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Definição do Amor
“(...)
Uma ferida sem cura,
uma chaga, que deleita,
um frenesi dos sentidos,
desacordo das potências.
Uma dor, que se não cala,
pena, que sempre atormenta,
manjar, que não enfastia,
um brinco, que sempre enleva.
O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um rebuliço de ancas,
quem diz outra coisa, é besta."
GREGÓRIO
DE
MATOS, ANTOGIA
POÉTICA .
Marque a alternativa correta.
A) O Gregório de Matos barroco abandona o estilo clássico, de tema e
tratamento nobres e superiores, optando por temas prosaicos e
redimensiona a forma literária elevada para composições mais populares, o que implica na conservação do decassílabo, como no
poema acima.
B) No soneto "Amor é fogo que arde sem se ver", Camões não alcança
a definição exata do Amor, definindo-o pelas indefinições, por
considerá-lo um sentimento contraditório. Nesse sentido, os versos
acima são uma paráfrase ao famoso poema camoniano.
C) A vertente maneirista da obra poética de Gregório de Matos é pautada pelas tensões oriundas da Contra-Reforma, que alertava sobre a
fragilidade humana e a conseqüente necessidade de valorizar o espiritual. A vertente barroca é voltada para o prazer, o riso e a festa:
as delícias da vida terrena. O poema em questão é da vertente
maneirista.
D) A partir do verso "O Amor é finalmente", o poeta afasta as antíteses
que corroboram as contradições do amor espiritualizado, resumindo o amor aos aspectos físicos desse sentimento.
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