UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA A Interação dos Professores de Educação Física com os Educandos e a Questão da Ética. Adriano Cândido dos Santos Raul Rodrigues Tainã Oliveira Espósito São José dos Campos - SP 2012 UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO A INTERAÇÃO DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA COM OS EDUCANDOS E A QUESTÃO DA ÉTICA. ADRIANO CÂNDIDO DOS SANTOS RAUL RODRIGUES TAINÃ OLIVEIRA ESPÓSITO Relatório final apresentado como parte das exigências da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso à Coordenação de TCC do curso de Educação Física da Faculdade de Educação e Artes da Universidade do Vale do Paraíba. Orientador: Profª. MSC. Maria Amelia da Silva Alves de Almeida. São José dos Campos - SP 2012 “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” Paulo Freire RESUMO A interação faz parte da natureza do homem, pois desde os seus primórdios vivem em grupos, tendo uma relação diária com outros da mesma espécie. Porém ao longo do tempo o ser humano evoluiu e a interação tornouse mais complexa, fazendo com que o homem criasse “regras de conduta”, regras estas, desenvolvidas de acordo com a cultura de um determinado povo. Essas “regras de conduta” podem ser chamadas de ética que nada mais é do que um conjunto de valores que traz harmonia ao convívio humano. E na escola a ética é igualmente fundamental nas relações e fundamentalmente na relação professor-aluno. Especificamente nas aulas de educação física escolar, se pode trabalhar com abundância a interação professor-aluno e a questão da ética. Pois por meio de jogos que trabalham a cognição e coordenação motora que são regidos por regras , bem observadas e monitoradas pelo professor que deverá relaciona-se de forma ética com seu aluno, trabalhando a sua personalidade e consequentemente sua ética, tornando-o assim uma pessoa melhor ao longo de sua formação. (PALAVRAS-CHAVE: Interação, Ética e Educação Física) ABSTRACT Interaction is part of man’s nature, because since the beginning we in groups, having a daily routine with each other from the same species. But over the time the human being evolved and this interaction became more complex, causing the man to create "rules of conduct", these rules developed in accordance with the culture of a particular people. These "rules of conduct" can be called ethics which is nothing more than a set of values that brings harmony to human society. Ethics is equally primordial on relations and in this job stands the teacher-student relationship. You can work with plenty teacher-student interaction and ethics at the physical education classes at school. Through cognition and motor skills games that are conduct by fair rules, well observed and monitored by the teacher that relates ethically with his student, will develop the student, their personality and their ethical thus, becoming a better person throughout his formation. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................... 7 2. OBJETIVO ............................................................................. 8 2.1. Objetivo Geral .............................................................. 8 2.2. Objetivo Específico...................................................... 8 3. METODOLOGI A ..................................................................... 9 4. REVIS ÃO DE LITERATUR A E DISCUSS ÃO ........................... 10 4. 1. Breve Passagem pela Educação e Ensino. ................. 10 4. 2. Interação - significado. ............................................... 11 4. 3. A Importância da Interação na Educação .................... 11 4. 4. O que é Ética? ............................................................ 12 4. 5. Educação Física.......................................................... 14 4. 6. Os Papéis do Professor no Contexto Escolar ............. 14 4. 7. Educação física escolar .............................................. 17 4. 8. Interação Professor-Aluno .......................................... 18 5. CONCLUS ÃO ...................................................................... 22 6. REFERÊNCI AS BIBLIOGR ÁFICAS ........................................ 23 7 1. INTRODUÇÃO A educação pode ser definida como sendo o processo de socialização dos indivíduos. Ao receber educação, a pessoa assimila e adquire conhecimentos. A educação também envolve uma sensibilização cultural e de comportamento, onde as novas gerações adquirem as formas de se estar na vida das gerações anteriores. O processo educativo é materializado numa série de habilidades e valores, que ocasionam mudanças intelectuais, emocionais e sociais no indivíduo. De acordo com o grau de sensibilização alcançado, esses valores podem durar toda a vida ou apenas durante um determinado período de tempo. A educação pode ser dar de maneira informal - na família e nos contatos sociais diversos – e também pode acontecer de maneira formal – nas escolas e em todas instituições de ensino com as mais diversas designações. Este presente trabalho vem abordar o aspecto formal da educação. Neste aspecto formal da educação, destacam-se essencialmente dois papéis fundamentais e interdependentes, para que processo educativo possa existir: o de professores e o de aluno. Como expressa Aquino (1996) “(...) o lugar de professor é imediatamente relativo ao de aluno, e vice versa.”. Dentro desta perspectiva pensa-se em entender melhor a relação professoraluno, considerando a ética como algo essencial a este estudo. E mais especificamente, entendendo esta relação nas aulas de educação física. 8 2. OBJETIVO 2.1. Objetivo Geral Levantar dados, por meio de pesquisa bibliográfica, a fim de elaborar conclusões relevantes sobre a interação do professor de educação física com os educandos e a questão da ética. 2.2. Objetivo Específico Buscar o caminho mais adequado para a melhora da qualidade interação professor-aluno e, consequentemente, a educação. 9 3. METODOLOGIA A metodologia utilizada na pesquisa é de natureza exploratória e bibliográfica. Foram pesquisados artigos, livros, trabalhos de graduação, pós-graduação e sites relacionados aos temas abordados: a importância da educação física, da ética, da interação professor-aluno e questões relacionadas a estes. Com esta coleta de informações foi elaborado o presente trabalho, visando o que de melhor a literatura pode oferecer sobre a questão da interação professor-aluno de educação física e da ética na educação. 10 4. REVISÃO DE LITERATUR A E DISCUSSÃO 4. 1. Breve Passagem pela Educação e Ensino. Ao longo do tempo a palavra educação é utilizada em dois sentidos: social e individual. Sentido Social O sentido social abrange as atitudes e influências que os mais velhos e experientes exercem sobre os jovens e menos experientes. Essas atitudes surgem por meio dos conhecimentos de uma sociedade (normas, valores, crenças, etc.). Esses conhecimentos podem variar conforme o contexto histórico e geográfico (HAIDT, 2000). Quanto mais simples forem os valores, costumes e cultura, de uma sociedade, a educação é transmitida de forma prática, ou seja, as crianças e jovens participam das atividades adultas, e, pela experiência vivida de forma direta, aprendem as normas que regulam a conduta da sociedade onde vivem, imitando as práticas dessa sociedade. Porém, isso muda quando a sociedade é mais complexa, principalmente quando possui uma história e cultura vasta, pois assim acaba sendo necessário sistematizar pelo menos uma parte desses atributos. É quando surge a escola, que nada mais é do que uma instituição criada para educar e ensinar (HAIDT, 2000). Sentido individual No sentido individual podemos ter uma interpretação mais simples, mas não menos importante, do que a social. Ela se refere ao desenvolvimento do potencial e aptidão de cada um, tendo como objetivo uma formação de caráter e aprimoramento da personalidade do indivíduo (HAIDT, 2000). 11 Embora a palavra educação tenha dois sentidos ambos tem um aspecto de formação. A educação pode ser um processo de forma sistemática ou assistemática, já o ensino é uma ação organizada da melhor maneira possível (HAIDT, 2000). 4. 2. Interação - significado. A palavra tem origem latim no termo integratio. É a relação da ação de integra ou entregar-se, ou seja, tornar algum objeto ou alguém, parte complementar de um todo. A integração social, por sua vez, é um processo dinâmico que supõe que pessoas que se encontrem em diferentes grupos sociais se reúnam sob um mesmo objetivo ou preceito, seja ela uma cultura, modo de se vestir ou linguagem, do novo ou especifico meio social que se encontra. Em síntese, como considera Vygotsky(1987), o indivíduo é sujeito interativo, que se constitui na relação com o meio, sempre mediada por "outros" de seu entorno (SOUZA, 2012). 4. 3. A Importância da Interação na Educação "Na ausência do outro, o homem não se constrói homem" Vygotsky A participação em relações que constituem a dinâmica social esta diretamente relacionada na formação de crianças e adolescentes, pois é interagindo com outras pessoas (da mesma faixa etária ou não), que eles assimilam seus conhecimentos e desenvolvem hábitos e atitudes de convívio social. Daí a importância da interação como elemento formador do ser humano (HAIDT, 2000). A interação em turmas escolares se da por meio da relação do professor e aluno, sobretudo. É no contexto da classe que o aluno, por meio do convívio com os 12 professores e os colegas, acaba exercitando, desenvolvendo e assimilando seus valores, hábitos e atitudes aceitos pela sociedade, sem desconsiderar, contudo, a importância do papel da família nesse contexto (HAIDT, 2000). De forma mais transparente, a escola é um lugar apropriado para ocorrência da interação de relações humanas e princípios da vida em comunidade. A matéria ou o conteúdo programático ministrado nas aulas pode ser esquecido ao longo da vida, ao contrario da “vivência” no ambiente escolar, que, propicia e consolida, entre outros fatores, o desenvolvimento e fortalecimento da personalidade do educando (HAIDT, 2000). 4. 4. O que é Ética? "Vigie seus pensamentos porque eles se tornarão palavras; Vigie suas palavras porque elas se tornarão atos; Vigie seus atos porque eles se tornarão seus hábitos ; Vigie seus hábitos, porque eles tornara seu caráter; Vigie seu caráter, porque ele será o seu destino." (Autor Desconhecido) A palavra ética possui origem grega, ethos, envolvendo costumes, hábitos e reflexões humanas (FIGUEIREDO, 2008). Pode-se dizer que a ética é o campo que se estuda os valores das atitudes em relação a uma sociedade ou cultura . A ética, parte da filosofia que estuda os fundamentos da moral, é fundamental para que se possa ter uma boa convivência na sociedade, porém nos dias atuais ela se apresenta cada vez mais rara. Seja pelo estresse da rotina, ou pelas situações e ambiente que nós somos criados. Observamos que em determinados ambientes, onde o respeito e a ética deveriam ser essenciais, existe uma enorme carência em relação a outros. Um desses ambientes é a escola, ou seja, a relação entre alunos com outros alunos e principalmente alunos com professores. 13 Ives de La Taille define que “Ética são costumes, e costumes não nascem inscritos no DNA de ninguém, por isso as influências sociais são essenciais na formação ética e moral. Para a criança, essas influências vêm da família e da escola.” (GUIMARÃES, 2011). Como ter ética em suas ações. As atitudes éticas são desenvolvidas por meio da construção de uma cultura especifica. Portanto, uns costumes que podem ser éticos em uma cultura, podem não ser em outra (TOI e CARMO, 2005). Um exemplo para isso é o sacrifício de animais para pesquisas cientificas, em muitos países são atitudes normais, porém em outros podem ser interpretadas como atos antiéticos. Portanto, ter ética é agir com responsabilidade perante a sociedade, sem prejudicar alguém ou a si próprio, agir e ter a consciência tranquila de suas ações. A importância da Ética nos dias atuais. Muitas vezes o indivíduo age por impulso, e, por vezes são ações que vão contra a ética e isso pode levar a arrependimentos, decepções, entre outros prejuízos emocionais, financeiros, físicos, enfim, e que se estendem por muito tempo. Vive-se hoje, em uma sociedade muito complexa, onde se cria muitas normas e princípios para podermos "viver em harmonia". E conforme as ideias de Ives de La Taille (2007), se implanta na sociedade, muitas regras, leis, como ele diz: há um “clamor por normatização”, ao invés de se tratar de ética, ou seja, a sociedade vai criando regras de controle em vez de discutir os valores envolvidos na determinada situação - o respeito ao outro, por exemplo.”(POLATO, 2008). Para Ives de La Taille a ética é cotidiana, tem que ser trabalhada o tempo inteiro, e, assim como na família, nas instituições de ensino ela deve estar presente. 14 Tratando da ética cotidianamente na escola, cuida-se do convívio diário entre alunos e professores (GUIMARÃES, 2011). 4. 5. Educação Física O termo educação física, é muito confundido entre as pessoas, sem saber o que os profissionais dessa área realmente fazem (BARBANTI, 2007), o que é normal, pois o campo da educação física é muito vasto, e muitas vezes essa variedade pode trazer algumas dúvidas. Mas o quê o termo educação física realmente significa? De forma direta, quer dizer movimento corporal, isso é, praticar atividades físicas para educar o nosso corpo, educação essa que pode nos proporcionar mais saúde, bem estar físico e até mental, em resumo, uma melhor qualidade de vida (BARBANTI, 2007). Professor de educação física atuam em lugares como clubes, centros esportivos, academias, escolas entre outros. O foco deste trabalho está no profissional de educação física escolar, ou seja, o professor que trabalha com exercício físicas nas escolas. 4. 6. Os Papéis do Professor no Contexto Escolar “Um bom professor é aquele que aponta a verdade e não a entrega pronta.” Bruce Lee Há tempos que teorias, estudos e discussões, garantem que a família tem total influência no desenvolvimento da personalidade da criança, isso porque é o ambiente familiar que a criança tem sua primeira relação interpessoal e consequentemente fica a maior parte de seu tempo neste ambiente. 15 Mas qual é o local em que a criança se encontra mais tempo além do recinto familiar? É a escola. É nesse ambiente também que a criança pode se relacionar com outras pessoas. Portanto da mesma forma em que a família tem influência no desenvolvimento da personalidade, o professor também, pois é junto com ele que a criança vai conviver grande parte do seu dia, isso faz com que consequentemente a criança adquira uma imagem de exemplo em relação ao professor, semelhante com seus pais. O professor Gabriel Chalita ressalta que “a alma de qualquer instituição de ensino é o professor”. Não adianta um centro educacional ter as mais modernas instalações como quadras esportivas, piscina, grandes bibliotecas, salas de computação entre outras, se o professor não for capacitado e valorizado devidamente, pois embora tudo isso seja importante, apenas o professor pode dar algum afeto ao seu aluno (CHALITA, 2004). Assim, antes de tudo, o professor deve exercer certa influência positiva sobre a personalidade do aluno como um todo, sem ter em mente apenas o objetivo de agrupar informações e repassar aos mesmos. Dessa forma, o professor deve ter uma postura que sirva de exemplo para o aluno, e, além disso, conforme Alves (2002), ele deve encaminhar o aluno a ter curiosidade para o conhecimento, pois isso faz com que o aluno desenvolva o prazer em aprender. Como diz Rubem Alves “A curiosidade é uma coceira nas ideias.” (ALVES, 2002). Segundo Machado (1994), ao desempenhar seu trabalho, o professor pode deixar marcas de grande significado nos alunos em formação. O professor deve possuir em sua formação conhecimentos teóricos que permitam realizar e trabalhar aspectos físicos e motores, e também componentes sociais, culturais e psicológicos 16 para desenvolver a função formadora em seus alunos. Para tanto, três características se fazem primordiais. Silva (1992) relacionou às características e os seguintes aspectos: técnicos, afetivos e sociopolíticos, podendo haver interação entre os três. Características técnicas - são norteadas por meio das adaptações do modo de ensino do professor às necessidades dos educandos, incorporando às experiências prévias do educando ao conteúdo. A estimulação ao processo de ensino e de aprendizagem deve ser constante, ou seja: na participação nas aulas, na valorização do conhecimento, no domínio do conteúdo e na metodologia para a realização e reforço do próprio processo. Desta forma, a possibilidade de que o docente reflita sobre sua prática é mais real, além de corresponder à utilização correta dos recursos didáticos disponíveis, contribuindo para o enriquecimento do conteúdo programático. Outros aspectos a serem considerados são o que dizem respeito à assiduidade do docente, à comunicação dos objetivos propostos, a fim de permitir a contextualização e a interdisciplinaridade. Características afetivas - relacionam-se por meio da demonstração e entusiasmo do professor, não desconsiderando seu interesse, motivação e valorização da função que exerce. Esses componentes propiciam a manutenção do clima de suas aulas, ou seja, o professor as torna agradáveis e como consequência, respeitosas. Desenvolve laços afetivos e, desta forma, se tornando mais próximo de seus alunos, diferenciando o “afetivo maduro” do “professor bonzinho”. Características sociopolíticas - referem-se ao conhecimento que o professor possui sobre as experiências sociais dos alunos, aliando sua visão critica da escola e de seus determinantes. 17 4. 7. Educação Física Escolar Como já vimos, a educação física trabalha o corpo e a mente, mas o ideal é fazer esse trabalho desde a infância (SOUZA, 2012). A escola é um ambiente onde frequentamos desde criança e a educação física é uma disciplina presente em seu contexto, porém ela é vista como uma disciplina complementar, sendo menos importante do que outras, como português ou matemática (RONDINELLI, 2012). Um dos motivos para isso acontecer é que muitos professores dessa disciplina influenciam essa verdade, fazendo com que os alunos não utilizem a aula de maneira produtiva, como por exemplo: Largando bola aos alunos para jogarem futebol, vôlei ou basquete deixando os de uma forma mais livre sem se preocupar com regras, alongamento, motivação, ou seja, sem nenhum planejamento ou preocupação (SOUZA, 2012). Em outras palavras, muitas pessoas, inclusive alguns professores, acreditam que a educação física na escola tem apenas o objetivo de descontração e lazer (GALLAHUE, 2012). Logo quando foi inserida no currículo escolar, a educação física tinha como objetivo a prática da ginástica, para poder deixar o corpo saudável, porém ao longo do tempo ela foi sofrendo reformas e adaptações, hoje ela é uma matéria complexa, que segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), é dividido em 3 formas: 1) Jogos, Esportes, Ginástica e Lutas; 2) Atividades Rítmicas e Expressivas; 3) Conhecimento sobre o corpo (RODINELLI, 2012). Trabalhando esses atributos desde a infância, podemos prevenir doenças ligadas ao sedentarismo, como diabetes, obesidade, e até problemas cardíacos (GALLAHUE, 2012). Mas não é tão simples elaborar uma aula que possa incluir essas exigências, pois a aula deve ser planejada de acordo com a faixa etária de desenvolvimento de cada turma, fazendo com que eles possam entender a importância do conhecimento corporal, 18 desenvolverem suas potencialidades, estarem ligados nos esportes que existem no mundo e introduzir em suas realidades, sendo que tudo isso deve ser feito com cuidado, porque cada aluno tem suas individualidades e as aulas devem ser acessíveis a todos e não de forma seletiva. 4. 8. Interação Professor-Aluno Ao abordar o ensino formal, considera-se que o conhecimento, sendo ele qual for, é algo primordial no processo educativo escolar, pois é neste que se baseia o objetivo de se ingressar em determinado processo de formação. E com isso, muitas vezes, o foco do ensino passa a ser o conhecimento, porém Aquino (1996) destaca que o conhecimento deve estar no centro do cenário educativo, ou seja, que fique entre os que ensinam e os que aprendem, tornando a relação professor-aluno o núcleo concreto das práticas educativas. Apesar de cada qual ter seu papel específico neste processo. No processo de formação dos alunos o professor se torna um elemento essencial, para isso ele deve estudar os ângulos mais importantes e intervenções pedagógicas, nos seguintes aspectos; instrucionais e afetivos. A dimensão afetiva da relação do professor-aluno é classificada em duas categorias, sendo elas: Afetividade positiva: dentro dessa afetividade encontra-se o elogio (manifestação na qual o professor usa para louvar, incentivar, animar, estimular e alertar as manifestações dos alunos). Usar o primeiro nome do aluno (utilização do primeiro nome do aluno em todas as situações de aulas), esse aspecto também pode se relacionar com a afetividade negativa, já que o professor se recorda sempre do primeiro nome dos alunos com os quais não possui relações positivas; 19 demonstração de afeto (manifestação que o professor deverá, por exemplo, colocar as mãos no ombro do aluno, dar tapinha nas costas); Uso da urbanidade – o professor usa expressões “por favor” “obrigado”, “desculpa” incentivando os alunos a também realizadas. Afetividade negativa: Criticar (fazer censuras a qualquer tipo de desempenho dos alunos, além disso, ironizar, menosprezar as ações dos alunos); agressões (manifestações verbais ou gestuais do professor, para intimidar, ameaçar e ofender seus alunos); punição (ação do professor em aplicar castigos, repressões ou penalizar as manifestações consideradas incorretas). De acordo com Galvão (1999), a segurança para lidar com as variações que o professor possui com o aluno, como o uso da afetividade positiva, ou de atitudes positivas, torna possível viabilizar tanto a aprendizagem como influenciar na estruturação da personalidade do aluno. A utilização pelo professor da afetividade negativa pode marcar o aluno profundamente, pois o medo de ser criticado, agredido ou punido, provocará a insegurança e a vergonha podendo levar o aluno ao desinteresse pelas aulas de educação física. A aula em que há maior participação dos alunos e com qual professor possui maior afinidade: Uma pesquisa realizada por Rodrigo Alcindo Guatura Vieira, aluno do 7º semestre da faculdade de educação Física da Unicastelo, aborda duas questões com trinta e quatro alunos da 8ª serie do ensino fundamental, onde foram levantados dados sobre a aula em que havia maior participação dos alunos e com quais professores eles possuíam maior afinidade (VIEIRA, 2001). A primeira questão, composta pelo enunciado “em qual disciplina havia maior participação dos alunos”, dos trinta e quatro estudantes, dezoito responderam 20 afirmativamente que era nas aulas de Educação Física e dezesseis responderam afirmativamente que era nas aulas de Matemática. Na segunda questão, a pergunta incidiu sobre “a afinidade dos alunos em relação ao professor”, nos trinta e quatro estudante, dois responderam que tinham maior afinidade com o professor de educação física, quatro com o professor de geografia, vinte e oito com o professor de Matemática. O tipo de afinidade que os alunos possuem com o professor de Educação Física está relacionado com o sentimento que eles têm pelo próprio professor e, logicamente, como esse docente conduz as aulas professor e, logicamente, como esse docente conduz as aulas. Certamente o professor de Educação Física envolvido nessa pesquisa não deveria conduzir de forma correta suas aulas, o professor de Educação Física, em alguns casos até mais do que os outros, necessita se programar bem antes de suas aulas para acabar com a mística de que professor de Educação Física não faz nada, que só dá bolas para os alunos jogarem e também porque nem sempre é oferecido a esta disciplina as condições necessárias para a realização das aulas, pois muitas escolas nem quadra têm e cabe ao professor vencer essas barreiras, por isso ele deve planejar-se, já que mesmo planejando o trabalho é árduo, agora imagine sem planejamento, com certeza o sucesso do processo será prejudicado, e consequentemente a afinidade com seus alunos também se tornará comprometida. . O Diálogo na Interação Professor-Aluno A Relação entre professor- aluno não pode ser unilateral, pois não é só o aluno que pode desenvolver o saber, o professor também pode tirar um bom 21 proveito desta relação. Sabemos que o aluno pode assimilar e construir conhecimento modificando e ampliando suas estruturas mentais, mas é verdade também que o professor pode de certa forma aprender com seu aluno, isso acontece na medida em que ele compreende a forma como seu aluno “sente o mundo”, observando os saberes e habilidades que ele traz do seu ambiente familiar e de sua realidade social para a escola. Por meio deste conhecimento adquirido, o professor pode ter a oportunidade de conhecer o mundo de uma maneira diferente da sua, fazendo assim com que possa rever comportamentos e opiniões, desfazer preconceitos, alterar posturas etc. A base para que tudo isso possa acontecer é o diálogo. Ele surge no momento em que ocorre um problema no ambiente escolar (sala de aula, quadra, pátio). O professor procura transmitir o que sabe, relacionando a sua formação didática com o conhecimento adquirido por meio de manifestações anteriores a do aluno. Desta forma, puderam chegar a uma síntese esclarecedora em relação ao problema abordado. Após a síntese, o conhecimento poderá ser aplicado à prática, porém agora de forma estruturada, tendo assim um melhor rendimento na educação. Caso o diálogo não aconteça, o intercâmbio entre o professor e aluno pode se transformar em um duelo, num defrontar de posições que acaba sendo pouco ou nada proveitoso para nenhum dos dois. 22 5. CONCLUSÃO É incontestável afirmar que a interação faz parte da natureza humana e, para que isso aconteça de forma pacífica, é importante a presença da ética, que podem ser trabalhadas na escola. A disciplina escolar que pode desenvolver esse atributo com abundância encontra o seu território preferencial na área da Educação Física, pois suas atividades propostas exigem muita interação e respeito entre professores e educandos. Com este estudo pôde-se perceber que a interação professor-aluno, cerceada pela ética, leva ambos a um aprendizado significativo em todas suas vivências. 23 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGR ÁFICAS ALVES, Rubem. Curiosidade é uma coceira nas ideias. Folha Online: 2002. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u14.shtml AQUINO, J. G. A desordem na relação professor-aluno: indisciplina, moralidade e conhecimento. In Aquino, J. G. (org) Indisciplina na Escola: alternativas teórico e práticas. São Paulo: Summus, 1996. BARBANTI, V. O que é Educação Física. 2007 CHALITA, G. Educação - A Solução esta no Afeto. Editora: Gente, 2004. FIGUEIREDO, A. M. Ética: origens e distinção da moral. São Paulo: 2008. Disponível em: http://www.fm.usp.br/gdc/docs/iof_83_1-9_etica_e_moral.pdf GALLAHUE, David. A Importância da Educação na Escola. Disponível em: http://www.educacaofisica.com.br/index.php/escola/canais-escola/educacao-fisicaescolar/21183-importancia-educacao-fisica-escola . 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