ISSN 1415-2525
IPOTESI
REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS
V.
IPOTESI JUIZ
DE
FORA
11 - N. 2 - JUL/DEZ - 2007
V .11 N . 2 P Á G
1 - 19 6
JUL/DEZ
2007
Universidade Federal de Juiz de Fora
Faculdade de Letras
UFJF –Faculdade de Letras
Programa de Pós-Graduação em Letras- Estudos Literários
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Tiragem:
500 exemplares
Editoração:
Studio Gráfico Editora UFJF:
Daniella Guedes, Sinval de Abranches, Nathália Duque
Capa
Daniella Guedes
Copyright: Programa de Pós-Graduação em Letras-Estudos Literários da UFJF
Ficha Catalográfica
Ipotesi - Revista de Estudos Literários / v. 11, n. 2, jul/dez 2007
Juiz de Fora - Editora UFJF, 2007
p. 196 / v. 1 n.1, 1997 - Semestral
ISSN 1415-2525
1. Literatura - teoria. 2. - Literatura - Crítica textual.
3. Literatura Comparada
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
Reitor
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FACULDADE DE LETRAS
Diretora
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Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
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Comissão Editorial
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Conselho Editorial
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Benjamin Abdala Junior – USP
Eurídice Figueiredo – UFF
Evelina Hoisel – UFBA
Helena Parente Cunha – UFRJ
Jaime Ginzburg - USP
Joana Luiza Muylaert de Araújo – UFU
Luiz Edmundo Bouças Coutinho – UFRJ
Lyslei de Souza Nascimento – UFMG
Márcia do Amaral Peixoto Martins – PUC-Rio
Mário Jorge Torres – Universidade de Lisboa
Pablo Rocca – U. de la R. Uruguai
Rachel Esteves Lima – UFBA
Renato Cordeiro Gomes – PUC-Rio
Roberto Côrrea dos Santos – UERJ
Ronaldo Lima Lins – UFRJ
Thereza da C. A. Domingues- CES-JF
Wander Melo Miranda – UFMG
Bolsistas-colaboradores
Camila Ferrarezi Duque
Fernando de Oliveira Pires Bretas
Luciana Gomes de Mello Baião
Reinaldo da Silva Kreppke
Sumário
Archéologie de l’intime : Rétif de la Bretonne et son journal.
Philippe Lejeune
9 - 20
Régine Robin: autoficção, bioficção, ciberficção.
Eurídice Figueiredo
21 - 30
Uma narrativa autobiográfica original.
Dilma Castelo Branco
31 - 38
“... continuamos ainda nesta viagem obscura e secreta”: memória e resistência na narrativa de Diamela Eltit
Paloma Vidal
39 - 46
Ese infinito recinto impenetrable Memoria, olvido y auto-imagen en Silvina Ocampo.
Cristina Fangmann
47 - 60
Movências de gêneros narrativos na escrita do eu migrante.
Vera L. Soares
61 - 68
Pedro Nava: os caminhos da memória entre o esquecer e o lembrar.
Cristina R. Villaça
69 - 76
Memória e alegoria em Murilo Mendes.
Gabriel da Cunha Pereira e Mª Luiza Scher
77 - 87
Memórias e testemunho: a Shoah e o dever da memória.
Lyslei Nascimento
89 - 103
Témoignages de rescapées rwandaises: modalités et intentions.
Véronique Bonnet e Émilie Sevrain
105 - 113
Un secreto esencial: literatura y memória histórica en Soldados de Salamina, de Javier Cercas.
Victor Manuel Ramos Lemus
115 - 125
Memória poética e esquecimento.
Valmir de Souza
127 - 136
Representação feminina e memória em As Velhas de Adonias Filho.
Sandra Sacramento
137 - 144
Saquear la experiencia: memoria e identidades amenazadas.
Isabel Quintana
145 - 152
Experiência urbana, memória e nostalgia em Abraçado ao meu rancor, de João Antônio.
Joana Darc Ribeiro
153 - 165
O Jornal e o Esquecimento.
Leila Danziger
167 - 177
Desmemórias, arquivos, e a construção do esquecimento.
Rodrigo Guimarães
179 - 188
Resenha
Memória revolucionária e cultura de massa.
Silvia Cárcamo
189 - 191
Normas para publicação
193 - 196
Apresentação
Este volume da revista Ipotesi é dedicado ao tema Memória e Esquecimento. Em torno dele, reúnemse aqui ensaios que abordam a questão sob diversas óticas e seguindo diversas vias: o gênero autobiográfico,
suas funções e suas metamorfoses; a memória ressignificada pela ficção e pela poesia; a tensão entre memória
individual e memória coletiva, a necessidade do registro de experiências particulares para a compreensão da
história, a dialética esquecer-lembrar, a discussão sobre a própria noção de memória como desmemória.
O leitor encontrará neste número uma profícua reflexão sobre o gênero autobiográfico, suas variantes
e desdobramentos. Essa Ipotesi abre-se com a “invenção” da intimidade, no século XVIII nas escritas de si de
Rétif de La Bretonne, suas inscrições deixadas nos muros de Paris que nos levam às origens da autobiografia
e do diário e chega às manifestações contemporâneas, como a autoficção, a bioficção e a ciberficção. Essas
novas formas de automodelagem exprimem a impossibilidade seja de se elaborar como sujeito pleno, como
demonstram as narrativas de Régine Robin e Serge Doubrovsky, seja de narrar um acontecimento traumático,
como Georges Perec ou ainda Cristina Ocampo cuja auto-representação, entre verdade e mentira, lembrar
e esquecer, é marcada pela contradição. Outras escritas de si híbridas decorrem desse esforço para construir
uma narrativa coerente a partir de um eu dividido entre duas culturas, como é o caso das escritoras de origem
argelina radicadas na França que buscam dar conta de um sujeito deslocado movendo-se entre ficção e
história. Essa tensão transparece na obra de Pedro Nava, cuja escrita memorialística representa uma forma
de catarse. A idade do serrote é também revisitada, recorrendo-se à noção de alegoria benjaminiana que
se configura como estratégia poética para fazer reviver o passado. Dois ensaios abordam os testemunhos
individuais oculares como forma privilegiada de relatar uma experiência extrema e dolorosa, a Shoah ou o
genocídio em Ruanda. Esses relatos procuram um caminho possível para expressar o inexpressável, o horror
e o sofrimento, e preencher as lacunas de um conhecimento que deve ir além dos simples fatos históricos.
A questão da Memória e do Esquecimento não se limita entretanto às escritas de si, mas se revela
também por outras vias, como na interpelação do discurso da História oficial espanhola - no romance
Soldados de Salamina de Javier Cercas - e brasileira - na poesia de Murilo Mendes -, ou na desconstrução
do discurso hegemônico na representação da memória feminina em Adonias Filho. São enfocados também
relatos de sujeitos marginalizados na produção literária recente de autores argentinos e nos programas de
televisão testemunhais que evocam a cidade contemporânea como cenário de ruínas físicas e sociais. A cidade
aparece também, na literatura brasileira, em uma leitura de um conto de João Antônio que põe em cena a
busca de um auto-sentido no passado, no contexto da experiência urbana. Um artigo é dedicado ao jornal,
considerado como locus do esquecimento, por sua escrita efêmera, centrada no objetivo, no informativo,
à qual se contrapõe a escrita poética oposta à instrumentalização, na linhagem de Mallarmé, Benjamim
e Borges. Inspirado no pensamento de Gilles Deleuze e Jacques Derrida, outro ensaio busca rastrear os
conceitos de memória e arquivo na literatura contemporânea. Fechando o presente volume, uma resenha do
livro de Rita de Grandis que aproxima reciclagem cultural e memória revolucionária.
Espera-se com essa Ipotesi enriquecer o debate contemporâneo sobre um tema que vem se revelando
um objeto privilegiado para pesquisadores de diferentes áreas.
Profa. Dra. Jovita G. Noronha
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Apresentação