EDUCAÇÃO COM VALORES POR UMA EDUCAÇÃO GLOBAL Desafios, desafios e desafios… é esta forma de estar que faz parte do «ADN» da Queen Elizabeth's School, instituição de enorme relevo no domínio da Educação e formação de alunos e cidadãos. Sim, porque hoje, não basta «apenas» formar bons alunos. É necessário conferir-lhes um sentido de cidadania, assente na humanização das relações em sociedade. Maria da Conceição de Oliveira Martins, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Denise Lester e Diretora da Queen Elizabeth's School, revela um pouco mais desta entidade, abordando ainda a preocupação da instituição na «abertura ao mundo», porque a Educação é o pilar central de cidadãos informados e consequentemente, de uma nação desenvolvida. C omo principais desafios para o corrente ano letivo temos a considerar a cooperação económica crescente entre Portugal e a República Popular da China em áreas como o comércio, a indústria, as energias renováveis, a ciência, a tecnologia e o crescimento do investimento chinês em Portugal e subsequente desenvolvimento de acordos e parcerias no campo do ensino, da cultura, da investigação científica e tecnológica, o que tem levado a nossa escola a ser procurada por famílias chinesas que pretendem fixar residência em Portugal. O nosso objetivo é proporcionar aos nossos alunos chineses um bom acolhimento na Queen Elizabeth’s School proporcionando-lhes um primeiro contacto com a língua portuguesa e incutir-lhes o gosto pela aprendizagem do português como meio de comunicação e integração no nosso país, assim como difundir a língua e cultura portuguesas. A frequência de alunos chineses que entram a meio do 1º ciclo do ensino básico constitui um desafio acrescido para os docentes, de forma a garantir que estes alunos consigam acompanhar o currículo nacional no que respeita aos conteúdos de português, uma vez que o sistema de escrita do Mandarim é ideográfico e manifesta-se através de ideogramas (símbolos gráficos utilizados para representar uma palavra ou um conceito abstrato) e obedece a uma estrutura distinta do sistema de escrita português. É prioritário que esses alunos tenham um apoio diferenciado no ensino da língua portuguesa, o que vai implicar a adaptação de material didático e um pedido de colaboração ao Instituto Confúcio ou de outra instituição reconhecida neste âmbito, no sentido de poder haver uma parceria e contarmos com o apoio de um professor de mandarim que saiba também lecionar português. Os nossos professores do ensino básico têm lecionado as disciplinas do currículo oficial, o português, a matemática, o estudo do meio e as áreas de expressões aos alunos chineses, utilizando o ensino bilingue português-inglês, o que constitui uma oportunidade para os docentes e discentes da Queen Elizebeth’s School porem em prática os seus conhecimentos de inglês. Outro dos desafios para o corrente ano letivo prende-se com a internacionalização do currículo da Queen Elizabeth’s School e a implementação do Programa Primário Internacional de Educação da Universidade de Cambridge, no desenvolvimento de um modelo integrado de ensino bilingue português-inglês, fazendo uso de uma nova abordagem no ensino das línguas estrangeiras no âmbito da Aprendizagem Integrada de Línguas e Conteúdos (AILC) / Content Language Integrated Learning (CLIL), que é uma mais-valia e um fator de diferenciação para os alunos desta escola que vão passar a ter um currículo considerado de excelência a ní- Maria da Conceição de Oliveira Martins vel internacional em complementaridade com o currículo nacional. Este novo modelo já foi contemplado no horário letivo dos nossos alunos do ensino básico e vai traduzir-se num aumento de duas horas semanais de inglês para ser lecionado o Programa Primário Internacional de Educação da Universidade de Cambridge e adotados os manuais escolares editados pela Cambridge University Press, destinados à concretização das aprendizagens deste novo Programa. O número total de horas semanais de inglês passará a ser de nove horas e meia, incluindo sete horas e meia para a aprendizagem da língua inglesa, mais uma hora semanal para ser lecionado o Programa Primário de Ciências da Universidade de Cambridge, no qual é dado um papel preponderante à vertente de ensino experimental e 68 à importância do trabalho prático no contexto da aprendizagem científica e outra hora semanal para ser lecionado o Programa Primário de Matemática da Universidade de Cambridge, em que é desenvolvida a capacidade de raciocínio e o pensamento abstrato recorrendo a jogos matemáticos para a resolução de problemas. A acrescer a estas nove horas e meia de inglês, a Queen Elizabeth’s School ainda tem a funcionar, duas a três vezes por semana, os Clubes de Inglês para alunos e antigos alunos que proporcionam a possibilidade de desenvolvimento de projetos e a construção de um portofolio de trabalhos, assim como a preparação para os exames Integrated Skills in English do Trinity College de Londres e para o First Certificate da Universidade de Cambridge. Por último, temos outro grande desafio pela frente que é o facto de termos aberto recentemente o Berçário e a Creche. A Queen Elizabeth’s School é um estabelecimento de ensino com as valências de berçário, creche, educação pré-escolar e do 1º ciclo do ensino básico, como tal os seus alunos iniciam desde tenra idade a aprendizagem de uma segunda língua de uma forma muito intuitiva e natural em contexto bilingue, sendo que a abertura do berçário veio dar mais consistência à implementação do currículo integrado bilingue. Há estudos na área das neurociências e também da linguística que provam que as crianças que iniciam a aprendizagem de uma segunda e terceira línguas precocemente, têm um desempenho melhor em termos cognitivos do que as crianças monolingues porquanto estas últimas habituam-se a desenvolver níveis de atenção mais elevados para descodificar uma língua estrangeira, e como tal têm melhor desempenho em tarefas mais complexas que exijam maior flexibilidade mental e em aplicar o seu saber a novas realidades. Torna-se cada vez mais importante o contributo que as neurociências podem proporcionar às ciências da educação no que respeita ao conhecimento e compreensão dos processos de aprendizagem, o que pode ser decisivo na qualidade do ensino e na adoção de uma pedagogia de desenvolvimento integrado e global da criança. 69