UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM JACQUELINE KRIS SANTOS MOURA BIOSSEGURANÇA NO AMBIENTE HOSPITALAR: PERCEPÇÃO DE ENFERMEIROS Petrolina-PE 2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM JACQUELINE KRIS SANTOS MOURA BIOSSEGURANÇA NO AMBIENTE HOSPITALAR: PERCEPÇÃO DE ENFERMEIROS Trabalho apresentado a Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, campus Petrolina, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Profª Drª. Viviane Euzébia Pereira Santos. Petrolina - PE 2010 1 INTRODUÇÃO A grande maioria dos profissionais da área de saúde, tendo destaque os de enfermagem, estão submetidos a diversas situações de riscos como biológicos, químicos e físicos nos ambientes de trabalho (REZENDE, 2003) . A fim de minimizar essas situações vários estudos, nos últimos anos relacionados com a Biossegurança estão sendo realizados. Biossegurança, de acordo com Teixeira e Valle (1996) é o conjunto de medidas destinadas a prevenção, eliminação ou diminuição de riscos relacionados às atividades de produção, ensino, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços que podem comprometer a qualidade dos trabalhos realizados ou a saúde dos animais, meio ambiente e do homem, ou seja, os trabalhadores através dessas ações podem prevenir, diminuir e até mesmo eliminar os riscos a que se encontra exposto no ambiente de trabalho. As medidas de Biossegurança existem como meio de prevenção da contaminação, no qual grande parte dos acidentes acontece pelo uso inadequado e/ ou ineficaz das normas propostas, dando origem assim a procedimentos que apresentam riscos (CARVALHO et al, 2009; VALLE et al, 2008). Os trabalhadores podem acidentar-se ou adoecerem, segundo Rezende (2003), por causa das condições de trabalho e sua intensidade de contato com os agentes que irão propiciar o risco, visto que, constantemente ingressam no mercado de trabalho sem terem conhecimento dos cuidados necessários para evitar a exposição aos riscos e da rotina do serviço, permanecendo sem treinamento, após a admissão, sobre os fatores de risco presentes. Ou por já trabalharem por muitos anos acabam adquirindo vícios profissionais, ou achando que nada de errado acontecerá. De acordo com Valle et al., (2008) torna-se necessário a conscientização dos profissionais de enfermagem visando à realização de procedimentos e técnicas assépticas para garantir segurança não apenas ao profissional, mas também a do paciente e seus familiares. Conforme Gir et al., (2004) as medidas de proteção recomendadas não tem sido aderidas pelos profissionais de enfermagem, apesar da potencialização dos riscos de exposição. Os fatos esses que tem despertado meu interesse desde as primeiras atividades práticas, tanto no âmbito hospitalar, quanto da atenção básica, pois, tenho observado a realização de procedimentos, em diversos setores, com ausência dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), punção venosa sem luvas ou o não uso de máscaras, óculos e vestuário adequado, incluindo reincape de agulhas, constante uso das caixas de perfuro - cortantes contendo matérias acima do limite e exposições as radiações por longos períodos, sendo alguns exemplos de ações que colocam em risco a segurança da equipe e dos pacientes. Com isso, trago como questão norteadora desta pesquisa: qual a percepção dos enfermeiros no ambiente hospitalar sobre a Biossegurança? O objetivo geral desse projeto é analisar a percepção dos enfermeiros sobre a biossegurança em seu ambiente de trabalho, e os objetivos específicos são: - compreender o conhecimento e a importância dada a Biossegurança no ambiente hospitalar; - investigar a utilização de medidas de Biossegurança; - avaliar como o enfermeiro descreve as situações de risco na sua área de trabalho. Andrade e Sanna (2007) relatam a Biossegurança como tema indispensável na formação do enfermeiro. Complemento, afirmando que se precisa ter um maior enfoque através da existência de novas pesquisas e sensibilização das instituições de saúde e educacionais, para introdução de disciplinas voltadas a essa temática. Além disso, Posso et al (2004) apresenta em seu trabalho subsídios sobre a importância do ensino da Biossegurança nos cursos de graduação. Pretendo que os resultados desta pesquisa possam contribuir para novos estudos na área, ampliar a visão das instituições de saúde e sensibilizar os profissionais para as questões de Biossegurança. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Foram utilizados os seguintes tópicos no referencial teórico: Surgimento e Desenvolvimento da Biossegurança; Legislação em Biossegurança; Importância da Biossegurança; Não Aderência da Equipe as Normas de Biossegurança; Medidas de Biossegurança 3 METODOLOGIA 3.1 Características do Estudo A pesquisa em questão teve vínculo com o Colegiado de Enfermagem da Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF. Trata-se de um estudo qualitativo do tipo exploratório descritivo, com o objetivo geral de analisar a percepção dos enfermeiros sobre a biossegurança em seu ambiente de trabalho. O método qualitativo proporciona a construção de novas abordagens, criação e revisão de conceitos no decorrer da investigação, permitindo ao pesquisador descobrir processos sociais ainda pouco conhecidos em relação a grupos particulares caracterizando-se pela compreensão do processo estudado ou da lógica interna do grupo, não requerendo uso de métodos e técnicas estatísticas. (MINAYO, 2007; GIL, 2002). A pesquisa exploratória possui como objetivo a descoberta de intuições, aprimoramento das idéias, ao envolver entrevistas com sujeitos que vivenciam na prática o problema da pesquisa, como é o caso dos enfermeiros do lócus escolhido. (GIL, 2002). Ainda segundo o mesmo autor, quando o pesquisador utiliza o estudo descritivo pretendese expor as características de determinada população a partir do uso de técnicas padronizadas de coleta de dados. Frequentemente, as pesquisas descritivas juntas com as exploratórias são realizadas pelos pesquisadores preocupados com a atuação prática. 3.2 Local do Estudo O estudo ocorreu no HUT (Hospital de Urgências e Traumas), estando localizado no centro da cidade de Petrolina-PE, caracterizado como uma instituição pública sob a administração do município e da UNIVASF, projetada com grande porte, disponibilizando uma assistência de alta complexidade para 57 municípios circunvizinhos e procedentes dos estados de Pernambuco, Bahia e Piauí. A instituição possui a missão de prestar assistência médico-hospitalar com qualidade, promover a saúde e incentivar o desenvolvimento do ensino e pesquisa, de acordo com os princípios éticos, humanizar o atendimento prestado aos clientes, capacitar o corpo funcional, contribuir na formação e desenvolvimento dos profissionais de saúde da região em que se insere, desenvolver pesquisas na área da saúde, comprometimento com a melhoria contínua dos processos de trabalho e ter responsabilidade com a utilização dos recursos públicos. As instalações contam com 156 leitos, existindo atendimentos na UTI, clínica médica e cirúrgica, emergência e, recentemente, a implantação de leitos de reabilitação. Formado por uma equipe de saúde multidisciplinar, em que as unidades funcionam com um enfermeiro coordenador, responsável pelo gerenciamento das unidades e um enfermeiro assistencial por turno. Visando requerer o desenvolvimento do estudo foi encaminhada uma Carta de Solicitação (APÊNDICE A) para o Hospital de Urgências e Traumas contendo informações acerca do projeto de pesquisa e solicitando apoio para seu desenvolvimento. 3.3 Sujeitos do Estudo Fizeram parte do estudo os enfermeiros coordenadores e assistenciais das Unidades de Internação, visto que, todos aceitaram participar do estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B), em duas vias, sendo uma sua e outra da pesquisadora. Vale ressaltar que o Coordenador de Ensino e Pesquisa do HUT concordou com o estudo, entregando a pesquisadora uma carta de anuência (ANEXO A). 3.4 Aspectos Éticos O estudo em questão foi baseado na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que norteia as práticas em pesquisas com seres humanos (BRASIL, 1996). Os sujeitos, os enfermeiros, foram informados dos objetivos da pesquisa, garantido o sigilo e a confidencialidade dos dados. A pesquisa iniciou-se após o projeto ter sido aprovado, no Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira – IMIP, projeto de número 1607, obedecendo todos os aspectos éticos e legais para o estudo envolvendo seres humanos (ANEXO B). 3.5 Coleta de Dados Os dados foram coletados através da técnica de entrevista semi-estruturada (APÊNDICE C), mais obtenção de fotos/ imagens das unidades de internação, evidenciando as medidas de Biossegurança e as situações de risco, no período de fevereiro a março de 2010. A instituição possui um total de 20 enfermeiros atuando na Clínica Médica, Cirúrgica e UTI, desses, 3 serviram como entrevistas piloto. Sendo utilizado para o estudo 17 entrevistas. A entrevista semi-estruturada tem a finalidade de investigar a importância, pelos enfermeiros, das medidas de Biossegurança, através da gravação. Segundo Minayo (2007) entrevista é definida como uma conversa entre dois indivíduos, ou com vários interlocutores tendo a finalidade de construir informações para um objeto de pesquisa, em que a semiestruturada combina perguntas abertas e fechadas possibilitando o entrevistador abordar o tema sem se deter à indagação formulada. Porém, obedece a um roteiro no qual os indicadores considerados essenciais são desmembrados através de tópicos, funcionando como lembretes, de forma que o interlocutor possa absorver as questões trazidas. A técnica de fotografia serviu para investigar o uso das medidas de Biossegurança no HUT, incluindo algumas situações de risco. Independente de como a fotografia for produzida, quimicamente ou eletrônica, Bauer e Gaskell (2002) afirmam que a imagem oferece um registro poderoso dos acontecimentos reais e das ações temporais. De acordo com Silva e Koller (2002) quando a fotografia é usada nas pesquisas pode desempenhar diversas funções, entre elas a de comprovação utilizada nessa, em que as fotos afirmaram o que foi relatado pelos sujeitos. 3.6 Análise dos Dados Para melhor compreensão dos dados, optou-se por realizar a análise com base na Análise de Conteúdo de Bardin (1994) que conforme o autor significa um conjunto de técnicas referente a comunicações, tendo finalidade de obter indicadores relacionados às condições de recepção/produção das mensagens, através de métodos objetivos e sistemáticos de descrição do conteúdo. Ao término das transcrições referentes às entrevistas com os sujeitos da pesquisa, procedeu-se a realização da análise e discussão dos dados, através da seqüência orientada por Bandin (2004). Primeiramente, foi feita uma leitura flutuante do material para separar o que seria utilizado, correspondendo, segundo o autor, a fase de pré-análise. Posteriormente, dividiu-se as respostas em categorias, reunindo um grupo de elementos comuns contendo determinado titulo. Essas categorias apresentaram subcategorias ligadas a um mesmo contexto. A exploração do material, correspondendo à segunda fase da análise, aconteceu por meio de exaustiva leitura, seguida do tratamento dos resultados obtidos e interpretação, representando a terceira etapa de acordo com Bardin (2004), confrontando com outros estudos dentro da mesma temática existente. As entrevistas com os enfermeiros das unidades de internação do local do estudo desmembraram- se em 03 categorias e 02 subcategorias. A categoria inicial denomina-se: Conceituando Biossegurança, contendo as subcategorias Medidas de Biossegurança e Importância da Biossegurança no Ambiente Hospitalar. As demais categorias possuem como titulo: Situações de Riscos nos Ambientes de Trabalho e Proteção do Trabalhador, as quais serão apresentadas a seguir. 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS 4.1 Conceituando Biossegurança Menos da metade dos entrevistados entendem como a segurança do trabalhador, mantendo sua integridade física, entretanto, alguns profissionais incluíram em seus conceitos a segurança do paciente. Outros enfermeiros compreendem o tema voltado para os riscos, não especificando os tipos de riscos ou focalizando somente os biológicos: Eu entendo Biossegurança como uma forma segura de prevenir quanto aos riscos. (Enfermeiro 10) Toda e qualquer prática que visa assegurar o indivíduo com relação aos agentes biológicos. (Enfermeiro 12). O risco biológico tem sido lembrado em primeiro lugar por essa categoria de profissionais, como se observa na resposta do enfermeiro 12. Esse ponto de vista pode ser comprovado no estudo de Andrade e Sanna (2007), pois os autores afirmaram que a preocupação inicial dos profissionais da área de saúde, após o surgimento da Biossegurança, abordava as doenças transmissíveis, tendo o enfoque maior para o risco biológico, permanecendo esse destaque atualmente. Os enfermeiros, a seguir, definiram a Biosssegurança como sendo um conjunto de medidas objetivando evitar acidente: Biossegurança consiste em um conjunto de medidas de segurança para o trabalhador, evitando assim, acidentes que venham causar danos a sua saúde. (Enfermeiro 15) Segundo, Soares et al.(2008), o conceito de Biossegurança está relacionado à minimização dos riscos de contaminação, através de um conjunto de medidas, envolvendo o meio ambiente e acidentes pessoais nos locais de trabalho. Os enfermeiros relataram as medidas para prevenção contra os acidentes ocupacionais, porém, a resposta não se encontra completa porque nenhum dos entrevistados envolveu nas suas definições a eliminação ou diminuição de riscos para o meio ambiente. 4.1.1 Medidas de Biossegurança Todos os entrevistados afirmaram que o hospital dispõe dessas medidas, entre esses, boa parte mencionou os EPI’s citando-os, somente um relatou que às vezes ocorre a falta dos mesmos. Luvas, máscaras, gorro, óculos de proteção, foram os EPI’s referidos como existentes nos setores de trabalho dos enfermeiros participantes da pesquisa. As fotografias abaixo obtidas confirmam que nas unidades de internamento os equipamentos de proteção fazem-se presentes: Imagem: Clínica Médica no mês Imagem: Clínica Cirúrgica no mês de março de 2010 de março de 2010 Imagem: UTI no mês de abril de 2010 Imagem: UTI no mês de abril de 2010 Os enfermeiros 9 e 11 afirmaram o não uso dos EPI’s por parte da equipe, como está descrito abaixo: Sim, dispõe de todas as medidas, mas acontece o não uso por parte dos profissionais. (Enfermeiro 9) A instituição dispõe de medidas, nós temos os EPI’s aqui, óculos, máscaras, luvas. No hospital temos tudo, não usa quem não quer usar. Aqui nos temos os técnicos, e até a gente mesmo, acaba adotando aquele ditado “Casa de Ferreira espeto de pau”, achamos que acontece com os outros e a preocupação de usar os EPI’s só vem quando acontece uma contaminação, por exemplo, quando nos furamos numa punção ai o arrependimento aparece. A gente acostuma a fazer isso, é vicio de casa. Desde a faculdade, nos estágios, devemos utilizar o certo, usando os EPIS. (Enfermeiro 11) A não utilização dos equipamentos de proteção, de acordo com os enfermeiros acima, realmente acontece, em muitas instituições de saúde, devido os vícios que os profissionais adquirem no decorrer dos anos de trabalho, transformando o dia a dia em uma rotina de autoconfiança, tendo a convicção que não serão acometido por nenhum acidente (REZENDE, 2003; LONDONO e MOREIRA, 2003). Somente um enfermeiro falou sobre o oferecimento de recipientes diferentes para o lixo comum/contaminado, caixa para desprezar os pérfuros – cortantes e outro as normas de isolamento Alguns profissionais referiram, além do fornecimento dos EPI’s, a presença de capacitação contendo esse tema na Instituição: Através de uma parceria da instituição com a UNIVASF está existindo a capacitação com os técnicos de enfermagem, inclusive uma das aulas é sobre esse tema, mas dentro da minha equipe isso não é suficiente para sensibilizá-los porque eles sabem a importância, mas por conta da demanda acabam não utilizando os EPIS. (Enfermeiro 8) A fala do enfermeiro 8 mostrou o que comprova Starling (2008) ao descrever que a ação de treinamentos periodicamente para os profissionais faz parte das medidas de Biossegurança de forma a sensibilizá-los a colocar em prática, independente da situação, as precauções para segurança pessoal e do paciente. 4.1.2 Importância da Biossegurança no Ambiente Hospitalar Alguns enfermeiros expressaram que a Biossegurança, segundo afirma Soares et al., (2008), possui fundamental importância nos serviços de saúde para redução geral de riscos e acidentes ocupacionais, visto que, aborda medidas para proteção da equipe e usuários, estando ligada a preservação do meio ambiente, manipulação e o descarte de diversos tipos de resíduos. O último ponto abordado pelos autores, meio ambiente e resíduos, não foi lembrado pelos profissionais. A maioria dos profissionais falou que o valor encontra-se na utilização/fornecimento dos EPI’s de forma a resultar na prevenção. Novamente, a capacitação da equipe é citada, mas nesse momento, um dos entrevistados expressou a importância de saber não apenas quais são os equipamentos de proteção, e sim, utilizá-los de forma correta, sendo uma questão de relevância, devido ao fato dessa categoria profissional, liderando a equipe de enfermagem, poder incentivar, através da educação em saúde, para que as práticas de risco e o comodismo, conforme afirma Gir et al., (2004), sejam modificados pelas ações resultantes na proteção do trabalhador, englobando uma assistência de qualidade ao cliente. 4.2 Situações de Riscos nos Ambientes de Trabalho Uma minoria de entrevistados mencionou que as situações de risco ocorrem a partir da não utilização dos EPI’s durante os atendimentos, somando-se a essa questão, o manuseio de materiais cortantes. A estrutura física como possível problema e os materiais pérfuro- cortantes que foram relatados isoladamente por um profissional, também entram nesse pequeno grupo. Metade dos sujeitos questionados colocou estar o contato com pacientes dentro das circunstâncias enfrentadas Alguns enfermeiros citaram os tipos de riscos, mas juntando os seus depoimentos, estaria faltado o risco psicológico, que, apenas o enfermeiro 8 relatou: Número insuficiente de técnicos de enfermagem devido às férias, essas faltas que geram uma sobrecarga e faz com que eles façam seus atributos de maneira inadequada, esquecendo de utilizar os EPIS. (Enfermeiro 8) A fala do sujeito da pesquisa, descrita acima, permitiu a interpretação no sentido de que o mesmo estava se referindo ao estresse causado pelo aumento de trabalho, fazendo parte desse tipo de risco existente a afetar os trabalhadores dos estabelecimentos de saúde, de acordo com Soares et al. (2008). 4.3 Proteção do Trabalhador Apenas alguns não se lembraram de verbalizar a utilização dos EPI’s, entretanto, na primeira categoria descrita anteriormente, citaram cada um dos equipamentos de proteção fornecidos pela Instituição. Apesar disso, o enfermeiro 2 foi o único a apontar o cuidado de não reincapar as agulhas: Eu sempre tenho cuidado com as meninas em relação à perfuro - cortantes, para não estarem reencapando as seringas [...] (Enfermeiro 2) Esse profissional de enfermagem lembrou-se de atitudes muito significativas, pois de acordo com Oppermann e Pires (2003) as orientações sobre manipulação cuidadosa de instrumentos cortantes, evitando ainda, que a equipe desconecte a agulha da seringa ou a reencape, devem fazer parte, até mesmo, dos manuais do setor. As fotos seguintes mostram uma atenção para o lacre correto das caixas de pérfuro – cortantes nos setores da instituição, sendo obtidas fotografias da UTI e Clínica Médica. Lacres corretos: Imagem: Clinica Médica no mês Imagem: UTI no mês de abril de março de 2010 de 2010 Coletores em uso indevido: Imagem: Clinica Médica no mês Imagem: Clinica Cirúrgica no de março de 2010 mês de março de 2010 Imagem: UTI no mês de abril Imagem: UTI no mês de abril de 2010 de 2010 (seringa descartada após coleta de gasometria) A minoria dos enfermeiros participantes do estudo, acrescentaram ao uso dos equipamentos individuais o item lavagens das mãos, a exemplo do profissional a seguir: Uso de máscaras, gorros, luvas, oferecer pia para lavagem de mãos, não sair do setor com as luvas de procedimento. (Enfermeiro 12) Silva et al., (2008) relata a importância da lavagem das mãos nos setores, antes e ao término do contato com qualquer material, pacientes internados, utilizando água e sabão, considerando ainda, que o uso das luvas de procedimento não dispensam a limpeza. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo geral, juntamente com os específicos, foram alcançados mediante as respostas concedidas com o auxilio das imagens que foram tiradas nos setores de internamento. A prevenção, eliminação ou diminuição dos riscos relacionados ao meio ambiente não foi citado pelos enfermeiros dentro do conceito de Biossegurança, assim como, a importância no papel de manipulação e descartes de resíduos, sendo mais abordada a proteção da equipe e usuários. Todos os profissionais afirmaram que a Instituição possui medidas de Biossegurança, em que quase a metade mencionou a presença dos Equipamentos de Proteção Individual, somente um falou sobre o oferecimento de recipientes diferentes para o lixo comum/contaminado, caixa para desprezar os pérfuros – cortantes e outro as normas de isolamento. Em relação às situações de riscos presentes nos ambientes de trabalho, apenas dois acharam que a estrutura física poderia trazer possíveis problemas e dos enfermeiros entrevistados na UTI, um expressou o banho no leito. Aqueles que resolveram citar os riscos não lembraram por completo, somente um mencionou o psicológico. A grande maioria novamente falou sobre a utilização dos EPI’s como medidas usadas para proteção de si próprio e da equipe, a lavagem das mãos foi pouco referida, incluindo o cuidado com os pérfuros - cortantes (comprovadas nas fotografias obtidas), normas de isolamento e o principal, reencape das agulhas. Dessa forma, o estudo contribuiu para mostrar a necessidade de se realizar treinamentos periódicos com os enfermeiros, abordando a Biossegurança como parte do meio ambiente, manipulação e descartes de resíduos (dando destaque aos pérfuros), porque esses profissionais sabem de forma geral o que significa Biossegurança, mas esses pontos abordados anteriormente não foram lembrados. Os tipos de riscos a que os profissionais estão expostos no ambiente hospitalar, enfocando a importância da lavagem das mãos, normas de isolamento e o não reencape ou retirada das agulhas das seringas como medidas diárias de precaução, também precisam fazer parte da sensibilização dos enfermeiros devido a sua importância para toda a equipe de enfermagem. O estudo comprovou que a percepção dos mesmos para essas questões estão limitadas. Então, faz-se necessário que a instituição ponha em prática a proposta acima, visto que, segundo Andrade e Sanna (2007) os profissionais precisam entender a importância, propósitos e ações da Biossegurança, pois o enfermeiro, no setor atuante, é co-responsável pela segurança ocupacional de toda a equipe. ANEXO A - Parecer do Comitê de Ética