ID: 46411959 01-03-2013 Tiragem: 14700 Pág: 6 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Semanal Área: 20,70 x 32,89 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 2 RAPOSO SUBTIL AFIRMA Agravamento das insolvências era “uma situação previsível” FERNANDA SILVA TEIXEIRA [email protected] O número recorde de insolvências (50 declaradas diariamente pelos tribunais portugueses) registadas em 2012 era, para António Raposo Subtil, “uma situação previsível”, no contexto de “uma economia em ajustamento”. Em declarações à “Vida Económica”, o advogado e autor de várias publicações sobre a temática da insolvência afirma ainda que estes números “traduzem, também, a fragilidade em que se encontravam muitas das empresas nacionais, fosse por razões de gestão, por excessiva dependência do mercado interno ou por insuficiência de capitais próprios”. Para além do contexto da economia nacional e europeia, que é conhecido, Raposo Subtil considera ainda que a “generalidade das empresas só muito tardiamente procurou ajustar a estrutura de passivo à sua real capacidade financeira”. Por outro lado, o jurista salienta ain- “A insolvência é uma oportunidade para manter no mercado uma determinada sociedade comercial, com a dívida reestruturada, ou preservar, extinta a sociedade insolvente, um seu estabelecimento industrial, já sem qualquer passivo associado” da “o contributo, muito acentuado, das insolvências singulares para estes números” e lembra que, “nestes casos, revelam-se situações dramáticas, do ponto de vista familiar e humano, que também projetam os seus efeitos na economia em geral”. No fundo, resume, “podemos dizer que as insolvências singulares e as insolvências coletivas se potenciam, reciprocamente”. Questionado sobre se acredita que estes valores se manterão em 2013, Subtil começa por dizer que “provavelmente sim”, pois admitir o contrário “implicaria assumir que o esforço de adaptação do tecido empresarial e das famílias a um novo contexto económico e financeiro está concluído”, isto num momento em que “os sinais de crescimento da economia ainda são muito tímidos”. Ainda assim, para o autor, vale a pena realçar que nem todos os processos de insolvência significam, “necessariamente, um mal ou mesmo a morte das em- Raposo Subtil. presas”. Em muitos casos, e a tendência é de crescimento, “a insolvência é uma oportunidade para manter no mercado uma determinada sociedade comercial, com a dívida reestruturada, ou preservar, extinta a sociedade insolvente, um seu estabelecimento industrial, já sem qualquer passivo associado”. Adesão “maciça” ao programa Revitalizar Desafiado a avaliar os resultados do programa Revitalizar, apresentado pelo Governo em junho do ano passado, Raposo Subtil afirma que a medida teve, sobretudo, a “vantagem de colocar na ordem do dia a recuperação de empresas e a ideia de que as dificuldades financeiras, configurando uma situação de insolvência ou préinsolvência, não são, necessariamente, uma sentença de morte”. Por isso, para o jurista, a criação do Processo Especial de Revitalização, “com todas as fragilidades que se lhe possam apontar, é um bom exemplo. Prova disso é a sua utilização maciça, em pouco mais de seis meses”. No entanto, Subtil considera que seria importante “fechar o ciclo e concretizar todos os objetivos do Programa Revitalizar”, muito em especial, a “necessidade de conferir maior flexibilidade à regularização da dívida com os credores públicos que, muitas vezes, em especial do caso da Autoridade Tributária, acabam por inviabilizar a aprovação de planos de recuperação”. Refutando que a medida configure uma “alteração de filosofia”, pois esta “depende menos da lei do que de uma efetiva alteração de mentalidades, que leva o seu tempo”, o advogado concede que “são cada vez mais os empresários a recorrer a instrumentos como o PER, ou mesmo o SIREVE, procurando reagir às dificuldades em devido tempo, com uma taxa de sucesso muito satisfatória”. Por isso, para o autor, a “consolidação desta tendência dependerá muito da capacidade de reação das empresas mas, também e sobretudo, do profissionalismo e competência de todos vários intervenientes, sejam eles advogados, juízes, consultores ou administradores de insolvência”, finaliza. ID: 46411959 01-03-2013 06 Atualidade Agravamento das insolvências era “uma situação previsível” Tiragem: 14700 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 4,57 x 6,17 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 2 de 2