Adaptação de cultivares de alface na microregião de Vitória da Conquista Fernanda Almeida Grisi1 ;Tiyoko Hojo Nair Rebouças2; Ronaldo Hissayuki Hojo 3; Jean Farley Teixeira Alves1; Rodrigo Charnet Gonçalves da Silva1; Alexandre Alves Bomfim1 1 Discentes de Engenharia Agronômica - UESB ([email protected]); 2 Professora do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia – UESB, Cx. Postal 95, CEP 45083900, Vit. Conquista - BA ; 3 Mestrando UFLA - MG. RESUMO O experimento foi conduzido no verão, entre dezembro/2002 e março/2003 na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) no Campus de Vitória da Conquista BA. Objetivou-se estudar a adaptação de dez cultivares de alface, duas do grupo lisa (Luisa; Regina), três do grupo crespa (Marisa; Mariane; Grand Rapids) e cinco do grupo americana (Lorca; Lucy Brown; Ace; Madona; Great Lakes), em condições de campo. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com três repetições. Para as características diâmetros transversal e longitudinal não houveram diferenças significativas entre as diversas cultivares, assim também como para produção total. Entretanto para as características peso fresco e porcentagem de sobrevivência houve diferença significativa. Palavras-chave: Lactuca sativa L., comportamento, competição. ABSTRACT Adaptation of lettuce cultivars to the Vitória da Conquista region, Bahia State, Brazil. This research was carried out, from December 2002 to March 2003 at Bahia State University, in Vitória da Conquista, Brazil. The objective of this work was to study the adaptation of lettuce cultivars: two of the smooth group (Luisa; Regina), three of crinkly group (Marisa; Mariane; Grand Rapids) and five of american group (Lorca; Lucy Brown; Ace; Madona; Great Lakes), at field conditions. The experimental desing was a randomized blocks with three replications. For characteristics of longitudinal and transversal diameters there were not significant differences between cultivars, as well as for total production. However for the characteristics of fresh weight, survival percentage there were significant differences. Keywords: Lactuca sativa L., behavior, competition. A alface é uma hortaliça folhosa originária de clima temperado e sua adaptação, em temperatura elevada, tem gerado obstáculos ao seu crescimento e desenvolvimento, impedindo que a cultura expresse todo o seu potencial genético. Nestas condições, ocorre redução do ciclo da cultura comprometendo sua produção, devido à antecipação da fase reprodutiva (Setúbal & Silva, 1992; Makishima, 1992) citado por Negreiros et al., 2002. É a hortaliça mais comercializada no Brasil, é boa fonte de vitaminas e sais minerais, destacando-se seu elevado teor de vitamina A (Delistoianov, 1997) citado por Fernandes et al., 2002. Atualmente a produção nacional de alface é de 260.000 toneladas por ano; a região Sudeste é responsável por 70% dessa produção (IBGE, 1996) citado por Yuri et al., 2002. O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento de dez cultivares de alface, duas do grupo lisa (Luisa; Regina), três do grupo crespa (Marisa; Mariane; Grand Rapids) e cinco do grupo americana (Lorca; Lucy Brown; Ace; Madona; Great Lakes), em condições de campo. MATERIAL E MÈTODOS O experimento foi conduzido no verão, entre dezembro/2002 e março/2003 na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB no campus de Vitória da Conquista BA, a uma altitude média de 900 m, em solo classificado como CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Distrófico (Vieira et al., 1998). As mudas foram produzidas em bandejas de isopor contendo 128 células, em casa de vegetação, utilizando-se como substrato uma mistura com 70% de terra e 30% de esterco de curral curtido adicionada a 3 Kg de superfosfato simples e 1 Kg de cloreto de potássio por metro cúbico. As mudas foram transplantadas aos 41 dias para o campo, no local definitivo. O canteiro foi adubado com 180 L de esterco, 500 g de uréia, 420 g de cloreto de potássio e 4,34 Kg de superfosfato simples. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 3 repetições, sendo os tratamentos constituídos por dez cultivares de alface. Do grupo lisa (Luisa; Regina), do grupo crespa (Marisa; Mariane; Grand Rapids) e do grupo americana (Lorca; Lucy Brown; Ace; Madona; Great Lakes). O espaçamento entre plantas e entre linhas foi de 35 cm, totalizando assim 28 plantas por parcela. As irrigações foram realizadas duas vezes ao dia. O controle das plantas daninhas foi através de capina manual. A partir do 25º dia do transplantio foram avaliados de 3 em 3 dias o diâmetro longitudinal e transversal, tendência ou não ao pendoamento. Em relação ao pendoamento precoce, foi considerado que apenas uma planta bastaria para caracterizá-lo. A colheita foi efetuada aos 42 dias do transplantio ou com 83 dias de ciclo. Consistiu do corte da planta logo abaixo das folhas basais, rente ao solo. Foram avaliados peso fresco, porcentagem de sobrevivência e produtividade total. Para obtenção da produtividade total as plantas foram pesadas com as folhas externas e posteriormente extrapoladas para hectare. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância sendo que as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para os parâmetros produtividade total, diâmetros transversal e longitudinal não houveram diferenças significativas entre as diferentes cultivares de alface (Tabela 1). Quanto a produção total, resultado semelhante foi encontrado por Yuri et al. (2002) estudando o comportamento de alface americana com plantio em março, tendo a produção total variado de 47,5 a 59,5 t ha -1. Diferentemente, sobre o diâmetro, Queiroga et al. (2001) observou efeito significativo entre as cultivares avaliadas. Apenas para peso fresco e porcentagem de sobrevivência houve diferença significativa (Tabela 2). Segundo Pilau et al. (2001), avaliando cultivares de alface em substrato orgânico com fertirrigação em ambiente protegido no verão, observou que a cultivar Great Lakes juntamente com outras cultivares alcançaram os maiores valores de massa fresca de parte aérea. A cultivar que inicialmente apresentou pendão floral foi a Grand Rapids, aos 26 dias do transplantio. Em seguida as cultivares Marisa, Mariane e Great Lakes, aos 32 dias. As cultivares Lorca, Lucy Brown e Madona, aos 35 dias e aos 38 dias a cultivar Ace. As cultivares Regina e Luísa não apresentaram pendoamento. Com base nos resultados obtidos, verificamos a possibilidade de se utilizar no verão, nas condições de Vitória da Conquista, as cultivares Lucy Brown, Great Lakes e Lorca por apresentarem maior peso fresco, porcentagem de sobrevivência relativamente alta e baixo índice de pendoamento precoce. Tabela 1. Valores médios de diâmetro transversal, diâmetro longitudinal e produção total das diferentes cultivares de alface (Lactuca sativa L.). UESB, Vitória da Conquista, Março - 2003. Tratamentos Diâmetro transversal Diâmetro longitudinal Produção total (cm) (cm) (t/ha -1) Luísa 5.9846 a 5.8679 a 4.8672 a Lorca 5.8375 a 5.8244 a 6.2792 a Mariane 4.0613 a 4.0193 a 3.2201 a Lucy Brown 6.0815 a 6.1251 a 6.9043 a Marisa 5.6600 a 5.5802 a 5.4397 a Regina 5.2876 a 5.4205 a 3.9039 a Ace 5.7786 a 5.7822 a 6.0817 a Great Lakes 5.9195 a 5.9103 a 6.2635 a Madona 5.8015 a 5.8831 a 5.9085 a Grand Rapids 5.2294 a 5.1668 a 3.9030 a Médias seguidas pelas mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% Tabela 2. Valores médios de porcentagem de sobrevivência e peso fresco das diferentes cultivares de alface (Lactuca sativa L.). UESB, Vitória da Conquista - BA, Março - 2003. Tratamentos Sobrevivência Peso fresco (%) (kg) Luísa 47,2114 ab 0.8968 ab Lorca Mariane Lucy Brown 60,0206 ab 0.9923 ab 31,5426 0.8390 ab b 49,5350 ab 1.0589 a Marisa 36,4974 b 0.9436 ab Regina 37,1685 b 0.8877 ab Ace 83,6674 a 0.9737 ab Great Lakes 51,4560 ab 0.9940 ab Madona 62,3014 ab 0.9604 ab Grand Rapids 58,0568 ab 0.8326 b Médias seguidas pelas mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% LITERATURA CITADA FERNANDES, A. A.; MARTINEZ, H. E. P.; PEREIRA, P. R. G.; FONSECA, M. C. M.; Produtividade, acúmulo de nitrato e estado nutricional de cultivares de alface, em hidroponia, em função de fontes de nutrientes. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 20, n. 2, junho 2002. p. 195 – 200. NEGREIROS, M. Z de.; BEZERRA NETO, F.; PORTO, V. C. N.; SANTOS, R. H. S. Cultivares de alface em sistemas solteiro e consorciado com cenoura em Mossoró. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 20, n. 2, junho 2002. p. 162 – 166. PILAU, F. G.; SCHMIDT, D.; CARON, B. O.; MEDEIROS, S. L. P.; MANFRON, P. A.; BONNECARRÈRE, R. A. G. Desempenho de cultivares de alface em substrato com fertirrigação em ambiente protegido no período de verão. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, suplemento CD-ROM, julho 2001. QUEIROGA, R. C. F.; BEZERRA NETO, F.; NEGREIROS, M. Z.; OLIVEIRA, A. P.; AZEVEDO, C. M. S. B. Produção de alface em função de cultivares e tipos de tela de sombreamento nas condições de Mossoró. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 19, n. 3, novembro 2001. p. 324 - 328. VIEIRA, E. I.; NASCIMENTO, E. J. do; PAZ, J. G da. Levantamento ultradetalhado de solos do campus da UESB em Vitória da Conquista – BA. Boletim técnico do Departamento de Engenharia Agrícola e Solos, novembro 1998. 37 p. YURI, J. E.; SOUZA, R. J. de; FREITAS, S.A. C. de; RODRIGUES JÚNIOR, J. C.; MOTA, J. H. Comportamento de cultivares de alface tipo americana em Boa Esperança. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 20, n. 2, junho 2002. p. 229 – 232.