MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE ENFERMAGEM Trabalho Acadêmico A PERCEPÇÃO DOS PAIS ACERCA DE ATIVIDADES LÚDICAS DURANTE A INTERNAÇÃO DA CRIANÇA NUMA UNIDADE PEDIÁTRICA Juliana Amaral Rockembach Pelotas, 2013 JULIANA AMARAL ROCKEMBACH A PERCEPÇÃO DOS PAIS ACERCA DE ATIVIDADES LÚDICAS DURANTE A INTERNAÇÃO DA CRIANÇA NUMA UNIDADE PEDIÁTRICA Trabalho Acadêmico apresentado à Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientador: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares Pelotas, 2013 Dedicatória “À minha mãe, Regina, por ter me inspirado a amar o universo infantil e com toda sua dedicação e carinho, ter me servido de exemplo ao almejar fazer o diferencial na vida de nossas crianças.” Agradecimentos Primeiramente, tenho muito a agradecer a Deus, por estar sempre presente em minha vida, guiando meus passos e iluminando minha caminhada. Meu mais puro agradecimento a vocês, Vanderlei e Regina, meus pais... Que me deram a vida e o amor. Vocês são meus exemplos de força, de determinação, de respeito, de dignidade e de amor ao próximo... Ensinaram-me que a forma mais plena de felicidade é servir a quem precisa. Obrigada pelos ensinamentos, pelo apoio incondicional, pelo amor sem limites. Pai, obrigada pela paciência, pelo carinho, pelo colo, por estar sempre disposto a me escutar e ajudar. Mãe, obrigada pela dedicação, por todo o auxilio, neste trabalho e em tudo em minha vida. Tu és a professora de todos os meus passos, que sempre me ensinou o caminho correto e me mostrou que a educação é um bem que ninguém consegue nos tirar. Tu és meu espelho de profissional, de mãe e de mulher! Vocês são meus exemplos de seres humanos. Ao meu irmão, Gustavo, por existir, por ser meu presente de Deus... Obrigada por me alegrar quando estou triste, com um sorriso sincero e um abraço apertado. Por ser meu melhor amigo, o melhor que alguém pode ter! Ao meu amor, Gustavo, por ser parte fundamental da minha vida... Obrigada pelo apoio, por acreditar em mim nos momentos em que nem eu consegui acreditar, por entender meus momentos de ausência, pelo companheirismo, pela paciência e pelo teu amor. És muito especial, tens minha admiração e todo meu amor! Obrigada por existir e por fazer parte da minha vida! Aos meus familiares, que sempre foram meus pilares, ensinando-me princípios de honestidade, de compaixão, de fé e de perseverança. Cada um de vocês tem um lugar especial em meu coração. À minha companheira de toda vida, Martha... Prima, obrigada pelos momentos de alegria, por conseguir me fazer sorrir e estar sempre ao meu lado para o que der e vier. Às minhas colegas do ―Grupo Açúcar‖: Camila, Brunna, Bruna, Francielle e Diangela...por terem tornado minha graduação mais feliz... Obrigada pelas risadas, pelas conversas jogadas fora, pelas tardes no apartamento da Fran, pelas festas, pelos desabafos e, claro, pelos estudos! Sem vocês, nada teria sido tão especial. À minha orientadora Deisi – exemplo de profissional e de ser humano - pelo apoio incondicional. Por me atender, inclusive durante a madrugada, por me socorrer no desespero. Por acreditar em mim e me ensinar que temos de correr atrás de nossos ideais e não desistir de nossos princípios, mesmo que tenhamos de ir contra tudo e todos. À Diana, que enxergou e me mostrou o melhor de mim. Que sempre me amparou nos momentos de instabilidade e vibrou comigo nos momentos de euforia. Acompanhou minha caminhada e me encorajou a superar minhas fraquezas. Obrigada por tudo, tens papel fundamental em minha vida. À professora Maira, pelo carinho, dedicação e disponibilidade. Obrigada por toda a atenção, por estender a mão sempre em que necessitei e por não medir esforços para me auxiliar. Jamais esquecerei o que fizeste por mim. Levarei teus conselhos sábios durante toda minha caminhada. Aos pais que participaram desta pesquisa e autorizaram a participação de seus filhos. Obrigada por terem dividido comigo a felicidade de conviver com seus pequenos. Sem vocês, nada teria sido possível. A todas as crianças... tenho muito a agradecer! Pois elas, com toda pureza e inocência, mostraram-me que a vida é bem mais doce do que pensamos ser. E, com um olhar puro e um sorriso sincero, trouxeram-me o ânimo e a energia necessários para enfrentar todas as adversidades e desempenhar, assim, uma enfermagem mais humanizada. Em suma, cada uma de vocês foi fundamental para o meu crescimento enquanto enfermeira e ser humano. “À todos os que sofrem e estão sós, daí sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração” Madre Teresa de Calcutá Resumo ROCKEMBACH, Juliana Amaral. A percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da criança numa unidade pediátrica. 2012. 61f. Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso da Faculdade de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. O presente trabalho teve por objetivo investigar a percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na pediatria. A metodologia utilizada foi de abordagem qualitativa, do tipo descritiva e exploratória. Os sujeitos da pesquisa foram seis (06) pais de crianças internadas na Unidade de Internação pediátrica de um Hospital de Ensino situado em Pelotas-RS. Antes da realização da coleta de dados foram realizadas atividades lúdicas durante a admissão na unidade, antes e durante procedimentos e em todo o período de internação da criança. Após tais atividades, a criança realizou um desenho onde foi solicitado que desenhasse sua percepção em relação ao ambiente hospitalar. A técnica utilizada para a coleta de dados foi a entrevista semi-estruturada gravada. Os dados foram coletados no mes de dezembro de 2012 Na análise de dados, primeiramente é apresentada uma breve caracterização dos sujeitos participantes, afim de melhor entendimento da pesquisa., seguida, as três temáticas definidas após leitura e análise do material obtido nas entrevistas. O lúdico como facilitador durante a hospitalização na infância traz a importância dada ao ato de brincar para que a criança consiga aproximar o universo frio hospitalar de seu universo alegre infantil. A ludicidade como ferramenta auxiliadora no tratamento e prognóstico aborda os benefícios que tais atividades trazem para a criança, sendo capaz de ter funcionalidade terapêutica durante a internação. O lúdico como instrumento de trabalho do enfermeiro remete à relevância de profissionais que levem o brincar como ferramenta de trabalho, implementando-o em sua rotina, almejando profissionais mais humanos e sensíveis. Assim, concluímos que a hospitalização pode ser um momento de muitas perdas, acarretando angustias, medos, traumas, e que precisa ser manejada de forma humanizada e com desvelo. Em se tratando de enfermagem pediátrica torna-se primordial, que se tenha em mente, que ao surgir a necessidade de internação hospitalar, a criança interrompe sua rotina e necessita que enxerguem que mesmo diante de tal situação ela continua sendo criança com todas as suas necessidades infantis, entre elas o ato de brincar. Palavras- chave: Enfermagem, Pediatria, Brincar. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 08 2. OBJETIVO................................................................................................. 11 2.1. Objetivo Geral........................................................................................... 11 2.2. Objetivos Específicos.............................................................................. 11 3. REVISÃO DE LITERATURA..................................................................... 12 3.1. Desenvolvimento do Lúdico na Criança................................................ 12 3.1.1. Desenvolvimento da imitação representativa....................................... 14 3.1.2. O Jogo Simbólico..................................................................................... 16 3.2. Hospitalização na Infância e o brincar no Hospital............................... 17 3.3. Enfermagem e o cuidado á criança hospitalizada................................ 20 4. METODOLOGIA........................................................................................ 25 4.1. Caracterização da Pesquisa.................................................................... 25 4.2. Local da Pesquisa.................................................................................... 25 4.3. Sujeitos da Pesquisa................................................................................ 26 4.4. Critérios para Seleção dos Sujeitos....................................................... 26 4.5. Procedimento para Coleta de Dados...................................................... 26 4.6. Princípios Éticos...................................................................................... 29 4.7. Análise de Dados...................................................................................... 29 5. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS................... 5.1 Caracterização dos Sujeitos.................................................................... 30 5.2 O lúdico como facilitador durante a hospitalização na Infância.......... 31 5.3 A ludicidade como ferramenta auxiliadora no tratamento e 30 34 prognóstico............................................................................................... 5.4 O lúdico como ferramenta de trabalho do enfermeiro.......................... 37 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 42 7. REFERÊNCIAS.......................................................................................... 44 APÊNDICES............................................................................................... 48 ANEXOS.................................................................................................... 56 8 1. INTRODUÇÃO: De acordo com o Brasil (1990), existem grupos sociais que estão mais suscetíveis a necessidades de saúde evidenciadas por registros de morbi mortalidade, dentre eles a população infantil. Desta forma faz-se necessário um olhar atento e conhecimento das características desta população alvo para nortear o planejamento e execução das ações de saúde que visem melhorias na qualidade do cuidado para com a criança. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), define criança como a pessoa de até doze anos de idade incompletos e adolescentes aquelas entre doze e dezoito anos de idade. Ambos logram de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, a fim de lhes possibilitar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (ECA, 2001). Com base no ECA e nos princípios do Sistema Único de Saúde(SUS), o Ministério da Saúde tem como objetivo elaborar políticas e técnicas para a atenção integral à saúde da criança. Promoção, prevenção e assistência pressupõem o compromisso de prover qualidade de vida para que a criança possa crescer e desenvolver todo o seu potencial. Objetivando o desenvolvimento infantil saudável e focando o conceito que visa à integralidade do ser humano, faz-se necessário compreender que a atenção à criança deve ser diferenciada, levando em conta todas as características envolvidas no processo de ser criança, entre elas o ato de brincar. Ravelli e Motta (2005) afirmam que é através das brincadeiras que a criança explora e adquire compreensão em relação ao mundo que está inserida, é brincando que interage ludicamente com o mundo real. O lúdico é definido como um ―adjetivo relativo a jogos, brinquedo, diversão‖ (LAROUSSE ATICA, 2001. p. 613) onde engloba toda imaginação infantil, o ―faz de conta‖, o brincar que para Piaget (2010), é fundamental para o crescimento e desenvolvimento desta criança. Ao prestar cuidados às crianças deve-se considerar a importância do lúdico para que haja uma assistência de melhor qualidade e com humanização. De acordo 9 com Ravelli e Motta (2005), a essência da enfermagem é cuidar e estar aberto ao outro, utilizar o conhecimento teórico científico e as expressões sentimentais, relacionando-se com o outro com sensibilidade, levando em conta todas as suas necessidades básicas. O cuidado lúdico na enfermagem deve ter funcionalidade nos diferentes âmbitos que abrangem a assistência prestada por estes profissionais. Em se tratando de internação hospitalar na infância, a importância desta atividade eleva-se. Mitre e Gomes (2004) afirmam que a hospitalização na infância pode configurar como uma experiência traumática, pois afasta a criança do seu cotidiano, do ambiente familiar e promove um confronto com procedimentos dolorosos e limitações, deixando-a com a sensação de passividade, aflorando angústias e medos. Neste misto de sensações muitas vezes o profissional da área da saúde é visto por esta criança como alguém que a faz passar por situações sofridas, assimilando-o a estes sentimentos de vulnerabilidade e impotência. Assim, destacase a importância de atividades de educação em saúde neste ambiente, que para Queiroz e Jorge, (2006), além de tratar e/ou prevenir doenças, tem como objetivo também promover o crescimento e o desenvolvimento infantil, numa perspectiva de qualidade de vida. Tratando-se de crianças, torna-se necessário envolver seu universo lúdico para que possa ocorrer a troca de conhecimentos proporcionando resultados satisfatórios nas atividades. Sendo assim embaso-me em Frota, et al. (2007), ao afirmar que a equipe de enfermagem ao abordar de forma educativa a criança e propor atividades lúdicas, passa a ser vista de uma forma diferenciada, dando a oportunidade de vivências com novos objetivos não ameaçadores. Em suma, salienta-se a importância do cuidado humanizado, centrado na pessoa, em toda sua singularidade e complexidade, enfatizando a necessidade de enfermeiros que levem em conta o cuidado lúdico ao se tratar de crianças. Através da abordagem lúdica, propiciar meios para que o profissional seja visto como alguém que irá lhe fazer o bem e que, esta criança tenha entendimento e torne-se ativa em relação aos procedimentos que irá ser submetida, colaborando de forma consciente e tendo melhoras físicas e emocionais. Em relação aos benefícios da pesquisa para os sujeitos, considera-se o estudo de extrema importância para melhor adaptação, aceitação e autonomia da criança frente ao processo de hospitalização reduzindo assim, a angústia, medo e traumas, fortalecendo a relação com a família. Bem como dar continuidade ao 10 desenvolvimento infantil saudável, assegurando sua identidade enquanto criança, levando em conta todo universo lúdico infantil. Ambiciono que o presente estudo possibilite aos acadêmicos e profissionais de enfermagem o reconhecimento da importância e necessidade deste olhar sensível e humanizado em relação ao atendimento à criança, contemplando o conceito ampliado de saúde, dando o suporte necessário durante a hospitalização, criando um elo entre a realidade vivenciada e o mundo imaginário infantil. Embasado no descrito anteriormente formulou-se a seguinte questão norteadora: Qual a percepção dos pais em relação a atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na pediatria? 11 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral: Conhecer a percepção dos pais em relação a atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na pediatria. 2.2 Objetivos Específicos: Verificar a percepção dos pais em relação a utilização do lúdico no tratamento e prognóstico da criança; Identificar a utilização de atividades lúdicas pela equipe de enfermagem durante a internação da criança; 12 3. REVISÃO DE LITERATURA: Neste capítulo busco subsídios teóricos para dar sustentação ao estudo. No primeiro item abordo sintetizadamente, como se desenvolve na criança a capacidade de imitar representando papéis, o ―faz de conta‖, bem como a capacidade adquirida na infância de utilizar o jogo simbólico e as brincadeiras, itens estes que incorporam o universo lúdico infantil. No segundo item, a abordagem é centrada na necessidade de hospitalização na infância caracterizando as carências e sentimentos da criança frente a esse episódio e a relevância de se levar em consideração todas as necessidades infantis neste cenário, entre elas, o ato de brincar e a presença dos pais. No terceiro item trago a enfermagem e sua importância frente ao cuidado à criança hospitalizada, enfatizando os instrumentos que o enfermeiro disponibiliza para prover um cuidado que leve em conta o desenvolvimento infantil saudável. 3.1 Desenvolvimento do lúdico na criança ―No mundo infantil tudo é possível, cachorros e gatos convivem amigavelmente e o céu pode ser tanto rosa como verde, dependendo somente da imaginação‖ (RAVELLI ; MOTTA, 2005, p.611). Esta característica da infância dá- se através do universo lúdico que a criança se insere. Neste contexto, o lúdico é definido como um ―adjetivo relativo a jogos, brinquedo, diversão‖ (LAROUSSE ATICA, 2001. p. 613). Para que se possa compreender o universo lúdico da criança faz-se necessário conhecer como ocorre essa formação durante as fases do desenvolvimento infantil. Papalia e Olds (2006) afirmam que existem três fases do desenvolvimento infantil. A primeira infância compreende do nascimento até os 2 anos de idade, a segunda infância ou período pré- escolar corresponde dos 3 aos 6 anos, e a terceira infância ou idade escolar engloba dos 7 aos 12 anos. Para as autoras, é a partir do fim da primeira infância e inicio da segunda infância que a criança começa a desenvolver forças e habilidades motoras simples, 13 como andar sozinha, segurar objetos, falar, etc. Tem um comportamento egocêntrico, entretanto compreende e tem uma perspectiva em relação às outras pessoas. Ainda possui imaturidade cognitiva, refletindo idéias ilógicas acerca do mundo. O lúdico torna-se mais elaborado, sua independência, autocontrole e o autocuidado aumentam, sendo que a família é seu núcleo de vida e outras crianças começam a ter importância em seu convívio. Na terceira infância, ocorre o aperfeiçoamento da força e das habilidades motoras, o egocentrismo diminui e passam a pensar de forma mais lógica e concreta. A capacidade de memória e de linguagem ampliam-se, e com o aumento dos ganhos cognitivos, conseguem tirar melhor proveito de coisas novas que lhe são ensinadas. A autoimagem se desenvolve e passa a afetar sua auto-estima, e os amigos e familiares assumem importância fundamental em sua vida. (PAPALIA ; OLDS, 2006) Dessa forma, Franco (2004) afirma que todo ser humano tem uma organização estrutural que lhe dá uma característica de totalidade, integrando dinamicamente as várias partes que o formam. Assim acontece também com o pensamento e a imaginação que seriam constituídos por elementos integrados em uma estrutura maior, entre eles o processo de adaptação, assimilação e acomodação de ideias. Segundo o autor, essa estruturação de pensamentos é progressiva e gradual, acompanha as fases do desenvolvimento da criança até sua vida adulta, em que ocorre a maturação do pensamento e a distinção do mundo imaginário e do mundo real. Piaget (2010) remete que a formação do universo lúdico na criança dá- se a partir da imitação representativa e do jogo, na qual se consideram as brincadeiras simbólicas. Sendo assim, o desenvolvimento do pensamento da criança acontece junto com seu crescimento enquanto ser humano, disponibilizando a adaptação e a organização de suas estruturas, compreendendo assim, quem é e como é o mundo em que está inserida. 3.1.1 Desenvolvimento da imitação representativa Para Piaget (2010), a imitação não consiste em uma técnica proveniente de instintos ou que herda-se de pai para filho: a criança aprende a imitar e transformar essa imitação em brincadeira. Para Piaget (2010), a aprendizagem da imitação dáse progressivamente durante fases distintas do desenvolvimento da criança. De acordo com o autor, a primeira fase ocorre durante o primeiro mês de vida, sendo a 14 ausência de imitação, na qual simplesmente há a reprodução de um modelo por simples reflexo estimulado por um excitante externo. É o caso de um recém nascido que é estimulado pelo choro de outros bebês que estão com ele em um berçário e que põe - se a chorar em coro com eles. É possível que o choro dos outros desperte simplesmente no recém nascido uma sensação desagradável, sem que ele estabeleça uma relação entre os sons ouvidos e os seus próprios. Dessa forma pode-se considerar que o choro seja repetido graças a uma espécie de ―exercício reflexo‖ não possuindo caráter de imitação. Após o primeiro mês de vida, a criança passa por fases de maturação da inteligência e dos sentidos. Para Rappaport (2002) neste período a interação social da criança é bastante limitada, predominando a imitação de caráter exploratório, no qual o bebê parece explorar as potencialidades dos objetos sem necessidade de se acomodar a eles. Assim, a imitação acontece esporadicamente, necessitando de estímulos externos, acontecendo por simples vontade de dar continuidade e conservar a atividade que está lhe dando prazer. Pode-se então perceber um caráter lúdico primitivo em tais atitudes, na qual o bebê explora e continua arremedando aquilo que lhe causa sensações agradáveis. Após a imitação esporádica, em média aos 4 meses de vida, Piaget (2010), afirma que inicia-se uma nova fase do desenvolvimento do lúdico para o bebê. A imitação agora ocorre de forma sistemática e intencional, em que a criança consegue repetir sons e movimentos já conhecidos e visíveis para ela. É essencialmente conservadora, isto é, sem tentativas de imitar modelos novos, e sem perceber a semelhança entre seu corpo e de outra pessoa não conseguirá imitar ações que não consiga enxergar em seu próprio corpo, como por exemplo, por a língua para fora. Para Piaget (2010) com o progresso da inteligência, em média entre 8 e 9 meses de vida, o bebê começa a assimilar os gestos de outras pessoas aos do seu próprio corpo, mesmo quando tais gestos permanecem fora de seu campo visual, conseguindo então imitar modelos novos. Entretanto, ainda ocorrem certas confusões entre os órgãos, podendo facilmente abrir e fechar a boca ao tentar imitar movimentos de abrir e fechar os olhos. Essa confusão soluciona-se quando o bebê, por exemplo, transforma um ruído de salivação em um sinal que desencadeia a percepção de que é na boca que a ação está sendo executada, traduzindo o estímulo visual para sensação cinestésica. Com base no descrito anteriormente, Rappaport (2002), conclui que a criança após conseguir descobrir as partes de seu 15 corpo passa a repetir os movimentos não mais na tentativa de ―solucionar problemas‖ e sim como forma de imitar atingindo sensações agradáveis. Em média, a partir do segundo ano de idade, Piaget (2010), diz que começa a imitação propriamente dita, com caráter representativo, a criança não necessita mais de exemplos, desligando-se da ação atual, passando a ser capaz de imitar interiormente uma série de modelos, dado no estado de imagens ou de esboços de atos guardados em sua memória, atingindo assim, os primórdios do nível da representação. Dos 3 aos 6 anos de idade, a imitação representativa amplia-se e generalizase numa forma espontânea, se torna refletida e integra-se na própria inteligência, a criança consegue dar novos significados para as pessoas, objetos ou situações, dependendo somente de sua imaginação e do contexto em que se encontra. Conforme Piaget, 2010, p. 95: A imitação é sempre um prolongamento da inteligência, mas no sentido de uma diferenciação em função de novos modelos: a criança imita um avião ou uma torre etc. porque compreende o seu significado e só se interessa por isso numa relação qualquer com as suas próprias atividades. Dessa forma Piaget (2010, p.95), refere que ―com o desenvolvimento da vida social e o intercâmbio de pensamentos surge toda a espécie de novos matizes e graduações‖. Assim é que a criança cria prestígios àquelas pessoas que desempenham um papel importante em sua vida, imitando- os como tais. Em suma, primeiramente há imitação dos pormenores com análises e reconstituições dos modelos e em seguida vem a consciência de imitar, diferenciando o que vem de fora e do que pertence ―ao eu‖, conseguindo representar papéis, interpretando ludicamente a realidade através da imitação e do ―faz de conta‖. 3.1.2. O Jogo simbólico Piaget (2010), afirma que a evolução do jogo, assim como a imitação, ocorre através de fases. Até o segundo ano de vida não há jogo simbólico, apenas sensório - motor. Nesta fase, o bebê ainda não desenvolveu a capacidade de imitação representativa, e o jogo tem a função de transmitir sensações agradáveis e reflexivas, sem caráter de expressar alguma simbologia. Papalia e Olds (2009) expõem que nos primeiros meses de vida, a criança só pode lidar com as partes de seu mundo que são captadas através de seus cindo sentidos. Com a maturação da imitação, a criança passa a transformá-la em jogo. Para Piaget (2010, p. 115), ―o jogo é simples assimilação funcional ou reprodutora‖, 16 o autor quer dizer com essa afirmação que o jogo constitui uma transposição simbólica entre o mundo real o e mundo imaginário. Com base na afirmação de Piaget, Papalia e Olds (2009) consideram que a partir deste momento a criança é capaz de usar símbolos para fazer as imitações representativas de objetos, lugares e pessoas. ― O pensamento pode dardejar de volta a eventos passados, pode saltar à frente para prever o futuro e pode permanecer no que poderia estar acontecendo em algum lugar do presente‖ (PAPALIA; OLDS, 2009, p.223) Para Piaget (2010), a partir do 3 anos de idade, o jogo e a imitação assumem caráter simbólico na vida da criança, tomando forma, regras e dimensão, tendo a capacidade de representar as situações vivenciadas por ela e servindo como forma de criar uma realidade particular e individual. Assim, toma-se como exemplo o jogo simbólico de ―brincar com bonecas‖ onde se vê num primeiro momento um caso típico de exercício das tendências familiares e notadamente, do instinto maternal. Analisando mais detalhadamente pode- se enxergar nessa ação que a menina imita e representa as características de sua própria mãe. A boneca serve apenas de ocasião para a criança reviver simbolicamente a sua própria existência [...] para melhor assimilar os seus diversos aspectos, para liquidar os conflitos cotidianos e realizar o conjunto de desejos que ficaram por saciar. Assim, podemos estar certos de que todos os eventos alegres ou aborrecidos, que ocorrem na vida da criança repercutir-se-ão nas suas bonecas (PIAJET, 2010, p. 140). Em se tratando de brincadeiras com bonecas, Rappaport (2002) também afirma que é uma forma de oferecer à criança não só a oportunidade de aflorar seus instintos maternais ou de aprender normas culturais do desempenho do papel feminino, mas principalmente oportuniza para esta menina uma melhor elaboração dos conflitos cotidianos por ela vivenciados ou de realizar seus desejos insatisfeitos. A medida que, desempenha ludicamente seu papel de mãe trabalha mentalmente as angustias, alegrias, etc. que experimentou com sua mãe real. Além deste exemplo, Rappaport (2002), também traz o caso de uma criança que esteve enferma, que necessitou submeter-se a tratamentos médicos e procedimentos cirúrgicos e através do jogo simbólico brinca de ser médica ou enfermeira, podendo dar uma injeção em sua boneca repetindo as palavras ―não vai doer‖. Assim, com a repetição da situação a criança se fortalece em termos de estruturação, criando através de seu mundo imaginário uma nova situação, agora menos rude e mais amena. 17 Assim, não só no caso do brincar de bonecas, mas em qualquer outra atividade de jogo simbólico desempenhado pelas crianças, pode- se compreender que a brincadeira trata-se de uma construção de símbolos e imagens baseados na vida da própria criança, onde adquire múltiplas funções, sendo necessidade básica infantil, propiciando o desenvolvimento infantil saudável, sendo utilizado como forma de expressão e meio de dar vazão aos seus sentimentos. 3.2 Hospitalização na Infância e o Brincar no Hospital A hospitalização é caracterizada por Frota et al. (2007) como um momento desagradável, trazendo consigo sentimentos de fragilidade, impotência e temor. Trata-se de uma experiência difícil para qualquer pessoa e que intensifica-se quando esta pessoa é uma criança, rodeada por seu mundo de imaginação e simbologia, ―sua mente pode ir acima do aqui e agora‖ (PAPALIA; OLDS, 2009, p.223). Percebendo de uma maneira particular e singular as novas experiências que deparar-se- á durante o período que estará afastada de seu lar. Mitre e Gomes (2004) afirmam que a necessidade de uma internação na infância pode-se configurar em uma experiência sofrida para a criança, pois a afasta de sua vida cotidiana, do seu ambiente familiar e promove um confronto com a dor, procedimentos dolorosos, limitação física, vendo-se obrigada a aceitar com passividade as atividades propostas pela equipe de saúde. Surge a necessidade de adaptar-se ao novos horários e rotinas, confiar em pessoas até então desconhecidas e permanecer em um quarto com privação de realizar todas as atividades que caracterizam sua vida de criança. Com esse afastamento de seu cotidiano e a sua nova condição de paciente, a criança passa a ter uma percepção própria sobre a nova realidade, assimilando os profissionais de saúde com algo negativo, com procedimentos que a fazem sentir dor, assim, para Motta e Enumo (2004) a hospitalização pode afetar o desenvolvimento da criança, interferindo diretamente na sua qualidade de vida. Quando a experiência é muito estressante para a criança, Sabatés (2008), afirma que ela poderá apresentar reações emocionais e regressões, que poderão repercutir negativamente durante e após o período de sua permanência no hospital. A criança pode desencadear comportamentos que tem relação com a situação de tensão vivenciada, pelos procedimentos dolorosos e difíceis nos quais se depara. De acordo com Mitre e Gomes (2004), toda esta carga emocional aflora sentimentos de culpa, punição e temor da morte, faz com que a criança sinta a obrigação de 18 submeter-se a tudo que lhe é proposto, sem a oportunidade de argumentação, enquadrando-se nas normas exigidas pela equipe e pela instituição hospitalar. Ribeiro, Almeida e Borba (2008), consideram que esta situação pode acarretar agravos emocionais caso não haja a presença dos pais e um manejo adequado por parte da equipe de saúde que a assiste. Para que a adaptação da criança na unidade hospitalar seja melhor, é de suma importância a presença dos pais/ responsáveis participando ativamente neste processo, sendo encorajados pelos enfermeiros a fortalecer o vínculo familiar (GOÉS; CAVA, 2009). A participação da família no momento de hospitalização foi instituída em 1990, através da lei 8.069 do ECA, devido a necessidade e benefícios para a criança do acompanhamento dos pais/ responsáveis em tempo integral durante a internação. Para Goés e Cava (2009), a permanência dos pais/responsáveis em período integral no ambiente hospitalar, sua participação no cuidado e a relação entre crianças, pais e profissionais, têm desencadeado novas formas de planejar o cuidado a esta criança hospitalizada. Nesta perspectiva amplia-se o foco, sendo necessário dirigir o olhar numa perspectiva holística em um processo de produç ão de relações e intervenções para além do atendimento clínico (COLLET, 2004). Almejando a adaptação da criança e tendo em mente a assistência que visa a integralidade, faz- se necessário que a criança tenha em sua disposição instrumentos de seu domínio e que seja de seu conhecimento e convívio, que a remeta ao seu dia- a- dia e as características de sua rotina. Para Frota et al. (2007), uma das formas capazes de esclarecer para a criança essa mudança vivenciada atualmente é o uso de atividades lúdicas, que pode auxiliar a aliviar temores e ansiedades, permitindo que revele ,para os pais e para a equipe de saúde, o que sente, pensa, por intermédio de brincadeiras. Brincar é habitualmente uma forma de diversão, de criar um mundo onde tudo é possível, e cada coisa ganha sentido próprio, para Ribeiro, Almeida e Borba (2008), é uma necessidade básica da infância e o meio pelo qual ela se desenvolve nos aspectos físico, emocional, cognitivo e social. Dessa forma referencio Mitre e Gomes (2004), que caracterizam o brincar como uma possibilidade de realizar mudanças no cotidiano da internação, porque é através das brincadeiras que a criança produzirá uma realidade própria e singular. É através de um movimento pendular entre o mundo de realidades e o mundo de imaginações que ocorrerá a transposição de barreiras do adoecimento e os limites de tempo e espaço. 19 Dessa forma, o ato de brincar surge como uma possibilidade de aproximação do universo desta criança e o meio hospitalar. Embaso- me em Mitre e Gomes (2004), para afirmar que o brincar pode ser um elo, criando possibilidade para a criança expressar seus sentimentos, preferências, receios e hábitos, é uma mediação entre o mundo familiar e as novas situações presentes em sua vida. Frota et al. (2007) relata o ato de brincar como uma tentativa de transformação no ambiente hospitalar, que minimiza danos psicológicos advindos de experiências negativas, facilita o acesso à atividade simbólica, lúdica, e a elaboração psíquica de vivências do cotidiano da internação. O comportamento de brincar remete a essa criança uma nova oportunidade de enxergar sua realidade, modificando ludicamente o ambiente em que está inserida. Para Mello e Valle (2008), o brincar no hospital mostra-se ideal para a criança dar vazão aos seus sentimentos mobilizados pela hospitalização, além de auxiliar no processo de desenvolvimento. Para Mitre (2000), o brincar também passa a ser visto como uma atividade capaz de promover a continuidade do desenvolvimento infantil, bem como a possibilidade de através dele a criança hospitalizada melhor elaborar esse momento específico em que vive. Por vezes na tentativa de compreender a nova rotina, a criança brinca de ser enfermeira e médico. Os doentes são as bonecas, os bichinhos de pelúcia e os amigos do quarto. Com roupas, máscaras, materiais hospitalares como termômetros e estetoscópios, a criança brinca e representa sua própria condição de criança hospitalizada. (KISHIMOTO, apud MELO; VALLE, 2008, p.59) Assim, destaca- se a importância de levar em consideração toda a ludicidade em que a criança é envolvida, inclusive no meio hospitalar que para Frota et al. (2007) é uma experiência estressante e traumática para a acriança, refletindo em seu comportamento durante e após sua permanência no âmbito hospitalar, sendo a ludicidade uma alternativa de proporcionar uma possibilidade para esta criança na resolução dos seus conflitos uma vez que quando brinca desloca para seu exterior seus problemas interiores. 3.3 Enfermagem e o cuidado à criança hospitalizada O conceito de saúde foi ampliado em 1990, com a aprovação da lei Orgânica da Saúde N° 8080 no artigo 196, a qual passou a ser considerada como um resultado de diversos fatores determinantes e condicionantes, passando de um modelo biologicista, centrado na patologia e no corpo biológico, para um modelo 20 amplo, onde o ser humano é visto em toda sua dimensionalidade e complexidade (BRASIL, 2010). Com esta ampliação do conceito de saúde surge a necessidade de abordar o ser humano de uma maneira holística, levando em conta todo seu sistema conceitual, que de acordo com Waldow, Lopes e Meyer (1995) é envolvido por individualidade, singularidade, originalidade e totalidade. Com atributos e potencialidades física, intelectual, emocional, social e espiritual. O ser humano é intuito, criativo, com direitos inerentes para atingir seu próprio desenvolvimento, interesse e metas. Sendo assim, a equipe de enfermagem deve ter em mente o real sentido do cuidado que será prestado. Cuidado este, que para Boff (2011) significa desvelo, solicitude, diligência, zelo, bom trato. É uma ação fundamental de preocupação e de inquietação no sentido de responsabilidade, sabendo que a base da enfermagem é o cuidado, a atenção para com o outro e o entendimento das necessidades físicas e emocionais de quem esta sendo cuidado, sendo coerente ao novo conceito de saúde. Dessa forma ao se lidar com saúde da criança é necessário que a equipe de enfermagem compreenda as características infantis e as necessidades que devem ser supridas. A assistência de enfermagem a essa criança deve ultrapassar a prestação de cuidados físicos e o conhecimento que o enfermeiro deve ter a respeito de sua doença e das intervenções diagnósticas ou terapêuticas realizadas. Deve considerar, também, as necessidades emocionais e sociais delas, abrangendo o uso de técnicas adequadas de comunicação e relacionamento, dentre as quais destaca-se a situação de brincar (RIBEIRO; ALMEIDA; BORBA, 2008, p.65). Para os autores citados, a compreensão de que brincar é uma necessidade básica torna-se essencial para a equipe de enfermagem que cuida da criança, onde tal atividade deve estar presente no meio hospitalar, devendo ser valorizada tanto quanto cuidado com higiene, procedimentos técnicos, alimentação e medicações. A assistência à criança deve estar comprometida não apenas com sua doença, mas embasada no novo conceito de saúde, satisfazendo suas necessidades como ser humano que cresce e se desenvolve. O brincar na assistência de enfermagem é recomendado e regulamentado pelo Conselho Federal de Enfermagem na Resolução n. 295 de 24 de outubro de 2004, em seu Artigo 1° afirmando que: 21 Compete ao enfermeiro que atua na área pediátrica, enquanto integrante da equipe multiprofissional de saúde, a utilização da técnica do Brinquedo/ Brinquedo terapêutico, na assistência à criança hospitalizada. O brincar no cuidado à criança é visto como algo que vai além de trazer momentos prazerosos. De acordo com Ribeiro, Almeida e Borba (2008) as brincadeiras representam um meio de alívio para as tensões que são impostas pela hospitalização e pelo estar doente. Além disso, manifesta-se como uma possibilidade de comunicação pela qual os enfermeiros podem dar explicações, orientações sobre procedimentos que irão ser realizados, bem como receber informações da criança em relação a como se sente e o que as situações por ela vivenciadas têm significado na sua vida. Dessa forma, o enfermeiro cria a possibilidade de traçar metas e elaborar uma assistência de enfermagem direcionada especialmente àquela criança, atendendo suas reais necessidades. Afim de melhorar a qualidade do cuidado prestado para a criança Frota et al. (2007) afirma que a equipe de enfermagem dispõe de instrumentos capazes de proporcionar vivências com novos objetivos, sentimentos, sensações, atividades não ameaçadoras. Assim, o brincar surge como uma ferramenta capaz de mudar a percepção da criança sobre o profissional de saúde, onde a partir de agora passa a ser visto não só como aquele que propõe e executa procedimentos dolorosos e sim aquele que também propicia momentos alegres e que compreende o universo em que a criança se insere, participando ativamente em suas construções simbólicas, falando na sua linguagem lúdica. Além disso, para os autores, o apoio daqueles que assistem a criança é essencial para a adaptação no âmbito hospitalar e tratamentos aos quais é submetida pois a atuação diferenciada contribui para sua adaptação no novo cotidiano. A tríade profissional- brinquedo- criança, interliga propósitos e expectativas, facilitando a interação positiva, sendo que o lúdico para Mitre e Gomes (2004) é visto como um instrumento que garante a adesão da criança ao tratamento, é um veículo de comunicação entre o profissional de enfermagem e a criança, onde o enfermeiro criará laços no sentido de levar informações, mostrar e desmistificar procedimentos através da educação em saúde direcionada especificamente para estas crianças. A educação em saúde, desde 1997 é caracterizada por Candeias como combinações de experiências de aprendizagem delineadas com objetivo de facilitar 22 ações voluntárias conducentes comportamento individual. á saúde, desencadeando mudanças de A palavra combinação enfatiza a importância de combinar múltiplos fatores do comportamento humano com experiências de aprendizagem e de intervenções educativas. O termo delineadas distingue o processo de educação em saúde de quaisquer outros processos, apresentando- o como uma atividade sistematicamente planejada. Facilitar significa predispor, possibilitar e reforçar. Ações voluntárias significam sem coerção e com plena compreensão e aceitação dos objetivos educativos adotando medidas comportamentais para alcançar um efeito intencional sobre a própria saúde. Com o intuito de alcançar as metas traçadas e os propósitos da prática educativa em saúde, torna-se primordial a proposição de ações educativas sensíveis às necessidades emergentes dos sujeitos. Goés e Cava (2009) afirmam que a metodologia pedagógica a ser adotada deve ter como ponto de partida o conhecimento sistemático da realidade em que estão inseridos os sujeitos. Estes são convidados a deixar o silêncio e compartilhar suas experiências de vida, salientando que o diálogo é condição essencial e necessária para que ocorra a prática educativa. Esse novo olhar sobre os métodos pedagógicos é conceituado por Freire (2006) como a Pedagogia da Problematização, em que rompe com os modelos não reflexivos de educar, pautados na recepção de informações e na reprodução de técnicas, e sim afirmando que o educando aprende com a realidade vivida por ele ao passo que se prepara para modificá-la. Para tanto, o educador que ambiciona atuar nessa perspectiva progressista precisa ter entendimento que ensinar não é repassar conhecimento, mas propiciar formas para que o educando tenha a capacidade de produzi-lo conforme sua perspectiva. (FREIRE, 2011). Pensando desta forma, Ferraz et al. (2005) traz a utilização da educação como uma forma de cuidar na enfermagem transcendendo os preceitos básicos do cuidado, pois através do educar o enfermeiro potencializa sua capacidade de cuidar. Desta maneira, o enfermeiro pode intervir de maneira construtiva nas relações desenvolvidas entre os sujeitos, educador e educando, numa perspectiva onde um aprende com o outro. Em se tratando de saúde da criança, Queroz e Jorge (2006) definem que a educação em saúde além de tratar e/ou prevenir doenças, destina-se também, a promover o crescimento e o desenvolvimento infantil, numa perspectiva de qualidade de vida. Goés e Cava (2009) afirmam que no cuidado à criança sempre se 23 encontra espaços para a educação em saúde, seja para expressão de sentimentos, preparação para procedimentos, informações sobre cuidados a serem prestados, permeando todas as práticas do cuidado infantil buscando envolver a família e todo o universo lúdico da criança neste processo. Como citado, a pedagogia da problematização visa o rompimento de um modelo que não leva em conta toda a dimensionalidade do ser humano. Pensando desta forma, ao ambicionar educação em saúde onde os educandos são as crianças hospitalizadas, é de suma importância levar em conta sua fragilidade, medos e angustias pertinentes ao momento em que vivem. Também é necessário a compreensão de que embora estejam num meio diferente do seu habitual, elas não deixam de ser crianças e ter todas as características envolvidas neste processo, entre elas o seu universo lúdico singular (FREIRE, 2006). Assim, na assistência à criança hospitalizada, referencio Ribeiro, Almeida e Borba (2008) ao afirmar que o enfermeiro deve prever, prover e facilitar a sua participação nos diferentes tipos de brincadeiras, além de participar desta atividade, interagindo educativamente, contemplando toda a realidade e integralidade desta criança, coerente assim, com o conceito da pedagogia da problematização. Essa participação do enfermeiro faz-se de suma importância para que a criança não o relacione apenas a procedimentos desagradáveis e dolorosos, desmistificando a imagem negativa da equipe de saúde, trazendo melhor aceitação e entendimento acerca do tratamento, despertando na criança sentimentos positivos em relação à hospitalização e sua necessidade para a melhora da saúde. Toda esta participação do enfermeiro neste processo de hospitalização e o lúdico faz com que se estabeleçam vínculos e uma relação de confiança e amizade entre a criança a ser cuidada e o enfermeiro. 24 4. METODOLOGIA 4.1 Caracterização da Pesquisa O presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa,descritiva e exploratória. Creswell (2010) define a pesquisa qualitativa como uma forma de explorar e entender o significado que os indivíduos atribuem aos problemas que vivenciam. Ainda se tratando em pesquisa qualitativa, Leopardi (2002) afirma que com esse tipo de estudo tem-se a possibilidade de compreender uma situação na perspectiva dos sujeitos, dessa forma é pertinente usar este método quando se tem a intenção de saber o significado de uma variável e não contá-la. Minayo (2010) define que um estudo é descritivo quando realizado de forma totalmente livre e descreve todas as características de uma população ou fenômeno. De acordo com Minayo (2010) um estudo é exploratório quando esclarece e modifica conceitos e ideias com a intenção de envolvimento no estudo através da escolha, construção e investigação do tema. 4.2 Local da Pesquisa Este estudo foi realizado em uma unidade de internação Pediátrica de um Hospital Universitário, em uma cidade do sul do Rio Grande do Sul. O Hospital atende somente demanda do SUS, possuindo UTI ( Unidade de Tratamento Intensivo) adulto, UTI pediátrica e neonatal, PIDI (Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar), unidade de internação clínica, cirúrgica e pediátrica. A unidade pediátrica possui cinco enfermarias, sendo uma delas de isolamento, uma de cuidados semi-intensivos, uma para recém-nascidos, outra para distúrbios respiratórios e a última que abrange desde os lactentes até as crianças maiores. Os pacientes que internam na Unidade do estudo são recém- nascidos à termo e prematuros, lactentes, pré-escolares, escolares e pré- adolescentes de até onze anos. 25 A equipe de enfermagem no turno da manhã e tarde é composta por um enfermeiro e seis técnicos de enfermagem. No turno da noite há três enfermeiros e quinze técnicos, divididos em três equipes Além disso, conta com acadêmicos e residentes de enfermagem, medicina, nutrição, psicologia e odontologia. 4.3 Sujeitos da Pesquisa Os sujeitos da pesquisa foram 06 pais de crianças internadas na Unidade pediátrica citada anteriormente, contemplando os critérios de inclusão pré estabelecidos para a realização da pesquisa. Na intenção de preservar a identidade dos sujeitos, foi garantido o anonimato, no qual todos os participantes foram identificados por nomes fictícios correspondentes a personagens infantis. 4.4 Critérios para seleção dos sujeitos Os sujeitos participantes da pesquisa foram os que se enquadraram nos seguintes critérios: Ter filho(a) internado na Unidade pediátrica no momento do estudo; Ter filho(a) com faixa etária de 5 a 10 anos; Ter filho(a) consciente, falando e situado no tempo e espaço; Ter filho(a) que não esteja em isolamento; Ter aceitado participar das atividades propostas e ter plena e total concordância sobre a participação da criança no estudo por meio da assinatura do consentimento livre e esclarecido; Concordar com a apresentação e divulgação dos resultados nos meios acadêmicos e científicos. 4.5 Procedimento para coleta de dados Primeiramente, para a realização do estudo foi preenchido via on-line o termo de solicitação para a realização de pesquisa no Hospital. Após confirmação foi requerido à chefia de Enfermagem (Apêndice A) e ao serviço de educação (Apêndice B) da instituição a autorização para a realização da pesquisa, através de documento formal expondo a finalidade do projeto De posse da autorização da instituição, foi encaminhado para a enfermeira do turno da tarde da Unidade em questão, um ofício (Apêndice C) com o intuito de apresentar os objetivos do estudo e requerer sua permissão para realizar a coleta. No segundo momento, o projeto foi encaminhado a um Comitê de Ética em 26 Pesquisa (Apêndice D), sendo aprovado sob o parecer número 083/2012 (Anexo 1). Após estas apreciações e a pesquisa autorizada ocorreu a coleta de dados. Antes da realização da coleta de dados com os pais e as crianças hospitalizadas, a autora realizou atividades lúdicas durante o período de internação da criança na unidade pediátrica. A primeira abordagem foi feita durante a admissão, através de fantoches e brinquedos, sendo a criança convidada a conhecer a unidade e a sala de recreação. Dessa forma, o contato inicial e a realização dos primeiros procedimentos de anamnese e exame físico, tornaram-se mais fáceis, tanto para a equipe de enfermagem quanto para a criança. Durante todo o período de internação foi aplicada uma abordagem lúdica, onde foram estimulados a usar a imaginação e criar uma realidade mais alegre e menos hostil. Com a utilização de máscaras de super heróis criaram personagens valentes e fortes, o que ajudou durante a realização de procedimentos dolorosos. Havendo a necessidade de procedimentos, a criança passou por um momento de preparação, sendo explicado através de brincadeiras o objetivo e de que forma se realizaria tal técnica. Através de brinquedos de instrumentos hospitalares e bonecos, as crianças tiveram a possibilidade de experimentar e repetir o procedimento brincando, através de bonecos ou fazendo em si de maneira simbólica. Dessa forma teve-se o intuito que a criança adquirisse conhecimento em relação ao cuidado que estava sendo submetida, passando a enxergá-lo de forma menos ameaçadora. Em se tratando de punção venosa, foi necessário expor para a criança de que forma seria realizada utilizando-se da técnica do brinquedo terapêutico. Após o procedimento e a fixação do acesso venoso eram realizados desenhos no esparadrapo, onde cada criança teve a oportunidade de deixá-lo da forma que mais lhe agradasse, aproximando o desconhecido ambiente hospitalar de seu universo infantil. Dessa forma todos os procedimentos em que a criança foi submetida, explicou-se de maneira educativa e infantil, fazendo com que sentisse confiança na equipe e entendesse a importância de tal atividade para seu tratamento e recuperação. Além disso, para expressarem seus sentimentos em relação à mudança que o adoecimento trouxe em suas vidas, foram realizados desenhos, conversas e brincadeiras. Repetiam no ―faz-de-conta‖ os acontecimentos que vinham enfrentando e brincando de hospital, na qual as crianças eram os médicos e 27 enfermeiros e os colegas e as bonecas os pacientes, assim criaram um novo significado para a hospitalização. O procedimento para a coleta de dados partiu de um desenho realizado pela criança, no qual foi solicitado que desenhasse como se sentiu em relação ao ambiente hospitalar e a equipe de enfermagem. Após, a autora apresentou aos pais o desenho realizado pela criança, e estes o interpretaram, descrevendo como achavam que seu filho estava vivenciando a hospitalização. Em seguida os pais responderam à entrevista semi-estruturada com questões abertas (Apêndice F). Para Minayo (2010) as entrevistas são diálogos entre duas ou mais pessoas, com o interesse de produzir informações que sejam pertinentes à pesquisa afim de alcançar os objetivos propostos. As entrevistas semi-estruturadas permitem que o entrevistador aborde o tema através de perguntas abertas, dando a capacidade de discussão sobre o tema em questão. A entrevista foi realizada durante a internação hospitalar da criança, em uma sala reservada, utilizando-se de gravador, sendo apresentado o objetivo do estudo, solicitando a leitura do consentimento livre e esclarecido (Apêndice E) que foi assinado por aqueles que aceitaram a participação no estudo, ficando cientes de todos os termos descritos no mesmo. O termo de consentimento livre e esclarecido foi reproduzido em duas vias, na qual uma ficou com o sujeito da pesquisa e a outra com a autora do projeto. Os dados serão guardados pela autora pelo tempo de cinco (05) anos. . 28 4.6 Princípios éticos Neste estudo foram mantidos os preceitos éticos, baseados no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem brasileiros do ano de 2007, capitulo III 1 (do ensino, da pesquisa e da produção técnico-científica), artigos 89, 90 e 91 que tratam das responsabilidades e deveres, e artigos 94 e 98, referentes às proibições, e também de acordo com a Resolução nº196/96 2, do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, referente à pesquisa, envolvendo seres humanos. 4.7 Análise dos dados A análise dos dados foi realizada com o intuito de analisar o material coletado, oferecendo ao pesquisador a possibilidade de investigar, ampliar e aprofundar sua compreensão em relação ao assunto pesquisado, onde conseguirá relacioná-lo ao contexto cultural de cada pessoa. (MINAYO, 2010). De acordo com a autora, a análise dos dados é constituída de três etapas. 1º etapa- Ordenação dos dados : após a obtenção dos dados será realizada leitura e exploração do conteúdo das entrevistas, voltando-se aos objetivos do estudo. 2° etapa- Classificação: codificação e categorização dos dados por temas e através de embasamento teórico. 3º etapa- Análise final e interpretação: interpretação dos dados através da revisão de literatura e reflexões da autora. 1 Capitulo III (das responsabilidades e deveres) Art. 89- Atender as normas vigentes para a pesquisa envolvendo seres humanos, segundo a especialidade da investigação; Art. 90- Interromper a pesquisa na presença de qualquer perigo à vida e à integridade da pessoa; Art. 91- Respeitar os princípios da honestidade e fidedignidade, bem como os direitos autorais no processo de pesquisa, especialmente na divulgação dos seus resultados. (Das proibições) Art. 94- Realizar ou participar de atividades de ensino e pesquisa, em que o direito inalienável da pessoa, família ou coletividade seja desrespeitado ou ofereça qualquer tipo de risco ou dano aos envolvidos; Art. 98- Publicar trabalho com elementos que identifiquem o sujeito participante do estudo sem sua autorização. ²Resolução nº 196/96: Esta resolução incorpora sob ótica do indivíduo e das coletividades os quatro creferenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça entre os outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade cientifica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. 29 5. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Este capítulo apresenta a discussão e a análise dos dados qualitativos obtidos durante a pesquisa, bem como a revisão teórica do tema. Primeiramente foram apresentados os sujeitos participantes da pesquisa e na sequência discutidos os temas estabelecidos após leitura do material: O lúdico como facilitador durante a hospitalização na Infância, A ludicidade como ferramenta auxiliadora no tratamento e prognóstico, O lúdico como instrumento de trabalho do enfermeiro. 5.1 Apresentação dos Sujeitos Mãe/ Pai Sexo Idade Escolaridade Estado Civil Ocupação N° de Filhos Filho Internado Sexo Idade Diagnóstico Nº de internações Minnie Feminino 27 anos Ensino Médio Completo Solteira Dona de casa 02 Mickey Masculino 08 Hemofilia 10 Rapunzel Feminino 28 anos Ensino Médio Incompleto Solteira Dona de Casa 01 Cinderela Feminino 07 Colite Ulcerativa 01 Sininho Feminino 32 anos Ensino Médio Incompleto Solteira Vendedora Mônica Feminino 34 anos Ensino Médio incompleto 04 Peter Pan Masculino 10 Crise Asmática 20 O2 Cebolinha Masculino 09 Crise Asmática 01 Casada Cabeleireira Robin Masculino 40 anos Ensino Fundamental Incompleto Viúvo Vigilante Fiona Feminino 24 anos Ensino Médio Incompleto Solteira Diarista 03 Batman Masculino 10 Leucemia 02 Shrek Masculino 05 Pneumonia 01 02 A pesquisa realizou-se contando com a participação de seis (06) cuidadores de crianças hospitalizadas na Unidade de Internação Pediátrica, sendo eles na sua maioria do sexo feminino (83%), com faixa etária entre 24 e 40 anos, a maioria com escolaridade de Ensino Médio Incompleto e solteira (66%), com profissões distintas, sendo que dois sujeitos (33%) são donas de casa, com número de filhos entre 01 e 04. Em relação aos filhos internados a maioria foi do sexo masculino (83%), com 30 idades entre 05 e 10 anos, com diagnósticos variados sendo 03 (50%) destes por problemas respiratórios, com numero de internações entre 01 e 20. 5.2 O lúdico como facilitador da hospitalização na Infância De acordo com Motta e Enumo (2004), a hospitalização na infância pode interferir na qualidade de vida e afetar o desenvolvimento saudável da criança. Esta pode deparar-se com dificuldades em sua vida social e familiar, já que há restrição do convívio com outras pessoas, ausências escolares e aumento da angustia e tensão familiar. Acrescenta-se a esse quadro o fato de ter a necessidade de se adaptar a novos horários e rotinas, depositar confiança em pessoas até então desconhecidas, passar por procedimentos invasivos e dolorosos, bem como permanecer em um quarto com privações de atividades e vendo outras crianças vivenciando a mesma situação que eles. Esses sentimentos são expressos nas falas a seguir: ―Bom..até algum tempo atrás era bem difícil vir pro hospital [...] ele não aceitava, ficava com medo de tudo.‖ (Minnie, mãe de Mickey) ―Ah, é difícil pra ele porque ele tem medo da medicação e também sente falta da família.‖ (Mônica, mãe de Cebolinha) No começo ele ficou apavorado[...] Ele se comoveu de ver os bebês aqui, com a mesma coisa que ele, com acesso venoso no braço. Ele nunca tinha visto pessoas assim, vestidas de branco. Então pra ele tudo é novidade. (Robin, pai de Batman) Tais afirmativas comprovam-se através de Frota et al. (2007) ao dizer que a hospitalização é uma experiência desagradável para a criança, pois tudo assiste sem que ter o poder de tomar decisões e iniciativas, somando vivências de confinamento hospitalar, aflorando sensações de impotência, angustia e medo. De acordo com o autor uma das formas capazes de auxiliar a criança no esclarecimento e enfrentamento da mudança vivenciada é o uso do lúdico, tendo a finalidade de aliviar temores e ansiedades. Emerge como uma tentativa de transformar o ambiente hospitalar através da atividade simbólica. Motta e Enumo (2004) relatam que os componentes lúdicos são estímulos para uma adaptação positiva da criança no âmbito hospitalar. Os benefícios do lúdico para a adaptação da criança na unidade de internação pediátrica são confirmados através das falas: 31 ―Ele reagiu bem agora, ta bem [...] Eu até acho que ele achou bem animado o hospital porque desenhou a piscina de bolinhas, a salinha de recreação.‖ (Minnie, mãe de Mickey) ―Ela tem encarado de uma boa forma, ela ‗ta‘ achando bom, não ‗ta‘ depressiva [...] ela se identificou bem com o ambiente, principalmente a salinha de recreação.‖ (Rapunzel, mãe de Cinderela) Ele tem se sentindo assim, parece que ‗ta‘ em casa[...] no desenho ele demonstrou que ele gosta daqui, desse hospital principalmente. Ele gosta e diz que é o melhor por causa da recreação.‖ (Sininho, mãe de Peter Pan) ―Ele tem ficado mais animado e te diz que ‗ta‘ bem que ‗ta‘ se sentindo em casa (Robin, pai de Batman) Essa percepção dos pais em relação ao comportamento de seus filhos diante da utilização do lúdico no ambiente hospitalar está de acordo com Mitre e Gomes (2004) ao afirmar que o ato de brincar é uma possibilidade de transformar a realidade e o cotidiano da internação, já que traduz uma realidade própria e singular oriunda de cada criança que partilha de uma cultura lúdica formada a partir do meio social em que vive. A criança ao expressar-se ludicamente alivia a tensão e o estresse, e para Figueiredo (2010) as brincadeiras dão oportunidade para que a criança expresse emoções, mostre necessidades, temores, desejos. Consegue modificar o pensamento, tirando de foco o adoecimento e suas conseqüências. De acordo com a fala de Mônica, Rapunzel e Fiona, enquanto estavam brincando seus filhos já não pensavam somente nas conseqüências negativas da hospitalização, pois de acordo com Mitre e Gomes (2004) o lúdico pode ser percebido como uma possibilidade de construir algo bom num momento de tantas perdas: Ele usando os brinquedos se distrai e pensa em outras coisas. Deu pra aliviar a tensão de estar dentro de um hospital[...] Ele não fica só pensando na medicação, ele tem outras coisas para fazer. Vai na salinha de brinquedos e brinca. (Mônica, mãe de Cebolinha) ―Mesmo com a dor ela ‗ta‘ se distraindo e para ela esta sendo muito bom[...] as brincadeiras distraem as crianças e ela esquece da dor.‖ (Rapunzel, mãe de Cinderela) ―Ele só ficava na cama e choramingava, querendo ir embora. Agora que ele começou a brincar ele já não fica mais falando nisso toda hora, ele só fica pedindo pra ir ali na recreação e brincar.‖ (Fiona, mãe de Shrek) Nesse sentido, Frota et al. (2007) acredita que o lúdico exerce contribuição para minimizar os traumas da doença e da hospitalização, oferecendo a 32 possibilidade do desenvolvimento e crescimento saudável da criança. Sendo que a ludicidade é uma alternativa para a resolução dos conflitos encontrados, pode-se afirmar que a criança quando brinca consegue expressar sentimentos e receios, sentindo-se descontraída e feliz, tornando sua permanência no hospital mais fácil. De acordo com as falas a seguir, pode-se compreender que o uso do brinquedo no âmbito hospitalar teve papel fundamental no sentido de levar distração e divertimento para as crianças: ―Com a parte dos brinquedos pra ele tudo é festa [...] ele demonstrou no desenho que fez, que ali na recreação ele fica um pouco mais a vontade.‖ (Fiona, mãe de Shrek) A utilização de brinquedos distrai bastante as crianças, porque já não estão aqui porque querem, já estão contrariados, estão com alguma coisa (doença), estão sem nada para fazer. Então com os brinquedos se entretém bastante. (Minnie, mãe de Mickey) É muito bom ela brincar aqui porque pelo menos as brincadeiras distraem as crianças. Ela não fica só presa em cima da cama, ela se distrai. Mesmo com dor ela vai lá e brinca com outras crianças (Rapunzel, mãe de Cinderela) Os brinquedos entretém as crianças, elas tem alguma coisa para fazer. Fica chato ficar em cima da cama, sem nada para fazer, ficam presos dentro do quarto. Então, aqui eles saem, brincam um pouco e ficam brincando uns com os outros. (Sininho, mãe de Peter Pan) Esta visão de Sininho também é partilhada por Mitre e Gomes (2004) ao dizerem que o brincar funciona como um espaço para socialização e interação com outras crianças, permitindo a criação de uma nova rede de relações sociais, criando a possibilidade de saírem do isolamento provocado pela hospitalização. Em relação ao bem-estar proporcionado pela utilização de brincadeiras, podemos analisar a fala de Robin: As brincadeiras distraem bastante[...] meu filho mesmo, agora já sorri. Ele estava triste e agora tu comprova que ele ‗ta‘ sempre rindo, já ficou empolgado em desenhar[...] são coisas assim que acho que tem que continuar porque ajudam muito as crianças no hospital. (Robin, pai de Batman) Tal afirmativa vai ao encontro com Mitre e Gomes (2004) ao assegurar que o lúdico é algo prazeroso à criança, traz alegria e também resgata sua própria condição de ―ser criança‖. A ludicidade torna-se um contraponto às experiências dolorosas da hospitalização, que nesse sentido vai além da dor física provocada pela doença ou pelos procedimentos, passando a ter um conceito de sofrimento psíquico e existencial. 33 De acordo com Silva et al (2006) as necessidade da criança durante a internação hospitalar continuam sendo as mesmas de quando encontrava-se em sua residência, acrescentando algumas outras em decorrência da hospitalização ou de novas situações que geram estresse. Nesses momentos, o brinquedo torna-se essencial no processo de desenvolvimento desta criança, possibilitando que se restaure e mantenha sua saúde física e mental, mantendo-a ativa e explorando a nova realidade que a cerca. Nesse contexto é indispensável refletir que o ato de brincar traz benefícios e faz com que a permanência no hospital se torne menos hostil, proporcionando sensações agradáveis de diversão bem como oportunidade de dar vazão as suas angustias, temores e inseguranças. 5.3 A ludicidade como ferramenta auxiliadora no tratamento e prognóstico Além dos benefícios para a adaptação da criança na Unidade de internação Pediátrica, o lúdico propicia um momento prazeroso com função terapêutica. De acordo com Mitre e Gomes (2004), o ato de brincar é visto como uma terapia na medida em que se configura como uma possibilidade para a criança elaborar a experiência relativa à hospitalização, permitindo reorganizar seus sentimentos. É um instrumento capaz de tranqüilizar a criança fazendo com que ela perca o medo do hospital. Além disso, o lúdico é uma ação sobre o próprio corpo, promovendo um equilíbrio psicossomático e ajudando na regulação de tensões e estresse, passando a ter uma ação direta no sistema imunológico. De acordo com as seguintes falas podemos perceber que para os pais a realização de atividades lúdicas teve ligação direta no quadro clínico de seus filhos: ―A sala de recreação, pegar os brinquedos, desenhar[...] eu me surpreendi, se a recuperação é de 20 dias, em menos ele consegue se recuperar, os brinquedos ‗tão‘ ajudando muito ele..muito mesmo.‖ (Robin, pai de Batman) ―Eu acho bom...pra eles é bom né?...porque ele se sente um pouco melhor, um pouco mais a vontade, porque ajuda também, conforme ele vai ali (recreação) melhora a saúde também.‖ (Fiona, mãe de Shrek) De acordo com Frota et. al (2007) a utilização de brincadeiras promove um desenvolvimento global da criança porque envolve ações como dramatização de papéis e possibilita que a criança expresse o que está vivenciando, tendo portanto, uma função curativa, funcionando como meio de escape e conduz à diminuição da ansiedade através da catarse emocional. 34 Para Silva. et al (2006) qualquer que seja a brincadeira, todos os sentidos do corpo sofrem estímulos que desencadeiam emoções de euforia, alegria e bem-estar. Dependendo de tais emoções o organismo libera substancias capazes de fazerem bem à saúde. Sendo assim, as brincadeiras são capazes de propiciar melhorias na qualidade de vida destas crianças, interferindo diretamente no tratamento. Essa afirmativa é partilhada nas falas abaixo: ―Tu tendo um ambiente que tu te sente bem e tem como se distrair com outras coisas, o tratamento fica melhor.‖ (Minnie, mãe de Mickey) Ele tem que se sentir bem espiritualmente também... daí ele fica com mais vontade, tem mais força de se curar né...de melhorar..Ele se sente um pouco melhor, porque antes dele ir ali (sala de recreação)[...] ele tava lá tristinho, só tinha febre, só ficava deitado. Depois que ele viu que tinha aquilo ali (sala de recreação) ele começou a querer levantar, ir ali, brincar, ele começou a andar mais, melhorou. (Fiona, mãe de Shrek) Através da fala de Fiona, pode-se perceber que com as brincadeiras seu filho passou a realizar mais atividades físicas, ficou mais disposto, passou a sentir -se mais animado e melhor. Nesse aspecto, Motta e Enumo (2004) afirmam que do ponto de vista desta criança, o ato de brincar tem inicio principalmente, devido ao efeito imediato de divertimento e entretenimento que lhe causa. Brincando, a criança altera o ambiente em que se depara e aproxima-o de sua realidade cotidiana tendo um efeito bastante benéfico em relação a sua hospitalização. Com isso, a própria atividade lúdica, livre e desinteressada assume caráter terapêutico, auxiliando na promoção do bem-estar da criança. Por outro lado, para os autores, as brincadeiras podem ter uma aplicação técnica e terapêutica, referindo-se ao seu uso junto à criança hospitalizada para ajudá-la na compreensão e na adaptação mais adequada ao procedimento invasivo. Dessa forma, o brinquedo tem o intuito de apresentar o procedimento, explicar sua importância e dar oportunidades para que a criança pergunte e interaja de maneira colaborativa durante a técnica. Os benefícios da utilização do brinquedo durante os procedimentos dolorosos está expresso nas falas de Robin e Fiona: ―Fazendo atividades, brincando com ele...assim fazendo com que ele risse[...] ele tava preso e agora não..ele fica relaxado, deixa realizar os procedimentos numa boa.‖ (Robin, pai de Batman) ―Brincando é mais fácil pra vocês examinarem né e pra tratar ele também né... melhora mais ligeiro.‖ (Fiona, mãe de Shrek) 35 Baseado na relevância do brinquedo terapêutico durante os procedimentos, Figueiredo (2010) assegura que é uma possibilidade de conexão entre a racionalidade cientifica das práticas de saúde e a subjetividade contida dentro de cada um, permitindo que o tratamento extrapole os procedimentos técnicos. Os materiais que comumente causam temor tornam-se brinquedos, fazendo com que a criança consiga enfrentar as ações doloridas e invasivas com uma idéia de que aquilo também é uma brincadeira. Partilhando deste ponto de vista, Mitre e Gomes (2004) dizem que o lúdico proporciona a esta criança uma linguagem que é de seu domínio, podendo fazer escolhas e se colocar como agente ativo de seu próprio tratamento. Sendo assim, a preocupação não é apenas enfeitar o ambiente hospitalar, mas sim dar às crianças a possibilidade de conhecer e desmistificar os procedimentos participando interativamente da brincadeira. Para Frota et al. (2007) a criança enfrenta muitas dificuldades durante o período de adoecimento, incluindo experiências dolorosas e des agradáveis. Tais experiências fazem com que sinta-se desamparada e em seu universo imaginário infantil tomam proporções ameaçadoras. Muitas vezes, a criança sente-se frágil e indefesa, prostrada e com pensamentos fixos na doença. Nas falas dos pais das crianças hospitalizadas pode-se encontrar o lúdico como mecanismo de distração, tirando de foco a doença e o tratamento a criança conseguiu atingir melhoras em sua saúde: Se ele ficar em cima da cama, ele vai achar que ele ta doente mesmo. Brincando ele espairece um pouco aquilo ali...tem crianças que botam na cabeça que tem uma doença e ai não cura nunca...com o brinquedo não... já espairece um pouco, já tira aquilo ali da cabeça... que ela ta doente (Sininho, mãe de Peter Pan) Com certeza o brinquedo ajuda no tratamento[...] Deixa ele pra cima. O outro menininho por exemplo, tava triste e vocês levaram o jipe de brinquedo e ele ficou brincando,...então eles esquecem daquilo (doença) porque na cabecinha deles eles acham que de repente é uma coisa tão..séria, ta eu sei que é sério, mas não sei o que se passa na cabeça deles que eles já ficam de repente achando que vão sabe morrer...achando que é pior. (Robin, pai de Batman) Dessa forma, Borges et al. (2008) partilha que o lúdico é capaz de diminuir expressivamente a agressividade, angústia e dor que são caracterizados como prejuízos oriundos da hospitalização, manifestados através do medo da equipe de saúde, choro, agressividade, dependência, dor, ansiedade e disturbios do sono. Neste cenário as brincadeiras tornam-se fundamentais pois garantem alegria e favorecem de forma positiva seu desenvolvimento e tratamento, onde o brincar passa a ser visto como um espaço terapêutico, capaz de promover a continuidade 36 do desenvolvimento infantil e dar possibilidade para que a criança conheça e se adapte ao novo ambiente, contribuindo de forma significativa no tratamento e prognóstico. 5.4 O lúdico como instrumento de trabalho do enfermeiro Segundo Castro e Almeida (2006), a equipe de enfermagem tem o privilégio de estar diretamente com o paciente, tendo um contato direto e continuo, implicando em uma aproximação que permite a equidade e a integralidade da assistência com base nos princípios do SUS. Para tanto, utiliza a promoção, prevenção e tratamento em defesa da saúde da clientela pediátrica. Na aproximação entre enfermeiro e criança torna-se primordial mais do que componentes técnicos, faz-se necessário um olhar diferenciado e mudanças comportamentais em relação ao pequeno paciente. Neste cenário torna-se fundamental resgatar o cuidado humanizado confrontando-o com o desenvolvimento técnico- científico da sociedade atual, que leva á realização de tarefas fragmentadas perdendo de vista o indivíduo. Segundo os autores citados anteriormente, não se pode permitir que haja adversidades nas relações com a criança, evitando ser um profissional ―frio‖, individualista, calculista e biologicista. É necessário profissionais que tenham em mente o cuidado holístico, centrado no individuo como um todo, com suas características singulares e individuais, que valorizem os sentimentos e a subjetividade do ser humano, tendo como elementos necessários ao cuidar a valorização da afetividade e da sensibilidade. Reforçando as afirmações dos autores supracitados para Góes e Cava (2009) a assistência prestada à criança hospitalizada necessita ser pautada num modelo diferente, centrado na criança e na sua família, onde as ações devem ser integralizadoras, não focando somente na doença ou na cura. É de suma importância buscar condicionantes pessoais e sociais que interferem diretamente no processo saúde-doença desta criança. Para isso, o enfermeiro deve manter uma relação dialógica e de confiança a fim de promover uma assistência de qualidade, baseada nas reais necessidades dessa criança e sua família. A importância do vínculo, do diálogo e da relação de confiança e amizade entre criança e enfermeiro está expressa na fala de Robin e Minnie: Em casa mesmo ele tava totalmente pra baixo e no momento que ele entrou aqui, viu pessoas alegres conversando e cuidando dele[...] todo tempo...fazendo atividades, brincando, mexendo com ele...assim fazendo com que ele risse, sempre levantando o astral dele[...] ele começou a se despertar, porque ele chegou aqui tímido e com medo e ai, tu ficou 37 conversando com ele, dizendo ‗meu amigão‘, fazendo esses cumprimentos que eles gostam..esses toquezinhos na mão, essas coisas, ele começou a se soltar. (Robin, pai de Batman) Eu achei bem bacana porque no primeiro dia ele já chegou direto brincando, levasse na recreação, fez amizade com outra guriazinha, já jogaram joguinhos, coisas que se não tivesse ele ia ficar isolado no quarto né, sozinho.(Minnie, mãe de Mickey) Tais ações desenvolvidas pelo enfermeiro devem ter como objetivo a humanização do serviço prestado, sendo que para Castro e Almeida (2006), devem pressupor o desenvolvimento de características essenciais do homem como sensibilidade, respeito, solidariedade com seus semelhantes em todos os aspectos da vida humana. O desenvolvimento da solidariedade e do compromisso para com a criança implica na transformação do modo de enxergá-la, onde passa a ser vista como sujeito que tem necessidades individualizadas e que necessitam ser supridas. A visão ampliada em relação à demanda infantil facilita a comunicação e a torna mais efetiva entre adultos e crianças, além disso, esse processo de humanização torna-se primordial durante um momento de hospitalização que leva à fragilidade e à vulnerabilidade. Segundo Frota et al (2007) na tentativa de alcançar a humanização no cuidado à criança hospitalizada, o enfermeiro dispões de instrumentos capazes de proporcionar vivências com novos objetivos e sensações, com a utilização de atividades e sentimentos não ameaçadores. O lúdico traz a dinâmica de interações, sendo utilizado como meio para a articulação entre tratamento e cura da criança. Para Mitre e Gomes (2004), durante as práticas de enfermagem torna-se fundamental a promoção do brincar, uma vez que para se lidar com crianças é necessário uma adequação de suas rotinas e o uso de uma linguagem de domínio infantil. O brincar é um facilitador para a interação entre profissionais, crianças e familiares pois é uma expressão universal que remete à alegria que acaba se estendendo para os familiares, onde nesse clima informal consegue-se ter uma troca melhor e a relação fica mais rica e a criança e os familiares passam a acreditar mais no que a enfermeira está fazendo. Nesse sentido, o lúdico traz benefícios para os familiares também, uma vez que ao verem seus filhos sorrindo e em um ambiente mais alegre, sentem que ele está sendo bem cuidado e ficam mais tranqüilos. Essa percepção foi apontada nas falas: 38 ―Pra mim tem sido maravilhoso, porque ela ta ali brincando, não ta presa, tristinha em cima da cama com dor.‖ (Rapunzel, mãe de Cinderela) Eu me sinto bem, porque assim, a gente se sente mal quando os médicos e enfermeiros tratam as crianças mal... aqui tratam bem, brincam e isso é tratar bem...elas falam com ele brincando..isso é muito bom principalmente pras crianças. (Sininho, mãe de Peter Pan) ‖Ele ta muito bem assim... e eu achei nota dez mesmo o clima, nota dez!‖ (Robin, pai de Batman) Em termos de relação entre criança e enfermeiro, Mitre e Gomes (2004) salientam a relevância da associação entre brincar e afeto,na qual a ludicidade é capaz de criar um espaço de afeto e emoção. O profissional passa a ser visto como alguém ―do bem‖ que está ali para dar carinho e cuidar, e não mais como alguém que a fará sentir dor e passar por situações sofridas. Com isso, o brincar pode ser usado como uma ferramenta significativa para lidar com questões tais como: a integralidade da assistência, a adesão ao tratamento, o estabelecimento de vínculos que facilitam o diálogo entre profissional- criança- familiar, a manutenção dos direitos da crianças estabelecidos pelo ECA (2001) e é capaz de fazer com que a criança passe a dar novos significados para a doença e a hospitalização. A mudança de comportamento do profissional, na qual passa a atender às necessidades inerentes infantis, gera também na criança uma mudança comportamental uma vez que passa a sentir-se segura e amparada. Nas falas abaixo pode-se compreender que profissionais que usam o lúdico como ferramenta de trabalho obtem mais sucesso durante a prática de enfermagem: ―Pra examinar sempre brincando...eu acho isso bom, se não ele chora, ele grita e ai é pior...ele já não deixa, e ai dificulta as coisas. E brincando é mais fácil.‖ (Fiona, mãe de Shrek) ―As brincadeiras ajudam muito ele na hora de fazer as coisas, os procedimentos. (Sininho, mãe de Peter Pan) ―Contigo ela fez bastante coisas ali (recreação). Com os brinquedos, as pinturas, as bonecas antes dos procedimentos...a piscina de bolinhas, tudo ajuda muito ela.‖ (Rapunzel, mãe de Cinderela) ―Fazendo atividades, brincando, mexendo com ele...assim fazendo com que ele risse[...] ele fica relaxado, deixa realizar os procedimentos numa boa.‖ (Robin, pai de Batman) Com isso, Frota et al (2007) salienta que a tríade prof issional- brinquedocriança é capaz de interligar propósitos e expectativas, facilita a interação positiva, 39 sendo que o brinquedo é a ferramenta primordial à intervenção humanizada, pois promove uma relação entre o mundo real e o mundo imaginário capaz de transpor as barreiras do adoecimento e da internação hospitalar. Viana, Leão e Figueiredo (2010) afirmam que o uso do lúdico deve ser adaptado para diminuir a ansiedade gerada na hospitalização e requer mais do que uma atividade recreativa. Deve ser utilizado pelo enfermeiro que atende à clientela pediátrica de acordo com a Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFen) n.295/2004. A importância do vínculo, dos sentimentos de amizade, confiança e afeto foram expressos nos desenhos realizados pelas crianças que tiveram uma atenção diferenciada com abordagem lúdica: ―Ele fez salinha de recreação e tu que ‗tava‘ sempre ali ajudando ele.‖ (Minnie, mãe de Mickey) ―Ela fez tudo ali da salinha (recreação), fez as pessoas, tu inclusive né‖ (Rapunzel , mãe de Cinderela) ―No desenho ele tentou desenhar uma enfermeira...que é tu né‖ (Mônica, mãe de Cebolinha) Ele[...] fez tu aqui..ele se referiu a ti aqui... e a sala de recreação. Tu e a sala de recreação ajudaram muito ele. Porque ‗tipo assim‘...até no colégio ele é assim..não tem vontade de escrever, de desenhar..e aqui ele desenhou bastante sabe? Ele não costuma ter muito interesse e aqui ele me surpreendeu se mostrou interessado em fazer esse desenho que pedisse. (Robin, pai de Batman) Com isso, pode-se notar que a abordagem lúdica trouxe benefícios para as crianças, uma vez que mostraram o quão importante foi tal experiência durante sua hospitalização, exercendo a função de transformar o momento de fragilidade em alegria e otimismo. Sendo assim, Mitre e Gomes (2004) afirmam que a escolha do lúdico como instrumento de trabalho está diretamente vinculada ao conceito que o enfermeiro tem em relação ao ser humano. Assim, Frota et al (2007) remete que é necessário o envolvimento em todo o processo terapêutico, minimizando angústia das crianças e familiares, tendo como prioridade o universo infantil. Portanto, torna-se necessário uma modificação na maneira de enxergar o cuidado á criança, tendo em vista sua singularidade e sua forma de vivenciar o adoecimento e o tratamento. É preciso buscar novas formas de cuidar, ultrapassando as barreiras do modelo técnico- científico, acrescentando-lhe amor, afetividade e companheirismo na experiência vivenciada pela criança. 40 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Hospitalização é um episódio cercado por inúmeras dificuldades, agravando-se quando surge durante a infância. O universo infantil é composto de fantasias, sonhos, imaginação, e neste sentido o lúdico torna-se parte fundamental para que a criança cresça e se desenvolva de maneira saudável. Durante a hospitalização, o imaginário infantil ganha novas proporções, onde a criança passa a enxergar o hospital de forma individual e singular, podendo gerar sensações negativas e traumas. Por isso, percebeu-se a necessidade inerente de profissionais que levassem o lúdico e toda a sensibilidade necessária para o universo frio e desconhecido do hospital, aproximando-o com o mundo infantil. O brinquedo tornouse peça fundamental durante a assistência de enfermagem, sendo capaz de prover vínculos fortes, melhor adaptação, redução de ansiedade, medo, agressividade e tristeza. Além disso, com a utilização de brincadeiras, pode-se notar que o enfermeiro passou a ser visto como um amigo, que estava ali com o intuito de ajudar, fazendo com que a criança se sentisse amparada. Visto desta forma, houve melhor aceitação para a realização de procedimentos dolorosos, tornando o momento menos impactante para a criança. Além de confiar no profissional a criança foi orientada em relação a tudo o que aconteceria, sentindo-se importante e capaz de opinar em relação ao seu tratamento. Entretanto, em relação ao objetivo de investigar a utilização de atividades lúdicas pela equipe de enfermagem, percebeu-se que ainda há dificuldades para a implementação do lúdico como rotina. Por ser uma idéia nova, os profissionais encontram resistência em aderi-la, deixando esta tarefa apenas para o recreacionista. Tal atitude é resultado de uma visão biologicista, no qual a criança é vista como um paciente doente que necessita de cuidados clínicos. Muitas vezes, o enfermeiro também está sobrecarregado, o que cria barreiras para que implemente as atividades lúdicas em sua rotina de trabalho. Além disso, durante a investigação 41 pode-se perceber que toda a percepção relatada pelos pais estava ancorada nas atividades realizadas pela autora durante a internação das crianças deste estudo. Desta forma, surgiu a necessidade de acrescentar à metodologia as atividades lúdicas realizadas pela autora, uma vez que estas influenciaram nas respostas dos pais. Acredita-se que o objetivo deste trabalho foi atingido, uma vez que em seus relatos, os pais das crianças internadas expuseram a importância que as atividades lúdicas trouxeram durante a internação de seu filho na unidade pediátrica. Relatam que as atividades proporcionaram momentos de diversão, que seus filhos passaram a ficar mais animados, sorrindo e brincando, havendo um resgate da própria condição de ―ser criança‖. Com isso, o ambiente hospitalar tornou-se menos hostil e ameaçador, facilitando a vivência da criança e sua adesão ao tratamento. A importância do elo de amizade entre enfermeiro, que se propõem a abordagem lúdica e a criança foi citado nas entrevistas, no qual os pais expressaram gratidão pela forma com que seus filhos foram tratados durante a internação. Para eles, a relação de confiança e carinho foi fundamental para a melhor qualidade do cuidado prestado, favorecendo de maneira positiva na qualidade de vida de seus filhos. Com a finalização deste trabalho tivemos a oportunidade de vivenciar as experiências enfrentadas pelas crianças e o quão sofridas elas podem passar a ser quando não há um manejo adequado de tais situações. O enfermeiro deve levar durante sua vida o real sentido que a palavra ―cuidar‖ remete, focando o ser humano como um todo, tendo como principio básico a humanização de seu cuidado. Em relação à enfermagem pediátrica, é de suma importância que se tenha em mente que humanizar é atender a todas as necessidades infantis, onde o brincar é essencial e indispensável para que as experiências advindas da hospitalização possam ser vivenciadas com toda a magia do universo lúdico infantil e com sorrisos de alegria. 42 REFERÊNCIAS BOFF, Leonardo. Saber cuidar- ética do humano- compaixão pela terra. 17º Ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2011. 200p. BORGES, Emnielle Pinto et al. Benefícios da atividade lúdica no tratamento de crianças com câncer. Bol. Academia paulista de psicologia. V.28. n.2. São Paulo. 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Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. 203p. 46 APÊNDICES 47 Apêndice A-Carta à Chefia de Enfermagem Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Enfermagem Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares Orientando: Juliana Amaral Rockembach Pelotas,_____ de ________________ de 2012 Sr(a).____________________________________ Ao cumprimentá-lo cordialmente, venho por meio deste solicitar a V. Sª. permissão para o desenvolvimento de meu projeto monográfico, requisito para conclusão da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. A pesquisa intitulada ―A percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da criança numa Unidade Pediátrica” tem por objetivo investigar a percepção dos pais em relação a atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na pediatria. Assumimos desde já, o compromisso ético para com os sujeitos envolvidos no estudo, assim como a instituição, em consonância a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional da Saúde, que trata de Pesquisa envolvendo Seres Humanos e com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem de 2007, capitulo III, artigos 89, 90,91 e artigos 94 e 98. Desde já agradeço, colocando-me ao seu dispor para quaisquer esclarecimentos por meio do contato (53) 84211085. ________________________ Juliana Amaral Rockembach - acadêmica Email: [email protected] Fone: (53) 84211085 ____________________________ Profª. Ddaª Enfª Deisi Cardoso Soares - orientadora – Email: [email protected] Fone: (53)84325581 Ciente. De acordo:_______________________________ Data:____/____/____ 48 Apêndice B- Carta ao Serviço de Educação do Hospital Escola- UFPel Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Enfermagem Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares Orientando: Juliana Amaral Rockembach Pelotas,_____ de ________________ de 2012 Sr(a).____________________________________ Ao cumprimentá-lo cordialmente, venho por meio deste solicitar a V. Sª. permissão para o desenvolvimento de meu projeto monográfico, requisito para conclusão da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. A pesquisa intitulada ―A percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da criança numa Unidade Pediátrica” tem por objetivo investigar a percepção dos pais em relação a atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na pediatria. Assumimos desde já, o compromisso ético para com os sujeitos envolvidos no estudo, assim como a instituição, em consonância a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional da Saúde, que trata de Pesquisa envolvendo Seres Humanos e com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem de 2007, capitulo III, artigos 89, 90,91 e artigos 94 e 98. Desde já agradeço, colocando-me ao seu dispor para quaisquer esclarecimentos por meio do contato (53) 84211085. ________________________ Juliana Amaral Rockembach - acadêmica Email: [email protected] Fone: (53) 84211085 ____________________________ Profª. Ddaª Enfª Deisi Cardoso Soares - orientadora – Email: [email protected] Fone: (53) 84325581 Ciente. De acordo:_______________________________ Data:____/____/____ 49 Apêndice C- Carta à Enfermeira da Unidade Pediátrica Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Enfermagem Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares Orientando: Juliana Amaral Rockembach Pelotas,_____ de ________________ de 2012 Sr(a).____________________________________ Ao cumprimentá-lo cordialmente, venho por meio deste solicitar a V. Sª. permissão para o desenvolvimento de meu projeto monográfico, requisito para conclusão da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. A pesquisa intitulada ―A percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da criança numa Unidade Pediátrica” tem por objetivo investigar a percepção dos pais em relação a atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na pediatria. Assumimos desde já, o compromisso ético para com os sujeitos envolvidos no estudo, assim como a instituição, em consonância a Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional da Saúde, que trata de Pesquisa envolvendo Seres Humanos e com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem de 2007, capitulo III, artigos 89, 90,91 e artigos 94 e 98. Desde já agradeço, colocando-me ao seu dispor para quaisquer esclarecimentos por meio do contato (53) 84211085. ________________________ J uliana Amaral Rockembach - acadêmica Email: [email protected] Fone: (53) 84211085 ____________________________ Profª. Ddaª Enfª Deisi Cardoso Soares - orientadora – Email: [email protected] Fone: (53) 84325581 Ciente. De acordo:_______________________________ Data:____/____/____ 50 Apêndice D – Carta ao Comitê de Ética em Pesquisa Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Enfermagem Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares Orientando: Juliana Amaral Rockembach Pelotas,_____ de ________________ de 2012 Ilmos Senhores (as) do Comitê de Ética em Pesquisa Estamos encaminhando para sua apreciação o Projeto Acadêmico intitulado “A percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da criança numa Unidade Pediátrica” de autoria da acadêmica Juliana Amaral Rockembach, sob orientação da Professora Deisi Cardoso Soares. A pesquisa tem por objetivo Investigar a percepção dos pais em relação a atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na pediatria. Informamos que os dados coletados serão utilizados para produção cientifica que resultará em trabalho monográfico, sob orientação da Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares e publicações no meio acadêmico. Assumimos, desde já, o compromisso ético de resguardar todos os sujeitos envolvidos no trabalho, bem como a Instituição, em consonância com o código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, especialmente o Capítulo III (responsabilidades e deveres), artigos 89, 90 e 91; (das proibições), artigos 94 e 98 e a Resolução 196/96 do Ministério da Saúde, a qual trata de pesquisas, envolvendo seres humanos. Aguardamos seu parecer e colocamo-nos à disposição para maiores esclarecimentos através do telefone (53) 84211085 ou pelo telefone (53)39211427 da Faculdade de Enfermagem /UFPel. Atenciosamente, ____________________ Juliana Rockembach Acadêmica Enf. FEN/UFPel Email – [email protected] ___________________ Deisi Soares Profª, Dda Enfª [email protected] 51 Apêndice E- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Sujeitos da Pesquisa Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Enfermagem Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares Orientando: Juliana Amaral Rockembach Projeto de Pesquisa Pelotas,______de ______________de 2012 Pesquisa: A percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da criança numa Unidade Pediátrica Autores: Juliana Amaral Rockembach (pesquisadora responsável) Profª Profª, Dda Enfª Deisi Cardoso Soares (orientadora). Contato: fone: 84211085. e-mail: [email protected] Consentimento livre e esclarecido Ilimo(A) Sr(a) ______________________ Venho, respeitosamente através deste, solicitar sua colaboração no sentido de participar e permitir a participação de seu filho, na pesquisa que será por mim desenvolvida. O objetivo desse trabalho é Investigar a percepção dos pais em relação a atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na pediatria, essa pesquisa é de caráter qualitativo com delineamento descritivo e exploratório. Gostaríamos de convidá-lo, a participar desta pesquisa, descrevendo sua experiência e emitindo sua opinião a respeito das questões solic itadas através da entrevista semi estruturada. Estas informações serão compiladas, juntamente com a dos outros participantes e os resultados obtidos serão colocados à disposição dos participantes. Asseguro o compromisso com a ética e o sigilo nesse trabalho, respeitando a privacidade dos sujeitos participantes, como também a liberdade de abandonar a pesquisa a qualquer momento sem prejuízo para si. Pelo presente consentimento informado, declaro que fui esclarecido de forma clara e detalhada, livre de qualquer forma de constrangimento e coerção, dos objetivos, da justificativa e benefícios do presente projeto de pesquisa. Eu, ____________________________________, aceito participar e autorizo a participação de meu filho, na pesquisa ―A percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da criança na Unidade Pediátrica‖. Estou ciente de que as informações por mim emitidas serão RESPEITADAS, tendo por base os princípios éticos do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e a Resolução do COFEN 311 de 2007. Pelotas,_____de____________2012 __________________ Juliana Amaral Rockembach (pesquisadora) _______________________ Participante da Pesquisa 52 Apêndice F- Roteiro para Entrevista Semi- Estruturada Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Enfermagem Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares Orientando: Juliana Amaral Rockembach Pelotas,_____ de ___________________ de 2012 1-Identificação do Sujeito Nome fictício:__________________________________________ Sexo do sujeito: F ( ) M( ) Idade:_______ Cidade:______________________________________________ Escolaridade:__________________________________________ Estado civil:___________________________________________ Número de filhos:_______ Ocupação:____________________________________________ 2- Identificação da criança: Nome fictício:_________________________________________ Sexo: F ( ) M ( ) Idade:_______ Número de internações:_________________________________ Diagnóstico:___________________________________________ 53 3- Roteiro para Entrevista: 1- Explique a partir do desenho de seu (sua) filho (a), como Senhor(a) acha que ele(a) vivencia a internação hospitalar. 2- Qual a sua opinião em relação à utilização de brinquedos no âmbito hospitalar? 3- O Senhor(a) acredita que a utilização de brinquedos durante a internação auxilia no tratamento e recuperação de seu (sua) filho (a)? Por quê? 4- A equipe de enfermagem utiliza algum instrumento lúdico ao prestar assistência ao (a) seu (sua) filho (a)? Se sim. Quais? Como tem sido essa experiência para você e seu (sua) filho (a)? 54 ANEXOS 55 Anexo 1: Parecer de Aprovação do Comitê de Ética em pesquisa da Universidade Federal de Pelotas 56 Anexo 2: Desenho de Mickey, 08 anos, diagnóstico de Hemofilia, 10 internações. 57 Anexo 3: Desenho de Cinderela,07 anos, diagnóstico de Colite Ulcerativa, primeira internação 58 Anexo 4: Desenho de Peter Pan, 09 anos, diagnóstico de Crise Asmática, 20 internações 59 Anexo 5: Desenho de Cebolinha, 09 anos, diagnóstico de Crise Asmática, primeira internação 60 Anexo 6: Desenho de Batman, 10 anos, diagnóstico de Leucemia, primeira internação 61 Anexo 7: Desenho de Shrek, 05 anos, diagnóstico de Pneumonia, 02 internações. 62