q perversÜes, VISto que, il1dt'Jwl1tll'llll' da estrutura, um SUJl'l\Op()~l. um usuário de drogas, Também n:10 se trata de uma quarla I'~II'U somando-se à série neurose, psicose, perversão, visto que 110\(I h. "sujeito toxicômano", nem preponderância de um dos ek'l1ll'lIllIl determinada estrutura, Nesse sentido, o "sujeito toxicômano" 11:\0I'" Nossa hipótese é que não se trata na toxicomania de uma 1'''"lIt mas de uma operação sobre a estrutura. Da mesma forma, a tox III! nia não é um sintoma, um~ formação de compromisso; a dl'OW1, contrário, vela o sintoma. Ela é antes uma formação de rupturil, M que prescinde do corpo do outro e que, evitando a castração, 1'I'\IIr sobre o próprio corpo do sujeito, na ilusão de completude. A distinção entre fenômeno e estrutura e o estabeleciml'l1to diagnóstico diferencial, são fundamentais para a direção do trat,llIl' to. No sintoma neurótico, a metáfora paterna opera e de sua Opl'l'llÇ resulta o esvaziamento do gozo do corpo. Esse gozo faz enigma l', I' outro lado, permite o deciframento que obedece a uma lógica. Po~l mos dizer que no fenômeno toxicomaníaco, a partir do fracasso metáfora paterna, essa lógica escapa e há então um retorno de gOi',O11 corpo, fora da regulação fálica, a partir da ingestão de uma substâl11111 Na neurose, o consumo de droga tende a anular a função fãlka. o sujeito se faz parceiro exclus.ivo de um objeto ou de uma prátiL.1 na qual obtém um gozo que não passa pelo corpo do Outro em sua vl'r. tente sexual. O sujeito se assegura com a identificação - toxicômallu - que o protege do desejo do Outro e suas conseqüências: a angústia 011 o sintoma. Ocorre que esse nome lhe é outorgado pelo Outro, sClldo portanto um modo de identificação ao significante imposto pelo Outro, Em seu artigo" O fenômeno psicossomático" (1995), CarnclI'o Ribeiro afirma: "A pluralização dos Nomes-do-Pai aponta para que 11 metáfora paterna é apenas uma das suplências possíveis à falha que ~ de estrutura. É a suplência que encontramos na neurose. A foraclusão é de estrutura e, na neurose, o complexo de Édipo cumpre a função do quarto nó que mantém juntos R.S.L". Poderíamos supor que o feno meno toxicomaníaco acentua a falha que é de estrutura e "afrouxa"a amarração do quarto nó?", Na Psicose, por sua vez, será que poderíamos dizer que o consumo de droga funciona como "suplência"? Podemos equiparar o efeito da droga na psicose ao efeito do delírio como apaziguador do gozo do Outro? A toxicomania teria a função de reforçar os laços sociais, cuja fragilidade é peculiar nesses sujeitos? Teria a droga na psicose a função ou o efeito de limitar o gozo invasor, uma vez que o sujeito encontraria 142 '''I ,h 11fi,1 UIIIII100:abzilçaocorporal; um gozo localizado, uma identifi- ..tI~ III '1111poderia "suprir" o vazio eminente da foraclusão? ,,1111Inos que na psicose também há uma ruptura com o gozo fálico, Viii (orac1usão do significante Nome-do-Pai. A falta de ancora..111 11.1~1J.\l1ificaçãofálica do gozo, contudo, não faz com que a droga '11 '1111 1111111 ,I IIll'smafunção que tem na neurose: a de diluir a angústia sexu- "I, "IIIIII/lllg do sujeito, já que o sujeito esquizofrênico não se depara 111111 ,I lilstração dessa maneira. r~,\o podemos generalizar e afirmar que a droga é uma suplência, 111101110 porque o que faz suplência é o significante. Citamos à guisa de I ., IlIplo fragmentos de um caso clínico apontado II 111~I'de um sujeito que era "toxicômano" ti' 1111111 por Eric Laurent: e que procurou tratamen- hospital para "resolver um assunto de família". A questão em _11I IlIlInia era a "herança". Como era uma família de camponeses, esse I"" 1I'lItl'repetia várias vezes: "a questão são as terras" (les terres). Esse I"110111'ra eterômano, viciado em éter. Fica claro que o gozo da substân, li, o éter (l'ether), que inalava, era o retorno no real do gozo extraído 1111 ~~ome-do-Pai que era para ele a herança das terras" (Laurent, 1"1'1, 17). No lugar de um traço de identificação ao pai, um gozo no 111\ Para Eric Laurent não se trata de um toxicômano. "O gozo nesse ,1,0 está perfeitamente limitado, e mais ainda, ele escapa às leis do IIII'rn,do. Porque ele quer algo preciso, enquanto a maior parte dos , 1t,IInados 'toxicômanos' não querem uma coisa precisa, pegam o que IIve'r no mercado" (ibid.:18). O fenômeno da toxicomania nos leva a pensar que pode haver 111 mlução da ruptura com o gozo fálico sem que haja foraclusão do tJome-do-Pai: esta seria a tese de que o toxicômano não existe. Segundo Quinet: a posição estrutural do sujeito na psicose é a de ser o objeto de gozo do Outro, esse Outro absoluto que reproduz o primeiro tempo lógico do Édipo, quando a criança se encontra identificada ao falo imaginário da mãe como objeto de uso pessoal. E pela operação da metáfora paterna que a criança é arrancada dessa posição de ser o objeto de gozo da mãe e que o Nome-do-Pai "significantiza" o desejo do Outro. Não havendo essa operação, a questão do desejo da mãe permanece uma incógnita e volta ao sujeito como gozo enigmático do Outro, situando-o como seu objeto (1997:15). Se, por um lado, falamos na monotonia do significante toxicômano, a diversidade do consumo de drogas, articulada à posição do sujeito na 143 - AlltlSIIIU c cSlj\llwll'cl1la na clínica da csquizc estrutura e a um corpo necessário para instaurar uma economia de gO;& introduz uma singularidade. Daniel Sillitti, em seu texto "Toxicol11 nia y Síntoma" observa que "embora haja uma forma de estabiliza~A pela identificação ao significante sou toxicômano, não podemos COlnparar essa estabilização ao trabalho da psicose, tal como no desenvolvi. mento do delírio de Sch~eber,ou na escrita de Joyce"(1995:50). Se tomarmos por base o "sinthome joyciano", o que ocupa o IlIHA~_ do sintoma em Joyce como compensação da carência paterna é o "'1"1' rer um nome". Há no caso de Joyce um "fazer" particular que perl11lL't levar a escrita a um limite, de uma maneira absolutamente singulnr. A escrita possibilitou "fazer um nome", o que implica um trabalho J~ sujeito com seu sintoma. Ao contrário, para o toxicômano, emhoral haja certos aspectos de nomeação em jogo, o sujeito não está implicólcl~ com seu sintoma, uma vez que há uma estratégia de nada querer sabe:rt o "sou toxicômano" "coagula o sujeito em um sintagma que o idclltl. fica a um modo de gozar" (ibid.). Nesse sentido, toxicômano é um "nome" que o Outro lhe outorga, um modo de identificação "0 significante imposto pelo Outro, mas isso não o localiza em relação ~o Outro. Ao se definir como sujeito por uma prática codificada pelo Outl'lI. o sujeito nos oculta a estrutura e seu sintoma. Nomear-se como tOXICÔ' mano é também um modo de consentir com uma forma de exclusüo 11 ser designado por uma fornia de gozar (Soler, 1995). Dado que o significante Nome-do-Pai se inscreve no Outro inaugurando a simbolização, a foraclusão do Nome-do-Pai na psicost corresponde no sujeito à abolição da lei simbólica, colocando (.'111 causa todo o sistema significante. É nesse registro que se coloca paru Lacan a condição essencial da psicose: a foraclusão do Nome-do-PaI no lugar do Outro e o fracasso da metáfora paterna (Quinet, 1997: 15). Podemos encontrar uma forma de estabilização na identificação .ICI significante "sou toxicômano", identificação a partir de um traço dr gozo em que se tenta estabelecer um ponto de encaixe ao Outro. Se11I dúvida é difícil atribuirmos esse tipo de estabilização ao trabalho d,. psicose, tal como vemos no desenvolvimento do delírio de Schrebcr 011 na escrita de Joyce. O trabalho de Schreber deriva de uma definição do ser: o real que retorna sobre seu corpo, convertendo-o em objcto d. gozo do Outro, encontra sua pacificação e estabilização por interm(odlo da metáfora delirante, o sujeito se reconcilia com esse gozo por mcio dI' fantasma de ser A Mulhcr de Deus. O trabalho de Schreber nos d<,'mollll tra o trabalho que o sujeito realiza até alcançar o apaziguamcnto do foi,I Autismo e esquizofrenia na clínica da esquize ,'tI"o: a constituição do Outro de Schreber, seu Deus, é concomitante à , IlIlstrução da metáfora delirante de "Mulher de Deus", que vem suprir , Itlraclusão do Nome-do-Pai. Seu delírio coloca a céu aberto o traço I ,li,\l.terístico da produção psicótica evidenciado por Lacan: o que está 11",Iduído no simbólico retorna no real. No chamado toxicômano, II\tI se verifica esse trabalho: o Real desse gozo é tratado pelo real do I 11110do tóxico sobre corpo. O significante toxicômano e a droga são 1IIImas de estabilização que não produzem uma verdadeira sutura na , ',li mura, enquanto o nome dado pelo Outro indica a ausência de um 11,lhalho" por parte do sujeito. Concluindo, se a droga permite a ruptura do sujeito com o gozo I1 Huladopela instância fálica, de que maneira ela o faz? Sendo o fenô- IIUIIOtoxicomaníaco um modo de estabilização que, não produz uma \ Il'dadeira sutura na estrutura, uma vez que o que sutura é o significante, , 111110 opera a psicanalista diante dessa solução encontrada pelo sujeito I' 11.1eliminar do campo semântico o inconsciente, substituindo-o por 11111objeto? Interrogar-nos acerca das particularidades e efeitos dessa ruptura nas ,1i1l'I'cntesestruturas clínicas implica repensar o fenômeno toxicomaníaco , I'..rrir do Campo Lacaniano.