IMPORTÂNCIA DA ÁREA DE
FORRAGICULTURA PARA OS ALUNOS DAS
CIÊNCIAS AGRÁRIAS DA UNIVERSIDADE
FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
Rogério Gonçalves de Oliveira1, Alexandre Carneiro Leão de Mello2, Mércia Virgínia Ferreira dos Santos2, José Carlos
Batista Dubeux Júnior2, Gabriel Santana da Silva3 e Rodrigo Barros de Lucena3

Introdução
A pecuária de corte brasileira caracteriza-se pela
exploração extensiva das pastagens, com baixos índices
zootécnicos e de produtividade, em comparação aos
países exportadores de carne. Entretanto, o Brasil
detém o maior rebanho comercial de bovinos do
mundo, com cerca de 190 milhões de cabeças, sendo
que 88% da carne bovina produzida no país tem origem
nos rebanhos mantidos exclusivamente em pastos
(Estanislau & Cançado [1]).
Segundo Pedroso, Locatelli & Grossklaus [2] a
atividade pecuária nacional movimenta 55 bilhões de
reais por ano e emprega 20 milhões de pessoas em toda
a cadeia. O País tem um dos menores custos de
produção de carne do mundo. Nos EUA, Austrália e
Europa, por exemplo, o gado é criado em confinamento
e alimentado com grãos e/ou resíduos animais,
produzindo uma carne rica em gorduras e, muitas
vezes, com antibióticos e anabolizantes, além de um
custo elevado.
Portanto, Zanine & Macedo [3] citam que as
pastagens são a forma mais econômica e prática de
alimentação de bovinos. Com isso, torna-se prioridade
aumentar a produtividade e eficiência de utilização das
forragens por meio da utilização de espécies forrageiras
mais produtivas e adaptadas as condições
edafoclimáticas brasileira, bem como da otimização do
consumo e da disponibilidade de seus nutrientes.
Segundo Garcez Neto [4], a pastagem deve estar
devidamente inserida no sistema de produção como um
dos principais fatores produtivos. Dentro desse
contexto, devemos estabelecer sistemas de suprimento
de forragem de modo a tornar a atividade pecuária de
corte uma alternativa competitiva e interessante do
ponto de vista econômico.
Para Corrêa, Pott & Cordeiro [5] existe, portanto,
necessidade de se evitar a degradação das pastagens e
também intensificar a sua produtividade, a fim de
tornar a pecuária de corte mais rentável e mais
competitiva frente a outras alternativas de uso do solo,
principalmente nas terras mais valorizadas.
Ainda com relação as pastagens Cunningham [6]
destaca a importância da forragicultura na formação do
profissional da área das ciências agrárias, o autor
afirma que a forragicultura deve fornecer
conhecimentos básicos e subsídios para facilitar a
integração com as ciências agrícolas e zootécnicas,
levando o profissional a integrar o que foi aprendido na
disciplina com as aplicações práticas, incluindo suas
relações com outras disciplinas melhorando, com isso,
o futuro profissional, seja na pesquisa, ensino e
extensão. Dessa forma, fica evidenciada a enorme
importância da forragicultura na formação do
profissional, uma vez que serve de elo entre o ciclo
básico e o ciclo profissionalizante da grade curricular.
Desta forma, objetivou-se com este trabalho avaliar a
importância da área de forragicultura para os alunos
das ciências agrárias da Universidade Federal Rural de
Pernambuco-UFRPE.
Material e métodos
O trabalho foi realizado no início do segundo
semestre de 2009, com alunos dos cursos de engenharia
agronômica, medicina veterinária e zootecnia da
Universidade Federal Rural de Pernambuco, campus do
Recife. Participaram desse trabalho noventa alunos,
sendo trinta alunos de cada curso. Os mesmos foram
escolhidos de forma aleatória, tendo como único prérequisito já ter cursado alguma disciplina da área de
forragicultura.
Foi aplicado um questionário contendo dez
perguntas objetivas, relativas ao ensino e a importância
da forragicultura para os discentes, tanto no âmbito
acadêmico como profissional.
A identidade dos alunos que responderam o
questionário foi mantida em sigilo absoluto, de forma
que no cabeçalho do questionário havia espaço apenas
para que o aluno escrevesse o nome do seu curso e o
período em que se encontra.
A pesquisa foi realizada com turmas dos turnos da
manhã e tarde nos cursos de engenharia agronômica e
medicina veterinária, já no curso de zootecnia só houve
participação das turmas da tarde, com exceção de três
________________
1. Discente da Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE, Monitor da área de Forragicultura, Departamento de Zootecnia, Av. Dom
Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52.171-900. E-mail: [email protected]
2. Docente do Departamento de Zootecnia da UFRPE. E-mail: [email protected], [email protected], [email protected]
3. Discente da UFRPE, monitor voluntário da área de Forragicultura. E-mail: [email protected], [email protected]
alunos da manhã que também colaboraram com as
respostas do questionário.
Resultados e Discussão
Após tratamento criterioso dos dados pôde-se
observar a relevância da área de forragicultura para os
cursos das ciências agrárias da UFRPE 83,3% dos
alunos de zootecnia afirmaram que a área de
forragicultura é muito importante para o seu curso,
seguido de engenharia agronômica com 63,3% e
medicina veterinária com 56,6% (Figura 1). Um dado
interessante é que 20% dos alunos entrevistados do
curso de medicina veterinária afirmaram que a
forragicultura não possui importância alguma para o
seu curso e 10% responderam que é pouco importante
(Figura 1). Tal fato nos mostra que parte do alunado do
curso de medicina veterinária entrevistado, não estão
reconhecendo a importância da área de forragicultura,
visto que, como já comentado, todos os sistemas de
produção pecuários praticados em nosso país e no
mundo são dependentes de uma alimentação eficiente
do rebanho, seja sob pastejo ou sob confinamento. Essa
eficiência da alimentação passa diretamente pelos
conhecimentos adquiridos na área de forragicultura.
Quando questionados se o estudo da forragicultura
contribuiu significativamente para a formação
acadêmica, mais uma vez os alunos de zootecnia
apresentaram maior percentual, com 93,3% dos alunos
respondendo que sim, em seguida aparece o curso de
engenharia agronômica com 63,3% e o de medicina
veterinária com 46,6% (Tabela 1).
No questionamento a respeito do interesse
despertado pela área de forragicultura, a maior parte
dos alunos de zootecnia 83,3%, responderam que sim,
seguidos mais uma vez do curso de engenharia
agronômica (57,7%) e medicina veterinária com 51,1%
(Tabela 1).
Quanto á qualidade do ensino na área de
forragicultura, 90% dos alunos de medicina veterinária
afirmaram que as aulas práticas são insuficientes para
que ocorra um aprendizado satisfatório. O mesmo
afirmam os discentes dos cursos de zootecnia e
engenharia agronômica, com 83,3% e 80,1%,
respectivamente (Tabela 1). Este resultado demonstra a
real necessidade da elevação da carga horária de aulas
práticas nas disciplinas ligadas a área de forragicultura
da UFRPE.
Ainda com relação á qualidade do ensino na área de
forragicultura, foi perguntado aos alunos se os
professores estão capacitados para ministrar as
disciplinas na área. Nesse quesito, a totalidade dos
alunos entrevistados dos cursos de zootecnia e
engenharia agronômica responderam que sim, enquanto
que essa mesma resposta foi dada pela grande maioria
dos discentes de medicina veterinária (93,3%). Tal
resultado deixa bastante evidente a qualidade dos
professores da área de forragicultura da UFRPE.
Com relação à carga horária das disciplinas na área
de forragicultura, 46,6% dos entrevistados do curso de
medicina veterinária responderam que a mesma é ideal
para o curso, enquanto que 53,3% responderam que
não, ou seja, a carga horária deveria ser maior. Já
53,3% dos alunos de zootecnia afirmaram estarem
satisfeitos com a carga horária das disciplinas de
forragicultura, 56,6% dos estudantes de engenharia
agronômica declararam estarem insatisfeitos com a
carga horária oferecida (Tabela 1), indicando a
necessidade de um maior número de horas aula a ser
ministrada nesse curso. Esse resultado vai de encontro
a nova matriz curricular de disciplinas do curso de
engenharia agronômica, que reduziu a carga horária da
disciplina “Plantas Forrageiras e Pastagens I” de 60
para 45 horas/aulas.
Os entrevistados foram convidados a atribuir uma
nota de um a cinco para a área de forragicultura, da
forma como ela foi abordada no seu respectivo curso.
Um total de 46,6% dos entrevistados do curso de
zootecnia deram nota cinco, seguidos de engenharia
agronômica (43,3%) e medicina veterinária com apenas
13,3% da nota máxima.
Por fim, os discentes foram indagados sobre uma
possível especialização na área de forragicultura. Nessa
questão, 73,3% dos alunos entrevistados no curso de
zootecnia afirmaram que se especializariam em
forragicultura, novamente foram seguidos dos
estudantes de engenharia agronômica, com 53,3%
respondendo que se especializariam na área. Os alunos
de medicina veterinária demonstraram menor interesse
por uma especialização na área de forragicultra, com
16,6% dos entrevistados afirmando que se
especializariam.
O trabalho evidenciou um maior interesse dos alunos
de zootecnia pela forragicultura, seguidos do alunado
de engenharia agronômica. Provavelmente tal fato se
baseia no próprio perfil do alunado que é educado e
treinado para trabalhar diretamente com a produção
animal.
REFERÊNCIAS
[1]
[2]
[3]
[4]
[5]
[6]
ESTANISLAU, M.L.L.; CANÇADO Jr., F.L. Aspectos
econômicos da pecuária de corte. Informe Agropecuário, v.21,
n.205, p. 5-16, 2000.
PEDROSO, E.K.; LOCATELLI, A.; GROSSKLAUS, C.
Avaliação funcional e carcaça domnelore. In: IV SIMPÓSIO
DE PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE – SIMCORTE.
Viçosa, p.167-184. 2004.
ZANINE, A.M.; MACEDO JUNIOR, G.;Importância do
consumo da fibra para nutrição de ruminantes. Revista
Eletrônica de Veterinária. v.7, n.4, p.1-12, 2006ª.
GARCEZ NETO, A. F. Complexidade e Estabilidade de
Sistemas de Pastejo. 2001. (Desenvolvimento de material
didático ou instrucional - Revisão Bibliográfica).
CORRÊA, L.A.; POTT, E.B.; CORDEIRO, C.A. Integração de
pastejo e uso de silagem de capim na produção de bovinos de
corte. In: II Simpósio de produção de gado de Corte, Viçosa.
V.1, p. 1-20, 2000.
CUNNINGHAM, J. G. Tratado de Fisiologia Veterinária. 10
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
Importância da forragicultura
90
%Respostas %
80
MI
70
60
I
50
PI
40
NI
30
20
10
0
zootecnia
agronomia
veterinária
Cursos ciências agrárias UFRPE
MI - muito importante; I- importante; PI - pouco importante; N I- não importante
Figura 1. Importância da área de forragicultura para os alunos das Ciências Agrárias da UFRPE
Tabela 1. Parâmetros percentuais opinados pelos estudantes das ciências agrárias da Universidade Federal Rural de
Pernambuco sobre a área de Forragicultura
Contribuição do estudo da forragicultura
Nota atribuída a área de forragicultura
Curso
Sim (%)
Não (%)
Curso
Nota max. (%)
Nota mín.(%)
93,3
6,7
46,6
6,6
Zootecnia
Zootecnia
63,3
36,7
43,3
13,3
Agronomia
Agronomia
46,6
53,4
13,3
16,6
Veterinária
Veterinária
A área de forragicultura desperta interesse?
Se especializaria na área de forragicultura?
Curso
Sim (%)
83,3
Zootecnia
57,7
Agronomia
51,1
Veterinária
As aulas práticas são suficientes?
Curso
Sim (%)
16,7
Zootecnia
19,9
Agronomia
10
Veterinária
Não (%)
16,7
42,3
48,9
Não (%)
83,3
80,1
90
Curso
Sim (%)
73,3
Zootecnia
53,3
Agronomia
16,6
Veterinária
Os professores são capacitados?
Curso
Sim (%)
100
Zootecnia
100
Agronomia
93,3
Veterinária
Não (%)
26,7
46,7
83,4
Não (%)
0
0
6,6
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