátil), de fraca a moderada intensidade e não piora com a atividade física rotineira. Há ausência de náusea ou vômito e presença de fotofobia ou fonofobia. Divide-se em cefaleia do tipo tensional episódica ou crônica, caso as crises ocorram em menos de 15 dias por mês ou mais de 15 dias por mês, respectivamente.1 A droga mais utilizada na sua profilaxia é a amitriptilina, que tem como efeitos adversos, dentre outros, a constipação e o estímulo do apetite ou ganho ponderal.10 Estes pacientes necessitam de acompanhamento nutricional para reeducação alimentar. Cefaleia em salvas Tal cefaleia é primária, do grupo das cefaleias trigêmino-autonômicas, que apresenta certas peculiaridades como: dor excruciante, crises de curta duração, evidente ritmo circadiano, periodicidade e distúrbios autonômicos. Caracteriza-se por crises de forte intensidade, estritamente unilateral, na região orbital, supraorbital ou temporal, durando de 15 a 180 minutos e ocorrendo desde uma vez a cada dois dias até oito vezes por dia. Ocorre associação com um ou mais dos seguintes aspectos, todos ipsilaterais à dor: hiperemia conjuntival, lacrimejamento, congestão nasal, rinorreia, sudorese na fronte e na face, miose, ptose e edema palpebral.1 As crises ocorrem na mesma hora do dia num significante número de pacientes, e os ataques noturnos são os mais frequentes, em torno de 50% a 60%, aproximadamente 90 minutos após o paciente adormecer. O principal fator desencadeante é o álcool. 22 O lítio é indicado para o tratamento da cefaleia em salvas desde 1974. Esta droga não deve ser utilizada concomitantemente com dieta hipossódica ou com diuréticos que induzam perda de sódio, dado que a depleção de sódio acarreta retenção intracelular de lítio.15 O paciente deve ser orientado a evitar a ingestão de bebida alcoólica e dieta hipossódica. Cefaleia hípnica É uma cefaleia que aparece somente durante o sono e acorda o paciente, sendo conhecida como "cefaleia do relógio" ou "cefaleia do despertador"; é característica da meia idade e velhice. Ocorre mais de 15 vezes por mês, dura 15 minutos ou mais após acordar. Ocorre pela primeira vez após os 50 anos de idade. Há ausência de sinais autonômicos e presença de um dos sintomas seguintes: náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia. Não é atribuída a outro transtorno.1 Diversos trabalhos demonstram que o carbonato de lítio foi o tratamento eficaz em vários casos relatados.16,17 Deve-se ter em mente que o lítio não pode ser usado concomitantemente com dieta hipossódica ou com diuréticos.15 Do ponto de vista nutricional, deve-se evitar dieta hipossódica. CEFALEIAS SECUNDÁRIAS Cefaleia atribuída à hipertensão intracraniana idiopática Esse tipo de cefaleia ocorre quando há um aumento da pressão intracraniana superior a 200 mmH2O em não obesos e superior a 250 mmH2O em obesos.1 A conduta nutricional é a perda de peso, visto que esta cefaleia ocorre mais frequentemente em mulheres jovens e obesas.18-21 Cefaleia pós-punção dural A cefaleia pós-punção dural surge dentro de cinco dias num paciente que tenha realizado punção dural e desaparece espontaneamente dentro de uma semana, ou 48 horas após tratamento eficaz do extravasamento liquórico, usualmente, através de tamponamento sanguíneo epidural (blood patch). Esta cefaleia piora dentro de 15 minutos após o indivíduo sentar-se ou ficar em pé e melhora dentro de 15 minutos após deitar-se.1 Do ponto de vista nutricional, recomenda-se o aumento da ingestão de líquidos por via oral após a punção, como forma de tratamento preventivo. Migrâneas cefaléias, v.12, n.1, p.20-24, jan./fev./mar. 2009 CEFALEIA E NUTRIÇÃO Cefaleia induzida por álcool A cefaleia induzida por álcool pode ser imediata ou tardia. A cefaleia imediata, conhecida como "cefaleia do coquetel", aparece comumente três horas após a ingestão alcoólica e desaparece dentro de 72 horas, sendo que a quantidade suficiente ainda não foi determinada. A cefaleia tardia, conhecida como "cefaleia da ressaca," surge após ingestão de uma quantidade moderada de bebida alcoólica por um indivíduo migranoso, ou uma quantidade tóxica por pessoa não migranosa. A cefaleia aparece após a diminuição ou a redução a zero dos níveis sanguíneos de álcool e desaparece em até 72 horas.1 A conduta nutricional consiste em evitar a ingestão de bebidas alcoólicas. Cefaleia induzida por componentes alimentare alimentaress e aditivos Denominada antigamente de cefaleia alimentar, aparece dentro de 12 horas após a ingestão de uma dose mínima de componente alimentar ou aditivo e desaparece dentro de 72 horas após ingestão única.1 Diversos componentes alimentares ou aditivos têm sido responsabilizados como capazes de induzir cefaleia, dentre eles: feniletilamina, tiramina, aspartame e glutamato monossódico.22,23 A ingestão de comidas ricas em glutamato monossódico, principalmente as chinesas, induzem à chamada "síndrome do restaurante chinês", caracterizada por uma cefaleia que surge dentro de uma hora após a ingestão de glutamato monossódico e desaparece dentro de 72 horas após uma ingestão única. A conduta nutricional é a de que os pacientes suscetíveis evitem alimentos que contenham esses componentes ou aditivos, principalmente o glutamato monossódico. Cefaleia por supressão da cafeína Essa cefaleia ocorre nas pessoas que têm um consumo de cafeína superior a 200mg/dia, por mais de duas semanas, e suspendem-na abruptamente. A cefaleia desenvolve-se dentro de 24 horas após a última ingestão de cafeína e é aliviada dentro de uma hora, por 100mg de cafeína.1 Desaparece dentro de sete dias após a interrupção completa do uso de cafeína.24,25 A conduta nutricional consiste em não suspender abruptamente a cafeína.26 Cefaleia das grandes altitudes A cefaleia aparece dentro de 24 horas após a ascensão a altitudes superiores a 2.500 metros e desaMigrâneas cefaléias, v.12, n.1, p.20-24, jan./fev./mar. 2009 parece dentro de oito horas após descer. Caracteriza-se por ser bilateral, frontal ou frontotemporal, caráter em peso ou pressão, de intensidade fraca a moderada, e agravada por exercício, movimento, esforço abdominal, tosse ou inclinação.1 Algumas medidas preventivas são sugeridas, como a aclimatação por dois dias antes de dedicar-se a exercícios extenuantes em grandes altitudes, evitar o consumo de álcool e aumentar a ingestão de líquidos. A conduta nutricional é aumentar a ingestão de bebidas geladas ou de alimentos contendo carboidratos. Cefaleia da apneia do sono Presente ao acordar em pacientes com apneia do sono, essa cefaleia é demonstrada por polissonografia noturna. Não se sabe se o mecanismo envolvido está relacionado à hipóxia, à hipercapnia ou ao distúrbio do sono, mas sabe-se que predomina em pacientes obesos e piora com o ganho rápido de peso.1 A conduta nutricional é a perda de peso através de uma reeducação alimentar e atividade física. Cefaleia atribuída ao jejum É uma cefaleia difusa, de fraca a moderada intensidade e de caráter não pulsátil em um paciente em jejum há mais de 16 horas. A possibilidade dessa cefaleia se desenvolver aumenta com a duração do jejum. Necessariamente, ela aparece durante o jejum e não está relacionada com a hipoglicemia.1 O tratamento baseia-se no retorno à ingestão do alimento, com desaparecimento da dor após 72 horas. NEURALGIAS CRANIANAS Cefaleia atribuída à ingestão ou inalação de estímulo frio Esse tipo de cefaleia surge quando há estímulo frio no palato e/ou parede posterior da faringe de indivíduos suscetíveis à ingestão de comida ou bebida gelada ou inalação de ar frio. Desaparece dentro de cinco minutos após a remoção do estímulo.1,27 A profilaxia é feita com a ingestão lenta de comida ou bebida geladas. Neuropatia ocular diabética Descrita como dor na região do olho e da fronte, essa cefaleia está associada à paresia de um ou mais nervos oculomotores, geralmente o III nervo craniano, em um paciente com diabetes mellitus. A neuropatia apa23 RAIMUNDO PEREIRA DA SILVA NETO E COLABORADORES rece dentro de sete dias do início da dor e não é atribuída a outro distúrbio.1 Aconselha-se um rigoroso controle da glicemia através de medicação específica e redução da ingestão de carboidratos. 12. Bigal ME, Lipton RB. Obesity is a risk factor for transformed migraine but not chronic tension-type headache. Neurology. 2006;67(2):252-7. 13. Bigal ME, Liberman JN, Lipton RB. Obesity and migraine: a population study. Neurology. 2006;66(4):545-50. 14. Bigal ME, Lipton RB. Modifiable risk factors for migraine progression. Headache. 2006;46(9):1334-43. CONCLUSÃO 15. Shuster J. Lithium and sodium depletion. Nursing. 1998; 28(9):29. Conclui-se que o papel do nutricionista no ambulatório de cefaliatria não deve ser apenas o de tratar cefaleias com medidas dietéticas, consiste num acompanhamento conjunto com o cefaliatra, no sentido de amenizar os efeitos colaterais das drogas que causam constipação intestinal, que aumentam o apetite e/ou peso e que provocam tontura e parestesias, além de uma orientação quanto ao jejum prolongado e à restrição e substituição de componentes alimentares e aditivos. 16. Vieira Dias M, Esperança P. Hypnic headache: a report of four cases. Rev Neurol. 2002;34(10):950-1. REFERÊNCIAS 1. Headache Classification Committee of the International Headache Society. The international classification of headache disorders. Cephalalgia 2004;24(Suppl 1):1-160. 2. Sociedade Brasileira de Cefaleia. Recomendações para o tratamento profilático da migrânea. Arq Neuropsiquiatr 2002:60(1):159-69. 3. Millichap JG, Yee MM. The diet factor in pediatric and adolescent migraine. 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Endereço para correspondência Dr aimundo PPereira ereira da Silva Neto Dr.. R Raimundo Centro de Neurologia e Cefaleia do Piauí Rua São Pedro, 2071/Centro Ed. Raimundo Martins – Salas 303/304 64001-260 – Teresina-PI-Brasil Tel./fax: (+ 55 86) 3221-9000 E-mail: [email protected] Migrâneas cefaléias, v.12, n.1, p.20-24, jan./fev./mar. 2009