TITÍLO: BENEFICIAMENTO DO REJEITO DE MICA MOSCOVITA DA REGIÃO DO SERIDÓ-BORBOREMA UTILIZANDO O MÉTODO DE CLAREAMENTO QUÍMICO COM OS SAIS E ACIDOS INORGÂNICOS PARA APLICAÇÃO NA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS E SIMILARES. Elbert Valdiviezo Viera, Erik Ermano Pereira da Silva, Lina Patrícia Gomes da Silva,Ana Flávia Felix Farias, Marcelo Marques Fontes, José Marcelo Barbosa. Universidade Federal de Campina Grande – UFCG,[email protected], [email protected] 1.0 – Introdução O termo mica vem do latim “micare” cujo significado é brilho. Se aplica genericamente ao grupo de minerais constituídos por silicatos hidratados de alumínio, potássio , sódio , ferro , magnésio , e ocasionalmente lítio, os quais apresentam diferenças nas composições químicas e propriedades físicas. As micas se caracterizam por sua facilidade de clivagem, flexibilidade, baixa condutividade térmica e elétrica, elevada resistência a mudanças abruptas de temperatura. Estas propriedades concedem ao mineral múltiplas aplicações industriais. Dentre as micas, a moscovita é o mineral com maior número de usos na indústria, é reconhecida pela sua pureza química, dependendo da composição e apresenta um aspecto de purpurina no visual e no tato (Silas Sena (2007) e Cavalcante et al.,(2005), Em termos de estrutura cristalina, a moscovita é constituída por camadas de tetraedros de sílica (SiO4) e uma camada de octaedrica de alumínio [Al(OH)2]entre elas, como um “sanduíche” (lamela) . Nas camadas de silício ocorre substituição isomórfica do Si por Al, acarretando um excesso de carga elétrica negativa que é compensada, no caso da moscovita, por átomos de potássio. O potássio exerce a função de cátion de compensação entre as camadas T-O-T ( tetraedro – octaedro – tetraedro) Ernst, (1971). Nas camadas que compõem a célula estrutural da moscovita, as ligaçõe Si-O e Al-O são extremamente fortes. No entanto, as sucessivas camadas T-O-T são mantidas por ligações muito frágeis estabelecidas pelo cátion de compensação. Por causa disso, as unidades estruturais são facilmente separadas resultando na clivagem perfeita. Esta característica permite o desfolhamento do mineral em lâminas tão finas quanto 1,0 micron (Hepburn et al., 2000). Este estudo tem como objetivo utilizar o método de clareamento químico, com sais e ácidos inorgânicos, no rejeito de moscovita do Estado da Paraíba, visando aplicações comerciais para fins nobres na indústria de cosméticos e similares. 2.0 - Metodologia A amostra em estudo foi coletada na usina de beneficiamento da Empresa Seridó Mineração, localizada no município de Pedra Lavrada-PB. Os ensaios de clareamento da moscovita foram realizados com a fração (- 74 µm) com a finalidade de remoção do ferro. O material foi tratado com as seguintes soluções: 1) ácido sulfúrico nas concentrações de 10 e 20 %, 2) ditionito de sódio nas concentrações de 5 e 10 g/t ajustando-se o pH em 3,0 com ácido sulfúrico e 3) sais inorgânicos. Foram realizadas duas etapas de clareamento: No clareamento com acido, o material (10,0 g) , foi colocado junto com 100 ml de solução em um bécker, mantido sob agitação e pastilha magnética durante tempos determinados. Esse clareamento emprega o mecanismo de troca iônica no qual o íons H+da solução trocadora, substituiria os cátions da camada interlamelar da moscovita, entre eles o ferro, que constitui um dos cátions trocáveis do mineral. No clareamento com os sais inorgânicos foram empregados KCl, CH3 COOK e KOH. Esse clareamento emprega o método de intercalação iônica. Em seguida todas as amostras eram filtradas, lavadas com água bidestilada e a fração sólida colocada na estufa a 100 oC, e por fim pesadas. 3.0 - Resultados e Discussão Os resultados revelaram que o clareamento é eficiente nas duas etapas em estudo, independente do tempo, e que os teores de ferro de todos os produtos obtidos foram menores que 1,0 % (Tabelas 4.4 e 4.5). Assim os resultados indicam que é possível obter a remoção do ferro contido na amostra original por clareamento químico. Esses resultados permitiram verificar a eficiência do processo de troca iônica e intercalação iônica na remoção do ferro já que o teor de 1,44 % de Fe, antes do clareamento, passou para a faixa de 0,5 a 0,65 % de Fé, após o clareamento. O melhor resultado foi obtido usando-se o processo de intercalação iônica e os sais de hidróxido de potássio e acetato de potássio, cujos teores de ferro, após o clareamento, foram de 0,57 e 0,50 % Fe, respectivamente (Tabela 4,5). O mecanismo atuante na remoção do Fe da moscovita empregando-se ácido sulfúrico é o de troca iônica que consiste na substituição da espécie, no caso o ferro, pelos íons H+ da solução trocadora. Devido à limitações de instrumentação não foi possível quantificar até que nível o Fé foi substituído pelos íons H+ da solução de troca. O mecanismo atuante na remoção do Fe empregando-se o processo de intercalação iônica consiste na substituição do cátion K+, que compõe a solução intercalante, pelos cátions trocáveis da moscovita localizados na camada interlamelar, entre eles o ferro. A solução intercalante é constituída de sais de hidróxido de potássio ou acetato de potássio em meio aquoso. O efeito da temperatura (80 oC) em que é efetuado o processo, acarretaria a migração por difusão dos cátions intercalantes, tanto para a camada interlamelar, quanto para a camada octaédrica,(Leitão,2003). 4.0 - COCLUSÕES Os resultados obtidos no processo de clareamento foi eficiente nas duas etapas em estudo, independente dos parâmetros utilizados, e que os teores de ferro de todos os produtos obtidos foram menores que 1,0 % Das etapas de clareamento realizadas, a que apresentou melhor resultado, foi pelo processo de intercalação iônica, atingindo os teores de 0,57 e 0,50%. Os resultados mostraram que as micas moscovitas da Paraíba apresentam boa qualidade na obtenção de pigmentos destinados à indústria, principalmente de cosméticos e tintas. 5.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA [1] ANDRY S. Mica, “Grounds for optimism”, Industrial Minerals, november p. 26-36, (1992). [2] BATISTA, C. M. (2004). Sumário Mineral, DNPM. [3] BEZERRA, M.S. E CARVALHO, V.G.D. Minerais e Rochas Industriais da Região do Seridó, PB/RN.CPRM – Serviço Geológico do Brasil, 31p, 1997. [4] CAVALCANTE, P.M., BALTAR, C.A.M. E SAMPAIO, J.A. Mica. In: Rochas e Minerais Industriais: Usos e especificações. Ed. A.B. Luz e F.F. Lins, Rio de Janeiro, CETEM/MCT, 531-543, 2005. [5] SILAS SENA - Pesquisa Mineral - Lamil Lage Minérios Ltda. Junho de 2007. [6] VALDIVIEZO, E.V. E LEITÃO, T.J.V. Intercalação Iônica de Vermiculita com Cátions Metálicos e seu Efeito sobre suas Propriedades de Esfoliação e Inchamento. In: XX Encontro acional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa, Florianópolis-SC, v.1. p.57-64, 2004. Proposta Edital MCT/CNPq 014/2008 – Aplicação de Tecnologia para o Aproveitamento de Rejeitos de Mica Moscovita do Estado da Paraíba