MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE ENFERMAGEM
Trabalho Acadêmico
A PERCEPÇÃO DOS PAIS ACERCA DE ATIVIDADES LÚDICAS
DURANTE A INTERNAÇÃO DA CRIANÇA NUMA UNIDADE
PEDIÁTRICA
Juliana Amaral Rockembach
Pelotas, 2013
JULIANA AMARAL ROCKEMBACH
A PERCEPÇÃO DOS PAIS ACERCA DE ATIVIDADES LÚDICAS DURANTE A
INTERNAÇÃO DA CRIANÇA NUMA UNIDADE PEDIÁTRICA
Trabalho
Acadêmico
apresentado
à
Faculdade de Enfermagem da Universidade
Federal de Pelotas, como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel em
Enfermagem.
Orientador: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares
Pelotas, 2013
Dedicatória
“À minha mãe, Regina, por ter me inspirado a amar o
universo infantil e com toda sua dedicação e carinho, ter
me servido de exemplo ao almejar fazer o diferencial na
vida de nossas crianças.”
Agradecimentos
Primeiramente, tenho muito a agradecer a Deus, por estar sempre presente
em minha vida, guiando meus passos e iluminando minha caminhada.
Meu mais puro agradecimento a vocês, Vanderlei e Regina, meus pais...
Que me deram a vida e o amor. Vocês são meus exemplos de força, de
determinação, de respeito, de dignidade e de amor ao próximo... Ensinaram-me que
a forma mais plena de felicidade é servir a quem precisa. Obrigada pelos
ensinamentos, pelo apoio incondicional, pelo amor sem limites. Pai, obrigada pela
paciência, pelo carinho, pelo colo, por estar sempre disposto a me escutar e ajudar.
Mãe, obrigada pela dedicação, por todo o auxilio, neste trabalho e em tudo em
minha vida. Tu és a professora de todos os meus passos, que sempre me ensinou o
caminho correto e me mostrou que a educação é um bem que ninguém consegue
nos tirar. Tu és meu espelho de profissional, de mãe e de mulher! Vocês são meus
exemplos de seres humanos.
Ao meu irmão, Gustavo, por existir, por ser meu presente de Deus...
Obrigada por me alegrar quando estou triste, com um sorriso sincero e um abraço
apertado. Por ser meu melhor amigo, o melhor que alguém pode ter!
Ao meu amor, Gustavo, por ser parte fundamental da minha vida... Obrigada
pelo apoio, por acreditar em mim nos momentos em que nem eu consegui acreditar,
por entender meus momentos de ausência, pelo companheirismo, pela paciência e
pelo teu amor. És muito especial, tens minha admiração e todo meu amor! Obrigada
por existir e por fazer parte da minha vida!
Aos meus familiares, que sempre foram meus pilares, ensinando-me
princípios de honestidade, de compaixão, de fé e de perseverança. Cada um de
vocês tem um lugar especial em meu coração.
À minha companheira de toda vida, Martha... Prima, obrigada pelos
momentos de alegria, por conseguir me fazer sorrir e estar sempre ao meu lado para
o que der e vier.
Às minhas colegas do ―Grupo Açúcar‖: Camila, Brunna, Bruna, Francielle e
Diangela...por terem tornado minha graduação mais feliz... Obrigada pelas risadas,
pelas conversas jogadas fora, pelas tardes no apartamento da Fran, pelas festas,
pelos desabafos e, claro, pelos estudos! Sem vocês, nada teria sido tão especial.
À minha orientadora Deisi – exemplo de profissional e de ser humano - pelo
apoio incondicional. Por me atender, inclusive durante a madrugada, por me
socorrer no desespero. Por acreditar em mim e me ensinar que temos de correr
atrás de nossos ideais e não desistir de nossos princípios, mesmo que tenhamos de
ir contra tudo e todos.
À Diana, que enxergou e me mostrou o melhor de mim. Que sempre me
amparou nos momentos de instabilidade e vibrou comigo nos momentos de euforia.
Acompanhou minha caminhada e me encorajou a superar minhas fraquezas.
Obrigada por tudo, tens papel fundamental em minha vida.
À professora Maira, pelo carinho, dedicação e disponibilidade. Obrigada por
toda a atenção, por estender a mão sempre em que necessitei e por não medir
esforços para me auxiliar. Jamais esquecerei o que fizeste por mim. Levarei teus
conselhos sábios durante toda minha caminhada.
Aos pais que participaram desta pesquisa e autorizaram a participação de
seus filhos. Obrigada por terem dividido comigo a felicidade de conviver com seus
pequenos. Sem vocês, nada teria sido possível.
A todas as crianças... tenho muito a agradecer! Pois elas, com toda pureza
e inocência, mostraram-me que a vida é bem mais doce do que pensamos ser. E,
com um olhar puro e um sorriso sincero, trouxeram-me o ânimo e a energia
necessários para enfrentar todas as adversidades e desempenhar, assim, uma
enfermagem mais humanizada. Em suma, cada uma de vocês foi fundamental para
o meu crescimento enquanto enfermeira e ser humano.
“À todos os que sofrem e estão sós, daí sempre um sorriso
de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos
cuidados, mas também o vosso coração”
Madre Teresa de Calcutá
Resumo
ROCKEMBACH, Juliana Amaral. A percepção dos pais acerca de atividades
lúdicas durante a internação da criança numa unidade pediátrica. 2012. 61f.
Trabalho Acadêmico de Conclusão de Curso da Faculdade de Enfermagem.
Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
O presente trabalho teve por objetivo investigar a percepção dos pais acerca de
atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na pediatria. A metodologia
utilizada foi de abordagem qualitativa, do tipo descritiva e exploratória. Os sujeitos
da pesquisa foram seis (06) pais de crianças internadas na Unidade de Internação
pediátrica de um Hospital de Ensino situado em Pelotas-RS. Antes da realização da
coleta de dados foram realizadas atividades lúdicas durante a admissão na unidade,
antes e durante procedimentos e em todo o período de internação da criança. Após
tais atividades, a criança realizou um desenho onde foi solicitado que desenhasse
sua percepção em relação ao ambiente hospitalar. A técnica utilizada para a coleta
de dados foi a entrevista semi-estruturada gravada. Os dados foram coletados no
mes de dezembro de 2012 Na análise de dados, primeiramente é apresentada uma
breve caracterização dos sujeitos participantes, afim de melhor entendimento da
pesquisa., seguida, as três temáticas definidas após leitura e análise do material
obtido nas entrevistas. O lúdico como facilitador durante a hospitalização na infância
traz a importância dada ao ato de brincar para que a criança consiga aproximar o
universo frio hospitalar de seu universo alegre infantil. A ludicidade como ferramenta
auxiliadora no tratamento e prognóstico aborda os benefícios que tais atividades
trazem para a criança, sendo capaz de ter funcionalidade terapêutica durante a
internação. O lúdico como instrumento de trabalho do enfermeiro remete à
relevância de profissionais que levem o brincar como ferramenta de trabalho,
implementando-o em sua rotina, almejando profissionais mais humanos e sensíveis.
Assim, concluímos que a hospitalização pode ser um momento de muitas perdas,
acarretando angustias, medos, traumas, e que precisa ser manejada de forma
humanizada e com desvelo. Em se tratando de enfermagem pediátrica torna-se
primordial, que se tenha em mente, que ao surgir a necessidade de internação
hospitalar, a criança interrompe sua rotina e necessita que enxerguem que mesmo
diante de tal situação ela continua sendo criança com todas as suas necessidades
infantis, entre elas o ato de brincar.
Palavras- chave: Enfermagem, Pediatria, Brincar.
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO...........................................................................................
08
2.
OBJETIVO.................................................................................................
11
2.1.
Objetivo Geral...........................................................................................
11
2.2.
Objetivos Específicos..............................................................................
11
3.
REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................
12
3.1.
Desenvolvimento do Lúdico na Criança................................................
12
3.1.1.
Desenvolvimento da imitação representativa.......................................
14
3.1.2.
O Jogo Simbólico.....................................................................................
16
3.2.
Hospitalização na Infância e o brincar no Hospital............................... 17
3.3.
Enfermagem e o cuidado á criança hospitalizada................................
20
4.
METODOLOGIA........................................................................................
25
4.1.
Caracterização da Pesquisa....................................................................
25
4.2.
Local da Pesquisa....................................................................................
25
4.3.
Sujeitos da Pesquisa................................................................................ 26
4.4.
Critérios para Seleção dos Sujeitos.......................................................
26
4.5.
Procedimento para Coleta de Dados......................................................
26
4.6.
Princípios Éticos......................................................................................
29
4.7.
Análise de Dados...................................................................................... 29
5.
APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS...................
5.1
Caracterização dos Sujeitos.................................................................... 30
5.2
O lúdico como facilitador durante a hospitalização na Infância.......... 31
5.3
A ludicidade como ferramenta auxiliadora no tratamento e
30
34
prognóstico...............................................................................................
5.4
O lúdico como ferramenta de trabalho do enfermeiro.......................... 37
6.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................
42
7.
REFERÊNCIAS..........................................................................................
44
APÊNDICES............................................................................................... 48
ANEXOS....................................................................................................
56
8
1. INTRODUÇÃO:
De acordo com o Brasil (1990), existem grupos sociais que estão mais
suscetíveis a necessidades de saúde evidenciadas por registros de morbi
mortalidade, dentre eles a população infantil. Desta forma faz-se necessário um
olhar atento e conhecimento das características desta população alvo para nortear o
planejamento e execução das ações de saúde que visem melhorias na qualidade do
cuidado para com a criança.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), define criança como a
pessoa de até doze anos de idade incompletos e adolescentes aquelas entre doze e
dezoito anos de idade. Ambos logram de todos os direitos fundamentais inerentes à
pessoa humana, a fim de lhes possibilitar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (ECA, 2001).
Com base no ECA e nos princípios do Sistema Único de Saúde(SUS), o
Ministério da Saúde tem como objetivo elaborar políticas e técnicas para a atenção
integral à saúde da criança.
Promoção, prevenção e assistência pressupõem o
compromisso de prover qualidade de vida para que a criança possa crescer e
desenvolver todo o seu potencial.
Objetivando o desenvolvimento infantil saudável e focando o conceito que
visa à integralidade do ser humano, faz-se necessário compreender que a atenção à
criança deve ser diferenciada, levando em conta todas as características envolvidas
no processo de ser criança, entre elas o ato de brincar. Ravelli e Motta (2005)
afirmam que é através das brincadeiras que a criança explora e adquire
compreensão em relação ao mundo que está inserida, é brincando que interage
ludicamente com o mundo real. O lúdico é definido como um ―adjetivo relativo a
jogos, brinquedo, diversão‖ (LAROUSSE ATICA, 2001. p. 613) onde engloba toda
imaginação infantil, o ―faz de conta‖, o brincar que para Piaget (2010), é fundamental
para o crescimento e desenvolvimento desta criança.
Ao prestar cuidados às crianças deve-se considerar a importância do lúdico
para que haja uma assistência de melhor qualidade e com humanização. De acordo
9
com Ravelli e Motta (2005), a essência da enfermagem é cuidar e estar aberto ao
outro, utilizar o conhecimento teórico científico e as expressões sentimentais,
relacionando-se com o outro com sensibilidade, levando em conta todas as suas
necessidades básicas.
O cuidado lúdico na enfermagem deve ter funcionalidade nos diferentes
âmbitos que abrangem a assistência prestada por estes profissionais. Em se
tratando de internação hospitalar na infância, a importância desta atividade eleva-se.
Mitre e Gomes (2004) afirmam que a hospitalização na infância pode configurar
como uma experiência traumática, pois afasta a criança do seu cotidiano, do
ambiente familiar e promove um confronto com procedimentos dolorosos e
limitações, deixando-a com a sensação de passividade, aflorando angústias e
medos.
Neste misto de sensações muitas vezes o profissional da área da saúde é
visto por esta criança como alguém que a faz passar por situações sofridas,
assimilando-o a estes sentimentos de vulnerabilidade e impotência. Assim, destacase a importância de atividades de educação em saúde neste ambiente, que para
Queiroz e Jorge, (2006), além de tratar e/ou prevenir doenças, tem como objetivo
também promover o crescimento e o desenvolvimento infantil, numa perspectiva de
qualidade de vida.
Tratando-se de crianças, torna-se necessário envolver seu
universo lúdico para que possa ocorrer a troca de conhecimentos proporcionando
resultados satisfatórios nas atividades. Sendo assim embaso-me em Frota, et al.
(2007), ao afirmar que a equipe de enfermagem ao abordar de forma educativa a
criança e propor atividades lúdicas, passa a ser vista de uma forma diferenciada,
dando a oportunidade de vivências com novos objetivos não ameaçadores.
Em suma, salienta-se a importância do cuidado humanizado, centrado na
pessoa, em toda sua singularidade e complexidade, enfatizando a necessidade de
enfermeiros que levem em conta o cuidado lúdico ao se tratar de crianças. Através
da abordagem lúdica, propiciar meios para que o profissional seja visto como
alguém que irá lhe fazer o bem e que, esta criança tenha entendimento e torne-se
ativa em relação aos procedimentos que irá ser submetida, colaborando de forma
consciente e tendo melhoras físicas e emocionais.
Em relação aos benefícios da pesquisa para os sujeitos, considera-se o
estudo de extrema importância para melhor adaptação, aceitação e autonomia da
criança frente ao processo de hospitalização reduzindo assim, a angústia, medo e
traumas, fortalecendo a relação com a família. Bem como dar continuidade ao
10
desenvolvimento infantil saudável, assegurando sua identidade enquanto criança,
levando em conta todo universo lúdico infantil.
Ambiciono que o presente estudo possibilite aos acadêmicos e profissionais
de enfermagem o reconhecimento da importância e necessidade deste olhar
sensível e humanizado em relação ao atendimento à criança, contemplando o
conceito ampliado de saúde, dando o suporte necessário durante a hospitalização,
criando um elo entre a realidade vivenciada e o mundo imaginário infantil.
Embasado no descrito anteriormente formulou-se a seguinte questão
norteadora:
Qual a percepção dos pais em relação a atividades lúdicas durante a
internação de seu filho (a) na pediatria?
11
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral:

Conhecer a percepção dos pais em relação a atividades lúdicas durante a
internação de seu filho (a) na pediatria.
2.2 Objetivos Específicos:

Verificar a percepção dos pais em relação a utilização do lúdico no
tratamento e prognóstico da criança;

Identificar a utilização de atividades lúdicas pela equipe de enfermagem
durante a internação da criança;
12
3. REVISÃO DE LITERATURA:
Neste capítulo busco subsídios teóricos para dar sustentação ao estudo. No
primeiro item abordo sintetizadamente, como se desenvolve na criança a
capacidade de imitar representando papéis, o ―faz de conta‖, bem como a
capacidade adquirida na infância de utilizar o jogo simbólico e as brincadeiras, itens
estes que incorporam o universo lúdico infantil. No segundo item, a abordagem é
centrada na necessidade de hospitalização na infância caracterizando as carências
e sentimentos da criança frente a esse episódio e a relevância de se levar em
consideração todas as necessidades infantis neste cenário, entre elas, o ato de
brincar e a presença dos pais. No terceiro item trago a enfermagem e sua
importância frente ao cuidado à criança hospitalizada, enfatizando os instrumentos
que o enfermeiro disponibiliza para prover um cuidado que leve em conta o
desenvolvimento infantil saudável.
3.1 Desenvolvimento do lúdico na criança
―No mundo infantil tudo é possível, cachorros
e gatos convivem
amigavelmente e o céu pode ser tanto rosa como verde, dependendo somente da
imaginação‖ (RAVELLI ; MOTTA, 2005, p.611). Esta característica da infância dá- se
através do universo lúdico que a criança se insere. Neste contexto, o lúdico é
definido como um ―adjetivo relativo a jogos, brinquedo, diversão‖ (LAROUSSE
ATICA, 2001. p. 613). Para que se possa compreender o universo lúdico da criança
faz-se necessário conhecer como ocorre essa formação durante as fases do
desenvolvimento infantil.
Papalia e Olds (2006) afirmam que existem três fases do desenvolvimento
infantil. A primeira infância compreende do nascimento até os 2 anos de idade, a
segunda infância ou período pré- escolar corresponde dos 3 aos 6 anos, e a terceira
infância ou idade escolar engloba dos 7 aos 12 anos.
Para as autoras, é a partir do fim da primeira infância e inicio da segunda
infância que a criança começa a desenvolver forças e habilidades motoras simples,
13
como andar sozinha, segurar objetos, falar, etc. Tem um comportamento
egocêntrico, entretanto compreende e tem uma perspectiva em relação às outras
pessoas. Ainda possui imaturidade cognitiva, refletindo idéias ilógicas acerca do
mundo. O lúdico torna-se mais elaborado, sua independência, autocontrole e o autocuidado aumentam, sendo que a família é seu núcleo de vida e outras crianças
começam a ter importância em seu convívio.
Na terceira infância, ocorre o aperfeiçoamento da força e das habilidades
motoras, o egocentrismo diminui e passam a pensar de forma mais lógica e
concreta. A capacidade de memória e de linguagem ampliam-se, e com o aumento
dos ganhos cognitivos, conseguem tirar melhor proveito de coisas novas que lhe são
ensinadas. A autoimagem se desenvolve e passa a afetar sua auto-estima, e os
amigos e familiares assumem importância fundamental em sua vida. (PAPALIA ;
OLDS, 2006)
Dessa forma, Franco (2004) afirma que todo ser humano tem uma
organização estrutural que lhe dá uma característica de totalidade, integrando
dinamicamente as várias partes que o formam. Assim acontece também com o
pensamento e a imaginação que seriam constituídos por elementos integrados em
uma estrutura maior, entre eles o processo de adaptação, assimilação e
acomodação de ideias. Segundo o autor, essa estruturação de pensamentos é
progressiva e gradual, acompanha as fases do desenvolvimento da criança até sua
vida adulta, em que ocorre a maturação do pensamento e a distinção do mundo
imaginário e do mundo real.
Piaget (2010) remete que a formação do universo lúdico na criança dá- se a
partir da imitação representativa e do jogo, na qual se consideram as brincadeiras
simbólicas. Sendo assim, o desenvolvimento do pensamento da criança acontece
junto com seu crescimento enquanto ser humano, disponibilizando a adaptação e a
organização de suas estruturas, compreendendo assim, quem é e como é o mundo
em que está inserida.
3.1.1 Desenvolvimento da imitação representativa
Para Piaget (2010), a imitação não consiste em uma técnica proveniente de
instintos ou que herda-se de pai para filho: a criança aprende a imitar e transformar
essa imitação em brincadeira. Para Piaget (2010), a aprendizagem da imitação dáse progressivamente durante fases distintas do desenvolvimento da criança. De
acordo com o autor, a primeira fase ocorre durante o primeiro mês de vida, sendo a
14
ausência de imitação, na qual simplesmente há a reprodução de um modelo por
simples reflexo estimulado por um excitante externo. É o caso de um recém nascido
que é estimulado pelo choro de outros bebês que estão com ele em um berçário e
que põe - se a chorar em coro com eles. É possível que o choro dos outros desperte
simplesmente no recém nascido uma sensação desagradável, sem que ele
estabeleça uma relação entre os sons ouvidos e os seus próprios. Dessa forma
pode-se considerar que o choro seja repetido graças a uma espécie de ―exercício
reflexo‖ não possuindo caráter de imitação.
Após o primeiro mês de vida, a criança passa por fases de maturação da
inteligência e dos sentidos. Para Rappaport (2002) neste período a interação social
da criança é bastante limitada, predominando a imitação de caráter exploratório, no
qual o bebê parece explorar as potencialidades dos objetos sem necessidade de se
acomodar a eles. Assim, a imitação acontece esporadicamente, necessitando de
estímulos externos, acontecendo por simples vontade de dar continuidade e
conservar a atividade que está lhe dando prazer. Pode-se então perceber um caráter
lúdico primitivo em tais atitudes, na qual o bebê explora e continua arremedando
aquilo que lhe causa sensações agradáveis.
Após a imitação esporádica, em média aos 4 meses de vida, Piaget (2010),
afirma que inicia-se uma nova fase do desenvolvimento do lúdico para o bebê. A
imitação agora ocorre de forma sistemática e intencional, em que a criança
consegue repetir sons e movimentos já conhecidos e visíveis para ela. É
essencialmente conservadora, isto é, sem tentativas de imitar modelos novos, e sem
perceber a semelhança entre seu corpo e de outra pessoa não conseguirá imitar
ações que não consiga enxergar em seu próprio corpo, como por exemplo, por a
língua para fora.
Para Piaget (2010) com o progresso da inteligência, em média entre 8 e 9
meses de vida, o bebê começa a assimilar os gestos de outras pessoas aos do seu
próprio corpo, mesmo quando tais gestos permanecem fora de seu campo visual,
conseguindo então imitar modelos novos. Entretanto, ainda ocorrem certas
confusões entre os órgãos, podendo facilmente abrir e fechar a boca ao tentar imitar
movimentos de abrir e fechar os olhos. Essa confusão soluciona-se quando o bebê,
por exemplo, transforma um ruído de salivação em um sinal que desencadeia a
percepção de que é na boca que a ação está sendo executada, traduzindo o
estímulo visual para sensação cinestésica. Com base no descrito anteriormente,
Rappaport (2002), conclui que a criança após conseguir descobrir as partes de seu
15
corpo passa a repetir os movimentos não mais na tentativa de ―solucionar
problemas‖ e sim como forma de imitar atingindo sensações agradáveis.
Em média, a partir do segundo ano de idade, Piaget (2010), diz que começa a
imitação propriamente dita, com caráter representativo, a criança não necessita mais
de exemplos, desligando-se da ação atual, passando a ser capaz de imitar
interiormente uma série de modelos, dado no estado de imagens ou de esboços de
atos guardados em sua memória, atingindo assim, os primórdios do nível da
representação.
Dos 3 aos 6 anos de idade, a imitação representativa amplia-se e generalizase numa forma espontânea, se torna refletida e integra-se na própria inteligência, a
criança consegue dar novos significados para as pessoas, objetos ou situações,
dependendo somente de sua imaginação e do contexto em que se encontra.
Conforme Piaget, 2010, p. 95:
A imitação é sempre um prolongamento da inteligência, mas no sentido de
uma diferenciação em função de novos modelos: a criança imita um avião
ou uma torre etc. porque compreende o seu significado e só se interessa
por isso numa relação qualquer com as suas próprias atividades.
Dessa forma Piaget (2010, p.95), refere que ―com o desenvolvimento da vida
social e o intercâmbio de pensamentos surge toda a espécie de novos matizes e
graduações‖. Assim é que a criança cria prestígios àquelas pessoas que
desempenham um papel importante em sua vida, imitando- os como tais. Em suma,
primeiramente há imitação dos pormenores com análises e reconstituições dos
modelos e em seguida vem a consciência de imitar, diferenciando o que vem de fora
e do que pertence ―ao eu‖, conseguindo representar papéis, interpretando
ludicamente a realidade através da imitação e do ―faz de conta‖.
3.1.2. O Jogo simbólico
Piaget (2010), afirma que a evolução do jogo, assim como a imitação, ocorre
através de fases. Até o segundo ano de vida não há jogo simbólico, apenas sensório
- motor. Nesta fase, o bebê ainda não desenvolveu a capacidade de imitação
representativa, e o jogo tem a função de transmitir sensações agradáveis e
reflexivas, sem caráter de expressar alguma simbologia. Papalia e Olds (2009)
expõem que nos primeiros meses de vida, a criança só pode lidar com as partes de
seu mundo que são captadas através de seus cindo sentidos.
Com a maturação da imitação, a criança passa a transformá-la em jogo.
Para Piaget (2010, p. 115), ―o jogo é simples assimilação funcional ou reprodutora‖,
16
o autor quer dizer com essa afirmação que o jogo constitui uma transposição
simbólica entre o mundo real o e mundo imaginário. Com base na afirmação de
Piaget, Papalia e Olds (2009) consideram que a partir deste momento a criança é
capaz de usar símbolos para fazer as imitações representativas de objetos, lugares
e pessoas. ― O pensamento pode dardejar de volta a eventos passados, pode saltar
à frente para prever o futuro e pode permanecer no que poderia estar acontecendo
em algum lugar do presente‖ (PAPALIA; OLDS, 2009, p.223)
Para Piaget (2010), a partir do 3 anos de idade, o jogo e a imitação
assumem caráter simbólico na vida da criança, tomando forma, regras e dimensão,
tendo a capacidade de representar as situações vivenciadas por ela e servindo
como forma de criar uma realidade particular e individual. Assim, toma-se como
exemplo o jogo simbólico de ―brincar com bonecas‖ onde se vê num primeiro
momento um caso típico de exercício das tendências familiares e notadamente, do
instinto maternal. Analisando mais detalhadamente pode- se enxergar nessa ação
que a menina imita e representa as características de sua própria mãe.
A boneca serve apenas de ocasião para a criança reviver simbolicamente a
sua própria existência [...] para melhor assimilar os seus diversos aspectos,
para liquidar os conflitos cotidianos e realizar o conjunto de desejos que
ficaram por saciar. Assim, podemos estar certos de que todos os eventos
alegres ou aborrecidos, que ocorrem na vida da criança repercutir-se-ão nas
suas bonecas (PIAJET, 2010, p. 140).
Em se tratando de brincadeiras com bonecas, Rappaport (2002) também
afirma que é uma forma de oferecer à criança não só a oportunidade de aflorar seus
instintos maternais ou de aprender normas culturais do desempenho do papel
feminino, mas principalmente oportuniza para esta menina uma melhor elaboração
dos conflitos cotidianos por ela vivenciados ou de realizar seus desejos insatisfeitos.
A medida que, desempenha ludicamente seu papel de mãe trabalha mentalmente as
angustias, alegrias, etc. que experimentou com sua mãe real.
Além deste exemplo, Rappaport (2002), também traz o caso de uma criança
que esteve enferma, que necessitou submeter-se a tratamentos médicos e
procedimentos cirúrgicos e através do jogo simbólico brinca de ser médica ou
enfermeira, podendo dar uma injeção em sua boneca repetindo as palavras ―não vai
doer‖. Assim, com a repetição da situação a criança se fortalece em termos de
estruturação, criando através de seu mundo imaginário uma nova situação, agora
menos rude e mais amena.
17
Assim, não só no caso do brincar de bonecas, mas em qualquer outra
atividade de jogo simbólico desempenhado pelas crianças, pode- se compreender
que a brincadeira trata-se de uma construção de símbolos e imagens baseados na
vida da própria criança, onde adquire múltiplas funções, sendo necessidade básica
infantil, propiciando o desenvolvimento infantil saudável, sendo utilizado como forma
de expressão e meio de dar vazão aos seus sentimentos.
3.2 Hospitalização na Infância e o Brincar no Hospital
A hospitalização é caracterizada por Frota et al. (2007) como um momento
desagradável, trazendo consigo sentimentos de fragilidade, impotência e temor.
Trata-se de uma experiência difícil para qualquer pessoa e que intensifica-se quando
esta pessoa é uma criança, rodeada por seu mundo de imaginação e simbologia,
―sua mente pode ir acima do aqui e agora‖ (PAPALIA; OLDS, 2009, p.223).
Percebendo de uma maneira particular e singular as novas experiências que
deparar-se- á durante o período que estará afastada de seu lar.
Mitre e Gomes (2004) afirmam que a necessidade de uma internação na
infância pode-se configurar em uma experiência sofrida para a criança, pois a afasta
de sua vida cotidiana, do seu ambiente familiar e promove um confronto com a dor,
procedimentos dolorosos, limitação física, vendo-se obrigada a aceitar com
passividade as atividades propostas pela equipe de saúde.
Surge a necessidade de adaptar-se ao novos horários e rotinas, confiar em
pessoas até então desconhecidas e permanecer em um quarto com privação de
realizar todas as atividades que caracterizam sua vida de criança. Com esse
afastamento de seu cotidiano e a sua nova condição de paciente, a criança passa a
ter uma percepção própria sobre a nova realidade, assimilando os profissionais de
saúde com algo negativo, com procedimentos que a fazem sentir dor, assim, para
Motta e Enumo (2004) a hospitalização pode afetar o desenvolvimento da criança,
interferindo diretamente na sua qualidade de vida.
Quando a experiência é muito estressante para a criança, Sabatés (2008),
afirma que ela poderá apresentar reações emocionais e regressões, que poderão
repercutir negativamente durante e após o período de sua permanência no hospital.
A criança pode desencadear comportamentos que tem relação com a situação de
tensão vivenciada, pelos procedimentos dolorosos e difíceis nos quais se depara. De
acordo com Mitre e Gomes (2004), toda esta carga emocional aflora sentimentos de
culpa, punição e temor da morte, faz com que a criança sinta a obrigação de
18
submeter-se a tudo que lhe é proposto, sem a oportunidade de argumentação,
enquadrando-se nas normas exigidas pela equipe e pela instituição hospitalar.
Ribeiro, Almeida e Borba (2008), consideram que esta situação pode acarretar
agravos emocionais caso não haja a presença dos pais e um manejo adequado por
parte da equipe de saúde que a assiste.
Para que a adaptação da criança na unidade hospitalar seja melhor, é de
suma importância a presença dos pais/ responsáveis participando ativamente neste
processo, sendo encorajados pelos enfermeiros a fortalecer o vínculo familiar
(GOÉS; CAVA, 2009). A participação da família no momento de hospitalização foi
instituída em 1990, através da lei 8.069 do ECA, devido a necessidade e benefícios
para a criança do acompanhamento dos pais/ responsáveis em tempo integral
durante a internação.
Para Goés e Cava (2009), a permanência dos pais/responsáveis em período
integral no ambiente hospitalar, sua participação no cuidado e a relação entre
crianças, pais e profissionais, têm desencadeado novas formas de planejar o
cuidado a esta criança hospitalizada. Nesta perspectiva amplia-se o foco, sendo
necessário dirigir o olhar numa perspectiva holística em um processo de produç ão
de relações e intervenções para além do atendimento clínico (COLLET, 2004).
Almejando a adaptação da criança e tendo em mente a assistência que visa
a integralidade, faz- se necessário que a criança tenha em sua disposição
instrumentos de seu domínio e que seja de seu conhecimento e convívio, que a
remeta ao seu dia- a- dia e as características de sua rotina. Para Frota et al. (2007),
uma das formas capazes de esclarecer para a criança essa mudança vivenciada
atualmente é o uso de atividades lúdicas, que pode auxiliar a aliviar temores e
ansiedades, permitindo que revele ,para os pais e para a equipe de saúde, o que
sente, pensa, por intermédio de brincadeiras.
Brincar é habitualmente uma forma de diversão, de criar um mundo onde
tudo é possível, e cada coisa ganha sentido próprio, para Ribeiro, Almeida e Borba
(2008), é uma necessidade básica da infância e o meio pelo qual ela se desenvolve
nos aspectos físico, emocional, cognitivo e social. Dessa forma referencio Mitre e
Gomes (2004), que caracterizam o brincar como uma possibilidade de realizar
mudanças no cotidiano da internação, porque é através das brincadeiras que a
criança produzirá uma realidade própria e singular. É através de um movimento
pendular entre o mundo de realidades e o mundo de imaginações que ocorrerá a
transposição de barreiras do adoecimento e os limites de tempo e espaço.
19
Dessa forma, o ato de brincar surge como uma possibilidade de
aproximação do universo desta criança e o meio hospitalar. Embaso- me em Mitre e
Gomes (2004), para afirmar que o brincar pode ser um elo, criando possibilidade
para a criança expressar seus sentimentos, preferências, receios e hábitos, é uma
mediação entre o mundo familiar e as novas situações presentes em sua vida. Frota
et al. (2007) relata o ato de brincar como uma tentativa de transformação no
ambiente hospitalar, que minimiza danos psicológicos advindos de experiências
negativas, facilita o acesso à atividade simbólica, lúdica, e a elaboração psíquica de
vivências do cotidiano da internação.
O comportamento de brincar remete a essa criança uma nova oportunidade
de enxergar sua realidade, modificando ludicamente o ambiente em que está
inserida. Para Mello e Valle (2008), o brincar no hospital mostra-se ideal para a
criança dar vazão aos seus sentimentos mobilizados pela hospitalização, além de
auxiliar no processo de desenvolvimento. Para Mitre (2000), o brincar também passa
a ser visto como uma atividade capaz de promover a continuidade do
desenvolvimento infantil, bem como a possibilidade de através dele a criança
hospitalizada melhor elaborar esse momento específico em que vive.
Por vezes na tentativa de compreender a nova rotina, a criança brinca de
ser enfermeira e médico. Os doentes são as bonecas, os bichinhos de
pelúcia e os amigos do quarto. Com roupas, máscaras, materiais
hospitalares como termômetros e estetoscópios, a criança brinca e
representa sua própria condição de criança hospitalizada. (KISHIMOTO,
apud MELO; VALLE, 2008, p.59)
Assim, destaca- se a importância de levar em consideração toda a
ludicidade em que a criança é envolvida, inclusive no meio hospitalar que para Frota
et al. (2007) é uma experiência estressante e traumática para a acriança, refletindo
em seu comportamento durante e após sua permanência no âmbito hospitalar,
sendo a ludicidade uma alternativa de proporcionar uma possibilidade para esta
criança na resolução dos seus conflitos uma vez que quando brinca desloca para
seu exterior seus problemas interiores.
3.3 Enfermagem e o cuidado à criança hospitalizada
O conceito de saúde foi ampliado em 1990, com a aprovação da lei Orgânica
da Saúde N° 8080 no artigo 196, a qual passou a ser considerada como um
resultado de diversos fatores determinantes e condicionantes, passando de um
modelo biologicista, centrado na patologia e no corpo biológico, para um modelo
20
amplo, onde o ser humano é visto em toda sua dimensionalidade e complexidade
(BRASIL, 2010).
Com esta ampliação do conceito de saúde surge a necessidade de abordar
o ser humano de uma maneira holística, levando em conta todo seu sistema
conceitual, que de acordo com Waldow, Lopes e Meyer (1995) é envolvido por
individualidade,
singularidade,
originalidade
e
totalidade.
Com
atributos
e
potencialidades física, intelectual, emocional, social e espiritual. O ser humano é
intuito, criativo, com direitos inerentes para atingir seu próprio desenvolvimento,
interesse e metas.
Sendo assim, a equipe de enfermagem deve ter em mente o real sentido do
cuidado que será prestado. Cuidado este, que para Boff (2011) significa desvelo,
solicitude, diligência, zelo, bom trato. É uma ação fundamental de preocupação e de
inquietação no sentido de responsabilidade, sabendo que a base da enfermagem é
o cuidado, a atenção para com o outro e o entendimento das necessidades físicas e
emocionais de quem esta sendo cuidado, sendo coerente ao novo conceito de
saúde.
Dessa forma ao se lidar com saúde da criança é necessário que a equipe de
enfermagem compreenda as características infantis e as necessidades que devem
ser supridas.
A assistência de enfermagem a essa criança deve ultrapassar a prestação
de cuidados físicos e o conhecimento que o enfermeiro deve ter a respeito
de sua doença e das intervenções diagnósticas ou terapêuticas realizadas.
Deve considerar, também, as necessidades emocionais e sociais delas,
abrangendo o uso de técnicas adequadas de comunicação e
relacionamento, dentre as quais destaca-se a situação de brincar (RIBEIRO;
ALMEIDA; BORBA, 2008, p.65).
Para os autores citados, a compreensão de que brincar é uma necessidade
básica torna-se essencial para a equipe de enfermagem que cuida da criança, onde
tal atividade deve estar presente no meio hospitalar, devendo ser valorizada tanto
quanto cuidado com higiene, procedimentos técnicos, alimentação e medicações. A
assistência à criança deve estar comprometida não apenas com sua doença, mas
embasada no novo conceito de saúde, satisfazendo suas necessidades como ser
humano que cresce e se desenvolve.
O brincar na assistência de enfermagem é recomendado e regulamentado
pelo Conselho Federal de Enfermagem na Resolução n. 295 de 24 de outubro de
2004, em seu Artigo 1° afirmando que:
21
Compete ao enfermeiro que atua na área pediátrica, enquanto integrante da
equipe multiprofissional de saúde, a utilização da técnica do Brinquedo/
Brinquedo terapêutico, na assistência à criança hospitalizada.
O brincar no cuidado à criança é visto como algo que vai além de trazer
momentos prazerosos. De acordo com Ribeiro, Almeida e Borba (2008) as
brincadeiras representam um meio de alívio para as tensões que são impostas pela
hospitalização e pelo estar doente. Além disso, manifesta-se como uma
possibilidade de comunicação pela qual os enfermeiros podem dar explicações,
orientações sobre procedimentos que irão ser realizados, bem como receber
informações da criança em relação a como se sente e o que as situações por ela
vivenciadas têm significado na sua vida. Dessa forma, o enfermeiro cria a
possibilidade de traçar metas e elaborar uma assistência de enfermagem
direcionada especialmente àquela criança, atendendo suas reais necessidades.
Afim de melhorar a qualidade do cuidado prestado para a criança Frota et al.
(2007) afirma que a equipe de enfermagem dispõe de instrumentos capazes de
proporcionar vivências com novos objetivos, sentimentos, sensações, atividades não
ameaçadoras. Assim, o brincar surge como uma ferramenta capaz de mudar a
percepção da criança sobre o profissional de saúde, onde a partir de agora passa a
ser visto não só como aquele que propõe e executa procedimentos dolorosos e sim
aquele que também propicia momentos alegres e que compreende o universo em
que a criança se insere, participando ativamente em suas construções simbólicas,
falando na sua linguagem lúdica.
Além disso, para os autores, o apoio daqueles que assistem a criança é
essencial para a adaptação no âmbito hospitalar e tratamentos aos quais é
submetida pois a atuação diferenciada contribui para sua adaptação no novo
cotidiano. A tríade profissional-
brinquedo-
criança,
interliga
propósitos
e
expectativas, facilitando a interação positiva, sendo que o lúdico para Mitre e Gomes
(2004) é visto como um instrumento que garante a adesão da criança ao tratamento,
é um veículo de comunicação entre o profissional de enfermagem e a criança, onde
o enfermeiro criará laços no sentido de levar informações, mostrar e desmistificar
procedimentos através da educação em saúde direcionada especificamente para
estas crianças.
A educação em saúde, desde 1997 é caracterizada por Candeias como
combinações de experiências de aprendizagem delineadas com objetivo de facilitar
22
ações
voluntárias
conducentes
comportamento individual.
á
saúde,
desencadeando
mudanças
de
A palavra combinação enfatiza a importância de
combinar múltiplos fatores do comportamento humano com experiências de
aprendizagem e de intervenções educativas. O termo delineadas distingue o
processo de educação em saúde de quaisquer outros processos, apresentando- o
como uma atividade sistematicamente planejada. Facilitar significa predispor,
possibilitar e reforçar. Ações voluntárias significam sem coerção e com plena
compreensão
e
aceitação
dos
objetivos
educativos
adotando
medidas
comportamentais para alcançar um efeito intencional sobre a própria saúde.
Com o intuito de alcançar as metas traçadas e os propósitos da prática
educativa em saúde, torna-se primordial a proposição de ações educativas sensíveis
às necessidades emergentes dos sujeitos. Goés e Cava (2009) afirmam que a
metodologia pedagógica a ser adotada deve ter como ponto de partida o
conhecimento sistemático da realidade em que estão inseridos os sujeitos. Estes
são convidados a deixar o silêncio e compartilhar suas experiências de vida,
salientando que o diálogo é condição essencial e necessária para que ocorra a
prática educativa.
Esse novo olhar sobre os métodos pedagógicos é conceituado por Freire
(2006) como a Pedagogia da Problematização, em que rompe com os modelos não
reflexivos de educar, pautados na recepção de informações e na reprodução de
técnicas, e sim afirmando que o educando aprende com a realidade vivida por ele ao
passo que se prepara para modificá-la.
Para tanto, o educador que ambiciona atuar nessa perspectiva progressista
precisa ter entendimento que ensinar não é repassar conhecimento, mas propiciar
formas para que o educando tenha a capacidade de produzi-lo conforme sua
perspectiva. (FREIRE, 2011). Pensando desta forma, Ferraz et al. (2005) traz a
utilização da educação como uma forma de cuidar na enfermagem transcendendo
os preceitos básicos do cuidado, pois através do educar o enfermeiro potencializa
sua capacidade de cuidar. Desta maneira, o enfermeiro pode intervir de maneira
construtiva nas relações desenvolvidas entre os sujeitos, educador e educando,
numa perspectiva onde um aprende com o outro.
Em se tratando de saúde da criança, Queroz e Jorge (2006) definem que a
educação em saúde além de tratar e/ou prevenir doenças, destina-se também, a
promover o crescimento e o desenvolvimento infantil, numa perspectiva de
qualidade de vida. Goés e Cava (2009) afirmam que no cuidado à criança sempre se
23
encontra espaços para a educação em saúde, seja para expressão de sentimentos,
preparação para procedimentos, informações sobre cuidados a serem prestados,
permeando todas as práticas do cuidado infantil buscando envolver a família e todo
o universo lúdico da criança neste processo.
Como citado, a pedagogia da problematização visa o rompimento de um
modelo que não leva em conta toda a dimensionalidade do ser humano. Pensando
desta forma, ao ambicionar educação em saúde onde os educandos são as crianças
hospitalizadas, é de suma importância levar em conta sua fragilidade, medos e
angustias pertinentes ao momento em que vivem. Também é necessário a
compreensão de que embora estejam num meio diferente do seu habitual, elas não
deixam de ser crianças e ter todas as características envolvidas neste processo,
entre elas o seu universo lúdico singular (FREIRE, 2006).
Assim, na assistência à criança hospitalizada, referencio Ribeiro, Almeida e
Borba (2008) ao afirmar que o enfermeiro deve prever, prover e facilitar a sua
participação nos diferentes tipos de brincadeiras, além de participar desta atividade,
interagindo educativamente, contemplando toda a realidade e integralidade desta
criança, coerente assim, com o conceito da pedagogia da problematização.
Essa participação do enfermeiro faz-se de suma importância para que a
criança não o relacione apenas a procedimentos desagradáveis e dolorosos,
desmistificando a imagem negativa da equipe de saúde, trazendo melhor aceitação
e entendimento acerca do tratamento, despertando na criança sentimentos positivos
em relação à hospitalização e sua necessidade para a melhora da saúde. Toda esta
participação do enfermeiro neste processo de hospitalização e o lúdico faz com que
se estabeleçam vínculos e uma relação de confiança e amizade entre a criança a
ser cuidada e o enfermeiro.
24
4. METODOLOGIA
4.1 Caracterização da Pesquisa
O presente estudo trata-se de uma pesquisa qualitativa,descritiva e
exploratória. Creswell (2010) define a pesquisa qualitativa como uma forma de
explorar e entender o significado que os indivíduos atribuem aos problemas que
vivenciam. Ainda se tratando em pesquisa qualitativa, Leopardi (2002) afirma que
com esse tipo de estudo tem-se a possibilidade de compreender uma situação na
perspectiva dos sujeitos, dessa forma é pertinente usar este método quando se tem
a intenção de saber o significado de uma variável e não contá-la.
Minayo (2010) define que um estudo é descritivo quando realizado de forma
totalmente livre e descreve todas as características de uma população ou fenômeno.
De acordo com Minayo (2010) um estudo é exploratório quando esclarece e
modifica conceitos e ideias com a intenção de envolvimento no estudo através da
escolha, construção e investigação do tema.
4.2 Local da Pesquisa
Este estudo foi realizado em uma unidade de internação Pediátrica de um
Hospital Universitário, em uma cidade do sul do Rio Grande do Sul.
O Hospital atende somente demanda do SUS, possuindo UTI ( Unidade de
Tratamento Intensivo) adulto, UTI pediátrica e neonatal, PIDI (Programa de
Internação Domiciliar Interdisciplinar), unidade de internação clínica, cirúrgica e
pediátrica.
A unidade pediátrica possui cinco enfermarias, sendo uma delas de
isolamento, uma de cuidados semi-intensivos, uma para recém-nascidos, outra para
distúrbios respiratórios e a última que abrange desde os lactentes até as crianças
maiores. Os pacientes que internam na Unidade do estudo são recém- nascidos à
termo e prematuros, lactentes, pré-escolares, escolares e pré- adolescentes de até
onze anos.
25
A equipe de enfermagem no turno da manhã e tarde é composta por um
enfermeiro e seis técnicos de enfermagem. No turno da noite há três enfermeiros e
quinze técnicos, divididos em três equipes Além disso, conta com acadêmicos e
residentes de enfermagem, medicina, nutrição, psicologia e odontologia.
4.3 Sujeitos da Pesquisa
Os sujeitos da pesquisa foram 06 pais de crianças internadas na Unidade
pediátrica citada anteriormente, contemplando os critérios de inclusão pré
estabelecidos para a realização da pesquisa. Na intenção de preservar a identidade
dos sujeitos, foi garantido o anonimato, no qual todos os participantes foram
identificados por nomes fictícios correspondentes a personagens infantis.
4.4 Critérios para seleção dos sujeitos
Os sujeitos participantes da pesquisa foram os que se enquadraram nos
seguintes critérios:

Ter filho(a) internado na Unidade pediátrica no momento do estudo;

Ter filho(a) com faixa etária de 5 a 10 anos;
Ter filho(a) consciente, falando e situado no tempo e espaço;

Ter filho(a) que não esteja em isolamento;

Ter aceitado participar das atividades propostas e ter plena e total
concordância sobre a participação da criança no estudo por meio da
assinatura do consentimento livre e esclarecido;

Concordar com a apresentação e divulgação dos resultados nos meios
acadêmicos e científicos.
4.5 Procedimento para coleta de dados
Primeiramente, para a realização do estudo foi preenchido via on-line o
termo de solicitação para a realização de pesquisa no Hospital. Após confirmação foi
requerido à chefia de Enfermagem (Apêndice A) e ao serviço de educação
(Apêndice B) da instituição a autorização para a realização da pesquisa, através de
documento formal expondo a finalidade do projeto
De posse da autorização da instituição, foi encaminhado para a enfermeira
do turno da tarde da Unidade em questão, um ofício (Apêndice C) com o intuito de
apresentar os objetivos do estudo e requerer sua permissão para realizar a coleta.
No segundo momento, o projeto foi encaminhado a um Comitê de Ética em
26
Pesquisa (Apêndice D), sendo aprovado sob o parecer número 083/2012 (Anexo 1).
Após estas apreciações e a pesquisa autorizada ocorreu a coleta de dados.
Antes da realização da coleta de dados com os pais e as crianças
hospitalizadas, a autora realizou atividades lúdicas durante o período de internação
da criança na unidade pediátrica. A primeira abordagem foi feita durante a admissão,
através de fantoches e brinquedos, sendo a criança convidada a conhecer a unidade
e a sala de recreação. Dessa forma, o contato inicial e a realização dos primeiros
procedimentos de anamnese e exame físico, tornaram-se mais fáceis, tanto para a
equipe de enfermagem quanto para a criança. Durante todo o período de internação
foi aplicada uma abordagem lúdica, onde foram estimulados a usar a imaginação e
criar uma realidade mais alegre e menos hostil. Com a utilização de máscaras de
super heróis criaram personagens valentes e fortes, o que ajudou durante a
realização de procedimentos dolorosos. Havendo a necessidade de procedimentos,
a criança passou por um momento de preparação, sendo explicado através de
brincadeiras o objetivo e de que forma se realizaria tal técnica.
Através de brinquedos de instrumentos hospitalares e bonecos, as crianças
tiveram a possibilidade de experimentar e repetir o procedimento brincando, através
de bonecos ou fazendo em si de maneira simbólica. Dessa forma teve-se o intuito
que a criança adquirisse conhecimento em relação ao cuidado que estava sendo
submetida, passando a enxergá-lo de forma menos ameaçadora.
Em se tratando de punção venosa, foi necessário expor para a criança de
que forma seria realizada utilizando-se da técnica do brinquedo terapêutico. Após o
procedimento e a fixação do acesso venoso eram realizados desenhos no
esparadrapo, onde cada criança teve a oportunidade de deixá-lo da forma que mais
lhe agradasse, aproximando o desconhecido ambiente hospitalar de seu universo
infantil.
Dessa forma todos os procedimentos em que a criança foi submetida,
explicou-se de maneira educativa e infantil, fazendo com que sentisse confiança na
equipe e entendesse a importância de tal atividade para seu tratamento e
recuperação.
Além disso, para expressarem seus sentimentos em relação à mudança que
o adoecimento trouxe em suas vidas, foram realizados desenhos, conversas e
brincadeiras.
Repetiam
no
―faz-de-conta‖
os
acontecimentos
que
vinham
enfrentando e brincando de hospital, na qual as crianças eram os médicos e
27
enfermeiros e os colegas e as bonecas os pacientes, assim criaram um novo
significado para a hospitalização.
O procedimento para a coleta de dados partiu de um desenho realizado pela
criança, no qual foi solicitado que desenhasse como se sentiu em relação ao
ambiente hospitalar e a equipe de enfermagem. Após, a autora apresentou aos pais
o desenho realizado pela criança, e estes o interpretaram, descrevendo como
achavam que seu filho estava vivenciando a hospitalização. Em seguida os pais
responderam à entrevista semi-estruturada com questões abertas (Apêndice F).
Para Minayo (2010) as entrevistas são diálogos entre duas ou mais
pessoas, com o interesse de produzir informações que sejam pertinentes à pesquisa
afim de alcançar os objetivos propostos. As entrevistas semi-estruturadas permitem
que o entrevistador aborde o tema através de perguntas abertas, dando a
capacidade de discussão sobre o tema em questão.
A entrevista foi realizada durante a internação hospitalar da criança, em uma
sala reservada, utilizando-se de gravador, sendo apresentado o objetivo do estudo,
solicitando a leitura do consentimento livre e esclarecido (Apêndice E) que foi
assinado por aqueles que aceitaram a participação no estudo, ficando cientes de
todos os termos descritos no mesmo. O termo de consentimento livre e esclarecido
foi reproduzido em duas vias, na qual uma ficou com o sujeito da pesquisa e a outra
com a autora do projeto. Os dados serão guardados pela autora pelo tempo de cinco
(05) anos.
.
28
4.6 Princípios éticos
Neste estudo foram mantidos os preceitos éticos, baseados no Código de
Ética dos Profissionais de Enfermagem brasileiros do ano de 2007, capitulo III 1 (do
ensino, da pesquisa e da produção técnico-científica), artigos 89, 90 e 91 que tratam
das responsabilidades e deveres, e artigos 94 e 98, referentes às proibições, e
também de acordo com a Resolução nº196/96 2, do Conselho Nacional de Saúde do
Ministério da Saúde, referente à pesquisa, envolvendo seres humanos.
4.7 Análise dos dados
A análise dos dados foi realizada com o intuito de analisar o material
coletado, oferecendo ao pesquisador a possibilidade de investigar, ampliar e
aprofundar sua compreensão em relação ao assunto pesquisado, onde conseguirá
relacioná-lo ao contexto cultural de cada pessoa. (MINAYO, 2010). De acordo com a
autora, a análise dos dados é constituída de três etapas.
1º etapa- Ordenação dos dados : após a obtenção dos dados será realizada leitura e
exploração do conteúdo das entrevistas, voltando-se aos objetivos do estudo. 2°
etapa- Classificação: codificação e categorização dos dados por temas e através de
embasamento teórico. 3º etapa- Análise final e interpretação: interpretação dos
dados através da revisão de literatura e reflexões da autora.
1
Capitulo III (das responsabilidades e deveres) Art. 89- Atender as normas vigentes para a pesquisa
envolvendo seres humanos, segundo a especialidade da investigação; Art. 90- Interromper a
pesquisa na presença de qualquer perigo à vida e à integridade da pessoa; Art. 91- Respeitar os
princípios da honestidade e fidedignidade, bem como os direitos autorais no processo de pesquisa,
especialmente na divulgação dos seus resultados. (Das proibições) Art. 94- Realizar ou participar de
atividades de ensino e pesquisa, em que o direito inalienável da pessoa, família ou coletividade seja
desrespeitado ou ofereça qualquer tipo de risco ou dano aos envolvidos; Art. 98- Publicar trabalho
com elementos que identifiquem o sujeito participante do estudo sem sua autorização.
²Resolução nº 196/96: Esta resolução incorpora sob ótica do indivíduo e das coletividades os quatro
creferenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça
entre os
outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade cientifica, aos
sujeitos da pesquisa e ao Estado.
29
5. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este capítulo apresenta a discussão e a análise dos dados qualitativos
obtidos durante a pesquisa, bem como a revisão teórica do tema. Primeiramente
foram apresentados os sujeitos participantes da pesquisa e na sequência discutidos
os temas estabelecidos após leitura do material: O lúdico como facilitador durante
a hospitalização na Infância, A ludicidade como ferramenta auxiliadora no
tratamento e prognóstico, O lúdico como instrumento de trabalho do
enfermeiro.
5.1 Apresentação dos Sujeitos
Mãe/ Pai
Sexo
Idade
Escolaridade
Estado Civil
Ocupação
N° de Filhos
Filho Internado
Sexo
Idade
Diagnóstico
Nº de
internações
Minnie
Feminino
27 anos
Ensino
Médio
Completo
Solteira
Dona de
casa
02
Mickey
Masculino
08
Hemofilia
10
Rapunzel
Feminino
28 anos
Ensino
Médio
Incompleto
Solteira
Dona de
Casa
01
Cinderela
Feminino
07
Colite
Ulcerativa
01
Sininho
Feminino
32 anos
Ensino
Médio
Incompleto
Solteira
Vendedora
Mônica
Feminino
34 anos
Ensino Médio
incompleto
04
Peter Pan
Masculino
10
Crise
Asmática
20
O2
Cebolinha
Masculino
09
Crise
Asmática
01
Casada
Cabeleireira
Robin
Masculino
40 anos
Ensino
Fundamental
Incompleto
Viúvo
Vigilante
Fiona
Feminino
24 anos
Ensino
Médio
Incompleto
Solteira
Diarista
03
Batman
Masculino
10
Leucemia
02
Shrek
Masculino
05
Pneumonia
01
02
A pesquisa realizou-se contando com a participação de seis (06) cuidadores
de crianças hospitalizadas na Unidade de Internação Pediátrica, sendo eles na sua
maioria do sexo feminino (83%), com faixa etária entre 24 e 40 anos, a maioria com
escolaridade de Ensino Médio Incompleto e solteira (66%), com profissões distintas,
sendo que dois sujeitos (33%) são donas de casa, com número de filhos entre 01 e
04. Em relação aos filhos internados a maioria foi do sexo masculino (83%), com
30
idades entre 05 e 10 anos, com diagnósticos variados sendo 03 (50%) destes por
problemas respiratórios, com numero de internações entre 01 e 20.
5.2 O lúdico como facilitador da hospitalização na Infância
De acordo com Motta e Enumo (2004), a hospitalização na infância pode
interferir na qualidade de vida e afetar o desenvolvimento saudável da criança. Esta
pode deparar-se com dificuldades em sua vida social e familiar, já que há restrição
do convívio com outras pessoas, ausências escolares e aumento da angustia e
tensão familiar. Acrescenta-se a esse quadro o fato de ter a necessidade de se
adaptar a novos horários e rotinas, depositar confiança em pessoas até então
desconhecidas, passar por procedimentos invasivos e dolorosos, bem como
permanecer em um quarto com privações de atividades e vendo outras crianças
vivenciando a mesma situação que eles.
Esses sentimentos são expressos nas falas a seguir:
―Bom..até algum tempo atrás era bem difícil vir pro hospital [...] ele não
aceitava, ficava com medo de tudo.‖ (Minnie, mãe de Mickey)
―Ah, é difícil pra ele porque ele tem medo da medicação e também sente
falta da família.‖ (Mônica, mãe de Cebolinha)
No começo ele ficou apavorado[...] Ele se comoveu de ver os bebês aqui,
com a mesma coisa que ele, com acesso venoso no braço. Ele nunca tinha
visto pessoas assim, vestidas de branco. Então pra ele tudo é novidade.
(Robin, pai de Batman)
Tais afirmativas comprovam-se através de Frota et al. (2007) ao dizer que a
hospitalização é uma experiência desagradável para a criança, pois tudo assiste
sem que ter o poder de tomar decisões e iniciativas, somando vivências de
confinamento hospitalar, aflorando sensações de impotência, angustia e medo.
De acordo com o autor uma das formas capazes de auxiliar a criança no
esclarecimento e enfrentamento da mudança vivenciada é o uso do lúdico, tendo a
finalidade de aliviar temores e ansiedades. Emerge como uma tentativa de
transformar o ambiente hospitalar através da atividade simbólica. Motta e Enumo
(2004) relatam que os componentes lúdicos são estímulos para uma adaptação
positiva da criança no âmbito hospitalar.
Os benefícios do lúdico para a adaptação da criança na unidade de
internação pediátrica são confirmados através das falas:
31
―Ele reagiu bem agora, ta bem [...] Eu até acho que ele achou bem animado
o hospital porque desenhou a piscina de bolinhas, a salinha de recreação.‖ (Minnie,
mãe de Mickey)
―Ela tem encarado de uma boa forma, ela ‗ta‘ achando bom, não ‗ta‘
depressiva [...] ela se identificou bem com o ambiente, principalmente a salinha de
recreação.‖ (Rapunzel, mãe de Cinderela)
Ele tem se sentindo assim, parece que ‗ta‘ em casa[...] no desenho ele
demonstrou que ele gosta daqui, desse hospital principalmente. Ele gosta e
diz que é o melhor por causa da recreação.‖ (Sininho, mãe de Peter Pan)
―Ele tem ficado mais animado e te diz que ‗ta‘ bem que ‗ta‘ se sentindo em
casa (Robin, pai de Batman)
Essa percepção dos pais em relação ao comportamento de seus filhos
diante da utilização do lúdico no ambiente hospitalar está de acordo com Mitre e
Gomes (2004) ao afirmar que o ato de brincar é uma possibilidade de transformar a
realidade e o cotidiano da internação, já que traduz uma realidade própria e singular
oriunda de cada criança que partilha de uma cultura lúdica formada a partir do meio
social em que vive.
A criança ao expressar-se ludicamente alivia a tensão e o estresse, e para
Figueiredo (2010) as brincadeiras dão oportunidade para que a criança expresse
emoções,
mostre
necessidades,
temores,
desejos.
Consegue
modificar
o
pensamento, tirando de foco o adoecimento e suas conseqüências. De acordo com
a fala de Mônica, Rapunzel e Fiona, enquanto estavam brincando seus filhos já não
pensavam somente nas conseqüências negativas da hospitalização, pois de acordo
com Mitre e Gomes (2004) o lúdico pode ser percebido como uma possibilidade de
construir algo bom num momento de tantas perdas:
Ele usando os brinquedos se distrai e pensa em outras coisas. Deu pra
aliviar a tensão de estar dentro de um hospital[...] Ele não fica só pensando
na medicação, ele tem outras coisas para fazer. Vai na salinha de
brinquedos e brinca. (Mônica, mãe de Cebolinha)
―Mesmo com a dor ela ‗ta‘ se distraindo e para ela esta sendo muito bom[...]
as brincadeiras distraem as crianças e ela esquece da dor.‖ (Rapunzel, mãe de
Cinderela)
―Ele só ficava na cama e choramingava, querendo ir embora. Agora que ele
começou a brincar ele já não fica mais falando nisso toda hora, ele só fica pedindo
pra ir ali na recreação e brincar.‖ (Fiona, mãe de Shrek)
Nesse sentido, Frota et al. (2007) acredita que o lúdico exerce contribuição
para minimizar os traumas da doença e da hospitalização, oferecendo a
32
possibilidade do desenvolvimento e crescimento saudável da criança. Sendo que a
ludicidade é uma alternativa para a resolução dos conflitos encontrados, pode-se
afirmar que a criança quando brinca consegue expressar sentimentos e receios,
sentindo-se descontraída e feliz, tornando sua permanência no hospital mais fácil.
De acordo com as falas a seguir, pode-se compreender que o uso do
brinquedo no âmbito hospitalar teve papel fundamental no sentido de levar distração
e divertimento para as crianças:
―Com a parte dos brinquedos pra ele tudo é festa [...] ele demonstrou no
desenho que fez, que ali na recreação ele fica um pouco mais a vontade.‖ (Fiona,
mãe de Shrek)
A utilização de brinquedos distrai bastante as crianças, porque já não estão
aqui porque querem, já estão contrariados, estão com alguma coisa
(doença), estão sem nada para fazer. Então com os brinquedos se entretém
bastante. (Minnie, mãe de Mickey)
É muito bom ela brincar aqui porque pelo menos as brincadeiras distraem
as crianças. Ela não fica só presa em cima da cama, ela se distrai. Mesmo
com dor ela vai lá e brinca com outras crianças (Rapunzel, mãe de
Cinderela)
Os brinquedos entretém as crianças, elas tem alguma coisa para fazer. Fica
chato ficar em cima da cama, sem nada para fazer, ficam presos dentro do
quarto. Então, aqui eles saem, brincam um pouco e ficam brincando uns
com os outros. (Sininho, mãe de Peter Pan)
Esta visão de Sininho também é partilhada por Mitre e Gomes (2004) ao
dizerem que o brincar funciona como um espaço para socialização e interação com
outras crianças, permitindo a criação de uma nova rede de relações sociais, criando
a possibilidade de saírem do isolamento provocado pela hospitalização.
Em relação ao bem-estar proporcionado pela utilização de brincadeiras,
podemos analisar a fala de Robin:
As brincadeiras distraem bastante[...] meu filho mesmo, agora já sorri. Ele
estava triste e agora tu comprova que ele ‗ta‘ sempre rindo, já ficou
empolgado em desenhar[...] são coisas assim que acho que tem que
continuar porque ajudam muito as crianças no hospital. (Robin, pai de
Batman)
Tal afirmativa vai ao encontro com Mitre e Gomes (2004) ao assegurar que o
lúdico é algo prazeroso à criança, traz alegria e também resgata sua própria
condição de ―ser criança‖. A ludicidade torna-se um contraponto às experiências
dolorosas da hospitalização, que nesse sentido vai além da dor física provocada
pela doença ou pelos procedimentos, passando a ter um conceito de sofrimento
psíquico e existencial.
33
De acordo com Silva et al (2006) as necessidade da criança durante a
internação hospitalar continuam sendo as mesmas de quando encontrava-se em sua
residência, acrescentando algumas outras em decorrência da hospitalização ou de
novas situações que geram estresse. Nesses momentos, o brinquedo torna-se
essencial no processo de desenvolvimento desta criança, possibilitando que se
restaure e mantenha sua saúde física e mental, mantendo-a ativa e explorando a
nova realidade que a cerca. Nesse contexto é indispensável refletir que o ato de
brincar traz benefícios e faz com que a permanência no hospital se torne menos
hostil, proporcionando sensações agradáveis de diversão bem como oportunidade
de dar vazão as suas angustias, temores e inseguranças.
5.3 A ludicidade como ferramenta auxiliadora no tratamento e prognóstico
Além dos benefícios para a adaptação da criança na Unidade de internação
Pediátrica, o lúdico propicia um momento prazeroso com função terapêutica. De
acordo com Mitre e Gomes (2004), o ato de brincar é visto como uma terapia na
medida em que se configura como uma possibilidade para a criança elaborar a
experiência relativa à hospitalização, permitindo reorganizar seus sentimentos. É um
instrumento capaz de tranqüilizar a criança fazendo com que ela perca o medo do
hospital. Além disso, o lúdico é uma ação sobre o próprio corpo, promovendo um
equilíbrio psicossomático e ajudando na regulação de tensões e estresse, passando
a ter uma ação direta no sistema imunológico.
De acordo com as seguintes falas podemos perceber que para os pais a
realização de atividades lúdicas teve ligação direta no quadro clínico de seus filhos:
―A sala de recreação, pegar os brinquedos, desenhar[...] eu me surpreendi,
se a recuperação é de 20 dias, em menos ele consegue se recuperar, os brinquedos
‗tão‘ ajudando muito ele..muito mesmo.‖ (Robin, pai de Batman)
―Eu acho bom...pra eles é bom né?...porque ele se sente um pouco melhor,
um pouco mais a vontade, porque ajuda também, conforme ele vai ali (recreação)
melhora a saúde também.‖ (Fiona, mãe de Shrek)
De acordo com Frota et. al (2007) a utilização de brincadeiras promove um
desenvolvimento global da criança porque envolve ações como dramatização de
papéis e possibilita que a criança expresse o que está vivenciando, tendo portanto,
uma função curativa, funcionando como meio de escape e conduz à diminuição da
ansiedade através da catarse emocional.
34
Para Silva. et al (2006) qualquer que seja a brincadeira, todos os sentidos do
corpo sofrem estímulos que desencadeiam emoções de euforia, alegria e bem-estar.
Dependendo de tais emoções o organismo libera substancias capazes de fazerem
bem à saúde.
Sendo assim, as brincadeiras são capazes de propiciar melhorias na
qualidade de vida destas crianças, interferindo diretamente no tratamento. Essa
afirmativa é partilhada nas falas abaixo:
―Tu tendo um ambiente que tu te sente bem e tem como se distrair com
outras coisas, o tratamento fica melhor.‖ (Minnie, mãe de Mickey)
Ele tem que se sentir bem espiritualmente também... daí ele fica com mais
vontade, tem mais força de se curar né...de melhorar..Ele se sente um
pouco melhor, porque antes dele ir ali (sala de recreação)[...] ele tava lá
tristinho, só tinha febre, só ficava deitado. Depois que ele viu que tinha
aquilo ali (sala de recreação) ele começou a querer levantar, ir ali, brincar,
ele começou a andar mais, melhorou. (Fiona, mãe de Shrek)
Através da fala de Fiona, pode-se perceber que com as brincadeiras seu
filho passou a realizar mais atividades físicas, ficou mais disposto, passou a sentir -se
mais animado e melhor. Nesse aspecto, Motta e Enumo (2004) afirmam que do
ponto de vista desta criança, o ato de brincar tem inicio principalmente, devido ao
efeito imediato de divertimento e entretenimento que lhe causa. Brincando, a criança
altera o ambiente em que se depara e aproxima-o de sua realidade cotidiana tendo
um efeito bastante benéfico em relação a sua hospitalização. Com isso, a própria
atividade lúdica, livre e desinteressada assume caráter terapêutico, auxiliando na
promoção do bem-estar da criança.
Por outro lado, para os autores, as brincadeiras podem ter uma aplicação
técnica e terapêutica, referindo-se ao seu uso junto à criança hospitalizada para
ajudá-la na compreensão e na adaptação mais adequada ao procedimento invasivo.
Dessa forma, o brinquedo tem o intuito de apresentar o procedimento, explicar sua
importância e dar oportunidades para que a criança pergunte e interaja de maneira
colaborativa durante a técnica. Os benefícios da utilização do brinquedo durante os
procedimentos dolorosos está expresso nas falas de Robin e Fiona:
―Fazendo atividades, brincando com ele...assim fazendo com que ele
risse[...] ele tava preso e agora não..ele fica relaxado, deixa realizar os
procedimentos numa boa.‖ (Robin, pai de Batman)
―Brincando é mais fácil pra vocês examinarem né e pra tratar ele também
né... melhora mais ligeiro.‖ (Fiona, mãe de Shrek)
35
Baseado na relevância do brinquedo terapêutico durante os procedimentos,
Figueiredo (2010) assegura que é uma possibilidade de conexão entre a
racionalidade cientifica das práticas de saúde e a subjetividade contida dentro de
cada um, permitindo que o tratamento extrapole os procedimentos técnicos. Os
materiais que comumente causam temor tornam-se brinquedos, fazendo com que a
criança consiga enfrentar as ações doloridas e invasivas com uma idéia de que
aquilo também é uma brincadeira. Partilhando deste ponto de vista, Mitre e Gomes
(2004) dizem que o lúdico proporciona a esta criança uma linguagem que é de seu
domínio, podendo fazer escolhas e se colocar como agente ativo de seu próprio
tratamento. Sendo assim, a preocupação não é apenas enfeitar o ambiente
hospitalar, mas sim dar às crianças a possibilidade de conhecer e desmistificar os
procedimentos participando interativamente da brincadeira.
Para Frota et al. (2007) a criança enfrenta muitas dificuldades durante o
período de adoecimento, incluindo experiências dolorosas e des agradáveis. Tais
experiências fazem com que sinta-se desamparada e em seu universo imaginário
infantil tomam proporções ameaçadoras. Muitas vezes, a criança sente-se frágil e
indefesa, prostrada e com pensamentos fixos na doença.
Nas falas dos pais das crianças hospitalizadas pode-se encontrar o lúdico
como mecanismo de distração, tirando de foco a doença e o tratamento a criança
conseguiu atingir melhoras em sua saúde:
Se ele ficar em cima da cama, ele vai achar que ele ta doente mesmo.
Brincando ele espairece um pouco aquilo ali...tem crianças que botam na
cabeça que tem uma doença e ai não cura nunca...com o brinquedo não...
já espairece um pouco, já tira aquilo ali da cabeça... que ela ta doente
(Sininho, mãe de Peter Pan)
Com certeza o brinquedo ajuda no tratamento[...] Deixa ele pra cima. O
outro menininho por exemplo, tava triste e vocês levaram o jipe de
brinquedo e ele ficou brincando,...então eles esquecem daquilo (doença)
porque na cabecinha deles eles acham que de repente é uma coisa
tão..séria, ta eu sei que é sério, mas não sei o que se passa na cabeça
deles que eles já ficam de repente achando que vão sabe morrer...achando
que é pior. (Robin, pai de Batman)
Dessa forma, Borges et al. (2008) partilha que o lúdico é capaz de diminuir
expressivamente a agressividade, angústia e dor que são caracterizados como
prejuízos oriundos da hospitalização, manifestados através do medo da equipe de
saúde, choro, agressividade, dependência, dor, ansiedade e disturbios do sono.
Neste cenário as brincadeiras tornam-se fundamentais pois garantem alegria
e favorecem de forma positiva seu desenvolvimento e tratamento, onde o brincar
passa a ser visto como um espaço terapêutico, capaz de promover a continuidade
36
do desenvolvimento infantil e dar possibilidade para que a criança conheça e se
adapte ao novo ambiente, contribuindo de forma significativa no tratamento e
prognóstico.
5.4 O lúdico como instrumento de trabalho do enfermeiro
Segundo Castro e Almeida (2006), a equipe de enfermagem tem o privilégio
de estar diretamente com o paciente, tendo um contato direto e continuo, implicando
em uma aproximação que permite a equidade e a integralidade da assistência com
base nos princípios do SUS. Para tanto, utiliza a promoção, prevenção e tratamento
em defesa da saúde da clientela pediátrica. Na aproximação entre enfermeiro e
criança torna-se primordial mais do que componentes técnicos, faz-se necessário
um olhar diferenciado e mudanças comportamentais em relação ao pequeno
paciente. Neste cenário torna-se fundamental resgatar o cuidado humanizado
confrontando-o com o desenvolvimento técnico- científico da sociedade atual, que
leva á realização de tarefas fragmentadas perdendo de vista o indivíduo.
Segundo os autores citados anteriormente, não se pode permitir que haja
adversidades nas relações com a criança, evitando ser um profissional ―frio‖,
individualista, calculista e biologicista. É necessário profissionais que tenham em
mente o cuidado holístico, centrado no individuo como um todo, com suas
características singulares e individuais, que valorizem os sentimentos e a
subjetividade do ser humano, tendo como elementos necessários ao cuidar a
valorização da afetividade e da sensibilidade.
Reforçando as afirmações dos autores supracitados para Góes e Cava
(2009) a assistência prestada à criança hospitalizada necessita ser pautada num
modelo diferente, centrado na criança e na sua família, onde as ações devem ser
integralizadoras, não focando somente na doença ou na cura. É de suma
importância buscar condicionantes pessoais e sociais que interferem diretamente no
processo saúde-doença desta criança. Para isso, o enfermeiro deve manter uma
relação dialógica e de confiança a fim de promover uma assistência de qualidade,
baseada nas reais necessidades dessa criança e sua família.
A importância do vínculo, do diálogo e da relação de confiança e amizade
entre criança e enfermeiro está expressa na fala de Robin e Minnie:
Em casa mesmo ele tava totalmente pra baixo e no momento que ele entrou
aqui, viu pessoas alegres conversando e cuidando dele[...] todo
tempo...fazendo atividades, brincando, mexendo com ele...assim fazendo
com que ele risse, sempre levantando o astral dele[...] ele começou a se
despertar, porque ele chegou aqui tímido e com medo e ai, tu ficou
37
conversando com ele, dizendo ‗meu amigão‘, fazendo esses cumprimentos
que eles gostam..esses toquezinhos na mão, essas coisas, ele começou a
se soltar. (Robin, pai de Batman)
Eu achei bem bacana porque no primeiro dia ele já chegou direto brincando,
levasse na recreação, fez amizade com outra guriazinha, já jogaram
joguinhos, coisas que se não tivesse ele ia ficar isolado no quarto né,
sozinho.(Minnie, mãe de Mickey)
Tais ações desenvolvidas pelo enfermeiro devem ter como objetivo a
humanização do serviço prestado, sendo que para Castro e Almeida (2006), devem
pressupor o desenvolvimento de características essenciais do homem como
sensibilidade, respeito, solidariedade com seus semelhantes em todos os aspectos
da vida humana. O desenvolvimento da solidariedade e do compromisso para com a
criança implica na transformação do modo de enxergá-la, onde passa a ser vista
como sujeito que tem necessidades individualizadas e que necessitam ser supridas.
A visão ampliada em relação à demanda infantil facilita a comunicação e a torna
mais efetiva entre adultos e crianças, além disso, esse processo de humanização
torna-se primordial durante um momento de hospitalização que leva à fragilidade e à
vulnerabilidade.
Segundo Frota et al (2007) na tentativa de alcançar a humanização no
cuidado à criança hospitalizada, o enfermeiro dispões de instrumentos capazes de
proporcionar vivências com novos objetivos e sensações, com a utilização de
atividades e sentimentos não ameaçadores. O lúdico traz a dinâmica de interações,
sendo utilizado como meio para a articulação entre tratamento e cura da criança.
Para Mitre e Gomes (2004), durante as práticas de enfermagem torna-se
fundamental a promoção do brincar, uma vez que para se lidar com crianças é
necessário uma adequação de suas rotinas e o uso de uma linguagem de domínio
infantil. O brincar é um facilitador para a interação entre profissionais, crianças e
familiares pois é uma expressão universal que remete à alegria que acaba se
estendendo para os familiares, onde nesse clima informal consegue-se ter uma troca
melhor e a relação fica mais rica e a criança e os familiares passam a acreditar mais
no que a enfermeira está fazendo.
Nesse sentido, o lúdico traz benefícios para os familiares também, uma vez
que ao verem seus filhos sorrindo e em um ambiente mais alegre, sentem que ele
está sendo bem cuidado e ficam mais tranqüilos. Essa percepção foi apontada nas
falas:
38
―Pra mim tem sido maravilhoso, porque ela ta ali brincando, não ta presa,
tristinha em cima da cama com dor.‖ (Rapunzel, mãe de Cinderela)
Eu me sinto bem, porque assim, a gente se sente mal quando os médicos e
enfermeiros tratam as crianças mal... aqui tratam bem, brincam e isso é
tratar bem...elas falam com ele brincando..isso é muito bom principalmente
pras crianças. (Sininho, mãe de Peter Pan)
‖Ele ta muito bem assim... e eu achei nota dez mesmo o clima, nota dez!‖
(Robin, pai de Batman)
Em termos de relação entre criança e enfermeiro, Mitre e Gomes (2004)
salientam a relevância da associação entre brincar e afeto,na qual a ludicidade é
capaz de criar um espaço de afeto e emoção. O profissional passa a ser visto como
alguém ―do bem‖ que está ali para dar carinho e cuidar, e não mais como alguém
que a fará sentir dor e passar por situações sofridas. Com isso, o brincar pode ser
usado como uma ferramenta significativa para lidar com questões tais como: a
integralidade da assistência, a adesão ao tratamento, o estabelecimento de vínculos
que facilitam o diálogo entre profissional- criança- familiar, a manutenção dos
direitos da crianças estabelecidos pelo ECA (2001) e é capaz de fazer com que a
criança passe a dar novos significados para a doença e a hospitalização.
A mudança de comportamento do profissional, na qual passa a atender às
necessidades
inerentes
infantis,
gera
também
na
criança
uma
mudança
comportamental uma vez que passa a sentir-se segura e amparada. Nas falas
abaixo pode-se compreender que profissionais que usam o lúdico como ferramenta
de trabalho obtem mais sucesso durante a prática de enfermagem:
―Pra examinar sempre brincando...eu acho isso bom, se não ele chora, ele
grita e ai é pior...ele já não deixa, e ai dificulta as coisas. E brincando é mais fácil.‖
(Fiona, mãe de Shrek)
―As brincadeiras ajudam muito ele na hora de fazer as coisas, os
procedimentos. (Sininho, mãe de Peter Pan)
―Contigo ela fez bastante coisas ali (recreação). Com os brinquedos, as
pinturas, as bonecas antes dos procedimentos...a piscina de bolinhas, tudo ajuda
muito ela.‖ (Rapunzel, mãe de Cinderela)
―Fazendo atividades, brincando, mexendo com ele...assim fazendo com que
ele risse[...] ele fica relaxado, deixa realizar os procedimentos numa boa.‖ (Robin,
pai de Batman)
Com isso, Frota et al (2007) salienta que a tríade prof issional- brinquedocriança é capaz de interligar propósitos e expectativas, facilita a interação positiva,
39
sendo que o brinquedo é a ferramenta primordial à intervenção humanizada, pois
promove uma relação entre o mundo real e o mundo imaginário capaz de transpor
as barreiras do adoecimento e da internação hospitalar. Viana, Leão e Figueiredo
(2010) afirmam que o uso do lúdico deve ser adaptado para diminuir a ansiedade
gerada na hospitalização e requer mais do que uma atividade recreativa. Deve ser
utilizado pelo enfermeiro que atende à clientela pediátrica de acordo com a
Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFen) n.295/2004.
A importância do vínculo, dos sentimentos de amizade, confiança e afeto
foram expressos nos desenhos realizados pelas crianças que tiveram uma atenção
diferenciada com abordagem lúdica:
―Ele fez salinha de recreação e tu que ‗tava‘ sempre ali ajudando ele.‖
(Minnie, mãe de Mickey)
―Ela fez tudo ali da salinha (recreação), fez as pessoas, tu inclusive né‖ (Rapunzel ,
mãe de Cinderela)
―No desenho ele tentou desenhar uma enfermeira...que é tu né‖ (Mônica, mãe de
Cebolinha)
Ele[...] fez tu aqui..ele se referiu a ti aqui... e a sala de recreação. Tu e a
sala de recreação ajudaram muito ele. Porque ‗tipo assim‘...até no colégio
ele é assim..não tem vontade de escrever, de desenhar..e aqui ele
desenhou bastante sabe? Ele não costuma ter muito interesse e aqui ele
me surpreendeu se mostrou interessado em fazer esse desenho que
pedisse. (Robin, pai de Batman)
Com isso, pode-se notar que a abordagem lúdica trouxe benefícios para as
crianças, uma vez que mostraram o quão importante foi tal experiência durante sua
hospitalização, exercendo a função de transformar o momento de fragilidade em
alegria e otimismo.
Sendo assim, Mitre e Gomes (2004) afirmam que a escolha do lúdico como
instrumento de trabalho está diretamente vinculada ao conceito que o enfermeiro
tem em relação ao ser humano. Assim, Frota et al (2007) remete que é necessário o
envolvimento em todo o processo terapêutico, minimizando angústia das crianças e
familiares, tendo como prioridade o universo infantil.
Portanto, torna-se necessário uma modificação na maneira de enxergar o
cuidado á criança, tendo em vista sua singularidade e sua forma de vivenciar o
adoecimento e o tratamento. É preciso buscar novas formas de cuidar,
ultrapassando as barreiras do modelo técnico- científico, acrescentando-lhe amor,
afetividade e companheirismo na experiência vivenciada pela criança.
40
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Hospitalização é um episódio cercado por inúmeras dificuldades,
agravando-se quando surge durante a infância. O universo infantil é composto de
fantasias, sonhos, imaginação, e neste sentido o lúdico torna-se parte fundamental
para que a criança cresça e se desenvolva de maneira saudável. Durante a
hospitalização, o imaginário infantil ganha novas proporções, onde a criança passa a
enxergar o hospital de forma individual e singular, podendo gerar sensações
negativas e traumas.
Por isso, percebeu-se a necessidade inerente de profissionais que
levassem o lúdico e toda a sensibilidade necessária para o universo frio e
desconhecido do hospital, aproximando-o com o mundo infantil. O brinquedo tornouse peça fundamental durante a assistência de enfermagem, sendo capaz de prover
vínculos fortes, melhor adaptação, redução de ansiedade, medo, agressividade e
tristeza.
Além disso, com a utilização de brincadeiras, pode-se notar que o
enfermeiro passou a ser visto como um amigo, que estava ali com o intuito de
ajudar, fazendo com que a criança se sentisse amparada. Visto desta forma, houve
melhor aceitação para a realização de procedimentos dolorosos, tornando o
momento menos impactante para a criança. Além de confiar no profissional a
criança foi orientada em relação a tudo o que aconteceria, sentindo-se importante e
capaz de opinar em relação ao seu tratamento.
Entretanto, em relação ao objetivo de investigar a utilização de atividades
lúdicas pela equipe de enfermagem, percebeu-se que ainda há dificuldades para a
implementação do lúdico como rotina. Por ser uma idéia nova, os profissionais
encontram
resistência
em
aderi-la,
deixando esta tarefa
apenas
para
o
recreacionista. Tal atitude é resultado de uma visão biologicista, no qual a criança é
vista como um paciente doente que necessita de cuidados clínicos. Muitas vezes, o
enfermeiro também está sobrecarregado, o que cria barreiras para que implemente
as atividades lúdicas em sua rotina de trabalho. Além disso, durante a investigação
41
pode-se perceber que toda a percepção relatada pelos pais estava ancorada nas
atividades realizadas pela autora durante a internação das crianças deste estudo.
Desta forma, surgiu a necessidade de acrescentar à metodologia as atividades
lúdicas realizadas pela autora, uma vez que estas influenciaram nas respostas dos
pais.
Acredita-se que o objetivo deste trabalho foi atingido, uma vez que em seus
relatos, os pais das crianças internadas expuseram a importância que as atividades
lúdicas trouxeram durante a internação de seu filho na unidade pediátrica. Relatam
que as atividades proporcionaram momentos de diversão, que seus filhos passaram
a ficar mais animados, sorrindo e brincando, havendo um resgate da própria
condição de ―ser criança‖. Com isso, o ambiente hospitalar tornou-se menos hostil e
ameaçador, facilitando a vivência da criança e sua adesão ao tratamento.
A importância do elo de amizade entre enfermeiro, que se propõem a
abordagem lúdica e a criança foi citado nas entrevistas, no qual os pais expressaram
gratidão pela forma com que seus filhos foram tratados durante a internação. Para
eles, a relação de confiança e carinho foi fundamental para a melhor qualidade do
cuidado prestado, favorecendo de maneira positiva na qualidade de vida de seus
filhos.
Com a finalização deste trabalho tivemos a oportunidade de vivenciar as
experiências enfrentadas pelas crianças e o quão sofridas elas podem passar a ser
quando não há um manejo adequado de tais situações. O enfermeiro deve levar
durante sua vida o real sentido que a palavra ―cuidar‖ remete, focando o ser humano
como um todo, tendo como principio básico a humanização de seu cuidado. Em
relação à enfermagem pediátrica, é de suma importância que se tenha em mente
que humanizar é atender a todas as necessidades infantis, onde o brincar é
essencial e indispensável para que as experiências
advindas da hospitalização
possam ser vivenciadas com toda a magia do universo lúdico infantil e com sorrisos
de alegria.
42
REFERÊNCIAS
BOFF, Leonardo. Saber cuidar- ética do humano- compaixão pela terra. 17º Ed. Rio
de Janeiro: Vozes, 2011. 200p.
BORGES, Emnielle Pinto et al. Benefícios da atividade lúdica no tratamento de
crianças com câncer. Bol. Academia paulista de psicologia. V.28. n.2. São Paulo.
Dezembro de 2008.
BRASIL, Gestão e gestores de Políticas Públicas de atenção à saúde da
criança: 70 anos de história. 1º Edição. Brasília- DF, 2011.
BRASIL, Situação Mundial da Infância 2008: Caderno Brasil. Brasil- DF, janeiro de
2008.
BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei n. 8.069, de 13 de julho de
1990, Lei n. 8.242, de 12 de outubro de 1991. – 3º. ed. – Brasília : Câmara dos
Deputados, Coordenação de Publicações, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. O SUS de A a Z Garantindo Saúde nos Municipios.
3º Edição. Brasília- DF, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. ABC
do SUS — Doutrinas e princípios. Brasília: 1990.
BRASIL. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil. Texto
Promulgado em 05 de Outubro de 1988. Brasília, 2010.
CANDEIAS,Nelly Martins Ferreira. Conceitos de educação e de promoção em
saúde: Mudanças individuais e mudanças organizacionais. Rev. Saúde Pública. v.
31 n. 2. São Paulo, abr. 1997.
CASTRO, Amparito Del Rocio e ALMEIDA, Ana Paula. Utilização do Brinquedo
Terapêutico na Assistência de Enfermagem à Clientela. In: SILVA, Ana Paula et. al. .
Instituto da Criança 30 anos: Ações atuais na Atenção Interdisciplinar em
Pediatria. São Paulo: Yendis, 2006. 270p.
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Resolução COFEN Nº.
311/2007.
COLLET, Neusa. e ROCHA, Semiramis Melani. Criança hospitalizada: mãe e
enfermagem compartilhando o cuidado. Rev. Latino- AM. Enfermagem. 2004;
12(2):191-7.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Dispõe sobre a utilização do brinquedo
terapêutico pelo enfermeiro na assistência prestada à criança hospitalizada.
CRESWELL, John. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto.
3.ed. Porto Alegre: Artmed/Bookman, 2010.
43
FERRAZ, Fabiane. et. al. Cuidar educando em enfermagem: passaporte para o
aprender/ educar/ cuidar em saúde. Rev. Bras. Enferm. 2005;58(5):607-10.
FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida. Série Práticas de Enfermagem: Ensinando a
cuidar da criança. Rio de Janeiro: Yendis, 2010. 416p.
FRANCO, Sérgio. O construtivismo e a educação. 9º Ed. Porto Alegre: Mediação,
2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. 43ºEd. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011. 144p.
FREIRE,Paulo. Pedagogia do oprimido. 46º Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2006.
214p.
FROTA, Mirna .et al. O lúdico como instrumento facilitador na humanização do
cuidado de crianças hospitalizadas. Cogitare Enferm. 2007, 12(1);69-75.
GÓES, Fernanda. CAVA, Angela Maria. A concepção de educação em saúde do
enfermeiro no cuidado à criança hospitalizada. Rev. Eletr. Enf. 2009; 11(4): 932- 41.
Disponível em < HTTP://www.fen.ufg.br/revista/v11/n4/v11n4a18.htm> acessado em
08 de maio de 2012.
LEOPARDI, Maria Tereza. Metodologia da pesquisa na Saúde. 2 ed. Florianópolis:
UFSC, 2002.
LÚDICO. In:LAROUSSE ÁTICA: Dicionário de língua Portuguesa- Paris:
Larousse/ São Paulo: Ática, 2001.
MELO, Luciana. e VALLE, Elizabete. Brinquedoteca Hospitalar. In: ALMEIDA,
Fabiane e SABATÉS, Ana. Enfermagem Pediátrica: a criança, o adolescente e sua
família no hospital. Barueri- São Paulo- Manole, 2008. 448p.
MINAYO, Maria Cecília. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em
saúde. 12.ed. São Paulo: Hucitec, 2010. 407p.
MITRE ,Rosa Maria. GOMES, Romeu. A promoção do brincar no contexto da
hospitalização infantil como ação de saúde. Ciência e Saúde coletiva. 9(1): 147154, 2004.
MITRE, Rosa Maria. Brincando para viver: um estudo sobre a relação entre a
criança gravemente adoecida e hospitalizada e o brincar. Dissertação de mestrado.
Instituto Fernandes Figueira, Fiocruz, Rio de Janeiro, 2000.
MOTTA, Alessandra. ENUMO, Sônia. Brincar no Hospital: Estratégia de
Enfrentamento da Hospitalização Infantil. Psicologia em estudo, Maringá, v. 9, n. 1,
p. 19-28, 2004.
OLIVEIRA, Sâmela DIAS, Maria da Graça. O Lúdico e suas Implicações nas
Estratégias de Regulação das Emoções em Crianças Hospitalizadas. Psicologia:
Reflexão e Crítica, 16(1), pp. 1-13, 2003.
44
PAPALIA, Diane. OLDS, Sally. Desenvolvimento Humano. 8ª ed.Porto Alegre:
Artmed. 2006. 928p.
PAPALIA, Diane. OLDS, Sally. O mundo da criança: Da infância à adolescência.
11º Ed .São Paulo- McGraw- Hill: Artmed, 2009. 578p.
PIAJET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho,
imagem e representação. 4º Ed. São Paulo: LTC, 2010.
QUEIROZ, Maria Veraci. JORGE, Maria Salete. Estratégias de educação em saúde
e a qualidade do cuidar e ensinar em pediatria: a interação, o vínculo e a confiança
no discurso dos profissionais. Interface- Comunic, Saúde, Educ., v.9, n. 18, p. 11730, jan/jun 2006.
RAPPAPORT, Clara Regina.. Psicologia do desenvolvimento: A idade préescolar. Vol 3. 13º Ed. São Paulo: EPU, 2002.
RAVELLI, Ana Paula. e MOTTA,Maria da Graça. O lúdico e o desenvolvimento
infantil: Um enfoque na música e no cuidado de enfermagem. Rev. Bras. Enferm
,2005, set- out; 58(5): 611-3.
Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996. Conselho Nacional de Saúde.
Disponível em <http://www.upf.br/cep/download/anexo-a.pdf> acessado em 27 de
out. de 2012.
Resolução n. 295, de 24 de outubro de 2004.Dispõe sobre a utilização da técnica
do brinquedo terapuetico pelo enfermeiro na assistência à criança hospitalizada. Rio
de Janeiro. Disponível em < http://site.portalcofen.gov.br/node/4331> acessado em
01 de jun. 2012.
RIBEIRO, Circéia. ALMEIDA, Fabiane. BORBA, Regina. A criança e o brinquedo no
hospital. In: ALMEIDA, Fabiane e SABATÉS, Ana. Enfermagem Pediátrica: a
criança, o adolescente e sua família no hospital. Barueri- São Paulo- Manole, 2008.
448p.
RIBEIRO, Circéia, BORBA, Regina. e MAIA, Edmara. O brinquedo terapêutico na
assistência à criança: O significado para os pais. Rev. Soc. Bras. Enferm. Ped. v.6,
n. 2, p. 75-83 São Paulo, dezembro de 2006.
SABATÉS, Ana. Reações da criança ou do adolescente e de sua família
relacionadas à doença e à hospitalização. In: ALMEIDA, Fabiane. e SABATÉS,Ana
Enfermagem Pediátrica: a criança, o adolescente e sua família no hospital. BarueriSão Paulo- Manole, 2008. 448p.
SEBER, Maria da Glória. O diálogo com a criança e o desenvolvimento do
raciocínio. 1ºEd. São Paulo : Scipionel, 1997. 246p.
SILVA, Ana Paula Alves. Instituto da Criança 30 anos: Ações atuais na Atenção
Interdisciplinar em Pediatria. São Paulo: Yendis, 2006. 270p.
45
VIANA, Dirce Laplaca; LEÃO, Eliseth Ribeiro, FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida.
Especialização em Enfermagem: atuação, intervenção e cuidados de enfermagem.
V.1. São Paulo- Yendis, 2010, 560p.
WALDOW, Vera Regina, LOPES,Marta e MEYER, Dagmar. Maneiras de cuidar,
maneiras de ensinar: a enfermagem entre a escola e a prática profissional. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1995. 203p.
46
APÊNDICES
47
Apêndice A-Carta à Chefia de Enfermagem
Universidade Federal de Pelotas
Faculdade de Enfermagem
Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares
Orientando: Juliana Amaral Rockembach
Pelotas,_____ de ________________ de 2012
Sr(a).____________________________________
Ao cumprimentá-lo cordialmente, venho por meio deste solicitar a V. Sª.
permissão para o desenvolvimento de meu projeto monográfico, requisito para
conclusão da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas para
a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. A pesquisa intitulada ―A
percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da
criança numa Unidade Pediátrica” tem por objetivo investigar a percepção dos
pais em relação a atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na
pediatria.
Assumimos desde já, o compromisso ético para com os sujeitos envolvidos
no estudo, assim como a instituição, em consonância a Resolução nº 196/96 do
Conselho Nacional da Saúde, que trata de Pesquisa envolvendo Seres Humanos e
com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem de 2007, capitulo III,
artigos 89, 90,91 e artigos 94 e 98.
Desde
já
agradeço,
colocando-me
ao
seu
dispor
para
quaisquer
esclarecimentos por meio do contato (53) 84211085.
________________________
Juliana Amaral Rockembach
- acadêmica Email: [email protected]
Fone: (53) 84211085
____________________________
Profª. Ddaª Enfª Deisi Cardoso Soares
- orientadora –
Email: [email protected]
Fone: (53)84325581
Ciente. De acordo:_______________________________
Data:____/____/____
48
Apêndice B- Carta ao Serviço de Educação do Hospital Escola- UFPel
Universidade Federal de Pelotas
Faculdade de Enfermagem
Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares
Orientando: Juliana Amaral Rockembach
Pelotas,_____ de ________________ de 2012
Sr(a).____________________________________
Ao cumprimentá-lo cordialmente, venho por meio deste solicitar a V. Sª.
permissão para o desenvolvimento de meu projeto monográfico, requisito para
conclusão da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas para
a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. A pesquisa intitulada ―A
percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da
criança numa Unidade Pediátrica” tem por objetivo investigar a percepção dos
pais em relação a atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na
pediatria.
Assumimos desde já, o compromisso ético para com os sujeitos envolvidos
no estudo, assim como a instituição, em consonância a Resolução nº 196/96 do
Conselho Nacional da Saúde, que trata de Pesquisa envolvendo Seres Humanos e
com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem de 2007, capitulo III,
artigos 89, 90,91 e artigos 94 e 98.
Desde
já
agradeço,
colocando-me
ao
seu
dispor
para
quaisquer
esclarecimentos por meio do contato (53) 84211085.
________________________
Juliana Amaral Rockembach
- acadêmica Email: [email protected]
Fone: (53) 84211085
____________________________
Profª. Ddaª Enfª Deisi Cardoso Soares
- orientadora –
Email: [email protected]
Fone: (53) 84325581
Ciente. De acordo:_______________________________
Data:____/____/____
49
Apêndice C- Carta à Enfermeira da Unidade Pediátrica
Universidade Federal de Pelotas
Faculdade de Enfermagem
Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares
Orientando: Juliana Amaral Rockembach
Pelotas,_____ de ________________ de 2012
Sr(a).____________________________________
Ao cumprimentá-lo cordialmente, venho por meio deste solicitar a V. Sª.
permissão para o desenvolvimento de meu projeto monográfico, requisito para
conclusão da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas para
a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. A pesquisa intitulada ―A
percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da
criança numa Unidade Pediátrica” tem por objetivo investigar a percepção dos
pais em relação a atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na
pediatria.
Assumimos desde já, o compromisso ético para com os sujeitos envolvidos
no estudo, assim como a instituição, em consonância a Resolução nº 196/96 do
Conselho Nacional da Saúde, que trata de Pesquisa envolvendo Seres Humanos e
com o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem de 2007, capitulo III,
artigos 89, 90,91 e artigos 94 e 98.
Desde
já
agradeço,
colocando-me
ao
seu
dispor
para
quaisquer
esclarecimentos por meio do contato (53) 84211085.
________________________
J uliana Amaral Rockembach
- acadêmica Email: [email protected]
Fone: (53) 84211085
____________________________
Profª. Ddaª Enfª Deisi Cardoso Soares
- orientadora –
Email: [email protected]
Fone: (53) 84325581
Ciente. De acordo:_______________________________
Data:____/____/____
50
Apêndice D – Carta ao Comitê de Ética em Pesquisa
Universidade Federal de Pelotas
Faculdade de Enfermagem
Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares
Orientando: Juliana Amaral Rockembach
Pelotas,_____ de ________________ de 2012
Ilmos Senhores (as) do Comitê de Ética em Pesquisa
Estamos encaminhando para sua apreciação o Projeto Acadêmico intitulado
“A percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da
criança numa Unidade Pediátrica” de autoria da acadêmica Juliana Amaral
Rockembach, sob orientação da Professora Deisi Cardoso Soares. A pesquisa tem
por objetivo Investigar a percepção dos pais em relação a atividades lúdicas durante
a internação de seu filho (a) na pediatria.
Informamos que os dados coletados serão utilizados para produção cientifica
que resultará em trabalho monográfico, sob orientação da Profª. Dda Enfª. Deisi
Cardoso Soares e publicações no meio acadêmico.
Assumimos, desde já, o compromisso ético de resguardar todos os sujeitos
envolvidos no trabalho, bem como a Instituição, em consonância com o código de
Ética
dos
Profissionais
de
Enfermagem,
especialmente
o
Capítulo
III
(responsabilidades e deveres), artigos 89, 90 e 91; (das proibições), artigos 94 e 98
e a Resolução 196/96 do Ministério da Saúde, a qual trata de pesquisas, envolvendo
seres humanos.
Aguardamos
seu
parecer
e
colocamo-nos
à
disposição
para
maiores
esclarecimentos através do telefone (53) 84211085 ou pelo telefone (53)39211427
da Faculdade de Enfermagem /UFPel.
Atenciosamente,
____________________
Juliana Rockembach
Acadêmica Enf. FEN/UFPel
Email – [email protected]
___________________
Deisi Soares
Profª, Dda Enfª
[email protected]
51
Apêndice E- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Sujeitos da
Pesquisa
Universidade Federal de Pelotas
Faculdade de Enfermagem
Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares
Orientando: Juliana Amaral Rockembach
Projeto de Pesquisa
Pelotas,______de ______________de 2012
Pesquisa: A percepção dos pais acerca de atividades lúdicas durante a internação da criança
numa Unidade Pediátrica
Autores: Juliana Amaral Rockembach (pesquisadora responsável)
Profª Profª, Dda Enfª Deisi Cardoso Soares (orientadora).
Contato: fone: 84211085.
e-mail: [email protected]
Consentimento livre e esclarecido
Ilimo(A) Sr(a) ______________________
Venho, respeitosamente através deste, solicitar sua colaboração no sentido
de participar e permitir a participação de seu filho, na pesquisa que será por mim
desenvolvida. O objetivo desse trabalho é Investigar a percepção dos pais em
relação a atividades lúdicas durante a internação de seu filho (a) na pediatria, essa
pesquisa é de caráter qualitativo com delineamento descritivo e exploratório.
Gostaríamos de convidá-lo, a participar desta pesquisa, descrevendo sua
experiência e emitindo sua opinião a respeito das questões solic itadas através da
entrevista semi estruturada. Estas informações serão compiladas, juntamente com a
dos outros participantes e os resultados obtidos serão colocados à disposição dos
participantes.
Asseguro o compromisso com a ética e o sigilo nesse trabalho, respeitando
a privacidade dos sujeitos participantes, como também a liberdade de abandonar a
pesquisa a qualquer momento sem prejuízo para si.
Pelo presente consentimento informado, declaro que fui esclarecido de
forma clara e detalhada, livre de qualquer forma de constrangimento e coerção, dos
objetivos, da justificativa e benefícios do presente projeto de pesquisa.
Eu, ____________________________________, aceito participar e autorizo
a participação de meu filho, na pesquisa ―A percepção dos pais acerca de atividades
lúdicas durante a internação da criança na Unidade Pediátrica‖. Estou ciente de que
as informações por mim emitidas serão RESPEITADAS, tendo por base os
princípios éticos do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e a
Resolução do COFEN 311 de 2007.
Pelotas,_____de____________2012
__________________
Juliana Amaral Rockembach
(pesquisadora)
_______________________
Participante da Pesquisa
52
Apêndice F- Roteiro para Entrevista Semi- Estruturada
Universidade Federal de Pelotas
Faculdade de Enfermagem
Professora Orientadora: Profª. Dda Enfª. Deisi Cardoso Soares
Orientando: Juliana Amaral Rockembach
Pelotas,_____ de ___________________ de 2012
1-Identificação do Sujeito
Nome fictício:__________________________________________
Sexo do sujeito: F ( )
M( )
Idade:_______
Cidade:______________________________________________
Escolaridade:__________________________________________
Estado civil:___________________________________________
Número de filhos:_______
Ocupação:____________________________________________
2- Identificação da criança:
Nome fictício:_________________________________________
Sexo: F ( ) M ( )
Idade:_______
Número de internações:_________________________________
Diagnóstico:___________________________________________
53
3- Roteiro para Entrevista:
1- Explique a partir do desenho de seu (sua) filho (a), como Senhor(a) acha que
ele(a) vivencia a internação hospitalar.
2- Qual a sua opinião em relação à utilização de brinquedos no âmbito
hospitalar?
3- O Senhor(a) acredita que a utilização de brinquedos durante a internação
auxilia no tratamento e recuperação de seu (sua) filho (a)? Por quê?
4- A equipe de enfermagem utiliza algum instrumento lúdico ao prestar
assistência ao (a) seu (sua) filho (a)? Se sim. Quais? Como tem sido essa
experiência para você e seu (sua) filho (a)?
54
ANEXOS
55
Anexo 1: Parecer de Aprovação do Comitê de Ética em pesquisa da
Universidade Federal de Pelotas
56
Anexo 2: Desenho de Mickey, 08 anos, diagnóstico de Hemofilia, 10
internações.
57
Anexo 3: Desenho de Cinderela,07 anos, diagnóstico de Colite Ulcerativa,
primeira internação
58
Anexo 4: Desenho de Peter Pan, 09 anos, diagnóstico de Crise Asmática, 20
internações
59
Anexo 5: Desenho de Cebolinha, 09 anos, diagnóstico de Crise Asmática,
primeira internação
60
Anexo 6: Desenho de Batman, 10 anos, diagnóstico de Leucemia, primeira
internação
61
Anexo 7: Desenho de Shrek, 05 anos, diagnóstico de Pneumonia, 02
internações.
62
Download

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE