Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized RP300 v.2 PROGRAMA BH VILAS URBANIZADAS MARCO DE REASSENTAMENTO VILA SÃO JOSÉ E TAQUARIL FEVEREIRO DE 2005 1 APRESENTAÇÃO A Administração Municipal de Belo Horizonte apresenta neste documento, os instrumentos de planejamento e estudos que estabelecem a concepção e as diretrizes para o reassentamento previsto no Programa BH Vilas Urbanizadas, consubstanciados no Marco de Reassentamento para a Vila São José e para o Conjunto Taquaril . Trata-se das principais ações necessárias ao processo de reassentamento para reduzir o impacto sobre a vida da população, conforme objetivos do referido Programa. As intervenções, de forma geral, estão previstas no Plano Diretor, nas Políticas Sociais e Urbanas municipais e, principalmente na Política Municipal de Habitação, preconizada em sua Resolução1 nº II. Estas intervenções pressupõem a promoção de profundas transformações em núcleos habitacionais favelizados. Consistem na implantação de infra-estrutura sanitário-ambiental, com especial destaque para as intervenções de saneamento, drenagem e eliminação de riscos de inundações e geológicos; reestruturação do sistema habitacional local; regularização fundiária, além de propiciar acesso integrado às políticas sociais, através do Programa BH Cidadania. No caso específico do Programa Vilas Urbanizadas - componente “Integração da vila São José”, consiste ainda na implantação de importante sistema de articulação viária regional. Neste componente, serão atendidas diretamente cerca de 2.417 famílias, 8.200 moradores. 1 Refere-se à Política Municipal de Habitação – PMH - de Interesse Social em vigor desde 1994. 2 Para o componente “Taquaril Urbanizado”, cabe destacar a ênfase na eliminação de riscos geológicos; na recuperação de áreas de preservação ambiental e na ampliação do sistema viário veicular com melhorias de acessibilidade às moradias e aos equipamentos sociais públicos. O Marco de Reassentamento para a Vila São José e Taquaril, caracteriza a comunidade envolvida, apresenta as diretrizes e as alternativas de reassentamento, a proposta de monitoramento e avaliação bem como a estrutura de responsabilidade institucional e os custos necessários para implantação do reassentamento. A concepção e elaboração das propostas contidas neste documento estão baseadas nas diretrizes da Política Municipal de Habitação de Interesse Social de Belo Horizonte (PMH, 1994) e em consonância com a Política de Reassentamento do Banco Mundial (diretriz operacional “Assentamento Involuntário” – OD 4.30 de 1º de Julho de 1990). Baseia-se, ainda, nos seguintes documentos: Relatório Conceitual do Programa BH - Vilas Urbanizadas (PBH, setembro de 2004); Programa DRENURBS – Plano de Desapropriação, Indenização e Relocalização de Famílias e Negócios Afetados (PDR – PBH, setembro/2003); Projeto Avenida Pedro II – Reestruturação Viária e Reassentamento Habitacional (PBH/SMPL – 1999); Projetos da Equipe Social Pedro II (PBH/SCOMGER-NO, s.d); Estudo de Impacto Ambiental Projeto Pedro II (PBH, 1999); Plano Diretor do Taquaril - Revisão e Detalhamento das Áreas de Ocupação Restrita (PBH/URBEL, 2001) e Documentos diversos da PBH/URBEL - Relatórios do Orçamento Participativo e Estudos sobre o IQVU e IVS. A implantação de toda obra do componente “Integração da vila São José”, prevista para ser concluída num horizonte de quatro anos, envolverá recursos de R$ 89 milhões. A implantação de parte da obra do componente “Taquaril Urbanizado”, prevista em sua primeira e segunda etapas para ser concluída num horizonte de dois 3 anos, envolverá recursos de R$22.756,74. Para tais etapas, estão previstas o reassentamento de 300 famílias demandando acompanhamento social. 4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO I. MARCO CONCEITUAL DE REASSENTAMENTO – VILA SÃO JOSÉ.............................................................................................................................11 1. CARACTERIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO 2. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA E DA POPULAÇÃO AFETADA 2.1 Caracterização da População a ser Reassentada 2.2 Avaliação Imobiliária 2.3 Área Ocupada e Domínio Fundiário 2.4 Infra-estrutura Urbana e Social 2.5 Descrição das Áreas para Implantação das Unidades Habitacionais 3. DIAGNÓSTICO 3.1 Dinâmica Social 3.1.1 Estrutura Participativa da PBH 3.1.2 Estrutura Participativa da Sociedade Civil na Vila São José 3.2 Proteção Ambiental da Área onde a população será reassentada 3.3 Restabelecimento de Condições Econômicas ou de Geração de Renda 3.4 Medidas para Prevenir Novas Ocupações II MARCO CONCEITUAL DE REASSENTAMENTO – CONJUNTO TAQUARIL............................................................................. .......................................42 1. JUSTIFICATIVA DA POLÍTICA DE REASSENTAMENTO 2. CLASSIFICAÇÃO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 3. FUNDAMENTOS DA POLÍTICA DE REASSENTAMENTO NO TAQUARIL 3.1 Caracterização da intervenção 3.2 Definição da População a ser Reassentada 3.3 Caracterização Sócio-Econômica da População a ser Reassentada 3.4 Avaliação Imobiliária 3.5 Área Ocupada e Domínio Fundiário 3.6 Infra-estrutura Urbana e Social 3.7 Descrição das Áreas para Implantação das Unidades Habitacionais 3.8 Organização Social e Participação da População 3.8.1 - Consulta às lideranças do Conjunto Taquaril 5 III. PROPOSIÇÕES PARA O REASSENTAMENTO DAS FAMÍLIAS..........................74 1 Objetivos 2 Diretrizes 3 Alternativas de Reassentamento 3.1 Reassentamento Assistido 3.1.1 Construção de novas unidades habitacionais 3.1.2 Reassentamento Monitorado 3.1.3 Unidades Institucionais/Comerciais e de Serviços 3.2 Reassentamento Independente 3.2.1 Indenização da benfeitoria 4. MODELO DE GESTÃO 5. FASES E AÇÕES DA IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE REASSENTAMENTO 5.1 Descrição das Fases 5.1.1 Fase I - Montagem do Sistema de Gerenciamento da Execução 5.1.2 Fase II - Congelamento das Áreas, Delimitação do Público Alvo e Montagem de Grupos de Interesse 5.1.3 Fase III - Implantação do Processo de Reassentamento 5.1.4 Fase IV - Mudança e liberação da Área 5.1.5 Fase V - Monitoramento 5.1.6 Fase VI - Avaliação Ex Post 6. MOBILIZAÇÃO E COMUNICAÇÃO SOCIAL – 7. CUSTOS ESTIMADOS 8. CRONOGRAMA IV. MARCO LEGAL.....................................................................................................111 V SISTEMA HABITACIONAL DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE...............................................................................................................115 1. Sistema Municipal de Habitação 2. Política de Reassentamento: Experiências Anteriores de Reassentamento Involuntário Conduzidas pela Prefeitura LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Tipo de Uso dos Imóveis Tabela 2 - Tempo de Moradia Tabela 3 - Distribuição Percentual da População por Grupo Etário Tabela 4 - Grau de Escolaridade da População Tabela 5 - Situação de ocupacional da população Tabela 6 - Renda Individual, em Salários Mínimos Tabela 7 - Sistema de Abastecimento de Água Tabela 8 - Fornecimento de Energia Elétrica 6 Tabela 9 - Números de Cômodos das Habitações Tabela 10 - Avaliação das Benfeitorias pelo Cadastro Técnico de Remoção Tabela 11 - Quantitativos das Remoções segundo as causas Tabela 12 - Alternativa de Reassentamento: distribuição preliminar Vila São José Tabela 13 - Alternativas de Reassentamento: distribuição preliminar - Taquaril Tabela 14 - Alternativas de Reassentamento: distribuição preliminar - Taquaril LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Regiões Administrativas de BH e Localização da intervenção Figura 2 - Imagem Aérea da Vila São José em 2002 Figura 3 - Infra-estrutura Social Figura 4 - Limite da Vila São José e Área de Reassentamento Figura 5 - Área de Reassentamento e de Intervenções Viárias Figura 6 - Vista da Área de Reassentamento Figura 7 - Situação das Intervenções Urbanas realizadas no Taquaril Figura 8 - Uso e Ocupação do Solo Taquaril Figura 9 - Propostas das Intervenções Figura 10 - Hierarquização das Propostas Figura 11 - Relocações e Reassentamento Figura 12 - Localização do Taquaril segundo as Unidades de Planejamento de BH Figura 13 - Índice de Qualidade de Vida Urbana por Unidade de Planejamento Figura 14 - Índice de Vulnerabilidade Social por Unidade de Planejamento Figura 15 - Infra-estrutura Social Figura 16 - Reassentamento - Planta de Situação Figura 17 – Tipologias das Unidades Habitacionais Figura 18 - Organograma da Estrutura Organizacional Figura 19 - Fluxograma de Atividades do PDRI Figura 20 - Uso e Ocupação do Solo Vila São José LISTA DE QUADROS Quadro 01 - Resumo de Diretrizes para Intervenção Urbana no Taquaril LISTA DE ANEXOS ANEXO 1 REGISTRO FOTOGRÁFICO VILA SãO JOSÉ ANEXO2 DOCUMENTOS DA EQUIPE DO PROJETO SOCIAL - Iª ETAPA DO PROJETO PEDRO II ANEXO 3 REGISTRO FOTOGRÁFICO TAQUARIL ANEXO 4 ATA DE CONSULTA ÀS LIDERANÇAS EQUIPE TÉCNICA........................................................................................... 7 INTRODUÇÃO O Programa BH Vilas Urbanizadas – Conjunto Taquaril e Vila São José - tem por objetivo geral ampliar a inclusão social e urbana das comunidades mais vulneráveis, residentes em partes da cidade denominadas de informal ou ilegal, à cidade formal. Pressupõe para tal, a urbanização integral das referidas vilas, através de estudos e instrumentos planejados das intervenções, visando a minorar as precárias condições de moradia dessas populações e a gravidade dos problemas provocados pela ocupação desordenada que ocorreu nessas áreas. O Programa BH Vilas Urbanizados está estruturado em três componentes: (I) Taquaril Urbanizado; (II) Integração da Vila São José e (III) Apoio à Gestão Integrada de Políticas Sociais e Urbanas. A concepção do “BH Vilas Urbanizadas” está em conformidade com a Política Municipal de Habitação - PMH, notadamente na Resolução nº II do Conselho Municipal de Habitação de 1994, que define duas grandes linhas de atuação da PMH - intervenção em assentamentos existentes e produção de novos assentamentos (PBH/URBEL, 1994:Seção III, Artigo 3º) - e define os programas para os assentamentos existentes, dentre estes o programa de intervenção estrutural (idem:art. 4º). No caso específico do componente “Integração da Vila São José”, o alcance desse objetivo geral possibilitará atingir outros propósitos: - remoção e reassentamento de famílias ocupantes de áreas com interferência direta no Programa; - melhorar a qualidade de vida dos moradores que serão reassentados em razão das intervenções do projeto, sobretudo proporcionando a esse contingente populacional condições sanitárias e de habitabilidade mais adequadas às suas necessidades; - reduzir a incidência de doenças de veiculação hídrica e os focos de propagação de moléstias transmissíveis por insetos e roedores; 8 - melhorar as condições operacionais de transposição do Anel Rodoviário, dotando a região de mais uma alternativa de acesso para o tráfego; - assegurar a criação da acessibilidade a todas as áreas do município e consolidar o corredor da Avenida Pedro II como estruturante da Bacia da Pampulha; - proporcionar à população destes assentamentos alternativas para desenvolvimento de atividades de lazer e recreação. Para o componente “Taquaril Urbanizado”, o alcance do objetivo geral possibilitará atingir os seguintes propósitos: - erradicação de áreas de risco encontradas no Taquaril, resolvendo-se os graves problemas oriundos do risco geológico-geotécnico; - remoção e reassentamento de famílias ocupantes de áreas consideradas de risco e/ou com interferência direta no Programa; - recuperação das áreas de preservação ambiental; - melhorar a qualidade de vida dos moradores que serão reassentados em razão das intervenções principais do projeto, sobretudo proporcionando a esse contingente populacional condições sanitárias e de habitabilidade mais adequadas às suas necessidades; - ampliar a acessibilidade às moradias e equipamentos urbanos; - reduzir a incidência de doenças de veiculação hídrica e os focos de propagação de moléstias transmissíveis por insetos e roedores; proporcionar à população destes assentamentos alternativas para desenvolvimento de atividades de lazer e recreação. Neste sentido, a Política de Reassentamento para a vila São José e Conjunto Taquaril implementará integralmente uma das duas grandes linhas de atuação da Política Municipal de Habitação de Belo Horizonte: a realização de profundas transformações no assentamento existente com a construção das unidades habitacionais, atendendo plenamente ao objetivo da política de reassentamento do BIRD, que é assegurar que a população deslocada por um projeto se beneficie dele (BIRD, 1990 OD. 4.30). 9 Não obstante os claros benefícios que essas intervenções possam trazer para as populações residentes nos assentamentos, deve-se reconhecer os possíveis efeitos negativos inerentes aos remanejamentos populacionais involuntários: perda de laços de vizinhança e parentesco, de redes de apoio e solidariedade, aumento das despesas anteriormente não existentes (impostos e taxas, por exemplo). Para que sejam evitadas as situações mencionadas, é necessário um conjunto de ações que garanta condições, na medida do possível, para a reconstrução do habitat com a melhoria da qualidade de vida da população reassentada, objeto do marco conceitual de reassentamento. 10 I. MARCO CONCEITUAL DE REASSENTAMENTO VILA SÃO JOSÉ 11 1. CARACTERIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO As intervenções previstas para a local onde encontra-se instalada, atualmente, a vila São José fazem parte da área necessária para a execução de obras de ytampliação do sistema viário do eixo norte de Belo Horizonte, melhorando a ligação do centro da cidade com a região da Pampulha e o município de Contagem. Além do benefício viário, a obra contribuirá para a despoluição da Lagoa da Pampulha, tendo em vista que os córregos que cortam a Vila São José deixarão de ser receptores de esgotos. A localização da intervenção proposta é apresentada na figura 1. A remoção total da vila São José, por sua vez, implica no reassentamento de todas as famílias moradoras deste assentamento, que apresenta péssimas condições sanitárias, de moradia e com graves situações de risco. A implantação de toda obra da Pedro II, prevista para ser concluída num horizonte de quatro anos, envolverá recursos de R$84 milhões. Na primeira fase da intervenção, de fevereiro 2002 a fevereiro de 2004, o projeto foi orçado em R$16 milhões (recursos do BNDES e PBH). Para o reassentamento, já foram concluídas as obras de construção dos 208 apartamentos em 13 prédios. Todo o processo vem sendo desenvolvido com o apoio de trabalho social que tem como objetivo planejar e executar ações de mobilização social, participação comunitária, disseminação de informações e acompanhamento social com a população a ser removida da Vila São José, em consonância com as diretrizes da Política Municipal de Habitação. 12 Figura 1 - Localização da Intervenção 13 2 - CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA E DA POPULAÇÃO BENEFICIADA Conforme pode ser observada na figura 2, nas faixas lindeiras ao córrego São José identifica-se uma região altamente adensada denominada vila São José, onde as famílias residem em péssimas condições sanitárias e ambientais. Mesmo considerando diferenças internas na vila, onde podem ser observadas áreas mais precárias e outras mais consolidadas, de um modo geral as moradias são de baixo padrão construtivo, apresentando condições de alto nível de insalubridade e submetidas a processos de instabilidade e risco. O Programa BH Vilas Urbanizadas objetiva, através da remoção e reassentamento de todas as famílias residentes na vila, melhorar as condições de habitabilidade da população, em termos de adensamento e qualidade da habitação assim como a recuperação físico-ambiental desta área, acabando com as situações de instabilidade e de risco. A implantação de interceptores irá eliminar os lançamentos inadequados de esgoto, interrompendo as condições de insalubridade e garantindo a melhoria na qualidade de vida da população da vila e de seu entorno. Aos benefícios advindos da remoção e reassentamento das famílias em condições de melhor habitabilidade somam-se, os efeitos altamente benéficos e necessários de reestruturação do sistema viário. O atual seccionamento da Av. Pedro II na altura do anel rodoviário e a inexistência dos trechos iniciais das Av. Tancredo Neves e João XVIII impedem uma melhor estruturação da malha viária municipal nesta região. A continuidade da Avenida Pedro II, juntamente com as Avenidas Tancredo neves e João XVIII, proposta pelo Programa BH Vilas Urbanizadas irá compor um dos mais importantes eixos de ligação da área central de Belo Horizonte, com as regiões noroeste e Pampulha. Atualmente o acesso aos bairros pertencentes à administração regionais Noroeste e Pampulha é feito através das avenidas Abílio Machado e Ivaí (vias 14 estas estranguladas na interseção com o Anel Rodoviário) e do sistema coletor da região oeste, bairros Padre Eustáquio e Carlos Prates, mais precisamente pelas ruas Pará de Minas, Padre Eustáquio e Três Pontas. Estas vias apresentam grandes restrições à circulação de veículos, pois possuem caixas viárias de largura reduzida. A continuidade da Av. Pedro II, no local onde hoje se encontra instalada a vila São José foi considerada prioritária para intervenção pelo PROGRAMA VIURBS, reforçando o enfoque dado a este componente no Programa Vilas Urbanizadas. Em função da reestruturação viária que o projeto de continuidade da av. Pedro II possibilita, este empreendimento foi incluído entre as intervenções necessárias à implantação do Programa de Reestruturação do Transporte Coletivo - BH BUS, já mencionado. Na concepção do BHBUS, que considera o ônibus como o meio de transporte mais adequado do município é preciso trabalhar os corredores de transporte para aumentar a capacidade de tráfego e, conseqüentemente, possibilitar uma melhor oferta dos serviços de transporte coletivo para atendimento à população do município. No entanto, as intervenções previstas pelo Programa BHBUS dependem da implantação de infra-estrutura viária para que possam ser viabilizadas. É o caso da estação Alípio de Melo, que só oferece viabilidade com a implantação da continuidade da Av. Pedro II, onde hoje se encontra instalada a vila São José. Portanto, a intervenção proposta na vila São José, pelo Programa BH Vilas Urbanizadas irá beneficiar e subsidiar a continuidade do Programa BHBUS através da a implantação da estação Alípio de Melo, que irá criar uma nova rota de priorização do transporte coletivo, medida de importância estratégica para o funcionamento do trânsito no município. Além disto, o projeto viário em questão irá possibilitar a articulação entre as av. Pedro II e Tancredo Neves, compondo mais um segmento da via transversal, denominada 210 que, no futuro, através da implantação de projetos 15 complementares em outras vias do município, pretende ligar a região do Barreiro, em Belo Horizonte, ao CEASA, em Contagem. Para possibilitar a implantação do projeto viário será necessária a canalização do córrego São José, em galeria fechada. O córrego São José integra a subbacia da represa da Pampulha, bacia do ribeirão do Onça. Entre os córregos não canalizados que compõem a bacia da Pampulha, o córrego São José aparece como responsável pela maior parcela de contribuição de carga orgânica à represa da Pampulha, em função da elevada taxa de ocupação em sua sub-bacia. A canalização e interceptação dos esgotos da vila São José irá reduzir consideravelmente os problemas de assoreamento e poluição da Lagoa da Pampulha. 2.1 Caracterização da população a ser reassentada Por estar inserida no contexto descrito no item anterior, a remoção da Vila São José é estudada há alguns anos e tanto os indicadores regionais, desenvolvidos pela Prefeitura a partir de 1993, quanto os levantamentos do perfil sócio-econômico dos moradores, o primeiro realizado pela URBEL Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte em 1995, confirmam um quadro de grande precariedade e vulnerabilidade desta população. O sistema de indicadores intra-urbanos da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte é composto pelo Índice de Qualidade de Vida Urbana (IQVU)2 e o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS). Estes índices foram calculados com base em indicadores georreferenciados nas 81 Unidades de Planejamento (UP) de Belo Horizonte, passando por diferentes níveis de agregação e gerando índices parciais até produzir o índices finais. Isto permitiu, através da ponderação de um conjuntos de variáveis, revelar um quadro espacialmente referenciado das condições de vida da população do município. 2 Sobre detalhes metodológicos do IQVU e IVS ver ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE BELO HORIZONTE, PBH 2000. www.pbh.gov.br. 16 O uso efetivo destes instrumentos iniciou-se em 1997 quando o IQVU passou a ser utilizado como critério espacial para distribuição do recurso do BolsaEscola. Em 2000 o IQVU foi adotado para repartição dos recursos do Orçamento Participativo. Por usa vez, o IVS permitiu a análise da cidade com um todo, tornando visíveis as áreas de maior exclusão social, subsidiando as ações do poder público municipal. Para a Unidade de Planejamento em que está inserida parte da vila São José, a UP Jardim Montanhês, o IQVU apurado coloca esta região entre os 10 (dez) piores índices do município, em termos de qualidade de vida. Acompanhando o IQVU, o IVS para esta mesma UP confirma este indicador entre os maiores índices de vulnerabilidade social no ranking municipal. Em relação a área ocupada pela vila São José, propriamente, após o estudo feito em 1995 pela URBEL, foi contratado um novo levantamento através do IPEAD - Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativa e Contábeis da Universidade Federal de Minas Gerais. Realizado entre maio e junho de 1998, este cadastramento foi censitário, o que permitiu uma confiável caracterização das condições de vida da população moradora da vila São José. Posteriormente, em 2001, para uma primeira etapa de reassentamento das famílias, foi atualizado parte do trabalho do IPEAD (425 domicílios), que resultou em um novo banco de dados com informações que embasam a caracterização socio-econômica dos moradores da vila. Esta base de dados foi utilizada conforme indicação no Termo de Referência que orienta a elaboração deste estudo. A vila São José possuía em 1998, de acordo com o levantamento censitário realizado pelo IPEAD, uma população de 8.567 pessoas distribuídas em 2.348 núcleos familiares e 2.258 edificações, sendo 100 (cem) comerciais. Atualmente, considerando a taxa de crescimento populacional das favelas da região noroeste, de 0,76% ao ano, e o reassentamento já realizado de 208 famílias, pode-se estimar uma população total de cerca de 8.201 pessoas. Adotando-se a taxa de crescimento dos domicílios para as favelas da mesma 17 região, 1,89% ao ano, pode-se estimar em 2.222 os domicílios do assentamento. Mantendo-se o percentual de coabitação apurado em 1998, estima-se que residem na vila São José 2.4173 famílias. O quantitativo exato do número de famílias a serem reassentadas, será conhecido após o cadastro censitário a ser realizado depois da aprovação do Programa. Os imóveis da vila são na grande maioria (94,1%) de caráter exclusivamente residencial. No entanto, verifica-se a existência de um pequeno percentual de imóveis de uso misto ou comercial, conforme mostrado na tabela 1, a seguir. Uso residencial Uso misto Uso comercial Total Tabela 1 - Tipo de uso dos Imóveis Percentual 94,1 3,3 2,6 100 Fonte : Pesquisa de Atualização Amostral dos dados do IPEAD - 2002 (PBH) As famílias são formadas, em média, por 4 pessoas e cerca de metade delas mora na vila há mais de 10 anos, como mostrado na tabela 2, a seguir, e são originárias, em sua maioria, do próprio município de Belo Horizonte. 3 Para apurar este valor foram considerados os dados dos Censos Demográficos de 1991 e 2000 (IBGE). A formula utilizada para o calculo das taxas de crescimento populacional e dos domicílios foi a taxa de crescimento geométrica anual que pode ser assim formalizada: (n x2/x1)-1 x 100, em que x1 é o valor anterior e x2 o valor posterior e n o intervalo entre os dois valores (Jacinto, 2004:120;126). Cabe ressaltar que tais dados podem estar subestimados visto às grandes distorções observadas entre os dados de população, quantidade de domicílios, densidades domiciliares e as respectivas taxas de crescimento anual produzidas a partir dos Censos Demográficos e de Estudos específicos realizados pela PBH em recente dissertação de mestrado sobre o assunto. Segundo esta, as dificuldades metodológicas para mensurar favelas são expressivas tanto no que se refere ao 'desafio dos números' associado à disparidade entre os recortes territoriais adotados pelos Censos Demográficos do IBGE e Estudos específicos realizados pelos Órgãos municipais responsáveis pelo planejamento e gestão em favelas. Para maiores detalhes ver Jacinto, Claudinéia F. "Contribuições metodológicas para o tratamento sócioespacial de favelas a partir do caso da Vila Senhor dos Passos em Belo Horizonte". Dissertação de Mestrado, IGC/UFMG, 2004. 18 Tabela 2 - Tempo de Moradia % Até 01 ano de 02 a 03 anos de 04 a 05 anos de 06 a 10 anos de 11 a 15 anos Mais de 16 anos Sem informação Total 7,0 5,0 7.1 21,7 15,3 38,7 5.2 100 Fonte : Pesquisa de Atualização Amostral dos dados do IPEAD - 2002 (PBH) Quanto à distribuição etária da população, os dados da pesquisa amostral confirmam a conclusão da pesquisa do IPEAD de 1998, indicando uma população predominantemente jovem. Mais da metade da população da vila tem até 21 anos (52,7%) e cerca de 39% da população total é formada por crianças e adolescentes (até 14 anos), como demonstra a tabela 3. Tabela 3 - Distribuição Percentual da População por Grupo Etário. Área Menor 1-4 5-14 15-19 20-29 30-39 40-49 50-59 1 ano anos anos anos anos anos anos anos Vila S. 3,2 10,5 25.4 11,8 20.9 12,6 9.2 3.3 José + 60 anos 3,1 Fonte : Pesquisa de Atualização Amostral dos dados do IPEAD - 2002 (PBH) A baixa escolaridade verificada no assentamento, dentre outras conseqüências sociais, certamente contribui para agravar o problema do desemprego local, bem como dificulta o acesso a ocupações de melhor remuneração. Conforme a tabela 4, 6,6% da população é analfabeta e a maior parte cursa ou cursou somente até o ensino fundamental. Chama a atenção o baixo número de moradores que cursaram o 2º grau. Tabela 4 - Grau de Escolaridade da População Grau Educação Infantil (pre-primário) Analfabeto Fundamental (1ºgrau) Incompleto Fundamental (1ºgrau) completo Médio (2ºgrau) Incompleto Médio (2ºgrau) completo 3º grau incompleto % 2,7 6.6 71,2 6,6 6,7 3,6 0,1 19 3º grau completo Indefinido Total 0,1 2,4 100 As principais funções ocupacionais exercidas por essa população, por ordem de ocorrência são: doméstica, pedreiro, servente de pedreiro, faxineiro, auxiliar de serviços gerais, balconista, ajudante de transporte, comerciante. O restante das ocorrências referem-se a um uma grande diversidade de ocupações, principalmente do ramo de serviços. Os dados da tabela 5, a seguir, indicam que é predominante entre os trabalhadores residentes neste assentamento a condição de empregado assalariado formal, no entanto, em índice baixo, 32%. Adicionando os trabalhadores assalariados sem carteira assinada, chega-se a 49% do total de trabalhadores na condição de assalariado. O número de desempregados e inativos é bastante expressivo. Tabela 5 - Situação Ocupacional da População Ocupação Autônomo Assalariado com carteira assinada Assalariado sem carteira assinada Desempregado/inativo Aposentados/pensionistas Outras situações Sem informação Total % 9,8 32,3 16.8 30,8 5,2 4,1 1,0 100 Fonte : Pesquisa de Atualização Amostral dos dados do IPEAD - 2002 (PBH) A situação da renda individual auferida pelos trabalhadores de vila São José é igualmente ruim, refletindo as atividades profissionais de baixa remuneração registradas na pesquisa amostral. Entre os 672 pessoas que declaram rendimentos, a maioria, cerca de 58,8%, conforme demonstra o tabela 6, recebem até 1 salário mínimo (SM) e 94,93% dos indivíduos recebem até 3 SM. Este dado, juntamente com os demais indicadores observados até então, demonstram a situação de vulnerabilidade sócio-urbana vivenciada pelas famílias do assentamento. É importante registrar este total de pessoas com rendimentos representa 63% das pessoas acima de 14 anos. 20 Tabela 6 - Renda Individual, em Salários Mínimos Intervalos de Renda em SM** Até 1 SM De 1 a 2 SM De 2 a 3 SM De 3 a 4 SM De 4 a 7 SM Acima de 7 SM Total Freqüência % 394 58,8 36,1 3,1 1.2 0,8 100 672 Fonte : Pesquisa de Atualização Amostral dos dados do IPEAD - 2002 (PBH) Quando avaliada a renda familiar, constata-se que, das famílias em que este dado foi informado, aproximadamente 37,4% recebem, no máximo, 1 salário mínimo, sendo que 155 destas famílias possuem rendimento de até meio salário mínimo. Na faixa compreendida entre 1 e 2 salários mínimos estão 30% das famílias pesquisadas e 17% recebem até 3 SM. Somente 15,3% das famílias pesquisadas recebem na faixa mais alta apurada na pesquisa, entre 3 e 5 salários mínimos. A pesquisa amostral também atualizou as informações sobre as condições dos imóveis da vila em relação a infra-estrutura básica, que continuaram bastante próximas aos levantados pela pesquisa do IPEAD. O atendimento do abastecimento de água e de energia elétrica, como pode ser verificado nas informações da tabelas abaixo, é bom, entretanto, parte significativa do fornecimento é realizado de forma improvisada, com a extensão da rede energia ou de água de morador para outro ou através de "bicos" , ligações clandestinas. Tabela 7 - Sistema de Abastecimento de Água % Padrão Próprio Cedida Outra Total 67,6 28,1 4,3 100 Fonte : Pesquisa de Atualização Amostral dos dados do IPEAD - 2002 (PBH) 21 Tabela 8 - Fornecimento de Energia Elétrica % Padrão próprio Cedido Outro Total 75,2 21,6 3,2 100 Fonte : Pesquisa de Atualização Amostral dos dados do IPEAD - 2002 (PBH) Quanto ao esgotamento sanitário, 99% do esgoto corre a céu aberto ou através de canalizações improvisadas, sendo lançado diretamente no córrego. Praticamente todo esgoto é despejado no córrego que atravessa a vila e que se torna uma verdadeira “vala negra”, com acúmulo de lixo pela dificuldade de realização da coleta, constituindo ameaça à saúde da comunidade. A descrição dos materiais construtivos empregados nas edificações da Vila retrata o uso de materiais construtivos de baixo custo e formas não convencionais de construir. Predominam construções simples de somente um pavimento, de alvenaria (98%), piso cimentado (60%), sem laje (79%), cobertura de telhas de fibro cimento (67%) e não rebocada externamente. Apesar esta configuração predominante, no entanto, podem ser encontrados barracões bastante precários de chão batido e cobertura improvisada com lona, madeira ou outro material. Estas habitações são relativamente pequenas, 69% possuem no máximo 5 cômodos e em sua maioria atingem apenas 30 m2 de área construída (52%). A tabela 9, apresentam os dados para o conjunto das habitações da vila apurado pelo IPEAD na pesquisa censitária, que indica 91,3 das moradias possuem no máximo sete cômodos. Tabela 9 – Número de Cômodos das Habitações % até 03 cômodos de 04 a 05 cômodos de 06 a 07 cômodos de 08 a 09 cômodos de 10 a 11 cômodos 12 ou mais Total 28.5 39,1 23,7 6,5 1,8 0,4 100 Fonte : Pesquisa Censitária IPEAD - 1998 22 Foram, também, apuradas na pesquisa informações sobre a organização comunitária dos moradores, sendo o nível de participação relativamente baixo: Apenas 18,7% dos entrevistados se identificam como participantes de alguma organização social (associação de moradores, igrejas, etc) da comunidade da Vila. Sendo destacada a participação em atividades religiosas a mais relevante. Pouco mais de 7% dos entrevistados ressaltaram a participação em conselhos, colegiados ou na associação comunitária. A percepção em relação a qualidade de vida da comunidade é que, em função das dificuldades do local, é ruim ou muito ruim para 33.3% dos entrevistados, 38,1 afirmam que é regular e para 21,2% consideram as condições de vida na vila como boa. 2.2 - Avaliação Imobiliária A avaliação censitária dos imóveis realizada pelo IPEAD/1998 apresenta alguns resultados importantes para a definição do universo a ser trabalhado: - predominam as construções com menos de 6 cômodos (68%); - prevalecem as construções de área menor que 30m² (52%); - predominam as avaliações do imóvel até R$5.000,00 (68,5%). A metodologia de avaliação das benfeitorias pelo IPEAD/98 foi com base nas informações levantadas cômodo a cômodo nos imóveis, nos parâmetros levantados junto à URBEL e na avaliação de massa similar à usada no IPTUPBH. E o relatório esclarece que as avaliações são estimativas. Optou-se por destacar a avaliação mais recente realizada em janeiro de 2004, pelo Cadastro Técnico de Remoção (Avaliação de Origem) realizado em 282 imóveis, pela equipe do PROAS/URBEL, para Primeira Etapa do Projeto Pedro II. Este cadastro é a identificação, registro e avaliação, por domicílio, das benfeitorias das famílias ocupantes. Os procedimentos executados obedeceram as seguintes etapas: 23 - Identificar, no projeto, os domicílios a serem afetados; - Abordar o morador com informações sobre o Projeto Pedro II. Após esta abordagem é pedida autorização para que se possa efetuar a avaliação de sua moradia; - Marcar com tinta spray o número colocado pela equipe de selagem em um local visível na casa; - Fotografar a marcação e a casa - Preencher no laudo de campo, todos os cômodos e áreas pertencentes ao imóvel, observando todos os detalhes construtivos, acabamentos e materiais utilizados na construção. Preenche-se também o estado de conservação da moradia, tempo de construção e localização do imóvel, itens importantes para fazer uma correção do valor do mesmo; - Elaborar croquis de todo o imóvel avaliado com as dimensões de todos os cômodos e áreas pertencentes; - Sistematizar as informações do trabalho de campo. No relatório de cada moradia foram apresentados os seguintes documentos: - Croqui do imóvel; - Laudo de Avaliação de campo; - Planilha de composição de custos - Fotografia da moradia, conforme Laudo de Avaliação O valor total da avaliação das 282 benfeitorias somou R$ 2.667.527,73 (dois milhões, seiscentos e sessenta e sete mil, quinhentos e vinte sete reais e setenta e três centavos). Este total integra situações muito diferenciadas: o menor valor de benfeitoria foi de R$ 635,65 (seiscentos e trinta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) e o maior, R$ 47.128,75(quarenta e sete mil, cento e vinte e oito reais e setenta e cinco centavos). O valor médio das benfeitorias é de R$9.459,31 (nove mil, quatrocentos e cinqüenta e nove reais e trinta e um centavos).4 4 Salário mínimo vigente em janeiro de 2005: R$260,00 (duzentos e sessenta reais) 24 A tabela 10 indica que a maioria das benfeitorias (78%) avaliadas têm um valor inferior a R$12.500,00 ( doze mil e quinhentos reais), valor para aquisição do imóvel pelo do PROAS. A minoria das benfeitorias (22,9%) avaliadas tem valor superior a R$12.500,00 (doze mil e quinhentos reais). Vale destacar que 17,3% das benfeitorias avaliadas tem valor inferior a R$5.000,00 (cinco mil reais). Tabela 10 - Avaliação das Benfeitorias pelo Cadastro Técnico de Remoção % Valor Intervalo Quantidade de casas R$12.500,00 221 78 R$ 1.630.201,09 > R$12.500,00 TOTAL 63 22 R$ 1.037.326,64 282 100 R$ 2.667.527,73 Fonte: PDRI Conforme já assinalado, os dados da avaliação das benfeitorias da Primeira etapa do Projeto Pedro II confirmam a precariedade da maioria das benfeitorias da Vila. Tais dados permitem indicar que a alternativa de reassentamento através dos apartamentos construídos no entorno imediato, configura-se como melhoria do padrão de habitabilidade desta população. 2.3 - Área Ocupada e Domínio Fundiário A ocupação da Vila se deu no fim da década de 70, sendo sua área física delimitada pelos bairros Jardim Alvorada, Alípio de Melo e São José, tendo a Av. Pedro II e o Anel Rodoviário como importantes referências urbanas, conforme indica o mapa a seguir. Quanto à propriedade fundiária, a maior parte da área pertence ao Poder Público Municipal, principalmente a faixa ao longo do córrego que corta a vila. Uma pequena parte, próxima ao limite da ZEIS, pertence a particulares 25 Figura 2 – Imagem Aérea da Vila São José em 2002 26 2.4 Infra-estrutura Urbana e Social Dentro dos limites da vila São José, não existem equipamentos sociais utilizados pelos moradores. Os serviços públicos de saúde, educação e assistência social que atendem esta comunidade estão nos bairros de seu entorno, com pode ser observada na figura 3. Obedecendo a um dos parâmetros estabelecidos para o projeto de reassentamento das famílias da vila São José, a escolha das áreas de reassentamento procurou garantir a proximidade desta com a de origem, buscando minimizar o impacto da mudança de localização da moradia e, conseqüentemente, sua interferência e impacto nos serviços de saúde e educação. Nesse sentido, a demanda relativa à educação deverá ser absorvida nas 03 escolas públicas próximas à vila, sendo duas estaduais e uma municipal, quais sejam: Escola Estadual Guia Lopes, Escola Estadual Ursulina Andrade Melo e Escola Municipal Ignácio de Andrade Melo. A infra-estrutura urbana é bastante precária e a remoção da vila não implicara em prejuízo à mesma. 27 Figura 04 - Infra-estrutura social 28 2.5 Descrição das Áreas para Implantação das Unidades Habitacionais As áreas selecionados para reassentamento das famílias da vila São José são seis quarteirões próximos à Avenida Pedro II: Quadras nº 48, 51,113,114,115 e 116. As áreas já encontram-se parceladas regularmente e dotadas de infraestrutura (redes de água, luz, telefonia, drenagem superficial e subterrânea e pavimentação asfáltica).5 As áreas em questão foram enquadradas como de Utilidade Pública para fins de desapropriação de interesse social, em decreto sancionado pelo Prefeito Municipal de Belo Horizonte As seis quadras do bairro Manacas e São José selecionadas apresentam os seguintes zoneamentos, em conformidade com a Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo de dezembro de 1996: Quadra 48 - ZAP Quadra 51 - ZAP/ZEIS Quadra 113 - ZAP/ZEIS Quadra 114 - ZAP/ZESI Quadra 115 - ZAP Quadra 116 - ZAP Os terrenos das áreas de reassentamento encontram-se inseridos nas vertentes do vale do córrego São José, caracterizadas por encostas com baixas a médias declividades variando no máximo a 12%. São constituídos por saprólitos e solos residuais de granito-gnaisse, apresentando-se atualmente decapeados, com indícios de processos erosivos laminares. Suas características geotécnicas apresentam-se favoráveis à implantação de moradias, pois confere aos terrenos alta capacidade de suporte, favorecendo a instalação das fundações das edificações e dos sistemas de esgotamento 5 Projeto Pedro II – Remoção e Reassentamento da Vila São José – PBH/URBEL, 1999 29 sanitário e de drenagem pluvial. Ressalta-se, entretanto, a vulnerabilidade destes terrenos à erodibilidade, quando expostos. Figuras 4 - Limite da Vila São José e Área de Reassentamento 30 Figura 5 - Área de Reassentamento e de Intervenções Viárias 31 FIGURA 06 - Vista da Área da Área para Reassentamento. ÁREA PARA REASSENTAMENTO VILA SÃO JOSÉ Fonte: Relatório Conceitual, PBH 2004 32 3. DIAGNÓSTICO Conforme registrado no Plano de Controle Ambiental (PCA) do Projeto Pedro II, a execução das obras será feita por etapas, devido ao grande porte das intervenções e disponibilidade de recursos. Neste sentido, o primeiro contrato licitado foi para execução das obras de remoção e reassentamento, e Projeto Social (Primeira Etapa do Projeto Pedro II, com OS de 12/12/2001)6. 3.1- Dinâmica Social 3.1.1 - Estrutura Participativa da PBH Ao se discorrer sobre a dinâmica social e o processo de participação em Belo Horizonte é inegável afirmar que na última década cresceram significativamente as instâncias de participação direta de grupos organizados da população (movimentos sociais, organizações reivindicativas, associações de classe, ONGs, etc) na elaboração, implementação e controle de políticas públicas. Isto decorre em grande medida pela própria tendência de crescente organização autônomo da população alicerçada numa crescente conscientização de seus diretos. Entretanto é também inegável afirmar que a Prefeitura de Belo Horizonte, notadamente, a partir da gestão democrático popular (1993), criou e incentivou vários canais de participação popular. Dentre os inúmeros canais de participação implementados no município na última década pode-se destacar: Orçamento Participativo, Orçamento Participativo da Habitação, Conferência Municipal de Habitação, Conferência Municipal de Política Urbana e Social e Conferência Municipal de Assistência Social. 6 Projeto Avenida Pedro II – Reestruturação Viária – Reassentamento Habitacional – Secretaria Municipal de Planejamento – fevereiro de 2000 33 Outro aspecto importante é a estrutura de Conselhos canais institucionais de participação e controle social na gestão local das políticas públicas municipais. Em Belo Horizonte, tem-se um número razoável de Conselhos em atuação. A figura a seguir ilustra este cenário. 3.1.2 - Estrutura Participativa da Sociedade Civil na Vila São José O presente PDRI, tem dentre suas diretrizes básicas, a implementação de formas participativas da população afetada, em todas as etapas do projeto. Conforme mencionado, o município de Belo Horizonte conta, com uma estrutura de participação social expressa pelas inúmeras entidades que atuam no município, quer em seus inúmeros conselhos quer através das sociedades/associações constituídas no âmbito das regiões urbanas em que se encontra subdividida a ação municipal. Entretanto, ao se tratar de ação que afeta diretamente famílias específicas não resta dúvida que a condução do processo participativo a partir das entidades representativas municipais/regionais não se faz suficiente. Neste caso, a necessidade de envolver a população diretamente afetada no processo de reassentamento. Tal assertiva parte do pressuposto que participação popular na gestão do projeto deve ser entendida como instrumento indispensável para o exercício da cidadania e para a construção do projeto político da democracia e da promoção do desenvolvimento com justiça. Nessa ótica, deve ser exercida no seu significado pleno, numa inversão da ordem tradicional de participação limitada. Conforme explicitado neste documento, trata-se aqui de 2.417 famílias que perderão seus atuais locais de moradia.São, portanto, estas famílias que deverão ser mobilizadas e envolvidas no processo de discussão das propostas ora apresentadas. 34 Neste sentido, é esta população que, em primeira instância, constitui-se como os principais atores do processo participativo que se propõe no âmbito do presente plano. Parte-se do pressuposto que é esta população que deverá, num primeiro momento, partilhar as decisões e controlar parte do espaço político gerado pela ação do projeto. Inúmeras ações foram desenvolvidas no sentido de mobilizar e envolver as famílias diretamente afetadas com as ações do Projeto, até o momento7. Como procedimento básico desse trabalho, foram desenvolvidas ações de sensibilização da população, a partir de reuniões com lideranças da Vila e lideranças do entorno. Neste sentido, pode-se registrar o seguinte processo metodológico de trabalho, em dezoito meses. • Fase 1: Abordagem Inicial - Sensibilização da população - Atualização dos dados da Pesquisa do IPEAD - Identificação e sensibilização das lideranças da área - Apresentação e discussão do Projeto - Formação de grupos representativos para acompanhamento das obras e do processo de reassentamento - Formação de Grupo de Referência com lideranças da Vila e lideranças do entorno.8 Segundo o Projeto da Equipe Social “...A necessidade do Grupo de Referência, portanto, se dá no intuito de estabelecer pontos de comunicação direta com a Vila e o entorno, na formação de um elo de ligação entre Equipe Social/SCOMGER-NO/Entorno. Os participantes desse Grupo, se apresentam 7 Foi constituída a equipe do Projeto Social, para a Primeira Etapa do Projeto Pedro II, composta por um coordenador, 08 técnicos, 05 estagiários, 04 profissionais para o suporte administrativo, além de contar com 03 representantes da comunidade incorporados à equipe, Projetos da Equipe Social Pedro II, PBH, 2002 (Ver anexo 2) 8 A Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo – 7.166/96 no Capítulo VI – Do Grupo de Referência das ZEIS 1 e ZEIS 3 incentiva a criação de Grupo de Referência para acompanhar as ações públicas. 35 também como multiplicadores de informações/ações que se estabeleceram durante o processo de intervenção direta e após o mesmo (Pós-Morar)”9 O Grupo de Referência foi constituído por representantes escolhidos, em assembléia, entre as famílias a serem reassentadas. A participação das lideranças do entorno cumpriu o objetivo de iniciar o trabalho de integração entre os futuros moradores do conjunto habitacional e a comunidade do bairro. Esclareceu-se às lideranças do entorno sobre as características do empreendimento: números de unidades, processo de aquisição do direito à moradia, forma de construção, previsão de mudança para o conjunto, características sócio econômicas das famílias atendidas, além da consideração das expectativas da população do entorno quanto ao reassentamento. Neste sentido vale destacar a posição do presidente da Associação PróMelhoramentos do Bairro São José: “...Queremos que as milhares de famílias da favela São José tenham um local digno para viver, com ruas alinhadas e urbanizadas e dotadas de saneamento básico e urbanização...e não do jeito que se encontram atualmente, morando junto do córrego do Pastinho...” (Diário da Tarde, 10 de junho de 1991). • Fase 2: Remoção - Formação de Grupos por opção de reassentamento ("Grupo PROAS" e "Grupo do apartamento") - Promoção de reuniões com as comissões de acompanhamento da remoção, visando ao repasse de informações sobre as etapas dos trabalhos e a preparação para a mudança - Promoção de discussões sobre normas de uso e ocupação das áreas comuns, constituição de condomínio e elaboração de regimentos internos - Visita a outros conjuntos construídos pela Política Municipal de Habitação, como o Conjunto Habitacional Itatiaia Serrano, construído em regime de mutirão autogestionário e os conjuntos habitacionais na Vila Senhor dos Passos - 9 Promoção da mudança das famílias Projetos da Equipe Social Pedro II, PBH, 2002 36 • Fase 3: Assentamento Definitivo - acompanhamento social às famílias no novo espaço de moradia. Foram desenvolvidos ainda os seguintes projetos interdependentes: - Jardins Produtivos e Reciclagem, com foco na geração de trabalho e renda; - Educação Ambiental, com ênfase na apropriação dos espaços públicos, coletivos e individuais; - Grupo de Referência, com eixo na participação comunitária, acompanhamentos dos projetos, informação e construção do pós morar sustentável; - Memória da Vila, com a finalidade de registrar e subsidiar futuras ações para o Projeto; - Comunicação, com o objetivo de informar, formar, divulgar e envolver todos os atores na consecução do Projeto. Cada projeto realizou cerca de 20 (vinte) reuniões com a comunidade da Vila São José. Vale destacar o Projeto de Educação Ambiental que trabalhou o fomento e formação de uma Comissão de Educação Ambiental, que dentre outras atividades, fez monitoramento dos impactos da obra. A ampliação do processo participativo junto à população diretamente afetada na Segunda e última Etapa do Componente Integração da Pedro II deverá ter como referência o processo desenvolvido pela equipe do Projeto Social da Primeira Etapa desse Projeto. Quanto a integração da comunidade da Vila São José à população anfitriã, verificou-se, pelas visitas a campo e entrevistas com técnicos da equipe social, que não foram registrados atos de rejeição da população do bairro São José e do entorno ao reassentamento das famílias da Primeira Etapa do Projeto Pedro II. Pode-se avaliar, portanto, que o trabalho desenvolvido pela referida equipe na mobilização das lideranças do entorno e formação do Grupo de Referência foi positivo. 37 3.2 - Proteção Ambiental da Área onde a População será Reassentada A vila São José possui área aproximada de 14,5 hectares, com densidade populacional de 643 habitantes por hectare, apresentando precária condição santária-ambiental. A área de reassentamento, nas proximidades da vila, ocupará 2 aproximadamente 80.000 m , distribuídos em 6 quarteirões. Para a construção do conjunto habitacional que abrigará as famílias provenientes da vila São José foi elaborado um Relatório de Impacto Ambiental e um Plano de Controle Ambiental prevendo todas as medidas necessárias para mitigar os impactos causados por esta intervenção. 3.3 - Restabelecimento de Condições Econômicas ou de Geração de Renda Como apresentado no item de caracterização da população da vila São José, as principais atividades profissionais dos moradores estão vinculadas aos setores de prestação de serviços e comércio, com destaque para os serviços doméstico, auxiliar de serviços gerais, balconistas e faxineiros. Outro ramo que emprega número expressivo de moradores da vila é o setor de construção civil, sendo a atividade que reúne o maior número de profissionais quando somados pedreiros e serventes. A pesquisa amostral indica que, aproximadamente, 9% dos moradores declararam exercer profissões ligadas a construção civil. Estes trabalhadores exercem suas atividades profissionais nos bairros Alípio de Melo, Castelo e São José, parcelamentos formais próximo à vila São José, e na área central de Belo Horizonte. Estes quatro locais são o destino de 52% dos trabalhadores residentes no assentamento. O deslocamento para o trabalho é feito a pé ou utilizando o transporte coletivo. 38 A taxa de desemprego é expressiva, 30%, e atinge com mais força os jovens. Dentre os fatores que dificultam a obtenção de um emprego, alegados pelos entrevistados, estão: a baixa escolaridade, falta de experiência, o grande número de pessoas disputando as vagas disponíveis e as dificuldades acarretadas por morar na vila (preconceito quando revelam o local de moradia). Dada a realidade dos trabalhadores residentes na vila, portanto, a proposta de reassentamento deve contemplar algumas medidas que permitam que não sejam perdidas as vantagens locacionais que facilitam o desenvolvimento das atividades profissionais, procurando, ainda, alcançar novas condições que colaborem na superação das dificuldades atualmente observadas. A manutenção da maioria das famílias próximo ao local de origem é uma primeira medida importante para que sejam garantida as condições favoráveis de deslocamento para as pessoas que trabalham nos bairros próximos a vila São José. Num segundo momento, deve ser previsto o desenvolvimento de um estudo que identifique os nichos de mercado e oportunidades profissionais na região, para que sejam organizados, pela equipe de acompanhamento social do PDRI, oficinas e cursos de qualificação, que ampliem as oportunidades de inserção profissional. Além destas atividade, a equipe social deverá orientar os interessados se insiram no Programa Municipal de Inclusão Produtiva e de Geração de Trabalho e Renda. No caso específico dos profissionais da construção civil, deve-se atentar que durante quatro anos as obras de construção das habitações, de saneamento e implantação do sistema viário, demandarão significativo número de trabalhadores. Uma medida que pode ser bastante eficaz para a ampliação das oportunidades de emprego é o aproveitamento da mão de obra local. Este medida, deve ser estabelecida com procedimento a ser seguido pela empresa que executará a intervenção, de forma a que, mesmo se necessário, os trabalhadores que 39 possuem a qualificação adequada sejam treinados e qualificados profissionalmente para que estejam habilitados para serem contratados. Constata-se, por outro lado, alguns ganhos para as famílias que forem reassentadas, na medida que a nova condição habitacional permitirá melhores condições ambientais e sanitárias, contribuindo para saúde dos trabalhadores, a melhoria do acesso ao transporte coletivo, facilitando os deslocamentos e um novo endereço em local adequado, permitindo que seja superado o estigma de “morar na favela”, elevando a auto estima dos trabalhadores. Um outro fator a ser avaliado no processo de reassentamento, é quanto às famílias residentes na vila que tem a sua subsistência vinculada a economia do próprio assentamento. Este grupo é formado por cerca de 100 comerciantes, prestadores de serviço e trabalhadores informais que possuem estabelecimentos no interior da área que será alvo da intervenção, muitas vezes contíguo a sua residência. Os que optarem pelo reassentamento nas novas unidades habitacionais, não terão como dar continuidade de sua atividade nos moldes praticados atualmente. Por fim, destaca-se um grupo de moradores que têm como atividade profissional o transporte em carroça à tração animal. A equipe social responsável pelo acompanhamento do reassentamento das 208 famílias, já transferidos da vila, relacionou 26 moradores que desenvolvem esta atividade. Para o atendimento destas situações, que são fundamentais para a recuperação econômica e financeira das famílias, alternativas se apresentam viáveis: - Indenização em dinheiro pela benfeitoria comercial. - Construir unidades comerciais e/ou de serviços em áreas remanescentes e próximas as novas habitações; - realizar levantamento do número exato de carroceiros e da expectativa da manutenção de tal atividade, para verificar possibilidade de implantação de espaços para estacionamento de carroças e tratamento dos animais (baias). 40 Considerando a realidade sócio-econômica apresentada e as potencialidades que as intervenções do Programa BH Vilas Urbanizadas possibilitarão, recomenda-se a construção de unidade comerciais e/ou de serviços em áreas remanescentes e próximas as novas habitações. 3.4 - Medidas Para Prevenir Novas Ocupações As medidas para prevenir as ocupações das áreas liberadas para as obras a serem implantadas pelo Programa Vilas Urbanizadas estão relacionadas com as atividades de informação sobre as intervenções do Programa e a discussão das alternativas de reassentamento visando o estabelecimento de um pacto entre o poder público municipal e a comunidade, para prevenir novas ocupações. Estas medidas estarão detalhadas no item "Proposições", que trata exclusivamente da implantação do processo de reassentamento.. 41 II - POLÍTICA DE REASSENTAMENTO – CONJUNTO TAQUARIL 42 1. JUSTIFICATIVA DA POLÍTICA DE REASSENTAMENTO Não obstante os claros benefícios que as intervenções propostas pelo Programa BH Vilas Urbanizadas possam trazer para as populações residentes no Conjunto Taquaril, deve-se reconhecer os possíveis efeitos negativos inerentes aos processos de remanejamentos populacionais involuntários como a perda de laços de vizinhança e parentesco; de redes de apoio e solidariedade; o aumento das despesas anteriormente não existentes, como impostos e taxas de condomínios, dentre outros. Para que sejam evitadas as situações mencionadas, é necessário um conjunto de ações que garanta condições, na medida do possível, para a reconstrução do habitat com a melhoria da qualidade de vida da população reassentada, objeto de um Plano de Reassentamento. Entretanto, devido ao estágio das informações técnicas disponíveis no momento (as propostas de intervenções encontram-se em fase de desenvolvimento de projetos básicos) optou-se por elaborar, nesta fase do Programa, a Política de Reassentamento. Esta opção respalda-se pela experiência e inserção da PBH, através da URBEL, junto às intervenções em vilas e favelas de Belo Horizonte, somadas à prerrogativa estabelecida pelo Órgão financiador de que o Plano de Reassentamento seja elaborado quando todas as informações técnicas detalhadas da ação que gera o reassentamento estiverem disponíveis. Ressalte-se a experiência da URBEL, a partir do acúmulo na implementação da política habitacional no município, na execução de obras aprovadas pela comunidade no processo do Orçamento Participativo (OP) em vilas e favelas e na elaboração participativa, compreendendo a discussão e apresentação de instrumentos de planejamento urbano, com a população do Taquaril. A Figura 1 ilustra as intervenções urbanas realizadas no Conjunto Taquaril a partir do OP, dentre outros. A elaboração do Plano Diretor em 1995 e sua revisão em 2001, ambos com ampla participação da comunidade do Taquaril, além da deliberação por parte 43 da população local das obras de urbanização aprovadas no OP, com o reassentamento monitorado de 25 famílias e o envolvimento de lideranças e representantes comunitários na organização da comunidade para lidar com as graves situações de risco através do Núcleo de Defesa Civil - NUDEC - e na participação das ações do CREAR - Centro de Referências das Ações da Área de Risco são alguns exemplos. 44 Figura 07 – Situação das Intervenções Urbanas Realizadas no Taquaril 45 2 - CLASSIFICAÇÃO DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO A Lei municipal 7.166 de 27 de agosto de 1996 estabelece normas e condições para parcelamento, ocupação e uso do solo urbano do município. Esta legislação determina, entre coisas, que o território do município é considerado área urbana, dividindo-se em zonas, de acordo com diretrizes estabelecidas no Plano Diretor. De acordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Belo Horizonte, de 1996, o Conjunto Taquaril está inserido nos seguintes zoneamentos: • ZAR 2: Zona de Adensamento Restrito 2 • ZEIS 3: Zona Especial de Interesse Social 3 • ZP1: Zona de Proteção 1 A área do Taquaril que está sendo objeto deste Programa localiza-se na ZEIS 3 e na ZP 1. A ZEIS 3 abrange os setores 6, 7, 9 e parte dos setores 2, 5, 10, 11 e 12. A ZP 110 abrange a parte dos setores 2 e 5 em suas partes baixas, às margens do Córrego Olaria e a parte dos setores 10, 11 e 12 onde eles fazem o limite do Conjunto. (Figura 9). As ZEIS são definidas como as regiões nas quais há interesse público em ordenar a ocupação, por meio de urbanização e regularização fundiária, ou em implantar ou complementar programas habitacionais de interesse social, e que se sujeitam a critérios especiais de parcelamento, ocupação e uso do solo. As ZEIS 3, especificamente, são os assentamentos realizados pelo Executivo Municipal em anos anteriores (fato acontecido principalmente na década de 80), em que os conjuntos habitacionais de interesse social foram implantados sem que fosse executada a infra-estrutura básica. Já como ZP 1 são classificadas as áreas destinadas a preservação ambiental, situação também encontrada no Taquaril. 10 Segundo o Plano Diretor de BH, esta área, também, denominada como área de proteção no Plano Diretor do Taquaril, não deveria ter sido ocupada. 46 Figura 08 - Uso e Ocupação do Solo 47 Em resumo, para a implantação do Programa BH Vilas Urbanizadas – Taquaril Urbanizado poder-se-á deparar com as seguintes situações que, por sua vez determinarão os seguintes procedimentos: - Assentamentos (moradias) em áreas públicas – necessidade de remoção – indenização de benfeitorias, assegurando o valor mínimo para o reassentamento em outro imóvel ou oferta de nova moradia, em tudo se observando os critérios estabelecidos no Programa; - Assentamentos (moradias) em áreas públicas – em que é desnecessário a remoção - lei autorizativa de alienação do bem e, sendo o caso, de desafetação; titulação do posseiro; - Instalações comerciais11 – necessidade de remoção – desapropriação – verificação da melhor forma – desapropriação comum; desapropriação por zona; estudos de aplicação do instituto da operação urbana. Outras legislações também vêm oferecer influência direta nos processos de reurbanização, dentre as quais se encontram as de natureza ambiental, que não só asseguram mas também obrigam determinadas intervenções, (desde a Constituição Federal, a Constituição Estadual, a LOMBH, até a Lei Municipal 4253/85, regulamentada pelo Decreto Municipal 5893/88), bem como o arcabouço legal que emoldura a questão da habitação no Município, quais sejam: a lei 6326/93, regulamentada pelo decreto 7613/93, que cria o Fundo Municipal de Habitação, a lei 6508/94, que cria o Conselho Municipal de Habitação, a Lei de regulamentação das ZEIS e a lei que instituiu o PROAS Programa de Reassentamento de Moradias por Obras Públicas ou Situações de Risco. Nessa conformidade, pode-se assim sistematizar as leis que formam o arcabouço jurídico para as ações urbanísticas pretendidas: - Constituição Federal de 1988 - Lei Federal 10.257 de 10.07.01- Estatuto da Cidade - Emenda Constitucional 26/00 11 Quando se tratar de instalações comerciais- comércio familiar, irregular ou não, em áreas cuja propriedade não é do titular do comércio, deverão ser utilizados os mesmos critérios para as moradias acima listados, já que aquele comércio muitas das vezes é a forma de sustento da família, garantindo ao comerciante nova forma de sustento. 48 - Dec. Lei Federal 3365/41- Desapropriação - Lei Federal 6766/79 – Parcelamento do Solo urbano - Lei Federal 10.406/02 – Código Civil Brasileiro - Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte - Lei Municipal 7165/96- Plano Diretor - Lei Municipal 7166/96 - Parcelamento, ocupação e uso do solo - Lei Municipal 4253/85 – Meio ambiente - Lei Municipal 6326/93 – FMH, e 6508/94 – CMH (política habitacional do município) - Leis Municipais específicas que se fizerem necessárias, 49 3. FUNDAMENTOS DA POLÍTICA DE REASSENTAMENTO NO TAQUARIL 3.1 Caracterização da intervenção A intervenção a ser implementada pelo Programa BH Vilas Urbanizadas é baseada nas propostas de Revisão e Detalhamento das Áreas de Ocupação Restrita do Plano Diretor do Conjunto Taquaril (Ver Figura 9). São detalhadas a seguir, as diretrizes e principais etapas de intervenção. Cabe ressaltar que tais propostas foram elaboradas a partir da identificação dos aspectos físico-ambientais, sócio-econômicos e organizativos e fundiáriolegais, abordados na etapa de levantamento de dados que, com base nesta identificação, foi possível detectar as carências e necessidades locais e ao mesmo tempo comprovar a solidez da região. Foram consideradas, ainda, a influência da difícil topografia local sobre as soluções para a rede viária aliadas às soluções no entorno, no saneamento e na salubridade das unidades habitacionais. As propostas de reorganização da ocupação foram amparadas em diretrizes que garantem, além da integração da área em estudo com o entorno, o aproveitamento racional da topografia local com a da região, respeitadas suas características topográficas. Os principais pontos abordados na elaboração das propostas são: • Reestruturação do sistema ambiental; • • • Reestruturação do sistema de saneamento; Reestruturação do sistema viário; Reestruturação do sistema habitacional; As diretrizes que norteiam a implantação das intervenções propostas encontram-se no quadro resumo a seguir. 50 Quadro 01 - Resumo de Diretrizes para Intervenção Urbana no Taquaril Diretrizes para implantação das intervenções Item • • Abertura de veiculares (ruas) vias Áreas verdes talvegues abertos nascentes - O projeto para abertura de vias dentro do Conjunto Taquaril deverá estar de acordo com as leis da ZEIS e do Profavela; - Baias a cada 100 metros para as vias com caixa de 5,0 m; - Implantação conjunta de redes de esgoto e dispositivos de drenagem de acordo com a situação local; - Tratamento de áreas remanescentes para encontro e lazer; - Projeto de paisagismo em toda extensão da via; - Equacionamento imediato e acompanhamento social para as famílias que serão relocadas; - Implementação de sistemas de retorno em vias sem saída; - Resolução de acessos para os domicílios que permanecerem ao longo da via; - Implantação de mobiliário urbano de acordo com a necessidade: lixeiras, pontos de ônibus, placas de indicação e sinalização, numeração das casas; - Pavimentação asfáltica em vias com declividades inferiores a 25% e poliédrica em vias com declividades superiores a 25%; - Implementação de escadas no passeio em pelo menos um lado da rua nos trechos com declividades superiores a 15 %; - Implementação de escadarias sem acesso veicular em trechos com declividades superiores a 30%. – e - Implantação de redes interceptoras de esgoto nas laterais do talvegues de acordo com os mapas de 51 Item Diretrizes para implantação das intervenções propostas de intervenção, respeitando-se a distância mínima de 15 metros de cada lado; - Implantação de vias veiculares ou de pedestres sobre as redes interceptoras de esgoto, com especial atenção para instalação de guarda-corpos para proteção de pedestres; - limpeza do talvegue – remoção de lixo e entulho; - desurbanização: retirada das edificações dentro da área limitada pelos interceptores, com imediata relocação e acompanhamento social das famílias afetadas; - Revegetação das encostas e proteção contra erosão; - Implantação de áreas de lazer e quadras de esporte em áreas onde as dimensões e topografia do terreno permitirem (com eventual aproveitamento de platôs das casas removidas) - implantar iluminação e mobiliário urbano adequados ao longo das vias; - intervenções físicas para preservação de nascentes; acompanhamento social: mobilização da população para apropriação, proteção e manutenção dos espaços públicos • Implantação de novas Urbanização e paisagismo: praças - Mobiliário urbano: implantação de bancos, telefones (centralidade) públicos, lixeiras comuns e especiais para coleta seletiva, sinalização e pontos de ônibus (sempre que necessário), além de iluminação pública adequada; - - Implantação de jardins e plantio de árvores com anéis na base em diâmetros adequados ao seu porte para facilitar o escoamento das águas das chuvas para as raízes, além de instalações de irrigação e drenagem; - Implantação de quadras de esporte quando as dimensões permitirem; e brinquedos 52 Item • Habitação Diretrizes para implantação das intervenções - Pavimentação com revestimentos permeáveis para facilitar infiltração de águas no solo. - Projetos em acordo com a legislação municipal pertinente e diretrizes da URBEL. Para as edificações lineares ao longo das vias deverão ser seguidas as seguintes diretrizes adicionais: Os prédios deverão se localizar a montante da via de forma que o pavimento inferior possa abrigar comércio e serviços, sem prejuízo das condições de iluminação e ventilação demandadas pelos pavimentos residenciais nos andares superiores; Deverá ser estudada a utilização da estrutura dos edifícios para contenção de encostas sempre com intuito de otimizar investimentos públicos; Deverá se utilizar, sempre que possível, acesso em níveis diferenciados, com aproveitamento das vias de pedestres paralelas ao sistema viário principal, no fundo dos edifícios, possibilitando menor esforço para acesso dos pavimentos superiores. 53 Figura 9 - Propostas das Intervenções 54 Definidas as diretrizes e as propostas de intervenção, estas foram hierarquizadas em cinco etapas que forma ordenadas conforme a maior necessidade de cada obra e regiões mais carentes de intervenções. (Ver Figura 04). 1a. Etapa A primeira etapa abrange o Setor 11 e uma pequena parte do Setor 5, incluindo-se aí a consolidação de um trecho da Rua Teixeira dos Anjos. - Esta etapa está sendo também chamada de etapa de preparação para as subsequentes. Nela serão tomadas as medidas mais urgentes e será construída a base para as etapas seguintes. - Todas as famílias em condições de risco iminente serão relocadas nesta etapa pelo PROAS e a área a ser desocupada será transformada em área de preservação. - Também nesta etapa serão construídos os primeiros prédios, que abrigarão as primeiras famílias a serem relocadas na próxima etapa, juntamente com o primeiro trecho da Via do Córrego Olaria. - grande diferencial desta etapa para as outras é que nela está sendo proposta uma grande mobilização social abrangendo toda a comunidade e órgãos governamentais, como Controle urbano e SLU, para conscientização e participação de todos no processo de implantação do Plano. 2a. Etapa Esta etapa abrange o Setor 5 e uma pequena parte do Setor 2. - Serão feitas melhorias nas vias existentes e vias estruturadoras veiculares serão abertas, sendo elas: - Trecho da Via do Córrego; - Via do Setor 5; - A centralidade principal será construída nesta etapa juntamente com a reforma do campo de futebol e contará com praça poliesportiva, CAC (Centro de Apoio Comunitário), 1 edifício de uso misto e 1 escola. - Esta segunda etapa deverá começar com a remoção das primeiras famílias para os edifícios construídos na etapa anterior. Com isso as casas destas famílias poderão ser demolidas para a construção de edifícios que 55 abrigarão as demais famílias a serem relocadas nesta etapa para e as primeiras que serão relocadas na etapa seguinte. - Também nesta etapa será feita a reforma das rua JK, Ouro Branco e um trecho da Arco Íris, consolidando assim uma importante ligação do Taquaril com a Estrada Antiga de Nova Lima e um acesso veicular aos setores 10, 11 e 12. 3a. Etapa Esta etapa abrange os setores 10, 11 e 12 que são os mais carentes de infraestrutura do Taquaril. - Além das melhorias nas vias existentes uma nova via veicular será aberta problema de. Sendo ela: - Rua Arco Íris – extensão e alargamento; - Nesta etapa serão construídos 16 edifícios com 20 apartamentos cada um, somando um total de 320 apartamentos. - A etapa 3 seria prioritária em relação à etapa 2, devido à carência de infraestrutura da área que ela abrange. No entanto optou-se por fazer a etapa 2 primeiro pela necessidade de se instalar um interceptor de esgoto ao longo do Córrego Olaria. 4a. Etapa Esta etapa abrange os setores 1 e 2. • As vias veiculares a serem executadas nessa etapa são: Via do Córrego Olaria – continuação; Via do Setor 2; Rua Diniz Dias – alargamento; Rua São Lucas – consolidação de via existente. - As últimas habitações serão construídas nesta etapa. 5a. Etapa A etapa 5 atenderá os setores 6, 7 e 9 que. Essa área ficou para a última etapa por ser um das melhores estruturadas do Taquaril. - Serão abertas 2 novas vias veiculares: - Via do setor 7; - Rua São Francisco – consolidação de via existente. 56 Figura 10 - Hierarquização das Propostas 57 3.2 Definição da População a ser Reassentada Os motivos que causarão o reassentamento das famílias são: - Desocupações das áreas de risco geológico muito alto; - Desocupação das áreas de proteção ambiental - APP; - Interferência com as obras - abertura de vias; Serão reassentadas 1.167 famílias (Ver Figura 03 - Relocações e Reassentamentos). A Tabela O1 apresenta a quantidade de famílias que será reassentada, de acordo com as causas do reassentamento. Tabela 11 Quantitativos das Remoções /Causa 1 2 3 4 5 Motivos das Remoções Áreas de proteção ambiental /APP Áreas de proteção ambiental /APP + Risco muito alto Interferência com as obras Interferência com as obras + Risco muito alto Risco muito alto pontual Total Nº de Remoções 441 437 149 106 34 1.167 Fonte: Revisão do Plano Diretor do Taquaril (PBH/URBEL, 2001) Observa-se na Tabela 12 que as remoções em áreas de risco muito alto somam 577 famílias, no entanto, 437 destas famílias além de estarem em áreas de risco muito alto, também se encontram em área de preservação permanente. As remoções em função de obras somam 255 famílias, das quais 106 famílias além de ocuparem áreas diretamente afetadas pelas obras, também estão localizadas em áreas de risco muito alto. Em alguns locais pouco adensados foi feito um estudo de custo para conferir se seria mais viável a abertura de uma via para atender poucas famílias ou a remoção destas. Na maioria dos casos é mais barato a abertura das vias. Quando houve empate de valores optou-se pela abertura da via evitando, assim, o impacto social gerado pelos reassentamentos. Esta regra não foi obedecida nos setores 10 e 11 onde a topografia é muito acidentada apresentando forte restrição à ocupação. Optou-se, então, pela 58 criação nestes setores de áreas de preservação ambiental. Esta opção resulta num maior número de reassentamentos e conseqüente custo mais elevado, no entanto evita as dificuldades técnicas de abertura das vias nestes setores. 59 Figura 11 - Relocações e Reassentamentos 60 3.3 Caracterização Sócio-Econômica da População a ser Reassentada O sistema de indicadores intra-urbanos da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte é composto pelo Índice de Qualidade de Vida Urbana (IQVU)12, Mapa de Exclusão Social e o IVS (Índice de Vulnerabilidade Social). Estes índices foram calculados com base em indicadores georreferenciados nas 81 Unidades de Planejamento – UP - de BH, passando por diferentes níveis de agregação e gerando índices parciais até produzir os índices finais. Isto permitiu, através da ponderação de um conjuntos de variáveis, revelar um quadro espacialmente referenciado das condições de vida da população do município. Em 2000, o IQVU foi adotado para repartição dos recursos do Orçamento Participativo. Por usa vez, o IVS permitiu a análise da cidade com um todo, tornando visíveis as áreas de maior exclusão social, subsidiando as ações sociais do poder público municipal. O Conjunto Taquaril juntamente com a Vila Alto Vera Cruz, a Vila da Área e os Bairros Caetano Furquim e Granja de Freitas, é uma das 81 unidades de planejamento, a UP Taquaril, como mostra a Figura 12. O IQVU do Taquaril é de 0,36 (Figura 13), enquanto o IVS é de 0,77 (Figura 14). Estes índices, medem a oferta e o acesso da população a serviços e recursos urbanos. Podem variar de 0 a 1. No caso do IQVU, que expressa um atributo positivo, quanto mais alto o valor, melhor a situação da população. No caso do IVS, que expressa um valor negativo, a situação de inverte, quanto maior o valor, pior a situação e maior a exclusão. 12 Sobre detalhes metodológicos do IQVU e IVS ver ANUÁRIO ESTATÍSTICO DE BELO HORIZONTE, PBH 2000. www.pbh.gov.br. 61 FIGURA 12 - LOCALIZAÇÃO DO TAQUARIL E DIVISÃO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO POR UNIDADES DE PLANEJAMENTO - UP Venda Nova Serra Verde Norte Mantiqueira/Sesc Piratininga Céu Azul Jaqueline Jardim Europa Venda Nova Isidoro Norte S.João Batista Furquim Wernek Copacabana Planalto Santa Amélia Garças / Braúnas Pampulha Pampulha Capitão Eduardo Jardim Ribeiro de Abreu Felicidade Tupi / Floramar São Bernardo Primeiro de Maio Belmonte Jaraguá Confisco Nordeste Gorduras São Francisco São Paulo / Goiânia Sarandi UFMG Ouro Preto Cachoeirinha Castelo Caiçara Abílio Jardim Montanhês Noroeste Sta. Inês Cristiano Machado Concórdia Antônio Carlos Mariano de Abreu Boa Vista Instituto Agronômico Prado Lopes Pompéia Barro Preto Camargos PUC Oeste Taquaril Baleia Serra Anchieta/ Sion Barragem S.Bento Sta.Lúcia Bairro das Indústrias Leste Sta.Efigênia Santo Antônio Morro das Pedras Cabana Centro Prudente Francisco de Morais Sales Savassi Barroca Jardim América Santa Maria T Floresta / Sta.Tereza Padre Eustáquio Mangabeiras Cafezal Betânia Belvedere Centro-Sul Estoril / Buritis Lindéia Barreiro de Baixo Pilar Oeste Barreiro de Cima Cardoso Olhos D'Água Jatobá Barreiro Barreiro-Sul 62 FIGURA 13 - IQVU POR UNIDADE DE PLANEJAMENTO IQ V U I - 0B. 5H5 1 II - 0 .4 9 1 I0I I 5- 500. 4 6 1 IV - 0 . 4 2 1 V - 0 .3 8 1 V 0 I4-200. 3 2 7 a a a a a a (6 ) (1 9 ) (1 2 ) (1 8 ) (1 5 ) (1 1 ) F o n t e : S e c r e ta r i a M u n i c ip a l d e E la b o r a ç ã o e e d i ç ã o : C E D E P L A R / U F M G g oOsDtoA dBeE L A PR 1996 De acordo com o estudo da PBH, o “Mapa de Exclusão Social de Belo Horizonte” que traçou um perfil de exclusão social no município, chegando ao ranking da vulnerabilidade social das 81 (oitenta e uma) unidades de planejamento, a UP Taquaril ocupa o 3º lugar no ranking, (IVS = 0,77), perdendo apenas para as UP’s Jardim Felicidade em 2º lugar (IVS = 0,78) e Barragem Santa Lúcia 1º lugar (IVS = 0,79), figurando entre as mais vulneráveis de Belo Horizonte (Ver Figura 06, a seguir). Para a montagem do mapa de exclusão foram considerados os acessos da população a cinco dimensões consideradas essenciais, para se alcançar um nível de cidadania, quais sejam: - Dimensão Ambiental: acesso à moradia com qualidade, do ponto de vista da densidade do domicílio, da qualidade da edificação e da infra-estrutura urbana disponível; - Dimensão Cultural: acesso à educação formal que permita inserção em processos políticos, sociais e econômicos de caráter global; - Dimensão Econômica: acesso à ocupação, preferencialmente formal, e a um nível de renda; 63 - Dimensão Jurídica: acesso à assistência jurídica de qualidade, aqui considerada como sendo a assistência privada; - Dimensão Segurança de Sobrevivência: acesso a serviços de saúde e aos benefícios da previdência social e garantia de segurança alimentar. Figura 14 Índice de Vunerabilidade Social porUP Classificação das Unidades de Planejamento UPs desconsideradas no cálculo Até 0,28 0 ,2 0, 8 a 4 0, 0, 4 a 5 0, 0 ,6 5 a 3 Acima de 0,63 (4) (12) (12) (15) (21) (17) Quanto a população deste assentamento, os setores censitários que, aproximadamente, coincidem com os limites do Taquaril, indicavam uma população 15.344 habitantes, para o Censo Demográfico de 2000. 64 Outro levantamento realizado por ocasião da elaboração da revisão do Plano Diretor do Taquaril em 2000, indicou uma população de cerca de 30.000 pessoas. Este levantamento baseou-se na contagem das edificações em campo e tomou como parâmetro a existência de 1,2 famílias por edificação e a média de 5 pessoas residindo em cada domicílio. A estimativa mais recente, realizada pela URBEL, foi baseada na contagem das edificações (5.649) a partir da ortofoto do Taquaril, vôo de 2002 e considerando 1,1 domicílios por edificação e 4,2 pessoas por família. Desta forma, estimou-se uma população total de 26.098 habitantes e 6.214 domicílios, estimativas consideradas no estudo em curso. Para a caracterização socioeconômica desta população optou-se por analisar as informações censitárias, que apresentam um retrato confiável das condições de vida desta comunidade. A densidade populacional do Taquaril é inferior a outras áreas de ocupação precária de Belo Horizonte, 288 hab/ha, em função da péssima topografia e das difíceis condições geológicas, que limitam um maior adensamento. A média de moradores por domicílio de 4,1 conforme dados Censo Demográfico de 2000, próxima a de outros assentamentos semelhantes (na Vila São José é de 4,0 hab./domicílio). Como já indicado nos índices apurados pela PBH (IQVU e IVS), os dados censitários apontam para uma precária situação de renda e de escolaridade no Conjunto Taquaril. Quase 20% dos responsáveis pelos domicílios não possuem fonte de renda própria e 80% destes ganham até 3 salários mínimos. A escolaridade é baixa, com cerca de 60% dos responsáveis pelos domicílios estudaram somente até 4 anos. O índice de analfabetismo é superior a 10%. 65 3.4 Avaliação Imobiliária A avaliação imobiliária será realizada para todos as benfeitorias existentes nas áreas afetadas pelas intervenções previstas para o Conjunto Taquaril. Para cada imóvel será feito um cadastro (Cadastro Técnico de Remoção) com a identificação, registro e avaliação das benfeitorias das famílias ocupantes. Os procedimentos a serem executados para a elaboração deste cadastro deverão obedecer as seguintes etapas: - Identificar, no projeto, os domicílios a serem afetados; - Abordar o morador com informações sobre o Programa BH Vilas Urbanizadas - Taquaril. Após esta abordagem é pedida autorização para que se possa efetuar a avaliação da moradia; - Marcar com tinta spray o número colocado pela equipe de selagem em um local visível na casa; - Fotografar a marcação e a casa - Preencher no laudo de campo, todos os cômodos e áreas pertencentes ao imóvel, observando todos os detalhes construtivos, acabamentos e materiais utilizados na construção. Preenche-se também o estado de conservação da moradia, tempo de construção e localização do imóvel, itens importantes para fazer uma correção do valor do mesmo; - Elaborar croquis de todo o imóvel avaliado com as dimensões de todos os cômodos e áreas pertencentes; - Sistematizar as informações do trabalho de campo. No relatório de cada moradia serão apresentados os seguintes documentos: - Croqui do imóvel; - Laudo de Avaliação de campo; - Planilha de composição de custos - Fotografia da moradia, conforme Laudo de Avaliação 66 Tendo em vista as características da ocupação no Taquaril - em encostas, áreas de riscos e áreas de proteção ambiental - e a experiência da URBEL na realização de avaliação de benfeitorias em áreas similares ao Taquaril13, podese inferir que mais da metade (entre 50% e 80%) das benfeitorias terão avaliação com valor igual ou inferior a R$12.500,00 (doze mil e quinhentos) reais. Se forem confirmados os dados da avaliação das benfeitorias, com padrão precário e com a grande maioria com valor inferior a R$12.500,00 (doze mil e quinhentos reais), a alternativa de reassentamento através dos apartamentos construídos no entorno imediato, configurar-se-á como melhoria do padrão de habitabilidade desta população. 3.5 Área Ocupada e Domínio Fundiário O conjunto Taquaril ocupa uma área de 1.452.147,49 m2, sendo parte em Belo Horizonte e parte em Sabará, conforme escritura pública lavrada no Cartório do 3º Ofício de Notas desta Capital. De propriedade da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado de Minas Gerais - CODEURB (empresa pública controlada pelo Governo do Estado e em processo de liquidação desde 1987) o terreno foi originalmente destinado para um loteamento de chacaras denominado Bairro Castanheiras. Em agosto de 1986 foi firmado um convênio, que recebeu um aditivo em dezembro do mesmo ano, entre a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado de MInas Gerais e a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte - PBH, com interveniência das Secretárias Estaduais de Obras Públicas, Extraordinária de Assuntos Municipais, Secretarias Municipais de Ação Comunitária, de Obras Civis e de Desenvolvimento Urbano, objetivando: 13 Avaliação das benfeitorias na Vila São José: 78% das benfeitorias com valor igual ou menor a R$12.500,00 (doze mil e quinhentos reais); Avaliação na região do Bonsucesso, para o Programa DRENURBS: 68% das benfeitorias com valor igual ou menor a R$12.500 (doze mil e quinhentos reais) 67 - Cooperação mútua no sentido de concretizar a ampliação do programa de habitação popular no Municipio de Belo Horizonte. - Permuta de terrenos entre CODEURB e Municipio de Belo horizonte No convênio estava prevista a permuta, além de outros terrenos, da propriedade do terreno do Taquaril da CODEURB para a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. A PBH se comprometia, por sua vez, em repasssr a CODEURB vários terrenos, dentre eles uma área constituida de parte do quarteirão 22, do bairro Mangabeiras, constante da planta cp-209-m. Em outubro de 1991, foi firmado um novo documento entre as partes (CODEURB e PBH). Um Contrato Particular de Partilha Antecipada de bens, devido à impossibilidade do Municipio em entregar o domínio e posse de alguns imóveis. Parte do objeto do Convênio foi considerada cumprida, e na oportunidade a CODEURB devolveu ao Municipio de Belo Horizonte o direito sobre o uso de alguns dos imóveis constantes do Aditivo ao Convenio, de dezembro de 1986. No entanto, a situação do terreno do Taquaril permaneceu pendente, aguardando a efetivação da contra-partida do Municipio, representada por imóveis que não foram objeto da Partilha Antecipada, mencionadas acima. Recentemente, em 2004, foi retomada a negociação com a CODEURB, representada por seu liquidante Professor Guilherme Simoes Corrêa e a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte – URBEL. Estas negociações apresentaram dificuldades técnicas para concretizar as permutas originalmente previstas, já que parte dos terrenos do Municipio integrantes do convênio foram, ao longo dos anos, utilizados pela municipalidade para outros fins. Com a necessidade de resolução da pendência para a continuidade do processo de encerramento das atividades da CODEURB, foi elaborada uma proposta de acerto final de contas em que as partes nomearão avaliadores 68 Neste sentido o liquidante da COBEURB apresentou, em junho de 2004, uma proposta de encaminhamento de uma solução do problema, que foi a solicitação para que a PBH nomeie um avaliador, para que em conjunto com o avaliador indicado pelo Estado, sejam atualizados os valores dos imóveis permutados até o momento, e definidos os parâmetros par a quitação das permutas dos imóveis. Portanto, estabelecida a quitação do convênio, será realizada a transferência da propriedade do terreno onde está localizado o Conjunto Taquaril para o Muncípio de Belo Horizonte que, após as intervenções de urbanização previstas, poderia iniciar o processo de regularização conforme a legislação da Zonas de Especial Interesse Social - ZEIS prevê. É Importante frisar que, embora os imóveis do Conjunto Taquaril não estejam regularizados em benefício das famílas neles residentes, não existe ameaça à permanência das mesmas na área, tendo em vista ser o terreno de propriedade pública do Estado e que, através do convênio com a CODEURB, há mais de 15 anos foi destinado a ser utilizada pelo município para para o assentamento de famílias de baixa renda. 3.6 Infra-estrutura Urbana e Social Os equipamentos sociais utilizados pelos moradores do Taquaril não serão afetados diretamente pelo Programa BH Vilas Urbanizados. Entretanto, há que se considerar que a acessibilidade aos equipamentos sociais deverá melhorar bastante após o Programa BH Vilas Urbanizadas, devido à melhoria do viário . Os principais equipamentos que atendem o Conjunto Taquaril são postos de saúde e escolas do conjunto e dos bairros no entorno, principalmente, no Granja de Freitas, Alto Vera Cruz e Saudade. A Escola Fernando Dias Costa e centro de Saúde Novo Horizonte são os únicos grandes equipamentos localizados dentro do conjunto (no setor 07- rua Pedro Alexandrino de Mendonça). 69 O sistema viário veicular deficiente e desarticulado de algumas regiões dificulta o acesso de ambulâncias, transporte coletivo ou escolar. Na maioria dos casos é necessário percorrer grande distância a pé, em vias precárias e muito íngremes. A Escola Júlio Soares localizada no Granja de Freitas atende também parte dos moradores dos setores 2 e 14, principalmente na área mais baixa, próximo à rua Diniz Dias. O principal acesso é feito por trilhas ou caminhos que ligam a rua Diniz Dias e o beco que margeia o córrego Olaria às ruas do Grupo e Olaria, já no Granja de Freitas. A maioria destas trilhas estão previstas para serem abertas de acordo com o Plano Diretor do Granja, sendo muitas utilizadas atualmente para trânsito veicular. Na região conhecida como “Bairro Nobre” localizam-se mais duas escolas e o centro de saúde do Taquaril. A Escola Municipal Professora Alcinda Torres, localizada na rua Vasco Balboa, atende principalmente o setor 1, e alguns moradores do 3. A Escola Jorge Ricardo Salum e o posto de saúde localizados na rua Desembargador Bráulio, atendem os setores10 e 11, além de moradores do Alto Vera Cruz. O principal acesso é pela rua Teixeira dos Anjos. Sendo a área já urbanizada, é possível o acesso por transporte coletivo. Os moradores dos setores 11 a 14, principalmente, utilizam também escolas do bairro Saudade, dada a dificuldade de acesso àquelas localizadas no conjunto. As crianças de 5 a 6 anos são atendidas apenas no Bairro Horto. Existe a proposta de instalação de uma escola estadual no conjunto para atender principalmente os setores 11 a 14, que têm maior dificuldade de acesso para os equipamentos existentes. De acordo com as lideranças, a prefeitura de Sabará já adquiriu terreno próximo às ruas Prudente de Morais e Catarina de Freitas, no setor13 para a construção desta. No Plano Diretor do Taquaril há a especificação de áreas para a implantação de equipamentos comunitários e de lazer (vide Figura 15). 70 FIGURA 15- INFRA-ESTRUTURA SOCIAL 71 3.7 Descrição das Áreas para Implantação das Unidades Habitacionais Obedecendo a um dos parâmetros estabelecidos na Política de Reassentamento do Taquaril, a escolha das áreas de reassentamento deverá garantir a proximidade destas com a de origem das famílias, buscando minimizar o impacto da mudança de localização da moradia e, conseqüentemente, sua interferência e impacto nos serviços de saúde e educação. As áreas selecionados para reassentamento das famílias estão no Bairro Granja de Freitas, vizinho ao Taquaril, em áreas pertencentes ao poder Público Municipal A partir de Plano para a ocupação dos terrenos com potencial de receber a implantação de unidades habitacionais, a PBH já construiu cerca de 700 moradias no Granja de Freitas (ver fotos anexas) e uma Unidade de Educação Infantil Municipal - UMEI. Parte das áreas que ainda podem ser aproveitadas será utilizada para o reassentamento previstos nas intervenções no Conjunto Taquaril. 72 3.8 - Organização Social e Participação da População A Política de Reassentamento para o Taquaril é norteado por diretrizes básicas, consideradas fundamentais para a articulação, interação e implementação do Programa BH Vilas Urbanizadas. São elas: - A valorização da cidadania através da participação popular e do fortalecimento da organização comunitária para a implementação do Programa; - A inserção social, ambiental, cultural e produtiva da população do Conjunto Taquaril. Nesta perspectiva, a presente Política de Reassentamento, defende a implementação de formas participativas da população afetada, em todas as etapas do projeto. O município de Belo Horizonte conta, com uma estrutura de participação social expressa pelas inúmeras entidades e canais que atuam no município, quer em seus inúmeros conselhos ou comissões; quer através das sociedades/associações constituídas no âmbito das regiões urbanas em que se encontra subdividida a ação municipal. Entretanto, ao se tratar de ação que afeta diretamente famílias específicas não resta dúvida que a condução do processo participativo a partir das entidades representativas municipais e ou regionais não se faz suficiente. Neste caso, a necessidade de envolver a população diretamente afetada no processo de reassentamento. Tal assertiva parte do pressuposto que participação popular na gestão do projeto deve ser entendida como instrumento indispensável para o exercício da cidadania e para a construção do projeto político da democracia e da promoção do desenvolvimento com justiça. Nessa ótica, deve ser exercida no seu significado pleno, numa inversão da ordem tradicional de participação limitada. Conforme explicitado neste documento, trata-se aqui de 1.167 famílias que perderão seus atuais locais de moradia. São, portanto, estas famílias que 73 deverão ser mobilizadas e envolvidas no processo de discussão das propostas ora apresentadas. Neste sentido, é esta população que, em primeira instância, constitui-se como os principais atores do processo participativo que se propõe no âmbito do presente plano. Parte-se do pressuposto que é esta população que deverá, num primeiro momento, partilhar as decisões e controlar parte do espaço político gerado pela ação do projeto. Várias ações foram desenvolvidas com lideranças e grupos organizados do Taquaril, notadamente para discutir e apresentar as propostas do Plano Diretor do Taquaril. As priorização das propostas foram votadas pela população. Atuam na região do Taquaril, além das associações de moradores, várias outras organizações sociais: creches, grupos culturais, ONG’s e grupos voluntários dos bairros vizinhos que desenvolvem ações. Tais entidades conhecidas por seu alto poder de mobilização social no processo de ocupação e nas lutas pelas melhorias urbanas14. 3.8.1 - Consulta às lideranças do Conjunto Taquaril Foi realizada uma reunião com as lideranças do Taquaril para informar sobre o Programa BH Vilas Urbanizadas/Taquaril Urbanizado, captar as expectativas e acolher as propostas com relação ao reassentamento de famílias. As lideranças defenderam a importância desse Programa para o Taquaril e expressaram sua concepção de reassentamento: moradia de acordo com o número de pessoas no domicílio junto com condições sociais, quais sejam, educação, saúde e trabalho. Destacaram a importância do acompanhamento social antes e depois do reassentamento, conforme ata e fotos nos Anexos 3 e 4. 14 Diagnóstico Sanitário Ambiental para a Sub-Bacia do Córrego Taquaril, do Programa DRENURBS 74 III- PROPOSIÇÕES PARA O REASSENTAMENTO DAS FAMÍLIAS 1 - Objetivos - Assegurar que a população deslocada pelo Programa BH VILAS URBANIZADAS se beneficie das intervenções do Programa; - Garantir a recomposição da qualidade de vida das famílias afetadas pelo empreendimento; - reassentar famílias, das áreas requeridas, garantindo a reposição das moradias perdidas em padrão superior aos anteriores; - possibilitar processos de adequada indenização para as atividades comerciais existentes; - apoiar a reabilitação socioeconômica, pós reassentamento, das famílias em situação de vulnerabilidade social; - liberar a área requerida para implantação das obras; - Contribuir para a consolidação e avanços da Política Municipal de Habitação. 2 - Diretrizes A Política de Reassentamento para o Programa BH Vilas Urbanizadas deverá adotar os princípios estabelecidos no documento de Política OD 4.30 “Assentamento Involuntário”, de junho de 1990, e da Política Municipal de Habitação, considerando as seguintes diretrizes básicas: - Evitar ou minimizar o reassentamento involuntário de populações; - Planejar as ações de reassentamento a fim de possibilitar a integração social e econômica às comunidades anfitriãs, através de informações e consultas aos futuros anfitriões; - Realizar os reassentamentos, preferencialmente no entorno; - Assegurar a participação das comunidades afetadas em todas as etapas previstas no Plano, através de mecanismos adequados de consulta e participação das decisões; - Promover o reassentamento como uma oportunidade para o desenvolvimento das comunidades e principalmente das famílias afetadas; 75 - Considerar os sistemas de propriedades informais existentes, buscando formas de compensação eqüitativas e justas. - Garantir a oferta de diferentes opções de reassentamento, que leve em conta as especificidades da realidade das famílias afetadas e suas diferentes necessidades; - Garantir a oferta de serviços sociais, como por exemplo, educação, saúde, transporte público, etc; - Evitar as compensações em dinheiro, sempre que seja possível, dando preferência a reposição da unidade habitacional á serem construídas. 3 - Alternativas de Reassentamento Considerando a diversidade de situações apresentadas pelo conjunto da população a ser submetida ao processo de reassentamento involuntário, e em consonância com os objetivos e diretrizes do Marco Conceitual de Reassentamento para a Vila São José e Taquaril, apresenta-se o detalhamento das alternativas de reassentamento e, posteriormente, os quantitativos preliminares. 3.1 - Reassentamento Assistido Esta alternativa será aplicável aos casos de proprietários de imóveis situados em área pública e que não contam, portanto, com documentação legal do terreno. Trata-se de famílias de baixíssima renda, cujas propriedades encontram-se destituídas de condições mínimas de habitabilidade. É justamente nesse universo populacional que se encontram os desafios para o Poder Público Municipal viabilizar soluções mais adequadas e justas para a melhoria das condições habitacionais e urbanas. Com este intuito, desenvolveram-se as alternativas detalhadas a seguir. 3.1.1 Construção de novas unidades habitacionais (Oferta de unidades habitacionais construídas pelo Programa Vilas Urbanizadas) 76 Para a implantação de programas urbanos com a abrangência e amplitude de ação como o PROGRAMA BH VILAS URBANIZADAS, que implicam na remoção de um número considerável de famílias, enfrenta-se inúmeros obstáculos à sua realização, tanto em função do déficit habitacional verificado nas grandes cidades brasileiras, como ocorre também em Belo Horizonte, quanto pela necessidade de manter a população afetada na própria região de moradia original, minimizando o impacto social decorrente de grandes deslocamentos. Assim, a construção de novas unidades coloca-se como a principal alternativa para o atendimento de famílias afetadas pela intervenção. Neste caso, também estarão incluídos os moradores de "favor ou aluguel" e os que coabitam um mesmo domicílio. Propõe-se, para estes casos, a possibilidade de acesso ao financiamento pelo Sistema Municipal de Habitação. Esta alternativa vem ao encontro da diretriz do Plano Básico de Reassentamento para a Vila São José que prioriza o reassentamento das famílias na própria região. Por outro lado, ao garantir a permanência da população na região, garante também o seu acesso à infra-estrutura social já existente, tais como escolas, centros de saúde, áreas de lazer, entre outros. Garante-se, ainda, a inclusão das famílias no usufruto dos benefícios de melhorias urbanas e, principalmente, ambientais promovidas pelas obras públicas que os reassentou. A escolha das áreas e a elaboração do proposta arquitetônica adotaram as diretrizes da Política Municipal de Habitação para os projetos habitacionais, que estabelecem: - Utilizar preferencialmente áreas inseridas na malha urbana já dotados de infra-estrutura básica e equipamentos comunitários; - Utilizar, preferencialmente, as áreas próximas à origem da demanda; - Implementar a regularização fundiária; - Construir habitações que atendam às exigências urbanísticas e ambientais da legislação municipal; 77 - Prever espaços de lazer e convívio social devem ser viabilizados a fim de promover a qualidade de vida desses moradores. 78 Figura 16 - Reassentamento - Planta de Situação Vila São José 79 A previsão inicial, para a Vila São José, era para o reassentamento de 1.522 unidades habitacionais, conforme apontou o Relatório Conceitual do Programa BH Vilas Urbanizadas. Entretanto, as análises realizadas indicaram um aumento populacional e de domicílios na Vila São José, sendo necessários a construção de 1.860 unidades habitacionais, conforme demonstra a tabela 11. Como base de cálculo, foram considerados o percentual de domicílios cujo a avaliação da benfeitoria foi inferior a R$ 12.500,00. A tipologia das unidades habitacionais a ser adotada é composta por condomínios verticais. Os apartamentos terão, em média, 43,61 m2 de área. Foram previstas unidades habitacionais de dois quartos, com possibilidade de rearranjos internos, viabilizando unidades de um e três quartos, conforme a demanda de reassentamento apresentada e confirmada durante o processo de remoção das famílias da Vila São José. A proposta é de verticalização através de blocos de quatro pavimentos com quatro apartamentos por andar, totalizando 16 UH´s por bloco. Figura 17 - Tipologia das Unidades Habitacionais 2 uatos A=44,8m2 2 Quartos A=44,85 m2 1 Quarto A=35,26m2 3 Quartos A=54,44 m2 Está prevista, ainda, a implantação de duas escolas infantis - UMEIS - e de um Espaço BH Cidadania, para atender à demanda das famílias residentes no novo empreendimento. Esta prevista, ainda, a destinação de áreas para 80 parque, além da construção de estação do BHBUS próximo ao conjunto a ser implantado. Para o Taquaril, propõe-se o reassentamento das famílias afetadas nas áreas 1, 2, e 3 do Bairro Granja de Freitas, conforme já proposto no Plano Diretor do Taquaril. O Granja de Freitas é bairro contíguo ao Taquaril, formado por terrenos de propriedade do município, apresentando as áreas livres mais próximas para o reassentamento. Serão construídos também “edifícios-contenção” em alguns locais do Taquaril. Esses edifícios são conjuntos lineares que funcionam como contenção de encosta, com o pavimento térreo reservado para garagens ou para uso comercial e com apartamentos nos demais pavimentos. As habitações construídas na primeira etapa abrigarão as famílias relocadas na segunda etapa e assim por diante. Sendo assim é necessário que se tenha um saldo de habitações que viabilize a continuidade da implantação do plano nas etapas subseqüentes. Em algumas situações, em função da implantação das obras de urbanização, podem ser necessárias a reconstrução e/ou recuperação de moradias, acompanhadas ou não de remoções temporárias de famílias. Quando se tratar de remoções temporárias para execução de obras, o projeto executivo a ser elaborado definirá os locais onde as reconstruções ocorrerão. Dessa forma, duas situações podem se apresentar: a) Remoção temporária de famílias e abrigamento em abrigos conveniados, casa de conhecidos ou através do Programa Bolsa Moradia15, para atender as seguintes demandas de obras: 15 Bolsa Moradia – Programa da Prefeitura Municipal que atende com um valor de R $ 200,00/ mês para pagamento de aluguel. 81 - Reconstrução de moradias no mesmo local, cuja remoção é necessária para execução de obras ou por causa de situações localizadas de risco, em locais que apresentem condição de retorno e manutenção da ocupação; - Recuperação e/ou reconstrução parcial de moradias, para implantação de obras ou recuperação de danos provocados por sua execução. As ações a serem implementadas nesta situação são: - Remoção da família - Abrigamento temporário - Execução da obra - Reconstrução da moradia - Retorno da família a) Execução das seguintes intervenções que não demandam remoção temporária de famílias: - Recuperação de moradias em função de danos provocados por execução de obras; - Reconstrução parcial da edificação ou qualquer elemento construtivo (muro, cerca, etc). As ações a serem implementadas nesta situação são: - Demolição parcial da edificação - Execução da obra - Reconstrução parcial ou recuperação da moradia. Tendo em vista a realidade socioeconômica da população da Vila São José e do Taquaril, a proposta prevê o subsídio do Poder Público para a viabilização econômico-financeira do reassentamento. O subsídio deverá cobrir a diferença total entre o valor da indenização e o valor da nova unidade habitacional. 3.1.2 - Reassentamento Monitorado (Oferta de unidades em outros bairros) 82 O Reassentamento Monitorado consiste em subsidiar o assentamento de famílias, em moradias que possuam condições apropriadas de habitabilidade, sendo o PROAS a principal modalidade de atendimento criada pela PBH. As famílias a serem assentadas por essa modalidade são aquelas que residem em áreas onde haverá execução de obra pública ou em regiões caracterizadas como de risco, e que se enquadrem aos seguintes requisitos, previstos no artigo 2º da lei 7597 de 06 de novembro de 1998: Art. 2º - O beneficiário do PROAS deverá atender aos seguintes requisitos: I – possuir renda familiar de até 5 (cinco) salários mínimos; II – não possuir outro imóvel em nome próprio, nem do cônjuge ou companheiro, no Município ou região metropolitana de Belo Horizonte; III –renunciar expressamente administrativamente, eventual ao direito indenização de pleitear, pertinente a judicial ou realização de benfeitorias na área pública a ser desocupada, conforme legislação em vigor; IV–não ter sido beneficiado por este ou outro programa de assentamento municipal; V – ser ocupante da área pública pelo prazo mínimo de 12 (doze) meses; VI – ser proprietário da benfeitoria; VII–estar dentro dos parâmetros definidos pelo Conselho Municipal de Habitação. O Reassentamento Monitorado se aplica às famílias, que se enquadram nos critérios anteriormente citados, cuja benfeitoria receba avaliação inferior a R$ 12.500,00 (doze mil e quinhentos reais), valor considerado como referência para a compra de moradia popular em condições de segurança e habitabilidade, e que façam a opção por esta modalidade. A avaliação da benfeitoria é realizada por técnicos da área física do PROAS/URBEL, com base em planilha oficial da PBH, considerando os custos com material e mão-de-obra e desconsiderando a avaliação do terreno. Ao valor constatado na avaliação é acrescido subsídio, financiado através do Fundo Municipal de Habitação Popular ou de recursos oriundos de órgãos conveniados, para a aquisição de outra moradia a ser igualmente avaliada 83 pelos técnicos, que verificarão também as condições de segurança, habitabilidade e infra-estrutura urbana básica, ou seja, água, luz e esgoto. Além do apoio técnico de engenharia, é oferecido acompanhamento social em todas as fases do processo, realizado de forma individualizada pelos técnicos da URBEL, procurando tratar das peculiaridades e dificuldades de cada família. O atendimento ainda inclui intermediação na negociação de valores, produção de documentação para a compra de imóveis, organização e auxílio à mudança. O reassentamento monitorado segue os seguintes passos: 1º - Mobilização das famílias a serem reassentadas, para reunião preparatória; 2º - Reunião preparatória para esclarecimento sobre o processo; 3º - Cadastramento das famílias para identificação dos moradores; 4º - Avaliação dos imóveis afetados; 5º - Informação a cada família sobre o valor da avaliação do imóvel de origem; 6º - Procura, pelo morador, de um outro imóvel, com orientação e apoio da URBEL; 7º - Avaliação e aprovação do imóvel escolhido; 8º - Pagamento e compra do imóvel; 9º - Mudança para a nova casa; 10º- Demolição da casa de origem para liberação da área destinada às obras. O reassentamento monitorado permite o imediato reassentamento da família na malha urbana já existente e promove, em muitos casos, a inclusão (ou reinclusão) social, permitindo soluções adequadas à cada caso. Nesta perspectiva, pode-se apontar como vantagens desta alternativa: - Possibilita à família a escolha da moradia na própria região ou dentro dos limites da região metropolitana; - Garante a segurança da família em boas condições de habitabilidade; - Atende às famílias que não se adaptem às unidades construídas; 84 - Possibilita à família utilizar recursos próprios na aquisição de outro imóvel de valor superior ao previsto no programa. Este procedimento geral pode ser flexibilizado para duas situações específicas: construção em lote próprio com comprovação documental; regresso à cidade de origem. Para estas situações, com o devido acompanhamento social, o interessado será indenizado em dinheiro pelo valor apurado na avaliação da benfeitoria, ou seja, sem direito ao subsídio previsto no PROAS . 3.1.3 - Compensações para atividades produtivas Esta modalidade será aplicável aos casos de atividades econômicas e/ou de serviços que se desenvolvem em áreas públicas e que se constituem o principal meio de sobrevivência da família que a gerencia. Claro está que as alternativas de reassentamento da moradia devem contemplar simultaneamente o reassentamento da atividade econômica das famílias, base de sua sustentação, e indubitavelmente base da sustentabilidade da Política de Reassentamento. Para o atendimento destas situações, que são fundamentais para a recuperação econômica e financeira das famílias, três alternativas se apresentam viáveis: - Indenização em dinheiro pela benfeitoria comercial. - Construir unidades comerciais e/ou de serviços em áreas remanescentes e próximas as novas habitações; - Discutir, no caso da Vila São José, a possibilidade de um espaço adequado para estacionamento das carroças e tratamento dos animais (baias); Considerando a realidade sócio-econômica apresentada e as potencialidades que as intervenções do Programa BH Vilas Urbanizadas possibilitarão, recomenda-se a construção de unidade comerciais e/ou de serviços em áreas remanescentes e próximas as novas habitações. 85 Sugere-se que tais espaços sejam integrantes de um sistema de concessão de uso administrado pela PBH. Como referência, pode-se citar os programas de alimentação coordenados pela Secretaria Municipal de Abastecimento SCOMPS. Esta recomendação é extensiva aos domicílios de uso misto (residencial e comercial) que optarem por essa modalidade de reassentamento 3.3.2 - Reassentamento Independente Esta modalidade será aplicável aos casos de proprietários de benfeitorias localizadas em áreas públicas, que apresentam condições de conduzir, por eles mesmos, a reposição do bem perdido usando os recursos recebidos pela indenização. 3.3.2.1 - Indenização da Benfeitoria Seguirá as diretrizes do PROAS- Programa Municipal de Reassentamento por Obras Públicas - que estabelece, no caso de residências, compensação em dinheiro para as moradias que estejam localizadas em áreas públicas e que sua avaliação seja superior ao valor de R$12.500,00 (doze mil e quinhentos reais), limite de atendimento do Reassentamento Monitorado. No caso de atividades comerciais e de serviços em terrenos públicos em área contígua aos domicílios, pequenas unidades comercias (bares, mercearias, salão de beleza etc), deverá ser feita uma avaliação da benfeitoria que abriga a atividade comercial que se somará a avaliação da residência, estabelecendo a indenização total a que a família tem direito. A confirmação do número exato de famílias a ser enquadrada nesta modalidade de atendimento depende da opção da família e da avaliação dos imóveis prevista para a fase inicial de execução do Plano de Reassentamento. Embora a legislação em vigor adote o valor limite de R$ 12.500,00 e considerando os propósitos de Programa BH Vilas Urbanizados em valorizar o 86 reassentamento nas novas unidades habitacionais produzidas, estimou-se inicialmente que para a definição de famílias nesta modalidade, seja considerada as avaliações das benfeitorias igual ou superior a R$ 20.000,00 e famílias cuja composição seja igual ou superior a oito pessoas. Basicamente os passos a serem seguidos nessa modalidade de reassentamento são: - Identificação e cadastramento da benfeitoria, seja residencial ou comercial; - Selagem, que consiste na identificação da casa ou estabelecimento através de um selo numerado correspondente ao cadastro, que é afixado na benfeitoria; - Elaboração da avaliação do imóvel; - Pagamento ao beneficiário do valor apurado na avaliação; - Demolição da edificação, imediatamente após a mudança da família. Com base na caracterização demográfica da vila São José e do Taquaril e nas opções de reassentamento propostas, apresenta-se uma síntese dos quantitativos preliminares estimado para as modalidade de reassentamento, conforme indica a tabela 12. Tabela 12 – Alternativas de Reassentamento: distribuição preliminar para Vila São José Reassentamento Independente Indenização Reassentamento Assistido PROAS Apto. 437 1.980 Total de Famílias 2.417 Fonte: PDRI- Vila São José, PBH, 2005. Com base na caracterização demográfica da vila e nas opções de reassentamento de reassentamento propostas, apresenta-se uma síntese dos quantitativos preliminares estimado para as modalidade de reassentamento, conforme indica a Tabela 13. Tabela 13 – Alternativas de Reassentamento: distribuição preliminar para o Taquaril - 1ª e 2ª etapas - Taquaril 87 Reassentamento Independente Indenização Reassentamento Assistido PROAS Apto. 0 Total de Famílias 300 300 Tabela 14 – Alternativas de Reassentamento: distribuição preliminar para o Taquaril – todas as etapas Taquaril Reassentamento Independente Indenização Reassentamento Assistido PROAS Apto. 59 Total de Famílias 1.167 1.108 Fonte: Diretoria de Planejamento, URBEL/2005 88 4. MODELO DE GESTÃO O arranjo institucional a ser adotado para gestão e execução do reassentamento deverá obedecer os parâmetros estabelecidos para o conjunto do Programa BH supervisões: Vilas Urbanizadas. Supervisão Urbanística Estão e previstas as seguintes as Ambiental, Supervisão de Regularização Fundiária e Supervisão Social. A Supervisão Social será responsável por promover as remoções e reassentamentos, além da mobilização e comunicação social. Caberá à URBEL, como órgão integrante da UGP BH Vilas Urbanizadas, a responsabilidade de execução das ações de reassentamento. Isto se justifica pelas suas competências legais no âmbito municipal relativas à execução da política habitacional do Município. 89 Figura 18 - Organograma da Estrutura Organizacional 90 5. FASES E AÇÕES DE IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE REASSENTAMENTO A implantação do presente Plano deverá se realizar ao longo de 6 fases, cada uma das quais contendo inúmeras ações conforme explicitado a seguir. Para que se tenha uma melhor compreensão do encadeamento dessas fases/ações apresenta-se a seguir um fluxograma das atividades (figura 12) que deverão ser desenvolvidas na seqüência do presente trabalho. 5.1 - Descrição das Fases 5.1.1 - Fase I – Montagem do Sistema de Gerenciamento da Execução Envolve a criação da estrutura básica que deverá conduzir os trabalhos de implantação do Plano ora proposto. Caberá a URBEL, em consonância com a Unidade de Coordenação do Programa - UCP, a responsabilidade de implantação das ações aqui propostas devendo a mesma definir um grupo executivo para o projeto em tela. Dentre as inúmeras atividades a serem desenvolvidas nesta primeira fase dos trabalhos, destacam-se: - Criação do Grupo Executivo - Montagem de TR para contratação dos serviços quando terceirizados - Montagem de sistema de acompanhamento - Mobilização dos recursos internos. 91 FIGURA 19- Fluxograma de Atividades de Implantação do PDRI 92 5.1.2 - Fase II – Congelamento da Área, Delimitação do Público Alvo e Montagem de Grupos de Interesse Esta fase constitui o início da implantação do Plano de Reassentamento “stricto sensu”. Trata-se aqui do desenvolvimento das atividades que informarão o projeto executivo para o reassentamento da população, explicitando-se as alternativas concebidas visando o estabelecimento de compromissos entre as diversas partes envolvidas com a efetivação do Plano proposto. As discussões realizadas inicialmente que se limitaram a apresentar o escopo geral do Programa, suas ações e intervenções, deverão agora ser aprofundadas no sentido de levar a população a ser reassentada, a refletir e optar por uma determinada forma de tratamento e se organizar no sentido de fazer presente seus interesses em tais encaminhamentos. Esta fase se inicia com uma ampla divulgação da continuidade do Projeto e de seu respectivo Plano de Reassentamento, que deverá anteceder o processo de atualização da selagem das casas e do cadastramento. A atividade de selagem e cadastramento socioeconômico envolve as seguintes ações: - Preparação do material para a identificação e selagem dos domicílios, tais como plantas, selos e planilhas de selagem; - Identificação dos domicílios e do nº de famílias por domicílio – atualização da selagem dos domicílios; - Elaboração do formulário padrão de cadastro; - Aprovação do formulário padrão de cadastro e preparação do material de campo; - Treinamento da equipe de pesquisadores; - Aplicação de cadastro; - Criação da estrutura do banco de dados; - Revisão e codificação dos cadastros; - Digitação dos cadastros; - Conferência da consistência do banco de dados; 93 - Processamento do banco de dados. Paralelamente ao cadastro socioeconômico deverá ser realizada a atualização do cadastro físico dos imóveis para efeito de avaliação das benfeitorias.Tais atividades deverão consubstanciar o projeto de indenização que alimentará o processo de escolha de alternativas de reassentamento. Deverá também ser realizado o estudo de alternativa para reassentamento das unidades econômicas existentes na área. Além do cadastro socioeconômico, deve ser realizado, também, um cadastro de atividades comerciais/serviços nos domicílios em que foram identificados usos mistos, devendo ser objetos de novo levantamento, visando qualificar a atividade econômica ali desenvolvida. Esse levantamento deverá abordar minimamente as seguintes variáveis: - Tipo da atividade; - Porte (delimitado através do dimensionamento e qualificação da mão-deobra ocupada); - Instalações existentes; - Clientela atendida. Atente-se que ao se iniciar a ampla divulgação do Programa faz-se extremamente necessário que se implemente todas as formas de controle de novas ocupações. A selagem dos imóveis, associada ao comprometimento da população com os propósitos e limites do programa, constituem eficazes mecanismos neste sentido. No bojo do amplo processo de discussão que deverá acompanhar todas as atividades a serem desenvolvidas durante esta fase deverão ser identificados os grupos de interesse para cada uma das opções de reassentamento propostas. Para efetivação de todo este processo e de acordo com metodologia adotada pela URBEL, serão demandadas as seguintes ações: 94 - Reunião inicial de contato com os moradores para apresentação do Programa e do Plano de Reassentamento; esclarecimentos sobre formação de um GR - grupo de referência e suas atribuições; e, apresentação da proposta de acompanhamento do trabalho social. - Reuniões com os Grupos de Referência (e/ou Grupos e Interesse de Reassentamento) constituídos, visando esclarecer e aprofundar os aspectos expostos na reunião geral; - Reunião com detalhamento das alternativas visando a definição preliminar de alternativas pelas famílias que compõem o público-alvo; - Reuniões com grupos de família constituídos em função da alternativa escolhida para aprofundamento dos encaminhamentos a serem tomados no prosseguimento das atividades. Neste momento deverá ser firmado com a população um cronograma preliminar para a mudança. 5.1.3 - Fase III – Implantação do Processo de Reassentamento Uma vez definidos e organizados os diferentes grupos de interesse, trata-se agora de proceder às ações substantivas que possibilitarão a liberação das áreas em questão. Cada uma das alternativas previstas anteriormente serão implantadas mediante o cronograma de obras do Projeto. Nesta fase inclui-se o detalhamento do projeto executivo do novo conjunto, que deverá ser apresentado e discutido com as famílias que optaram por tal alternativa. Dever-se-á aprofundar um processo de orientação das famílias para a futura mudança, incluindo as alternativas de transferência de escolas, educação ambiental e a avaliação/implantação de possíveis programas de geração de renda. Neste sentido, durante o período que antecede a mudança propriamente dita e maximizando o processo de mobilização da população deverão ser implementados com a participação de outras esferas da Administração Municipal – educação, saúde, meio ambiente entre outras – ou mesmo de entidades não governamentais que atuam no município, cursos de capacitação da população previamente identificados como substantivos para o 95 fortalecimento dos laços internos dos grupos, e que permitam orientar a inserção na nova realidade habitacional e urbana. Para todas as situações de tratamento deverão ser constituídas comissões de acompanhamento das obras/projetos de forma a manter o conjunto da população informada do andamento de todo o processo, o que inequivocamente ampliará o comprometimento da população com as ações do plano. As famílias que optarem pela alternativa PROAS deverão, de acordo com a programação do reassentamento, apresentar à URBEL as alternativas de imóveis para avaliação e negociação. Durante este período deverá também ser concluído o processo de reassentamento independente, com a consecução das respectivas indenizações. Ainda neste momento deverão ser identificadas e focalizadas as famílias e/ou pessoas que devido às condições de composição familiar (indivíduos sós), idade (idosos) ou mesmo situação socioeconômica (sem renda) deverão ser objeto de atenção especial na implantação do PDRI. Destaque-se que tal identificação tem como objetivo desenvolver mecanismo que possibilitem a identificação de soluções adequadas de inserção social para os indivíduos/grupos inseridos em tais situações. Em resumo, considerando-se cada uma das alternativas postas pelo presente Plano, esta Fase envolve as seguintes ações: - Construção de unidades habitacionais - Seleção da área (já realizada) - Organização da população - Elaboração de projetos - Aprovação dos projetos - Obras - Acompanhamento social das famílias - Preparação para a mudança. 96 - Encaminhamento para efetivar o reassentamento independente: indenização de benfeitorias - Montagem do processo - Avaliação do imóvel - Negociação - Fechamento do processo - Encaminhamento via PROAS - Repasse de informações e organização da população - Avaliação do imóvel - Identificação e escolha do imóvel para compra - Acompanhamento da mudança 5.1.4 - Fase IV – Mudança e Liberação das Áreas Para aqueles que serão transferidos de local de moradia, especialmente quando se tratar da alternativa de conjunto habitacional, o processo de mudança deverá será antecedido de intensa atividade de preparação das famílias para o uso adequado e racional dos equipamentos de infra-estrutura implantados – usos coletivos e individuais – bem como da conservação das novas moradias. Com o objetivo de promover a manutenção e conservação dos bens adquiridos – unidades habitacionais e espaços comuns - municiando os moradores para manutenção de um ambiente salubre a fim de garantir a melhoria de suas qualidades de vida, deverá ser desenvolvido trabalho de educação ambiental de forma a preparar a população para o novo habitat. Deverão, portanto, ser introduzidas na discussão com os vários grupos de reassentados, noções básicas de meio-ambiente envolvendo, dentre outras, questões relativas a coleta e destinação do lixo; uso correto e conservação de equipamentos como canaletas de escoamento de água, rede de esgoto e caixas de gordura; alteração irregular das unidades habitacionais e em áreas comuns do conjunto que venham a comprometer, de alguma forma, o que foi edificado e causar transtorno aos moradores 97 Paralelamente dever-se-á promover a discussão sobre a organização de uma associação condominial que culminará com a constituição dos novos condomínios e respectivos regulamentos. A situação de mudança deverá ser acompanhada diretamente pela equipe responsável pela implementação do Plano que deverá disseminar informações relativas as intercorrências que poderão advir no decorrer da mesma tais como: controle de bens pessoais, cuidados no transporte dos bens, cuidados com os animais domésticos e acondicionamento de objetos que façam parte do comércio local (papelão, ferro velho e outros) etc; Conforme metodologia adotada pela URBEL, destaca-se desde já que antes da efetiva mudança para as novas unidades habitacionais deverá ser realizado todo um processo de preparação da população que envolve desde a distribuição das unidades habitacionais entre as famílias beneficiárias até a vistoria do empreendimento, após conclusão da obra. Paralelamente a todo o processo descrito anteriormente deverão ser detalhadas as estratégias a serem adotadas para impedir a reocupação das unidades até sua completa demolição, assim como para impedir o adensamento das áreas até a efetiva implantação de cada alternativa proposta. Estas estratégias deverão ser produto de avaliação a ser realizada em conjunto com moradores. Para que se obtenha sucesso neste amplo processo de formação e informação, deverão ser elaborados e distribuídos materiais educativos como: cartazes, folhetos, cartilhas, maquetes, entre outros. 5.1.5 - Fase V – Monitoramento A implantação do PDRI será conduzida de forma a alimentar um sistemático processo de monitoramento e avaliação que deverá atuar na retroalimentação da condução do processo. O processo avaliativo permanente a ser implementado deverá ser focado na avaliação dos seguintes aspectos: 98 mudança de padrões de habitabilidade; inserção social; condições sanitárioambientais e implementação de práticas ambientalmente sustentáveis; geração de trabalho e renda. O detalhamento do processo de monitoramento e avaliação constante desta fase deverá constituir uma das atividades a serem desenvolvidas na FASE II de implantação do presente Plano. 5.1.6 - Fase VI - Avaliação Ex Post Nesta fase será realizada a avaliação dos impactos resultantes do Plano de Reassentamento, tendo como objetivo identificar a eficácia de suas ações em relação aos objetivos gerais do Projeto. Esta avaliação que deverá ser realizada em um processo de pesquisa de caráter longitudinal tem como objetivos específicos: - Avaliar as transformações ocorridas no contexto da qualidade de vida das populações beneficiadas com o programa em tela, incluindo as dimensões sociais, econômicas e ambientais; - Avaliar as alterações nos padrões de inserção social e urbana dos beneficiados tanto no que concerne a integração nos recursos oferecidos pela cidade quanto aos processos organizativos e de desenvolvimento da sociabilidade e construção da cidadania; - Avaliar os ganhos de sustentabilidade socioeconômica-ambiental em âmbito local/municipal; - Avaliar a sustentabilidade econômica e financeira do Programa. Na implementação desta ação deve-se ter bastante presente que avaliação de impactos pós-ocupação implica identificação de um quadro complexo de conseqüências em cadeia resultantes de um projeto implantado ou a ser implantado em uma determinada região ou em um determinado território. Compreende necessariamente a identificação de: a.Cenário preexistente; b.Transformações verificadas em diferentes tempos Desta forma a avaliação a ser realizada deverá partir do diagnóstico da situação de cada comunidade/família, a ser obtida quando da realização do 99 cadastro socioeconômico, independentemente do tipo de tratamento que lhes será conferido. Constituem objeto de avaliação tanto as famílias diretamente afetadas pelo programa como o conjunto do assentamento afetado e/ou conjunto habitacional para onde foram transferidas as famílias reassentadas, fazendo-se possível desde já indicar, preliminarmente, as seguintes dimensões de avaliação: - Condições de vida: saúde, educação, lazer, alimentação, saneamento ambiental, trabalho e renda; capacitação para o trabalho, padrões de habitabilidade individual; - Incorporação de práticas sustentáveis: usos da água e respectivas fontes; instalações sanitárias; relações com o rio; - Organização e Inserção social: relações societárias, práticas associativas e cooperativas, processos autogestionários; - Condições urbanas: infra-estrutura urbana, ambiente construído, padrões de habitabilidade local, acesso aos serviços urbanos. Para cada uma das dimensões anteriormente assinaladas serão identificadas as variáveis relevantes e adequadas a serem tomadas como elemento de avaliação e deverão ser identificados os respectivos indicadores de avaliação, os quais deverão ser replicados em cada um dos momentos de levantamento a ser realizado. 5.1.6.1 Periodicidade do Processo Avaliativo Considerando-se o tempo normalmente demandado para que se possa efetivamente mensurar impactos (positivos e negativos) e respectiva eficácia de programa do gênero propõe-se que além do levantamento já realizado no momento do cadastramento já realizado na área, sejam realizados pelo menos três rodadas de levantamentos, sugerindo-se inicialmente que se obedeça o cronograma que se segue: 1. Seis meses após a mudança; 2. Um ano após o primeiro levantamento após a mudança; 3. Dezoito meses após o segundo levantamento após a mudança 100 Desta forma ao final de 04 anos, ou seja na conclusão do Projeto poder-se-á obter um perfil das transformações verificadas no quadro de vida das famílias em decorrência do processo de reassentamento involuntário a que foram submetidos, apreendendo-se as transformações verificadas em curto e médio prazos. O detalhamento metodológico da Avaliação Pós-Ocupação deverá constituir uma das atividades a serem desenvolvidas na Fase II de implantação do presente PDRI. 101 6. MOBILIZAÇÃO E COMUNICAÇÃO SOCIAL 6.1 Objetivos - Criar mecanismos de comunicação e divulgação das ações do Programa BH Vilas Urbanizadas, mobilizando os diversos atores envolvidos (moradores, equipes de trabalho e comunidade do entorno imediato) para a participação comunitária; - Incentivar as formas de mobilização e comunicação com a comunidade; - Fortalecer os fóruns de debate e participação da comunidade (GR e outros), com caráter deliberativo, a partir de temas referentes às intervenções urbanísticas, jurídicas e sociais da Vila; - Dar continuidade ao processo de capacitação de lideranças e grupos representativos já existentes; - Ampliar a participação da comunidade em todas as etapas do Projeto: planejamento, execução, fiscalização, monitoramento, avaliação e acompanhamento pós-morar; - Estimular a busca autônoma de parcerias para a implementação de novas ações de impacto social na Vila; - Promover atividades educativas para preservação e manutenção dos benefícios, bem como para a defesa dos espaços reorganizados, garantindo a manutenção da qualidade de vida conquistada; - Promover ações de educação sanitária e ambiental; - Promover condições de acesso aos programas e serviços desenvolvidos pelo poder público municipal, que atendam às necessidades prementes da comunidade. 6.2 Procedimentos Metodológicos 102 A Mobilização Social se caracteriza, fundamentalmente, pela atuação junto a uma determinada comunidade, a partir de um processo interativo, contribuindo com sua organização. Ela é decisiva para o processo de Comunicação Social em uma comunidade, pois, propicia o desenvolvimento de estratégias diferenciadas que possibilitem a ampliação do fluxo de informações, criando canais de diálogo direto com a população, possibilitando a transparência na execução das políticas públicas e fornecendo suporte de caráter educativo. A informação dever ser entendida, não como mero instrumento de propaganda, mas sim, como instrumento de formação e informação de direitos e deveres e contribuir com a ampliação das noções de cidadania. A metodologia proposta parte do pressuposto que a população acumula conhecimento e experiência e, que este acúmulo servirá de base para organização coletiva em benefício da própria coletividade. Os instrumentos de comunicação social servirão como atividade meio para viabilizar a transparência das ações e permitir que as comunidades atingidas e do entorno participem da execução das intervenções do Programa. Sugere-se alguns instrumentos: - Boletins informativos, “mosquitinhos”, faixas, murais, cartazes, painéis, banners, folhetos/panfletos, painéis fotográficos, mapas das intervenções na obra, exposições de trabalhos, maquetes, visitas monitoradas a conjuntos habitacionais e a outros projetos de interesse social (experiências exitosas nas áreas da saúde, educação ambiental, de condomínios, de geração de renda, patrimônio, etc.), esquetes teatrais, dinâmicas de grupo, mapa falado, cartilhas, atividades lúdicas, dentre outros. - Oficinas de cultura para preparação de vídeos e filmes sobre a realidade local e temas afins; - Utilizar as produções da Oficina Memória da Vila, realizada na Primeira Etapa do Projeto Pedro II, com o objetivo de informar, formar e envolver os atores na gestão do Programa; - Elaborar banco de dados sobre as instâncias participativas (rádios comunitárias, instituições que desenvolvem projetos sociais e ações 103 setoriais da Prefeitura) que tenham interface com o Programa BH Vilas Urbanizadas; - Exposições itinerantes do Programa em Escolas, Feiras, Unidades de Saúde, etc; - Campanha para prevenção de acidentes na área das obras; - Distribuição de informativos, planfletos, instalação de faixas e de sinalização, dentre outros instrumentos, antes do início de cada etapa da obra. 6.3 Público Alvo - Público interno (equipes de trabalho e população da Vila São José); - Público externo (comunidade e bairros do entorno) 104 7. CUSTOS ESTIMADOS REASSENTAMENTO VILIA SÀO JOSÉ E TAQUARIL DESCRIÇÃO MOBILIZAÇÃO SOCIAL E MONITORAMENTO TOTAL (R$) Responsável Institucional e PBH/URBEL Mobilização, Acompanhamento Social Monitoramento Equipe Técnica (4 Téc. Nivel superior; 4 Nível Médio) São José – 4 anos Equipe Técnica (2 Téc. Nivel superior; 4 Nível Médio) Taquaril 2 anos Monitoramento e Avaliação* 1.524.356,00 480.184,00 960.060,00 Total da atividade 2.964.600,00 Cadastro Socioeconômico Cadastro Socioeconômico - São José I Cadastro Socioeconômico - Taquaril Total da atividade PBH/URBEL 66,000,00 9.000,00 75.000,00 Cadastro Técnico de Remoção Cadastro Técnico de Remoção - São José *Cadastro Técnico de Remoção - Taquaril Total da atividade PBH/URBEL Infra-estrutura PBH/URBEL Total da atividade ISub-Total Implantação Reassentamento do Plano 286.000,00 39.000,00 325.000,00 de 677.160,00 677.160,00 4.041.760,00 Construção de unidades habitacionais S. José PBH/SUDECAP 59.400.000,00 1.437.500,00 IPROAS I Indenizações ** 2.012.500,00 Sub-total São José 62.850.000,00 9.000.000,00 Construção de Unidades Habitacionais PBH/URBEL Taquaril PROAS ** I Indenizações ** Sub-total Taquaril 9.000.000,00 Total Geral 75.891.760,00 Fonte: Programa BH Vilas Urbanizadas, PBH/URBEL, 2005 105 8. Cronograma do Reassentamento (Elaboração e Execução) Vila São José e Taquaril FASES TRIMESTRES ANO 1 1 2 3 ANO 2 4 5 6 7 ANO 3 8 9 10 11 ANO 4 12 13 14 15 16 1 -Elaboração dos Planos de Reassentamentos 2- Mobilização Social 3 - Congelamento das Áreas e Delimitação do Público Alvo 4 - Consolidação das alternativas de reassentamento 5 - Implantação do processo de indenização 6 - Implantação do PROAS 7 – Reassentamento em CH 7.1 – Detalhamento de Projeto 7.2 – Construção 7.3 – Mudança 8 - .Monitoramento 8- Avaliação 106 107 ANEXO 1 RELATÓRIO FOTOGRÁFICO VILA SÃO JOSÉ 108 ANEXO 2 DOCUMENTOS DO PROJETO SOCIAL PRIMEIRA ETAPA PEDRO II 109 110 ANEXO 3 RELATÓRIO FOTOGRÁFICO CONJUNTO TAQUARIL 111 ANEXO 4 ATA DE CONSULTA ÀS LIDERANÇAS 112 III - MARCO LEGAL 113 As famílias beneficiárias pelo reassentamento do Programa ocupam terrenos públicos. Neste sentido, tem-se como base legal para as intervenções os seguintes instrumentos: - Estatuto da Cidade (prevê que a intervenção urbanística deve respeitar a propriedade, abrangendo a posse em suas diversas formas e a simples moradia em si); - Emenda Constitucional nº 26/00 (garante como direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia); - Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte (estabelece como competência do Município, da união e do Estado, promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e o saneamento básico, além da regularização e titulação das áreas ocupadas por população de baixa renda; proteção, preservação e recuperação do meio ambiente); - Lei 7.166 de 27 de agosto de 1996 (estabelece normas e condições para parcelamento, ocupação e uso do solo urbano do município e determina que o território do município é considerado área urbana, dividindo-se em zonas, de acordo com diretrizes estabelecidas no Plano Diretor). Segundo a Lei de Uso e Ocupação do Solo, a Vila São José e o Conjunto Taquaril enquadram-se, em sua maior extensão, na ZEIS – Zonas de Especial Interesse Social (conforme figura 20) Estas zonas são definidas como regiões nas quais há interesse público em ordenar a ocupação por meio de urbanização e regularização fundiária; em implantar ou complementar programas habitacionais de interesse social e que se sujeitam a critérios especiais de parcelamento, ocupação e uso do solo. A garantia legal para o reassentamento e para indenizações de benfeitorias é amparada na legislação municipal através da Lei do PROAS - lei 7.597 de 06 de novembro de 1998, que estabelece o pagamento da benfeitoria ou a compensação através de reassentamento em uma nova moradia para os ocupantes de área pública em situação de risco ou em locais de realização de obras públicas. 114 Pode-se assim sistematizar as leis que formam o arcabouço jurídico para as ações urbanísticas pretendidas: - Constituição Federal de 1988 - Lei Federal 10.257 de 10.07.01- Estatuto da Cidade - Emenda Constitucional 26/00 - Lei Federal 6766/79 – Parcelamento do Solo urbano - Lei Federal 10.406/02 – Código Civil Brasileiro - Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte - Lei Municipal 7165/96- Plano Diretor - Lei Municipal 7166/96 - Parcelamento, ocupação e uso do solo - Lei Municipal 4253/85 – Meio ambiente - Lei Municipal 6326/93 – FMH, e 6508/94 – CMH (política habitacional do município) - Leis Municipais específicas que se fizerem necessárias 115 FIGURA 20 Uso e Ocupação do Solo Vila São José 116 IV - SISTEMA HABITACIONAL DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE 117 Tendo em vista que a concepção e elaboração das propostas apresentadas neste documentos estão baseadas nas diretrizes da Política Municipal de Habitação e a construção de novas unidades habitacionais tem como referência a experiência acumulada na implementação desta política, apresentaremos a seguir o sistema e a política municipal de habitação. 1 SISTEMA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO Tendo em vista o vazio institucional e político que se instalou no âmbito da questão habitacional no Brasil, a partir de meados da década de 1980 com a extinção do Banco Nacional de Habitação e respectiva transferência do Sistema Financeiro de Habitação para o âmbito de atuação da Caixa Econômica Federal, e considerando os estudos realizados sobre o déficit habitacional presente no município, a gestão democrático popular do Governo Municipal de Belo Horizonte, criou em 1993, o Sistema Municipal de Habitação. Este sistema é composto pelo Conselho Municipal de Habitação, pelo Fundo Municipal de Habitação Popular (FMHP) e pela URBEL (Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte), órgão propositor/executor da Política Municipal de Habitação e gestora do FMHP. Através do Conselho Municipal de Habitação, canal institucional de participação popular na elaboração e monitoramento da política habitacional, foi possível viabilizar uma política de financiamento para programas de habitação popular, dando oportunidade de acesso a moradias dignas à parcela da população com renda familiar até 5 (cinco) salários mínimos. Todas essas iniciativas foram baseadas em legislação específica, representando um avanço dentro das políticas públicas do município, resultado objetivo da parceria realizada entre a administração pública e o movimento dos “sem casa16 Este sistema desenvolve programas habitacionais, tendo criado o Orçamento Participativo da Habitação destinado a atender a demanda desse movimento. 16 Tratam-se de famílias moradoras de aluguel, em casas cedidas, co-habitantes ou mesmo organizados em núcleos. 118 Concebida basicamente para atuar em duas grandes linhas de atuação – intervenção em assentamentos existentes e produção de novos assentamentos para as famílias dos núcleos de sem casa do município – a Política Municipal de Habitação de BH possui em seu escopo básico a participação social como elemento intrínseco à sua gestão. Neste sentido são preconizados no âmbito da PMH-BH dois modelos de gestão para os empreendimentos desenvolvidos sobre a sua égide: - Gestão pública: poder público gerencia o empreendimento com o acompanhamento dos beneficiários; - Autogestão: poder público repassa recursos financeiros, através de contratos, e os beneficiários gerenciam todo o empreendimento. A partir do ano 2000, com a Reforma Administrativa, a Secretaria Municipal de Habitação (SMHAB) integra o Sistema Municipal de Habitação como órgão propositor e executor da política habitacional e gestora do Fundo Municipal de Habitação Popular. Em junho de 2003, a URBEL retoma suas atribuições anteriores, especificamente em relação às ações em assentamentos existentes (vilas e favelas): planejamento de intervenções, execução de obras de manutenção, regularização fundiária, gerenciamento de programas de reassentamento em função de obras públicas e atendimento da população em situação de risco geotécnico-geológico. À Secretaria Municipal de Habitação foi destinada a responsabilidade de planejar e executar a Política Municipal de Habitação no que se refere à produção de novos assentamentos, ou seja, atendimento ao movimento organizado dos “sem casa” através de Orçamento Participativo da Habitação OPH, e na implementação de parcerias com os agentes financiadores de políticas habitacionais para a ampliação do recursos destinados a construção de novas moradias. O Fundo Municipal de Habitação Popular, criado pela Lei n° 517 de 29 de novembro de 1955, foi regulamentado através da Lei 6.326, de 18 de janeiro de 119 1993, com o objetivo de dar suporte financeiro à política habitacional voltada para o atendimento da população de baixa renda. Um ano depois da regulamentação do FMH é criado pela Lei 6.508 de 12 de janeiro de 1994 o Conselho Municipal de Habitação – CMH, “órgão da Administração do Município, com caráter deliberativo acerca das políticas, planos e programas para produção de moradia e de curadoria dos recursos a serem aplicados”17. O Conselho Municipal de Habitação constitui o principal canal de participação popular nas questões relacionadas à moradia popular no município. Tem como competência analisar, discutir e aprovar os objetivos, as diretrizes e as prioridades da política municipal de habitação e de captação e aplicação de recursos. É composto por 20 membros, dos quais 09 representantes da Prefeitura de Belo Horizonte, 06 de entidades do movimento popular, 04 vinculadas à produção de moradia (empresários, universidades, profissionais liberais, e entidades sindicais e poder legislativo), todos com mandato de dois anos. A partir de 1996, o Sistema Municipal de Habitação foi ampliado com a criação da Conferência Municipal de Habitação, que passou a ser a instância superior de deliberação de diretrizes para a Política Municipal de Habitação. A Conferência é o espaço de participação dos diversos setores ligados à questão da moradia onde delegados indicados por entidades populares, sindicais, empresariais, conselhos profissionais e conselheiros municipais de habitação discutem e avaliam a PMH, definindo seus rumos, encaminham propostas e elegem delegados para a Conferência Municipal de Política Urbana. A política habitacional aprovada pelo Conselho Municipal de Habitação é inspirada no ideário da Reforma Urbana, e como esta, tem como principais diretrizes promover o acesso de todos à moradia digna, à gestão democrática e à integração com as demais políticas urbanas. Na priorização de atendimento 17 o Art 1 . da Lei 6.508 de 12 de janeiro de 1994. 120 privilegiam-se as faixas de mais baixa renda, os grupos organizados, e as famílias em áreas de risco18. 2 Política de Reassentamento - Experiências Anteriores de Reassentamento Involuntário Conduzidas pela Prefeitura Ao longo da história de Belo Horizonte, a remoção de famílias ocupantes de áreas públicas foi praticada de forma sistemática. Este procedimento, quase sempre, visava à retirada de famílias moradoras de favelas ou a remoção de ocupações ribeirinha aos cursos d’água. A atuação do Poder Público por anos se restringiu, em regra, às tentativas de erradicação das favelas, muitas vezes de forma traumática. Motivadas inicialmente pela intenção de garantir o traçado original de Belo Horizonte e, posteriormente, em função da execução de grandes obras de saneamento e consolidação do sistema viário, esta atuação representou a remoção de milhares de pessoas que recebiam pequenas indenizações em dinheiro por suas casas. Entre as décadas de 1960 e 1970, tendo como justificativa a implantação de avenidas de fundo de vale, a CHISBEL – Coordenação de Habitação de Interesse Social, vinculada à Prefeitura de Belo Horizonte, removeu cerca de 44 mil pessoas, reforçando o processo de “desfavelamento” muito embora tenha tão somente provocado o favelamento de outras localidades. Desta maneira, viabilizava-se a obra pretendida, mas não se atentava para as conseqüências sociais da remoção das famílias que, em muitos casos, somente trocavam uma favela ou beira de córrego, por outro local semelhante ou pior. A partir do final da década de 1980, mais precisamente após a implantação da Política Municipal de Habitação, em 1993, alguns fatores importantes podem ser apontados na mudança desta forma de atuação do Poder Público, são eles: nova abordagem da intervenção em favela, passando-se a privilegiar as 18 Texto sobre Política Municipal de Habitação – Mônica Cadaval Bedê e Antonia Puertas. 121 melhorias urbanas dos assentamentos; maior relevância dada aos métodos e práticas de reassentamento, quando da realização de obras públicas; exigências de estudos mais detalhados para o reassentamento destas populações por parte dos agentes financiadores; sucessivos mandatos de governos municipais (1993-2003)19 preocupados com a dimensão social da remoção das famílias. Dentro dessa nova visão, algumas intervenções podem ser exemplificadas: - o Prosam - Programa de Saneamento da Bacia do Rio das Velhas (financiamento do BIRD); - a expansão do Metrô de Superfície de Belo Horizonte; - o reassentamento de famílias em áreas de risco de favelas do município (financiamento do BIRD); - a Intervenção Estrutural (modalidade de intervenção prevista na Política Municipal de Habitação) que executou o reassentamento em unidades verticalizadas na própria favela, após o planejamento integrado entre as áreas física-ambiental-jurídica-legal e social. A experiência iniciou-se em 1994 e encontra-se em fase final de desenvolvimento na Vila Senhor dos Passos, região noroeste. Atualmente conta com recursos proveniente do BID através do Programa Habitar Brasil); - o reassentamento de famílias de áreas de risco de favelas; - a instituição, por lei municipal, do PROAS – Programa de Reassentamento por Obras Públicas, que estabelece um subsídio na avaliação das moradias de mais baixo padrão e o Reassentamento Monitorado. Nesses reassentamentos involuntários, além da construção de unidades habitacionais é utilizado o PROAS, em função de obras públicas ou vítimas de calamidades. O PROAS vem sendo utilizado em apoio a obras de urbanização, principalmente as previstas no Orçamento Participativo e que demandam reassentamento de famílias moradoras de áreas públicas, para as obras serem viabilizadas. É utilizado, também, para reassentar famílias retiradas de áreas 19 Em 2004, o prefeito em exercício Fernando da Mata Pimentel (PT) é reeleito para o mandato 2005-2008. 122 de risco ou que perderam a moradia em período de chuva e encontram-se abrigadas, temporariamente, pela Prefeitura em alojamentos provisórios. Uma das experiências mais recente de reassentamento involuntário da PBH é decorrente da implantação do Projeto Pedro II, Primeira Etapa, concluída em 2004, que implicou no reassentamento de 208 (duzentas e oito) famílias da Vila São José, no entorno imediato desta vila. Para o reassentamento dessas famílias a PBH implementou a construção de um conjunto habitacional em área desapropriada, próxima à vila São José: 13 prédios com 208 apartamentos, na faixa de R$23.000,00 (vinte e três mil reais ) a unidade habitacional, com o custo total para o poder público municipal. Os apartamentos projetados são: apto de 1 quarto – 35 m2, apto de 2 quartos – 44 m2 e apto 3 quartos: 53 m2; Outra linha de atuação, como já mencionado, é a construção de cerca de 1.439 novas moradias para a população desabrigada em função de rigoroso período chuvoso em 2003 ou retirada de famílias de áreas de risco. Deve-se citar, ainda, a estrutura jurídica e de avaliação de imóveis, já existente na administração pública municipal e com longa prática no encaminhamento dos processos de desapropriação/indenização necessários a viabilização das intervenções e programas urbanos do município. Portanto, o leque de experiências recentes encontradas em Belo Horizonte aborda de formas distintas o reassentamento e a liberação de áreas para a viabilização de obras públicas, sendo muitas vezes formas de atuação usadas de forma complementar. Basicamente são praticadas, as seguintes modalidades: • Reassentamento através da construção de conjuntos habitacionais que repõem a moradia, procurando melhorar a qualidade da habitação. Construção esta que pode ser em terrenos próximos as áreas de 123 intervenção, ou através do aproveitamento de áreas remanescentes, solução muito utilizada pelos Planos de requalificação de favelas. • Reassentamento Autônomo, definido para as desapropriações de imóveis (terreno e benfeitorias) devidamente documentados e indenizações de benfeitorias acima de um determinado valor preestabelecido e localizadas em áreas públicas. Trata-se de situações em que as famílias estão em condições de repor sua habitação através do mercado imobiliário, com o recurso recebido; • Reassentamento Monitorado é a modalidade em que a família afetada é indenizada pela benfeitoria recebendo outra moradia à sua escolha de valor até o teto previsto pelo PROAS, as quais são avaliadas e têm suas condições vistoriadas por técnicos do PROAS/URBEL; estas famílias são assim monitoradas no processo de aquisição da nova moradia; 124 EQUIPE TÉCNICA Coordenação do Projeto Maria Cristina Fonseca de Magalhães Arquiteta - Diretora de Planejamento – PBH/URBEL Júnia Naves Arquiteta – Chefe de Divisão de Captação de Recursos – PBH/URBEL Elaboração dos Estudos Claudinéia Ferreira Jacinto Assistente Social CRESS 3101 - Assessora Técnica da PBH / Secretaria Municipal de Planejamento, Orçamento e Informação - SCOPLAM. Maria Angélica Franco Prados Socióloga – Especialista em Relocalização de Famílias – UEP/URBEL/DRENURBS Maurício Alexandre S. Moreira Sociólogo - Consultor da PBH / Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte - URBEL. Luciana Lorenna Dias de Oliveira Estagiária de Arquitetura UFMG. Agradecimentos: Auta Alcântara Oliveira, Lúcia Formoso e Soraia Aparecida Belton Técnicas da Equipe do Projeto Social “Primeira Etapa Pedro II” . Solange Fonseca de Araújo Técnica de Mobilização Social SCOMURBE. 125 GLOSSÁRIO DE SIGLAS BH Belo Horizonte BID Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento BNH Banco Nacional de Habitação CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais CF Constituição Federal CHISBEL Coordenação de Habitação de Interesse Social CMH Conselho Municipal de Habitação COHAB Companhia da Habitação COMFORÇA Comissão de Fiscalização do Orçamento COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais DRENURBS Programa de Recuperação Ambiental de Belo Horizonte FMH Fundo Municipal de Habitação FMHP Fundo Municipal de Habitação Popular IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPEAD Instituto de Pesquisa Econômica e Administrativa IQVU Índice de Qualidade de Vida Urbana IVS Índice de Vulnerabilidade Social LOMBH Lei Orgânica do Município de Belo Horizonte OP Orçamento Participativo OD 4.30 Política Operacional – Reassentamento Involuntário (BIRD) OPH Orçamento Participativo da Habitação PAR Programa de Arredamento Residencial PBH Prefeitura de Belo Horizonte PDRI Plano de Desapropriação e Reassentamento Involuntário 126 PEAR Programa Estrutural em Áreas de Risco PGE Plano Global Específico PMH – BH Política Municipal de Habitação de Belo Horizonte PRODECOM Programa de Desenvolvimento Comunitário PROFAVELA Programa Municipal de Regularização de Favelas SCOMURBE Secretaria de Coordenação da Política Urbana e Ambiental SCOMURBE Secretaria Municipal de Coordenação da Política Urbana e Ambiental SCOPLAM SECRETARIA MUNICIPAL DE GOVERNO, PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL SE 4 Setor Especial 4 SEAC Secretaria Especial de Ação Comunitária da Presidência da República SLU Superintendência de Limpeza Urbana SMEU Secretaria Municipal de Estrutura Urbana SMHAB Secretaria Municipal de Habitação SMPL Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte SMRU Secretaria Municipal de Regulação Urbana URBEL Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte UTP União dos Trabalhadores da Periferia 127 128