Contaminação de aqüíferos por compostos imiscíveis à água subterrânea Dr. Ricardo Hirata World Bank Instituto de Geociências - USP GW-MATE - World Bank [email protected] (Cohen & Mercer 1993) Quem são os DNAPL (dense nonaqueous phase liquid ou líquidos não solúveis mais densos que a água) ? AESAS 2008 2 O que faz desses compostos tão especiais para nós hidrogeólogos (ou tão temido para os ambientalistas)? (Mackey & Cherry) AESAS 2008 3 O que os faz tão especiais? Área de Jurubatuba (São Paulo) AESAS 2008 4 Áreas contaminadas declaradas pela Cetesb AESAS 2008 5 Carga contaminante potencial z z z AESAS 2008 Atividades industriais na região de Jurubatuba (SP) Na região totalizam-se mais de 10 mil atividades com potencial de contaminação Provavelmente 1/3 utilizam solventes clorados 6 O que faz esses compostos tão especiais para a hidrogeologia? 1. 2. São muito utilizados na indústria e estão presentes em vários casos de contaminação de aqüíferos, sobretudo em cidades e áreas industriais; São muito tóxicos, vários compostos têm limites de potabilidade inferiores a dezenas de ppb (μg/L); AESAS 2008 7 z 1. Casos de contaminação por compostos orgânicos em aqüíferos nos EUA (Cohen & Mercer 1993) AESAS 2008 8 O que faz esses compostos tão especiais para a hidrogeologia? 1. 2. São muito utilizados na indústria e estão presentes em vários casos de contaminação de aqüíferos, sobretudo em cidades e áreas industriais; São muito tóxicos, vários compostos têm limites de potabilidade inferiores a dezenas de ppb (μg/L); AESAS 2008 9 2. Produtos apresentam alta toxicidade z Portaria 518 MS, valores de potabilidade para água AESAS 2008 10 O que faz esses compostos tão especiais para a hidrogeologia? 3. 4. 5. Têm uma hidráulica muito complexa e seu comportamento em subsuperfície é difícil de prever (um modelo que abarque todo o comportamento de NAPL em subsuperfície necessitaria de 27 equações independentes, Pinder & Abriola, 1986); Possuem baixa solubilidade e formam fases livre (imiscível) em água e fase residual no solo e em aqüíferos; Em fase livre, o composto pode ser mais rápido que a água subterrânea (sobretudo em movimentos verticais) AESAS 2008 11 Conceito de molhante e não molhante e a penetração de DNAPL em meio poroso AESAS 2008 z Gota de DNAPL no meio da água, sob uma superfície quartzosa z Gota de água no meio ar, sob uma superfície quartzosa 12 Conceito de molhante e não molhante e a penetração de DNAPL em meio poroso AESAS 2008 13 (Schwille 1988) 3. Compostos mais densos que a água e sua complexa hidráulica Compostos mais densos que a água, quando introduzido em grande quantidade no meio, tentem a ‘afundar’ na zona saturada (dense nonaqueous phase liquids) AESAS 2008 14 (Schwille 1988) Penetração de PER na zona não saturada Até atingir a franja capilar AESAS 2008 Até atingir a zona saturada 15 Molhante e não molhante AESAS 2008 (Schwille 1988) z Solvente é mais molhante ao meio (quatzoso) que a água, então prefere os poros maiores 16 (Schwille 1988) Pequena quantidade de DNAPL no meio z Difusão de vapores de DNPL, sem fase livre ou fase dissolvida considerável (na zona saturada) AESAS 2008 17 (Schwille 1988) Média quantidade de DNAPL no meio z Fase residual e vapores (difusão molecular) na zona não saturada, resultando em fase dissolvida na zona saturada AESAS 2008 18 (Schwille 1988) Pequena quantidade de DNAPL no meio z Fase dissolvida, mas não fase livre, resultado do lixiviado da água na zona não saturada (recarga). AESAS 2008 19 (Schwille 1988) Vazamento de maior quantidade atingindo a zona não saturada e saturada z Presença de fase livre, e formação de piscina de composto AESAS 2008 20 Grande quantidade de composto é infiltrada (Cohen & Mercer 1993) z Formação de piscinas e mobilidade horizontal devido à heterogeneidade do material AESAS 2008 21 Grande quantidade de DNAPL é infiltrada e presença de aquitarde (Cohen & Mercer 1993) z Presença de aquitarde argiloso suficientemente fraturado para permitir a migração vertical do produto AESAS 2008 22 (Cohen & Mercer 1993) Infiltração de grande quantidade de produto em aqüífero fraturado z Aqüífero fraturado e a mobilização de produto pelas fraturas em fase livre. AESAS 2008 23 O que faz esses compostos tão especiais para a hidrogeologia? 3. 4. 5. Têm uma hidráulica muito complexa e seu comportamento em subsuperfície é difícil de prever (um modelo que abarque todo o comportamento de NAPL em subsuperfície necessitaria de 27 equações independentes (Pinder & Abriola, 1986); Possuem baixa solubilidade e formam fases livre (imiscível) em água e fase residual no solo e em aqüíferos; Em fase livre, o composto pode ser mais rápido que a água subterrânea (sobretudo em movimentos verticais) AESAS 2008 24 Quanto de DNAPL é necessário para se atingir o aqüífero? Vn = sr n Vm z z z Onde: Vn (m3) é o DNAPL retido no meio Vm (m3) sr é a saturação residual n é a porosidade Exemplo: apenas 0,45m3 é necessário para penetrar 15m de profundidade, a partir de uma contaminação de 1m2, com sr de 0,1 e porosidade de 0,3 AESAS 2008 25 4. Fase residual em meio não saturado z sr tipicamente varia de 0,1 a 0,2 e é função da permeabilidade, porosidade efetiva, e conteúdo de umidade (Cohen & Mercer 1993) AESAS 2008 26 z Fase residual na zona saturada z Valores típicos de sr = 0,1 a 0,4 (Cohen & Mercer 1993) AESAS 2008 27 Qual é o mecanismo que cria a fase residual? z Geometria da garganta e do poro AESAS 2008 28 Qual é o mecanismo que cria a fase residual? z Geometria da garganta e do poro AESAS 2008 29 O que faz esses compostos tão especiais para a hidrogeologia? 3. 4. 5. Têm uma hidráulica muito complexa e seu comportamento em subsuperfície é difícil de prever (um modelo que abarque todo o comportamento de NAPL em subsuperfície necessitaria de 27 equações independentes (Pinder & Abriola, 1986); Possuem baixa solubilidade e formam fases livre (imiscível) em água e fase residual no solo e em aqüíferos; Em fase livre, o composto pode ser mais rápido que a água subterrânea (sobretudo em movimentos verticais) AESAS 2008 30 Qual é a velocidade que o DNAPL podem atingir? z z z z A velocidade destas substâncias pode ser extremamente rápida. Schville (1988) observou para o tetracloroeteno penetrava na zona não saturada a velocidades de 7cm/minuto (areias com gravas) e na zona saturada, de 1,5cm/minuto PCE atravessou a zona vadosa de areia grossa a uma velocidade de 6cm/minuto Solventes em fase livre podem atingir a zona saturada em dias ou semanas, em contraste com a água, em meses e anos. AESAS 2008 31 O que faz esses compostos tão especiais para a hidrogeologia? 6. Alguns compostos quando impactam seriamente os aqüíferos esses não são mais remediáveis aos níveis naturais. AESAS 2008 32 Desafios que esses compostos nos colocam? z z z z Entender melhor o comportamento desses compostos em subsuperfície (sobretudo em climas tropicais, com alta temperatura e forte atividade bacteriológica) Aproximar a geologia estrutural para melhor entender a geometria de fraturas e estimar os caminhos preferenciais dos DNAPL em fases livre e dissolvida Aproximar a estratigrafia e o conceito de sistemas deposicionais à hidrogeologia em ambientes complexos Utilizar técnicas mais eficientes para caracterizar o meio, incluindo a hidráulica e a hidroquimica AESAS 2008 33 Obturadores para coleta e testes hidráulicos em intervalos discretos AESAS 2008 34 Uso de isótopos em hidrogeologia z z z z z z Utilização de isótopos e radioisótopos para auxiliar no entendimento do modelo de circulação das águas subterrâneas Oxigênio-18/deutério Carbono-14 Trítio Estrôncio Chumbo AESAS 2008 35 Desafios que esses compostos nos colocam? z Estabelecer prioridades de gestão em áreas onde a atenção ambiental deverá ser maior ou seja onde haja maior perigo de contaminação dos aqüíferos ou corpos de água subterrâneo AESAS 2008 36 Áreas industriais em São Paulo AESAS 2008 37 Área de estudos de Jurubatuba AESAS 2008 38 Carga contaminante potencial AESAS 2008 39 Carga contaminante potencial AESAS 2008 z Atividades que geralmente manuseiam solventes clorados z Em um universo de 10 mil atividades industriais, 3 mil manuseiam solventes clorados 40 Hidrogeologia e meio ambiente Dr. Ricardo Hirata World Bank Instituto de Geociências - USP GW-MATE - World Bank [email protected]