i Universidade Camilo Castelo Branco Instituto de Engenharia Biomédica CAMILA MARIA BUSO WEILLER TRATAMENTO DE FERIDAS DIABÉTICAS EM MEMBROS INFERIORES COM OLEO DE GIRASSOL OZONIZADO DIABETIC WOUND TREATMENT OF LOWER LIMB WITH OZONIZED SUNFLOWER OIL São José dos Campos, SP 2013 ii Camila Maria Buso Weiller TRATAMENTO DE FERIDAS DIABÉTICAS EM MEMBROS INFERIORES COM OLEO DE GIRASSOL OZONIZADO Orientadora: Profa. Dra. Dora Inês Kozusny-Andreani Co-orientador: Prof. Dr. Renato Amaro Zângaro Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioengenharia da Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para obtenção do titulo de Mestre em Bioengenharia. São José dos Campos, SP 2013 iii Ficha Catalográfica iv v AGRADECIMENTOS A Deus, por possibilitar esta nova conquista em minha vida; À minha mãe, Thereza Buso, que sempre me incentivou, me alicerçou apoiando minhas escolhas, meu eterno amor e meu exemplo; Ao meu filho, Gilberto Henrique, minha alegria eterna, que com seu sorriso me tranquilizava e incentivava a continuar neste processo; Ao meu marido Luiz Henrique, meu amor, companheiro nos momentos difíceis, que colaborou na elaboração da pesquisa. Amo todos vocês; À Professora Doutora Dora Inês Kozusny Andreani pelo acolhimento, paciência e dedicação prestadas a minha pessoa. Contribuiu com o saber científico pautado pela ética e humanismo. Com o seu jeito simples de ser, sempre meiga e positiva foi suporte para meu aprendizado. Acreditou na minha capacidade, me incentivando e soube conduzir perfeitamente os momentos transcorridos na pesquisa mostrandome o universo microbiológico. Admiro-te. Você é muito especial; Ao meu coorientador, Renato Amaro Zângaro, pelas orientações e correções da pesquisa; À Técnica de Laboratório de Microbiologia Selma que colaborou e me ensinou a dar os primeiros passos no laboratório de Microbiologia. Obrigada pela dedicação e amizade no decorrer dos experimentos; Aos pacientes diabéticos com feridas, instrumento vital deste estudo, não teria conseguido sem vocês; A todos meus queridos alunos da Enfermagem que torceram, apoiaram e enviaram pensamentos positivos, e que meu exemplo seja incentivo a sempre multiplicar conhecimentos. vi TRATAMENTO DE FERIDAS DIABÉTICAS EM MEMBROS INFERIORES COM OLEO DE GIRASSOL OZONIZADO RESUMO Estudos científicos têm comprovado que o ozônio apresenta benefícios como agente terapêutico quando utilizados de acordo com protocolos bem definidos e seguros na área da saúde, por ser um potente oxidante conhecido. O objetivo da presente pesquisa foi verificar os efeitos do tratamento com óleo de girassol ozonizado em feridas cutâneas de membros inferiores diabéticos, como isolar e identificar a microbiota presente nas feridas antes e durante os tratamentos e avaliação quantitativa por meio da mensuração dos diâmetros das mesmas. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unicastelo sob o número do parecer 168.652/2012. Foram selecionados 6 pacientes do município de Fernandópolis - SP e 9 pacientes da cidade de Jales - SP divididos aleatoriamente em 2 grupos. Os curativos foram realizados por uma única avaliadora calibrada e treinada nas residências de cada paciente, sendo avaliados durante o mês de Janeiro a Março de 2013. A pesquisa contou com dois grupos experimentais: grupo 1 = tratamento óleo de girassol ozonizado (n = 8) e, grupo 2 = tratamento com colagenase (n = 7). Semanalmente foram colhidas amostras com swab estéril para cultivo, isolamento e identificação dos micro-organismos presentes nas feridas para avaliação qualitativa microbiológica, e coletadas imagens para avaliação qualitativa do aspecto visual da ferida e quantitativa cicatricial. Verificou-se que o óleo de girassol ozonizado foi eficiente no processo de cicatrização das feridas de membros inferiores de pacientes diabéticos, enquanto a colagenase induziu a cicatrização de algumas lesões e em outras houve aumento da área lesada. Pode-se concluir que o óleo de girassol ozonizado provocou mudança no padrão microbiológico, o qual não foi verificado nos pacientes tratados com a colagenase. Palavras-chave: ozônio, feridas, diabetes. vii DIABETIC WOUND TREATMENT OF LOWER LIMB WITH OZONIZED SUNFLOWER OIL ABSTRACT Scientific studies have proven that ozone presents benefits as a therapeutic agent when used according to well-defined protocols and safe in the health field, it can be a potent oxidant known. The objective of this research was to verify the effectiveness of the treatment with ozonized sunflower oil in cutaneous wounds of diabetic lower limbs, how to isolate and identify the microorganisms present in the wound before and during the treatments , and quantitative evaluating by measuring the diameters of the same. The present research was approved by the Unicastelo Ethics in Research Committee under the number of the opinion 168.652/2012. 6 patients were selected from the municipality of Fernandópolis - SP, and 9 patients in the city of Jales - SP, randomly divided into 2 groups. The curatives were performed by a single trained and calibrated examiner in the homes of each patient being evaluated during the month of January, February and March 2013. The research included two groups: group 1 = treatment ozonized sunflower oil (n = 8) and group 2 = treatment with collagenase (n = 7). Weekly samples were collected with sterile swab for culture, isolation and identification of micro - organisms present in the wounds. It was found that the ozonized sunflower oil was effective in healing of wounds in the lower limbs of diabetic patients, while collagenase induced healing of certain injuries and other injured areas were increased. It can be concluded that the ozonized sunflower oil caused change in microbiological pattern, which was not seen in patients treated with collagenase. Keywords: ozone, wounds, diabetes. viii LISTA DE ABREVIATURAS AGE Ácidos Graxos Essenciais EGF Fator de crescimento epidérmico FGF Fator de crescimento fibroblástico ICF Índice de Cicatrização das Feridas IDF International Diabetes Federation IGF Fator de crescimento semelhante à insulina LOPS Produtos lipídicos oxidantes NaCl Cloreto de sódio O2 Oxigênio O3 Ozônio PDGF Fator de crescimento derivado de plaquetas ROS Espécies reativas de oxigênio TFG-beta Fator transformador ix LISTA DE FIGURAS Figura 1. Imagens ilustrativas das características (qualitativa - descritiva) da A a ferida 7.4 de membro inferior de paciente diabético, com tratamento com óleo a de girassol ozonizado .......................................................................................... 42 Figura 2. Imagens ilustrativas das características (qualitativa - descritiva) da A a ferida 3.2 de membro inferior de paciente diabético, com tratamento com óleo a de girassol ozonizado .......................................................................................... 44 Figura 3. Imagens ilustrativas das características (qualitativa - descritiva) da A a ferida 1.1 de membro inferior de paciente diabético, com tratamento com a colagenase .......................................................................................................... 45 Figura 4. Área inicial e área final de feridas de membros inferiores de pacientes diabéticos tratados com óleo ozonizado ............................................. 50 Figura 5. Área inicial e área final de feridas de membros inferiores de pacientes diabéticos tratados com colagenase ................................................... 51 x LISTA DE TABELAS Tabela 1. Qualitativo descritivo das feridas de membros inferiores, de pacientes diabéticos, tratadas com óleo de girassol ozonizado ......................... 41 Tabela 2. Qualitativo descritivo das feridas de membros inferiores, de A a pacientes diabéticos, tratadas com colagenase .................................................. 44 Tabela 3. Análise Microbiológica Qualitativa das feridas de membros inferiores A a de pacientes diabéticos, tratados com óleo de girassol ozonizado .................... 47 Tabela 4. Análise Microbiológica Qualitativa das feridas de membros inferiores de pacientes diabéticos tratados com colagenase .............................................. 48 Tabela 5. Área inicial, área final, índice de cicatrização e porcentagem de Aa cicatrização de feridas de membros inferiores, de pacientes diabéticos, a tratadas com óleo de girassol ozonizado ............................................................ 49 Tabela 6. Área inicial, área final, índice de cicatrização e porcentagem de Aa cicatrização de feridas de membros inferiores, de pacientes diabéticos, a tratadas com colagenase .................................................................................... 50 xi SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 13 1.1. Objetivo geral........................................................................................... 16 1.2. Objetivos específicos............................................................................... 16 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 18 2.1. Histórico do ozônio................................................................................... 18 2.2. Diabetes e ozônio..................................................................................... 21 2.3. Pele e seus anexos.................................................................................. 22 2.3.1. Microbiota residente da pele........................................................... 24 2.3.1.1. Escherichia coli............................................................................ 25 2.3.1.2. Pseudomonas aeruginosa........................................................... 26 2.3.1.3. Staphylococcus aureus................................................................ 27 2.3.1.4. Salmonella sp.............................................................................. 28 2.3.1.5. Proteus mirabilis.......................................................................... 29 2.3.1.6. Candida albicans......................................................................... 30 2.4. Óleo de girassol....................................................................................... 31 3. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 34 3.1. Local e período da pesquisa.................................................................... 34 3.2. Aspectos éticos........................................................................................ 34 3.2.1. Critérios de inclusão....................................................................... 34 3.2.2. Critérios de exclusão...................................................................... 35 3.3. Coleta de dados....................................................................................... 35 3.4. Técnica de curativo.................................................................................. 36 3.5. Técnica de ozonização do óleo de girassol............................................. 37 3.6. Técnica de análise das amostras............................................................. 37 3.7. Coleta e cultivo de amostras das feridas................................................. 38 3.8. Análise estatística.................................................................................... 39 4. RESULTADOS................................................................................................... 40 4.1. Análise qualitativa descritiva da cicatrização das feridas ........................ 40 4.2. Análise microbiológica qualitativa-descritiva ........................................... 46 4.3. Análise quantitativa cicatricial.................................................................. 49 5. DISCUSSÃO...................................................................................................... 52 6. CONCLUSÃO.................................................................................................... 56 xii REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 57 ANEXO A - Termo do Consentimento Livre e Esclarecido.................................... 67 ANEXO B - Termo de Aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa. 70 13 1. INTRODUÇÃO No cotidiano da vida de pacientes portadores de diabetes mellitus é frequente o aparecimento de lesões cutâneas nos membros inferiores denominado de “pé diabético”. De acordo com Souza et al. (2003), o grande desafio para os sistemas de saúde em todo o mundo é o diabetes mellitus, considerada uma epidemia mundial, devido ao envelhecimento da população, urbanização crescente e adoção de estilos de vida inadequados. O pé diabético é o termo usado para representar um estado fisiopatológico multifacetado caracterizado por feridas que surgem nos pés da pessoa com diabetes consequentes da neuropatia em 50 a 90% dos casos. As feridas decorrem geralmente de traumas e se complicam com gangrena e infecção, ocasionadas por falhas na cicatrização podendo resultar em amputação, quando não se institui tratamento precoce e adequado (SANTOS et al., 2008; OCHOA-VIGO; PACE, 2005). Segundo o International Diabetes Federation (IDF), que em novembro de 2012 publicou a 5ª edição atualizada do IDF DIABETES ATLAS, há no mundo 371 milhões de pessoas portadoras de diabetes, com idades entre 20 e 79 anos, este número de pessoas portadoras de diabetes é crescente em todos os países. O Brasil ocupa a 4ª posição entre os países com maior prevalência de diabetes com 13,4 milhões de pessoas portadoras, o que corresponde a aproximadamente 6,5% da população entre 20 e 79 anos de idade (INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2012). Em pacientes diabéticos, complicações crônicas, tais como alterações vasculares podem levar a retinopatia e nefropatia, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e neuropatias, podendo atingir também o sistema nervoso periférico. A neuropatia diabética pode ocasionar transtornos da pele e da estrutura osteoarticular do pé, podendo levar ao desenvolvimento de ulcerações nesses membros, o chamado “pé-diabético” (FOSS-FREITAS; MARQUES JUNIOR; FOSS, 2008). Detectar, estabelecer diagnóstico, identificar lesões em órgãos-alvo, prevenir complicações e efetuar tratamento adequado para o diabetes mellitus caracteriza-se como um verdadeiro desafio para o Sistema Único de Saúde, para as sociedades científicas e para as associações de portadores de doenças crônicas, tanto pela alta 14 prevalência, quanto pelos danos e incapacidade que pode provocar aos pacientes (MARTINS; SOUZA, 2007). Segundo Gross e Nehme (1999) pacientes diabéticos, com lesões graves nos pés, constituem 51% dos pacientes internados em enfermarias dos Serviços de Endocrinologia nos Hospitais Universitários, com duração que pode chegar a 90 dias. Em seu estudo Manhezii, Bachion e Pereira (2008) afirmam que embora o uso de ácidos graxos essenciais (AGE) no tratamento de feridas seja amplamente utilizado no Brasil, encontram-se poucos estudos sobre sua utilização, o que torna necessária a realização de pesquisas clínicas nesta área. Na prática dos serviços de saúde, observa-se que o portador de ferida é atendido com frequência em consultas médicas, sendo realizadas trocas de curativos com sucessivas mudanças do tratamento tópico e, às vezes, sem a associação de qualquer terapia de compressão. O paciente pode conviver com essa situação desgastante durante vários anos, sem obter a cicatrização da úlcera. Na atualidade, destaca-se a necessidade da prática profissional ser embasada em evidências para produzir resultados efetivos para o paciente e para os serviços de atendimento. No entanto, os profissionais ainda encontram dificuldades para a utilização da prática baseada em evidências. Ressalta-se que a utilização desse referencial para amparar a prática exige a disponibilidade de resultados de pesquisas com fortes evidências, e essa não é a realidade nessa área na maioria dos países (BORGES; CALIRI; HAAS, 2007). Para o tratamento desta alteração na pele existe atualmente uma revolução no tratamento de feridas, onde há propostas de novas alternativas baseadas em modelos que conduzam a um tratamento de forma integral e humanitária (JORGE; DANTAS, 2005). Estudos revelam que o ozônio (O3) sendo um gás com propriedades microbicidas e bactericidas, através de seus metabólitos - ROS e LOPs - ativam a enzima superóxido dismutase e catalase, que são antioxidantes endógenos, varredores de radicais superóxidos presentes em processos inflamatórios crônicos e também responsáveis pelos danos teciduais. Deste modo influenciam o nível de glicemia, podendo contribuir na cicatrização de feridas diabéticas, especialmente o pé diabético (MARTINEZ-SANCHES et al., 2005; KIM et al., 2008). Segundo Fiorini et al. (2002), a ozonoterapia, apresenta elevada propriedade oxidativa, assim 15 soluções aquosas ou oleosas de ozônio apresentaram efeitos angiogênicos e fibroblásticos em vários estudos experimentais. Ainda neste estudo foi verificado em um paciente portador de síndrome de Fournier e diabetes descontrolada que, quando tratado de forma tópica com solução fisiológica ozonizada (0,6 mg/mL), seguido de curativos contendo óleo de girassol ozonizado associada a terapia convencional obteve-se como resultado uma rápida formação de rede neovascular, interrupção do processo infeccioso, com redução do odor fétido, da secreção purulenta e diminuição rápida e progressiva da área lesada. Outro relato de caso descrito por Cardoso et al. (2010) foi da aplicação do ozônio de forma tópica utilizando hidro-ozonoterapia, bagging (mistura gasosa de O3/O2), curativos com óleo de girassol e creme ozonizados como adjuvantes na terapia convencional. Durante o tratamento foi observado redução do exsudato purulento, formação rápida de tecido de granulação, reparação de grande área da ferida e alívio da dor. Este estudo demonstrou que a ozonoterapia pode ser uma promissora alternativa coadjuvante na cura das lesões diabéticas, pois a mesma é bioxidativa com efeitos antimicrobianos e promotora de neoangiogênese, causando aumento local do numero médio de fibroblastos, melhorando a capacidade de transporte de oxigênio (O2) por parte dos eritrócitos, além do estímulo ao sistema imunológico. O ozônio é um oxidante e desinfetante potente, utilizado em pequenas concentrações e tempo de contato curto, a fim de inativar as bactérias, bolores e leveduras, esporos, protozoários e vírus. Por esta razão, Bachelli, Amaral e Benedetti (2009) afirmam que a sua utilização tem sido recomendada como um tratamento alternativo para os compostos clorados tradicionais para reduzir a carga microbiana. Haddad, Souza e Hincapie (2009) concluíram por meio de análises bioquímicas do sangue de equinos, que a terapia com ozônio ocasionou discreta diminuição na concentração de glicose, devendo ter monitoramento da glicemia dos animais, verificou também um discreto aumento nos valores de fibrinogênio, fator que poderia ter efeito benéfico nos processos cicatriciais. Matsumoto et al. (2001) verificaram a eficácia do óleo ozonizado quando aplicado em pacientes com presença de fístulas e feridas recorrentes. No estudo foram escolhidos 20 pacientes com lesões incuráveis pelos métodos tradicionais que foram submetidos à aplicação do óleo previamente a curetagem e drenagem das 16 feridas. Destes, 19 pacientes apresentaram cura ou remissão dos sinais e sintomas da infecção, havendo eliminação de pus, reepitelização e fechamento das lesões. Estudos científicos recentes têm comprovado que o uso cada vez mais difundido do ozônio destaca o potencial de benefícios como agente terapêutico quando utilizados de acordo com protocolos bem definidos e seguros na área da saúde, por ser um dos mais potentes oxidantes conhecidos (RE et al., 2007). Muitos recursos naturais ou industrializados têm sido alvo frequente de investigação, na busca de estabelecer estratégias eficazes de prevenção de infecção e de tratamento por meio de estimulação da cicatrização da ferida. No entanto, poucos estudos apresentam evidências significativas que possam garantir a segurança do tratamento e a sua viabilidade na prática (WENDT, 2005). Dentre estes recursos está presente, o uso terapêutico do ozônio, utilizado em vários países como Cuba, Alemanha, Itália, Áustria, Espanha, Rússia, Japão, Chile, Peru, Argentina, Estados Unidos, entre outros (OLIVEIRA, 2007). Modalidades de tratamento convencionais são muitas vezes de sucesso limitado na promoção do fechamento completo da ferida, Wainstein et al. (2011) realizaram estudo objetivando examinar a eficácia do tratamento não invasivo de ozônio - oxigênio no tratamento de úlceras do pé diabético. Entre os pacientes, o tratamento de ozônio, além do tratamento convencional foi superior ao tratamento convencional, em promover a cicatrização completa das úlceras do pé diabético. 1.1. Objetivos gerais - Verificar a eficácia do tratamento com óleo de girassol ozonizado e do tratamento com colagenase em feridas cutâneas de membros inferiores de portadores de diabetes mellitus. 1.2. Objetivos específicos - Isolar e identificar a microbiota presente nas feridas antes e durante os tratamentos avaliando seu perfil qualitativo microbiológico. - Avaliar a evolução da cicatrização das feridas por meio da mensuração das áreas das feridas por método quantitativo. 17 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Histórico do ozônio A descoberta do gás ozônio ocorreu em 1840 por Christian Friedrich Schobein (1799-1868) na Suíça quando, trabalhando com uma pilha voltaica, na presença de oxigênio, observou o surgimento de um gás com um "cheiro elétrico e pungente", que poderia ser uma espécie de "oxigênio super ativo". Pode-se sentir o cheiro durante uma tempestade, porque a descarga elétrica de um raio, entre as nuvens e a terra, catalisa a formação de ozônio a partir de oxigênio atmosférico (BOCCI, 1996). Em 1854, Werner Von Siemens na Alemanha, construiu o primeiro gerador de ozônio onde refez todas as condições para a formação do gás. Já nesta época se sabia da instabilidade do ozônio, portanto teria que ser produzido e tão logo utilizado. Com a construção dos geradores de ozônio, iniciou-se sua aplicação na área industrial, para a limpeza da água provando sua potente ação bactericida (BOCCI, 1996; BOCCI, 2005). O sistema de gerador de ozônio fabricado por Siemens utilizando a descarga elétrica foi adaptado por Hansler em 1950 para o uso na medicina onde dosava a quantidade certa da concentração do gás. Isto foi decisivo para a ozonoterapia já que era necessária a dosagem correta do O3 para cada forma de aplicação, este critério vem acompanhando até hoje o processo de criação de geradores de ozônio modernos. Foi a partir de 1960 que o mundo passou a conhecer a terapia com ozônio e suas propriedades antissépticas, circulatórias, antinflamatórias dentre outras (SANCHES, 2008; BOCCI, 2002; BACHELLI; AMARAL; BENEDETTI, 2009). Sua utilização na área medicinal é definida como uma terapia oxidativa, pois, gera um estresse oxidativo, resultando na produção de efeito antioxidante pelo organismo, contribuindo na melhoria da condição clínica do paciente. O ozônio é uma molécula natural formada por três átomos de oxigênio, tornando uma forma alotrópica do oxigênio, instável, que ao entrar em contato com os tecidos e líquidos sofre reações gerando espécies reativas de oxigênio (ROS) e produtos lipídicos oxidantes (LOPS). Estas moléculas produzem nos organismos ações positivas como 18 efeito germicida, estimuladores da reparação tecidual, modulador imunológico entre outros (SANCHES, 2008). Na Medicina a aplicação do ozônio de forma tópica ocorreu durante a primeira guerra mundial em soldados alemães com feridas infectadas póstraumáticas, obtendo grande sucesso na cicatrização devido à propriedade antimicrobiana (BOCCI, 2005; SANCHES, 2008; ABOZ, 2013). Bocci (2005) e Bocci (2006) relatam que o ozônio ao se encontrar com tecido biologicamente ativo reage com inúmeras biomoléculas que, agrupadas, formam um sistema de tamponamento antioxidante. A maioria destas biomoléculas tem efeito anti-inflamatório e analgésico atuando de forma simultânea à ação antioxidante. Sua ação direta antimicrobiana contra bactérias, fungos e vírus é explicada por estes micro-organismos não terem um sistema de tamponamento antioxidante, portanto, o estresse causado pelo gás ozônio acaba tornando-os frágeis; por sua vez a ação indireta é resultante de mudanças metabólicas que o mesmo provoca (PEREIRA et al., 2005; WENTWORTH et al., 2002). Bocci (2005) afirma que para ocorrer o sucesso da ozonoterapia é necessário que as doses e concentrações estejam corretas, sendo que para isto o gerador de ozônio deve estar sempre calibrado corretamente, pois a ozonoterapia é baseada em farmacologia, onde esse gás agirá como droga real que necessita ser utilizada com precisão. Dessa forma a ozonoterapia tem sido relacionada com excelentes resultados curativos, de fácil aplicação, de baixo custo quando comparados aos medicamentos e curativos convencionais com ausência de efeitos adversos e de intolerância dos pacientes, não sendo observadas contra-indicações na aplicação do ozônio, o qual pode ser utilizado de forma tópica, sistêmica ou de administração local, dependendo da sua terapêutica e indicação clínica (BOCCI, 2005). Os riscos estão relacionados à sua aspiração pelas vias aéreas superiores, devido à alta toxicidade do gás ozônio e as características anatômicas e bioquímicas do pulmão, fazem com que este seja extremamente sensível aos danos oxidativos do ozônio (BOCCI, 2005). Deve ser considerado o desconforto associado ao odor muito característico do gás, sendo mais evidente durante a sua produção, e reduzido na água, cremes e óleos ozonizados. Re et al. (2007) e Bocci (2006) relatam que por muito tempo a ozonoterapia foi utilizada de forma empírica por profissionais não qualificados, criando um 19 ceticismo em relação aos seus efeitos. Tais fatos somados a falta de precisão dos geradores de ozônio, a dificuldade de estabelecimento de doses terapêuticas adequadas, ao charlatanismo de empresas, a falta de interesse das autoridades governamentais para regulamentar seu uso, ao escasso suporte financeiro para pesquisas científicas, a inexistência de veemência por parte da indústria farmacêutica por não ser produto patenteável, a escassez de pesquisas controladas estabelecendo real eficiência clinica e sua toxidade, ao lado da existência de trabalhos com metodologias inadequadas, têm mantido a ozonoterapia questionável na medicina e têm impedido sua maior utilização. Em 2010 foi realizada a Declaração de Madrid sobre Ozonoterapia na qual foram elaboradas as normas básicas de manipulação do ozônio na saúde. Estas normas sugerem que sejam minimizados ou impedidos os riscos respiratórios tanto no operador quanto no paciente, e que sua produção seja realizada em ambientes com intensa ventilação natural, e que seja controlado o tempo máximo de trabalho com o ozônio pelos operadores (INTERNATIONAL SCIENTIFIC COMMITTEE OF OZONETHERAPY, 2010). O ozônio misturado com óleos, como por exemplo, os de girassol são ricos em ácidos insaturados que quando ozonizados formam ozonídeos, da sua hidrólise podem ser gerados aldeidos, cetonas e peróxidos de hidrogênio, responsáveis pelo desencadeamento das reações bioquimicas. Esses compostos (aldeídos, cetonas e peróxido de hidrogênio) do óleo ozonizado possuem várias funções no organismo, como a estimulação dos sistemas enzimáticos de óxido de redução, a influência sobre o transporte de oxigênio aos tecidos e sobre a cadeia respiratória das mitocôndrias, a ação antimicrobiana, o efeito sinérgico da estimulação da capacidade fagocitária que possuem ação germicida, além de possuir ação antiinflamatória e propriedades favoráveis à reparação tecidual (RODRIGUES et al., 2004; SIQUEIRA et al., 2000). O óleo ozonizado aplica-se em feridas infectadas em diferentes concentrações (altas, médias e baixas) dependendo do que pretende obter (desinfecção, regeneração) e o tipo de tecido onde se aplicam. A fabricação do óleo ozonizado solidificado necessita de dois dias de gás ozônio borbulhado continuamente em óleo vegetal, fazendo com que um grama do óleo contenha 160mg de ozônio. Uma vez ozonizado, o óleo pode ser conservado sob refrigeração por um período de dois anos. O óleo ozonizado também pode ser fabricado em 20 menos tempo, no entanto o mesmo apresentará maior viscosidade e menor duração (BOCCI, 2005). A utilização do ozônio em óleos aumenta o seu tempo de meia vida, devido a sua maior viscosidade que funciona como que “se aprisionasse” o ozônio dentro do meio oleoso, além da ausência de contaminantes como o cloro em óleos essenciais ou vegetais purificados. Estas características tornam maior o tempo de ação e efetividade do ozônio nas áreas em que será aplicado, como por exemplo, em feridas e lesões cutâneas ou mucosas (BOCCI, 2005; CAMPOS et al., 2006). Quando mantidos sob-refrigeração (5 a 10°C) a água ozonizada, os cremes e os óleos essenciais aumentam o tempo de efetividade do ozônio. Existem vários protocolos de ozonização de óleos, no estudo de óleo puro ozonizado por 48 h com uma concentração de ozônio de 110 mg/L mantido sob refrigeração (5-10ºC), apresenta validade de 6 meses (BOCCI, 2005). A associação do ozônio com o óleo apresenta algumas características biológicas interessantes: ação bactericida, inativação de fungos e vírus, debridamento tecidual com efetivo potencial de estímulo à neoformação vascular, proliferação celular e tecidual (BOCCI et al., 1994). 2.2. Diabetes e ozônio O diabetes mellitus é caracterizado por várias anormalidades metabólicas, sendo um distúrbio do metabolismo de carboidratos resultando em hiperglicemia e glicosúria causados pela produção inadequada ou pela utilização ineficaz da insulina (MARTINEZ-SANCHES et al., 2005; RE et al., 2007). As complicações ocasionadas pelo diabetes em longo prazo causam morbidade e mortalidade prematura devido às doenças microvasculares, as quais causam o espessamento da membrana basal capilar, doença macrovascular como esclerose, envolvendo neuropatia somática e sistema nervoso autônomo e diminuição de resistência às infecções. Observam-se também várias alterações nos vasos afetando a reatividade do músculo liso e endotélio; sendo que este parece ser um alvo vulnerável para a hiperglicemia induzida por alterações metabólicas. Junto a estas alterações está a anestesia distal que contribui ao aparecimento de ulcerações (feridas), particularmente no lado plantar dos pés. Esta anestesia favorece para o agravamento de quaisquer ferimentos leves por causa da 21 ausência de proteção pelos estímulos dolorosos, tornando esta perda da sensibilidade o maior obstáculo para o reconhecimento precoce de problemas. Estas alterações somadas às deficiências circulatórias micro e macrovasculares caracterizam os mecanismos que podem levar à gangrena após a lesão nos pés dos portadores de diabetes mellitus (MARTINEZ-SANCHES et al., 2005). Martinez-Sanches et al. (2005) realizaram um estudo com o objetivo de verificar a eficácia terapêutica do ozônio no tratamento de pacientes com diabetes e pés diabéticos, comparando o ozônio com antibioticoterapia. Ao final da pesquisa os autores observaram que o ozônio melhorou o controle glicêmico, diminuindo a hiperglicemia, aumentando a sensibilidade à insulina e preveniu o estresse oxidativo, normalizando os níveis de peróxidos orgânicos e superóxido dismutase ativado, tornando este gás um superóxido, o que traduziu nos efeitos farmacodinâmicos observados. O superóxido é considerado um elo entre as alterações metabólicas associadas com a diabetes e suas complicações. Também foi verificado melhora na cicatrização das feridas resultando em menor número de amputações. Clinicamente, estes pacientes tiveram melhora e uma recuperação mais rápida de suas feridas em comparação aos tratados com antibioticoterapia. Uma avaliação econômica preliminar mostrou que a ozonoterapia no tratamento do pé diabético produziu uma redução nos custos de tratamento de cerca de 25% em relação aos antibióticos. Tornando o ozônio uma terapia alternativa no tratamento da diabetes e suas complicações. Os referidos autores acreditam que o estresse oxidativo é um dos eventos metabólicos associados ao diabetes e suas complicações, pois há evidências experimentais da geração de espécies reativas de oxigênio nos dois tipos de diabetes. Dada esta informação, postulou-se que o tratamento de ozônio pode ativar os sistemas antioxidantes e manter em um nível fisiológico outros marcadores de dano celular endotelial associados às suas complicações (MARTINEZ-SANCHES et al., 2005; RE et al., 2007). 2.3. Pele e seus anexos A pele ou tegumento cutâneo é um órgão externo que reveste todo o corpo humano, protegendo as estruturas internas contra ação do meio exterior, é o maior órgão do corpo, constitui cerca de 2,5 a 3,5 kg do peso corporal de uma pessoa e tem uma 22 área de superfície de aproximadamente 2 m2. Corresponde a um revestimento do organismo que isola os componentes orgânicos do ambiente externo. Sua complexa estrutura de tecidos, de várias naturezas, está habilitada a exercer funções múltiplas como proteção, termorregulação e percepção, entre outras (CHAVES; POSSO, 2012; WILLIAMS; WILKINS, 2008). É composta por três camadas denominadas de fora para dentro, na seguinte sequência: epiderme, derme e hipoderme (CHAVES; POSSO, 2012). A pele secreta e excreta água e produtos metabolizados, participa da regulação da temperatura corporal, contém terminações nervosas sensitivas, participando do “feedback” sensorial para equilíbrio, proteção contra ferimentos, funcionando como barreira protetora defendendo contra organismos patógenos, sendo indispensável à vida humana . Funciona como um órgão sensorial para dor, temperatura e toque, e sintetiza vitamina D (POTTER et al., 2013; MEIRELES, 2007). A pele não é só um órgão com seus quadros típicos de reação, mas também um espelho que reflete o meio interno e, ao mesmo tempo, o meio externo no qual se encontra exposta respondendo a lei da física - toda ação remete uma reação (MAUAD, 2003). Candido (2006) relata que a manutenção da integridade da pele é um processo complexo, pois inúmeros fatores influenciam a sua capacidade para realizar todas as suas funções, por exemplo, a idade, exposição à radiação ultravioleta, hidratação, medicações, nutrição, danos entre outros. Uma ferida corresponde a uma lesão que interfere na integridade da pele, como resultado da ruptura física desta estrutura orgânica. A pele é considerada o maior obstáculo para os micro-organismos alcançarem os tecidos internos do corpo (GIACOMETTI, 2000; HESS, 2002). Várias são as etiologias do surgimento de uma ferida orgânica, como queimaduras, acidentes, agressões, doenças crônicas e complicações póscirúrgicas. Embora seja uma situação comum e antiga, é muito difícil classificar os tipos de feridas, pois muitas são as possibilidades inerentes ao ambiente e do paciente que levam ao seu aparecimento. Os principais tipos de feridas encontradas na literatura são a ferida varicosa, pé diabético, ferida por pressão, queimaduras, feridas traumáticas e deiscência cirúrgica (SMELTZER; BARE, 2009). Segundo Hess (2002), feridas são alterações da integridade da pele, que uma vez rompida predispõe ao surgimento de uma ferida, em seguida inicia-se o 23 processo cicatricial, dividido em fases, sendo a primeira inflamatória, seguida pela fase proliferativa e após, a fase de maturação ou remodelagem. 2.3.1. Microbiota residente da pele A pele humana é colonizada por bactérias, sendo que a microbiota da pele corresponde à 10.000.000 de bactérias por centímetro quadrado. Em conjunto, estes elementos formam a primeira linha de defesa tendo a função de controlar a população de micro-organismos oportunistas; mantendo assim, o equilíbrio entre a microbiota naturalmente residente ou transitória da pele e os patógenos oportunistas (GRANATO, 2003). Segundo Brooks et al. (2012), microbiota normal significa a população de micro-organismos presentes na pele e mucosas de indivíduos normais e sadios. Este grupo fornece a primeira linha de defesa contra patógenos microbianos auxiliando na digestão, desempenhando papel na degradação das toxinas contribuindo, assim, na maturação do sistema imunológico. Havendo mudanças nesta microbiota normal ou a presença da reação inflamatória podem gerar patogenias. Segundo Granato (2003), a pele e membranas mucosas são colonizadas por uma variedade de micro-organismos, sendo classificados em dois grupos: microbiota residente que consiste em tipos relativamente fixos de vida, encontrados com regularidade em determinadas áreas e em certa idade, que, quando perturbadas, recompõem-se prontamente; e microbiota transitória que consiste em microorganismos não patogênicos, os quais permanecem na pele ou mucosa por horas, dias ou semanas, vindo do meio ambiente, não causam doenças e nem se estabelecem permanentemente na pele. Geralmente, os membros da microbiota transitória são de pouca importância, enquanto a microbiota residente normal permanece intacta, porém, se perturbada, os micro-organismos transitórios poderão colonizar e proliferar-se ocasionando doenças. Os micro-organismos presentes nas superfícies corporais geralmente são comensais, seu crescimento depende de fatores fisiológicos como a temperatura, a umidade, a presença de certos nutrientes e substâncias inibitórias. Sua presença não é essencial para a vida, visto que podem ser criados animais “livres de germes”, ou seja, na ausência completa da microbiota normal. Por outro lado, a presença de 24 microbiota residente nas mucosas e pele pode impedir a colonização por patógenos e o possível desenvolvimento de doença por “interferência bacteriana”. A supressão da microbiota normal cria um local parcialmente vazio que tende a ser preenchido por micro-organismos provenientes do ambiente ou de outras partes do corpo. Tais micro-organismos comportam-se como oportunistas, podendo tornar-se patógenos, como por exemplo, a Candida albicans (BROOKS et al., 2012). Sendo assim, os próprios membros da microbiota normal podem provocar doenças em algumas circunstâncias, pois os micro-organismos estão adaptados ao modo de vida não invasivo definido pelas limitações do meio ambiente. Se, removidas as forças das restrições desse ambiente e introduzidos na corrente sanguínea ou em tecidos, poderão tornar-se patogênicos (BROOKS et al., 2012). Por outro lado, Brooks et al. (2012) destacam que os próprios membros da microbiota normal podem provocar doenças em algumas circunstancias, como os micro-organismos estão adaptados ao modo de vida não invasivo definido pelas limitações do meio ambiente. Se forem removidas as forças das restrições desse ambiente e introduzidos na corrente sanguínea ou em tecidos, poderão tornar-se patogênicos. O principal aspecto é que as bactérias da microbiota residente normal são inócuas, podendo ser benéficas em sua localidade normal no hospedeiro e na ausência de anormalidades, portanto, poderão provocar doenças se forem introduzidas em grande numero em locais estranhos na presença de fatores predisponentes. A pele, uma vez lesionada por meio de processos crônicos patogênicos como o diabetes, é contaminada por bactérias provenientes da pele. Dentre as espécies, encontram-se regularmente, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Proteus vulgaris, Proteus mirabilis, Escherichia coli ,Klebsiella sp., Citrobacter sp., Streptococcus hemolíticos dos grupos A,B,C e G, diferentes espécies de anaeróbios e raramente, fungos, como Candida albicans (MARTINS, 2008; GRANATO, 2003). 2.3.1.1. Escherichia coli A Escherichia coli é uma bactéria bacilar Gram-negativa que, juntamente com o Staphylococcus aureus é a mais comum e uma das mais antigas bactérias simbiontes do homem. O seu descobridor foi o alemão-austríaco Theodor Escherich, em 1885 (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2009). 25 A espécie E. coli pertence à família das Enterobacteriaceae, são aeróbias e anaeróbias facultativas. O seu habitat natural é o lúmen intestinal dos seres humanos e de outros animais de sangue quente. Possui múltiplos flagelos dispostos em volta da célula. É um dos poucos seres vivos capazes de produzir todos os componentes de que são feitos, a partir de compostos básicos e de fontes de energia suficientes. Ela é lactase positiva, uma enzima fermentadora de açúcares que é grandemente responsável pela flatulência de cada pessoa, especialmente após o consumo de leite e seus derivados. Possuem fímbrias ou adesinas que permitem a sua fixação, impedindo o arrastamento pela urina ou diarréia. Muitas produzem exotoxinas. São susceptíveis aos ambientes secos, aos quais não resistem. Possuem na parede celular lipopolissacarídeo (LPS), como todas as bactérias Gram-negativas. Esta molécula externa ativa o sistema imunitário de forma desproporcionada, e a vasodilatação excessiva provocada pelas citocinas produzidas podem levar ao choque séptico e morte em casos de septicemia (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2009). A cepa de E. coli que existe normalmente nos intestinos de um determinado indivíduo é bem conhecida e controlada pelo seu sistema imunitário, e raramente causa problemas exceto quando há debilidade do indivíduo. A maioria das doenças é devido a E. coli vindas de indivíduos diferentes e, portanto, de cepas diferentes não reconhecidas pelos linfócitos (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2009). 2.3.1.2. Pseudomonas aeruginosa Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria Gram-negativa, aeróbia, baciliforme. Seu ambiente de origem é o solo, sendo capaz de viver mesmo em ambientes hostis; sua ocorrência é comum em outros ambientes como água, ou ainda associada a plantas e animais onde pode causar infecções oportunistas. Em seres humanos, a P. aeruginosa causa infecções em indivíduos imunocomprometidos, como pacientes de AIDS e câncer, vítimas de queimaduras, e portadores de fibrose cística. Neste caso, a P. aeruginosa coloniza os pulmões onde produz grande quantidade do exopolissacarídeo alginato e acredita-se que cresça em forma de biofilme. A P. aeruginosa também é comumente encontrada em infecções hospitalares, sendo capaz de se aderir a diversos materiais, contaminando cateteres, ventiladores, próteses e lentes de contato. Por causa da alta resistência a antibióticos e do grande 26 arsenal de fatores de virulência desta bactéria, as infecções causadas por ela são de difícil controle (FINE et al., 1996). É um patógeno oportunista, ou seja, que raramente causa doenças em um sistema imunológico saudável, mas explora eventuais fraquezas do organismo para estabelecer um quadro de infecção. Essa característica, associada à sua resistência natural a um grande número de antibióticos e antissépticos a torna uma importante causa de infecções hospitalares (FINE et al., 1996). Figueiredo et al. (2007) relatam que esta bactéria é responsável por causar elevada letalidade. Uma característica marcante e preocupante é a resistência cruzada aos antimicrobianos, que resulta da co-resistência, isto é, da presença de múltiplos mecanismos de resistência num único hospedeiro levando a resistência a múltiplos fármacos. A P. aeruginosa, sendo um patógeno de indivíduos com sistema imunológico comprometido, normalmente infecta o aparelho respiratório, aparelho urinário, e também causa outras infecções sanguíneas. Em raras circunstâncias pode causar pneumonia por contágio entre humanos, sendo fatal, caso ocorra em áreas vitais do paciente (FINE et al., 1996). A piocianina é um dos seus fatores de virulência da bactéria, conhecidos, em teste de laboratório, por causar morte em Caenorhabditis elegans por estresse oxidativo. No entanto, pesquisas indicam que o fator de virulência é a Exotoxina A, que inibe a capacidade das células eucariotas sintetizarem proteínas, o que causa necrose. Em indivíduos com sistema imunológico saudável a liberação do conteúdo celular resulta em uma resposta imunológica (PRITHIVIRAJ et al., 2005). Poucos antibióticos atuais são eficazes no tratamento da P. aeruginosa, mas ainda assim são eficazes apenas contra algumas variantes da bactéria (ZAVASCKI, 2005). 2.3.1.3. Staphylococcus aureus O Staphylococcus aureus pode ser incluído como uma das mais importantes bactérias que representa alto nível de morbidade e mortalidade em infecções hospitalares e comunitárias (GELATTI et al., 2009). A espécie Staphylococcus aureus pertencente à família Micrococaceae e gênero Staphylococcus, são bactérias cocos Gram positivos agrupadas em cachos de uva; não-fastidiosas; aeróbios ou anaeróbios facultativos; as suas colônias 27 possuem pigmentos que variam de branco a amarelo e são catalase positivo. Os deoglicano, ácido teóico, proteína A, toxinas e a presença de enzima onde se destaca a enzima coagulase positiva conferem sua característica marcante, pela qual a diferencia das demais espécies de estafilococos (TORTORA; FUNKE; CASE, 2008). O Staphylococcus aureus é encontrado na microbiota normal do corpo humano, no entanto, quando esta bactéria é transferida para outra região ou órgão sensível pode causar infecções. As infecções estafilocócicas graves estão presentes nos hospitais sendo reconhecidas pela grande capacidade de sofrer mutações em seus genes e também adquirir resistência de outras bactérias da mesma espécie, dessa maneira, tornando-se resistente a vários antibióticos de escolha. O S. aureus é um patógeno causador de abcesso; intoxicação alimentar; síndrome de choque tóxico; gastrenterite estafilocócica; síndrome de pele escaldada; impetigo bolhoso, foliculite que por sua vez pode progredir para o furúnculo e depois para carbúnculo; endocardite; bacteremia e osteomielite (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008). Os traumas que comprometem a integridade da barreira cutânea constituemse na principal causa de mudança de comportamento desse micro-organismo para agente etiológico mais comum de infecções cutâneas. É responsável por uma grande variedade de infecções, como infecções na pele e no subcutâneo, infecções pós-cirúrgicas, osteomielites, pneumonias, abscessos, endocardites e bacteremia. É umas das causas mais comuns de infecções nosocomiais, bem como de infecções comunitárias que podem apresentar altos índices de morbidade e mortalidade. Aproximadamente, 15% dos indivíduos são portadores de S. aureus, na pele ou nasofaringe. A infecção é frequentemente causada por pequenos cortes na pele (GELATTI et al., 2009). 2.3.1.4. Salmonela sp Salmonella é um gênero bacteriano da família Enterobacteriaceae, membro da subclasse das Proteobacteria. Morfológica e bioquimicamente, este gênero é um grupo homogêneo de bacilos de reação Gram negativa, anaeróbios facultativos, normalmente móveis, não formadores de esporos e com flagelos perítricos. Algumas características da Salmonella são utilizadas no enriquecimento e isolamento seletivo deste micro-organismo, servindo também como indicadores para diferenciar as 28 colônias suspeitas em agar. Entre suas características destaca-se a resistência a alguns corantes como o verde brilhante, o verde malaquita e a resistência ao tetrationato de selenito (ESTEVES, 2005). São bactérias Gram-negativas em forma de bacilo, não esporulada, não capsulada, sendo que a maioria não fermenta a lactose. As salmonelas são um gênero extremamente heterogêneo, composto por três espécies, Salmonella subterranea, Salmonella bongori e Salmonella enterica, esta última possuindo quase 2000 sorotipos. A classificação em sorogrupos depende do antígeno O, enquanto que a classificação em serótipos depende do antígeno H (ALMEIDA et al., 2002). Dentre as de maior importância para a saúde humana, destacam-se a Salmonella typhi (Salmonella enterica enterica sorovar Typhi), que causa infecções sistêmicas e febre tifóide, doença endêmica em muitos países em desenvolvimento, e a Salmonella typhimurium (Salmonella enterica enterica sorovar Typhimurium), um dos agentes causadores das gastroenterites. 2.3.1.5. Proteus mirabilis Proteus é um gênero de bactérias Gram-negativas da família Enterobacteriaceae. Produtor de urease, cliva a uréia em dióxido de carbono (CO2) e amônia aumentando o pH facilitando a formação de cálculos renais. O aumento da alcalinidade da urina é tóxico para o epitélio urinário. Acomete pacientes cateterizados, pós-cirúrgicos. P. mirabllis e P. vulgaris estão associados ao diabetes e anomalias do trato urinário (GUENTZEL, 1996). Sua característica microbiológica é de um pequeno bacilo gram-negativo. A Proteus mirabilis é caracterizada pela sua enxameação, a sua capacidade de fermentar a maltose, e a sua incapacidade de fermentar a lactose. A Proteus mirabilis tem a capacidade para alongar-se e segregar um polissacarídeo, quando em contacto com as superfícies sólidas, o que torna extremamente móveis em artigos, tais como equipamento médico (MURPHY, 2013). O flagelo da P. mirabilis é crucial para a sua mobilidade, uma característica que auxilia o organismo a colonizar. O flagelo também tem sido associado com a capacidade de P. mirabilis para formar biofilmes, auxiliando na resistência das bactérias às defesas do hospedeiro e selecionar antibióticos. A P. mirabilis também possui um poder de adesão, evitando ser empurrado para fora do sistema do trato 29 urinário. Uma substância importante para a P. mirabilis é a urease, responsável por elevar o pH e, consequentemente, tornando mais fácil para prosperar. O aumento do pH permite a formação de pedra no trato urinário. Na ocasião, as pedras preenchem toda a pelve renal. Também estão presentes endotoxinas, responsáveis pela indução do sistema de resposta inflamatória e hemolisinas formadoras de poros (MURPHY, 2013). 2.3.1.6. Candida albicans Brynes (2000) descreve que a Candida albicans e a Candida tropical, são os nomes que recebem as leveduras comuns que podem ser encontradas no intestino e em certas membranas mucosas, por exemplo, na garganta. É sabido que a Candida albicans é o patógeno mais comum nas candidíases cutâneas e de orofaringe. No entanto, são raras as publicações em grupos de imunocompetentes que estudam a frequência das espécies de Candida, sua correlação com as regiões acometidas e a susceptibilidade dessas espécies aos antifúngicos. Em pacientes imunodeprimidos, principalmente em grupo de aidéticos, esses estudos são muito comuns (CROCCO et al., 2004). A patogenicidade da Candida albicans não pode ser atribuída a apenas um fator isolado; é da produção concomitante de diversos fatores que este organismo se transforma em uma célula adaptada para invadir os tecidos de um hospedeiro imuno-deprimido. Como forma de resistência, tem capacidade de se multiplicar unicelularmente por gemulação. Na presença de compostos que induzem à sua patogenicidade, como o soro de mamíferos, a Candida albicans expressa os seus fatores de virulência, tal como a formação de hifas; estas capacitam a célula para exercer força mecânica, ajudando na sua penetração nas superfícies epiteliais, e uma vez na corrente sanguínea tem uma ação danosa sobre o endotélio, o que permite que a Candida albicans invada os tecidos profundos do organismo (ENFERT; HUBE, 2007). A levedura Candida, em geral, pode viver harmoniosamente na microbiota intestinal, como por exemplo, as bactérias Acidophilus e Bífidus, são precisamente estes residentes bacteriológicos que tem a cândida sob controle, prevenindo seu crescimento excessivo. A candidíase expressa à variedade de relações que ocorrem 30 entre hospedeiro e microbiota autóctone, isto é, do comensalismo à doença sistêmica fatal (CROCCO et al., 2004). 2.4. Óleo de girassol Os ácidos graxos são divididos de acordo com a localização das ligações químicas, incluindo os n-3 ou ômega-3 (ácido alfa-linoléico, ácido eicosapentanóico) e osn-6 ou ômega-6 (ácido linoléico e ácido araquidônico). Estes compostos não são sintetizados por organismos animais e, assim, a obtenção tem que vir de uma fonte dietética. As principais fontes dietéticas de ômega seis são o milho, óleo de girassol e gordura animal (MARQUES et al., 2004). Em seu estudo Oliveira Junior (2010) cita que a utilização dos ácidos graxos em problemas de pele é estudada desde 1929 quando foi observadas lesões de pele provocadas pela redução dos mesmos na alimentação em 1974, observaram cura de feridas de pele com a aplicação tópica, respectivamente, de ácidos graxos e do óleo de semente de girassol. O ácido linoléico é um ácido graxo essencial de 18 carbonos, precursor do ácido aracdônico (20 carbonos). Este, por sua vez, é metabolizado pelas vias da lipoxigenase e cicloxigenase em leucotrienos, prostaglandinas e tromboxanos por células polimorfonucelares. Estas substâncias apresentam propriedades inflamatórias (ORTONNE; CLÉVY, 1994; MARQUES et al., 2004). Também foi demonstrado que o ácido linoléico participa na proliferação celular e processo inflamatório pelos seus efeitos de quimiotaxia e estimulação de neutrófilos (WENDT, 2005), além do efeito antibacteriano (MARQUES et al., 2004; MAGALHÃES et al., 2008). Glasgow e Eling (1990) citaram que o ácido linoléico estimula alguns fatores de crescimento celular, como fator de crescimento de plaquetas, fator de crescimento fibroblástico, fator de crescimento epidérmico e fator de crescimento semelhante à insulina, mas inúmeros experimentos ainda pesquisam a precisa ação de cada um destes. Os fatores de crescimento são substâncias biologicamente ativas que parecem atuar como recursos extremamente promissores na cicatrização. Suas ações já foram comprovadas em modelos experimentais, mas ainda são necessários mais estudos que evidenciem a sua aplicação clínica. Segundo Mandelbaum, Disantis e Mandelbaum (2003), “inúmeras pesquisas em andamento visam a 31 identificação precisa da ação de cada um desses fatores, sendo os mais investigados: o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF), o fator transformador (TFG-beta), o fator de crescimento fibroblástico (FGF), o fator de crescimento semelhante à insulina (IGF) e o fator de crescimento epidérmico (EGF)”. Todos agem na membrana celular, ativando a tirosinaquinase, que entra em contato com o DNA, estimulando a divisão e proliferação celular. Como benefícios ativam macrófagos e fibroblastos acelerando a granulação tecidual e estimulando a divisão e proliferação celular (MANDELBAUM; DISANTIS; MANDELBAUM, 2003). Ono, Zhou e Tateshita (2001) relataram a importância de citocinas e fatores de crescimento no processo de reparação tecidual. Muitos desses fatores (EGF, FGF, PDGF, TGF-beta) e interleucinas (IL-6) são citocinas que estimulam a proliferação queratinócita. Os fatores de crescimento são produzidos por muitas células, incluindo plaquetas, macrófagos, linfócitos, neutrófilos, fibroblastos e células epiteliais. O uso tópico de fatores de crescimento sobre as feridas não só facilitam a migração de monócitos, neutrófilos, macrófagos e fibroblastos, como também estimulam a proliferação de tecido de granulação (OLIVEIRA JUNIOR, 2010). De uma forma geral, o óleo bruto pode ser usado em saladas, como parte da dieta de pacientes, e em formulações tópicas para tratamento de feridas cutâneas como queimaduras (ZANOSCHI et al., 1991) e úlceras de pressão (COELHO et al., 2012). Marques et al. (2004) estudaram os efeitos do uso do óleo de semente de girassol no tratamento de feridas cutâneas em 18 carneiros da raça Santa Inês divididos em três grupos, de acordo com período de observação pós-cirurgia (7, 14 e 21 dias). Segundo os autores, a aceleração do processo inflamatório gerado pelo uso do óleo de semente de girassol, levando a uma rápida formação do tecido de granulação e epitelização nas feridas de cordeiros, pode ser explicada pelas características biológicas e bioquímicas do ácido linoléico. Sabe-se que o ácido linoléico constituiu um importante mediador pró-inflamação, sendo essencial na regulação dos eventos bioquímicos que precedem a fibroplasia além do estimular os fatores de crescimento e neovascularização. Estudo comparativo do processo de cicatrização com o uso do óleo de semente de girassol e triglicérides de cadeia média foi feito por Rocha et al. (2004) em ratos. Os resultados obtidos demonstraram que tanto os triglicérides de cadeia 32 média quanto o óleo alteraram o processo de formação de cicatriz de forma benéfica. Wendt (2005) comparou o uso de óleo de girassol, calêndula e suas associações na cicatrização de feridas experimentalmente induzidas em 27 coelhos da raça Nova Zelândia. Segundo o autor, apesar da análise histológica revelar que o tecido de granulação foi menos exuberante e a fibrose menos intensa nas feridas tratadas com o óleo, não foram observadas diferenças na velocidade de cicatrização entre os tratamentos testados, diferente de Marques et al. (2004). De forma semelhante, Magalhães et al. (2008) estudaram os efeitos de uma combinação de triglicérides de cadeia média, ácido linoléico, lecitina de soja e vitaminas A e E na cicatrização de feridas em 45 ratos. Os animais foram divididos em três grupos, controle (solução salina), referência (composto de clostebol associado a sulfato de neomicina) e teste, e foram avaliados antes e com 3, 7 e 12 dias de pós-operatório. Segundo os autores, o composto em teste não acelerou o processo de reparação tecidual por segunda intenção quando comparado às feridas controles e às feridas tratadas de forma convencional. 33 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. Local e período da pesquisa A seleção dos indivíduos diabéticos com feridas nos membros inferiores, tratamento das feridas, coleta de material para análise microbiológica, avaliação clínica e registro fotográfico foram realizadas nos municípios de Fernandópolis e Jales - SP, com prévia autorização das respectivas secretarias. Foram selecionados 6 pacientes no município de Fernandópolis, pertencentes a Unidade Básica de Saúde Pôr do Sol Dr. Gercino Mazi e a Unidade de Saúde da Família Planalto Dr. Waltrudes Baraldi. No município de Jales participaram 9 pacientes pertencentes às Unidades ESF Leonísio Gambeiro (Jardim Oiti) e ESF Setuo Suetugo (Jardim São Jorge). A ozonização do óleo de girassol e as análises microbiológicas foram realizadas no Laboratório de Microbiologia da Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO), Campus Fernandópolis, SP, Brasil. Os curativos foram realizados nas residências de cada paciente, sendo avaliados durante o mês de janeiro, fevereiro e março de 2013. 3.2. Aspectos éticos A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Camilo Castelo Branco sob o número do parecer 168.652/2012 e número de CAAE: 09103612.8.0000.5494 (Anexo B). Todos os participantes foram esclarecidos quanto aos objetivos e procedimentos a serem realizados no experimento por meio da leitura da carta de informação ao sujeito da pesquisa e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo A), autorizando o uso de seus dados para esta pesquisa. 3.2.1. Critérios de inclusão Somente pacientes diabéticos com feridas cutâneas infectadas nos membros inferiores foram incluídos na pesquisa e cada paciente foi incluído apenas uma vez no estudo, os mesmos eram de ambos os sexos, com faixa etária de 30 a 70 anos. 34 Outro requisito para inclusão foi que os indivíduos não apresentem alergia aos componentes utilizados (ozônio e óleo de girassol). 3.2.2. Critérios de exclusão Foram excluídos da pesquisa indivíduos não portadores de diabetes, que estivessem fora da faixa etária de 30 a 70 anos, que apresentassem debilidades nutricionais, alterações imunológicas, portadores ou em tratamento oncológico. Também foi considerado como motivo para exclusão o desenvolvimento de reação alérgica ao óleo de girassol ozonizado, por parte do paciente. Ainda foram considerados como critérios de exclusão: os pacientes que se recusarem a participar da pesquisa, o não consentimento do termo livre e esclarecido, crianças ou adolescentes diabéticos, sujeitos que fizeram uso de antimicrobianos nos três meses anteriores ou durante à pesquisa, e o participante que optasse por não dar continuidade ao tratamento da ferida durante o processo. 3.3. Coleta de dados Em todo o período de desenvolvimento da pesquisa, foram respeitados os princípios éticos de direitos dos pacientes, de acordo com a Lei 10.241 que dispõe sobre os direitos dos usuários a um atendimento de qualidade, humanizado e digno. A coleta de dados e realização dos curativos foi efetuada diariamente por uma única pesquisadora calibrada e treinada nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2013. Todos participaram espontaneamente do tratamento tópico destas lesões. Os pacientes foram subdivididos aleatoriamente em dois grupos de tratamentos, de acordo com a forma de tratamento das feridas: grupo 1 - tratamento com óleo de girassol ozonizado (n = 8) e grupo 2 - tratamento convencional a critério do médico responsável da unidade escolhido: colagenase (n = 7). No decorrer do tratamento os pacientes foram avaliados periodicamente pela pesquisadora e pelo médico da Unidade de Saúde com o objetivo de verificar os progressos da cicatrização, e quando não houvesse a evolução no tratamento era garantida ao sujeito à assistência a esta, permitindo assim a continuidade do 35 atendimento prescrito pelo médico responsável. Foram considerados também os seguintes aspectos: na presença de reação adversa ao tratamento (aparecimento de prurido ou ardor), este seria interrompido e substituído por outro curativo de acordo com parecer médico da unidade. No presente estudo como foi utilizado o óleo de girassol previamente ozonizado em local apropriado e mantido sob-refrigeração, não houve o desconforto do odor e o risco de inalação do gás pelo paciente e a pesquisadora. 3.4. Técnica de curativo O material utilizado para realização do curativo foi luva de procedimento, óleo ozonizado como curativo primário, soro fisiológico a 0,9%, atadura, esparadrapo, seringa de 20 mL, agulha descartável de calibre 40x12 mm, e como cobertura secundária gaze estéril. Inicialmente toda a extensão da lesão foi lavada com soro fisiológico esterilizado (NaCl 0,9%), depositada na forma de jato, com a finalidade de remover corpos estranhos, tecidos frouxos aderidos, além de manter o tecido de granulação recém-formado tendo a precaução de manter seca a área adjacente da mesma (SILVA et al., 2012). Posteriormente foi removido com o auxilio de gaze o excesso do exsudato purulento da área infeccionada. Em seguida foi aplicado o óleo ozonizado sobre o leito e toda área da ferida aberta, e finalmente foi empregada uma cobertura de gaze úmida sobre a região com sinais flogísticos de infecção. O curativo foi finalizado com atadura utilizando a técnica de bandagem circular, no sentido ascendente (podálico-cefálico) e fixado com esparadrapo. A troca do mesmo foi realizada diariamente, seguindo os mesmos procedimentos. O procedimento do grupo 2 (tratados com colagenase) seguiu a mesma metodologia substituindo o óleo ozonizado por colagenase segundo conduta prescrita pelo médico da unidade. Semanalmente foram realizadas descrições das feridas com imagens obtidas por máquina fotográfica digital 16 megapixels da marca Sony® com aumento de 8X. Para preenchimento da evolução diária das feridas foi utilizado um livro ata para cada paciente, onde foram realizadas avaliações descritivas qualitativas da evolução do processo de cicatrização. 36 3.5. Técnica de ozonização do óleo de girassol Para a ozonização foi empregado 1 L de óleo de girassol da marca Liza®. O ozônio foi produzido por meio de um gerador corona (Ozon & Life) e o oxigênio puro foi suprido via cilindro de oxigênio. O ozônio produzido de forma constante pelo equipamento foi conduzido por um tubo de silicone para o difusor, gerando assim 2 ppm/min/L. O óleo foi exposto ao ozônio de forma direta por meio do difusor por 6 horas, em temperatura controlada de 25ºC. Todo o procedimento de ozonização foi conduzido em uma capela de exaustão da marca Quimis modelo 216.11, visando minimizar os riscos de aspiração do gás ozônio, seguindo as normas internacionais de segurança (INTERNATIONAL SCIENTIFIC COMMITTEE OF OZONETHERAPYISCO3, 2010). Após ozonização, o óleo foi avaliado quanto a sua esterilidade, foram retirados 0,1 mL de óleo e inoculado em placas de Petri contendo meio ágar tritecaseina soja (Oxoid®), incubados a 37ºC por 24/48 h, quando foi verificada a ausência de crescimento microbiano. Foi considerado estéril o óleo que não apresentou nenhuma colônia. O óleo ozonizado foi mantido sob refrigeração (8ºC), controlado por um termômetro tipo capela e a temperatura foi mensurada e registrada diariamente no período matutino. O óleo ozonizado quando refrigerado apresenta validade de dois anos. O óleo ozonizado, quanto menor tempo de ozonização, mais viscoso e menor sua durabilidade (BOCCI, 2005). 3.6. Técnica de análise das amostras Foram realizadas avaliações das feridas, nos períodos determinados de 0, 7, 14, 21, 28, 42, 63, 70, 77, 84 e 91 dias, quanto aos seguintes tópicos: - Qualitativa microbiológica: Foram coletadas amostras de cada ferida utilizando swab estéril para realização de cultivo e identificação dos microorganismos - Qualitativa do aspecto geral visual da ferida: Descritiva das características de coloração do leito da ferida variando de vermelho, amarelo, pálido, esverdeado e quanto ao exsudato produzido pela ferida, alternando entre secreção purulenta, 37 serosa, serosanguinolenta, sanguinolenta; presença ou não de tecido necrótico (desvitalizado) e presença ou não de fibrina. - Quantitativa cicatricial da área das feridas: As feridas foram avaliadas através de fotografias digitais padronizadas - máquina digital 16, megapixels com aumento de 8X (câmera digital Sony®) nos tempos 0, 7, 14, 21, 28, 42, 63, 70, 77, 84 e 91 dias. Posteriormente, através do software Image J®, foi quantificada a área total das feridas pela delimitação de suas bordas e calculado o Índice de Cicatrização das Feridas. A fórmula do Índice de Cicatrização de Feridas (ICF) é: [ICF = (Área inicial - Área final)/Área inicial)], onde ICF = 1 representa reepitelização total, ICF = 0 sem sinais de reepitelização, ICF > 0 redução da área da ferida, ICF < 0 aumento da área da ferida. 3.7. Coleta e cultivo de amostras das feridas Com auxilio de swab estéril foram coletadas amostras, pressionado em 1 cm da área da ferida por 5 s. Em seguida, o swab foi depositado em tubo de ensaio estéril com 1 mL de solução de NaCl (0,9%), Esta amostra foi mantida refrigerada até o processamento, não ultrapassando o período máximo de 24 h da coleta. Para o cultivo, as amostras foram agitadas vigorosamente por aproximadamente um minuto e comprimido na parede do tubo de ensaio, para permitir desprendimento das bactérias do swab e homogeneização da amostra. De cada amostra foram retiradas alíquotas de 0,5 mL e inoculados em diferentes meios de cultura sendo incubadas a 37ºC por um período de 24 a 48 h. Para isolamento de bactérias anaeróbias estritas, 0,1 mL de cada amostra foi inoculado em meio seletivo (OxoidMR) e Brain Heart Infusion Agar (OxoidMR) suplementado para anaeróbios. Para obtenção de anaerobiose utilizou-se jarra de anaerobiose onde foram depositados envelopes geradores de anaerobiose (PROBAC), sendo incubados uma temperatura de 37±2°C por 48 h. O isolamento de bactérias anaeróbias facultativas e bactérias aeróbias estritas o material foi cultivado ágar McConkey, ágar Eosina Azul de Metileno (EMB) e ágar triptecaseina soja, todos da marca OxoidMR. Para pesquisa de Pseudomonas 38 utilizou-se ágar cetrimide (OxoidMR) e o para cultivo de fungos foi utilizado ágar sabouraud dextrose (OxoidMR). Após semeadura, todo o material foi incubado em estufa bacteriológica a 37°C durante 24 a 48 h. Após incubação as culturas positivas foram submetidas à coloração de Gram e analisados em microscópio de luz convencional (modelo ZEISS), utilizando a objetiva de 100X com óleo de imersão ocular de 10X. As culturas positivas foram avaliadas pelas características morfológicas e depois pelas bioquímicas. As bactérias Gram positivas foram identificadas pelo sistema API20E (Analytical Profile Index, BioMérieuxMR), enquanto que as bactérias Gram positivas foram submetidas aos testes: coagulase, catalase, NaCl 5%, oxidase, novobiocina e DNAse. As leveduras foram semeadas em CHROMagar (DifcoMR) e posteriormente identificadas pela formação do tubo germinativo, provas da urease e fermentação de carboidratos (maltose, sacarose, lactose, galactose, xilose e dextrose). 3.8. Analise estatística Os dados obtidos foram tabulados e submetidos à análise da variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Tukey-Kramer. Foram considerados valores de p < 0,05, com nível de significância de 95% sendo um método de comparações múltiplas. Tukey-Kramer mostra entre todos os procedimentos, que resultam em intervalos de confiança com mesmo tamanho para toda diferença duas a duas com coeficiente de confiança, resultando em intervalos menores. Para análise dos dados foi utilizado o software InStatMR para uso acadêmico. 39 4. RESULTADOS 4.1. Análise qualitativa descritiva da cicatrização das feridas Na tabela 1 estão apresentadas as características das feridas de membros inferiores, de pacientes diabéticos, tratados com óleo de girassol ozonizado. Verificou-se que houve mudanças nas feridas quanto à cor, presença de fibrina, drenagem e necrose após o tratamento com óleo de girassol ozonizado. Após o tratamento das feridas foi possível observar diminuição da secreção presente no leito das feridas, como a melhora da irrigação arterial favorecendo a cor vermelha, denominado tecido de granulação, trazendo benefício ao paciente. Os pacientes atendidos relatavam estarem satisfeitos com a melhoria do aspecto da ferida. A figura 1A mostra as características da ferida 7.4 no início do experimento. Verificou-se presença de necrose, tecido desvitalizado, secreção serosanguinolenta e secreção purulenta. As bordas da ferida apresentavam-se avermelhadas demonstrando processo inflamatório. Transcorridos 7 dias de tratamento com óleo de girassol (figura 1B), a ferida apresentou regressão do tecido desvitalizado e necrosado, a secreção tornou-se sanguinolenta e redução da cor vermelha das bordas pela diminuição do processo inflamatório (tabela 1). A figura 1B confirma a evolução na cicatrização com a regressão da necrose. Observa-se o desprendimento progressivo do tecido desvitalizado para o centro da ferida, aparecimento de secreção serosa como também a melhora da circulação local, com diminuição do processo inflamatório nas bordas, reduzindo o tom avermelhado. Na figura 1C é observada redução importante do tecido necrótico em 30 dias, sendo que em sete dias iniciou-se regressão do tecido desvitalizado, partindo de fora para dentro, beneficiando o prognóstico desta ferida. Neste dia, o curativo realizado proporcionou à paciente um bem estar, relatado com muita alegria e alívio, pois o tecido necrótico foi retirado manualmente, sem necessidade de utilizar instrumento cirúrgico cortante como o bisturi. Abaixo do tecido necrótico observou-se presença de tecido fibrinótico (fibrina), tornando a ferida amarela. 40 Tabela 1: Qualitativo descritivo das feridas de membros inferiores, de pacientes diabéticos, tratadas com óleo de girassol ozonizado. P 2 F 1 3 3.1 3 3.2 3 3.3 5 1 6 1 7 7.0 7 7.1 7 7.2 7 7.3 7 7.4 8 1 10 1 11 1 DIA 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 COR Amarela Amarela e Vermelha Amarela e Vermelha Vermelha Amarela Amarela e Vermelha Vermelha Vermelha Amarela e Vermelha Vermelha Vermelha Lesão cicatrizada Vermelha e amarela Vermelha Vermelha Vermelha e amarela Amarela e pálida Vermelha e amarela Vermelha Vermelha Amarela esverdeada Amarela Vermelha e amarela Vermelha Vermelha e amarela Vermelha Vermelha Vermelha Vermelha e Amarela Vermelha e Amarela Vermelha Vermelha Vermelha e amarela Vermelha e amarela Vermelha Vermelha Vermelha e amarela Vermelha Vermelha Vermelha Preta Amarela e Vermelha Vermelha Vermelha Amarela Vermelha Vermelha Vermelha Vermelha e amarela Vermelha Vermelha Vermelha Amarela DRENAGEM Serosa Serosa Serosa Serosa Serosa Serosa Serosa Serosa Serosa Serosanguinolenta Serosa Serosa Serosa Purulenta Serosanguinolenta Serosa Serosa Purulenta Serosanguinolenta Serosa Serosa Serosanguinolenta Serosa Serosa Serosa Serosanguinolenta Serosanguinolenta Serosa Serosa Serosanguinolenta Serosanguinolenta Serosa Serosa Serosanguinolenta Serosanguinolenta Serosa Serosa Necrose Serosanguinolenta Serosa Serosa Purulenta Serosanguinolenta Serosa Serosa Serosanguinolenta Serosa Serosa Serosa Serosanguinolenta FIBRINA NECROSE +++ ++ + ++ + ++ + +++ ++ + +++ + +++ + +++ ++ + ++ + + ++ ++++ + + + +++ ++ ++ + +++ (continua) 41 (continuação Tabela 1) 30 Vermelha e amarela Serosa ++ 60 Vermelha Serosa 91 Vermelha Serosa Legenda: Presente em grande quantidade: (+++); Presente em média quantidade (++); Presente em pequena quantidade (+); Ausente: (-). P: Paciente; n = 8 F: Ferida; n = 14 11 1 Após 60 dias de curativos houve redução da secreção serosa na ferida, conforme a figura 1D, com surgimento de tecido de granulação, e diminuição da fibrina, tornando a ferida avermelhada como indício de aumento da vascularização local. Ao completar 91 dias de curativos com óleo de girassol ozonizado, a ferida apresentou redução visível de seu tamanho, diminuição da secreção serosa no leito da ferida, ausência de fibrina e presença de tecido de granulação, tornando aspecto avermelhado (Figura 1E). 42 A B C D E Figura 1: Imagens ilustrativas das características (qualitativa - descritiva) da ferida 7.4 de membro inferior de paciente diabético, com tratamento com óleo de girassol ozonizado. Aumento de 8x. A: dia 0, B: dia 7; C: dia 30, D: dia 60, E: dia 91. A paciente 3, no início do tratamento com óleo ozonizado apresentava duas lesões com drenagem serosa, de cor amarela, presença de fibrina, sem necrose, no membro inferior esquerdo (figura 2F, tabela 1). Esta paciente apresentou resposta 43 positiva ao tratamento (figuras 2G, 2H), sendo que aos 91 dias foi observada cicatrização total das feridas, com aproximação de suas bordas teciduais (Figura 2I). Após 30 dias de curativos com óleo de girassol ozonizado as feridas apresentaram redução da fibrina, surgimento de tecido de granulação, diminuição da secreção serosa e cor avermelhada. A figura 2H apresenta redução visível das bordas das feridas, com diminuição de secreção serosa e de cor avermelhada. Neste dia a paciente verbalizou estar muito contente e otimista, por ver suas feridas crônicas cicatrizando. Após os 91 dias de curativos obtiveram cicatrização completa das feridas, com aproximação total das bordas teciduais; ausência de exsudato, ausência de fibrina e muita felicidade relatada pela paciente (Figura 2I). F G H I Figura 2: Imagens ilustrativas das características (qualitativa - descritiva) da ferida 3.2 de membro inferior de paciente diabético, com tratamento com óleo de girassol ozonizado. Aumento de 8x. F: dia 0, G: dia 30; H: dia 60, I: dia 91. Na tabela 2 estão apresentadas as características das feridas de membros inferiores, de pacientes diabéticos, tratados com colagenase. Verificou-se falta de resposta ao tratamento do paciente 1, cuja ferida, no inicio do tratamento não 44 apresentava necrose do tecido, com cor amarela e vermelha com drenagem serosa e escassa presença de fibrina (figura 3J), estas características foram mudando periodicamente (figuras 3K e 3L) tornando a cor esverdeada escura, drenagem serosa/purulenta, aumento da fibrina e inicio de necrose. No 91º dia, havia intensa necrose, drenagem purulenta, a cor tinha se tornada preta esverdeada e quantidade excessiva de fibrina (tabela 2, figura 3L). Tabela 2: Qualitativo descritivo das feridas de membros inferiores, de pacientes diabéticos, tratadas com colagenase. P F 1 1 4 1 9 1 12 1 13 1 14 1 15 1 DIA 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 0 30 60 91 COR Amarela e Vermelha Esverdeada escura Esverdeada escura Preta, esverdeada Amarela Amarela e Vermelha Vermelha Vermelha Amarela e Vermelha Vermelha Vermelha Lesão cicatrizada Vermelha e amarela Vermelha Vermelha Vermelha e amarela Amarela e pálida Vermelha e amarela Vermelha Vermelha Amarela esverdeada Amarela Vermelha e amarela Vermelha Vermelha e amarela Vermelha Vermelha Vermelha DRENAGEM Serosa Serosa , Purulenta Serosa Purulenta Serosa Serosa Serosa Serosa Serosa Serosa Serosanguinolenta Serosa Serosa Serosa Purulenta Serosanguinolenta Serosa Serosa Purulenta Serosanguinolenta Serosa Serosa Serosanguinolenta Serosa Serosa Serosa FIBRINA + ++ +++ +++ ++ + ++ + ++ + +++ ++ + +++ + +++ + NECROSE + ++ +++ - Legenda: Presente em grande quantidade: (+++); Presente em média quantidade (++); Presente em pequena quantidade (+); Ausente: (-). P: Paciente; n=7 F: Ferida; n=7 45 J K L Figura 3: Imagens ilustrativas das características (qualitativa - descritiva) da ferida 1.1 de membro inferior de paciente diabético, com tratamento com colagenase. Aumento de 8x. J: dia 0, K: dia 30; L: dia 91. 4.2. Análise microbiológica qualitativa-descritiva Os resultados das análises microbiológicas estão apresentados nas tabelas 3 e 4. Verificou-se que a microbiota componente das feridas foi variada, no entanto foi observada presença de Candida albicans em todas as feridas. No grupo cujas feridas foram tratadas com óleo de girassol ozonizado, verificou-se associação de Candida albicans com as espécies Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli e Staphylococcus aureus (tabela 3). Após 14 dias de tratamento as espécies bacterianas foram eliminadas de 11 feridas (78,57%), sendo necessários 21 dias para controlar as 4 feridas restantes (21,43%). O controle de C. albicans ocorreu com 70 dias de tratamento em 14,28% das feridas (2.1 e 5.1); 7,14% aos 77 dias da ferida 10.1, 50% das feridas (6.1, 7.1, 7.3, 7.4, 7.5, 8.1, 11.1) ao completar 84 dias de curativos, e 28,57% das feridas 3.1, 3.2, 3.3 e 7.2 aos 91 dias de tratamento. 46 A microbiota isolada das feridas dos membros inferiores de pacientes diabéticos, tratados com colagenase foi variada (tabela 4). Observou-se presença de associação de C. albicans com Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, exceto a ferida 2.5 que apresentou unicamente C. albicans. Nestes pacientes não foram observadas mudanças quanto às espécies microbianas componentes da microbiota no período de tratamento (tabela 4). De acordo com as tabelas 3 e 4 foi observado mudança no padrão microbiológico quanto às espécies de patógenos encontrados. Verificou-se persistência da microbiota durante os 91 dias de tratamento com colagenase (tabela 4). Enquanto que nos pacientes tratados com óleo de girassol ozonizado constatouse, nas primeiras semanas, que as culturas foram negativas para as espécies bacterianas, e para Candida albicans resultados semelhantes foram obtidos entre 70 a 91 dias, mostrando possível atividade bactericida e fungicida do óleo de girassol ozonizado (tabela 3). 47 Tabela 3: Análise Microbiológica Qualitativa das feridas de membros inferiores de pacientes diabéticos, tratados com óleo de girassol ozonizado. P F Dia 0 P. aeruginosa, C. albicans. P. aerug.; C. albicans; E. coli P. aerug.; C. albicans; E. coli P. aerug.; C. albicans; E. coli P. aeruginosa, C. albicans; P. aeruginosa, C. albicans; Dia 7 P. aeruginosa, C. albicans P. aerug.; C. albicans; E. coli P. aerug.; C. albicans; E. coli P. aerug.; C. albicans; E. coli P. aeruginosa, C. albicans; P. aeruginosa, C. albicans; Dia 14 P. aeruginosa, C. albicans. P. aerug.; C. albicans; E. coli. P. aerug.; C. albicans; E. coli. P. aerug.; C. albicans; E. coli. P. aeruginosa, C. albicans; P. aeruginosa, C. albicans; C. albicans; E. coli C. albicans, E. coli, S. aureus C. albicans; E. coli C. albicans, E. coli, S. aureus C. albicans; E. coli C. albicans, E. coli, S. aureus Dia 21 Dia 28 Dia 42 Dia 63 Dia 70 Dia 77 Dia 84 Dia 91 C. albicans. C. albicans C. albicans C. albicans Negativo Negativo Negativo Negativo C. albicans. C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans Negativo C. albicans. C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C.albicans C. albicans Negativo C. albicans. C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C.albicans C. albicans Negativo P. aeruginosa, C. albicans; C. albicans C. albicans C. albicans Negativo Negativo Negativo Negativo C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans Negativo Negativo C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans Negativo Negativo C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans, C. albicans, C. albicans, C. albicans Negativo 2 1 3 1 3 2 3 3 5 1 6 1 7 1 7 2 7 3 C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans Negativo Negativo 7 4 C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans Negativo Negativo 7 5 C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans Negativo Negativo 8 1 C. albicans C. albicans Negativo Negativo C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans Negativo Negativo Negativo 1 C. albicans; E. coli P. aeruginosa, C. albicans; S.aureus, C. albicans C. albicans 11 C. albicans; E. coli P. aeruginosa, C. albicans; S. aureus, C. albicans C. albicans 1 C. albicans; E. coli P. aeruginosa, C. albicans; S. aureus, C. albicans C. albicans 10 C. albicans; E. coli P. aeruginosa, C. albicans; S. aureus, C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans Negativo Negativo Legenda: P - paciente/ F - ferida 48 Tabela 4: Análise Microbiológica Qualitativa das feridas de membros inferiores de pacientes diabéticos, tratados com colagenase. P F Dia 0 Dia 7 Dia 14 Dia 21 Dia 28 Dia 42 Dia 63 Dia 70 Dia 77 Dia 84 Dia 91 1 1 C. albicans, E. coli, S. aureus. C. albicans, E. coli, S. aureus. C. albicans, E. coli, S. aureus. C. albicans, E. coli, S. aureus. C. albicans, E. coli, S. aureus. C. albicans, E. coli, S. aureus. C. albicans, E. coli, S. aureus C. albicans, E. coli, S. aureus C. albicans, E. coli, S. aureus C. albicans, E. coli, S. aureus C. albicans, E. coli, S. aureus 4 1 C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli C. albicans; E. coli 9 1 S. aureus e C. albicans S. aureus e C. albicans S. aureus e C. albicans S. aureus e C. albicans S. aureus e C. albicans S. aureus e C. albicans S. aureus e C. albicans S. aureus e C. albicans S. aureus e C. albicans S. aureus e C. albicans S. aureus e C. albicans 12 1 P. aeruginosa, C. albicans; P. aeruginosa, C. albicans; P. aeruginosa, C. albicans; P. aeruginosa, C. albicans; P. P. aeruginosa, aaaeruginosa, C. albicans; C. albicnas P. aeruginosa, C. albicans; P. aeruginosa, C. albicans; P. aeruginosa, C. albicans; P. aeruginosa, C. albicans; P. aeruginosa, C. albicans 13 1 Candida albicans Candida albicans Candida albicans Candida albicans Candida albicans Candida albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans C. albicans 14 1 S. aureus, e P. aeruginosa S. aureus, e P. aeruginosa S. aureus, e P. aeruginosa S. aureus, e P. aeruginosa S. aureus, e P. aeruginosa S. aureus, e P. aeruginosa S. aureus, e P. aeruginosa S. aureus, e P. aeruginosa S. aureus, e P. aeruginosa S. aureus, e P. aeruginosa S. aureus, e P. aeruginosa 15 1 S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa S. aureus, C. albicans e P. aeruginosa Legenda: P - paciente/ F - ferida 49 4.3. Análise quantitativa cicatricial A cicatrização foi calculada levando em consideração a área inicial e a área final das feridas obtendo-se assim o índice de cicatrização e a porcentagem de redução das feridas (tabela 5). As feridas são consideradas curadas quando o Índice de Cicatrização das mesmas é maior ou igual a 40%. Verificou-se que das 14 feridas, 5 (35,71%) foram consideradas curadas após os 91 dias de tratamento com óleo de girassol ozonizado. Em 8 (57,14%) feridas se observou redução significativa da área afetada (p < 0,05), enquanto que em 1 (7,14%) não se verificou evolução com o tratamento (tabela 5). Tabela 5: Área inicial, área final, índice de cicatrização e porcentagem de cicatrização das feridas de membros inferiores, de pacientes diabéticos, tratadas com óleo de girassol ozonizado. Feridas 2.1 3.1 3.2 3.3 5.1 6.1 7.1 7.2 7.3 7.4 7.5 8.1 10.1 11.1 Área inicial (cm²) Área Final (cm²) * ** 3,560 ± 0,099 2,165 ± 0,128 20,437 ± 0,206 15,422 ± 0,097 1,093 ± 0,075 0,000 ± 0,000 0,667 ± 0,040 0,131 ± 0,011 34,387 ± 0,333 26,047 ± 0,371 3,492 ± 0,103 1,065 ± 0,011 13,937 ± 0,256 12,731 ± 0,207 6,458 ± 0,088 4,485 ± 0,134 15,378 ± 0,107 11,293 ± 0,069 6,831 ± 0,124 6,683 ± 0,146 8,381 ± 0,130 5,979 ± 0,141 5,882 ± 0,342 1,082 ± 0,062 7,828 ± 0,071 2,912 ± 0,100 4,681 ± 0,080 3,347 ± 0,112 ICF 0,39 0,25 1 0,80 0,24 0,78 0,09 0,31 0,27 0,02 0,29 0,82 0,63 0,28 % de Redução 39 25 100 80 24 78 9 31 27 2 29 82 63 28 Significância Estatística *** *** *** *** *** *** *** *** *** ns *** *** *** *** * Mensurada no início do experimento (dia 0) **Mensurada no 91º dia do experimento *** Significância estatística pelo teste de Tukey Kramer (p < 0,05) ns: não significativo pelo teste Tukey Kramer (p > 0,05) ICF: Índice de Cicatrização das Feridas O tratamento das feridas com colagenase proporcionou resultados diversificados, que variaram da cicatrização ao aumento da área da lesão (tabela 5). Verificou-se que as feridas 4.1, 12.1, 13.1 e 14.1 apresentaram porcentagem de redução significativa (p < 0,05), quando comparados com as feridas 1.1 , 9.1 e 15.1 que evidenciaram expressiva involução no processo de cicatrização. 50 Tabela 6: Área inicial, área final, índice de cicatrização e porcentagem de cicatrização de feridas de membros inferiores, de pacientes diabéticos, tratadas com colagenase. Feridas 1.1 4.1 9.1 12.1 13.1 14.1 15.1 Área inicial (cm²) Área Final (cm²) * ** 2,423 ± 0,175 35,071 ± 0,661 5,656 ± 0,165 4,172 ± 0,086 0,498 ± 0,073 1,235 ± 0,095 18,212 ± 0,208 9,295 ± 0,132 0,398 ± 0,013 0,032 ± 0,008 1,082 ± 0,021 0,508 ± 0,007 2,220 ± 0,185 4,320 ± 0,183 ICF -13,47 0,26 -1,47 0,49 0,92 0,53 -0,95 % de Redução -1.347 26 -147 49 92 53 -95 Significância Estatística ns *** ns *** *** *** ns * Mensurada no início do experimento (dia 0) **Mensurada no 91º dia do experimento *** Significância estatística pelo teste de Tukey Kramer (p < 0,05) ns: não significativo pelo teste Tukey Kramer (p > 0,05) ICF: Índice de Cicatrização das Feridas *** significância estatística (p < 0,05) ns - não significativo Figura 4: Área inicial e área final de feridas de membros inferiores, de pacientes diabéticos tratados com óleo ozonizado. Na figura 4 estão representados os dados da área inicial e área final das feridas tratadas com óleo de girassol ozonizado. Verificou-se que todas as feridas apresentaram redução significativa (p < 0,05) exceto a lesão 7.3. 51 Todas as feridas apresentaram evolução cicatricial, o paciente 3.2 evidenciou cicatrização de 100% com aproximação total da pele lesionada, enquanto que a 7.4 evoluiu escassamente, porém em nenhum paciente foi observada aumento da área lesada, como ocorreu nas feridas 1.1, 9.1, e 15.1, tratados com colagenase (figura 5). *** significância estatística (p < 0,05) Figura 5: Área inicial e área final de feridas de membros inferiores, de pacientes diabéticos tratados com colagenase. 52 5. DISCUSSÃO Baracho et. al. (2009) e Mandelbaum, Disantis e Mandelbaum (2003) relatam que o processo de cicatrização de feridas cutâneas consiste em uma harmonia na cascata de eventos celulares que atuam na repavimentação e reconstituição do tecido lesado. É um processo dinâmico que envolve fenômenos bioquímicos e fisiológicos que se comportem de forma harmoniosa a fim de garantir a restauração tissular. O fenômeno cicatricial envolve movimentos de tecidos, divididos em fases tais como inflamação, a reepitelização, formação de tecido de granulação, e a fase de remodelação. Estes acontecimentos envolvem coordenação de dezenas de tipos de células e de proteínas da matriz celular, que são importantes para controlar as fases do processo de reparação. Estudos demonstraram que os fatores de crescimento endógenos, como os de crescimento do fibroblasto (FGF), os fatores de crescimento derivados de plaquetas (PDGF), o fator de crescimento transformante β (TGF-β), e os fatores de crescimento endoteliais vasculares (VEGF) são polipeptídeos de regulação importantes para coordenar o processo de cicatrização. Estes são liberados a partir de macrófagos, de fibroblastos e de queratinócitos no local da lesão e participam na regulação da reepitelização, formação de tecido de granulação, a síntese de colágeno e a neovascularização (KIM et al., 2009; WERNER, 2003). Khadre, Yosef e Kim (2001) afirmam que o ozônio é um poderoso agente antimicrobiano, onde suas moléculas inativam os micro-organismos rapidamente por meio de reação com enzimas intracelulares, do material nucleico e dos componentes do envelope celular, resultando em processos oxidativos avançados que são potencialmente eficazes contra os micro-organismos mais resistentes. O ozônio tem sido reconhecido como um dos melhores agentes antivirais, antifúngicos, bactericidas e tem sido utilizado empiricamente como um agente terapêutico clínico para feridas crônicas, tais como feridas tróficas, feridas diabéticas e feridas isquêmicas (DE MONTE; VAN DER ZEE; BOCCI, 2005; VALACCHI; FORTINO; BOCCI, 2005; MARTINEZ-SANCHES et al., 2005). Os efeitos benéficos do ozônio na cicatrização de feridas podem ser assumidos como sendo devido à diminuição da infecção bacteriana, melhorando a cicatrização de feridas aumentando a tensão de oxigênio pela exposição do ozônio 53 na área da ferida (LIM et al., 2006; GAJENDRAREDDY et al., 2005). Oliveira (2011) e Bocci (2002) afirmam que o ozônio sendo um potente oxidante, em contato com fluídos orgânicos, promove a formação de moléculas reativas de oxigênio, as quais influenciam eventos bioquímicos do metabolismo celular, o que pode proporcionar benefícios à reparação tecidual, além do efeito antimicrobiano, bactericida e fungicida. Em um estudo com cobaias, foi utilizado óleo ozonizado contendo ozônio estabilizado como um ozonido; presente nas duplas ligações de um ácido gordo monoinsaturado tal como o ácido oleico, o qual é ideal para utilização tópica de O3 no tratamento de feridas crônicas e de infectadas. Os materiais ozonizados, ou seja, processados com ozônio são referidos como ozonídeos, formados pela reação de olefinas com ozônio. Qualquer olefina pode ser tratada com ozônio gasoso formando um ozonido (KIM et al., 2009; BOCCI, 2005). As composições ozonídeas têm a capacidade de gerar oxigênio no interior da lesão primária, sem causar irritação da pele. Estes resultados indicam que o O3 atua sobre a cicatrização de feridas agudas, direta ou indiretamente, através da síntese de colágeno e proliferação de fibroblastos durante a formação do tecido de granulação e a fase de remodelação do tecido no início da cura da ferida comparada ao grupo controle sem ozônio. Assim, concluiu-se que o ozônio tópico pode ser considerado como uma modalidade terapêutica alternativa para melhorar a cicatrização de feridas cutâneas (KIM et al., 2009; BOCCI, 2005). Bearzatto, Vaiano e Franzini (2003) relatam a importância da ozonoterapia no tratamento de feridas crônicas, uma vez que o ozônio demonstrou propriedades antissépticas, induzindo formação de tecido de granulação e neoangiogênese. A ozonoterapia é de grande importância no tratamento de feridas crônicas, em função de o ozônio apresentar propriedades antissépticas, induzindo formação de tecido de granulação e neoangiogênese. No presente trabalho verificou-se que o emprego de ozônio veiculado em óleo de girassol favoreceu na cicatrização de lesões de membros inferiores de pacientes diabéticos (tabelas 1, 5 e figura 2I). O ozônio na forma gasosa (25 ppm) com umidade relativa do ar de 90% foi um potente antimicrobiano que promoveu a erradicação de cepas bacterianas Gram positivas e Gram negativas incluindo esporos e espécies de Mycobacterium relacionadas as causas mais comuns de infecções (SHARMA; HUDSON, 2008). Estes autores verificaram que as amostras secas e molhadas eram igualmente 54 vulneráveis ao ozônio, e que o efeito antimicrobiano foi alcançado em um curto período de exposição, por volta de 20 minutos, o que tornou o sistema do emprego do ozônio muito prático e de baixo custo. Na presente pesquisa as cepas de Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus foram erradicadas com 14 a 21 dias das lesões de membros inferiores tratadas com óleo de girassol ozonizado (tabela 3), mostrando a eficiência deste tratamento no controle de bactérias patogênicas e potencial antimicrobiano. Rodrigues et al. (2004) realizaram um estudo utilizando o ozônio com óleo de girassol em ratos, e verificaram os efeitos da substância sobre Escherichia coli, Cândida albicans e Staphylococcus aureus, indicando ação anti-inflamatória e efeitos protetores na pele, ao agir nos tecidos conjuntivos, o que caracterizou o potencial de cicatrização. Nesta pesquisa verificou-se persistência de C. albicans e cicatrização da maioria das lesões (tabelas 3 e 5). O ozônio também é capaz de inativar alguns tipos de vírus como o norovirus (SHARMA; HUDSON, 2008). A exposição de vírus ao ozônio reduz a infectividade viral pela peroxidação lipídica e subsequente dano ao envelope lipídico, e a camada proteica (MURRAY et al., 2008). A ação antimicrobiana do ozônio está baseada na exposição local de grandes concentrações de íons oxidantes. A ozonoterapia tem sido utilizada e muito estudada há mais de um século. Seus efeitos são comprovados, consistentes, seguros e com efeitos colaterais mínimos e evitáveis. O mecanismo de ação se caracteriza pela inativação de bactérias, vírus, fungos e protozoários, através da estimulação do metabolismo do oxigênio ativando o sistema imunológico. As complicações diabéticas ocorrem devido ao estresse oxidativo no corpo, assim o ozônio ativa o sistema antioxidante alterando o nível de glicemia. O ozônio previne o estresse oxidativo através da normalização dos níveis de peróxidos orgânicos, ativando a superóxido dismutase, proporcionando um aumento da imunidade do hospedeiro, elevando a produção de citoquinas (ELVIS; EKTA, 2011). Elvis e Ekta (2011) explicam que o ozônio realiza a inativação de bactérias, vírus, fungos, leveduras e protozoários por perturbar a integridade do envelope da célula bacteriana por meio de oxidação dos fosfolipídios e das lipoproteínas. Em fungos, há inibição do crescimento celular em certas fases. Com vírus, o O3 danifica a cápside virai e perturba o ciclo reprodutivo, interrompendo o contacto célula- vírus com a peroxidação. 55 A estimulação do metabolismo do oxigênio ocorre por provocar um aumento da taxa de glicólise de glóbulos vermelhos. Isto leva à estimulação de 2,3difosfoglicerato, que leva a um aumento da quantidade de oxigênio libertado para os tecidos. O ozônio ativa o do ciclo de Krebs, aumentando carboxilação oxidativa do piruvato, estimulando a produção de ATP (Trifosfato de adenosina), traduzindo em mais energia armazenada. Há uma estimulação da produção de enzimas que atuam como removedores de radicais livres e protetores de parede celular: glutationa peroxidase, superóxido dismutase e catalase. Também há a produção de prostacyline, um vasodilatador, que facilitará a circulação sanguínea, favorecendo a nutrição das células teciduais, estimulando o processo cicatricial e redução das feridas (ELVIS; EKTA, 2011; SANCHEZ, 2008). Diante dos resultados obtidos ao término deste experimento, nas feridas tratadas com óleo de girassol ozonizado foi observado redução da área das feridas, com aproximação das bordas teciduais, através do estímulo à indução da neoangiogênese facilitando a proliferação de fibroblastos e consequente liberação de colágeno e fibras elásticas. Também foi visto diminuição do processo inflamatório através das alterações de cor no local promovendo a adaptação do tecido ao estresse oxidativo gerado pelos microorganismos presentes; auxiliando assim o processo de cicatrização e consequente diminuição na área das feridas. 56 6. CONCLUSÃO Pela metodologia empregada e os resultados obtidos pode concluir-se que: - O óleo de girassol ozonizado foi eficiente no processo de redução da área das feridas de membros inferiores de pacientes diabéticos, enquanto a colagenase induziu a cicatrização de algumas feridas e em outras houve aumento da área; - As feridas avaliadas apresentaram contaminação por Candida albicans associada à Escherichia coli, Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa; - O óleo de girassol provocou mudança no perfil microbiológico, o que não ocorreu com a colagenase. 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABOZ - Associação Brasileira de Disponível Ozonioterapia. em: http://www.aboz.org.br Acesso em 06 mai. 2013. 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