FUNÇÃO QUADRÁTICA: UMA POSSIBILIDADE DE ENSINO A PARTIR DE UMA SITUAÇÃO PROBLEMA Fernando Fabrin, [email protected] Angélica Bohrer Schmalz, [email protected] Palavras -chave: função quadrática; processo de ensino; planejamento de atividades desencadeadoras de aprendizagem. A presente escrita se configura como um relato reflexivo do planejamento de atividades desencadeadoras de aprendizagem que consideram o conceito de função quadrática. Este planejamento foi elaborado por bolsistas de iniciação à docência com a intencionalidade de ser desenvolvido em uma turma de 1º ano do ensino médio em uma das escolas parceiras do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID – da Universidade regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. O conceito de função surge, historicamente, relacionado com a Geometria e a Álgebra – em especial, a partir do estudo de curvas representadas em gráficos cartesianos. O estudo elementar das funções faz parte da Álgebra e o estudo mais avançado, onde intervém a noção de infinitésimo, é feito na Análise Infinitesimal. Como mostra Bento Caraça (2009), o grande desenvolvimento do conceito de função deve-se ao facto de constituir uma poderosa ferramenta para o estudo dos mais diversos fenómenos naturais. Refira-se, por exemplo, a queda dos corpos, o movimento dos planetas, as marés, a propagação de ondas, o crescimento de populações… Mas também os fenómenos que resultam da ação do homem são estudados com recurso a este conceito, que, hoje em dia, é usado em todas as áreas da engenharia e da tecnologia, bem como no estudo da economia, administração, gestão de empresas, etc. Existem quatro modos principais de representar uma função: através de enunciados verbais, usando a linguagem natural; graficamente, usando esquemas, diagramas, gráficos cartesianos e outros gráficos; aritmeticamente, com recurso a números, tabelas ou pares ordenados; e algebricamente, usando símbolos literais, fórmulas e correspondências. Estes modos de representação podem ser usados em conjunto, sendo a informação relativa a uma dada função apresentada muitas vezes parcialmente numa representação e parcialmente noutras representações. Como indicámos mais atrás, o estudo das funções constitui um dos aspectos do pensamento algébrico que deve ser desenvolvido. A partir de diferentes situações e considerando os diferentes registros, os alunos devem compreender que uma função é uma correspondência entre dois conjuntos que satisfaz uma certa condição. Isso é bem ilustrado pela representação em diagrama, fazendo corresponder a cada elemento do domínio uma e uma só imagem. Esta representação é também útil para exemplificar correspondências entre dois conjuntos que são funções e correspondências entre dois conjuntos que não o são. No entanto, esta representação apenas é utilizável nos casos em que o domínio e o conjunto onde a função toma valores têm um número reduzido de elementos. A variação é outro dos aspectos importantes do conceito de função. Quando efetuamos medições ao longo do tempo, observamos mudanças –por exemplo, “hoje faz mais calor do que ontem” (mudança qualitativa), ou “esta planta tem mais 15 cm do que no mês passado” (mudança quantitativa). A análise do crescimento de plantas pode dar origem a registos como “A minha planta não cresceu nas três primeiras semanas, depois cresceu durante três semanas e ao fim desse tempo não voltou a crescer mais”. Muitos fenômenos têm taxa de variação constante, isto é, para qualquer valor de x, a razão entre o incremento na variável dependente y e o incremento na variável independente x é constante. Todos estes fenómenos podem ser representados por uma função afim, linear ou não linear. No entanto, os alunos devem contatar com fenómenos com outros tipos de variação, como o caso da planta, para que não fiquem com a ideia errada que todos os processos de mudança têm taxas de variação constantes. Assim abordamos o crescimento e decrescimento, as condições de existência, o domínio e a imagem. A matemática então auxilia na compreensão de fenômenos das ciências, uma construção histórica, num contexto social e cultural. Com base na atividade em questão, como a que se segue, é proposto aos alunos uma situação problema. Esta solicita que definam a maior área possível de um retângulo que possui um perímetro de 20 cm. É solicitado aos alunos que construam uma área retangular com esse perímetro sobre uma base já quadriculada em centímetro quadrado. Assim sendo, os alunos deverão representar com o barbante, utilizando o formato de um retângulo ou quadro, o que lhe for mais viável para a construção de uma área melhor aproveitável dos 20 cm de perímetro. Com isso então é solicitado que façam diferentes formas, ou seja, diferentes tamanhos de retângulos. As características destas representações deverão ser generalizadas, um dos lados do retângulo pode ter a denominação de “x” e o outro lado então ser representado por “10 – x”. A partir desse enunciado temos então a equação em que 2x + 2y = 20, em que x é a medida de um dos lados do retângulo, e y a outra medida do outro lado. Então em uma tabela os dados serão anotados x + y = 10 y = 10 - x ( que representa um dos lados do triangulo) Para a área temos então: A = x (10 – x) (em que x será então um dos lados e 10 – x, vai ser o outro lado do retângulo.) Área = 10x - x² A partir de uma série de procedimentos, os alunos deverão perceber as grandezas envolvidas e a relação de dependência entre elas. Os dados obtidos e colocados na tabela deverão ainda ser representados graficamente. Dessa forma, acreditamos que os alunos podem ir elaborando várias ideias constitutivas do conceito de função quadrática. A representação gráfica dos dados se faz na forma de parábola voltada para baixo, tendo assim, um ponto de máximo. Este ponto de máximo representará o valor do lado (x) do retângulo de maior área possível com o perímetro igual a 20 cm. A presente atividade tem por objetivo possibilitar que os alunos percebam as grandezas envolvidas na situação, bem como a relação que se estabelece entre a medida do lado e a área do retângulo a partir da definição do perímetro e da figura geométrica. Com um pedaço de barbante com 20 cm de comprimento o aluno deverá, de forma prática representar um retângulo ou quadrado com a maior área possível. Os dados obtidos a partir desta representação deverão ser anotados em um quadro representado por colunas: medida da largura, medida do comprimento, medida o perímetro e medida da área. Com este quadro, temos o valor de Y que será o valor da área, e X o valor de um dos lados do retângulo ou quadrado onde teremos uma parábola na formação do gráfico seja colocado em uma coluna o valor de que seja elaborado uma função de 2º grau a partir das configurações dos retângulos estabelecidos pelos alunos, como podemos ver na Figura 1. A partir de processos de generalização considerando os diferentes procedimentos propostos aos alunos estes deverão representar a função também na forma algébrica: y= - x² + 10x. Figura 1: representação gráfica da situação. Assim, será proposto a introdução do estudo de função quadrática possibilitando que o aluno perceba qual as medidas dos lados para se ter um aproveitamento maior de área, através do perímetro dado. Portanto, espera-se que com o desenvolvimento deste planejamento, os alunos possam ter uma aprendizagem significativa a respeito de função quadrática possibilitando dar o devido significado e que consiga estabelecer as relações entre o “aspecto” gráfico e os coeficientes de sua expressão algébrica, evitando a simples memorização de regras. Referências CARAÇA, B. J. Conceitos Fundamentais da Matemática. Gradiva: Lisboa, 2009.