MANUTENÇÃO DE CANDIDA ALBICANS IN VITRO E PREPARO DE AMOSTRAS PARA ANÁLISE POR MICROSCOPIA ÓPTICA Érica Ribeiro Guerra Urtado, Adriana Barrinha Fernandes, Milene da Silva Melo, Juliana Francielli Oenning, Carlos José de Lima Universidade Camilo Castelo Branco - UNICASTELO/Instituto de Engenharia Biomédica, Rodovia Presidente Dutra, Km 138 - São José dos Campos, SP [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Resumo - A candida albicans é um fungo oportunista que têm despertado estudos quanto aos melhores métodos para a sua eliminação. No entanto, antecedendo a aplicação de um meio desinfetante, outras etapas devem ser executadas pelo pesquisador, como o cultivo desse micro-organismo e visualização microscópica. Este estudo objetivou elaborar e discorrer um protocolo no desenvolvimento dessas etapas, descrevendo-as passo a passo, à fim de nortear a condução e execução das mesmas, facilitando o desenvolvimento e andamento da pesquisa. Os resultados conferiram efetividade no processo, podendo-se concluir que o uso do protocolo proposto contribui e pode conferir suporte à trabalhos futuros, sobretudo ao pesquisador que desconhece como manipular esse micro-organismo. Palavras-chave: Candida albicans, Microscopia Óptica, protocolo de pesquisa Área do Conhecimento: Engenharia Biomédica, Isolamento do micro-organismo. Introdução A candida albicans é uma espécie de fungo diplóide, oportunista, constantemente isolado em infecções nosocomiais de grande importância, podendo ser letal em pacientes graves e imunussuprimidos. Nesse contexto, sabe-se que a desinfecção é a principal aliada resolutiva e quando eficaz, reduz consideravelmente as concentrações de micro-organismos patogênicos no ambiente, dificultando a ocorrência ou propagação de infecções. (RIBEIRO, et al, 2004) As técnicas de desinfecção fundamentadas nas metodologias utilizam desinfetantes diversos e o cloro e seus derivados são os mais utilizados por possuir características: bactericida, virucida, fungicida e esporicida. No entanto, segundo a APECIH (2004), possui algumas desvantagens como: de ser inativo em presença de matéria orgânica; corrosivo em metais; de odor forte e desagradável, de causar irritabilidade nos olhos e mucosas, além de resultar em toxinas cancerígenas como produto final. Esses fatores têm despertado o interesse em diversos pesquisadores na utilização de outros métodos desinfetantes que minimizem esses efeitos negativos, executando testes, sobretudo in vitro, em seus experimentos. Para que se utilize um método de eliminação de leveduras nos experimentos laboratoriais, primeiramente faz-se necessário o cultivo e semeio do micro-organismo, bem como sua identificação por visualização microscópica, etapas que requerem atenção e manuseio correto para o sucesso do intento, que por vezes geram dúvidas na sua execução, principalmente da parte do pesquisador que desconhece essas técnicas, podendo resultar contaminação do cultivo e perda do mesmo. Frente a esses fatores, este estudo objetivou elaborar e discorrer um protocolo no desenvolvimento dessas etapas, descrevendo-as passo a passo, à fim de nortear a condução e execução das mesmas, facilitando o desenvolvimento e andamento da pesquisa. A candida albicans foi a levedura de escolha, devido sua importância patogênica e e alta incidência em infecções de cunho nosocomial. Metodologia Este protocolo foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia do Centro de Engenharia Biomédica, pertencente a Universidade Camilo Castelo Branco de São José dos Campos, objetivando a preparação de candida albicans para microscopia óptica como etapa preliminar de testes desinfetantes. Para o cultivo, semeio e análise, uma cepa de Candida albicans ATCC (18804) que foi submetida aos seguintes passos: Primeiramente, o meio de cultura Ágar Saboraud Dextrose foi preparado - meio recomendado para o cultivo de fungos patogênicos e leveduras. Para esse experimento, utilizou-se 250ml da água destilada e 16,2g de meio, quantia indicada pra esse volume. Depois de diluído por aquecimento e agitação foram distribuídos em 10 tubos de vidro, limpos e secos, 25 ml da diluição em cada um, e logo foram autoclavados. Enquanto ocorria esse processo, Encontro de Pós-Graduação e Iniciação Científica – Universidade Camilo Castelo Branco 193 uma capela protetora para manuseio de meios estéreis, sob luz UV, fora ligada, em torno de 40 minutos contendo duas placas de pétri estéreis. Os tubos autoclavados foram removidos para solidificarem sob uma superfície, em ângulo de 15º e em temperatura ambiente. Desses tubos, um deles, utilizou-se para preencher as placas de pétri que estavam na capela de UV, de forma asséptica. Após a solidificação do meio nos tubos e placas, na capela de UV, uma pequena porção da cepa Candida albicans ATCC (American Type Culture Collection) fora semeada nesses recipentes, utilizando-se alças plásticas estéreis e 0 a seguir, mantidas em estufa a 37 C, por um período de 48h. A partir do crescimento do fungo, foi feita então, a coloração de gram para visualização microscópica da levedura. Em uma lâmina contendo esfregaço seco, gotas de corante violeta-de-metila foram pingadas cobrindo o esfregaço agindo por 15 segundos; à seguir, adicionou-se água destilada sobre o corante, cobrindo toda a lâmina, agindo por mais 45 segundos. Após o tempo corrido, o corante foi escorrido e o esfregaço foi lavado em um filete de água. Logo, a lâmina foi coberta com lugol, que agiu por 60 segundos e lavada em um filete de água. Aplicou-se álcool etílico a 95% para descorar a lâmina por 10 a 20 segundos e novamente, lavou-se em um filete de água. A seguir, toda a lâmina foi coberta com fucsina e deixada a corar por aproximadamente 30 segundos. Após enxague, aguardou-se então a secagem da lâmina e aplicou-se uma gota de óleo de imersão sobre o esfregaço que posteriormente fora observado no microscópio óptico marca Reychert Polyvar 2 MET com objetiva 100X. Em todo o tempo, o pesquisador manteve-se paramentado e respeitando os padrões assépticos. Resultados As etapas propostas como protocolo, de forma clara e sequencial, facilitam a execução da pesquisa e demonstram eficácia, como observa-se na figura 1, em que as leveduras apresentam-se em sua forma caracterítica e desprovidas de contaminação sob visualização microscópica. A visualizado via figura 1, permitiu ainda observar as dimensões da candida albicans, que é de aproximadamente 5µm. Discussão As etapas elaboradas para o preparo da Candida albicans demandaram resultados positivos e facilitadores atingindo a proposição esperada quando se elabora um protocolo, conforme apontaram Cummings e colaboradores (2003), bem como Hulley (2003), que em seu estudo expressou que quando esse instrumento se apresenta organizado, de forma lógica e eficiente funciona como um guia prático para o andamento da pesquisa. Ao avaliar a questão da contaminação não ocorrida no preparo dos tubos e placas contendo Candida albicans, pôde-se afirmar que os padrões assépticos foram eficazes, pois segundo os autores PAULA e colaboradores (2007) e APECIH (2004) todo o ambiente conglomera microorganismos, os quais são encontrados nas mais diversas superfícies, quer sejam elas de equipamentos, ou de portas, maçanetas, pisos e azulejos, contaminando todo o espaço físico. Conclusão Pôde-se concluir com este estudo que o uso do protocolo proposto contribui e pode conferir suporte à trabalhos futuros, sobretudo ao pesquisador que desconhece o manipular dessas técnicas. Referências Associação Paulista de /estudos e Controle de Infecção Hospitalar (APECIH). Limpeza e desinfecção de artigos e áreas hospitalares e antisepsia. 2ª ed. revisas. São Paulo, 2004. Cummings, et al. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed, p: 35-41, 2003. Hulley, et al. Delineando a pesquisa clínica: uma abordagem epidemiológica. 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed, p: 21-34, 2003. Paula, C.R., et al. Infecção hospitalar fúngica: Experiência em hospitais públicos de São Paulo. Prática Hospitalar. São Paulo, v. 9, n. 52, p. 63-66. 2007. Figura 1 – Imagens candida albicans a partir de microcópio óptico. Ribeiro, et al. Aspectos das leveduras de Cândida vinculadas às infecções nosocomiais. News Lab. Goiás. v. 64, n. 1, p. 106- 128. 2004. Encontro de Pós-Graduação e Iniciação Científica – Universidade Camilo Castelo Branco 194