PRINCÍPIOS E TÉCNICAS ENDODÔNTICAS BETTKER, Amanda¹ BORBA, Rafaela¹ DOBROVOLSKI, Ananda Laís¹ FRANCECHI, Alessandra¹ MATIASSO, Felipe¹ MUSSO, Cassiane¹ ANDRES, Décio Antonio Junior² BORGHETTI, Vanessa Isabela² DELLANI, Marcos Paulo² GRADIN, Roberta² PIEROZAN, Morgana Karin² SILVA, Lisiane Borges da² RESUMO: O objetivo deste estudo é relatar as dificuldades encontradas no tratamento endodôntico, tanto sociais, quanto terapêuticas, e os métodos de realização do tratamento, levando em consideração também doenças microbianas, e inclusive o modelo anatômico dos dentes. Além de apresentar os problemas causados pelo tratamento endodôntico quando não tratado precocemente, ou até mesmo, deixado de ser realizado, incluindo as dificuldades de diagnóstico do mesmo, além de seus sintomas e traumas causados na cavidade bucal. Busca ainda apresentar as soluções e opções de resolução das enfermidades causadas, e suas respectivas formas de tratamento, tendo em vista a importância do conhecimento profissional e dos seus métodos, para uma boa realização do tratamento endodôntico. Palavras-Chave: Endodontia, métodos escolhidos, canal radicular e polpa dental. ABSTRACT: The objective of this study is to report the Difficulties encountered in endodontic treatment, both social, as the therapeutics, and the methods of realize the treatment, also carrying in account microbial diseases, and even the anatomical model of the teeth. Presenting the problems caused by endodontic treatment if the same be not treated early, or leave even to be performed, including the troubles of diagnostics of the same, as well as their prognostic, and traumas caused in the oral cavity. Quest including present solutions and options for resolutions caused by diseases, and their forms of treatment, owing to the importance of professional knowledge and their methods, for good endodontic treatment . Keywords: Endodontics, chosen methods, root canal and dental pulp. ¹ Alunos de Odontologia – Faculdade IDEAU Getúlio Vargas ² Professores de Odontologia – Faculdade IDEAU Getúlio Vargas 2 1 INTRODUÇÃO O referente artigo abrange a área de Endodontia, e os possíveis tratamentos endodônticos, o qual é um dos campos de atuação da mesma na Odontologia, buscando motivos, de possíveis causas, sintomas, métodos utilizados, cuidados com o paciente, entre outros que levam a ser realizado o referido tratamento. É de suma importância o resultado das informações obtidas neste artigo a respeito da endodontia, para que exista um crescimento educacional dos alunos e demais interessados. A endodontia é uma especialidade da Odontologia, que trabalha com a porção mais interna dos dentes, ou seja, a câmara pulpar, todo sistema de canais radiculares, e ainda os tecidos periapicais, inclusive as doenças ou males que podem os afligir. Soares (2011, p.21) explica que: A endodontia [...] estuda a morfologia da cavidade pulpar, a fisiologia e a patologia da polpa dental, bem como a prevenção e o tratamento das alterações pulpares e de suas repercussões sobre os tecidos peridentários [...]. Os principais sintomas no dente, ou até mesmo que o paciente possa sentir são vários, dentre os quais existem os principais, sendo estes a dor em si no local, dor com estímulos de frio ou calor, dores espontâneas no local, lesões que podem ser observadas por meio de visualização do canal pulpar por radiografia, caries extensas também podem indicar endodontia, observação de câmaras pulpares expostas, entre outros. Como escreve Torabinejad (2010, p. 67) „„O diagnóstico consiste na ciência de reconhecer a doença por intermédio dos sinais, sintomas e testes. Muitas vezes, o diagnóstico é direto; em outras, nem tanto‟‟. As principais causas, que induzem a necessidade de ser realizado o tratamento endodôntico são: a cárie profunda é o fator principal para endodontia, que levam as agressões pulpares, outras causas também são traumatismos dentários, fraturas dentárias, traumas ortodônticos, patologias intraósseas também influenciam diretamente nessas causas, movimentações ortodônticas, periodontos lesionados, entre outros. Esses tipos de causas podem machucar estruturas periapicais e pulpares adjacentes dos dentes. Gutmann (2012, p.3) propõe que: 3 O exame clínico específico para um diagnóstico endodôntico deve enfocar duas áreas: fatores causais nos dentes (inflamação pulpar, infecção etc.) e sinais de patologias periapicais nos tecidos moles devido à propagação de um processo inflamatório/infeccioso da polpa. [...] Quando o paciente não realiza o tratamento endodôntico quando necessário, as dores, se houverem, continuarão, ou irão aumentar, podendo ocasionar edemas, ou formação de pus, podendo acontecer a perda do dente. Se o caso se expandir, poderá causar lesões em outros pontos bucais, aumento de bactérias nas lesões ósseas, alterações no seio maxilar, podendo acarretar também lesões ou doenças, dependendo do tipo do caso. Possíveis casos de origem endodôntica não visíveis em radiografia podem acontecer, essas podem ser identificadas através de testes térmicos ou de percussão, sintomas relatados pelo paciente, ou visivelmente na parte externa do dente, como expõe Estrela (2013, p.2) „„Escutar o paciente descrever a dor é essencial para entender seu problema, interpretar a informação coletada e fazer perguntas adicionais quando necessário‟‟. O tratamento é iniciado com a escolha entre os métodos de endodontia manual, rotatória ou até uma mescla das duas, sendo que, para perfeita realização do tratamento endodôntico, destaca-se principalmente o método que o cirurgião dentista domina com mais eficácia. Pois, o tratamento será mais sucedido se houver a melhor manipulação do método utilizado pelo Cirurgião-dentista. Posteriormente, a avaliação da anatomia radicular e a posição do dente, qual a abertura coronária para acesso aos canais radiculares, à utilização de substâncias com alta eficácia bacteriana e bastante irrigação, entre outras, dependendo então, do CirurgiãoDentista. Pois Estrela (2013, p.17) explica: Diferentes fatores podem dificultar o desempenho profissional durante o tratamento endodôntico. O profissional deve observar aspectos como organização e disciplina, bem como dispor dos equipamentos adequados e dos instrumentos e materiais necessários à execução operatória do caso em questão. Entre os requisitos imprescindíveis ao bom andamento da terapêutica proposta, destacam-se tranquilidade, ambiente agradável, tempo necessário para o desenvolvimento do tratamento previsto, conhecimento técnico-científico, habilidade para a execução de determinadas técnicas operatórias e organização funcional [...]. Baseado no pensamento de Soares (2011) quando há necessidade de remoção da polpa do dente, se faz necessário várias técnicas e segmentos para realização da endodontia, para remoção da polpa em si existem dois métodos: 4 maceração ou extirpação. Para qualquer método primeiramente é aplicada a anestesia local, e feita à abertura coronária do dente. No caso de extirpação é utilizado o extirpa nervos, ou mesmo uma lima de variados calibres, que entrem de acordo com o tamanho do canal, é girado no interior da polpa, mais ou menos duas vezes, e posteriormente o mesmo é puxado. No entanto, para a maceração é limado a polpa, amassando-a, para remoção da mesma. Para o auxílio da remoção da polpa é utilizado também soluções irrigadoras, com hipoclorito de sódio. É muito importante que haja a assepsia e a antissepsia para o que o procedimento ocorra corretamente. Após, se realiza a abertura coronária, o preparo biomecânico, a fase de desinfecção e a obturação do canal radicular. Foram realizados questionários aos profissionais da área de Endodontia, que se questionou como proceder a tratamentos, possíveis materiais utilizados, entre outros, para a realização de uma linha de estudo e pesquisa. As questões foram enviadas para profissionais especializados e não especializados, para que pudessem sanar as dúvidas em questão, mostrar vias desconhecidas e formar opiniões e conhecimentos. 2 DESENVOLVIMENTO Ainda hoje, existem indivíduos que não tem acesso ao tratamento endodôntico pela dependência à postos de saúde que ainda não ofereçam o mesmo, e o tratamento particular pode acabar sendo inviável economicamente. A não ser que exista no município o Centro de Especialidades Odontológicas - CEO para onde os pacientes possam ser encaminhados. Quando isto não é possível, na grande maioria das vezes os pacientes acabam optando pela extração dentária, que não é a melhor opção. No tratamento endodôntico, espera-se que o mesmo seja completamente eficaz, entretanto existem dificuldades que podem afetar o mesmo. Para que esse possa provavelmente ser eficaz é necessário que o Cirurgião-dentista esteja atento a todas as etapas do mesmo, e ao procedimento restaurador final, com uma obturação hermética, para que não fiquem abertas vias de entrada de microorganismos no mesmo, e uma boa higiene bucal. Estrela (2013, p.11) propõe que „„O tratamento endodôntico é constituído por importantes fases que, se perfeitamente executadas, favorecem a obtenção de melhores resultados‟‟. Outro aspecto que 5 deve ser analisado é que a alimentação não está envolvida com a endodontia, apenas se for pensado o caso de fratura dentária. Conforme relatos pacientes que apresentem caso de febre reumática devem ter um tratamento um pouco diferenciado, levando em consideração que é necessária a realização de uma profilaxia antibiótica, e uma boa neutralização, com intuito de não provocar bacteremias. Em casos de endodontia em pacientes gestantes, também conforme relatos pode sim, ser realizado o tratamento, levando em consideração os cuidados básicos na sua realização. Seriam estes: uso de anestésico correto, cuidado com medicações administradas após o tratamento, se for necessária a radiografia, utilizase o avental de chumbo, ou se não, utilizar localizadores apicais e apenas realizar a radiografia após o parto, para proservação do tratamento. Se necessário entrar em contato com o obstetra, para eventuais dúvidas, levando em consideração que não há influência com o feto, para poder deixar a mãe mais tranquila. Faz-se necessária a proservação do tratamento endodôntico, com controle radiográfico revisional de aproximadamente: 3 meses, 6 meses, 1 ano e 2 anos. Tendo em vista que a possibilidade desta proservação admite observar a ausência de sinais e sintomas, com redução de lesões ou presença de cicatriz óssea. 2.1 Canais Radiculares e Seus Preparos Químicos-Mecânicos Para Soares (2011) o objetivo do preparo químico-mecânico é promover a limpeza, a ampliação e a modelagem do canal radicular, empregado de instrumentos endodônticos, podendo ser esses mecânicos, ou não. Na execução pratica, o resultado do preparo do canal radicular ocorre da interação dos instrumentos endodônticos com as substâncias químicas que se findam. A limpeza, a ampliação, e a modelagem do canal radicular têm por objetivo facilitar a obturação compacta do canal radicular. A obturação compacta tridimensional do canal radicular foi o principal fator envolvido no sucesso do tratamento endodôntico. A limpeza do sistema de canais na visão de Lopes (2013) e a modelagem do canal radicular são os principais objetivos do preparo químico-mecânico. Essa limpeza tem como proposta a eliminação de micro-organismos. A remoção do tecido pulpar vivo ou necrosado do sistema de canal, que é mecanicamente inacessível aos instrumentos endodônticos, são auxiliados pela ação solvente dos irrigadores. A 6 ação antimicrobiana da solução química deve participar da desinfecção do sistema de canais radiculares contaminados ou evitar a contaminação dos canais que tem polpa viva. Torabinejad (2010) sugere que existem alguns critérios mediante a limpeza e modelagem cônica do canal, entre elas, a obtenção de raspas dentinárias limpas. Métodos são essenciais para a eficácia de um tratamento endodôntico, são alguns desses a boa limpeza, ampliação, modelagem do canal radicular, utilização de micro tomografia computadorizada, conhecimento endodôntico, conhecimento da anatomia do dente, geometria e profissionais competentes. Esses métodos completam um ao outro e efetuam um bom resultado na endodontia. Segundo Gutmann (2012) o uso frequente de instrumentos endodônticos promove o desgaste da dentina, através dos tipos de movimento, como de limagem, e alargamento que são aplicados. O movimento de remoção da polpa é formado por três fases: avanços, giro a direita e tração. A movimentação de remoção serve para remover detritos livres que se localizam no interior do canal são utilizadas bolinhas de algodão com medicamentos intra-canal, de acordo com Lopes (2013, p.418) „„... Esse movimento também é muito usado nos tratamentos endodônticos, na remoção inicial do material obturador que podem ser cones de guta-percha e de prata do interior do canal radicular‟‟. O movimento de exploração ou cateterismo baseado no pensamento de Soares (2011) tem por objetivo o conhecimento da anatomia e o esvaziamento inicial do canal radicular. Para o movimento do cateterismo são usados instrumentos de aço inoxidável não necessitando ser curvado, mas sim menores que os dos canais radiculares. O movimento de alargamento aumenta o diâmetro de um furo, por meio de um corte, que são realizados por instrumentos chamado alargadores. Entretanto o movimento de alargamento pode deixar áreas do canal não instrumentadas, para solucionar essas deficiências os instrumentos devem ser maiores do que o canal radicular. Para Torabinejad (2010) o movimento de limagem ou raspagem é feito com um aparelho adequado denominado limas. As limas são metálicas e multi cortantes, são usadas para raspar ou cortar a parede dentinaria, o movimento é composto pelos passos de avanço e tração com pressão lateral. 7 Limite apical de instrumentação de acordo com Lopes (2013) é um dos assuntos mais controversos, este se refere aos limites apicais de instrumentação e a obturação, ou seja, o ponto mais apical que os instrumentos devem atingir durante a instrumentação. Esse limite apical não exerce influencia significativa na incidência de dor. Um procedimento dinâmico tem por objetivo promover a limpeza, modelagem e a ampliação de um canal radicular, sendo esses realizados por meio de três eventos distintos: instrumentação, emprego de substancias químicas auxiliares e irrigação/aspiração. Segundo Lopes (2013, p.444) “Instrumentação é o principal evento do preparo químico mecânico do canal radicular, é realizado por meio de ferramentas, que são os instrumentos endodônticos”. A pré-instrumentação de acordo com Lopes (2013) é um processo que consiste, em síntese, na fase de tentativa da eliminação ou regularização de interferências anatômicas do dente e seu canal radicular. Essa se dá início após serem realizadas as radiografias, depois de ser fixada a anestesia, o isolamento e acesso coronário do dente que será submetido ao tratamento endodôntico. É de suma importância que se tenha conhecimento da morfologia do dente, e que se faça o exame com muita minuciosidade de duas, ou até mais radiografias do dente em questão, com diferentes angulações, tendo em vista que este exame detalhado trará informações importantes sobre a anatomia da cavidade pulpar. No segmento de Soares (2011) para localizar-se um canal radicular, são de extrema importância a ampliação e a iluminação da cavidade pulpar, tendo em vista que essa localização é feita após a remoção total do teto cavitário, que viabiliza o acesso à câmara pulpar do dente. A fase inicial da exploração, também de acordo com Soares (2011) do canal radicular é conhecida como exploração ou cateterismo, que engloba todos os passos e cuidados acima citados. Esses conhecimentos das fases da realização do tratamento permitem ao Cirurgião-dentista imaginar com certa precisão o formato do canal radicular. A câmara pulpar tem de ser preenchida com solução de hipoclorito de sódio, solução essa que é utilizada como antimicrobiana e solvente. O alargamento cervical inicial, em síntese, tem como objetivo eliminar possíveis interferências anatômicas. A ampliação do canal resulta em uma limpeza e modelagem melhor. Pois como se refere Lopes (2013, p.455) „„Estudos têm revelado 8 que quanto maior o diâmetro do preparo apical, maior é a redução do número de bactérias de um canal radicular‟‟. Como são utilizadas instrumentações diferentes, mecânicas ou não para remoção da polpa, é extremamente importante que se relacione com cuidado o diâmetro da raiz, com o instrumento empregado, pois esses variam em tamanho, para que não ocorra a remoção excessiva de dentina. De acordo com Estrela (2013, p.82): Considera-se consenso a ideia de que o canal radicular deva estar limpo e modelado antes da obturação. A modelagem realizada deve permitir a acomodação do material obturador em toda a extenção do canal radicular. Além disso, para que as propriedades físico-químicas ocorram normalmente, o canal deve estar completamente seco. [...] O conjunto de ações ou movimentos, que são realizados nas etapas do tratamento endodôntico é chamado de manobras endodônticas. Figura 1 – Caso clínico de demonstração: ocorrência de endodontia. Fonte: Scagliusi – Centro de Reabilitação Bucal As vantagens de certos tipos de instrumentações mecânicas para Lopes (2013) é diminuir o tempo e o esforço empregados, perdidos na instrumentação. No entanto instrumentos mecânicos alargam continuamente, como fazem o movimento de corte deixam os canais com segmentos achatados e áreas não instrumentadas, o que acaba sendo além do que quando usado com as técnicas manuais. O profissional deve indispensavelmente considerar que o mesmo deve estar 9 comprometido com a qualidade do tratamento, e não só com o tempo que pode levar para a realização do mesmo, também porque quanto menor o tempo de instrumentação, menor será o tempo que a solução química auxiliar terá sua atividade solvente e microbiana. Entretanto, alguns Cirurgiões-dentistas indicam o uso de soluções mais concentradas, no caso, do hipoclorito de sódio, mas soluções com concentrações elevadas podem acarretar alterações na composição da dentina, mudando então, o seu comportamento mecânico. 2.2 Endodontia na Anatomia Seguindo o pensamento de Gutmann (2012) os dentes são estruturas fixadas nos alvéolos da mandíbula e maxila. São nominados de incisivos centrais, laterais, caninos, pré-molares e molares. Na parte exterior do dente, mas incluída no periodonto, ou seja, na parte da raiz dos dentes, há o ápice do canal anatômico, forame apical, canal cementário, o periodonto, entre outros. O canal cementário e o canal dentinário formam o canal radicular. Os dois têm perfil de um cone, unidos pelos vértices truncados. O canal dentinário é por sua vez maior que o cementário, com conicidade levemente acentuada, tendo menor diâmetro voltado para o ápice radicular, sendo formado pelas paredes dentinarias onde as mesmas se estendem da embocadura até a junção cemento dentinaria, essa junção é definida como região onde o canal dentinário e sementário se unem. Estrela (2013, p.66) expõe que o „„... Aspecto essencial para um preparo apical mais bem definido e que exerça um papel sanificador, facilitando o selamento, é a determinação do diâmetro anatômico, que deve ser cuidadosamente analisado‟‟. A cavidade pulpar é situada no interior dos dentes, formada por duas porções, que são a câmara pulpar e o canal radicular. Os canais radiculares podem ser classificados quando a sua anatomia, diâmetro e direção. Quanto à anatomia varia em números, tamanho, forma e apresenta diferentes difusões, fusões e estágios de desenvolvimento. Em relação ao diâmetro, este se divide em diâmetro amplo, media-me e atresionado. Já a direção divide-se em retilínea e curvilínea. Pineda & Kuttler (1972) afirmaram que: Para desobstruir, preparar e preencher o canal radicular corretamente é necessário conhecer detalhes de sua morfologia interna. Os canais radiculares podem variar em número, tamanho, forma e apresentar diferentes divisões, fusões, direções e estágios de desenvolvimento [...]. 10 É importante que o Cirurgião-dentista conheça anatomicamente o dente, e saiba observar seus segmentos em radiografias, lembrando que existem dentes unirradiculares e multirradiculares, pois quanto mais canais radiculares o dente possuir o tratamento se torna do mesmo modo complexo, para auxiliar na correta concepção dos procedimentos e anatomia do dente permitirá a chegada dos instrumentos endodônticos á constrição apical, sem ou pouca interferência. E inclusive para um tratamento endodôntico aperfeiçoado e para que não ocorram perfurações erradas que podem levar a perda de algum dente. Pois Balena (2010, p.51) refere se que: Para o tratamento endodôntico de um elemento dental a utilização de uma solução irrigadora é essencial para o sucesso de tratamento. As soluções irrigadoras ideais devem apresentar além da alta capacidade antimicrobiana, propriedades físico-químicas que aumentem a sua efetividade no complexo sistema de canais radiculares [...]. O segmento apical é considerado a região mais critica do sistema de canais radiculares, pela sua limpeza e desinfecção rígida, por isso é denominado zona crítica apical. O diâmetro anatômico corresponde ao primeiro instrumento endodôntico, empregado no segmento do canal radicular. O diâmetro cirúrgico corresponde ao ultimo instrumento endodôntico, empregado no canal radicular. 2.3 Endodontia na microbiologia As agressões de origem biológica são consideradas as principais responsáveis por induzir e manter as alterações nos tecidos pulpares e periapicais, sendo representadas pelos micro-organismos e seus subprodutos. Pois para Lopes (2013, p.105): Os conceitos então vigentes na atualidade, sustentados por evidências científicas sólidas e irrefutáveis, afirmam que micro-organismos exercem um papel chave no desenvolvimento das patologias pulpares e perirradiculares e que o tecido pulpar necrosado, na ausência de infecção, não possui a capacidade de estimular, tampouco de sustentar o desenvolvimento de uma lesão perirradicular [...]. A cárie é a causa mais comum de exposição pulpar. Quando a lesão de cárie destrói uma quantidade suficiente de tecido dentinário, a polpa se torna exposta aos micro-organismos e aos produtos presentes na lesão cariosa e na saliva. Bactérias passam a colonizar a superfície da polpa exposta, resultando na 11 inflamação da polpa. Se o tecido pulpar irá permanecer inflamado por um longo período ou se irá ceder, necrosando, dependerá dos seguintes fatores: número e capacidade de propagação dos micro-organismos, resistência do indivíduo, estado da microcirculação e grau de drenagem do edema gerado durante a inflamação. Como Estrela (2013, p.128) propõe que: A cárie dentária é considerada uma doença infectocontagiosa caracterizada por solubilizar os minerais da dentina a partir de ácidos orgânicos oriundos do metabolismo bacteriano dos carboidratos fermentáveis da dieta, desnaturando seu colágeno e selecionando micro-organismos capazes de sobreviver e crescer em condições ácidas e metabolizar o colágeno desnaturado. Dessa forma, hospedeiro suscetível, microbiota específica e dieta cariogênica representam fatores imprescindíveis à etiologia do processo de cárie. [...] Outra forma dos micro-organismos chegarem à polpa é através de fissuras, rachaduras no esmalte do dente, que muitas vezes são imperceptíveis clinicamente, e que podem auxiliar na penetração e chegada de bactérias nos túbulos dentinários. De acordo com Estrela (2013, p. 128) „„Os traumatismos dentários (como as fraturas coronárias) que afetam os tecidos de sustentação [...] do dente são responsáveis por um expressivo número de inflamações e necrose pulpar‟‟. Conforme Lopes (2013) os túbulos dentinários percorrem toda a dentina, assim, toda vez que a dentina é exposta por lesão, que é gerada pela desmineralização por uma microbiota, que em cáries profundas predominam bactérias anaeróbicas gram-positivas dos gêneros Propoinibacterium sp, Eubacterium sp, Lactobacillus sp, Peptostreptococcus sp e Actinomyces sp, bactérias gram-negativas dos gêneros Prevotella sp e Porphyromonas sp colocando a polpa em risco, devido a facilidade dos micro-organismos em passar pelos túbulos dentinários, chamada de doença periodontal. Traumas e tratamentos incorretos também de acordo com Lopes (2013) são outras formas de exposição pulpar. Uma polpa vital, sadia, exposta por trauma possui uma resistência maior a invasão de bactérias, ocorrendo mais lentamente. A polpa exposta por trauma que tenha permanecido exposta até 48 horas em contato com a microbiota da cavidade é ainda possível a recuperação com um tratamento especifico (capeamento direto). Já se o tempo de exposição for maior que 48 horas, a polpa é considerada infectada, solucionada então, com tratamento endodôntico ou pulpotomia. Mas tudo dependerá o caso, se não for de forma asséptica, havendo 12 contaminação pela saliva ou pelo próprio instrumento que expôs a polpa (brocas contaminadas por cárie, por exemplo) a resposta da polpa dependerá do número e capacidade de propagação de um micro-organismo, do estado de saúde pulpar, do tratamento e das medidas restauradoras a serem instituídas. Verifica-se então, que a intensidade da inflamação pulpar e periapical esta diretamente relacionada com a quantidade de micro-organismos presentes no canal radicular, se os instrumentos são usados de forma asséptica e no tempo de exposição pulpar. De acordo com Torabinejad (2010) a anacorese hematogênica, ou seja, a atração que os tecidos inflamados têm sobre as bactérias da circulação sanguínea é uma causa de infecção pulpar sem exposição. O processo infeccioso começa com o rompimento do feixe vasculho nervoso que penetra pelo forame apical, as bactérias da corrente sanguínea passam então a migrar para a polpa em busca de condições propicias para se estabelecerem, resultando na necrose pulpar. Há diferentes tipos de infecção endodôntica que estão relacionados com diferentes situações clínicas. Estrela (2013, p.130) propõe que „„A reação da polpa dentária aos diferentes agentes agressores pode se manifestar pela inflamação, que, independentemente de sua natureza, acarreta alterações vasculares fundamentais [...]‟‟. A classificação do tipo de infecção endodôntica é baseada na localização da infecção e no momento de estabelecimento microbiano no canal radicular, como infecção intrarradicular primária, causados por micro-organismos que colonizam o tecido pulpar necrosado (morto). Pode ser chamada também de infecção inicial. A microbiota envolvida pode variar de acordo com o tempo de infecção, também pode diferir dependendo do tipo de lesão perirradicular aguda ou crônica. Infecção intrarradicular secundária é causada por micro-organismos que não estavam presentes na infecção primária e que penetram no canal durante o tratamento endodôntico, entre as sessões ou mesmo após a conclusão do tratamento. Infecção intrarradicular persistente é causada por micro-organismos que resistiram aos procedimentos intracanais de desinfecção. Os micro-organismos envolvidos foram membros da infecção primária ou de uma secundária. Infecções persistentes e secundárias podem ser responsáveis por vários problemas clínicos e 13 sintomatologia persistente e fracasso do tratamento caracterizado por persistência ou aparecimento de uma lesão perirradicular. Infecção extrarradicular de acordo com Lopes (2013, p. 118): ...é a forma mais comum de infecção extrarradicular é o abscesso perirradicular agudo. A origem das infecções extrarradiculares é usualmente a infecção intrarradicular que se estendeu para os tecidos perirradiculares [...]. A infecção extrarradicular nos tecidos pode ocorrer no interior de lesões perirradiculares crônicas e persistir se não for realizada corretamente a eliminação dinâmica da infecção intrarradicular, o que acaba por resultar no fracasso da terapia endodôntica. 2.3.1 Micro-organismos em infecções endodônticas Fungos são micro-organismos que podem ser encontrados de duas formas básicas: os bolores (fungos filamentosos multicelulares que consistem de túbulos cilíndricos ramificados) e leveduras (fungos unicelulares com células assumindo uma forma ovalada ou esférica). Mesmo que fungos sejam membros da microbiota oral, em particular dos genêros Candida sp, são, segundo Torabinejad (2010, p.42) „„Encontrados apenas esporadicamente nas infecções primárias‟‟. Archaea ou arqueias metanogênicas têm sido encontradas na placa subgengival associada à doença periodontal. Embora não tenha sido encontrado arqueias em canais com polpas necrosadas, detectou-se que arqueias metanogênicas estão em 25% dos canais de dentes com lesões perirradiculares crônicas. Podendo ser encontradas em infecções primárias. Torabinejad (2010, p.42) expõe que: As arqueobactérias compreendem um grupo altamente diverso de procariotos, diferentes das bactérias, sem patógenos humanos conhecidos. Um estudo encontrou arqueobactérias metanogênicas nos canais de dentes com periodontite apical crônica [...]. Vírus são acelulares, ou seja, não são procariotos e nem eucariotos, mas partículas estruturalmente compostas de uma molécula de ácido nucléico (DNA ou RNA) e uma cobertura proteica. Vírus são inanimados, não replicam por si sós e são parasitas intracelulares obrigatórios que necessitam infectar células vivas. A presença de vírus em canais radiculares só foi relatada em casos de polpas vitais 14 não inflamadas de pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana adquirida (HIV). Pacientes HIV-positivo são mais suscetíveis à coinfecção da lesão perirradicular com herpevírus. Pois como Torabinejad (2010, p.42) expressa: Os vírus não são células, mas partículas inanimadas que não apresentam metabolismo próprio. Como os vírus requerem células hospedeiras viáveis para que possam infectá-las e se replicar, eles não conseguem sobreviver no canal radicular com polpa necrótica. Foram descritos vírus somente nos canais radiculares com polpas vitais não inflamadas de pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana [...]. Infecções sintomáticas são caracterizadas pela presença de uma periodontite apical aguda ou de um abscesso perirradicular agudo. Tem sido sugerido que algumas bactérias anaeróbicas gram-negativas podem estar relacionadas com o desenvolvimento de lesões sintomáticas, entretanto Torabinejad (2010, p.42) explica que: „„Espécies podem estar igualmente distribuídas entre casos sintomáticos e assintomáticos, o que levanta a suspeita de que outros fatores, que não a mera presença de uma dada espécie patogênica suspeita, podem influenciar o desenvolvimento de sintomas‟‟. Além de causarem outros problemas na clínica endodôntica as infecções persistentes ou secundárias são os principais agentes etiológicos do fracasso da terapia endodôntica, caracterizado pela manutenção ou aparecimento de uma lesão perirradicular após tratamento. 3 CONCLUSÃO Com o presente artigo, pode-se compreender que a endodontia é uma área ampla da odontologia, que tem por objetivo prevenir e curar doenças na polpa dental. Quando estas acontecem, a mesma é analisada pelo Cirurgião Dentista, que a partir de radiografias, ou outros métodos, como localizadores apicais, desvendando então, se é realmente um caso de endodontia. Então, após o reconhecimento do caso, são realizadas as manobras endodônticas, que nada mais são que os movimentos realizados no tratamento endodôntico, juntamente com seus passos iniciais como cuidado com a anatomia do dente, assepsia e antissepsia, aberturas coronárias, métodos que seguem, para a realização da retirada da polpa e do canal doente, e também a remoção de 15 possíveis restos que fiquem com métodos de raspagem, dependendo então das escolhas dos profissionais. É de suma importância que o profissional esteja atento às etapas do processo, avaliando qual sua melhor técnica, e ao procedimento restaurador final, com obturações herméticas, para que o tratamento endodôntico possa ter mais eficácia. 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ESTRELA, Carlos. Endodontia laboratorial e clínica. São Paulo: Artes Médicas, 2013. LOPES, Helio P.; SIQUEIRA JR., José Freitas. Endodontia biologia e técnica. São Paulo: Guanabara Koogan, 2013. PINEDA F, KUTTLER Y. Mesiodistal and buccolingual roentgenographic investigation of 7,275 root canals. Oral Surg Oral Med Oral Pathol, 1972. SOARES, Ilson J.; GOLDBERG, Fernando. Endodontia técnica e fundamentos. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. TORABINEJAD, Mahmoud; WALTON, Richard E. Endodontia príncipios e prática. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. GUTMANN, James L.; LOVDAHL, Paul E. Soluções em endodontia: prevenção, identificação e procedimentos. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. (Em: <http://www.sorrisocomsaude.com.br/images/oferecemos/endo2.jpg>. Acesso em: 3 maio 2015) (Em: <http://universidade.veigadealmeida.com.br/sites/all/themes/uva/files/pdf/Livro_ Seminario_Pesquisa_UVA_2010.pdf#page=30>. Acesso em: 6 maio 2015)