STL/008 21 a 26 de Outubro de 2001 Campinas - São Paulo - Brasil SET IV SESSÃO TÉCNICA ESPECIAL DE TELECOMUNICAÇÕES EM SISTEMAS DE POTÊCIA - STL AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA MANUTENÇÃO APLICADA AO SISTEMA DE TELEPROTEÇÃO Domingos Vanderlei Filho Luiz Gustavo V. Vicente Hélio Burle de Menezes Ulisses S. B. Gonçalves CHESF CHESF CHESF CHESF RESUMO Este artigo trata do estudo das ocorrências do sistema de teleproteção das linhas de transmissão de 230/500KV da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF), durante o período de janeiro de 1990 a abril de 2000. Nele procura-se avaliar as causas associadas as ocorrências através de uma abordagem científica, bem como a identificação de possíveis soluções para melhoria da disponibilidade do sistema e avaliação da manutenção. PALAVRAS-CHAVE: Manutenção, Telecomunicações, Teleproteção, Disponibilidade, Confiabilidade, Sistema de Informação. externo tem repercussão direta na imagem da empresa junto a sociedade como um todo, pois trata-se de prestação de um serviço público. Para fornecer resposta a este cenário tornou-se necessário proceder a estudos de forma a identificar alternativas factíveis dentro de uma gestão otimizada dos recursos de manutenção no que concerne: às estratégias de manutenção, a aplicação de filosofias de manutenção, aos estudos de aumento na confiabilidade de equipamentos e do sistema, bem como verificar e avaliar a necessidade e/ou viabilidade de terceirizar parte das atividades de manutenção da teleproteção. Este último ponto citado tem origem e motivação pois se pode observar uma redução contínua do quadro de pessoal técnico próprio. 1.0 INTRODUÇÃO A disponibilidade da infra-estrutura de equipamentos, que suportam um determinado serviço prestado, tem relação direta com a receita da empresa e com a continuidade e expansão do número de clientes. Adicionalmente as áreas de manutenção das empresas de transmissão de energia elétrica, dentro do novo cenário nacional em vigor para o setor, são responsáveis pelo cumprimento da disponibilidade estabelecida. Assim, a redução na disponibilidade do sistema elétrico bem como do sistema de teleproteção associado a ele, é fator crítico para a sobrevivência das empresas de transmissão, pois existem penalidades financeiras proporcionais ao tempo de indisponibilidade apresentado pelo sistema. Estas penalidades podem estar tanto associadas a interrupções programadas de manutenção como a corretivas aleatórias. Cabe lembrar que, além deste aspecto financeiro, a garantia de continuidade do serviço para o cliente ou usuário As mudanças propostas a partir deste trabalho levam em consideração a melhor relação custo-benefício e estão sendo testadas e comparadas fazendo-se uso de dados disponíveis de situações reais, obtidos a partir do sistema de informações de telecomunicações da CHESF. Tem-se como objetivos identificar os pontos críticos que afetam a disponibilidade do sistema de teleproteção bem como suas respectivas soluções, fazendo-se uso de ferramentas da área de engenharia de manutenção através da análise dos dados existentes no sistema de informações. Foi inicialmente realizado um estudo baseado nas ocorrências de teleproteção registradas no módulo do sistema de informações para controle operacional e gerência da manutenção (COGEM), no período de janeiro de 1990 a abril de 2000. Dentro deste sistema de informações de telecomunicações foram tratadas somente as ocorrências que geraram Ordem de Serviço Corretiva Aleatória (OSCA). Em cada OSCA Rua 15 de março, 50 anexo 2 bloco A sala 107-109 Bongi CEP 50.761-901 Recife - Pernambuco - Telefone 081xx32294095 - Fax 081xx32294217; e-mail: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]. estão disponíveis valores referentes a: identificação da ocorrência, ações tomadas pela manutenção, tempos e movimentos associados incluindo-se a devolução do serviço ao usuário. O universo pesquisado foi de 894 OSCA, abrangendo as seis áreas regionais de manutenção de telecomunicações da CHESF. É importante observar que o parque de equipamentos contemplado neste trabalho, abrangeu a totalidade do segmento de teleproteção tanto de uso exclusivo como de uso misto (teleproteção, fonia e dados). Lateral Simples (SSB), no final da década de 40, não ocorreram quaisquer mudanças conceituais até a última evolução digital em ondas portadoras. No caso da CHESF, o sistema OPLAT foi a principal plataforma de transmissão utilizada na sua rede privada de comunicação, até a década de 70. Na Figura 1 pode ser observado um diagrama com o sistema de teleproteção atual via ondas portadoras. 3.0 ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO NA CHESF 2.0 HISTÓRICO Na CHESF ao longo de seus 53 anos tem sido adotada a distribuição de todas equipes de A teoria de transmissão de ondas portadoras através de linhas de alta tensão foi concebida durante a década de 20, tendo sido, primeiramente, implementada nos anos 30. Desde a mudança do conceito de Banda Lateral Dupla (DSB) para Banda manutenção abrangendo toda sua área de atuação na Região Nordeste. A implementação disto é através da alocação em Gerências Regionais. Essas Gerências são unidades sediadas nos estados do Piauí, Ceará, Pernambuco e Bahia. FIGURA 1 Em cada uma dessas Regionais estão situadas sub unidades de manutenção, os Serviços Regionais de manutenção, cuja finalidade é executar as manutenções nos sistemas instalados naquela área Regional. Em cada Regional mencionada se dispõe de um Serviço específico telecomunicações. de manutenção de Esses Serviços executam a manutenção em conformidade com as orientações demandadas dos Órgãos de estudo centralizados. Na Figura 2 está um mapa com a área de atuação dos serviços regionais de telecomunicações. LESTE PAULO AFONSO ADS – Sistema de avaliação de desempenho, CUSTOS – Sistema de aquisição de custos. No momento atual esta sendo feita a transição para um novo sistema de informações. Este novo sistema se diferencia do anterior pelas seguintes características entre outras: NORTE OESTE • • SEDE SOBRADINHO SUL • Ambiente Windows; • Geração automática de ordens de serviço; • Integração dos vários sistemas envolvidos; • Geração automática do PMP; • Geração automática de relatórios 5.0 RESULTADOS OBTIDOS FIGURA 2 Um órgão central de engenharia de manutenção é o responsável pela elaboração dos estudos a nível global da empresa tais como periodicidade de manutenção, interpretação estatística dos resultados, desempenho, obsolescência, custos, e outros. Estas funções são pertinentes a Divisão de Engenharia de Manutenção e Reparo de Telecomunicações - DOMT. No caso da avaliação de desempenho de sistemas (ADS) o seu principal objetivo é verificar o atendimento aos requisitos dos usuários e propor medidas corretivas para os desvios observados em relação ao comportamento desejado. 4.0 SISTEMA DE INFORMAÇÕES TELECOMUNICAÇÕES DE O sistema de informações de telecomunicações da CHESF (SITL) foi desenvolvido sobre um gerenciador de banco de dados, o ADABAS, utilizando-se a linguagem de programação NATURAL. O SITL foi estratificado em subsistemas de informação de acordo com as atividades executivas e atribuições, e necessidades de gerenciamento da expansão, da exploração e avaliação de desempenho de sistemas e serviços. Os subsistemas que agregam o SITL são: • • • CADSIS – Sistema de cadastro, COGEM – Sistema de controle operacional, MANPRO – Sistema de planejamento manutenção, da Pela análise dos dados contidos nas OSCA observouse: que as principais causas das ocorrências encontradas estão associadas a: • Desajustes dos equipamentos; • Falhas de alimentação; • Problemas de mau contato. Estes três itens representam juntos 38,2% do total das 894 OSCA. A participação de cada item de forma individual foi de 17% em desajustes dos equipamentos, 12,7% em falhas de alimentação e 8,5% em problemas de mau contato. Adicionalmente, foi realizado estudo estatístico por família de equipamento e por sistema (230KV / 500KV). Os resultados expostos nas Tabelas 1 e 2, apresentam dados das famílias que contribuíram com mais de 5% do total de OS registradas no sistema. É importante registrar que as 489 OSCA da Tabela 1 representam 81% do total de casos envolvendo equipamentos de 230KV, e as 183 OSCA da Tabela 2 representam 92% dos casos envolvendo o sistema de 500KV. A família 999 representa equipamentos não cadastrados no momento da entrada dos dados no sistema de informações. Assim, ela não pode ser associada a nenhum equipamento em particular. TABELA 1 - 230KV ÁREA REGIONAL FAMÍLIA Dados 8 Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) 106 Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) 133 Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) 202 Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) 220 Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) 999 Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) Total Contagem de OSCA Total Soma de T_indisp(h) SBTL SLTL SNTL SOTL SPTL 6 10 10:30 18:28 2 16 26 11 10 16:47 12:29 6:42 13:38 9:45 20 41 51 16 31 3:30 6:04 4:21 8:59 3:55 6 1 7 12 17:50 11:31 7:04 0:44 47 4:06 17 6 3:00 5:43 22 133 78 34 69 20:17 5:59 22:34 5:41 14:35 SSTL Total Global 22 38 19:51 0:49 5 70 2:01 13:22 25 184 12:15 15:04 39 65 21:09 10:18 43 90 23:51 3:57 19 42 16:22 1:05 153 489 23:29 20:35 TABELA 2 - 500KV ÁREA REGIONAL FAMÍLIA 52 Dados Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) 55 Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) 106 Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) 173 Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) 761 Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) 999 Contagem de OSCA Soma de T_indisp(h) Total Contagem de OSCA Total Soma de T_indisp(h) SBTL SLTL SNTL SOTL 26 21:52 3 5 22:52 17:48 5 4 15:49 7:00 11 6 2 10:36 16:02 2:00 4 3 5 20:49 14:06 0:32 5 2 14:23 19:28 23 18 2 38 22:06 3:31 19:28 18:12 Na Tabela 3 estão apresentados dados relativos aos MTBF das famílias constantes das Tabelas 1 e 2. TABELA 3 - MTBF FAMÍLIA 8 52 55 106 133 173 202 220 761 MTBF (HORAS) 2044,30 1149,19 2171,88 969,21 492,59 2116,84 1225,20 935,41 1362,14 SPTL SSTL 4 20:11 13 19:29 6 14 16:30 18:55 29 19 1:58 0:28 13 4 19:29 20:47 65 37 5:37 16:10 Total Global 26 21:52 12 12:51 22 18:18 39 16:03 60 13:53 24 2:07 183 13:04 Como conseqüência do trabalho foram identificadas algumas ações voltadas a melhoria no desempenho do serviço de teleproteção. Segue uma relação com os pontos mais importantes: • Recapacitação das equipes técnicas quanto ao preenchimento das ordens de serviço, com o fim de eliminar dúvidas e omissões; • Identificação de deficiências no processo de manutenção, tais como de: treinamento, instrumental e transporte; • Subsídio na definição dos enlaces crítico, para troca de equipamentos; • • Subsídio na análise para recapacitação de linhas de transmissão, quanto a sua suportabilidade no incremento de corrente; Mudança na filosofia de manutenção empregada, eliminando-se as do tipo preditiva mantendo-se exclusivamente as manutenções por diagnose; • Inclusão de inspeções nos acoplamentos dos OPLAT (TPC), cabo coaxial, bobinas de bloqueio e caixas de sintonia; • Ajuste dos níveis dos equipamentos OPLAT para as condições de cada enlace, sem que isto venha a comprometer a relação segurança versus confiabilidade; • Reconfiguração de equipamentos OPLAT, na forma de ajustes e mudança de hardware com participação de mão de obra terceirizada; • Identificação de manobras nas SE que interferiam nos equipamentos OPLAT; • Avaliação de equipamentos e MTBF. 6.0 CONCLUSÕES O grande benefício oferecido pela existência de um órgão central de engenharia de manutenção é permitir o levantamento de dados padronizados, por amostragens ou de todo o universo. Isto se torna ponto importante no que diz respeito a manutenção de sistemas de proteção, no setor elétrico, para que esta não seja baseada em dados empíricos, experiências individuais, recomendações de fabricantes e intercâmbio técnico entre empresas Assim, é possível observar que a área de manutenção tem passado por uma evolução grande em termos de métodos aplicáveis ao seu processo de gerenciamento e decisão. No caso da CHESF esta experiência apresentada neste texto mostrou a possibilidade de através do sistema de informações de telecomunicações identificar soluções bem como suas alternativas para os problemas existentes no sistema OPLAT. Isto indubitavelmente vem ao encontro dos anseios institucionais e da sociedade por empresas mais eficientes e rentáveis. 7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Especificação Técnica CHESF 04411020010002 - Sistema de Informação. RS [2] CHESF - Relatório Técnico Dados de Teleproteção 2000. 8.0 DADOS BIOGRÁFICOS Domingos Vanderlei Filho: Graduou-se em engenharia eletrônica formado pela Escola Politécnica da Pernambuco em 1989. Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Pernambuco na área de Engenharia de Sistemas. Vinculou-se à CHESF em 1985, tendo sempre desenvolvido atividades na área de manutenção. Atua no momento atual na área de engenharia de manutenção de telecomunicações. Hélio Burle de Menezes: Engenheiro Eletricista ênfase Eletrônica - pela Universidade Federal de Pernambuco/1982. Também pela UFPE tem o título de Mestre em Engenharia Elétrica - área de Engenharia de Sistemas/1995. Na CHESF desde 1984, esteve a maior parte deste tempo lidando com Manutenção. No momento é o gerente da DOMT - Manutenção de Telecomunicações. Tem seu interesse maior na aplicação de métodos quantitativos à manutenção e em sistemas que utilizem técnicas de AI. Luiz Gustavo Vasconcelos Vicente: Natural de RecifePE. Formado em Engenharia Elétrica - Modalidade Eletrônica, pela Escola Politécnica de Pernambuco em 1983. Na CHESF desde 1984, sempre na área de manutenção de telecomunicações, onde por 10 anos foi Gerente da Manutenção de Telecomunicações da Regional de Sobradinho. A partir de 2000 passou a atuar no setor de Engenharia de Manutenção da DOMT. Ulisses de Sá Barreto Gonçalves; Formado em Engenharia Elétrica pela UFPB em 1981. Entrou em 1982 na CHESF na área de manutenção de usinas. Atuou quatro anos na área de manutenção de LT de 230 e 500KV. Há treze anos trabalha com manutenção de OPLAT na DOMT.