Max Weber estudou a conexão de sentidos que existia
entre o desenvolvimento do capitalismo e a valorização do trabalho como eixo significativo da ética protestante instalada de
forma notável entre os empresários e os trabalhadores na história dos EUA. Weber lembra que, para os puritanos, face à
necessidade ética do trabalho a perda de tempo (..) é o primeiro e o principal de todos os pecados. A perda de tempo, através
da vida social, conversas ociosas, do luxo e mesmo do sono
além do necessário para a saúde – seis, no máximo oito horas
por dia – é absolutamente dispensável do ponto de vista moral.
(WEBER, MAX. A
ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO.
SÃO PAULO: PIONEIRA/UNB, P. 112).
O autor cita, ainda, uma das máximas de Benjamin Franklin,
em meados do século XVIII, que expressa o chamado "espírito
do capitalismo": Tempo é dinheiro (p. 29).
Disserte sobre a validade ou não desses argumentos para a compreensão da conduta dos empresários e dos trabalhadores da sociedade brasileira contemporânea, tendo em vista a considerável expansão das igrejas evangélicas no país.
RESOLUÇÃO:
Segundo Max Weber, os protestantes, a partir do século XVI,
nortearam as suas ações sociais tendo por base os valores éticos defendidos pela religião que professavam. Nesse sentido, procuravam dedicar seus dias de vida à religião e ao trabalho, de maneira metódica,
disciplinada e ordenada, não admitindo, por conseqüência de uma crença inabalável em uma forte moral religiosa, desperdícios ou ociosidades de quaisquer naturezas, nem uma vida frívola e/ou luxuriosa. Ainda,
há que se ressaltar que os protestantes estudados por Weber procuravam, invariavelmente, adotar procedimentos racionais, ou seja, calculados, formatados e padronizados no sentido de garantir o aproveitamento total do tempo e do trabalho, de acordo com o que o protestantismo pregava e sob pena de estarem pecando. Pois bem...apesar da considerável expansão das igrejas evangélicas no Brasil, não podemos considerar que os nossos empresários e trabalhadores têm dirigido as suas
vidas adotando as mesmas condutas que marcavam o comportamento
dos protestantes acima analisados. Em quantidade considerável, empresários e trabalhadores brasileiros, ao invés de levarem uma vida racionalmente dedicada à religião, ao trabalho metódico e disciplinado,
ao ascetismo (vida simples, sem luxo) e à honestidade – como assim
viviam os protestantes do século XVI – têm as suas vidas norteadas
pela cultura do prazer, da valorização da riqueza e da ostentação, pela
cultura do sucesso a qualquer custo e de qualquer maneira, sem maiores preocupações de ordem ética ou moral, diferentemente, portanto,
do sentido com que o protestante estudado por Weber conduzia a sua
vida.
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