UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
LUCAS LEONARDO VIEIRA DOS SANTOS
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE UMA INDÚSTRIA DE
REVESTIMENTO CERÂMICO POR MEIO DE INDICADORES AMBIENTAIS DE
ACORDO COM A NORMA NBR ISO 14031: PROPOSTA DE NOVOS
INDICADORES
Palhoça
2014
LUCAS LEONARDO VIEIRA DOS SANTOS
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE UMA INDÚSTRIA DE
REVESTIMENTO CERÂMICO POR MEIO DE INDICADORES AMBIENTAIS DE
ACORDO COM A NORMA NBR ISO 14031: PROPOSTA DE NOVOS
INDICADORES
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Ambiental e Sanitária, da
Universidade do Sul de Santa Catarina,
como requisito parcial para obtenção do
título de Bacharel.
Orientador: Paulo Fernandes Valadares, Esp
Co-orientadora: Marina Medeiros Machado, Msc
Palhoça
2014
Dedico este trabalho a minha mãe Denise
por todo o amor a mim oferecido e pelo
simples fato de ter se privado por diversas
situações
para
que
pudesse acontecer.
esse
momento
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e ao Mestre Jesus por sempre estar ao meu lado me
protegendo e me orientando nessa experiência que é a vida.
A minha mãe Denise por todo amor, carinho, companheirismo e
dedicação proporcionado, e principalmente por estar presente em todos os
momentos da minha vida apoiando as minhas decisões e acreditando nos meus
sonhos.
A minha companheira Mariana por todo esse amor sublime, na mais
ampla acepção da palavra amor, que vivemos e queremos vivenciar em todos os
dias de nossas vidas.
A toda minha família pelo alicerce que nos faz suportar as situações mais
difíceis. Eles fazem parte desta vitória.
Agradeço a professora Marina Medeiros Machado por ter aceitado o
convite de ser minha co-orientadora, mas principalmente por ter acreditado neste
trabalho e dado o suporte necessário durante este período.
Ao meu orientador Paulo Fernandes Valadares pelo tempo dedicado e por
todo seu conhecimento fornecido zelando pela qualidade do trabalho.
Ao professor José Gabriel da Silva e a Engenheira Mariana Dutra Vieira
por aceitar o convite de ser banca examinadora do meu trabalho.
Agradeço também à Professora Elisa Helena Siegel Moecke pelas
oportunidades que ela me proporcionou e incentivo, norteando vários caminhos de
minha vida.
Agradeço à Aline, que sempre se mostrou solícita quando precisei,
repassando todo seu conhecimento dentro do Laboratório de Engenharia Ambiental
e Sanitária.
E por fim, agradeço aos meus grandes amigos de infância, os Ganâncias,
os Coyot’s e os Depravados, pelos bons momentos a serem relembrados. E aos
novos amigos que fiz no decorrer dessa trajetória, Luli, Vitinho, Andrézinho, Nico e
Guilerminho, com os quais formei um forte laço de amizade, além de todos os
colegas da universidade.
Muito obrigado!
“E toda sabedoria é vã exceto quando existe trabalho, e todo trabalho é
vazio exceto se houver amor.” (Gibran Khalil Gibran)
RESUMO
Com a crescente preocupação das indústrias com relação aos seus impactos
ambientais,
empresas
buscam
melhorar
seus
procedimentos
gerenciais,
operacionais e estratégicos para garantir uma gestão mais eficiente dos processos
produtivos. O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) de uma organização exerce
papel fundamental para o gerenciamento e controle de suas ações sobre o meio
ambiente. Diante do exposto, o objetivo principal deste trabalho é propor novos
Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA), de acordo com a norma ABNT NBR
ISO 14031 de 2004, para uma indústria de revestimento cerâmico, localizada na
região da Grande Florianópolis (SC), por meio da Avaliação do Desempenho
Ambiental (ADA) dos indicadores já existentes, relacionados às entradas de insumos
(água, gás natural e energia elétrica) e saídas (resíduos sólidos). As atividades
desempenhadas neste trabalho contemplaram três macro etapas: Avaliação do
Desempenho Ambiental da organização, Definição de novos indicadores ambientais
e Classificação dos novos indicadores ambientais. Os resultados obtidos através dos
indicadores de desempenho avaliados apresentaram para consumo de água 17,04
Litros de água tratada e 13,94 Litros de água bruta; para consumo de gás natural
2,89 m³; para consumo de energia elétrica 29 kWh; e para geração de resíduos 3,66
kg, todos os valores por m² de produto acabado. Observou-se que a adoção dos
IDAs propostos permitirá que a organização passe a ter domínio do seu
desempenho ambiental e que assim tenha condições de aprimorar sua gestão,
visando à melhoria do desempenho e a busca pela sustentabilidade produtiva.
Palavras-chave: Sistema de Gestão Ambiental; Avaliação de Desempenho
Ambiental; Indicador de Desempenho Ambiental; Indústria de revestimento
cerâmico; processo produtivo.
ABSTRACT
With the growing concern of industries with respect to their environmental impacts,
companies looking to improve their managerial, operational and strategic to ensure a
more efficient management of production processes procedures. The Environmental
Management System (EMS) of an organization plays a key role in the management
and control of their actions on the environment. Given the above, the main objective
of this work is to propose new Environmental Performance Indicators, according to
standard ISO 14031, 2004, for an industry of ceramic tiles, located in the Greater
Florianópolis (SC) region, through the Environmental Performance Evaluation of
existing, related to the inputs of inputs (water, natural gas and electricity) and outputs
(solid waste) indicators. The activities performed in this work contemplated three
macro steps: Environmental Performance Evaluation of the organization, setting new
environmental indicators and classification of novel environmental indicators. The
results obtained through the performance indicators evaluated had to water
consumption of 17.04 liters and 13.94 liters treated water from raw water; for natural
gas consumption 2.89 m³; consumption to 29 kWh of electric energy; and 3.66 kg of
waste generation, all values per m² of finished product. It was observed that the
adoption of the proposed Environmental Performance Indicators enable the
organization to go to master their environmental performance and thus is able to
improve its management, aimed at improving the performance and the search for
productive sustainability.
Key Words: Environmental Management System; Environmental Performance
Evaluation; Indicator Environmental Performance; Ceramic tile industry; Production
process.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 12
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 13
1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 13
1.3.2 Objetivo Específico ........................................................................................ 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 14
2.1 ORIGEM DA CERÂMICA .................................................................................... 14
2.2 CARACTERISTICAS DO SETOR CERÂMICO ................................................... 14
2.3 CENÁRIO INDUSTRIAL CERÂMICO.................................................................. 15
2.3.1 Cenário Industrial Cerâmico Mundial ........................................................... 15
2.3.2 Cenário Industrial Cerâmico Brasileiro ........................................................ 17
2.3.3 Cenário Industrial Cerâmico Catarinense .................................................... 18
2.4 PROCESSO PRODUTIVO DA EMPRESA ......................................................... 19
2.5 A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL ........................................................................ 22
2.6 GESTÃO AMBIENTAL INDUSTRIAL .................................................................. 23
2.7 LEGISLAÇÃO E NORMAS AMBIENTAIS PARA AS INDÚSTRIAS .................... 24
2.8 SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL (SGA) ...................................... 28
2.9 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL .................................................. 32
2.10 INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL ............................................ 35
3 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 39
3.1 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL .................................................. 39
3.1.1 Coleta de Dados ............................................................................................. 40
3.1.2 Interpretação e avaliação dos indicadores .................................................. 40
3.2 DEFINIÇÃO DE NOVOS INDICADORES ........................................................... 40
3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS NOVOS INDICADORES ............................................... 41
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 42
4.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL .................................................. 42
4.1.1 Consumo de água .......................................................................................... 43
4.4.2 Consumo de gás natural................................................................................ 45
4.1.3 Consumo de energia elétrica ........................................................................ 47
4.1.4 Geração de resíduos ...................................................................................... 49
4.1.5 Definição dos novos indicadores ................................................................. 51
4.1.6 Classificação dos novos indicadores........................................................... 52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 58
6 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................................... 59
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 60
APÊNDICES ............................................................................................................. 65
APÊNDICE A – Fotos ilustrativas do processo produtivo ................................... 66
11
1 INTRODUÇÃO
O crescimento da consciência sobre os problemas ambientais surgiram a
partir da reflexão sobre os padrões de vida incompatíveis com o processo de
regeneração do meio ambiente, inserindo assim o conceito de desenvolvimento
sustentável em nosso meio (VAN BELLEN, 2005).
De acordo com Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000), a partir dos anos 60,
a industrialização desenfreada e a alta concentração populacional nas áreas
urbanas provocaram profundos impactos no meio ambiente, tanto físico como
econômicos e sociais, provendo a atividade industrial como um fator determinante
nas transformações ocorridas.
Uma das exigências mais prementes para qualquer organização, de grande,
médio ou pequeno porte é fixar-se num mercado cada vez mais competitivo e
preocupado com as questões de eficiência, qualidade e sustentabilidade nos
processos produtivos e incorporando em seus custos àqueles relacionados à
questão ambiental. Para atingir a eficiência é preciso planejamento e organização
dos procedimentos, estabelecendo metas factíveis, identificando as causas, e
buscando, resolver os problemas mais simples e implantando as medidas corretivas
necessárias para atender todas as exigências.
Segundo Campos e Melo (2008), nas últimas décadas, o cenário mundial de
avanços tecnológicos enfatiza assuntos relacionados à preservação ambiental. A
gestão ambiental se tornou uma importante ferramenta de modernização,
competitividade e marketing para as organizações.
Assim, surge a necessidade das empresas buscarem um Sistema de
Gerenciamento Ambiental (SGA) que possa ser aplicado nas organizações para que
o processo produtivo seja reavaliado continuamente, refletindo na busca por
procedimentos, mecanismos e padrões comportamentais menos nocivos ao meio
ambiente. (CAMPOS; MELO, 2008)
No ano de 1972, em Estocolmo na Suécia, foi realizada a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, que teve como principal objetivo guiar os
países, principalmente os em desenvolvimento, na busca da preservação e melhoria
do meio ambiente em conjunto com o desenvolvimento econômico. A participação
brasileira na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente foi muito
importante, no sentido de desafiar as autoridades para intensificação do processo
12
legislativo, na busca da proteção e preservação do meio ambiente, porém foi na
década de 80 que a legislação ambiental teve maior impulso (JUNG, 2014).
De forma a nortear as empresas na implantação de um Sistema de Gestão
Ambiental eficiente e avaliação contínua do mesmo, surgiram as normas da série
ISO 14000, para garantir a melhoria do sistema. Buscando sucesso nos resultados
ambientais, visando uma maior competitividade no mercado, as empresas
monitoram um conjunto de indicadores de desempenho ambiental, de maneira a
mensurar seu desempenho ambiental e verificar oportunidades de melhoria no seu
Sistema de Gerenciamento Ambiental (VIEIRA, 2011).
1.2 JUSTIFICATIVA
Tornar as empresas sustentáveis e competitivas, buscando o equilíbrio na
utilização de insumos nos processos produtivos, pode vir a ser uma possibilidade de
oferecer maior qualidade de vida para as gerações futuras (MELO, 2006).
A busca por melhorias de desempenho ambiental nos processos de produção
de peças cerâmicas, que proporcionam o uso eficiente de recursos naturais,
minimizando perdas de processos, estimula a melhoria contínua e a busca por um
mercado competidor no âmbito nacional e internacional (BARBIERI, 2011).
Segundo Barbieri (2011), as técnicas sustentáveis justificam o tripé da
sustentabilidade empresarial, que busca o desenvolvimento, igualando fatores
financeiros, ambientais e sociais.
Ao mensurar indicadores de desempenho ambiental com intuito de interpretálos de forma sistêmica e integrada sobre a empresa em estudo, é possível definir
objetivos e metas de melhoria na performance ambiental organizacional,
proporcionando tomadas de decisões com perspectiva de ganhos financeiros para
organização, além de proporcionar parâmetros e processos mais limpos (BARBIERI,
2011).
Sendo assim, toda organização que deseja ser certificada pela norma NBR
ISO 14001, necessita que seu Sistema de Gestão Ambiental (SGA) monitore,
interprete e avalie seus indicadores de desempenho, visando um gerenciamento
eficaz e melhoria continua.
Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo a proposição de indicadores
ambientais, de acordo com a norma NBR ISO 14031 para uma indústria de
13
revestimento cerâmico por meio da avaliação do desempenho ambiental dos
indicadores já existentes.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é a proposição de indicadores ambientais, de
acordo com a norma NBR ISO 14031, para uma indústria de revestimento cerâmico
por meio da avaliação do desempenho ambiental dos indicadores já existentes.
1.3.2 Objetivo Específico

Compreender o conteúdo da norma NBR ISO 14031;

Levantar os indicadores de desempenho ambiental já existente da indústria
de revestimento cerâmico;

Avaliar os indicadores de desempenho ambiental identificados na indústria de
revestimento cerâmico;

Propor novos indicadores de desempenho ambientais (IDA) para processos
de produção;

Classificar os novos indicadores de desempenho ambiental a nível gerencial
(IGD), operacional (IDO) e de condição ambiental (ICA).
14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 ORIGEM DA CERÂMICA
As peças cerâmicas foram descobertas em diversos sítios arqueológicos por
volta de 8 mil anos atrás em áreas ocupadas pela cultura Jomon1 no Japão. Após
esse período foi se espalhando por todo o mundo, principalmente no continente
europeu e asiático. A utilização da cerâmica em países como China se deu início por
volta de 5 mil anos atrás, na forma de utensílios diversos. O mais tradicional eram os
vasos feitos de cerâmica branca. O material podia ser encontrado até mesmo nos
túmulos de guerreiros chineses e tumbas dos faraós do Egito antigo (OLIVEIRA,
2006).
Com propriedades únicas e características distintas permitiram que a
cerâmica fosse utilizada na construção de casas, vasilhames para uso doméstico e
para o armazenamento de alimentos, óleos, perfumes e até mesmo como superfície
de escrita. A utilização da cerâmica sempre esteve associada ao design e estilos
únicos de diversas culturas ao redor do mundo, que, com o passar do tempo,
consolidavam tendências e evoluíam no aprimoramento artístico (ANFACER, 2014).
2.2 CARACTERISTICAS DO SETOR CERÂMICO
A indústria de revestimento cerâmico é de capital intensivo, constituído como
um segmento de transformação, inserido no ramo de materiais não metálicos, em
função
de
diversos
fatores,
especificando,
matérias
primas
empregadas,
propriedades e utilização dos produtos fabricados. Oliveira (2006) aponta que os
diversos segmentos que compõem o setor cerâmico apresentam características
diferentes, por isso, os produtos podem ser classificados da seguinte forma:
1
Nome da primeira civilização japonesa. Os Jomon deixaram vestígios de sua ocupação através de
peças de cerâmica. Jomon significa padrões de corda, porque as decorações em desenhos pareciam
feitas por uma corda. O povo Jomon igualmente fazia figuras de barro e vasos decorados com
padrões de uma crescente sofisticação feitos ao modelar o barro molhado com cabos, trançados ou
não trançados, e paus (HABU, 2004).
15

Cerâmica Branca: corresponde a uma massa de coloração branca isenta de
óxido de ferro, quando queimadas a temperaturas usuais de 940ºC ou
1250ºC. Exemplo: louça de mesa, louça sanitária e isolantes térmicos.

Cerâmica de Revestimentos: As placas cerâmicas são aplicadas em
revestimento de pisos e paredes de ambientes residenciais, comerciais,
industriais e públicos, recebendo assim, diversas designações, tais como:
azulejo, pastilha, porcelanato, grês, lajota, piso, entre outros.

Cerâmica vermelha: material de coloração vermelha (tijolos, telhas, lajes,
dentre outros).

Materiais Refratários: Geralmente utilizados em equipamentos industriais,
sujeitos a esforços mecânicos, variações de temperaturas e condições
específicas são dimensionados e constituídos com intuito de suportar as
condições mencionadas.
Além das utilidades supracitadas a indústria cerâmica está inserida na
fabricação de isolantes térmicos, cerâmica de alta tecnologia, vidrado fritado,
corantes, abrasivos, vidro, cimento e cal.
Em relação ao produto, que provem do grego conhecido como "kéramos"
(terra queimada), possui um alto grau de plasticidade e facilidades de molde quando
umedecido. Depois de submetida à secagem para retirar a maior parte da água, a
peça moldada é submetida a altas temperaturas (em torno de 1.000º C), que lhe
atribuí rigidez e resistência mediante a fusão de certos componentes da massa e,
em alguns casos, fixando os esmaltes na superfície. Dentre outras vantagens estão
a alta durabilidade, beleza e diversidade; versatilidade, facilidade de limpeza, fácil
colocação e disponibilidade de insumos (ANFACER, 2014).
2.3 CENÁRIO INDUSTRIAL CERÂMICO
2.3.1 Cenário Industrial Cerâmico Mundial
Conforme aponta a Anfacer (2014), o mercado internacional de revestimentos
cerâmicos continuou sofrendo com a crise que abalou a economia em 2008, porém
a consistência que o setor da construção civil provocou no mercado americano
16
gerou um cenário otimista na economia mundial principalmente para os grandes e
pequenos fabricantes de cerâmica.
Outro aspecto igualmente importante durante o desenvolvimento desse setor
ocorreu anteriormente, durante as décadas de 70 e 80, se tratando do contínuo
desenvolvimento tecnológico da indústria e a utilização do produto sob diferentes
aplicações e ambientes (ANFACER, 2014).
Desde os primórdios até início do século XX os gregos produziram as
melhores peças de cerâmica do mundo mediterrâneo. Porém, a China sempre
alcançou patamares superiores, tornando-se o maior produtor e consumidor mundial
de cerâmica. Já no século XXI a crescente incorporação de conceitos de
sustentabilidade no setor está diretamente vinculada à utilização de energias
renováveis e incorporações de técnicas e procedimentos que buscam a minimização
dos impactos sob a perspectiva ambiental. Atualmente países como Itália e
Espanha, cuja produção se concentra nas regiões de Sassuollo e Castellón,
respectivamente, superaram a qualidade de produtos oferecidos pela Grécia. A
estratégia competitiva dessas regiões baseia-se em design, qualidade, marca e
sustentabilidade (ANFACER, 2014).
Os principais produtores mundiais são em ordem decrescente: China, Brasil,
Índia, Irã e Itália. A produção mundial de revestimentos cerâmicos segue uma
tendência de crescimento. Os gráficos 1 e 2 demonstram os cinco maiores
produtores e consumidores de cerâmica, respectivamente, no ano de 2012,
destacando o Brasil na segunda posição. Porém, em relação à exportação o país
ocupa a quinta colocação, concentrando sua produção no mercado interno.
17
Gráfico 1 – Os cinco maiores produtores de cerâmica no Mundo, no ano de 2012.
8000
7400
7000
Produção 2012 (milhões de m2)
6000
5000
4000
3000
2000
865,9
1000
680
532
376
Índia
Iran
Itália
0
China
Brasil
Fonte: ANFACER, 2014.
Gráfico 2 - Os cinco maiores consumidores de cerâmica no Mundo, no ano de 2012.
7000
6281
6000
Consumo 2012 (milhões de m2)
5000
4000
3000
2000
803,3
1000
688
440
392
Iran
Vietnã
0
China
Brasil
Índia
Fonte: ANFACER, 2014.
2.3.2 Cenário Industrial Cerâmico Brasileiro
A indústria cerâmica brasileira representa participação estimada superior a
1% do PIB, desempenhando assim um importante papel na economia do país. Essa
evolução no país ocorreu devido à abundância de matérias primas natural, fontes de
energia
e
disponibilidade
de
tecnologias
embutidas
nos
equipamentos,
principalmente a região Sudeste e Sul, em razão da maior densidade demográfica,
18
infraestrutura, distribuição de renda, associada à disponibilidade de matéria prima,
energia, centros de pesquisa, universidades e escolas técnicas (ABC, 2014).
O município de Criciúma, ao sul do Estado de Santa Catarina, é um grande
pólo internacional do setor cerâmico. Nessa região as empresas produzem com
tecnologia via úmida e competem por design e marca, em faixas de preços mais
altas. Em São Paulo, a produção está distribuída em dois pólos: Mogi Guaçú e
Santa Gertrudes. A região metropolitana de São Paulo conta com algumas
empresas, mas não se configura um pólo. As empresas da capital paulista e Mogi
Guaçú produzem com tecnologia Via Úmida, enquanto em Santa Gertrudes a
tecnologia utilizada pela maioria das empresas é Via Seca (ABC, 2014).
Para tanto, Anfacer (2014) descreve fatores que impulsionam os desafios a
serem superados para o crescimento sustentável do setor, também relaciona a
agregação de valor dos produtos cerâmicos brasileiros com base em três pontos
positivos da economia: o sistema gerencial (velocidade na tomada de decisão e
informatização), técnicas de produção e disponibilidade de insumos (matériasprimas minerais e energia).
Anfacer (2014) destaca a necessidade do fortalecimento da área comercial
nas principais empresas do setor cerâmico no Brasil, incluindo o desenvolvimento de
uma estrutura de marketing e o estabelecimento de novas marcas, melhoria
contínua na qualidade dos produtos (inovação, design e sustentabilidade) e o
aprimoramento do suprimento de matérias-primas minerais (produtividade, controle e
qualidade).
2.3.3 Cenário Industrial Cerâmico Catarinense
Santa Catarina é um dos principais produtores de cerâmica de revestimento
do Brasil, correspondendo cerca de 30% da produção brasileira, a quarta maior do
mundo, e por cerca de 70% das exportações, estando instaladas no Estado as
maiores e mais modernas cerâmicas do país (CAMPOS; NICOLAU; CÁRIO, 1998).
Dentre as regiões que concentram a maior produtividade cerâmica, está a
região de Criciúma, em Santa Catarina, que tem reconhecimento como pólo
internacional, e concentra as maiores empresas brasileiras.
19
Como dito anteriormente, nessa região as empresas produzem com
tecnologia via úmida e competem por design e marca, em faixas de preços mais
altas.
2.4 PROCESSO PRODUTIVO DA EMPRESA
Os processos produtivos, de uma maneira geral, necessitam de entradas
(inputs) e saídas (outputs). O fluxograma de processos auxilia no entendimento do
processo produtivo como um todo, e através deste é possível estruturar e medir um
conjunto de atividades destinadas a resultar em um produto especificado para um
determinado cliente ou mercado. É uma ordenação específica das atividades de
trabalho, no tempo e no espaço, com um começo e um fim, e inputs e outputs
claramente definidos: uma estrutura voltada para a ação (MAFRA, 1999).
Para o melhor entendimento do processo e o conhecimento dos elementos
que o compõe, Cruz (2003) sugere que seja realizado um diagrama com o macrofluxo do processo, pois através do macro-fluxo (Figura 1) é possível conhecer
qualquer processo de forma resumida, por meio dos principais elementos contidos
nele.
Figura 1 – Macro-Fluxo de um processo genérico.
Fonte: Cruz, 2003.
O
desenvolvimento
de
um
fluxograma
de
processo
detalhando
macroprocessos (processos mais abrangentes de uma organização), processos (as
subdivisões dos macroprocessos) e/ou subprocessos (as subdivisões dos
20
processos)
pode
ser
considerada
um
importante
ferramenta
de
gestão,
primeiramente porque uma análise detalhada permite desenvolver análises
relacionando o fluxo qualitativo de matéria-prima, água e energia (inputs), e ainda,
permite a visualização relacionada a resíduos, efluentes ou emissões (outputs). A
descrição dos processos é considerada a base para levantar dados necessários
para desenvolvimento de estratégias relacionadas a propostas de não-geração,
minimização, recuperação ou demais fins que garantam o desenvolvimento
sustentável das atividades desenvolvidas pela organização (HARRINGTON, 1993).
A empresa onde o estudo foi realizado utiliza-se para fabricação de seus
produtos o processo via úmida, assim, segue abaixo um fluxograma do macroprocesso produtivo:
Figura 2 – Macro-processo produtivo via úmida.
Fonte: Autor, 2014.
I.
Preparação de Massa: No processo industrial, as matérias-primas utilizadas,
provenientes de jazidas próprias ou de terceiros, são estocadas no interior da
fábrica. A dosagem de cada matéria-prima é feita segundo uma formulação
percentual fornecida pelo laboratório, com base nos resultados obtidos em
testes. A matéria-prima, posteriormente é, então, transportada por correias
até os moinhos. Após a moagem, tem-se como produto a barbotina, que é
estocada em tanques apropriados. Depois ela é bombeada até o atomizador,
que retira a água em excesso e confere ao pó atomizado umidade e
granulometria (distribuição de tamanho dos grãos que facilita a compactação)
uniformes, ideais para o processo de prensagem.
21
II.
Prensagem e Secagem: O pó atomizado é alimentado em cavidades da
prensa e submetido a uma pressão específica, tendo sua forma definitiva
denominada bolacha cerâmica que, posteriormente, é secada garantindo que
quase toda a água contida na peça seja eliminada.
III.
Esmaltação: Para realizar o processo de esmaltação devem-se seguir
algumas etapas para garantir a qualidade do produto: pós-secagem,
aplicação de água, aplicação de engobe, aplicação de esmalte e decoração
serigráfica.
IV.
Queima: É efetuada a queima da peça cerâmica nos fornos, logo após o
processo de esmaltação no produto. O processo de queima é o que dá ao
material as propriedades adequadas ao uso: dureza mecânica, resistência às
águas, as intempéries e aos agentes químicos. Nos fornos a peça adquire
resistência mecânica, abrasiva e baixa absorção que o produto adquire suas
características finais, tais como alta resistência mecânica, alta resistência à
abrasão e baixa absorção. Antes da queima e após a esmaltação podemos
ver dois tipos de resíduos, o chamote e o caco cerâmico.
V.
Escolha: Na saída de cada forno está instalada a linha de escolha
automática. Nela, os defeitos superficiais são identificados visualmente pelo
colaborador, enquanto os dimensionais são verificados por equipamentos
eletrônicos apropriados. Após os processos de escolha e classificação, as
peças são encaixotadas, identificadas, paletizadas e, em seguida, estocadas
na expedição. Devem-se estruturar indicadores que interpretem cada uma
das etapas de produção em específico, porém é importante fornecer
parâmetros de comparação como um todo. Exemplo disso é um indicador
proposto na etapa de escolha de peças com qualidade (última etapa do
processo produtivo) estar associado e em harmonia com indicadores ou
fontes que alimentem tais indicadores no processo de preparação de massa
(primeira etapa do processo).
Para ilustração do processo produtivo da empresa, segue destacado no
Apêndice A deste trabalho as fotos de cada etapa.
22
2.5 A PROBLEMÁTICA AMBIENTAL
A atividade industrial tornou-se marco de desenvolvimento após a Revolução
Industrial, mas, além do progresso, trouxe consigo algo que se transformou em
preocupação: os resíduos de produção, pois as atividades industriais são
responsáveis por uma expressiva parcela dos impactos globais do meio ambiente.
A empresa relaciona-se com o meio ambiente causando impactos de
diferentes tipos e intensidades, seja em relação ao ar, água, solo ou biodiversidade.
Já é bastante amplo o conjunto de evidências que relacionam o desempenho de
uma empresa com seus compromissos frente ao meio ambiente. Segundo Barbieri
(2011), em um processo produtivo, a matéria prima entra na indústria e sofre
alterações até se transformar no produto acabado. Durante esse processo, são
consumidos insumos e gerados resíduos, de onde se conclui que qualquer processo
produtivo requer recursos e gera resíduos. Uma empresa ambientalmente
responsável procura minimizar os impactos negativos e amplificar os positivos. Deve
agir para a manutenção e melhoria das condições ambientais, minimizando ações
próprias potencialmente agressivas ao meio ambiente.
No processo de tomada de decisões e organização estratégica, poucas
indústrias reconhecem a necessidade de proteger, valorizar e renovar os recursos
naturais, tão importantes para a sua sobrevivência. As legislações ambientais e os
critérios de certificação da ISO 14001 se tornaram cada vez mais rígidas, fazendo
com que as indústrias tivessem que adaptar seus processos industriais. As grandes
indústrias estão pressionando cada vez mais os seus fornecedores e prestadores de
serviços, para que os mesmos passem a ter uma preocupação ambiental. Aquelas
que possuem matrizes localizadas nos países desenvolvidos sofrem fortes pressões
de suas populações, que apresentam grandes exigências ambientais no consumo.
Além disso, em virtude da forte competitividade do comércio internacional, as
indústrias procuram aumentar seus lucros, diminuindo custos, e a questão ambiental
tem sido uma das formas de proporcionar competitividade no novo contexto da
economia mundial (ANTÔNIO, 2011).
Assim, o papel das indústrias deve ser o de um agente de transformação e de
desenvolvimento nas comunidades, participando ativamente dos processos sociais e
ecológicos que estão no seu entorno e procurando obter legitimidade social pelo
23
exemplo, e não mais unicamente pela sua capacidade de produzir (ANTÔNIO,
2011).
Energia elétrica, matéria-prima, recursos humanos, recursos naturais, entre
outros, são aspectos ambientais que devem ser considerados na indústria de
revestimento cerâmico. Assim, os principais impactos ambientais que podem resultar
do processo produtivo da indústria cerâmica envolve o consumo de água, o
consumo de recursos naturais, consumo energético, a geração de resíduos sólidos e
líquidos, a emissão de material particulado e as emissões gasosas (NUNES, 2012).
2.6 GESTÃO AMBIENTAL INDUSTRIAL
A gestão ambiental tem por objetivo analisar a questão do meio ambiente a
partir da interação entre os meios social e físico-natural (BERTÉ, 2007).
Como as questões ambientais estão se tornando atividades obrigatórias nas
pautas da empresas, as organizações deverão incorporar a variável ambiental na
prospecção de seus cenários e na tomada de decisão, além de manter uma postura
responsável a essas questões (DONAIRE, 2010).
De acordo com Donaire (2010), quando se considera a questão ambiental do
ponto de vista empresarial, a primeira dúvida que surge diz respeito ao aspecto
econômico. A ideia que prevalece é de que qualquer providência que venha a ser
tomada em relação à variável ambiental traz consigo o aumento de despesas e o
conseqüente acréscimo dos custos do processo produtivo.
Algumas empresas, porém, têm demonstrado que é possível ganhar
dinheiro e proteger o meio ambiente mesmo não sendo uma organização
que atua no chamado “mercado verde”, desde que as empresas possuam
certa dose de criatividade e condições internas que possam transformar as
restrições e ameaças ambientais em oportunidades de negócios.
(DONAIRE, 2010, p. 51)
Segundo Barbieri (2011), é necessário que se tenha uma mudança na atitude
dos executivos das organizações para que se busque a solução ou amenização dos
problemas ambientais.
As empresas que desfrutam da sustentabilidade como foco de gestão com
base na satisfação das necessidades de clientes, acionistas, fornecedores está
associada a diversos fatores, dentre eles, pode-se citar, a utilização de recursos de
forma sustentável, mantendo um equilíbrio junto ao meio ambiente natural, utilizando
24
tecnologias limpas, reutilizando, reciclando ou simplesmente renovando recursos
naturais. Essas empresas com auxílio de diversas ferramentas que tem como foco
beneficiar a sustentabilidade dos processos tornam-se capazes de buscar renda
suficiente para se sustentar e serem capazes de restaurar qualquer dano a que
venham causar, ou simplesmente solucionar problemas sociais ao invés de
exacerbá-los (BARBIERI, 2011).
Segundo Donaire (2010), as empresas não podem apenas se preocupar em
atender as normas e legislações ambientais associadas, em virtude da possibilidade
de aplicação de multas e sanções, mas precisam também enxergar oportunidades e
vantagens em atender a legislação ambiental, almejando até diferentes posições na
concorrência, sua permanência ou saída do mercado.
2.7 LEGISLAÇÃO E NORMAS AMBIENTAIS PARA AS INDÚSTRIAS
Para que se possa buscar um estado de excelência quanto às questões
ambientais, e assim, amenizar os impactos causados ao meio ambiente, é
necessário que existam leis para regulamentar as atividades industriais. Em 1972 a
Organização das Nações Unidas (ONU) organizou a I Conferência Mundial sobre o
Meio Ambiente, que resultou na criação de órgãos de proteção ambiental em
diversos países.
No Brasil, a mais importante lei ambiental criada neste contexto é a Lei 6.938,
de 17 de janeiro de 1981, a qual institui a Política Nacional de Meio Ambiente e
define que o poluidor é obrigado a indenizar os danos ambientais causados por ele
ao meio ambiente e a terceiros, independentemente de culpa (BRASIL, 1981).
Quanto às principais normas ambientais aplicáveis à indústria tem-se:
Quadro 1 - Principais Normas Ambientais aplicáveis à indústria
Legislação
Lei 6.938/1981
Lei 7.347/1985
Ementa
Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e
dá outras providências.
Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por
danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico,
turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras
providências.
25
Legislação
Decreto Federal
99.274/1990
Ementa
Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e
a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem,
respectivamente sobre a criação de Estações
Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e sobre a
Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras
providências.
CONAMA 006/1988
Elaboração de inventários de seus resíduos e as regras
especiais para obras de grande porte relacionadas à
geração de energia elétrica.
Dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento
industrial nas áreas críticas de poluição, e dá outras
providências.
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, e dá outras providências.
Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera
a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências.
Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
como estabelece as condições e padrões de
lançamento de efluentes, e dá outras providências.
Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento
de efluentes, complementa e altera a Resolução no
357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional
do Meio Ambiente-CONAMA.
Institui o Código Estadual do Meio Ambiente e
estabelece outras providências.
Lei 6.803/1980
Lei 9.605/1998
Lei 12.305/2010
CONAMA 357/2005
CONAMA 430/2011
Lei 14.675/2009
Fonte: Autor, 2014
De acordo com a Ambiente Brasil (2014), a Norma BS 7750 especifica os
requisitos para o desenvolvimento, implantação e manutenção de sistemas de
gestão ambiental que visem garantir o cumprimento de políticas e objetivos
ambientais definidos e declarados. A norma não estabelece critérios de desempenho
ambiental específicos, mas exige que as organizações formulem políticas e
estabeleçam objetivos, levando em consideração a disponibilização das informações
sobre efeitos ambientais significativos.
A BS 7750 aplica-se a qualquer organização que deseje:

Garantir o cumprimento a uma política ambiental estabelecida;

Demonstrar este cumprimento a terceiros.
26
A elaboração da norma britânica BS 7750 foi confiada pelo Comitê Normativo
de Gerenciamento Ambiental a um Comitê Técnico Especial (ESS/1), no qual
inúmeras organizações empresariais, técnicas, acadêmicas e governamentais
estavam representadas.
A BS 7750 foi formulada de forma a permitir que qualquer organização,
independente do seu porte, atividade ou localização, estabeleça um sistema de
gerenciamento efetivo, como alicerce para um desempenho ambiental seguro e para
os procedimentos de auditoria ambiental. Ela declara que os aspectos da gestão de
saúde ocupacional e segurança não foram abordados. Entretanto, não visa impedir
que uma organização os inclua ou integre em seu Sistema de Gestão Ambiental.
Vale observar que a norma foi formulada com o propósito de que o Sistema
de Gestão Ambiental (SGA) não precise ser implementado de forma independente,
mas sim através da adaptação dos componentes do gerenciamento de uma
organização.
A série ISO 14.000 dá orientação para a obtenção dos Certificados de Gestão
Ambiental. Além disso, apresenta grandes novidades em termos de processamento
e qualificação dos produtos, indica princípios gerais para auditoria ambiental e cria o
selo
verde,
como
instrumento
de
garantia
de
adaptação
dos
produtos
potencialmente danosos ao meio ambiente (ANTÔNIO, 2011).
Segundo Antônio (2011), a adoção pelo mercado mundial da série ISO 14000
trouxe benefícios às indústrias que se sujeitarem as suas exigências, pois possibilita
orientar quanto ao caminho certo do desenvolvimento sustentável com o mínimo de
prejuízo ambiental, aliando desenvolvimento e preservação.
No Brasil, muitas indústrias obtiveram a certificação ambiental, adequando
seus parques industriais de forma a produzir com o menor impacto ambiental
possível.
O Quadro 2 apresenta as normas da série ISO 14000:
Quadro 2 – Normas para a série ISO 14000.
Número
ISO
14000
14001
Título
Sistema de gestão ambiental – Diretrizes gerais.
Sistemas de gestão ambiental – Especificação e diretrizes
para uso (NBR ISO 14.0001, emitida em 2004).
27
Número
ISO
14004
14010
14011
14012
14014
14015
14020
14021
14022
14023
14024
14031
14032
14040
14041
14042
14043
14050
ISO Guide
64
Título
Sistemas de gestão ambiental – Diretrizes gerais sobre
princípios, sistemas e técnicas de apoio (NBR ISO 14.004,
emitida em 2004).
Diretrizes para auditoria ambiental – Princípios gerais (NBR
ISO 14.010, emitida em 2004).
Diretrizes para a auditoria ambiental – Procedimentos de
auditoria – Auditoria de sistemas de gestão ambiental (NBR
ISO 14.011, emitida em 2004). Norma substituída pela ISO
19.011, que unifica os procedimentos de auditoria da ISO
9.000 e ISO 14.001.
Diretrizes para auditoria ambiental – Critérios de
qualificação para auditores ambientais (NBR 14.012,
emitida em 2004).
Diretrizes para auditoria ambiental – Diretrizes para a
realização de avaliações iniciais.
Diretrizes para auditoria ambiental – Guia para avaliação
de locais e instalações.
Rotulagem ambiental – Princípios básicos.
Rotulagem ambiental – Definições para aplicação
específica e autodeclarações.
Rotulagem ambiental – simbologia para os rótulos.
Rotulagem ambiental – Metodologias para testes e
verificações.
Rotulagem ambiental – Procedimentos e critérios para
certificação.
Avaliação de desempenho ambiental.
Avaliação de desempenho ambiental de sistemas
operacionais.
Análise do ciclo de vida – Princípios gerais.
Análise do ciclo de vida – Inventário.
Análise do ciclo de vida – Análise dos impactos.
Análise do ciclo de vida – Usos e aplicações.
Gestão ambiental – Termos e definições – Vocabulário.
Guia de inclusão dos aspectos ambientais nas normas para
produto.
Fonte: Antônio (2011, p.58).
Como ferramenta para atingir o objetivo deste trabalho, utilizou-se a ISO
14031 da série ISO 14000, com o intuito de avaliar o desempenho ambiental da
empresa de revestimento cerâmico em questão. Para melhor compreensão do
assunto, o tema foi abordado na seção 2.9.
28
2.8 SISTEMA DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL (SGA)
A implantação de um sistema de gerenciamento ambiental é a maneira que
as organizações encontram para obter melhorias de desempenho ambiental.
Segundo Maimon (1996), medidas de gestão ambiental alteram a imagem da
empresa para fins institucionais, e estão se constituindo cada vez mais como
prioridades em suas etapas futuras de gestão empresarial e de investimentos
financeiros nas empresas brasileiras.
Sistema é um conjunto de partes inter-relacionadas e sistema de gestão
ambiental é um conjunto de atividades administrativas e operacionais interrelacionadas para os problemas ambientais atuais ou para evitar o seu
surgimento. (BARBIERI, 2011, p. 147)
Qualquer Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA) requer um conjunto de
elementos comuns que independem do porte, da estrutura ou do setor de atuação
organizacional (ANTÔNIO, 2011).
Segundo Moura (2011), o Sistema de Gerenciamento Ambiental (SGA)
compreende três conjuntos de atividades básicas: análise da situação atual da
organização; estabelecimento de objetivos e metas ambientais; definição de
métodos.
A Norma ISO 14001 define que a organização deve estabelecer e manter
procedimentos para identificar os aspectos ambientais de suas atividades, produtos
ou serviços que possam por ela ser controlados e sobre os quais se presume que
ela tenha influência, a fim de determinar aqueles que tenham ou possam ter impacto
significativo sobre o meio ambiente (Quadro 3). Os aspectos relacionados a esses
impactos devem ser considerados na definição dos objetivos ambientais da
indústria.
29
Quadro 3 – Exemplos de aspectos e impactos ambientais.
Exemplos de:
Aspectos ambientais
Operação de
Caldeira
Esgotamento
de
recursos naturais não
renováveis.
Poluição do ar.
Impactos respiratórios
sobre os residentes
Emissão de dióxido de locais.
enxofre;
dióxido
de Formação de chuva
carbono e óxido nitroso.
ácida
em
água
superficial.
Aquecimento global e
mudança climática.
Alteração
nas
Lançamento
de
água
características e na
aquecida.
qualidade da água.
Cartucho de
tinta de
impressora
reutilizável
Reutilização de matérias- Conservação
primas.
recurso.
Consumo de
aquecimento.
Atividade
Produto
Serviço
Impactos ambientais
óleo
de
de
Poluição do solo.
Poluição da água
Vida final do
Poluição atmosférica
produto
Recuperação e reutilização Conservação
de
de componentes.
recursos naturais.
Cumprimento
dos
Emissão de óxidos de
objetivos da qualidade
Manutenção de nitrogênio.
do ar.
frota
Geração de resíduos de Poluição do solo.
óleo.
Poluição da água
Geração
sólidos.
de
resíduos
Fonte: Barbieri (2011, p. 162).
A ISO 14001 é uma norma internacionalmente aceita que define os requisitos
para estabelecer e operar um Sistema de Gestão Ambiental.
Segundo Donaire (2010), a Norma ISO 14001 tem por objetivo prover às
organizações os elementos de um Sistema de Gestão Ambiental eficaz, passível de
integração com os demais objetivos da organização (Figura 3). Sua concepção foi
idealizada de forma a aplicar-se a todos os tipos e partes de organizações,
independentemente de suas condições geográficas, culturais e sociais.
30
Figura 3 – Modelo de um sistema de gestão ambiental pela ISO 14001.
Fonte: ABNT, 2004.
O resultado da aplicação do Sistema de Gestão Ambiental, descrito na figura
anterior, depende do comprometimento de todos os níveis e funções, em particular
da Alta Administração, e tem por objetivo um processo de melhoria contínua que
pretende continuamente superar os padrões vigentes.
A Norma ISO 14001 está estruturada conforme a metodologia conhecida
como PDCA composta por quatro macro etapas: Plan-Do-Check-Act, conforme a
figura 4.
31
Figura 4 - Representação gráfica do ciclo PDCA
Fonte: Autor, 2014.
Souza e Demétrio (2014) em sua pesquisa definem a figura acima da
seguinte forma:
Na fase do Planejamento (Plan) é fundamental definir os objetivos e as metas
que pretende alcançar. Para isso, as metas do planejamento estratégico precisam
ser delineadas em outros planos que simulam as condições do cliente e padrão de
produtos, serviços ou processos. Dessa forma, as metas serão só alcançadas por
meio das metodologias que contemplam as práticas e os processos.
No Fazer (Do) é imprescindível oferecer treinamentos na perspectiva de
viabilizar o cumprimento dos procedimentos aplicados na fase anterior. No decorrer
desta fase precisam-se colher informações que serão aproveitadas na seguinte fase.
Na Checagem (Check) é feita a averiguação do que foi planejado mediante as
metas estabelecidas e dos resultados alcançados. Sendo assim, o parecer deve ser
fundamentado em acontecimentos e informações e não em sugestões ou
percepções.
Já na última etapa, o Agir (Act), proporciona duas opções a ser seguida, a
primeira baseia-se em diagnosticar qual é a causa raiz do problema bem como a
finalidade de prevenir à reprodução dos resultados não esperados, caso, as metas
32
planejadas anteriormente não forem atingidas. Já a segunda opção segue como
modelo o esboço da primeira, mas com um diferencial se as metas estabelecidas
foram alcançadas.
Um dos benefícios da criação de um sistema de gerenciamento ambiental é a
possibilidade de obter melhores resultados com menos recursos em decorrência de
ações planejadas e coordenadas. (BARBIERI, 2011)
O sistema de gerenciamento ambiental deve contribuir para que a empresa
atue conforme a legislação e promova melhorias que a levem gradualmente a
superar as exigências legais.
2.9 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL
A Avaliação de Desempenho Ambiental (ADA) é um processo de gestão
interna que se baseia em indicadores para analisar a evolução do desempenho
ambiental de uma organização, sempre comparado às metas estabelecidas por esta
mesma organização (ABNT, 2004).
A ADA se baseia em um método capaz de mensurar a eficácia dos
procedimentos de conservação ou otimização dos recursos naturais, sua
estruturação se dá com base na avaliação de indicadores que são estruturados de
acordo com análises organizacionais e levantamento dos impactos ambientais dos
processos e produtos (BANDEIRA, 1997).
A figura 5 mostra as inter-relações entre a gestão da empresa, suas
operações e a condição ambiental circundante, especificando o tipo de indicador
mais adequado para a ADA, relativo a cada um destes aspectos.
33
Figura 5 - Relação da gestão da empresa com a condição ambiental do meio e a
inserção dos indicadores
Fonte: ABNT, 2004
É importante ressaltar que a realização da Avaliação de Desempenho
Ambiental deve considerar que as decisões e ações de gestão da empresa estão
intimamente relacionadas com o desempenho de suas operações, conforme
demonstrado pelos fluxos da figura anterior.
Um modelo de gestão ambiental depende de medição, informação e análise.
As medições precisam ser decorrência das estratégias corporativas da organização,
abrangendo seus principais processos e seus respectivos resultados. As
informações para a avaliação incluem, entre outras, as relacionadas com o processo
produtivo, o desempenho de produtos, o mercado, as comparações com a
concorrência (benchmarking), os fornecedores, os colaboradores e os aspectos
econômico-financeiros. A análise significa extrair das informações conclusões mais
relevantes para apoiar a avaliação e a tomada de decisões ambientais e sociais
(TACHIZAWA, 2005).
O método PDCA abrande a siglas Plan (Planejamento), Do (Fazer), Check
(Checar), Act (Agir) e corresponde a um processo de gestão interna que pode ser
utilizado segundo a Norma NBR ISO 14.031 de 2004 com o uso de indicadores para
fornecer informações, comparando assim o desempenho passado, presente e futuro
das análises dos indicadores.
34
A norma NBR ISO 14.031 de 2004 define que a metodologia é utilizada nesse
caso para levantar indicadores ambientais, pois envolvem etapas de planejamento e
seleção de indicadores, o “Fazer” esta relacionado a coleta e conversão de dados,
avaliação da informação e relato e comunicação do indicador.
Quanto a esses quesitos a ferramenta proposta nesse trabalho fornece
subsídios para que os indicadores sejam alcançados. Já as etapas de “Checar” e
“Agir” necessita uma análise crítica e melhoria da avaliação do desempenho
ambiental proposto por parte da gerência e responsáveis pela qualidade ambiental e
operacional da organização.
Assim, da mesma forma que a ISO 14001 está estruturada conforme a
metodologia PDCA, como explicado na seção 2.8, na figura 4, na Avaliação de
Desempenho Ambiental – ADA utiliza-se a mesma metodologia seguindo as
orientações da NBR ISO 14031. Para melhor visualização do processo, observemos
a figura 6.
Figura 6 - Plan – Do – Check – Act - PDCA
Fonte: VIEIRA, 2011
35
Para a etapa de controle, segundo Harrington (1993) a medição é o seu
primeiro passo, levando, conseqüentemente, à melhoria. Se você não mede algo,
você não o entende. Se você não o entende, você não o controla. Se você não o
controla, você não pode melhorá-lo.
2.10 INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL
Segundo Bellen (2005), indicadores são definidos como interfaces para se
avaliar de forma quantitativa e qualitativa informações complexas e até mesmo
difíceis de serem interpretadas em uma forma simplificada. O autor indica, ainda,
que o principal objetivo dos indicadores ambientais, é que eles possam simplificar o
processo de comunicação entre determinados setores da organização agregando e
quantificando informações relevantes a nível gerencial da organização, seja a
respeito do processo produtivo, ou na forma com que a gestão dos aspectos e
impactos ambientais são tratados.
O desempenho ambiental com base na medição e verificação de indicadores,
juntamente com ações estratégicas e operacionais buscam reduzir custos a
organização, e ao mesmo tempo proporciona a melhoria da imagem da organização
para o público interno e externo e, conseqüentemente, o aumento de sua
lucratividade, através de práticas mais sustentáveis, colocando em prática os
conceitos de uma gestão mais eficiente em um processo de melhoria contínua e
focado no conceito de desenvolvimento sustentável.
A NBR ISO 14031 descreve duas categorias gerais de indicadores a serem
considerados na condução da Avaliação de Desempenho Ambiental: Indicador de
Condição Ambiental (ICA) e o Indicador de Desempenho Ambiental (IDA). O primeiro
fornece informações relevantes, relacionadas à qualidade do meio ambiente onde
estão localizadas as dependências da indústria, estabelecendo padrões definidos
por regras ambientais, normas e/ou dispositivos legais.
Já o Indicador de Desempenho Ambiental (IDA), é classificado em dois tipos:
Indicador de Desempenho Operacional (IDO) que proporciona informações
relacionadas às operações do processo produtivo, pautando o consumo de matériaprima e energia, fornecimento de insumos, manutenção e demais entradas e saídas
relacionadas ao processo em questão; e o Indicador de Desempenho Gerencial
(IDG) que busca fornecer informações relativas a todos os esforços de gestão da
36
empresa, exemplo disso, a redução do consumo de materiais, atendimento aos
requisitos legais, programas ambientais, treinamentos ou simplesmente a melhora
da gestão dos resíduos sólidos (ABNT, 2004).
Os indicadores chaves estão descritos no quadro abaixo:
Quadro 4 – Indicadores utilizados na Avaliação de Desempenho Ambiental
Categoria
Indicadores de
Desempenho
Ambiental (IDA)
Indicador de
Condição
Ambiental (ICA)
Classificação NBR ISO 14.031
Tipo
Aspecto Ambiental
Indicador de
Consumo de energia
Desempenho
Consumo de matériaOperacional (IDO)
prima
Indicador de
Gestão de matériasDesempenho de Gestão
primas
(IDG
Gestão de resíduos
sólidos
Índice de qualidade da água; Índice da qualidade do
ar;
Fonte: ABNT, 2004
A escolha dos indicadores ambientais de desempenho deve-se fundamentar
em alguns aspectos, conforme citados pela norma NBR ISO 14.031 de 2004, entre
eles estão:
 Objetivos da avaliação e abrangência das atividades, produtos e/ou serviços;
 Condições ambientais locais e regionais;
 Capacidade
de
recursos
financeiros,
materiais
e
humanos
para
o
e
humanos
para
o
desenvolvimento das medições;
 Aspectos ambientais significativos e requisitos legais;
 Capacidade
de
recursos
financeiros,
materiais
desenvolvimento das medições.
Devem estar diagnosticados os elementos ambientais e relacionados com
atividades, produtos e serviços, prioritários para iniciar o processo de avaliação do
desempenho e, a medida em que se julgar necessário, é possível adicionar outras
variáveis que inicialmente não foram aplicadas.
Conforme FIESP/CIESP (2004), as vantagens observadas na relação entre
indústria e meio ambiente, mostra que o conjunto de indicadores ambientais é capaz
de aperfeiçoar a produtividade dos recursos utilizados, implicando benefícios diretos
37
para a empresa, para o processo industrial e desenvolvimento de produto, entre eles
estão:
Quadro 5 - Benefícios diretos gerados através da utilização de indicadores para a
empresa, o processo industrial e o produto
Benefícios na
Benefícios no processo
organização
produtivo
Melhoria da imagem Economias de matéria-prima
da empresa;
e insumos, resultantes do
processamento mais eficiente
e da sua substituição,
reutilização ou reciclagem;
Localizar oportunidades e
problemas;
Monitorar processos;
Manutenção dos atuais Redução das paralisações,
e conquista de novos por meio de maior cuidado na
nichos de mercado;
monitoração e na
manutenção; Alertar para
necessidades de
redirecionamentos;
Comunicar os resultados.
Redução do risco de Conversão dos desperdícios
desastres ambientais;
em forma de valor;
Adição do valor com a Economia, em razão de um
eliminação
ou ambiente de trabalho mais
minimização
dos seguro;
resíduos;
Menor incidência de Menor consumo de energia
custos com multas e durante o processo;
processos judiciais; e
Maior diálogo com os Eliminação ou redução do
órgãosde controle e custo
de
atividades
fiscalização.
envolvidas nas descargas ou
no manuseio, transporte e
descarte de resíduos.
Benefícios para o
produto
Mais
qualidade
e
uniformidade;
Redução dos custos
(por exemplo, com a
substituição
de
materiais);
Redução nos custos de
embalagens;
Utilização mais eficiente
dos recursos;
Aumento da segurança;
Redução
do
custo
líquido do descarte pelo
cliente; e
Fonte: FIESP/CIESP, 2004
Torna-se importante o relato das informações aos níveis gerenciais, no
sentido de resolver, melhorar ou manter o desempenho ambiental da empresa, por
meio da adoção de medidas adequadas, tanto no que se refere à gestão, quanto ao
processo produtivo propriamente dito. Sendo de extrema importância relacionar os
resultados obtidos com base em referências legislativas, nível governamental
internacional e nacional, ou comparações com autores consagrados.
38
Contudo os indicadores de desempenho ambiental visam demonstrar as
práticas organizacionais no sentido de minimizar os impactos ao meio ambiente,
decorrentes de suas atividades.
39
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Para avaliar o desempenho ambiental de uma indústria de revestimento
cerâmico por meio de indicadores ambientais, de acordo com a norma NBR ISO
14031, foi realizada pesquisa bibliográfica através de fontes secundárias (Internet,
livros técnicos, normas da ABNT e etc.) para embasar teoricamente o projeto, além
de estruturar pesquisas de campo, com observações in loco, entrevistas e reuniões
com a gerência de meio ambiente, operadores e funcionários da organização.
O local de estudo corresponde a uma indústria de revestimento cerâmico, a
qual contempla o processo de fabricação de peças cerâmicas via úmida. É
considerada uma das maiores empresas de revestimentos cerâmicos da América
Latina, atendendo países dos cinco continentes e também o mercado interno.
Localizada na região da grande Florianópolis, no município de Tijucas, no estado de
Santa Catarina.
Esta pesquisa é de natureza qualitativa e quantitativa, com delineamento
teórico e exploratório. O método adotado para o desenvolvimento da pesquisa foi o
estudo de caso, de caráter prático que objetiva gerar conhecimentos para solucionar
problemas relacionados ao monitoramento de dados na organização (SILVA, 2001).
O presente trabalho possui três macro etapas: I) Avaliação do Desempenho
Ambiental da organização; II) Definição de novos indicadores ambientais; III)
Classificação dos novos indicadores ambientais.
3.1 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL
A Avaliação do Desempenho Ambiental foi realizada através dos indicadores
já monitorados pela empresa:

Consumo de energia elétrica;

Consumo de gás natural;

Consumo de água;

Geração de resíduos.
Utilizou-se a Norma Brasileira ABNT NBR ISO 14031: 2004 para realizar a
Avaliação de Desempenho Ambiental.
40
3.1.1 Coleta de Dados
Os dados quantitativos utilizados foram coletados mensalmente de agosto de
2013 a julho de 2014 através do banco de dados monitorados pela organização e
entrevistas com a Engenheira de Meio Ambiente, e posteriormente, ficando o
monitoramento sob minha responsabilidade.
Para os indicadores de entradas foram analisados os consumos totais, e os
mesmos divididos pela produção de peças cerâmicas a nível comercial. Todos os
dados de consumo total são monitorados pela organização e dispostos em tabelas
que são preenchidas por funcionários.
Os acompanhamentos aconteceram da seguinte forma:

Consumo de energia elétrica em kWh/m2;

Consumo de gás natural em Nm3/ m2;

Consumo de água em m3/ m2;

Geração de resíduos em tonelada.
3.1.2 Interpretação e avaliação dos indicadores
Os indicadores selecionados foram interpretados e avaliados no sentido de
identificar os aspectos ambientais críticos, progressos e deficiências do desempenho
ambiental da empresa.
Todas as informações são apresentadas em tabelas e gráficos para melhor
compreensão dos indicadores ambientais em questão.
3.2 DEFINIÇÃO DE NOVOS INDICADORES
Realizada a avaliação de desempenho ambiental da empresa, onde foram
diagnosticados os principais aspectos e impactos ambientais relacionados às
atividades, produtos e serviços, foram propostos novos indicadores de desempenho
ambiental para ampliar e identificar outras variáveis ao gerenciamento da
organização, os quais estão parametrizados, nas mais diversas bases referenciais.
Cada indicador foi proposto com foco na eficiência da utilização dos recursos,
perspectivas de monitoramento e verificação dos resultados.
41
Essa etapa foi dividida em três fases: Mapeamento dos processos produtivos,
objetivando identificar as entradas de insumos e matéria-prima e as saídas de
produtos, resíduos em cada processo operacional, sendo que, posteriormente,
tornou-se possível levantar os principais aspectos e impactos ambientais originados
em cada etapa do processo produtivo e identificação dos problemas ambientais mais
relevantes do processo, bem como suas causas e potenciais conseqüências.
Com base nessa afirmação, os indicadores foram propostos de acordo com a
necessidade de avaliação da organização e levantamento dos aspectos e impactos
ambientais significativos.
3.3 CLASSIFICAÇÃO DOS NOVOS INDICADORES
Após a proposta dos novos indicadores para a organização, os mesmos
foram classificados conforme a ISO 14031:2004, em indicadores de desempenho
ambiental: Indicadores de desempenho operacional (IDO), Indicadores de
desempenho gerencial (IDG) e Indicadores de Condição Ambiental (ICA).
42
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL
Para avaliar o desempenho ambiental da organização, os indicadores
ambientais analisados foram coletados de setembro de 2013 a agosto de 2014. Os
indicadores já são monitorados pelo setor de meio ambiente da empresa, onde foi
desenvolvido o trabalho.
A Anfacer - Associação Nacional de Fabricantes de Cerâmica fez uma
abordagem
geral
para
indústrias
brasileiras
no
ramo
de
cerâmica
para
revestimentos, sendo uma ótima fonte de referência para analisar e comparar os
indicadores aqui propostos.
Esses dados estão publicados no Relatório Técnico 69 - Perfil da cerâmica de
revestimento do MME - Ministério de Minhas e Energia (2009), e são bases
referenciais para indicadores de consumo de matéria-prima, consumo de gás natural
e consumo de energia elétrica. Os resultados são destacados no quadro a seguir:
Quadro 6 – Média de consumo de água, gás natural e energia elétrica a âmbito
nacional, para indústrias de revestimento cerâmico
Indicador
Consumo médio de água por m²
produzido.
Consumo médio de gás natural por m²
produzido.
Consumo médio de energia elétrica por
m² produzido.
Consumo de Insumos por m² produzido.
Base de Referência
20 litros/m²
2,26 m³/m²
2,74 kWh/m²
17,30 kg/m²
Fonte: Brasil, 2009.
Dados referentes às emissões atmosféricas também são monitorados pelo
setor, porém os laudos são desenvolvidos por empresas terceirizadas e não foram
liberados, por sigilo da empresa.
Referente às emissões atmosféricas são analisados sazonalmente a
qualidade das emissões nos fornos da organização, e as medidas de controle são
43
categorizados com base no limites de emissões destacados na legislação do
CONAMA nº 382, de 26 de Dezembro de 2006, a qual estabelece os limites
máximos de emissões de poluentes atmosféricos em fontes fixas, onde são
monitorados condições referenciais de óxido de enxofre (SOx), fluoretos, óxidos de
nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO) e material particulado.
O quadro abaixo destaca os indicadores de desempenho avaliados e a etapa
do processo em que o indicador está inserido: entrada ou saída do processo
produtivo.
Quadro 7 – Indicadores de desempenho ambiental avaliados
Processos
Entradas
Saídas
Indicador de Desempenho
• Consumo de energia elétrica.
• Consumo de água tratada e água bruta.
• Consumo de gás natural.
• Geração de resíduos
Fonte: Autor, 2014
Os dados coletados na organização estão dispostos nos itens a seguir, sendo
então, comentadas suas relações através da interpretação das tabelas e gráficos
apresentados.
4.1.1 Consumo de água
O uso de água ocorre durante todas as etapas do processo produtivo, mais
evidente no processo de beneficiamento, contemplando etapas de retificação e
polimento. O consumo de água é evidente também em pontos distribuídos ao longo
das linhas produtivas e de produção de semi-elaborados.
Uma parcela significativa da água de processo é evaporada, restando uma
parcela residual das linhas de esmaltação, recolhida em canaletas e direcionadas
até a Estação Tratamento de Efluente (ETE), sendo que posteriormente ao
tratamento é reutilizada em serviços internos e reaproveitada no processo.
Considerando uma produção média de 2.306.000 m² de peças cerâmicas
para revestimento, o consumo médio de água tratada e água bruta, durante um
44
monitoramento de 12 meses, entre os meses de setembro/2013 a agosto/2014 foi de
17,04 Litros de água tratada e 13,94 Litros de água bruta consumidos por m² de
produto acabado.
A Tabela 1 e Gráfico 2 mostram o consumo de água tratada e água bruta na
empresa, em relação a sua produção.
Tabela 1 - Consumo de água tratada e água bruta por m² produzido.
Período
Consumo de água
Consumo de água
(2013/2014)
tratada/Produção (L/m²)
bruta/Produção (L/m²)
Setembro
16,75
14,01
Outubro
15,95
13,03
Novembro
16,12
13,48
Dezembro
17,46
14,52
Janeiro
18,04
14,48
Fevereiro
16,69
15,20
Março
18,23
14,00
Abril
18,14
13,76
Maio
17,33
13,48
Junho
16,09
13,88
Julho
16,68
12,44
Agosto
17,78
14,04
MÉDIA
17,04
13,94
45
Gráfico 3 - Consumo de água tratada e água bruta por m² produzido.
20,00
18,00 16,75
17,46
15,95 16,12
16,00
16,69
14,52 14,48
14,01
13,03
14,00
18,23 18,14
18,04
13,48
15,20
2.500.000,00
17,78
17,33
16,09
16,68
2.400.000,00
14,04
14,00 13,76
13,48 13,88
12,44
2.300.000,00
12,00
10,00
2.200.000,00
8,00
Produção (m²)
Consumo de água tratada (L) X Consumo de água bruta (L)
Consumo de água tratada (L) X Consumo de água bruta (L) / Produção (m²)
2.100.000,00
6,00
4,00
2.000.000,00
2,00
0,00
1.900.000,00
Consumo de água tratada/Produção (L/m²)
Consumo de água bruta/Produção (L/m²)
Produção (m²)
Analisando os dados levantados é possível verificar que o uso de água
tratada é significativamente maior ao uso de água bruta. Nota-se que apesar do
crescente aumento produtivo, o consumo de água não apresentou relação, assim
não houve aumento do consumo.
4.4.2 Consumo de gás natural
Considerando uma produção média de 2.306.000 m² de peças cerâmicas
para revestimento, o consumo médio de gás natural, durante um monitoramento de
12 meses, entre os meses de setembro/2013 a agosto/2014 foi de 2,89 m³ por m² de
produto acabado.
A Tabela 2 e o Gráfico 4 mostram o consumo de gás natural pela produção
nas características comercializáveis.
46
Tabela 2 - Consumo de gás natural m³ por m² produzido
Período
Consumo de Gás
(2013/2014)
Natural (m³/m²)
Setembro
3,10
Outubro
2,88
Novembro
2,82
Dezembro
2,96
Janeiro
2,89
Fevereiro
2,69
Março
2,85
Abril
2,89
Maio
3,00
Junho
2,88
Julho
2,80
Agosto
2,87
MÉDIA
2,89
Gráfico 4 - Consumo de gás natural m³ por m² produzido
Consumo de Gás Natural (m³) / Produção (m²)
3,10
2.500.000,00
3,10
3,00
2,90
2,89
2,88
2.400.000,00
3,00
2,96
2,85
2,82
2,89
2,88
2,87
2,80
2,80
2,70
2.300.000,00
2.200.000,00
2,69
2.100.000,00
2,60
2.000.000,00
2,50
2,40
1.900.000,00
Consumo de Gás Natural (m³/m²)
Produção (m²)
Produção (m²)
Consumo de Gás Natural (m³)
3,20
47
O consumo médio de gás natural em indústrias de revestimento cerâmico,
conforme aponta no relatório do MME, possui um índice nacional médio de 2,26
m³/m².
Comparando-o a indústria em questão o índice permanece acima da média
nacional de consumo, pois no índice nacional considera toda a produção
comercializável, mais geração de caco cerâmico, sendo que nos dados analisados
considera-se apenas a produção comercializável. Se fosse considerada a geração
de caco o índice ficaria abaixo da referência nacional, garantindo assim eficiência
quanto aos resultados obtidos.
Observa-se o consumo de gás natural para etapas de combustão,
atomização, secagem e queima.
4.1.3 Consumo de energia elétrica
Considerando uma produção média de 2.306.000 m² de peças cerâmicas
para revestimento, o consumo médio de energia elétrica, entre os meses de
setembro/2013 a agosto/ 2014 foi de 4,29 kWh por m² de produto acabado.
A Tabela 3 e Gráfico 5 mostram o consumo de energia elétrica na empresa,
em relação a sua produção.
Tabela 3 – Consumo de energia elétrica em kWh por m² produzido.
Período
Consumo de Energia
(2013/2014)
Elétrica kWh/m²
Setembro
4,48
Outubro
4,28
Novembro
4,10
Dezembro
4,39
Janeiro
4,37
Fevereiro
4,07
Março
4,25
Abril
4,18
Maio
4,30
48
Período
Consumo de Energia
(2013/2014)
Elétrica kWh/m²
Junho
3,23
Julho
4,81
Agosto
4,32
MÉDIA
4,29
Gráfico 5 - Consumo de energia elétrica em kWh por m² produzido.
6
5
2.500.000,00
4,48 4,28
4,1
4,39 4,37
4,81
4,07 4,25 4,18
4,32
4,3
4
3,23
2.400.000,00
2.300.000,00
3
2.200.000,00
2
2.100.000,00
1
2.000.000,00
0
1.900.000,00
Consumo Energia (kwh) / Produção (m²)
Produção (m²)
Consumo de Energia Elétrica (KWh)
Consumo de Energia Elétrica (KWh) /
Produção (m²)
Produção (m²)
Com esses valores é possível destacar que não há correlação proporcional
entre a quantidade produtiva e o índice médio.
O consumo médio de energia elétrica em indústrias de revestimentos
cerâmicos brasileiras no ano de 2009, conforme aponta no relatório do MME varia
de 1,36 kWh/m² (Via seca) a 2,74 kWh/m² (Via Úmida), na indústria em questão o
índice permanece acima da média nacional 4,29 kWh por m² produzido, porém, esse
índice é representado por um somatório que abrange a área industrial, área
administrativa, refeitório, áreas de iluminação externas e internas, além disso a
quantificação de produção considera apenas produtos em tipologia extra e
49
comercial, descartando a produção de caco, chamote, e demais produtos que são
descartados pelo controle de qualidade.
4.1.4 Geração de resíduos
Considerando uma produção média de 2.306.000 m² de peças cerâmicas
para revestimento, o índice de a geração de resíduos sólidos é muito variável,
analisando mês a mês, durante um monitoramento de 12 meses, entre os meses de
setembro/2013 a agosto/2014 a média foi de 3,66 kg de resíduos gerados por um m²
de peça produzida.
Os indicadores relacionados a resíduos sólidos na empresa são destacados
pela geração de caco cerâmico, chamote, geração de pó de filtro manda, resíduos
da estação de tratamento de efluentes industriais e resíduos diversos que são
caracterizados por sucata metálica, plástico, papelão, óleo industrial, madeira,
material elétrico, sucata de inox, sucata de bombona.
Gráfico 6 – Geração de resíduos sólidos em Kg.
Quantidade Resíduos Sólidos (Kg)
Geração de Residuos Sólidos (Kg)
7.000.000,00
6.000.000,00
5.000.000,00
4.000.000,00
3.000.000,00
2.000.000,00
1.000.000,00
0,00
Geração de Caco (Kg)
Geração de Chamote (Kg)
Resíduo ETE Industrial (Kg)
Diversos (Kg)
Pó de Filtro Manga (Kg)
50
Os dados desse indicador são levantados com base nas notas fiscais
emitidas para venda dos resíduos e inventário realizados em sazonalidades não
padronizadas.
Muitos resíduos gerados pela empresa retornam para etapas do processo
produtivo, sobretudo no processo de preparação de massa cerâmica, podemos
destacar esse fenômeno na geração de caco cerâmico, geração de chamote, pó de
filtro manga e resíduos da ETE industrial. Já os resíduos caracterizados como
diversos são vendidos para terceiros, conforme observamos no gráfico abaixo:
Tabela 4 – Venda de resíduos recicláveis em Kg por m² produzido.
Período
Venda de Resíduos
(2013/2014)
Recicláveis (Kg/m²)
Setembro
8,74
Outubro
8,97
Novembro
12,08
Dezembro
12,52
Janeiro
8,84
Fevereiro
10,83
Março
6,30
Abril
5,99
Maio
6,21
Junho
6,03
Julho
6,21
Agosto
6,17
MÉDIA
8,24
51
Gráfico 7 - Venda de resíduos recicláveis em Kg por m² produzido.
14,00
2.500.000,00
12,08 12,52
12,00
10,00
10,83
8,74 8,97
2.400.000,00
8,84
8,00
2.300.000,00
6,30 5,99 6,21 6,03 6,21 6,17
6,00
2.200.000,00
2.100.000,00
4,00
2,00
2.000.000,00
0,00
1.900.000,00
Venda Recicláveis (Kg/m²)
Produção (m²)
Venda de resíduos recicláveis (Kg)
Venda Resíduos Recicláveis(Kg) / Produção
(m²)
Produção (m²)
4.1.5 Definição dos novos indicadores
Analisando os dados e a política ambiental da organização é possível
identificar o controle dos principais indicadores relacionados ao processo industrial,
porém torna-se necessário levantar e sugerir novos indicadores para que a empresa
inicie o processo de monitoramento, estabelecendo critérios de análise, metas de
desempenho como forma de alavancar os resultados esperados.
Faz-se necessário o monitoramento constante dos indicadores ambientais
relacionados à responsabilidade ambiental, social e econômica a nível gerencial,
operacional e estratégico, juntamente ao cumprimento da legislação vigente.
A escolha dos indicadores de desempenho a serem adotados pela
organização fundamenta-se em alguns aspectos, tais como:

Objetivos da avaliação;

Abrangência de suas atividades, produtos e serviços;

Aspectos ambientais significativos;

Requisitos legais e outras demandas da sociedade;
52

Capacidade
de
recursos
financeiros,
materiais
e
humanos
para
o
desenvolvimento das medições.
A lista completa dos novos indicadores propostos está destacada na seção
seguinte deste trabalho e contempla o nome do indicador, qual o processo que ele
influencia a meta estipulada e a frequência de medição e a classificação de acordo
com a norma supracitada.
4.1.6 Classificação dos novos indicadores
A
classificação
dos
novos
indicadores
apresentou
Indicadores
de
Desempenho Ambiental, do tipo Gerencial e do tipo Operacional e também
Indicadores de Condição Ambiental.
Os Indicadores de Desempenho Gerencial (IDG) trazem informações dos
resultados dos esforços gerenciais da empresa.
Os Indicadores de Desempenho Operacional (IDO) trazem informações
relacionadas às operações do processo produtivo da empresa.
Os Indicadores de Condição Ambiental (ICA) fornecem informações sobre a
qualidade do meio ambiente onde se localiza a empresa por meio da comparação
com os padrões e regras ambientais estabelecidos pelas normas e dispositivos
legais.
Os novos indicadores propostos estão de acordo com a necessidade da
organização quando verificamos a avaliação de aspectos e impactos ambientais,
porém para que ocorra a implantação e o monitoramento, deve-se estabelecer
inicialmente ações, recursos necessários, disponibilidade de dados e demais
critérios essenciais para que haja uma gestão eficiente e parametrizada de dados e
monitoramento, além da necessidade definir plano e metas para o indicador.
A classificação dos novos indicadores definidos para avaliação de
desempenho ambiental da empresa está destacada a seguir conforme supracitado.
53
Quadro 8 – Lista dos indicadores ambientais propostos
Objetivo
Indicador de Desempenho ambiental
Consumo de Matérias-Primas e Semi-elaborados
Otimização no
consumo de
Insumos
Otimização no
consumo de água
Consumo de Materiais (MRO) e Embalagens
Unidade
Kg/m²
produzido
Kg/m²
produzido
Classe
(ISO
14031)
Meta
Frequência
de
Medição
IDO
Orientativo
Mensal
IDO
Orientativo
Mensal
Percentual de aproveitamento de matéria-prima em
produto principal
Consumo e Reutilização de Óleo
Programas, metas e objetivos para substituição de
matérias-primas
%
IDO
Orientativo
Mensal
Litros/Litros
IDO
Mensal
nº
IDG
Orientativo
Mínimo 2
avaliações
Consumo de água total e por setor produtivo
Litros/m²
produzido
IDO
Orientativo
Mensal
Volume de água tratada X Volume de água
reutilizado
m³/m³
IDO
100%
Mensal
ICA
Atender
legislação
Bianual
IDG
Gerencial
Anual
Qualidade dos recursos hídricos
Recursos financeiros gastos em pesquisas de
métodos para a redução do consumo de água
R$
Bianual
54
Objetivo
Classe
(ISO
14031)
Meta
Frequência
de
Medição
IDO
Gerencial
Mensal
IDO
Gerencial
Mensal
IDG
Gerencial
Bianual
kWh
IDG
Gerencial
Bianual
Litros
IDO
Gerencial
Trimestral
Quantidade de CFC-11
t/valor
agregado da
produção
ICA
Atender
legislação
Bianual
Concentrações de contaminantes no ar associadas
às emissões de veículos automotores
ppm
ICA
Emissões de ruídos
dB
ICA
Eficiência dos esforços para diminuir as emissões
veiculares, diminuir a quantidade total de combustível
consumido e utilização de combustíveis alternativos
nº
IDG
Indicador de Desempenho ambiental
Consumo total de energia elétrica
Consumo total de gás natural
Eficiência
energética
(energia elétrica e
gás natural)
Iniciativas para fontes de energias mais eficientes
Energia economizada devido à melhoria em
conservação e eficiência
Consumo de combustível da frota de veículos da
organização, empilhadeiras e máquinas;
Unidade
kWh/m²
produzido
m³/m²
produzido
nº
Atender
legislação
Atender
legislação
Gerencial
Anual
Mensal
Anual
55
Objetivo
Indicador de Desempenho ambiental
Geração de resíduos, por classificação, significância,
etc (Análise ABC de significância)
Percentual dos materiais reutilizados e/ou reciclado
dos materiais passíveis de reciclagem
Gestão de
Desempenho de lucro para a empresa com a venda
Resíduos Sólidos
de resíduos
Controle de resíduos sólidos destinados para aterros
Requisitos
Legais
Educação
Ambiental e
Segurança
Ocupacional
Unidade
Classe
(ISO
14031)
Meta
Frequência
de
Medição
m³ ou kg
IDO
Atender
legislação
Mensal
%
IDO
Gerencial
Mensal
R$
IDG
Gerencial
Mensal
t/t
IDO
100% de
controle
Mensal
%
IDG
100%
Anual
%
IDG
100%
Bianual
nº
IDG
100%
Levantar
100%
37,50
80% de
eficácia
Bianual
Percentual de resíduos sólidos e suas embalagens
recuperados/reciclados/vendidos
Porcentagem no cumprimento da legislação
ambiental federal, estadual e municipal
Licenças ambientais obtidas
Levantamento de aspectos e impactos ambientais
significantes
Treinamento gerais e na área ambiental
nº
IDG
Horas/ano
IDG
Eficácia dos treinamentos
%
IDG
nº
IDG
Gerencial
Anual
nº
IDG
Gerencial
Anual
nº
IDG
Gerencial
Bianual
nº
IDG
2 simulados
Anual
Quantidade de programas ambientais externos,
oferecidos para a comunidade
Melhorias nas condições de trabalhos
Plano de ação relacionado a prevenção de acidentes
de trabalho
Número de simulados de emergência realizados
Bianual
Bianual
Anual
56
Objetivo
Custo do
processo
produtivo e
Instalações
Industriais
Unidade
Classe
(ISO
14031)
%
IDG
R$
IDG
Gerencial
Bianual
R$
IDG
Gerencial
Bianual
nº
IDG
Gerencial
Bianual
%
IDG
Mensal
nº
IDG
%
IDG
Gerencial
Atender
legislação
Atender
legislação
nº
IDG
nº
IDG
Auditorias ambientais Internas e externas
nº
IDG
Índice do programa 5S
%
IDG
Número de indicadores ambientais implantados
Número de objetivos e metas atingidas
nº
nº
IDG
IDG
Indicador de Desempenho ambiental
Custo Ambiental de produção=Custo Ambiental /
Custo total de produção
Economia obtida por melhorias de processo
Redução média dos custos relacionados a melhorias
de processos
Utilização de tecnologias para controle e mitigação de
impactos ambientais
Percentual de metas estipuladas atingidas
Estratégias, medidas em vigor e planos futuros para a
gestão de impactos na biodiversidade
Nível Gerencial e
Índice geral de conformidade ambiental
Gestão da
conformidade
Iniciativas para mitigar os impactos ambientais de
ambiental
produtos ou serviços e a extensão da redução desses
impactos.
Número de iniciativas implementas para a prevenção
da poluição
Desempenho
Gerencial
Meta
Frequência
de
Medição
Mensal
Atender
legislação
Atender
legislação
1 interna e 1
externa
Todos
setores
Gerencial
Gerencial
Anual
Bianual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
Anual
57
Os novos indicadores foram propostos, principalmente com o intuito de
possibilitar a empresa a ter domínio de seu desempenho ambiental, buscando
sempre a melhoria contínua de seus processos. Como dito anteriormente, os novos
indicadores buscam atender as necessidades da organização e o cumprimento da
legislação.
Não será estabelecido prazo para período de monitoramento dos indicadores,
pois a partir do momento em que a organização adotá-los, será acrescentado novos
indicadores de acordo com os propostos, assim os objetivos referentes à Tempo
está inserido na meta, contudo eles continuam específicos, mensuráveis, ambiciosos
e realistas.
58
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho buscou avaliar os indicadores de desempenho ambiental
já existente em uma indústria de revestimento cerâmico, monitorados pelo
departamento de engenharia ambiental da empresa, visando propor novos
indicadores para aperfeiçoar seus resultados perante as questões ambientais e
assim manter-se competitivo no mercado atual de produção de cerâmica.
Foi possível compreender o conteúdo da norma NBR ISO 14031, para que
fosse possível realizar a ADA da organização, através do indicadores já
monitorados.
Com a avaliação de desempenho ambiental da organização realizada nesse
estudo, foi possível identificar os principais aspectos e impactos ambientais que
envolvem o processo produtivo.
Os resultados obtidos estiveram próximo aos valores esperados, quando
comparamos os índices estabelecidos com a base de referência detalhadas na
fundamentação teórica.
Com bases nas análises de processos e resultados obtidos na avaliação de
indicadores cabe agora a organização despertar interesse as oportunidades
relacionadas ao desempenho de processos, que bem estruturados forneçam
subsídios para aumentar do valor econômico adicionado ao negócio, aumentar a
eficiência no uso de materiais e energia e redução significativa de riscos
organizacionais.
Os indicadores de consumo de água, consumo de gás natural, consumo de
energia elétrica e geração de resíduos, avaliados neste trabalho não possuíam
metas, assim identificou-se a necessidade que no momento em que os novos
indicadores fossem propostos fossem apresentados os processos os quais ele
influencia, a meta estipulada, a frequência de medição e a classificação de acordo
com a Norma.
A adoção dos indicadores propostos permitirá que a organização passe a ter
domínio do seu desempenho ambiental e que assim tenha condições de aprimorar
sua gestão, visando à melhoria do desempenho e a busca pela sustentabilidade
produtiva.
59
6 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS
As recomendações para a elaboração de trabalhos futuros relacionados aos
indicadores de desempenho ambientais são descritas abaixo:
 Estabelecer rotinas de monitoramento dos indicadores de desempenho
ambientais propostos, garantindo assim uma maior visibilidade dos reais
consumos de entradas e geração e consumo de saídas em cada etapa do
processo produtivo.
 Desenvolver análises mais específicas dos indicadores relacionados ao
desempenho ambiental da organização, refletindo cada vez mais na acurácia
de dados e, consequentemente, a eficiência do plano e gestão ambiental na
organização.
 Padronização e informatização dos indicadores de desempenho propostos,
tornando possível a agilidade e monitoramento dos dados num menor período
de tempo, permitindo a formação de uma base histórica de dados
organizados, que poderá ser utilizada com o objetivo de aumentar o
desempenho ambiental da indústria.
60
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABC. Associação
Brasileira
de
Cerâmica. Disponível
em:
<http://www.abceram.org.br/site/>. Acesso em: 12 set. 2014.
ALBUQUERQUE, José de Lima et al (Org.). Gestão ambiental e responsabilidade
social: conceitos, ferramentas e aplicações. São Paulo: Atlas, 2009.
AMBIENTE
BRASIL
(Ed.). Norma
BS
7750. Disponível
em:
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APÊNDICES
66
APÊNDICE A – Fotos ilustrativas do processo produtivo
I.
Preparação de Massa
Matéria prima
Moinho
67
Barbotina
Atomizador
II.
Prensagem e Secagem
68
III.
Esmaltação
IV.
Queima
V.
Escolha
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