CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE METAIS PESADOS NAS ÁGUAS DO ARROIO BARRACÃO NO MUNICÍPIO DE GUAPORÉ - RS Keitiane Lunardi Lajeado, novembro de 2012 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Keitiane Lunardi AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE METAIS PESADOS NAS ÁGUAS DO ARROIO BARRACÃO NO MUNICÍPIO DE GUAPORÉ - RS Monografia apresentada na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso de Engenharia Ambiental, do Centro Universitário Univates, como parte da exigência para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental. Orientador: Ms. Everaldo Rigelo Ferreira Lajeado, novembro de 2012 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Keitiane Lunardi AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE METAIS PESADOS NAS ÁGUAS DO ARROIO BARRACÃO NO MUNICÍPIO DE GUAPORÉ - RS A banca examinadora abaixo aprova o trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, do Centro Universitário UNIVATES, como parte da exigência para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Ambiental: Prof. Ms. Everaldo Rigelo Ferreira – Orientador Centro Universitário Univates Prof. Eduardo Rodrigo Ramos de Santana Centro Universitário Univates Prof. Ms. Daniela Mazzarino Jachetti Centro Universitário Univates Lajeado, novembro de 2012 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) AGRADECIMENTOS A Deus, por estar sempre presente, nos momentos de alegria e dificuldade, mostrando o caminho correto a seguir, dando-me confiança, determinação e fé. Aos meus pais Juares e Carmen por todo amor e tempo dedicado a minha educação, repassando-me ensinamentos de vida que me transformaram numa pessoa de caráter, agradeço também à minha irmã Heloíse pelo apoio na realização deste trabalho. Ao meu orientador Everaldo Rigelo Ferreira pelo estímulo e pelas críticas, sem o que este trabalho seria impossível. A Prefeitura Municipal de Guaporé que vem proporcionando a aplicação do estudo apresentado neste trabalho. Não posso deixar de agradecer aos meus colegas e amigos de trabalho Gabriel Sartori, Fabiele Marczinski e Fabrício Poleto, que são grandes incentivadores deste trabalho, parceiro nas rotinas do dia a dia e pessoas que acreditam fielmente em mim e no meu potencial. Aos meus colegas de curso que se tornaram amigos e fizeram o fardo destes seis anos de graduação ser mais leve. Um agradecimento especial aos meus colegas e amigos Andrieta Anater, Solange Malaggi, Roberta Kurek, Diane Sordi, Ronei Stein, Marcelo Pozzagnolo e Flávio Folletto, os quais farão parte das lembranças mais bonitas da minha graduação. Aos meus amigos pelo apoio, aos meus pais e ao meu namorado Tiago pela força e por estarem sempre presentes mesmo na minha ausência (em especial a BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) minha irmã Heloíse, por ser tão especial em minha vida e me passar tanta confiança e carinho mesmo à distância). Enfim, a todos que de alguma forma ou de outra, me estimularam ou contribuíram para realização deste trabalho. Muito Obrigada! BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) RESUMO Metais pesados ocorrem espontaneamente no meio ambiente, entretanto as atividades industriais têm contribuído de maneira significativa para o aumento da concentração destes elementos nos recursos hídricos, ocasionando a poluição desses recursos naturais. Os metais pesados chegam aos mananciais hídricos através dos efluentes de indústrias galvânicas, farmacêuticas, indústrias papeleiras, madeireiras, entre outras. Estes elementos, além de altamente prejudiciais ao meio ambiente, causam inúmeros problemas à saúde da população. Devido a esta situação e, tendo em vista o elevado número de indústrias galvânicas no município de Guaporé - RS, este trabalho visou avaliar a presença de metais pesados nas águas do Arroio Barracão, através de análises para verificação de cádmio, cobre total e níquel, em quatro pontos amostrais sob influência desta tipologia industrial, durante o período de julho a outubro do presente ano. Concomitantemente foi feita a aferição do parâmetro de pH e cianeto a fim de auxiliar na interpretação dos resultados. A partir dos resultados das análises de metais pesados, pH e cianeto nas águas do Arroio Barracão e considerando-se o limite de tolerância para classe 3, segundo a Resolução 357/2005 do CONAMA, observou-se que houve frequentemente, superação dos níveis estabelecidos para cobre e cianeto, ficando em classe 4 para as análises de cobre 38% e cianeto 19%. Isto mostra a poluição causada pelas atividades antrópicas na região, principalmente através do despejo de efluentes da indústria galvânica. Os níveis de concentração encontrados podem prejudicar as vidas aquáticas, silvestres, e ao homem através de contato primário ou na cadeia alimentar apresentando, portanto, o Arroio Barracão, restrição de uso para potabilidade, balneabilidade e irrigação. Palavras-chave: Poluição hídrica. Galvanoplastia. Metais pesados. Efluente. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) ABSTRACT Heavy metals occur naturally in the environment, however industrial activities have contributed significantly to the increase in concentration of these elements into waterways, causing pollution of these natural resources. Heavy metals reach the water sources through galvanic effluents of industries, pharmaceutical, paper mills, Wood industry and others. These elements, galvanic effluents of highly damaging to the environment, also cause numerous health problems to the population. Due to this situation and in view of the large number of galvanic industries in Guaporé - RS, city this study aimed to evaluate the presence of heavy metals in the waters of the Barracão Arroyo, through analysis for verification of cadmium, total copper and nickel under four sampling points on the influence of galvanic industries during the period from July to October of this year. According to results of these analysis the class 3 limits, as states in resolution 357/2005 of CONAMA, were often exceeded for Cooper (38%) and cyanide (19%) levels which remain in class 4.This shows the pollution caused by human activities in the region, mainly through the discharge of effluents from galvanizing industry. The concentration levels found can harm aquatic life, wildlife, and humans through contact primary the food chain, in such conditions Barracão Arroyo presents, use restriction for potability, bathing and irrigation. Keywords: Water pollution. Electroplating. Heavy metals. Effluent. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) LISTA DE TABELAS Tabela 1- Distribuição porcentual da massa de água no planeta.......................... 20 Tabela 2 - Padrões de potabilidade para substâncias químicas que representam risco à saúde.......................................................................................................... 41 Tabela 3 - Tabela de parâmetros e cuidados quanto a preservação e reagentes. 50 Tabela 4 - Parâmetros e metodologias utilizadas para análise.............................. 52 Tabela 5 - Informações quali – quantitativas das empresas de galvanoplastia..... 53 Tabela 6 - Pontos de coleta.................................................................................... 56 Tabela 7 - Planilha de dados.................................................................................. 61 Tabela 8 - Resultados das análises de pH e limites de tolerância permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005.............................................................................. 62 Tabela 9 - Resultados das análises de cádmio e limites de tolerância permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005...................................................................... 65 Tabela 10 - Resultados das análises de Níquel e limites de tolerância permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005...................................................................... 67 Tabela 11 - Resultados das análises de cobre e limites de tolerância permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005...................................................................... 69 Tabela 12 - Resultados das análises de Cianeto e limites de tolerância permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005.................................................... 72 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Principais fontes e as consequências à exposição aos metais pesados................................................................................................................... 27 Quadro 2 - Histórico da legislação das águas no Brasil......................................... 37 Quadro 3 - Continuação histórico sobre a legislação das águas no Brasil............. 38 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Entradas e saídas no processo de galvanoplastia................................ 29 Figura 2 - Imagem de satélite do município de Guaporé....................................... 43 Figura 3 - Rede de drenagem do município de Guaporé – RS.............................. 45 Figura 4 - Coleta no ponto 3................................................................................... 51 Figura 5 - Imagem de satélite do município de Guaporé com a distribuição das empresas de galvanoplastia................................................................................... 56 Figura 6 - Local de coleta ponto 1.......................................................................... 58 Figura 7 - Local de coleta ponto 2.......................................................................... 58 Figura 8 - Local de coleta ponto 3 (visão geral)..................................................... 59 Figura 9 - Local de coleta ponto 3 (área da coleta)............................................... 59 Figura 10 - Local de coleta ponto 4........................................................................ 60 Figura 11- Imagem de satélite do município com a localização dos pontos de coleta, indústrias galvânicas e Arroio Barracão..................................................... 60 Figura 12 - Classificação das águas para o parâmetro pH.................................... 62 Figura 13 - Resultados das análises de pH e padrões permitidos pela legislação................................................................................................................. 63 Figura 14 - Classificação das águas para Cádmio................................................. 66 Figura 15 - Resultados das análises de Cádmio e padrões permitidos pela legislação................................................................................................................ 66 Figura 16 - Classificação das águas para Níquel................................................... 68 Figura 17 – Resultados das análises de Níquel e padrões permitidos pela legislação................................................................................................................. 69 Figura 18 - Classificação das águas para Cobre................................................... Figura 19 - Resultados das análises de Cobre e padrões permitidos pela 70 legislação................................................................................................................. 71 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Figura 20 - Classificação das águas para Cianeto................................................. 73 Figura 21 - Resultados das análises de Cianeto e padrões permitidos pela legislação................................................................................................................ 74 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) LISTA DE ABREVIATURAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas Ag - Prata Al - Alumínio Cd - Cádmio CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CN - Cianeto CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente CONSEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente Cr - Cromo Cu - Cobre DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio DQO - Demanda Química de Oxigênio FEPAM - Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler HCl - Ácido Clorídrico HCN - Ácido Cianídrico IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MMA - Ministério do Meio Ambiente NBR - Norma Brasileira Ni - Níquel OD - Oxigênio Dissolvido OMS - Organização Mundial de Saúde Pb - Chumbo pH - Potencial Hidrogeniônico PNMA - Política Nacional de Meio Ambiente SMIC - Secretaria Municipal de Indústria e Comércio BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) SMMA - Secretaria Municipal de Meio Ambiente Sn - Estanho UTM - Universal Tranversa de Mercator VMP - Valores Máximos Permitidos VOC - Compostos Orgânicos Voláteis Zn - Zinco BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 15 2 OBJETIVOS........................................................................................................ 18 2.1 Objetivo geral.................................................................................................. 18 2.2 Objetivos específicos..................................................................................... 18 3 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 3.1 Água: importância e distribuição.................................................................. 3.2 Poluição e qualidade da água....................................................................... 3.2.1 Poluição antrópica...................................................................................... 3.2.2 Fontes de poluição...................................................................................... 3.2.2.1 Esgotos..................................................................................................... 3.2.2.2 Agricultura................................................................................................ 3.2.2.3 Águas industriais..................................................................................... 3.3 Atividade de galvanoplastia…………………………………………………….. 3.3.1 Problemas ambientais causados pela atividade galvânica..................... 3.3.1.1 Efluentes líquidos: consumo de água e geração de efluentes............ 3.3.1.2 Emissões atmosféricas............................................................................ 3.3.1.3 Resíduos sólidos...................................................................................... 3.3.1.4 Metais pesados......................................................................................... 3.3.1.5 Ácidos e Álcalis........................................................................................ 3.3.1.6 Outros........................................................................................................ 3.4 Parâmetros de qualidade da água................................................................ 3.4.1 pH (Potencial Hidrogeniônico) .................................................................. 3.5 Aspectos legais sobre as águas no Brasil................................................... 3.5.1 Classificação das águas............................................................................. 3.5.2 Padrões de potabilidade............................................................................. 3.6 Licenciamento ambiental............................................................................... 3.7 Área de estudo................................................................................................ 19 19 21 23 24 24 24 25 27 28 29 31 31 31 33 33 34 36 36 38 41 42 43 4 METODOLOGIA................................................................................................. 47 4.1 Levantamento dos dados quali-quantitativos das empresas galvânicas do município......................................................................................................... 47 4.2 Mapeamento das indústrias galvânicas....................................................... 48 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 4.3 Análise e definição dos critérios de escolha dos pontos de amostragem para coleta da água........................................................................ 4.4 Obtenção e tratamento dos dados de precipitação durante o período das coletas e relação com a possível variação dos parâmetros analisados. 4.5 Coleta e análise das amostras da água do Arroio Barracão do município, através de análises dos parâmetros de Potencial Hidrogeniônico (pH), cianeto (CN), cobre (Cu), níquel (Ni) e cádmio (Cd)..... 4.6 Comparação dos resultados das análises com os valores de referência permitidos na Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) 357/05................................................................................................. 48 49 49 52 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................ 5.1 Informações quali – quantitativas................................................................. 5.2 Realizar o mapeamento das indústrias galvânicas..................................... 5.3 Pontos de coleta............................................................................................. 5.4 Dados sobre precipitação ............................................................................. 5.5 Resultados das análises e comparação com a Resolução CONAMA 357/2005................................................................................................................. 5.5.1 pH.................................................................................................................. 5.5.2 Cádmio (Cd)................................................................................................. 5.5.3 Níquel (Ni)..................................................................................................... 5.5.4 Cobre (Cu).................................................................................................... 5.5.5 Cianeto (CN)................................................................................................. 53 53 55 56 61 6 CONCLUSÃO..................................................................................................... 74 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 76 ANEXOS................................................................................................................. ANEXO A - Laudo Análise, Ponto 1 (mês de julho)........................................... ANEXO B - Laudo Análise, Ponto 2 (mês de julho)........................................... ANEXO C - Laudo Análise, Ponto 3 (mês de julho)........................................... ANEXO D - Laudo Análise, ponto 4 (mês de julho)........................................... ANEXO E - Laudo Análise, Ponto 1 (mês de agosto)........................................ ANEXO F - Laudo Análise, Ponto 2 (mês de agosto)........................................ ANEXO G - Laudo Análise, ponto 3 (mês de agosto)........................................ ANEXO H - Laudo Análise, ponto 4 (mês de agosto)........................................ ANEXO I - Laudo Análise, ponto 1 (mês de setembro)..................................... ANEXO J - Laudo Análise, ponto 2 (mês de setembro).................................... ANEXO L - Laudo Análise, ponto 2 (mês de setembro..................................... ANEXO M - Laudo Análise, ponto 3 (mês de setembro).................................. ANEXO N - Laudo Análise, ponto 4 (mês de setembro).................................... ANEXO O - Laudo Análise, ponto 1 (mês de outubro)...................................... ANEXO P - Laudo Análise, ponto 2 (mês de outubro)...................................... ANEXO Q - Laudo Análise, ponto 3 (mês de outubro)...................................... ANEXO R - Laudo Análise, ponto 4 (mês de outubro)...................................... 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 62 62 65 67 69 72 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 15 1 INTRODUÇÃO Vida e água; estas duas palavras possuem por si só uma dependência que remete à importância da água para o dia-a-dia da sociedade. Na prática, a água é uma substância fundamental para os seres vivos, atuando como veículo de assimilação e eliminação de muitas substâncias pelos organismos, além de servir para manter estável a temperatura corporal (TELLES e COSTA, 2007). Sabe-se que a maior parte do peso de qualquer ser vivo compõe-se de água. Para ter-se uma ideia disso, basta considerar que o citoplasma celular dos seres vivos é basicamente formado de 70% de água. Daí vem a sua importância para os seres vivos, pois todas as substâncias por eles absorvidas e todas as reações de seu metabolismo são feitas por via aquosa (BRANCO, 1993). Entretanto, apesar de sua essencial importância para os organismos vivos, Mierzwa e Hespanhol (2005), ressaltam que, embora o planeta Terra tenha três quartos de sua superfície coberta por água, apenas uma parcela desta quantidade pode ser aproveitada para atividades humanas. De acordo com Farias (2006), á qualidade desta parcela de água aproveitável e sua disponibilidade influenciam diretamente na qualidade de vida da população que usufrui deste bem, devido a este, ser o recurso natural mais susceptível a impor limites ao desenvolvimento, em diversas partes do mundo. A qualidade de um recurso hídrico será estabelecida através de sua capacidade de solubilizar, transportar partículas e incorporar a si impurezas, as quais definem a qualidade da água. Diante disso, verifica-se que a ocupação do solo 16 da bacia hidrográfica, através da interferência dos seres humanos e as condições naturais, afetam diretamente a qualidade da mesma (SPERLING, 2005). BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) O intenso desenvolvimento industrial ocorrido nas últimas décadas tem sido um dos fundamentais fatores do comprometimento de nossas águas, isto, devido ao descaso no tratamento das águas industriais antes de despejá-las nos rios, além dos acidentes e descuidos cada vez mais assíduos, que propiciam o lançamento dos poluentes nos recursos hídricos (MAGOSSI e BONACELLA, 2008). O lançamento destes efluentes nos corpos hídricos altera por muitas vezes a concentração dos metais pesados no meio ambiente, através de sua disseminação no solo, na atmosfera e na água, o que tem sido motivo de preocupação no mundo. Os metais podem ser carreados por meio líquido como a água pluvial, infiltrando-se no solo, atingindo o lençol freático e contaminando a água subterrânea. A contaminação dessas águas tem efeitos que persistem por tempo indeterminado e são de difícil remediação (MAGOSSI e BONACELLA, 1991; SERRA et al., 1998 apud SIMAS, 2007). Simas (2007) ressalta que, a atividade galvânica, no qual se inclui a produção de joias e semi joias, assim como muitas outras, também é altamente impactante ao meio ambiente, principalmente em decorrência dos efluentes líquidos gerados nesta atividade possuírem elevada carga tóxica, constituindo-se de vários metais como cobre, cromo, níquel, dentre outros, além de possuírem cianetos oriundos dos banhos de eletrodeposição e tanques de lavagem. Dentro deste contexto o Arroio Barracão, no município de Guaporé – RS, se apresenta como um “cenário” adequado para o estudo sobre a qualidade das águas, verificando a possível presença de metais pesados. Isto porque o município de Guaporé vem desenvolvendo rapidamente seu setor industrial, destacando-se principalmente no setor galvânico, sendo conhecido como 1o Polo Gaúcho da Joia e 2º Polo Nacional da Produção de Joias. Porém, o destaque conquistado a partir disto, trouxe consigo os problemas ambientais característicos da atividade. O presente projeto vem ao encontro da capacidade do homem de preservar o meio ambiente, possibilitando através deste estudo, alertar sobre a possível presença de metais pesados nas águas do Arroio Barracão, no município de 17 Guaporé, contribuindo para futuras ações mitigadoras da poluição causada pelos BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) efluentes líquidos emitidos pelas indústrias do setor galvânico em recursos hídricos. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 18 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral O principal objetivo deste trabalho é realizar análises da água do Arroio Barracão no município de Guaporé – RS, a fim de verificar possíveis contaminações por metais pesados, resultantes da poluição pontual através do lançamento de efluentes das indústrias galvânicas do município. 2.2 Objetivos específicos a) Levantar dados quali-quantitativos sobre as empresas galvânicas do município; b) Realizar o mapeamento das indústrias galvânicas; c) Definir os pontos de amostragem para coleta da água; d) Coletar e tratar os dados de precipitação durante o período das coletas e relacioná-los com a possível variação dos parâmetros analisados; e) Coletar e analisar amostras da água do Arroio Barracão do município, através de análises dos parâmetros de Potencial Hidrogeniônico (pH), cianeto (CN), cobre (Cu), níquel (Ni) e cádmio (Cd); f) Comparar os resultados das análises com os valores de referência permitidos na Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) 357/05. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 19 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Água: importância e distribuição A água e a vida possuem uma relação de interdependência, no qual remetem à importância da água para o dia-a-dia da sociedade. A água constitui-se de uma substância essencial para os seres vivos, atuando como veículo de assimilação e eliminação de diversas substâncias pelos organismos, servindo ainda para estabilizar a temperatura corporal (TELLES e COSTA, 2007). O citoplasma celular dos seres vivos é basicamente formado de 70% de água, demonstrando que a maior parte do peso dos seres vivos compõe-se de água. Sendo ainda a água de fundamental importância para os seres vivos, pois todas as substâncias por eles absorvidas e todas as reações de seu metabolismo são feitas por via aquosa (BRANCO, 1993). Embora o planeta tenha três quartos de sua superfície coberta por água, é necessário considerar que apenas uma parcela desta quantidade pode ser aproveitada para atividades humanas, ou seja, deve-se considerar apenas uma pequena parte deste total sendo referente à água doce (MIERZWA e HESPANHOL, 2005). Segundo Mierzwa e Hespanhol (2005), o volume total de água no planeta é de 1.385.984.00 km³, sendo que apenas 2,53% deste total é composto por água doce. No entanto, a água doce pode ser encontrada de várias maneiras no planeta, ou seja, 0,29% estão disponíveis em águas superficiais, 31,01% em águas subterrâneas e a maior parte 68,70% existe sob forma de geleiras e coberturas de neve. 20 A tabela 1 a seguir exemplifica a distribuição porcentual da massa de água no planeta Terra. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Tabela 2 - Distribuição porcentual da massa de água no planeta LOCALIZAÇÃO Oceanos ÁREA (10 3 m) 361,3 6 VOLUME 6 (10 Km³) 1338 PORCENTAGEM DA ÁGUA TOTAL (%) 96,5 PORCENTAGEM DA ÁGUA DOCE (%) Água subterrânea 134,8 23,4 1,7 Doce 10,53 0,76 0,055 Umidade do solo 0,016 0,0012 0,05 Calotas polares 16,2 24,1 1,74 68,9 Geleiras 0,22 0,041 0,003 0,12 Lagos 2,06 0,176 0,013 0,26 Doce 1,24 0,091 0,007 Salgado 0,82 0,085 0,006 Pântanos 2,7 0,011 0,0008 0,03 Rios 14,88 0,002 0,0002 0,006 Biomassa 0,001 0,0001 0,003 Vapor na 0,013 0,001 0,04 35 2,53 100 510,0 1.386 100 atmosfera Total de água doce Total Fonte: Braga (2005, p. 73). De acordo com Rocha, Rosa e Cardoso (2004) existem inúmeros casos de disputas entre nações que dispõem da mesma fonte de água, devido a sua escassez na região, o que leva as inúmeras situações de ecossistemas em estresse. Os autores ressaltam ainda que, em torno de 20 anos, o mundo enfrentará uma crise semelhante à do petróleo, ocorrida em 1973, porém, desta vez, em relação à disponibilidade de água de boa qualidade. 21 Anualmente a disponibilidade dos recursos hídricos no mundo está entre 6.000 a 7.000 m3/hab.ano, um valor ainda bem superior ao “estresse de água”1 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) definido pelas Nações Unidas que é de 1.000 m 3/hab.ano, mas mesmo assim problemas regionais existem (REBOUÇAS, 1999, apud TOMAZ, 2001). O Brasil possui 12% da água doce do mundo, a qual não está uniformemente distribuída no seu território. Na região Norte estão localizados 68,5% dos recursos hídricos, enquanto no Nordeste se tem 3,3%, no Sudeste 6%, no Sul 6,5% e Centro-oeste 15,7%. A má distribuição de água causa um problema, geralmente em locais muito povoados encontram-se uma menor disponibilidade per capita de água, enquanto que em locais pouco povoados ocorre uma maior disponibilidade. Um exemplo deste problema está na região Nordeste que possui apenas 3,3 % dos recursos hídricos para atender 28,91% da população brasileira (TOMAZ, 2001). Analisando esta questão de forma global e considerando-se o crescimento populacional, juntamente com a degradação da qualidade da água, já se percebe sérios problemas relacionados com a escassez deste bem (TELLES e COSTA, 2007). Segundo Vesentini (1999) apud Fiori et al. (2006) 80% das doenças existentes nos países subdesenvolvidos devem-se à má utilização desse recurso hídrico. Atualmente, a questão da água é considerada o maior desafio de ordem socioambiental do século XXI, sendo que cerca de dois bilhões de habitantes vivem em torno dos rios, e a metade da população do planeta não dispõe de tratamento de água adequado (MAGOSSI e BONACELLA, 2008). 3.2 Poluição e qualidade da água Atualmente, a proteção dos recursos hídricos é um dos temas de maior relevância, devido a sua interdependência com a vida e sua qualidade (PELLACANI, 2009). 1 O estresse da água pode ser definido como a situação em que a quantidade de água disponível por habitante seja insuficiente para as necessidades. 22 O aumento desenfreado da população, assim como a integração das economias, levou ao crescimento da produção e do consumo de produtos BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) industrializados, o que fez com que a exploração dos recursos naturais atingisse índices preocupantes (PELLACANI, 2009). Nascimento (2006) enfatiza que há tempos, o ser humano vem utilizando os recursos naturais sem pensar nas consequências desse uso, mesmo sabendo que alguns desses recursos não são perenes. Diante dessa, cabe à importância da conscientização da proteção ambiental, que de acordo com Pellacani (2009), é um ato de inteligência reservado apenas a espécie humana, sendo paradoxalmente a única dotada da capacidade de destruir o próprio habitat e todas as formas de vida existentes, porém é também a única espécie capaz de recuperar o ambiente degradado, minimizar os impactos e especialmente, prevenir a poluição. A Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), define poluição, através da lei 6983, de 31/08/81 (DOU, 1981), como sendo: A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente, prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, afetem desfavoravelmente a biota e as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente, além de lançar matérias ou energias em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (BRASIL, 1981). Outra concepção de poluição se refere à modificação de qualquer qualidade ambiental para qual a comunidade exposta é incapaz de neutralizar os efeitos negativos, sendo algum tipo de risco identificado (ROCHA; ROSA e CARDOSO, 2004). No caso da água, a qualidade é afetada por fatores naturais e antrópicos, de maneira geral, pode-se dizer que a qualidade de uma determinada água é função das condições naturais e do uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica, isto porque a água possui entre suas propriedades, a capacidade de solubilizar e transportar partículas, incorporando a si diversas impurezas, as quais definem a qualidade da água (SPERLING, 2005). Segundo Sperling (2005), a qualidade da água é afetada pelos seguintes fatores: 23 - Fator natural: A qualidade das águas é afetada pelo escoamento superficial e pela infiltração no solo, resultantes da precipitação atmosférica, assim, a BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) incorporação de sólidos em suspensão ou dissolvidos ocorre, mesmo na condição em que a bacia hidrográfica esteja totalmente preservada em suas condições naturais. Neste caso, tem grande influência a cobertura e a composição do solo (MAGOSSI e BONACELLA, 2008). - Fator Antrópico: A maneira em que o ser humano ocupa o solo tem uma consequência direta na qualidade da água (SPERLING, 2005). 3.2.1 Poluição antrópica As atividades humanas geram alterações no meio, ocasionando desequilíbrios e danos à natureza, que resultam na poluição ou contaminação do meio ambiente (MACEDO, 2002). Segundo o autor, as principais fontes de poluição têm origem nas atividades humanas, e em particular nas indústrias. Os produtos utilizados nas atividades diárias do ser humano, ou nas operações industriais geram resíduos; que podem ser lançados em três meios: a) Atmosfera; b) Recursos hídricos; c) Solo. Existem basicamente duas formas em que a fonte de poluentes pode atingir um corpo d’água (MAGOSSI e BONACELLA, 2008): - Poluição pontual: os poluentes atingem o corpo receptor de forma concentrada no espaço: redes de efluentes domésticos e industriais, derramamentos acidentais, atividades de mineração, enchentes, entre outros; - Poluição difusa: os poluentes adentram o corpo receptor distribuídos ao longo de parte da sua extensão. As principais fontes são as práticas agrícolas, residências dispersas, deposições enxurradas em solos, entre outros. atmosféricas, trabalhos de construção, 24 As fontes podem ainda ser caracterizadas em: - Emissões contínuas: caracterizam-se por ser praticamente constantes por BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) um longo período – por exemplo, efluente de estação de tratamento de esgotos, descarga de processos de produção continuados; - Emissões descontínuas: apresentam, com o tempo variações no volume e na concentração e podem ser de picos ou de blocos. (Picos: são caracterizados por grandes descargas em pouco tempo, e bloco por possuir fluxo relativamente constante por determinados períodos, mas com determinados intervalos regulares de emissões praticamente zero) (ROCHA; ROSA e CARDOSO, 2004). 3.2.2 Fontes de poluição 3.2.2.1 Esgotos Os esgotos domésticos possuem além de excrementos humanos, restos de alimentos e detergentes, além de ser considerado o principal poluente dos recursos hídricos das regiões muito populosas (MAGOSSI e BONACELLA, 2008). Magossi e Bonacella (2008) destacam ainda que a principal causa de contaminação da água por esgotos domésticos consiste na inexistência de sistemas apropriados para sua captação, transporte e tratamento, levando ao despejo sem tratamento na proximidade de residências, de onde são arrastados pelas chuvas para os corpos d’água causando a sua contaminação. 3.2.2.2 Agricultura O uso cada vez mais acentuado de produtos químicos no controle de pragas, tais como inseticidas, formicidas, raticidas, fungicidas e herbicidas, vem prejudicando os recursos hídricos e levando a mortandade de peixes, devido a sua toxicidade e sua utilização em altas concentrações (BRAGA, et al.,2005). 25 3.2.2.3 Águas industriais A melhora nos padrões de vida da sociedade e o desenvolvimento da BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) economia acarretam na utilização de novos materiais, levando ao desenvolvimento de novos produtos químicos, que passam a ser indispensáveis ao desenvolvimento da agricultura, do setor doméstico, têxteis, de transporte, saúde e indústria. Porém, a utilização desses produtos está ligada à sucessiva emissão de substâncias na água, no solo e no ar, tais como: gases, metais pesados, compostos orgânicos voláteis e solúveis, sólidos suspensos, corantes e fosforados (ROCHA; ROSA e CARDOSO, 2004). Magossi e Bonacella (2008) evidenciam que o intenso desenvolvimento da indústria ocorrido nas últimas décadas tem se tornado um dos principais agentes responsáveis pelo comprometimento de nossos recursos hídricos, isto, devido à negligência no tratamento dos efluentes industriais antes de despejá-los nos rios, além dos acidentes e descuidos que propiciam o lançamento de muitos poluentes nos corpos d’água. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) revela que 70% das bacias hidrográficas das regiões sul e sudeste do Brasil estão contaminadas por resíduo industrial ou doméstico. Os rios brasileiros recebem um volume de substâncias poluentes quatro vezes maior do que sua capacidade (MAGOSSI e BONACELLA, 2008). A poluição industrial pode ser causada por compostos orgânicos e inorgânicos: - Compostos orgânicos: Diversos compostos orgânicos não são biodegradáveis ou sua taxa de biodegradação é muito branda. Alguns desses compostos encontram-se no meio aquático em concentrações que não são perigosas ou tóxicas, porém, em virtude da bioacumulação, sua concentração no tecido dos organismos vivos pode ser relativamente alta, caso eles não possuam sistemas metabólicos que eliminem tais compostos após sua ingestão. Exemplos: defensivos agrícolas, detergentes sintéticos, petróleo (BRAGA, et al., 2005). 26 Entre esses compostos, o petróleo e seus derivados constituem os mais importantes poluentes, devido, entre outros fatores, às quantidades crescentes que BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) têm sido extraídas e industrializadas (MAGOSSI e BONACELLA, 2008). - Compostos inorgânicos: Constituem-se basicamente dos metais pesados e seus derivados. Através dos séculos, muitos desses metais têm se soltado das rochas, acumulando-se nos rios, lagos e oceanos. Apesar disso, a concentração natural desses metais pesados nesses corpos d’água nunca chega a ser tóxica, porque existe na água certas substâncias (ácidos complexos) que se combinam com os átomos desses metais, formando compostos metálicos inofensivos chamados quelatos, que acabam por sedimentar-se. Entretanto, as atividades industriais têm introduzido metais pesados nas águas numa quantidade superior ao natural, causando a poluição (MAGOSSI e BONACELLA, 2008). A expressão metal pesado segundo Malavolta, 1994, apud Macedo, (2002), se aplica a elementos que possuem número atômico maior que 20 ou tem peso específico maior que 5 g/cm³. As atividades humanas vêm aumentando muito os níveis de íons metálicos em inúmeros de nossos corpos d’água. A atividade de mineração, o despejo de efluentes domésticos e industriais como os da galvanoplastia são as atividades que tem contribuído para o aumento da concentração dos níveis de metal pesado (MACEDO, 2002). A elevada concentração dos metais pesados no meio ambiente, através de sua dispersão no solo, água e atmosfera tem sido alvo de preocupação no mundo. Os metais podem ser transportados por meio de líquidos como as águas pluviais, infiltrando-se no solo, alcançando o lençol freático e contaminando a água subterrânea. A contaminação dessas águas tem implicações que são de difícil remediação e persistem por tempo indeterminado. Esses metais podem ainda contaminar o solo, afetando os seres vivos (MAGOSSI e BONACELLA, 1991; SERRA et al., 1998, apud SIMAS, 2007). 27 O quadro 1 evidencia as principais fontes e as conseqüências à exposição aos metais pesados. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Quadro 1 - Principais fontes e as consequências à exposição aos metais pesados Metais Pesados Fontes Principais (Antropogênica e Natural) - Indústrias de baterias automotivas, chapas de metal semiacabado, canos de metal, aditivos em gasolina, munição. Chumbo - Indústria de reciclagem de sucata de baterias automotivas para reutilização de chumbo. - Mineral galena. - Fundição e refinação de metais com zinco, chumbo e cobre. Cádmio - Derivados de cádmio são utilizados em pigmentos e pinturas, baterias, processos de galvanoplastia e solda, acumuladores, estabilizadores de PVC, reatores nucleares. Principais problemas na saúde - Prejudicial ao cérebro e ao sistema nervoso em geral. - Afeta o sangue, rins, sistema digestivo e reprodutor. - Eleva a pressão arterial. Agente genética) teratogênico (mutação - É comprovadamente um agente cancerígeno teratogênico e pode causar danos ao sistema nervoso. - Minerais de Zn e Pb e rocha fosfática. Mercúrio - Mineração e o uso de derivados na indústria e na agricultura. - Células de eletrólise para produção de cloro. - Mineral cinabrio. - Curtição de couro e galvanoplastia. Cromo Zinco - Mineral cromita, solos de serpentina. - Metalurgia (fundição e refinação), indústrias recicladoras de chumbo. - Minerais (sulfetos, óxidos e silicatos). - Intoxicação aguda : efeitos corrosivos na pele e nas membranas da mucosa, náuseas, vômito, dor abdominal, diarreia com sangue, danos aos rins e morte em período aproximado de 10 dias. Intoxicação crônica: sintomas neurológicos, tremores, vertigens, irritabilidade e depressão, associados a salivação, estomatite e diarreia, descoordenação motora progressiva, perda de visão e audição e deterioração mental. Dermatites, úlceras cutâneas, inflamação nasal, câncer de pulmão e perfuração de septo nasal. - Sensações como paladar adocicado e secura na garganta, tosse, fraqueza, dor generalizada, arrepios, febre, náusea, vômito. Fonte: Macêdo (2002, p. 172). 3.3 Atividade de galvanoplastia Segundo a Companhia Pernambucana do Meio Ambiente (2001), o processo de eletrodeposição, conhecido como galvanoplastia, trata-se de uma técnica de 28 revestimento de materiais condutores, ou não condutores, por metais a partir de uma solução contendo íons destes metais. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) A atividade de galvanoplastia geralmente é utilizada no acabamento de metais de produtos da indústria automobilística, elétrica pesada, componentes para construção civil (materiais de acabamento e metais sanitários), eletrodomésticos, mobiliários para cozinhas, tubulações industriais e hidráulicas (SIMAS, 2007). De acordo com Dalmolin (2007) o processo galvânico define-se basicamente por um pré-tratamento dos produtos e matérias primas, para posterior eletrodeposição de metais. Onde para isto, utiliza-se a corrente elétrica que, ao cruzar uma solução contendo íons metálicos, gera a redução destes íons em metais que se fixam sobre a peça a ser galvanizada (processos eletrolíticos). Estas partículas podem ser produzidas, também, diretamente na solução, através de uma reação (processos químicos) (SIMAS, 2007). 3.3.1 Problemas ambientais causados pela atividade galvânica O processo galvânico, praticamente, consiste em uma sequência de banhos envolvendo as etapas de pré-tratamento, revestimento e de conversão de superfície, no qual, entre estas etapas, a peça sofre o processo de lavagem, onde são originados os efluentes líquidos, resíduos sólidos e as emissões gasosas, que devem ser tratados adequadamente, devido ao seu alto grau de toxicidade (COMPANHIA PERNAMBUCANA DO MEIO AMBIENTE, 2001). O fluxograma a seguir ilustra de forma simplificada as entradas e saídas dos processos de galvanoplastia (SANTOS, 2005). Figura 1 - Entradas e saídas no processo de galvanoplastia BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 29 Fonte: Santos (2005, p. 25). 3.3.1.1 Efluentes líquidos: Consumo de água e geração de efluentes Santos (2005) ressalta que a água é o insumo principal utilizado na atividade galvânica, pois, exceto o desengraxe por solventes, todos os outros banhos consistem em soluções líquidas, o que preocupa em dois pontos, devido a: - Quantidade e custo da água consumida, em função da escassez do recurso, que tende a se agravar com a excessiva exploração das águas superficiais e subterrâneas, podendo aumentar o custo deste recurso ao longo do tempo; 30 - Maior consumo de água provoca maior geração de efluentes, sendo que de acordo com Simas (2007) os efluentes líquidos gerados nesta atividade possuem BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) elevada carga tóxica, constituindo-se de vários metais como cobre (Cu), cromo (Cr), estanho (Sn), níquel (Ni), zinco (Zn) dentre outros, além de possuírem cianetos oriundos dos banhos de eletrodeposição e tanques de lavagem. Tratando-se de galvanoplastia, devido a grande variedade de processos de tratamento de superfície em metais, os efluentes possuem características físico químicas diferentes, pois podem ser ácidos ou alcalinos, concentrados ou diluídos e ainda, contínuos ou descontínuos (LEGG, 1996 apud SIMAS, 2007). Conforme Santos (2005), os efluentes gerados no processo galvânico exigem tratamento e disposição especial; o que inclui os: - Banhos gastos ou contaminados contendo metais; - Soluções gastas de limpeza (ácido sulfúrico, clorídrico, ácido crômico ou hidróxido de sódio); - Sais e metais pesados em solução. Todo o efluente do processo de galvanoplastia deve ser tratado antes de ser despejado no meio ambiente, a fim de retirar os metais que foram carreados para o efluente, assim como ajustar o potencial Hidrogeniônico (pH). Além das águas alcalinas conterem cianetos, que devem ser tratadas em separado (DALMOLIN, 2007). A falta de tratamento adequado dos efluentes pode causar (SANTOS, 2005): - Lesões no sistema de tratamento biológico de esgotos da região e consequentes problemas no seu gerenciamento; - Prejuízos aos recursos hídricos, por contaminação grave em virtude de cianeto, metais pesados, entre outros contaminantes; - Extermínio de ecossistemas aquáticos (SANTOS, 2005). 31 3.3.1.2 Emissões atmosféricas De acordo com (SANTOS, 2005) as emissões provenientes da atividade são BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) oriundas de material particulado fino e do uso de compostos orgânicos voláteis (VOC), sendo que a presença de particulados pode acarretar em problemas de saúde aos moradores próximos à empresa. As emissões de uma galvanoplastia incluem: - Névoas de aerossol; - Vapores ácidos ou com cianeto; - Partículas metálicas ou pós de processo. 3.3.1.3 Resíduos sólidos Os principais resíduos sólidos gerados na atividade galvânica são: - Lodo de tratamento, que contém metais pesados; - Produtos rejeitados; - Rejeitos de polimento. De acordo com a Brasileira de Norma Brasileira (NBR) 10004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este resíduo é classificado como Classe I Perigoso, em função dos metais presentes no lodo, o que, segundo Santos (2005) exige destinação controlada. 3.3.1.4 Metais pesados Os principais metais presentes nos efluentes galvânicos, e seus possíveis efeitos, são listados a seguir SANTOS (2005): - Cobre (Cu): O cobre quando liberado no solo se une a matéria orgânica e aos minerais. Não tem mobilidade, com isso dificilmente atinge as águas subterrâneas, porém, nas águas superficiais pode atingir grandes distâncias na 32 forma de íons livres, suspensos ou sedimentados. A exposição ao cobre pode causar irritações no nariz, boca, olhos, dores de cabeça e estômago, mal estar, BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) vômitos e diarreia. Altas concentrações podem danificar os rins e mesmo levar a morte. - Estanho (Sn): O estanho em si têm baixa toxicidade, mas a adquire quando na forma orgânica, se mantendo por longo período no ambiente. Conhecidos por serem muito tóxicos aos fungos, algas e fitoplâncton, o tributil estanho e o trifenil estanho são alguns desses compostos; - Níquel (Ni): É adsorvido pelos sedimentos ou solo ficando imobilizado, sendo que em solos ácidos, sua mobilidade permite que atinja as águas subterrâneas. Sabe-se que altas concentrações de níquel em solos arenosos prejudicam as plantas, enquanto a presença do metal em águas superficiais pode diminuir as taxas de crescimento de algas; - Ouro (Au): A biodegradação de ouro em ambientes aeróbios é muito pequena. Não há evidências de que cause problemas ecológicos, mesmo porque em virtude de seu valor econômico em geral procede-se a sua recuperação; - Prata (Ag): Em solução, a prata iônica é extremamente tóxica à fauna e flora aquática. A toxicidade do íon prata varia drasticamente com a sua disponibilidade, sendo que em sistemas aquáticos naturais, o íon prata é rapidamente complexado e adsorvido pelo material dissolvido ou suspenso. A prata inibe enzimas para os ciclos do fósforo, enxofre e nitrogênio de bactérias nitrificantes no solo em concentrações de 540 a 2700 mg Ag/ kg. A acumulação de prata do solo pelas plantas terrestres é baixa; - Ródio (Rh): Os dados que existem referem-se a saúde ocupacional. Os compostos de ródio devem ser considerados altamente tóxicos e carcinogênicos. Marcam a pele fortemente (SANTOS, 2005). 33 3.3.1.5 Ácidos e Álcalis Os álcalis e ácidos são bastante utilizados na indústria galvânica e seu BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) descarte sem neutralização danifica os recursos hídricos e redes de esgoto, assim como os derramamentos e vazamentos também podem contaminar o solo. Os ácidos e álcalis mais comuns nas galvanoplastias são: - Ácido sulfúrico (H2SO4): produto corrosivo e desidratante, quando em estado líquido penetra rapidamente na pele alcançando o tecido subcutâneo, levando a necrose dos tecidos (semelhantes a queimaduras); - Ácido clorídrico (HCl): A inalação dos vapores causa edemas pulmonares, e morte se inalado em elevadas concentrações. Devido a grande afinidade com a água, os vapores HCl desidratam os tecidos dos olhos e do trato respiratório; - Hidróxido de potássio (KOH): igualmente ao hidróxido de sódio é uma base forte, sendo corrosivo em ambiente úmido para metais como Zinco (Zn), Chumbo (Pb), Alumínio (Al) e Estanho (Sn), formando um gás explosivo (SANTOS, 2005); - Hidróxido de sódio (NaOH): a substância é uma base forte, reagindo violentamente. É corrosivo em ambiente úmido para metais como zinco (Zn), chumbo (Pb), alumínio (Al) e estanho (Sn) formando um gás combustível. 3.3.1.6 Outros - Cianetos: é muito utilizado na galvanoplastia, porém, infelizmente é extremamente prejudicial para a vida animal, devido ao fato de ligar-se com íons metálicos da matéria viva (BAIRD, 2002). O cianeto é conhecido pela sua toxicidade em relação ao ser humano, mas a mesma capacidade se apresenta em relação à vida aquática, aves e mamíferos no qual sucumbem em concentrações de miligramas por litro. Compostos solúveis de cianeto tais como o cianeto de hidrogênio ou de potássio têm baixa adsorção em solos com alto pH, alto carbonato e baixa argila. No entanto, em pH menores que 9,2 a maior parte do cianeto livre se converte em Ácido Cianídrico (HCN) que é altamente volátil. Os cianetos solúveis não se bioconcentram (SANTOS, 2005); 34 - Surfactantes: Alguns deles possuem baixa degradabilidade em sistemas aquáticos. Estão presentes nos umectantes, desengraxantes, decapantes e BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) abrilhantadores; - Nitrilas: são altamente voláteis e biodegradáveis quando lançadas em água, e não se bioconcentram em organismos aquáticos. As nitrilas têm o potencial de lixiviar para as águas subterrâneas por não serem adsorvidas pelo solo. Elas resistem à hidrólise no solo e na água (SANTOS, 2005). 3.4 Parâmetros de qualidade da água A água contém comumente diversos componentes, sendo eles provenientes do próprio ambiente natural ou introduzidos por atividades humanas. Para caracterizar uma água, são definidos vários parâmetros, que representam as suas características físicas, biológicas e químicas (MOTA, 2003). A resolução 357/2005 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) define parâmetro como: “substâncias ou outros indicadores representativos da qualidade da água” (CONAMA, 2005). Os parâmetros de qualidade da água são inúmeros e o conhecimento sobre a qualidade de uma determinada água normalmente é realizado com análises de suas presenças e concentrações. De acordo com Mota (2003) os principais indicadores de qualidade da água, são separados por aspectos físicos, químicos e biológicos, listados a seguir. - Indicadores físicos da qualidade da água: a) Cor; b) Turbidez; c) Temperatura; d) Sabor e Odor. - Indicadores químicos da qualidade da água 35 a) pH( potencial hidrogeniônico); BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) b) Alcalinidade; c) Dureza; d) Cloretos; e) Ferro e manganês; f) Nitrogênio; g) Fósforo; h) Fluoretos; i) Oxigênio dissolvido (OD); j) Matéria orgânica; k) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO); l) Demanda Química de Oxigênio (DQO); m) Componentes Inorgânicos; n) Componentes Orgânicos; - Indicadores Biológicos da qualidade da água: a) Coliformes. b) Algas. O estudo dos parâmetros e suas concentrações possibilita indicar as influências de atividades humanas na qualidade da água em áreas industriais (metais pesados como Chumbo (Pb), Zinco (Zn), Cádmio (Cd)), urbanas (oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), Coliformes, demanda química de oxigênio (DQO)) e agrícolas (Nitrato, Turbidez, Fósforo). Entretanto, nem sempre é possível atribuir separadamente as causas das alterações a uma ou outra categoria de ocupação e uso do solo (ex. industrial ou urbano). Outra dificuldade 36 consiste em descobrir as fontes exatas ou os processos característicos de um parâmetro, que pode ser uma substância ou elemento empregado na indústria, no BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) meio agrícola ou em cidades (HADDAD, 2007). 3.4.1 pH (Potencial Hidrogeniônico) Representa o equilíbrio entre os íons OH- e íons H+, que ocorre entre 1 e 14. O pH da água depende de sua origem e características naturais, porém também pode ser modificado pela inserção de resíduos. Através do pH é possível classificar a água como sendo ácida (pH menor do que 7), neutra (pH igual a 7) ou alcalina (pH maior do que 7); águas com pH elevado tendem a formar incrustações nas tubulações e águas com pH baixo tornam-se corrosivas (MOTA, 2003). A resolução CONAMA 357/05 estabelece como limite de valores de pH para qualquer tipo de uso de água doce os valores entre 6 e 9, porém quanto a preservação do meio aquático são admitidos os valores entre 6,5 a 9 (HADDAD, 2007). 3.5 Aspectos legais sobre as águas no Brasil A evolução da história sobre a legislação da qualidade das águas em território brasileiro pode ser resumida destacando-se as principais medidas legais, conforme apresentado no quadro 2. 37 Quadro 2 - Histórico da legislação das águas no Brasil BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Ano Legislação - Código das Águas 1934 - (Decreto 24.643 de 1934) 1940 - (Decreto lei 852 de 1938) - Código Penal Brasileiro (Decreto-lei 2.848) - Código Nacional de Saúde (Decreto 49.974) - Decreto Federal 50.877 1961 1965 Funções - inclui algumas normas de proteção; a conspurcação e contaminação das águas são consideradas ilícitas, com responsabilidade civil e criminal para o poluidor; - define o direito de propriedade das águas pelo Estado; - regulamenta o aproveitamento das águas; estabelece que o abastecimento público é prioridade de uso. - estabelece a proteção das águas envenenamento, corrupção e poluição. contra - aborda o controle do lançamento de resíduos por indústrias e o controle da qualidade do corpo receptor; define que as autoridades sanitárias controlam a orientação e fiscalização do saneamento. - legislação específica para a poluição das águas. Envolve a exigência de tratamento de resíduos antes de seu lançamento; prevê a classificação das águas de acordo com os usos preponderantes e taxas de poluição permissíveis a serem aplicadas. Código Florestal (Lei 4.771) - faz referência, pela primeira vez, à faixa de proteção nas margens dos rios. - Portaria 013/ Minter - em âmbito federal, estabeleceu critério de classificação das águas interiores, fixando seus padrões de qualidade, os parâmetros a serem observados e os usos destinados. - estipulou padrões específicos de qualidade das águas para fins de balneabilidade e recreação de contato primário. 1976 - Portaria 0536/ Minter - Portaria Interministerial 01 - Portaria Interministerial 90 1978 Fonte: Haddad (2007). - estabeleceu que a classificação e enquadramento das águas deveriam considerar produção de energia hidroelétrica e da navegação. - criou o Comitê de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas (CEEIBH), com objetivos de melhor aproveitamento do uso múltiplo e racional das águas, com atribuições para classificar os cursos d’água da União. 38 Quadro 3 - Continuação histórico sobre a legislação das águas no Brasil - Lei Federal 6.938 de 1981 - definição da Política Nacional de Meio Ambiente, criação do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente) e CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente). -início do processo de consolidação de políticas de gerenciamento de recursos hídricos. - Resolução CONAMA 20 - foi o principal instrumento de legislação da qualidade das águas dos corpos receptores e de lançamento de efluentes líquidos no Brasil até 1995. - alterou os critérios para classificação dos corpos d’água da União, estendendo-os às águas salobras e salinas; acrescentou parâmetros analíticos e restringiu padrões; estabeleceu o enquadramento dos corpos d’água; definiu padrões para balneabilidade; - estabeleceu que a competência para aplicação da resolução fica ao encargo dos estados. - Decreto Federal 97.507 - dispôs sobre licenciamento da atividade mineral, vedando esta atividade em áreas de mananciais de abastecimento público e seus tributários. - criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 1981 1986 - Lei Federal 7.735 1989 Lei Federal 9.433 - instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos. - Lei Federal 9.984 - criou a Agência Nacional de Águas (ANA). - estipula níveis para a balneabilidade e dispõe sobre as condições necessárias à recreação de contato primário. 1997 2000 2005 - Resolução CONAMA 274 Resolução CONAMA 357 - dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento e estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. Fonte: Haddad (2007). 3.5.1 Classificação das águas Em 1986 o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), emitiu a resolução número 20, onde este Conselho passou a regulamentar sobre o controle da poluição hídrica no país. Esta resolução classificou em 9 classes de usos as águas salinas, salobras e doces do território nacional. A partir disso, o controle dos níveis de qualidade de água passou a ser regido por parâmetros e indicadores que visavam garantir os usos. A resolução previu também o enquadramento de cursos de água e trechos para alcançar níveis de qualidade baseado no uso desejado, reformulou ainda a classificação dos corpos de água existentes e especificou 39 “parâmetros e limites associados aos níveis de qualidade requeridos” (CONAMA, 1986). BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Mais tarde, a Resolução 357/2005 do CONAMA revogou a anterior, nela permanecem os objetivos de classificação de corpos de água, estabeleceu disposições sobre o enquadramento e as condições e padrões de lançamento de efluentes. Foram definidas 5 classes de usos para as águas doces, definidas como um “conjunto de condições e padrões de qualidade de água necessários ao atendimento dos usos preponderantes, atuais ou futuros” (CONAMA, 2005). As classes de uso para as águas doces variam desde especial, de melhor qualidade, à classe 4, de pior qualidade. A definição de padrão na resolução 357 é: “valor limite adotado como requisito normativo de um parâmetro de qualidade de água ou efluente” (CONAMA, 2005). Segundo Nascimento, 1998 apud Haddad, 2007, os padrões representam presenças, concentrações e formam um conjunto de parâmetros nos quais são impostos limites de concentrações de poluentes (que podem ser superiores ou inferiores dependendo da natureza do parâmetro) e servem de base comparativa para análise de uma amostra de água, cujos resultados dos exames de concentrações serão confrontados a fim de se verificar se a qualidade da água está de acordo para um determinado uso específico. As concentrações são expressas comumente em mg/L. A Resolução do CONAMA nº 357/2005, classifica as águas doces em: I - classe especial: águas destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral. 40 II - classe 1: águas que podem ser destinadas: BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000; d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas. III - classe 2: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000; d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e) à aqüicultura e à atividade de pesca. IV - classe 3: águas que podem ser destinadas: a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou avançado; b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; c) à pesca amadora; d) à recreação de contato secundário; e) a dessedentação de animais. 41 V - classe 4: águas que podem ser destinadas: BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) a) à navegação; b) à harmonia paisagística. 3.5.2 Padrões de potabilidade A Organização Mundial da Saúde (OMS) define como água potável própria ao consumo humano, aquela que apresenta aspecto transparente e límpido; não apresenta cheiro ou gosto objetáveis, não contém nenhum tipo de microrganismo que possa causar doença e não contém nenhuma substância em concentrações que possam causar qualquer tipo de prejuízo à saúde. O Ministério da Saúde, através da Portaria no 2.914, de 12 de dezembro de 2011, atualizou os padrões de potabilidade estabelecidos no Brasil. A Tabela 2 apresenta os principais padrões de potabilidade para as substâncias que apresentam riscos a saúde. Tabela 2 – Padrões de potabilidade para substâncias químicas que representam risco à saúde PARÂMETRO Antimônio Arsênio Bário Cádmio Cianeto Chumbo Cobre Cromo Fluoreto Mercúrio Nitrato (como N) Nitrito (como N) Selênio Fonte: Adaptado de Mota (2003, p. 160). UNIDADE Inorgânicas mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L VMP 0,005 0,01 0,7 0,005 0,7 0,01 2 0,05 1,5 0,001 10 1 0,01 42 3.6 Licenciamento ambiental O Licenciamento Ambiental é um dos instrumentos exigidos para a BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) implantação da atividade de galvanoplastia, tratando-se de um prévio controle ambiental para o exercício legal das atividades modificadoras do meio ambiente (DALMOLIN, 2007). O licenciamento foi fundamentado na PNMA, Lei Federal nº 6938/81, o qual é um procedimento administrativo onde o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores ou daqueles que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental (PLANO AMBIENTAL, 2006). A partir da Resolução nº 237/97, do CONAMA, os municípios passaram a ter diretrizes para o exercício da competência de Licenciamento Ambiental, sendo que no Rio Grande do Sul a Resolução CONSEMA nº 04/2000 instituiu o instrumento legal que normatiza e dispõe sobre os critérios para o exercício da competência do Licenciamento Ambiental Municipal (PLANO AMBIENTAL, 2006). Diante disto, um dos mecanismos do poder público municipal para definir diretrizes e estabelecer normas na forma de lei que regulamentam as questões ambientais locais, foi à instituição de uma política municipal de meio ambiente. Isto é feito através da elaboração do Plano Ambiental Municipal, onde o objetivo principal consiste em regular a ação do Poder Público Municipal com os cidadãos e instituições públicas e privadas, na preservação, conservação, defesa, melhoria, recuperação, uso sustentável dos recursos naturais e controle do meio ambiente ecologicamente equilibrado respeitado as competências das esferas federais e estaduais. Desde então, a partir da exigência do licenciamento ambiental da atividade joalheira, o controle ambiental passou a ser intensificado, exigindo-se que ocorra o tratamento dos efluentes na própria empresa ou que a mesma providencie a terceirização do serviço junto à empresa licenciada no órgão ambiental responsável, para que somente após possa realizar o lançamento de seus efluentes nos corpos hídricos receptores, de acordo com as exigências ambientais em vigor. 43 No estado do Rio Grande do Sul, estas empresas devem respeitar os parâmetros exigidos pela resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) (CONSEMA) 128/2006, que dispõe sobre a fixação de padrões de Emissão de Efluentes Líquidos para fontes de emissão que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado. 3.7 Área de estudo O município de Guaporé está situado na região nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, localizado entre as coordenadas planas, no sistema Universal Tranversa de Mercator (UTM): 400000 a 425000E e 6800000 a 6820000N, limitando-se ao norte com os municípios de União da Serra, Serafina Corrêa e Nova Bassano, ao sul com Anta Gorda e Dois Lajeados, a leste com Vista Alegre do Prata e Fagundes Varela e, a oeste com Arvorezinha, União da Serra e Anta Gorda. A imagem a seguir mostra a área urbana do município de Guaporé, captado por uma imagem de satélite do Google Earth. Figura 2 - Imagem de satélite do município de Guaporé Fonte: Google Earth (2011). 44 De acordo com o levantamento do Censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Guaporé possui 22.814 habitantes, BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) sendo que a maior parte dos moradores do município reside em área urbana (85% de seus moradores), e tendo grande parte de sua população trabalhando nas 162 fábricas de joias e semi joias. O município de Guaporé vem desenvolvendo rapidamente seu setor industrial, destacando-se principalmente no setor galvânico, sendo conhecido como 1o Polo Gaúcho da Joia e 2º Polo Nacional da Produção de Joias. A tradição da atividade joalheira remonta a 1909, através de imigrantes italianos que chegaram ao município e implantaram as primeiras fábricas de joias, a fim de atender a região com alianças de casamento e outras joias (HARTMANN E SILVA, 2010). Segundo informações da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio de Guaporé (SMIC), a maioria das indústrias joalheiras do município são unidades de pequeno porte, normalmente de estrutura familiar, empregando 10 a 20 pessoas, o que torna o controle ambiental extremamente complicado, dado ao elevado número de empreendimentos a ser fiscalizados. Além da dificuldade na fiscalização da atividade, o destaque na intensa produção joalheira no município acarretou problemas ambientais característicos da atividade, como: acúmulo de resíduos sólidos gerados a partir do lodo galvânico natural desse processo, contaminação atmosférica por gases emitidos nos processos dos banhos de metais, e a poluição por efluentes líquidos que resultam das águas de enxague, que por muitas vezes são despejadas inadequadamente na rede de esgoto, ligada diretamente com a drenagem pluvial (DALMOLIN, 2007). O município, em sua área urbana, possui rede de drenagem pluvial, juntamente com a rede de esgoto operando por gravidade, onde o lançamento ocorre no Arroio Barracão, conforme pode ser visualizado na figura 3 a seguir. 45 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Figura 3 - Rede de drenagem do município de Guaporé - RS Fonte: Plano ambiental de Guaporé (2006). Hidrograficamente, Guaporé está inserido na Bacia Hidrográfica TaquariAntas, subdividindo-se entre duas sub-bacias: - Sub-bacia rio Guaporé: o rio Guaporé faz limite com os municípios de Arvorezinha e Anta Gorda, afluente da margem direita do rio Taquari. Possui diversos afluentes, como os arroios Lajeado, Barraca, Biscaro e Bento; - Sub-bacia rio Carreiro: o rio Carreiro faz limite com os municípios de Vista Alegre do Prata e Fagundes Varela, localizado a leste do município. Recebe efluentes provenientes da zona urbana de Guaporé. Possui diversos afluentes, como os arroios Duvidoso, Brasil, Taquara, Barracão, Leão e Trajano. Os arroios Barracão e Taquara atravessam a zona urbana do município de Guaporé. O arroio Barracão nasce na Linha 5ª Pinheiro Machado, Capela São Judas. O seu percurso é de 3 km quando corre a cidade; do centro até o cemitério, com extensão de 2 km e, do cemitério até o Carreiro, dista 8 Km (PLANO AMBIENTAL, 2006). O rio Carreiro apresenta em suas margens ecossistemas dotados de grande diversidade biológica. A vegetação apresenta remanescente de Mata Atlântica. Apesar da importância 46 ambiental, o referido Arroio é submetido a agressões constantes, principalmente, por estar em sua grande parte situado em perímetro urbano. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Segundo observações feitas in loco, os principais usos da água do Arroio Barracão são: dessedentação animal, irrigação, usos domésticos e diluição das cargas de efluentes domésticos e industriais. Alguns destes usos têm provocado impactos ambientais negativos no Arroio Barracão. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 47 4 METODOLOGIA Para alcançar os objetivos gerais e específicos definidos neste projeto foram adotados os seguintes procedimentos: 4.1 Levantamento dos dados quali-quantitativos das empresas galvânicas do município Visando atingir o objetivo citado, foram desenvolvidas diversas atividades; primeiramente foram levantadas informações junto com a Secretaria Municipal da Indústria e Comércio (SMIC), a fim de se obter uma relação das indústrias de galvanoplastia do município de Guaporé, contendo as informações de localização e o número no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) de cada empresa. A partir desta relação, foram selecionadas somente as indústrias que contavam com a atividade de tratamento de superfície, sendo confeccionada uma (Tabela 5) com estas informações. Posteriormente, foi realizado um levantamento sobre a atual situação destas indústrias quanto ao licenciamento ambiental. Em seguida, foi realizada uma pesquisa, em conjunto com a SMMA do município e a empresa privada que realiza o serviço de tratamento de efluentes das indústrias galvânicas de forma terceirizada, para analisar a situação das empresas quanto ao tratamento de seus efluentes, completando assim a obtenção dos dados quali-quantitativos necessários para o andamento deste projeto. 48 Por fim, todas as informações quali–quantitativas destas empresas, foram reunidas em uma tabela, facilitando a compreensão e obtendo assim uma visão da BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) real situação ambiental destas indústrias, quanto aos seus efluentes e ao licenciamento ambiental. 4.2 Mapeamento das indústrias galvânicas. Para realizar o mapeamento das empresas galvânicas foram utilizadas as informações contidas na tabela 5. Após a posse desses dados foi realizado um trabalho de campo visando à obtenção, por meio de um aparelho GPS marca Garmin (modelo map76), das coordenadas de cada empresa de galvanoplastia do município. Posteriormente, as coordenadas das empresas foram lançadas no software Google Earth. 4.3 Análise e definição dos critérios de escolha dos pontos de amostragem para coleta da água Os pontos de coleta foram selecionados a partir dos seguintes critérios: - Locais onde havia a maior concentração de descarte do esgoto das fábricas de joias com tratamento de superfície, que foram obtidos a partir do mapeamento das empresas de galvanoplastia; - Também, foram considerados os locais onde os efeitos negativos da poluição sobre as pessoas fossem mais significativos, ou seja, áreas onde existia maior concentração de moradores nas margens do Arroio. Também foi levada em consideração a proximidade de escolas e postos de saúde, por possuírem pessoas menos resistentes a doenças; - Local a montante do despejo de efluentes das fábricas de joias, para que sirva como “ponto branco” devido ao fato de poder comparar as análises das amostras coletas em áreas que sofrem com a influência das indústrias galvânicas, com um local afastado deste tipo de poluição; 49 - E, ainda, foram escolhidos locais de fácil acesso, pois vários trechos do BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Arroio se encontram totalmente canalizados. 4.4 Obtenção e tratamento dos dados de precipitação durante o período das coletas e relação com a possível variação dos parâmetros analisados Durante o período de coleta das análises, foram obtidos os dados da precipitação do município, sendo anotadas em uma planilha de campo as condições climáticas do dia das coletas das amostras, assim como o ponto avaliado, data, hora e responsável pela coleta. Buscando fidelidade quanto às informações meteorológicas, foram utilizados os dados sobre o volume da precipitação ocorrida nos últimos 20 (vinte) dias que antecederam a coleta, junto ao Corpo de Bombeiros do município. Os resultados das análises foram comparados com o volume das precipitações para um melhor relacionamento entre qualidade e quantidade de água no Arroio. 4.5 Coleta e análise das amostras da água do Arroio Barracão do município, através de análises dos parâmetros de Potencial Hidrogeniônico (pH), cianeto (CN), cobre (Cu), níquel (Ni) e cádmio (Cd) Para averiguar a presença de metais, cianeto assim como a variação do pH no Arroio Barracão, através do lançamento de efluentes das indústrias de joias do município, foram realizadas análises de pH, Cu, Ni, Cd e CN, para posteriormente comparar os resultados com a legislação. A escolha destes parâmetros ocorreu devido à revisão de literatura apontar como estes serem os principais poluentes contidos nos efluentes da galvanoplastia. As campanhas de amostragem, assim como as análises dos parâmetros foram realizadas 1 (uma) vez ao mês, a partir do mês de julho e se estenderam até o mês de outubro, buscando atingir vários cenários meteorológicos. 50 No total foram realizadas 4 (quatro) campanhas de coletas de amostras. Em cada campanha foi coletada 4 (quatro) amostras (uma em cada ponto BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) definido no item anterior). Em cada amostra foram realizadas análises de 5 (cinco) parâmetros (pH, CN, Cu, Cd e Ni), totalizando 80 (oitenta) análises no final das campanhas. As coletas foram realizadas em horários aleatórios e em dias variados da semana, buscando atingir o horário das diversas etapas de fabricação nas empresas galvânicas. As campanhas de coleta foram realizadas pelo método simples, conforme os passos a seguir: 1. As amostras foram coletadas sempre obedecendo à seguinte ordem de coleta: ponto 1, ponto 2, ponto 3 e por último o ponto 4, a fim de seguir a ordem da correnteza da água; 2. Para as coletas foram seguidas as instruções sobre reagentes utilizados para preservação de cada amostra, assim como volume de água necessário para as análises, tipo de frascos e necessidade ou não de refrigeração, conforme tabela abaixo (Tabela 3). Tabela 3 – Tabela de parâmetros e cuidados quanto a preservação e reagentes Parâmetros físico – químicos Cianeto total Metais pH Preservação Tipo de frasco Volume de amostra (mL) NaOH pH < 12 R no escuro 3 HNO pH< 2 Analisar imediatamente (máximo 24horas) P/V 1000 P/V (A) P/V 250 50 Fonte: Autora. Legenda: P: frasco de plástico; V: frasco de vidro; NaOH: Hidróxido de sódio; 51 HNO3: ácido nítrico. Mensalmente, o Laboratório Alac que foi contrato para a realização das BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) análises disponibilizou os frascos adequados para cada parâmetro analisado. 3. As amostras foram coletadas em um ponto intermediário da massa líquida, e não junto a paredes ou próximo ao fundo do Arroio e nem na superfície. Foi evitada também a presença de partículas grandes, detritos, folhas ou outro tipo de material acidental na amostra. Para minimizar a contaminação da mesma, a água foi recolhida com a boca do frasco de coleta contra a corrente. Figura 4 - Coleta no ponto 4 Fonte: Autora. 4. Os frascos foram fechados e identificados. A identificação das amostras conteve as seguintes informações: tipo, data e horário da coleta, e nome do responsável pela coleta; 5. Após a campanha de coleta, as amostras foram acondicionadas em caixas de isopor até a entrega no laboratório. Em seguida, as mesmas foram destinadas por intermédio da Prefeitura Municipal de Guaporé, ao Laboratório Alac situado no município de Garibaldi – RS, para serem analisadas, no qual utilizou os métodos descritos na tabela a seguir para a realização das análises. 52 Tabela 4 – Parâmetros e metodologias utilizadas para análise BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Parâmetro determinados Metodologias utilizadas nos ensaios laboratoriais Limite de detecção (mg/L) Cádmio total Standart methods 22st – método 3120 b [pnt003-ab] 0,001 Cianeto total Standart methods 22st – método 4500 c e e [pnt018-ef] 0,003 Cobre total Standart methods 22st – método 3120 b [pnt003-ab] 0,002 Material flutuante Análise sensorial Níquel total Standart methods 22st – método 3120 b [pnt003-ab] pH Standart methods 22st – método 4500 h e b [pnt002-ef] Espumas Análise sensorial 0,002 Fonte: Autora. 4.6 Comparação dos resultados das análises com os valores de referência permitidos na Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) 357/05 Para averiguar a possível presença de metais pesados nas águas do referido Arroio, após a posse dos resultados das análises, foi feita a comparação entre os valores obtidos nas análises com os padrões permitidos pela resolução do CONAMA nº 357/05, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Para uma melhor visualização dos resultados, foram elaborados gráficos comparativos entre os resultados obtidos nas análises e os padrões permitidos na legislação em vigor, utilizando o banco de dados do software Excel. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 53 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos neste trabalho, na ordem dos objetivos específicos propostos. Também, neste capítulo serão discutidos os referidos resultados conforme estes são apresentados. 5.1 Informações quali-quantitativas Após o levantamento dos dados quali-quantitativos das empresas galvânicas do município de acordo com a metodologia utilizada, foi elaborada uma tabela com as informações sobre as empresas de joias com tratamento de superfície. O resultado está apresentado na tabela abaixo (Tabela 5): Tabela 5 - Informações quali – quantitativas das empresas de galvanoplastia Empresa Coordenadas Empresa 1 22J 0412915/6807895 Licença ambiental Sim Tratamento de efluentes Sim Empresa 2 22J 0413376/6808451 Sim Sim Empresa 3 22J 0413850/6808067 Sim Sim Empresa 4 22J 0413660/6808235 Sim Sim Empresa 5 22J 0414042/6808884 Sim Sim Empresa 6 22J 0413274/6807862 Sim Sim Empresa 7 22J 0413713/6808573 Sim Sim Empresa 8 22J 0411945/6808126 Sim Sim Empresa 9 22J 0413522/6809221 Sim Sim Empresa 10 22J 0413072/6809216 Sim Sim Empresa 11 22J 0412024/6808367 Sim Sim Empresa 12 22J 0413676/6808147 Sim Sim Empresa 13 22J 0412689/6808912 Sim Sim BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 54 Empresa 14 22J 0412522/6807751 Sim Sim Empresa 15 22J 0413342/6807978 Sim Sim Empresa 16 22J 0413402/6809091 Sim Sim Empresa 17 22J 0412336/6808450 Sim Sim Empresa 18 22J 0412796/6807937 Sim Sim Empresa 19 22J 0412924/6809077 Sim Sim Empresa 20 22J 0413092/6808335 Sim Sim Empresa 21 22J 0413269/6809090 Sim Sim Empresa 22 22J 0412584/6809365 Sim Sim Empresa 23 22J 0412370/6808267 Sim Sim Empresa 24 22J 0413225/6808483 Sim Sim Empresa 25 22J 0412664/6809057 Sim Sim Empresa 26 22J 0414685/6808653 Sim Sim Empresa 27 22J 0413707/6808573 Sim Sim Empresa 28 22J 0412699/6808511 Sim Sim Empresa 29 22J 0412988/6809466 Sim Sim Empresa 30 22J 0413374/6807696 Sim Sim Empresa 31 22J 0413128/6807615 Sim Sim Empresa 32 22J 0412943/6808713 Sim Sim Empresa 33 22J 0413225/6808178 Sim Sim Empresa 34 22J 0414873/6808676 Sim Sim Empresa 35 22J 0411999/6808200 Sim Sim Empresa 36 22J 0413430/6808070 Sim Sim Empresa 37 22J 0412888/6809333 Sim Sim Empresa 38 22J 0414463/6808590 Sim Sim Empresa 39 22J 0413579/6808904 Sim Sim Empresa 40 22J 0413240/6808426 Sim Sim Empresa 41 22J 0411944/6808486 Sim Sim Empresa 42 22J 0413204/6808061 Sim Sim Empresa 43 22J 0412821/6809364 Sim Sim Empresa 44 22J 0413050/6809559 Sim Sim Empresa 45 22J 0413236/6808405 Sim Sim Empresa 46 22J 0412690/6808533 Sim Sim Empresa 47 22J 0413300/6808549 Sim Sim Empresa 48 22J 0412120/6808643 Sim Sim Empresa 49 22J 0412568/6809317 Sim Sim Empresa 50 22J 0413021/6808334 Sim Sim Empresa 51 22J 0413402/6808482 Sim Sim Empresa 52 22J 0413695/6809062 Sim Sim Empresa 54 22J 0412650/6809305 Sim Sim Empresa 55 Fonte: Autora. 22J 0413172/6807540 Sim Sim 55 Conforme observação constante na tabela verifica-se que do todas as empresas possuem licenciamento ambiental. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Segundo informações obtidas nas licenças ambientais destas indústrias, assim como as obtidas juntamente com a empresa privada, sobre a situação das empresas quanto ao tratamento de seus efluentes, conclui-se que teoricamente, 100% das empresas tratam seus efluentes, sendo que as que não possuem contrato com a empresa privada, possuem estação de tratamento na própria empresa. Porém, de acordo com informações da SMMA existe um elevado número de denúncias quanto ao despejo de efluentes sem tratamento, principalmente em dias de chuva, facilitando assim a diluição dos mesmos na água. 5.2 Realizar o mapeamento das indústrias galvânicas Com base nas informações obtidas no item anterior, foram lançadas as coordenadas das empresas junto ao software Google Earth para a obtenção do mapeamento a seguir. A Figura 5 apresenta a distribuição das empresas galvânicas no município de Guaporé - RS. 56 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Figura 5 - Imagem de satélite do município de Guaporé com a distribuição das empresas de galvanoplastia Fonte: Google Earth. 5.3 Pontos de coleta De acordo com os critérios de escolha dos pontos de amostragem para coleta da água definidos anteriormente chegou-se aos seguintes pontos apresentados na tabela 6 e nas figuras dispostas a seguir. Tabela 6 - Pontos de coleta Ponto o 1 Ponto 1 Local Linha Quinta – Pinheiro Machado o 2 Ponto 1 Coordenadas UTM 22J 0410747 / 6810606 22J 0410407 / 6810835 Ponto 2 Proximidade do Posto do Barão 22J 0412341 / 6808598 Ponto 3 Próximo à padaria Castoldi 22J 0412686 / 6808192 Ponto 4 Em frente ao britador Municipal 22J 0413873 / 6807354 Fonte: Autora. 57 Conforme pode ser observado na Tabela 6, as amostras no ponto 1 foram coletadas em 2 (dois) locais, sendo até a 3a terceira análise realizada no primeiro BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) ponto (Figura 6) e no ultimo mês sendo coletada no 2o ponto, devido aos resultados apontarem a presença de cobre e cianeto nos meses de agosto e setembro. Ressalta-se que tanto o cobre como o cianeto são característicos da atividade galvânica. Após o ocorrido, foi realizada uma pesquisa de campo na área de entorno do ponto 1, onde foi verificada a presença de uma empresa galvânica clandestina, que estaria realizando o descarte de seus efluentes sem o prévio tratamento num ponto a montante do local de coleta. No mês de outubro a coleta foi realizada a montante do lançamento desta empresa, na coordenada citada na tabela e identificado como 2 o ponto branco. A Figura 11 apresenta a imagem de satélite do município, onde está marcada a localização das empresas de joias, assim como os pontos de coleta e a demarcação do Arroio Barracão. O ponto 2 (Figura 7) foi escolhido devido ao fato da maior concentração de empresas galvânicas do município ter seus efluentes conduzidos a este ponto através da rede de esgotos da cidade, já o ponto 3 (Figura 8 e 9) e 4 (Figura 10) foram escolhidos por serem a jusante do ponto 2 e apresentarem uma maior acessibilidade ao local de coleta. 58 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Figura 6 - Local de coleta ponto 1 Fonte: Autora. Figura 7 - Local de coleta ponto 2 Fonte: Autora. 59 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Figura 8 - Local de coleta ponto 3 (visão geral) Fonte: Autora. Figura 9 - Local de coleta ponto 3 ( área da coleta) Fonte: Autora. 60 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Figura 10 - Local de coleta ponto 4 Fonte: Autora. Figura 11 - Imagem de satélite do município com a localização dos pontos de coleta, indústrias galvânicas e Arroio Barracão Fonte: Google Earth. 61 5.4 Dados sobre precipitação De acordo com os dados obtidos do pluviômetro instalado junto ao Corpo de BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Bombeiros do município de Guaporé, e apresentados na Tabela 7, pode-se verificar que as chuvas no período das coletas foram bastante heterogêneas. Conforme se pode visualizar na tabela, a precipitação nos 20 dias anteriores as coletas variaram entre 21 e 175mm, alterando as condições hidrológicas do arroio barracão, principalmente, no que se refere ao parâmetro vazão média, o qual, pode ter uma significativa influência nos resultados das análises. Tabela 7 - Planilha de dados Data da coleta Hora da coleta 25/07/2012 14h e 05min Temperatura ambiente o 25/07/2012 14h e 15min 12 C o 12 C 25/07/2012 14h e 35min 12 C 25/07/2012 14h e 50min Responsável pela coleta Keitiane Lunardi ponto 2 Keitiane Lunardi ponto 3 Keitiane Lunardi ponto 4 Keitiane Lunardi ponto 1 Keitiane Lunardi ponto 2 Keitiane Lunardi ponto 3 Keitiane Lunardi ponto 4 Keitiane Lunardi ponto 1 Keitiane Lunardi ponto 2 Keitiane Lunardi ponto 3 Keitiane Lunardi ponto 4 Keitiane Lunardi ponto 1 Keitiane Lunardi ponto 2 Keitiane Lunardi o ponto 3 Keitiane Lunardi o ponto 4 Keitiane Lunardi o 21 mm o 15/08/2012 14h 15/08/2012 14h e 25min 12 C 15/08/2012 14h e 45min 12 C 15/08/2012 14h 12 C 25/09/2012 10h e 05min 13 C 25/09/2012 10h e 20min 13 C 25/09/2012 10h e 45min 13 C 25/09/2012 11h 13 C o o 175 mm o o o o o 58 mm o 17/10/2012 14h 25 C 17/10/2012 14h e 15min 25 C 17/10/2012 14h e 50min Fonte: Autora. Ponto ponto 1 13 C o 12 C 17/10/2012 14h e 35min Precipitação nos 20 dias anteriores a coleta o 25 C 25 C 92 mm 5.5 Resultados das análises e comparação com a Resolução CONAMA 357/2005 5.5.1 pH Os resultados das análises de pH podem ser verificados na tabela 8 e nos laudos de análise em anexo (ANEXOS A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, L M, N, O, P, Q e R). Os valores para este parâmetro variaram de 6,68 a 8, sendo que a resolução CONAMA 357/2005, considera dentro da normalidade de 6 a 9. 62 Tabela 8 - Resultados das análises de pH e limites de tolerância permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) pH mês/ano ponto 1 ponto 2 ponto 3 ponto 4 jul/12 7,44 6,68 6,88 7,06 Limite de tolerância mínimo 6 Limite de tolerância máximo 9 ago/12 7,24 6,84 6,8 6,92 6 9 set/12 7,59 7,34 7,39 7,4 6 9 out/12 8 7,9 7,7 7,6 6 9 Fonte: Autora. De acordo com as informações obtidas na tabela acima, e conforme pode ser visualizado na Figura 12, 100 % dos resultados estão dentro dos padrões permitidos pela legislação para águas classe 1. Figura 12 - Classificação das águas para o parâmetro pH Na Figura 13 podem ser visualizados os valores para pH encontrados nas análises, durante todas as campanhas de coleta, além dos limites de tolerância estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 63 Com base nos resultados referentes às amostras de água obtidas nas análises físico-químicas, pode-se indicar que o pH é influenciado pelo lançamento de efluentes da indústria galvânica, pois os valores mais baixos foram encontrados na área urbana, onde existe o despejo destes efluentes, conforme verificado pela presença de metais e cianeto nas análises. Apesar do despejo de efluentes ácidos dos banhos galvânicos fora dos padrões permitidos pela legislação, não foi verificada acidificação das águas do Arroio, isto, deve-se principalmente ao despejo de efluentes domésticos que ocorre no local, que segundo Nuvolari, Telles e Ribeiro (2003), possuem pH levemente alcalinos em torno de 8 a 9, devido a presença de surfactantes em sua composição, o que acaba neutralizando os ácidos. Percebe-se também que ao longo do trajeto do Arroio os valores de pH vão sendo elevados, em consequência do maior aporte de efluentes domésticos com exceção do mês de outubro, onde foram encontrados os valores mais altos, porém que vão diminuindo ao longo do trajeto. Isso pode ser explicado pela demora na realização das análises, pois o atraso da mesma acarreta na degradação da matéria 64 orgânica presente na água, alterando assim o pH. No caso desta análise o laboratório demorou em torno de 25 horas (conforme consta nos laudos das BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) análises) sendo que o tempo máximo para a realização de analises de pH é de 24 horas. As coletas onde o pH se manteve mais neutro, foi no mês de setembro, onde também verificou-se no ponto 3 a maior presença de cianeto, porém este não interferiu na acidificação da água, pois o efluente ácido é o efluente onde estão presentes os metais e não o efluente da limpeza que contem cianeto. Os pontos 2 e 3, nos meses de julho e agosto acusaram os níveis de maior acidez na água onde o pH foi inferior a 7. (No mês de julho a quantidade de água no Arroio era pequena em virtude da estiagem ocorrida na época, e no mês de agosto foi o mês em que o Arroio se encontrava com a maior vazão, devido as chuvas intensas ocorridas no período). Os resultados de maior acidez da água estão ligados a presença de maiores quantidades de metais, pois esses efluentes são ácidos. Apesar da vazão do Arroio ser inúmeras vezes maior no mês de agosto, praticamente não foi verificada diferença nos valores de pH no ponto 2 e 3 deste mês para o mês de julho, o que valida a informação da SMMA que afirmou que o maior descarte de efluente fora dos padrões ocorre em dias de chuva. O ponto 1 manteve-se praticamente constante, tendo a menor diminuição no período que foi verificada a presença da maior quantidade de cobre no Arroio. No mês de agosto foram verificados os valores mais baixos de pH em todo o Arroio e relacionando com a vazão do Arroio e a presença de metais, foi o período com a maior precipitação e a maior presença dos metais níquel e cobre. 5.5.2 Cádmio (Cd) Conforme pode ser verificado na Tabela 9 e nos laudos das análises em anexo (ANEXOS A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, L M, N, O, P, Q e R), os valores para concentração de cádmio variaram de 0 a 0,002 mg/L, sendo considerado pela 65 Resolução CONAMA 357/2005 o máximo permitido de 0,001 mg/L para classe 1 e 2; BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) e 0,01 mg/L para classe 3. Tabela 9 - Resultados das análises de cádmio e limites de tolerância permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005 mês/ano ponto 1 Cd mg/L ponto 2 jul/12 0 0,002 0,001 0 Limite de tolerância/classe 1e2 0,001 ago/12 0 0 0 0 0,001 0,01 set/12 0 0 0 0 0,001 0,01 out/12 0 0 0 0 0,001 0,01 ponto 3 ponto 4 mg/L mg/L Limite de tolerância/classe 3 0,01 Fonte: Autora. As análises da concentração de cádmio na água revelaram que neste parâmetro 94% das análises nas águas do Arroio Barracão ficaram classificadas como classe 1 quanto aos níveis de cádmio e 6% para classe 3, conforme apresentado na Figura 14. Portanto, não atingindo valores superiores ao limite estabelecido pelo CONAMA para classe 3, que é de 0,01 mg/L. Figura 14 - Classificação das águas para Cádmio Os resultados das análises e os limites de tolerância para cada classe conforme a Resolução CONAMA 357/2005 estão expressos na Figura abaixo (Figura 15). 66 BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) Figura 15 - Resultados análises de Cádmio e padrões permitidos pela legislação Com base nos resultados referentes às amostras de água (Figura 14) pode-se observar que a presença de Cd somente foi detectada no mês de julho onde ocorreu a menor vazão de água no Arroio devido à estiagem, nos meses onde a vazão era maior as análises não detectaram a presença deste metal. A concentração mais alta (0,002 mg/L) de cádmio foi verificada no ponto 2, onde excedeu a máxima estabelecida pela Resolução CONAMA 357/2005 para classe 1 e 2 que é de 0,001 mg/ L, já nas outras situações o Arroio fica dentro dos limites permitidos para classe 1 e 2 considerando a concentração de cádmio. A pouca ocorrência de cádmio pode ser em decorrência do fato de que este é o metal pesado menos utilizado na fabricação joalheira, dos que foram analisados. 5.5.3 Níquel (Ni) Conforme pode ser verificado na Tabela 10 e nos laudos em anexo (ANEXOS A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, L M, N, O, P, Q e R), os valores para concentração de 67 níquel variaram de 0 a 0,014 mg/L, sendo considerado pela Resolução CONAMA BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 357/2005 o máximo permitido de 0,025 mg/L para classe 1, 2 e 3. Tabela 10 - Resultados das análises de Níquel e limites de tolerância permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005 mês/ano ponto 1 Ni mg/L ponto 2 jul/12 0 0,002 0 0 0,025 ago/12 0 0,006 0,011 0,008 0,025 et/12 0 0 0 0 0,025 out/12 0 0,014 0,002 0,003 0,025 mg/L ponto 3 ponto 4 Limite de tolerância/classe 1, 2 e 3 Fonte: Autora. Para o níquel as análises da concentração do metal presente na água, revelaram que, conforme pode ser observado na Figura 16, as concentrações deste nas águas do Arroio estiveram entre a faixa de 0 e 0,025 mg/L para 100% dos valores observados, não excedendo os valores máximos permissíveis legais, para classe 1. Figura 16 - Classificação das águas para Níquel A partir dos resultados das análises verificou-se que a concentração máxima de níquel na água ocorreu no mês de agosto (mês de maior precipitação), o que 68 corrobora as informações fornecidas pela SMMA, de que o maior número de denuncias quanto ao despejo de efluentes das indústrias galvânicas fora dos BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) padrões permitidos ocorre nos períodos de maior precipitação. De acordo com a Figura 17, constatou-se que ocorreu a presença de níquel no mês de julho somente no ponto 2 e nos meses de agosto e outubro em todos os pontos sobre influência das fábricas de joias (ponto 2, 3 e 4). A análise com a maior concentração de níquel foi verificada no mês de outubro, no ponto 2, onde foi detectada a presença de 0,014 mg/L, porém ficando ainda dentro dos padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005. Figura 17 - Resultados análises de Níquel e padrões permitidos pela legislação 5.5.4 Cobre (Cu) Os resultados das concentrações de cobre (Cu) na água ao longo do arroio podem ser observados na Tabela 11 e nos laudos em anexo (ANEXOS A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, L M, N, O, P, Q e R). Com base nos resultados se pode verificar que 69 as concentrações variaram de 0 a 1,94 mg/L, sendo que o limite de tolerância permitido para classe 1 e 2 de acordo com a legislação vigente é 0,009 mg/L e para BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) classe 3 é de 0,013 mg/L. Tabela 11 - Resultados das análises de cobre e limites de tolerância permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005 mês/ano ponto 1 Cu mg/L ponto 2 jul/12 0 0,169 0 0,007 Limite de tolerância/classe 1e2 0,009 ago/12 0,01 1,94 0,124 0,176 0,009 0,013 set/12 0,001 0,148 0,091 0,06 0,009 0,013 out/12 0 0,21 0,064 0,058 0,009 0,013 ponto 3 ponto 4 mg/L mg/L Limite de tolerância/classe 3 0,013 Fonte: Autora. Em seguida, na Figura 18, é exposta a situação da concentração do Cobre nas amostras de água do Arroio quando comparadas a Resolução CONAMA 357/2005. Figura 18 - Classificação das águas para Cobre Dos valores observados na figura acima (Figura 18), a maior frequência (38%) variou entre 0,124 mg/L e 1,94 mg/L, sendo que 38 % das análises apresentaram-se excedentes ao limite estabelecido pela Resolução 357/05 do CONAMA que é de 70 0,013 mg/L para classe 3, sendo classificadas assim como classe 4, enquanto 31% das análises das águas do Arroio foram classificadas como classe 1 e 2 quanto aos BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) níveis de cobre; e 31% classe 3. De acordo com os resultados expressos no gráfico abaixo (Figura 19), se pode observar que nos meses de agosto e setembro foi detectada a presença de cobre no ponto branco, sendo na concentração de 0,01 mg/L no mês de agosto e 0,001 mg/L no mês de setembro, o que pode ser explicado após vistoria realizada no entorno da área do ponto branco, onde houve a constatação da presença de uma empresa de joias clandestina. Em virtude do ocorrido, no mês de outubro foi utilizado como ponto branco outra área, esta, anterior ao descarte de efluentes realizado pela empresa. Figura 19 - Resultados análises de Cobre e padrões permitidos pela legislação Após a mudança do ponto de coleta (ponto branco), verificou-se que no mês de outubro não foi detectada contaminação por metais e cianeto neste local. 71 Conforme citado anteriormente o ponto 2 se configura como o local de descarte de efluentes da maior concentração de empresas joalheiras do município, o BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) que explica as maiores concentrações de cobre nas águas do Arroio encontrarem-se neste ponto, classificando a água em classe 4 para cobre em todas as análises realizadas no local. A variação que ocorre de um ponto para outro pode ser explicado devido ao fato do lançamento de efluente não ser contínuo e sim por batelada ou originário de um descarte momentâneo de efluente bruto (ilegal), o que acontece frequentemente, principalmente em dias de chuva, segundo informações do setor de fiscalização da SMMA. No intervalo do período da coleta de um ponto para outro aquele descarte com alta concentração de cobre já foi carregado pela correnteza para um ponto mais abaixo, o que fez com que essa quantia não fosse detectada no outro ponto, além da diluição e sedimentação que vai ocorrendo ao longo do trajeto. A partir dos resultados obtidos, pode-se constatar que o mês com a maior concentração de cobre nas análises foi o mês de agosto, devido ao elevado despejo de efluentes em períodos de maior pluviosidade. 5.5.5 Cianeto (CN) Os resultados das concentrações de cianeto (CN) da água ao longo do arroio podem ser analisados nos laudos em anexo (ANEXOS A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, L M, N, O, P, Q e R) e na Tabela 12. Com base nos resultados se pode verificar que as concentrações variaram de 0 a 1,12 mg/L, sendo que o limite de tolerância permitido para classe 1 e 2 de acordo com a legislação vigente é 0,005 mg/L e para classe 3 é de 0,022 mg/L. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 72 Tabela 12 - Resultados das análises de Cianeto e limites de tolerância permitidos pela Resolução CONAMA 357/2005 ponto 3 ponto 4 mg/L mg/L Limite de tolerância/classe 3 jul/12 0 0 0 0 Limite de tolerância/classe 1 e2 0,005 ago/12 0,006 0,004 0,011 0,004 0,005 0,022 set/12 0,225 0 1,12 0,006 0,005 0,022 out/12 0 0,305 0,018 0,015 0,005 0,022 mês/ano ponto 1 CN mg/L ponto 2 0,022 Fonte: Autora. Para as análises da concentração de cianeto presente na água, os resultados revelaram que conforme a Figura 20, as concentrações deste nas águas do Arroio estiveram em 50% das análises classificadas como classe 1 e 2; 31% classe 3 e 19% classe 4. Figura 20 - Classificação das águas para Cianeto De acordo com a Figura 21, constatou-se que no mês de julho não foi detectado a presença de cianeto na água. Houve a presença de cianeto no ponto branco, nos meses de agosto e setembro devido à instalação da empresa de joias clandestina na região. 73 De uma maneira geral o mês de setembro apresentou o maior valor de cianeto nas águas do Arroio (ponto 3). BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) No mês de setembro pode ser observada uma grande diferença na concentração de um ponto para outro, possivelmente devido ao intervalo de tempo que ocorre entre as coletas, o que faz com que o efluente com alta concentração de cianeto já tenha sido levado pela correnteza, o que ocasionou na não detecção da concentração elevada no ponto seguinte, além da diluição e sedimentação que vai ocorrendo ao longo do trajeto. Figura 21 - Resultados análises de Cianeto e padrões permitidos pela legislação A variação que ocorreu de um ponto para outro nos diversos meses pode ser explicado devido ao fato do lançamento de efluente não ser contínuo e sim por batelada ou originário de um descarte momentâneo de efluente bruto (ilegal), o que acontece frequentemente, principalmente em dias de chuva, segundo informações do setor de fiscalização da SMMA. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 74 6 CONCLUSÃO A partir dos resultados das análises de metais pesados e cianeto nas águas do Arroio Barracão e considerando-se o limite da Resolução 357/2005 do CONAMA para águas classe (3), concluiu-se que houve frequentemente superação dos níveis estabelecidos para cobre e cianeto, ficando em classe (4) 38% das análises de cobre e 19% das análises de cianeto, o que indica a poluição causada pelas atividades antrópicas na região, principalmente através do despejo de efluentes da indústria galvânica, sendo que tais níveis de concentração podem prejudicar as vidas aquáticas, silvestres, e ao homem através de contato primário ou na cadeia alimentar, apresentando, portanto, restrição de uso para potabilidade, balneabilidade e irrigação. Estas considerações merecem atenção por apontar a necessidade de se avaliar medidas para reduzir a carga de lançamentos de efluentes industriais não tratados no Arroio Barracão, controlando a fonte de poluição pontual, objetivando a manutenção da qualidade do efluente final dentro dos padrões estabelecidos pela legislação vigente. Concluiu-se também que o período de maior concentração de metais e cianeto no arroio não ocorreu na época de estiagem, quando a lâmina d’água era pequena, mas sim as maiores concentrações ocorreram nos períodos de maior precipitação, o que confere com a informação da SMMA, onde o maior relato de casos de despejo de efluentes sem o devido tratamento no arroio que provavelmente acontece em períodos de chuva, mascarando assim o descarte ilegal, o que torna necessário o desenvolvimento de campanhas de educação 75 ambiental, conscientizando a população dos impactos negativos ao meio ambiente decorrente do lançamento de resíduos sólidos e líquidos no Arroio, além da BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) intensificação da fiscalização nestas indústrias. Salienta-se a importância de realizar estudos mais detalhados para saber o real nível de contaminação a jusante do ponto 4, assim como se sugere análises de sedimento na área de estudo, para avaliar a contaminação por metais nestes sedimentos. A população deve ser alertada quanto ao perigo de exposição e uso das águas do Arroio, principalmente em zona urbana. Considerando os resultados obtidos ressalta-se a necessidade da continuidade do monitoramento com o objetivo de avaliar temporalmente o comportamento destes compostos no recurso hídrico em estudo. BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 76 REFERÊNCIAS BAIRD, C.; RECIO, M. A. L.; CARRERA, L. C. M. Química Ambiental. Porto Alegre: Bookman, 2002. BRAGA, B., et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hall 2005. BRANCO, S.M. Água: origem, uso e preservação. São Paulo: Moderna, 1993. BRASIL. Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981. 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BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 79 ANEXOS BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 80 ANEXO A - Laudo Análise, Ponto 1 (Mês de julho) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 81 ANEXO B - Laudo Análise, Ponto 2 (Mês de julho) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 82 ANEXO C - Laudo Análise, Ponto 3 (Mês de julho) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 83 ANEXO D - Laudo Análise, ponto 4 (mês de julho) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 84 ANEXO E - Laudo Análise, Ponto 1 (Mês de agosto) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 85 ANEXO F - Laudo Análise, Ponto 2 (Mês de agosto) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 86 ANEXO G - Laudo Análise, ponto 3 (mês de agosto) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 87 ANEXO H - Laudo Análise, ponto 4 (mês de agosto) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 88 ANEXO I - Laudo Análise, ponto 1 (mês de setembro) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 89 ANEXO setembro) J Laudo Análise, ponto 2 (mês de BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 90 ANEXO L - Laudo Análise, ponto 2 (mês de setembro) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 91 ANEXO M - Laudo Análise, ponto 3 (mês de setembro) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 92 ANEXO N - Laudo Análise, ponto 4 (mês de setembro) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 93 ANEXO O - Laudo Análise, ponto 1 (mês de outubro) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 94 ANEXO P - Laudo Análise, ponto 2 (mês de outubro) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 95 ANEXO Q - Laudo Análise, ponto 3 (mês de outubro) BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) 96 ANEXO R - Laudo Análise, ponto 4 (mês de outubro)