TRANSTORNO DE ANSIEDADE
GENERALIZADA
Marcus Vinícius N. Silva
Psicopatologia II
Definição
O Transtorno de Ansiedade Generalizada
(T.A.G.) é definido na décima edição da
Classificação de transtornos Mentais (CID
10) como um quadro ansioso e persistente,
não restrito a qualquer circunstância
ambiental.
Definição
Pela quarta edição do Manual de
Diagnóstico e Estatística dos Transtornos
Mentais (DSM-IV); o TAG é visto como um
quadro de ansiedade e preocupações
excessivas de longa duração (mínimo de
seis meses), acompanhado por sintomas.
Essa ansiedade é impossível de controlar e
resulta em grande desconforto.
Prevalência
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Sexo feminino em uma proporção de 2:1
(Shinohara e Nardi, 2001); idosos com 80 anos ou
mais;
Alta prevalência desse transtorno na população
mundial (em torno de 3%), sendo o tipo de
transtorno de ansiedade mais frequente do grupo
de transtornos de ansiedade;
Nas clínicas que trabalham com transtornos de
ansiedade, até 25% dos pacientes apresentam
T.A.G. como diagnóstico principal ou comórbido
(DSM-IV-TR).
Etiologia do TAG
Informações obtidas em literatura
sobre a etiologia do TAG é
multifatorial, porque envolve
aspecto biológico e psicossocial.
Influência no campo biológico
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No sistema biológico, vários neurotransmissores
exercem papel fundamental no controle da
ansiedade, porém a serotonina e o ácido gamaaminobutírico (GABA) são considerados os mais
importantes;
A serotonina e o GABA são neurotransmissores
inibitórios, que controlam a resposta de estresse;
Assim, quando ocorre uma alteração desses
neurotransmissores no Sistema Nervoso, implica em
um estado de ansiedade, e são percebidas as
manifestações periféricas de ansiedade (sintomas
cardiovasculares, musculares, gastrintestinais, etc).
Influência no campo biológico
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Antigamente, quando se praticava a lobotomia
pré-frontal como tratamento psiquiátrico, os
pacientes apresentavam um estado de completo
embotamento afetivo, sem manifestarem
quaisquer sinais de alegria, tristeza, esperança
ou afetuosidade.
Entretanto, apesar dessa mutilação, a pessoa
continuava mantendo a consciência e algumas
funções cognitivas, como a linguagem, por
exemplo, isso vem comprovar a participação do
biológico no desenvolvimento da ansiedade.
Influência no campo biológico
Influência do ambiente
A influência de eventos estressantes no
desenvolvimento de transtornos de ansiedade vem
sendo investigada nos últimos anos. Alguns estudos
apontam influências ambientais no desenvolvimento do
TAG. Clientes com esse transtorno tendem a relatar
mais eventos traumáticos do que sujeitos não ansiosos
(ROEMER, MOLINA, LITZ & BORKOVEC, 1997 apud
HUDSON e RAPEE, 2004), e morte de parentes antes
dos dezesseis anos de idade (TORGERSEN, 1986
apud HUDSON e RAPEE, 2004).
Outro estudo demonstrou que indivíduos vulneráveis a
ansiedade quando se deparam com eventos negativos,
tendem a experienciá-los como mais estressantes do
que sujeitos não ansiosos (RAPEE, LITWIN e
BARLOW, 1990 apud HUDSON e RAPEE, 2004).
Influência do ambiente
Outro fator que muito contribui para o
desenvolvimento da ansiedade é a falta de
segurança, provocada pelo medo de assalto,
acidentes e outros fatores presente no dia a
dia da sociedade do século XXI, com isso
aumenta o numero de pessoas nos
consultórios psicológicos em busca de
atendimento.
Influência no campo psicológico
Já no campo psicológico muitas são as
situações cotidianas que envolvem perigo ou
ameaça. Nessas situações, um estado de alerta
é essencial para a autodefesa do indivíduo. No
entanto, pessoas que apresentam um estado
ansioso tendem a superestimar a situação de
perigo. A forma com que as situações são
interpretadas pelo indivíduo tem um valor
potencial para o surgimento ou não de algum
quadro de Transtorno de Ansiedade.
Influência no campo psicológico
Na psicologia de base psicanalítica, FREUD
diz que a ansiedade funcionaria como uma
espécie de sinal para o ego, alertando-o de
que um instinto inaceitável está desejando
se representar conscientemente, e que seria
necessário que o ego tomasse medidas
defensivas.
Influência no campo psicológico
A psicologia de base existencial procura
explicar a gênese da ansiedade como uma
consequência da consciência que as
pessoas adquirem da finitude de sua
existência e do profundo vazio de suas
vidas, que é uma percepção ainda mais
perturbadora do que a aceitação da
inevitabilidade da morte. A ansiedade é a
resposta a este imenso vazio da existencial.
Influência no campo psicológico
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A psicologia cognitiva comportamental de BECK, afirma
que os comportamentos e os sentimentos são
determinados pelos processos de pensamento, ou
cognições, caracterizadas em:
Crenças centrais (convicções básicas que cada indivíduo
tem sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo.
p.ex.: ‘eu sou imprestável’ );
Crenças intermediárias (regras e suposições e, em geral,
assumem formato de dever. p.ex.: ‘eu tenho que tirar a
melhor nota da classe’);
Pensamentos automáticos (que se desenvolvem a partir
das crenças centrais, são interpretações imediatas,
rápidas, espontâneas e involuntárias das experiências
(p.ex.:, ‘serei reprovado na entrevista de trabalho’).
(BECK, RUSH, SHAW & EMERY, 1979).
Diagnóstico
Os critérios diagnósticos do DSM –IV-TR) pata o T.A.G.
são:
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Ansiedade e preocupação excessiva (expectativa
apreensiva, ocorrendo na maioria dos dias por um
período mínimo de seis meses;
O indivíduo considera difícil controlar a preocupação;
A ansiedade e a preocupação estão associadas com três
(ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos
alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos
seis meses). Nota Apenas um item é exigido para
crianças.
Diagnóstico
1 – Inquietação ou sensação de estar com os nervos
à flor da pele;
2 – Fatigabilidade;
3 – Dificuldade em concentrar-se ou sensações de
“branco” na mente;
4 – Irritabilidade;
5 – Tensão muscular;
6 – Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou
manter o sono, ou o sono insatisfatório e inquieto).
Diagnóstico
O foco da ansiedade ou preocupação não está
confinado a aspectos de outros transtornos.
Ex.: A ansiedade ou preocupação não se refere a ter
um Ataque de Pânico (como no transtorno do
pânico), ser envergonhado em público (como na
Fobia Social), ser contaminado (como no Transtorno
Obsessivo-Compulsivo), ficar afastado de casa ou e
parentes próximos (como no Transtorno de
Ansiedade de Separação), ganhar peso (como na
Anorexia Nervosa), ter múltiplas queixas físicas
(como no Transtorno de Sintomatização) ou ter uma
doença grave (como na Hipocondria), e a ansiedade
ou preocupação não ocorre exclusivamente durante
o Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
Diagnóstico
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A ansiedade, preocupação ou sintomas físicos
causam sofrimento clinicamente significativo ou
prejuízo no funcionamento social ou ocupacional ou
em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos
diretos de uma substância (droga de abuso,
medicamento) ou uma condição médica geral (por
exemplo, hipertiroidismo) nem ocorre
exclusivamente durante um transtorno de humor,
Transtorno Psicótico ou Transtorno Global do
Desenvolvimento.
Diagnóstico
Com a aparição dos transtornos de
ansiedade e de outros modelos de
ansiedade torna-se fundamental
estudar o T.A.G. visto que os
processos que o assinalam estão
presentes em todos os sintomas de
ansiedade.
Curso
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Pacientes com T.A.G. apresentam uma história de
ansiedade generalizada que dura toda a vida. A
idade do início dos sintomas é difícil de ser
determinada, pois a maioria dos pacientes não
sabe precisar quando isso ocorreu.
Eles relatam que sempre foram assim não
informando uma idade definida de início ou
relatando apenas que seu início ocorreu na
adolescência ou quando adultos jovens com idade
em torno de 20 anos (Barlow, 1999, Range, 2001).
Tratamento
Citaremos neste estudo os dois
tratamentos que são utilizados
com frequência e em conjunto, que
é o tratamento farmacológico e o
psicoterápico.
Tratamento farmacológico
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Existem 3 tipos de remédios que podem
ajudar a controlar e diminuir a ansiedade:
O primeiro tipo são os chamados ansiolíticos
(dissolução da ansiedade) ou tranquilizantes.
São substancias que anestesiam
parcialmente a sensibilidade neuronal
diminuindo a capacidade de excitação
emocional.
Em altas doses são usados como préanestésicos . Também podem ser usados
para induzir o sono.
Tratamento farmacológico
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Servem para combater o sintoma da ansiedade, mas não
mexe na sua origem. Funcionam como a Novalgina para
combater a febre: diminuem o sintoma, mas não resolvem o
problema.
São muito úteis quando a ansiedade esta muito alta ou
descontrolada, ou quando provocam insônia. Tem a
desvantagem que podem causar pequena dependência
física, importante dependência emocional e o uso
prolongado podem causar tolerância.
Os principais efeitos colaterais são sonolência, cansaço e
fraqueza.
Clínicos gerais também podem prescrever em casos de
emergência.O melhor exemplo deste tipo de medicação é o
Diazepan (nome genérico).
Tratamento farmacológico
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O segundo tipo de medicação para combater a
ansiedade são alguns tipos de antidepressivos. Este tipo
de medicação tem dois efeitos sobre a mente humana.
Por uma ação sobre os neurotransmissores cerebrais ele
aumenta o nível de energia psíquica, faz a pessoa se
sentir mais forte, diminui a quantidade de preocupações
e de medo, aumenta a percepção e a clareza que a
pessoa tem, fazendo ela se sentir mais segura, portanto
menos ansiosa.
Este efeito das medicações antidepressivas pode trazer
resultados significativos se for acompanhado de uma boa
psicoterapia; não só permite que a pessoa diminua
significativamente os sintomas, como também se torne
uma pessoa mais produtiva e bem resolvida.
Tratamento farmacológico
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O segundo efeito é uma ação mais direta sobre a ansiedade
propriamente dita. Não causam dependência física e pouca
tolerância.
Podem causar alguma dependência emocional. Só podem
ser vendidos sob prescrição médica, necessitando o
chamado receituário especial.
Não tem efeito imediato, demorando de 2 à 3 semanas para
fazer efeito. Deve ser tomado por um período mínimo de 4
meses. Tem alguns efeitos colaterais principalmente nos 10
primeiros dias.
O efeito colateral mais chato é uma pequena diminuição da
libido e o retardo da ejaculação.
Bons exemplos deste tipo de medicação são: Cloridrato de
Sertralina,de Fluoxetina e a desipramina (nomes genéricos).
Tratamento farmacológico
O terceiro tipo de medicação são os
chamados tranquilizantes maiores ou
antipsicóticos, que devem ser prescritos em
casos mais graves, onde a ansiedade atinge
picos altíssimos e estão associados a
doenças mentais mais graves, com alteração
do pensamento e até do senso percepção,
ou por estados desencadeados por drogas
alucinógenas.
Tratamento Psicoterápico
Da mesma forma que o tratamento
farmacológico, o tratamento psicoterápico pode
ser realizado sob diversas abordagens
(Psicodinâmica, Cognitivo Comportamental, etc.)
especificamente por um psicólogo. Porém, todas
as modalidades de psicoterapia enfatizam a
restauração da saúde mental do indivíduo,
através da elucidação dos desencadeadores
psicológicos de ansiedade, e da elaboração de
estratégias para um melhor manejo dos estados
ansiosos.
Tratamento Psicoterápico
A partir do momento em que o
indivíduo identifica as causas de
sua ansiedade e reconhece a
superestimação dada aos
estímulos ansiógenos, as chances
de reincidência apresentam-se
diminuídas.
Tratamento Psicoterápico
A terapia cognitiva e comportamental é
atualmente as mais utilizadas no
tratamento do TAG, enfocando a
identificação de distorções cognitivas e
sua modificação com técnicas de
relaxamento aplicado (muscular e
imaginativo) e a comportamental que
tenta modificar as reações do paciente
mediante situações associadas ao
transtorno.
Tratamento Psicoterápico
No entanto, parece não ser eficaz no
tratamento agudo (STAHL, 2002,
p.345). CORDIOLI (2000, p.282) indica
para sintomas residuais e em situações
que impossibilitam o uso de
medicamentos (gestação,
amamentação).
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